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apreciação desse repertório é a improvisação, que parece ser um bom caminho para levar o
aluno a ter maior interesse em interpretar a música atual. Pace (1962) acredita que
experiências com sons consonantes e dissonantes, através da improvisação, oferecem ao
aluno “a oportunidade de adquirir um maior conhecimento da música moderna” (p.1). E, de
acordo com Barancoski (2004), atividades de improvisação podem contribuir para que o aluno
desenvolva
uma intimidade com seu instrumento, uma postura interpretativa criativa e rica
em paleta de sonoridades (que se desenvolve através de uma busca e uma
exploração própria e individual), um estudo dinâmico, com uma atitude
constante de experimentações com andamentos, toques, dinâmicas, nuanças,
timbres, uso do pedal, articulações, em busca de soluções ao mesmo tempo
individuais e estilisticamente corretas (Barancoski, 2004, p.108).
É válido ressaltar que, para que o aluno consiga realizar tais experimentações ao
teclado, é preciso que tenha sido devidamente preparado. Campos (2000) faz algumas
sugestões para que a liberdade de criação possa se desenvolver gradativamente.
Primeiramente, a autora recomenda que o aluno crie estruturas sonoras explorando parâmetros
do som, regiões do piano, dentre outras, para depois serem introduzidas propostas de criação
mais elaboradas
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.
Através de nossa prática pedagógica, podemos perceber que, por um lado, alguns
professores estão sempre à procura de inovações e repertório atual, enquanto outros
permanecem fiéis ao ensino da interpretação de obras que são mais facilmente reconhecidas e
aceitas, tanto por intérpretes quanto pelo público, por já serem amplamente difundidas. Não
pretendemos questionar, avaliar, ou mesmo ressaltar uma ou outra prática, como também não
as consideramos excludentes; pelo contrário, acreditamos que ambas são válidas e até mesmo
complementares.
Um professor que deseja obter êxito em sua tarefa, dentre outros atributos, deve ter um
embasamento teórico que abranja conhecimentos acerca das teorias de aprendizagem,
procedimentos didáticos e ciência do material de ensino do qual pode dispor, o que configura
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Estas são as propostas de criação sugeridas por Campos (2000): “estórias sonoras imitando a natureza
(mar, chuva, tempestade, animais, pássaros etc.); improvisação inspirada nos próprios sonhos (tanto imagens
quanto sentimentos presentes neles); improvisação baseada em desenho feito pelo próprio aluno ou não;
improvisação inspirada em poesias; música de filme de terror, cena de amor, filme engraçado, desenho
animado; improvisação baseada em diálogos entre uma mão e outra ou a quatro mãos; improvisação dentro
do piano; brincadeiras com o silêncio, com tensões e distensões sonoras; improvisações usando conceitos de
teoria musical (staccato, legato, tons, semitons, graus conjuntos e disjuntos, etc.); improvisações usando
pulso, ritmos, escalas, células musicais, campos harmônicos, modos e encadeamentos; improvisações
partindo de um tema improvisado, tema dado ou composto pelo próprio aluno” (p. 174).