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AVALIAÇÃO
IN VITRO
DA CAPACIDADE DE
SELAMENTO CORONÁRIO DE TRÊS MATERIAIS
USADOS COMO BARREIRA ADICIONAL, EM
DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE,
OBTURADOS COM DIFERENTES CIMENTOS
ENDODÔNTICOS, UTILIZANDO O MÉTODO DE
FILTRAÇÃO DE FLUÍDO.
.
Bauru
2007
Cristiane M. de A. Nishiyama
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia
de Bauru, da Universidade de São Paulo, como parte
dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
Odontologia, Dentísticaopção Materiais Dentários
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AVALIAÇÃO
IN VITRO
DA CAPACIDADE DE
SELAMENTO CORONÁRIO DE TRÊS MATERIAIS
USADOS COMO BARREIRA ADICIONAL, EM
DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE,
OBTURADOS COM DIFERENTES CIMENTOS
ENDODÔNTICOS, UTILIZANDO O MÉTODO DE
FILTRAÇÃO DE FLUÍDO.
Cristiane M. de A. Nishiyama
Orientador: Prof. Dr. Paulo Amarante de Araújo
Bauru
2007
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia
de Bauru, da Universidade de São Paulo, como parte
dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
Odontologia, Dentística – opção Materiais Dentários
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Nishiyama, Cristiane Machado de Almeida
N0633a Avaliação in vitro da capacidade de selamento coronário de
três materiais usados como barreira adicional, em dentes
tratados endodonticamente, obturados com diferentes
cimentos endodônticos, utilizando o método de filtração de
fluído / Cristiane Machado de Almeida Nishiyama -- Bauru,
2007.
p. 101: il. ; 30cm
Dissertação (Mestrado) -- Faculdade de Odontologia de Bauru.
Universidade de São Paulo.
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos a reprodução
total ou parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores e outros
meios eletrônicos.
Assinatura do autor:
Data:
Comitê de ética e Pesquisa da FOB-USP
Protocolo n. 11/2006
Data:29/03/2006
iii
DADOS CURRICULARES
Cristiane M. de A. Nishiyama
Nascimento 01 de outubro de 1968
Filiação Hélio Medeiros de Almeida
Zuleica da C. M. de Almeida
1987- 1991 Faculdade de Odontologia UFBA
1992-1992 Aperfeiçoamento em Odontopediatria
PROFIS - São Paulo - Brasil
1992-1994 Estágio no Setor de Odontopediatria -
HRAC - USP- São Paulo - Brasil
1994-1996 Especialização em Residência em
Odontopediatria - HRAC- USP- São
Paulo- Brasil
1995-1995 Aperfeiçoamento em Endodontia
CECAE São Paulo Brasil
1998-2003 Cirurgiã- dentista do HRAC - USP- São
Paulo - Brasil
2003-2004 Atualização em Odontologia Estética
CPO São Paulo Brasil
iv
Dedico este trabalho
Aos meus filhos, Bruno e Gabriel,
por voçês tenho força, fé e um amor infinito....ser mãe é mais uma
benção de Deus....
Aos meus pais, Hélio e Zuleica,
por todo amor e dedicação, pelo exemplo de caráter e força, por terem
me dado à vida, guiado meus passos e acreditado nos meus sonhos.....
Ao meu irmão Luis Paulo,
exemplo de irmão e amigo, com quem posso contar em todos os
momentos da minha vida.....
Ao Kenji,
muito obrigada, por toda paciência e apoio na confecção deste
trabalho.....
Á Deus,
Por ser a razão de tudo....
Por ter por ter me dado à vida e colocado nela estas pessoas, sem as
quais eu não chegaria aqui e nem seria o que sou....
“ Nunca, jamais........
........se afaste dos seus sonhos,
pois, se eles se forem, ainda
assim você continuará vivendo....
mas, com certeza, terá deixado
de existir.”
Charles Chaplin
v
Agradecimentos Especiais
Ao Prof Dr. Paulo Afonso Silveira Franciscone, por ter me recebido e
“aberto às portas” deste departamento, por seus ensinamentos e apóio durante
este curso.
Ao Prof. Dr. Paulo Amarante de Araújo, pela orientação experiente e
amiga durante a realização deste trabalho. Pelo senhor sinto grande admiração
e respeito.
Ao Prof. Dr. Ricardo Marins de Carvalho, pelo carinho e apóio, pela
sua disposição em ajudar e ensinar, para mim você é o exemplo de um mestre.
Muito obrigada, pelas sugestões e idéias sem as quais, teria sido impossível a
realização deste trabalho.
À Dafna, minha colega e amiga, por ter estado presente sempre,
incentivando-me nos momentos difíceis e vibrando com as minhas vitórias
durante esta jornada, sua contribuição e amizade foi muito importante na
confecção deste trabalho.
À Fernanda Gomes de Moraes, pela disponibilidade em me ajudar na
parte experimental, de forma simples e carinhosa.
A todos meus amigos e amigas, que de uma forma especial, sempre
estiveram presentes na minha vida, saber que vocês existem, muitas vezes já é
suficiente para me dar paz e força.
vi
Agradeço também,
À Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, através de
seu diretor Prof. Dr. Luis Fernando Pegoraro e ao presidente da comissão de
Pós-graduação, Prof. Dr. Rafael Francisco Lia Mondelli.
Ao Prof. Dr. César Antunes de Freitas, pela sua dedicação e disponibilidade
constante em ajudar.
Aos funcionários Departamento de Materiais Dentários, Alcides, Sandrinha e
Lourisvalda, pelo carinho e amizade, sempre presentes e prestativos, nem que
fosse com uma palavra de incentivo e apóio.
Aos meus colegas de pós-graduação, Fabiane, Márcia, Leandro, Breno e Ian,
gostei muito de conhecê-los e de poder conviver com vocês durante este
período, espero que nossa amizade esteja apenas no começo e que possamos
continuar juntos no doutorado, sempre em busca de mais um sonho.
Ao Prof. Dr. José Pereira Lauris, pela dedicação ao realizar a análise estatística
deste trabalho.
A CAPES, pelo apóio financeiro, fundamental para realização deste curso.
Aos funcionários do CIP, pela dedicação e ajuda na realização deste trabalho.
Aos funcionários da Biblioteca, pela atenção com que sempre me atenderam.
Às funcionárias da Pós-graduação, pela atenção e cordialidade.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................viii
LISTA DE TABELAS......................................................................................ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS...................................................x
RESUMO......................................................................................................xiii
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................7
3. PROPOSIÇÃO...........................................................................................33
4. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................37
4.1 Obtenção dos Espécimes........................................................................39
4.2 Preparo dos Espécimes...........................................................................39
4.2 Método de filtração de fluído...................................................................44
5. RESULTADOS..........................................................................................51
6. DISCUSSÃO.............................................................................................59
6.1 Discussão da metodologia empregada...................................................64
6.2 Discussão dos Resultados......................................................................70
7. CONCLUSÕES.........................................................................................81
ANEXOS.......................................................................................................85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................89
ABSTRACT..................................................................................................101
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma - preparo dos espécimes.......................................39
Figura 2 - Sistema de filtração de fluídos...................................................44
Figura 3 - Representação gráfica da interação entre cimentos e
tempos estudados.......................................................................................58
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Materiais testados.........................................................................49
Tabela 2 - Identificação das marcas, dos lotes e prazos de validade dos
principais
materiais...........................................................................................................50
Tabela 3 - Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar
nos períodos de 15, 30 e 60 dias, e suas respectivas médias, no Grupo IA
(Cimento AH Plus + Guta-percha e selamento com
IRM).................................................................................................................53
Tabela 4 - Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar
nos períodos de 15, 30 e 60 dias, e suas respectivas médias, no Grupo IB
(Cimento AH Plus + Guta-percha e selamento com sistema adesivo Adper
Scothbond Multi Purpose Plus)........................................................................54
Tabela 5 - Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar
nos períodos de 15, 30 e 60 dias no Grupo IC (Cimento AH Plus + Guta-percha
e selamento com sistema adesivo Adper Single Bond 2).................................55
Tabela 6 - Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar
nos períodos de 15, 30 e 60 dias, e suas respectivas médias, no Grupo II
(SistemaEpiphany)............................................................................................56
Tabela 7 - Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar
nos períodos de 15, 30 e 60 dias nos Grupos IA, IB, IC e II ............................57
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
mm - milímetro
cm - centímetro
MPa - mega pascal
NaOCl - hipoclorito de sódio
EDTA - ácido etileno diamino tetracético
min - minutos
s - segundos
h - hora
n - número
V - voltagem
> - maior
< - menor
civ - cimento de ionômero de vidro
psi - pressão por polegada quadrada
Kgf - quilograma-força
KPa - kilopascal
ANOVA - análise de variância
µL - microlitros
µL/min - microlitros por minuto
H
2
O - água
rpm - rotações por minuto
mL - mililitros
SEM - microscopia eletrônica de varrredura
pH - potencial de hidrogenizacão
% - porcentagem
Ltda - limitada
p - significância estatística
0
C - grau Celsius
col - colaboradores
RESUMO
xiii
RESUMO
Grande parte dos insucessos dos tratamentos endodônticos ocorre por
falha nas restaurações provisórias ou definitivas, em função da microinfiltração
coroa-ápice. Sabe-se que, muitos pacientes realizam esse tratamento, mas não
têm condições de restaurar o dente imediatamente, aumentando o risco de
falhas nesse período intermediário, pela penetração de bactérias ou fluídos
bucais até o canal radicular. Nos últimos anos, têm-se buscado, após o
tratamento endodôntico, realizar o selamento intracoronário imediato, visando
assim uma maior longevidade dessa terapia, até que se realize a restauração
definitiva, ou até mesmo após esta. Diversas substâncias estão sendo testadas
com o objetivo de avaliar essa penetração e existem diversos métodos
disponíveis, para se avaliar a efetividade do selamento, como o de penetração
de corantes e bactérias. Ultimamente, o método de filtração de fluído, que foi
desenvolvido inicialmente para avaliar a permeabilidade dentinária, mas que
posteriormente foi adaptado para uso em outras áreas, tem sido bastante
utilizado para avaliar a microinfiltração em dentes tratados endodonticamente.
Esse método é considerado quantitativo, não destrutivo, pela capacidade de se
utilizar os mesmos espécimes em diferentes períodos de tempo, apresentando
assim vantagens sobre os demais. Em função disso, o objetivo deste trabalho
foi investigar, através do método de filtração de fluído, a permeabilidade de
diferentes materiais utilizados no selamento intracoronário: o IRM, o Adper
Scothbond Multi Purpose Plus e o Adper Single Bond 2, em dentes humanos
unirradiculares obturados com cimento AH Plus e cones de guta percha,
comparando-as entre si e também com a capacidade de selamento do novo
sistema Epiphany, sendo as avaliações realizadas em períodos de 15, 30 e 60
dias. Após a aplicação do teste não paramétrico de Kruskall-Wallis e de
Friedman, diferenças significantes foram encontradas entre os quatro grupos,
sendo que o Grupo do IRM apresentou as maiores médias de filtrações em
todos os períodos, e os grupos selados com os dois sistemas adesivos as
menores. O sistema Epiphany apresentou médias iniciais baixas, mas sofreu
um aumento significante dos seus valores de filtrações no último período,
provavelmente por não ter recebido nenhum material selador secundário.
Unitermos: microinfiltração; filtração de fluído; materiais seladores; endodontia
1.INTRODUÇÃO
___________________________________________________________Introdução
_____________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
3
1 - INTRODUÇÃO
O tratamento endodôntico é um dos últimos recursos disponíveis
para manutenção do dente no arco dentário, quando o mesmo teve sua
vitalidade afetada de forma irreversível, não sendo possível mais a aplicação
de tratamentos conservadores da polpa dental, bem como quando é evidente a
necrose do tecido pulpar.
A obturação correta dos canais radiculares é considerada por muitos
autores, como principal fator de sucesso desse tratamento, desde que, é claro,
sejam respeitados todos os princípios básicos das fases anteriores
20,23,25
.
A presença de espaços vazios após uma obturação deficiente, atua
como um verdadeiro meio de cultura, favorecendo a proliferação bacteriana,
perpetuação de lesões periapicais e conseqüente insucesso do tratamento. O
espaço morto, ou seja, não preenchido por substâncias obturadoras nos
canais, é a causa mais comum da persistência da inflamação periapical, e 60%
dos insucessos dos tratamentos endodônticos estão relacionados a canais mal
obturados
23
.
Durante as décadas de 70, 80 e 90, a maioria dos estudos,
voltaram-se para a adequada obturação do canal, ressaltando assim além das
técnicas a importância das propriedades adesivas dos cimentos obturadores e
da interação cimento/guta-percha/dentina, no sucesso do tratamento
endodôntico. Portanto, pode-se observar que é de grande importância na
endodontia, que nessa etapa final do tratamento, sejam empregadas técnicas e
substâncias que promovam uma obturação o mais hermética possível desses
canais, possuindo estas também, compatibilidade biológica com os tecidos
periapicais.
Desta forma, a adesividade dos cimentos endodônticos à dentina,
assim como a força de adesão desses à guta percha, também têm sido
consideradas como um requisito importante para a tentativa da obtenção de
canais hermeticamente obturados, ou seja, da adequada adaptação do material
obturador as paredes do canal radicular
65
. Sabe-se entretanto, que a guta
percha adere pobremente às paredes do canal radicular, e em função disso,
existe uma busca, por técnicas obturadoras termomecânicas, que melhorem a
adaptação dessa às paredes do canal radicular. Essa valorização das
propriedades adesivas nos materiais obturadores, em busca de um adequado
___________________________________________________________Introdução
_____________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
4
selamento, trouxe uma mudança no tradicional perfil de obturação dos canais
radiculares, guta percha mais cimento obturador, com o surgimento de
cimentos endodônticos a base de resina epóxica e mais recentemente a base
de metacrilato, de dupla polimerização como Epiphany
R
Soft Resin Endodontic
Obturation System (Pentron Clinical Technologies, Wallingford, CT, USA),
usado em combinação com um primer e com o Resilon
TM
; (Pentron Clinical
Technologies, Wallingford, CT, USA), um cone obturador polimérico
termoplástico, prometendo selamento coronário imediato proporcionado pela
formação de um sistema monobloco, pois após a obturação do canal radicular,
faz-se a polimerização com luz halógena do conjunto (cimento + cone
resinoso), obtendo-se assim, segundo os fabricantes, uma barreira adicional
contra a microinfiltração
41
. Esses novos materiais vêm tendo nos últimos anos,
suas propriedades químicas e biológicas testadas, assim como sua capacidade
de selamento coronário
3,5,55,65,38
.
Por outro lado, desde 1961, MARSHALL; MASSLER
30
já haviam feito
as primeiras referências, relacionando diretamente o prognóstico do
comportamento de dentes com tratamento endodôntico, ao adequado
selamento coronário e não só a obturação do canal. Assim, desde então,
diversos estudos têm relacionado a qualidade desse tratamento e o seu
sucesso a longo prazo, à qualidade do selamento da restauração coronária.
Com esse enfoque, a infiltração coronária vem sendo também associada como
responsável pelo insucesso de dentes tratados endodonticamente,
principalmente a partir da década de 80
9,45,78,79
.
Quando o canal obturado é exposto ao meio bucal por falha na
restauração definitiva ou provisória, através de microinfiltrações, ou por perda
dessas restaurações, haverá penetração de bactérias e suas toxinas, com
provável insucesso do tratamento endodôntico, sendo indicado nesses casos, o
retratamento
27,28,45
. SWANSON; MADISON
51
,
em 1987, encontraram em dentes
com canais tratados, sem a colocação de uma restauração provisória, expostos
a saliva artificial, por um período de 3 a 56 dias, uma contaminação de 79 a
85% dos canais radiculares. TORABINEJAD et al.
62
, em 1990, constataram
num estudo com 55 dentes obturados e não selados, que mais de 50% destes
se apresentaram totalmente contaminados quando expostos ao microrganismo
Staphylococcus epidermis num período de 19 dias, e que quando expostos a
___________________________________________________________Introdução
_____________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
5
Proteus vulgaris, 50% destes se apresentaram também totalmente
contaminados, só que num período de 42 dias.
Alguns autores afirmam também que, esse adequado selamento
coronário, tem influência direta na saúde periapical dos dentes tratados
endodônticamente, sendo mais importante que a qualidade técnica do
tratamento endodôntico, já que se encontrou aumento significante de lesões
periapicais, em dentes com canais tratados e selamentos inadequados, em
relação aos adequadamente selados
22,40,63
. SHIPPER et al.
49
, em 2004
encontraram menor índice de inflamação periapical em dentes obturados com o
Epiphany
R
Soft Resin Endodontic Obturation System e associaram ao melhor
selamento coronário proporcionado por esse sistema.
Em função dessas observações, especial importância vem sendo
atribuída nos últimos anos, ao selamento coronário imediato da câmara pulpar
pós-tratamento, em que como um recurso adicional, têm-se feito a remoção de
parte da guta percha e cimento obturador da entrada dos canais radiculares e a
colocação de diversos materiais restauradores provisórios, definitivos
resinosos, ionoméricos e sistemas adesivos, com o objetivo de evitar a
infiltração coroa-ápice
2,4,6,12,14,16,24,26,29,30,33,37,45,48,60,64,66,67,70,74,78,79,80
. Variados
métodos têm sido utilizados para avaliar essa infiltração, como: testes de
penetração e dissolução de corantes, corrente elétrica e o de transporte de
fluídos.
O método de transporte de fluído, foi desenvolvido por DERKSON et
al.
15
, em 1986, e tem sido usado extensivamente para avaliar in vitro, a
eficiência de selamento de materiais restauradores e a quantificação da
permeabilidade dentinária. Esse sistema consiste num circuito fechado de
tubos capilares, preenchidos com água e ligados aos espécimes de teste,
sendo que o transporte desse fluído, é medido pelo movimento de uma
pequena bolha de ar, injetada no sistema utilizando-se uma pressão pré-
determinada. Em 1993, WU et al.
75
, adaptaram esse método para utilização
em pesquisas endodônticas, questionando a relevância de outros estudos de
infiltração, e desde então, a qualidade do selamento apical e coronário das
obturações dos canais radiculares e de materiais seladores provisórios, têm
tido as suas permeabilidades testadas. Essa metodologia tem sido amplamente
utilizada por muitos autores
1,5,7,13,16,29,35,39,53,55,65,70,74,78,79,80
e desta forma, uma
___________________________________________________________Introdução
_____________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
6
maior uniformização e confiabilidade na comparação dos trabalhos vem sendo
conseguida. Por ser um método, quantitativo, longitudinal e não destrutivo,
possibilita a reutilização da mesma amostra em diferentes períodos de tempo,
facilitando o estudo em longo prazo e aumentando a confiabilidade dos
resultados
9,15,39,45
. Considerando todos esse aspectos, a proposta do presente
estudo é avaliar in vitro a capacidade de selamento intracoronário, de dois
sistemas adesivos e um material restaurador provisório, em canais radiculares
obturados com um cimento endodôntico, a base de resina epóxica, sistema
pasta-pasta, de polimerização química, usado em conjunto com a guta percha
e de uso já consagrado; e essa mesma capacidade num cimento endodôntico a
base de metacrilato, de polimerização dual, apresentado sob a forma de um
sistema obturador composto de cone resinoso + cimento obturador,
recentemente introduzido no mercado.
2. REVISÃO DE LITERATURA
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
9
2 - REVISÃO DE LITERATURA
BLANEY et al.
6
, em 1981, avaliaram in vitro, a capacidade de
selamento de dois materiais restauradores provisórios, o Cavit e o IRM, quando
expostos ao microrganismo Proteus vulgaris, e colocados em contato com um
curativo de paramonoclorofenol canforado (PMCC). Oitenta e seis molares
humanos foram seccionados horizontalmente ao nível da câmara pulpar.
Então, a face de esmalte da porção coronária de cada um foi condicionada por
2 min. com ácido fosfórico a 50%, lavada, seca e incluída em num dispositivo
de acrílico. Todos os espécimes foram esterilizados, em óxido etileno,
colocados em seguida em contato com 30ml de solução estéril TSB acrescido
de 0.1mL de P vulgaris. Em seguida, os espécimes foram novamente
esterilizados, ficando incubados por 48 horas a 37
0
C. Foi então feito um acesso
oclusal, nessas porções coronárias e 3mm de cada material, preparado de
forma asséptica e de acordo com as instruções do fabricante, foi inserido
nesses preparos, sendo que em seguida, 21 espécimes de cada material foram
colocados em contato com 20µl de PMCC a 35%. Outros 21 espécimes
controles, foram preparados da mesma forma, e colocados em contato com
20µL de solução salina estéril. Todos ficaram estocados por um período de três
semanas. O IRM próximo ao PMCC promoveu, após três semanas,
significantemente menos selamento que o IRM em solução salina ou o Cavit
quando próximo ao PMCC. O Cavit colocado em solução salina promoveu o
selamento menos eficiente. Os autores concluem que os dois materiais não
promovem um selamento a prova da penetração do microrganismo P vulgaris.
CHOHAYEB; BASSIOUNY
12
, em 1985, compararam a capacidade
de selamento de três cimentos temporários; Cavit, óxido de zinco/eugenol e
cimento de fosfato de zinco com a mesma propriedade, em duas resinas
compostas; Adaptic, de polimerização química e Aurafill, fotopolimerizável. Um
acesso cavitário foi realizado em 50 dentes humanos extraídos, livres de
cáries. Os canais foram instrumentados, irrigados com hipoclorito de sódio a
2,5% e secos. Dividiram-se então os espécimes em cinco grupos de dez, e
colocou-se na câmara pulpar de cada um uma bolinha de algodão, deixando
uma espessura mínima de 2,5 mm para colocação do material a ser testado.
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
10
Vinte e quatro horas após, quatro camadas de verniz cosmético foram
aplicadas, selando todas as faces, com exceção das margens, para posterior
imersão em corante azul de metileno, a 4ºC, por 2 min., repetindo-se o
procedimento por 40 vezes, antes da lavagem e secagem. Após o
seccionamento longitudinal, avaliou-se a profundidade e intensidade da
penetração do corante. O Cavit apresentou maior poder de vedamento das
margens da restauração; seguido pelo Adaptic e Aurafill. O óxido de zinco
eugenol e o fosfato de zinco apresentaram maiores valores de infiltração.
PASHLEY, et al.
36
, em 1988, realizaram um estudo visando avaliar
as propriedades de selamento de quatro materiais: ZOE (óxido de zinco e
eugenol), guta percha, Cavit-G e cimento de policarboxilato de zinco.
Cavidades de Classe I foram preparadas em 66 dentes humanos, terceiros
molares extraídos, que em seguida, tiveram suas porções coronárias
removidas na junção amelocementária, para serem adaptados em plataformas
de resina acrílica e posteriormente ao dispositivo de filtração de fluído. Após a
confecção das cavidades, com 1 ou 2mm de profundidade, fez-se o ataque
ácido, com ácido cítrico a 6%, por 2 min., para permitir o máximo de
permeabilidade da dentina. Utilizou-se uma pressão de 5 psi e foram feitas
medições em intervalos de 1 min. durante 5 min.. Em seguida, os dois cimentos
foram manipulados, nas seguintes proporções: de 1:1, na de 1 de pó para 2 de
líquido, na de 1 de pó para 4 de líquido, na de 1 de pó para 6 ou 7 de líquido, e
quando se utilizou a guta percha, esta foi aquecida previamente, para então
serem introduzidas nas cavidades, sempre num tempo de trabalho de no
máximo de 5 min. As medições foram feitas 30 min., 60 min., 24 horas e 1
semana após a inserção dos materiais. Todos os espécimes sofreram ciclagem
térmica e foram estocados em solução de NaOCl a 1%. Foi possível concluir
que, os diferentes proporcionamentos dos materiais resultaram em diferentes
graus de selamento, sendo que o ZOE apresentou diferenças estatisticamente
significantes nas diferentes proporções, e que o Cavit-G e o Durelon foram os
que apresentaram melhores resultados de selamento.
ANDERSON, et al.
2
, em 1989, avaliaram in vitro a infiltração de três
materiais restauradores temporários: Cavit, IRM e TERM, pelo método de
filtração de fluído, em vários intervalos de tempos e após estresse térmico.
Foram utilizados 30 dentes humanos, seccionados na junção amelo-
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
11
cementária, em que foram preparadas cavidades nas porções coronárias. Em
seguida, os espécimes foram adaptados em plataformas de resina acrílica, com
adesivo a base de cianocrilato. Três grupos de dez foram formados e
restaurados, e a microinfiltração medida sob uma pressão de 20 psi, após 1 h.,
24 h., 7 dias, e após o estresse térmico. Entre os testes, os espécimes foram
mantidos em solução de Ringer`s, contendo 0,2% de sódio ácido (agente
antimicrobiano), a 37ºC. Os resultados indicaram o TERM como material que
promoveu melhor selamento e estatisticamente superior ao Cavit e IRM. O
IRM apresentou significante maior infiltração após estresse térmico e o Cavit
não foi considerado clinicamente aceitável, por apresentar fraturas, expansão e
extrusão do material da cavidade, fatos que não ocorreram nos demais
espécimes.
BOBOTIS, et al.
7
, no mesmo ano, num estudo in vitro, utilizando o
método de filtração de fluído, avaliaram as propriedades de selamento dos
seguintes materiais: Cavit, Cavit-G, IRM, TERM (cimento fosfato de zinco), Fuji
II (civ), Durelon (cimento de policarboxilato). Utilizaram-se 70 dentes humanos,
incisivos, caninos e pré-molares, cortados na junção amelocementária,
removendo-se o tecido pulpar coronário, e então essa porção coronária
adaptada a plataformas de resina acrílica após a colocação dos referidos
materiais. Cada material foi manipulado de acordo com as instruções do
fabricante, com exceção do IRM, que foi manipulado numa proporção de
2g/mL. Os espécimes foram conectados ao dispositivo de filtração, numa
pressão de 20 psi, medindo-se a infiltração de 1 em 1 min. por 4 min., em
diferentes tempos: 15 min. após a colocação, 1 h., 24 h. e 1 sem. após, ficando
estocados nesse período em solução de Ringer`s a 37º C. Após 1 semana os
espécimes sofreram ciclagem térmica, e então eram reavaliadas as infiltrações
até que todos os 10 dentes de cada grupo demonstrassem infiltrações. Os
materiais Cavit, Cavit-G, TERM, cimento de ionômero de vidro, mostraram-se a
prova de infiltrações até o período de 8 semanas, e o IRM e cimento de
policarboxilato, apresentaram-se menos efetivos que os demais, sendo mais
influenciados pelos efeitos da ciclagem térmica.
TURNER et al.
66
, em 1990, avaliaram in vitro, a microinfiltração de
sete materiais restauradores temporários, colocados sobre acessos
endodônticos e restaurados com amálgama. Setenta molares humanos foram
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
12
seccionados na junção amelocementária. Inicialmente, preparos cavitários de
classe I, foram realizados e então os dentes restaurados com amálgama,
sendo aplicadas antes, duas camadas de verniz Copalite e em seguida,
mantidos em solução de Ringer`s, com 0,2% de sódio ácido, por 1 sem. Os
espécimes foram então acoplados, individualmente, a placas de resinas e ao
dispositivo de filtração de fluído, numa pressão de 20 psi, de modo que se
mediu a primeira microinfiltração. Após essa etapa, realizaram-se acessos
coronários nas restaurações de amálgama, e os espécimes foram divididos em
grupos de dez, de acordo com o material restaurador temporário colocado
nesse preparo, Cavit e Cavit G; IRM; Durelon - cimento policarboxilato de
zinco; TERM; cimento fosfato de zinco e Fuji II – cimento de ionômero de vidro,
sempre numa espessura aproximada de 4mm. Os espécimes foram
imediatamente recolocados na mesma solução anterior e incubados a 37ºC,
até que as novas medidas de microinfiltrações feitas 15 min, 1 h, 24 h, 1
semana e 2 semanas, no mesmo dispositivo e sob as mesmas condições da
anterior. O Cavit, Cavit G, TERM, IRM e o Fuji II apresentaram excelente
selamento, não havendo diferenças estatisticamente significantes entre eles e
os valores do grupo controle, ou seja, das restaurações de amálgama;
enquanto que o Durelon e o cimento de fosfato de zinco, apresentaram altos
valores de microinfiltração.
LIM
26
, em 1990, comparou a capacidade de selamento do Ketac Fil,
civ, com dois materiais seladores temporários, o Cavit-W, e o Kalzinol, um
cimento a base de óxido de zinco reforçado. Molares humanos com raízes
fusionadas, extraídos, tiveram o acesso coronário realizado e a metade apical
das raízes removidas. Após limpeza com ultra-som, os acessos foram
alargados 2,5mm e os dentes foram estocados em água destilada até a
obturação. Cada grupo contendo dez dentes, foi obturado de acordo com o
material selador aplicado, sempre na espessura de 3,5mm manipulados e
inseridos de acordo com instruções do fabricante, com exceção do Ketac-Fil
que possuiu um grupo onde não se realizou o condicionamento da dentina com
ácido poliacrílico. No controle positivo usou-se guta percha, e no negativo
nenhuma cavidade oclusal foi realizada. Os espécimes foram protegidos com
uma camada de selante de silicone (Silicone RIV) em toda superfície externa,
imersos em solução de cloreto de potássio a 1%, a 37ºC, conectados a um
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
13
cátodo, estabilizado numa corrente de 10V, por 30 dias, para realização do
teste eletroquímico. O grupo do Ketac-Fil com condicionamento infiltrou menos,
seguido do Kalzinol, do Ketac-fil sem condicionamento e por fim o Cavit-W.
Não se encontrou diferença significante de infiltração apenas entre os grupos
do Ketac-Fil, sendo encontrada uma alta diferença entre os demais grupos.
SAUNDERS; SAUNDERS
46
, ainda em 1990, realizaram um estudo
in vitro, em 69 molares humanos, visando avaliar a infiltração de três materiais
restauradores (Sybraloy- amálgama; Ketac Bond- civ e Ketac Silver- civ
reforçado com partículas de prata - cermet) colocados na câmara pulpar de
dentes tratados endodonticamente e obturados com guta percha e Tubliseal,
pela técnica da condensação lateral, sendo que a porção coronária foi também
preenchida com esses materiais e o acesso coronário preenchido com Cavit e
estocados em água deionizada a 37
0
C, por 1 mês. Em seguida, os dentes
foram divididos em 3 grupos de 15 dentes, e um de 9, que foi usado com
controle positivo. O Cavit foi então removido de todos os dentes, e nos 4
grupos de 15, a guta percha e o cimento obturador foram também removidos
da porção coronária, sendo então os materiais restauradores colocados. No
grupo controle a câmara não foi selada e no grupo de 9 dentes manteve-se a
guta percha e o cimento. Após a colocação dos materiais, os grupos foram
mantidos por 60 dias em água deionizada com timol a 0,1%, a 37
0
C. Antes da
imersão em corante Índia Ink, por 48 h. a 37
0
C, e da ciclagem térmica, fez-se o
selamento dos ápices com um cimento a base de cianoacrilato. Duas camadas
de verniz cosmético foram aplicadas no acesso coronário. Após lavagem e
secagem, os espécimes foram desmineralizados, por aproximadamente 72
horas, limpos, estocados e examinados em estereomicroscópio (6x de
aumento). Diferenças estatisticamentes significantes foram encontradas
somente entre o grupo com guta percha e os demais com os materiais
restauradores, que entre si não apresentaram diferenças significantes na
infiltração. O grupo controle positivo não foi incluído na análise. No grupo com
guta percha, encontrou-se infiltração até o nível da furca e dentro do canal
radicular.
WU et al.
75
, em 1993, visaram avaliar um novo modelo de transporte
de água, desenvolvido por DERKSON e col.
15
(1986) e adaptado para estudos
de infiltração em canais obturados, e compará-lo a passagens de bactérias ao
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14
longo desses canais obturados. O modelo foi submetido a uma pressão de 120
KPa, a água contida nos capilares tinha uma temperatura de 20ºC, e o
procedimento foi repetido 10 vezes para cada teste. Sessenta e dois caninos
humanos, extraídos, com comprimento radicular padronizado em 10mm, foram
instrumentados a 1mm do ápice, até a lima 70, irrigados com NaOCl a 2%.
Dois dentes não foram obturados e permaneceram como controle positivo, e
duas peças de vidro de 10mm X 4mm, foram usadas como negativo. Os outros
60 espécimes foram divididos em dois grupos de 30. Os do grupo I, e os quatro
dos controles, foram estocados numa infusão de BHI e autoclavados, para
obtenção e manutenção da assepsia. Em seguida, foram lavados com 5ml de
NaOCl a 2% e secos, e obturados com AH-26 e guta percha, pela técnica da
condensação lateral. As superfícies radiculares foram então cobertas por duas
camadas de esmalte cosmético, exceto na região do ápice e ao redor do
acesso coronário. Todos os espécimes foram então, acoplados a dois tubos
plásticos. Na porção apical continham caldo BHI e na coronária, uma
suspensão contendo bactérias (pseudomonas aeruginosas), e foram
estocagem em estufa a 37ºC, por 2 sem. Nesse período só um espécime, do
grupo II, obteve turvação do caldo, sinal de contaminação, e após 50 dias, os
outros espécimes tiveram seus caldos avaliados e sua turvação mensurada. Os
espécimes do grupo II foram obturados conforme o grupo I, mantidos em estufa
por 48 h para o teste de filtração de fluído, onde cada espécime foi avaliado em
três intervalos de tempo. Obtiveram-se os seguintes resultados: após 50 dias,
dois espécimes mostraram penetração de bactérias na porção apical; 39
espécimes foram classificados com escasso volume de bactérias, 14 com
poucas e 7 com muitas bactérias. A passagem de bactérias no teste prévio,
não teve influência significante nas raízes que foram testadas posteriormente
pelo método de filtração de fluído. E, finalmente que houve passagem de fluído
pelos condutos obturados, mas que não houve passagem de bactérias.
PISANO, et al.
37
, no mesmo ano, avaliaram in vitro as propriedades
dos materiais Cavit, IRM e do Super- EBA, aplicados como seladores na
entrada dos canais radiculares, visando a prevenção da microinfiltração de
saliva e seus componentes, após o tratamento endodôntico e na ausência da
restauração coronária. Setenta e quatro dentes, livres de fraturas ou defeitos,
foram instrumentados a 1mm do ápice, irrigados com NaOCl a 5,25%, secos e
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15
obturados pela técnica da condensação lateral com guta percha e cimento
Roth`s 801. Em seguida 3,5 mm de material obturador foi removido abaixo da
junção amelo-cementária, sendo o excesso de cimento limpo da porção
coronária e os espécimes mantidos em estufa, a 37ºC, por 72 horas, para
secagem do cimento. Em seguida, dividiram-se os espécimes em três grupos
(n=20), de acordo com o material selador aplicado e removeram-se os
excessos. Dez dentes não receberam nenhum material selador; cinco dentes
formaram o controle positivo e cinco o negativo. Um modelo experimental foi
usado para avaliar a penetração de bactérias, que era avaliada pelo índice de
turvação do caldo, resultante do crescimento bacteriano, onde os espécimes
estavam imersos. Após 90 dias, observou-se que no grupo do Cavit, 15% dos
espécimes infiltraram, no do IRM e no do Super-EBA, 35%. Os autores
concluem que esse selamento adicional, pôde ajudar a prevenir ou minimizar o
risco de infiltração, durante e após, o tratamento endodôntico, até a
restauração definitiva ser realizada.
Com o objetivo de testar in vitro, a capacidade de selamento de
dentes restaurados com três sistemas adesivos dentinários e uma resina
composta, YOUGSON et al.
78
, em 1999, utilizaram dois métodos: o de filtração
de fluído e o de silver trace, numa mesma amostra, sob o efeito ou não da
termociclagem, comparando-os. Trinta porções coronárias de dentes pré-
molares, humanos, foram preparadas com pequenas cavidades de classe II,
divididas em três grupos e restauradas da seguinte forma: grupo I, lavagem
com ácido poliacrílico a 20%, aplicação do Fuji Bond LC, numa fina camada;
grupo II, ácido fosfórico a 37%, Scothbond Multi-Purpose Plus + resina
composta (Pekafill NF); grupo III, ácido fosfórico 37%, Primer&Bond 2.1 +
resina composta (Pekafill NF). Todos os materiais foram polimerizados e
testados pelo método de filtração de fluído após 2 h, 24 h, 1 sem e 1 mês,
numa pressão de 0.069 MPa. Após, fez-se precipitação com prata, dissolução
com ácido nítrico e observação da infiltração. Seis espécimes de cada grupo
foram submetidos a termociclagem após uma semana. Nenhuma diferença
significante de infiltração foi encontrada, entre os materiais. A termociclagem
também não produziu diferenças significantes entre os grupos. Onde houve
infiltração de prata, foi indicada falha no selamento das cavidades. O método
de filtração de fluído foi considerado, entretanto, mais sensível, porém, sem
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16
diferenças estatisticamente significantes com os resultados obtidos do outro
método, sendo utilizado numa pressão de 0.069 MPA. Os autores acreditam
que esse resultado se deve a grande variabilidade inerente aos dentes e o
tamanho da amostra ser relativamente pequeno.
DAVALOU et al.
14
, em 1999, se propuseram, a avaliar a capacidade
de selamento coronário de dois materiais adesivos colocados imediatamente
após a obturação dos canais radiculares. Oitenta dentes unirradiculares
humanos, foram instrumentados com Profile, irrigados com NaOCl a 5,25% e
EDTA à 17%, secos e obturados com cimento EWT e guta percha. Dois grupos
foram então formados; no primeiro (n=37) fez-se ataque ácido, por 30
segundos, no acesso cavitário de cada dente, e aplicação dos adesivos Tenure
A e B em todas as paredes da câmara pulpar e no acesso, e então, porções
iguais da pasta Core, foram misturadas e colocadas dentro da câmara. No
segundo, após ataque ácido, e utilização dos adesivos, aplicou-se a pasta
resinosa Panavia 21 na superfície dentária, compactou-se amálgama na
câmara pulpar, e finalmente Oxyguard II nas margens da restauração por 3
min. Partiu-se então para avaliação da infiltração, após proteção com verniz,
imersão em corante Índia Ink por 10 dias, desmineralização em ácido cítrico, e
avaliação em estereomicroscópio. Os dois grupos apresentaram bons
resultados de selamento, sem diferenças significantes entre si, porém os
autores sugerem mais estudos em longo prazo, para que se possam extrapolar
os resultados para a clínica.
URANGA et al.
67
, em 1999, compararam, in vitro, a habilidade de
selamento do acesso cavitário, de quatro materiais: Fermit, Cavit, Dyract e
Tetric. Noventa dentes unirradiculares, extraídos, não restaurados, tiveram
seus canais instrumentados, obturados pela técnica da condensação vertical
com guta percha aquecida mais cimento AH Plus, que teve então, seu excesso
removido mantendo uma profundidade de 4mm da margem do ângulo cavo
superficial, para colocação do material selador. Quatro grupos de 20 dentes
foram formados de acordo com o material selador aplicado. No grupo do
Dyract, fez-se condicionamento prévio com ácido ortofosfórico. Cinco dentes
fizeram parte do grupo controle positivo, onde não se aplicou nenhum material,
e no negativo, mais cinco, tiveram toda sua extensão coberta com esmalte
cosmético. Realizou-se então a termociclagem (100 ciclos, variando a
____________________________________________________Revisão de Literatura
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17
temperatura de 0 a 55ºC). Todos os espécimes foram cobertos com três
camadas de esmalte cosmético, com exceção da região selada, imersos em
solução de azul de metileno, e novamente submetidos à ciclagem. Após
lavagem, secagem e seccionamento, observaram-se os variados graus de
infiltração através de microscopia (aumento de 10x). Os cimentos temporários
(Cavit e Fermti), sofreram infiltração estatisticamente maior que os materiais
restauradores, exceto entre o Dyract e Tetric. Os autores consideraram
fundamental, portanto, a escolha adequada do material selador para o sucesso
do tratamento endodôntico.
No ano de 2001, BELLI et al.
4
, realizaram um estudo visando avaliar,
de forma quantitativa, através do método de filtração de fluído, a habilidade de
selamento intracoronário de quatro diferentes materiais, colocados nas
cavidades coronárias imediatamente após o tratamento endodôntico, usados
com o objetivo de evitar a infiltração coronária. Utilizaram-se 40 molares
humanos, extraídos, em que a porção coronária e parte da raiz, 2mm abaixo da
região de furca, foram removidas com um disco adiamantado. Após a
instrumentação manual e obturação dos canais com cone principal de guta
percha, sem cimento, realizou-se a limpeza da câmara pulpar com NaOCl à 5%
por cinco min. e lavagem final com água aquecida por 2 min. Os espécimes
foram divididos, de forma aleatória, em quatro grupos, de acordo com o
material que seria usado na câmara pulpar: grupo I- C&B Metabond + pó
transparente de polimetilmetacrilato; grupo II- sistema adesivo One–Step +
resina microhíbrida de baixa viscosidade (Aelite Flo); grupo III- Clearfill SE
Bond Primer + resina composta fotopolimerizável transparente (Palfique) e
grupo IV- IRM. Todos os materiais foram manipulados de acordo com as
instruções do fabricante, as cavidades preenchidas, e então os espécimes
adaptados, de forma invertida, em peças de Plexiglass de 2cm X 0,7cm, que
tinham um orifício de gauge 18, onde era acoplado o dispositivo de filtração de
fluído. Após a aplicação dos seladores a guta percha usada nos condutos foi
removida, e essa região preenchida com água. Utilizou-se uma pressão de
20,7 KPa ou 211cm/H
2
O de água, e fizeram-se as medições de 2 em 2 min, por
8 min. Mediu-se a qualidade de selamento após 1 dia, 1 sem e 1 mês. O IRM
apresentou significantemente mais infiltração que os adesivos e após 1 mês, os
três sistemas adesivos mostraram um excelente selamento, podendo ser
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________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
18
considerados segundo os autores, como um selamento secundário na
prevenção da infiltração intracoronária. Os autores ressaltaram, entretanto, que
esses adesivos não foram submetidos a nenhum esforço, e que no uso clínico
devem ser protegidos por materiais como amálgama, resina composta ou civ.
POMMEL; CAMPS
39
, no mesmo ano de 2001, realizaram um estudo
com objetivo de avaliar a influência da pressão e do tempo no método de
filtração de fluído. Esse método foi introduzido na literatura por Derkson e
colaboradores, e tem sido bastante usado em trabalhos para avaliar a
infiltração apical e coronária de dentes tratados endodonticamente, a eficiência
de materiais obturadores retrógrados e restauradores temporários. Os
resultados são expressos em µL/min, ou seja, quanto de água infiltrou, num
determinado período de tempo, porém esse resultado depende da pressão que
se coloca no sistema e do tempo usado na avaliação, entretanto, não existe
uma padronização dessas unidades, daí a importância desse estudo. Os
autores utilizaram incisivos centrais superiores, cujas coroas foram cortadas na
junção cemento-esmalte, os canais instrumentados com sistema ProFile e
obturados com Thermafil e cimento Sealite (à base de óxido de zinco eugenol),
e então estocados por 24 h a 37ºC para secagem do cimento. As 36 raízes
foram divididas em dois grupos, 18 testados com pressão de 15 cm/H
2
O; e 18
com pressão de 150 cm/H
2
O. As raízes foram inseridas em um tubo de
silicone, e conectadas a um capilar de 0,7 mm de diâmetro, preenchido com
uma solução salina tamponada + penicilina + estreptomicina + fungicida. A
leitura dos espécimes foi realizada com o auxílio de um computador gráfico, e
realizada em intervalos de tempo de dois min, 1 h e 24 h. Nesse período os
espécimes ficaram estocados em água. Os resultados foram submetidos ao
Teste de Duncan, e nenhuma interação estatística foi encontrada entre os dois
fatores, tanto uma baixa pressão, como uma alta, deram valores de infiltração
altos. Uma diferença estatisticamente significante foi obtida nos três períodos
de tempo. De acordo com esses resultados, a quantidade de filtração diminui
com o aumento do tempo, mas universalmente, uma alta filtração foi
encontrada com o aumento da pressão. Deve-se considerar o diâmetro do
tubo, tamanho da bolha, mensuração do tempo e pressão aplicada, como
fatores importantes e concluíram que é necessária a padronização do método e
dos resultados, para se possa comparar os diversos estudos na literatura.
____________________________________________________Revisão de Literatura
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19
WOLANEK et al.
74
, no ano de 2001, testaram in vitro, a efetividade
de um agente adesivo dentinário (Clearfill Liner Bond 2V) usado como barreira
coronária. Cinquenta e um molares humanos extraídos tiveram a metade das
raízes removidas, o acesso endodôntico realizado, formam instrumentados
com Profile GT e irrigados com hipoclorito de sódio a 5,25%. Então, dividiram-
se os espécimes em dois grupos, um com 21 dentes que foram obturados com
guta percha, sem cimento, pelo sistema Obtura II, e nos outros 30, adicionou-
se o cimento da Kerr – EWT, a base de óxido de zinco e eugenol. Em seguida,
as câmaras pulpares foram limpas com clorofórmio e secas. Novamente três
grupos foram formados, de quinze dentes cada, da seguinte forma: grupos I- 15
(obturados somente com guta percha) e II- 15 (com guta percha e cimento)
receberam o agente adesivo; e no grupo III- nos outros 15, com guta percha e
cimento, não se colocou nada. No grupo controle positivo, três dentes sem
cimento e sem barreira; e no negativo, três dentes sem cimento, mas com
barreira de duas camadas de verniz na câmara pulpar. A infiltração foi testada
usando-se um modelo de teste com streptococcus mutans, sendo avaliada por
30, 60 e 90 dias. Após análise de Fisher´s, observaram-se os seguintes
resultados: grupo I e II não exibiram infiltração bacteriana, onze espécimes do
grupo III, infiltraram entre o 15
0
e 76
0
dias. A barreira coronária, nos grupos I e
II, foi significantemente mais efetiva até o 60º dia.
WELLS et al.
70
, em 2002, avaliaram a eficácia de selamento
coronário de barreiras com dois materiais: o Principle e o cimento resinoso
C&B Metabond, realizadas com 2mm de espessura colocadas sobre a câmara
pulpar ou dentro (na entrada) dos canais radiculares, visando observar se
haveria diferença na eficácia do selamento, pela localização dessa barreira e
pelo material. Sessenta e dois molares inferiores humanos extraídos,
armazenados em solução salina, tiveram suas coroas removidas, deixando 5
mm delas acima da junção cemento-esmalte, e 5mm de raiz após a região da
furca. O tecido pulpar foi removido, os canais alargados com brocas Gates-
Glidden n
o
3, irrigados com água, secos e obturados, com cones de guta percha
n
o
90, selando o ápice e a porção coronária. A partir daí, os dentes foram
divididos em 4 grupos de 15, e dois controles de um dente cada. No grupo I, 2
mm de Principle foram aplicado na entrada da câmara, e no grupo II, a 2 mm
do orifício do canal, na mesma espessura. Nos grupo III e IV da mesma forma,
____________________________________________________Revisão de Literatura
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20
só que com C&B Metabond. No grupo controle positivo, não se colocou guta
percha nem barreira, e no negativo, apenas guta percha, e duas camadas de
verniz cosmético foram aplicadas no assoalho da câmara. O método usado foi
o de filtração de fluído, numa pressão de 20cm/H
2
O, e as avaliações feitas
após 1 h,1 sem, 2 sem e 4 sem. Os autores observaram que, a localização da
barreira não interfere nos resultados, mas diferenças significantes foram
encontradas nos materiais. O Principle infiltrou significantemente mais que o
C&B Metabond na 1 hora, mas o selamento aumentou com o tempo, já o C&B
Metabond infiltrou menos no início, mas essa infiltração aumentou após 4 sem.
Principle foi mais fácil de ser usado assim como o selamento na entrada da
câmara. Segundo os autores, compômeros são materiais bem indicados para
barreira coronária, por não precisarem de primers nem de agentes adesivos,
promovendo adesão ao tecido dentário e podendo ser químicos ou auto
polimerizáveis.
ZAIA et al.
79
, em 2002, ao considerarem a importância da infiltração
via coronária, após o tratamento endodôntico, tiveram como objetivo, avaliar in
vitro a capacidade de selamento coronário do IRM, Coltosol, Vidrion R e do
Scoth Bond. Cem molares inferiores, humanos, extraídos tiveram seus canais
instrumentados, a 1mm do ápice, pela técnica híbrida, com limas e brocas
Gates-Glidden, e irrigados com NaOCl a 5,25%, EDTA a 17% e novamente
com NaOCl. Após secos e obturados com guta percha e cimento
Endométhasone, pela técnica da condensação lateral, foram divididos em 4
grupos, segundo o material selador a ser usado, e um grupo controle positivo,
onde não se usou material selador. Dois milímetros de cada material foram
aplicados para selar o acesso aos canais radiculares. No caso do Scoth Bond,
cada duas gotas de adesivo proporciona, aproximadamente 2 mm de
espessura, e mesmo clinicamente não sendo padrão, quando era necessário,
usava-se mais uma gota, com o objetivo de padronizar a barreira. Após
armazenagem em estufa, a 37º e 100% de umidade realtiva, por 7 dias, as
raízes foram seladas com esmalte de unha vermelho, com exceção da região
coronária, e foram imersas em corante Índia, por 5 dias, lavadas e
descalcificadas em ácido hidroclorídrico por 72 h, para avaliar a infiltração
nesses materiais. O IRM e o Coltosol mostraram significantemente menores
índices de infiltração de corante que os demais grupos, e o Scoth Bond, teve
____________________________________________________Revisão de Literatura
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21
maior penetração que os demais. O Vidrion obteve resultado significantemente
pior que o IRM e Coltosol, porém significantemente melhor que o Scoth Bond, e
o grupo controle positivo. Os autores concluem que nenhum material quando
usados como barreira coronária, foi capaz de evitar completamente a
microinfiltração do corante.
A proposta do estudo realizado por GALVAN et al.
16
, em 2002, foi
avaliar de forma quantitativa, através do método de filtração de fluído, a
efetividade de cinco materiais restauradores, usados como barreira adicional
intracoronária após o tratamento endodôntico. Cinquenta e dois molares
extraídos humanos foram selecionados, as coroas desses foram removidas na
junção cemento-esmalte e também secionados 2mm abaixo da região de furca,
com disco de alta rotação Isomet. O tecido pulpar foi removido, os canais foram
alargados com Gates-Glidden até o n
o
3, instrumentados, irrigados com NaOCl
a 5,25% por 2 min, e água destilada por 1 min no final, e obturados com cones
médios de guta percha, sem cimento. Grupos aleatórios foram formados,
segundo o material usado: Amalgabond, C&B Metabond, One-Step Dentin
Adhesive com resina Eliteflo, One-Step Adhesive com resina Palfique e o
material restaurador temporário, IRM, aplicados numa espessura de 3mm,
diretamente sobre os orifícios do canal. Um pó de polimetilmetacrilato (PMMA)
foi adicionado ao Amalgabond e ao C&B Metabond. O grupo controle negativo
teve o assoalho pulpar selado com adesivo à base de cianocrilato, e o positivo
não teve o canal tratado nem selado. Os espécimes foram acoplados ao
dispositivo de transporte de fluído, utilizando-se uma pressão de 3.4 psi ou 239
cm/H
2
O, e feitas avaliações após 1 dia, 1 sem, 1 mês e 3 meses. Durante as
medições, as raízes ficaram estocadas em estufa a 37º, e em recipiente com
solução salina acrescida de 0,2% de sódio ácido, um agente antimicrobiano.
Após análise estatística, obtiveram-se os seguintes resultados: no grupo
positivo houve extrema infiltração, enquanto que no negativo nenhuma; houve
também grande diferença entre os materiais, mas não em relação ao tempo;
imediatamente após a colocação dos materiais e no primeiro dia, não houve
diferenças significantes, mas após 7 dias, as diferenças foram notáveis: Todos
adesivos e resinas infiltraram menos que o IRM, sendo o Amalgabond, o que
menos infiltrou. Pôde-se concluir que os quatro materiais adesivos são efetivos
na diminuição da infiltração coronária, sendo o Amalgabond o que apresentou
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
22
melhores resultados e o IRM, O que demonstrou extensiva infiltração em 1 e 3
meses, contra indicado, portanto para uso por longos períodos. Esses materiais
resinosos, então, com o objetivo de evitar a microinfiltração coronária, podem
ser usadas em dentes endodonticamente tratados, antes da colocação final da
restauração.
TEWARI; TEWARI
60
, ainda no ano de 2002, avaliaram a
microinfiltração de materiais temporários, utilizados como seladores
intermediários da entrada dos canais após tratamento endodôntico. Dois
materiais a base de óxido de zinco eugenol foram testados, o Kalzinol e o ZOE,
através do método de infiltração de corantes, com o azul de metileno a 2%, e
em diferentes intervalos de tempos (1, 2, 4 e 7 dias). Oitenta dentes humanos
extraídos, íntegros, foram selecionados, e após o acesso endodôntico e
remoção da polpa, nenhum material foi colocado nos canais, apenas de 4 a 5
mm de material restaurador nas entradas dos canais, com pressão digital.
Todos os dentes foram então radiografados, e armazenados a 100% de
umidade relativa, e dez dentes de cada grupo foram imersos em corantes por
1, 2, 4 ou 7 dias. Após secagem, múltiplas secções foram feitas dos
espécimes. No grupo controle positivo, os dentes foram totalmente cobertos
com cera, e no negativo nenhum material foi colocado, apenas uma bolinha de
algodão. A avaliação foi realizada em estereomicroscópio (aumento de 6x),
após o seccionamento mesio-distal dos dentes, e escores para avaliar a
profundidade de microinfiltração foram definidos. Os dois materiais infiltraram,
de forma variada, em todos intervalos de tempos, houve diferença
estatisticamente entre o ZOE e Kalzinol nos dois primeiros dias, sendo que o
Kalzinol infiltrou menos. No sétimo dia os dois infiltraram totalmente, em todos
espécimes. Os autores recomendam, portanto, a restauração definitiva
imediata após o tratamento endodôntico.
TSELNIK et al.
64
, em 2004, tiveram como objetivo medir a infiltração
bacteriana de três cimentos usados como barreira provisória, o MTA branco, o
cinza e o civ, Fuji II LC. Setenta e oito dentes humanos, extraídos, cortados na
junção amelo-cementária, tiveram seus canais instrumentados com sistema
rotatório (Dentsply), irrigados com NaOCl a 5,25% e EDTA a 15%, obturados
com cimento Kerr EWT e guta percha. Cada grupo de 18 dentes pareados,
foram então divididos de acordo com o material selador coronário aplicado,
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23
numa espessura de 3 mm, ficando em estufa a 37ºC por 24 horas para
secagem dos materiais. Três pares foram usados com controle positivo (sem
barreira) e controle negativo (sem barreira e cobertos com resina epóxica). Os
espécimes foram mantidos em estufa até secagem dos materiais, e submetidos
ao teste de infiltração bacteriana TSB, sendo 5ml de TSB, colocados
assepticamente dentro de cada câmara, e incubados por uma semana para
observar se não houve contaminação. Em seguida, 100mL de TSB, foi
novamente incubados, desta vez acrescido de saliva humana (2mL), e
observado por 24 horas. Após análise dos resultados, o teste de Fisher revelou
que o grupo controle positivo infiltrou totalmente; o negativo não, e que
nenhuma diferença significante foi observada entre a infiltração dos grupos
com Fuji e o MTA, e entre o MTA branco e o cinza, em 30, 60 e 90 dias. Pôde-
se concluir, dentro das limitações desse estudo, que os três materiais
promoveram selamentos coronários aceitáveis, no período de 90 dias.
A proposta de OZTURK et al.
33
, em 2004, foi de avaliar in vitro a
capacidade de selamento de cinco sistemas adesivos: Prime&Bond NT, Prompt
L-Pop, Clearfil SE Bond, Scothbodn Multi Purpose Plus e EBS-Multi, colocados
na câmara pulpar de 75 dentes (molares humanos) extraídos. Esses dentes
foram cortados na porção coronária e também 2mm abaixo da região de furca,
tiveram seus canais alargados com Gates-Glidden n
o
2 e 3, instrumentados e
obturados apenas com cone principal de guta percha, sem cimento. Em
seguida, foram divididos em 5 grupos de 15 dentes cada, e os materiais
manipulados de acordo com as instruções dos fabricantes e aplicados no
assoalho da câmara, numa espessura de 2 mm. Após adaptação dos
espécimes em plataformas de acrílico, Plexiglass, e submetidos ao teste de
filtração de fluído, numa pressão de 239 cm/H
2
O, ou 23.4 KPa. Foram então
medidas as infiltrações de 2 em 2 min por 8 min, imediatamente após aplicação
dos materiais, 1 dia,1 sem e 1 mês após. Os sistemas adesivos, com exceção
do Primer&Bond NT e Prompt L-Pop, mostraram valores de infiltração
diferentes entre os diferentes tempos. O Clearfil SE Bond não mostrou valores
diferentes entre a primeira hora e 24 h. Após 1 mês, nenhum dos adesivos
mostrou valores de infiltração significantemente diferentes. Foram feitas
também avaliações quanto à penetração desses materiais, através da
microscopia eletrônica de varredura, em sete dentes humanos extraídos. Pôde-
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24
se observar que o uso da NaOCl removeu o colágeno, deixando a dentina
amolecida, mas nenhuma camada híbrida foi encontrada nas interfaces
dentina/adesivos nos diferentes espécimes.
ZMENER et al.
80
, ainda em 2004, investigaram in vitro as
propriedades de selamento de três materiais restauradores temporários: Cavit,
IRM e um cimento a base de policarboxilato, o Ultratemp Firm. Foram utilizados
45 dentes humanos, molares, seccionados 3mm abaixo da junção amelo-
dentinária e cujo acesso coronário à câmara pulpar, foi padronizado em todos
os espécimes, formando cavidades de aproximadamente 4x4mm. Em seguida,
a profundidade desse preparo foi mensurada, os dentes divididos
aleatoriamente em três grupos, e 5mm de cada material temporário foram
inseridos. Após estocagem por 48 h, em estufa a 37ºC, fez-se ciclagem
térmica, 500 ciclos em água destilada, variando de 5ºC a 55ºC, por 30 s cada
dente. Esses espécimes foram protegidos, antes da imersão do corante azul de
metileno a 2%, feita por 10 dias a 37ºC, com cera desde a região da junção
amelo-dentinária, até o ápice. Cinco dentes foram usados como controle
positivo, onde não se usou material temporário, e cinco como negativo, em que
além de não se aplicar nenhum material, aplicou-se uma camada de cera em
toda extensão dos dentes. A penetração do corante foi medida em mm, usando
estereomicroscópio. Os resultados revelaram que o grupo controle positivo
obteve total infiltração, e o negativo, nenhuma. Todos infiltraram na interface
dentina-esmalte, mas nenhuma diferença estatisticamente significante, foi
encontrada na infiltração marginal dos materiais testados, sendo que alguns
espécimes selados com IRM, absorveram corante em grande parte do material.
SHIPPER et al.
49
, em 2004, avaliaram a infiltração bacteriana do
estreptococcus mutans e do enterococcus faecalis, em canais obturados com
cones de guta percha e a base de polímero sintético termoplástico (Resilon),
usando duas técnicas de obturação (condensação lateral e vertical), num
período de 30 dias. Após eliminarem-se as porções radiculares dos dentes,
num total de 156, padronizou-se o comprimento radicular em 16mm,
instrumentou-se com o Sistema Profile e o terço apical, com instrumentos
manuais, até 1 mm do ápice. As irrigações intermediárias foram feitas com
NaOCl a 1,25%, e a final com 5ml de EDTA a 17%. Oito grupos de 15 dentes, e
três grupos controle (12 dentes) foram formados da seguinte forma: Grupo I e
____________________________________________________Revisão de Literatura
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25
II, obturados com guta e AH Plus, com condensação lateral e vertical, e grupos
III e IV, com guta e Epiphany, obturados da mesma forma. Grupos V e VI,
Resilon e Epiphany, variando também a técnica de obturação, e grupo VII e
VIII, da mesma forma que V e VI, só que, nestes últimos utilizou-se infiltração
do enterococcus faecalis e nos demais foi usado o estreptococcus mutans. Nos
dois grupos controle positivos usaram-se Resilon e guta percha, mas sem
cimentos, e no negativo apenas selou-se a câmara pulpar com cera antes do
teste. Os positivos infiltraram em 48 horas e no negativo nenhuma infiltração
ocorreu. Nos grupos obturados com guta percha, 80% dos espécimes
infiltraram, não importando o cimento, nem a técnica. Nos grupos com Resilon,
diferenças estatisticamente significantes foram encontradas, quando
comparadas aos demais, sendo sempre menores os valores de infiltração,
quando comparados aos com guta percha. Nenhuma diferença de infiltração foi
encontrada quando se variou o microrganismo, no grupo do Resilon, porém no
grupo com estreptococcus faecalis, a infiltração ocorreu mais cedo. Os autores
sugerem que testes in vivo sejam realizados.
MALONEY et al.
29
, em 2005, se propuseram a avaliar, o efeito da
termociclagem no cimento de ionômero de vidro, utilizado como barreira
coronária através do método de transporte de fluído. Foram utilizados 30
dentes unirradiculares, pré-molares, extraídos, sem fraturas e com
comprimento padrão de 18 mm. Após instrumentação manual, os canais foram
irrigados com 3ml de EDTA a 17%, e lavagem final com 3ml de NaOCl a
5,25%, os canais foram obturados com guta percha e o cimento Root 801, pela
técnica da condensação lateral, removeu-se o excesso de guta e o cimento
(4,5mm) e fez-se a limpeza dessa região com álcool a 70%, mantendo os
dentes em estufa por 3 sem. Em seguida, dividiram-se aleatoriamente os
espécimes, em três grupos de acordo com o material e espessura de barreira:
grupo I, 1 mm e grupo II, 2 mm de Triage, cimento de ionômero de vidro
modificado por resina, manipulado de acordo com instruções do fabricante e
inserido com seringa cêntrix, o grupo III não recebeu barreira e serviu como
grupo controle positivo. Após termociclagem de 500 ciclos (5
o
C/55
o
C), e
novamente examinados, um dente do grupo controle foi descartado por fratura.
Em seguida, os espécimes foram adaptados ao dispositivo de filtração de
fluído, selados com verniz, exceto 2mm do ápice, numa pressão de 10 psi,
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26
sendo testado cada dente três vezes. Observou-se que os dentes que sofreram
termociclagem da barreira infiltraram significantemente menos que os sem; não
houve diferença estatisticamente significante entre as espessuras de 1 e 2 mm,
e houve uma tendência de menos movimento de fluído quando uma barreira
mais espessa foi utilizada.
SOUZA et al.
54
, em 2005, visaram avaliar a microinfiltração
coronária, através do uso de corante, em dentes em que se realizou a remoção
da smear layer, por dois diferentes mecanismos: com EDTA a 17% e com Er:
YAG Laser, e que foram posteriormente selados na região da câmara pulpar,
com líquidos adesivos Single Bond e Super Bonder. Foram utilizados 94 dentes
humanos extraídos (caninos), instrumentados, irrigados com hipoclorito de
sódio 1% e finalizando com 10ml de água destilada, e divididos em 3 grupos,
de 30 dentes, de acordo com o material obturador: grupo 1, obturados pela
técnica de condensação vertical com AH Plus e guta percha, e que foram
também subdividido em três grupos de 10, de acordo com os selamento
coronários; com Single Bond, Super Bond e nenhum selamento onde foi
colocado, apenas bolinha de algodão e cimento temporário Coltosol; grupo 2,
os canais receberam irrigação adicional de 10ml de EDTA a 17%, finalizando
novamente com 10ml de água destilada, obturados e subdivididos e selados da
mesma forma; grupo 3, os espécimes receberam após irrigação com
hipoclorito, a aplicação final de Er:YAG Laser, em quatro aplicações com 30
segundos, de intervalo, num total de 48 segundos de aplicação. Nesse período
os canais estavam preenchidos com água destilada e deionizada. Novamente a
irrigação final foi feita da mesma forma, e os 30 dentes, subdivididos como os
anteriores. Após estocagem em estufa, por 1 sem, todos os espécimes foram
impermeabilizados com 3 camadas de adesivo a base de cianocrilato, exceto 1
mm das entradas dos canais. Dois dentes controle positivo e dois controle
negativo, onde se irrigou apenas com NaOCl a 1%, obturou apenas com guta
percha, e não se selou, sendo que no negativo os dentes receberam
impermeabilização total. O corante usado para imersão foi o Índia Ink por 90
dias. Em seguida, os espécimes foram descalcificados, desidratados, cortados
limpos e avaliados em microscópio. O grupo controle positivo teve maior valor
de infiltração; os grupos com EDTA e os tratados com Laser, tiveram valores
similares entre si, e os selados com líquidos adesivos, tiveram
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27
significantemente redução da infiltração coronária quando comparados com os
demais, sendo que o Super Bond mostrou-se mais efetivo que o Single Bond.
Nenhuma das técnicas reduziu 100% o risco de infiltração após 90 dias.
CHERSONI et al.
11
, em 2005, avaliaram a permeabilidade de
diferentes sistemas adesivos, convencionais e simplificados, quando aplicados
na dentina radicular de 38 dentes, unirradiculares, tratados endodonticamente,
obturados pela técnica da condensação vertical com guta percha e cimento
CRCS. Após a obturação, os canais foram preparados para receberem um pino
de fibra de vidro, radiopaco, removendo-se parte da obturação; então a dentina
nesta região foi limpa e avaliada em microscopia para certificar se estava livre
de restos de materiais e através de radiografias observou-se nesta região, pelo
menos, cerca de 1,5mm espessura de parede dentinária. Quatro sistemas
adesivos foram testados: All-Bond 2, um convencional de três passos; Single
Bond e One-Step Plus, ambos simplificados de dois passos; Tyrian SPE/One-
Step Plus e One–Up Bond F, simplificados de passo único. Todos foram
aplicados e polimerizados. Imediatamente após, uma moldagem foi realizada,
com um material de impressão, polivinilsiloxano; após 24 horas, foi obtida
então, a partir desta, uma réplica em positivo com outro material, o poliéter.
Essas réplicas foram hemi-seccionadas, preparadas e ao exame de
microscopia eletrônica, observou-se: diferentes formações em forma de gotas
de fluídos, sendo que o All-Bond 2 exibiu significantemente menos formações
que os outros 5 grupos, não havendo porém entre esses, diferenças
significantes.
GARCÍA-GODOY et al.
17
, em 2005, avaliaram a formação de
camada híbrida e potencial de nanoinfiltração, após irrigação dos canais
radiculares, durante a instrumentação com soluções de EDTA a 17%, MTDA
Biopure e solução salina pura, por 5 min., e posterior obturação com cimento
hidrofílico a base de metacrilato, Endorez, em conjunto com guta percha,
injetado 2 a 3mm do comprimento de trabalho. Após limpeza da região
coronária e confirmação radiográfica, um adesivo Xeno III, foi aplicado no
intraorifício do canal, fotopolimerizado e seguido pela aplicação de um civ Fuji
Triage Pink Capsule. Os espécimes foram mantidos em 37
0
C e 100% de
umidade relativa por 24 horas. Em seguida, fez-se a avaliação dos espécimes,
nos terços coronários, médios e apicais, em microscopia eletrônica de
____________________________________________________Revisão de Literatura
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28
transmissão e observou-se que os dois irrigantes, EDTA e MTDA removeram
detritos de até 2µm de smear layer, mas que a camada híbrida formada pelo
MTDA era mais fina que a formada pelo EDTA, sendo que os dois causam
desmineralização das matrizes de colágeno da dentina radicular, que pode
causar colapso e permitir uma ótima infiltração do cimento nas paredes do
canal.
Baseando-se na importância do selamento dos orifícios na
embocadura dos canais radiculares após tratamento endodôntico, visando
impedir a penetração de bactérias, caso haja uma perda ou infiltração na
restauração temporária, JENKINS et al.
24
, em 2006, realizaram um estudo,
investigando a habilidade de selamento de três materiais restauradores
temporários, em quatro diferentes espessuras, após obturação dos canais.
Foram utilizados 130 dentes unirradiculares, que depois do devido preparo:
remoção de detritos orgânicos, corte da porção coronária, instrumentação e
obturação pela técnica da condensação lateral com guta percha aquecida e
Termaseal Plus, foram divididos de maneira aleatória, em 12 grupos, de 10
dentes cada, e dois grupos controle, de acordo com o material selador
utilizado: ProRoot MTA, Tetric ou Cavit, nas espessuras de 1, 2, 3 e 4 mm.
Uma camada de esmalte cosmético foi colocada por toda extensão da raiz.
Cinco dentes fizeram parte do grupo controle positivo, instrumentados e
obturados com guta percha sem que se utilizasse o verniz, e cinco do negativo,
onde não se aplicou o verniz em toda sua extensão, incluindo o orifício. As
amostras foram imersas em corante Índia Ink, submetidas a uma pressão de 75
rotações por 35 min e ficando imersos por mais sete dias, foram lavadas, em
seguida, fez-se a remoção do corante, e desmineralização em ácido nítrico a
5%, por cinco dias. Após isso, foram estocados individualmente em 5ml de
álcool a 80% por 12 horas, e recolocadas e álcool a 100% por mais 2 horas.
Para completar o processo, as raízes foram estocadas em 6ml de solução de
metilsalicilato. Os espécimes foram então observados e a infiltração mensurada
com um estereomicroscópio (10x), indicando que o Tetric tem potencial maior e
significantemente melhor, de prevenir a infiltração do que os outros dois
materiais, quando usado como barreira adicional, entretanto esse estudo foi
feito por apenas 7 dias e não se observaram diferenças significantes de
selamento, em relação às espessuras da barreira.
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
29
STRATTON et al.
55
, em 2006, tiveram como objetivo comparar in
vitro, a capacidade de selamento do AH Plus e guta percha, em relação ao
Epiphany e Resilon, variando apenas o agente irrigador final. Cento e quarenta
dentes foram empregados, o comprimento de trabalho foi estabelecido a 1mm
do ápice, e os canais instrumentados com o Sistema Profile , e o batente
definido com a lima n
o
50 Flex-R. A porção coronária (6mm) do canal foi
preparada com broca de Gates Glidden n
o
2 e 4. Durante a instrumentação 3mL
de NaOCl a 4,25%, foi usada entre cada instrumento, sendo a irrigação final
feita com 3mL de EDTA a 17%, por 3 min, seguido por 3ml de NaOCl por mais
3 minutos. Em seguida, dividiram-se os espécimes em três grupos de 40,
sendo que 20 dentes serviram como controle, de acordo com a solução
irrigadora, sempre 3mL por 10 minutos: grupo I, NaOCl a 5,25%; grupo II,
glucanato de clorexidina a 0,12% e grupo III, glucanato de clorexidina a 2%.
Após secagem, cada grupo foi subdividido em dois, em que no subgrupo A,
obturou-se com guta e AH Plus, e no subgrupo B, com Epiphany e Resilon.
Dez espécimes do grupo controle foram obturados apenas com Resilon, e dez,
apenas com Guta percha. O grupo controle negativo foi um tubo de aço,
obturado com resina acrílica. Até a realização dos testes os dentes ficaram
estocados em estufa a 100% de umidade relativa e a 37ºC, por 20 dias, para
completa secagem dos cimentos. Para medição da capacidade de selamento,
o método de transporte de fluído foi utilizado, numa pressão de 10psi. Nessas
condições encontrou-se que os grupos com Epiphany e Resilon, apresentaram
significantemente melhor capacidade seladora que os outros, não sendo
encontrada nenhuma diferença significante, quando se variou a solução
irrigadora.
TUNGA; BODRUMLU
65
, em 2006, avaliaram in vitro a capacidade de
selamento do cimento endodôntico resinoso Epiphany, usado em conjunto com
o cone resinoso Resilon, com a dos cimentos endodônticos AH Plus e AH 26,
ambos usados com guta percha. A avaliação foi feita através do método de
filtração de fluído. Sessenta e seis dentes humanos unirradiculares, foram
seccionados na junção cemento-esmalte, instrumentados a 1mm do ápice com
limas tipo K, n
o
40, pela técnica step-back e o terço coronário das raízes, foi
instrumentado com brocas Gates Glidden n
o
2 a 6. Em seguida, após irrigação
com 10mL de NaOCl a 5,25%, fez-se irrigação final com 10ml de EDTA a 17%,
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
30
secagem e obturação pela técnica da condensação lateral, com os referidos
cimentos, formando três grupos de 18 espécimes cada, seguindo as instruções
dos fabricantes. As amostras foram então mantidas em solução salina a 37ºC,
por 48 horas, e a infiltração foi então mensurada por 3 horas, de hora em hora,
numa pressão de 1,2 atm. Os resultados indicaram que a menor infiltração foi
obtida com o Epiphany e Resilon, com diferenças estatisticamente significantes
entre os grupos, sendo que o AH 26, apresentou maiores valores de infiltração.
BIGGS et al
6
, também em 2006, compararam in vitro a habilidade de
selamento do Epiphany e Resilon, com a dos cimentos AH Plus e Roth canal,
em associação com guta percha, medindo a infiltração através do método de
filtração de fluído. Noventa e seis dentes humanos, unirradiculares, tiveram
suas coroas removidas, foram instrumentados a 1 mm do ápice, com limas tipo
K até o tamanho 90, padronizando a porção coronária da raiz com brocas
Gates Glidden n
o
2, 3 e 4. Os canais foram irrigados com NaOCl a 2,6% após
cada instrumento. Grupos de 12 espécimes cada foram formados, estocados
em água estéril, e após a obturação procederam-se as medições realizadas
inicialmente após 24 h, e depois com 1 sem, 2 sem, 30 dias e 90 dias. Nesse
período, os dentes ficaram armazenados a 37ºC, em solução de saliva artificial.
As obturações, sempre pela técnica da condensação lateral, distribuiram-se da
seguinte forma: grupo I, Epiphany + Resilon, polimerizado por 40 seg; grupo II,
Roth canal + guta percha, ficando incubados a 37ºC, por 3 semanas até a
primeira medição; grupo III, igual ao 2, sendo que se mediu a infiltração logo
após a obturação, sem esperar a presa final do cimento; grupo IV, igual ao I, só
que obturados pela técnica do cone único; grupo V, como o I, só que sem
primer e sem cimento, serviu como controle positivo; grupo VI, AH Plus + guta
percha, sendo o teste realizado imediatamente após obturação; grupo VII,
como o VI, só que depois os dentes ficaram estocados por 8 horas em estufa a
37ºC, até o primeiro teste e grupo VIII, como o I, sendo que a superfície
externa da raiz foi coberta com três camadas de verniz e serviu como controle
negativo. Obtiveram-se os seguintes resultados em relação à capacidade de
selamento: o grupo V, Resilon/Epiphany sem cimento e sem primer infiltrou
significantemente mais que os demais grupos; a menor infiltração foi obtida no
grupo controle negativo; não houve diferença nos valores de selamento entre o
grupo VI, em que se mediu imediatamente e o VII, nem entre os grupos II e III,
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
31
apesar dos valores terem sido altos e finalmente, o Resilon + Epiphany foram
equivalentes, mas não superiores aos demais cimentos e guta percha, sendo
significantemente iguais no caso do AH Plus + guta percha.
PITOUT et al.
38
, em 2006, tiveram como objetivo comparar in vitro a
microinfiltração de canais obturados com o Sistema Resilon/Epiphany, com a
de canais obturados com guta percha e cimento Roth, através de duas técnicas
obturadoras, a de condensação lateral e a Sistema B. Cento e dez dentes
humanos unirradiculares tiveram a porção coronária removida; foram
instrumentados com o Sistema Profile, irrigados com NaOCl a 5%, com EDTA
a 17% e finalmente com água deionizada. Em seguida foram divididos em 4
grupos de 20 dentes e dois controles de 5 dentes cada, um positivo e um
negativo. O grupo I, foi obturado pela técnica de condensação lateral com guta
percha e cimento Roth e o II também, só que pelo Sistema B; o grupo III pelo
sistema Epiphany pela técnica de condensação lateral e o IV pela outra
técnica. Os espécimes foram cobertos com esmalte cosmético, deixando 2mm
do ápice e a porção coronária descobertos, e então adaptados a um dispositivo
de teste bacteriológico, contendo enterococcus faecallis, mantidos assim por 3
meses, a 37
0
C, e avaliados periodicamente, quando então o crescimento
bacteriano foi verificado, encontrando-se os seguintes resultados: nenhuma
diferença significante entre os cimentos e entre as diferentes técnicas. Em
seguida o teste de infiltração com corante Índia foi realizado, deixando os
espécimes imersos por 72h, antes de seccioná-los no longo eixo. A leitura foi
feita num estéreo microscópio (aumento de 8x) e avaliados por escores pré-
estabelecidos. Nenhuma diferença significante foi encontrada entre o grupo
com guta percha + cimento e o com Epiphany pela técnica da condensação
lateral ou pelo Sistema B. Os dois materiais apresentaram valores de
selamento similares.
BARTHEL et al.
3
, em 2006, avaliaram a capacidade de selamento a
longo prazo de 130 dentes humanos, unirradiculares, obturados e selados com
materiais restauradores temporários e sistemas adesivos, através de um teste
de infiltração bacteriana. Os dentes foram seccionados na porção coronária e
então se padronizou o comprimento radicular em 14mm. Cavidades de 3mm X
2.5mm foram preparadas na porção coronária das raízes. A instrumentação foi
realizada pela técnica step-back, os canais irrigados com NaOCl a 2,5% e
____________________________________________________Revisão de Literatura
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
32
como irrigante final usou-se EDTA a 5%. Cinco dentes foram obturados pela
técnica da condensação lateral com AH 26 e guta percha e não foram selados;
três foram obturados da mesma forma e completamente cobertos de cera e
serviram com controle negativo, e dois não foram obturados nem selados e
serviram como grupo controle positivo. Os outros cento e vinte espécimes
foram obturados da mesma forma, e então divididos em seis grupos de vinte,
de acordo com o material utilizado no selamento: Grupo I, New Bond (adesivo)
+ Clearfil (resina); Grupo II, Optibond Solo (adesivo) + CoreRestore (resina);
Grupo III, Ketac Fil (civ); Grupo IV, IRM (cimento de óxido de zinco eugenol
reforçado). Dois grupos experimentais foram selados com IRM e Ketac Fil,
sendo que antes foi aplicada uma fina camada de cera na abertura dos canais
obturados. Em seguida, todas as raízes foram cobertas com cera exceto à
1mm do ápice, esterelizadas em óxido etileno, e 5mm das raízes foram imersas
em tubos de polietileno contendo 10 ml de solução estéril. Na superfície da
câmara foi aplicado 3ml de um caldo contendo Staphylococus epidermidis e
streptomicina, sendo mantidos em estufa a 37
O
C, por 1 ano, sendo nos
primeiros três meses verificadas, três vezes por semana, a ocorrência de
turbulência que indicaria crescimento bacteriano, e a partir do quarto mês
verificada apenas de quarto em quatro semanas. Nenhuma diferença
significante de infiltração foi encontrada entre os grupos no final dos 12 meses.
No início do experimento o IRM apresentou a pior performance e o Clearfil o
material que nos dozes meses apresentou melhores resultados.
3. PROPOSIÇÃO
__________________________________________________________Proposição
_______________________________________________Cristiane M. de A.. Nishiyama
35
3 - PROPOSIÇÃO
Em vista da revisão bibliográfica realizada, consultando importantes
trabalhos publicados sobre a possibilidade de infiltração pelos canais
radiculares tratados endodonticamente, iniciadas nas cavidades coronárias,
resolvemos elaborar o presente trabalho, com o intuito de:
avaliar in vitro a infiltração via coronária permitida por canais obturados tendo-
se realizado os seguintes tratamentos: Sistema Epiphany (cone Resilon +
cimento resinoso) e obturados com cones de guta-percha + cimento AH Plus e
selados intracoronariamente com os seguintes materiais: sistema adesivo
Adper Scothbond-Multi-Purpose; Sistema adesivo Adper Single Bond 2 e
material restaurador imediato - IRM, utilizando-se para avaliação da eventual
infiltração o sistema de transporte de fluído, aplicado em diferentes períodos de
tempos (15, 30 e 60 dias), testando a hipótese nula de que não há diferença
entre os valores de filtração dos materiais avaliados nos diferentes períodos.
4. MATERIAIS E MÉTODO
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
39
4 - MATERIAIS E MÉTODO
4.1 - OBTENÇÃO DOS ESPÉCIMES
Este trabalho foi aprovado em 22/02/2006, pelo Comitê de Ética
em Pesquisa desta Faculdade, e tem o seguinte número de processo:
144/2005 (ANEXO 1). Foram utilizadas 40 raízes, unirradiculares, de dentes
humanos, incisivos superiores, coletados no Centro de Urgência da FOB-USP,
após o esclarecimento e livre-consentimento dos doadores (ANEXO 2),
também de acordo com a resolução do Comitê de Ética em Pesquisa da FOB-
USP.
4.2 - PREPARO DOS ESPÉCIMES (FIGURA 1)
Os dentes, logo após a extração foram estocados, ficando por um
mês, em solução de formol a 2%, pH 7,0, preparado com tampão fosfato,
fornecida pelo Departamento de Bioquímica da FOB-USP. Em seguida,
procedeu-se a remoção, de tecidos moles e cálculos, para então, serem
armazenados em solução fisiológica com timol a 0,1%, trocada mensalmente, e
mantida sob refrigeração em câmara fria entre 0
0
C e 8
0
C, até o início do
experimento.
Os dentes foram fixados com godiva termoativada em uma placa de
acrílico (40x40x5mm), a qual foi acoplada numa máquina de corte (modelo 650,
SBT- South Bay Technology inc., USA), e a porção coronária de cada dente foi
então removida na junção amelo-dentinária, com um disco adiamantado, em
baixa velocidade, sob refrigeração, tendo a porção radicular sido cortada com o
mesmo aparelho na porção apical, mantendo o comprimento padronizado em
10mm. O preparo e obturação dos canais radiculares foram realizados, sempre
pelo mesmo operador, iniciando-se pela localização dos canais com lima K
n
o
15 (Maillefer, Ballaigües, Suíça), determinação do comprimento real de
trabalho, padronização do forame apical em toda sua extensão até lima K n
o
30. Quando o diâmetro anatômico do forame era maior que o dessa lima, a raiz
era descartada. Inicialmente brocas de Gates-Glidden n
o
3 e 4 (Maillefer,
Ballaigües, Suíça) foram usadas na porção coronária do canal (4mm) visando
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
40
padronizar essa região, onde seria colocado posteriormente o material selador.
A instrumentação dos canais foi realizada por meio da técnica escalonada
regressiva
25
, estabelecendo-se o degrau apical da instrumentação a 1mm
aquém da extensão total e tendo como instrumento de memória a lima K n
o
50,
e escalonando até a lima K n
o
80. Ao final, a lima K n
o
30 foi introduzida no
comprimento real da raiz para remoção de raspas de dentina oriundas do
preparo biomecânico, promovendo assim a limpeza do forame. A cada troca de
instrumento, os canais foram irrigados com solução de NaOCl a 2,5% (Myako
do Brasil Ind. e com.ltda., São Paulo, Brasil) cerca de 2mL, neutralizados com
5mL de soro fisiológico. Terminada a instrumentação os canais preparados
foram inundados com EDTA a 17% por 3 min (Biodinâmica Química e
Farmacêutica Ltda., Ibiporã, Brasil), para remoção da smear layer, finalizando
novamente com irrigação com 5mL de soro fisiológico, sendo posteriormente
secos com pontas de papel absorvente n
o
50 (Dentsply Latin America). Os
espécimes foram então divididos inicialmente em dois grupos de acordo com
cada material obturador empregado (Tabela 1):
Grupo I (30 raízes) - cone de guta percha + cimento AH Plus
(cimento a base de resina epóxica) - (Dentsply - De Trey- Konstanz –
Germany).
Grupo II (10 raízes)- Sistema Epiphany (cone Resilon + adesivo +
cimento resinoso) - Soft Resin Endodontic Obturation System ( Pentron Clinical
Technologies, Wallingford, CT, USA).
Os dentes do grupo I foram obturados pela técnica do cone único, na
qual se levou o cimento, antes ao canal com ajuda de uma espiral Lentullo n
o
4
(Maillefer, Ballaigües, Suíça), acionada por seis vezes, e então se introduziu o
cone principal n
o
50 (Maillefer, Ballaigües, Suíça). Após a verificação do
extravasamento do cimento o excesso no ápice foi removido por meio de gaze.
O excesso dos cones foi cortado 4mm abaixo da abertura cervical, com auxílio
de um calcador endodôntico aquecido, e a limpeza final da câmara coronária,
efetuada com bolinhas de algodão e álcool absoluto.
Os dentes do grupo II foram obturados segundo instrução dos
fabricantes para esse sistema: aplicação do Epifhany self-etching primer nas
paredes do canal, com pincel, remoção dos excessos com pontas de papel
absorvente, colocação do Epifhany sealer, com uma espiral Lentullo n
o
4, e
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
41
finalmente, um cone principal de resina (Resilon), foi inserido no comprimento
de trabalho. Todo o sistema teve a ativação realizada imediatamente com luz
de lâmpada halógena por 40 segundos (Degulux soft star- Degussa – Hüls
AG).
Os espécimes do grupo I foram subdivididos de forma aleatória, em
três grupos de 10, de acordo com os materiais utilizados no selamento
intracoronário imediato, da seguinte forma:
Grupo I A (10 espécimes)- Selamento provisório com cimento de
óxido de zinco e eugenol reforçado - IRM (Dentsply - Brasil)
Grupo I B (10 espécimes)- Selamento com Adper Scothbond Multi
Purpose Plus (3M ESPE- USA)
Grupo I C (10 espécimes)- Selamento com Adper Single Bond 2 (3M
ESPE- USA)
Os dez espécimes do Grupo II não receberam nenhum material
selador coronário, sendo feita apenas a fotopolimerização do sistema obturador
(cimento + cone resinoso) no final da obturação, segundo indicação do
fabricante.
Os materiais para o selamento intracoronário, foram manipulados de
acordo com a indicação do fabricante, e aplicados no assoalho da câmara
pulpar, numa espessura de 4mm, da seguinte forma:
Grupo I A- IRM: uma porção de pó para uma gota de líquido,
espatulação e inserção com instrumento manual e condensação com bolinha
de algodão;
Grupo I B- Adper Scothbond Multi Purpose Plus (3M ESPE - USA) -
ataque da superfície com ácido fosfórico a 37% (Condicionador Dental Gel -
Dentisply Latin América) por 15 seg, lavagem com água deionizada por 15 seg,
secagem com papel absorvente, aplicação do primer, secagem levemente com
jato de ar por 5 seg, aplicação de duas gotas do adesivo, fotoativação por 10
seg, seguida quando necessário pela aplicação de mais duas gotas e nova
fotoativação; pois segundo estudo feito por ZAIA, et al.
79
, em 2002, duas gotas
deste adesivo equivalem após polimerizadas a uma camada de
aproximadamente 2mm de espessura deste material;
Grupo I C- Adper Single Bond 2 (3M ESPE- USA) - ataque da
superfície com ácido fosfórico à 37% por 15 seg, lavagem por 15 seg.,
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
42
aplicação do adesivo em duas camadas consecutivas, espera por 15 seg. para
evaporação do solvente, fotoativação por 10 seg.
Grupo II- como referido acima, as raízes deste grupo não receberam
material selador coronário, sendo cortado o cone resinoso na entrada do
orifício do canal radicular antes da fotoativação.
____________________________________________________Materiais e Método
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43
FIGURA 1 – Fluxograma – Preparo dos Espécimes
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
44
4.3 - SISTEMA DE FILTRAÇÃO DE FLUÍDO
O sistema de filtração de fluído (FIGURA 2) foi usado para avaliar
longitudinalmente a qualidade de selamento dos espécimes, através das
medições de filtração, inicialmente após 15 dias, e após 30 e 60 dias. Durante
estes períodos, os espécimes ficaram armazenados em estufa com 100% de
umidade relativa e a 37
0
C.
Os dispositivos utilizados para adaptação dos espécimes,
representam a parte final do sistema de medição e ficam conectados ao
mesmo por meio de capilares de polietileno. Os espécimes foram adaptados
tendo a porção coronária dos segmentos radiculares centralizadas em uma
plataforma de acrílico transparente de 2 X 2 X 0,7 cm com um adesivo à base
de cianoacrilato (Adesivo Instantâneo Super Bonder - Loctite Henkel Ltda.,
Itapevi, Brasil). Nessa plataforma, foi feito inicialmente um orifício central,
coincidindo com a abertura na câmara pulpar do espécime, de diâmetro
compatível com o de uma agulha de aço inoxidável (Agulha descartável 20x40,
gauge 18, BD Indústrias Cirúrgicas Ltda., Curitiba, Brasil), aproximadamente
0.1014 cm de diâmetro, que após a remoção do seu bisel, foi justaposta ao
orifício, e também fixada com a mesma cola, tendo-se cuidado para que não
penetrasse na região cervical ou na luz dos capilares e não se obstruisse a
leitura nos espécimes. Um tubo de gauge 18 (Sistema Capilar de Polietileno -
CPL Medicals Produtos Médicos Ltda., São Paulo, Brasil) foi conectado a essa
agulha e a uma micropipeta que tinha um comprimento de 65 mm, com um
volume total interno de 25 µL (MICROCAPS – Drummond Scientific Co. -
EUA). A avaliação da microinfiltração era obtida pela medida do deslocamento
da bolha de ar colocada dentro da pipeta e que podia se movimentar em frente
a uma pequena régua milimetrada, conforme o fluido fosse passando pelo
conjunto, em direção ao espécime, em função de um tempo (de 2 em 2 min até
um total de 8 min). A penetração de fluído nos espécimes, ou seja, a
microinfiltração nos materiais seladores provisórios, é expressa em microlitros
por minuto, após se realizar as médias nos referidos tempos, e as conversões
necessárias. Cada mm de deslocamento da bolha na micropipeta, equivale a
0.38 µL de água. Durante a medição, os espécimes ficaram imersos em água
deionizada, num béquer de 200mL, evitando assim a desidratação da dentina.
Todo o sistema também ficou preenchido por água deionizada, numa pressão
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
45
constante de 7.4psi.
FIGURA 2 – Sistema de filtração de fluídos
Agulha de
gauge 18
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Micropipeta de 25µl / 65ml
Adesivo à
base de
cianoacrilato
Câmara de
Pressão
g
ua milimetradada
Bolha de a
r
Pressão
7.4 psi
Microseringa para introduzir a
bolha
Raízes com canais obturados
e selamento intracoronário
(imersos em água deionizada)
____________________________________________________Materiais e Método
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46
4.4 - COMPONENTES DO SISTEMA DE FILTRAÇÃO DE FLUÍDO
4.4.1 Cilindro de Oxigênio
O cilindro de metal contendo oxigênio (Cilindro de Oxigênio, White
Martins, São Paulo, Brasil) possui uma válvula para liberação do oxigênio e
dois manômetros. Um serve para indicar a pressão interna do tubo, ou seja, a
quantidade de oxigênio existente e o outro, para estabelecer a pressão que
será utilizada no circuito, e que será responsável pela movimentação da bolha
no sistema.
4.4.2. Sistema Capilar de polietileno
Todo o circuito é composto por um sistema de capilares interligados,
que fazem conexão entre a câmara de pressão, a micropipeta, os espécimes e
a seringa.
4.4.3. Câmara de Pressão
Recebe o oxigênio pressurizado do cilindro de metal e possui no
interior um béquer contendo água deionizada, onde fica imersa uma
extremidade do capilar de polietileno, que conduzirá essa água, sob pressão,
do béquer para o restante do circuito. Quando necessário o volume da água
era reposto. Na região superior da câmara, existe uma válvula que permite a
descompressão do sistema, quando necessário. A câmara de pressão utilizada
neste estudo foi uma panela de pressão adaptada pelo Setor de Mecânica da
Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo, Bauru,
São Paulo, Brasil.
4.4.4. Micropipeta de vidro e régua milimetrada
Uma micropipeta de 65mm de comprimento e de 25µL de volume
interno, justaposta a uma régua milimetrada, serve para medir num período de
tempo determinado o deslocamento do líquido, através da movimentação de
uma bolha de ar que se movimenta dentro da pipeta, introduzida no sistema
por uma micro-seringa.
O movimento linear da bolha de ar representa o deslocamento
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
47
volumétrico do líquido no interior dos espécimes, sendo expresso em µL/min. A
distância percorrida pela bolha e o tempo gasto para tal, fornecem os cálculos
da filtração. Para cada espécime, em cada período de tempo (15, 30 e 60 dias),
foram feitas quatro medições num intervalo de 2 em 2 minutos, sendo então
calculadas as médias.
4.4.5. Micro-seringa (Syringe Látex free luer-lux- Becton, Dickinson & Co
Franklin Lates, NJ, USA)
Localizada entre o capilar de vidro e o espécime, possui um
reservatório de água deionizada (60 mL) e um êmbolo. É com esse conjunto
que se faz a movimentação da bolha de ar no sistema, posicionando-a na
região da micropipeta para realizarem-se as medições.
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
48
4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS
Com o objetivo de comparar se existiram diferenças
estatisticamente significantes, entre os valores médios de filtração para os
diferentes materiais testados entre si e nos diferentes períodos de tempo,
realizou-se a análise estatística dos resultados, com a aplicação de testes não
paramétricos: Kruskal-Wallis e Friedman. Para comparações múltiplas entre os
grupos, quando se encontravam diferenças estatisticamente significantes,
utilizou-se o teste de Dunn.
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
49
TABELA 1 - Materiais Testados –
MATERIAIS COMPOSIÇÃO
Cimento AH Plus-
Dentsply -DeTrey Konstanz-
Germany
Pasta epóxi – resinas epóxicas; tungstato de cálcio;
óxido de zircônio; sílica e pigmentos de óxido de ferro.
Pasta amina – aminas; tungstato de cálcio; óxido de
zircônio; sílica e óleo de silicone.
Epiphany- Soft Resin
Endodontic Obturation
System- Wallingford, USA
Pasta – resinas UDMA (uretano dimetacrilato);
PEGMADMA; EBPADMA; BIS-GMA (bisfenol
glicidilmetacrilato) ; sulfato de bário; sílica; hidróxido de
cálcio; bismuto; aminas; peróxidos; fotoiniciador e
pigmentos.
Cone resinoso-Resilon –polímero sintético termoplástico
(poliéster)- bismuto; sulfato de bário e vidro bioativo.
Resilon Primer –canforoquinona; água; AMPS; HEMA
(hidroximetilmetacrilato); monômeros resinosos.
Adesivo Adper Scothbond-
Multi-Purpose -3M
ESPE - USA
BIS-GMA; HEMA (hidroximetilmetacrilato); aminas
Primer Adper Scothbond-
Multi-Purpose- 3M ESPE- USA
HEMA (hidroximetilmetacrilato); copolímero de ácido
polialcenóico.
Adper Single
Bond 2
3M - USA
BIS-GMA; HEMA (hidroximetilmetacrilato); copolímero
de ácido acrílico; diuretano dimetacrilato; glycerol 1; 3
dimetacrilato; etanol; silano tratado com filler de sílica
ácido itocônico
IRM-Material Restaurador
Imediato-Dentsply Brasil
Pó-óxido de zinco e polimetacrilato de metila
Líquido - eugenol (99,5%) e ácido acético (0,5%)
Guta-percha Pontas-Dentsply
Latin America
Óxido de zinco; pigmentos orgânicos e guta percha.
____________________________________________________Materiais e Método
_______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
50
Tabela 2 - Identificação do lote e prazo de validade dos principais materiais
MATERIAIS LOTE VENCIMENTO
Cimento AH Plus-
Dentsply DeTrey AG, Gm
Konstanz
0603002042
2008/02
Epiphany-Soft Resin
Endodontic Obturation
System- Wallingford, USA
Pasta-00187
Cone-724
Primer-00188
2008/05
Adesivo Adper Scothbond-
Multi-Purpose- 3M-ESPE-
USA
4NT
2007/06
Primer Adper Scothbond-
Multi-Purpose- 3M ESPE-
USA
4AN
2007/05
Adper Single Bond 2- 3M-
ESPE- USA
6GA 2009/01
Condicionador Dental Gel –
Dentisply Latin America
391978
2008/07
IRM-Material Restaurador
Imediato - Dentisply Brasil
567777
2009/05
Guta-percha Pontas-
Dentisply Latin America
565358
2010/03
5. RESULTADOS
__________________________________________________________Resultados
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
53
5 - RESULTADOS
Os dados observados em função do deslocamento da bolha de ar em
cada avaliação foram somados com base nos tempos e materiais estudados.
Os resultados verificados permitiram obter valores médios de cada período
estudado.
A TABELA 3 acolhe os valores médios da distância (em mm)
percorrida pela bolha de ar no período de 8 minutos do Grupo IA, e suas
respectivas médias, onde foram empregados o cimento AH Plus + guta percha
e selamento com IRM, nos diferentes períodos propostos na metodologia.
Tabela 3 – Valores médios da distância (em mm), percorrida pela bolha de ar nos períodos de
15, 30 e 60 dias e suas respectivas médias no Grupo IA (Cimento AH Plus + Guta-percha e
selamento com IRM)
Espécime 15 dias 30 dias 60 dias
1
14,00 10,75 11,00
2
1,00 0,75 0,75
3
0,75 8,75 63,75
4
1,25 2,75 3,75
5
5,50 12,50 4,25
6
1,00 1,50 1,50
7
0,50 0,50 1,75
8
0,75 29,50 95,75
9
0,25 2,00 1,63
10
1,25 2,75 0,25
Média 2,63
a
7,18
a
18,44
a
*Letras diferentes demonstram diferenças estatisticamente significantes entre os diferentes
tempos para o Grupo IA.
Segundo o Teste de Friedman, os valores das médias de filtração do
Grupo IA, não apresentaram diferenças estatisticamente significantes
(ρ=0,367), nos diferentes tempos testados, considerando ρ 0,05.
__________________________________________________________Resultados
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
54
A TABELA 4 acolhe os valores médios da distância (em mm)
percorrida pela bolha de ar no período de 8 minutos do Grupo IB, e suas
respectivas médias, onde foram empregados o cimento AH Plus + guta percha
e selamento com sistema adesivo Adper Scothbond Multi Purpose Plus, nos
diferentes períodos propostos na metodologia.
Tabela 4 – Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar nos períodos de
15, 30 e 60 dias e suas respectivas médias, no Grupo IB (Cimento AH Plus + Guta-percha e
selamento com sistema adesivo Adper Scothbond Multi Purpose Plus)
Espécime 15 dias 30 dias 60 dias
1
0,75 21,00 25,00
2
0,75 0,00 0,00
3
0,50 0,75 1,50
4
0,75 0,50 1,25
5
0,50 5,00 3,75
6
0,50 1,25 1,25
7
6,50 7,50 3,75
8
1,75 0,75 0,50
9
1,50 0,50 1,25
10
1,50 0,25 0,00
Média 1,50
a
3,75
a
3,83
a
*Letras diferentes demonstram diferenças estatisticamente significantes entre os diferentes
tempos para o Grupo IB.
Segundo Teste de Friedman, os valores das médias de filtração do
Grupo IB não apresentaram diferenças estatisticamente significantes (ρ
=1,000), nos diferentes tempos testados, considerando ρ 0,05.
__________________________________________________________Resultados
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
55
A TABELA 5 acolhe os valores médios da distância (em mm)
percorrida pela bolha de ar no período de 8 minutos do Grupo IC, e suas
respectivas médias, onde foram empregados o cimento AH Plus + guta percha
e selamento com sistema adesivo Adper Single Bond 2, nos diferentes
períodos propostos na metodologia.
Tabela 5 – Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar nos períodos de
15, 30 e 60 dias, e suas respectivas médias, no Grupo IC (Cimento AH Plus + Guta-percha e
selamento com sistema adesivo Adper Single Bond 2)
Espécime 15 dias 30 dias 60 dias
1
0,25 21,75 20,25
2
0,00 0,25 3,00
3
0,75 1,00 0,50
4
0,00 0,00 0,25
5
0,00 0,00 1,75
6
0,00 0,00 8,00
7
0,00 0,50 0,25
8
0,00 0,30 0,37
9
0,00 0,00 0,75
10
0,00 1,00 0,25
Média 0,10
a
2,48
b
3,54
c
*Letras diferentes demonstram diferenças estatisticamente significantes entre os diferentes
tempos para o Grupo IC.
Segundo o Teste de Friedman, os valores das médias de filtração do
Grupo IC apresentaram diferenças estatisticamente significantes (ρ=0,013),
nos tempos de 15 e 60 dias, 15 e 60 dias e de 30 e 60 dias, considerando ρ
0,05.
__________________________________________________________Resultados
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
56
A TABELA 6 acolhe os valores médios da distância (em mm)
percorrida pela bolha de ar no período de 8 minutos do Grupo II, e suas
respectivas médias, onde os canais foram obturados com Sistema Epiphany,
sem nenhum material selador coronário, nos diferentes períodos propostos na
metodologia.
Tabela 6 – Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar nos períodos de
15, 30 e 60 dias, e suas respectivas médias, no Grupo II (Sistema Epiphany)
Espécime 15 dias 30 dias 60 dias
1
2,50 0,00 4,50
2
1,00 2,25 11,75
3
0,66 1,00 3,00
4
0,00 0,30 1,75
5
2,00 6,25 19,75
6
1,75 0,75 4,50
7
0,25 23,75 55,00
8
0,50 0,75 6,25
9
0,50 0,50 1,25
10 0,00 1,00 2,50
Média 0,92
a
3,66
a
11,03
b
*Letras diferentes demonstram diferenças estatisticamente significantes entre os diferentes
tempos para o Grupo II.
Segundo o Teste de Friedman, os valores das médias de filtração do
Grupo II apresentaram diferenças estatisticamente significantes (ρ=0,0002),
nos tempos de 15 e 60 dias, e de 30 e 60 dias, considerando ρ 0,05
__________________________________________________________Resultados
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
57
Os valores médios de filtrações dos Grupos IA, IB, IC e II, foram
submetidos ao Teste de Kruskal-Wallis, para comparação entre os grupos nos
diferentes tempos 15, 30 e 60 dias e quando foram encontradas diferenças
estatisticamente siginficantes entre eles, fez-se o Teste de Dunn para
comparações múltiplas. (tabela 7).
Tabela 7 – Valores médios da distância (em mm) percorrida pela bolha de ar nos
períodos de 15, 30 e 60 dias nos Grupos IA, IB, IC e II.
Dias IA IB IC II
15
2,63
a
1,5
a
0,10
b
0,92
ab
30
7,18
a
3,75
ab
2,48
b
3,66
ab
60
18,44
a
3,83
a
3,54
ab
11,03
a
*Letras diferentes, no sentido horizontal, demonstram diferenças estatisticamente
significantes entre os diferentes tempos para os diferentes grupos.
No período inicial de 15 dias, encontraram-se diferenças
estatisticamente significantes entre as médias dos valores de infiltração nos
grupos IA com IC, IB com IC.
No período de 30 dias, encontraram-se diferenças
estatisticamente significantes entre as médias dos valores de infiltração nos
grupos IA com IC.
No período de 60 dias, foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes entre as médias dos valores de infiltração
entre os grupos IC e II.
__________________________________________________________Resultados
________________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
58
A análise dos dados, permitiu realizar uma interação entre os cimentos
estudados em função dos diferentes tempos (FIGURA 3), sendo possível
observar que:
1 - Grupo IA (AH Plus + IRM), apresentou as maiores médias de filtração, tanto
após 15 dias, quanto após 30 e 60 dias, sempre de forma crescente, porém
sem apresentar diferenças estatisticamente significantes nos seus valores;
2 - Grupo IB (AH Plus + Adper Scothbond Multi Purpose Plus) apresentou médias
baixas de filtração no período inicial de 15 dias, sofrendo um aumento não
significante na segunda medição e terceiras medições;
3 - Grupo IC (AH Plus + Adper Single Bond 2) foi o que apresentou as menores
médias de filtração, sendo bem pequena na medição inicial, aumentando de
forma significante no período de 30 dias e 60 dias, sendo neste último bem
semelhante ao Grupo IB.
4 - Grupo II (Sistema Epifhany), apresentou médias de filtração baixas no período
de 15, aumentando porém, de forma não significante aos 30 dias, havendo um
aumento significante dos seus valores iniciais no final do período de 60 dias;
FIGURA 3 – Representação gráfica da interação entre cimentos e tempos estudados.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
µl/min
15 30 60
Tempo
IA
IB
IC
II
6. DISCUSSÃO
___________________________________________________________Discussão
______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
61
6 - DISCUSSÃO
Durante muitos anos pôde-se observar na literatura, uma busca
incessante por cimentos e técnicas obturadoras que promovessem um
selamento hermético dos canais radiculares, fator esse considerado
fundamental para o sucesso do tratamento endodôntico, pois obturações
deficientes têm sido responsabilizadas como a principal causa de fracassos
endodônticos
23,25
. Em conseqüência disso e na busca de um material ideal,
surgiram no mercado, novos cimentos obturadores e de diversas composições
químicas, como os cimentos à base de resina epóxica, usados de forma
tradicional em associação com a guta percha, e mais recentemente um cimento
e um cone obturador a base de metacrilato com o objetivo de melhorar suas
propriedades adesivas favorecendo a melhor interação possível destes
materiais com a dentina e os cones obturadores, e conseqüentemente,
proporcionar uma obturação o mais hermética possível. Os cones e cimentos a
base de metacrilato, são resinas de dupla polimerização, usados juntamente
com um “primer”, que prometem formar um “sistema monobloco” e um
selamento imediato após a obturação
41,48,
, pela fotoativação deste material no
final da obturação, e com isso favorecer o melhor vedamento do canal
radicular.
Entretanto, pôde-se também observar nas últimas décadas, uma
crescente valorização não só do cimento utilizado na obturação do canal
radicular como também do adequado selamento, ou seja, do tratamento e do
material que é colocado na cavidade após a conclusão da terapia endodôntica
e às propriedades seladoras destes. Este novo enfoque, deve-se a observação
dos resultados de trabalhos publicados na literatura, como de VIRE
69
, em
1991, o qual encontrou que 59,4% dos dentes, endodonticamente tratados,
extraídos tinham como motivo a falha das restaurações, contra apenas 8,6%
resultantes de falhas ocorridas no próprio tratamento endodôntico e o
remanescente, ou seja, 32% tinham problemas periodontais como causa das
falhas.
A importância do selamento adequado durante e após o tratamento
endodôntico, também foi reforçada por MAGURA et al.
28
, em 1991, ao
encontrarem em canais tratados de dentes extraídos e expostos ao meio bucal,
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62
num período de três meses, uma intensa penetração de saliva, considerada
clinicamente significante; e ao sugerirem conseqüentemente que nestes casos,
de dentes com canais obturados, mas não selados adequadamente, eles
devem ser retratados se ficarem expostos à cavidade bucal por mais de 3
meses.
Cinqüenta por cento dos dentes com canais tratados, e não selados,
quando expostos à bactérias, tiveram suas raízes contaminadas após 19 dias,
segundo TORABINEJAD, et al.
62
. Outros estudos apresentaram resultados
mais alarmantes ao relatar que a infiltração coronária em dentes não selados e
com canais tratados, pode ocorrer num tempo muito curto, de três dias
50
.
Em 2004, ainda visando reforçar a importância do adequado selamento
coronário, pode-se citar o estudo de SALEHRABI; ROTSTEIN
41
, em que se
avaliaram as possíveis causas de insucessos do tratamento endodôntico, de
forma retrospectiva, em 1.462,936 dentes tratados endodonticamente de
1.126,288 pacientes, distribuídos em 50 cidades dos EUA, num período de 8
anos, e a análise dos dentes extraídos revelou que 85% não tinham cobertura
coronária completa.
SWANSON et al.
52
, em 1987, questionaram se essa contaminação via
coroa, seria diferente, quando se variam os materiais obturadores. Foram
avaliados então canais obturados com Sealapex, Roth´s e AH 26 e diferenças
estatisticamente significantes, foram encontradas para o grupo do AH 26, que
apresentou menor índice de infiltração em relação aos dois outros cimentos
testados que, entretanto, não apresentaram diferenças entre si. Provavelmente
isto ocorreu por esses materiais possuírem propriedades adesivas diferentes
em função das suas composições químicas, ressaltando que a escolha do
material obturador pode interferir no sucesso desse selamento.
Estes estudos levam o autor do presente trabalho a questionar o que
pode ser feito clinicamente para se garantir a longevidade do tratamento
endodôntico, desde que é claro, ele seja realizado de forma criteriosa em todas
as suas fases.
No Brasil como em muitos outros países, infelizmente em função do
alto custo do tratamento odontológico, muitas vezes pode-se observar que há
uma demora excessiva entre o período final do tratamento endodôntico e o
momento em que se realiza a restauração definitiva, o que é preocupante ao
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63
considerarmos as observações anteriores, de que a infiltração coronária é
considerada como causa mais freqüente do insucesso deste tratamento
28,41,43,61
. Fatos como esses nos levam a concordar e reforçar a importância do
chamado selamento imediato pós-endodontia, em que um material restaurador
definitivo ou temporário, é colocado intracanal imediatamente após o
tratamento, e que vem sendo amplamente discutido e estudado por inúmeros
autores nos últimos anos
1,4,16,29,37,60,70,74,79
e considerado um reforço a mais, ou
seja, uma barreira secundária, cujo objetivo é garantir o sucesso do tratamento
endodôntico, não só no período de espera da restauração definitiva, quanto
após esta.
Vários materiais temporários têm sido usados, para selar o acesso ao
canal radicular entre as sessões ou após o término do tratamento até a
realização da restauração definitiva
7
, mas estudos relatam resultados
contraditórios sobre a habilidade de selamento desses.
(Uranga et al 1999, bobotis 1989)
Em função disso, vários autores como SCWHARTZ; FRANSMAN
48
,
em 2005, ressaltam a extrema importância para a longevidade do tratamento
endodôntico o tratamento restaurador que é dado a esses dentes, ressaltando
características das estruturas dentárias e dos materiais restauradores, com
ênfase na escolha desses elementos, no adequado procedimento clínico e no
uso de adesivos dentinários. Segundo os autores, o uso desses materiais tem
aspecto único e importante para os endodontistas, considerando-se que as
falhas nos tratamentos endodônticos, ocorrem por microinfiltrações nas
restaurações definitivas ou nas temporárias, sendo que os materiais
temporários têm maior tendência à infiltração que os permanentes. Diversos
procedimentos têm sido propostos na literatura, como a utilização de materiais
nos orifícios dos canais, formando uma barreira, visando uma proteção
adicional a essa microinfiltração. Materiais como civ, óxido de zinco e eugenol,
MTA e materiais resinosos, colocados numa espessura de 3mm ou mais, têm
sido preconizados e avaliados.
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64
6.1 - Discussão da metodologia empregada
Como foi dito anteriormente a adesividade é uma propriedade muito
importante para os materiais obturadores de canais radiculares
13,17,36,47,56,57,65
e
é definida como a força de atração entre as moléculas ou átomos de duas
superfícies em contato íntimo
16
. Subtende-se que um material com uma boa
propriedade adesiva seja capaz de evitar a microinfiltração. Segundo TAYLOR;
LINCH
58
, essa passagem de bactérias, fluídos moléculas e íons, entre a parede
da cavidade e o material restaurador/obturador aplicado a ela, além de permitir
a manutenção de um processo infeccioso, atuaria degradando tecido sadio.
As propriedades adesivas dos materiais são freqüentemente avaliadas
através de testes de resistência adesiva e de testes de microinfiltrações, feitos
via apical ou coronária. A resistência adesiva se refere à força por unidade de
área requerida para quebrar a adesão entre o material adesivo e a dentina,
usualmente descrita em MPa (mega pascal). Os testes de microinfiltrações, no
caso da endodontia, têm maior aplicabilidade que os de resistência
47
, no
entanto, não exsite uma padronização desses métodos e a literatura apresenta
uma elevada variabilidade destes testes
75
.
O método de filtração de fluído tem sido recomendado pela sua
facilidade de comparação e reprodução
75
. Esse método foi inicialmente descrito
por DERKSON et al.
15
, 1986, para avaliar a permeabilidade dentinária e
posteriormente adaptado por WU; WESSELINK
75
, em 1993, para testes de
infiltrações em endodontia e tem sido descrito, pelos autores, como mais
sensível que os demais métodos por permitir quantificar de forma não
destrutiva a infiltração em longo prazo.
Alguns autores questionam que, essa variabilidade de métodos, dificulta
a confiabilidade dos estudos, já que não há uma padronização, sendo muitos
resultados contraditórios
7,73,76,78
. Até recentemente, o método de penetração de
corantes era o mais utilizado, este, porém, é um método qualitativo, envolve a
destruição dos espécimes, e não fornece informação sobre a qualidade do
selamento em longo prazo
77,78
.
A diversidade de estudos gera grande variabilidade dos resultados,
que estudos com corantes e isótopos são difíceis para interpretar e quantificar
os dados por serem subjetivos; a vantagem de filtração de fluído ser
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65
longitudinal e não precisar seccionar os espécimes
2
.
A comparação de dois métodos qualitativos clássicos de infiltração, o
de penetração de corantes e o de dissolução de corantes, com o novo método
quantitativo, de filtração de fluído, na determinação do selamento apical foi feita
por CAMPS; PASHLEY
9
, em 2003, e observaram que: o método de filtração e
o de corantes mostraram valores de infiltração significantemente diferentes
dos obtidos pelo método de penetração. Os autores concluiram que, o método
de penetração possui limitações; que o de dissolução apresentou resultados
semelhantes com o de filtração, demonstrando pobre correlação entre os
estudos de infiltração usando a técnica de penetração de corantes com os que
utilizam o método de filtração de fluído. Ressaltaram também, que os
resultados podem ser influenciados pelas variações entre os grupos, devido as
variáveis não facilmente controláveis, como espessura de lama dentinária, de
túbulos dentinários, quantidade de cimento obturador e guta percha,
distribuição destes no canal e erros operatórios de mensuração no sistema, e
que é necessário minimizar essas variáveis.
O método de infiltração também foi considerado por WU;
WESSELING
77
em 1993, como um método cujos resultados apresentam uma
alta variabilidade, pois produzem resultados semiquantitativos, como nos
métodos mais comuns, como uso de corantes e radioisótopos, usados em 82%
dos estudos, onde os resultados são medidos de forma linear, através da
penetração ao longo dos canais radiculares. Além disso, o tempo de imersão, o
tipo de imersão, a presença ou ausência de lama dentinária, a realização da
ciclagem térmica, a variabilidade do operador também são fatores
responsáveis por essa variação dos resultados. Observam ainda que nos
estudos com corantes, bactérias, radioisótopos ou outras substâncias,
moléculas pequenas, como a água, podem infiltrar mais que partículas
grandes, como bactérias que, entretanto, têm subprodutos com partículas
pequenas. Que os gaps entre o material obturador e as paredes do canal,
também são fatores que podem dificultar o controle da variabilidade no método,
pois podem conter ar ou líquido, o que promove a passagem das substâncias
de forma diferente. Consideram importante ainda se os dados são quantitativos
ou não, o tamanho da amostra, tamanho das moléculas das substâncias
usadas, a relação entre os estudos in vitro com resultados in vivo; e ressalta
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66
ainda que, provavelmente, a avaliação da infiltração coroa-ápice tem maior
significado clínico que a infiltração ápice-coroa.
O método de filtração de fluído foi considerado, mais sensível quando
comparado com o de traços de prata, ao se avaliar a infiltração coronária de
dentes restaurados com sistemas adesivos e resinas compostas e com civ,
porém, sem diferenças estatisticamente significantes com os resultados obtidos
pelo outro método
78
.
A sensibilidade do método de filtração pode ser regulada pela
alteração da pressão, que pode ser expressa em cm/H
2
0, psi, KPa ou Kgf/cm
2
.
Cada 50 KPa, equivale a 0.50 Kgf/cm
2
, a 1020 cm/H
2
O e a 7.25 psi. No
presente estudo, o método de filtração foi usado numa pressão de 7.4 psi,
baseando-se no trabalho de YOUGSON et al.
78
, em 1999, onde ressaltam que
qualquer pressão usada no dispositivo de filtração de fluído, desde que maior
que a pressão fisiológica pulpar, que é de 15cm/H
2
O, (0,0014 MPa), é capaz
de promover um índice de infiltração nos materiais. Essa padronização permite
uma maior confiabilidade dos resultados.
A utilização de diferentes períodos de tempo e pressões que na
literatura variam de 10 a 20 psi nos testes de filtração de fluídos pode afetar os
resultados: a quantidade de filtração diminuiu com o aumento do tempo, mas
inversalmente, uma infiltração mais alta, pode ser obtida com uma alta pressão.
O diâmetro do tubo e tamanho da bolha, introduzida no dispositivo de filtração,
também podem influenciar nos resultados, sendo necessário o estabelecimento
de um protocolo para que se possam comparar os resultados
39
.
No presente trabalho optou-se por empregar dentes humanos
unirradiculares, pois em um estudo in vitro, empregando infiltração com
corantes, em molares, SAUNDERS; SAUNDERS
45
, em 1990, encontrou altos
valores de infiltração para materiais com civ, civ modificado por resina, guta
percha e amálgam e o os autores acreditam que esse grau de infiltração pode
ser devido à alta incidência de comunicação entre a câmara pulpar e a região
de furca nos dentes multirradiculares, fator esse que pode influenciar nos
resultados.
Os dentes depois de devida limpeza dos debris orgânicos foram
cortados na porção coronária (junção amelo cementária) e apical, com o
objetivo de padronizar o comprimento em 10mm, já que WU; WESSELING
75
,
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67
em 1993, enfatizaram que, para maior confiabilidade dos resultados, nos
estudos de infiltração, em dentes tratados endodonticamente, é necessário se
observar outros tópicos como: redução da variação do comprimento e anatomia
dos canais radiculares e diâmetro final do forame apical.
Após a instrumentação manual pela técnica escalonada regressiva,
a remoção da smear layer foi feita com EDTA a 17%, com a finalidade de
melhorar a adaptação e ou adesão dos materiais obturadores às paredes do
canal. Para o mecanismo de adesão dos cimentos obturadores resinosos
ocorrer de forma efetiva, as paredes do canal radicular devem estar totalmente
limpas e livres de debris orgânicos, o que muitas vezes não ocorre somente
através da instrumentação e irrigação desses canais
487
. A importância da
remoção da smear layer na adesão dos cimentos obturadores, também foi
verificada por GARCIA-GODOY et al.
17
, em 2005.
Assim como a adesão, outros fatores podem ser decisivos na
infiltração coronária, como remoção inadequada da lama dentinária, presença
de canais acessórios no assoalho da câmara pulpar de dentes
multirradiculares, e restaurações posteriores que envolvam a colocação de
pinos intra-radiculares
46,54
. O EDTA tem sido o agente irrigador mais utilizado, e
a formação de uma fina camada híbrida foi observada quando o mesmo é
usado com irrigador final, mesmo na ausência de adesivo
17
. A irrigação com
EDTA, também reduz linearmente e volumetricamente a micropenetração
coronária, aumentando conseqüentemente o sucesso deste tratamento
68
.
Uma tendência a maior infiltração quando se utilizou apenas o
NaOCl como irrigante final, foi encontrada por STRATTON et al.
55
, em 2006,
num estudo em que se variaram as substâncias irrigadoras, NaOCl a 5,25%,
Clorexidina a 0,012% e a 2%, em canais obturados com os mesmos cimentos.
ÇOBANKARA et al.
13
, em 2004, propuseram-se a avaliar se a
presença da camada de lama dentinária tinha influência ou não, na infiltração
coronária e apical de dentes tratados endodonticamente. Utilizou-se para
irrigação somente 10 ml de NaOCl a 5,25%, e quando buscava a remoção da
lama dentinária, irrigou-se com 10 ml de EDTA, antes do hipoclorito. A
presença de lama dentinária, em ambos grupos de cimentos, AH Plus e
Roekoseal, promoveu significantemente mais infiltração apical e coronária;
nenhuma diferença estatisticamente significante foi encontrada entre os dois
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68
cimentos, entretanto a infiltração apical foi maior que a coronária em ambos os
cimentos.
Outros fatores como a termoplastificação da guta percha, a remoção
da smear layer, a regularização das paredes dentinárias no canal radicular,
permite uma maior adaptação do material obturador (cimento + guta), assim
como a utilização do ataque ácido mais materiais adesivos na restauração
coronária, melhoram o selamento nesta região
14
.
No presente estudo, objetivamos avaliar a capacidade de selamento
coroa-ápice do material restaurador provisório IRM e de dois sistemas
adesivos, o Adper Scothbond Multi Purpose Plus, um convencional de três
passos, ácido, primer e adesivo e o Adper Single Bond 2, um simplificado de
dois passos, ácido e primer + adesivo, usados como seladores imediatos em
canais obturados com guta percha e o tradicional cimento AH Plus, à base de
resina epóxica e as propriedades seladoras do novo Sistema Epiphany
composto por um primer um cimento e cone obturador à base de metacrilato.
A preocupação neste tipo de avaliação é crescente nos últimos anos, pois é
evidente a recontaminação de canais pós-tratamento endodôntico
28,62,69
.
O Grupo IA, apresenta o material IRM, associado com o cimento AH
Plus e guta percha, que são materiais empregados na rotina endodôntica e
amplamente discutidos na literatura.
Já nos Grupos IB e IC, os canais foram obturados da mesma forma,
ou seja, guta precha + AH Plus, mas se utilizou como materiais seladores dois
sistemas adesivos, um convencional de três passos e um simplificado de dois
passos, de um mesmo fabricante, bastante usados no nosso país e de fácil
obtenção no mercado odontológico. Esses sistemas foram aplicados numa
espessura de 4mm, baseando-se para isso no estudo de ZAIA et al.
79
, em que
uma gota de material proporciona uma camada de aproximadamente 2mm de
espessura, quando ficava insuficiente, mais uma gota do material era
dispensada e fotopolimerizada por mais 20 segundos, visando a padronização
da espessura da barreira.
No Grupo II, os canais foram obturados com o Sistema Epiphany,
sendo o mesmo fotoativado no final da obturação, sem colocação de nenhum
material selador secundário, pois o objetivo era verificar sua capacidade “per si“
de impedir a infiltração no sentido coroa-ápice. Esse material tem sido
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69
considerado promissor pelo fabricante, principalmente por suas características
adesivas, sempre com o intuíto de se obter a melhor a adaptação do material
obturador, cimento e cone, entre si e as paredes do canal radicular. Na
literatura diversos trabalhos têm sido feitos com esse novo material, visando
testar suas propriedades físicas, químicas e biológicas
5,38,55,56,57,72
.
Esses materiais foram colocados no terço coronário do canal
radicular, após instrumentação e preparo de aproximadamente 4mm dessa
porção com brocas de Gattes Glidden n
0
3 e 4, visando padronizar o máximo
possível à espessura dos materiais testados.
Uma espessura mínima de 2,5 e máxima de 4mm é recomendada por
TURNER et al.
66
, em 1990, para prevenção da infiltração marginal. É
necessário, entretanto, aliada a essa observação avaliar clinicamente a
espessura possível, baseando-se no remanescente dental e posterior
restauração definitiva. Entretanto, JENKINS et al.
24
, em 2006, avaliaram
diferentes espessuras de barreiras, de 1 a 4mm, e não observaram diferenças
significantes nos valores de selamento que elas proporcionaram.
Quanto à localização da barreira secundária, ou seja, se é colocada
2mm do assoalho da câmara pulpar ou dentro do orifício do canal radicular.
Isso não parece ter influência na habilidade de vedamento do material selador.
Porém, uma barreira mais espessa e dentro do orifício do canal pode ser mais
efetiva no caso da presença de canais acessórios no terço coronário do canal
radicular
70
.
Deve-se observar também, se os materiais restauradores usados na
obturação dos canais radiculares, podem interferir nas propriedades adesivas e
ou seladoras dessa barreira, como o eugenol, NaOCl, clorofórmio e outros,
sendo fundamental portanto, o conhecimento de tais particularidades para
evitar problemas clínicos nas restaurações
2
. Por exemplo, para o sistema
adesivo não ter sua polimerização prejudicada pelo óxido de zinco eugenol,
presente em alguns cimentos obturadores, deve-se limpar a cavidade após a
obturação, e deve ser aplicado o sistema adesivo, segundo o fabricante, mas
em duas camadas, para se obter espessura suficiente
74
.
No presente estudo, a porção coronária do canal radicular foi limpa
com álcool absoluto, não havendo preocupação com a influência do eugenol,
pois se utilizou na obturação um cimento à base de resina epóxica.
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70
6.2 - Discussão dos resultados
Os quatro grupos foram avaliados comparativamente quanto à
capacidade de filtração, através do sistema de transporte de fluído, nos
períodos de 15, 30 e 60 dias.
Essas avaliações foram realizadas com o intuito de verificar a
capacidade de selamento desses materiais, pois através do maior ou menor
deslocamento da bolha, subentende-se que os materiais são efetivos ou não,
neste sentido.
No período de 15 dias, observaram-se baixos índices de filtrações
em todos os grupos, principalmente nos que se usaram materiais à base de
resina, de acordo com GALVAN et al.
16
, em 2001, que citam que de uma forma
geral, esses materiais promovem sempre um bom selamento inicial. Os bons
resultados apresentados, neste estudo e neste período inicial de 15 dias, pelo
Grupo IC e IB, pode ser explicado também pelo fato dos agentes adesivos de
uma forma geral serem bons seladores, além de serem translúcidos e
facilitarem a remoção da guta percha, diminuindo o risco de perfurações no
caso de colocação de pinos ou retratamentos
74
. O fato do Grupo IB apesar de
apresentar valores baixos de filtração, mas significantemente maiores que os
do Grupo IC, neste período, pode ser relacionado à diferente composição
química desses materiais, sendo um simplificado de dois passos e o outro
convencional de três passos. LEONARDO et al.
25
, em 1996, consideram o
Scothbond um agente adesivo que possui alta resistência adesiva, boa
habilidade de penetração nos túbulos dentinários e, portanto, com grande
tendência de resistir à infiltração.
O Grupo II, do Sistema Epiphany, apesar de não possuir nenhum
material selador adicional, como nos demais, comportou-se muito bem nesta
fase inicial, sem apresentar diferenças significantes com os demais grupos,
porém, com valores de filtração menores que os grupos IA e que o grupo IB, e
maiores que o IC.
O grupo IA ao contrário dos demais, já na fase inicial, de 15 dias,
mostrou valores de filtrações maiores, sendo significantemente maior que os do
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71
Grupo IC. Conseqüentemente, o cimento AH Plus + guta percha, denotam
permitir também infiltrações, quando do emprego desta metodologia,
corroborando com os achados de TUNGA; BODRUMLU
65
, 2006. A guta
percha, usada com ou sem cimento, promove um pobre selamento coronário,
por não aderir às paredes do canal, não sendo capaz de evitar a
microinfiltração coronária se o dente não for restaurado satisfatoriamente
41
. A
existência de espaços vazios e traços de prata em canais obturados com guta
percha e Endorez, tanto entre a guta percha e a dentina quanto entre os
materiais, foi demonstrada por Tay et al.
57
, em 2005, confirmando que a guta
percha não promove um selamento efetivo do canal radicular.
No período de 30 dias, o Grupo IA, comportou-se como esperado, ou
seja, o IRM continuou permitindo progressivamente a filtração, continuando
maior que os demais grupos, sendo seus valores significantemente maiores
que os do Grupo IC. Já o Grupo II, sofreu um aumento significante nos seus
valores de filtração, porém mantendo um elevado grau de selamento, muito
semelhante ao Grupo IB. Os Grupos IB e IC permitiram neste período, maiores
valores de filtrações que na fase anterior, sendo que no IC, o aumento nesses
valores foi numericamente maior que no IB. No entanto, exibiram ainda bons
valores de selamento.
No último período, de 60 dias, o Grupo II, do Sistema Epiphany, teve
um aumento significante dos seus valores de filtração, provavelmente pelo fato
desses espécimes não terem tido o selamento secundário com outro material,
e por ser um cimento resinoso hidrofílico usado com um primer simplificado,
autocondicionante. Os sistemas adesivos simplificados de uma forma geral
apresentam-se como membranas permeáveis após a polimerização,
resultantes da passagem de água da dentina, mesmo em dentes tratados
endodonticamente
11
, que pode afetar posteriormente a polimerização de um
cimento resinoso, podendo explicar essa alta média de filtração neste período.
Os grupos IB e IC, entretanto, nesta fase apresentraram-se com um
aumento de filtração, significante apenas para o Grupo IC, porém mais baixos
que os demais, sendo os valores do Grupo IC significantemente menores
quando comparados aos do Grupo II, podendo ainda, serem considerados
igualmente efetivos, como nos achados de BELLI et al.
4
, em 2001, em que os
sistemas adesivos monstraram elevadas e melhores propriedades de
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72
selamento que o IRM. Altos valores de infiltrações também foram encontrados
na literatura para o IRM, sempre aumentando com o tempo, mostrando assim
como os achados deste estudo que seu uso deve ser limitado a períodos curtos
1,7
.
Os cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, como o IRM, têm
sido amplamente utilizados por mais de 60 anos como restauração provisória,
ou após o tratamento endodôntico ou durante as etapas deste.
No presente estudo o IRM foi o material que obteve as maiores
médias de filtração, tanto após 15 dias quanto após 30 e 60, apresentando-se
sempre de forma crescente, porém num crescimento não estatisticamente
significante. Esses resultados estão de acordo com a maior parte dos trabalhos
publicados na literatura em que o IRM apresentou altos valores de infiltrações e
um pobre selamento
2,4,6,7,12,16,26,60,79,80
, além de possuírem propriedades
mecânicas insuficientes
26
.
O IRM e cimento de policarboxilato apresentaram-se menos efetivos
que outros como Cavit, Cavit-G e o TERM, em relação a sua capacidade
seladora, e são mais influenciados pelos efeitos da ciclagem térmica, fenômeno
comum na cavidade bucal
7
. Esses altos valores de infiltrações encontrados em
espécimes restaurados com IRM podem ser devido ao seu preparo (mistura
pó+ liquido), sendo encontradas após análise pela SEM, presença de bolhas e
espaços vazios ente o cimento e a dentina
80
. Ou ainda, à diluição deste
material, pois devido a quelação existente entre as moléculas do eugenol e do
óxido de zinco, elas são hidrolizadas na presença de água, sendo responsável
pela baixa habilidade de selamento
4
.
Ao contrário dos achados deste estudo, autores como TURNER et
al.
66
, em 1990, encontraram no IRM e ZOE baixos valores de microinfiltrações,
ao compararem com o Cavit, Cavit G, TERM, IRM e o Fuji II. Porém,TAY et al.
em 1988, acreditam que resultados como esse se devam mais às propriedades
antimicrobianas deste material, dada a liberação lenta e gradativa do óxido de
zinco e eugenol, do que as suas propriedades de selamento e que os
diferentes proporcionamentos dos materiais também resultam em diferentes
graus de selamento como foi observado em cavidades de classe 1, e sendo o
ZOE o material que mais apresentou diferenças estatisticamente significantes
nas diferentes proporções. E que, com o passar do tempo, esses materiais
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73
aumentam o índice de infiltração
38
.
E mais uma vez, ressaltando a importância do fator tempo no
selamento com IRM, ZAIA et al.
79
, observou em 2002, em um estudo de
infiltração com corante azul de metileno encontraram melhores valores de
selamento para o IRM e para o Coltosol, em relação ao Scoth Bond e a um civ,
porém, esse resultado pode não ser relevante, pois esses materiais foram
observados num período de tempo curto de 7 dias.
Entretanto, o IRM é um material restaurador temporário facilmente
encontrado e de custo baixo e que quando bem utilizado, na sua proporção
correta e no tempo correto de permanência na cavidade bucal, ou seja, num
tempo curto, muitas vezes por ser a única opção do cirurgião dentista, pode ser
usado como selador e, portanto, como um recurso a mais na manutenção da
logenvidade deste tratamento. GOMES et al.
19
, em 2003, relatam que o
selamento coronário diminui, mas não previne totalmente a infiltração de
microrganismos, sendo estatisticamente significante a diferença de infiltração
em dentes selados com IRM, e os não selados.
Assim como o IRM, o Kalzinol, um outro material a base de óxido de
zinco, avaliado num estudo com testes eletroquímicos, feito por lIM
26
, em 1990,
apresentou menor infiltração assim como no Ketac-Fil com condicionamento,
seguido do Ketac-Fil sem condicionamento e por fim o Cavit-W. Esse achados
podem ser devido a presença do óxido de zinco eugenol no Kalzinol, que
possue efeito bactericida, ao método e tempo de teste, que foi de apenas 7
dias. Ao contrário do estudo anterior, TEWARI; TEWARI
60
, em 2002, relatam
extensa penetração de corantes em dentes selados com IRM e Calzinol, após
os 1
0
e 3
0
dias respectivamente e também atribuem os bons resultados de
selamento encontrados em alguns estudos às propriedades antimicrobianas
destes, pela presença do eugenol, e não especificamente às suas capacidades
de selamento.
Neste estudo, os espécimens do grupo IB, em que se utilizou o
material selador Adper Scothbond Multi Purpose Plus, apresentaram médias de
infiltrações baixas no período inicial, sofrendo um leve aumento após 30 dias e
mantendo-se praticamente estável até o período final. No grupo IC, em que se
utilizou o Adper Single Bond 2, as menores médias de filtrações foram
encontradas em todos os períodos, porém foi o material que apresentou
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______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
75
ou seja, uma segunda linha de defesa para o orifício do canal radicular: os civs
modificados por resina, que apresentam como desvantagem a dificuldade de
visualização da guta percha mais cimento no caso de um retratamento; os
cimentos resinosos como o C&B Metabond, que podem ser usados com o pó
de polimetilmetacrilato, ficando mais transparentes, facilitando a visualização
da guta percha no interior do canal e agentes adesivos como o Clearfil SE
Bond
34
.
Materiais restauradores temporários e sistemas adesivos como; New
Bond (adesivo) + Clearfil (adesivo); Grupo II, Optibond Solo (adesivo) +
CoreRestore (resina); Grupo III, Ketac Fil (civ); Grupo IV, IRM (cimento de
óxido de zinco eugenol reforçado), foram também testados através de um teste
de infiltração bacteriana e nenhuma diferença significante de infiltração foi
encontrada entre os grupos no final dos 12 meses, sendo que no início do
experimento o IRM apresentou a pior performance e o Clearfil o material que
nos dozes meses apresentou melhores resultados
3
,assim como nos achados
do presente estudo.
Já os autores, BELLI et al.
4
, em 2001, encontraram ao comparar a
capacidade de selamento de quatro materiais: C&B Metabond + pó
transparente de polimetil metacrilato, sistema adesivo One–Step + resina
microhíbrida de baixa viscosidade, Clearfill SE Bond Primer + resina composta
fotopolimerizável transparente e IRM, maiores valores de infiltração para o IRM,
sem haver diferenças estatisticamente ente os demais grupos, porém
ressaltam, que esses adesivos não foram submetidos a nenhum esforço, que o
estudo foi por um período curto (1 mês), e que no uso clínico devem ser
protegidos por materiais como amálgama, resina composta ou civ. Consideram
que a colocação de uma resina diretamente no orifício, dificulta a remoção num
retratamento, por isso os adesivos foram apenas recobertos com resinas
transparentes, quando não possuiam uma espessura de 10µm. O agente
adesivo dentinário (Clearfill Liner Bond 2V) foi também testado e usado como
barreira coronária por WOLANEK et al.
74
, e bons resultados de selamento
foram obtidos; os autores ressaltam o fato desse material ser transparente o
que facilita a visualização da guta percha caso necessite de retratamento ou
colocação de pinos.
Assim como os achados anteriores, GALVAN JUNIOR, et al.
16
,
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76
em 2002, encontraram melhores valores de selamento materiais adesivos
como C&B Metabond e Amalgamabond usados juntamente com um pó
transparente de polimetilmetacrilato, One-Step Adesivo + resina composta, do
que para o IRM, principalmente após 1 mês, considerando o C&B Metabond e
Amalgamabond de mais fácil uso, por serem fotopolimerizáveis e não
necessitarem de resina adicional. O menor selamento da Palfique, após 7 dias,
pode ser devido à expansão (absorção de água), porém sua transparência
pode facilitar a localização da guta percha. Convém ressaltar que o óxido de
zinco eugenol, presente em alguns cimentos obturadores pode interferir na
polimerização desses materiais.
A eficácia de selamento coronário de barreiras realizadas com dois
materiais o compômero, o Principle e o cimento resinoso C&B Metabond, foi
avaliada por WELLS, et al.
70
, em 2002, sendo as barreiras realizadas com 2
mm de espessura colocadas sobre a câmara pulpar ou dentro (na entrada) dos
canais radiculares, e o Principle foi mais fácil de ser usado assim como o
selamento na entrada da câmara. Segundo os autores, compômeros são
materiais bem indicados para barreira coronária, por não precisarem de primers
nem de agentes adesivos, podendo ser químicos ou auto polimerizáveis, e
ressaltam que a espessura da barreira pode interferir na posterior restauração.
O selamento inicial do C&B foi maior na primeira semana, provavelmente
devido à absorção de água do compômero ser maior neste período, causando
um melhor selamento.
A força de adesão inicial da resina à dentina é maior que a do
esmalte (40-50MPa X 25-35MPa), porém essa tende a diminuir com o tempo,
em função da absorção de água, pela resina e pela degradação do colágeno
na camada híbrida, enquanto que a do esmalte tende a se manter estável,
desde que bem condicionado com ácido fosfórico a 37% e bem lavado. Porém,
mesmo assim, PASHLEY
34
, considera que o uso de cimentos resinosos para
selar o acesso coronário após o tratamento endodôntico é muito mais efetivo
que o uso de qualquer outro material temporário, desde que toda margem
superior do esmalte for bem condicionada.
Assim como os achados deste estudo, em que os adesivos
apresentaram boa habilidade de selamento, porém diminuindo com o tempo,
OZTURK et al.
33
, em 2004, avaliaram a capacidade de selamento de cinco
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77
sistemas adesivos, observaram diferenças significantes de selamento entre
eles nos diferentes períodos, e todos valores também diminuíram com o tempo
(um mês), principalmente o Scoth Bond Multi Purpose Plus e o EBS-Multi,
quando nenhum deles apresentou diferenças significantes entre si. Através da
avaliação pela SEM (aumento de 550x a 1500x), não encontraram formação de
camada híbrida entre a dentina e os adesivos, irrigando com NaOCl apenas, e
ressaltam pode ser devido à estrutura dentinária da câmara pulpar ser mais
complicada, incluindo formação de pré-dentina, dentina fisiológica secundária e
terciária. Acreditam que esses resultados e a maior infiltração inicial
encontrada, após 24 horas, pode ter sido devido ao fator C de configuração da
câmara pulpar, formato em caixa, que conseqüentemente promoveu maior
contração de polimerização dos adesivos.
Outro aspecto a ser considerado é que todo material resinoso ao
ser polimerizado contrai, promovendo um estresse na interface dente-
restauração e no caso dos materiais fotopolimerizáveis, essa tensão de
contração ocorre segundos após a irradiação. Esse estresse pode promover a
ruptura da ligação do sistema adesivo/ paredes cavitárias, resultando numa
microinfiltração, quando a força de contração do material é maior que a
resistência adesiva deste. Nenhum sistema adesivo previne o desenvolvimento
de gaps na interface dente/restauração, 10 minutos após sua colocação, mas
com o tempo esses gaps diminuem pela expansão higroscópica do material
41
.
No caso do canal radicular ser obturado por um cimento
endodôntico à base de resina, deve-se levar em consideração, portanto, que
assim como acontece com os materiais restauradores resinosos, após a
fotopolimerização e conversão de monômeros resinosos em polímeros, vai
haver conseqüente contração e estresse, e esse cimento a base de resina
também vai contrair, formar gaps e possibilitar futuras infiltrações. Esse
estresse de contração é maior em superfícies fechadas, dependendo da
conformação da cavidade, o chamado fator C que é calculado dividindo-se
quantas superfícies são aderidas pelas livres. Quanto maior o fator C, maior o
estresse de contração. No caso do canal radicular esse fator é alto, tendo-se
como superfície livre apenas a abertura do canal, e isso pode ser um fator
limitante do uso de materiais adesivos nesta região
34
.
Neste trabalho, no Grupo II, em que os espécimes foram obturados
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78
somente com o Sistema Epiphany, pôde-se observar nos períodos de 15, 30 e
60 dias, que essas médias aumentaram significantemente, ficando maiores que
os demais materiais, com exceção do Grupo IA. Bons valores de selamentos
iniciais para o Sistema Epiphany também foram encontrados por TUNGA;
BRODUMLU
64
, 2006. Podem-se justificar esses achados pela opnião de
PASHLEY
34
que, em longo prazo, não se sabe ainda o comportamento do
Resilon que apesar de ser um poliéster de baixa degradação em água,
praticamente nula, de pH extremamente baixo e muito hidrofóbico pode,
entretanto, ter seu índice de degradação acentuado por enzimas como a
esterase, presente em adesivos a base de éster, células humanas e fluídos
corporais que podem por sua vez podem atingir o canal radicular. Deve-se
considerar também que nesse grupo não foi utilizado nenhum material selador
como barreira secundária, pois se tinha como um dos objetivos neste trabalho,
avaliar se esse novo Sistema obturador promove realmente um selamento
coronário imediato ao ser fotoativado no final da obturação, como é citado
pelos fabricantes, porém sabe-se que, apenas a porção cervical desse material
vai ser fotoativado, e que a porção média e apical vão sofrer a polimerização
química.
O Sistema Epiphany, além de possuir um cone e um cimento
obturador à base de metacrilato, possui um sistema adesivo, simplificado,
considerado de dois passos, em que o primer acidificado não remove a smear
layer, apenas a incorpora.
Uma das recentes tendências na endodontia tem sido o
desenvolvimento de materiais obturadores adesivos, com o objetivo de obter o
melhor selamento coronário e apical. Porém, deve-se levar em consideração
que as propriedades e características destes materiais já amplamente
discutidas na literatura, são relativas a utilização destes como materiais
restauradores, e considerar a necessidade de avaliá-los agora quando
utilizados no canal radicular com suas particularidades e características
próprias.
Os dentes tratados endodônticamente, apesar de não possuírem a
pressão interna pulpar positiva, responsável pela movimentação de água pela
dentina coronária, possuem um aumento da permeabilidade na dentina
radicular, decorrente da redução de espessura, durante a instrumentação,
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79
remoção de cimentos, nos casos de retratamentos ou colocação de pinos
41
.
O efeito adesivo desses materiais no ambiente do sistema de
canais radiculares é um desafio, devido a anatomia, limitações, características
da dentina e propriedades físicas e mecânicas desses materiais adesivos
47
.
Porém, Schwartz RS
47
, em 2006, também considera que o uso destes promete
uma obturação dos canais de forma mais efetiva e que progressos neste
sentido estão sendo obtidos.
O processo adesivo descrito inicialmente por NAKABAYASHI et
al.
32
(1982) pode ser descrito de uma forma simplificada como: a aplicação de
um ácido na face dentinária, a lavagem deste e conseqüente remoção da
smear layer da dentina superficial, desmineralização desta e exposição da
matriz de colágeno. Em seguida, um material resinoso, contendo um líquido
volátil, como acetona ou álcool, denominado primer, é então aplicado na
superfície desmineralizada, penetrando e transportando o material resinoso nos
túbulos dentinários e na matriz de colágeno. O líquido volátil evapora e ficando
o material resinoso. Então um material resinoso (adesivo) é aplicado e
polimerizado, promove uma superfície hidrofóbica, denominada de camada
híbrida, que vai se unir posteriormente ao material restaurador, também com
características hidrofóbicas.
No caso do Resilon ele já é um polímero pronto, o que vai contrair
é o agente adesivo dual e o primer autocondicionante que são usados em
conjunto, e é essa força de contração do adesivo, que pode puxar o cone
Resilon e formar gaps entre ele e as paredes do canal, pesquisa futuras são
necessárias para avaliar essa possibilidade.
O uso de adesivos convencionais menos permeáveis, como os
sistemas adesivos convencionais têm sido considerados como uma alternativa
mais racional
11
. Os sistemas adesivos autocondicionantes simplificados, ou de
dois passos (ácido e primer + adesivo) ou de passo único (ácido + primer +
adesivo) quando aplicados sobre a dentina radicular, como acontece com
alguns novos cimentos endodônticos a base de resina, comportam-se da
mesma forma que quando aplicados sobre a dentina coronária de dentes vitais,
ou seja, como membranas permeáveis, resultando na movimentação de água
na dentina radicular de dentes tratados endodonticamente, decorrente do
aumento na hidrofilia nesses sistemas, o que pode interferir de forma adversa
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74
valores significantemente mais diferentes, sendo nos tempos de 15 e 30 dias,
de 30 e 60 dias e de 15 e 60 dias.
Essa diferença, apesar dos dois materiais terem sido os que
apresentaram as menores médias, pode ser atribuída às diferentes
composições desses sistemas adesivos. O Adper Scothbond Multi Purpose
Plus, é um sistema adesivo convencional de três passos, ou seja, inicialmente
faz-se um ataque ácido com ácido fosfórico a 37%, aplicação de um primer
hidrofílico que se difunde rapidamente nos túbulos dentinários, seguida da
aplicação de um adesivo hidrofóbico, de difusão mais lenta. O Adper Single
Bond 2, é um sistema adesivo também classificado como convencional, porém
simplificado de dois passos, em que após o ataque com ácido fosfórico a 37%,
aplica-se o primer que vem em conjunto com o adesivo, e nessas condições há
a predominância das características hidrofílicas na substância. No caso desses
sistemas adesivos convencionais o controle da água é, portanto, fundamental
para efetiva difusão destes adesivos, não devendo secar em excesso a
superfície dentinária.
É fundamental também se levar em consideração fatores como a
morfologia, a fisiologia do substrato dentinário e fatores relativos ao paciente,
assim como realização correta da técnica, que são determinantes na
durabilidade dos procedimentos adesivos.
Vários trabalhos na literatura
3,4,15,16,33
têm sido realizados com o
objetivo de testar a capacidade de selamento dos sistemas adesivos quando
usados como barreiras secundárias e bons resultados de selamento são
reportados, porém assim como neste trabalho, nenhum sistema adesivo foi
capaz de prevenir totalmente a filtração de fluídos, pode ser devido à presença
de canais formados ao redor dos tags de resina, que criam poros nanométricos
na camada híbrida
8
.
Os sistemas adesivos apresentam, após a polimerização, absorção
de água e conseqüente expansão higroscópica. Este fato pode aumentar a
capacidade do selamento desses materiais
10
. Porém, na cavidade pulpar,
deve-se considerar que a habilidade para criar uma alta qualidade de adesão é
mais complicada, pela presença de pré-dentina, dentina secundária fisiológica
e dentina terciária
33
.
Vários materiais podem ser usados em um selamento secundário,
___________________________________________________________Discussão
______________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
80
na polimerização desses cimentos (auto/dual). O stress de contração do
cimento resinoso aliado à alta hidrofilia desses sistemas adesivos simplificados
pode contribuir para a degradação da adesão entre a dentina intra-radicular e o
adesivo, favorecendo a infiltração coronária.
7. CONCLUSÕES
__________________________________________________________Conclusões
___________________________________________Cristiane M. de A. Nishiyama
83
7- CONCLUSÕES
Considerando as condições experimentais, após a avaliação da
literatura e dos resultados obtidos, pôde-se concluir que:
- todos os materiais testados permitiram a infiltração coronária;
- a hipótese nula foi rejeitada e os materiais apresentaram diferenças
estatisticamente significantes, nos seus valores de filtração, nos períodos de
15, 30 e 60 dias, sendo encontradas diferenças entre os Grupos IA e IC, nos
períodos de 15 e 30 dias; entre os Grupos IB e IC no período de 15 dias e entre
os Grupos IC e II, no período de 60 dias.
ANEXOS
87
ANEXO 1 – Carta de aprovação do Comitê de ética e Pesquisa
88
ANEXO 2 - Carta de Doação dos Dentes
INSTRUMENTO DE DOAÇÃO DE DENTES
Identificação do Doador
Nome
(legível)_____________________________________________________
Data de Nascimento___________________
Local:________________UF_____
RG nº:_____________________________ CPF nº: ______________________
Endereço____________________________________________ nº:_________
Cidade_________________________ UF_____________
CEP_____________
Telefones para contato_____________________________________________
e-mail_____________________________
DECLARAÇÃO
Declaro ter sido esclarecido sobre quais os motivos que levaram a
necessidade de remoção do(s) dente(s)________________________(código)
e concordo que os mesmos sejam utilizados para pesquisa ”Avaliação in situ
da desmineralização de esmalte humano em diferentes graus de maturação”
desde que aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos.
Fui ainda esclarecido que minha identidade não será divulgada por
qualquer meio e que o material recolhido será utilizado unicamente para
pesquisa.
Bauru, _________ de ________________ de 20____
___________________________________
Assinatura
89
INSTRUMENTO DE DOAÇÃO DE DENTES
Identificação do Doador
Nome (legível)_____________________________________________________
Data de Nascimento___________________ Local:________________
UF_____
RG nº:_____________________________ CPF nº: ______________________
Endereço____________________________________________ nº:_________
Cidade_________________________ UF_____________ CEP_____________
Telefones para contato_____________________________________________
e-mail_____________________________
DECLARÃO
Declaro ter sido esclarecido sobre quais os motivos que levaram a
necessidade de remoção do(s) dente(s)________________________(código) e
concordo que os mesmos sejam utilizados para pesquisa ”Avaliação in situ da
desmineralização de esmalte humano em diferentes graus de maturação” desde
que aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos.
Fui ainda esclarecido que minha identidade não será divulgada por
qualquer meio e que o material recolhido será utilizado unicamente para
pesquisa.
Bauru, _________ de ________________ de 20____
___________________________________
Assinatura
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ABSTRACT
_________________________________________________________________Abstract
________________________________________________Cristiane M de A. Nishiyama
103
ABSTRACT
In vitro fluid filtration evaluation of intracoronal sealing ability of three
materials used as secondary barrier
Great part of endodontic treatment fails because of failures in
provisory or definitive restoration, permiting a coronal microleakage. For these
reasons, in last years, there is a preocupation in sealing intra-coronal cavity
after the treatment, to have in view a longer longevity. So many materials are
being used for this purpose. Recently it has been developed by Pashley, D.H.
and his collaborators, a so called “Fluid Transport method and capillary flow” by
the method of fluid transport. This method was inicitially developed for
measuring dentinal permeability and is now used for studying the microleakage
of root filling materials throuhg seal of intra-coronal fillings. It is not a destructive
and quantitative method that permits the observation of the same specimens in
different periods of time. The aim of the present study is to evalute the fluid
infiltration and permeability of intracoronal sealers, using two endodontics
cements. 40 human teeth were divided into two grups. Group I, with 30 teeth,
canals were filled with gutta-percha cones and AH Plus cement. Group II, with
10 teeth, canals were filled with Epiphany System. Four millimeters of the
material was placed on the pulp chamber floor. Group I was divided in three
groups: In Group IA, after canal filling, pulp chambers were filled with temporary
filling IRM. In Group IB, pulp chambers were sealed with Socth Bond Multi
Purpose Plus and Group IC, pulp chambers were sealed with Adper
Singlebond. In Group II no sealing was made in pulp chambers of teeth. The
fluid filtration for each group was compared by Kruskal-Wallis test. In the 15
days period, low filtration indexes had been observed in all groups, but Group
IC presented the lowest level of filtration results. In the 30 days period, IA group
behaved as expected, the IRM permiting the larger filtration. The groups IB, IC
e II, perminting layer filtration than in the 15 days period. In the 60 days period,
the group II presented higher level of filtration but the groups IB e IC presented
the lost results of filtration, could being considered equally efficients, and the
group IA demonstred the poorest results. In conclusion all groups showed
filtration in 15, 30 and 60 days period.
Key words: fluid filtration, leakage, roort canal filling
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