as meias manchetes que lemos ao passar rapidamente por uma banca de jornal.
Dialogando com as mesmas questões, sob outro contexto, Regina Miranda
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(2008:11), em seu livro, Corpo-Espaço, discursa sobre os excessos da pós-
modernidade. A autora cita, da Sociologia, o autor Zigmunt Bauman
1
que diz que a
tarefa da modernidade era quebrar moldes e substituí-los por outros e libertar as
pessoas de suas velhas prisões; e que vem sendo substituída por um novo processo de
contínua liquefação de moldes.
Estes moldes em estado de liquidez encontram-se em contínuas
transformações, nas quais sujeito, espaço e objeto se confundem e se
encharcam. Fluidez ou Liquidez, enquanto processos de contínua
transformação, tornam-se metáforas adequadas para captar a recente
fase da história da modernidade tardia, da pós modernidade, da
contemporaneidade, ou como preferirem denominar o momento em que
vivemos. (Miranda, 2008:11,12)
Este conceito de Liquidez é entendido, nesta pesquisa artística, como uma das
características do cenário onde se produz arte, no Brasil, em 2009. E por isso,
diretamente implicado na estética do espetáculo Acasos em que as cenas escorrem de
uma para a outra, ao mesmo tempo que se encharcam uma das outras; onde a fluidez
da movimentação não passa desapercebida. Portanto o conceito de liquidez, onde tudo
se torna líquido, é usado como imagem poética que inspira as ocorrências do processo
de criação.
Durante o mestrado, outro conceito foi bastante discutido e acredito que da
mesma forma que liquidez é entendido como imagem-poética, rizoma
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O conceito rizoma
também
dialogou com questões do processo de criação e contribuiu muito para a reflexão do
trabalho artistico.
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Diretora do Laban/Bartenieff Institute- LIMS® em Nova Iorque, fundadora do Centro Laban-Rio, analista de
Movimento, coreógrafa e autora de “O movimento Expressivo (1979)”, “Corpo-Espaço (2008)” e “Laban Lead –
liderança como Arte (2009).”
foi desenvolvido pelos filósofos franceses Gilles Deleuze e
1
Bauman, Z. Amor Líquido. (2004).
2
DELUZE, G. GUATARRI, F. Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia. Vol.1. 1996.
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Na Biologia, a noção de rizoma foi adotada da estrutura de algumas plantas cujos brotos podem ramificar-se em
qualquer ponto, assim como engrossar e transformar-se em um bulbo ou tubérculo; o rizoma da botânica, que tanto
pode funcionar como raiz, talo ou ramo, independente de sua localização na figura da planta, serve para exemplificar
um sistema epistemológico onde não há raízes - ou seja, proposições ou afirmações mais fundamentais do que outras