RESUMO
Derrames pleurais benignos e malignos são situações clínicas que envolvem tratamento e
prognóstico completamente distintos e freqüentemente antagônicos. Em virtude disso é de
fundamental importância adequada diferenciação entre eles, com a utilização de métodos
menos caros e invasivos. Com essa finalidade, tem sido utilizada a identificação de
substâncias orgânicas produzidas e liberadas por neoplasias em fluidos e tecidos corporais,
denominadas de marcadores tumorais. O presente estudo avaliou a distribuição dos
marcadores tumorais CEA, CYFRA 21-1 e CA 15-3 em derrames pleurais benignos e
malignos através de sua dosagem em soro e líquido pleural e determinou a sensibilidade
de cada marcador nesses dois fluidos biológicos. Foram estudados prospectivamente 85
pacientes de uma amostra consecutiva de 91 pessoas encaminhadas para investigação de
derrame pleural, no serviço de Pneumologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em
um período de 08 meses. No estudo do líquido pleural, foram identificados os exsudatos e
transudatos, através dos critérios estabelecidos por Light. Foram diagnosticados 36 casos
malignos (42,4%), 30 benignos (35,3%). Em 19 pacientes (22,3%) não foi possível
estabelecer diagnóstico. Para a determinação da sensibilidade de cada marcador, foram
realizadas curvas ROC para identificação do melhor ponto de corte para cada um deles sob
a condição de que a especificidade não fosse inferior a 90%. Foram dosados os
marcadores tumorais CEA, CYFRA 21-1 e CA 15-3 em amostras de sangue e líquido
pleural através do método de eletroquimioluminescência. Nos pacientes com derrame
pleural maligno os valores dos marcadores tumorais CEA e CYFRA 21-1 foram
significativamente maiores no líquido pleural do que no soro (p<0,0014 e 0,001,
respectivamente), fato não observado para o CA 15-3 (p=1,00). Nos pacientes com
derrame pleural benigno, os valores do CYFRA 21-1 foram significativamente maiores no
líquido pleural do que no soro (p<0,001), enquanto que para os valores de CEA e CA 15-3,
ocorreu o oposto (p<0,001).Todos os marcadores apresentaram diferença significativa
entre os casos malignos e benignos, tanto no líquido pleural,quanto no soro (p<0,001 para
o CEA e CYFRA 21-1, p=0,045 para CA 15-3 no soro). %. Foi encontrada sensibilidade
para CEA, CYFRA 21-1 e CA 15-3 no líquido pleural de 69,4%, 69,4% e 66,7%,
respectivamente, e quando estes foram associados a sensibilidade foi de 80,6%. No soro a
sensibilidade foi de 57,1%, 71,4% e 48,6% para CEA, CYFRA 21-1 e CA 15-3,
respectivamente e quando associados foi de 77%. O presente trabalho permitiu avaliar os
marcadores tumorais CEA, CA 15-3 e CYFRA 21-1 em um serviço de doenças
respiratórias que é referência para neoplasias torácicas. Os resultados apresentados
sugerem que a utilização desses marcadores é útil na diferenciação entre os derrames
pleurais malignos e benignos. É provável que nos casos de derrames pleurais
inconclusivos, mas com forte suspeita de malignidade, a utilização desses marcadores
consiga evitar a realização de procedimentos de maior morbidade como as biópsias
cirúrgicas.
Palavras-chave: marcadores tumorais, CYFRA 21-1(fragmento de citoqueratina 21-1),
CEA(antígeno carcinoembrionário), CA15-3(antígeno do carboidrato 15-3), derrame
pleural.