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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA
PROPAGAÇÃO DO ABACATEIRO (Persea sp.)
POR ESTAQUIA E MERGULHIA
Bibiana Della Pasqua Ferreira
Bióloga (UFRGS)
Dissertação apresentada como um dos requisitos
à obtenção do Grau de Mestre em Fitotecnia
Área de Concentração Horticultura
Porto Alegre (RS), Brasil
Março de 2008
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FOLHA DE HOMOLOGAÇÃO
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Otto Carlos Koller, pela orientação e dedicação;
Ao meu marido Adriano, meu maior incentivador;
Aos meus pais Laudelino e Janete, pelo exemplo de força e dedicação;
Aos colegas de curso, em especial Ana Carolina Nunes e Vanessa Savian,
pela amizade, parceria e troca de experiências;
Aos Doutores Sergiomar Theisen e Gilmar Schäfer, pelo auxílio nas análises
estatísticas;
Aos funcionários do Departamento de Horticultura e Silvicultura pelo auxílio
e apoio técnico;
Aos bolsistas de iniciação científica Lurdes Maria Reckziguel, Henrique
Belmonte Petry e Ricardo Rodrigues Silva, pela valiosa ajuda nos experimentos;
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos;
Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia,
pelos ensinamentos.
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PROPAGAÇÃO DO ABACATEIRO (Persea sp.) POR ESTAQUIA E
MERGULHIA
1
Autora: Bibiana Della Pasqua Ferreira
Orientador: Otto Carlos Koller
Co-orientador: Sérgio Francisco Schwarz
RESUMO
A propagação vegetativa é uma prática comum em fruticultura, pois
possibilita a formação de pomares com plantas geneticamente idênticas e
uniformidade de produção. No Brasil, contudo, as mudas de abacateiro ainda o
produzidas a partir da enxertia sobre seedlings, gerando pomares com porta-
enxertos desuniformes e suscetíveis ao patógeno do solo Phytophthora
cinnamomi, causador da gomose. Este trabalho objetivou testar métodos de
propagação de abacateiros a partir de estacas verdes confeccionadas de seis
formas diferentes; estacas estioladas acondicionadas em vasos de 10, 15, 20 e
25 cm de altura; e mergulhia de brotações estioladas submetidas ao anelamento
da casca, lesão e/ou aplicação de AIB. Os experimentos foram realizados em
câmara de nebulização intermitente localizada no Departamento de Horticultura e
Silvicultura da Faculdade de Agronomia/UFRGS, em Porto Alegre/RS. Não
ocorreu o enraizamento de estacas verdes em nenhum dos tratamentos testados,
no entanto, estacas apicais com duas folhas localizadas na base, sem aplicação
de AIB tiveram maior percentagem de sobrevivência e de formação de calo. Para
estacas estioladas, não se observou efeito das quatro alturas de vasos testadas
na sobrevivência, no número de folhas desenvolvidas, na altura e no diâmetro das
mudas formadas. Também não houve diferença entre as duas formas de
anelamento (retirada de um anel de casca e estrangulamento da casca com
arame). Com relação ao experimento de mergulhia, os procedimentos de
estiolamento em câmara escura, lesão na base da brotação e aplicação de 5.000
mg.L
-1
de AIB, com ou sem estrangulamento da casca, proporcionaram maiores
taxas de sobrevivência, até 120 dias, e maior altura das mudas. A partir dos
resultados obtidos, salienta-se a importância do estiolamento e da presença de
folhas verdes maduras para o sucesso na propagação vegetativa de cultivares de
abacateiro.
_______________________________________________________________
1.
Dissertação de Mestrado em Fitotecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. (85 p.) – Março de 2008.
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PROPAGATION OF THE AVOCADO TREE (Persea sp.) BY CUTTINGS AND
STOOL LAYERING
1
Author: Bibiana Della Pasqua Ferreira
Advisor: Otto Carlos Koller
Co-advisor: Sérgio Francisco Schwarz
ABSTRACT
Vegetative propagation is a common practice in fruit farming, since it allows
orchards to be formed with genetically identical plants and uniform production. In
Brazil, however, the avocado tree seedlings are still produced by grafting onto
seedlings, producing orchards with non-uniform rootstocks, and susceptible to the
soil pathogen Phytophthora cinnamomi, that causes gomosis. This study aimed at
testing avocado tree propagation methods for green cuttings, made in six different
ways; etiolated cuttings in 10, 15, 20 and 25 cm high pots, and stool latering of
etiolated buds submitted to ringing of the rind, lesion, and/or application of IBA.
The experiments were performed in an intermittent nebulization chamber in the
department of Horticulture and Forestry at the Faculdade de
Agronomia/UFRGS(Federal University of Rio Grande do Sul), in Porto Alegre, RS,
Brazil. There was no rooting of the green cuttings in any of the treatments tested,
but apical cuttings with two leaves at the base, without applying IBA, had a higher
percentage of survival and callus formation. For etiolated cuttings, no effect was
observed of the four pot heights tested in survival, on the number of leaves
developed, on height and diameter of the seedlings formed. There was also no
difference between the two forms of ringing (removal of a ring of rind and
strangling the rind with a wire). As to the experiment with stool layering, the
etiolation procedures in a dark chamber, lesion at the base of the bud and
applying 5.000 mg.L
-1
of IBA, with or without strangling the rind, provided higher
rates of survival up to 120 days and taller seedlings. Based on the results
obtained, the importance of etiolation and the presence of green mature leaves
are highlighted for success in the vegetative propagation of avocado tree cultivars.
_______________________________________________________________
1. Master’s Dissertation in Phytotechny, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil. (85 p.) – March 2008.
vi
vi
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................
01
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................
05
2.1 Propagação vegetativa .........................................................................
05
2.1.1 Estaquia .......................................................................................
06
2.1.2 Mergulhia .....................................................................................
08
2.2 Técnicas de condicionamento que proporcionam melhor
enraizamento Adventício ......................................................................
10
2.2.1 Uso de fitorreguladores................................................................
10
2.2.2 Estiolamento ................................................................................
13
2.2.3 Anelamento..................................................................................
14
2.2.4 Lesão na base da estaca .............................................................
16
2.2.5 Presença de folhas em estacas ...................................................
17
2.3 Phytophtora cinnamomi ........................................................................
20
3. MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................
23
3.1 Experimento 1: Propagação do abacateiro ‘Yon’ através de
segmentos de ramos com folhas..........................................................
23
3.2 Experimento 2: Propagação de abacateiros a partir de estacas
stioladas ...............................................................................................
27
3.3 Experimento 3: Propagação de abacateiros “Yon” através de
mergulhia..............................................................................................
34
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................
40
4.1 Experimento 1: Propagação do abacateiro ‘Yon’ através de
segmentos de ramos com folhas..........................................................
40
4.2 Experimento 2: Propagação de abacateiros a partir de estacas
estioladas .............................................................................................
46
4.3 Experimento 3: Propagação de abacateiros “Yon” através de
mergulhia..............................................................................................
57
5. CONCLUSÕES GERAIS.............................................................................
69
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................
70
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................
71
vii
vii
RELAÇÃO DE TABELAS
Página
1. Composição nutricional do adubo foliar Niphokam.....................................
32
2. Formação de calo (%) em estacas de ramos verdes de abacateiro ‘Yon’
aos 75 dias após a estaquia. Porto Alegre, 2006........................................
42
3.
Sobrevivência (%) de estacas de ramos verdes de abacateiro ‘Yon’ aos
75 dias após a realização da estaquia. Porto Alegre, 2006 ........................
44
4. Sobrevivência (%) e índices de desenvolvimento de mudas de abacateiro
seleção Viamão, obtidas a partir de estacas estioladas oriundas de três
métodos de produção de ramos e uso de vasos com quatro alturas para
o substrato de enraizamento, 300 dias após o início da estaquia. Porto
Alegre, 2007................................................................................................
48
5. Número médio de folhas em estacas de abacateiro seleção Viamão,
submetidas a dois métodos de anelagem da casca e uso de vasos com
quatro alturas para o substrato de enraizamento, 240 dias após o início
da estaquia. Porto Alegre, 2007..................................................................
50
6. Sobrevivência (%) de mudas de abacateiro ‘Yon’, ao longo de 335 dias
após a propagão por diversos procedimentos de mergulhia. Porto Alegre,
2007....................................................................................................................
59
7. Diâmetro médio (cm) dos caules de mudas de abacateiro ‘Yon’
propagadas por diversos procedimentos de mergulhia, aos 60, 180, 270
e 335 dias após o início do experimento. Porto Alegre, 2007.....................
63
8. Altura média (cm) de mudas de abacateiro “Yon” propagadas por
diversos métodos de mergulhia, aos 60, 180, 270 e 330 dias após o
início do experimento. Porto Alegre, 2007 ..................................................
64
viii
viii
RELAÇÃO DE FIGURAS
Página
1. Formas de preparo de estacas, a partir de segmentos de ramos com
folhas verdes de abacateiro ‘Yon. Porto Alegre, 2006................................
25
2. Disposição das estacas de abacateiro ‘Yon’, plantadas em segmentos de
tubos de PVC preenchidos com casca de arroz carbonizada, sobre
bancada de concreto. Porto Alegre, 2006...................................................
26
3. Brotações de enxertos transitórios de abacateiros, cuja base estiolada
permaneceu imersa em tubos de PVC preenchidos com substrato de
casca de arroz carbonizada, em câmara de nebulização intermitente,
apresentando folhas expandidas e clorofiladas. Porto Alegre, 2007 ..........
29
4. Tesoura aneladora......................................................................................
31
5. Disposição das estacas de abacateiro em recipientes de 10, 15, 20 e 25
cm de altura, sobre bancada de concreto, localizada dentro de câmara de
nebulização intermitente, 10 dias após a estaquia. Porto Alegre, 2007 .......
33
6. Método de estiolamento de brotações em câmaras escuras individuais,
sob sombrite, em casa de vegetação telada. Porto Alegre, 2007...............
35
7. Alguns procedimentos utilizados na propagação do abacateiro ‘Yon’ por
mergulhia de ramos estiolados: a. câmara escura individual; b.
anelamento da casca com tesoura aneladora; c. anéis galvanizados
preenchidos com areia e tubo de PVC preenchido com casca de arroz
carbonizada; d. lesão longitudinal realizada na base da brotação; e.
aplicação de AIB com haste flexível de algodão.........................................
37
8.
Evolução do surgimento de clorose e/ou necrose, ao longo de semanas,
em folhas de estacas de ramos verdes de abacateiros ‘Yon’. Porto
Alegre, 2006................................................................................................
41
9.
Calos formados em estacas apicais de ramos verdes de abacateiro ‘Yon’
não tratados com AIB. Porto Alegre, 2006..................................................
42
10. Retenção de folhas em estacas de ramos verdes apicais com folhas na
base e no ápice, com e sem aplicação de AIB, ao longo de 8 semanas.
Porto Alegre, 2006 ...................................................................................
43
ix
ix
11. Sobrevivência (%) de estacas estioladas de abacateiro Seleção
Viamão, submetidas a dois métodos de anelamento da casca e uso de
vasos com quatro alturas, ao longo de 240 dias após a estaquia. Porto
Alegre, 2007.............................................................................................
49
12. Número médio de folhas presentes em mudas de estacas estioladas de
abacateiro seleção Viamão, submetidas a dois métodos de anelamento
de casca e uso de vasos com quatro alturas, ao longo de 300 dias após
a estaquia. Porto Alegre, 2007.................................................................
51
13. Sistema radicular de mudas de abacateiro seleção Viamão obtidas a
partir de estacas estioladas submetidas a dois métodos de anelamento
da casca e sem anelamento (testemunha), acondicionadas em vasos
de 15cm de altura, um ano após a estaquia. Porto Alegre, 2007.............
53
14. Sistema radicular de mudas de abacateiro seleção Viamão, obtidas a
partir de estacas estioladas e aneladas, e acondicionadas em vasos de
10, 15, 20 e 25cm de altura, um ano após a estaquia. Porto Alegre,
2007 .........................................................................................................
55
15. Sobrevivência (%) de mudas de abacateiro ‘Yon’, ao longo de 335 dias
após a propagação por diversos procedimentos de mergulhia. Porto
Alegre, 2007.............................................................................................
58
16. Número médio de folhas emitida
s por mudas de abacateiro “Yon”
propagadas por diversos procedimentos de mergulhia, ao longo de 335
dias. Porto Alegre, 2007...........................................................................
61
17. Diâmetro médio (cm) dos caules de mudas de abacateiro ‘Yon’
propagadas por diversos procedimentos de mergulhia, aos 60, 180, 270
e 335 dias após o início do experimento. Porto Alegre, 2007 ..................
62
18. Altura média (cm) de mudas de abacateiro “Yon” propagadas por
diversos todos de mergulhia, aos 60, 180, 270 e 330 dias após o
início do experimento. Porto Alegre, 2007................................................
64
19. Sistema radicular de mudas de abacateiro ‘Yon’, um ano após a
propagação por diversos procedimentos de mergulhia. Porto Alegre,
2007 .........................................................................................................
68
1 INTRODUÇÃO
O abacateiro (Persea americana Mill.) é uma planta frutífera perenifólia
originária do continente americano (Koller, 1992). Pertence à família Lauraceae,
cuja distribuição geográfica engloba as Américas, Ásia Tropical, Austrália,
Madagascar e África do Sul, sendo representada por 50 gêneros e 2.500 espécies
(Quinet & Andreata, 2002, citados por Fior et al., 2007). As espécies de Persea
são classificadas em dois subgêneros: Eriodaphne e Persea. O subgênero
Eriodaphne contém algumas espécies resistentes à Phytophtora cinnamomi
Rands, no entanto, sua enxertia com espécies do subgênero Persea, ao qual
pertencem os abacateiros cultivados, é incompatível (Bergh, 1992).
Os abacateiros cultivados se agrupam em três raças: a raça guatemalense,
que pertence à espécie Persea nubigena; a raça Mexicana, que pertence à
espécie Persea americana var. drymifolia; e a raça Antilhana, que pertence à
espécie Persea americana var. americana (Koller, 2002).
As três raças diferem em vários aspectos, além de características
morfológicas, tais como adaptação climática, tolerância ao frio, à salinidade e à
clorose causada por ferro, (Bergh, 1992). Os abacateiros da raça Mexicana são
originários do México, os da raça Guatemalense de Honduras e Guatemala, e os
da raça Antilhana da Colômbia (Bergh, 1975, citado por Ploetz et al., 2002).
2
O México é o maior produtor e exportador mundial, com 31% da produção.
Outros importantes produtores são Indonésia, Estados Unidos, Colômbia, Brasil,
Chile, República Dominicana, África do Sul, Peru e Israel. Juntos, esses países e
o México contribuem com 75% da produção mundial (FAO, 2005). Os principais
países exportadores são Israel, África do Sul, Espanha, Martinica, Costa do
Marfim, Camarões, Quênia e Chile. Dentre os importadores destacam-se: França,
Inglaterra, Alemanha, Holanda, Bélgica, Dinamarca e Japão (Koller, 2002).
O Brasil é o maior produtor mundial de abacate, com uma produção, em
2005, de 170 mil toneladas em 12 mil hectares, para uma produção mundial de,
aproximadamente, 3,2 milhões de toneladas e área de 416 mil hectares (FAO,
2005). A produção brasileira está distribuída principalmente pela região Sudeste,
seguida pela Nordeste e Sul, sendo o Estado de São Paulo o maior produtor, com
produção estimada, em 2003, de 78 mil toneladas (59% do total nacional). O
segundo Estado maior produtor, o Paraná, apresenta participação ao redor de
14%, seguido pelos estados do Espírito Santo (6%), Rio Grande do Sul (6%) e
Ceará (3%) (IBGE, 2004). A produção é praticamente toda destinada ao mercado
nacional de frutas frescas (Koller, 2002; Francisco & Baptistella, 2005).
O abacate do Rio Grande do Sul, denominado “comum” pelos atacadistas
da Ceasa/RS, é de baixa qualidade, por não ser proveniente de cultivares
comerciais, e, por isso, raramente atinge cotações superiores a 60% do preço
pago pelo abacate importado dos outros Estados. Este, genericamente
denominado “Fortuna”, representado pelas diversas cultivares comerciais de bom
aspecto e qualidade, é comercializado durante praticamente o ano inteiro, mas
com maior intensidade nos primeiros seis meses do ano (Oliveira, 1999).
3
Estudo realizado pela Ceagesp em 2003 mostra que a comercialização de
abacate vem apresentando decréscimo. De 1992 a 2002 houve uma queda de
13% no volume de abacates comercializados no entreposto de São Paulo, cujo
total passou de 35,6 mil toneladas para 30,9 mil toneladas. O volume de produção
e a área cultivada também sofreram reduções de 86 mil toneladas e 2,2 mil
hectares, entre 1992 e 2002.
No Rio Grande do Sul, a produção de abacate pode tornar-se mais
expressiva nos próximos anos. Será implantada, na região de Venâncio Aires,
uma micro-empresa especializada na extração e beneficiamento de óleo natural
de abacate para fins alimentícios, fitoterápicos e cosméticos. A empresa está à
procura de produtores interessados em instalar pomares, podendo constituir-se
numa alternativa de diversificação e renda para pequenas propriedades rurais
(Afubra, 2007).
Apesar do amplo potencial para exportação na entressafra de países
grandes consumidores desse fruto, o cultivo do abacateiro é limitado por questões
climáticas e, principalmente, pela Phytophtora cinnamomi (Fior et al; 2007),
causadora da gomose, também chamada de podridão das raízes.
A podridão das raízes é a doença mais prejudicial ao abacateiro na
Califórnia e em muitas outras áreas de produção do mundo (UC IPM, 2006). A
Phytophtora cinnamomi foi reclassificada recentemente, com base em caracteres
fenotípicos e genotípicos, e está atualmente inserida no Reino Straminipila,
deixando de ser considerada um fungo (Fundecitrus, 2006). Esse patógeno se
desenvolve em áreas com excesso de umidade no solo e pouca drenagem.
Árvores de qualquer idade e qualquer tamanho podem ser afetadas, o que causa
declínio, rápido ou lento, culminando com a morte das plantas (UC IPM, 2006).
4
Apesar de mais de 70 anos de pesquisas sobre todos de controle de P.
cinnamomi, essa doença continua se alastrando e devastando pomares de
abacateiros, sem que nenhuma medida de controle completamente satisfatória
tenha sido descoberta (Messenger et al., 2000; Menge et al., 1999). Estima-se
que 2/3 dos pomares da Califórnia estejam infectados, causando perdas de quase
30% do total da plantação (Messenger et al., 2000). Ainda que novos tratamentos
com fungicidas eficientes sejam desenvolvidos, preocupações a respeito do custo
e eventual desenvolvimento de resistência ainda favorecem a realização de
estudos para utilização de porta-enxertos geneticamente tolerantes (Arpaia, 1999;
Menge et al., 1999).
A disseminação nos pomares ocorre através de mudas e ferramentas
infectadas, e através da água que aflui de locais próximos contaminados. O
patógeno destrói as radicelas do abacateiro, deixando-o com pouca capacidade
para absorver água do solo. O uso de porta-enxertos tolerantes à Phytophtora,
práticas culturais que aumentem a infiltração de água no solo e uso de fungicidas
podem ser parte de um programa de pesquisas integradas para diminuir a
incidência e severidade da doença (Messenger et al., 2000).
O objetivo deste trabalho foi testar métodos de propagação vegetativa,
utilizando as técnicas de estaquia e mergulhia, para a formação de porta-enxertos
sobre os quais possam ser enxertadas cultivares copa.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Propagação vegetativa
A propagação assexuada, vegetativa ou agâmica é o processo de
multiplicação que ocorre através de mecanismos de divisão e diferenciação
celular, por meio da regeneração de partes da planta-mãe. Baseia-se nos
princípios de totipotencialidade (as células da planta contém todas as informações
genéticas necessárias para a perpetuação da espécie) e de que as células
somáticas apresentam capacidade de regeneração de órgãos adventícios.
Especialmente na propagação de plantas frutíferas, as técnicas de propagação
assexuada são vantajosas, pois permitem a manutenção das características
agronômicas, reduzem a fase juvenil e permitem a obtenção de áreas de
produção uniformes, devido à ausência de segregação genética (Fachinello et al.,
1995).
Com relação à produção de mudas, o abacateiro tradicionalmente é
propagado por enxertia de uma cultivar-copa de interesse econômico sobre um
porta-enxerto oriundo de embrião zigótico, de semente monoembriônica (Koller,
1992). Devido à polinização cruzada, o embrião resulta da fertilização do óvulo
pelo pólen proveniente de um indivíduo geralmente desconhecido, formando,
assim, sementes altamente heterozigóticas, sendo impossível, portanto, produzir
plantas geneticamente uniformes a partir de sementes. O objetivo de se ter
6
caracteres uniformes no porta-enxerto é de considerável importância para o
sucesso do pomar, em pelo menos duas características: resistência a doenças do
solo, principalmente Phytophtora cinnamomi, e adaptação aos tipos de solo,
quanto à salinidade e pH (Kadman & Ben Ya’acov, 1965). Outras características
também desejáveis o: aumento da produtividade, indução ao nanismo e
compatibilidade do enxerto com a cultivar copa (Hofshi, 1996).
Vários autores têm encontrado dificuldade em desenvolver métodos de
propagação vegetativa economicamente viáveis. O abacateiro, especialmente da
raça Antilhana, apresenta-se como uma espécie de difícil enraizamento por
estacas, devido a fatores fisiológicos, como o balanço entre promotores e
inibidores de enraizamento (Mohammed & Sorhaindo, 1984) e anatômicos, como
a presença de anéis fibro-esclerenquimáticos entre o floema e o parênquima
cortical (Gómez et al., 1973).
2.1.1 Estaquia
Estaquia é o termo utilizado para o processo de propagação no qual ocorre
a indução do enraizamento adventício em segmentos, contendo ao menos uma
gema, destacados da planta-mãe que, uma vez submetidos a condições
favoráveis, originam uma muda. A viabilidade desse procedimento na produção
comercial de mudas é função da facilidade de enraizamento de cada espécie e/ou
cultivar, da qualidade do sistema radicular formado e do desenvolvimento
posterior da planta na área ou região onde seinstalado o pomar (Fachinello et
al., 1995).
Diversos estudos foram realizados com o intuito de propagar
vegetativamente variedades de abacateiro que expressem certa resistência à
7
gomose. No entanto, o processo de estaquia é limitado pela dificuldade de
enraizamento, que pode ser causada por fatores internos: condição fisiológica da
planta-matriz, idade da planta, tipo de estaca, época do ano, potencial genético de
enraizamento, sanidade, balanço hormonal e oxidação de compostos fenólicos;
ou externos: luz, umidade, temperatura, substrato e condicionamentos (Fachinello
et al., 1995). Essa dificuldade de enraizamento parece ser uma característica
comum a várias espécies da família Lauraceae (Itoh et al., 2002; Becker, 1991).
Itoh et al. (2002), estudando a habilidade de enraizamento de 100 espécies
arbóreas de floresta tropical, verificaram que, dentre as 41 famílias abrangidas,
Dipterocarpaceae e Lauraceae foram as que apresentaram menores taxas de
enraizamento e, conseqüentemente, menor sucesso na propagação vegetativa.
Dentre os fatores que influenciam especificamente o enraizamento das
estacas de abacateiro, são considerados como positivos, segundo Kadman & Ben
Ya’acov (1965): planta matriz jovem, utilização de estacas terminais semi-
herbáceas, temperaturas mais elevadas, uso de fitoreguladores (AIB), intensidade
de luz reduzida, presença de folhas e estiolamento.
Com relação à idade da planta matriz, em experimento utilizando estacas
obtidas de seedlings com 6, 8, 10 e 12 meses de idade, Kadman (1976) obteve
100% de enraizamento para os seedlings de 6 meses. Este percentual caiu para
30% nos seedlings com 12 meses.
Segundo Young (1961), a produção de raízes em estacas de abacateiro
varia com a idade da planta e com a variedade. Utilizando estacas de árvores
maduras, variedades como Zutano e Scott freqüentemente chegam a 100% de
enraizamento, enquanto que as estacas de ‘Fuerte’ têm baixo percentual de
enraizamento e as de ‘Hass’ não enraízam. Por outro lado, estacas de árvores
8
com menos de um ano de idade enraízam bem, independente da cultivar. O
mesmo autor, em experimentos exploratórios, verificou que estacas provenientes
de plantas matrizes crescendo em solos com altos níveis de nitrogênio e irrigadas
com solução nutritiva, retêm mais folhas e têm maiores porcentagens de
enraizamento do que as estacas de plantas com baixos níveis de nitrogênio.
2.1.2 Mergulhia
A mergulhia é um processo de multiplicação assexuada em que a planta a
ser formada é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema
radicular. Baseia-se no princípio de que, através do revestimento total ou parcial
do ramo com substrato são proporcionadas condições de umidade, aeração e
ausência de luz que favorecem a emissão de raízes (Fachinello et al., 1995).
A conexão permanente do caule à planta matriz, durante o período de
enraizamento, permite um contínuo aporte de água, carboidratos, hormônios e
vários outros metabólitos através do xilema e do floema. Com isso, evita-se todos
os efeitos maléficos do estresse hídrico, como a perda de folhas, especialmente
para aqueles genótipos difíceis de enraizar, que necessitam de longos períodos
de enraizamento. Também é evitada a lixiviação de nutrientes e metabólitos
associada com a nebulização intermitente, muito utilizada na estaquia de ramos
(Hartmann et al., 1990; Raviv & Reuveni, 1984).
A jabuticabeira (Plinia trunciflora) também é, assim como P. americana,
uma espécie de difícil propagação vegetativa. Entretanto, Danner et al. (2006)
obtiveram, em média, 91,75% de enraizamento de ramos utilizando o processo de
mergulhia aérea com aplicação de 4.000 mg.L
-1
de AIB. Segundo os autores, esse
9
método concilia o enraizamento à conexão à planta-matriz, ampliando as
condições para que a rizogênese aconteça.
Estudando o comportamento fisiológico de goiabeira serrana (Feijoa
sellowiana, atualmente Acca sellowiana) multiplicada por mergulhia de cepa,
Mielke et al. (1994) encontraram correlação positiva entre o diâmetro das
brotações e a taxa de enraizamento, ou seja, quanto maior o diâmetro maior o
percentual de brotações enraizadas. Para outros parâmetros, como teor de
clorofila e área foliar, as correlações não foram significativas para taxa de
enraizamento e matéria seca das raízes.
O procedimento de mergulhia, aliado à técnica de estiolamento, descrito
por Frolich & Platt (1972), vem proporcionando resultados positivos para a
propagação vegetativa do abacateiro. Rogel-Castellanos et al. (2000) verificaram
que o tipo de enxerto realizado em seedlings de abacateiro afetou
significativamente o número de raízes, o comprimento das raízes e o índice de
qualidade do enraizamento de brotações estioladas submetidas à mergulhia, não
diferindo, entretanto, quanto a porcentagem de enraizamento. Com relação aos
tratamentos (tipos de enxerto, anelagem da casca e concentrações de AIB), os
melhores resultados foram obtidos com brotações estioladas, obtidas de enxertos
por garfagem de fenda simples, tratadas com 10.000 mg.L
-1
de AIB e sem
obstrução de circulação da seiva.
10
2.2 Técnicas de condicionamento que proporcionam melhor
enraizamento adventício
O enraizamento adventício de estacas e brotações pode ser influenciado
por diversos fatores, quer sejam relacionados com a planta matriz, tais como
condição fisiológica, idade, época do ano, sanidade e balanço hormonal, ou
relacionados com o ambiente (luz, temperatura, umidade, substrato) (Fachinello et
al., 1995). No entanto, pode ser difícil conseguir agregar todas as condições
ideais no momento da coleta dos ramos. O uso de fitorreguladores, o
estiolamento, o anelamento, a lesão e a presença de folhas são técnicas que
podem ser utilizadas, isoladas ou combinadas, e que proporcionam melhores
índices de enraizamento em muitas espécies.
2.2.1 Uso de fitorreguladores
Várias classes de reguladores de crescimento, tais como auxinas,
citocininas, giberelinas e etileno, assim como inibidores, como ácido abscísico e
fenóis, exercem influência na iniciação das raízes. Destas classes, as auxinas têm
o maior efeito na formação de raízes em estacas (Hartmann et al., 1990).
As auxinas são o grupo hormonal mais conhecido entre os reguladores de
crescimento. Elas estão quimicamente relacionadas com o ácido 3-indolacético
(AIA), que foi o primeiro fitohormônio descoberto e identificado nas primeiras
décadas do culo XX como mensageiro químico que participava no fototropismo
(Hinojosa, 2000).
Nas plantas, além do AIA, existem vários compostos que apresentam
atividade auxínica, em maior ou menor extensão, em testes de bioensaios, como
indol-acetaldeído, indolacetonitrila, indoletanol, ácido indolpirúvico, sendo que a
11
atividade auxínica pode estar relacionada ao caráter intermediário na biossíntese
do AIA. Entre as auxinas sintéticas citam-se: o ácido indolbutírico (AIB), o ácido
indolacético (AIA), o ácido indolpropiônico (AIP), ácido naftalenoacético (ANA),
ácido diclorofenoxiacético (2,4-D), ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético (2,4,5-T), ácido
2,metil 4-clorofenoxiacético (MCPA) e 2,4,5-triclorofenoxipropiônico (2,4,5-TP)
(Caldas et al.; 1998, Hinojosa, 2000).
Os efeitos fisiológicos das auxinas são: expansão celular, tropismo,
geotropismo, dominância apical e abcisão foliar. Comercialmente, os reguladores
de crescimento são empregados no enraizamento de estacas, no controle de
ervas daninhas/invasoras, no vingamento de frutos, no raleio químico e para
evitar a queda pré-colheita de frutos (Hinojosa, 2000).
A auxina é uma substância promotora do crescimento das plantas, sendo
sintetizada nas gemas apicais e nas folhas novas. Devido ao mecanismo de
transporte polar, a auxina move-se do local de produção para baixo, achegar à
extremidade das raízes, onde é inativada por enzimas. Muitos são os efeitos da
auxina na planta, sendo que entre eles estão: a produção de raízes adventícias
em estacas de caules, promoção da atividade cambial, inibição das gemas
laterais e promoção do crescimento do fruto (Alvarenga & Carvalho, 1983).
Nem sempre, porém, o tratamento com reguladores de crescimento
garante uma boa resposta na formação de raízes, pois a concentração hormonal
necessária é variável para cada espécie e para cada parte da planta (raízes,
caules, gemas) (Lampert Dias et al.; 1999). Alvarenga & Carvalho (1983)
destacam que as raízes são muito sensíveis a essas substâncias e pode-se
estimular o crescimento radicular desde que as concentrações empregadas sejam
as ideais para a espécie considerada, pois qualquer acréscimo além do
12
necessário pode tornar-se inibitório. A resposta da planta à auxina endógena e
exógena depende, portanto, da natureza do tecido e da concentração da
substância presente.
O mecanismo de ação hormonal consiste de um sinal, uma transdução e
uma resposta. O reconhecimento do sinal implica que o hormônio deve ser
reconhecido por um receptor específico, denominado “proteína receptora”,
presente nas células alvo. O complexo “hormônio-receptor” é a forma ativa do
hormônio e, com ele, completa-se a etapa de percepção do sinal. A segunda
etapa da ação hormonal é a transdução e amplificação do sinal, em que o
complexo desencadeia uma cascata de processos bioquímicos que leva à
resposta final. Essa resposta pode estar relacionada com a divisão celular,
enraizamento ou floração (Hinojosa, 2000).
O objetivo de utilizar algum tipo de auxina na propagação de plantas a
partir de estacas é aumentar a porcentagem de enraizamento, apressar a
iniciação radicular, aumentar o número e a qualidade das raízes formadas, e
proporcionar melhor uniformidade no enraizamento (Hartmann et al., 1990).
Diversas pesquisas já foram realizadas com o intuito de maximizar os
índices de enraizamento de estacas de abacateiro a partir da concentração ótima
do fitorregulador, sendo os resultados bastante variáveis. Para as cultivares
Fuerte e Colin V-33 (Barrientos-Priego et al., 1986), e Seleção 153 (Oliveira et al.,
1999), 10.000 mg.L
-1
de AIB foi a concentração que proporcionou melhores
resultados para o enraizamento de estacas e de brotações estioladas. Rogel-
Castellanos (2000) indica a concentração de 5.000 mg.L
-1
para a Seleção 127.
Silveira et al. (2004) obtiveram 62,5% de enraizamento em estacas estioladas da
cultivar Ouro Verde e também em estacas verdes da cultivar Baronesa utilizando
13
2.000 mg.L
-1
do fitorregulador. Em contrapartida, Mindêllo-Netto et al. (2006) e
Gustafson & Kadman (1969) indicam a concentração de 500 mg.L
-1
para estacas
verdes de abacateiro ‘Fuerte’ e ‘Gvar-Am 13’, respectivamente.
2.2.2 Estiolamento
A dificuldade que algumas espécies ou cultivares apresentam na formação
de raízes, por vezes, inviabiliza processos relativamente simples de propagação
vegetativa, como a estaquia. Neste caso, diversas formas de aumentar a
eficiência de enraizamento das estacas podem ser utilizadas e, dentre elas, o
estiolamento, que consiste no pré-tratamento das plantas matrizes em ausência
de luz. Esta cnica tem proporcionado excelentes resultados em muitas espécies
frutíferas e ornamentais de difícil enraizamento (Biasi, 1996).
Os efeitos morfológicos mais evidentes do estiolamento incluem a perda da
clorofila, alongamento dos internódios e formação de tecidos mais suculentos,
com menor resistência mecânica, devido à menor lignificação, suberificação e
espessura das paredes celulares. Também ocorrem alterações fisiológicas,
envolvendo o metabolismo e transporte de auxina (inibição do sistema enzimático
AIA-oxidase), alterações na sensibilidade dos tecidos à auxina e no conteúdo de
compostos fenólicos, que podem agir como co-fatores da auxina ou inibidores da
AIA oxidase (Bassuk & Maynard,1987).
Frolich & Platt (1972) conseguiram bons resultados de enraizamento
utilizando o estiolamento e anelamento das estacas. Porta-enxertos provenientes
de sementes foram enxertados e, a partir desse enxerto, suas brotações
cresceram no interior de uma câmara escura. A partir do momento que adquiriram
um determinado comprimento, o caule foi mantido no escuro, envolvido por
14
substrato, permitindo que a parte apical se desenvolvesse na luz, para então a
brotação ser destacada da planta- matriz, transplantada e enraizada. Uma
adaptação desta técnica foi descrita por Hofshi (1996), realizando um ferimento
na brotação estiolada, 10 cm acima do ponto de enxertia; envolvendo o ferimento,
com um recipiente plástico preenchido com substrato, de modo que as raízes se
desenvolvam no seu interior. O transplante para um recipiente maior pode ser
realizado assim que um bom número de raízes estiverem formadas. A vantagem
desta metodologia é a possibilidade de se obter mais de um clone por seedling.
Estudos confirmam a eficácia desta técnica no enraizamento de estacas de
diversas frutíferas, tais como macieira, laranjeira, abacateiro, dentre outras.
Estacas de laranjeira ‘Valência’, mantidas estioladas por 60 dias, tiveram um
percentual de enraizamento de 26%, ao passo que, em estacas não estioladas,
esse percentual foi de 0,92% (Castro & Kersten, 1996). Em estacas de macieira
‘Bramley’s Seedling’, cultivar cujo enraizamento adventício é considerado difícil, o
crescimento das brotações em ausência de luz proporcionou 58,6% de
enraizamento; já em estacas não estioladas não ocorreu formação de raízes
(Delargy & Wright, 1978).
2.2.3 Anelamento
O anelamento consiste na remoção de um anel completo de casca
(epiderme, capas subepidérmicas e floema) do tronco ou de ramos da árvore,
bloqueando temporariamente o movimento da seiva elaborada das folhas para a
raiz. Isso resulta em um acúmulo de carboidratos e fitohormônios acima da região
anelada (Salisbury & Ross, 1996, citados por Sartori & Ilha, 2005). Essa prática é
utilizada no manejo de pomares para diversas finalidades, tais como: melhorar a
15
fixação dos frutos, estimular a floração, aumentar a produção e o tamanho dos
frutos, bem como características de cor, teor de açúcares e acidez (Sartori & Ilha,
2005). O estrangulamento, feito a partir do amarrio de um arame apertado em
volta do ramo, exerce o mesmo efeito que a remoção do anel de casca
(Fachinello et al., 1995).
Os carboidratos são freqüentemente considerados como a principal fonte
de energia e carbono estrutural durante o enraizamento, porque na maioria das
estacas estão presentes em maiores concentrações do que outras fontes
alternativas de energia, como lipídios (Haissig, 1974). Segundo Malavasi (1994),
uma relação entre a concentração de carboidratos e o enraizamento de
estacas, uma vez que esses açúcares exercem funções estruturais relevantes ao
processo bioquímico durante a expansão celular, na formação de novos tecidos e
iniciação de raízes adventícias (Silva, 1998).
A influência do anelamento no enraizamento de estacas do porta-enxerto
de macieira ‘MM-106’ foi testada por Fachinello et al. (1988). Em plantas matrizes,
os referidos autores coletaram estacas de ramos que, algumas semanas antes,
haviam sido submetidos ao anelamento e estrangulamento. Verificaram que tanto
o anelamento quanto o estrangulamento da casca, com fio de cobre,
proporcionaram, sem diferença estatística entre as duas técnicas, aumento
significativo na porcentagem de estacas enraizadas devido ao acúmulo de
cofatores de enraizamento acima da região obstruída, bem como aumento na
quantidade de matéria seca e de açúcares solúveis.
Em estacas de macieira ‘Bramley’s Seedling’ apenas o anelamento prévio
dos ramos não proporcionou a emissão de raízes, mas quando essa metodologia
foi aliada ao estiolamento dos brotos, o percentual de enraizamento atingiu 98%
16
(Delargy & Wright, 1978). Em laranjeira ‘Valência’, no entanto, não foi necessária
a combinação dessas duas práticas. Apenas o estiolamento dos brotos foi
suficiente para se obter melhor resultado em ralação ao tratamento controle, sem
estiolamento e sem anelamento (Castro & Kersten, 1996).
Medrado et al. (1995) observaram, a partir de cortes microscópicos, que o
estrangulamento associado com o estiolamento das brotações de seringueira
(Hevea brasiliensis clone RRIM 600) promoveu alterações na atividade do câmbio
vascular, que passou a produzir maior número de células parenquimáticas no
floema. Tal proliferação celular parece ser um dos fatores do rompimento do anel
de fibras esclerenquimáticas, muitas vezes citadas como barreira física que
dificulta a emergência das raízes adventícias.
2.2.4 Lesão na base da estaca
A realização de uma lesão na base das estacas, mediante a retirada de
uma porção de casca e tecido semi-lenhoso, é benéfica ao enraizamento de
certas espécies, especialmente em estacas que apresentam madeira velha em
sua base, pois favorece a formação de calo e de raízes nas bordas da lesão. A
divisão celular e a indução dos primórdios de raízes são estimuladas nos tecidos
lesionados, devido ao aumento na taxa respiratória e nos teores de auxina,
carboidratos e etileno na área lesionada (Hartmann et al., 1990).
A lesão também favorece maior absorção de água e de reguladores de
crescimento de aplicação exógena, aumentando a sua eficiência. Algumas
espécies possuem anéis esclerenquimáticos localizados no córtex externo ao
ponto de origem das raízes adventícias. As lesões permitem que haja rompimento
17
dessa barreira física, a qual pode até mesmo impedir a emergência das raízes
(Fachinello et al., 1995).
Souza et al.(1995) observaram aumento de 27,2% no enraizamento de
estacas lenhosas de ameixeira japonesa ‘Frontier’ que tiveram sua base
lesionada, em comparação com estacas sem lesão.
Camolesi et al. (2007), testando a estaquia de ramos semi-lenhosos de
pessegueiro ‘Okinawa’, também obtiveram maiores porcentagens de
enraizamento em estacas com lesão, além de maior número de raízes por estaca.
Comparando-se o ponto de máxima eficiência de diferentes concentrações de
AIB, os referidos autores citam que, nas estacas lesionadas, a concentração
ótima do fitorregulador foi inferior em relação às estacas não lesionadas.
2.2.5 Presença de folhas em estacas
A presença de folhas em estacas exerce forte influência na iniciação de
raízes. Os carboidratos translocados das folhas para a estaca, sem dúvida,
contribuem para esse processo. Folhas e gemas são grandes produtores de
auxinas e seus efeitos o observados diretamente abaixo de suas posições,
indicando que o transporte de substâncias do ápice para a base está envolvido no
enraizamento de estacas (Hartmann et al., 1990).
Com relação à presença de folhas nas estacas de abacateiros e sua
função no processo de enraizamento, Reuveni & Raviv (1981) utilizaram estacas
de 10 cultivares, com diferentes potenciais intrínsecos de enraizamento, coletadas
de plantas matrizes cultivadas sob condições similares. Os resultados mostraram
que a porcentagem de enraizamento entre as diferentes cultivares está
diretamente correlacionada com o número de folhas retidas pelas estacas durante
18
a fase de enraizamento. A contribuição das folhas pode ser explicada pela
continuação da fotossíntese, que resulta em um acúmulo de carboidratos na base
da estaca, uma vez que este fator (quantidade de amido acumulado) também teve
correlação direta com a porcentagem de estacas enraizadas.
Corroborando com estes dados, Altman & Wareing (1975) verificaram, em
estacas de hipocótilo de Phaseolus vulgaris, que o tratamento com AIB,
associado com a presença de folhas, aumentaram significativamente o número de
raízes formadas. Os referidos autores relatam que um aumento no transporte
basípeto de assimilados após a aplicação de AIB, sugerindo que uma das funções
desta auxina na promoção do enraizamento é aumentar a disponibilidade de
açúcares no local de formação das raízes. O suprimento exógeno do
fitorregulador, em associação com substâncias derivadas das folhas, estimularia a
quebra dos carboidratos de reserva.
Para Tarragó et al. (2005), o número de folhas retidas em estacas de Ilex
paraguariensis e o tempo que elas permanecem é mais importante que uma
grande quantidade inicial de folhas. A abscisão das folhas é causada por alguma
situação de estresse e, conseqüentemente, resulta em menores taxas de
enraizamento.
Em estacas de Prunus africana, a porcentagem de enraizamento aumentou
paralelamente com o incremento da área foliar, resultando também em menor
mortalidade de estacas (Tchoundjeu et al., 2002). Em estacas de híbridos de
Leucaena, áreas foliares grandes resultaram em maiores freqüências de
enraizamento, melhor qualidade do sistema radicular (raízes mais longas) e
menor tempo para iniciar o enraizamento. A morte de estacas, após 4 semanas,
também foi correlacionada com a abcisão de folhas (Shi & Brewbaker, 2006).
19
Kibbler et al. (2004) analisaram diversos fatores que poderiam influenciar a
formação de raízes adventícias em Backhousia citriodora, uma espécie
considerada de difícil enraizamento, assim como Persea americana. Os autores
concluíram que, além do genótipo da planta matriz e da juvenilidade dos tecidos,
a presença de folhas adultas nas estacas proporcionou enraizamento mais rápido
e maior tempo de sobrevivência das mesmas, visto que folhas jovens (imaturas)
competem por nutrientes com as raízes em formação. Observou-se, também, que
não houve formação de raízes em estacas que perderam as folhas.
Raviv et al. (1986) extraíram das folhas do abacateiro uma substância de
composição não auxínica, que chamaram de “promotor de enraizamento do
abacateiro” (avocado rooting promoter ARP). Cada cultivar possui diferentes
concentrações endógenas dessa substância, o que parece estar relacionado com
a capacidade de cada uma delas emitir raízes adventícias. Em testes realizados
com Vigna radiata, a aplicação de extrato de ARP teve atividade semelhante a
doses ótimas de AIA. Além disso, aumentou significativamente o número de
raízes em estacas de tomateiro, de Coleous e também de abacateiro. Essa
substância é encontrada em diversos órgãos da planta, mas as maiores
concentrações parecem ocorrer nos tecidos jovens em divisão celular (epicótilo do
embrião, gemas). Quando utilizados em combinação, AIB e ARP mostraram
resultados sinergísticos em estacas de Vigna radiata, o que sugere que as duas
substâncias atuam em diferentes locais durante o processo de enraizamento.
Primeiramente extraído de folhas de Persea americana, o ARP também foi
detectado em mangueira, louro e citros (Becker, 1991; Sagee et al., 1992). Sagee
et al. (1992) analisaram os níveis endógenos de AIA e ARP em estacas de duas
cultivares de citros e a relação destas substâncias com o potencial de
20
enraizamento. Em estacas de limoeiro ‘Cravo’ houve 100% de enraizamento após
36 dias, observação esta precedida por aumentos significativos nos níveis de AIA
e ARP 19 dias após o início do experimento. Na cultivar Oroblanco, entretanto,
apenas 12% das estacas emitiram raízes e não foram registradas alterações nos
níveis de AIA e ARP. Os referidos autores concluíram que altos níveis das
substâncias estudadas parecem estar relacionados com a facilidade de
enraizamento das cultivares de citros, mas não especificam se o aumento
observado após 19 dias no limoeiro ‘Cravo’ é causa ou resultado do início da
formação de raízes.
2.3 Phytophtora cinnamomi
Phytophthora cinnamomi Rands é o nome científico de um patógeno do
solo classificado atualmente como um oomiceto, que está distribuído em todos os
países produtores de abacate do mundo. Semelhante a um fungo, esse
organismo é o causador da gomose, doença que ataca diversas espécies além do
abacateiro, resultando em grandes prejuízos para os produtores (NCSU Plant
Pathology, 2007). Além de espécies cultivadas, como abacateiro, abacaxizeiro,
eucalipto, azaléia entre outras, esse patógeno também pode causar danos em
florestas nativas, como vem ocorrendo na Austrália (Shearer et al., 2007).
A infecção é limitada às radicelas, que são responsáveis pela absorção de
água e nutrientes, as quais adquirem aspecto escurecido ou necrosado. Após, as
folhas das árvores infectadas tornam-se menores em relação ao tamanho normal
e apresentam coloração verde pálido à amarelada. À medida que a doença
progride, ocorre intensa queda de folhas e morte dos ramos (Gallo et al., 2007).
21
Identificada em 1960, P. cinnamomi possui cerca de 950 espécies
hospedeiras. As perdas para a agricultura e investimentos florestais são
substanciais, levando-se em conta gastos com medidas de controle, perdas no
campo e redução na qualidade e valor do produto. Estima-se uma perda anual de
30 milhões de dólares somente na cultura de abacateiros na Califórnia (Hardham,
2005).
O patógeno possui longa persistência no solo, mesmo na ausência de
hospedeiros, e também possui apreciável habilidade em competir com outros
organismos saprófitos (Gallo et al., 2007). rios cuidados podem auxiliar no
controle da doença, tais como: higiene nos viveiros, seleção e preparo dos locais
de plantio (drenagem, relevo), sanidade do pomar (desinfestação de
equipamentos e veículos, melhorar a infiltração da água), manejo da irrigação,
práticas culturais (fertilizantes) e uso de fungicidas, mas a maior possibilidade de
sucesso no controle da gomose, em longo prazo, ainda consiste no uso de porta-
enxertos resistentes (Menge et al., 1999).
Com relação ao controle biológico, apesar de toda teoria e pesquisa,
nenhum mecanismo ou organismo foi conclusivamente associado com o controle
de P. cinnamomi em condições de campo. Entretanto, Duvenhage (1999) sugere
que o controle biológico pode ser uma prática satisfatória no combate à P.
cinnamomi, pois, após sete anos de pesquisas, o autor observou o
desenvolvimento de resistência do patógeno ao controle químico realizado com
fosfonatos (H
3
PO
3
), ao passo que a utilização de Aspergillus candidas e
Trichoderma hematum, aplicados em solos contaminados, reduziram as
populações de P. cinnamomi durante o período avaliado.
22
Alguns trabalhos sugerem a aplicação de produtos à base de cálcio no
solo, com o intuito de reduzir a atividade do patógeno. Falcon et al. (1984), por
exemplo, estudaram as interações do pH do solo, dos nutrientes e da umidade
sobre a incidência de gomose. Em plantas não inoculadas com o patógeno, solos
com alta umidade e pH ácido (5,2) favoreceram o desenvolvimento da doença. No
entanto, em plantas infectadas, a acidez (pH 5,2) é prejudicial, independente da
umidade. À medida que o pH aumenta (5,8; 6,7 e 7,3) o fator umidade passa a ser
relevante, contribuindo para o mau desenvolvimento das plantas. Os autores
ressaltam que níveis altos de cálcio, e não o pH alto per se, são responsáveis
pela supressão da doença. A combinação entre altos teores de manganês,
associados com baixos teores de cálcio, também aumentou a atividade
patogênica de P. cinnamomi.
No presente estudo, as cultivares utilizadas não são comprovadamente
resistentes ou tolerantes à gomose. No entanto, deve-se principalmente à essa
doença e à necessidade de se obter porta-enxertos tolerantes, os esforços
empenhados em experimentos de propagação vegetativa de cultivares de
abacateiros.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Os estudos compreenderam a realização de três experimentos, descritos a
seguir.
3.1 Experimento 1: Propagação do abacateiro ‘Yon’ por estaquia de
ramos semi-lenhosos
O experimento foi realizado numa casa de vegetação do Departamento de
Horticultura e Silvicultura da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, localizada em Porto Alegre. A instalação possui paredes de
alvenaria e telhado de plástico transparente, equipada com sistema de irrigação
por nebulização intermitente, acionado durante um minuto a cada 20 minutos no
verão e a cada 30 minutos no inverno.
A coleta das estacas foi realizada na manhã de 12 de abril de 2006, de
ramos ponteiros semi-lenhosos, com folhas já expandidas, de um abacateiro
cultivar Yon, situado na coleção de variedades da Estação Experimental
Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, localizada no
município de Eldorado do Sul. Os ramos foram cortados com tesoura de poda e
imediatamente acondicionados em sacos plásticos, para evitar sua desidratação.
Os ramos e as folhas foram umedecidos com água e o saco plástico fechado e
mantido à sombra, até o transporte para a casa de vegetação.
24
Na casa de vegetação os ramos foram desinfestados, mediante imersão
durante 30 segundos numa solução contendo 0,25% de Ridomil (Metalaxil 80%)
e, a seguir, foram preparadas as estacas, de acordo com procedimentos
específicos de cada tratamento.
Os tratamentos compreenderam:
1- Estacas sem imersão em solução com ácido indolbutírico (AIB)
2- Estacas com prévia imersão da base, durante 10 segundos, em solução
com AIB, na dose de 5.000 mg.L
-1
Os subtratamentos compreenderam seis formas de preparo de estacas
(Figura 1), que consistiram em:
A - Estacas apicais com 10 cm de comprimento, sem folhas;
B - Estacas de talão (na base), com uma gema e uma folha;
C - Estacas de segmento de ramo de 2,5 cm de comprimento, com uma gema
e uma folha;
D - Estacas de segmento de ramo de 3 a 5 cm de comprimento, com duas
gemas e duas folhas;
E- Estacas apicais de 10 cm de comprimento, com duas folhas na base;
F- Estacas apicais com 10 cm de comprimento, com duas folhas no ápice.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 2 tratamentos e
6 sub-tratamentos dispostos em parcelas subdivididas, com 4 repetições, usando
10 estacas por sub-parcela, totalizando 480 vasos com uma estaca em cada um.
Momentos antes do plantio no substrato, a base das estacas foi imersa,
durante 10 segundos, em água destilada (tratamentos sem AIB) ou em uma
solução hidroalcoólica contendo 5.000 mg.L
-1
de ácido indolbutírico (tratamentos
com AIB), preparada conforme descrito em Oliveira (1999).
25
As estacas foram plantadas em vasos formados por segmentos de tubos
de PVC com 7,5 cm de diâmetro interno e 17,5 cm de altura, preenchidos com
substrato de casca de arroz carbonizada, dispostos sobre bancadas de concreto
com dimensões de 1 m de largura por 3m de comprimento, revestidas com uma
camada de areia de 2 cm de espessura (Figura 2).
A
F E D
C B
FIGURA 1.
Formas de preparo de estacas, a partir de segmentos de ramos com
folhas verdes de abacateiro ‘Yon’: A- apical sem folhas; B- talão, com 1
gema e 1 folha; C- segmento de ramo com 1 gema e 1 folha; D-
segmento de ramo com 2 gemas e 2 folhas; E- apical com 2 folhas na
base; F- apical com 2 folhas no ápice. Porto Alegre, 2006.
A estaquia foi realizada com o auxílio de um instrumento perfurador, feito
de madeira, com 2cm de diâmetro, para fazer um furo de 5 a 7 cm de
profundidade e, assim, facilitar a inserção da base da estaca no substrato. Após
inserida a estaca, o substrato foi levemente comprimido ao redor da mesma para
eliminar espaços vazios e melhorar o contato do substrato com a base da estaca.
26
As estacas dos tratamentos B, C, D e E foram plantadas em profundidade
suficiente para encobrir todo o pecíolo, objetivando o seu enraizamento.
FIGURA 2.
Disposição das estacas de abacateiro ‘Yon’, plantadas em segmentos
de tubos de PVC preenchidos com casca de arroz carbonizada, sobre
bancada de concreto. Porto Alegre, 2006.
Também foram feitas estaquias suplementares em 24 vasos, sendo 4 para
cada sub-tratamento e, destas, metade foi tratada com AIB e metade com água
destilada, para que periodicamente pudesse ser verificado se as estacas emitiram
raízes ou não.
A cada 21 dias, no período da manhã, o sistema de nebulização foi
suspenso, por aproximadamente 30 minutos para realização de pulverização com
uma solução contendo 0,25% de Phosphoros-K (fosfito de potássio 00-28-26),
como preventivo contra gomose, provocada por Phytophthora cinamommi.
As avaliações dos resultados foram realizadas a cada duas semanas,
verificando-se a porcentagem de folhas com sinais de clorose e/ou necrose, o
número de folhas retidas nas estacas dos tratamentos E e F, a porcentagem de
estacas que sobreviveram, a porcentagem de estacas que emitiram brotações, o
número de folhas emitidas pelas estacas e, nas estacas suplementares, a
27
emissão de calos e/ou raízes. Aos 75 e 150 dias após o início do experimento
avaliou-se a presença de calos e/ou raízes nas estacas, retirando-as para
visualização e rapidamente recolocando-as no substrato.
Os dados obtidos foram submetidos a análises de variância e as médias
comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. As análises foram
realizadas pelo programa computacional Sisvar.
3.2 Experimento 2: Propagação de abacateiros seleção ‘Viamão’ a
partir de estacas de brotações estioladas
Em fins de março de 2006 foram colhidos abacates da cultivar Baronesa,
de plantas com 11 anos de idade, em um pomar particular situado no distrito de
Morro Grande, município de Viamão/RS. Os frutos foram transportados para o
Departamento de Horticultura e Silvicultura da Faculdade de Agronomia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul onde, após o amolecimento da polpa,
os caroços foram extraídos, lavados e desinfestados, mediante imersão, durante
5 minutos, em uma solução contendo hipoclorito de sódio (0,01% de cloro ativo).
A seguir, os caroços foram semeados em leito de areia, previamente
desinfestada mediante abundante rega com solução de 0,30% de Ridomil
(Metalaxil 80%). No leito de areia os caroços foram semeados superficialmente,
em sulcos de aproximadamente 7 cm de profundidade e separados entre si 15
cm. No sulco, os caroços foram dispostos encostados uns nos outros, com a parte
côncava (basal) para baixo e a parte convexa para cima. A parte superior dos
caroços ficou rente à superfície do leito, com cobertura de areia não superior a 0,5
cm.
28
A germinação começou no início do mês de maio, aproximadamente 30
dias após a semeadura, e prolongou-se até o final do mês de junho. Na medida
em que os seedlings atingiam alturas entre 5 e 10 cm, ainda sem folhas
diferenciadas, eram repicados para vasos de plástico negro com 14 cm de
diâmetro superior; 9,5 cm de diâmetro na base e 10,5 cm de altura, contendo
substrato constituído de uma mistura de solo Podzólico vermelho-escuro, areia,
casca de arroz e esterco de gado, na proporção de 3:2:2:1, previamente
desinfestado, mediante rega até encharcamento com uma solução aquosa
contendo 7% de formol.
Os seedlings se desenvolveram em casa de vegetação, com teto de filme
plástico e paredes de tela branca (clarite), com iluminação natural, irrigados por
aspersão, quando necessário. A cada 21 dias foram pulverizadas com 0,25% de
Phosphoros-K (fosfito de potássio 00-28-26).
No final do mês de julho, quando os seedlings atingiram a altura de
aproximadamente 30 cm e diâmetro de caule de 1 cm, ainda semi-herbáceos, foi
realizada uma enxertia transitória, de fenda cheia, com garfos de ramos ponteiros
com 5 a 6 cm de comprimento, de uma seleção local de abacateiro Seleção
Viamão, plantada no distrito de Morro Grande, no município de Viamão, RS.
Após dois meses, em setembro, quando os primeiros enxertos começaram
a brotar, as mudas foram colocadas em câmara escura, formada por uma
armação de madeira revestida com lona de polietileno preta, disposta sobre uma
bancada de concreto, objetivando o crescimento de brotações estioladas do
enxerto. As brotações que surgiram no porta-enxerto foram semanalmente
removidas. Devido à brotação irregular dos enxertos, o procedimento de
colocação das mudas na câmara escura foi realizado em etapas.
29
No início do s de outubro, à medida em que as brotações dos enxertos
atingiam comprimento igual ou superior a 10 cm, os vasos foram sendo retirados
da câmara escura. Anéis de 6 cm de altura e diâmetro de aproximadamente 10
cm de diâmetro, formados por lâminas galvanizadas e arqueadas, foram
colocados sobre os vasos, envolvendo a base das mudas e, a seguir, preenchidos
com areia. Sobre a superfície de areia foi colocado um tubo de PVC, com 7,5 cm
de diâmetro interno e 15 cm de altura, preenchido com substrato de casca de
arroz carbonizada, envolvendo as brotações de cada enxerto. Desta forma,
manteve-se estiolada a base da brotação, numa extensão de 12 a 13 cm (Figura
3). Após esse procedimento, as mudas foram levadas para uma câmara de
nebulização intermitente e expostas à plena luz, para desenvolvimento de folhas
clorofiladas na parte apical das brotações, possibilitando a fotossíntese e acúmulo
de carboidratos e outros compostos na base estiolada das brotações.
FIGURA 3.
Brotações de enxertos transitórios de abacateiros, cuja base estiolada
permaneceu imersa em tubos de PVC preenchidos com substrato de
casca de arroz carbonizada, em câmara de nebulização intermitente, já
apresentando folhas expandidas e clorofiladas. Porto Alegre, 2007.
30
Em novembro, um mês após esse procedimento, as mudas
apresentavam folhas verdes e bem desenvolvidas. A partir desta etapa, foram
iniciados os diversos testes desta pesquisa, adotando um delineamento
experimental em blocos casualizados, em esquema fatorial 3x4, com três
repetições, testando-se 3 métodos de anelamento ou obstrução de seiva (sem
anelamento da casca, estrangulamento da casca e anelamento da casca) e 4
alturas de recipientes (10, 15, 20 e 25 cm). Cada parcela foi constituída por duas
estacas.
As mudas foram separadas em 3 grupos que receberam os tratamentos de
anelamento de obstrução da seiva. Em 1/3 das mudas, procedeu-se o
anelamento da base estiolada utilizando o seguinte procedimento: uma chapa
galvanizada contendo uma abertura em forma de “U” foi inserida entre o anel
galvanizado contendo areia e o tubo de PVC; a seguir, com o auxílio da chapa em
forma de “U”, deslocou-se para cima, cuidadosamente, o tubo contendo a casca
de arroz carbonizada, para deixar exposto somente o enxerto e a base da
brotação estiolada; com o auxílio de uma tesoura aneladora (Figura 4), realizou-
se 2 cortes paralelos, de 360º, separados 3 mm um do outro, seccionando a
casca do enxerto 1 cm abaixo da inserção da haste estiolada possibilitando,
assim, a retirada de um anel de casca com 3 mm de largura; em seguida, baixou-
se a chapa galvanizada e o tubo de PVC retornou à posição inicial.
31
FIGURA 4. Tesoura aneladora.
Em outro lote, também de 1/3 de mudas, utilizando procedimento
semelhante ao descrito, realizou-se o estrangulamento da casca do enxerto,
também 1 cm abaixo da inserção da haste estiolada, amarrando um arame de
cobre plastificado (tipo arame usado para fechar embalagens de pão),
moderadamente apertado com o auxílio de um alicate, para provocar
progressivamente o estrangulamento da casca do enxerto, na medida em que
este crescia em diâmetro, objetivando a gradual diminuição e interrupção do
deslocamento de seiva elaborada para as raízes.
O terceiro lote formou o tratamento testemunha, cujos enxertos não foram
anelados ou estrangulados.
As estacas provenientes dos enxertos submetidos à retirada de um anel de
casca foram denominadas “estacas aneladas”, e as provenientes de enxertos
estrangulados com arame foram chamadas de “estacas estranguladas”.
Todas as mudas continuaram em câmara de nebulização intermitente e, a
partir desta etapa, começaram a receber aplicações mensais de uma solução de
32
adubo foliar Niphokam (1%), cuja composição consta na Tabela 1, pois as folhas
emitidas apresentaram leves sintomas de deficiência nutricional.
TABELA 1. Composição nutricional do adubo foliar Niphokam.
Nutriente Proporção Quantidade
N 10% 135 g/L
P
2
O
5
8% 108 g/L
K
2
O 8% 108 g/L
Ca 1% 13,5 g/L
Mg 0,5% 6,75 g/L
B 0,5% 6,75 g/L
Cu 0,2% 2,70 g/L
Fe 0,1% 1,35 g/L
Mn 0,5% 6,75 g/L
Mo 0,1% 1,35 g/L
Zn 1% 13,5 g/L
Em dezembro, decorridos 30 dias do anelamento e estrangulamento da
casca, os tubos com o substrato foram removidos, as brotações cortadas na base
de sua inserção com o enxerto e, em cada uma delas, conservadas 4 folhas
adultas (as demais foram podadas). A seguir as estacas foram classificadas por
tamanho, para formação de blocos uniformes. Na base de cada estaca foi feito
um corte em bisel acentuado e, momentos antes do plantio, a base foi imersa
durante 5 segundos numa solução hidroalcoólica com 5.000 mg.L
-1
de ácido
indolbutírico (AIB).
Para o plantio foram usados vasos formados por segmentos de tubos de
PVC branco, com dimensões de 7,5 cm de diâmetro e de alturas variáveis (10, 15,
20 e 25 cm), preenchidos com casca de arroz carbonizada. As estacas foram
plantadas em profundidade média de 5 cm e os recipientes dispostos sobre
banquetas de concreto com dimensões de 1 m de largura por 3 m de
comprimento e 90 cm de altura, revestidas com uma camada de areia grossa de 2
33
cm de espessura (para drenagem), numa casa de vegetação provida de sistema
de irrigação por nebulização intermitente (Figura 5).
FIGURA 5.
Disposição das estacas de abacateiro em recipientes de 10, 15, 20 e
25 cm de altura, sobre bancada de concreto, localizada dentro de
câmara de nebulização intermitente, 10 dias após a estaquia. Porto
Alegre, 2007.
Dois meses após a estaquia, em fevereiro/2007, as mudas, sem serem
removidas dos tubos de PVC com casca de arroz carbonizada, foram
transplantadas para sacos de plástico preto com capacidade para 5 litros de
substrato, sendo este composto por uma mistura de solo Podzólico vermelho-
escuro, areia média, casca de arroz e esterco de gado, na proporção de 3:2:2:1.
Para a adequada adaptação do sistema radicular ao novo ambiente, as mudas
permaneceram na câmara de nebulização intermitente por mais 15 dias, e o tubo
de PVC, que continha substrato de casca de arroz carbonizada, foi retirado sete
dias após o transplante.
Passado o período de adaptação ao transplante, as mudas foram levadas,
no fim de tarde, para uma casa de vegetação com paredes de tela branca (clarite)
e telhado plástico, dispostas em canteiros protegidas por uma cobertura de
34
sombrite (50% de sombreamento). A partir de então, a irrigação foi realizada
diariamente por aspersão.
Mensalmente foram avaliados a porcentagem de sobrevivência das
estacas, a altura, o diâmetro (2 cm acima do substrato) e o número de folhas
emitidas. Os dados obtidos foram transformados em √(x+1) e submetidos à
análise de variância, com as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. As análises foram realizadas pelo programa computacional Sisvar.
Não foram efetuadas avaliações sobre a formação e desenvolvimento de
raízes devido à escassez de material de propagação e porque se pretendia
manter o máximo de mudas, para, posteriormente, submetê-las à enxertia.
3.3 Experimento 3: Propagação do abacateiro ‘Yon’ por mergulhia
Neste experimento, os porta-enxertos e os enxertos foram obtidos da
mesma maneira já descrita no Experimento 2.
Assim que iniciou a brotação dos enxertos da cultivar Yon
(aproximadamente 75 dias após a enxertia), foram testados os seguintes
tratamentos de mergulhia, para enraizamento das brotações do enxerto:
A - Em casa de vegetação telada, revestida com clarite e com cobertura
plástica, o enxerto foi envolvido com um tubo de PVC branco, de 17,5 cm
de comprimento e 7,5 cm de diâmetro, e preenchido com substrato de
casca de arroz carbonizada úmida, para que as brotações crescessem
estioladas e enraizassem. No topo do tubo foi fixado, com atilho de
borracha, um saco plástico incolor, para evitar o secamento da casca de
arroz carbonizada até o crescimento da brotação (Figura 6).
35
FIGURA 6.
Método de estiolamento de brotações em câmaras escuras individuais,
sob sombrite, em casa de vegetação telada. Porto Alegre, 2007.
B - Em casa de vegetação telada, revestida com clarite e com cobertura
plástica, o enxerto foi envolvido com um tubo de PVC branco, de 17,5 cm
de comprimento e 7,5 cm de diâmetro, que foi fechado com um saco
plástico preto no topo, preso com um atilho de borracha, criando uma
câmara escura individual (Figura 7.a). Quando as brotações estioladas do
enxerto atingiram o topo do tubo, este e o saco plástico preto foram
removidos e as brotações do porta-enxerto eliminadas, conservando em
cada enxerto, somente uma brotação estiolada. A seguir, anéis formados
por lâminas galvanizadas e arqueadas, com 6 cm de altura, foram
colocadas sobre os vasos, envolvendo a base das mudas, e preenchidos
com areia. O tubo de PVC foi recolocado, porém agora apoiado sobre a
areia contida no anel galvanizado, e preenchido com casca de arroz
carbonizada, envolvendo a brotação estiolada do enxerto (Figura 7.c). Os
vasos foram, então, colocados em uma câmara de nebulização
36
intermitente, com luz direta, para proporcionar o desenvolvimento de folhas
verdes na brotação, bem como o enraizamento de sua base estiolada.
C- Os procedimentos foram os mesmos do tratamento B, mas quando as
brotações estioladas atingiram o topo do tubo plástico este foi removido,
para que na base do enxerto pudesse ser retirado um anel de casca de 2 a
3 mm (7.b); a seguir o tubo plástico foi recolocado e preenchido com casca
de arroz carbonizada;
D - Foram seguidos os mesmos procedimentos do tratamento C, porém no
momento do anelamento da base do enxerto foi retirado um segmento
longitudinal de casca, com 2 cm de comprimento e aproximadamente 2 mm
de largura, próximo à base de cada brotação estiolada (7.d);
E - Foram seguidos os mesmos procedimentos do tratamento D, porém no
local da retirada de um segmento longitudinal de casca, de 2 cm de
comprimento, próximo à base de cada brotação estiolada, foi feito,
adicionalmente, o pincelamento com uma solução de 5.000 mg.L
-1
de AIB
(7.e);
F - No início da brotação os enxertos foram colocados numa câmara escura
coletiva, formada por uma armação de sarrafos de madeira, coberta com
lona de polietileno preta, disposta sobre uma bancada de concreto, onde
os enxertos foram conduzidos em haste única, até que a brotação estiolada
atingisse 15 cm de comprimento. Na base da brotação foi feito um corte
longitudinal de 2 a 3 cm de comprimento, retirando casca e parte do lenho
e, na lesão, pincelou-se uma solução de 5.000 mg.L
-1
de AIB. Os
procedimentos seguintes (colocação do anel metálico, do tubo de PVC e
nebulização) foram os mesmos dos tratamentos anteriores.
37
G - O procedimento foi o mesmo do tratamento F, porém antes da colocação
do anel metálico com areia, na base do enxerto foi feito o estrangulamento
da casca do caule com um arame de cobre.
FIGURA 7.
Alguns procedimentos utilizados na propagação do abacateiro ‘Yon’
por mergulhia de ramos estiolados: a. câmara escura individual; b.
anelamento da casca com tesoura aneladora; c. anéis galvanizados
preenchidos com areia e tubo de PVC preenchido com casca de arroz
carbonizada; d. lesão longitudinal realizada na base da brotação; e.
aplicação de AIB com haste flexível de algodão.
a
b
c
d
e
a b
c
d
e
a b
c
d
e
38
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 7 tratamentos e 3
repetições, utilizando 8 enxertos por parcela nos blocos 1 e 2, ao passo que, por
escassez de material, o bloco 3 foi formado com apenas 4 enxertos por parcela.
Devido ao desenvolvimento desuniforme dos enxertos e das brotações, o
experimento foi instalado em etapas, de modo que em cada uma pudesse ser
formado um bloco.
O anel metálico preenchido com areia permitiu que, periodicamente, fossem
eliminadas brotações dos porta-enxertos e que, após o enraizamento, por ocasião
do transplante para vasos maiores, fosse retirada a areia e cortado o porta-
enxerto, conservando o tubo com o substrato nas mudas conduzidas em haste
única. Neste caso o tubo foi retirado depois do transplante, sem injúrias ao
sistema radicular.
Dois meses após a data da realização dos diversos procedimentos de
mergulhia, o anel metálico contendo areia foi retirado e, com o auxílio de uma
tesoura de poda, seccionou-se o enxerto logo abaixo da brotação estiolada. A
seguir, as novas mudas, ainda contidas no tubo de PVC com substrato de casca
de arroz carbonizada, foram avaliadas e transplantadas para sacos plásticos com
capacidade para 5 litros de substrato, constituído por uma mistura de solo
Podzólico vermelho-escuro, areia, casca de arroz e esterco de gado, na
proporção de 3:2:2:1.
As mudas permaneceram na câmara de nebulização intermitente por mais
30 dias, quando então os tubos plásticos foram cuidadosamente removidos,
visando minimizar os danos às raízes. Dez dias depois, no final da tarde, as
mudas foram levadas para a casa de vegetação com paredes de tela branca
39
(clarite) e telhado de plástico, com irrigação por aspersão, onde continuaram o
seu desenvolvimento.
Avaliou-se, mensalmente, até o mês a partir da repicagem das mudas, a
porcentagem de sobrevivência, o número de folhas emitidas, a altura da haste e o
diâmetro do caule 2 cm acima do substrato. Os dados obtidos foram
transformados em √(x+1) e submetidos à análise de variância, com as médias
comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. As análises foram
realizadas pelo programa computacional Sisvar.
Não foram efetuadas avaliações sobre a formação e desenvolvimento de
raízes devido à escassez de material de propagação e porque se pretendia
manter o máximo de mudas para, posteriormente, submetê-las à enxertia.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Experimento 1: Propagação do abacateiro ‘Yon’ por estaquia de
ramos semi-lenhosos
Observou-se que, na segunda semana após o procedimento da estaquia,
começaram a surgir sintomas de clorose, caracterizados pelo amarelecimento das
folhas, que evoluíram, exponencialmente, a a semana. Não houve relação
entre o uso de AIB e o surgimento de clorose. Os sintomas surgiram e evoluíram
de forma semelhante tanto nas estacas tratadas com AIB como nas o tratadas
(Figura 8). Também os tipos de estacas apresentaram comportamento
semelhante para este parâmetro, tanto assim que, depois de decorridas 8
semanas, 100% das estacas estavam com suas folhas cloróticas e/ou
necrosadas. O surgimento de clorose nas folhas é causado pela translocação de
nutrientes das folhas para a estaca (Hartmann et al., 1996). A deficiência
nutricional das folhas pode levar ao enfraquecimento e abscisão das mesmas
(Gonçalves et al., 2006). Segundo Malavolta et al. (1997), sintomas de clorose e
amarelecimento das folhas podem ser causados por deficiências de nitrogênio,
fósforo, magnésio, boro e molibdênio; as manchas necróticas podem ser
causadas por deficiência de cálcio, enxofre e cloro.
Verificou-se que, na avaliação da formação de calo nas estacas (Figura 9),
75 dias após o procedimento da estaquia, houve interação significativa entre o
41
tipo de estaca e o uso de AIB. Em todos os tipos de estacas, exceto para estacas
de talão com uma gema e uma folha, ocorreu maior porcentagem de formação de
calo nas estacas que não foram tratadas com AIB (Tabela 2).
y = 4,0664x
2
+ 1,6684x - 7,058
R
2
= 0,9731
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8
semanas
% folhas com clorose e/ou
necrose
FIGURA 8.
Evolução do surgimento de clorose e/ou necrose, ao longo de 8
semanas, em folhas de estacas de ramos verdes de abacateiros ‘Yon’.
Porto Alegre, 2006.
Quanto ao tipo de estacas, somente ocorreram diferenças significativas
entre as estacas não tratadas com AIB, verificando-se que a maior porcentagem
de formação de calo (82,5%) aconteceu nas estacas com duas folhas na base, e
os menores índices nas estacas de talão e apical sem folhas. Os demais tipos de
estacas situaram-se em posição intermediária (Tabela 2).
42
TABELA 2.
Formação de calo (%) em estacas de ramos verdes de abacateiro ‘Yon’
aos 75 dias após a estaquia. Porto Alegre, 2006.
Formação de calo (%)
Tipo de estaca
com AIB sem AIB
A) apical sem folhas 0,00 B a 15,00 A cd
B) talão, 1 gema e 1 folha 0,00 A a 2,50 A d
C) segmento ramo, 1 gema e 1 folha 0,00 B a 37,50 A b
D) segmento de ramo, 2 gemas e 2 folhas
0,00 B a 32,50 A bc
E) apical, 2 folhas na base 5,00 B a 82,50 A a
F) apical, 2 folhas no ápice 0,00 B a 47,50 A b
CV 48,95%
Médias não seguidas de mesma letra maiúscula na horizontal e minúscula na vertical diferem pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
FIGURA 9.
Calos formados em estacas apicais de ramos verdes de abacateiro
‘Yon’ não tratados com AIB. Porto Alegre, 2006.
O calo caracteriza-se por uma massa irregular de lulas do parênquima
em diferentes estágios de lignificação e, em algumas espécies, é o precursor da
formação de raízes adventícias (Hartmann et al., 1990). Segundo Alvarenga &
Carvalho (1983), a formação de raízes adventícias e do calo é independente. A
ocorrência de ambos, simultaneamente, é devida a sua similar dependência
interna e de condições ambientais favoráveis. Porém, Ernst & Holtzhausen (1987)
estudaram o enraizamento de três cultivares de abacateiro (Duke 6, Duke 7 e
Fuerte) e verificaram que, em todas as estacas que enraizaram, ocorreu
previamente a formação de calo. Os autores citados sugerem, a partir de estudos
43
anatômicos, que a diferenciação do tecido vascular ocorre dentro do calo, na base
da estaca, culminando na formação das raízes.
Pode-se observar, na Figura 10, que o número de folhas retidas durante 8
semanas foi significativamente superior nas estacas com folhas localizadas na
base, sem interação para o efeito do AIB. No entanto, as estacas com folhas no
ápice não tratadas com o fitoregulador mantiveram maior quantidade de folhas
por mais tempo, em relação às que foram tratadas com 5.000 mg.L
-1
de AIB, que
perderam todas as folhas até a 6ª semana de avaliação.
É provável que a diferença na quantidade de calo formado entre as estacas
apicais com folhas no ápice e na base deva-se ao maior tempo que as folhas
ficaram retidas nas estacas com folhas na base, dando continuidade à
fotossíntese e à produção de outras substâncias.
Folhas no ápice, sem AIB
y = 0,117x
2
- 1,09x + 2,97
R
2
= 0,98
Folhas no ápice, com AIB
y = 0,395x
2
- 2,61x + 4,18
R
2
= 0,98
0
0,5
1
1,5
2
2 4 6 8
semanas
mero de folhas
FIGURA 10.
Retenção de folhas em estacas de ramos verdes apicais com folhas na
base e no ápice, com e sem aplicação de AIB, ao longo de 8 semanas.
Porto Alegre, 2006.
44
A diferença entre o tempo de queda das folhas do ápice e da base pode ter
ocorrido pelo fato de as folhas apicais serem mais jovens e tenras, estando mais
sujeitas à transpiração do que as folhas basais, além de seus teores nutricionais
serem menores.
Com relação à sobrevivência das estacas, não houve interação significativa
entre os tipos de estacas e os tratamentos com AIB. Até os 75 dias, as estacas
dos tratamentos E, F, A e D apresentaram, nesta ordem, as maiores taxas de
sobrevivência (Tabela 3). As estacas tratadas com AIB apresentaram menor
índice de sobrevivência do que as não tratadas. Nessa ocasião, todas as estacas
foram cuidadosamente retiradas do substrato, mas não se verificou a presença de
raízes em nenhum dos tratamentos, sendo que, aos 150 dias, todas as estacas
estavam mortas.
TABELA 3.
Sobrevivência (%) de estacas de ramos verdes de abacateiro ‘Yon’ aos
75 dias após a realização da estaquia. Porto Alegre, 2006.
AIB
Tipo de estaca
com sem
Média
A) apical sem folhas 15,00 77,50 46,25 abc
B) talão, 1 gema e 1 folha 2,50 45,00 23,75 c
C) segmento de ramo, 1 gema e 1 folha 2,50 65,00 33,75 bc
D) segmento de ramo, 2 gemas e 2 folhas
7,50 62,50 35,00 abc
E) apical, 2 folhas na base 22,50 97,50 60,00 a
F) apical, 2 folhas no ápice 25,00 87,50 56,25 ab
Média 12,50 B 72,50 A 42,50
C.V. 39,61%
Médias não seguidas de mesma letra maiúscula na horizontal e minúscula na vertical, diferem pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Os resultados parecem indicar que o tamanho da estaca e a retenção de
folhas têm função importante na formação de calo e na sobrevivência das
estacas, provavelmente devido à manutenção do teor de carboidratos e de
substâncias endógenas (hormônios e co-fatores) das estacas, que podem auxiliar
no enraizamento. Quanto maior o comprimento da estaca, maior a quantidade de
45
substâncias de reserva nela acumuladas. No entanto, a presença de uma ou duas
folhas maduras e fotossinteticamente ativas, independente do tamanho da estaca,
pode fornecer quantidade de carboidratos equivalente à quantidade armazenada
em 10 cm de uma estaca sem folhas, como pode-se deduzir pela comparação
dos tratamentos C e D com o tratamento A.
Estudos de Reuveni & Raviv (1981), com 10 cultivares de abacateiros,
haviam mostrado que a porcentagem de enraizamento está diretamente
correlacionada com o número de folhas retidas na estaca.
Diversos trabalhos de pesquisa têm evidenciado efeito do AIB favorável ao
enraizamento de estacas (Barrientos-Priego et al., 1986; Rogel-Castellanos et al.,
2000; Oliveira et al., 1999; Oliveira et al., 2000; Silveira et al., 2004; Mindêllo-
Netto et al., 2006). Por ser o abacateiro uma espécie de difícil enraizamento,
optou-se, na época de execução do experimento, pela utilização de uma
concentração relativamente alta de AIB (5.000 mg.L
-1
), a qual havia sido
considerada adequada por Oliveira (1999). No entanto, esta concentração pode
ter sido superior à necessária para o enraizamento da cultivar Yon e, deste modo,
causado efeito fitotóxico para as estacas, visto que, num experimento semelhante
a este, realizado por Mindêllo-Neto et al. (2006), utilizando estacas herbáceas de
abacateiro da cultivar Fuerte e diferentes concentrações de ácido indolbutírico
(AIB), houve 47,5% de enraizamento nas estacas tratadas com 500 mg.L
-1
de AIB,
sendo esse valor reduzido para 37,5%, 32,5% e 30% para concentrações de
1.000, 2.000 e 4.000 mg.L
-1
, respectivamente.
O estiolamento dos ramos pode ser uma alternativa para se obter
resultados mais promissores. Estacas verdes e semi-lenhosas de abacateiros
‘Ouro Verde’ e ‘Baronesa’, obtidas de brotações jovens de ramos enxertados
46
sobre seedlings, e tratadas com 2000 mg.L
-1
de AIB tiveram, ambas, 12,5% de
enraizamento. Em estacas da cultivar Ouro Verde, submetidas ao estiolamento, o
percentual cresceu para 62,5% (Silveira et al., 2004).
A propagação vegetativa do abacateiro, a partir de estacas de ramos semi-
lenhosos tem sido objeto de vários estudos. Os resultados obtidos variam de 0 a
95% de estacas enraizadas, dependendo do genótipo, fatores de enraizamento e
do estágio de desenvolvimento ontogenético da planta matriz (Barrientos-Priego
et al., 1986). Contudo, pode-se concluir, nesta pesquisa, que nenhum dos
tratamentos testados foi eficaz em promover o enraizamento de estacas de ramos
verdes e semi-lenhosos do abacateiro ‘Yon’. No entanto, o maior tempo de
sobrevivência e o maior índice de formação de calos no tratamento E (estaca
apical com 2 folhas na base) indicam que a presença e o maior tempo de
retenção das folhas nas estacas e, talvez, uma concentração adequada de
fitoregulador, são fatores importantes a serem buscados em novas pesquisas
para a obtenção de êxito no enraizamento.
4.2 Experimento 2: Propagação de abacateiros seleção ‘Viamão’ a
partir de estacas de brotações estioladas
Após 300 dias da estaquia, observou-se que os procedimentos de
estrangulamento e anelamento da casca influenciaram positivamente a
sobrevivência de mudas, em relação à testemunha (Tabela 4). Ambos os
procedimentos devem ter concentrado substâncias de reserva e cofatores de
enraizamento acima da região obstruída (Hartmann et al., 1990) e, dessa forma,
proporcionado melhores condições para que a estaca sobreviva e forme seu
47
sistema radicular. Não houve diferença estatística entre as duas técnicas de
obstrução de seiva e entre as alturas de recipientes testadas.
Após proceder-se a análise de regressão da porcentagem de sobrevivência
de estacas ao longo do tempo obteve-se equações que originaram curvas de
natureza sigmoidal (Figura 11), nas quais pode-se observar que as porcentagens
permaneceram estáveis no primeiro mês, declinando abruptamente entre o 2
até o 42º dia e novamente estabilizando até os 240 dias.
Nota-se que as estacas aneladas e as estranguladas mantiveram-se 100%
vivas por aproximadamente 28 dias, enquanto que na testemunha houve
aproximadamente 20% de mortalidade no mesmo período. O intervalo de tempo
entre 28 e 42 dias pode ser considerado como período crítico para a
sobrevivência das estacas, pois ocorreu uma mortalidade acentuada,
especialmente naquelas do tratamento testemunha (sem anelamento ou
estragulamento). Também nesse período, foi possível perceber, visualmente, a
presença de raízes emitidas pelas estacas, que se desenvolveram até atingir a
parte inferior de alguns recipientes de 10 cm de altura. A partir do 42º dia a
porcentagem de sobrevivência das mudas estabilizou; aos 60 dias realizou-se o
transplante para sacos plásticos com capacidade para 5 litros de substrato e aos
75 dias foram retiradas da câmara de nebulização intermitente e, então, levadas
para uma casa de vegetação telada.
48
TABELA 4.
Sobrevivência (%) e índices de desenvolvimento de mudas de
abacateiro seleção Viamão, obtidas a partir de estacas estioladas
oriundas de três métodos de produção de ramos e uso de vasos com
quatro alturas, 300 dias após o início da estaquia. Porto Alegre, 2007.
Altura dos recipientes
Tratamentos 10 cm 15 cm 20 cm 25 cm Média
Sobrevivência (%)
Testemunha 33,33 50,00 0,00 33,33 29,16 b
Estrangulada
72,22 49,99 49,99 66,66 59,71 a
Anelada 77,77 88,88 61,11 66,66 73,60 a
Médias 61,10 62,96 37,03 55,55
C.V. 29,10%
Número de folhas emitidas
Testemunha 7,33 Bb 13,33 Aa 0,00 Cc 2,66 BCb 5,83
Estrangulada
12,16 Aa 8,22 Bb 8,33 Bb 8,83 ABa 9,38
Anelada 12,33 Aa 8,77 Aab 13,44 Aa 9,16 Aa 10,93
Médias 10,61 10,11 7,25 6,88
C.V. 27,74%
Altura (cm)
Testemunha 14,66 25,00 0,00 14,33 13,50 b
Estrangulada
25,88 17,33 20,66 36,00 24,97 a
Anelada 24,50 19,88 21,00 19,50 21,22 a
Médias 21,68 20,74 13,88 23,27
C.V. 32,15%
Diâmetro (cm)
Testemunha 0,30 Bb 0,51 Aa 0,00 Cc 0,23 Bb 0,26
Estrangulada
0,56 Aa 0,50 ABa 0,37 Bb 0,56 Aa 0,49
Anelada 0,58 Aa 0,41 Ba 0,54 ABa 0,46 ABa 0,49
Médias 0,48 0,47 0,30 0,42
C.V. 5,55%
Médias não seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, diferem pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade.
49
Tempo (dias)
0 28 42 60 75 90 120 150 240
Sobrevivência (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,99R
e1
40,2833
59,7170Y
daestrangula----
2
3,0116-
35,5887-x
-
=
+
+=
ˆ
0,98R
e1
69,8665
29,1441Y
testemunha.....
2
2,1053-
29,2295-x
-
=
+
+=
ˆ
0,99R
e1
26,0267
74,0427Y
anelada___
2
4,1662-
36,2464-x
-
=
+
+=
ˆ
FIGURA 11.
Sobrevivência (%) de estacas estioladas de abacateiro Seleção
Viamão, submetidas a dois métodos de anelamento da casca e uso
de vasos com quatro alturas, ao longo de 240 dias após a estaquia.
Porto Alegre, 2007.
Até os 240 dias após o início da estaquia, a emissão de folhas pelas
estacas apresentou padrão semelhante ao da sobrevivência, isto é, o número de
folhas presentes nas estacas aneladas e nas estranguladas não diferiu entre si,
mas ambas tiveram número médio significativamente superior em relação às das
plantas testemunhas. Da mesma forma como na sobrevivência, também não
houve influência da altura dos recipientes até os 240 dias após o início da
estaquia (Tabela 5). No entanto, na última avaliação, realizada aos 300 dias após
a estaquia, observou-se interação entre os métodos de anelamento da casca e a
altura do recipientes (Tabela 4).
50
Nenhuma estaca testemunha sobreviveu em vasos de 20 cm de altura,
sendo considerado, para efeito de análise estatística, ausência de folhas nas
estacas (zero). Como a transferência das mudas, da câmara de nebulização
intermitente para o telado, foi realizada no início do s de março, caracterizado
por elevadas temperaturas, presume-se que a morte das estacas possa ter sido
causada por alguma falha no sistema de irrigação no local onde estas estacas se
encontravam, resultando no secamento das mesmas.
TABELA 5.
Número médio de folhas emitidas em estacas de abacateiro seleção
Viamão, submetidas a dois métodos de anelamento da casca e uso de
vasos com quatro alturas, 240 dias após a estaquia. Porto Alegre,
2007.
Alturas de recipientes
Tratamentos 10 cm 15 cm 20 cm 25 cm Médias
Testemunha 3,66 7,66 0,00 1,00 3,08 b
Estrangulamento
9,94 6,44 6,77 6,50 7,41 a
Anelamento 10,16 6,03 8,33 9,00 8,38 a
Médias 7,92 ns 6,71 ns 5,03 ns 5,50 ns
C.V. 26,35%
Médias não seguidas de mesma letra diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Pela análise de regressão, verificou-se que o efeito do tempo é
representado por uma curva de regressão de grau para o número médio de
folhas emitidas (Figura 12). Nos primeiros 20 a 30 dias após a realização da
estaquia houve secamento e queda de algumas das 4 folhas deixadas em cada
estaca, que foi pouco pronunciada nas estacas estranguladas, um pouco mais
acentuada nas estacas aneladas, e mais intensa nas estacas testemunha. um
pouco antes dos 30 dias e a partir dos 30 dias, respectivamente, as estacas
estranguladas e as aneladas emitiram folhas novas, ao passo que nas estacas
testemunha a emissão de folhas novas iniciou a partir dos 90 dias, sendo bem
mais lenta do que nas estacas aneladas e estranguladas.
51
______
Anelada
y = 3E-08x
4
- 2E-05x
3
+ 0,0034x
2
- 0,1282x + 3,2647
R
2
= 0,9024
______
Estrangulada
y = 3E-08x
4
- 2E-05x
3
+ 0,0027x
2
- 0,0592x + 2,7124
R
2
= 0,7065
_____
Testemunha
y = 2E-08x
4
- 1E-05x
3
+ 0,0024x
2
- 0,1575x + 3,9775
R
2
= 0,9172
0
2
4
6
8
10
12
14
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330
dias
número de folhas
FIGURA 12.
Número médio de folhas presentes em mudas de estacas estioladas
de abacateiro seleção Viamão, submetidas a dois métodos de
anelamento de casca e uso de vasos com quatro alturas, ao longo de
300 dias após a estaquia. Porto Alegre, 2007.
Essa diferença de comportamento, possivelmente, deve-se às substâncias
de reserva armazenadas nas estacas aneladas e estranguladas que, em
conseqüência, devem ter emitido maior número e volume de raízes, possibilitando
a absorção de água e evitando a intensa queda de folhas que ocorreu nas
estacas testemunha, por desidratação, resultante da escassez e/ou ausência de
raízes. O gráfico mostra uma curva descendente a partir dos 150 dias. Isso
ocorreu devido à remoção de algumas hastes laterais, com as folhas que
continham e eram computadas até esse momento. A remoção de brotações
laterais, que teve continuidade a partir dessa época, mediante a realização de
desbotas periódicas, teve o objetivo de forçar o crescimento das mudas em haste
única para, numa próxima etapa, serem enxertadas. Depois dos 270 dias, as
condições de temperatura do ambiente foram mais elevadas e, portanto,
52
favoráveis ao desenvolvimento vegetativo das mudas, de forma que o número de
folhas emitidas foi intenso.
A altura dos recipientes utilizados para a estaquia também não exerceu
influência sobre o crescimento das mudas em altura. O crescimento em altura nas
estacas com estrangulamento não diferiu das estacas com anelamento, mas a
altura de ambas foi superior ao das estacas testemunha (Tabela 4). Como foi
citado para a variável número de folhas, a altura das mudas testemunha
acondicionadas em vasos de 20 cm de altura também foi considerada “zero” para
a realização da análise estatística, sem interferir na interpretação dos resultados.
Para a variável diâmetro do caule também não houve efeito da altura dos
recipientes em que as estacas foram acondicionadas até o mês após a
estaquia. Com relação à forma de anelamento, tanto o anelamento quanto o
estrangulamento da casca foram eficientes para aumentar o diâmetro das mudas
em relação às estacas testemunha. No décimo mês de avaliação (300 dias) a
análise estatística mostrou interação significativa entre a altura dos recipientes e
os métodos de obstrução de seiva (Tabela 4).
Como o objetivo principal deste estudo foi testar métodos de propagação
vegetativa de porta-enxertos, o diâmetro das mudas formadas é um fator bastante
importante, pois, na produção atual de mudas de abacateiros, a enxertia é
realizada em seedlings, quando estes possuem diâmetro aproximado de 5 a 7
mm e tecidos ainda herbáceos. Para que se obtenha sucesso na enxertia de
mudas formadas por estacas é importante, portanto, que elas tenham um
diâmetro mínimo compatível com o dos garfos que nelas serão enxertados.
Embora os resultados obtidos nesse estudo o indiquem estatisticamente
diferenças de diâmetro entre todos os tratamentos, nota-se que as estacas
53
aneladas e as estranguladas atingem maiores diâmetros em relação à
testemunha.
Embora não tenha sido avaliado o desenvolvimento do sistema radicular,
no final do experimento foi exposto o sistema radicular de algumas mudas,
podendo-se verificar, na Figura 13, que a formação de raízes pode ser
considerada satisfatória nos três sistemas de preparo dos ramos que originaram
as estacas.
FIGURA 13. Sistema radicular de mudas de abacateiro seleção Viamão
obtidas a partir de estacas estioladas submetidas a dois
métodos de anelamento da casca e sem anelamento
(testemunha), acondicionadas em vasos de 15cm de altura,
um ano após a estaquia. Porto Alegre, 2007.
Quanto ao efeito da altura dos vasos sobre o número de folhas e o
diâmetro do caule das mudas, os dados da Tabela 4 destacam que a principal
diferença se verificou na testemunha, sendo que os maiores índices de
54
desenvolvimento ocorreram nos recipientes de 15 cm de altura. Puchalski &
Kämpf (1999) testaram 4 alturas de recipientes (5, 8, 12 e 18cm) na produção de
mudas de Hibiscus rosa-sinensis, em câmara de nebulização intermitente
(acionada por 2min15s a cada 50 minutos), utilizando como substrato casca de
arroz carbonizada. Os autores concluíram que os recipientes de menor altura
proporcionaram enraizamento de melhor qualidade, com maior percentual de
estacas enraizadas, maior número e comprimento de raízes. O enraizamento de
pior qualidade nos recipientes mais altos foi atribuído à menor disponibilidade de
água na região do substrato em que estavam inseridas as estacas, principalmente
devido à elevada capacidade de drenagem da casca de arroz carbonizada e da
maior influência da gravidade nos recipientes de maior altura.
No presente estudo não se observou, de modo geral, efeito das alturas dos
recipientes no enraizamento e desenvolvimento das estacas (Figura 14). Tal fato
pode ser atribuído à maior altura dos vasos utilizados (10, 15, 20 e 25 cm), onde o
efeito da drenagem e da gravidade pode ter atuado de forma semelhante no
substrato neles inserido. Contudo, na testemunha, cujo número de folhas e
diâmetro do caule foi maior nos recipientes de 15 cm de altura, o fato deve estar
relacionado ao desenvolvimento do sistema radicular que, baseado nos dados
obtidos por Oliveira (1999), na testemunha deve ter sido bem mais lento e menor
do que nas estacas aneladas e estranguladas. Por algum motivo, não
determinado, nos vasos de 15 cm de altura as condições de disponibilidade de
água e ar para a formação e desenvolvimento das raízes deve ter sido melhor do
que nos recipientes de outras alturas.
55
FIGURA 14. Sistema radicular de mudas de abacateiro seleção Viamão,
obtidas a partir de estacas estioladas e aneladas, e
acondicionadas em vasos de 10, 15, 20 e 25cm de altura, um
ano após a estaquia. Porto Alegre, 2007.
Quanto ao método de anelamento, Fachinello et al. (1988) também não
observaram diferenças entre as técnicas de anelamento e estrangulamento em
ramos de porta-enxerto de macieira ‘MM-106’. Na pesquisa realizada, ambas as
técnicas proporcionaram, igualmente, melhor enraizamento das estacas, maior
quantidade de matéria seca e maior quantidade de açúcares solúveis em relação
à testemunha (sem anelamento ou estrangulamento). Em estacas de laranjeira
‘Valência’, no entanto, o estrangulamento dos ramos não induziu aumento no
número de estacas enraizadas nem melhorou o efeito do estiolamento (Castro &
Kersten, 1996).
56
Considerando os resultados obtidos neste experimento e os dados
disponíveis na bibliografia, bem como os resultados obtidos no Experimento 1,
pode-se salientar a importância do estiolamento no processo de produção de
mudas de difícil enraizamento, como é o caso do abacateiro. Não o
estiolamento, mas também o anelamento ou o estrangulamento do caule
confirmam-se como técnicas eficientes para que se tenha sucesso na propagação
dessa espécie.
Para reforçar essas observações, Silveira et al. (2004) obtiveram 62,5% de
estacas enraizadas, combinando o uso de AIB com anelamento e estiolamento
dos ramos de abacateiro ‘Ouro Verde’. Barrientos-Priego et al. (1986) testaram
diferentes combinações entre as técnicas de estiolamento, anelamento e
aplicação de auxinas em estacas estioladas das cultivares Fuerte e Colin V-33. As
três técnicas juntas proporcionam as melhores taxas de enraizamento (90-92%),
no entanto, o estiolamento foi considerado a principal técnica para melhorar o
enraizamento, seguido pelo anelamento da casca e aplicação de auxina.
Resultados semelhantes foram citados por Delargy & Wright (1978) em macieira,
no qual o anelamento só potencializou as taxas de enraizamento quando utilizado
em conjunto com o estiolamento.
Pode-se concluir, a partir dos resultados obtidos, que ambos os métodos
de anelamento de casca (anelamento e estrangulamento) proporcionam melhores
taxas de enraizamento e desenvolvimento de estacas estioladas de abacateiro
seleção Viamão, não havendo, no entanto, influência da altura dos recipientes de
enraizamento nos parâmetros analisados.
57
4.3 Experimento 3: Propagação do abacateiro ‘Yon’ por mergulhia
No tratamento A, no qual as brotações deveriam crescer estioladas dentro
de um tubo de PVC preenchido com substrato de casca de arroz carbonizada,
nenhuma brotação estiolada se desenvolveu. Portanto, não foi possível
considerá-lo nas análises estatísticas. Embora nenhuma brotação tenha se
desenvolvido no enxerto, ocorreu intensa brotação no porta-enxerto, fato comum
após a enxertia. Essas brotações são, no processo convencional de produção de
mudas, periodicamente eliminadas para evitar que se desenvolvam e inibam a
brotação de gemas do enxerto. Estando os enxertos envolvidos e/ou cobertos
pelo substrato, isso tornou impossível, ou muito difícil, a desbrota do porta-
enxerto, causando, provavelmente, uma competição por nutrientes que impediu a
emissão de brotações pelo enxerto.
Com relação à sobrevivência de mudas depois do estiolamento e início dos
procedimentos de mergulhia, a análise de variância revelou a existência de
interação significativa de tratamentos ao longo do tempo. Em função disso,
realizou-se a análise de regressão, que revelou curvas de tendência polinomial
quadrática, como pode ser verificado na Figura 15. Os resultados obtidos a partir
do teste de Tukey constam na Tabela 6.
Desde o início até a primeira avaliação de mudas sobreviventes, feita aos
60 dias após o procedimento da mergulhia, com exceção do tratamento B, em
todos os demais houve diminuição de sobrevivência, que foi mais acentuada nos
tratamentos C, D e E, nos quais havia sido realizado estiolamento individual. O
que distinguiu o tratamento B de todos os demais foi a ausência de tratamento
adicional (anelamento da casca, lesão e/ou AIB) para promover o enraizamento,
além do estiolamento. Assim sendo, os demais procedimentos, como o
58
anelamento, a lesão e/ou a aplicação de AIB devem ter provocado um estresse
que, inicialmente, causou a morte de maior número de mudas que no tratamento
B.
C y = 0,0013x
2
- 0,65x + 96,14
R
2
= 0,88
D y = 0,0008x
2
- 0,38x + 62,67
R
2
= 0,95
E y = 0,0006x
2
- 0,32x + 45,21
R
2
= 0,81
F y = 0,0011x
2
- 0,52x + 110,38
R
2
= 0,93
G y = 0,0004x
2
- 0,22x + 87,90
R
2
= 0,91
B y = 0,0015x
2
- 0,82x + 146,6
R
2
= 0,89
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
dias
% sobrevivência
FIGURA 15. Sobrevivência (%) de mudas de abacateiro ‘Yon’, ao longo de 335
dias após a propagação por diversos procedimentos de mergulhia: B
testemunha com estiolamento individual; C estiolamento
individual + anelamento; D - estiolamento individual + anelamento +
lesão; E - estiolamento individual + anelamento, lesão + AIB; F -
estiolamento em câmara coletiva + lesão + AIB; G - estiolamento em
câmara coletiva + estrangulamento + lesão + AIB. Porto Alegre,
2007.
59
TABELA 6.
Sobrevivência (%) de mudas de abacateiro ‘Yon’, ao longo de 335 dias
após a propagação por diversos procedimentos de mergulhia: B
testemunha com estiolamento individual; C estiolamento individual +
anelamento; D - estiolamento individual + anelamento + lesão; E -
estiolamento individual + anelamento, lesão + AIB; F - estiolamento em
câmara coletiva + lesão + AIB; G - estiolamento em câmara coletiva +
estrangulamento + lesão + AIB. Porto Alegre, 2007.
Trat.
Dias
60 90 120 150 180 270 335
B 100,00 a
87,50 a
81,25 a
43,75 a
43,75 a
43,75 a
37,5 a
C 58,33 ab
58,33 ab
33,33 bcd
20,83 a
20,83 a
20,83 a
20,83 a
D 41,66 ab
37,50 ab
25,00 cd
20,83 a
16,66 a
16,66 a
16,66 a
E 29,16 b
25,00
8,33 d
8,33 a
8,33 a
8,33 a
4,16 a
F 84,72 a
72,22 b
59,72 abc
51,39 a
51,39 a
51,39 a
51,39 a
G 75,00 a
70,83 a
70,83 ab
62,50 a
58,33 a
58,33 a
58,33 a
C.V.
17,16% 17,39% a
17,70% 44,81% 51,16% 51,16% 50,79%
Médias não seguidas de mesma letra diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância.
A partir dos 60 dias, iniciou-se um acentuado declínio na porcentagem de
sobrevivência das mudas do tratamento B. Esse fato ocorreu logo após ter sido
realizado o transplante das mudas, ou seja, quando a haste estiolada do enxerto,
supostamente enraizada, foi separada do enxerto que lhe deu origem.
Provavelmente o enraizamento ainda era deficiente ou não havia ocorrido nesse
período de tempo, de forma que, mesmo em câmara de nebulização, causou
grande mortalidade de mudas (Figura 15) e intensa queda de folhas (Figura 16).
Aos 120 dias, quando as mudas foram transferidas da casa de vegetação
com nebulização intermitente para o telado, continuou o declínio no percentual de
mudas sobreviventes, que foi mais acentuado no tratamento B (testemunha),
porém sem se diferenciar dos tratamentos F e G. Como não recebeu nenhum
tratamento adicional que promovesse o enraizamento, além do estiolamento, é
possível que o deficiente enraizamento de mudas da testemunha fizesse com
que, nesta fase, tivessem maior dificuldade em absorver água suficiente para que
60
tolerassem o novo ambiente da casa de vegetação, com menor umidade relativa
do ar e maior evapotranspiração.
A partir dos 150 dias, a porcentagem de sobrevivência praticamente se
estabilizou, no entanto, no gráfico destacaram-se, desde o início das avaliações,
dois grupos de tratamentos, um deles com maior porcentagem de sobrevivência,
formado pelos tratamentos B, F e G, e outro grupo com menor porcentagem de
sobrevivência, formado pelos tratamentos C, D e E.
Com relação ao número de folhas, não houve diferenças significativas
entre os tratamentos em nenhuma das épocas avaliadas. Entretanto, até os 60
dias, os tratamentos B, F e G se destacaram em relação aos demais por
possuírem maior número absoluto de folhas (Figura 14). Após esse período,
quando as novas plantas foram destacadas da planta matriz, ocorreu uma intensa
queda de folhas até os 90 dias, seguida por uma recuperação dos 120 aos 150
dias, nos tratamentos F, G, B e C. A partir dos 120 dias o tratamento F destacou-
se dos demais, com maior desenvolvimento de novas folhas, embora sem
diferença estatística.
61
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 60 120 180 240 300 360
dias
número de folhas
B - testemunha com estiolmento individual
C - estiolamento individual + anelamento
D - estiolamento individual + anelamento + lesão
E - estiolamento individual + anelamento + lesão + AIB
F - estiolamento em mara coletiva + lesão + AIB
G - estiolamento em mara coletiva + estrangulamento + lesão + AIB
FIGURA 16. Número dio de folhas emitidas por mudas de abacateiro “Yon”
propagadas por diversos procedimentos de mergulhia, ao longo de
335 dias. Porto Alegre, 2007.
A variável diâmetro do caule não foi influenciada pelos seis tratamentos
testados (Tabela 7). Nota-se, no entanto, que pelo resultado da análise de
regressão (Figura 17), as mudas dos tratamentos F e G tenderam a apresentar
diâmetros maiores que nos demais.
Ao longo dos 335 dias de avaliação, registrou-se que o incremento no
diâmetro do caule das mudas foi pequeno. Como foi comentado no item 4.2,
esse é um fator importante para a realização da enxertia e, devido à baixa taxa de
crescimento durante os 8 meses avaliados, parece ser importante que a brotação
estiolada, ao ser submetida ao processo de mergulhia, possua diâmetro igual ou
superior a 3 mm, tamanho considerado adequado por Oliveira (1999), sendo que,
no caso desta pesquisa, muitas brotações tiveram diâmetro inferior a esta medida.
Nota-se, nas curvas de regressão referentes aos tratamentos B e E, que
houve um ligeiro decréscimo no valor do diâmetro médio após os 270 dias do
62
início do experimento. Tal fato deveu-se à grande mortalidade de mudas desse
tratamento, cujos resultados também não foram satisfatórios para os demais
parâmetros avaliados.
C y = 0,0001x + 0,16
R
2
= 0,65
D y = 0,0002x + 0,23
R
2
= 0,86
F y = 0,0003x + 0,40
R
2
= 0,79
G y = 0,0003x + 0,37
R
2
= 0,99
E y = -3E-06x
2
+ 0,0009x + 0,08
R
2
= 0,87
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0 60 120 180 240 300 360
dias
diâmetro (cm)
FIGURA 17.
Diâmetro médio (cm) dos caules de mudas de abacateiro ‘Yon’
propagadas por diversos procedimentos de mergulhia, aos 60, 180,
270 e 335 dias após o início do experimento. Legenda: B testemunha
+ estiolamento individual; C - estiolamento individual + anelamento; D -
estiolamento individual + anelamento + lesão; E - estiolamento
individual + anelamento + lesão + AIB; F - estiolamento em câmara +
lesão + AIB; G - estiolamento em câmara + estrangulamento + lesão +
AIB. Porto Alegre, 2007.
63
TABELA 7.
Diâmetro médio (cm) dos caules de mudas de abacateiro ‘Yon’
propagadas por diversos procedimentos de mergulhia, aos 60, 180,
270 e 335 dias após o início do experimento. Legenda: B testemunha
+ estiolamento individual; C - estiolamento individual + anelamento; D -
estiolamento individual + anelamento + lesão; E - estiolamento
individual + anelamento + lesão + AIB; F - estiolamento em câmara +
lesão + AIB; G - estiolamento em câmara + estrangulamento + lesão +
AIB. Porto Alegre, 2007.
TRATAMENTO
60 dias 180 dias 270 dias 335 dias
B 0,28 ab 0,26 a 0,28 a 0,25 a
C 0,18 ab 0,17 a 0,21 a 0,22 a
D 0,25 ab 0,28 a 0,28 a 0,32 a
E 0,10 b 0,15 a 0,15 a 0,08 a
F 0,44 a 0,44 a 0,48 a 0,54 a
G 0,39 ab 0,42 a 0,44 a 0,47 a
C.V. 4,55% 7,32% 7,73% 8,26%
Médias não seguidas de mesma letra diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Os diferentes procedimentos de mergulhia afetaram significativamente a
altura das mudas (Figura 18, Tabela 8), com destaque para os tratamentos F e G,
revelando a mesma tendência de superioridade observada para sobrevivência,
número de folhas e diâmetro do caule das mudas. É provável que este resultado
esteja relacionado com o método de estiolamento utilizado, visto que as brotações
dos tratamentos F e G se desenvolveram em uma câmara escura “coletiva”,
situada numa casa de vegetação na qual as condições de ambiente foram mais
uniformes, ao passo que as brotações dos tratamentos B, C, D e E foram
estioladas em câmaras individuais, compostas por tubos de PVC, com 17,5 cm de
comprimento e 7,5 cm de diâmetro, fechado com plástico preto no topo. Nessas
câmaras individuais, situadas dentro de uma casa de vegetação telada, as plantas
estiveram sujeitas a condições acentuadas de variação de ambiente,
principalmente de temperatura e umidade relativa do ar, que deve ter limitado o
desenvolvimento das brotações desde o início do procedimento de estiolamento,
impedindo-as de alcançar desenvolvimento equiparável às da câmara escura
coletiva.
64
C y = 0,0119x + 2,34
R
2
= 0,96
D y = 0,0184x + 6,98
R
2
= 0,85
E y = -8E-05x
2
+ 0,0385x - 0,92
R2 = 0,93
F y = 0,0174x + 24,34
R
2
= 0,83
G y = 0,0302x + 19,268
R
2
= 0,8775
0
5
10
15
20
25
30
35
0 60 120 180 240 300 360
dias
altura (cm)
FIGURA 18. Altura dia (cm) de mudas de abacateiro “Yon” propagadas por
diversos métodos de mergulhia, aos 60, 180, 270 e 330 dias após o
início do experimento. Legenda: B – testemunha + estiolamento
individual; C - estiolamento individual + anelamento; D -
estiolamento individual + anelamento + lesão; E - estiolamento
individual + anelamento + lesão + AIB; F - estiolamento em câmara
+ lesão + AIB; G - estiolamento em câmara + estrangulamento +
lesão + AIB. Porto Alegre, 2007.
TABELA 8.
Altura média (cm) de mudas de abacateiro “Yon” propagadas por
diversos métodos de mergulhia, aos 60, 180, 270 e 330 dias após o
início do experimento. Legenda: B testemunha + estiolamento
individual; C - estiolamento individual + anelamento; D - estiolamento
individual + anelamento + lesão; E - estiolamento individual +
anelamento + lesão + AIB; F - estiolamento em câmara + lesão + AIB; G
- estiolamento em câmara + estrangulamento + lesão + AIB. Porto
Alegre, 2007.
TRATAMENTO
60 dias 180 dias 270 dias 335 dias
B 10,14 ab 10,52 a 10,61 a 10,5 ab
C 3,25 b 4,11 a 5,61 a 6,44 ab
D 8,20 ab 10,66 a 10,66 a 14,00 ab
E 1,14 b 3,00 a 3,66 a 2,33 b
F 25,95 a 26,86 a 28,08 a 31,16 a
G 22,15 a 22,94 a 27,08 a 30,41 ab
C.V. 25,65% 39,43% 40,78% 44,30%
Médias não seguidas de mesma letra diferem pelo teste de Tukey a 5% de significância.
65
A partir dos resultados obtidos neste experimento, pode-se observar que as
brotações estioladas que foram aneladas (tratamentos C, D e E) tiveram, de modo
geral, taxas de sobrevivência e crescimento inferiores ao do tratamento B, que
não foi anelado. Biasi & Koller (1993) sugerem que a consistência tenra dos
tecidos estiolados, aliada a uma lesão (no caso do referido trabalho, esta lesão foi
interrupção do sistema vascular provocada pelo anelamento da estaca) e a
desnutrição do ramo aclorofilado podem contribuir para a mortalidade das
brotações, podendo esta situação ter sido agravada pela aplicação de altas
concentrações de AIB na região artificialmente lesionada.
Os mesmos autores obtiveram 50% de enraizamento em brotações
aneladas de abacateiros ‘Ouro Verde’, porém este percentual não diferiu dos
demais tratamentos: testemunha e anelamento com aplicação de 1.000 mg.L
-1
de
AIB, com 33,6 e 34% de enraizamento, respectivamente. Por outro lado, Oliveira
et al. (2000) obtiveram 80% de enraizamento em brotações estioladas de
abacateiro seleção 153, as quais foram aneladas e receberam 10.000 mg.L
-1
de
AIB, aplicado sob forma de chapinhas de madeira inseridas sob a casca e
previamente embebidas na solução com o fitorregulador. Apenas o anelamento
associado com AIB aumentou o número de raízes primárias e secundárias em
relação à testemunha.
A prática do anelamento não foi benéfica para o desenvolvimento de
mudas provenientes de brotações estioladas do abacateiro ‘Yon’, assim como o
estrangulamento da casca não proporcionou incremento nas variáveis analisadas
neste estudo, visto que não houve diferença significativa entre o tratamento F
(sem estrangulamento) e o tratamento G (com estrangulamento). Resultados
semelhantes foram obtidos por Rogel-Castellanos et al. (2000), com brotações
66
estioladas de abacateiro seleção 127. A porcentagem de enraizamento não foi
afetada pelos tratamentos de estrangulamento da casca e aplicação de auxinas,
porém a qualidade do enraizamento foi favorecida com a aplicação de 10.000
mg.L
-1
de AIB.
Embora não tenha havido diferença estatística significativa entre o
tratamentos B (testemunha), F (estiolamento em câmara + lesão + AIB) e G
(estiolamento em câmara + estrangulamento + lesão + AIB) para a variável
sobrevivência das mudas, nota-se que para as variáveis diâmetro, altura e
desenvolvimento foliar os resultados são mais promissores para os tratamentos F
e G.
O desenvolvimento foliar deve ser um fator importante para a posterior
enxertia de porta-enxertos obtidos por mergulhia ou estaquia pois, quanto mais
folhas permanecerem na planta, abaixo da região enxertada, maior deverá ser a
produção de fotoassimilados importantes para a nutrição da muda e,
conseqüentemente, melhor será a soldadura do enxerto. Martins et al. (2002)
compararam os índices de pegamento de enxerto em porta-enxertos de lichieira
(Litchi chinensis) obtidos por alporquia e por sementes, e observaram que os
alporques perdiam quase todas as folhas ao ter o ápice podado para a enxertia,
resultando em um baixo percentual de pega. os porta-enxertos de sementes
mantinham mais folhas na região basal do caule, o que pode ter estimulado o
maior índice de pegamento. Resultados semelhantes foram observados em
cupuaçuzeiro (Venturieri et al., 1987) e lichieira (Sharma et al., 1990).
Segundo Regina et al. (1998), para a formação de calo e soldadura na
região da enxertia de videira é necessário que, tanto no porta-enxerto quanto no
enxerto, os tecidos sejam ricos em amido e outras substâncias de reservas. Este
67
fator deve ser importante, porque porta-enxertos de abacateiro obtidos por
mergulhia são desprovidos da semente, o qual supre o enxerto de substâncias de
reserva no processo de enxertia sobre seedlings.
Por sua vez, verificou-se que o uso de câmaras individuais, testado nesta
pesquisa para promover o estiolamento das brotações dos enxertos, evitando-se
o transporte das mudas para dentro de câmaras escuras, foi eficiente para estiolar
as brotações, visto que as taxas de sobrevivência do tratamento B (tesmemunha)
não diferiu dos tratamentos F e G. No entanto, o diâmetro e a altura das
brotações obtidas por este método foi inferior ao das brotações estioladas em
câmara escura coletiva, produzindo ramos tenros e delgados que resistiram
menos aos procedimentos de anelamento, lesão e aplicação de AIB.
Na Figura 19 pode-se visualizar o desenvolvimento do sistema radicular de
plantas obtidas através dos diversos procedimentos de mergulhia testados, um
ano após o início do experimento. Não consta na figura o sistema radicular de
muda do tratamento E, devido ao fato de não ter sobrevivido nenhum exemplar
até o momento do desplante.
68
FIGURA 19.
Sistema radicular de mudas de abacateiro ‘Yon’, um ano após a
propagação por diversos procedimentos de mergulhia. Porto Alegre,
2007.
Considerando todas as variáveis analisadas, os resultados obtidos neste
experimento permitem concluir que, dentre as cnicas utilizadas, a mergulhia
após estiolamento em câmara escura coletiva, fazendo uma lesão longitudinal de
2 a 3 cm na base do ramo estiolado e imediata aplicação de 5.000 mg.L
-1
de AIB,
sem obstrução de seiva elaborada, possibilita a obtenção de mudas mais
desenvolvidas de abacateiro ‘Yon’, com índices de sobrevivência de 55%.
Devido às condições desfavoráveis da mara escura individual,
relatadas, e também aos diferentes resultados obtidos em outras pesquisas, não
se pode descartar a hipótese de que o anelamento ou estrangulamento da casca
sejam práticas favoráveis ao enraizamento de mudas da cultivar Yon, no entanto
outras pesquisas são necessárias para que se possa confirmar tal possibilidade.
5 CONCLUSÕES GERAIS
Nas condições em que os experimentos foram conduzidos, pode-se
concluir que:
- Não é possível produzir mudas de abacateiro ‘Yon’ a partir de estacas
semi-lenhosas;
- A presença e a retenção de folhas prolongam a sobrevivência de estacas
verdes e favorecem a formação de calo;
- O tratamento de estacas verdes de abacateiro ‘Yon’ com 5.000 mg.L
-1
de
AIB prejudica a retenção de folhas e a emissão de calo;
- O estiolamento de brotações de abacateiro seleção ‘Viamão’, aliado ao
anelamento ou estrangulamento da casca e aplicação de 5.000 mg.L
-1
de AIB
proporciona os maiores índices de enraizamento e de sobrevivência das mudas
formadas;
- A mergulhia, após estiolamento em câmara escura coletiva, fazendo uma
lesão longitudinal de 2 a 3 cm na base do ramo estiolado e imediata aplicação de
5.000 mg.L
-1
de AIB, sem obstrução de seiva elaborada, possibilita a obtenção de
mudas mais desenvolvidas de abacateiro ‘Yon’, com índices de sobrevivência de
55%.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A propagação vegetativa de porta-enxertos tolerantes ao patógeno
Phytophtora cinnamomi é fundamental para que o cultivo de abacateiros seja um
investimento promissor. Entretanto, existem dificuldades na obtenção de porta-
enxertos por via vegetativa, assim, os resultados obtidos neste estudo poderão
nortear novas pesquisas, testando-se, por exemplo, outras concentrações de AIB,
outras cultivares, outros substratos.
Com relação às técnicas utilizadas, cabe salientar que, embora as câmaras
escuras individuais facilitem a execução do estiolamento de brotações, sua
utilização não compensa o trabalho de levar as mudas até uma câmara escura
coletiva, visto que esta proporciona brotações mais vigorosas e resistentes aos
tratamentos. Quanto à forma de anelamento da casca, o uso da tesoura
aneladora foi mais prático e rápido do que o uso de arames apertados com auxílio
de alicates, embora a porcentagem de enraizamento tenha sido semelhante entre
as duas técnicas.
Quanto ao recipiente de enraizamento, vasos formados por tubos de PVC
com 15 cm de altura proporcionaram espaço adequado para a formação e
desenvolvimento do sistema radicular e, no caso da utilização de estacas,
permitiram visualizar a formação de raízes quando estas atingiam a superfície da
bancada e, assim, antecipar o transplante das mudas.
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