Neste sentido, o que se constata é que das três grandes metas que a LBSE propõe –
educar os portugueses como pessoas, como cidadãos e como profissionais – a tendência
tem sido a de privilegiar a última, facto que se toma mais preocupante a nível da
educação básica, uma vez que neste período deveria prevalecer uma pedagogia de
desenvolvimento de capacidades tendo em consideração que as crianças se encontram
em desenvolvimento. Mas, pelo contrário, assistimos à emergência das disciplinas
científicas e técnicas, em detrimento das dimensões de carácter mais racional –
educação física, cívica, artística e moral. A actual reorganização do Ensino Básico (Dec.
Lei n.º 6 / 2001, de 18 de Janeiro) teve por base a “reflexão participada dos currículos”,
quer do Ensino Básico quer do Secundário, que foi iniciada em 1996 pelo ME e acabou
por, cinco anos mais tarde, ser concretizada em diplomas legais que, a partir de
Setembro de 2001, vieram reorientar a educação não superior em Portugal. Com esta
reorganização o ME pretende que as escolas se apropriem do currículo através da
elaboração de um projecto curricular próprio, projecto este que deve ser a súmula dos
distintos projectos curriculares da turma. Segundo Roldão (2000, p.19) deve-se entender
como currículo o “conjunto de aprendizagens que incluem as aprendizagens: sociais,
interpessoais, científicas, funcionais, linguísticas, éticas, etc., e que vão sendo mutáveis
ao longo do tempo, consoante as situações mudam, os interesses em presença mudam,
as necessidades do mercado mudam”. O conceito de currículo que está subjacente a esta
mudança é que tudo o que a escola organize, em termos de aprendizagens significativas
para os seus alunos, é, de facto, currículo. Não são só apenas as disciplinas, mas todas
as actividades com efeitos educativos. O currículo tem obviamente objectivos e tem de
ter um plano; não pode ser pensado em abstracto, como era, em grande parte, quando
pensado como o somatório de disciplinas. O currículo vai, naturalmente, continuar a ter
disciplinas – há saberes disciplinares importantes que, conforme o grupo de idades dos
alunos, têm de ser aprendidos. Contudo, os professores têm cada vez mais de pensar
interdisciplinarmente e introduzir no currículo aprendizagens que tenham ligação com o
meio local, ou regional, aproximando os seus alunos da realidade envolvente. De acordo
com Rocha (1998, p. 46), quando cita vários autores de forma a reforçar a sua teoria
refere que “o currículo de Educação física deverá constituir o suporte das decisões que
permitem seleccionar, estruturar e sequenciar as experiências de aprendizagem
culturalmente significativas e indispensáveis ao desenvolvimento daquelas
competências, que no caso da escolaridade básica deverão ser eclécticas”. O conceito de
gestão curricular tem subjacente a ideia de flexibilização, isto é, o currículo prescrito a
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