Download PDF
ads:
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PERIODONTIA
AVALIAÇÃO LONGITUDINAL DA UTILIZAÇÃO DO
METRONIDAZOL ASSOCIADO À AMOXICILINA NO
TRATAMENTO DAS PERIIMPLANTITES
DANIEL SANCHEZ FERRARI
Orientador: Prof. Dr. Jamil Awad Shibli
2º Orientador: Profª. Drª. Marta F. Bastos
Guarulhos
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
DANIELSANCHEZ FERRARI
AVALIAÇÃO LONGITUDINAL DA UTILIZAÇÃO DO
METRONIDAZOL ASSOCIADO À AMOXICILINA NO
TRATAMENTO DAS PERIIMPLANTITES
Dissertação apresentada à Universidade
Guarulhos, para obtenção do tulo de Mestre
em Odontologia, Área de Concentração em
Periodontia.
Orientador: Prof. Dr. Jamil Awad Shibli
Orientador: Profª. Drª. Marta F. Bastos
Guarulhos
2008
ads:
Ferrari, Daniel Sanchez
F375a
Avaliação longitudinal da utilização do metronidazol associado à
amoxilina no tratamento das periimplantites / Daniel Sanchez Ferrari.
Guarulhos, SP, 2008.
84 f. ; 31 cm
Dissertação (Mestrado em Odontologia, área de concentração em
Periodontia) - Centro de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão,
Universidade Guarulhos, 2008.
Orientador: Prof. Dr. Jamil Awad Shibli
Co-orientadora: Profª. Drª. Marta F. Bastos
Bibliografia: p. 74-84
1. Implantes osseointegrados. 2. Periimplantite. 3. Microbiologia bucal. 4.
Índices clínicos I. Título. II. Universidade Guarulhos.
CDD 22
st
617.632
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, Roberto Boschetti Ferrari e Isabela Maria Garcia
Sanchez Ferrari, que proporcionam um lar cheio de amor e união e que muitas
vezes abrem mão de seus sonhos para realizarem os meus.
Ao meu irmão, Felipe Sanchez Ferrari e a minha avó Maria Garcia
Sanchez, pelo amor e os conselhos importantes dados à mim.
Aos meus familiares, pelo carinho e pela paciência dedicada.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao meu orientador e amigo, Prof. Dr. Jamil Awad Shibli pela paciência,
carinho, amizade e competência demonstrados durante todo o curso, contribuindo
amplamente na minha vida profissional e pessoal.
A minha co-orientadora, Profa. Dra. Marta Ferreira Bastos pelo incentivo e
ensinamentos dados durante o curso.
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UnG,
Magda Feres, Luciene Figueiredo, Jamil Awad Shibli, Marcelo de Faveri, Cristiane
Amaral, Poliana Duarte, Claudia Ota Tsuzuki, André Reis, Alessandra Cassoni,
Marta Ferreira Bastos e José Augusto Rodrigues pelo prazeroso convívio durante
todo o curso.
Aos amigos Leandro de Melo, Marcelo de Faveri e Thales Vitussi Colombo
pelos ensinamentos durante minha formação acadêmica e profissional.
Aos amigos do mestrado Maria Josefa Mestnik, Maike Paulino, Maria Beatriz
Máximo, Adriana Mendonça, Tatiane Alves, Marcel Bernal, Mônica Simões, Joyce
Bezerra, Diego Souza, Carlos Datte, Eduardo Sampaio, Sauro Grassi, Geisla
Soares, Juliana Mendes, Kelly Aguiar, Marcelo da Rocha, Marcelo Rafaelli e
Vanessa Santos pelos momentos de descontração e por toda ajuda durante esse
período inesquecível.
Aos amigos de longa data Juan Vitor Maqueda, Renato Zima, Tiago Pita,
Rodrigo Maaz, Katrin Albiero e Alexandre Vaz pelas inúmeras histórias adquiridas.
Ás alunas de iniciação científica Patrícia Antunes Grande, Karine Gonzaga
Walter, Renata do Espírito Santo e Luciana Gouvêa, pela ajuda com os pacientes.
Á bióloga Izilvânia Barreto pelos ensinamentos laboratoriais que contribuíram
para minha formação.
Ás funcionárias Cíntia Lobo, Adriana Dias, Regiane, Priscila Lara, Cristina
Zoucas e Roseli pelas incontáveis ajudas prestadas.
Ás Professoras Dras Patrícia Ramos Cury ( São Leopoldo Mandic ) e Marjorie
Jeffcoat ( Universidade da Pennsilvanya ), pelo grande auxílio prestado com o
manuseio dos exames radiográficos
A Bolsa de Mestrado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de o
Paulo, FAPESP, processo no. 05/03557 – 0 pelo auxílio financeiro.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP,
processo no. 05/01939-2 pelo auxílio financeiro.
Aos voluntários que participaram de forma importantíssima para a realização
deste trabalho. A todos, o meu respeito e minha gratidão.
RESUMO
O objetivo deste estudo duplo-cego foi avaliar a longo prazo, o tratamento
não-cirúrgico da periimplantite utilizando sistemicamente, metronidazol e amoxicilina
associados à raspagem e debridamento periimplantar. Vinte e dois indivíduos
portadores de periimplantites foram divididos em 2 grupos: Grupo Teste - Raspagem
e debridamento periimplantar (RDP) associado ao metronidazol (400mg x3/dia, 14
dias) e amoxicilina (500mg x3/dia, 14 dias), e Grupo Controle RDP associado a
placebo. Parâmetros clínicos como presença de placa (0/1), sangramento marginal
(0/1), profundidade de sondagem (mm), sangramento à sondagem (0/1), supuração
(0/1), nível clínico de inserção (mm) e perda óssea vertical (mm) foram avaliados por
um examinador previamente calibrado nos tempos 0 e aos 60, 90, 120, 150, 180,
270 e 365 dias pós-terapia. Amostras de biofilme subgengival foram obtidas e
avaliadas para 39 espécies bacterianas por meio da técnica Checkerboard DNA-
DNA hybridization. As terapias utilizadas reduziram significativamente os níveis dos
microrganismos, principalmente do complexo vermelho (Tannerella forsythia,
Porphyromonas gingivalis e Treponema denticola), embora somente a terapia
mecânica associada aos antibióticos foi capaz de manter esta redução até o final do
período experimental. As médias de profundidade de sondagem e o nível clínico de
inserção foram reduzidos durante todo o período avaliado para ambos os grupos
(p<0,05). A percentagem média dos sítios com sangramento marginal e supuração
diferiu após a terapia no grupo teste. Nehuma das terapias reduziu
significativamente as médias de perda óssea. O emprego da terapia antibiótica
associada à raspagem e debridamento periimplantar não promoveu benefícios
clínicos adicionais sobre a terapia mecânica apenas.
Palavras-Chave: implantes osseointegrados; periimplantite; microbiologia; índices
clínicos; amoxicilina; metronidazol.
ABSTRACT
The aim of this double-blind placebo study was to evaluate, in a long
therm period, the treatment of human peri-implantitis using metronidazole plus
amoxicillin systemically. Twenty two subjects with signs of peri-implantitis were split
in 2 groups: Test group scaling and peri-implant tissue debridment (SPD)
associated to metronidazole (400mg 3xday/ 14 days) and amoxicillin (500mg 3xday/
14 days), and Control Group - SPD and placebo. Clinical parameters such as plaque
index (0/1); marginal bleeding (0/1); bleeding on probing (0/1), supuration (0/1),
probing depth (mm), clinical attachment level (mm) and vertical bone loss (mm). were
evaluated by a single calibrated clinical at baseline and 60, 90, 120, 150, 180, 270
and 365 days after therapy. Subgingival plaque samples were taken and evaluated
for 39 bacterial species using Checkerboard DNA-DNA hybridization. The therapies
evaluated decreased significantly the levels of microorganism of red complex
(Tannerella forsythia, Porphyromonas gingivalis e Treponema denticola), although
just the group that utilize antibiotics was able to keep this reduction to the end of the
experimental period. The means of probing depth and clinical attachment loss were
reduced during all the experimental period for both groups (p<0.05). The mean of
percentage of sites with marginal bleeding and suppuration difer after the therapy in
the test group. The both therapies were not able to reduce the vertical bone loss. The
association of antibiotics and peri-implant debridment did not improve any additional
clinical effect over mechanical therapy only.
Key Words: Dental implants; peri-implantitis; microbiology; clinical index; amoxicillin;
metronidazole.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA .......................................................................10
1.1
E
TIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIIMPLANTARES
.....................................................12
1.2
T
RATAMENTO DAS DOENÇAS PERIIMPLANTARES UTILIZANDO MODELOS
EXPERIMENTAIS EM ANIMAIS
........................................................................................7
1.3
T
RATAMENTO ANTI
-
INFECCIOSO DAS DOENÇAS PERIIMPLANTARES EM HUMANOS
.....9
1.4
T
RATAMENTO REGENERATIVO DAS DOENÇAS PERIIMPLANTARES EM HUMANOS
..... 13
2. PROPOSIÇÃO ...................................................................................................... 16
3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 17
3.1
S
ELEÇÃO DOS INDIVÍDUOS
............................................................................... 17
3.2
C
RITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DOS INDIVÍDUOS ENVOLVIDOS NO ESTUDO
.. 17
3.3
D
ELINEAMENTO EXPERIMENTAL
........................................................................ 19
3.3.1 – Seleção do sítio periimplantar............................................................... 20
3.3.2 – Seqüências das consultas de avaliação ............................................... 20
3.4
-
E
XAME CLÍNICO E RADIOGRÁFICO
...................................................................... 21
3.5-
A
VALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA
............................................................................. 23
3.5.1. Cepas bacterianas e condições de crescimento..................................... 23
3.5.2 - Isolamento do DNA e preparo das sondas ............................................ 23
3.5.3. Coleta das amostras de biofilme subgengival......................................... 24
3.5.4. Checkerboard DNA-DNA Hybridization................................................... 24
3.5.4.1. Hibridização DNA-DNA.................................................................... 24
3.5.4.2. Detecção das espécies.................................................................... 25
3.6
A
NÁLISE ESTATÍSTICA
...................................................................................... 31
3.6.1 – Avaliação clínica e radiográfica............................................................. 31
3.6.2 – Avaliação microbiológica....................................................................... 31
4. RESULTADOS...................................................................................................... 32
4.1
E
FEITOS DAS TERAPIAS SOBRE OS PARÂMETROS CLÍNICOS
................................. 32
4.2
E
FEITOS DAS TERAPIAS SOBRE OS PARÂMETROS CLÍNICOS AO LONGO DO PERÍODO
EXPERIMENTAL
........................................................................................................ 33
4.3
E
FEITOS COLATERAIS DAS TERAPIAS EMPREGADAS
............................................ 46
4.4
E
FEITOS DA TERAPIA ANTIBIÓTICA NAS CONTAGENS BACTERIANAS
....................... 46
4.2
E
FEITOS DAS TERAPIAS NAS PROPORÇÕES DOS COMPLEXOS MICROBIANOS
.........55
5. DISCUSSÃO .........................................................................................................62
6. CONCLUSÕES .....................................................................................................68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................69
10
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A periimplantite, assim como a doença periodontal, é caracterizada como
sendo uma doença complexa, causada por patógenos periodontais que produzem
endotoxinas as quais interferem na produção de citocinas, aumentando o infiltrado
inflamatório e a liberação de enzimas proteolíticas responsáveis pela destruição dos
tecidos periimplantares (Mombelli et al., 1995; Hurzeler et al., 1997; Mombelli &
Lang, 1998; Lee et al., 1999; Leonhardt et al., 1999; Mombelli, 1999; Hass et al.,
2000; Mombelli et al., 2001; Klinge et al., 2002; Kivela-Rajamaki et al., 2003; Shibli et
al., 2003a; Shibli et al., 2003b; Shibli et al., 2003c; Shibli, 2003d; Shibli et al., 2005).
Portanto, as doenças periimplantares devem ser diagnosticadas e tratadas como
infecções bacterianas (Mombelli et al., 1987; Mombelli et al., 1995; Mombelli & Lang,
1998; Listgarten & Lai, 1999; Mombelli, 1999; Khoury & Buchmann, 2001; Mombelli
et al., 2001; Shibli et al., 2003a; Shibli et al., 2003b; Shibli et al., 2003c; Martins et
al., 2004; Romeo et al., 2005; Shibli et al., 2005).
Os tratamentos utilizados para o re-estabelecimento da saúde e da
arquitetura dos tecidos periimplantares são, na sua grande maioria, semelhantes às
terapias utilizadas em Periodontia, como por exemplo, químico (Hämmerle et al.,
1995; Ericsson et al., 1996; Hurzeler et al., 1997; Mombelli et al., 2001; Schou et al.,
2003d),
físico (Hass et al., 2000; Shibli et al., 2003a; Shibli et al., 2003c; Shibli, 2003;
Shibli et al., 2004; Schwarz et al., 2005; Shibli et al., 2006), não-cirúrgico (Mombelli
et al., 1992; Mombelli et al., 2001; Salvi et al. 2006), cirúrgico associado à
regeneração óssea guiada e/ou biomateriais (Persson et al., 1996; Hurzeler et al.,
1997; Persson et al., 1999; Khoury & Buchmann, 2001; Persson et al., 2001a;
Persson et al., 2001b; Schou et al., 2003a; Schou et al., 2003b; Schou et al., 2003c;
Schou et al., 2003d) ou uma combinação destas terapias (Persson et al., 1996;
Hurzeler et al., 1997; Persson et al., 1999; Behneke et al., 2000; Hass et al., 2000;
Khoury & Buchmann, 2001; Persson et al., 2001a; Persson et al., 2001b; Schou et
al., 2003a; Schou et al., 2003b; Schou et al., 2003c; Schou et al., 2003d; Shibli et al.,
2003a; Shibli, 2003d; Romeo et al., 2005; Shibli et al., 2006). Estas estratégias
terapêuticas têm em comum duas finalidades distintas: a descontaminação da
superfície do implante e da região periimplantar, e a restauração das condições de
saúde dos tecidos periimplantares (Hämmerle et al., 1995; Mombelli & Lang, 1998;
Mombelli, 1999; Hass et al., 2000; Khoury & Buchmann, 2001; Mombelli et al., 2001;
Klinge et al., 2002; Roos-Jansaker et al., 2003; Shibli et al., 2004; Shibli et al., 2005;
11
Shibli et al., 2006). Entretanto, a utilização de técnicas cirúrgicas muitas vezes
requer a remoção da prótese implanto-suportada, influenciando a função e a estética
do indivíduo (Hämmerle et al., 1995; Behneke et al., 2000; Shibli, 2003d).
Os estudos realizados em animais (Ericsson et al., 1996; Persson et al.,
1996; Hurzeler et al., 1997; Persson et al., 1999; Persson et al., 2001a; Persson et
al., 2001b; Schou et al., 2003a; Schou et al., 2003b; Schou et al., 2003c; Schou et
al., 2003d; Shibli et al., 2003a; Shibli et al., 2006) e os escassos ensaios clínicos em
seres humanos (Hämmerle et al., 1995; Behneke et al., 2000; Hass et al., 2000;
Khoury & Buchmann, 2001; Mombelli et al., 2001; Romeo et al., 2005; Schwarz et
al., 2005) mostram que o principal fator para o aumento do percentual de
preenchimento ósseo é a descontaminação de toda a área periimplantar associada à
supressão dos patógenos periodontais (Hämmerle et al., 1995; Behneke et al., 2000;
Hass et al., 2000; Klinge et al., 2002; Roos-Jansaker et al., 2003). Terapias não-
cirúrgicas utilizando a raspagem e debridamento das superfícies periimplantares
associadas à administração de antibióticos sistêmicos ou locais têm sido propostas,
principalmente em modelos animais (Ericsson et al., 1996; Persson et al., 1996;
Persson et al., 1999; Persson et al., 2001a).
A associação do metronidazol e amoxicilina sistêmicos tem-se mostrado
efetiva no tratamento das doenças periodontais diminuindo a contagem de
patógenos periodontais como Porphyromonas gingivalis, Aggregatibacter
actinomycetemcomitans e Tanerella forsythia (Pavicic et al., 1992; Pavicic et al.,
1994; Berglundh et al., 1998; Feres et al., 2001; Serino et al., 2001; Winkel et al.,
2001; Rooney et al., 2002). Pela sua difusão no sistema circulatório, os antibióticos
atingem os periodontopatógenos residentes em bolsas periodontais profundas,
células epiteliais do sulco, além da mucosa jugal, dorso e assoalho de língua. Esta
diminuição na contagem microbiana reduz a liberação de mediadores do hospedeiro
que iniciam e estimulam a atividade osteoclástica resultando em perda óssea
(Nguyen et al., 1991; Plagnat et al., 2002; Kivela-Rajamaki et al., 2003).
Considerando que os microrganismos patogênicos envolvidos nas
periimplantites (T. forsythia, P. gingivalis e Treponema denticola) são semelhantes
às periodontites, a associação do metronidazol e amoxicilina sistêmicos ao
debridamento periimplantar pode levar a resultados terapêuticos satisfatórios.
12
1.1 – Etiologia das doenças periimplantares
Sendo a infecção bacteriana uma das razões primárias da falência dos
implantes após a osseointegração, vários estudos observaram diferenças
microbianas entre sítios periimplantares sadios e sítios periimplantares doentes.
Rams et al. (1984) foram os primeiros a investigarem a microbiota do
sulco/bolsa periimplantar. Rams et al. (1984) colhendo amostras de 17 implantes em
função no mínimo 6 meses, em 13 indivíduos, valendo-se de microscópio de
contraste de fase, observaram altos níveis de espiroquetas e bastonetes móveis em
3 implantes considerados perdidos. Esses dados foram ratificados por Holt &
Newman (1986), que observaram por meio de cultura e contraste de fase uma
grande quantidade de espiroquetas e Bacteroides sp. em implantes doentes.
Ericsson & Lekholm (1986) observaram em implantes e dentes pilares de prótese,
ambos clinicamente livres de inflamação, a presença de bacilos/cocos e bastonetes
móveis, perfazendo 50 e 25% do total da contagem, respectivamente.
Comparando a microbiota associada a implantes sadios e implantes
acometidos pela periimplantite, Mombelli et al. (1987), utilizando microscópio de
campo escuro e meios de cultura, encontraram, nos implantes com periimplantite,
uma microbiota complexa com grande proporção de anaeróbios Gram-negativos.
Bacteroides spp., Fusobacterium spp., espiroquetas e fusiformes, assim como
bastonetes móveis foram encontrados regularmente. Nos sítios sadios (controle) os
autores observaram uma grande quantidade de cocos e uma pequena quantidade
de bastonetes móveis e fusiformes. Espiroquetas não foram encontradas nesses
sítios.
A microbiota associada a implantes cerâmicos de safira foi avaliada por
Sanz et al. (1990). Utilizaram dentes com saúde e doença periodontal como grupos
controle e implantes com e sem inflamação clínica do tecido periimplantar como
grupos teste. Os sítios doentes tanto em dentes quanto em implantes apresentaram
uma grande quantidade de bastonetes anaeróbios Gram-negativos, Bacteroides spp.
e bactérias que estavam se estabelecendo na superfície. Nos sítios sadios havia
predominância de cocos facultativos Gram-positivos e bastonetes, sugerindo que a
microbiota periimplantar tinha composição semelhante à microbiota periodontal nas
condições de saúde e doença.
Avaliando as condições clínicas e microbiológicas de 36 implantes
acometidos pela periimplantite, Becker et al. (1990) mostraram um aumento da
13
mobilidade e presença de radiolucidez, notada radiograficamente, ao redor desses
implantes. Utilizando sondas de DNA encontraram 37,5% de P.gingivalis, 35,4% de
Prevotella intermedia nos sítios periimplantares, mas em concentrações moderadas;
A. actinomycetemcomitans foi detectado em 27,8% dos sítios, mas em pequenas
quantidades. Em outro estudo, analisando a microbiota de conectores protéticos de
implantes sadios, Mombelli & Mericske-Stern (1990), por meio de cultura,
observaram que 52,8% dos microrganismos cultivados eram cocos anaeróbios
facultativos; 17,4% de bastonetes anaeróbios facultativos e 7,3% de bastonetes
anaeróbios Gram-negativos. Fusobacterium spp. e P. intermedia perfaziam 8,8% das
amostras enquanto espiroquetas e P. gingivalis não foram encontradas.
Examinando a presença de patógenos periodontais em indivíduos
portadores de próteses implanto-suportadas ou muco-implanto-suportadas, Ong et
al. (1992) e George et al. (1994), encontraram A. actinomycetemcomitans, P.
intermedia e P. gingivalis. Ong et al. (1992), examinando indivíduos que faziam uso
de digluconato de clorexidina a 0,2% como enxaguatório bucal, encontraram mesmo
na situação de saúde clínica do tecido periimplantar, um maior número de sítios
periimplantares com anaeróbios. A. actinomycetemcomitans, P. intermedia e a P.
gingivalis foram encontradas em 1, 7 e 0 sítios, respectivamente, de um total de 37
sítios analisados.
Avaliando 98 implantes de 24 indivíduos, George et al. (1994), mostraram
que 62,5% dos indivíduos possuíam um ou mais implantes colonizados por A.
actinomycetemcomitans e/ou P. intermedia/P. gingivalis, enquanto, somente 37,5%
não possuíam nenhum dos seus implantes colonizados por essas espécies. Os
autores sugeriram que esses microrganismos, geralmente, associados à doença
periodontal ocorrem com maior freqüência em implantes que exibem inflamação dos
tecidos periimplantares.
Em um estudo semelhante ao de Löe et al. (1965), Pontoriero et al.
(1994), induziram experimentalmente mucosite periimplantar em humanos, num
grupo de 20 indivíduos parcialmente desdentados entre 36 e 59 anos, que deixaram
de realizar medidas de higiene bucal por um período de 3 semanas para promover
acúmulo de placa ao redor dos implantes e dentes adjacentes. A composição da
microbiota subgengival e submucosa foi avaliada por meio de microscopia de
contraste de fase. Tanto os parâmetros microbiológicos quanto os clínicos (presença
de placa, índice gengival, sangramento a sondagem, profundidade à sondagem e
14
recessão) foram avaliados antes e após o período experimental, quando os hábitos
de higiene foram novamente reinstituídos. Após este período, os parâmetros clínicos
observados apresentaram diferenças estatisticamente significante (p<0,05) com
relação ao início do experimento, porém, sem diferença estatística entre implantes e
dentes. Durante as 3 semanas de acúmulo de placa houve uma alteração da
contagem bacteriana (p<0,05), porém, não diferindo entre os grupos. Entretanto, a
proporção de espiroquetas e bacilos veis aumentou nesse período, 1,2 e 2,4%
para 6,2 e 17,4%, no grupo de implantes e, de 1,9 e 2,8% para 7,8 e 19,2% no grupo
controle, respectivamente. Enquanto que os veis de cocos diminuíram de 79,3 e
76,3% para 54,3 e 47,3% para implantes e dentes, respectivamente.
Papaioannou et al. (1996), correlacionando parâmetros periodontais e a
microbiota ao redor de implantes osseointegrados, observaram uma microbiota,
composta na sua maior parte, em cocos na situação de saúde periimplantar. Assim,
a maioria dos estudos comentados sugere que a formação e maturação da
microbiota periimplantar segue os mesmos cursos tanto nas situações de saúde
como de doença periodontal.
Bollen et al. (1996), observaram o acúmulo do biofilme em conectores
com diferentes graus de rugosidade. A análise microbiológica, utilizando cultura e
microscópio de contraste de fase, não apresentou diferença estatisticamente
significante na contagem de P. intermedia e F. nucleatum independente do grau de
rugosidade do conector.
Lee et al. (1999)
comparando a microbiota do tecido periimplantar ao
redor de 101 implantes clinicamente saudáveis, dentes com coroas totais e dentes
hígidos de 43 indivíduos, encontraram estreptococos, Veillonella parvula,
Micromonas micros e F. nucleatum na grande maioria dos implantes. As espécies
periodontopatógenas P. gingivalis, T. forsythia, P. intermedia, P. nigrescens e C.
rectus foram detectadas em alguns sítios de todos os grupos. Para os dentes com
coroas totais a microbiota foi similar à encontrada nos implantes. Nos dentes
hígidos, observaram a presença de estreptococos, Selenomonas noxia e P.
intermedia. Esses dados foram corroborados pelos achados de Fardal et al. (1999),
em um caso clínico de falência múltipla de implantes em curto espaço de tempo,
observaram a predominância de P. gingivalis,
Streptococcus
sanguis,
Streptococcus
oralis e Capnocytophaga spp.; o A. actinomycetemcomitans não foi isolado.
15
Utilizando o Checkerboard DNA-DNA Hibrydization, Salcetti et al. (1997)
avaliaram os níveis de mediadores inflamatórios, fatores de crescimento e a
presença de 40 espécies microbianas associadas a implantes doentes e
compararam com implantes osseointegrados saudáveis. Avaliaram 21 amostras de
biofilme de indivíduos que tinham implantes com periimplantite (grupo 1) e 8
indivíduos com implantes saudáveis (grupo 2). Amostras do fluido crevicular foram
colhidas e analisadas segundo a presença de "protagonistas" anabólicos para a
reabsorção óssea, prostaglandina E
2
(PGE
2
), interleucina-1β (IL-1β) e IL-6, fatores
anabólicos de neoformação óssea, fator de transformação de crescimento β (TGF-β)
e fatores de crescimento derivados de plaquetas (PDGF). Embora tendências
positivas fossem notadas, não observaram nenhuma diferença significativa em
qualquer amostra microbiológica ou para os níveis de mediadores de inflamação nos
implantes doentes quando comparados aos implantes saudáveis. Os autores
encontraram também em uma freqüência muito alta P. nigrescens, M. micros, F.
nucleatum ss vicentii e F. nucleatum ss nucleatum, assim como uma elevação
significativa no fluido crevicular de PGE
2
, IL-1β e PDGF nos indivíduos com
implantes doentes quando comparados aos implantes saudáveis. Além disso,
encontraram uma contagem de P. nigrescens e M. micros que foi correlacionada
com as concentrações de PGE
2
.
Buscando a característica da microbiota ao redor de implantes e dentes
em indivíduos com periimplantites, Hultin et al. (2002) avaliaram os parâmetros
clínicos e microbiológicos de 36 indivíduos, sendo 17 indivíduos com periimplantite e
19 controles. Através da técnica Checkerboard DNA-DNA Hibrydization, foram
capazes de detectar altas porcentagens de amostras positivas para P. gingivalis, P.
intermedia, P. nigrescens, T. forsythia, A. actinomycetemcomitans, F. nucleatum, T.
denticola, M. micros, C. rectus, E. corrodens, S. noxia e S. intermedia em dentes e
implantes. C. rectus e S. noxia o foram encontrados ao redor de implantes do
grupo controle. Os principais patógenos periodontais, P. gingivalis, P. intermedia, T.
forsythia, T. denticola e A. actinomycetemcomitans, estiveram presentes em todas
as categorias de sítios em indivíduos e controles. Entretanto, somente ao redor de
implantes com periimplantite a quantidade de bactérias encontrada foi superior a 10
6
para estes 5 patógenos.
16
Comparando implantes com doença periimplantar e dentes
periodontalmente doentes de diferentes indivíduos, Listgarten & Lai (1999), por meio
de culturas bacterianas, encontraram T. forsythia (59%), Fusobacterium spp. (41%),
P. micra (39%) e P. gingivalis (27%) nas amostras dos implantes doentes. Nos
dentes periodontalmente doentes encontraram T. forsythia (83%), Fusobacterium
spp. (80%), espiroquetas (79%), P. micra (51%), P. gingivalis (59%) e E. corrodens
(37%) na periodontite de adulto e T. forsythia (85%), Fusobacterium spp. (83%), P.
gingivalis (60%), espiroquetas (59%), P. micra (56%) e C. rectus (56%) na
periodontite refratária. Sugeriram que haveria diferenças qualitativas entre os
implantes com periimplantite e os sítios comprometidos periodontalmente.
Shibli et al. (2003), avaliaram a indução de periimplantite por meio de
ligaduras durante 60 dias em 4 diferentes tipos de superfícies, Ticp (titânio
comercialmente puro), TPS (titânio plasma-spray), HA (hidroxiapatita) e Acid
(implante de superfície híbrida), em 36 implantes instalados em 6 cães. Foram
realizadas avaliações radiográfica e microbiológica, por meio de cultura bacteriana.
Pôde-se constatar que para os patógenos investigados P. gingivalis, P. intermedia,
Fusobacterium spp., Campylobacter spp. e S. β-hemoliticos, assim como para
contagem total das bactérias viáveis que não houve diferença estatística entre os
grupos após os 60 dias de estudo.
1.2 Tratamento das doenças periimplantares utilizando modelos
experimentais em animais
Com a finalidade de avaliar o efeito do uso de antibióticos sistêmicos para
o tratamento das periimplantites, Ericsson et al. (1996) instalaram 30 implantes nas
mandíbulas de 5 cães e, após a indução das lesões por ligaduras, separaram os
animais em 2 grupos onde ambos receberam doses de amoxicilina e metronidazol
durante 21 dias, porém, no grupo teste foi realizado retalho para debridamento e
aplicação de delmopinol. Observaram que a antibioticoterapia por si só não foi capaz
de eliminar a lesão periimplantar, havendo então a necessidade de um concomitante
debridamento local da superfície contaminada. Observaram também que ocorria
falha na re-osseointegração devido a uma estreita cápsula de tecido conjuntivo
fibroso que se interpunha entre a superfície do implante e o osso neoformado. Este
achado também foi descrito nos estudos de Persson et al. (1996, 1999 e 2001).
17
Em 2001, para avaliar os resultados dos diferentes tipos de membranas
(absorvível e não absorvível) associadas ou o com materiais de preenchimentos
(Bio-Oss
®
) no tratamento das periimplantites induzidas por ligaduras, Nociti Jr. et al.
(2001) instalaram 30 implantes (superfície tratada com ácido) em 5 cães. Todos os
grupos receberam metronidazol sistemicamente durante 21 dias, acesso cirúrgico
para remoção do tecido de granulação e tratamento da superfície do implante com
jato abrasivo por 30 segundos. Em seguida cada implante recebeu a terapia local de
acordo com seu grupo (apenas debridamento, PTFE e Bio-Oss
®
, Bio-Gide
®
e Bio-
Oss
®
, apenas PTFE ou Bio-Gide
®
e, somente Bio-Oss
®
). Após 5 meses, não houve
diferença (p=0,612) entre as diversas formas de terapia apesar dos valores
sugerirem melhores resultados para Bio-Gide
®
e Bio-Oss
®
seguido por apenas Bio-
Gide
®
, somente Bio-Oss
®
, PTFE e Bio-Oss
®
, apenas PTFE e debridamento apenas.
Porém, houve duas exposições da membrana PTFE associada ao Bio-Oss
®
, uma
exposição para Bio-Gide
®
e Bio-Oss
®
e uma, para Bio-Gide
®
.
Visando a re-osseointegração após a resolução dos defeitos gerados por
ligaduras, Persson et al. (1999) avaliaram 24 implantes em 4 cães que receberam
associação de amoxicilina e metronidazol sistemicamente durante 21 dias como
adjuntos ao debridamento mecânico com acesso cirúrgico, porém a
descontaminação final foi realizada com solução salina ou pedra-pomes abrasiva.
Da mesma forma que estudos anteriores, Persson et al. (1996) e Ericsson et al.
(1996), houve resolução das periimplantites, mas tanto o tratamento mecânico
quanto o químico da superfície contaminada do implante não foram capazes de
estabelecer condições que conduzissem a re-osseointegração.
Utilizando dois tipos de superfícies, lisa ou tratada com ácido (SLA),
Persson et al. (2001) avaliaram a influência dessas superfícies para obtenção da re-
osseointegração. Foram utilizados 4 cães, nos quais foram instalados 24 implantes
sendo, de um lado implante liso e do outro, implante SLA. Regime antibiótico
composto por amoxicilina e metronidazol foi administrado por 17 dias e, em ambos
os lados foram realizados acesso para debridamento e limpeza com cotonete
embebido com solução salina. O preenchimento do defeito ósseo após 6 meses da
terapia foi de 72 e 76% para implantes lisos e SLA, respectivamente, enquanto que
a re-osseointegração obtida foi de 22 e 84%, respectivamente. Entretanto, a razão
pela qual implantes SLA promovem uma maior integração ao tecido ósseo ainda não
é conhecida.
18
De acordo com os estudos prévios de Ericsson et al. (1996) e Persson et
al. (1996, 1999 e 2001), fica evidente que a qualidade da superfície do implante
após descontaminação é o fator condicionante para a reosseointegração. Então, em
um outro estudo em 2001, Persson et al. testaram a hipótese na qual a qualidade da
superfície do titânio estaria diretamente relacionada à osseointegração e re-
osseointegração. Para isso, foram necessários 2 cães e 16 implantes, sendo 4
implantes controles e 12 implantes testes (implantes de 2 porções, 4 mm coronal e 6
mm apical), ambos de superfície lisa e 10 mm de comprimento. Novamente
amoxicilina e metronidazol foram administrados sistemicamente por 21 dias, como
também o debridamento cirúrgico dos implantes e limpeza com cotonete embebido
em solução salina, porém, a porção coronal dos implantes testes foi substituída por
implantes novos. Foi constatado que para os implantes controles havia a formação
de tecido conjuntivo entre o osso neoformado e a superfície do implante após a
resolução da lesão periimplantar, em contraste ao ocorrido com os implantes testes,
onde a porção coronal substituta do implante mostrou-se re-osseointegrada.
Entretanto, na junção entre as porções coronária e apical do implante observou-se a
presença de um infiltrado inflamatório.
Em 2003, Shibli et al. avaliaram o potencial de cicatrização e re-
osseointegração em defeitos periimplantares induzidos por ligaduras em 6 cães. Um
total de 36 implantes, de 4 diferentes tipos de superfície, foram instalados, sendo
que apenas 19 implantes permaneceram viáveis para o tratamento, que consistiu de
debridamento cirúrgico das lesões, terapia fotodinâmica e regeneração óssea
guiada. Observaram que a porcentagem de preenchimento ósseo foi maior para
implantes com superfície de hidroxiapatita (HA), plasma-spray de titânio (TPS),
implantes tratados com ácido (AE) e titânio comercialmente puro (cpTi). Enquanto
que a porcentagem de re-osseointegração foi maior para TPS, seguida por cpTi, AE
e HA, respectivamente.
1.3 Tratamento anti-infeccioso das doenças periimplantares em
humanos
Mombelli & Lang (1992), trataram nove indivíduos, sendo quatro
desdentados totais e cinco parcialmente desdentados, por meio de debridamento
mecânico, irrigação de todas as bolsas periimplantares maiores que 3 mm com
clorexidina 0,5% e antibioticoterapia sistêmica, com uma dose diária de 1.000 mg de
19
ornidazol, durante dez dias. Esses indivíduos foram selecionados de acordo com o
monitoramento microbiológico, onde deveriam apresentar contagens > 10
6
unidades
formadoras de colônias por mililitro de bactérias anaeróbias cultiváveis e, proporção
de bactérias anaeróbias igual ou superior a 20%. No 1dia após o tratamento, a
microbiota foi drasticamente reduzida e espiroquetas não foram mais detectadas,
ocorrendo uma mudança bacteriana onde cocos gram positivos facultativos eram
predominantes. Após 3 meses de tratamento a recolonização por vários
microrganismos, por exemplo, P. intermedia, atingiu o pico. Em 12 meses P.
intermedia e Fusobacterium spp diminuíram novamente. Aquela redução inicial foi
devida ao efeito imediato do antibiótico, enquanto que a redução microbiana tardia,
aos 12 meses, estaria associada à redução gradual da profundidade de sondagem
periimplantar juntamente com um aumento na pressão de oxigênio além da redução
dos produtos sangüíneos disponíveis. Isso poderia exercer uma pressão ecológica,
longitudinal, para estabilizar uma microbiota subgengival menos virulenta, composta
por um menor número de patógenos .
Buchman et al (1996,1997), apresentaram um relato de 20 implantes com
lesão periimplantar clínica ou radiográficamente em 14 indivíduos. Como tratamento,
foram propostos a instrução de higiene oral, ajuste oclusal e debridamento
associado a antibiótico sistêmico (amoxicilina / ácido clavulônico 500 mg x 3 por 7
dias ou metronidazol 250 mg x 3 por 7 dias), conforme teste de sensibilidade da
microbiota frente a esses antibióticos. Seis implantes foram excluídos do estudo para
serem tratados cirúrgicamente, devido a recidiva da doença periimplantar. Após 6
meses, os índices de placa visível foram de 0,4 para 0,3 %; Sangramento marginal
de 1,1 para 0,4 %; sangramento à sondagem de 60 para 20%; e profundidade de
sondagem de 5,1 para 2,6 mm e foi verificado ainda um recobimento ósseo de 1,6
mm.
Khoury/Buchmann 2001, como parte de um tratamento pré cirúrgico,
relataram o tratamento de 41 implantes apresentando profundidade de sondagem
variando entre 7 e 9,5 mm e perda óssea radiográfica entre 2,5 e 9 mm em 25
indivíduos. O tratamento consistia na irrigação com clorexidina e debridamento do
elemento selecionado associado a administração de antibiótico sistêmico (variando
conforme teste de sensibilidade da microbiota periimplantar ao antibiótico e profilaxia
semanalmente conforme necessidade do individuo). Após 6 meses de avaliação, o
20
tratameno apresentou melhora na profundidade de sondagem, porém não foi
estatístico.
Associado ao debridamento periimplantar, Mombelli et al. (2001)
utilizaram dispositivos de liberação lenta de tetraciclina (Actisite
®
) durante 10 dias,
no tratamento de 25 indivíduos desdentados parciais, que apresentaram 30
implantes acometidos pela doença. Um mês após o tratamento, houve uma redução
estatisticamente significante (p<0,01) com relação ao índice de sangramento
modificado (Mombelli et al. 1987), profundidade à sondagem e sangramento à
sondagem. Esses índices se mantiveram estatisticamente reduzidos após 1 ano de
terapia. Após a remoção das fibras de tetraciclina notou-se uma marcante redução
da contagem total de bactérias, de 3,41 para 0,54 x10
6
UFC, mantendo-se reduzida
até 6 meses s-terapia (1,46 x10
6
UFC), porém, aos 12 meses, os níveis
assemelharam-se ao inicial. O mesmo ocorreu para os microrganismos anaeróbios
gram-negativos. Campylobacter rectus, A. naeslundii, A. actinomycetemcomitans e
E. corrodens que não foram mais detectados imediatamente após a remoção do
Actisite
®
, porém, houve recolonização por esses microrganismos durante o período
do estudo.
Testando a efetividade do sistema Vector
®
, Karring et al. (2005) trataram
11 indivíduos, sendo que cada um possuia 2 implantes acometidos por
periimplantite. Enquanto que o debridamento de um implante era realizado por meio
de curetas de fibra de carbono, o outro implante era tratado pelo sistema Vector
®
.
Uma nova sessão de debridamento foi repetida aos 3 meses. Após 3 e 6 meses de
acompanhamento, uma suave melhora foi observada no índice de placa ao redor
dos implantes para ambos os tratamentos (p > 0,1). No mês, quatro indivíduos do
grupo teste e apenas um do grupo controle não apresentaram mais sangramento à
sondagem. O nível ósseo no baseline, avaliado através de radiografias digitalizadas,
foi de 6,8 + 1,7 e 7,4 + 2,1 mm para o sistema Vector
®
e debridamento no baseline,
respectivamente. E, aos 6 meses foi 7,1 + 1,9 e 7,7 + 2,6 mm, expressando uma
diferença de -0,3 + 1 e -0,3 + 0,8 mm, mas não houve diferença estatisticamente
significante em ambos os grupos entre os tempos. A profundidade de sondagem que
foi de 5,8 + 1,1 e 6,2 + 1,6 mm no início e, aos 6 meses foi de 5,8 + 1,2 e 6,3 + 2,2
mm para os grupos teste e controle (debridamento), respectivamente.
Renvert et al (2006), dividiram 32 indivíduos com pelo menos um implante
ósseointegrado com perda óssea radiográfica
3 roscas e profundidade de
21
sondagem 4mm associado a sangramento a sondagem ou supuração, em dois
grupos. Ambos os grupos receberam tratamento mecânico no elemento adjacente
ao implante estudado. Após o debridamento o grupo controle recebeu
aproximadamente 1 ml de clorexidina gel 1% no sítio mais profundo e o grupo teste
recebeu 1 mg de monociclina (Arestin®). Após um ano de avaliação microbiológica
através do Checkerboard DNA-DNA hybridization e cultura, não houve diferença
estatística entre os grupos e nem entre os tempos estudados. Clinicamente também
não houve diferença estatística.
Persson et al (2006), avaliaram por um ano, o efeito microbiológico do
antibiótico local (Arestin®), no tratamento das periimplantites. Trinta e um implantes
em 25 indivíduos, com perda de óssea de 2 mm ao redor do implante e que
apresentavam uma profundidade de sondagem 5mm após o tratamento inicial,
receberam uma dose de Arestin® (1 mg minocycline) em cada sítio dos implantes
selecionados. Ao final dos 360 dias não houve diferença estatística com o baseline.
Salvi et al em 2007, continuando o trabalho de Persson et al (2006),
apresentaram os resultados clínicos e radiográficos. Houve diferença estatística
entre o baseline e após o tratamento com Arestin® após um ano (p<0,05), para
alguns parâmetros clínicos. Profundidade de sondagem média por implante reduziu
de 4,5 ± 1,3 mm no baseline, para 3,5 ± 0,7 mm aos 360 dias. A profundidade de
sondagem do sítio mais profundo de cada implante, reduziu de 5,9 ± 0,7mm no
baseline para 4,2 ± 0,6mm aos 360 dias. O nível clínico de inserção dio por
implante, reduziu de 3,3 ± 1,1 mm no baseline para 2,2 ± 1mm ao final do estudo e
do sítio mais profundo de cada implante houve uma redução de 4,4 ± 1,1 para 2,3 ±
0,9 mm entre os tempos. O sangramaneto a sondagem também sofreu redução
estatística tanto na média por implante, como no sítio mais profundo. A redução foi
de 69 ± 38% para 19 ± 30% e de 92 ± 28% para 44 ± 51%, do baseline ao final do
estudo respectivamente. O índice de placa sofreu mudança estatística na média
por implante, aumentando de 2 ± 2,3% no baseline para 10 ± 25% ao final do
estudo. Os níveis de recessão da mucosa e os parâmetros radiográficos não
sofreram mudanças estatísticas.
22
1.4- Tratamento regenerativo das doenças periimplantares em humanos
No estudo de Leonhardt et al. (2003), 9 indivíduos, com 26 implantes
acometidos por periimplantite, foram tratados cirurgicamente e receberam antibiótico
com base nos testes de susceptibilidade dos microrganismos para penicilina V,
amoxicilina, tetraciclina, metronidazol, ciprofloxacino e sulfa/trimetropim. Após 5
anos, os índices de placa e sangramento marginal diminuíram de 100 % para 11 % e
5 %, respectivamente. Dos 26 implantes, 7 (27 %) foram perdidos, enquanto que 4
implantes continuaram a perder osso (> 1 rosca), 9 permaneceram estáveis e 6
apresentaram ganho ósseo (> 1 rosca) em 5 anos de acompanhamento.
Observaram também que a resposta ao tratamento em indivíduos fumantes com
periimplantite era menos favorável que em não fumantes e, que essa forma de
terapia combinada ao uso de antibióticos, o empiricamente administrados,
apresentou um índice de 58 % de resolução para as periimplantites. Com relação às
amostras subgengivais, dos 6 indivíduos que se apresentaram positivos para a
cultura do A. actinomycetemcomitans no início, mostraram-se negativos para esse
microrganismo após os 5 anos. Entretanto, P. intermedia e P. nigrescens foram
encontradas em 7 indivíduos no início do estudo e no final desse período foram
recuperadas em 8 indivíduos. P. gingivalis, que foi encontrada em apenas 1
indivíduo no início do estudo, não foi mais detectada aos 6 meses e 1 ano após, mas
no 5° ano voltou a ser detectada em alguns implantes.
Romeo et al (2005), avaliaram clinicamente o tratamento cirúrgico da
periimplantite. Trinta e cinco implantes de superfície tratada (TPS), em 17 indivíduos
com sinais de sangramento marginal ou supuração e profundidade de sondagem >4
mm foram divididos em dois grupos. Grupo teste (n = 19 implantes) sofreu
reposicionamento apical do retalho, associado ao polimento da superfície do
implante através de brocas diamantadas em peça de mão a 15,000 rpm e taças de
silicone e o grupo controle (n = 16 implantes) que sofreu apenas reposicionamento
apical do retalho. Ambos os grupos foram tratados mecânicamente e receberam
antibiótico sistêmico (Amoxicilina 50 mg/kg durante 8 dias) previamente ao
tratamento cirúrgico. Após as cirúrgias, os indivíduos foram intruídos a bochechar
clorexedina 0,2% (10 ml por 1 minuto a cada 8 horas, durante 2 semanas). Dois
anos após tratamento, o grupo controle apresentou aguns dados clínicos mais altos
que o grupo teste, respectivamente: profundidade de sondagem (5,5 e 3,58 mm);
23
nível clínico de inserção (7,04 e 5,89 mm) e o índice de sangramento modificado (
2,33 e 0,5 mm). Em compesação o indice de recessão gengival foi estatíscamente
maior no grupo teste em relação ao grupo controle: 1,64 e 2,3mm respectivamente.
Comparando-se o tempo inicial em relação ao final (sendo que o grupo controle foi
avaliado por 2 anos devido a persistência da doença periimplantar e o grupo teste
por 3 anos), podemos observar diferenças estatísticas. No grupo controle:
profundidade de sondagem de 6,52 para 5,5 mm; índice de sangramento modificado
de 2,86 e 2,33 mm; índice de recessão aumentou de 0,23 para 1,64 mm; nivel clínico
de inserção aumentando de 5,95 para 7,04 mm. No grupo teste, os resultados foram:
profundidade de sondagem de 5,78 para 3,21 mm; índice de sangramento
modificado de 2,83 para 0,61; índice de recessão da mucosaaumentou de 0,5 para
1,96 mm e nível clínico de inserção de 5,5 para 5,18 mm. Em 2007, Romeo et al,
apresentaram os resultados radiográficos desse estudo. Não houve diferença
estatística entre o início e o final do estudo para perda óssea marginal em ambos os
grupos, porém 4 implantes do grupo controle apresentaram mobilidade diminuindo a
taxa de sobrevivência desses implantes para 77,8% após 3 anos enquanto o grupo
teste apresentou uma taxa de 100%.
Schawarz et al (2006), apresentaram um trabalho com 22 implantes que
apresentavam perda óssea radiograficamente e profundidade de sondagem > 6mm.
Os indivíduos foram divididos em dois grupos: Grupo teste com 11 implantes
tratados cirúrgicamente com nanocristais de hidróxiapatita (Ostim®) e Grupo
Controle com enxerto bovino (Bio-Oss®) e membrana de colágeno (Bio-Gide®).
Após 6 meses de avaliação, houveram melhoras na profundidade de sondagem,
nível clínico de inserção e radiograficamente para os dois grupos, mas não foi
estatístico. Não houve diferença entre os grupos.
Roos-Jansaker et al 2007, avaliaram o tratamento cirúrgico da
periimplantite, utilizando um substituto ósseo com ou sem membrana reabsorvível.
Todos os 36 indivíduos, com no mínimo um implante osseointegrado, com uma
perda óssea 3 roscas associado a sangramento ou supuração a sondagem, foram
divididos em 2 grupos e começaram a usar um dia antes do tratamento cirúrgico
amoxicilina ( 375 mg x 3 ) associado ao metronidazol ( 400 mg x 2 ) por 10 dias. O
grupo 1 recebeu o substituto ósseo ( Algipore® ) e foi recoberto por uma membrana
reabsorvível ( Osseoquest® ), enquanto o grupo 2 recebeu apenas o substituto
ósseo. Após um ano de acompanhamento, houve uma melhora radiográfica e
24
clínica, porém não houve diferença estatística entre os grupos e nos tempos
estudados.
Com base na revisão de literatura, nota-se um pequeno número de
estudos duplo-cegos, placebo controlado e randomizados, avaliando
longitudinalmente a associação sistêmica de antibióticos para o tratamento de lesões
periimplantares em humanos assim como seus efeitos clínicos e microbiológicos.
25
2. PROPOSIÇÃO
Este estudo longitudinal duplo-cego, placebo controlado e randomizado,
teve como objetivo avaliar os efeitos da administração sistêmica do metronidazol e
amoxicilina associados à raspagem e debridamento periimplantar não-cirúrgico na
composição da microbiota mucosal, nos parâmetros clínicos periimplantares e
radiográficos, de indivíduos portadores de periimplantites.
26
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Seleção dos indivíduos
A população incluída neste estudo foi composta por 22 indivíduos adultos
(>35 anos), de ambos os gêneros, portadores de periimplantite. Esta amostra foi
proveniente de um levantamento clínico realizado por Melo (2005), que examinou
todos os indivíduos que buscaram atendimento odontológico na Clínica de Implantes
da Universidade Guarulhos desde 1994. Para a avaliação do estado geral de suas
respectivas restaurações protéticas, 937 indivíduos portadores de algum tipo de
prótese implanto-suportada foram examinados clínica e radiograficamente. Após a
exclusão daqueles que não utilizavam as próteses implanto-suportadas
regularmente (ex. overdentures), possuíam implantes sem restaurações ou que
apresentavam restaurações inadequadas, 754 indivíduos foram incluídos, sendo que
apenas 22 sujeitos preenchiam os quesitos de inclusão deste estudo.
3.2 – Critérios de inclusão e exclusão dos indivíduos envolvidos no
estudo
Baseado em estudo prévio (Melo et al. 2005), os critérios de inclusão dos
indivíduos avaliados neste estudo foram:
apresentar os seguintes sinais clínicos de doença periimplantar: sangramento
à sondagem e/ou supuração, profundidade de sondagem maior que 4mm; perda
óssea radiográfica maior que 3mm (Figura 1), no mínimo 50% de remanescente
ósseo periimplantar (caso contrário, este implante foi considerado perdido);
apresentar pelo menos uma prótese implanto-suportada, utilizando implantes
de superfície lisa (titânio comercialmente puro), hexágono externo e rosqueáveis,
sob função no mínimo 1 ano, acometido pela periimplantite (caso o indivíduo
apresentasse mais que um implante acometido pela periimplantite, apenas um
implante foi avaliado);
ausência de mobilidade, quebra de parafusos ou soltura dos componentes
protéticos junto às próteses implanto-suportadas, na tentativa de minimizar a
influência de possíveis traumas oclusais;
apresentar boas condições de saúde geral ( não ter problemas cardíacos,
imunológicos, diabetes, etc );
27
não ter passado por tratamento periodontal ou ter utilizado antibióticos ou
antiinflamatórios nos 6 meses que antecederem o estudo;
ausência de doença periodontal crônica generalizada moderada/avançada e
doença periodontal agressiva localizada e generalizada;
não ser fumante;
não estar grávida ou lactante;
não apresentar histórico de alergias ou hipersensibilidade à amoxicilina ou ao
metronidazol;
próteses que dificultassem o acesso à sondagem.
Caso o indivíduo apresentasse, durante o tratamento, presença de
supuração, aumento da profundidade de sondagem ou aumento da perda óssea
observado nas radiografias de 180 e 365 dias após início do tratamento, este
indivíduo seria excluído do estudo e receberia tratamento cirúrgico para a
periimplantite.
Os indivíduos selecionados foram informados a respeito da pesquisa,
objetivos, procedimentos clínicos, coletas das amostras microbiológicas, riscos,
conseqüências e tipos de terapias a serem utilizadas. Aqueles que concordaram
com o exposto e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Guarulhos (Protocolo CEP-UnG 62/2004), foram incluídos na amostra.
1b
1a
Figura 1.
Aspecto radiográfico de indivíduo portador de peri-implantite apresentando
extensa perda óssea radiográfica: a) implante localizado na região de maxila posterior e b)
implante localizado na porção posterior da mandíbula.
28
3.3 – Delineamento experimental
No tempo inicial (-21 dias) todos os indivíduos (n=22) foram
submetidos à anamnese, exame clínico de diagnóstico (triagem), e exame
radiográfico. Logo após, receberam profilaxia profissional para remoção do biofilme
supragengival e adequação do meio assim como instrução de higiene oral nos
dentes e implantes (Lang et al. 1997). Os indivíduos foram aleatoriamente
distribuídos, em 2 grupos terapêuticos, por sorteio utilizando uma moeda (cara ou
coroa), e submetidos a uma das seguintes formas de tratamento:
Grupo teste Raspagem e debridamento periimplantar com curetas de teflon
em campo fechado associado à administração sistêmica de metronidazol (400mg,
3x/dia) e amoxicilina (500mg, 3x/dia) durante 14 dias,
Grupo controle Raspagem e debridamento periimplantar com curetas de
teflon em campo fechado associado à administração de placebo (talco farmacêutico)
seguindo o mesmo regime utilizado para a administração de antibióticos no grupo
teste. O debridamento periimplantar foi realizado juntamente com a administração
dos antibióticos.
Os indivíduos foram avaliados no início do estudo (dias -21 e 0), logo
após a terapia (14 dias) e aos 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias pós-terapia. No
decorrer do estudo foram coletados dados clínicos, radiográficos e microbiológicos
assim como descrito na Figura 2.
O procedimento de raspagem e debridamento periimplantar foi realizado
utilizando curetas de teflon
®
(Straumann, Villeret, Switzerland) para evitar danos à
superfície dos implantes. Os indivíduos foram tratados pelo mesmo operador
(pesquisador 1- TRCV) e examinados por outro (pesquisador 2 DSF). Os
examinadores e os sujeitos da pesquisa não foram informados sobre a terapia
empregada (medicamento ou placebo), ministrada pelo pesquisador 3 (JAS).
Uma vez que nem os examinadores e nem os indivíduos avaliados no
estudo, sabiam da terapia antibiótica que era fornecida e os grupos foram divididos
aleatóriamente, o estudo foi definido como duplo-cego, placebo controlado e
randomizado.
29
Figura 2. Delineamento experimental. A raspagem e debridamento periimplantar (RDP) foi
realizado concomitantemente ao início da administração dos antibióticos: RDP +
Medicamento+: no dia 0 os indivíduos receberam o medicamento (400mg de metronidazol
3x/dia e 500mg de amoxicilina 3x/dia) ou o placebo associado à raspagem e debridamento
periimplantar; Medicamento-: no dia 14 o medicamento ou placebo foi suspenso.
3.3.1 – Seleção do sítio periimplantar
O sítio periimplantar de maior profundidade de sondagem com
sangramento e ou supuração foi selecionado para as coletas de amostras de
biofilme subgengival destinadas às análises microbiológicas. Quando dois ou mais
sítios no mesmo implante apresentavam a mesma profundidade de sondagem,
sangramento e ou supuração, foi escolhido o mais anterior.
3.3.2 – Seqüências das consultas de avaliação
Após a seleção do sítio periimplantar (dia -21) os indivíduos foram
avaliados em mais 9 consultas (0, 14, 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias após
início da terapia). Os procedimentos que foram realizados em cada consulta estão
representados na Figura 2 e ocorreram na seguinte ordem: 1- Exame radiográfico
(0, 180 e 365 dias); 2- Identificação e isolamento relativo do sítio a ser coletado (ver
30
3.3.1 - Seleção do sítio periimplantar); 3- Coleta de biofilme subgengival, e 4-
Exame clínico periimplantar.
3.4 - Exame clínico e radiográfico
Os parâmetros clínicos avaliados foram:
1. Presença (1) ou ausência (0) de biofilme bacteriano visível,
2. Presença (1) ou ausência (0) de sangramento marginal,
3. Presença (1) ou ausência (0) de sangramento à sondagem,
4. Presença (1) ou ausência (0) de supuração,
5. Profundidade de sondagem (mm) - caracterizada pela distância da margem
periimplantar até o fundo da bolsa,
6. Nível clínico de inserção (mm) - caracterizada pela distância de ponto fixo
previamente determinado (junção conector/implante ou barra em casos de
overdentures) até o fundo da bolsa.
O exame periimplantar foi realizado por um examinador (pesquisador 2),
previamente treinado e calibrado. As medidas de profundidade de sondagem e nível
clínico de inserção foram determinadas utilizando uma sonda periodontal manual do
tipo Carolina do Norte (PCPUNC 15 Hu-friedy Mfg Co Inc. Chigago IL, Estados
Unidos América). As mensurações foram realizadas em 6 faces do implante: mesio-
vestibular, médio-vestibular, disto-vestibular, mesio-lingual, médio-lingual e disto-
lingual.
A metodologia empregada para a calibração tanto para a mensuração
realizada nos dentes remanescentes quanto para os implantes osseointegrados foi
preconizada por Araújo et al. (2003) no qual se avaliou o erro padrão da medida
(e.p.m) e o erro médio percentual (e.m.p) para os parâmetros clínicos contínuos
(profunidade de sondagem, nível clínico de inserção). O e.p.m e e.m.p intra-
examinador obtido para os dentes remanescentes foram respectivamente de
0,22mm e 5,2% para a profundidade de sondagem, 0,30mm e 6,33% para nível
clínico de inserção. os valores de e.p.m e e.m.p intra-examinador obtidos para os
implantes foi de 0,09mm e 2,2% para a profundidade de sondagem e 0,08mm e
3,99% para nível clínico de inserção. As variáveis categóricas (índice de placa,
31
sangramento marginal, sangramento a sondagem e supuração) considerando
somente a presença ou ausência do parâmetro clínico foram obtidas, para dentes e
implantes, a média do nível de concordância utilizando o teste Kappa Light no valor
de 89%.
Os exames radiográficos foram realizados por meio de filmes do tipo
Ektaspeed (Kodak, Eastman, CO, Estados Unidos da América) utilizando-se
posicionadores para a técnica do paralelismo adapatado para cada paciente com o
auxílio de silicona de condensação. As radiografias obtidas foram processadas pelo
método tempo-temperatura e logo após digitalizadas por meio de câmera digital
(Canon EOS 300D, Tokyo, Japão). As tomadas raiográficas foram realizadas nos
período inicial, 180 e 365 dias após início da terapia. A radiografia obtida aos 180
dias serviu como controle para observar a presença de perda óssea vertical apos
tratamento (critério de exclusão do indivíduo do estudo). As análises foram
realizadas com as tomadas radiográficas obtidas no tempo inicial e 365 dias.
Para obtenção da perda óssea vertical, foram realizadas as mensurações
da distância entre o conector protético e a crista óssea alveolar periimplantar,
utilizando-se o software Image Tool 3.0 (http://ddsdx.uthscsa.edu/dig/itdesc.html).
Estas mensurações foram realizadas por um único examinador (pesquisador 2)
previamente treinado.
A subtração das imagens radiográficas foi realizada segundo Jeffcoat et
al. 1992. As radiografias foram codificadas e agrupadas segundo seus pares (tempo
0 e 365) para cada grupo (teste e controle) fornecendo apenas as dimensões do
implantes (comprimento e largura), de maneira que o operadaor fosse cego aos
tratamento. A radiografia do tempo inicial (tempo 0) foi capturada por uma câmera de
vídeo, digitalizada com 512x480 pixels de resolução e 8 bits (256 níveis de cinza)
para resolução de cor e armazenadas em um computador. A radiografia obtida ao
final do experimento (tempo 365 dias) foi alinhada sobre cada superfície proximal do
implante, digitalizada e armazenada. As radiografias pareadas (tempo 0 e 365 dias)
foram subtraídas apos correção para contraste e discrepâncias geométricas em um
único plano. A imagem resultante da subtração das radiografias apresenta áreas de
perda e ganho ósseo contra um fundo cinza neutro.
Áreas de perda óssea periimplantar foram isoladas utilizando-se técnicas
de sobreposição de formas e morfologias, que também removem o “noise” do fundo
32
das radiografias. As imagens foram convertidas em imagens binárias (branco e preto
sem sombras ou manchas de cinza) utilizando comandos interativos do software. A
dilatação das imagens foi realizada para restaurar as mudanças ósseas ao seu
tamanho original.
3.5- Avaliação microbiológica
3.5.1. Cepas bacterianas e condições de crescimento
A lista das 39 cepas bacterianas utilizadas neste estudo para o preparo
das sondas de DNA está apresentada na Tabela 1. Todas as cepas foram
adquiridas liofilizadas da ATCC (American Type Culture Collection, Rockville, MD,
Estados Unidos da América) ou do Forsyth Institute (Boston, MA, Estados Unidos da
América). O conteúdo liofilizado foi reidratado em caldo para crescimento de
Mycoplasma (Difco Laboratories, Detroit, MI, Estados Unidos da América) e cultivado
em ágar triptose de soja contendo 5% de sangue de ovelha desfibrinado (BBL,
Baltimore Biological Laboratories, Cockeysville, MD, Estados Unidos da América) a
35
o
C sob condição de anaerobiose (80% N
2
, 10% CO
2
, 10%H
2
). Algumas bactérias
foram cultivadas em meios de cultura enriquecidos de forma a suprir suas
necessidades nutricionais. T. forsythia, por exemplo, foi cultivada em ágar triptose de
soja com 5% de sangue de ovelha desfibrinado e 10 µg/ml de ácido N-acetil
murâmico (NAM) (Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA); enquanto P. gingivalis
cresceu em um meio similar, suplementado com 5% de sangue de ovelha
desfibrinado, 0,3µg/ml de menadiona (Sigma) e g/ml de hemina (Sigma). T.
denticola e T. socranskii foram cultivados em caldo para crescimento de
Mycoplasma (Difco) suplementado com 1mg/ml de glicose, 400µg/ml de niaciamida,
150µg/ml espermina tetraidroclorídrica, 20µg/ml de isobutirato de dio, 1mg/ml de
L-cisteína, 5µg/ml de tiamina pirofosfato e 0,5% de soro bovino.
3.5.2 - Isolamento do DNA e preparo das sondas
As cepas bacterianas foram anaerobicamente cultivadas na superfície de
ágar-sangue contido em placas de Petri, com exceção das 2 espécies de
espiroquetas, que foram cultivadas em caldo de cultura, por 3 a 7 dias. As colônias
foram raspadas e depositadas em tubos de microcentrífuga de 1,5ml contendo 1ml
de solução TE (10 mM Tris-HCl, 0,1mM EDTA, pH 7,6). As células foram lavadas 2
vezes por centrifugação na solução-tampão de TE a 3.500 rpm por 10 minutos. Em
33
seguida, as células das cepas Gram-negativas foram novamente suspensas e
lisadas com SDS (dodecilsulfato de sódio, C
12
H
25
NaO
4
S) a 10% e proteinase K em
uma concentração de 20mg/ml (Sigma). As cepas Gram-positivas foram lisadas em
150µl de uma mistura enzimática contendo 15mg/ml de lisozima (Sigma) e 5mg/ml
de acromopeptidase (Sigma) em solução tampão de TE (pH 8,0). O DNA foi isolado
e purificado como descrito por Smith et al. (1989). As sondas multi-genômicas
(whole-genomic) foram preparadas para cada uma das 39 espécies pela marcação
de g do DNA bacteriano com digoxigenina, por meio do random primer
digoxigenin labeling kit (Boehringer Mannheim, Indianapolis, IN, Estados Unidos da
América), de acordo com o método descrito por Feinberg & Vogelstein (1983). As
espécies bacterianas avaliadas foram selecionadas segundo sua associação com
diferentes tipos de doenças ou saúde periodontal/periimplantar (Quirynen et al.,
2002; Shibli et al., 2003b,c; Shibli et al. 2008).
3.5.3. Coleta das amostras de biofilme subgengival
Amostras de biofilme subgengival dos sítios periimplantares previamente
selecionados, em cada um dos 22 indivíduos foram obtidas independentemente.
Após isolamento da área com rolos de algodão e remoção da placa supragingival, as
amostras de biofilme subgengivais foram colhidas por meio de curetas de teflon
®
estéreis (Melo, 2005). As amostras foram imediatamente depositadas em tubos
plásticos individuais contendo 150µl de solução TE (pH 7,6), ao qual foram
adicionados 100µl de NaOH a 0,5 M para que o DNA bacteriano permanecesse
viável por longos períodos de tempo. Estes tubos foram então identificados e
armazenados (-20º C) até serem analisados por meio da técnica do Checkerboard
DNA-DNA Hybridization para as 39 cepas bacterianas descritas na Tabela 1, no
laboratório de microbiologia da Universidade Guarulhos.
3.5.4. Checkerboard DNA-DNA Hybridization
3.5.4.1. Hibridização DNA-DNA
As suspensões contidas nos tubos foram fervidas em banho-maria por 10
minutos e, em seguida, neutralizadas pela adição de 0,8 ml de acetato de amônia a
5 M. Cada suspensão de placa bacteriana contendo o DNA livre foi depositada em
uma das canaletas do Minislot (Immunetics, Cambridge, MA, Estados Unidos da
34
América - Figura 3) ficando, assim, concentrada em uma membrana de nylon (15 x
15cm) com carga positiva (Boehringer Mannheim). As duas últimas canaletas do
Minislot (Immunetics) foram ocupadas por controles contendo uma mistura do DNA
das espécies de microrganismos investigadas pelas sondas, nas concentrações
correspondentes a 10
5
e 10
6
células, ou seja, 1ng e 10ng de DNA de cada espécie,
respectivamente (Socransky et al., 1994; Haffajee et al., 1997a, b).
A membrana foi então removida do Minislot (Immunetics) e o DNA nela
concentrado foi fixado por meio de aquecimento em forno a 120º C por 20 minutos.
A membrana foi pré-hibridizada a 4C, por 1 hora, em uma solução contendo 50%
de formamida, 1% de caseína (Sigma), 5 x standard saline citrate -SSC (1 x SSC =
150mM NaCl, 15mM de citrato de sódio, pH 7,0), 25 mM de fosfato de sódio (pH 6,5)
(Na
2
HPO
4 ,
Labsynth) e 0,5 mg/ml de RNA de levedura (Sigma).
Em seguida, a membrana foi posicionada no Miniblotter (Immunetics,
Figura 4) com as linhas de DNA perpendiculares às canaletas do aparato. Em cada
canaleta do Miniblotter (Immunetics, Cambridge, MA, USA) foi adicionada uma
sonda de DNA (diluída a aproximadamente 20ng/ml) em 130 µl de uma solução de
hibridização composta de 45% de formamida, 5 X SSC, 20 mM de fosfato de sódio
(pH 6,5), 0,2 mg/ml de RNA de levedura (Boehringer Mannheim), 10% de sulfato de
dextrano e 1% de caseína (Sigma). A hibridização ocorreu por um período mínimo
de 20 horas, a 42º C.
3.5.4.2. Detecção das espécies
Após o período de hibridização, a membrana foi removida do Miniblotter
(Immunetics) lavada por 40 minutos, a 65ºC numa solução adstringente composta de
1% de SDS, 1mM de EDTA e 20mM de Na
2
HPO
4
, a fim de remover as sondas que
não hibridizaram completamente. Em seguida, a membrana foi imersa por 1 hora em
uma solução contendo 1% de ácido maleico (C
4
H
4
O
4
), 3 M de NaCl, 0,2 M de NaOH,
0,3% de Tween 20, 0,5% de caseína, pH 8,0, e, logo após, por 30 minutos, na
mesma solução contendo o anticorpo anti-digoxigenina conjugado à fosfatase
alcalina em uma concentração de 1:10.000. A membrana foi depois lavada 2 vezes,
por 20 minutos, em uma solução de 0,1 M de ácido maleico, 3 M de NaCl, 0,2 M de
NaOH, 0,3% de Tween 20, pH 8,0, e 1 vez, por 5 minutos, em uma solução de 0,1 M
de Tris HCl, 0,1M de NaCl, 50 mM de MgCl
2
, pH 9,5.
35
Os próximos passos foram a incubação da membrana por 45 minutos a
37
o
C em uma solução detectora à base de fosfatase alcalina, CDP-Star
®
Detection
Reagent (Amersham Biosciences UK Limited, Buckinghamshire, Inglaterra). A
seguir, a membrana foi colocada em um cassete, Chassi Radiográfico 30x40cm
(Konex, Ind. Bras., SP), sob um filme radiográfico de marca Kodak X-Omat K,
18x24cm (Kodak Brasileira Com. e Ind. Ltda, São José dos Campos, SP) por 40
minutos. O filme foi posteriormente revelado (Figuras 5 e 6) manualmente pelo
método convencional temperatura-tempo, de acordo com orientações do fabricante.
As soluções utilizadas foram da marca Kodak, sempre mantidas à temperatura de
20ºC.
Figura 3. Representação gráfica do Minislot (Immunetics, Cambridge, MA, USA) e resumo
da preparação e deposição das amostras de biofilme bacteriano subgengival (técnica do
Checkerboard DNA-DNA Hybridization).
A leitura dos filmes radiográficos foi realizada por um único examinador
treinado (pesquisador 4, IB), da seguinte forma: cada sinal produzido por uma
determinada sonda na amostra de biofilme foi comparado em intensidade ao sinal
produzido pela mesma sonda nos dois controles contendo 10
5
e 10
6
bactérias. Desta
Canaleta
aberta
Membrana de
nylon
filtro
Colocar amostra em
150µl tampão TE pH
7.6
Ferver durante 10 minutos
Adicionar 100 µl NaOH 0.5 M
Adicionar 800 µl Acetato
de Amônia 5 M
Fixar DNA na
membrana a 120°C por
20 min
Depositar amostras nas
canaletas
36
forma, o número 0 foi registrado quando não houve detecção do sinal; 1 equivaleu a
um sinal menos intenso que o controle de 10
5
células; 2 equivaleu a
aproximadamente 10
5
células; 3, entre 10
5
e 10
6
células; 4 aproximadamente 10
6
células e 5, mais de 10
6
células (Tabela 2). Estes registros foram então utilizados
para determinar os níveis das diferentes espécies investigadas nos sítios
periimplantares e indivíduos do estudo.
37
Tabela 1. Relação das cepas empregadas para a confecção das sondas de DNA,
subdivididas em complexos microbianos (Socransky et al., 1998; Socransky &
Haffajee, 2002).
a
ATCC (American Type Culture Collection)
b
Forsyth Institute.
Espécies Cepas Espécies Cepas
A
A
c
c
t
t
i
i
n
n
o
o
m
m
y
y
c
c
e
e
s
s
C
C
o
o
m
m
p
p
l
l
e
e
x
x
o
o
L
L
a
a
r
r
a
a
n
n
j
j
a
a
(
(
c
c
o
o
n
n
t
t
.
.
)
)
Actinomyces gerencseriae
23860
a
Fusobacterium nucleatum ss.
nucleatum
25586
a
Actinomyces israelii
12102
a
Fusobacterium nucleatum ss.
polymorphum
10953
a
Actinomyces naeslundii II
43146
a
Fusobacterium nucleatum ss.
vincentii
49256
a
C
C
o
o
m
m
p
p
l
l
e
e
x
x
o
o
R
R
o
o
x
x
o
o
Fusobacterium periodonticum
33693
a
Actinomyces odontolyticus
17929
a
Parvimonas micra
33270
a
Veillonella parvula
10790
a
Prevotella intermedia
25611
a
C
C
o
o
m
m
p
p
l
l
e
e
x
x
o
o
A
A
m
m
a
a
r
r
e
e
l
l
o
o
Prevotella nigrescens
33563
a
Streptococcus gordonii
10558
a
Streptococcus constellatus
27823
a
Streptococcus intermedius
27335
a
C
C
o
o
m
m
p
p
l
l
e
e
x
x
o
o
V
V
e
e
r
r
m
m
e
e
l
l
h
h
o
o
Streptococcus mitis
49456
a
Tannerella forsythia
43037
a
Streptococcus oralis
35037
a
Porphyromonas gingivalis
33277
a
Streptococcus sanguinis
10556
a
Treponema denticola
B1
b
C
C
o
o
m
m
p
p
l
l
e
e
x
x
o
o
V
V
e
e
r
r
d
d
e
e
O
O
u
u
t
t
r
r
a
a
s
s
E
E
s
s
p
p
é
é
c
c
i
i
e
e
s
s
Eubacterium sabureum 33271
a
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans a e b
43718
a
29523
a
Gemella morbillorum
27824
a
Capnocytophaga gingivalis
33624
a
Leptotrichia buccalis
14201
a
Capnocytophaga ochracea
33596
a
Neisseria mucosa
19696
a
Capnocytophaga sputigena
33612
a
Prevotella melaninogenica
25845
a
Eikenella corrodens
51146
a
Propionibacterium acnes I+II
11827/11828
a
C
C
o
o
m
m
p
p
l
l
e
e
x
x
o
o
L
L
a
a
r
r
a
a
n
n
j
j
a
a
Selenomonas noxia
43541
a
Campylobacter gracilis
33236
a
Streptococcus anginosus
33397
a
Campylobacter rectus
33238
a
Treponema socranskii
S1
b
Campylobacter showae
51146
a
Eubacterium nodatum
33099
a
38
Figura 4. Representação gráfica do Miniblotter (Immunetics, Cambridge, MA, USA) e
resumo das etapas de hibridização e detecção das espécies bacterianas presentes nas
amostras biofilme bacteriano subgengival (técnica do Checkerboard DNA-DNA
hybridization).
Figura 5. Representação gráfica do padrão de hibridização entre as bactérias presentes nas
amostras de placa e as sondas de DNA (técnica do Checkerboard DNA-DNA Hybridization).
MiniBlotter 45”
Membrana
de nylon
Sondas de DNA genômicas
marcadas com
digoxigenina
Lavagem de alta estringência em
solução SSC 0,4M a 65°C
40min
.
Anticorpo contra
digoxigenina conjugado à
fosfatase alcalina (1:10.000)
Préhibridização a 42°C 1 hr.
Girar membrana 90°
Hibridização em solução de
formamida a 42°C 20hrs.
Detecção por
quimioluminescência com CDP
Star em filme RX
39
Figura 6. Representação esquemática do padrão de hibridização entre as bactérias
presentes nas amostras de placa e as sondas de DNA (técnica do Checkerboard DNA-DNA
Hybridization). Nesta tabela estão apresentadas 40 bactérias, e as amostras de biofilme são
de todos os dentes de um mesmo indivíduo.
Tabela 2. Índice utilizado para a determinação dos níveis dos microrganismos nas
amostras de biofilme subgengival.
ÍNDICE NÍVEL DO MICRORGANISMO
0 Não detectado
1 Menos de 10
5
células
2 Aproximadamente 10
5
células
3 Entre 10
5
e 10
6
células
4 Aproximadamente 10
6
células
5 Mais de 10
6
células
40
3.6 – Análise estatística
3.6.1 – Avaliação clínica e radiográfica
Os parâmetros clínicos foram analisados tanto para o sitio de maior
profundidade de sondagem (sitio teste) quanto para os 6 sítios por implante, em
cada indivíduo. A dia das medidas clínicas de profundidade de sondagem e nível
clínico de inserção, assim como a média da porcentagem de sítios apresentando
placa visível, sangramento marginal, sangramento à sondagem e supuração foram
computados para cada indivíduo e, posteriormente, dentro de cada grupo (controle e
teste). Os testes Mann-Whitney e Friedman foram utilizados para examinar
diferenças inter- e intra-grupos respectivamente durante os vários períodos.
Significância estatística foi estabelecida em nível de 5% (p<0,05).
3.6.2 – Avaliação microbiológica
Os dados microbiológicos foram expressos em nível médio de cada
espécie (contagem) em cada implante e posteriormente convertidos em proporção
de microrganismos. Estes níveis foram computados por indivíduo e depois dentro de
cada grupo avaliado. Diferenças nos níveis médios ou nas proporções de
microrganismos entre os grupos foram avaliadas por meio do teste de Mann-
Whitney. O teste Friedman foi utilizado para avaliar as diferenças entre as
proporções microbianas durante os vários períodos de avaliação. A significância
estatística foi estabelecida em 5% (p<0,05).
41
4. RESULTADOS
Dos 22 indivíduos selecionados no início do estudo e aleatoriamente
distribuídos entre os 2 grupos terapêuticos (n=11/grupo), apenas 17 indivíduos
permaneceram ao final do estudo (período de 365 dias). Sendo assim a análise dos
dados clínicos e microbiológicos foram avaliados para 22 indivíduos entre o período
inicial e 90 dias, 20 indivíduos entre o período de 120 e 180 dias após início da
terapia, sendo que 2 indivíduos do grupo controle forma excluídos devido a presença
de supuração e aumento da profundidade de sondagem. No período 270 dias, mais
3 indivíduos foram excluídos da analise dos dados por também apresentarem
supuração, sangramento a sondagem e aumento da profundidade de sondagem. A
avaliação no período 365 dias foi realizada com 17 indivíduos sendo 8 indivíduos do
grupo controle e 9 indivíduos do grupo teste. Os indivíduos excluídos receberam
tratamento periimplantar baseado em Regeneração Tecidual Guiada e
antibióticoterapia.
4.1 – Efeitos das terapias sobre os parâmetros clínicos
As médias dos parâmetros clínicos para os dentes remanescentes
observadas no exame inicial, assim como os dados relativos às características
clínicas dos implantes (restauração protética e tempo em função) avaliados neste
estudo estão apresentadas nas Tabelas 3. Os resultados demonstraram que os
grupos eram homogêneos em relação aos parâmetros clínicos, uma vez que não foi
observada diferença significativa entre os grupos, no início do estudo.
As tabelas 4 e 5 comparam o efeito clínico das terapias entre o período incial
e 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias pós-terapia. Os parâmetros de IG, PS, NCi,
SS foram reduzidos significativamente tanto para o grupo controle quanto para o
grupo teste ao final de 365 dias pós-tratamento (p<0,05). Houve redução nos valores
de PS e NCI em todos os grupos terapêuticos, embora a terapia associada à
antibioticoterapia apresentasse maiores reduções (p<0,05). A PS e NCI do grupo
controle no ínicio do estudo eram de 5,58+1,93mm e 5,93+1,39mm e passaram a
ser 3,89+1,15mm e 4,43+1,42mm respectivamente aos 365 dias (p<0,05). para o
grupo teste, as médias de PS e NCI no período inicial eram de 7,06+2,60mm e
7,26+2,60mm e foram reduzidas a 3,99+0,85mm e 4,23+1,00mm respectivamente
aos 365 dias. De modo geral, os parâmetros clínicos do grupo controle
apresentaram melhoras marcantes nos períodos iniciais, quando todos os índices
42
clínicos apresentaram melhoras. Aos 365 dias os parâmetros de PV, SM, PS, NCI,
SS e SUP aumentaram em relação ao período de 270 dias, sem, no entanto retornar
aos parâmetros clínicos no tempo inicial. Entretanto, no grupo teste, os parâmetros
clínicos apresentaram uma redução constante até o período 365 dias.A
porcentagem de SUP foi reduzido para ambos os grupos aos 90 dias, entretanto
apenas o grupo que recebeu antibioticoterapia manteve todos os sítios
periimplantares livres de supuração ao final do período experimental (p<0,05).
4.2 – Efeitos das terapias sobre os parâmetros clínicos ao longo do
período experimental
Durante a análise dos dados observou-se que a profundidade de sondagem e
o nível clínico de inserção diferiram estatisticamente durante os períodos
experimentais para ambos os grupos (p<0,05) tanto no sítio teste (sítio de maior
profundidade de sondagem) quanto nas médias obtidas nos 6 sítios ao redor de todo
o implante. Houve redução estatisticamente significante no percentual de sítios com
sangramento a sondagem e sangramento marginal para ambos os tratamentos
(p<0,05). Já o parâmetro de placa visível apresentou reduções principalmente para o
grupo teste, sem, no entanto, ser significativo (p>0,05).
As figuras 7 e 8 apresentam as diferenças médias para a PS e NCI entre o
ínicio do estudo e para cada período avaliado para ambos os grupos. Entretanto,
estas diferenças foram maiores para o grupo teste em todos os tempos, exceto as
diferenças médias para o NCI aos 270 e 365 dias nos quais tais médias foram
semelhantes (p>0,05).
Quando os grupos foram comparados entre si (Figuras 9 a 14) , durante todos
os períodos de avaliação, apenas os índices de sangramento marginal, sangramento
a sondagem e supuração paresentaram diferenças significativas (p<0,05). No
período de 60 dias pós-terapia, o grupo teste apresentou reduzidas porcentagens
médias de SS e SUP (Figuras 13 e 14). Aos 90 dias pós-terapia, os índices de SM e
SUP foram menores para o grupo teste (p<0,05) sendo que apenas os índices de
SUP se mantiveram reduzidos durante todo o período, sendo que apenas aos 270
dias este índice não foi significativo (p>0,05).
43
Tabela 3: Média+desvio padrão dos parâmetros clínicos dos dentes remanescentes
e das características das restaurações implanto-suportadas dos indivíduos avaliados
no tempo incial.
Teste de Mann-Whitney e Teste Exato de Fischer, ns=Não significativo (p>0,05); m:
masculino; f: feminino; PS: profundidade de sondagem; NCI: nível clínico de
inserção; PV: placa visível; SM: sangramento marginal; SS: sangramento a
sondagem; SUP: supuração. Os indivíduos portadores de overdentures eram
totalmente edentulos.
As médias de perda óssea vertical no ínício do estudo foram de 4,80+3,2mm
e 5,12+2,89mm para os grupos controle e teste respectivamente (p>0,05). A figura
15 apresenta a perda óssea da crista periimplantar ápos 365 dias do início da
terapia sendo semeante para ambos os grupos (p>0,05).
A análise da subtração de imagens também ratifica os achados de perda
óssea, apresentando perda de estrutura mineral ao redor dos implantes (Fig. 16). A
Grupos Terapêuticos
Controle Teste
(n=11) (n=11)
p
Gênero (m:f) 3:8 4:7 ns
Idade (anos) 59,67+9,87 61,55+6,98 ns
Parâmetros Clínicos
PS (mm)
2,28+0,76
2,37+0,35
ns
NCI (mm) 3,25+1,01 2,98+1,34 ns
% sítios
PV 39,45+29,45 40,04+28,78 ns
SM 9,98+7,89 10,02+6,98 ns
SS 15,66+9,12 15,78+7,02 ns
Sup 0 0 ns
Tipo de Restauração
Implanto-Suportada
Prótese Fixa
Overdentures
9
2
9
2
ns
ns
Média do tempo em função
dos implantes (meses)
64,65+12,45
66,12+10,64
ns
44
figura 17 apresenta a porcentagem de sítios que apresentaram perda, ganho ou se
mantiveram constantes ao longo do perído experimental. Ambos os grupos
apresentaram resultados estatiscamente semelhantes (p>0,05), embora os sítios
proximais do grupo teste apresentassem maiores porcentagens de sítios com ganho
de estrutura mineral.
45
Tabela 4: Médias+desvio padrão dos parâmetros clínicos do sítio teste (i) e dos 6 sítios ao redor dos implantes (m) para os indivíduos
do grupo controle durante todo o período avaliado.
Legendas: PV (índice de Placa Visível); IG (índice gengival); PS (Profundidade de sondagem); NCI (Nível Clínico de Inserção); SS
(Sangramento à Sondagem); SUP (Supuração); i (Dado relativo ao sítio teste, ou seja; o de maior profundidade de sondagem); m
(Dado relativo a média do implante, ou seja, dos 6 sítios avaliados). Teste de Wilcoxon, *p<0,05.
Período (dias)
Parâmetros
Clínicos
0 60 90 120 150 180 270 365
PVi (%)
60,00+51,60
50,00+52,70
40,00+51,64
50,00+52,70
40,00+51,60
30,00+48,88*
33,65+50,00
PVm (%)
61,66+43,78
51,66+47,43
40,00+51,63
41,66+50,46
43,33+41,72
35,00+39,63
42,59+44,18
50,50+53,50
61,84+41,69
IGi (%)
50,00+52,70
18,00+38,89
10,00+31,62
0*
0*
10,00+31,60
0*
0*
IGm (%)
10,00+31,62
10,00+31,62
12,00+21,42
10,67+33,09
10,00+33,56
10,56+29,81
8,98+26,34
4,75+12,58
PSi (mm)
7,60+1,89
6,40+2,06
6,50+1,95*
5,40+2,11*
4,60+1,71*
4,30+1,82*
4,00+1,80*
3,87+1,64*
PSm (mm)
5,58+1,36
5,48+1,05
5,15+1,18
4,33+1,17*
3,76+0,97*
3,46+0,93*
3,74+1,15*
3,89+1,15*
NCIi (mm)
7,80+1,93
6,60+2,17
6,70+2,00
5,80+2,14*
5,00+1,82*
4,70+2,16*
4,44+2,06*
4,50+2,00*
NCIm (mm)
5,93+1,39
5,81+1,24
5,48+1,31
4,66+1,26*
4,09+1,12*
3,81+1,10*
4,15+1,36*
4,43+1,42*
SSi (%)
97,00+34,56
80,00+42,16
90,00+31,62
70,00+48,30
50,00+52,71*
40,00+51,63*
22,50+44,10*
50,00+53,50*
SSm (%)
85,00+18,34
88,33+22,29
74,99+30,68
69,99+24,59
56,66+25,09
36,66+25,81*
36,94+35,18*
40,35+30,31*
SUPi (%)
30,00+48,30
10,00+31,62
0*
0*
0*
0*
11,00+33,33
0*
SUPm (%)
5,00+8,05
6,66+21,08
0*
4,98+7,07
5,08+4,60
0*
4,77+6,95
5,34+7,17
46
Tabela 5: Médias+desvio padrão dos parâmetros clínicos do sítio teste (i) e dos 6 sítios ao redor dos implantes (m) para os indivíduos
do grupo teste durante todo o período avaliado.
Legendas: PV (índice de Placa Visível); IG (índice gengival); PS (Profundidade de sondagem); NCI (Nível Clínico de Inserção); SS
(Sangramento à Sondagem); SUP (Supuração); i (Dado relativo ao sítio teste, ou seja; o de maior profundidade de sondagem); m
(Dado relativo a média do implante, ou seja, dos 6 sítios avaliados). Teste de Wilcoxon, *p<0,05.
Período (dias)
Parâmetros
Clínicos
0 60 90 120 150 180 270 365
PVi (%)
40,00+51,64
30,00+48,30
40,00+51,64
40,00+51,60
50,00+53,50
29,00+48,88*
25,25+46,30
68,09+37,80
PVm (%)
56,66+43,88
33,33+47,14
40,00+51,63
45,00+49,72
50,00+53,45
21,43+31,49*
35,36+45,82
49,40+30,27
IGi (%)
50,00+52,70
20,00+42,16
0*
0*
0*
0*
0*
0*
IGm (%)
10,40+41,32
7,56+6,45
1,66+5,27
0*
6,00+4,02
5,56+3,38
5,56+3,38
3,66+12,00
PSi (mm)
9,90+3,60
7,70+3,19
6,90+2,51*
6,10+2,37*
5,62+1,76*
5,28+2,13*
5,50+2,50*
5,14+1,86*
PSm (mm)
7,06+2,60
6,20+2,12
5,63+1,84*
4,95+1,64*
4,08+1,13*
3,90+1,21*
4,09+1,20*
3,99+0,85*
NCIi (mm)
9,90+3,60
7,70+3,19
7,10+2,80*
6,30+2,71*
5,87+2,16*
5,57+2,57*
6,00+3,02*
5,71+2,62*
NCIm (mm)
7,26+2,60
6,40+2,18
5,89+1,95*
5,26+1,74*
4,41+1,29*
4,26+1,38*
4,44+1,27*
4,23+1,00*
SSi (%)
90,00+31,62
80,00+42,15
90,00+31,62
70,00+42,24
50,00+52,71
43,00+53,35
50,45+53,50
29,00+48,89*
SSm (%)
86,66+32,20
56,66+40,21
74,99+36,21
61,66+42,34
50,00+42,72
40,47+34,50
36,97+27,41*
35,64+26,27*
SUPi (%)
50,00+52,70
0*
0*
0*
0*
0*
0*
0*
SUPm (%)
8,80+8,05
0*
0*
0*
0*
0*
2,38+6,30
0*
47
Figura 7: Alterações nas medias de profundidade de sondagem (PS) dos sítios de maior profundidade de sondagem (PSi) entre o
inicio do estudo e 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias após início da terapia, em ambos os grupos. Teste de Mann-Whitney * p<0,05.
48
Figura 8: Alterações nas medias de Nível Clínico de Inserção (NCI) dos sítios de maior profundidade de sondagem (NCIi) entre o
inicio do estudo e 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias após início da terapia, em ambos os grupos. Teste de Mann-Whitney * p<0,05;
ns: p>0,05.
49
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Peodos
(dias)
Placa Visível (%)
Controle
Teste
Figura 9: Comparação entre as medias+desvio padrão do percentual de placa
visível entre os grupos controle e teste para cada período de avaliação. Teste de
Mann-Whitney, p>0,05.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Período
(dias)
Sangramento marginal (%)
Cotrole
Teste
Figura 10: Comparação entre as medias+desvio padrão do percentual de
sangramento marginal entre os grupos controle e teste para cada período de
avaliação. Teste de Mann-Whitney, * p<0,05
50
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Periodo
(dias)
Profundidade de Sondagem (mm)
Controle
Teste
Figura 11: Comparação entre as medias+desvio padrão das profundidades de
sondagem entre os grupos controle e teste para cada período de avaliação. Teste de
Mann-Whitney, p>0,05.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Período
(dias)
Nível Clínico de Inserção (mm)
Controle
Teste
Figura 12: Comparação entre as medias+desvio padrão do nível clínico de inserção
entre os grupos controle e teste para cada período de avaliação. Teste de Mann-
Whitney, p>0,05
.
51
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Período
(dias)
Sangramento à Sondagem (%)
Controle
Teste
Figura 13: Comparação entre as medias+desvio padrão do percentual de
sangramento a sondagem entre os grupos controle e teste para cada período de
avaliação. Teste de Mann-Whitney, *p<0,05.
0
2
4
6
8
10
12
Período
(dias)
Supuração (%)
Controle
Teste
Figura 14: Comparação entre as medias+desvio padrão do percentual de supuração
entre os grupos controle e teste para cada período de avaliação. Teste de Mann-
Whitney, *p<0,05, **p<0,01
52
Figura 15: Método de subtração de imagem: a) radiografia inicial; b)
radiografia final; c) imagem obtida através da subtração
Figura 16 : Alterações na margem da crista óssea periimplantar entre o ínicio
do estudo e 365 dias s-terapia para cada face (mesia e distal) para ambos os
grupos. Teste de Mann Whitney ns=p>0,05.
b
)
c)
b)
a)
53
Figura 17: Alterações nas médias da variação dos níveis de cinza entre o
ínicio do estudo e 365 dias pós-terapia para cada face (mesia e distal) para ambos
os grupos. Teste de Mann Whitney ns=p>0,05.
Figura 18: Porcentagem média dos sítios periimplantares que se mantiveram
constantes (0), ganharam (+) ou perderam (-) estrutura mineral entre o ínicio do
estudo e 365 dias pós-terapia para cada face (mesia e distal) para ambos os grupos.
Teste de Mann Whitney ns=p>0,05.
54
4.3 – Efeitos colaterais das terapias empregadas
Efeitos colateriais decorrentes da utilização sistêmica da antibioticoterapia
foram observados nos sujeitos do grupo teste e também em alguns indivíduos do
grupo controle. 50% dos sujeitos do grupo controle relataram náuses, dor de
estomago e gosto amargo. Apenas um indivíduo do grupo teste também relatou
diarréia associado aos sintomas citados. Apesar disso, não houve suspensão dos
medicamentos para nenhum dos indivíduos do estudo.
4.4 – Efeitos da terapia antibiótica nas contagens bacterianas
Amostras de biofilme subgengival foram coletadas do sítio periimplantar
de maior profundidade de sondagem no exame inicial (0), logo após o término da
terapia inicial (14 dias) e aos 60, 90, 120, 150, 270 e 365 dias. Um total de 182
amostras foram avaliadas.
A média da proporção das 39 espécies subgengivais avaliadas em todos
os tempos do estudo, em ambos os grupos estão representadas nas Figuras 18 e
19.
As espécies foram agrupadas segundo os complexos microbianos descritos por
Socransky et al. (1998) e modificados por Socranky & Haffajee (2002). Os níveis
médios de cada espécie foram computados para cada indivíduo e depois dentro do
grupo, em cada tempo do estudo.
As terapias utilizadas alteraram significativamente as contagens de DNA
de vários microrganismos. Logo após o término da terapia inicial, 5 espécies
bacterianas (E. nodatum, P. micra, T. forsythia, P. gingivalis e T. denticola) foram
significativamente reduzidas no grupo controle e 9 no grupo teste, incluindo as 3
espécies do complexo vermelho (T. forsythia, P. gingivalis e T. denticola) e 6 do
complexo laranja (E. nodatum, F. nuc. ss nucleatum, F. nuc. ss polymorphum, F.
nuc. ss vicentii, F. periodonticum e P. Micra) (Figuras 18 e 19). S. sanguis sofreu
aumento na proporção de DNA logo apos o termino da antibioticoterapia (p<0,05).
De modo geral a terapia antibiótica levou a uma redução estatisticamente
significativa nas contagens de DNA dos patógenos periodontais após o término da
terapia inicial. Esse padrão de redução foi mantido aos 365 dias apos terapia apenas
para 2 espécies do complexo vermelho (P. gingivalis e T. denticola). No grupo
controle todos os microrganismos do complexo vermelho também apresentaram
uma redução significativa logo após a terapia (14 dias). Embora os níveis desses
55
patógenos ainda estivessem reduzidos em relação ao início do estudo, a partir dos
90 dias após o início da terapia não foram observadas diferenças significativas para
os níveis dos 3 microrganismos, níveis estes que se mantiveram ao final do estudo.
Complementarmente, a proporção de DNA destas espécies apresentaram altas
medias quando comparadas às demais espécies bacterianas avaliadas.
Especialmente no grupo teste, as espécies de Actinomyces (complexo
azul) assim como as dos complexos amarelo, verde e roxo aos quais agrupam a
maior parte das espécies consideradas benéficas, também apresentaram alterações
importantes durante o curso do estudo. Espécies de Actinomyces e espécies do
complexo verde aumentaram a proporção de DNA, sem no entato apresentar
significância estatística (p>0,05), logo após a terapia antibiótica.
A figura 20 ilustra as diferenças entre as médias da proporção de DNA
das espécies bacterianas nos 2 grupos terapêuticos. O perfil microbiológico dos dois
grupos mostrou semelhança no início do estudo. Um total de 3 espécies bacterianas
diferiram significativamente entre os grupos, logo após a terapia (14 dias): F.
nucleatum ss nucleatum, F. nuc ss vicentii e P. intermedia. Aos 60, 90, 120, 150 e
180 dias, os níveis de pelo menos uma das espécies do complexo vermelho
mostraram-se significativamente mais baixos no grupo teste do que no grupo
controle. Porém a partir do tempo 270 dias, essa diferença deixou de ser significativa
(p>0,05).
4.5 – Efeitos das terapias nas proporções dos complexos microbianos
A Figura 21 e a tabela 6 mostram as alterações ocorridas nas proporções
dos complexos microbianos e na contagem total de bactérias em relação ao início do
estudo (área dos gráficos setoriais) nas amostras de biofilme subgengival dos
indivíduos de ambos os grupos terapêuticos, em todas as consultas de avaliações.
As 39 espécies microbianas identificadas por meio das sondas de DNA foram
agrupadas de acordo com os complexos microbianos (Socransky et al., 1998). As
espécies pertencentes a cada complexo foram somadas e a proporção de cada
complexo em cada consulta de avaliação foi determinada.
Comparando os dois grupos terapêuticos, pode-se observar que a
contagem total de bactérias (37x10
7
e 30x10
7
para controle e teste respectivamente)
e as proporções dos diferentes complexos microbianos eram semelhantes no início
do estudo (p>0.05). O complexo presente em maiores proporções foi o laranja,
56
representando 53,3% e 52,2% das espécies avaliadas para os grupos controle e
teste, respectivamente. O complexo vermelho foi o segundo maior, composto por
22,1% e 28,6% das espécies para os grupos controle e teste respectivamente. As
espécies bacterianas dos complexos azul, amarelo, roxo e verde, consideradas
benéficas, perfaziam 27,6% e 18,6% para os grupos controle e teste,
respectivamente (p>0,05).
Logo após o final da terapia inicial (14 dias) embora a contagem total de
bactérias diminuira significativamente para ambos os grupos (p<0,05), o grupo que
utilizou antibioticoterapia mostrou uma redução mais acentuada na contagem total
de microrganismos subgengivais (2,9x10
7
) em comparação ao grupo controle
(13x10
7
), que pode ser observada pela maior redução em área dos gráficos
setoriais. Aos 60 dias a contagem total de microrganismos aumentou e depois foi
praticamente mantida no grupo controle até 365 dias. o grupo teste, apresentou
nova redução na contagem total de microrganismos aos 90 dias pós-terapia e foi
mantida até o final do experimento. As espécies consideradas benéficas
apresentaram proporções semelhantes para ambos os grupos ao final do período
experimental (53,3% e 50,4% para os grupos controle e teste, respectivamente).
57
n=11 n=9 n=8
Figura 19. Gráfico de barras das proporções médias dp) de 39 espécies bacterianas presentes nas amostras de biofilme subgengival
no início do estudo (0), ao final da terapia inicial (14), 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias pós-terapia, nos indivíduos do grupo
Controle. Teste Friedman: diferenças ao longo do período experimental (p<0,05). Teste Wilcoxon: diferenças entre o início do estudo
(Inicial) e cada um dos demais tempos experimentais. *p<0,05 entre o período avaliado (14, 60, 90, 120, 150, 180, 270, 365 dias) e
Inicial 14 dias 60 dias 90 dias 120 dias 150 dias 180 dias 270 dias 365 dias
58
n=11 n=9
Figura 20. Gráfico de barras das proporções médias dp) de 39 espécies bacterianas presentes nas amostras de biofilme subgengival no
início do estudo (0), ao final da terapia inicial (14), 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias pós-terapia, nos indivíduos do grupo Teste. Teste
Friedman: diferenças ao longo do período experimental (p<0,05). Teste Wilcoxon: diferenças entre o início do estudo (Inicial) e cada um dos
demais tempos experimentais. *p<0,05 entre o período avaliado (14, 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias) e o inicial (0).
Inicial 14 dias 60 dias 90 dias 120 dias 150 dias 180 dias 270 dias 365 dias
59
Figura 21. Gráfico apresentando as médias das porcentagens de DNA de 39 espécies bacterianas presentes nas amostras de biofilme subgengival
no início do estudo (0), ao final da terapia inicial (14), 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias apos terapia, nos indivíduos dos grupos Controle e
Teste. Teste Mann-Whitney: diferenças entre os grupos ao longo de cada período experimental, *p<0,05.
Controle Teste
Actinos
Roxo
Vermelho
Verde
Laranja
Amarelo
Outros
60
Figura 21.
Média das proporções dos complexos microbianos descritos por Socranky & Haffajee (2002) presentes nas amostras de placa
subgengival dos indivíduos da cada grupo terapêutico, em todos os tempos do estudo. O grupo azul é constituído por 3 espécies de Actinomyces. A
área dos gráficos foi ajustada para refletir a diferença da contagem total de bactérias entre os tempos 0, 14, 60, 90, 120, 150, 180, 270 e 365 dias
pós-terapia.
Complexos microbianos: Azul, roxo, verde, amarelo, laranja, vermelho, outros microrganismos
61
Tabela: Contagem total de microrganismos e proporções dos complexos para
ambos os grupos segundo cada período (Figura 21). Teste de Friedman *p<0,05 e
Teste de Mann-Whitney ‡p<0,05.
Período
(dias)
Grupo
avaliado
Total de
Bactérias
(x10
7
)
%
Actinos Roxo Amarelo Verde Laranja Vermelho Outros
Controle
37
7,4
5
2,1
3,6
53,3
22,1
6,6
Inicial
Teste
30
1,6
4
4
2,9
52,2
28,6
6,1
Controle
13*
18,1*
11,1
13
3
32,2
2,2*
20,3*
14
Teste
2,9*
6,5
19,6*
21,4
2,6
11*
1,1*
37,8*
Controle
18
14,8
11,5
5,6
12,7*
29,8
8,1
17,6
60
Teste
21
9,8
4
2,7
12,9*
45,2
2,1*
23,2*
Controle
15*
10,2
8,4
4,5
9,1
27,9
26,4
13,5
90
Teste
9*
12,9
10,6
10,7
8,9
46,2
2,1*
8,5
Controle
10*
16,3
11,3
5,7
10,1
26,1
12
18,5
120
Teste
12*
1,8
14,2
5
7,2
43,3
3,5*
25
Controle
14,9*
16,8
8,2
8,3
10,5
22,6
10,1
23,4*
150
62
Teste
6,57*
16,1 18 5,4 7,9 35,2 4,2* 13,2
Controle
10,1*
20,3*
8,5
5,4
7,9
24,4
14,3
19,2
180
Teste
8,8*
0,2
5,2
1,1
11,2*
59,7
1,2*
21,4*
Controle
9*
13,4
15,7
15,7
6,9
19,3*
5,3*
23,6*
270
Teste
6*
9,4
2,8
16,6
4,8
33,7
3,3*
29,5*
Controle
10,3*
6,4
12,9
12,6
6,2
32,4
14,3
15,2
365
Teste
7,1*
2,2
2,6
8,5
10
37,9
11,4
27,1*
5. DISCUSSÃO
A utilização da terapia antiinfecciosa associada ao debridamento
mecânico, resultou na redução do sangramento marginal, presença de supuração,
profundidade de sondagem e nível clínico de inserção, concordando com estudos
anteriores que trataram tanto a doença periimplantar (Mombelli & Lang, 1992,
Persson et al. 2006) quanto à doença periodontal (van Winkelhoff et al., 1989;
Pavicic et al., 1994; Berglundh et al., 1998; Winkel et al., 2001; Serino et al., 2001;
Haffajee et al., 2004; Guerrero et al., 2005). Ratificando estudos anteriores, nossa
avaliação observou que a diminuição da profundidade de sondagem não foi
acompanhada de recessão da mucosa periimplantar, mas provavelmente pela
redução da inflamação tecidual e conseqüente aumento do tônus tecidual (Mombelli
et al., 2001).
As médias de porcentagem de sítios com sangramento à sondagem foram
reduzidas aos 60 dias, mantendo-se constante ao longo de todo o período
experimental. Embora o sangramento à sondagem, na doença periodontal, possa
63
não significar a presença de doença (Baderstein et al., 1985; Lang et al., 1986), a
ausência deste sinal clínico é considerado estado de saúde (Lang et al., 1990).
Complementarmente, alguns estudos, utilizando modelos animais,
(Ericsson & Lindhe, 1993; Lang et al., 1994; Isidor 1997; Schou et al.,2002; Shibli et
al., 2003b; Martins et al., 2004), avaliaram a influência da profundidade de
sondagem nas condições de saúde e doença periimplantar, concluindo que a
configuração e a orientação das fibras colágenas nos tecidos moles periimplantares
poderiam influenciar sua tenacidade, aumentando assim a presença de
sangramento à sondagem e da profundidade de sondagem (Schou et al., 2002;
Shibli et al., 2003b; Martins et al., 2004).
No grupo teste, a utilização do metronidazol associado à amoxicilina
reduziu os parâmetros de inflamação no período inicial de avaliação. Outro
importante fator foi a profundidade de sondagem inicial: os indivíduos de ambos os
grupos apresentavam, em média 5mm associados a defeitos ósseos de 4mm. Estas
características associadas às dificuldades inerentes ao implantes tais como
presença de espiras e restaurações implanto-suportadas extensas, poderiam contra-
indicar a terapia não-cirúrgica para o tratamento das periimplantites. Lang et al.
(1997) utilizando um sistema de interceptação e tratamento das doenças
periimplantares, indicam que implantes acometidos por periimplantite que
apresentem profundidades de sondagem superiores a 5mm acompanhadas de
defeitos infra-osseos de 4mm necessitam de terapia cirúrgica reconstrutiva.
Após terapia inicial, 6,66% dos sítios periimplantares dos indivíduos do
grupo controle apresentava supuração, indicando atividade de doença. Entretanto,
cumpre salientar que este número representa aproximadamente 2 sítios
periimplantares ou um implante osseointegrado. Durante o transcorrer do estudo,
indivíduos do grupo controle que apresentassem persistência de supuração e
aumento da profundidade de sondagem e/ou aumento na perda óssea, foram
excluídos do estudo e o tratamento suspenso. Os indivíduos foram tratados por meio
de antibióticoterapia associado ao tratamento cirúrgico para detoxificação da
superfície do implante (Hämmerle et al., 1995; Romeo et al., 2005).
Neste estudo a terapia não-cirúrgica, em analogia ao tratamento da
doença periodontal, foi empregada com a finalidade de desorganizar e remover os
depósitos de biofilme subgengival presentes sobre a superfície periimplantar.
Entretanto, durante o tratamento periodontal básico, a instrumentação da superfície
64
radicular culmina com a remoção tanto de depósitos bacterianos quanto de cemento
e dentina contaminados (Adriaens & Adriaens, 2004). No debridamento
periimplantar, a utilização de curetas de teflon
®
evitam danos à estrutura da
superfície do implante (Matarasso et al., 1996, Shibli et al., 2006), mas são pouco
eficientes na remoção mecânica de depósitos bacterianos calcificados. O desenho
dos implantes, ou seja, a presença de espiras dificulta ainda mais esta remoção.
Karring et al. (2005) utilizando sistema de pontas de teflon
®
para o
tratamento de lesões periimplantares em humanos, obtiveram uma resposta clínica
mais favorável como diminuição da sangramento à sondagem e redução da
profundidade de sondagem, embora não observassem diferença significativa entre
os grupos controle (raspagem e debridamento com curetas de teflon) e sistema
Vector de ultrasom com pontas de teflon
®
, corroborando os dados obtidos em nosso
estudo para os sujeitos do grupo controle.
A avaliação da microbiota subgengival ao longo dos períodos
experimentais apresentou algumas diferenças significativas entre os grupos. Aos 14
dias, no grupo controle apenas 5 espécies bacterianas foram significativamente
reduzidas, enquanto no grupo teste essa redução ocorreu para 9 espécies,
corroborando os esutods de Renvert et al. 2004 e Persson et al. 2006. Isso se deve
ao fato da associação de amoxicilina e metronidazol combinar antibióticos de
espectros diferentes e ainda terem efeito sinérgico (van Winkelhoff et al., 1992;
Pavicic et al., 1992; Pavicic et al., 1994). Esses achados estão de acordo com
estudos de Feres et al. (2001), onde aos 14 dias, os resultados obtidos mostraram
uma grande diminuição na quantidade de bactérias em pacientes com doença
periodontal cronica. De especial interesse as bactérias do complexo vermelho (T.
forsythia, P. gingivalis e T. denticola) foram estatisticamente reduzidas logo após o
término da terapia (14 dias) nos grupos controle e teste. A contagem total de
bactérias foi detectado em baixos níveis para o grupo teste, demostrando que o
debridamento mecânico associado à terapia antibiótica atua na redução dos
patógenos periodontais de maneira acentuada.
No grupo teste, a redução da proporção de DNA das bactérias do
complexo vermelho foi mantida aos 180 dias. Para o grupo controle, embora T.
denticola e P. gingivalis apresentassem uma redução aos 14 e 60 dias, essa
diferença não se mostrou significativa após 180 dias. No início a proporção do
complexo vermelho para o grupo controle era de 22,1% e aos 90 dias 26,4%. Isso
65
mostra que embora o debridamento mecânico consiga reduzir grandes massas de
bactérias e diminuir a proporção do complexo vermelho aos 14 dias esses resultados
não são mantidos. Assim como em outros estudos (Lang et al., 2002; Karring et al.,
2005, Persson et al. 2006), nossos achados indicam que o debridamento eficaz no
implante com bolsas profundas (> 4 mm) é um desafio a ser alcançado, e que
nesses casos, o debridamento mecânico deve ser associado com administração
antibiótica sistêmica ou local. Comparando com o grupo teste é possível notar que a
proporção do complexo vermelho diminiu significativamente de 28,6% para 2,1% aos
90 dias e 11,4% 365 dias após terapia.
Esse estudo não obteve êxito na erradicação de A.
actinomycetemcomitans tanto no grupo controle (raspagem e debridamento
periimplantar), quanto no grupo teste (raspagem e debridamento periimplantar
associado ao uso de amoxicilina e metronidazol) ao longo dos 365 dias após terapia.
Para o grupo controle, nossos resultados eram esperados, uma vez que a
eliminação de A. actinomycetemcomitans apenas com a raspagem é dificilmente
alcançada (Slots & Rosling, 1983; Madell et al., 1986; de Graaff et al., 1989; Goené
et al., 1990; Mombelli et al., 1994; Winkel et al., 1998) e os níveis da bactéria já eram
baixos no início do estudo.
Os achados para o complexo laranja não foram muito diferentes daqueles
encontrados aos 90 dias para o complexo vermelho, onde apenas 1 espécie do
grupo controle e 2 do grupo teste reduziram de forma significativa. Porém, enquanto
que no grupo teste houve uma diminuição na proporção do complexo laranja quando
comparado ao inicial, devido principalmente ao aumento das proporções dos
complexos que compreendem as bactérias benéficas, no grupo controle o complexo
laranja vermelho retornou aos níveis originais no tempo 90 dias. Essa mudança nas
diferentes proporções entre os grupos pode ser atribuída à limitação do
debridamento periimplantar como único meio de terapia (Karring et al., 2005), ainda
que a contagem total de bactérias aos 90 dias mostrou-se menor que no início do
estudo. Já as espécies benéficas dos complexos amarelo, verde, roxo e azul
(Actinomyces), apresentaram aumento das proporções logo após ambas as terapia
sugerindo uma tendência à recolonização, embora essas bactérias tenham
apresentado uma significativa redução na contagem aos 365 dias, atingindo níveis
similares ao período inicial.
66
Nossos resultados estão de acordo com Mombelli & Lang (1992) no qual
eles relataram que aos 10 dias após terapia antibiótica com ornidazol , a maioria das
bactérias cultivadas como, por exemplo, P. intermedia, P. gingivalis e Fusobacterium
sp não foram isoladas, entretanto, foi considerado o pico de recolonização para a
maioria das espécies aos 60 dias após o término da terapia. O mesmo ocorreu no
estudo de Mombelli et al. (2001), quando após a remoção do Actisite® (10 dias), C.
rectus, A. naeslundii, A. actinomycetemcomitans e E. Corrodens não foram mais
detectados, porém aos 90 dias, a maioria das bactérias cultivadas – além das
descritas anteriormente apresentavam uma tendência de voltar aos níveis iniciais
e, aos 12 meses de acompanhamento, as contagens obtidas eram similares as
iniciais. Finalmente, estes dados ainda suportam os achados de Persson et al. 2006
e Renvert et al. 2004, nos quais as terapias aniinfecciosas, mostraram melhoras
microbiológicas nos períodos iniciais da terapia, tendo os níveis de microrganismos
aumentado ao final de 365 dias. Esses dados mostram que embora haja um
benefício imediato decorrente da terapia mecânica para o debridamento
periimplantar associado ao uso de medicação antimicrobiana (ou não), a
recolonização bacteriana tende a atingir os níveis iniciais por volta dos 90 dias após
a terapia, sendo que estas proporções tendem a se restabelecer apo 365 dias apos
a terapia. Haffajee et al. (1997) também demonstraram tal relação temporal para 40
espécies bacterianas, com exceção das 3 espécies pertencentes ao complexo
vermelho T. denticola, T. forsythia e P. gingivalis. Segundo Haffajee et al. (1997), é
quase impossível remover todos os microrganismos usando apenas uma cureta e,
em um curto período de tempo, talvez 1 ou 2 semanas, o total de bactérias tende a
ser restabelecido aos níveis iniciais, e então, continua a aumentar gradativamente
no decorrer do tempo.
De maneira geral, nota-se que a raspagem e debridamento periimplantar
associado ou não a antibióticos causaram modificações nas proporções dos
complexos microbianos subgengivais,embora não houvesse uma erradicação ou
supressão da microbiota periodontopatogênica. Os indivíduos que receberam
apenas raspagem e debridamento periimplantar (grupo controle) mostraram
alterações ao longo do estudo principalmente no complexo laranja, enquanto os
indivíduos que receberam a combinação da RDP e antibióticos apresentaram
também uma redução significativa para as porcentagens de, pelo menos, uma das
espécies do complexo vermelho. O complexo vermelho foi reduzido apenas no grupo
67
teste e se manteve em proporções mais baixas do que no início do estudo aos 270
dias. Porém, para o grupo controle, houve um aumento na proporção deste
complexo, do tempo inicial (22,1%) para 90 dias (26,4%).
Isso mostra o efeito benéfico da terapia antibiótica na redução dos
patógenos periodontais de maneira mais efetiva do que apenas o debridamento
mecânico, pelo menos no períodos iniciais da terapia, uma vez que apos 365 dias
estas proporções foram semelhantes para ambos os grupos (p>0,05).
68
6. CONCLUSÕES
Com base nos resultados, concluímos que:
a) A diminuição nas porcentagens e nas proporções do complexo vermelho para
o grupo teste, até o período de 180 dias foi a diferença mais consistente em
relação à microbiota, embora estas porcentagens tivessem aumentado ao
final do estudo;
b) Nenhuma das terapias resultou em ganho de tecido ósseo periimplantar
radiograficamente;
c) Não houve diferenças clínicas e microbiológicas entre as terapias
empregadas.
69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Araujo MW, Hovey KM, Benedek JR, Grossi SG, Dorn J, Wactawski-Wende J et al.
Reproducibility of probing depth measurement using a constant-force electronic
probe: analysis of inter- and intraexaminer variability. J Periodontol. 2003
Dec;74(12):1736-40.
Badersten, A, Nilveus, R, Egelberg, J. Effect of nonsurgical periodontal therapy. VII.
Bleeding, suppuration and probing depth in sites with probing attachment loss. J Clin
Periodontol. 1985;12(6):432-40.
Becker W, Becker BE, Newman MG, Nyman S. Clinical and microbiologic findings
that may contribute to dental implant failure. Int J Oral Maxillofac Implants. 1990
Spring;5(1):31-8.
Behneke A, Behneke N, d’Hoedt B. Treatment of peri-implantitis defects with
autogenous bone grafts: six-month to 3-year results of a prospective study in 17
patients. Int J Oral Maxillofac Implants. 2000 Jan-Feb;15(1):125-38.
Berglundh T, Krok L, Liljenberg B, Westfelt E, Serino G, Lindhe J. The use of
metronidazole and amoxicillin in the treatment of advanced periodontal disease. A
prospective, controlled clinical trial. J Clin Periodontol. 1998 May;25(5):354-62.
Bollen CM, Papaioanno W, Van Eldere J, Schepers E, Quirynen M, van Steenberghe
D. The influence of abutment surface roughness on plaque accumulation and peri-
implant mucositis. Clin Oral Implants Res. 1996 Sep;7(3):201-11.
de Graaff J, van Winkelhoff AJ, Goene RJ. The role of Actinobacillus
actinomycetemcomitans in periodontal disease. Infection. 1989 Jul-Aug;17(4):269-71.
Engler-Blum G, Meier M, Frank J, Muller GA. Reduction of background problems in
nonradioactive northern and Southern blot analyses enables higher sensitivity than
32P-based hybridizations. Anal Biochem. 1993 May 1;210(2):235-44.
Baseada no modelo Vancouver. Abreviatura dos periódicos em conformidade com o Medline.
70
Ericsson I, Lekholm U. Evaluation of clinical function and marginal tissue reactions at
tooth tissue-integrated reconstructions. In: van Steenberghe E, Albrektsson T,
Bränemark PI, Henry PJ, Holt R, Liden G. (Eds). Tissue Integration in Oral and
Maxillo-Facial Reconstruction. Current Clinical Practice Series 29. Amsterdam:
Excerpta Medica, 1986. p. 350.
Ericsson I, Persson LG, Berglundh T, Edlund T, Lindhe J. The effect of antimicrobial
therapy on periimplantitis lesions. An experimental study in the dog. Clin Oral
Implants Res. 1996 Dec;7(4):320-8.
Fardal O, Johannessen AC, Olsen I. Severe, rapidly progressing peri-implantitis. J
Clin Periodontol. 1999 May;26(5):313-7.
Feinberg AP, Vogelstein B. A technique for radiolabeling DNA restriction
endonuclease fragments to high specific activity. Anal Biochem. 1983 Jul 1;132(1):6-
13.
Feres M, Haffajee AD, Gonçalves C, Allard K, Som S, Smith C et al. Systemic
doxycycline administration in the treatment of periodontal infections (I). Effect on the
subgingival microbiota. J Clin Periodontol. 1999 Dec;26(12):775-83.
Feres M, Haffajee AD, Allard K, Som S, Socransky SS. Change in subgingival
microbial profiles in adult periodontitis subjects receiving either systemically-
administered amoxicillin or metronidazole. J Clin Periodontol. 2001 Jul;28(7):597-
609.
George K, Zafiropoulos GG, Murat Y, Hubertus S, Nisengard RJ. Clinical and
microbiological status of osseointegrated implants. J Periodontol. 1994
Aug;65(8):766-70.
Goene RJ, Winkel EG, Abbas F, Rodenburg JP, van Winkelhoff AJ, de Graaff J.
Microbiology in diagnosis and treatment of severe periodontitis. A report of four
cases. J Periodontol. 1990 Jan;61(1):61-4.
Guerrero A, Griffiths GS, Nibali L, Suvan J, Moles DR, Laurell L et al. Adjunctive
benefits of systemic amoxicillin and metronidazole in non-surgical treatment of
generalized aggressive periodontitis: a randomized placebo-controlled clinical trial. J
Clin Periodontol. 2005 Oct;32(10):1096-107.
71
Hass R, Baron M, Dortbudak O, Watzek G. Lethal photosensitization, autogenous
bone, and e-PTFE membrane for the treatment of peri-implantitis: preliminary results.
Int J Oral Maxillofac Implants. 2000 May-Jun;15(3):374-82.
Haffajee AD, Cugini MA, Dibart S, Smith C, Kent RL Jr, Socransky SS. The effect of
SRP on the clinical and microbiological parameters of periodontal diseases. J Clin
Periodontol. 1997 May;24(5):324-34.
Haffajee AD, Uzel NG, Arguello EI, Torresyap G, Guerrero DM, Socransky SS.
Clinical and microbiological changes associated with the use of combined
antimicrobial therapies to treat "refractory" periodontitis. J Clin Periodontol. 2004
Oct;31(10):869-77.
Hammerle CH, Fourmousis I, Winkler JR, Weigel C, Bragger U, Lang NP. Successful
bone fill in late peri-implant defects using guided tissue regeneration. A short
communication. J Periodontol. 1995 Apr;66(4):303-8.
Holt R, Newman N. The clinical and microbial characterization of peri-implant
environment. J Dental Res. 1986;65:257-62.
Hultin M, Gustafsson A, Hallstrom H, Johansson LA, Ekfeldt A, Klinge B.
Microbiological findings and host response in patients with peri-implantitis. Clin Oral
Implants Res. 2002 Aug;13(4):349-58.
Hurzeler MB, Quinones CR, Schupback P, Morrison EC, Caffesse RG. Treatment of
peri-implantitis using guided bone regeneration and bone grafts, alone or in
combination, in beagle dogs. Part 2: Histologic findings. Int J Oral Maxillofac
Implants. 1997 Mar-Apr;12(2):168-75.
Karring ES, Stavropoulos A, Ellegaard B, Karring T. Treatment of peri-implantitis by
the Vector system. Clin Oral Implants Res. 2005 Jun;16(3):288-93.
Khoury F, Buchmann R. Surgical therapy of peri-implant disease: a 3-year follow-up
study of cases treated with 3 different techniques of bone regeneration. J
Periodontol. 2001 Nov;72(11):1498-508.
Kivela-Rajamaki MJ, Teronen OP, Maisi P, Husa V, Tervahartiala TI, Pirila EM et al.
Laminin-5 gamma2-chain and collagenase-2 (MMP-8) in human peri-implant sulcular
fluid. Clin Oral Implants Res. 2003 Apr;14(2):158-65.
72
Kishida M, Sato S, Ito K. Effects of a new ultrasonic scaler on fibroblast attachment to
root surfaces: a scanning electron microscopy analysis. J Periodontal Res. 2004
Apr;39(2):111-9.
Klinge B, Gustafsson A, Berglundh T. A systematic review of the effect of anti-
infective therapy in the treatment of peri-implantitis. J Clin Periodontol. 2002;29 Suppl
3:213-25; discussion 232-3.
Lang NP, Joss A, Orsanic T, Gusberti FA, Siegrist BE. Bleeding on probing. A
predictor for the progression of periodontal disease? J Clin Periodontol. 1986,
v.13(6), p.590-6.
Lang NP, Adler R, Joss A, Nyman S. Absence of bleeding on probing. An indicator of
periodontal stability. J Clin Periodontol. 1990, v.17(10), p.714-21.
Lang NP, Wetzel AC, Stich H, Caffesse RG. Histologic probe penetration in healthy
and inflamed peri-implant tissues. Clin Oral Implants Res. 1994, v.5(4):p.191-201.
Lang NP, Wilson TG, Corbet EF. Biological complications with dental implants: their
prevention, diagnosis and treatment. Clin Oral Implants Res. 2000;11 Suppl 1:146-
55.
Lang NP, Mombelli A, Tonetti MS, Bragger U, Hammerle CH. Clinical trials on
therapies for peri-implant infections. Ann Periodontol 1997 Marc; 2(1):343-56.
Lee KH, Maiden MF, Tanner AC, Weber HP. Microbiota of successful
osseointegrated dental implants. J Periodontol. 1999 Feb;70(2):131-8.
Leonhardt A, Renvert S, Dahlen G. Microbial findings at failing implants. Clin Oral
Implants Res. 1999 Oct;10(5):339-45.
Leonhardt A, Dahlen G, Renvert S. Five-year clinical, microbiological, and
radiological outcome following treatment of peri-implantitis in man. J Periodontol.
2003 Oct;74(10):1415-22.
Listgarten MA, Lai CH. Comparative microbiological characteristics of failing implants
and periodontally diseased teeth. J Periodontol. 1999 Apr;70(4):431-7.
Löe H, Theilade E, Jensen SB. Experimental gingivitis in man. J Periodontol. 1965;
36:177-87.
73
Mandell RL, Tripodi LS, Savitt E, Goodson JM, Socransky SS. The effect of
treatment on Actinobacillus actinomycetemcomitans in localized juvenile
periodontitis. J Periodontol. 1986 Feb;57(2):94-9.
Martins MC, Abi-Rached RS, Shibli JA, Araujo MW, Marcantonio E Jr. Experimental
peri-implant tissue breakdown around different dental implant surfaces: clinical and
radiographic evaluation in dogs. Int J Oral Maxillofac Implants. 2004 Nov-
Dec;19(6):839-48.
Matarasso S, Quaremba G, Coraggio F, Vaia E, Cafiero C, Lang NP. Maintenance of
implants: an in vitro study of titanium implant surface modifications subsequent to the
application of different prophylaxis procedures. Clin Oral Implants Res. 1996
Mar;7(1):64-72.
Melo L. Avaliação microbiológica, clínica e da matriz metaloproteinase-8 (MMP-8) na
peri-implantite (tese). Guarulhos:Universidade Guarulhos; 2005.
Mombelli A, van Oosten MA, Schurch E Jr, Land NP. The microbiota associated with
successful or failing osseointegrated titanium implants. Oral Microbiol Immunol. 1987
Dec;2(4):145-51.
Mombelli A, Buser D, Lang NP. Colonization of osseointegrated titanium implants in
edentulous patients. Early results. Oral Microbiol Immunol. 1988 Sep;3(3):113-20.
Mombelli A, Mericske-Stern R. Microbiological features of stable osseointegrated
implants used as abutments for overdentures. Clin Oral Implants Res. 1990
Dec;1(1):1-7.
Mombelli A, Lang NP. Antimicrobial treatment of peri-implant infections.
Clin Oral Implants Res. 1992 Dec;3(4):162-8.
Mombelli A, Gmur R, Gobbi C, Lang NP. Actinobacillus actinomycetemcomitans in
adult periodontitis. II. Characterization of isolated strains and effect of mechanical
periodontal treatment. J Periodontol. 1994 Sep;65(9):827-34.
Mombelli A, Marxer M, Gaberthuel T, Grunder U, Lang NP. The microbiota of
osseointegrated implants in patients with a history of periodontal disease. J Clin
Periodontol. 1995 Feb;22(2):124-30.
74
Mombelli A, Lang NP. The diagnosis and treatment of peri-implantitis. Periodontol
2000 1998 Jun;17:63-76.
Mombelli A. Prevention and therapy of peri-implant infections. In: Lang NP, Karring T,
Lindhe J, ed. Proceedings of the 3
rd
European Worshop on Periodontology. Berlin:
Quintessenz Verlag, 1999:281-303.
Mombelli A, Feloutzis A, Bragger U, Lang NP. Treatment of peri-implantitis by local
delivery of tetracycline. Clinical, microbiological and radiological results. Clin Oral
Implants Res. 2001 Aug;12(4):287-94.
Nguyen L, Dewhirst FE, Hauschka PV, Stashenko P. Interleukin-1 beta stimulates
bone resorption and inhibits bone formation in vivo. Lymphokine Cytokine Res. 1991
Apr;10(1-2):15-21.
Nociti FH Jr, Machado MA, Stefani CM, Sallum EA, Sallum AW. Absorbable versus
nonabsorbable membranes and bone grafts in the treatment of ligature-induced peri-
implantitis defects in dogs. Part I. A clinical investigation. Clin Oral Implants Res.
2001 Apr;12(2):115-20.
Ong ES, Newman HN, Wilson M, Bulman JS. The occurrence of periodontitis-related
microorganisms in relation to titanium implants. J Periodontol. 1992 Mar;63(3):200-5.
Papaioannou W, Quirynen M, Van Steenberghe D. The influence of periodontitis on
the subgingival flora around implants in partially edentulous patients. Clin Oral
Implants Res. 1996 Dec;7(4):405-9.
Pavicic MJ, van Winkelhoff AJ, de Graaff J. In vitro susceptibilities of Actinobacillus
actinomycetemcomitans to a number of antimicrobial combinations. Antimicrob
Agents Chemother. 1992 Dec;36(12):2634-8.
Pavicic MJ, van Winkelhoff AJ, Douque NH, Steures RW, de Graaff J. Microbiological
and clinical effects of metronidazole and amoxicillin in Actinobacillus
actinomycetemcomitans-associated periodontitis. A 2-year evaluation. J Clin
Periodontol. 1994 Feb;21(2):107-12.
Persson GR, Salvi GE, Heitz-Mayfield LJA, Lang NP. Antimicrobial therapy using a
local drug delivery system ( Arestin® ) in the treatment of peri-implantitis. I:
Microbiological outcomes. Clin Oral Imp Res. 17, 2006; 386-393.
75
Persson LG, Ericsson I, Berglundh T, Lindhe J. Guided bone regeneration in the
treatment of periimplantitis. Clin Oral Implants Res. 1996 Dec;7(4):366-72.
Persson LG, Araujo MG, Berglundh T, Grondahl K, Lindhe J. Resolution of peri-
implantitis following treatment. An experimental study in the dog. Clin Oral Implants
Res. 1999 Jun;10(3):195-203.
Persson LG, Berglundh T, Lindhe J, Sennerby L. Re-osseointegration after treatment
of peri-implantitis at different implant surfaces. An experimental study in the dog. Clin
Oral Implants Res. 2001a Dec;12(6):595-603.
Persson LG, Ericsson I, Berglundh T, Lindhe J. Osseintegration following treatment
of peri-implantitis and replacement of implant components. An experimental study in
the dog. J Clin Periodontol. 2001b Mar;28(3):258-63.
Plagnat D, Giannopoulou C, Carrel A, Bernard JP, Mombelli A, Belser UC. Elastase,
alpha2-macroglobulin and alkaline phosphatase in crevicular fluid from implants with
and without periimplantitis. Clin Oral Implants Res. 2002 Jun;13(3):227-33.
Pontoriero R, Tonelli MP, Carnevale G, Mombelli A, Nyman SR, Lang NP.
Experimentally induced peri-implant mucositis. A clinical study in humans. Clin Oral
Implants Res. 1994 Dec;5(4):254-9.
Rams TE, Link CC Jr. Microbiology of failing dental implants in humans: electron
microscopic observations. J Oral Implantol. 1983;11(1):93-100.
Rams TE, Roberts TW, Tatum H Jr, Keyes PH. The subgingival microbial flora
associated with human dental implants. J Prosthet Dent. 1984 Apr;51(4):529-34.
Renvert S, Lessem J, Dahlén G, Lindahl C, Svensson M. Topical minocycline
microspheres versus topical chlorhxidine gel as an adjunct to mechanical
debridement of incipient pri-implantitis infections: a randomizedclinical trial. J Clin
Periodontol 2006; 33: 362-369
Romeo E, Ghisolfi M, Murgolo N, Chiapasco M, Lops D, Vogel G. Therapy of peri-
implantitis with resective surgery. A 3-year clinical trial on rough screw-shaped oral
implants. Part I: clinical outcome. Clin Oral Implants Res. 2005 Feb;16(1):9-18.
Romeo E, Lops D, Chiapasco M, Ghisolfi M, Vogel G. Therapy of peri-implantitis with
resective surgery. A 3-year clinical trial on rough screw-shaped oral implants. Part II:
radiographic outcome. Clin Oral Implants Res. 2005 18, 2007; 179-187
76
Rooney J, Wade WG, Sprague SV, Newcombe RG, Addy M. Adjunctive effects to
non-surgical periodontal therapy of systemic metronidazole and amoxycillin alone
and combined. A placebo controlled study. J Clin Periodontol. 2002 Apr;29(4):342-
50.
Roos-Jansaker AM, Renvert S, Egelberg J. Treatment of peri-implant infections: a
literature review. J Clin Periodontol. 2003 Jun;30(6):467-85.
Ross-Jansaker AM, Renvert H, Lindahl C, Renvert S. Surgical treatment of peri-
implantites using a bone substitute with or without a resorbable membrane: a
propesctive cohort study. J Clin Periodontol, 2007; 34: 625-623
Salcetti JM, Moriarty JD, Cooper LF, Smith FW, Collins JG, Socransky SS et al. The
clinical, microbial, and host response characteristics of the failing implant. Int J Oral
Maxillofac Implants. 1997 Jan-Feb;12(1):32-42.
Salvi GE, Persson GR, Heitz-Mayfield LJA, Frei M, Lang NP. Adjunctive local
antibiotic therapy in the treatment of peri-implantitis II: clinical and radiographic
outcomes. Clin Oral Imp Res. 18, 2007; 281-285.
Sanz M, Newman MG, Nachnani S, Holt R, Stewart R, Flemmig T. Characterization
of the subgingival microbial flora around endosteal sapphire dental implants in
partially edentulous patients. Int J Oral Maxillofac Implants. 1990 Fall;5(3):247-53.
Schou S, Holmstrup P, Jorgensen T, Stoltze K, Hjorting-Hansen E, Wenzel A.
Autogenous bone graft and ePTFE membrane in the treatment of peri-implantitis. I.
Clinical and radiographic observations in cynomolgus monkeys. Clin Oral Implants
Res. 2003a Aug;14(4):391-403.
Schou S, Holmstrup P, Jorgensen T, Skovgaard LT, Stoltze K, Hjorting-Hansen E et
al. Anorganic porous bovine-derived bone mineral (Bio-Oss) and ePTFE membrane
in the treatment of peri-implantitis in cynomolgus monkeys. Clin Oral Implants Res.
2003b Oct;14(5):535-47.
Schou S, Holmstrup P, Skovgaard LT, Stoltze K, Hjorting-Hansen E, Gundersen HJ.
Autogenous bone graft and ePTFE membrane in the treatment of peri-implantitis. II.
Stereologic and histologic observations in cynomolgus monkeys. Clin Oral Implants
Res. 2003c Aug;14(4):404-11.
77
Schou S, Holmstrup P, Jorgensen T, Skovgaard LT, Stoltze K, Hjorting-Hansen E et
al. Implant surface preparation in the surgical treatment of experimental peri-
implantitis with autogenous bone graft and ePTFE membrane in cynomolgus
monkeys. Clin Oral Implants Res. 2003d Aug;14(4):412-22.
Schwarz F, Rothamel D, Sculean A, Georg T, Scherbaum W, Becker J. Effects of an
Er:YAG laser and the Vector ultrasonic system on the biocompatibility of titanium
implants in cultures of human osteoblast-like cells. Clin Oral Implants Res. 2003
Dec;14(6):784-92.
Schwarz F, Sculean A, Rothamel D, Schwenzer K, Georg T, Becker J. Clinical
evaluation of an Er:YAG laser for nonsurgical treatment of peri-implantitis: a pilot
study. Clin Oral Implants Res. 2005 Feb;16(1):44-52.
Serino G, Rosling B, Ramberg P, Hellstrom MK, Socransky SS, Lindhe J. The effect
of systemic antibiotics in the treatment of patients with recurrent periodontitis. J Clin
Periodontol. 2001 May;28(5):411-8.
Shibli JA, Martins MC, Nociti FH Jr, Garcia VG, Marcantonio E Jr. Treatment of
ligature-induced peri-implantitis by lethal photosensitization and guided bone
regeneration: a preliminary histologic study in dogs. J Periodontol. 2003a
Mar;74(3):338-45.
Shibli JA, Martins MC, Lotufo RF, Marcantonio E Jr. Microbiologic and radiographic
analysis of ligature-induced peri-implantitis with different dental implant surfaces. Int J
Oral Maxillofac Implants. 2003b May-Jun;18(3):383-90.
Shibli JA, Martins MC, Theodoro LH, Lotufo RF, Garcia VG, Marcantonio EJ. Lethal
photosensitization in microbiological treatment of ligature-induced peri-implantitis: a
preliminary study in dogs. J Oral Sci. 2003c Mar;45(1):17-23.
Shibli JA. Etiologia, tratamento e progressão das peri-implantites (tese). Araraquara:
UNESP/FOAR; 2003.
Shibli JA, Theodoro LH, Haypek P, Garcia VG, Marcantonio E Jr. The effect of CO(2)
laser irradiation on failed implant surfaces. Implant Dent. 2004 Dec;13(4):342-51.
Shibli JA, Marcantonio E, d'Avila S, Guastaldi AC, Marcantonio E Jr. Analysis of
failed commercially pure titanium dental implants: a scanning electron microscopy
78
and energy-dispersive spectrometer x-ray study. J Periodontol. 2005 Jul;76(7):1092-
9.
Shibli JA, Martins MC, Ribeiro FS, Nociti Jr. FH, Garcia VG, Marcantonio Jr. E. Lethal
photosensitization and guided bone regeneration in treatment of peri-implantitis. An
experimental study in dogs. Clin Oral Implants Res 2006.
Shibli JA, Melo L, Ferrari DS, Figueiredo LC, Faveri M, Feres M. Composition of
supra- and subgingival biofilm of healthy and diseased implants. Clin Oral Implants
Res 2008 (aceito).
Slots J, Rosling BG. Suppression of the periodontopathic microflora in localized
juvenile periodontitis by systemic tetracycline. J Clin Periodontol. 1983
Sep;10(5):465-86.
Socransky SS, Smith C, Martin L, Paster BJ, Dewhirst FE, Levin AE. "Checkerboard"
DNA-DNA hybridization. Biotechniques. 1994 Oct;17(4):788-92.
Socransky SS, Haffajee AD, Cugini MA, Smith C, Kent RL Jr. Microbial complexes in
subgingival plaque. J Clin Periodontol. 1998 Feb;25(2):134-44.
Socransky SS & Haffajee AD. Dental biofilms: difficult therapeutic targets.
Periodontol 2000 2002;28: 12-55.
van Winkelhoff AJ, Rodenburg JP, Goene RJ, Abbas F, Winkel EG, de Graaff J.
Metronidazole plus amoxycillin in the treatment of Actinobacillus
actinomycetemcomitans associated periodontitis. J Clin Periodontol. 1989
Feb;16(2):128-31.
van Winkelhoff AJ, Tijhof CJ, de Graaff J. Microbiological and clinical results of
metronidazole plus amoxicillin therapy in Actinobacillus actinomycetemcomitans-
associated periodontitis. J Periodontol. 1992 Jan;63(1):52-7.
Winkel EG, van Winkelhoff AJ, van der Velden U. Additional clinical and
microbiological effects of amoxicillin and metronidazole after initial periodontal
therapy. J Clin Periodontol. 1998 Nov;25(11 Pt 1):857-64.
Winkel EG, Van Winkelhoff AJ, Timmerman MF, Van der Velden U, Van der Weijden
GA. Amoxicillin plus metronidazole in the treatment of adult periodontitis patients. A
double-blind placebo-controlled study. J Clin Periodontol. 2001 Apr;28(4):296-305.
79
Zambon JJ. Periodontal diseases: microbial factors. Ann Periodontol. 1996
Nov;1(1):879-925.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo