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Nossa pesquisa investiga um período da história local do município de Maringá,
terceira maior cidade do Estado do Paraná, importante centro regional e peça
fundamental para entender o processo histórico de colonização ou, como preferimos
optar, a (re)ocupação do norte do Paraná
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. Fundada em 10 de maio de 1947
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como
fruto de um dos mais bem sucedidos – na lógica capitalista - projetos privados, de
iniciativa inglesa
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, Maringá foi projetada de acordo com “as mais avançadas normas
de planejamento” (LUZ, 1997, p. 46), baseado no modelo inglês de cidade-jardim
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.
Este planejamento, pragmático, deveria cumprir com o “tecnicismo” do capital
privado, possuindo “um traçado urbano que expressasse uma funcionalidade e, mais
exatamente, uma racionalidade” (ANTONIO, 2004, p.4). Daí, deriva o discurso que
veremos no desenvolvimento do trabalho de cidade sempre moderna e dinâmica.
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Memorialistas e historiadores têm escrito uma diversidade de trabalhos sobre o processo de colonização - para
uns - e reocupação - para outros - do Norte do Paraná. Na primeira opção recomendamos consultar: LUZ,
France. O fenômeno urbano numa zona pioneira: Maringá. Maringá, a Prefeitura, 1997; CANCIAN, Nadir
A. Cafeicultura paranaense -1900-1970. Curitiba: Grafipar, 1981; CERNEV, Jorge. Liberalismo e
colonização: o caso do Norte do Paraná. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Filosofia. Rio de Janeiro:
Universidade Gama Filho, 1988; MUSSALAN, René. Norte pioneiro do Paraná: formação e crescimento
através dos censos. Dissertação (Mestrado) – Departamento de História. Curitiba: Universidade Federal do
Paraná, 1974; SERRA, Elpídio. Processos de ocupação e a luta pela terra agrícola no Paraná. Tese
(Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas. Rio Claro: Unesp, 1991; CEZÁRIO,
Ana Cleide C. Norte novo: a expansão da fronteira e seu conteúdo simbólico. In: PAZ, Francisco M. (org).
Cenários de economia e política: Paraná. Curitiba: Prephacio, 1991; HILÁRIO, José. Maria do Ingá. Amargo
sabor de mel na colonização do Paraná. Maringá: Ideal, 1995; CORRÊA JÚNIOR, João Antonio. O trem de
ferro! Maringá: Editora 5 de Abril, 1991; RECCO, Rogério. À sombra dos ipês de minha terra. Londrina:
Midiograf, 2005.
Para a segunda opção, da qual somos partidários, recomendamos consultar: TOMAZI, Nelson Dacio. Norte do
Paraná: histórias e fantasmagorias. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2000; MOTA, Lúcio Tadeu. As guerras dos
índios Kaigang: a história épica dos índios Kaigang no Paraná (1769-1924). Maringá: Eduem, 1994;
TOMMASINO, K. A história dos Kaigang da bacia do Tibagi: uma sociedade Jê meridional em
movimento. Tese (Doutorado) – Departamento de Antropologia. São Paulo: USP, 1995; LOPES, Ana Yara
Paulino. Pioneiros do capital: a colonização do Norte Novo do Paraná. Dissertação (Mestrado) – FFLCH.
São Paulo: USP-FFLCH, 1982; GONÇALVES, José Henrique R. História regional & ideologias: em torno de
algumas corografias políticas do norte-paranaense, 1930/1980. Dissertação (Mestrado em História Social) –
Departamento de História. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1995; NOELLI, Francisco Silva; MOTA,
Lucio Tadeu. A pré-história da região onde se encontra Maringá, Paraná. In: DIAS, Reginaldo B;
GONÇALVES, José Henrique R. Maringá e o Norte do Paraná: estudos de história regional. Maringá: Eduem,
1999; GONÇALVES, José Henrique R. Quando a imagem publicitária vira evidência factual: versões e
reversões do Norte (Novo) do Paraná – 1930/1970. In: DIAS, Reginaldo B; GONÇALVES, José Henrique R.
Maringá e o Norte do Paraná: estudos de história regional. Maringá: Eduem, 1999.
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Optamos por não entrar em detalhes sobre a história do surgimento e fundação da cidade de Maringá devido ao
nosso recorte temático e pelo fato de termos uma vasta literatura que trata sobre o tema, conforme citado na nota
anterior.
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Sobre o ponto de vista do capital, consultar: COMPANHIA MELHORAMENTOS NORTE DO PARANÁ.
Colonização e desenvolvimento do Norte do Paraná, publicação comemorativa do cinqüentenário da
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, 24 de setembro de 1975, São Paulo.
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O modelo de cidade-jardim foi desenvolvido pelo inglês Ebenezer Howard para servir de modelo aos projetos
das companhias inglesas de colonização no final do século XIX. Seu planejamento contempla a cidade ideal,
sadia e bela. Consultar: HOWARD, Ebenezer. Cidades jardins de amanhã. Hucitec, 2002.