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JOSÉ CAETANO DA SILVA
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS
PORTADORAS DE CARDIOPATIA CONGÊNITA
Florianópolis - SC
2006
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2
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS–CEFID
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO
HUMANO
JOSÉ CAETANO DA SILVA
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS
PORTADORAS DE CARDIOPATIA CONGÊNITA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano, do Centro de
Educação Física, Fisioterapia e Desportos,
da Universidade do Estado de Santa
Catarina, para obtenção do título de Mestre
em Ciências do Movimento Humano.
Orientador: Prof.Dr. Francisco Rosa Neto
Florianópolis – SC
2006
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JOSÉCAETANO DA SILVA
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS
PORTADORAS DE CARDIOPATIA CONGÊNITA
Dissertação aprovada como requisito parcial para a aprovação do grau de Mestre em
Ciências do Movimento Humano do Programa de Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano, do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos, da
Universidade do Estado de Santa Catarina.
Banca Examinadora:
Orientador:___________________________________
Prof. Dr. Francisco Rosa Neto
Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
Membro:_____________________________________
Profa. Dra. Maria Marlene de Souza Pires
Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC
Membro:_____________________________________
Prof. Dr. Tales de Carvalho
Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
Membro:_____________________________________
Prof. Dr. Magnus Benetti
Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
Florianópolis, 31 de agosto de 2006.
4
A todas as crianças que participaram deste estudo
com sua alegria e simpatia.
Ao meu irmão Ricardo.
5
DESEJO EXTERNAR OS MEUS AGRADECIMENTOS
- Ao Seu Ricardo pela fonte de inspiração e à Dona Márcia por me fazer acreditar ser
capaz de alcançar esta conquista;
- Ao meu orientador Dr. Francisco Rosa Neto pela oportunidade do mestrado,
orientação, disposição e tranqüilidade que me ofereceu;
- Aos professores membros da banca, pelas considerações;
- A minha família e meus amigos pelo apoio incondicional;
- Ao coordenador e aos funcionários do Programa de Mestrado em Ciências do
Movimento Humano, pelo apoio administrativo;
- Aos professores do Programa de Mestrado em Ciências do Movimento Humano;
- À Dra. Isabela De Carlo Back Giuliano, Dra. Márcia M. Cappellari e a Dra. Vera R.
Fernandes, pelo apoio técnico, cooperação e atenção dedicada;
- Aos meus amigos do Laboratório de Desenvolvimento Humano, Chico, Lisiane,
Giane, Geciely, Janaina, Miriam, Jairo, Daniela, Marcelo, Elaine e Cristiane;
- As minhas irmãs caçulas Giane e Geciely, pelo apoio irrestrito;
- Às crianças que participaram da pesquisa e seus responsáveis;
- À Rosa que participou do estudo de caso, e sua mãe;
- A todos que contribuíram de modo geral para o meu crescimento profissional,
acadêmico e pessoal.
6
RESUMO
Título: Avaliação e intervenção motora em cardiopatia infantil.
Autor: SILVA, José Caetano da.
Orientador: ROSA NETO, Francisco.
O objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento motor de crianças com
cardiopatia congênita, e a influência das intervenções motoras em uma criança com
cardiopatia congênita. Pesquisa caracterizada como descritiva diagnóstica, de campo,
quase experimental e estudo de caso. A amostra foi composta por 46 crianças do sexo
masculino e feminino, que recebem atendimento ambulatorial no Hospital Infantil
Joana de Gusmão Florianópolis/SC, com idades entre 4 e 11 anos. Uma criança foi
escolhida de forma intencional para participar de um programa de intervenção motora.
Para coletar os dados foi utilizado como instrumento um formulário biopsicossocial;
um formulário de características diagnósticas da criança; o do desenho da figura
humana, a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (ROSA NETO, 2002); um
anedotário e um questionário de hábitos de vida. Para a análise dos dados foi utilizado
o software Epi info 6.0. Foi utilizada a estatística descritiva mediante a análise da
distribuição da freqüência simples e percentual para resultados dos formulários
biopsicossocial e características diagnósticas. Utilizada também a estatística descritiva
para análise qualitativa do desenho da figura humana e intervenção motora. E análise
mediante a distribuição de freqüências simples e percentuais, média, variância, desvio
padrão, mediana, valor mínimo e máximo para os resultados do desenvolvimento
motor, para análise comparativa foi utilizado o Teste de Homogeneidade de Bartlett:
quando dados distribuídos normalmente Teste t de Students e quando não
apresentaram dados distribuídos normalmente Teste Kruskal-Wallis, com níveis de
significância de p< 0.05. Os resultados mostram que os fatores biopsicossociais e as
características diagnósticas estão dentro da normalidade. Em relação ao desenho da
figura humana, 69,6% das crianças se encontravam dentro das categorias mais
desenvolvidas. Quanto ao desenvolvimento motor geral o grupo obteve um Quociente
motor geral (QMG) de 95,5 e foi classificado como “normal médio”, a maioria
apresentou lateralidade destro completo. As intervenções motoras mostraram avanços
nas áreas motoras da motricidade fina, do equilíbrio e do esquema corporal, e foi
constatada mudança de nível na classificação geral passando de “normal baixo” para
“normal médio”.
Palavras-chave: Desenvolvimento motor. Intervenção motora. Cardiopatia
congênita.
Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos-CEFID
Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano
Florianópolis-SC
7
ABSTRACT
Title: Motor and intervention evaluation in children with congenital heart disease.
Author: SILVA, José Caetano da.
Orientated by: ROSA NETO, Francisco.
The purpose this paper was to evaluate the motor development of the children
with congenital heart disease, and the influence of the motors interventions in a child
with congenital heart disease. The research is descriptive-diagnostic, almost
experimental and a case study. The sample was compose for a 46 children of male and
female, was received ambulatory in the Children Hospital Joana de Gusmão
Florianópolis/SC, with age between 4 and 11 years old. A child were choused by an
intentional to participate of a intervention motor sessions. Were used like instruments
the biopsycosocial questionnaire, a formulary of diagnostics characteristics of the
child; the design of human figure, the Motor Development Scale - MSD (ROSA
NETO, 2002); in the anecdotal, and the questionnaire of usual live. To analyze the
data was used the software Epi info 6.0. Were utilized the descriptive statistic to
compare the analyze of distribution of simple frequency and perceptual to results of
biopsycosocial formulary and diagnostics characteristics. Were used also the
descriptive statistic to quality analyze of design of human figure and motor
interventions. And analyze by a distribution of simple frequencies and percents, mean,
variance, standard deviation, mean, minimum and maximum values to results of
motors development, for comparative analyze was used analyze comparative the
Homogeny Test of Bartlett: when the data were normally distributed The Students
Test t and when don’t presented the data normally distributed Kruskal-Wallis Test,
with level of significance p< 0.05.The results watch that the biopsycosocial factors
and the diagnostics characteristics are into the normality. In relation of design of
human figure, 69,6% of children was into the category much development. About the
general motor development the group showed a quotient general motor (QMG) of
95,5 and was classification like “middle normal”, the majority showed full right side
laterality. The motors intervations showed effects positives in the motors areas of the
fine motricity, of equilibrium and body plan, demonstring needed of more attention
and complementary studies.
Key-words: Motor Development. Motor Intervention. Congenital Heart Disease.
Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos-CEFID
Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano
Florianópolis-SC
8
LISTA DE ABREVIATURAS
EDM Escala de Desenvolvimento Motor
IC Idade cronológica
IMG Idade motora geral
IM1 Idade motora da motricidade fina
IM2 Idade motora da motricidade global
IM3 Idade motora do equilíbrio
IM4 Idade motora do esquema corporal
IM5 Idade motora da organização espacial
IM6 Idade motora da organização temporal
IN Idade negativa
IP Idade positiva
QMG Quociente motor geral
QM1 Quociente motor da motricidade fina
QM2 Quociente motor da motricidade global
QM3 Quociente motor do equilíbrio
QM4 Quociente motor do esquema corporal
QM5 Quociente motor da organização espacial
QM6 Quociente motor da organização temporal
CCA Cardiopatia congênita acianogênica
CCC Cardiopatia congênita cianogênica
CIA Comunicação interatrial
CIV Comunicação interventricular
PCA Persistência do canal arterial
9
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Freqüência da variável sexo das crianças com cardiopatia congênita.. 61
TABELA 2: Desenvolvimento motor de crianças com cardiopatia congênita......... 63
TABELA 3: Estudo comparativo do desenvolvimento motor entre sexo, das crianças
com cardiopatia congênita.......................................................................................... 64
TABELA 4: Freqüência da classificação da Escala de Desenvolvimento Motor
“EDM” das crianças com cardiopatia congênita........................................................ 65
TABELA 5: Freqüência da lateralidade das crianças com cardiopatia congênita..... 66
TABELA 6: Classificação pela EDM das pesquisas com patológicos...................... 68
TABELA 7: Lateralidade estudos patológicos.......................................................... 68
TABELA 8: Freqüência de cardiopatia acianogênica e cardiopatia cianogênica...... 69
TABELA 9: Estudo comparativo entre o grupo com cardiopatia congênita
acianogênica (CCA) e o grupo com cardiopatia congênita cianogênica (CCC)........ 70
TABELA 10: Classificação dos resultados obtidos pela Escala Motora de CCA e
CCC........................................................................................................................... 72
TABELA 11: Distribuição da lateralidade das CCA e CCC.................................... 72
TABELA 12: Estudo comparativo do desenvolvimento motor entre grupo de estudo
(cardiopatas) e grupo controle (saudáveis)............................................................... 74
TABELA 13: Freqüência escala estudo x controle.................................................. 75
TABELA 14: Freqüência lateralidade estudo x controle......................................... 76
TABELA 15: Classificação do desenvolvimento motor entre estudos.................... 77
TABELA 16: Freqüência da lateralidade em estudos com escolares....................... 77
TABELA 17: Classificação pela EDM no pré e pós teste...................................... 82
10
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Comparação de estudos com patológicos............................................ 67
GRÁFICO 2: Comparação de CCA com CCC para as variáveis IC, IMG, QMG,
QM1, QM2, QM3, QM4, QM5, QM6...................................................................... 71
GRÁFICO 3: Comparação do grupo de estudo com o grupo de controle nas variáveis
IC, IMG, QMG, QM1, QM2, QM3, QM4, QM5, QM6........................................... 75
GRÁFICO 4: Comparação de estudos com escolares............................................... 77
GRÁFICO 5: Perfil motor antes e após as intervenções........................................... 80
GRÁFICO 6: Valores dos quocientes motores no pré-teste e no pós-teste............. 82
11
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – “Escala Wintsch”................................................................................. 27
FIGURA 2 – A evolução do desenho da personagem............................................... 27
FIGURA 3 – Rabiscos primitivos (superiores) e rabiscos de base (inferiores)......... 51
FIGURA 4 – Rabiscos compostos............................................................................. 52
FIGURA 5 – Figura-girino........................................................................................ 53
FIGURA 6 – Verticalização da figura-girino............................................................ 54
FIGURA 7 – Estrutura cabeça/corpo forma agregada.............................................. 55
FIGURA 8 – Estrutura cabeça/corpo forma aperfeiçoada........................................ 57
FIGURA 9 – Acabamento magnífico........................................................................ 58
FIGURA 10 – Ventre materno.................................................................................. 59
FIGURA 11 – Elementos preciosos.......................................................................... 60
FIGURA 12 – Avaliação da figura humana estudo de caso..................................... 86
FIGURA 13 – Reavaliação da figura humana estudo de caso.................................. 87
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 14
1.1 PROBLEMA....................................................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS........................................................................................................ 15
1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................... 15
1.2.2 Objetivos Específicos........................................................................................ 15
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................ 16
1.4 DEFINIÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS........................ 17
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.......................................................................... 20
2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................ 21
2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR...................................................................... 21
2.2 CONSCIÊNCIA CORPORAL............................................................................ 24
2.2.1 Avaliação através do desenho da figura humana.............................................. 25
2.2.2 A evolução do desenho da criança.................................................................... 26
2.3 CARDIOPATIA CONGÊNITA.......................................................................... 27
2.3.1 Tipos de cardiopatia congênita....................................................................... 30
3 MATERIAIS E MÉTODO............................................................................... 32
3.1 CARACTERÍSTICA DA PESQUISA................................................................ 32
3.2 POPULAÇÃO..................................................................................................... 32
3.3 AMOSTRA......................................................................................................... 33
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................. 34
3.4.1 Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (ROSA NETO, 2002)............... 34
3.4.2 Desenho da Figura Humana.......................................................................... 35
3.4.3 Dados Antropométricos................................................................................. 36
3.4.4 Formulário Biopsicossocial........................................................................... 36
3.4.5 Formulário de Características Diagnósticas da Criança................................ 36
2.4.6 Anedotário..................................................................................................... 37
3.4.7 Questionário de Hábitos de Vida ................................................................. 37
3.5 ESTUDO PILOTO............................................................................................ 38
3.6 PROCEDIMENTO DA COLETA...................................................................... 39
3.7 TRATAMENTO ESTATÍSTICO........................................................................ 41
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................. 43
4.1 CARACTERISTICAS DA AMOSTRA............................................................. 43
4.2 DESENVOLVIMENTO MOTOR...................................................................... 61
13
4.3 INTERVENÇÃO MOTORA............................................................................... 78
CONCLUSÕES........................................................................................................ 88
SUGESTÕES............................................................................................................ 90
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 91
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 O PROBLEMA
Considerando a relação do desenvolvimento motor com a interação entre as
necessidades da tarefa, biologia do individuo e condições do ambiente, percebe-se a
existência de vários fatores que influenciam no desenvolvimento da criança. Dentro
dos aspectos acima citado, destaca-se a biologia do individuo que pode ser
representada pelas cardiopatias congênitas, dependendo de sua gravidade podem
afetar aspectos do desenvolvimento psicossocial, como: auto-estima, auto-imagem
etc. Sendo assim percebe-se que muitos destes fatores podem desencadear um déficit
no desenvolvimento motor da criança, trazendo um atraso que pode ser significativo
se relacionado com o previsto para sua idade cronológica.
Os transtornos motores estão ligados a toda história da criança, ou seja, a tudo
aquilo que a criança viveu. Fatores pré-natais como nutrição, uso de substâncias
químicas, álcool e tabaco pela mãe, têm influencia no desenvolvimento motor
(GALLAHUE; OZMUN, 2001).
Estima-se que um em cada 100 recém-nascidos possui algum tipo de anomalia
congênita do coração. Sendo que 50% dos recém-nascidos afetados não alcançam o
primeiro ano de vida. Para os que sobrevivem, o prognóstico entre os 5 anos de idade
e o inicio da vida adulta, fica em torno de 3/1.000 (JULIAN; COWAN, 2000).
A cardiopatia congênita pode ser conceituada como uma variedade de
malformações anatômicas e funcionais, desde o nascimento da criança, mesmo que
identificada tempos depois. Como causas destacam-se: doenças na gravidez, como
rubéola materna; ingestão de medicamentos, Talidomida; uso de bebidas alcoólicas
em abuso; algumas síndromes, síndrome de Down. Podem causar também,
15
insuficiência circulatória, que dependendo do grau causam restrições em atividades
físicas, inibição motora, afetam o desenvolvimento emocional e cognitivo. Podendo
também apresentar alguns sintomas e sinais como: dispnéia, cansaço, tontura,
hipodesenvolvimento físico, infecções freqüentes, arritmia e cianose (MONTEIRO,
2003).
Crianças cardiopatas podem obter pontuações inferiores, em relação às
crianças sem cardiopatia, no que diz respeito a variáveis psicológicas e neurológicas,
e apresentar no período neonatal - de forma significativa - hipotonia, fragilidade e
atraso no desenvolvimento motor (CAMPOS; 2003).
Sendo assim, pelo fato do desenvolvimento motor ser influenciado por muitos
fatores entrelaçados, entre eles os fatores psicossociais e os biológicos, como doenças
cardiológicas, formulou-se o seguinte problema: Qual o perfil do desenvolvimento
motor em crianças com cardiopatia congênita e qual a influência das intervenções
motoras em uma criança com cardiopatia congênita?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Avaliar o desenvolvimento motor de crianças com cardiopatia congênita e a
influência das intervenções motoras em uma criança com cardiopatia congênita.
1.2.2 Objetivos Específicos
-Verificar as “características biopsicossociais, as características diagnósticas, o
estado nutricional e a consciência/reconhecimento dos segmentos corporais”, de
crianças com cardiopatia congênita;
-Identificar o perfil motor geral de crianças com cardiopatia congênita;
16
-Comparar o perfil motor geral entre crianças com cardiopatia congênita
acianogênica e crianças com cardiopatia congênita cianogênica;
- Comparar o perfil motor geral entre o grupo de crianças com cardiopatia
(grupo de estudo) e o grupo de crianças sem cardiopatia (grupo controle);
-Analisar a influência das intervenções motoras em uma criança com
cardiopatia congênita.
1.3 JUSTIFICATIVA
Observa-se que a questão das malformações congênitas na infância não está
relacionada a altos índices de prevalência, mas ao comprometimento em relação à
gravidade no que diz respeito ao tratamento e cuidados nas atividades da vida diária.
As cardiopatias que são caracterizadas como malformações congênitas
maiores, podem exigir cuidados especiais, hospitalização prolongada, assim como
atendimento domiciliar.
Estudos com crianças portadoras de cardiopatia congênita, mostraram em seus
resultados que estas apresentam déficits no desenvolvimento motor e psicossocial,
quando comparadas com crianças sem cardiopatia (MONTEIRO, 2003; CAMPOS,
2003).
Deve-se à curiosidade em relação às características de crianças cardiopatas,
bem como uma preocupação com os comprometimentos associados com a mesma,
passando pela necessidade de entender as doenças que afetam o desenvolvimento
motor infantil, avaliando e investigando o perfil motor desta população a realização
deste estudo.
Justifica-se este estudo pela importância da avaliação do perfil motor em
crianças com cardiopatia, tornando possível identificar as alterações no
17
comportamento motor dessa população e esclarecer alguns aspectos para tomar
algumas providências, como, estabelecer programas de educação ou reeducação
psicomotora adequados, e com isto, proporcionar a essas crianças um
desenvolvimento global dentro da normalidade.
Optou-se em avaliar crianças que recebem atendimento sistemático no
Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis/SC, pela proximidade,
receptividade, e porque esta instituição atende crianças de todo o Estado de Santa
Catarina.
1.4 DEFINIÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS
Variáveis independentes:
Cardiopatia congênita: pode ser conceituada como uma variedade de
malformações anatômicas e funcionais, desde o nascimento da criança, mesmo que
identificada tempos depois (MONTEIRO, 2003).
Intervenções motoras: sessão de atividades que praticam a educação
do movimento, ou pelo movimento, com o objetivo de melhorar a utilização das
capacidades psíquicas. Determinada por atividades motoras que envolvem os
elementos: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal,
organização temporal, organização espacial e lateralidade (ROSA NETO, 2002). Será
realizada uma avaliação (destes elementos), aplicado um programa de intervenção
motora (enfocando estes elementos) e reavaliação (dos mesmos elementos da
avaliação).
Variáveis dependentes:
Motricidade Fina: Pode ser conceituada como a coordenação
visuomanual, que atua num conjunto de três componentes: objeto/olho/mão. Medida
por meio de dos testes de labirinto (6 anos); bolinha de papel (7 anos); ponta do
18
polegar (8 anos); lançamento de uma bola (9 anos); circulo com o polegar (10 anos) e
agarrar uma bola (11 anos) (ROSA NETO, 2002).
Motricidade global: A motricidade ampla é a capacidade para realizar
grandes movimentos, utilizando o corpo inteiro, envolvendo os grandes músculos
(PEREIRA, 2001). Medidas pelos testes de caminhar m linha reta (6 anos); manco
(7 anos); saltar uma altura de 40 cm (8 anos); saltar sobre o ar (9 anos); pé manco com
uma caixa de fósforos (10 anos) e saltar sobre uma cadeira (11 anos) (ROSA NETO,
2002).
Equilíbrio: equilíbrio é a capacidade de assumir e sustentar qualquer
posição do corpo contra a lei da gravidade, é a base de toda coordenação dinâmica
geral do corpo e das ações diferentes de seus segmentos (PEREIRA, 2001).
Medido pelos testes de manco estático (6 anos); equilíbrio de cócoras (7 anos);
equilíbrio com o tronco flexionado (8 anos); fazer um quatro (9 anos); equilíbrio na
ponta dos pés com os olhos fechados (10 anos) e manco estático com os olhos
fechados (11 anos) (ROSA NETO, 2002).
Esquema corporal: esquema corporal ou imagem do corpo representa
uma forma de equilíbrio, e como núcleo central da personalidade, é organizado
através de relações mutuas do organismo com o meio. Medido pela imitação de gestos
(2 a 5 anos) e pelo maior numero de traços executados durante um minuto, no teste de
rapidez (6 a 11 anos) (ROSA NETO, 2002).
Organização espacial: designa nossa habilidade para avaliar com
precisão a relação física entre o nosso corpo e o ambiente, e para efetuar as
modificações no curso de nossos deslocamentos. Medida pelos testes de
reconhecimento sobre si – direita/esquerda (6 anos); execução de movimentos (7
anos); reconhecimento sobre o outro (8 anos); reprodução de movimentos
19
representação humana (9 anos); reprodução de movimento figura humana (10 anos)
e reconhecimento da posição relativa de três objetos (11 anos) (ROSA NETO, 2002).
Organização temporal: capacidade de situar-se em função da
sucessão dos acontecimentos (antes, durante, após), da duração dos intervalos (tempo,
ritmo, e cadência), da renovação cíclica de certos períodos (dias da semana, meses,
estação), e do caráter irreversível do tempo (... quantos anos se passaram!)
(PEREIRA, 2001). Medida pelos testes de reprodução por meio de golpes – estruturas
temporais; simbolização das estruturas e simbolização das estruturas temporais (6 a
11 anos). Os pontos destes testes são classificados conforme o número e acertos
correspondentes à idade (ROSA NETO, 2002).
Lateralidade: é a preferência da utilização de uma das partes
simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna; a lateralização cortical é a
especialidade de um dos dois hemisférios quanto ao tratamento da informação
sensorial ou quanto ao controle de certas funções. Determinada pela preferência do
uso das mãos (nos testes de lançar uma bola, utilizar um objeto e desenhar), dos olhos
(olhar através de um cartão com um furo e de um telescópio) e dos pés (chutar uma
bola). Sendo classificada como “destro completo”, “sinistro completo”, “lateralidade
cruzada” e “lateralidade indefinida” (ROSA NETO, 2002).
Idade motora (IM): definida como um procedimento aritmético para
pontuar e avaliar os resultados do teste motor. Expressa em meses é determinada
através dos pontos obtidos nos resultados dos testes (ROSA NETO, 2002).
Quociente motor (QM): É a divisão entre a idade motora e a idade
cronológica multiplicado por 100 (ROSA NETO, 2002).
Desenvolvimento motor: definido como a contínua alteração do
comportamento motor ao longo do ciclo da vida. É determinado através da medida
20
das áreas avaliadas (motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema
corporal, organização temporal, organização espacial e lateralidade), medido pelos
testes que compõe a EDM (ROSA NETO, 2002).
Consciência/reconhecimento das partes do corpo: nível mais
refinado do conhecimento corporal, onde o seu desenvolvimento depende dos
processos sensório-motores anteriores, envolvidos na estruturação do esquema
corporal bem como da imagem corporal (MELO, 1997). Avalia de forma qualitativa
através do teste do desenho da figura humana.
Estado nutricional: condição nutricional de um organismo
determinada pelos processos de absorção, utilização e excreção de nutrientes.
Determinado pela avaliação nutricional que é resultante do balanço entre a ingesta e a
perda de nutrientes. Avaliado pelo Índice de Massa Corporal [IMC= massa corporal
(kg) /estatura
2
(m
2
)], através das medidas de massa, estatura (MELLO, 2002).
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo foi delimitado em avaliar o desenvolvimento motor de crianças
com cardiopatia congênita, bem como verificar a influência de intervenções motoras
em uma criança com cardiopatia congênita (estudo de caso).
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR
A criança se encontra em constante desenvolvimento biopsicossocial. Nesta
fase da vida as mudanças físicas, desenvolvimento motor, aprendizagem cognitiva e
socialização exercem influencias entre si em toda a trajetória de adaptação com o
mundo.
O contato com estímulos torna o desenvolvimento biopsicossocial mais
relevante, e sua interação com a maturidade orgânica, neurológica e afetiva, tem papel
primordial para o desenvolvimento global do individuo.
Segundo ROSA NETO (2002), é por meio da exploração motriz que a criança
desenvolve a consciência de si mesma, bem como do mundo exterior, ressaltando
assim a importância da atividade motora para o desenvolvimento global da criança.
As habilidades motoras auxiliam também na conquista de sua independência, em seus
jogos e em sua adaptação social, importante na construção das noções básicas para o
seu desenvolvimento intelectual.
Alterações no desenvolvimento motor são percebidas como um componente
que interfere no desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), desenvolvimento motor é a
continua alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, por meio da
interação, entre as necessidades da tarefa, biologia do individuo e condições do
ambiente.
Tani et al (1988), concordam com os autores acima, quando afirmam que
desenvolvimento motor é um processo contínuo e duradouro, que acontece durante
toda a vida do ser humano. E ainda acrescentam que a seqüência do desenvolvimento
22
é igual para todas as crianças, sendo que o que varia é apenas a velocidade de
progressão. Segundo estes autores, a ordem de domínio depende do fator
maturacional, enquanto que, o grau e a velocidade dependem das experiências e
diferenças individuais.
Gallahue e Ozmun (2001), afirmam que quando se estuda desenvolvimento
humano, deve-se considerar a inter-relação das áreas do comportamento humano:
cognitiva (comportamento intelectual), afetiva (comportamento social-emocional) e
psicomotora (comportamento motor).
Conforme Rosa Neto (2002) a psicomotricidade tem associação estreita com
desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade. Esta envolve os
aspectos: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal,
organização espacial, organização temporal e lateralidade.
Aspectos da psicomotricidade:
A motricidade fina compreende a coordenação visuomanual, está presente no
ato de pegar um objeto e lançá-lo, escrever, desenhar, pintar, recortar, entre outros;
inclui uma fase de transporte da mão, seguindo esta, uma fase de agarre e
manipulação resultando num conjunto de três componentes: objeto/olho/mão (ROSA
NETO, 2002).
No movimento motor global, até o mais simples é considerado movimento
sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial e temporal. Os movimentos dinâmicos
corporais têm um papel importante na melhora de comandos nervosos e no
afinamento das sensações e das percepções (ROSA NETO, 2002).
A motricidade ampla é a capacidade para realizar grandes movimentos,
utilizando o corpo inteiro, envolvendo os grandes músculos (PEREIRA, 2001).
23
Equilíbrio é a base primordial de toda a ação diferenciada dos segmentos
corporais. Existem relações intimas entre as alterações do equilíbrio estático e
dinâmico e os latentes estados de ansiedade ou insegurança (ROSA NETO, 2002).
Para Pereira (2001), equilíbrio é a capacidade de assumir e sustentar qualquer
posição do corpo contra a lei da gravidade e que, um equilíbrio correto é base de toda
coordenação dinâmica geral do corpo, bem como das ações diferentes de seus
segmentos.
Esquema corporal ou imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio, e
como núcleo central da personalidade, é organizado por meio de relações mutuas do
organismo com o meio (ROSA NETO, 2002).
A organização espacial depende da estrutura de nosso próprio corpo e da
natureza do meio que nos rodeia (e de suas características). Todas as modalidades
sensoriais participam em certa medida na percepção espacial: a visão, a audição, o
tato, a propriocepção e o olfato. A orientação espacial designa nossa habilidade para
avaliar com precisão a relação física entre o nosso corpo e o ambiente, e para efetuar
as modificações no curso de nossos deslocamentos (ROSA NETO, 2002).
Segundo Pereira (2001), organização temporal é a capacidade de situar-se em
função da sucessão dos acontecimentos (antes, durante, após), da duração dos
intervalos (tempo, ritmo, e cadência), da renovação cíclica de certos períodos (dias da
semana, meses, estação), e do caráter irreversível do tempo (... quantos anos se
passaram!).
Conforme Rosa Neto (2002), a lateralidade é a preferência da utilização de
uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna; a lateralização cortical
é a especialidade de um dos dois hemisférios quanto ao tratamento da informação
sensorial ou quanto ao controle de certas funções.
24
2.2 CONSCIÊNCIA CORPORAL
O termo “esquema corporal” foi criado pelo neurologista inglês Henry Head
em 1911, trata-se de uma referência permanente que permite construir um modelo
postural de nós mesmos (LE BOULCH, 1986; ROSA NETO, 2002).
Conforme Wallon (1968) apud Meur (1989), o “esquema corporal” é um
elemento básico na formação da personalidade da criança. É a representação global e
diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.
A noção do corpo numa observação psicomotora, resulta da organização tátil-
sinestésica, vestibular e proprioceptiva. Pode ser designada como: “esquema
postural”, “esquema corporal”, “imagem de si”, “somatopsiquico”, “imagem do eu
corporal”, “imagem do corpo”, “imagem espacial do corpo”, “imagem do nosso
corpo” entre outros (MEUR, 1989).
A criança usando o corpo como equipamento para a ação utiliza três sistemas
responsáveis pelo desenvolvimento do esquema corporal, o interoceptivo, o
proprioceptivo e o exteroceptivo. Sua relação com o meio, objetos e pessoas lhe
permite conhecer as partes do seu corpo (VELASCO, 1996).
Para Vayer (1989), existe relação entre a evolução do esquema corporal
(consciência e controle do próprio corpo, independência segmentaria, independência
direita-esquerda) e certas manifestações da inteligência (expressão verbal e gráfica,
capacidades de atenção perceptiva, orientação e organização no espaço).
Quando se estuda a imagem corporal deve-se levar em conta que este é um
assunto multifacetado e complexo, está ligada ao movimento e à personalidade. A
formação da imagem corporal é diferente a cada vez, pois são dadas significações e
interpretações diferentes a cada momento que, pensamos, sentimos e nos
25
movimentamos. Criamos e vivemos as imagens no presente, elas são exclusivas de
cada indivíduo (TURTELLI, 2002).
2.2.1 Avaliação através do desenho da figura humana
Os trabalhos sobre a evolução do desenho do corpo humano, prestam
contribuição importante para a compreensão da integração da noção do corpo
(FONSECA, 1983).
A figura humana é o tema de desenho mais escolhido pela criança,
representam uma das primeiras formas reconhecíveis que as crianças desenham,
aparece por volta dos três anos persistindo até pelo menos os 10 anos de idade (COX,
2001).
Testes que utilizam o desenho da figura humana são úteis, fáceis de aplicar e
de avaliar. Solicita-se à criança que desenhe com um lápis numa folha de papel, uma
pessoa, o melhor que puder (FONSECA, 1983; HARRIS, 1991; RODRIGUES, 1998;
MELO, 1997; COX, 2001), o desenho é avaliado com base num conjunto de critérios,
referentes à precisão, proporções, forma, presença de detalhes e outros.
O “Teste do desenho da figura humana de Goodenough (1926)”, tem sido
usado em numerosas publicações (RODRIGUES, 1998; HARRIS, 1991;
LEJARRAGA, 1997; MELO, 1997; COX, 2001). Criado com base na capacidade da
criança de desenhar um homem foi considerado um teste de inteligência (MELO,
1997; COX, 2001). Depois de revisado, e com base em outros estudos, foi
considerado um instrumento de avaliação do conhecimento corporal gráfico da
criança (TASSET, 1980 apud MELO, 1997).
Para Cox (2001) e Greig (2004), quando o teste é baseado no número de
detalhes incluídos na figura, muita informação relacionada à estrutura da figura é
26
perdida. Outras críticas são aplicadas em torno desta metodologia, acrescentando que
o teste pode ser influenciado pela habilidade gráfica (RODRIGUES, 1998).
Quando se pesquisa em torno da imagem corporal, a abordagem de pesquisa
qualitativa apresenta uma perspectiva mais adequada para investigar o assunto sem
perder a dimensão da sua complexidade (TURTELLI, 2002).
Alguns autores afirmam que quando se avalia o desenho da figura humana o
resultado oferece uma estimativa do nível de desenvolvimento da criança, ou ainda o
nível de organização do esquema corporal; contudo não pode ser considerado como
avaliação definitiva e única (RODRIGUES, 1998; COX, 2001).
2.2.2 A evolução do desenho da criança
Citando alguns aspectos maturativos do desenho do corpo Fonseca (1983),
relata que o desenho surge primeiro de face depois é apresentado de perfil, de figuras
estáticas passam progressivamente para figuras em movimento, consideram primeiro
os membros superiores depois os inferiores e por último todo o corpo.
O mesmo autor, citando a evolução do desenho da figura humana
cronologicamente com base na “Escala Wintsch” (figura 1), comenta que, aos 3 anos
a criança realiza os primeiros desenhos do corpo humano, um círculo e duas linhas
paralelas que descem; aos 4 anos aparecem novos pormenores (olhos, nariz, cabelos);
aos 5 anos relata o aparecimento do tronco (círculo, entre a cabeça e as pernas); aos 6
anos surgem membros mal articulados; aos 7 anos surgem membros de duplo
contorno, com diferenciação de sexos por meio do vestuário; aos 8 anos aparece o
pescoço e aos 9 anos surgem pormenores cada vês mais numerosos e uma melhor
construção gráfica.
27
3 4 5/6 7 8 9 10 11/12 13 anos ou mais
Figura 1: “Escala Wintsch”
.
Fonte: Fonseca, 1983.
Representando o corpo em sua construção progressiva (figura 2), a evolução
do desenho da personagem surge primeiro com a figura-girino; sua verticalização com
a inserção direta de braços nas pernas é a conquista da segunda etapa; na etapa que se
segue, evolui para a organização da estrutura cabeça/corpo forma agregada; sua
evolução caminha para a estrutura cabeça/corpo forma aperfeiçoada; o acabamento
magnífico é a etapa que apresenta o desenho da personagem mais evoluído. Temos
então as cinco etapas que conduzem ao coração da idade de ouro do desenho da
criança (GREIG, 2004).
Figura 2: a evolução do desenho da personagem.
Fonte: Greig, 2004.
CARDIOPATIA CONGÊNITA
Define-se como malformação congênita a anomalia estrutural presente ao
nascimento, mesmo quando não aparente no recém-nascido e diagnosticado mais
tardiamente (NOGUEIRA, 2002; HOROVITZ, 2005).
Classifica-se conforme a repercussão clinica em maiores ou menores e
conforme a presença ou ausência de malformações maiores concomitantes em
28
múltiplas ou isoladas. A cardiopatia congênita é classificada entre as malformações
congênitas maiores, podem ocorrer de forma isolada ou associada a outros defeitos
congênitos (NOGUEIRA, 2002).
Cardiopatia congênita é definida como uma malformação estrutural ou
funcional do coração, presente ao nascimento, mesmo que diagnosticada tardiamente
(FRIEDMAN, 1999).
A taxa de incidência das cardiopatias congênitas é difícil de ser estabelecida
devida ás dificuldades no exame anatomopatológico minucioso dos abortamentos e
natimortos. Por este motivo a taxa de incidência pode ser substituída pela “Taxa de
Prevalência em Nascidos Vivos”, que é definida como o número de casos de
cardiopatia congênita numa população de nascidos vivos num determinado período.
Na América latina, o “Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações
Congênitas - ECLAMC” no período de 1982 a 1999 num total de 3.180.008 nascidos
vivos, identificou 6.614 pacientes portadores de cardiopatia congênita, estimando uma
prevalência de 2,08% (NOGUEIRA, 2002).
Num estudo realizado na cidade de Londrina/Paraná nas áreas rural e urbana,
por Guitti (2000), no período de 1989 a 1998 com 80.262 nascidos vivos, foram
identificados 441 pacientes com cardiopatia congênita, resultando em uma
prevalência de 5,49%.
Em estudo realizado na cidade de Florianópolis/Santa Catarina por Nogueira
(2002), no período de 1998 a 2000 com 18.116 recém-nascidos vivos, foi encontrado
130 crianças com diagnóstico de cardiopatia congênita, que resultou em uma
prevalência de 7,17%.
De acordo com Gonzáles (1998), a etiologia das cardiopatias congênitas na
maioria dos casos não é conhecida, em 90% dos casos os defeitos ocorrem isolados
29
sem associação com síndrome ou outras malformações. Entretanto podem ser
associadas a agentes infecciosos, como rubéola materna; à doenças maternas, como
diabetes, fenilcetonúria, lupus eritematoso sistêmico e epilepsia; à fatores ambientais,
como o uso de álcool, hidantoína, trimetadiona, talidomida, ácido retinóico (vitamina
A) e à síndromes genéticas como trissomia do cromossomo 21, síndrome de Turner,
entre outras.
As cardiopatias congênitas podem ser classificadas por diversos critérios, de
acordo com Jacob, (1998), a classificação clinica divide as cardiopatias congênitas em
acianogênicas e cianogênicas.
As cardiopatias congênitas acianogênicas (CCA) de acordo com a circulação
pulmonar podem ser divididas em:
- CCA com fluxo pulmonar normal são elas Coarcatação Aórtica, Estenose
Aórtica, Estenose Valvar Pulmonar.
- CCA com fluxo pulmonar aumentado (hiperfluxo pulmonar causado por um
shunt esquerda-direita) são elas CIV, PCA, ou sem HVCP, que é o caso da CIA.
As cardiopatias congênitas cianogênicas (CCC), são subdivididas em:
- CCC com fluxo pulmonar diminuído (freqüentes), são elas teralogia de
Fallot.
- CCC com fluxo pulmonar aumentado sempre apresentam HVCP, são
complexas, Transposição das Grandes Artérias.
- CCC com fluxo pulmonar normal (raros) fístula artériovenosa pulmonar
congênita e drenagens venosas anômalas sistêmicas.
A crise cianótica, também conhecida como crise hipoxêmica, caracteriza-se
por uma piora súbita da hipóxia com conseqüente aumento da cianose, podemos
observá-la desde o período neonatal até os 18-24 meses, mais comumente. Na sua
30
forma mais grave pode levar a seqüelas ou mesmo ao óbito. Com o avanço das
técnicas cirúrgicas, a intervenção se faz mais precocemente, seja ela paliativa ou
corretiva diminuindo a incidência das crises (DORIGO, 2000).
2.3.1 Tipos de cardiopatias congênitas
De acordo com Jatene (2002), seguem as cardiopatias mais freqüentes na
pratica clinica, junto com algumas características de seus aspectos gerais.
Comunicação Interatrial (CIA)
Costuma ser a cardiopatia congênita de evolução mais benigna. Pode ser
dividida anatomicamente em “Tipo Ostium Secundum” (na região da fossa ovalis)
corresponde a cerca de 70% dos casos desta condição, “Tipo Ostium Primum” (na
porção inferior do septo atrial) corresponde a 20% dos casos desta condição, “Sinus
Venosus” localizada na porção superior do septo atrial e “Tipo Seio Coronário” é o
mais raro está relacionado com qualquer deficiência na parede entre o seio coronário e
o átrio esquerdo.
Comunicação Interventricular (CIV)
A comunicação interventricular isolada é a cardiopatia congênita mais comum,
correspondendo a 20% de todas as cardiopatias. Frequentemente está associada a
outras cardiopatias. Em caso de CIV pequena pode ocorrer correção espontânea. Pode
se apresentar em três tipos de acordo com sua borda, tipo perimembranoso, tipo
muscular e tipo justa-arterial.
Defeito do Septo Atrioventricular
Apresenta grande dificuldade de se definir uma denominação correta.
Apresenta associação freqüente com síndrome de Down. Com descrição de vários
31
tipos, possui um aspecto comum que pode ser caracterizado pela ausência das
estruturas septais atrioventriculares normais, denotando canal atrioventricular comum.
Persistência do Canal Arterial (PCA)
O canal arterial em condições normais fecha-se logo após o nascimento, em
período que pode variar entre 12 e 24 horas, ou até algumas semanas. É de
fundamental importância na vida intra-uterina. Representa cerca de 10% dos casos de
cardiopatia congênita.
Coarctação da Aorta
Consiste num estreitamento da aorta abaixo da artéria subclávica esquerda e
adjacente ao local de implantação do canal arterial. Classifica-se em “Coarctação
Discreta”. “Coarctação Pré-ductal” (mais freqüente), “Coarctação Paraductal” (rara) e
“Coarctação Pós-ductal” (rara). Representa de 3,4 a 9,8% das cardiopatias congênitas,
pode se apresentar isolada ou associada a outras cardiopatias.
Tetralogia de Fallot
Cardiopatia congênita cianogênica, caracterizada pelo desvio do septo
infundibular, com deslocamento para a direita e cavalgamento da aorta no septo
interventricular, comunicação interventricular, estenose da via de saída do ventrículo
direito e hipertrofia ventricular direita. Corresponde a 10% de todas as cardiopatias, e
seu diagnóstico é feito pela presença de cianose.
Estenose Aórtica Valvar
Sua ocorrência corresponde de 3 a 5 % das cardiopatias congênitas. Pode se
apresentar isoladamente ou associada a outros defeitos, os mais comuns são a
persistência do canal arterial, a coarctação de aorta ou a comunicação interventricular.
32
3 MATERIAIS E MÉTODO
Neste capítulo, serão apresentados os tópicos abordados neste estudo, referente
aos materiais e método tais como: característica da pesquisa, descrição da população e
da amostra, instrumento de coleta de dados, estudo piloto, procedimento de coleta dos
dados, e tratamento estatístico.
3.1 CARACTERISTICA DA PESQUISA
Quando na avaliação do perfil motor, esta pesquisa caracteriza-se como
descritiva diagnóstica que é o tipo de pesquisa que tem como objetivo conhecer e
interpretar a realidade, sem nela interferir para modificá-la (RUDIO, 1986); e de
campo, que é a pesquisa que tem como contexto de realização da coleta direta de
informação o local onde acontecem os fenômenos, “campo” (CERVO; BERVIAN,
1983; MARTINS, 1994).
Quando na intervenção motora, caracteriza-se como quase experimental que é
o tipo de pesquisa sob condições que não possibilitam controle total sobre todas as
variáveis intermitentes (MARTINS, 1994); e estudo de caso, que de acordo com
Thomas e Nelson (2002), fornece informações detalhadas sobre um indivíduo.
3.2 POPULAÇÃO
A população é constituída por crianças do sexo masculino e feminino, com
idade entre os 4 e 11 anos, distribuídos em dois grupos, um de estudo e outro de
controle.
Grupo de estudo (G1), é composto por crianças com diagnóstico de
cardiopatia congênita, não sindromicas, do sexo masculino e feminino, com idades
33
entre 4 e 11 anos, que recebem atendimento sistemático no Hospital Infantil Joana de
Gusmão, Florianópolis/SC.
Grupo de controle (G2) é composto por crianças saudáveis (não portadora de
malformação congênita ou síndrome) matriculadas no ensino fundamental da rede
publica de Florianópolis/SC.
3.3 AMOSTRA
Fazem parte da amostra 206 crianças de ambos os sexos, com idade entre os 4
e 11 anos, distribuídos em dois grupos, grupo de estudo e grupo de controle.
Grupo de estudo (G1), é composto por 46 crianças que se enquadram nos
seguintes critérios: crianças de ambos os sexos; com idade entre 4 e 11 anos; com
diagnóstico clinico de cardiopatia congênita, confirmada por exame físico, Raio X,
Eletrocardiograma e Ecocardiograma, sendo que os mais complexos também realizam
Cateterismo; não sindromicas; que recebem atendimento sistemático no Hospital
Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis/SC.
Grupo de controle: é composto por 160 crianças saudáveis (não portadora de
cardiopatia congênita) matriculadas no ensino fundamental da rede publica de
Florianópolis/SC. Extraídas de fonte de dados do Laboratório de Desenvolvimento
Humano – LADEHU/CEFID/UESC, com dados desde 1996.
Foi selecionada de forma intencional das 46 crianças cardiopatas, uma criança
com diagnóstico clinico de cardiopatia congênita para participar como estudo de caso
e freqüentar as intervenções motoras, que apresentou os seguintes critérios: criança
com diagnóstico clinico de cardiopatia congênita, não sindromica, com idade entre 4 e
11 anos, do sexo masculino ou feminino; com disponibilidade para participar de 25
34
sessões de intervenção motora no Projeto de Extensão Universitária Psicomotricidade
do Laboratório de Desenvolvimento Humano-LADEHU).
3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
3.4.1 Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (ROSA NETO, 2002).
Neste estudo, como instrumento para coleta do perfil motor, foi utilizado a
“Escala de Desenvolvimento Motor” – EDM, este instrumento foi elaborado por Rosa
Neto (2002), a partir de outros testes motores com respaldado de autores clássicos,
tais como, Ozeretski, Brunet e Lezine, Berges e Lezine, Zazzo, Mira Stambak,
Galifret-Granjon, Piaget e Head.
Testes que compõem a Escala de Desenvolvimento Motor EDM (ROSA
NETO, 2002), que divide a avaliação em seis áreas: Motricidade fina, Motriciade
global, Equilíbrio, Esquema corporal, Organização espacial e temporal; além da
Lateralidade (mão, olhos e pés).
Objetivo: Avaliar o perfil motor através da idade cronológica, idades motoras e
quocientes motores.
Aplicação: individual
Duração: 40 minutos aproximadamente
População de aplicação: 2 a 11 anos.
Material: Kit de avaliação composto por: manual de avaliação; folha de resposta; e
materiais específicos para os testes:
Motricidade Fina: 6 cubos de 2,5 cm; linha nº 60; agulha de costura (1cm x 1
mm); um cordão de sapatos de 45 cm; cronometro sexagesimal; papel de seda; bola de
35
borracha ou bola de tênis de campo 6 cm de diâmetro; cartolina branca; lápis;
borracha e folhas de papel em branco; uma folha complementar (teste do labirinto)
Motricidade Global: banco de 15 cm de altura; corda de 2 m; elástico;
suporte para saltar; caixa de fósforos; cadeira de 45 cm de altura.
Equilíbrio: banco de 15 cm de altura; cronômetro sexagesimal.
Esquema corporal/rapidez: lápis e cronômetro sexagesimal; folha
complementar (teste de rapidez).
Organização espacial: tabuleiro com três formas geométricas; palitos de 5 e
6 cm de comprimento, 1 retângulo e 2 triângulos de cartolina; 3 cubos de cores
diferentes e figuras de boneco esquematizado.
Organização temporal: cronômetro e lápis;
Lateralidade: bola; tesoura; cartão de 15 cm x 25 cm com um furo no centro
de 0,5 cm de diâmetro e tubo de cartão.
3.4.2 Desenho da Figura Humana
Para avaliação do nível de consciência e reconhecimento dos diferentes
segmentos corporais, foi utilizado o Desenho da Figura Humana.
O teste consiste em um instrumento simples, resume-se em coletar um
desenho de uma figura humana em uma folha de papel sem pauta. Fazendo-se
avaliação posterior mediante análise qualitativa com apoio da literatura.
Objetivo: verificar o nível de consciência e reconhecimento dos diferentes
segmentos do corpo.
Aplicação: individual.
Duração: aproximadamente 20 minuos.
36
Material: folha de papel sem pauta (tamanahoA4), lápis e borracha.
3.4.3 Dados Antropométricos
Os dados antropométricos coletados foram: massa e estatura.
Objetivo: determinar o perfil do estado nutricional.
Material: balança, estadiômetro, específicos para avaliar os seguintes dados:
- Massa: balança digital marca Plena, modelo MEA - 08128 (capacidade 150
kg, precisão 100g);
- Estatura: estadiômetro marca Cardiomed, modelo WCS (com 212 cm de
altura);
3.4.4 Formulário Biopsicossocial.
Para avaliação biopsicossocial foi realizada uma entrevista com os pais ou
responsáveis, que trata de questões relativas a antecedentes pré, peri e pós-natal,
desenvolvimento neuropsicomotor, ambiente familiar, conduta da criança e
rendimento escolar.
Objetivo: avaliar o perfil biopsicossocial.
Aplicação: individual.
Duração: aproximadamente 20 minutos.
População de aplicação: responsável pela criança.
Material: formulário (folha de papel impresso), lápis e borracha.
3.4.5 Formulário de Características Diagnósticas da Criança
Este instrumento foi utilizado para identificar algumas características de
diagnóstico das crianças, criado pelo pesquisador juntamente com a Cardiologista
Pediátrica responsável pelo Ambulatório de Cardiologia Pediátrica Preventiva do
37
Hospital Infantil Joana de Gusmão. Contempla questionamentos referentes ao
diagnóstico, tempo de diagnóstico, intervenção cirúrgica (caso sim quanto tempo de
pós-operatório), ingestão de medicamentos, cianose.
Objetivo: identificar características diagnósticas da criança.
Aplicação: individual.
Duração: 5 minutos.
População de aplicação: pais ou responsáveis, ou ainda pediatra responsável.
Material: questionário, lápis e borracha.
3.4.6 Anedotário
O anedotário foi preenchido pelo pesquisador após cada sessão, a partir das
observações da conduta motora da criança (estudo de caso), nas sessões de
intervenção motora. Instrumento desenvolvido para coleta desta pesquisa.
Objetivo: Descrever características da conduta motora da criança (estudo de caso),
observadas nas sessões de intervenção motora.
3.4.7 Questionário de Hábitos de Vida
O instrumento utilizado para identificar hábitos de vida da criança estudo de
caso foi o Questionário de Hábitos de Vida, adaptado de Torres (1995) apud Gaya
(2005). O questionário é composto por 14 questões, agrupadas em quatro categorias:
indicadores para a caracterização socioeconômica (questões 1-5), organização do
cotidiano (questões 6-9), participação sociocultural (questões 10-12) e prática
esportiva (questões 13-14). Aplicado individualmente, ficando o pesquisador à
disposição para o esclarecimento de dúvidas.
Objetivo: identificar os principais hábitos e vida de estudantes de 7 a 14 anos.
38
Aplicação: individual.
Duração: 20 a 30 minutos.
População de aplicação: escolares de 7 a 14 anos.
Material: questionário (impresso), lápis e borracha.
3.5 ESTUDO PILOTO
Considerou-se como estudo piloto e sua conseqüente experiência na avaliação
do desenho da figura humana, o estudo de Silva (2002), que utilizou o “Teste do
Desenho da Figura Humana” (GOODENOUGH HARRIS, 1991) para avaliar o
nível de consciência e reconhecimento dos segmentos corporais em uma amostra de
13 crianças praticantes de natação. Onde foi realizado um pré-teste, e após
intervenções de natação com enfoque proprioceptivo foi realizado um pós-teste, os
resultados demonstraram diferença estatisticamente significante entre pré e pós-teste.
Ainda como estudo piloto utilizou-se a pesquisa “Perfil Motor de Crianças
Cardiopatas” (ROSA NETO; SILVA; GIULIANO, 2005), que teve como objetivo
descrever o perfil motor de crianças cardiopatas, bem como observar o procedimento
da coleta e possíveis variáveis que possam interferir. O instrumento utilizado para
avaliação foi a Escala de Desenvolvimento Motor EDM (ROSA NETO, 2002),
contemplando as áreas da motricidade fina e global, equilíbrio, esquema corporal,
organização temporal e espacial, e lateralidade. Foram avaliadas 20 crianças
portadoras de cardiopatias congênitas, com idade entre 4 e 11 anos de idade, no
período de agosto de 2004 a março de 2005. Este estudo é composto por dados
preliminares do projeto de pesquisa para dissertação de mestrado, do programa de
mestrado em ciências do movimento humano CEFID/UDESC. A média da idade
cronológica (IC) ficou em 90 meses, a média da idade motora geral (IMG) ficou em
39
90 meses, a média do cociente motor geral (QMG) ficou em 101.8. A lateralidade
desta amostra ficou entre destro completo, cruzada e indefinida, respectivamente. Os
resultados mostram que a média da IC e a média da IMG ficaram iguais, mostrando
que não possui atraso da IMG em relação à IC. O QMG apresentou uma média que
classificou a amostra em “normal médio”. Conclui-se com isso que o
desenvolvimento motor destas crianças esta dentro da normalidade, sendo as assim
crianças cardiopatas que compõe esta amostra, não tiveram seu desenvolvimento
motor afetado.
3.6 PROCEDIMENTO DA COLETA
Esta pesquisa, em 29 de junho de 2004 teve o projeto aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa em Seres Humanos CEP/UDESC, conforme Resolução CNS
196/96.
Para coleta, realizada entre julho de 2004 e outubro de 2005, foram indicados
pelo menos dois dias na semana em horários próprios para acompanhar o atendimento
ambulatorial com três profissionais (cardiologistas pediátricas); onde, as crianças que
se enquadram no perfil dos critérios de inclusão, após análise dos prontuários das
consultas do período, foram chamadas para outra sala (consultório) acompanhada de
um responsável (is); para, após esclarecimentos e mediante aceitação iniciar a coleta.
Foram avaliadas 46 crianças com cardiopatia congênita que recebem
atendimento sistemático no Hospital Infantil Joana Gusmão, Florianópolis-SC, através
da “Escala de Desenvolvimento Motor” - EDM (ROSA NETO, 2002); avaliação
antropométrica; Desenho a Figura humana; formulário biopsicossocial e
características diagnósticas da criança.
40
Foi utilizado para análise comparativa dados de 160 crianças saudáveis (não
portadora cardiopatia congênita) matriculadas no ensino fundamental da rede publica
de Florianópolis/SC. Que foram avaliadas através da “Escala de Desenvolvimento
Motor” - EDM (ROSA NETO, 2002) que fazem parte do banco de dados do
Laboratório de Desenvolvimento Humano- LADEHU/CEFID/UDESC. Coletado de
forma sistemática desde 1996, por profissionais colaboradores do referido laboratório.
Para o estudo de caso, foi realizado um pré-teste mediante os seguintes
instrumentos: Escala de Desenvolvimento Motor - EDM (ROSA NETO, 2002) e
Desenho a Figura humana; após participar das intervenções motoras foi realizado o
pós-teste com os mesmos instrumentos. Também foi submetido às observações do
Anedotário, ao formulário biopsicossocial, ao Questionário de Hábitos de Vida
adaptado de Torres (1995) apud Gaya (2005) e ao formulário de características
diagnóstica da criança; para observar características num contexto mais amplo de
nossa criança estudo de caso.
Entre o pré-teste e o pós-teste, foram realizadas 26 sessões de
psicomotricidade, primeiro semestre de 2005, que foram ministradas nas
dependências do CEFID/UDESC, no ginásio 2, com 50 minutos de duração, duas
vezes por semana, ministradas por uma acadêmica de Educação Física,
supervisionadas pelo pesquisador. Foram propostas atividades reeduativas, realizadas
de forma lúdica, num espaço apropriado. As atividades tiveram como objetivo
estimular as áreas motoras da motricidade fina, motricidade global, equilíbrio,
esquema corporal, organização espacial e organização temporal; cada área foi
trabalhada numa sessão. Estas sessões de psicomotricidade são oferecidas pelo
Projeto de Extensão “Psicomotricidade” do LADEHU/CEFID/UDES, que atende
crianças com dificuldade de aprendizagem, distúrbios na coordenação motora e
41
hiperatividade desde 2002. Este projeto é coordenado pelo orientador desta pesquisa,
Professor Dr. Francisco Rosa Neto.
As atividades propostas para a motricidade fina foram, dobraduras, recorte-
cole, desenhos, pintura, atividades com canudinhos entre outras; para a motricidade
global foram, atividades com corda, arcos, bolas, saltos, rolamentos entre outras; para
o equilíbrio foram entre outras, caminhar pelas linhas da quadra, sobre bancos, trave,
amaralinha; atividades para o esquema corporal foram, jogos de mímicas (animais,
profissões), atividades de expressão corporal; atividades para a organização espacial
foram, jogos de quebra-cabeça, atividades de guiar com o olhos vendados (cabra-
cega), labirinto, entre outras; atividades para a organização temporal foram, andar no
ritmo, pular corda, brinquedo cantado entre outras.
Durante a sessão mediante observação, foi registrada em um anedotário a
conduta da criança durante a execução das atividades.
3.7 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Para análise dos dados referentes ao formulário biopsicossocial, foi utilizada a
estatística descritiva mediante análise da distribuição de freqüência simples e
percentuais. Para as características de antecedentes pré, peri e pós-natal;
desenvolvimento neuropsicomotor; ambiente familiar; conduta da criança e
rendimento escolar.
Para análise dos dados referentes ao formulário das características diagnósticas
da criança, foi utilizada a estatística descritiva mediante análise da distribuição de
freqüência simples e percentuais. Para as características de diagnóstico, tempo de
diagnóstico, realização de intervenção cirúrgica, tempo de pós-operatório, ingestão de
medicamentos, presença de cianose.
42
Para análise dos dados referentes ao estado nutricional, foi utilizada a
estatística descritiva mediante análise da distribuição de freqüência simples e
percentuais. Para os valores do percentil de IMC de acordo com CDC Growth Charts:
United States, NCHS, 2000 (CDC, 2000). Para os pontos de corte: P< 10 para baixo
peso, P10 – P85 para eutrófico, P>85 – P95 para sobrepeso e P>95 para obesidade.
Para análise dos dados referentes ao teste do desenho da Figura Humana, foi
utilizada a estatística descritiva mediante análise qualitativa.
Para a análise dos dados referentes à avaliação motora, as variáveis das idades
motoras e dos quocientes motores gerais e para cada uma das áreas avaliadas foram
calculados e armazenados no programa informático “Escala de Desenvolvimento
Motor”- EDM (ROSA NETO, 2002) para a obtenção de gráficos e tabelas da amostra
analisada. Estes dados foram analisados através do software Epi Info versão 6.0
(DIRECIÓN GERAL DE SALUD PÚBLICA Y PARTICIPACION, 1996), mediante
a análise de distribuição de freqüências simples e percentuais, média, variância,
desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo. Para o grupo de estudo (G1) e para
o grupo de controle (G2), para análise comparativa foi utilizado o Teste de
Homogeneidade de Bartlett: quando dados distribuídos normalmente Teste t de
Students e quando não apresentaram dados distribuídos normalmente Teste Kruskal-
Wallis, com níveis de significância de p< 0.05.
Os dados referentes ao estudo de caso, referentes ao formulário
biopsicossocial, características diagnósticas da criança, questionário de hábitos de
vida, anedotário, desenvolvimento motor e desenho da figura humana foram
analisados utilizando-se a estatística descritiva mediante análise qualitativa.
43
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados serão apresentados e discutidos neste capítulo respondendo aos
objetivos específicos através dos dados referentes à “características da amostra”; ao
“desenvolvimento motor” e à “intervenção motora”.
4.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA.
- Respondendo ao objetivo específico ”verificar as características
biopsicossociais, as características diagnósticas, o estado nutricional e a
consciência/reconhecimento dos segmentos corporais”; serão apresentados e
discutidos os dados das crianças com cardiopatia congênita.
Para verificar as “características biopsicossociais” das crianças com
cardiopatia congênita serão apresentados e discutidos os dados encontrados de acordo
com formulário biopsicossocial.
Referente aos
antecedentes pré, peri e pós-natal, o grupo de estudo apresentou
as seguintes características:
Peso ao nascer, observa-se que das 46 crianças da amostra 5 (11%) nasceram
com menos de 2.500 gramas, 16 (35%) entre 2.501 e 3.000 gramas, e 25 (54%) com
mais de 3.000 gramas. Podendo-se considerar que 41 crianças (89%), apresentaram
peso de nascimento normal.
Viñals e Giuliano (2002), com o objetivo de conhecer a incidência pós-natal
de cardiopatia congênita, citam que a média do peso ao nascer encontrada nesta
população foi de 2.967 gramas.
44
Valdéz e Martinez (2005), no estudo com o objetivo de conhecer a freqüência
de malformação congênita em um hospital geral do México, citam que 30,4% de sua
amostra nasceram com peso entre 2.501 e 3.000 gramas e 69,6% com mais de 3.000
gramas.
Kobinger (2003), afirma que 50% dos prematuros com peso abaixo de 1.500
gramas têm cardiopatia (persistência do canal arterial é a mais encontrada) e quanto
menor o peso maior a porcentagem.
Gestação, observa-se que 39 (84,8%) nasceram a termo (idade gestacional de
37 semanas), 4 (8,7%) nasceram pré-termo (< 37 semanas) e 3 (6,5%) nasceram pós-
termo (> 37 semanas).
No estudo com 20 crianças cardiopatas Lejarraga et al (1997), destaca que a
maioria das crianças de sua amostra nasceram a termo.
Tipo de parto, observa-se que 16 (34,8%) das crianças nasceram de parto
cesariana e 30 (65,2%) nasceram de parto normal (vaginal).
Nogueira (2002), quando avaliou a freqüência do tipo de parto em sua amostra
de crianças com cardiopatia congênita, encontrou 54,6% de nascimentos por parto
vaginal e 45,4% por parto do tipo cesariana.
Valdéz e Martinez (2005), encontraram em seu estudo 68,1% de partos do tipo
cesariana.
Referente ao desenvolvimento neuropsicomotor, apresentou as seguintes
características:
Linguagem, 24 crianças (52,2%) pronunciaram as primeiras palavras com
idade acima de 12 meses, 21 crianças (45,6%) entre 8 e 12 meses, e um criança
(2,2%) com menos de 8 meses. Para Rosa Neto (2000), entre os 9 e os 12 meses de
idade a criança pronuncia as primeiras palavras.
45
Marcha, 33 crianças (71,5%) deambularam com idade entre 10 e 18 meses, 11
crianças (24%) com mais de 18 meses e 2 crianças (4,5%) com menos de 10 meses. A
idade provável de aquisição da marcha é entre os 10 e os 15 meses de idade (ROSA
NETO, 2000).
Esfincteres, 23 crianças (50%) obtiveram controle de esfincteres com idades
entre 18 e 30 meses, 12 crianças (26,1%) com mais de 30 meses, 8 crianças (17,4%)
com menos de 18 meses e 3 crianças (6,5%) não haviam conquistado controle.
Lejarraga et al (1997), quando compararam crianças com e sem cardiopatia
congênita, observaram que o grupo de cardiopatas apresentou controle tardio de
esfíncteres em 42% dos casos.
Referente ao ambiente familiar, apresentou as seguintes características:
Número de filhos, 11 crianças (23,9%) moravam em lares com apenas um
filho, 15 crianças (32,6%) em lares com 2 filhos, 9 crianças (19,6%) em lares com 3
filhos e 11 crianças (23,9%) em lares com 4 ou mais filhos.
Escolaridade da mãe, 13 mães (28,3%) completaram o ensino fundamental,
20 mães (43,5%) não tinham o ensino fundamental completo, 7 mães (15,2%)
completaram o ensino médio, 3 mães (6,5%) não tinham o ensino médio completo,
uma mãe (2,2%) não foi alfabetizada e 2 mães (4,3%) completaram o ensino superior.
Escolaridade pai, 14 pais (31,8%) completaram o ensino fundamental, 18
pais (40,9%) não tinham o ensino fundamental completo, 6 pais (13,6%) completaram
o ensino médio, 1 pai (2,2%) não tinha o ensino médio completo, 2 pais (4,5%) não
foram alfabetizados, 3 pais (6,8%) completaram o ensino superior.
Situação conjugal, 37 crianças (80,5%) moravam em lares com pais casados,
3 crianças (6,5%) com pais separados, 3 crianças (6,5%) moravam com a mãe
(solteira) e 3 crianças (6,5%) moravam com outros (tia, avó).
46
Referente á conduta da criança foi encontrada as seguintes características:
Alimentação, 31 crianças (67,4%) apresentaram alimentação normal e 15
crianças (32,6%) apresentaram dificuldade na alimentação.
Sono, 28 crianças (60,9%) apresentaram sono tranqüilo e 18 crianças (39,1%)
apresentaram sono agitado.
Conduta familiar, 21 crianças (45,6%) apresentaram conduta normal, 17
crianças (37%) foram apontadas por seu responsável como agitada, uma criança
(2,2%) foi considerada agressiva, 4 crianças (8,7%) foram consideradas ativas e 3
crianças (6,5%) foram apontadas por seu responsável como desobediente.
Referente ao ambiente escolar, apresentou as seguintes características:
Série, 15 crianças (33,3%) freqüentam a pré-escola, 10 crianças (22,2%)
freqüentam a primeira série do ensino fundamental, 6 crianças (13,3%) freqüentam a
segunda série do ensino fundamental, 10 crianças (22,2%) freqüentam a terceira série,
3 crianças (6,7%) freqüentam a quarta série do ensino fundamental e uma criança
(2,2%) freqüenta a quinta série do ensino fundamental. Apenas uma criança não
freqüentava escola.
Período, 28 crianças (62,2%) estudam no período vespertino e 17 crianças
(37,8%) estudam no período matutino.
Repetência, 39 crianças (86,7%) não reprovaram e 6 crianças (13,3%)
reprovaram o ano escolar. Uma criança, de acordo com o relato de sua mãe reprovou
de série no ano em que sofreu cirurgia, devido ao afastamento que a hospitalização
exigiu.
Num estudo realizado na Argentina, citado anteriormente, Lejarraga et al
(1997), observou em sua amostra de crianças cardiopatas que 75% destas
apresentavam rendimento classificado como normal, porem o percentual de faltas
47
escolares correspondente a 58% foi considerado alto quando comparado com os 9%
de seus irmãos saudáveis.
Principais dificuldades, 28 crianças (62,2%) não apresentaram dificuldades
na escola, uma criança (2,2%) apresentou dificuldade em cálculo, uma criança (2,2%)
apresentou dificuldade em escrita, 2 crianças (4,4%) apresentaram dificuldade em
leitura, 2 crianças (4,4%) apresentaram dificuldade em cálculo e escrita, 2 crianças
(4,4%) apresentaram dificuldades em cálculo e leitura, 3 crianças (6,7%)
apresentaram dificuldades em leitura e escrita e 6 crianças (13,5%) apresentaram
dificuldades em cálculo leitura e escrita.
Início escolar, 7 crianças (15,5%) iniciaram na escola com idades entre 0 e 3
anos (maternal), 35 crianças (77,8%) entraram na escola com idades entre 4 e 6 anos e
3 crianças (6,7%) entraram com 7 anos na escola.
Conduta escolar, 38 crianças (84,4%) apresentaram conduta normal, 4
crianças (8,9%) apresentaram conduta, 2 crianças (4,4%) apresentaram agitação e
uma criança (2,2%) apresentou choro como conduta escolar.
Para verificar as “características diagnósticas” das crianças com cardiopatia
congênita serão apresentados e discutidos os dados encontrados de acordo com
entrevista com responsável, colaboração do profissional cardiologista pediátrico, bem
como informações colhidas do prontuário médico.
Diagnóstico, 9 crianças (19,5%) apresentaram diagnóstico de “Comunicação
Interatrial” (CIA), 8 crianças (17,4%) apresentaram diagnóstico de “Comunicação
Intervenricular” (CIV), 4 crianças (8,7%) apresentaram diagnóstico de “Estenose
Aórtica Valvar”, 4 crianças (8,7%) apresentaram diagnóstico de “Tetralogia de
Fallot”, 3 crianças (6,5%) apresentaram diagnóstico de “Estenose Pulmonar Valvar”,
2 crianças (4,3%) apresentaram diagnóstico de “Persistência do Canal Arterial”
48
(PCA), 2 crianças (4,3%) apresentaram diagnóstico de “Estenose Subaórtica”, 2
crianças (4,3%) apresentaram diagnóstico de “Dupla Via de Saída do Ventrículo
Direito”, 2 crianças (4,3%) apresentaram diagnóstico de “Drenagem Anômal Total
das Veias Pulmonares”, uma criança (2,2%) apresentou diagnóstico de “Defeito do
Septo Atrioventricular Forma Total” (DSAVT), uma criança (2,2%) apresentou
diagnóstico de “Defeito do Septo Atrioventricular forma Parcial”, uma criança (2,2%)
apresentou diagnóstico de “Defeito do Septo Atrioventricular forma Parcial com
Insuficiência Mitral”, uma criança (2,2%) apresentou diagnóstico de “Coarctação de
Aorta”, uma criança (2,2%) apresentou diagnóstico de “Coarctação de Aorta com
CIV”, uma criança (2,2%) apresentou diagnóstico de “Coarctação de Aorta com
PCA”, uma criança (2,2%) apresentou diagnóstico de “degeneração Mixomatosa”,
uma criança (2,2%) apresentou diagnóstico de “Aneurisma de Aorta”, uma criança
(2,2%) apresentou diagnóstico de “CIV com Estenose Subaórtica com Banda
Anômala da Obstrutiva do Ventrículo Direito”, uma criança (2,2%) apresentou
diagnóstico de “Comunicação Ventrículoatrial Discordante com TGVB com CIA”.
Tempo de diagnóstico, com até 12 meses de diagnóstico observou-se 2
crianças (4,3%), entre 13 e 24 meses de diagnóstico 5 crianças (10,8%), entre 25 e 48
meses de diagnóstico 6 crianças (13%) e acima de 48 meses de diagnóstico 33
crianças (71,7%).
Tipo de cardiopatia, 37 crianças apresentaram cardiopatia congênita
acianogênica e 9 crianças (19,6%) cardiopatia congênita cianogênica.
Cirurgia, 22 duas crianças (47,8%) sofreram intervenção cirúrgica (operações
paliativas, operações corretivas e procedimento percutâneo) e 24 crianças (52,2%) não
sofreram nenhum tipo de intervenção cirúrgica.
49
A intervenção cirúrgica de crianças com cardiopatia depende de uma série de
fatores e procedimentos, desde a confirmação diagnóstica, técnica operatória até o
suporte pós-operatório. A dificuldade da equipe multiprofissional esta em oferecer o
pleno restabelecimento da criança, com sua capacidade neurológica, afetiva,
psicológica e social preservada (BATISTA et al, 2005).
Tempo de pós-cirurgico, com até 12 meses de pós-cirurgico encontra-se 3
crianças (6,5%), entre 13 e 24 meses pós-cirurgico 3 crianças (6,5%), entre 25 e 48
meses de pós-cirurgico 5 crianças (10,9%), acima de 48 meses de pós-cirurgico 11
crianças (23,9%) e 24 crianças (52,2%) não sofreram intervenção.
Ingestão de Medicamentos, 11 crianças (23,9%) tomam medicamentos e 35
crianças (76,1%) não tomam medicamentos.
Medicamento, 2 crianças (4,3%) fazem uso de Captopril, 2 crianças (4,3%)
usam Digoxina, 2 crianças (4,3%) usam Furosemida, 2 crianças (4,3%) usam
Captopril e Furosemida, uma criança (2,2%) usa Digoxina com furosemida, uma
criança (2,2%) ingere Digoxina com Endopril e uma criança (2,2%) ingere Digoxina
com Captopril com Furosemida.
Para verificar o “estado nutricional” das crianças com cardiopatia congênita
serão apresentados e discutidos os dados encontrados de acordo com medidas
referentes á massa e estatura. Classificados pelo percentil do IMC, de acordo com
CDC Growth Charts: United States, (NCHS, 2000). Para os pontos de corte: P< 10
para baixo peso, P10 P85 para eutrófico, P>85 P95 para sobrepeso e P>95 para
obesidade.
Referente ao percentil do IMC, 6 crianças (13,1%) foram apontadas com
baixo peso, 35 crianças (76,1%) foram apontadas como eutróficas, 2 crianças (4,3%)
50
foram apontadas como acima do peso (sobrepeso) e 3 crianças (6,5%) foram
apontadas como obesas.
No estudo de Martha et al. (2005), quando avaliaram a “Prevalência e
sobrepeso em crianças com fissura labial e/ou palatal em atendimento ambulatorial”,
com relação ao IMC encontraram 19,1% de sua amostra com desnutrição, 72,9% com
eutrofia, 4,9% com sobrepeso e 3,1% com obesidade.
Villasís-Keever (2001), citam no estudo com 244 crianças com cardiopatia
congênita que, a freqüência de desnutrição nesta população é elevada, e afeta mais as
crianças com cardiopatia cianogênica nos grupos de lactentes e pré-escolares.
Para verificar a “consciência/reconhecimento dos segmentos corporais” das
crianças com cardiopatia congênita serão apresentados e discutidos os dados
encontrados de acordo com a técnica projetiva do desenho da figura humana.
Foi utilizada a metodologia qualitativa como forma de análise do material
coletado, considerando os rabiscos primitivos e os rabiscos de base, os rabiscos
compostos, a figura-girino, a verticalização da figura-girino, a estrutura cabeça/corpo
(forma agregada), a estrutura cabeça/corpo (forma aperfeiçoada) e o acabamento
magnífico.
Rabiscos primitivos e rabiscos de base
O desenho da criança inicia-se com os rabiscos primitivos a partir de 1 ano e
meio aproximadamente, passa pelos rabiscos de base (circulares e vaivém) aos 2 anos
e levando em conta o potencial da criança e aspectos psicossociais, os rabiscos de
base evoluem para os rabiscos compostos (figura 3) (GREIG, 2004).
51
Figura 3: Rabiscos primitivos (superiores) e Rabiscos de base (inferiores).
Fonte: Greig, 2004.
Rabiscos compostos
Cronologicamente os rabiscos compostos surgem aos 2 anos e 7 meses
aproximadamente, e tem como características o intrincado de elementos-circulo e de
elementos-traço em suas composições (GREIG, 2004).
Três crianças (6,5% da amostra) apresentaram desenhos com características
que correspondem à fase dos rabiscos compostos (figura 4), uma com idade
cronológica de 4 anos, outra com 4 anos e 6 meses a terceira com 5 anos e 5 meses.
Observa-se um desenho da figura humana imaturo para as respectivas idades
cronológicas.
Segundo Greig (2004), na fase dos rabiscos se pode observar precocidade
ou atraso em relação à norma, identificando potenciais de êxito ou de fracasso em
uma criança.
O desenho é para a criança um meio de expressão privilegiado, uma atividade
lúdica e sensoriomotora, é uma linguagem mais simples que as palavras (VAYER,
1989).
52
Figura 4: Rabiscos compostos. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
Figura-girino
A figura-girino é uma forma de a criança representar a figura humana (figura
5), tem como principais características a presença de um círculo que representa a
cabeça, a presença dos olhos e dois traços verticais que representam as pernas “Escala
Wintsch” (FONSECA, 1983).
Três crianças (6,5%) apresentaram desenhos com características que
correspondem à figura-girino, com idades cronológicas de 4 anos e 7 meses, 5 anos e
2 meses e de 5 anos e 5 meses. Considerando as idades cronológicas e a bibliografia
pesquisada, observa-se os desenhos com características abaixo do esperado.
53
O desenho da figura humana está ligado ao conhecimento que a criança tem de
seu corpo, é afirmado como a expressão do esquema corporal (VAYER, 1989).
Figura 5: Figura girino. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
A figura-girino surge aproximadamente aos 3 anos, esta fase pode durar
alguns dias ou muitos meses. Mesmo a criança pequena tendo um bom conhecimento
da figura humana, e sabendo localizar as diversas partes do corpo, para desenhar a
figura ela tem que descobrir que partes são mais incluídas, quais são opcionais,
lembrar todas as partes enquanto desenha, saber onde fica cada parte em relação as
outras e organizar tudo isso no papel. Precisa também de uma boa coordenação
motora fina para os traços (COX, 2001).
O desenho da personagem evolui normalmente para a constituição do seu
corpo e aproximação do esquema corporal. Por volta dos três anos e meio de idade
surge a clássica “figura-girino”, é a primeira manifestação da projeção do esquema
corporal (GREIG, 2004).
Verticalização da figura-girino
Um progresso decisivo para o esquema corporal é a estruturação do desenho
da personagem através da verticalização da figura-girno, com cabeça, corpo, e
54
inserção direta de braços nas pernas do girino (figura 6). Surge aos quatro anos de
idade aproximadamente, e representa mais uma etapa da evolução da figura humana
(GREIG, 2004).
Figura 6: verticalização da figura girino. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
Oito crianças (17,4%) com idades que vão desde 4 anos e 8 meses até 8 anos e
11 meses, apresentaram desenhos com características correspondentes à figura-girino
pouco mais desenvolvida, demonstrando a verticalização da figura. Algumas crianças
apresentaram idade cronológica acima do esperado para desenhos com estas
características.
Lejarraga et al (1997), afirmam que em seu estudo com crianças cardiopatas o
desenho da figura humana foi produzido de maneira mais imatura, quando comparado
com os desenhos do grupo de controle saudável.
De acordo com Fonseca (1983), o desenho da forma humana é um excelente
meio de investigação da evolução da criança para a interpretação do grau de
desenvolvimento. Acrescenta ainda que a consciência do corpo sofre evolução
paralela à evolução da aquisição do espaço.
55
Estrutura cabeça/corpo forma agregada
Numa evolução gradual o desenho da criança alcança a organização da
estrutura cabeça/corpo, e o mecanismo da forma “agregada” é dominado por volta dos
4 anos e meio (figura 7). Toma impulso partindo da cabeça, prossegue com corpo em
trajetória circular (podendo também ter uma forma retangular ou trapezoidal), em
alguns casos presença de pescoço, distingue-se o tórax do abdômen; podem aparecer
calças e saias. Nesta etapa pode surgir dificuldade em torno da concepção do esquema
corporal (GREIG, 2004).
Figura 7: estrutura cabeça/corpo forma agregada. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
Cinco crianças (10,9%), com idades cronológicas que vão de 4 anos e 7 meses
até 9 anos, apresentaram desenho com características correspondentes à estrutura
cabeça/corpo (forma agregada). Todas as crianças apresentaram idades coerentes com
as características de desenho apresentadas segundo a literatura pesquisada.
Conforme a criança se desenvolve o desenho da figura humana diferencia-se,
aproximadamente aos 5 anos a maioria das crianças desenha um tronco bem distinto
da cabeça, acrescentam as mãos aos braços, e os pés ás pernas.(KOPPITZ, 1968 apud
COX, 2001).
56
De acordo com Greig (2004), crianças problemáticas, com graves carências
educativas, vitima de maus-tratos, ou que sofreram intervenções sociais e judiciais
podem manifestar atraso na aquisição destas etapas.
Para Fonseca (1983), o desenho do corpo não exprime somente a gnosia
corporal, nele se projetam as experiências emocionais, as sensações erógenas e as
pressões sócio-culturais.
Estrutura cabeça/corpo forma aperfeiçoada
A próxima etapa na evolução do desenho da criança corresponde à estrutura
cabeça/corpo forma aperfeiçoada (figura 8), exige maior precisão do gesto, inicia-se
pela união do pescoço ou dos braços com o tronco, incluso em um mesmo traçado
integrado (GREIG, 2004).
Treze crianças (28,3%) apresentaram desenho com características que
correspondem a estrutura cabeça/corpo (forma aperfeiçoada), com idade cronológica
variando de 6 anos e 4 meses até 10 anos e 3 meses. Todas as crianças apresentaram
desenhos com características de acordo com o esperado para a idade cronológica.
Aos 6 anos de idade as crianças desenham os membros com pares de linhas,
que até então eram representados por linhas únicas; desenham outras partes principais
do corpo e acrescentam mais detalhes, incluem sobrancelhas e cílios, detalhes de
roupas como bolsos ou cordões de sapatos (COX, 2001). Este autor cita ainda que o
desenho esquemático da figura humana parece simples, mas envolve uma complexa
coordenação de conhecimento e habilidade.
Citando a “Escala Wintsch”, Fonseca (1983) comenta que aos 6 anos a criança
desenha membros mal articulados; aos 7 anos o desenho da figura humana ganha
membros de duplo contorno, e também a diferenciação de sexos por meio do
vestuário; aos 8 presencia-se o aparecimento do pescoço e aos 9 anos de idade são
57
presentes pormenores cada vês mais numerosos, surgindo também uma melhor
construção gráfica.
Figura 8: estrutura cabeça/corpo forma aperfeiçoada. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
Crianças com dificuldade de aprendizagem (leves ou graves), apresentam
diferenças nos desenhos em relação às crianças normais. Apresentam desenhos com
insuficiência de detalhes, falta de organização e proporções imperfeitas. Sugerindo
que estas crianças passam pelos estágios de forma mais lenta que do que as crianças
normais (COX, 2001).
Acabamento magnífico
A fase do acabamento magnífico surge com aparecimento de roupas
características (figuras 9), como princesa, jogador de futebol, bailarina; em alguns
desenhos aparece o ventre materno (figura 10), ou elementos preciosos como flores,
coração (figura 11), arco-íris ou corda de pular.
58
Figura 9: acabamento magnífico. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
Quatorze crianças (30,4% da amostra) com idade cronológica desde 6 anos e 2
meses até 11 anos e 2 meses, apresentaram desenho correspondente à fase de
acabamento magnífico. Todas as crianças apresentaram desenhos com características
de acordo com o esperado para a idade cronológica.
Mello e Romero (2003), afirmam que existe uma estreita relação entre o
conhecimento do próprio corpo e o desempenho escolar, portanto, que a organização
do esquema corporal é base fundamental no êxito do processo educativo. Afirmam
ainda que encontraram em sua pesquisa, que as meninas apresentaram um maior
conhecimento do corpo e isto se deu por estas serem mais observadoras e terem uma
melhor percepção.
59
Figura 10: ventre materno. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
A capacidade de lidar com a proporção surge por volta dos 8 anos, entre os 8 e
9 anos de idade, as crianças prestam mais atenção à forma do tronco, muitas vezes
ombros e pescoço são fundidos. As crianças com mais idade constrói uma lista mental
do que deve ser desenhado e faz inter-relacionamentos de partes, isto porque a criança
tenta colocar o desenho com mais realismo (COX, 2001).
60
Para Abraham apud Fonseca (1983), o desenho inter-relaciona na criança a sua
maturidade motora e afetiva, bem como a sua adaptação emocional e social.
Figura 11: elementos preciosos. Desenho selecionado da amostra deste estudo.
Na adolescência a maioria desenvolveu o seu modo de desenhar a figura
humana e reproduz automaticamente, acrescentam mais detalhes (traçam com
contorno único a figura inteira), após esta etapa a criança começa a deixar de
adicionar detalhes às figuras, perdendo gradativamente o interesse (COX, 2001).
61
4.2 DESENVOLVIMENTO MOTOR
Respondendo aos objetivos específicos “identificar o perfil do
desenvolvimento motor geral de crianças com cardiopatia congênita”, “comparar o
perfil do desenvolvimento motor geral entre crianças com cardiopatia congênita
acianogênica e crianças com cardiopatia congênita cianogênica” e “comparar o perfil
do desenvolvimento motor geral entre o grupo de crianças com cardiopatia congênita
(estudo) e o grupo de crianças saudáveis (controle)”; serão apresentados e discutidos
os dados mediante os resultados encontrados de acordo com a “Escala de
Desenvolvimento Motor – EDM” (ROSA NETO, 2002).
- Quando o objetivo foi “Identificar o perfil do desenvolvimento motor geral
de crianças com cardiopatia congênita”, observou-se os resultados que seguem.
A freqüência da variável sexo das crianças com cardiopatia congênita (tabela
1), apresentou um total de 46 crianças, e observa-se que não ocorreu predomínio de
sexo, pois 24 (52,2%) dessas crianças são do sexo feminino e 22 (47,8%) do sexo
masculino.
Tabela 1: Freqüência da variável sexo das crianças com cardiopatia congênita.
Sexo Freqüência Porcentagem
Feminino
Masculino
Total
24
22
46
52,2 %
47,8 %
100,0 %
Nogueira (2002), no estudo “Avaliação da Prevalência da Cardiopatia
Congênita no Município de Florianópolis/SC”, na sua amostra de 130 crianças com
cardiopatia congênita não encontrou diferença estatística quando comparou a variável
sexo, distribuída em 67 (51,5%) meninos e 63 (48,5%) meninas.
62
Avaliando a incidência pós-natal de cardiopatias congênitas viñals e Giuliano
(2002), citam que das 49 crianças recém nascidas portadores de cardiopatia congênita
de sua amostra, 26 eram do sexo feminino e 23 masculino.
No estudo de Miyague et al. (2003), com o objetivo de analisar a freqüência e
a prevalência de cardiopatia congênita em um centro de atendimento terciário para
criança cardiopata, observaram em 1.961 pacientes com cardiopatia congênita, que a
variável sexo não apresentou diferença numérica, onde 980 eram meninas e 981 eram
meninos.
As crianças com cardiopatia congênita deste estudo apresentaram uma média
para a idade cronológica (IC) de 90,9 meses, e a média para a idade motora geral
(IMG) 85,3 meses (tabela 2). A diferença entre as médias destas idades representa um
déficit no desenvolvimento motor desta amostra de 5,6 meses, dependendo a faixa
etária pode representar um sinal de alerta.
A divisão entre idade motora geral (IMG) e idade cronológica (IC),
multiplicado por 100, resulta no quociente motor geral (QMG), neste estudo,
considerando a média do quociente motor geral QMG = 95,5 podemos classificar, o
grupo de crianças com cardiopatia congênita em “normal médio”. A classificação do
QMG oscilou desde “inferior” valor mínimo do QMG = 76, 0, até “superior” valor
máximo do QMG = 121,0.
Quando considerado o quociente motor de cada área motora observam-se, em
“normal médio” a motricidade fina (QM1 = 102,7), a motricidade global (QM2 =
104,8), o equilíbrio (QM3 = 99,7) e o esquema corporal (QM4 = 93,4); e em “normal
baixo” a organização espacial (QM5 = 87,5) e a organização temporal (QM6 = 86,1),
todas as áreas motoras estão dentro do desvio da normalidade. Quando considerado o
valor mínimo dos quocientes por área motora, todas as áreas foram classificadas em
63
“muito inferior” (QM1, QM2, QM3, QM4, QM5, QM6); considerando o valor
máximo classifica-se em “normal alto” a organização temporal (QM6), em “superior”
o esquema corporal (QM4), e em “muito superior” a motricidade fina (QM1), a
motricidade global (QM2), o equilíbrio (QM3) e a organização espacial (QM5).
A amostra de crianças com cardiopatia congênita não apresentou diferença
estatística (p<0,05) no desenvolvimento motor quando comparado por sexo (tabela 3),
nas variáveis: idade cronológica (IC), idade motora geral (IMG) idades motoras por
área (IM1, IM2, IM3, IM4, IM5, IM6), idade positiva (IP), idade negativa (IN),
quociente motor geral (QMG) e quociente motor por área (QM1, QM2, QM3, QM4,
QM5, QM6).
Tabela 2: Desenvolvimento motor de crianças com cardiopatia congênita.
Batistella (2001), ao estudar os parâmetros motores em escolares de 6 a 10
anos, utilizando a EDM, observou que, os resultados não apresentaram diferença
estatística entre os sexos na classificação geral, bem como nas áreas motoras.
Variáveis Média Variância Desvio
Padrão
Valor
Mínimo
Valor
Máximo
Mediana Moda
Idade cronológica – IC
Idades motoras
Idade Motora Geral – IMG
Motricidade Fina – IM1
Motricidade Global – IM2
Equilíbrio – IM3
Esquema corporal – IM4
Organização espacial – IM5
Organização temporal – IM6
Idade positiva - IP
Idade negativa - IN
Quocientes motores
Quociente motor geral – QMG
Motricidade fina – QM1
Motricidade global – QM2
Equilíbrio – QM3
Esquema corporal – QM4
Organização espacial – QM5
Organização temporal – QM6
90,9m
85,3m
92,6m
93,6m
89,5m
84,3m
76,7m
75,4m
6,1m
10,7m
95,5
102,7
104,8
99,7
93,4
87,5
86,1
534,7
348,7
589,8
538,4
766,1
623,9
387,1
170,6
18,0
54,2
132,6
278,9
319,2
451,0
237,7
509,5
219,9
23,1
18,7
24,3
23,2
27,7
25,0
19.7
13,1
4,2
7,4
11,5
16,7
17,9
21,2
15,4
22,6
14,8
48,0m
54,0m
48,0m
48,0m
48,0m
36,0m
36,0m
48,0m
0,0m
0,0m
76,0
67,0
65,0
55,0
62,0
48,0
62,0
134,0m
126,0m
132,0m
132,0m
132,0m
132,0m
132,0m
108,0m
16,0m
26,0m
121,0
148,0
150,0
148,0
121,0
150,0
114,0
89,5
87,5
99,0
96,0
84,0
84,0
72,0
72,0
6,0
11,5
94,0
99,0
101,5
100,0
93,0
85,5
87,0
55,0
58,0
60,0
108,0
72,0
84,0
72,0
72,0
6,0
3,0
94,0
91,0
96,0
116,0
67,0
74,0
67,0
64
No estudo de Rosa Neto et al. (2005), quando investigaram o perfil motor em
escolares com problemas de aprendizagem, mediante a EDM, na classificação geral e
nas áreas motoras os resultados encontrados entre os sexos foram semelhantes.
Leurs et al apud (LOPES, 2003) avaliaram 38 crianças com cardiopatia
congênita, utilizando a bateria KTK, e encontraram déficit na coordenação motora em
63% das crianças.
Tabela 3: Estudo comparativo do desenvolvimento motor entre sexo, das crianças com cardiopatia
congênita.
Variáveis
Masculino Feminino # Teste de
Homogeneidade
Valor de
p
Idade cronológica – IC
Idades motoras
Idade Motora Geral – IMG
Motricidade Fina – IM1
Motricidade Global – IM2
Equilíbrio – IM3
Esquema corporal – IM4
Organização espacial – IM5
Organização temporal – IM6
Idade positiva - IP
Idade negativa - IN
Quocientes motores
Quociente motor geral – QMG
Motricidade fina – QM1
Motricidade global – QM2
Equilíbrio – QM3
Esquema corporal – QM4
Organização espacial – QM5
Organização temporal – QM6
Média
87,2m
82,7m
90,0m
90,0m
88,6m
76,9m
77,4m
73,1m
6,7m
11,4m
97,1
104,2
105,8
102,7
89,4
92,6
87,2
D P
22,5
16,7
23,5
20,9
29,0
19,8
15,6
11,0
4,2
8,5
12,3
16,0
20,8
24,2
15,4
22,2
15,3
Média
94,3m
87,8m
95,0m
97,0m
90,2m
91,0m
76,0m
77,5m
5,4m
10,8m
94,1
101,3
103,9
96,9
97,0
82,8
85,2
D P
23,7
20,4
25,2
25,1
27,0
27,6
23,1
14,6
4,5
6,6
10,8
17,5
15,0
18,2
14,8
22,3
14,6
0,8095
0,3600
0,7388
0,3921
0,7328
0,1298
0,0733
0,2041
0,8656
0,3293
0,5586
0,6826
0,1383
0,1854
0,8513
0,9833
0,8425
P<0,05
0,3036
0,6375
0,5014
0,3129
0,8401
0,0520
0,8007
0,2562
0,5861
0,8193
0,6139
0,5703
0,7285
0,6374
0,0918
0,1393
0,6549
# Teste de Homogeneidade de Bartlett: os valores apresentaram dados distribuídos normalmente,
portanto o valor de p é equivalente ao Teste de t de Student.
Na tabela 4 abaixo, observa-se que 24 crianças, mais da metade da amostra
(52,2%), foram classificadas em “Normal Médio”. Observa-se também que 42
crianças (91,3%) encontram-se classificadas em ‘normal alto’, “normal médio” ou
“normal baixo”; portanto, dentro do desvio da normalidade.
65
Tabela 4: Freqüência da classificação da Escala de Desenvolvimento Motor “EDM” das crianças com
cardiopatia congênita.
Escala Motora Freqüência Porcentagem
Muito Superior (> 130)
Superior (129-120)
Normal Alto (119-110)
Normal Médio (109-90)
Normal Baixo (89-80)
Inferior (79-70)
Muito Inferior (< 70)
- - -
1
5
24
13
3
- - -
- - -
2,2%
10,9%
52,2%
28,3%
6,5%
- - -
Quanto a lateralidade, na tabela 5, observa-se que 22 crianças (47,8%)
apresentam lateralidade destro completo, 15 crianças (32,6%) apresentam lateralidade
cruzada, e 9 crianças (19,6%) apresentaram lateralidade indefinida (dependendo da
sua idade representa um sinal de alerta). Nenhuma criança apresentou lateralidade
sinistro completo.
Para Le Boulch (1988), a predominância lateral das crianças se define por
volta dos 4 anos de idade.
A lateralidade pouco desenvolvida esta ligada as dificuldades de organização
espacial, organização temporal, coordenação motora, podendo levar a dificuldades na
aprendizagem (FONSECA, 1993).
No estudo de Batistella (2001), a freqüência de crianças com lateralidade
indefinida foi de 6,5%. E no estudo de Poeta (2005), a freqüência de lateralidade
indefinida nas crianças com TDAH foi de 3,2%.
66
Tabela 5: Freqüência da lateralidade das crianças com cardiopatia congênita.
Outros estudos que utilizaram a EDM como instrumento de avaliação do
desenvolvimento motor, foram comparados com os resultados desta pesquisa (gráfico
1), através das variáveis: idade cronológica (IC), idade motora geral (IMG) e
quociente motor geral (QMG). Comparados também pela classificação da EDM e pela
lateralidade (tabelas 6 e 7).
Rosa Neto (1996), em seu estudo “Desarrollo motor y transtornos del
aprendizaje estúdio de una población normal y patológica”, que teve como objetivo
avaliar o desenvolvimento motor em crianças com dificuldades de aprendizagem
matriculadas em colégio público; verificou em sua amostra de 71 crianças, idade
cronológica IC= 83,8 meses, IMG= 70,4 meses, e QMG= 84,7 classificando sua
amostra em ”normal baixo”.
Domingues (2002), no estudo “Características Motoras de Crianças Asmáticas
do Município de Santa Maria/RS”, que teve como objetivo avaliar o perfil motor das
crianças portadoras de asma brônquica, estudou uma amostra de 30 crianças com
idade cronológica IC=75,9 meses, encontrou IMG=70,4 meses, e QMG=92,4 que
classifica em ”normal médio” sua amostra.
Carrilho (2002), em seu estudo “O Perfil Motor de Escolares Obesos da
Cidade de Cruz Alta/RS”, que teve como objetivo verificar o perfil motor das crianças
obesas das séries iniciais do ensino fundamental da cidade de Cruz Alta/RS; constatou
Lateralidade Freqüência Porcentagem
Destro Completo
Cruzada
Indefinida
Sinistro Completo
22
15
9
- - -
47,8%
32,6%
19,6%
- - -
67
em sua amostra de 64 crianças, idade cronológica IC=12,6 meses, IMG=89,9 meses e
QMG= 87 que classificou sua amostra em “normal baixo”.
Poeta (2005), no estudo “Avaliação e Intervenção Motora em Escolares com
Indicadores de Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)”, que teve
como objetivo avaliar o desenvolvimento motor dos escolares com indicadores do
TDAH das escolas da rede pública estadual de Florianópolis/SC; encontrou o
desenvolvimento motor geral de sua amostra de 31 crianças classificado em “normal
baixo” QMG=79,8, com idade cronológica IC=113,5 meses e idade motor geral
IMG=90,2 meses.
85,3
95,5
83,8
70,4
84,7
75,9
70,4
92,4
89,9
87
90,2
79,8
90,9
112,6
113,5
0
20
40
60
80
100
120
IC (meses) IMG (meses) QMG
ESTUDO
ROSA NETO (1996)
DOMINGUES (2002)
CARRILHO (2002)
POETA (2005)
Gráfico 1 comparação de estudos com patológicos.
No gráfico 1 acima, pode-se observar que os estudos que obtiveram menor
diferença entre a idade cronológica e a idade motora geral foram, o presente estudo
com cardiopatia congênita e o de Domingues (2002), com asmáticos. Os demais
estudos, (ROSA NETO, 1996), (CARRILHO, 2002) e (POETA, 2005) apresentaram
uma diferença considerável entre as variáveis acima citadas. O quociente motor geral
(QMG) do presente estudo e o de Domingues (2002) foram classificados em “Normal
médio”, os estudos de Rosa Neto (1996) e Carrilho (2002) em “Normal baixo” e o
estudo de Poeta (2005), foi classificado em “Inferior”.
68
A distribuição percentual da classificação do desenvolvimento motor destas
pesquisas (tabela 6) mostra que no presente estudo 91,4% da amostra se encontra
dentro do desvio da normalidade (classificados em “Normal baixo”, “Normal médio”
ou “Normal alto”), e que este percentual no estudo de Carrilho (2002) é de 81,2%, no
estudo de Domingues (2002) é de 76,6%, no estudo de Rosa Neto (1996) é de 76%, e
o estudo que apresentou o menor percentual de sua amostra dentro do desvio da
normalidade foi o de Poeta (2005) com 54,9%.
Tabela 6: Classificação pela EDM das pesquisas com patológicos
Pesquisas Muito
Superior
Superior Normal
Alto
Normal
Médio
Normal
Baixo
Inferior Muito
Inferior
ESTUDO
ROSA NETO (1996)
CARRILHO (2002)
DOMINGUES (2002)
POETA (2005)
---
---
---
---
---
2,2%
---
---
3,3%
---
10,9%
---
---
3,3%
---
52,2%
23,9%
32,8%
50%
6,5%
28,3%
52,1%
48,4%
23,3%
48,4%
6,5%
21,1%
17,2%
16,7%
35,5%
---
2,8%
1,6%
3,3%
9,7%
Quanto à lateralidade a amostra desta pesquisa apresentou o maior número de
crianças com lateralidade destro completo 47,8% (tabela 7), seguido de lateralidade
cruzada 32,6% e indefinida com 19,6% da amostra. Ficando a lateralidade sinistro
completo sem representante. As demais pesquisas também apresentaram o menor
número de sua amostra concentrada nesta variável.
Tabela 7: lateralidade estudos patológicos
Pesquisas Destro
Completo
Cruzada Indefinida Sinistro
Completo
ESTUDO
ROSA NETO (1996)
CARRILHO (2002)
DOMINGUES (2002)
POETA (2005)
47,8%
42,3%
31,3%
26,7%
48,4%
32,6%
35,2%
15,6%
33,3%
48,4%
19,6%
18,3%
53,1%
33,3%
3,2%
---
4,2%
---
6,7%
---
69
- Quando o objetivo foi “comparar o perfil do desenvolvimento motor geral
entre crianças com cardiopatia congênita acianogênica e crianças com cardiopatia
congênita cianogênica”, observa-se o seguinte.
A cardiopatia acianogênica apresentou maior freqüência (tabela 8), 37 crianças
compõem este grupo, que corresponde a 80,4% da amostra; e 9 crianças compõem o
grupo com cardiopatia cianogênica correspondendo 19,6% da amostra.
Tabela 8: Freqüência de cardiopatia acianogênica e cardiopatia cianogênica.
Kobinger (2003), com objetivo de discutir a avaliação clinica e laboratorial do
sopro cardíaco, em seu estudo “Avaliação do Sopro Cardíaco na Infância”, cita que a
freqüência das cardiopatias acianogênicas é maior que a das cianogênicas.
Na tabela 9, é observado que o quociente motor geral (QMG) do grupo com
cardiopatia acianogênica e do grupo com cardiopatia cianogênica apresentam uma
pequena diferença, não significante estatisticamente, classificando ambos segundo a
EDM em “Normal Médio”. Quando comparadas as diferenças dos quocientes nas
áreas motoras, observa-se diferença estatística (p=0,0228) apenas no quociente motor
do esquema corporal (QM4), com média superior para o grupo com cardiopatia
acianogênica (QM4=95,9) classificando esta área em “Normal Médio”, e média
inferior para o grupo dom cardiopatia cianogênica (QM4=83,1) classificando esta área
em “Normal Baixo”. Mesmo com diferença estatística os dois grupos estão
classificados dentro do desvio da normalidade.
Cardiopatia Freqüência Porcentagem
Acianogênica
Cianogênica
Total
37
9
46
80,4 %
19,6 %
100,0 %
70
Tabela 9: Estudo comparativo entre o grupo com cardiopatia congênita acianogênica (CCA) e o grupo
com cardiopatia congênita cianogênica (CCC).
# Teste de Homogeneidade de Bartlett: os valores apresentaram dados distribuídos normalmente,
portanto o valor de p é equivalente ao Teste de t de Student.
O esquema corporal corresponde às sensações relativas ao seu próprio corpo
em relação às informações do mundo exterior, a organização destas sensações
depende de informações proprioceptivas e de estímulos externos, contribuem na
construção da imagem corporal e da personalidade (ROSA NETO, 2002).
Mello e Romero (2003), citam que existem implicações entre o esquema
corporal e o desempenho escolar entre meninos e meninas, a organização do esquema
corporal é base fundamental para o bom aproveitamento no processo educativo.
“O esquema corporal é, portanto, o núcleo fundamental da personalidade, é a
partir dele que são organizados todos os comportamentos, todas as condutas, todos os
conhecimentos” (VAYER, 1989, p.24).
Variáveis Cardiopatia
Acianogênica
CCA
Cardiopatia
Cianogênica
CCC
# Teste de
Homogeneidade
Valor de
p
Idade cronológica – IC
Idades motoras
Idade Motora Geral – IMG
Motricidade Fina – IM1
Motricidade Global – IM2
Equilíbrio – IM3
Esquema corporal – IM4
Organização espacial – IM5
Organização temporal – IM6
Idade positiva - IP
Idade negativa - IN
Quocientes motores
Quociente motor geral – QMG
Motricidade fina – QM1
Motricidade global – QM2
Equilíbrio – QM3
Esquema corporal – QM4
Organização espacial – QM5
Organização temporal – QM6
Média
91,5m
86,3m
92,4m
96,2m
90,0m
86,9m
76,5m
75,6m
6,2m
10,6m
95,7
101,4
107,0
99,6
95,9
86,7
85,7
D P
23,7
19,5
26,0
23,5
26,8
25,5
21,2
13,5
4,7
7,7
11,7
17,5
17,8
19,3
14,6
23,4
14,5
Média
88,4m
81,5m
93,3m
83,3m
87,3m
73,3m
77,3m
74,7m
5,7m
13,2m
94,7
107,7
96,0
100,1
83,1
90,9
87,7
D P
21,7
15,0
16,5
20,0
32,7
20,3
12,1
11,7
1,5
5,5
11,5
12,6
16,2
29,2
15,1
19,6
17,0
P<0,05
0,7569
0,3743
0,1425
0,5837
0,4594
0,4403
0,0808
0,6111
0,1379
0,3753
0,9591
0,2853
0,7562
0,1136
0,8898
0,5472
0,5440
P<0,05
0,7233
0,5100
0,9186
0,1348
0,7943
0,1416
0,9114
0,8493
0,8375
0,5404
0,8022
0,6761
0,0942
0,9472
0,0228
0,6288
0,7327
71
De acordo com Vayer (1989), a criança pode ter dificuldade com o próprio
corpo quando apresentam deficiências sensoriais, distúrbios respiratórios e cardíacos
no recém-nascido, distúrbios do sono e alimentação, carência de estímulos do meio,
carência de relacionamentos afetivos (hospitalismo, rejeição dos pais), simbiose mãe-
criança excessivamente prolongada, insegurança derivada de um lar desunido. Todos
esses fatores associados e/ou relacionados repercutem visivelmente na evolução do
esquema corporal e no comportamento psicomotor.
No estudo que teve como objetivo demonstrar as repercussões de uma
cardiopatia no desenvolvimento emocional da criança Finkel (2000), considera que os
cuidados de algumas mães com seus bebês cardiopatas são excessivos e prolongados,
e nas cardiopatias cianóticas é ainda mais intenso. A autora cita ainda que observa em
seu ambulatório conseqüências como imaturidade, dificuldade na socialização e na
aprendizagem escolar.
86,3
91,5
95,7
101,4
107
85,7
86,7
95,9
99,6
81,5
88,4
94,7
96
107,7
87,7
90,9
83,1
100,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
IC
(meses)
IMG
(meses)
QMG QM1 QM2 QM3 QM4
p<0,05
QM5 QM6
CCA CCC
Gráfico 2: comparação de CCA X CCC, para as variáveis IC, IMG, QMG, QM1, QM2, QM3, QM4,
QM5 e QM6
No gráfico 2 observa-se as diferenças das variáveis IC, IMG, QMG, QM1,
QM2, QM3, QM4, QM5, QM6, entre as crianças com cardiopatia congênita
acianogênica (CCA) e as crianças com cardiopatia congênita cianogênica (CCC). A
72
única variável com diferença estatística foi o QM4, que corresponde à área motora do
esquema corporal.
Comparando a classificação na EDM entre as crianças com CCA e as crianças
com CCC, observa-se na tabela 10, que os dois grupos estão distribuídos dentro do
desvio da normalidade, o grupo com CCA tem 89,2% entre “normal alto, normal
médio e normal baixo”, e o grupo com CCC tem 100% de sua amostra nesta
distribuição. A diferença entre os grupos não foi estatisticamente significante (valor
de p=0,3212).
Tabela 10: Classificação dos resultados obtidos na Escala Motora de CCA e CCC.
Escala Motora CCA CCC
Muito superior (>130)
Superior (129-120)
Normal alto (119-110)
Normal médio (109-90)
Normal baixo (89-80)
Inferior (79-70)
Muito inferior (<70)
Total
---
2,7%
10,8%
56,7%
21,7%
8,1%
---
100%
---
---
11,1%
33,3%
55,6%
---
---
100%
Valor de p=0,3212
A distribuição da lateralidade foi semelhante nos dois grupos, sem diferença
estatisticamente significante, onde p=0,9661, o maior número de crianças em ambos
estudos ficou classificada como destro completo, seguido de lateralidade cruzada e
lateralidade indefinida. Não foi registrado nenhum caso de sinistro completo.
Tabela 11: Distribuição da lateralidade das CCA e CCC.
Lateralidade CCA CCC
Destro completo
Cruzada
Indefinida
Sinistro completo
Total
48,6%
32,4%
19%
---
100%
44,4%
33,3%
22,2%
---
100%
Valor de p=0,9661
73
- Quando o objetivo foi “comparar o perfil do desenvolvimento motor geral
entre o grupo de crianças com cardiopatia congênita (estudo) e o grupo de crianças
saudáveis (controle)”; observa-se os resultados a seguir.
A diferença entre a idade cronológica (IC) bem como a idade motora geral
(IMG) entre os dois grupos não apresentaram diferença estatisticamente significante
(p<0,05), como mostra a tabela 12. O quociente motor geral (QMG) das crianças
normais foi um pouco superior ao das crianças cardiopatas, porem sem significância
estatística, classificando os dois grupos segundo a EDM em “normal médio”.
Quando destacados os quocientes das áreas motoras, observa-se que a
motricidade fina (QM1) apresentou valores superiores (sem significância estatística)
para as crianças com cardiopatia, e os dois grupos classificados em “normal médio”; a
motricidade global (QM2) apresentou valores superiores (com significância
estatística) para as crianças normais, e classificou os cardiopatas em “normal médio”
e as normais em “normal alto”; o equilíbrio (QM3) apresentou valores superiores
(sem significância estatística) para as crianças normais, classificando os dois grupos
em “normal médio”; o esquema corporal (QM4) apresentou valores maiores (com
significância estatística) para as crianças normais, porém os dois grupos estão
classificando em “normal médio”; a organização espacial (QM5), apresentou valores
maiores (sem significância estatística) para as criança normais, e os dois grupos foram
classificados em “normal baixo”, a organização temporal apresentou valores maiores
(com significância estatística) para o grupo de cardiopatas, classificando as crianças
cardiopatas em “normal baixo” e as crianças normais em “inferior”.
No estudo de Campos et al (2003), encontraram resultados demonstrando
atraso no desenvolvimento motor em crianças cardiopatas ainda no período neonatal.
74
Calciolari (2003), em seu estudo comparando o desenvolvimento motor de
crianças com cardiopatia acianogênica com crianças normais, com 101 crianças de
zero a 18 meses de idade, utilizando a escala de desenvolvimento infantil de Alberta
(AIMS, 1994), não encontrou diferença estatística entre os grupos, concluindo que a
cardiopatia congênita não interfere no desenvolvimento motor das crianças.
Tabela 12: Estudo comparativo do desenvolvimento motor entre grupo de estudo (cardiopatas) e grupo
controle (saudáveis).
Variáveis Cardiopatas
Grupo de estudo
Saudáveis
Grupo controle
# Teste de
Homogeneidade
Valor de
P
Idade cronológica – IC
Idades motoras
Idade Motora Geral – IMG
Motricidade Fina – IM1
Motricidade Global – IM2
Equilíbrio – IM3
Esquema corporal – IM4
Organização espacial – IM5
Organização temporal – IM6
Quocientes motores
Quociente motor geral – QMG
Motricidade fina – QM1
Motricidade global – QM2
Equilíbrio – QM3
Esquema corporal – QM4
Organização espacial – QM5
Organização temporal – QM6
Média
90,9m
85,3m
92,6m
93,6m
89,5m
84,2m
76,7m
75,4m
95,5
102,7
104,8
99,7
93,4
87,5
86,1
DP
23,1
18,7
24,3
23,2
27,7
25,0
19,7
13,1
11,5
16,7
17,9
21,2
15,4
22,6
14,8
Média
91,6m
88,8m
93,2m
100,2m
96,4m
90,1m
81,2m
71,6m
97,7
101,9
110,0
105,4
98,7
89,4
79,8
DP
13,8
11,6
18,1
14,3
20,2
17,5
18,2
11,0
8,8
15,7
12,8
18,0
14,4
18,9
16,3
0,0000
0,0000
0,0103
0,0000
0,0057
0,0017
0,5074
0,1504
0,0181
0,6125
0,0029
0,1621
0,5797
0,1242
0,4213
P<0,05
0,9876*
0,1529*
0,4845*
0,0656*
0,0495*
0,0435*
0,1472
0,0491
0,1258*
0,7753
0,0074*
0,0651
0,0277
0,5762
0,0180
# Teste de Homogeneidade de Bartlett: quando os valores apresentaram dados distribuídos
normalmente o valor de p é equivalente ao Teste t de Students e quando os valores não apresentaram
dados distribuídos normalmente o valor de p é equivalente ao Teste Kruskal-Wallis (*).
O gráfico 3 abaixo, demonstra as diferenças das variáveis IC, IMG, QMG,
QM1, QM2, QM3, QM4, QM5, QM6; entre o grupo de estudo e o grupo de controle.
Nas áreas motoras motricidade global (QM2) e esquema corporal (QM4), as
diferenças foram estatisticamente superiores para o grupo de controle, e na área
motora organização temporal (QM6) a diferença estatisticamente significante foi
superior para o grupo de estudo.
75
86,1
87,5
93,4
99,7
104,8
102,7
95,5
85,3
90,9
79,8
89,4
98,7
105,4
110
101,997,7
88,8
91,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
IC
(meses)
IMG
(meses)
QMG QM1 QM2
p>0,05
QM3 QM4
p<0,05
QM5 QM6
p<0,05
Estudo Controle
Gráfico 3: comparação do grupo de estudo com o grupo de controle nas variáveis IC, IMG, QMG,
QM1, QM2, QM3, QM4, QM5 e QM6.
A distribuição da classificação do desenvolvimento motor entre o grupo de
estudo e o grupo de controle apresentou resultados semelhantes diferença estatística
p=0,0408 (tabela 13), ficando a maioria de suas amostras classificadas segundo a
EDM em “Normal médio”, 52,2% para o grupo de estudo e 72,5% para o grupo de
controle. Nos dois grupos a distribuição ficou concentrada entre as classificações
“Normal alto, Normal médio e Normal baixo”, portanto dentro do desvio da
normalidade.
Tabela 13: freqüência escala estudo x controle
Escala Motora Estudo Controle
Muito superior (>130)
Superior (129-120)
Normal alto (119-110)
Normal médio (109-90)
Normal baixo (89-80)
Inferior (79-70)
Muito inferior (<70)
Total
---
2,2%
10,9%
52,2%
28,3%
6,5%
---
100%
---
0,6%
13,8%
72,5%
12,5%
0,6%
---
100%
Valor de P=0,0042
Observando na tabela 14, a classificação da lateralidade do grupo de estudo e
do grupo de controle, percebe-se que p=0,0408, os dois grupos apresentam maior
numero de crianças com lateralidade destro completo, seguido de lateralidade
cruzada, e lateralidade indefinida, o grupo de estudo não possui crianças com
76
lateralidade sinistro completo, o grupo de controle apresentou crianças com
lateralidade sinistro completo.
Tabela 14: freqüência lateralidade estudo x controle
Lateralidade Estudo Controle
Destro completo
Cruzada
Indefinida
Sinistro completo
Total
47,8%
32,6%
19,6%
---
100%
53,8%
38,1%
6,2%
1,9%
100%
Valor de p=0,0408
Comparando o grupo de estudo, o grupo de controle, o trabalho de Batistella
(2001) e o trabalho de Pereira (2002), mediante as variáveis IC, IMG, QMG, QM1,
QM2, QM3, QM4, QM5, QM6, classificação segundo a EDM e lateralidade; foram
elaborados o gráfico1, e as tabelas 15 e 16.
Batistella (2001), em sua pesquisa “Estudo de Parâmetros Motores em
Escolares com Idade de 6 a 10 anos da Cidade de Cruz Alta/RS”, que teve como
objetivo, traçar o perfil motor dos escolares da rede pública estadual da Cidade de
Cruz Alta/RS com idade entre 6 e 10 anos, encontrou desenvolvimento motor geral de
sua amostra de 200 crianças classificado em “normal médio”, segundo a EDM.
Pereira (2002), em sua pesquisa “Estudo dos Parâmetros Motores em Crianças
de 2 a 6 anos de Idade na Cidade de Cruz Alta/RS, que teve como objetivo avaliar os
parâmetros motores em crianças de 2 a 6 anos de idade na cidade de Cruz Alta/RS;
verificou numa amostra de 108 crianças, idade cronológica IC=60,9 meses,
IMG=56,9 meses e QMG= 93,8 que classifica em “normal médio” segundo a EDM.
O gráfico 4 demonstra as diferenças entre a idade cronológica e a idade motora
geral dos estudos, que apresentaram um déficit motor baixo. O quociente motor geral
também apresentou valores próximos, classificando todos os estudos em “Normal
médio”.
77
95,5
85,3
90,9
97,7
88,8
91,6
94,9
94,3
100
93,8
56,9
60,9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
IC (meses) IMG (meses) QMG
ESTUDO
CONTROLE
BATISTELLA (2001)
PEREIRA (2002)
Gráfico 4: comparação de estudos com escolares.
A classificação do desenvolvimento motor dos estudos com escolares
apresentou valores maiores para “Normal médio” (tabela 15), e em todos os estudos
os valores ficaram concentrados entre “Normal alto, Normal médio e Normal baixo”,
portanto dentro do desvio da normalidade.
Tabela 15: Classificação do desenvolvimento motor entre estudos.
Pesquisas Muito
Superior
Superior Normal
Alto
Normal
Médio
Normal
Baixo
Inferior Muito
Inferior
ESTUDO
CONTROLE
BATISTELLA (2001)
PEREIRA (2002)
---
---
---
---
2,2%
0,6%
---
---
10,9%
13,8%
7,5%
4,5%
52,2%
72,5%
67%
60,2%
28,3%
12,5%
24%
25,9%
6,5%
0,6%
1,5%
6,6%
---
---
---
2,8%
A lateralidade dos estudos com escolares, apresentou resultados semelhantes
(tabela 16), pois todos os estudos tem o maior número de crianças com lateralidade
destro completo, seguido de lateralidade cruzada, lateralidade indefinida e lateralidade
sinistro completo com o menor número. Somente o grupo de estudo com cardiopatia
congênita não apresentou nenhuma criança com lateralidade sinistro completo.
Tabela 16: freqüência da lateralidade em estudos com escolares.
Pesquisas Destro
Completo
Cruzada Indefinido Sinistro
Completo
ESTUDO
CONTROLE
BATISTELLA (2001)
PEREIRA (2002)
47,8%
53,8%
54%
39,8%
32,6%
38,1%
37%
38,9%
19,6%
6,2%
6,5%
18,5%
---
1,9%
2,5%
2,8%
78
4.3 INTERVENÇÃO MOTORA
Atendendo ao objetivo específico “analisar a influência das intervenções
motoras no desenvolvimento motor de uma criança com cardiopatia”, serão
apresentadas as características biopsicossociais; características sobre os hábitos de
vida; características diagnósticas; resultados da avaliação/reavaliação motora, o relato
das intervenções motoras e a avaliação/reavaliação da consciência/reconhecimento
dos segmentos corporais.
Estudo de caso
Nosso estudo de caso é uma menina com 9 anos de idade, nascida em
29/03/1996, que vamos chamar de Rosa para preservar sua identidade.
Para verificar as “características biopsicossociais” serão apresentados e
discutidos os dados encontrados de acordo com formulário, respondido na entrevista
com a mãe.
Referente aos
antecedentes pré, peri e pós-natal, Rosa apresentou tempo de
gestação de 41 semanas, nasceu de um parto normal e pesando 3.360 gramas.
Referente ao desenvolvimento neuropsicomotor, apresentou características
como linguagem (balbucio) com 24 meses, marcha sem apoio aos 24 meses e controle
de esfíncteres com 24 meses.
Referente ao ambiente familiar, Rosa é a segunda filha numa família de duas,
seus pais são separados mora somente com a mãe, sua mãe é formada no ensino
médio e seu pai possui formação superior.
Referente à conduta da criança, Rosa se alimenta normalmente e tem sono
tranqüilo, em sua conduta perante a família segundo sua mãe, é autônoma e
desobediente.
79
Referente ao ambiente escolar, Rosa freqüenta a segunda série do ensino
fundamental, no período vespertino. Apresenta dificuldades em cálculo, leitura e
escrita, repetiu a primeira série do ensino fundamental, sua conduta escolar foi
considerada normal por sua mãe.
Para verificar as “características dos hábitos de vida” serão apresentados e
discutidos os dados encontrados de acordo com formulário, respondido na entrevista
com a mãe. O formulário será apresentado de forma simplificada, pois algumas
questões foram mencionadas anteriormente neste estudo e outras não foram
incluídas nesta abordagem.
Rosa costuma acordar entre 7 e 8 horas da manhã, dorme antes das 21 horas.
Quando está em casa assiste TV, pratica leituras de lazer e ajuda nas tarefas
domésticas com pouca freqüência; escuta música e estuda, com muita freqüência.
Quando sai de casa costuma conversar /brincar com os amigos, passear a pé, andar de
bicicleta e brincar de boneca com muita freqüência; e jogar bola, com pouca
freqüência. Possui materiais de esporte como bicicleta, raquete de tênis, bonecas e
jogos. Seus locais preferidos para práticas esportivas são o pátio da casa, o condômino
onde mora, o parque e a praça. Participa do coral da escola dominical, como grupo de
atividades na escola no turno oposta da aula. praticou natação com orientação de
um professor, 2 vezes por semana durante uma hora, praticou por um ano, parando no
semestre passado.
Para verificar as “características diagnósticas” serão apresentados e discutidos
os dados encontrados de acordo com formulário, preenchido na entrevista com a mãe,
ou colaboração da cardiologista pediátrica, bem como informações colhidas do
prontuário médico.
80
Rosa tem o diagnóstico de Tetralogia de Fallot, com estenose pulmonar valvar
leve, e ventrículo direito levemente aumentado; observado aos dois dias de idade.
Diagnóstico clinico confirmado por exame físico, Raio-X, Eletrocardiograma,
Ecocardiograma e também Cateterismo. Rosa recebe atendimento sistemático no
Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis/SC.
Foi submetida à cirurgia de correção com um ano de idade no Hospital santa
casa de Porto Alegre/RS, não apresenta quadro de cianose e não ingere
medicamentos.
Para verificar a “avaliação/reavaliação motora” serão apresentados e
discutidos os dados encontrados de acordo com a Escala de Desenvolvimento Motor –
EDM (ROSA NETO, 2002).
Rosa foi avaliada (pré-teste) em 15/03/2006 e apresentou idade cronológica
(IC) de 108 meses.
Foi reavaliada (pós-teste) em 30/06/2006, depois das 18 sessões de
intervenção motora que freqüentou, e apresentou IC de 111 meses. A IC aumentou em
3 meses, mesmo tempo de duração da intervenção motora.
A idade motora geral (IMG) no pré-teste foi de 91 meses, no pós-teste foi de
103 meses (gráfico 5). A IMG demonstrou um avanço de 12 meses, diminuindo de 17
para 8 meses a diferença entre IC e IMG.
108
102
91
72
96
96
72
108
114
103
120
108
96
72
0
20
40
60
80
100
120
IMG IM1 IM2 IM3 IM4 IM5 IM6
Pré-teste
Pós-teste
Gráfico 5: perfil motor antes e após as intervenções.
81
Conforme gráfico 5 acima, observa-se avanços positivos na idade motora geral
(IMG), nas idades motoras da motricidade fina (IM1), equilíbrio (IM3) e esquema
corporal (IM4). Porém, não houve evolução na motricidade global (IM2), na
organização espacial (IM5) e na organização temporal (IM6).
O quociente motor geral (QMG) no pré-teste foi de 84,3, no pós-teste foi de
92.8 (gráfico 6). O QMG avançou e modificou sua classificação de “normal baixo”
para “normal médio” (tabela 20).
O quociente motor da motricidade fina (QM1) no pré-teste foi de 94,4, no pós-
teste foi de 102,7. O QM1 apresentou avanço positivo porem não mudou de
classificação ficando classificado como “normal médio” nos dois momentos.
O quociente motor da motricidade global (QM2) no pré-teste foi de 100, e no
pós-teste foi de 97,3. O QM2 apresentou mudança negativa porém manteve sua
classificação em “normal médio” nos dois momentos.
O quociente motor do equilíbrio (QM3) no pré-teste foi de 66,7, e no pós-teste
foi de 108,1. O QM3 foi o quociente que apresentou maior avanço, e mudou sua
classificação de “muito inferior” para “normal médio”.
O quociente motor do esquema corporal (QM4) no pré-teste foi de 88,9, e no
pós-teste foi de 97,3. O QM4 apresentou avanço positivo e modificou sua
classificação de “normal baixo” para “normal médio”.
O quociente motor da organização espacial (QM5) no pré-teste foi de 88,9, e
no pós-teste foi de 86,5. O QM5 apresentou mudança negativa mesmo assim não
modificou sua classificação de “normal baixo” nos dois momentos.
O quociente motor da organização temporal (QM6) no pré-teste foi de 66,7, e
no pós-teste foi de 64,9. O QM6 apresentou uma pequena mudança negativa porem
82
não mudou de classificação ficando classificado como “muito inferior” nos dois
momentos.
66,7
88,9
88,9
66,7
100
94,4
84,3
91
108
64,9
86,5
97,3
108,1
97,3
102,7
92,8
103
111
0
20
40
60
80
100
120
IC
meses
IMG
meses
QMG QM1 QM2 QM3 QM4 QM5 QM6
Pré-teste Pós-teste
Gráfico 6: valores dos quocientes motores no pré-teste e no pós-teste.
Conforme apresentado no gráfico 5, os quocientes motores das áreas da
motricidade fina, equilíbrio e esquema corporal mostraram avanço positivo. Na
motricidade global, organização espacial e organização temporal não foram
observadas mudanças positivas; observa-se que essas variáveis apresentaram as
mesmas idades motoras antes e após as intervenções (gráfico 6), porém, as pontuações
dos quocientes motores obtidas na segunda avaliação foram inferiores à primeira, isso
ocorre porque os quocientes motores consideram a idade cronológica, enquanto que as
idades motoras não a consideram.
Tabela 17: classificação pela EDM no pré e pós teste.
Variáveis Classificação antes Classificação depois
Quociente motor geral – QMG
Motricidade fina – QM1
Motricidade global – QM2
Equilíbrio – QM3
Esquema corporal – QM4
Organização espacial – QM5
Organização temporal – QM6
Lateralidade
Normal baixo
Normal médio
Normal médio
Muito inferior
Normal baixo
Normal baixo
Muito inferior
Indefinida
Normal médio
Normal médio
Normal médio
Normal médio
Normal médio
Normal baixo
Muito inferior
Indefinida
83
Leurs et al apud (LOPES et al, 2003) encontrou usando a bateria KTK, em seu
estudo com 38 crianças com cardiopatia congênita um déficit de coordenação motora
em 63% de sua amostra. Após intervenção psicomotora de oito meses, com duração
de 1 hora e meia por sessão semanal, obteve um resultado onde 71% de sua amostra
foram classificadas com um desenvolvimento da coordenação motora normal. Dando
ênfase à importância da intervenção motora nesta população.
Os benefícios da picomotricidade foram evidenciados no estudo de Poeta
(2005), quando a autora avaliou através da EDM o seu estudo de caso (uma criança
com indicadores de TDAH), e obteve resultados positivos após 25 sessões de
intervenção motora, passando da classificação de “inferior” para “normal baixo”.
Para verificar o “relato das intervenções motoras” serão apresentados e
discutidos os dados encontrados de acordo com o anedotário, preenchido pelo
pesquisador.
Descrito de forma qualitativa, abordado de maneira geral, tendo como base o
comportamento apresentado pela criança durante as intervenções.
Rosa freqüentou as intervenções motoras durante 3 meses, compareceu em 18 sessões
das 26 ministradas no semestre, estando ausente em 8 sessões.
No primeiro contato com o grupo apresentou-se tímida, preferindo brincar
em alguns momentos, ficando isolada do grupo. Durante o desenvolvimento das
sessões foi modificando este comportamento e na medida em que ia conhecendo seus
colegas e monitores foi adquirindo segurança e espaço dentro do grupo, participando
mais das atividades coletivas.
Apresentou em algumas sessões pouca motivação participando com menos
intensidade das atividades. Quando se apresentava mais motivada, sua participação
era mais intensa, conseguindo maior concentração e consequentemente maior sucesso
84
na realização da tarefa. Rosa compreendia os objetivos das atividades propostas com
facilidade, porem sua execução variava entre dificuldade e sucesso.
Nas atividades propostas para estimular a motricidade fina, Rosa não
apresentou dificuldades estando sempre motivada e participativa. Identificava-se
muito com estas atividades por serem realizadas na posição sentada sem muita
movimentação. Usa tesoura, realiza colagem e desenha com facilidade, tem boa
capacidade de concentração e demonstrou-se caprichosa.
Nas atividades propostas para estimular a motricidade global, apresentou
dificuldades no inicio para jogar uma bola de tênis para cima e quicar uma bola de
basquete somente com uma das mãos, apresentando melhoras durante a sessão. Rosa
sempre se concentra antes da tarefa, não realizando de forma automática. Participou
de todas as atividades propostas, mesmo apresentando algumas dificuldades
conseguiu realiza-las com êxito.
Nas atividades propostas para estimular o equilíbrio, participou ativamente das
aulas realizando todas as atividades, dentro do seu limite. Explora suas possibilidades
e evolui nas atividades durante a aula. Demonstrou equilíbrio nos exercícios na trave e
sobre a linha da quadra, conseguindo realizar as atividades com sucesso.
Nas atividades propostas para estimular o esquema corporal, apresentou
dificuldade nas atividades de expressão corporal, não possuía um repertorio rico em
suas ações de mímica. Identifica as pessoas (através do tato) observando as
características físicas, porém não lembrava do nome dos colegas. Apresentou-se
muitas vezes dispersa e desmotivada quando na realização das atividades propostas
para o esquema corporal.
Nas atividades propostas para estimular a organização espacial, das quatro
sessões programadas durante o semestre, Rosa compareceu em uma delas,
85
apresentou dificuldades em definir figuras geométricas em atividade proposta,
conseguiu sucesso ao encontrar o colega pela orientação sonora. Apresentou-se
motivada e participativa.
Nas atividades propostas para estimular a organização temporal, conseguiu
realizar a maioria das atividades com facilidade. Sua atividade preferida é pular corda,
pula corda com facilidade sozinha ou em dupla. Apresentou dificuldade para realizar
as atividades com bola. Não gostando das atividades com bola, apresentava-se
desmotivada, dificultando a execução não obtendo sucesso nas atividades mais
complexas. Nas atividades com instrumento musical (pandeiro) apresentou
dificuldade, porem quando foi auxiliada conseguiu realizar.
Para verificar a “avaliação/reavaliação da consciência/reconhecimento dos
segmentos corporais” serão apresentados e discutidos os dados encontrados de acordo
com o a análise qualitativa do desenho a figura humana.
Rosa apresentou na avaliação, um desenho que corresponde à etapa estrutura
cabeça/corpo forma agregada segundo Greig (2004), que corresponde ao desenho de
crianças com aproximadamente 4 anos e meio de idade (figura 12). Toma impulso
partindo da cabeça, prossegue com corpo em trajetória circular (podendo também ter
uma forma retangular ou trapezoidal), em alguns casos presença de pescoço,
distingue-se o tórax do abdômen; podem aparecer calças e saias. Nesta etapa pode
surgir dificuldade em torno da concepção do esquema corporal (GREIG, 2004).
86
Figura 12: avaliação da figura humana estudo de caso.
Na reavaliação após 18 sessões de intervenção motora, Rosa apresentou o
desenho da figura humana na etapa estrutura cabeça/corpo forma aperfeiçoada (figura
13), que, corresponde ao desenho de crianças que exige maior precisão do gesto,
inicia-se pela união do pescoço ou dos braços com o tronco, incluso em um mesmo
traçado integrado (GREIG, 2004).
Citando a “Escala Wintsch”, Fonseca (1983) comenta que aos 6 anos a criança
desenha membros mal articulados; aos 7 anos o desenho da figura humana ganha
membros de duplo contorno, e também a diferenciação de sexos por meio do
vestuário; aos 8 presencia-se o aparecimento do pescoço e aos 9 anos de idade são
presentes pormenores cada vês mais numerosos, surgindo também uma melhor
construção gráfica.
87
Figura 13 reavaliação da figura humana estudo de caso.
Rosa apresentou desenhos com visíveis avanços entre o pré e o pós teste, no
seu primeiro desenho observam-se membros representados com apenas um traço,
ausência de pernas, e pobreza de detalhes, revelando um desenho imaturo se
considerada a idade cronológica e a literatura pesquisada. No desenho seguinte,
demonstrou desenho mais desenvolvido, mudando de etapa segundo as características
de Greig (2004), apresentando membros com traço duplo, presença do pescoço,
calçados, vestimenta adequada, maior riqueza de detalhes na figura humana. Seu
desenho ganhou outros elementos de acabamento como, um comentário, um coração e
livros. Rosa apresentou características em seu segundo desenho que evidenciam um
desenvolvimento na consciência/reconhecimento dos segmentos corporais.
88
CONCLUSÕES
A seguir serão apresentadas as conclusões desta pesquisa, considerando os
objetivos específicos e os resultados encontrados.
As características biopsicossociais e as características diagnósticas das
crianças com cardiopatia apresentaram resultados que oscilaram próximos aos
encontrados na literatura; o estado nutricional apresentou valores que apontam a
maioria das crianças como eutróficas, e em menor numero as desnutridas, obesas e
com sobrepeso, respectivamente; a consciência e o reconhecimento dos segmentos
corporais apresentou valores onde a maioria das crianças se encontravam dentro
das categorias mais desenvolvidas.
As crianças com cardiopatia apresentaram um perfil motor geral
classificado em “normal médio”, as áreas motoras que apresentaram dificuldade
foram a organização espacial e a organização temporal classificadas ambas em
“Normal baixo”, portanto dentro da normalidade. A lateralidade apresentou maior
número de crianças classificadas como destro completo, seguido de cruzada e
indefinida, não foi registrado nenhuma criança como sinistro completo.
A cardiopatia congênita acianogênica foi mais freqüente estando de
acordo com a literatura, o quociente motor geral dos dois grupos de cardiopatas
não apresentou diferença estatisticamente significante, estando os dois grupos
classificados em “Normal médio”. Quanto ás áreas motoras o esquema corporal
apresentou valor com diferença estatística significante superior para o grupo com
cardiopatia congênita acianogênica.
O grupo de estudo (cardiopatas) e o grupo de controle (normais) não
apresentaram diferença estatisticamente significante em relação ao quociente
89
motor geral, ficando os dois grupos classificados em “Normal médio”. As áreas
motoras motricidade global e organização espacial apresentaram diferença
estatística significante com valores maiores para o grupo de controle. A área
motora esquema corporal apresentou diferença estatisticamente significante com
valor superior para o grupo de estudo.
Após a intervenção motora percebe-se avanço positivo nas áreas
motoras da motricidade fina, equilíbrio e esquema corporal. O quociente motor
geral e a idade motora geral apresentaram mudança positiva, a classificação do
nível do desenvolvimento motor mudou de “normal baixo” para “normal médio”.
A criança que corresponde o estudo de caso apresentou melhoras observadas pelo
pesquisador, e acompanhando o decorrer das sessões se apresentava participativa,
esforçada e integrada no grupo. Seu desenho evoluiu passando para uma categoria
mais desenvolvida, permitindo-nos inferir que alcançou maior
consciência/reconhecimento dos segmentos corporais.
90
SUGESTÕES
Após a realização desta pesquisa e de suas conclusões observou-se o
surgimento de algumas questões, e que uma continuidade é necessária para o
desenvolvimento do assunto. Algumas sugestões são evidentes, para estender os
olhares de futuras pesquisas para que estas contemplem uma abordagem mais
ampla da saúde:
- Sugere-se uma amostra mais numerosa, para poder utilizar as divisões que as
classificações das cardiopatias congênitas oferecem, e poder compará-las com
maior número de casos entre as classificações;
- Aplicação do de um questionário de hábitos de vida e/ou qualidade de vida com
a população total, para correlações correspondentes;
- Realização de uma pesquisa longitudinal, com intervenção motora, e assim
observar o desenvolvimento motor ao longo de um período da infância;
- Observar aptidão física e possíveis limitações funcionais, e suas relações com
desenvolvimento motor e demais aspectos envolvidos.
91
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