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Revista de Citanriaç da Administraçãn
mais diversos. No lugar da tradicional auto-suficiência e do isolamento das nações surge uma circulação universal, uma
interdependência geral entre os países".
Alguns fatos históricos tiveram relevância e, porque não dizer, são de transcendental
importância para o entendimento da evolução do processo de globalização, dentre os quais pode-se
destacar: a colonização das Américas (séculos XV e XVI) e o monopólio das companhias de comércio
holandesas, em um primeiro estágio; a primeira revolução industrial e os investidores internacionais
(Grã Bretanha, França, Alemanha, Holanda e Estados Unidos da América) constituindo um segundo
estágio; e um terceiro estágio, que corresponde ao período do pós-guerra (1939-1945). No terceiro
estágio, teve-se como fato de grande importância a Conferência de Bretton Woods (1944), na qual os
Estados Unidos da América e os aliados europeus estabeleceram um sistema internacional de câmbio
ancorado no dólar, este lastreado no ouro. O dólar, portanto, passou a ser usado como moeda de
referência para o intercâmbio internacional. Neste período, igualmente, surgiram os organismos
internacionais de financiamento, ou seja, as instituições intergovernamentais cujos objetivos eram
conceder e gerenciar empréstimos internacionais que evitariam crises localizadas. Este foi, portanto,
o processo de concepção de organizações como o FMI - Fundo Monetário Internacional e o BIRD -
Banco Internacional para a Reconstrução Mundial. No início da década de 1970, ou mais
precisamente, em 1972, durante o governo do presidente Richard Nixon, a paridade entre o dólar e o
ouro foi desfeita e a moeda americana passou a flutuar de acordo com a lei da oferta e da procura,
apresentando ciclos de valorização e desvalorização frente as moedas européias e ao iene japonês.
Concomitantemente a estes movimentos no cenário macroeconômico, dos fins da década
de 1960 e do início da década de 1970, assiste-se ao nascimento da Inteligência Natural (psicologia
cognitiva) e a Inteligência Artificial (a informática). Consequentemente, o surgimento de um novo
fator de produção, o conhecimento, dava início à sociedade pós-industrial e/ou do conhecimento,
cujo recurso estratégico é a informação. É importante, portanto, na transição da sociedade industrial,
(cujo recurso estratégico é o capital), para a sociedade pós-industrial, que fique clara a diferenciação
entre capital e capitalismo. O capitalismo teve sua origem no âmbito do comércio, ou seja, a
acumulação de capital desenvolveu-se, inicialmente, por meio da troca de mercadorias, estas
produzidas por artesãos, camponeses ou escravos. Aquela época a circulação de mercadorias
estimulava a integração das economias mercantilistas e, consequentemente, dos territórios
horizontais. Mészáros (1995), assim se expressa com relação à diferença entre capital e capitalismo:
"capital e capitalismo são fenômenos distintos, e a identificação conceitual entre ambos fez com que todas as experiências
revolucionárias vivenciadas neste século, desde a Revolução Russa até as tentativas mais recentes de constituição societal
socialista, se mostrassem incapacitadas para superar o sistema de metabolismo social do capital, isto é, o complexo
caracterizado pela divisão hierárquica do trabalho, que subordina suas funções vitais ao capital. Este antecede ao
capitalismo e é a ele também posterior. O capitalismo é uma das formas possíveis da realização do capital, uma de suas
variantes históricas, presente na fase caracterizada pela generalização da subsunção real do trabalho ao capital. Assim
como existia capital antes da generalização do sistema produtor de mercadorias (de que é exemplo o capitalismo
mercantil), do mesmo modo pode-se presenciar a continuidade do capital após o capitalismo, por meio do sistema de
capital pós-capitalista, que teve vigência na URSS e demais países do Leste europeu, durante várias décadas deste século
XX".
Segundo Santos (1998): "a arena da oposição entre o mercado - que singulariza - e a
sociedade civil - que generaliza - é o território, em suas diversas dimensões e escalas". Ainda segundo o
mesmo autor: " o território (transnacionalizado) se reafirma pelo lugar e não só pelo novo
fundamento do espaço e mesmo pelos novos fundamentalismos do território fragmentado, na forma
de novos nacionalismos e novos localismos. Cabe, todavia, lembrar que, graças aos milagres
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