seus temas estruturadores, relacionados respectivamente aos números, às formas e à
análise de dados (BRASIL, 2002, p. 32, grifo nosso).
Assim como as Orientações Curriculares para o Ensino Médio apontam para a
interdisciplinaridade, a partir de uma
[...] abordagem simultânea de um mesmo assunto por diferentes disciplinas. Isso
exige um acerto de planos de aula e de cronogramas entre os professores,
respeitando-se as especificidades de cada disciplina. Nessa ação, professores de
diferentes disciplinas e áreas podem descobrir conteúdos que permitam um trabalho
conjunto. Podem, também, verificar como um mesmo conceito, processo ou
fenômeno, é abordado nas diferentes disciplinas e investigar pontos em comum que
podem ser explorados nas aulas. A idéia não é uniformizar, mas expor o aluno à
multiplicidade de enfoques, informações e conhecimentos de forma que perceba que
os conhecimentos de cada disciplina apresentam múltiplas interfaces, sendo capaz de
inter-relacionar fenômenos, conceitos e processos, e de construir um pensamento
orgânico. É importante observar que a interdisciplinaridade não acontece somente
por força da lei ou pela vontade do professor, do diretor ou do coordenador
pedagógico (BRASIL, 2006 p. 37).
Nessa perspectiva, tanto contextualização como a interdisciplinaridade não podem
ser interpretadas de maneira simplista. Por tal razão, a interdisciplinaridade é um processo
pelo qual os professores mediam conhecimentos e linguagens de outras áreas do saber para a
compreensão de um problema e busca de soluções. Nessa linha, Chassot (2008) afirma que é
mais complexo lecionar ciências no ensino básico, do que, por exemplo, no ensino superior e
convida aos céticos a refletir acerca de como seria, por exemplo, uma abordagem do tema
energia na sexta série do ensino fundamental e na disciplina de Físico-Química, no final de
um curso de graduação. O autor defende um ensino menos disciplinar, menos especializado,
por meio do seguinte exemplo:
O “Fantástico” de domingo parece determinar muito do que se ensina na escola na
segunda-feira. “Professor, o senhor viu...?”. “Vi sim, mas sou professor de Física,
isso é química”. Procurando o professor de Química, “sou inorgânico, esse assunto é
de orgânica”. Encontrado um professor de Química Orgânica, este tem uma boa
desculpa: “trata-se de compostos cíclicos, minha pesquisa é com acíclicos”. Achado
aquele especialista em química cíclica, desculpar-se-á dizendo “isso é uma situação
de anéis pentagonais, trabalho com anéis hexagonais”. O experto em anéis
pentagonais dirá que se trata de um caso de anéis heterocíclicos, e ele trabalha como
homocíclicos. A situação poderia se estender por mais meia dúzia de
especializações. Quem dá a explicação ao ensino fundamental? A professora ou o
professor de ciência. A situação não é diferente para nós, leigos em medicina,
quando temos que procurar um médico. Quando elegemos um especialista, corremos
o risco de ouvir: “seu problema é no ouvido direito!...Vou lhe encaminhar a um
colega, pois minha especialidade é o ouvido esquerdo” (CHASSOT, 2008, p. 228).
A citação acima não denota uma oposição a especialização, pois essa também
continua sendo uma necessidade dos dias atuais, visto que as disciplinas e suas subdivisões
são resultados da evolução filosófica, científica e cultural do ser humano em resposta as
necessidades demandadas pela sociedade. Contudo, o diálogo interdisciplinar necessita