Download PDF
ads:
Larissa de Paula Marques
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE TRATAMENTO
ORTODÔNTICO DA CLASSE I COM EXTRAÇÕES UTILIZANDO O
SISTEMA OBJETIVO DE GRADUAÇÃO DO AMERICAN BOARD OF
ORTHODONTICS
Dissertação apresentada à Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Odontologia
Área de concentração: Ortodontia.
Orientadora: Profa. Dra. Vânia Célia Vieira de
Siqueira
Co-orientador: Prof. Eustáquio Afonso Araújo
Co-orientador: Prof. José Maurício de Barros
Vieira
Belo Horizonte
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Marques, Larissa de Paula
M357a Avaliação dos resultados de tratamento ortodôntico da classe I com extrações
utilizando o Sistema Objetivo de Graduação do American Board of Orthodontics
/ Larissa de Paula Marques. Belo Horizonte, 2007.
78f. : il.
Orientadora: Vânia Célia Vieira de Siqueira
Co-orientador: Eustáquio Afonso Araújo
Co-orientador: José Maurício de Barros Vieira
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Bibliografia.
1. Ortodontia. 2. Má oclusão de Angle classe I . 3. Avaliação de resultados.
4. American Board of Orthodontics I. Siqueira, Vânia Célia Vieira de. II. Araújo,
Eustáquio Afonso. III. Vieira, José Maurício de Barros. IV. Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em
Odontologia. III. Título.
CDU: 616.314-089.23
ads:
.
A meus pais,
Pelo suporte e incentivo ao meu constante aprendizado;
Ao meu marido, José Renato,
Por toda compreensão e apoio para alcançarmos juntos nossos objetivos;
dedico este trabalho.
Agradecimentos
À Professora Dra. Vânia Célia Vieira de Siqueira, pelo acolhimento e conhecimento
compartilhado e pelo empenho para conclusão do meu trabalho.
Ao Professor Eustáquio Afonso Araújo, por sua colaboração especial na orientação deste trabalho
e por ser um exemplo profissional.
Ao Professor José Mauricio de Barros Vieira, pelo apoio e contribuição no desenvolvimento
deste trabalho.
Ao Professor Dauro Douglas Oliveira, pelos conhecimentos compartilhados e pela dedicação
para formação de profissionais mais qualificados e éticos.
À querida Luciana Gontijo, pelo entusiasmo em minha iniciação na Ortodontia e pelo incentivo
para continuidade deste caminho.
Ao Bruno Pereira, que demonstrou sempre seu interesse pela Ortodontia e colaborou muito no
decorrer deste curso.
A todos os Professores, pelo grande aprendizado na Ortodontia.
Ao Diego, pela disponibilidade e pelo carinho despendido em todos os momentos em que foi
requisitado.
Aos meus colegas, especialmente, José Luiz, Klinger, Leonardo, Mariana e Thiago pelo
companheirismo, união, paciência e solidariedade desenvolvidos durante todo o curso.
Aos funcionários, da PUC pela competência e presteza.
A minha família, pelo amor incondicional.
Ao meu marido, por todo o amor e compreensão durante os momentos de ausência e pela ajuda
incessante prestada.
Em especial, a DEUS, que me ilumina, me guia e me guarda.
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam
um pouco de nós.”
Antoine de Saint Exupéry
RESUMO
A importância atribuída a excelência dos resultados se expressa na preocupação dos
ortodontistas com os aspectos funcionais, morfológicos, estéticos e a estabilidade do tratamento.
Todos esses aspectos são discutidos por diferentes autores. Entretanto, a avaliação desses
resultados realizava-se de forma subjetiva. Buscando a padronização de um todo de avaliação
dos resultados de tratamentos ortodônticos vários índices foram criados. Baseado em uma revista
da literatura, objetivou-se neste estudo avaliar os resultados de tratamentos ortodônticos
realizados em um Programa de Pós-graduação em Ortodontia, através do Sistema Objetivo de
Graduação do American Board of Orthodontics. Vinte e oito pacientes que possuíam
documentação completa com modelos em gesso e radiografias panorâmicas finais foram
avaliados. Todos os pacientes foram tratados por alunos do Programa de pós-graduação em
ortodontia e finalizados entre os anos de 1991 e 1996. As documentações pré-tratamento
mostraram que todos os pacientes apresentavam maloclusão de Classe I de Angle. Em todos os
casos foram realizadas extrações de quatro pré-molares. Os modelos e radiografias panorâmicas
pós-tratamento foram pontuados de acordo com o Sistema Objetivo de Graduação do American
Board of Orthodontics. Os resultados mostraram que 53,6 % exibiram pontuações negativas até
trinta pontos. O alinhamento contribuiu com 27,5% da pontuação total, e as angulações das raízes
com 16,2 %. O critério contatos interproximais foi o menos pontuado com 6% da pontuação total.
Concluiu-se que de acordo com o American Board of Orthodontics 53,6 % dos pacientes da
amostra estudada seriam considerados aprovados com pontuações até trinta pontos.
Palavras Chave: Índices oclusais. Sistema Objetivo de Graduação. Resultados de tratamentos.
ABSTRACT
The importance given to the excellence of the results has been expressed on the
orthodontists concern for functional, morphological, esthetic aspects and the stability of
treatment. All these aspects have been discussed by different authors. However, the evaluation of
these results was done in a subjective way. Many indices were created in order to achieve the
standardization of an evaluation method for the orthodontic treatment results. Based on an
overview of the literature, the aim of present study was to evaluate the treatment results in a
postgraduate orthodontic program, with the American Board of Orthodontics Objective Grading
System. The treatment records of twenty eight patients with a complete set of documents with
posttreatment dental casts and panoramic radiographs were examined. All patients were treated
by postgraduate orthodontic students and had treatment concluded between 1991 and 1996. Pre-
treatment, all pacients had Angle’s Class I malloclusion. Premolar extractions were necessary in
all cases. The posttreatment panoramic radiographs and dental casts were scored according to the
ABO Objective Grading System. The results showed that 53.6% had negative score up to thirty
points.
The alignment contributed with 27.5% of the total score, and the root angulation with 16.2%.
The criteria interproximal contacts was the least scored with 6% of total. According to the
American Board of Orthodontics, it can be concluded that 53.6% of the patients in the studied
sample would be considered approved with rates up to thirty points.
Key words: Occlusal indices. Objective Grading System. Treatment outcome.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Régua e o CD-ROM do ABO.............................................................. 51
FIGURA 2: Mensuração de irregularidades no alinhamento...................................52
FIGURA 3: Mensuração de irregularidades nas cristas marginais...........................53
FIGURA 4: Mensuração de irregularidades na inclinação vestíbulo-lingual...........54
FIGURA 5: Mensuração de irregularidades nas relações oclusais............................55
FIGURA 6: Mensuração de irregularidades nos contatos oclusais...........................56
FIGURA 7: Mensuração de irregularidades no trespasse horizontal.........................57
FIGURA 8: Mensuração de irregularidades nos contatos inter-proximais................58
FIGURA 9: Mensuração de irregularidades na angulação de raízes..........................59
FIGURA 10: Avaliação qualitativa das finalizações dos tratamentos da Classe I......65
FIGURA 11: Pontuação média negativa por critério....................................................66
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Valores de teste “t” de Student pareado e medidas descritivas dos seis modelos
avaliados em dois momentos diferentes, comparando-se a variação intra-examinador.................62
TABELA 2 Valores de teste “t” de Student pareado e medidas descritivas dos seis modelos
avaliados pelo pesquisador e padrão ouro......................................................................................63
TABELA 3 Valores de teste “t” de Student pareado e medidas descritivas do critério Angulação
de raízes avaliadas pelo pesquisador.............................................................................................64
TABELA 4 Análise descritiva do número médio do total de pontos negativos por critério..........65
LISTA DE ABREVIATURAS
ABO – American Board of Orthodontics
ADA – American Dental Association
BBO – Board Brasileiro de orthodontia
PAR – Peer Assessment Rating
PUC Minas – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
SOG – Sistema Objetivo de Graduação
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................12
2- PROPOSIÇÕES ...............................................................................................14
2.1-
OBJETIVO GERAL
.......................................................................................14
2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
..........................................................................14
3- ARTIGO 1: “A EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE AVALIAÇÃO DE
RESULTADOS DE TRATAMENTOS NA ORTODONTIA”.....................15
4- ARTIGO 2: “AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE TRATAMENTOS
DE CLASSE I COM EXTRAÇÕES UTILIZANDO O SISTEMA
OBJETIVO DE GRADUAÇÃO DO AMERICAN BOARD OF
ORTHODONTICS”...........................................................................................41
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................74
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES...................75
7- ANEXOS ...........................................................................................................76
12
1 INTRODUÇÃO GERAL
Ao longo do tempo, a ortodontia evoluiu técnica e cientificamente, permitindo melhorar
a prática ortodôntica no intuito de aumentar a eficácia e a eficiência de seus tratamentos.
Obtêm-se bons resultados quando existe um controle sistemático de todas as etapas do
tratamento, desde o correto diagnóstico, escolha dos materiais, eleição e condução adequada da
mecânica e uma criteriosa finalização. Durante todas essas etapas, busca-se estabelecer uma
oclusão mutuamente protegida, garantir boa saúde periodontal, promover estética facial e dentária
adequadas e estabilidade a longo prazo
4
.
Como a estabilidade correlaciona-se com o nível de finalização, observa-se a necessidade
de se realizarem avaliações de resultados de tratamentos ortodônticos
2
. A idéia de pontuar os
resultados rotineiramente e avaliá-los na prática clínica, proporciona um auto-aprendizado e
melhora a qualidade de tratamentos futuros
3
.
Observa-se um aumento de trabalhos científicos avaliando casos tratados
ortodonticamente, ressaltando a atuação do AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS
(ABO)
5
e sua implementação, no nível nacional, por meio do BOARD BRASILEIRO DE
ORTODONTIA (BBO)
1
.
A sistematização do trabalho, utilizando protocolos bem definidos, evita condutas clínicas
parciais ou incompletas na finalização dos casos. Esses protocolos baseiam-se em padrões de
avaliação pré-estabelecidos ou na reunião de critérios necessários para alcançar a excelência e
facilitar a visualização crítica na rotina clínica ortodôntica
4
.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar os resultados dos tratamentos ortodônticos de
casos Classe I de Angle, com extração de quatro pré-molares, realizados na clínica de pós-
graduação em Ortodontia da PUC MINAS, no período entre 1991 e 1996, de acordo com o
13
sistema proposto e utilizado pelo AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS e BOARD
BRASILEIRO DE ORTODONTIA. Além disso, propõe-se identificar quais os critérios do
Sistema Objetivo de Graduação que contribuíram para o resultado final.
14
2 PROPOSIÇÃO
2.1 - Objetivo Geral
Sedimentar o conhecimento sobre os diversos índices de avaliação de resultados de
tratamento ortodôntico existentes na atualidade.
2.2 - Objetivos Específicos
2.2.1 Avaliar os resultados do tratamento ortodôntico nos casos de maloclusão de Classe I de
Angle, com extrações de pré-molares, utilizando o Sistema Objetivo de Graduação (SOG)
elaborado pelo American Board of Orthodontics (ABO).
2.2.2 Identificar quais as características que apresentaram as maiores pontuações negativas, ou
seja, aquelas que exibiram as maiores deficiências de finalização dos tratamentos ortodônticos
realizados.
15
3 – ARTIGO 1
Título: A evolução dos índices de avaliação de resultados de tratamentos na
Ortodontia
16
3 ARTIGO 1: A evolução dos índices de avaliação de resultados de tratamentos na
Ortodontia
(Artigo de divulgação)
RESUMO
A importância atribuída à excelência dos resultados expressa-se na preocupação dos
ortodontistas com os aspectos funcionais, morfológicos, estéticos e com a estabilidade do
tratamento. Todos esses aspectos são discutidos por diferentes autores. Entretanto a avaliação
desses resultados realizava-se de forma subjetiva. Buscando a padronização de um método de
avaliação dos resultados de tratamentos ortodônticos, vários índices foram criados. O presente
artigo realizou uma revista da literatura sobre índices usados para pontuar os resultados de
tratamentos na ortodontia.
Palavras-chaves: Avaliação ortodôntica. Resultados ortodônticos. Índices oclusais.
ABSTRACT
The importance given to the excellence of the results has been expressed on the
orthodontists concern for functional, morphological, esthetic aspects and the stability of
treatment. All these aspects have been discussed by different authors. However, the evaluation of
these results was done in a subjective way. Many indices were created in order to achieve the
standardization of an evaluation method for the orthodontic treatment results. This article is based
on an overview of the literature about indices which were used to rate the results in orthodontic
treatment.
Key-words: Orthodontic evaluation. Treatment outcome. Occlusal indices.
17
INTRODUÇÃO
A finalização e a qualidade dos tratamentos ortodônticos constituem-se pilares
fundamentais na clínica e um assunto muito discutido na literatura ortodôntica.
Gottlieb
8
considerava que a pontuação e a avaliação de seus resultados o auxiliava como
uma forma de auto-aprendizado, além de proporcionar um aumento da qualidade dos tratamentos
futuros.
Entretanto não existia uma padronização dos métodos de avaliação dos resultados, e os
registros pós-tratamentos realizavam-se de forma subjetiva.
O índice PAR foi um dos primeiros índices desenvolvido com propósitos epidemiológicos
e, muitas vezes, utilizado para avaliar resultados de tratamentos ortodônticos
4, 20
.
Recentemente, elaboraram-se vários índices, mas nenhum, até o momento, mostrou-se
universalmente aceito. Alguns índices de avaliação dos resultados limitam-se a avaliar a oclusão,
outros enfatizam a importância dos resultados esqueléticos e do perfil tegumentar
19
.
Durante a finalização ortodôntica, deve-se manter o foco nos objetivos do tratamento,
buscando a excelência dos resultados.
O presente artigo realizou uma revista da literatura sobre os índices de avaliação dos
resultados de tratamentos mais utilizados em ortodontia.
18
REVISTA DA LITERATURA
Variações na metodologia, conceitos e terminologia constituem-se a maior razão para a
falta de um índice oclusal universalmente aceito. Por essas razões, Summers
24
desenvolveu um
índice de oclusão: “The Oclusal Index” (OI). Baseou-se em nove características para pontuar o
índice oclusal: a idade dentária, a relação molar, a sobremordida, a sobressaliência, a mordida
cruzada posterior, os contatos oclusais posteriores, o mal posicionamento dentário, a relação de
linhas médias e a ausência de dentes permanentes. O autor testou o índice comparando-o com um
padrão clínico que incluía considerações estéticas, funcionais e dificuldade de tratamento. Uma
amostra de modelos de 60 pacientes da “Tecumseh Community Health Study” foi pontuada pelo
Índice Oclusal e por um padrão clínico derivado do julgamento de cinco ortodontistas, membros
da Universidade de Michigan, e um dentista de saúde pública da mesma Universidade. Os seus
resultados mostraram que o Índice Oclusal apresentou alta validade e confiabilidade.
Andrews
3
discutiu seis características observadas em cento e vinte modelos de estudo de
pacientes com oclusão normal, não tratados ortodonticamente: a relação de molar em Classe I de
Angle, a angulação e a inclinação das coroas dentárias, a ausência de rotações, a ausência de
espaços interdentários e o plano oclusal reto ou com leve curva de Spee. O autor considerava
essas seis características como as mais importantes para complementar o diagnóstico ortodôntico,
constituindo-se diretrizes para mensurar o sucesso de tratamento ortodôntico em uma relação
estática. Obtendo as seis chaves de oclusão, objetivava alcançar uma oclusão final ideal.
Muitos estudos mostraram a prevalência de maloclusões em várias populações, segundo
Pickering & Vig
16
. A ausência de um método objetivo de registro dificultava a avaliação e a
comparação dos achados de tais estudos. Não existia um consenso do grau de desvio do normal
arbitrário que constituía uma maloclusão. Epidemiologistas interessados em determinar as
19
necessidades dentárias das comunidades verificaram que quantificar a severidade de maloclusão
mostrava-se muito mais difícil que mensurar a prevalência e a severidade de doença cárie e
doença periodontal. O estudo de Pickering & Vig
16
utilizou o Índice Oclusal descrito por
Summers
24
, com objetivo de avaliar os pacientes tratados no departamento ortodôntico do
Hospital de Londres. O uso do Índice Oclusal mostrou que as maloclusões tratadas com
aparelhos fixos em sua amostra produziram melhores resultados do que os casos com aparelhos
removíveis. A classificação subjetiva de Summers
24
não refletiu a verdadeira necessidade de
tratamento para o padrão Britânico. O Índice Oclusal com modificações para o padrão britânico
poderia ser aplicável na estimativa da severidade de maloclusão e efetividade de tratamento.
Em 1962, a Organização Mundial de Saúde
28
definiu, como anomalia dentofacial
deficiente, aquela que causasse desfiguração ou impedimento de função. A avaliação subjetiva
realizada pelo dentista examinador, sem tentativa de classificar, apenas baseava-se no fato do
paciente requerer ou não tratamento. Na época, o número de índices de maloclusão existentes
indicava que nenhum mostrava-se ideal, mostrando a necessidade de um índice que fornecesse
uma avaliação objetiva da maloclusão presente em uma pessoa, capaz de estimar as necessidades
de tratamento da população e usar tais informações para prover vantagens para a comunidade,
além de avaliar os tratamentos ortodônticos, padrões oferecidos e suas diferenças encontradas nos
diversos setores do serviço de saúde.
Gottlieb
8
relatou que um sistema simples de pontuação dos resultados de tratamentos
ortodônticos encorajaria seu uso na rotina da prática clínica. O autor, então, elaborou um sistema
de pontuação baseado em características oclusais aceitas como critérios de correção ortodôntica:
a relação de Classe I de molares e de caninos, a intercuspidação, a sobremordida, a
sobressaliência, a linha média dentária, a rotação de dentes, o apinhamento ou os espaços
interdentários, a forma do arco dentário, o torque e o paralelismo. Aplicou o sistema em casos
20
tratados e observou que esses não apresentaram pontuação adequada devido à deficiência no
torque. Isso demonstrou a capacidade do sistema de pontuação em elucidar qual quesito de
condução mecânica o profissional encontrava-se deficiente, uma forma de aprimorar a
finalização.
O acompanhamento pós-tratamento através de exames periódicos e modelos dos arcos
dentários evidencia, quando presente, a recidiva ortodôntica. Eismann
6
pesquisou 200 pacientes
tratados exclusivamente com aparelhos removíveis. Para cada paciente, o investigador baseou-se
em três pares de modelos, obtidos no início do tratamento, ao final da fase de contenção e após
algum tempo de acompanhamento. Os modelos foram medidos e avaliados por um método
proposto pelo autor que englobava 15 critérios: o apinhamento, os espaços interdentários, a
erupção vestibular dos caninos, a mordida aberta nos segmentos anterior e/ou posterior, a
sobressaliência, a mordida cruzada, a relação oclusal dos dentes posteriores, os desvios de linha
média, os desvios da oclusão no plano transversal, a rotação dos incisivos, a inclinação axial dos
dentes, a sobremordida. Entre os quinze critérios considerados, o apinhamento mostrou-se o mais
freqüente. A extensão do desvio da normalidade desses critérios observada entre os modelos
iniciais e pós-tratamento foi reduzida em média para 20% e esta melhora, geralmente, manteve-se
constante pelo período de acompanhamento. Com relação ao fechamento de espaços de
extrações, a melhora mostrou-se ainda mais significativa.
Eismann
6
, Elderton & Clark
7
expressaram um sentimento geral entre os ortodontistas. As
conquistas ortodônticas da época no Reino Unido precisavam de consolidação por melhores
padronizações clínicas. Isso implicava a necessidade de avaliação de seus padrões e a busca de
contínua revisão e refinamento de tratamentos. Para tanto, os autores
7
avaliaram o tratamento
realizado no Serviço Geral de Odontologia com modelos de estudo de 256 pacientes pré e pós-
tratamento, utilizando o Índice Oclusal descrito por Summers
24
. Ainda segundo esses autores, o
21
uso do índice para fornecer valores aplicáveis à análise objetiva de critérios funcionais e estéticos
encontrava-se cercado de dificuldades, foi considerado um instrumento de pouca precisão e
certamente não refletia os desejos do paciente. Existia uma necessidade clara de refinar o Índice
Oclusal para permitir seu uso, por exemplo, em casos em que um molar permanente foi perdido.
Uma avaliação de tratamento realizado em pacientes que perderam dentes mostrava-se de igual
importância como em qualquer outro grupo.
Richmond et al.
19
concordaram com Gotlieb
8
, quando relataram que, infelizmente, a
variedade de critérios usados por diferentes ortodontistas tornava difícil a comparação de
resultados de tratamentos e se aplicava à compreensão de estudos que não se limitavam a avaliar
medidas específicas. Vários índices foram desenvolvidos especialmente para avaliar o sucesso do
tratamento. O uso de índices deveria garantir uma interpretação e aplicação de critérios
uniformes.
Um método quantitativo objetivo para medir a maloclusão e a eficácia do tratamento
ortodôntico utilizando um critério preciso mostrava-se essencial
19
. A fim de preencher esses
critérios o Índice PAR foi desenvolvido para registrar a maloclusão em qualquer estágio de
tratamento. Fornecia uma pontuação simples e resumida para todas as anomalias oclusais que
podiam ser encontradas em uma maloclusão, pontuação essa, que oferecia uma estimativa de
quanto um caso encontrava-se desviado de uma oclusão alinhada e normal. A diferença na
pontuação entre pré e pós-tratamento refletia o grau de melhora e o sucesso do tratamento
realizado com ou sem extração. Essas pontuações efetuavam-se através de análises de modelos
em gesso dos pacientes. O índice PAR, elaborado para refletir a opinião Britânica, mostrou
excelente confiabilidade e forneceu uniformidade e padronização para julgar os resultados do
tratamento ortodôntico.
22
Haeger, Schneider e BeGole
9
desenvolveram um índice de avaliação morfológica das
relações dentárias. O Índice de Relação Ideal dentária (ITRI) consistiu em uma análise oclusal
visual de modelos em gesso que verificava os planos inclinados, contatos interproximais, contato
oclusal anterior e a relação das cúspides com as cristas marginais. Os autores avaliaram 92 casos
tratados ortodonticamente para quantificar o número de relações dentárias ideais em
porcentagem. Foram analisadas tanto as relações intra-arcos como inter-arcos. Os autores
mostraram que o ITRI inicial foi de 26%, aumentando para 52% ao final do tratamento, e
continuou a melhorar, apresentando 59% no período de contenção e s-contenção. Os vários
tipos de maloclusão avaliados exibiram diferentes pontuações de ITRI antes do tratamento, mas
responderam igualmente ao tratamento ortodôntico, mostrando melhora similar na pontuação ao
final do tratamento e no período pós-tratamento.
Tang & Wei
27
dividiram os métodos de registro e medida da maloclusão em qualitativos e
quantitativos. Se um método se mostrasse universalmente aceito e aplicável, dados de diferentes
grupos de populações poderiam ser comparados. Um método que medisse a maloclusão
quantitativamente poderia também ser usado para avaliar os efeitos ou resultados de tratamentos
de diferentes aparelhos ortodônticos. A precisão de um índice seria sua confiabilidade e
reprodutibilidade, a habilidade de produzir o mesmo resultado ou medida quando um ou mais
examinadores medissem o mesmo caso num mesmo tempo ou em tempos diferentes.
Para Tahir, Sadowsky e Schneider
26
, uma avaliação objetiva dos resultados mostrava-se
extremamente complexa e requeria uma avaliação da oclusão, relação entre tecido duro e
tegumentar, mudanças iatrogênicas, estabilidade a longo prazo e satisfação do paciente. Além
disso, objetivos do tratamento, queixa do paciente, experiência profissional, boa relação risco-
benefício e custo-benefício foram considerados como importantes fatores modificantes. A
maioria dos métodos propostos limitava-se a avaliar apenas a oclusão. Em nenhum estudo
23
particular, avaliou-se o resultado considerando o perfil tegumentar, embora vários pesquisadores
relacionassem os dentes, o padrão esquelético e o perfil tegumentar. Os autores estabeleceram
uma maneira objetiva de avaliar os resultados de tratamentos ortodônticos, usando casos
apresentados ao American Board of Orthodontics. As áreas estudadas incluíram a oclusão, as
relações cefalométricas esqueléticas e dentárias, as mudanças no perfil tegumentar e efeitos
iatrogênicos. Esperava-se que os resultados serviriam como padrão ouro, sendo representativo do
melhor resultado que a ortodontia poderia oferecer e referência para futuras comparações. Os
autores avaliaram 90 casos apresentados ao American Board of Orthodontics e os compararam
com 147 casos, com boa a excelente oclusão, da Fundação para Educação e Pesquisa de
Andrews. Usaram o Índice de Relação Ideal Dentária para análise de oclusão estática, baseado
nas relações inter-arcos e intra-arcos, através dos contatos específicos de cúspides com cristas
marginais e triangulares, contatos interincisais e interproximais. Os autores concluíram, através
da análise da oclusão, que ocorreu uma melhora marcante dos casos tratados apresentados ao
American Board of Orthodontics. As discrepâncias dento-esqueléticas e o ângulo da convexidade
facial melhoraram com o tratamento, exceto pela inclinação dos incisivos inferiores. A harmonia
dos tecidos tegumentares melhorou significativamente. Pequeno número de dentes apresentou
reabsorção radicular moderada a severa (30% dos dentes apresentaram uma reabsorção radicular
insignificante). As análises dos casos apresentados ao Board revelaram o potencial e a capacidade
de finalização do tratamento ortodôntico, que pôde ser quantificada e determinada objetivamente.
Zachrisson
30
enfatizou que a chave do sucesso da prática ortodôntica residia em
reexaminar os pacientes tratados, avaliar cuidadosamente os resultados obtidos e aprender com
erros prévios. Um erro muito comum na ortodontia era a correção incompleta da rotação dos
dentes. Pequenos desvios do ponto de contato em ambos os casos tratados e não tratados podiam
24
desencadear um futuro apinhamento. Um bom guia para a estabilidade dentária era a forma do
arco e a distância inter-caninos pré-tratamento.
Richmond & Daniels
20
afirmaram que a auditoria clínica caracteriza um método
sistemático que pode avaliar se os objetivos estabelecidos foram alcançados e identificar as áreas
a serem melhoradas. A auditoria clínica, incluindo uma cuidadosa revisão e esquemas de
visitação prática, foi introduzida em vários lugares como o Reino Unido, Noruega, Holanda,
Dinamarca e Suécia. Através da demonstração de qualidade de serviço estabelecida, os
profissionais aumentam sua reputação e satisfação no trabalho. Com a natureza internacional da
ortodontia, padrões internacionais de necessidade e resultados de tratamento poderiam ser
introduzidos, possivelmente como um guia para as atividades de auditoria. Os autores avaliaram a
percepção profissional da necessidade de tratamento ortodôntico e identificaram os fatores que
poderiam influenciar as decisões de tratamento. Concluíram que as decisões de tratamento
pareciam ser influenciadas pelo país do profissional e o seu método de remuneração. Essa falta de
consenso entre os profissionais levantava questões sobre a justificativa do tratamento ortodôntico,
um campo fértil para disputas legais. Isto realçava a necessidade de um parâmetro mais confiável
do que a opinião profissional individual da necessidade de tratamento. 84% das decisões de
tratamento foram indicadas com o uso de apenas cinco características oclusais, como: a relação
sagital direita e esquerda, o grau de apinhamento do arco superior, o trespasse vertical e a
presença de mordida cruzada. Os autores sugeriram que essas características poderiam formar a
base para um índice de validade internacional de necessidade de tratamento, para uso de
auditorias clínicas e pesquisas ortodônticas.
Richmond & Daniels
21
publicaram um segundo artigo sobre a variação da opinião
ortodôntica internacional. Pesquisaram a opinião profissional relacionada aos resultados de
tratamentos. Afirmaram que a avaliação dos resultados precisa levar em conta o alinhamento
25
final dos dentes, a dificuldade do tratamento, o uso de mecânica apropriada, a extensão de danos
iatrogênicos e a estabilidade da posição final dos dentes, considerando-se a estética facial e a
satisfação do paciente. As estimativas de sucesso de tratamento apresentavam-se variáveis e
confusas devido ao uso de diferentes critérios de avaliação entre os pesquisadores. Propor uma
adequação específica para cada país seria confuso, e como os ortodontistas de todos os países
buscavam um mesmo objetivo, um único índice deveria ser usado internacionalmente. Então, os
autores examinaram o julgamento profissional de uma variedade de resultados de tratamentos
ortodônticos e encontraram uma variação intra e inter examinadores. Os fatores que afetaram o
julgamento incluíam, o país do profissional, o método de remuneração, a experiência e o domínio
técnico, baseados nos resultados finais dos tratamentos, desconsiderando a sua complexidade e a
necessidade.
O American Board of Orthodontics (ABO), segundo Casko et al.
4
, com objetivo de elevar
a confiabilidade do exame de certificação, elaborou o Sistema Objetivo de Graduação (SGO).
Esse sistema de pontuação foi desenvolvido sistematicamente por pesquisas durante um período
de cinco anos. A comissão do ABO, formada em 1994, testou métodos precisos de avaliação
objetiva em modelos ortodônticos e radiografias panorâmicas. A equipe do ABO realizou uma
série de testes durante os anos de 1995 e 1996, mostrando que a maioria das inadequações nos
resultados de finalização ocorriam em sete categorias e, em 1997 e 1998, novos testes
confirmaram essas categorias, através de medidas em 832 modelos e radiografias panorâmicas.
Baseando-se nos resultados coletados e acumulados desse extenso processo de testes, o Board
decidiu oficializar o uso do Sistema Objetivo de Graduação como a terceira fase do exame de
certificação em fevereiro de 1999. Para tornar-se diplomado pelo ABO, o ortodontista deveria
preencher três exigências: a Fase I determinava que o candidato deveria ter completado a pós-
graduação em ortodontia há no mínimo 24 meses em uma instituição de ensino reconhecida pela
26
ADA nos Estados Unidos ou Canadá; a Fase II estabelecia uma prova escrita para medir os
conhecimentos específicos e a Fase III, 10 a 12 anos após a segunda fase, compreendia na
avaliação clínica dos resultados de vários casos tratados. Esse Sistema Objetivo de Graduação
para pontuação de modelos e radiografias panorâmicas foi composto por oito critérios: o
alinhamento, as cristas marginais, a inclinação vestíbulo-lingual, as relações oclusais, os contatos
oclusais, o trespasse horizontal, os contatos interproximais e a angulação das raízes.
Disponibilizou-se esse instrumento de medida aos candidatos, para verificação e adequação de
seus próprios resultados, motivando-os a pontuarem seus próprios casos, determinando, assim,
quais estariam dentro dos padrões do Board.
Os aparelhos pré-ajustados, amplamente usados, auxiliavam os ortodontistas a alcançarem
bons resultados com maior eficácia e eficiência. Mas esses resultados limitavam-se à habilidade
dos ortodontistas para a colocação adequada dos acessórios e a seleção do aparelho para
variações individuais dos pacientes e à capacidade do ortodontista para compensar,
mecanicamente, alguma posição de bráquetes. Na fase de finalização do tratamento, o
ortodontista necessitava rever, mentalmente, as alterações que ainda deveriam ser efetuadas na
oclusão do paciente. Poling
18
descreveu um método detalhado compreensivo de avaliação do
paciente ortodôntico no estágio de finalização do tratamento e um sistema de notação para guiar o
ortodontista a um excelente resultado de finalização. Ao analisar o paciente na consulta de
detalhamento final, o ortodontista deveria considerar os aspectos estéticos, a oclusão e a função, a
saúde periodontal, o paralelismo das raízes e a estabilidade. Esse método de finalização
melhorava a eficiência do ortodontista para alcançar a excelência.
Svedström-Oristo et al.
25
consideraram que, até o momento do estudo, não existia um
critério aceito de forma geral para avaliar uma oclusão aceitável. Então, propuseram-se a coletar
dados pertinentes que servissem, no futuro, para definir tal critério. Enviaram um questionário
27
para 93 ortodontistas, dos quais 74 retornaram sua opinião sobre uma oclusão aceitável. Os
autores concluíram que os aspectos funcionais e estéticos da oclusão, além de características
morfológicas, mostravam-se importantes determinantes da aceitabilidade para esses ortodontistas,
sugerindo que o exame funcional junto à avaliação da estabilidade a longo prazo fossem
incluídos na avaliação da aceitabilidade, enfatizando a importância da percepção do paciente a
respeito de sua aparência dentária.
Yang-Powers et al.
29
utilizaram o Sistema Objetivo de Graduação do American Board of
Orthodontics para avaliar os resultados de tratamentos em uma clínica de pós-graduação de
ortodontia. Compararam uma amostra de 14 casos aprovados pelo American Board of
Orthodontics com uma outra amostra de 500 casos tratados na clínica da Universidade de Illinois.
Encontraram uma diferença estatisticamente significante de pontuação entre as duas amostras. Os
casos tratados na Universidade de Illinois apresentaram resultados piores para os componentes
contatos oclusais e sobressaliência. O paralelismo radicular obteve pontuação mais negativa na
amostra de casos do American Board of Orthodontics. Mas os casos aprovados pelo Board
exibiram melhores detalhes de finalização do segmento dentário anterior e da região de segundo
molar.
Klar et al.
11
relataram que, embora os objetivos do tratamento ortodôntico incluam todos
os critérios do American Board of Orthodontics utilizados por Yang Powers et al.
29
, são também
objetivos a estabilidade das posições dentárias, a saúde periodontal, a estética facial e dentária e
uma oclusão funcional. Para os gnatologistas, incluir-se-ia, também, o objetivo de tornar a
máxima intercuspidação e a relação cêntrica coincidentes com o disco articular bem posicionado
em relação ao côndilo, assim como a obtenção de uma oclusão mutuamente protegida, ou seja,
guias canino e anterior com desoclusão posterior. O pensamento gnatológico acredita que grandes
deslizes entre máxima intercuspidação e relação cêntrica podem provocar alterações no sistema
28
estomatognático. Interferências oclusais podem gerar um fulcro, uma prematuridade anterior, ou
discrepância transversal. Essas interferências funcionais podem causar desgastes oclusais,
mobilidade excessiva dos dentes com comprometimento periodontal, desordens
temporomandibulares ou craniofacial. Pacientes ortodônticos mais jovens possuem maior
capacidade de adaptação a possíveis interferências funcionais. Mas é preciso mais atenção
àqueles que apresentam susceptibilidade à doença periodontal, bruxismo e presença de placa
bacteriana. Klar et al.
11
, ao examinarem uma amostra de 200 pacientes ortodônticos pré e pós-
tratamento, finalizados na prática gnatológica, encontraram uma redução estatisticamente
significante da discrepância entre máxima intercuspidação habitual e relação cêntrica nos três
planos do espaço. Mas a coincidência entre MIH e RC, apesar de ser objetivo ideal, estava
presente em um pequeno número de casos e, para os autores, pode não ser rotineiramente obtida
apenas com a ortodontia.
O objetivo de Sondhi
23
foi mostrar o impacto da seleção apropriada e colagem correta dos
bráquetes nos detalhes da finalização. Considerou que alguns detalhes da finalização podem ser
objetivamente medidos como variáveis quantitativas. Muitas outras variáveis envolvem alto grau
de subjetividade, parcialmente devido às preferências de pacientes e profissionais, e parcialmente
devido à dificuldade de serem quantificados. Sondhi
22
testou a eficácia de um desenho de um
aparelho em um modelo virtual, através de programa de computação. O autor mostrou a
importância da seleção do sistema de bráquetes, da prescrição e do seu posicionamento,
expressados através dos movimentos de primeira, segunda e terceira ordem dos dentes e o
resultado em detalhes específicos da finalização. Reconheceu, também, que a colagem indireta
desses acessórios auxiliava a maior precisão de posicionamento, diminuindo ajustes necessários
nos fios na fase de detalhamento do caso.
29
Mc Laughlin e Bennett
14
afirmaram que a posição adequada dos incisivos estabelece uma
harmonia entre os lábios e o mento. Se a ortodontia não conseguir essa harmonia, a cirurgia
deveria ser considerada. A oclusão estática deve alcançar as seis chaves da oclusão descritas por
Andrews
3
, sem uma sobre expansão dos arcos, para evitar problemas periodontais e instabilidade.
Com os dentes em oclusão e os côndilos em posição adequada na fossa articular, a musculatura
permanecerá em equilíbrio.
Segundo Kokich
13
,
a finalização ortodôntica constitui-se um contínuo desafio para o
ortodontista. No passado, os profissionais tratavam mais crianças e adolescentes, o que tornava
mais fácil obter resultados excelentes, pois esses pacientes apresentavam todos os dentes naturais,
sem restaurações, e um periodonto jovem. O autor identificou fatores oclusais, periodontais e
estéticos de finalização para pacientes com dentição saudável. Sugeriu modificações para
alcançar resultados excelentes em pacientes com complicações periodontais e restauradoras. O
alinhamento deve ser objetivo fundamental de qualquer plano de tratamento, e o arco mandibular
não deve ser alterado; compensações podem ser realizadas nos pré-molares e molares superiores.
As cristas marginais são usadas para avaliar a posição vertical dos dentes posteriores. As
inclinações posteriores, também chamadas de curva de Wilson, são avaliadas para evitar
interferências. A inclinação dos dentes anteriores pode ser avaliada pela telerradiografia. A
sobremordida deve possibilitar a função dos dentes anteriores na protrusão e a sobressaliência
deve ser zero, ou em outras palavras, os dentes anteriores superiores e inferiores devem contatar-
se quando os dentes posteriores estiverem em oclusão. Os fatores periodontais avaliados foram
angulação de raízes e nível ósseo. os fatores estéticos analisados foram a largura das coroas
dentárias, nível das margens gengivais, forma gengival e presença da papila.
Sondhi
22
introduziu o conceito de interferência no segmento anterior da dentição e o
impacto desse conceito na finalização ortodôntica. A interferência anterior seria uma
30
interferência nos dentes anteriores no momento de fechamento da mandíbula, o que provoca uma
distalização da posição do côndilo. Conseqüências dessa interferência são: diastemas anteriores,
frêmitos, áreas de desgastes incisais, recessão gengival e desarranjos intracapsulares da
articulação temporomandibular. Na finalização, deve-se estar atento para evitar essas
interferências, verificando-se o torque dos dentes anteriores, ou reduzindo o volume do segmento
anterior inferior com desgastes interproximais e equilibrando possíveis excessos nas cristas
marginais palatinas de incisivos superiores.
Abei et al.
1
afirmaram que encontrar medidas válidas do sucesso do tratamento é
importante tanto para o profissional da saúde quanto para o consumidor. Os consumidores
odontológicos estão interessados em obter melhor qualidade de serviço a menor custo. A estética
é considerada um resultado desejável no tratamento ortodôntico, mas é subjetiva. Devem-se
quantificar os resultados, sobretudo com a odontologia baseada em evidências. Os autores
compararam os resultados de tratamentos ortodônticos em uma amostra de 196 pacientes, em que
126 foram tratados por especialistas e 70 tratados por generalistas. O índice do American Board
foi usado em conjunto com a percepção do paciente através de uma escala visual análoga como
medida. Os pacientes não conseguiram verificar as diferenças entre resultados de especialistas e
generalistas. Para os pacientes, assim que os dentes estavam alinhados, o caso se encontrava
terminado. Nessa amostra, as pontuações do índice do American Board foram significativamente
mais baixas para pacientes tratados por especialistas ortodontistas comparadas aos pacientes
tratados por dentistas generalistas.
Pinskaya et al.
17
avaliaram os resultados dos tratamentos alcançados na clínica de
ortodontia da Universidade Indiana em um período de três anos. Estudaram a documentação de
521 pacientes, através do sistema objetivo de graduação do American Board e complementando
com uma análise clínica compreensiva desenvolvida para avaliar a forma facial, a estética
31
dentária, controle vertical, forma de arcos, o periodonto, preservação da estrutura radicular e
eficiência do tratamento. Os resultados mostraram uma progressiva queda na qualidade dos casos
finalizados, correlacionando-se, diretamente, com aumento do tempo de tratamento e, muitas
vezes, com menor cooperação do paciente. Os autores concluíram que os prolongamentos dos
tratamentos ativos em pacientes não colaboradores devem ser avaliados com mais critérios, pois,
nesses casos, os resultados clínicos encontrados não se mostraram satisfatórios.
Nett & Huang
15
avaliariam 100 pacientes da Universidade de Washington quanto às
alterações a longo prazo, através de seis critérios do sistema objetivo de graduação do American
Board. Os autores enfatizaram a relação entre resultados pós-tratamento e subseqüente mudanças
da oclusão. A média dos resultados no pós-tratamento foi de 21,5 pontos no sistema de
graduação. No período pós-contenção, esses resultados melhoraram significantemente.
Concluíram que acomodações ocorrem após o tratamento ortodôntico, e a busca por resultados
perfeitos na oclusão não garantem a estabilidade do caso.
O propósito do estudo de Cook, Harris e Vaden
5
foi comparar resultados de tratamentos
de um programa de ortodontia da graduação de uma universidade e a prática privada da
ortodontia, usando o sistema objetivo de graduação do American Board. A duração do tratamento
também foi comparada entre os dois grupos. Os resultados indicaram que, embora existisse
diferença significante em quatro critérios dos sete analisados, não ocorreram diferenças
significantes entre os dois grupos na pontuação geral. Portanto, a qualidade em geral dos
tratamentos ortodônticos, quando medidos os modelos pós-tratamento pelo sistema objetivo de
graduação, mostram-se, essencialmente, a mesma quando comparados aos resultados oclusais da
prática na universidade e da prática privada da ortodontia.
Ackerman, Rinchuse e Rinchuse
2
relataram que a contribuição do American Board of
Orthodontics para a especialidade da ortodontia foi desenvolver uma forma objetiva de medir a
32
oclusão estática. Mas criticaram esse todo, porque consideraram que o índice do American
Board possui um foco muito estreito. Os autores acreditavam que o ortodontista não possuía uma
visão exclusivamente mecanicista, dever-se-ia considerar o conhecimento clínico, habilidades
psicomotoras e pensamento crítico, diagnóstico aguçado, habilidade de gerenciar o paciente e a
ética do profissional. Consideraram que os ortodontistas que incorporarem decisões baseadas em
evidências científicas podem alcançar a excelência na ortodontia.
Hsieh, Pinskaya e Roberts
10
compararam os resultados de tratamentos precoces realizados
na dentadura mista com os resultados de tratamentos tardios realizados na dentadura permanente,
utilizando o sistema objetivo de graduação do American Board e a análise compreensiva clínica.
A amostra pesquisada foi de 512 pacientes, finalizados entre os anos de 1998 e 2000 na clínica de
ortodontia da graduação da Universidade Indiana. A comparação dos resultados finais entre o
tratamento precoce e o tardio mostrou que o grupo de tratamento precoce apresentou um tempo
de tratamento significantemente mais longo e piores pontuações no CCA do que o grupo de
tratamento tardio. O índice da ABO não mostrou diferença significante entre os grupos, o que
indica que o CCA mostrava-se mais sensível para detectar desvantagens do tratamento precoce.
Casos terminados prematuramente foram mais prevalentes no grupo de tratamento precoce. Os
autores concluíram que, nessa amostra, as desvantagens do tratamento precoce foram o tempo de
tratamento prolongado, piores pontuações no CCA e maior incidência de abandono de
tratamento, que foram atribuídos à perda de interesse dos pais ou dos pacientes.
Knierim, Roberts e Hartsfield
12
observaram se as alterações implementadas no curso de
graduação em ortodontia da Universidade Indiana através da pesquisa de Pinskaya et al.
16
resultaram em um aumento de qualidade dos resultados nos anos de 2001 a 2003. As alterações
do protocolo clínico, baseadas na avaliação da qualidade dos resultados dos tratamentos, levaram
33
a uma melhora dos resultados na Universidade. As políticas adotadas no programa da
Universidade Indiana podem aumentar a eficiência terapêutica em qualquer prática ortodôntica.
DISCUSSÃO
Andrews
3
apresentou o primeiro esforço real em estruturar uma avaliação de resultados de
tratamento ortodôntico. Antes, detalhes de finalização, como o torque e a inclinação, não eram
medidos e encontravam-se essencialmente nos olhos de quem fazia.
O Índice Oclusal, apesar de ter sido criado com propósitos epidemiológicos, foi, muitas
vezes, utilizado em países da Europa para avaliação de resultados
6, 7 e 16
.
A variedade de critérios usados por diferentes ortodontistas tornava difícil a comparação
de resultados de tratamentos e aplicava-se à compreensão de estudos que não se limitavam a
avaliar medidas específicas. Vários índices foram desenvolvidos, especialmente para avaliar o
sucesso do tratamento. O uso de índices deveria garantir interpretação e aplicação de critérios
uniformes.
8,19
Recentemente, aplica-se o Sistema Objetivo de Graduação do American Board of
Orthodontics, desenvolvido para avaliar a qualidade dos resultados de tratamentos ortodônticos
em diversas pesquisas que buscam quantificar e comparar resultados de tratamentos
ortodônticos
1, 5, 10, 12, 15, 17 e 29
.
A contribuição do American Board of Orthodontics para a especialidade da ortodontia foi
desenvolver uma forma objetiva de medir a oclusão estática. Mas alguns autores criticaram esse
método, por consideraram que o índice do American Board possui um foco muito estreito
2
.
34
Vários pesquisadores acreditavam que o ortodontista não possuía uma visão
exclusivamente mecanicista. Consideravam que outros critérios influenciavam os resultados,
como o conhecimento cnico, as habilidades psicomotoras e o pensamento crítico, o diagnóstico
aguçado, a habilidade de gerenciar o paciente e a ética do profissional. Esses autores
consideraram que os ortodontistas deveriam incorporar decisões baseadas em evidências
científicas, para alcançar a excelência na ortodontia
2,18
.
Poling
18
descreveu um método detalhado compreensivo de avaliação do paciente
ortodôntico no estágio de finalização do tratamento e um sistema de notação para guiar o
ortodontista a um excelente resultado. Ao analisar o paciente na consulta de detalhamento final o
ortodontista deveria considerar os aspectos estéticos, oclusão e função, saúde periodontal,
paralelismo das raízes e estabilidade. Esse método de finalização melhorava a eficiência do
ortodontista em alcançar a excelência.
McLaughlin & Benett
14
e Klar et al
11
concordaram com a importância de avaliar os casos
ortodônticos em relação cêntrica no início do tratamento, monitorar essa posição durante e
reavaliar a posição mandibular nos estágios finais do tratamento. Deve-se verificar os
movimentos excursivos da mandíbula em lateralidade e protrusão para checar possíveis
interferências, assim como os hábitos deletérios na fase de finalização. Em um acompanhamento
cefalométrico, pode-se avaliar o perfil, a posição anteroposterior dos incisivos, o torque dos
incisivos, as mudanças no plano mandibular, o grau de desenvolvimento vertical do paciente e o
sucesso das correções dos problemas horizontais, esqueléticos e de componentes dentários,
através de sobreposições. O melhor posicionamento dos bráquetes diminui o uso de elásticos. Os
casos io normalmente apresentar uma acomodação por um ano após a remoção do aparelho
fixo.
35
Sverdstrom-Oristo
25
sugeriram que o exame funcional junto à avaliação da estabilidade a
longo prazo fossem incluídos na avaliação da aceitabilidade. Além disso, a importância da
percepção do paciente quanto à sua aparência dentária foi enfatizada.
A evolução dos materiais trouxe suporte para obtenção de melhores resultados; os
aparelhos pré-ajustados, amplamente usados, auxiliavam os ortodontistas a alcançarem bons
resultados com maior eficácia e eficiência. Mas esses resultados limitavam-se à habilidade dos
ortodontistas para a colocação adequada dos acessórios e a seleção do aparelho para variações
individuais dos pacientes e à capacidade do ortodontista para compensar, mecanicamente, alguma
posição de bráquetes. Na fase de finalização do tratamento, o ortodontista necessitava rever
mentalmente as alterações que ainda deveriam ser efetuadas na oclusão do paciente
18, 23
.
O desenvolvimento de um novo processo de medida de resultados que reconheça e
quantifique os efeitos da ortodontia na qualidade de vida e a relação da saúde geral e saúde bucal
na qualidade de vida é essencial. Com esse direcionamento, o processo de certificação do Board
em ortodontia realmente avaliaria o conhecimento e a competência clínica dos ortodontistas, bem
como consideraria a importância da percepção do paciente sobre os efeitos benéficos do
tratamento
2
.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a adoção de um índice que avalie os resultados do tratamento ortodôntico
mostra-se essencial na busca pela excelência.
Os índices possuem enfoques diferentes e os ortodontistas deveriam adotá-los, de acordo
com sua realidade profissional.
Observa-se que o Sistema Objetivo de Graduação empregado pelo American Board of
Orthodontics e Board Brasileiro de Ortodontia possui critérios de avaliação de fácil compreensão
36
e utilização, indicando, de forma clara, os pontos positivos e negativos dos resultados de
tratamentos ortodônticos.
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS *
1- ABEI, Y. et al. Comparing orthodontic treatment out come between orthodontists and
general dentists with the ABO index. Amj Orthod. Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 126, n.
5, p. 544-548, 2004.
2- ACKERMAN, M.B.; RINCHUSE, D.J.; RINCHUSE, D.J. ABO certification in the age of
evidence and enhancement. Am. J. Ortho. Dento facial Orthop, St. Louis, v. 130, n. 2, p.
133-140, 2006.
3- ANDREWS, L.F. The six keys to normal occlusion. Am J Orthod, St. Louis, v. 62, n. 3,
p. 296-309, sep. 1972.
4- CASKO, J. S. et al. American Board of Orthodontics – Objective grading system for dental
casts and panoramic radiographs. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 114, n. 5,
p. 589-533, nov. 1998.
5- COOK, D.R.; HARRIS, E.F., VADEN, J.L. Comparasion of university and Private-
practice orthodontic treatment out comes with the American Board of Orthodontics objective
grading system. Am.J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 127, n.6, p. 707-712,
2005.
6- EISMANN, D. Reliable assessment of morphological changes resulting from orthodontic
treatment. Eur.J. Orthod., Oxford, v. 2, n.1, p. 19-25, Feb. 1980.
7- ELDERTON, R.J.; CLARK, J.D. Orthodontic treatment in the general dental service
assessed by the occlusal Index. Br. J. Orthod., Oxford, v. 10, n. 4, p. 178-86, Oct. 1983.
8- GOTTLIEB, E.L. Grading your orthodontic treatment results. J. Clin. Orthod., Boulder,
v. 9, n. 3, p. 155-61, Mar. 1975.
*
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: Informação e Documentação. Referências –
Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, Agosto 2000, 22 p.
38
9- HAEGER, R.S.; SCHNEIDER, B.J.; BEGOLE, E.A. A static oclusal analysis based on
ideal interarch and intraarch relationships. Am. J. Ortod. Dentofacial orthop. St. Louis, v.
101, n. 5, p. 459-64, 1992.
10- HSIEH, T-J.; PINSKAYA, Y.; ROBERTS, E. Assesment of Orthodontic Treatment
Outcomes: Early Treatment versus Late Treatment. Angle Orthod., Appleton, v. 75, n. 75,
n.2, p.162-170, 2005.
11- KLAR, N.A. et al. Maximum Interinspation Centric relation Disharmony in 200
Consecutively Finished cases in a Gnathologically Oriented Pratice. Semin. Orthod,
Philadelphia, v. 9, n. 2, p. 109-116, 2003.
12- KINIERIM, K.; ROBERTS, E.; HARTSFIELD, J.Jr. Assessing treatment out comes for a
graduate orthodontics program: Folow up study for the classes of 2001-2003. Am. J. Orthod
Dento facial orthop., St. Louis, v. 130, n. 5, p. 648-655, 2006.
13- KOKICH, V.G. Excellence in finishing: modifications for the perio-restorative patient.
Semin Orthod, Philadelfia, v. 9, n. 3, p. 184-203, sept. 2003.
14- MCLAUGHLIN, R.P.; BENNETT, J.C. Finishing with the preajusted orthodontic
appliance. Semin Orthod, Philadelphia, v. 9, n. 3, p. 165-183, Sept. 2003.
15- NETT, B.C.; HUANG, G.J. Long-Term postreatment changes measured by the American
Board of Orthodontics Objetive Grading System. Am. J. Orthod Dentofacial Orthop., St
Louis, v. 127, n. 4, p. 444-450, 2005.
16- PICKERING, E. A.; VIG, P. The occlusal index used to assess orthodontic treatment. Br.
J. Orthod., Oxford, v. 2, n. 1, p.47-51, Jan. 1975.
17- PINSKAYA, Y, B. et al. Comprehensive clinical evaluation as an outcome assessment for
a graduate orthodontics program. Am. J. Orthod Dentofacial orthop. , St. Louis, v. 126, n.
39
5, p. 533-543, 2004.
18- POLING, R A method of finishing the cclusion. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop.,
St. Louis, v. 115, n. 5, p. 476-487, may. 1999.
19- RICHMOND, S. et al. The development of the PAR index (Peer Asessment Rating):
realibility and validity. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 14, n. 2, p. 125-39, Apr. 1992.
20- RICHMOND, S.; DANIELS, C.P. International comparisons of professional assessment
in orthodontics: Part 1 Treatment need. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., Saint Louis,
v. 113, n. 2, p. 180-85, Feb. 1998.
21- RICHMOND, S.; DANIELS, C.P. International comparisons of professional assessment
in orthodontics: Part 2 – Treatment outcome. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., Saint
Louis, v. 113, n. 3, p. 324-28, Mar. 1998.
22- SONDHI, A. Anterior interferences: their impact on anterior inclination and orthodontic
finishing procedures. Semin. Orthod., Philadelphia, v. 9, n. 3, p. 204-215, sept. 2003.
23- SONDHI, A. The implication of Bracket Seletion and Bracket Placement on Finishing
details. Semin Orthod, Philadelphia, v. 9, n. 3, p. 155-164, sept. 2003.
24- SUMMERS, C. The occlusal index: A system for identifying and scoring occlusal
disorders. Am. J. Orthod., Saint Louis, v. 59, n. 6, p. 552-66, June 1971.
25- SVEDSTRÖM-ORISTO, A. et al. Morphological, functional and aesthetic criteria of
acceptable mature occlusion. Eur. J. Orthod, Oxford, v. 23, p. 373-381, 2001.
26- TAHIR, E.; SADOWSKY, C.; SCHNEIDER, B.J. An assessment of treatment outcome in
American Board of Orthodontics cases. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., Saint Louis, v.
111, n. 3, p. 335-42, Mar., 1997.
27- TANG, E.L.K.; WEI, S.H.Y. Recording and Measuring malocclusion a rewiew of the
literature. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 103, n. 4, p. 344-351, 1993.
40
28- WORLD HEATH ORGANIZATION. Standardization of reporting of dental diseases and
conditions: report of na Expert Comittee on Dental Health. World Heath Organization,
Geneva, 1962. Disponível em: <http:// www. Whqlibdoc.who.int/trs/WHO TRS 242.pdf >.
29- YANG-POWERS, L. C. et al. Treatment outcome in a graduate orthodontic clinic using
the American Board of Orthodontics grading system. Am. J. Orthod. Dentofacial
Orthop., Saint Louis, v. 122, n. 5, p. 451-55, Nov. 2002.
30- ZACHRISSON, B.U. Important aspects of long term stability. J Clin Orthod, Boulder V.
XXXI, n. 9, p. 562-583. sept. 1997.
41
4- ARTIGO 2
Título: Avaliação dos resultados de tratamento da Classe I com extrações
utilizando o Sistema Objetivo de Graduação do AMERICAN BOARD OF
ORTHODONTICS
42
4- ARTIGO 2: Avaliação dos resultados de tratamento da Classe I com extrações utilizando
o Sistema Objetivo de Graduação do AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi avaliar os resultados de tratamentos ortodônticos realizados em
um programa de pós-graduação em ortodontia, através do Sistema Objetivo de Graduação do
American Board of Orthodontics. Vinte e oito pacientes que possuíam documentação completa
com modelos em gesso e radiografias panorâmicas finais foram avaliados. Todos os pacientes
foram tratados por alunos do programa de pós-graduação em ortodontia e finalizados entre os
anos de 1991 e 1996. As documentações pré-tratamento mostraram que todos os pacientes
apresentavam maloclusão de Classe I de Angle. Em todos os casos, foram realizadas extrações de
quatro pré-molares. Os modelos e radiografias panorâmicas pós-tratamento foram pontuados de
acordo com o Sistema Objetivo de Graduação do American Board of Orthodontics. Os resultados
mostraram que 53,6 % exibiram pontuações negativas até trinta pontos. O alinhamento contribuiu
com 27,5% da pontuação total, e as angulações das raízes com 16,2 %. O critério contatos
interproximais foi o menos pontuado, com 6% da pontuação total. Concluiu-se que, de acordo
com o American Board of Orthodontics, 53,6 % dos pacientes da amostra estudada seriam
considerados aprovados com pontuações até trinta pontos.
Palavras Chave: Avaliação ortodôntica. Sistema Objetivo de Graduação. Resultados de
tratamentos.
43
ABSTRACT
The aim of present study was to evaluate the treatment results in a postgraduate orthodontic
program, with the of the American Board of Orthodontics Objective Grading System. The
treatment records of twenty eight patients with a complete set of documents with posttreatment
dental casts and panoramic radiographs were examined. All patients were treated by postgraduate
orthodontic students and had treatment concluded between 1991 and 1996. Pre-treatment, all
pacients had Angle’s Class I malloclusion. Premolar extractions were necessary in all cases. The
posttreatment panoramic radiographs and dental casts were scored according to the ABO
Objective Grading System. The results showed that 53.6% had negative score up to thirty points.
The alignment contributed with 27.5% of the total score, and the root angulation with 16.2%.
The criteria interproximal contacts was the least scored with 6% of total. According to the
American Board of Orthodontics, it can be concluded that 53.6% of the patients in the studied
sample would be considered approved with rates up to thirty points.
Key words: Orthodontic evaluation. Objective Grading System. Treatment outcome.
44
INTRODUÇÃO
Decisões, baseadas em evidências, sobre necessidade de tratamento e efetividade dos
resultados tornaram-se a marca de excelência da assistência à saúde do século XXI
2
.
Historicamente, o interesse pela avaliação dos resultados de tratamentos ortodônticos
mostra-se antigo. Entretanto, sem um método de avaliação padronizado, os ortodontistas
conduziam essa avaliação de forma subjetiva
5
.
Em estudos iniciais de maloclusão, classificações como a de Angle eram usadas como
índice de avaliação de resultados ortodônticos. Entretanto a avaliação dos resultados do
tratamento ortodôntico envolve vários aspectos, refletindo sua complexidade, pois existe a
necessidade de se observarem cuidadosamente os aspectos oclusais, as características
esqueléticas, a harmonia dos tecidos tegumentares, as alterações iatrogênicas, a estabilidade a
longo prazo e a satisfação do paciente
15
.
Vários índices foram propostos para avaliar os resultados de tratamentos ortodônticos. O
Índice Oclusal de Summers
12
, criado primeiramente com propósitos epidemiológicos, foi usado
para avaliar resultados de tratamentos na Europa, onde o tratamento ortodôntico era pago pelo
governo que exigia controle dos serviços prestados à comunidade
9
.
Segundo Richmond et al.
11
,
que
concordaram com Gottlieb
5
, infelizmente, a variedade de
critérios usados por diferentes ortodontistas tornava difícil a comparação de resultados de
tratamentos e o mesmo se aplicava à compreensão de estudos que não se limitavam a avaliar
medidas específicas. Vários índices foram desenvolvidos, especialmente para avaliar o sucesso
do tratamento. O uso de índices deveria garantir uma interpretação e aplicação de critérios
uniformes.
45
Um método quantitativo objetivo para medir a maloclusão e a eficácia do tratamento foi
desenvolvido por Richmond et al.
11
, o Índice PAR.
O índice PAR teve aceitabilidade e mostrou boa validade e confiabilidade. Entretanto não
era preciso o suficiente para discriminar pequenas inadequações de posições dentárias. Um
método de avaliação dos resultados precisava ser válido, confiável e preciso. Com o propósito de
estabelecer e manter altos padrões de excelência clínica na ortodontia, o American Board of
Orthodontics criou um índice denominado Sistema Objetivo de Graduação. Esse índice mede,
objetivamente, a oclusão final, pós-tratamento ortodôntico, utilizando modelos em gesso e
radiografias panorâmicas. Disponibilizou-se esse sistema através do site do ABO e de um CD-
ROM auto-explicativo, para que o profissional determinasse se estava produzindo resultados com
padrão Board de qualidade
3
.
A idéia de pontuar os resultados e de se auto avaliar pode elevar a qualidade de
tratamentos futuros
5
.
Para Tahir, Sadowsky e Schneider
14
, uma avaliação objetiva dos resultados mostrava-se
extremamente complexa e requeria uma avaliação da oclusão, relação entre tecido duro e
tegumentar, mudanças iatrogênicas, estabilidade a longo prazo e satisfação do paciente. Os
autores estabeleceram uma maneira objetiva de avaliar os resultados de tratamentos ortodônticos,
usando casos apresentados ao American Board of Orthodontics. As áreas estudadas incluíram a
oclusão, as relações cefalométricas esqueléticas e dentárias, as mudanças no perfil tegumentar e
efeitos iatrogênicos. Esperava-se que os resultados serviriam como padrão ouro, sendo
representativo do melhor resultado que a ortodontia poderia oferecer e referência para futuras
comparações. Avaliaram 90 casos apresentados ao American Board of Orthodontics e os
compararam com 147 casos com boa a excelente oclusão da Fundação para Educação e Pesquisa
de Andrews. Usaram o Índice de Relação Ideal Dentária para análise de oclusão estática, baseado
46
nas relações inter-arcos e intra-arcos. Concluíram, através da análise da oclusão, que ocorreu uma
melhora marcante dos casos tratados apresentados ao American Board of Orthodontics. As
discrepâncias dento-esqueléticas e o ângulo da convexidade facial melhoraram com o tratamento,
exceto pela inclinação dos incisivos inferiores. A harmonia dos tecidos tegumentares melhorou
significativamente. Pequeno número de dentes apresentou reabsorção radicular moderada a
severa, 30% dos dentes apresentaram uma reabsorção radicular insignificante. As análises dos
casos apresentados ao Board revelaram o potencial e a capacidade de finalização do tratamento
ortodôntico, que puderam ser quantificados e determinados objetivamente.
Svedström-Oristo et al.
13
enviaram um questionário para 93 ortodontistas, dos quais 74
retornaram sua opinião sobre uma oclusão aceitável. Os autores concluíram que os aspectos
funcionais e estéticos da oclusão, além de características morfológicas, mostravam-se
importantes determinantes da aceitabilidade para esses ortodontistas, sugerindo que o exame
funcional junto à avaliação da estabilidade a longo prazo fossem incluídos na avaliação de
resultados, enfatizando a importância da percepção do paciente sobre sua aparência dentária.
Yang-Powers et al.
17
utilizaram o Sistema Objetivo de Graduação do American Board of
Orthodontics para avaliar os resultados de tratamentos realizados em uma clínica de pós-
graduação de ortodontia da Universidade de Illinois. Compararam os resultados dessa amostra de
92 casos tratados na Universidade com uma amostra de 32 casos previamente aprovados pelo
American Board of Orthodontics provenientes de cinco clínicas particulares de Chicago.
Encontraram uma diferença estatisticamente significante de pontuação entre as duas amostras. Os
casos tratados na Universidade de Illinois apresentaram resultados piores para os componentes
contatos oclusais e trespasse horizontal. O paralelismo radicular obteve pontuação mais negativa
na amostra de casos previamente aprovados pelo Board. Mas esses casos aprovados pelo Board
47
exibiram melhores detalhes de finalização no segmento dentário anterior e na região de segundos
molares.
Vieira
16
realizou um estudo, com objetivo de avaliar os resultados de tratamentos
realizados na Clínica de Pós-Graduação em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da PUC
Minas. Avaliou todos os casos de maloclusão tipo Classe II, 1
a
divisão de Angle, com extração de
um ou mais dentes. Para tanto, baseou-se nos oito critérios do Sistema Objetivo de Graduação
proposto pelo American Board of Orthodontics para avaliar modelos e radiografias panorâmicas.
Os resultados foram analisados estatisticamente e indicaram que os casos avaliados foram mal
finalizados. O critério relações oclusais foi o que apresentou mais imperfeições, e o critério
contatos interproximais o que apresentou menos. O autor concluiu que todos os casos de
maloclusão tipo Classe II, 1
a
divisão de Angle, tratados nessa Clínica seriam reprovados de
acordo com o Sistema Objetivo de Graduação. Ele mostrou que todos os casos avaliados
obtiveram mais de 30 pontos negativos.
Abei et al.
1
afirmaram que a estética é considerada um resultado desejável no tratamento
ortodôntico, mas é subjetiva. Devem-se quantificar os resultados, sobretudo com a odontologia
baseada em evidências. Os autores compararam os resultados de tratamentos ortodônticos em
uma amostra de 196 pacientes, dos quais 126 foram tratados por especialistas e 70 tratados por
generalistas. O índice do American Board of Orthodontics foi usado em conjunto com a
percepção do paciente através de uma escala visual análoga como medida. Os pacientes não
conseguiram verificar as diferenças entre resultados de especialistas e generalistas. Para os
pacientes, assim que os dentes estavam alinhados, o caso encontrava-se terminado. Nessa
amostra, as pontuações do Sistema Objetivo de Graduação do American Board of Orthodontics
foram significativamente mais baixas para pacientes tratados por especialistas ortodontistas,
comparadas às pontuações dos pacientes tratados por dentistas generalistas.
48
Pinskaya et al
10
avaliaram os resultados dos tratamentos alcançados na clínica de
ortodontia da Universidade Indiana em um período de três anos. Estudaram a documentação de
521 pacientes através do Sistema Objetivo de Graduação do American Board of Orthodontics e,
complementando com uma análise clínica compreensiva desenvolvida para avaliar a forma facial,
a estética dentária, controle vertical, forma de arcos, o periodonto, preservação da estrutura
radicular e eficiência do tratamento. Os resultados mostraram uma progressiva queda na
qualidade dos casos finalizados, correlacionando-se diretamente com aumento do tempo de
tratamento e, muitas vezes, com menor cooperação do paciente. Os autores concluíram que os
prolongamentos dos tratamentos ativos em pacientes não colaboradores devem ser avaliados com
mais critérios, pois, nesses casos, os resultados clínicos encontrados não se mostraram
satisfatórios.
Nett & Huang
8
avaliariam 100 pacientes da Universidade de Washington quanto às
alterações a longo prazo, através de seis critérios do Sistema Objetivo de Graduação do American
Board of Orthodontics. Os autores enfatizaram a relação entre resultados pós-tratamento e
subseqüente mudanças da oclusão. A média dos resultados no pós-tratamento foi de 21,5 pontos
no sistema de graduação. No período pós-contenção, esses resultados melhoraram
significantemente. Concluíram que acomodações ocorrem após o tratamento ortodôntico e a
busca por resultados perfeitos na oclusão não garantem a estabilidade do caso.
O propósito do estudo de Cook, Harris e Vaden
4
foi comparar resultados de tratamentos
de um programa de ortodontia da graduação de uma universidade e a prática privada da
ortodontia, usando o Sistema Objetivo de Graduação do American Board of Orthodontics. Os
resultados indicaram que, embora existisse diferença significante em quatro critérios dos sete
analisados, na pontuação geral, não ocorreram diferenças significantes entre os dois grupos.
Portanto, a qualidade, em geral, dos tratamentos ortodônticos, quando medidos os modelos pós-
49
tratamento pelo Sistema Objetivo de Graduação, mostram-se, essencialmente, a mesma quando
comparados aos resultados oclusais da prática na universidade e da prática privada da ortodontia.
Hsieh, Pinskaya e Roberts
6
compararam os resultados de tratamentos precoces realizados
na dentadura mista com os resultados de tratamentos tardios realizados na dentadura permanente,
utilizando o sistema objetivo de graduação do American Board e a análise compreensiva clínica.
A amostra pesquisada foi de 512 pacientes, finalizados entre os anos de 1998 e 2000, na clínica
de ortodontia da graduação da Universidade Indiana. A comparação dos resultados finais entre o
tratamento precoce e o tardio mostrou que o grupo de tratamento precoce apresentou um tempo
de tratamento significantemente mais longo e piores pontuações no CCA do que o grupo de
tratamento tardio. O índice da ABO não mostrou diferença significante entre os grupos, o que
indica que o CCA mostrava-se mais sensível para detectar desvantagens do tratamento precoce.
Casos terminados prematuramente foram mais prevalentes no grupo de tratamento precoce. Os
autores concluíram que, nessa amostra, as desvantagens do tratamento precoce foram o tempo de
tratamento prolongado, piores pontuações no CCA e maior incidência de abandono de
tratamento, que foram atribuídos à perda de interesse dos pais ou dos pacientes.
Nessa era da odontologia baseada em evidência, medidas quantitativas são essenciais. O
índice preconizado pelo American Board of Orthodontics apresenta crescente reconhecimento na
ortodontia como uma medida válida da excelência em finalização ortodôntica
2
.
Knierim, Roberts e Hartsfield
7
observaram se as alterações implementadas no curso de
graduação em ortodontia da Universidade Indiana através da pesquisa de Pinskaya et al.
16
resultaram em um aumento de qualidade dos resultados nos anos de 2001 a 2003. As alterações
do protocolo clínico, baseadas na avaliação da qualidade dos resultados dos tratamentos, levaram
a uma melhora dos resultados na Universidade. As políticas adotadas no programa da
Universidade Indiana podem aumentar a eficiência terapêutica em qualquer prática ortodôntica.
50
O objetivo deste estudo foi avaliar alguns resultados de tratamentos ortodônticos nos
casos de Classe I com extrações de pré-molares, alcançados na clínica de pós-graduação em
ortodontia da PUC Minas, utilizando o Sistema Objetivo de Graduação (SOG) elaborado pelo
American Board of Orthodontics (ABO). Além disso, buscou-se identificar quais os critérios que
apresentaram as maiores pontuações negativas, ou seja, aqueles que exibiram as maiores
deficiências de finalização dos tratamentos ortodônticos realizados.
MATERIAL E MÉTODOS
Material
O presente estudo iniciou-se somente após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
da PUC Minas CAAE 0019.0.213.000-07, em 18 de Abril de 2007. Obteve-se a amostra desse
estudo retrospectivo dos registros de 1.161 pacientes tratados na clínica de pós-graduação em
ortodontia da PUC Minas. Selecionou-se, então, inicialmente, 69 pacientes que exibiam
maloclusão de Classe I de Angle e que se submeteram ao tratamento ortodôntico com extrações
de qratro pré-molares. Apenas 28 casos possuíam documentação final completa, com modelos em
gesso e radiografias panorâmicas, totalizando, assim, a amostra.
Todos os casos foram tratados por alunos da pós-graduação em ortodontia e foram
finalizados entre os anos de 1991 e 1996.
O método de avaliação dos resultados do tratamento utilizado foi o Sistema Objetivo de
Graduação do American Board of Orthodontics definido por Casko et al
5
. Um único examinador
executou todas as medidas, após processo de treinamento com um professor experiente na
técnica, e calibração.
51
Métodos
O sistema objetivo de graduação do ABO analisa sete critérios nos modelos em gesso:
alinhamento, cristas marginais, inclinação vestíbulo lingual, contatos oclusais, relações oclusais,
trespasse horizontal e contatos interproximais. O oitavo critério utiliza radiografias panorâmicas
observando a angulação radicular. A régua própria idealizada pelo ABO foi utilizada na
realização das medidas figura 1.
Figura 1: Régua e CD-ROM do American Board of Orthodontics.
1º-Alinhamento: Na região anterior, as superfícies linguais dos incisivos e caninos
superiores e as bordas lábio-incisais dos dentes ântero-inferiores deveriam encontrar-se alinhadas,
bem como as fossas centrais dos pré-molares e molares na região superior posterior e nos
quadrantes inferiores posteriores, as cúspides mésio e disto-vestibulares. Colocou-se a ponta
específica da régua perpendicularmente às superfícies vestibulares dos dentes, na região do ponto
de contato, como mostra figura 2.
52
Figura 2: Mensuração de irregularidades no alinhamento.
Para cada dente fora do alinhamento entre 0,5 e 1 mm em cada ponto de contato, subtraiu-
se 1 ponto e, diante de um apinhamento maior que 1mm, subtraiu-se 2 pontos. O máximo de
pontos subtraídos no critério de alinhamento alcançaria 64 pontos, ou seja, 2 pontos para cada
dente.
- Cristas marginais: Verificou-se o posicionamento vertical dos dentes posteriores As
cristas marginais dos dentes posteriores adjacentes deveriam encontrar-se no mesmo nível.
Colocou-se a ponta específica da régua verticalmente sobre as cristas marginais desses dentes,
como mostra figura 3.
53
Figura 3: Mensuração de irregularidades nas cristas marginais.
Em cristas marginais desniveladas entre 0,5 e 1mm, subtraiu-se 1 ponto e,em desníveis
maiores que 1mm, subtraiu-se 2 pontos de cada ponto de contato; com um total máximo de 32
pontos para esse critério.
- Inclinação vestíbulo-lingual: Verificou-se a inclinação dos dentes posteriores, torque
na região posterior. No arco superior, a parte específica da régua deveria tocar as pontas de
cúspides palatinas dos pré-molares e molares superiores e, no arco inferior, as pontas de cúspides
vestibulares dos pré-molares e molares. As pontas de cúspides vestibulares superiores e linguais
inferiores deveriam passar a 1mm da régua, como mostra figura 4.
54
Figura 4: Mensuração de irregularidades na inclinação vestíbulo-lingual.
Em uma diferença entre 1 e 2mm, subtraiu-se 1 ponto e, em uma discrepância maior que
2mm, subtraiu-se 2 pontos para cada dente, num total máximo de 40 pontos para esse critério.
4º-Relações oclusais: Verificou-se a relação ântero-posterior dos dentes posteriores
superiores e inferiores de acordo com a classificação de Angle. Colocou-se a parte específica da
régua paralelamente ao plano oclusal. Mensuraram-se as distâncias entre as pontas de cúspides
vestibulares dos caninos, pré-molares e cúspides sio-vestibulares dos molares até as posições
corretas que essas deveriam apresentar-se quando em uma relação de Classe I com os dentes
inferiores, como mostra figura 5. Em cúspides vestibulares desviadas entre 1 e 2mm, subtraiu-se
1 ponto e, em mais que 2mm de desvio, subtraiu-se 2 pontos; num total máximo de 24 pontos
para esse critério.
55
Figura 5: Mensuração de irregularidades nas relações oclusais.
- Contatos oclusais: Verificou-se a adequada oclusão posterior e conseqüente
intercuspidação. Colocou-se a parte específica da régua perpendicularmente ao plano oclusal e a
distância entre as pontas de cúspides palatinas dos dentes póstero-superiores até as fossas dos
dentes inferiores com os modelos articulados. Verificaram-se as distâncias entre as pontas de
cúspides vestibulares dos dentes póstero-inferiores até as fossas dos dentes superiores, como
mostra a figura 6. No posicionamento inadequado da cúspide até 1mm, 1 ponto foi subtraído e, na
falta de contato oclusal maior que 2mm, 2 pontos foram subtraídos para cada dente; com um total
máximo de 64 pontos para esse critério.
56
Figura 6: Mensuração de irregularidades nos contatos oclusais.
- Trespasse horizontal: Verificou-se a relação transversal dos dentes posteriores e a
relação ântero-posterior dos dentes anteriores. Colocou-se a parte específica da régua
perpendicularmente às superfícies vestibulares dos dentes inferiores com os modelos articulados,
e mensuraram-se as distâncias até as pontas de cúspides vestibulares dos dentes stero-
superiores e superfícies incisais dos dentes ântero-superiores. Nas cúspides vestibulares desviadas
até 1mm do centro do dente oposto, 1 ponto foi subtraído, e, no caso de mais de 1 mm, 2 pontos
foram subtraídos. Na região anterior, na falta de contato dos dentes até 1mm, 1 ponto foi
subtraído e maior que 1mm, 2 pontos foram subtraídos; com um total máximo de 32 pontos para
esse critério.
57
Figura 7: Mensuração de irregularidades no trespasse horizontal.
- Contatos interproximais: Verificou-se o fechamento dos espaços dentro de cada arco.
Colocou-se a parte específica da régua sobre os pontos de contato de todos os dentes superiores e
inferiores, como mostra a figura 8. Em até 1 mm de espaço entre os dentes, 1 ponto foi subtraído,
e, no caso de espaço, maior que 1mm, 2 pontos foram subtraídos; com um total de 60 pontos para
esse critério.
58
Figura 8: Mensuração de irregularidades nos contatos interproximais.
- Angulação de raízes: Verificaram-se a posição das raízes dos dentes e o paralelismo
entre elas, avaliando as radiografias panorâmicas finais. Colocou-se a parte específica da régua
perpendicularmente às raízes dos dentes superiores e inferiores, como mostra figura 9. Dentes
corretamente angulados exibem osso adequado, o que permite um periodonto saudável, evitando
perda óssea futura. Em um desvio do ápice radicular de 1 a 2mm, subtraiu-se 1 ponto, e, em
discrepância maior que 2mm, subtraiu-se 2 pontos; com um total máximo de 64 pontos para este
critério.
59
Figura 9: Mensuração de irregularidades na angulação das raízes.
Um resultado perfeito s-tratamento possuiria uma pontuação igual a zero, e aqueles
com pontuação menor que vinte seriam considerados bem finalizada. Uma pontuação acima de
trinta pontos indicaria que o caso não foi bem finalizado para o ABO.
Para aplicação de qualquer índice, a calibração do examinador é fundamental. Neste
estudo, o examinador foi devidamente calibrado, avaliado quanto à repetibilidade intra
examinador e a concordância com o examinador do American Board of Orthodontics. Nesse
processo, foram utilizados seis pares de modelos previamente medidos por um membro diretor do
American Board of Orthodontics.
O examinador realizou um treinamento para estabelecer consistência das medidas dos
critérios adotados pelo Sistema Objetivo de Graduação. Após essa fase inicial de treinamento, a
calibração inter-examinador foi realizada entre o examinador deste estudo e o examinador do
ABO.
O examinador executou duas medidas dos 07 critérios para modelos em gesso, com
intervalo de 20 dias. A calibração intra objetivou a padronização das medidas.
60
O teste t-Student foi utilizado nesse processo de calibração para os critérios com
distribuição normal e os teste de Wilcoxon para os critérios que não tiveram distribuição normal.
Para todas as análises, o nível de significância estabelecido foi p<0,05. O programa SAEG
(Sistema de Análise Estatística) (UFV, 2000) foi utilizado.
Quanto ao critério de angulação radicular, por não existirem radiografias panorâmicas
previamente medidas por um membro do Board, realizaram-se as observações diretamente nas 28
radiografias dos registros pós-tratamento da amostra. O examinador realizou 02 medidas com
intervalo de 30 dias, comparando-as estatisticamente. O teste t Student não evidenciou diferenças
significativas (p< 0,05) entre as duas observações.
Metodologia Estatística
Para verificar se os dados seguiam distribuição e atendiam as pressuposições de
normalidade, foi realizado o teste de Lilliefors, e, para verificar homogeneidade das variâncias
(homocedasticidade), realizaram-se os testes de Cochran e Bartlett, que são premissas para a
realização das análises paramétricas; em seguida, realizou-se um teste t de Student para
amostras pareadas, comparando a variação “dentro” e “entre” a 5% de probabilidade (P<0,05).
As variáveis que não atenderam as exigências de análise paratrica foram submetidas à análise
não paramétrica de Wilcoxon a 5% de probabilidade (P<0,05). Analisaram-se os critérios de
acordo com as suas pontuações negativas, que podem ser observadas na tabela 5, referente à
análise do teste t pareado “dentro”. Na tabela 6, podem ser observados os valores das pontuações
negativas dos critérios para a realização do teste t pareado “entre”. Foi utilizado o programa
SAEG- Sistemas de Análises Estatísticas (UFV, 2000).
61
A Angulação de raízes foi o único critério que não apresentou exemplares padronizados
pelo board, dessa forma, esse critério foi analisado somente através de um teste t pareado com 28
modelos, aferindo a variação do pesquisador com ele mesmo.
A segunda fase experimental consiste na avaliação descritiva dos tratamentos ortodônticos
realizados pela Faculdade de Odontologia da PUC.
RESULTADOS
1- Em relação à calibração
Observou-se que os critérios cristas marginais, inclinação vestíbulo-lingual e contatos
interproximais não assumiram distribuição normal e, portanto, foram analisados segundo teste de
Wilcoxon à 5% de probabilidade, para amostras com distribuição não normal. Observaram-se, na
tabela 1, os valores do teste t” de Student pareado e medidas descritivas dos seis modelos
avaliados em dois momentos diferentes pelo pesquisador.
62
Tabela 1. Valores do teste “t” de Student pareado e medidas descritivas dos seis modelos
avaliados em dois momentos diferentes, comparando-se a variação dentro.
Critérios t Mínimo Máximo Média
Desvio
Padrão
p
Alinhamento A
1
6 12 9,83 2,04 0,69
A
2
8 12 9,50 1,64
Cristas Marginais A
1
2 6 3,17 1,47 0,24
*
A
2
2 6 3,50 1,38
Inclinação
Vestibulo-lingual
A
1
1 9 4,0 2,68 0,31
*
A
2
1 9 4,3 2,66
Contatos Oclusais A
1
0 5 2,67 2,06 0,29
A
2
0 7 3,17 2,56
Relações Oclusais A
1
0 11 4,3 4,13 0,46
A
2
0 11 4,0 4,24
Trespasse Horizontal A
1
0 10 3,33 3,67 1,0
A
2
0 9 3,33 3,27
Contatos Interproximais A
1
0 5 0,83 2,04 0,5
*
A
2
0 5 0,83 2,04
p= probabilidade do testet” de Student pareado. * Wilcoxon (P<0,05).
Não se notaram diferenças significativas (P>0,05) em nenhuma das comparações dos
critérios através do teste t” de Student. Observou-se que o pesquisador encontrava-se calibrado
pela variação dentro, isto é, suas observações realizadas nos modelos em diferentes momentos
não foram estatisticamente diferentes.
Mesmo apresentando médias iguais, a probabilidade pode ser diferente de 1, já que esta é
determinada não apenas pela média.
Verificaram-se, na tabela 2, os valores do teste t” de Student pareado e medidas
descritivas dos seis modelos avaliados pelo pesquisador e o examinador do Board (padrão ouro).
63
Tabela 2. Valores do teste “t” de Student pareado e medidas descritivas dos seis modelos
avaliados pelo pesquisador e padrão ouro.
Critérios t Mínimo Máximo Média
Desvio
Padrão
p
Alinhamento A
1
6 12 9,8 2,04 0,12
B 3 10 7,3 2,42
Cristas Marginais A
1
2 6 3,17 1,47 0,24
*
B 0 5 1,50 1,63
Inclinação
Vestibulo-lingual
A
1
1 9 4,00 2,68 0,4
*
B 2 9 4,00 2,53
Contatos Oclusais A
1
0 5 2,67 2,06 0,53
B 0 5 2,00 1,89
Relações Oclusais A
1
0 11 4,00 4,24 0,084
B 0 13 5,17 4,86
Trespasse Horizontal A
1
0 10 3,30 3,67 0,58
B 0 11 3,30 3,87
Contatos Interproximais A
1
1 9 4,00 2,68 0,15
*
B 2 9 4,00 2,53
p= probabilidade do testet” de Student pareado.
* Wilcoxon (P<0,05) B= “Board”.
Observou-se que o pesquisador encontrou-se calibrado pela variação entre, isto é, para
todos os critérios avaliados através do teste tpareado, as observações realizadas nos modelos
pelo pesquisador em A1 não diferiram das observadas pelo padrão ouro.
Angulações de Raízes avaliadas pelo pesquisador.
Neste critério, em função da ausência de radiografias panorâmicas padronizadas pelo
padrão ouro, realizaram-se as observações diretamente nas 28 radiografias da amostra,
pertencentes ao acervo da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, em dois momentos distintos A
1
e A
2
. Realizou-se um teste “t” Student pareado
64
para o critério angulações das raízes. Observou-se diferença não significativa (P>0,05) entre as
observações realizadas pelo pesquisador, que se apresentou calibrado para este critério.
Tabela 3. Valores do teste t” de Student pareado e medidas descritivas do critério Angulações
de Raízes avaliadas pelo pesquisador.
Critérios t Mínimo Máximo Média
Desvio
Padrão
p
Angulações de Raízes A
1
2,0 9,0 4,71 1,97 0,11
A
2
2,0 8,0 4,92 1,98
p= probabilidade do testet” de Student pareado.
2 Em relação aos resultados dos tratamentos ortodônticos
Segundo as especificações do American Board of Orthodontics, o tratamento é considerado
bem finalizado quando o total de pontos negativos somados permanece no máximo igual a 20
pontos negativos (5,3%) e é considerado mal finalizado quando ultrapassa 30 pontos negativos
(7,9%). Constatou-se, na figura 10, a avaliação qualitativa da amostra estudada, com tratamento
ortodôntico finalizado na clínica de pós-graduação em Ortodontia da Faculdade de Odontologia
da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e avaliado pelo Sistema Objetivo de
Graduação do American Board of Orthodontics.
Observou-se que 3,6% dos tratamentos finalizados obtiveram pontuações negativas
médias inferiores a 20 pontos, portanto, classificados como bem finalizados. O maior percentual
observado foi de 50% dos tratamentos finalizados com pontuações médias negativas entre 20 e
30 pontos. Os tratamentos mal finalizados corresponderam a 46,4%.
65
Figura 10. Avaliação qualitativa das finalizações dos tratamentos da Classe I.
O total médio de pontos negativos observados, considerando a soma dos pontos perdidos
dividida pelos 28 pacientes, foi de 30,2 pontos negativos. Observou-se maior amplitude entre os
valores mínimos e máximos no critério alinhamento, com valores de 2 a 13 pontos negativos,
respectivamente. Notou-se, também, nesse mesmo critério, a maior média de pontuação negativa,
com valor de 8,36.
Tabela 4. Análise descritiva do número médio do total de pontos negativos, por critério.
Critério
Média
Desvio
Padrão
Mínimo
Máximo
Alinhamento 8,36 3,09 2,00 13,00
Altura das cristas marginais 3,57 1,89 0,00 8,00
Inclinações vestibulos-linguais dos dentes posteriores 2,57 1,83 0,00 7,00
Contatos oclusais dos dentes posteriores 4,07 3,54 0,00 12,00
Relações oclusais dos dentes posteriores 2,00 1,78 0,00 5,00
Trespasse horizontal 3,07 2,32 0,00 8,00
Contatos interproximais 1,82 1,63 0,00 6,00
Angulação de raízes. 4,92 1,98 2,00 8,00
A tabela 4 mostra a média, o desvio padrão, o mínimo e o máximo para cada critério do
sistema objetivo de graduação e, ainda, o total de pontos.
dio
50%
Mal
46,4%
Bem
3,6%
66
O critério que obteve menor pontuação e portanto, na média, foi o mais bem finalizado,
foi contatos interproximais _ 1,82 mais ou menos 1,63_ e o critério que teve a mais alta
pontuação foi o alinhamento_ 8,36 mais ou menos 3,09.
Figura 11. Pontuação média negativa por critério.
DISCUSSÃO
Os resultados de tratamentos de 28 casos inicialmente com maloclusão de Classe I de
Angle, finalizados entre os anos de 1991 e 1996, foram avaliados neste estudo. Todos os casos
foram tratados ortodonticamente com aparelho fixo.
O Sistema Objetivo de Graduação do American Board of Orthodontics foi utilizado para
avaliar os resultados dos tratamentos ortodônticos neste estudo. O SOG foi desenvolvido através
de pesquisas, buscando precisão na determinação de pequenas inadequações de posições
dentárias
3
.
27,5%
16,2%
13,4%
11,7%
10,1%
8,5%
6,6%
6,0%
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
Alinhamento
Angulação de Raizes.
Contatos oclusais dos dentes posteriores
Altura das cristas maginais
Trespasse horizontal
Inclinações vestibulo-lingual
Relações oclusais doa dentes posteriores
Contatos Interproximais
67
Casko et al
3
afirmaram que o Índice Oclusal mostrava-se mais apropriado para medir
registros pré-tratamento do que pós-tratamento.
De acordo com os padrões do American Board of Orthodontics, através do Sistema
Objetivo de Graduação, casos com pontuação maior que 30 pontos na avaliação não seriam
aprovados; e aqueles casos que apresentassem pontuação menor que 20 pontos seriam
considerados bem finalizados.
Yang Powers et al.
17
pesquisaram os resultados de tratamentos ortodônticos realizados na
Universidade de Illinois em 92 pacientes, através do Sistema Objetivo de Graduação do
American Board, e compararam os resultados com um grupo de 32 pacientes apresentados ao
ABO por ortodontistas diplomados. Encontraram uma diferença significante nos resultado de
tratamento. O grupo de pacientes tratados na Universidade apresentou uma pontuação total
média de 45,54, e o grupo de pacientes tratados por ortodontistas diplomados obtiveram uma
pontuação total média de 33,88.
No presente estudo, o critério melhor finalizado foi os contatos interproximais, assim
como no trabalho anteriormente citado, com uma pontuação total média de 30,2.
Tahir et al
14
avaliaram uma amostra de casos tratados por ortodontistas diplomados pelo
Board e encontraram os casos avaliados que foram bem finalizados e mostraram uma marcante
melhora na oclusão em relação à condição inicial. Avaliaram, também, as medidas cefalométricas
e o perfil tegumentar. Bons resultados foram alcançados com mínimo de iatrogenia, reabsorções
radiculares foram encontradas apenas em 30% dos pacientes.
Em um estudo realizado por Knierim, Roberts, Hartsfield
7
, foram avaliados os resultados
de tratamentos da clínica de Ortodontia da Universidade Indiana: 76,6% da amostra avaliada
apresentou uma pontuação menor ou igual a 30, segundo o sistema objetivo de graduação do
American Board of Orthodontics.
68
Através da avaliação dos resultados do tratamento ortodôntico, 53,6% dos pacientes
avaliados no presente estudo apresentaram pontuação menor ou igual a 30.
No estudo de Pinskaya et al
10
, entretanto, apenas 39,7% seriam aprovados pelo American
Board, apresentando uma pontuação menor ou igual a 30 pontos. Os autores verificaram, na
amostra estudada, que a qualidade da finalização piorou no período avaliado entre 1998 e 2000.
O número de casos com pontuação menor ou igual a 30 caiu em relação a 1998, quando
mostravam-se em 48,1%, mas reduziram para 45,1% em 1999 e 26% em 2000.
Cook, Harris e Vaden
4
compararam resultados de tratamentos ortodônticos realizados em
universidades com resultados encontrados em consultórios particulares. Não encontraram
diferenças significativas entre as pontuações totais, através do sistema objetivo de graduação do
American Board of Orthodontics. O total de pontos de ambos os grupos estudados foi menor que
30. Para o grupo de pacientes da Universidade, a pontuação geral média foi de 25,14 e, para o
grupo dos consultórios particulares, a pontuação média geral foi de 25,97. Nesse estudo as
radiografias panorâmicas não foram avaliadas.
Avaliou-se, no presente estudo, as radiografias panorâmicas para a verificação do critério
angulação das raízes. Esse critério foi o segundo mais pontuado para a amostra estudada,
indicando que esse foi o segundo critério mais deficiente na finalização do tratamento.
Nett e Huang
8
avaliaram as mudanças pós-tratamento através do Sistema Objetivo de
Graduação do American Board of Orthodontics em uma amostra de 100 pacientes dos arquivos
do departamento de Ortodontia da Universidade de Washington. Basearam-se apenas em seis dos
oito critérios do Sistema Objetivo de Graduação e enfatizaram a relação entre os resultados e a
alteração pós-contenção. A média total da pontuação foi de 21,5 no momento pós-tratamento.
Essa pontuação melhorou significantemente no período pós-contenção. Foi encontrada uma
redução de quatro pontos, indicando uma melhora das relações oclusais no período pós-
69
contenção. O comportamento de todos os critérios foi similar, exceto do alinhamento, que piorou
no período pós-contenção, com um aumento de 2,58 pontos sobre a média. Concluíram que o
alinhamento mostrou-se o critério menos previsível no padrão de mudanças pós-contenção. Os
autores dividiram os pacientes em três grupos, de acordo com os resultados obtidos no momento
pós-tratamento. O grupo I, 12% dos casos, obteve pontuação menor que 10 pontos; o grupo II,
35% dos casos, obteve pontuação menor que 20 pontos; o grupo III, 39%, ficou entre 21 e 30
pontos e o grupo IV, 14%, teve uma pontuação acima de 30 pontos. Os pacientes do grupo I
acompanhados no período pós-contenção, apresentaram um aumento médio de 4,1 pontos. A
mudança no grupo II não foi significante. No grupo III e IV, uma redução de 6 e 12,2 pontos,
respectivamente, foi observada, mostrando uma melhora estatisticamente significante. Esses
resultados indicaram que ocorre uma acomodação da oclusão após tratamento ortodôntico e a
obtenção de resultados oclusais perfeitos não garantem a estabilidade.
No presente trabalho, 3,6% da amostra apenas demonstraram uma pontuação entre 0 e 20
pontos, 50% obtiveram pontuação entre 20 e 30 pontos. Portanto, 53,6% dessa amostra seriam
aprovados pelo American Board of Orthodontics.
Os resultados de Vieira
16
indicaram que todos casos com maloclusão tipo Classe II, 1
a
divisão de Angle, tratados na mesma clínica de pós-graduação do presente estudo, foram mal
finalizados. Obtiveram mais de 30 pontos negativos pelo Sistema Objetivo de Graduação. O
critério relações oclusais foi o que apresentou mais imperfeições. O critério contatos
interproximais foi o que apresentou menos pontuações negativas, o que está de acordo com o
presente estudo.
Abei et al
1
utilizaram também o sistema objetivo de graduação do ABO para comparar
resultados de tratamentos realizados por ortodontistas especialistas e dentistas generalistas. Os
autores avaliaram 196 casos e constataram que a média total de pontos de pacientes tratados por
70
especialistas foi significantemente menor que os de pacientes tratados por generalistas. O
alinhamento foi o critério que mais contribuiu para essa diferença, principalmente o alinhamento
dos dentes posteriores inferiores.
Os resultados do presente estudo mostraram que, para a amostra avaliada, o alinhamento
foi o critério com maior pontuação negativa. Esses resultados foram similares aos resultados
encontrados por Abei et al
1
e Nett e Huang
8
.
CONCLUSÕES
Apoiados na metodologia e resultados obtidos, concluiu-se que:
1 De acordo com American Board of Orthodontics, 53,6% dos pacientes da amostra
estudada seriam considerados aprovados, pois obtiveram pontuação até 30 pontos.
2 O critério alinhamento foi o que apresentou maior porcentagem de pontos negativos,
com 27,7%. Entretanto, o critério com menor pontuação foi contatos interproximais, com 6,0%.
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS*
1- ABEI, Y. et al. Comparing orthodontic treatment out come between orthodontists and general
dentists with the ABO index. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 126, n.5, p. 544-
548, 2004.
2- ACKERMAN, M.B.; RINCHUSE, D.J.; RINCHUSE, D.J. ABO certification in the age of
evidence and enhancement. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 130, n. 2, p.
133-140, 2006.
3- CASKO, J. S. et al. American Board of Orthodontics objective grading system for dental
casts and panoramic radiographs. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 114, n. 5, p.
589-533, nov. 1998.
4- COOK, D.R.; HARRIS, E.F., VADEN, J.L. Comparasion of university and Private-practice
orthodontic treatment out comes with the American Board of Orthodontics objective
grading system. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 127, n.6, p. 707-712,
2005.
5- GOTTLIEB, E.L. Grading your orthodontic treatment results. J. Clin. Orthod., Boulder, v. 9,
n. 3, p. 155-61, Mar. 1975.
6- HSIEH, T-J.; PINSKAYA, Y.; ROBERTS, E. Assesment of Orthodontic Treatment
Outcomes: Early Treatment versus Late Treatment. Angle Orthod., Appleton, v. 75, n. 75, n.2,
p.162-170, 2005.
*
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: Informação e Documentação.
Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, Agosto 2000, 22 p.
72
7- KINIERIM, K.; ROBERTS, E.; HARTSFIELD, J.J. Assessing treatment out comes for a
graduate orthodontics program: Folow up study for the classes of 2001-2003. Am. J. Orthod
Dento facial orthop., St. Louis, v. 130, n. 5, p. 648-655, 2006.
8- NETT, B.C.; HUANG, G.J. Long-Term postreatment changes measured by the American
Board of Orthodontics Objetive Grading System. Am. J. Orthod Dentofacial Orthop., St Louis,
v. 127, n. 4, p. 444-450, 2005.
9- PICKERING, E. A.; VIG, P. The occlusal index used to assess orthodontic treatment. Br. J.
Orthod., Oxford, v. 2, n. 1, p.47-51, Jan. 1975.
10- PINSKAYA, Y,B. et al. Comprehensive clinical evaluation as an outcome assessment for a
graduate orthodontics program. Am. J. Orthod Dentofacial orthop. , St. Louis, v. 126, n. 5, p.
533-543, 2004.
11- RICHMOND, S. et al. The development of the PAR index (Peer Asessment Rating):
realibility and validity. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 14, n. 2, p. 125-39, Apr., 1992.
12- SUMMERS, C. The occlusal index: A system for identifying and scoring occlusal disorders.
Am J Orthod, Saint Louis, v. 59, n. 6, p. 552-66, June 1971.
13- SVEDSTRÖM-ORISTO, A. Et al. Morphological, functional and aesthetic criteria of
acceptable mature oclusion. Eur. J. Orthod, Oxford, v. 23, p. 373-381, 2001.
14- TAHIR, E. et al. An assessment of treatment outcome in American Board of Orthodontics
cases. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., Saint Louis, v. 111, n. 3, p. 335-42, Mar., 1997.
15- TANG, E.L.K.; WEI, S.H.Y. Recording and Measuring malocclusion a rewiew of the
literature. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 103, n. 4, p. 344-351, 1993.
73
16- VIEIRA, J. M. B. Avaliação dos Tratamentos Ortodônticos Realizados na Clínica de s-
Graduação em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da PUC Minas segundo as normas
estabelecidas pelo American Board of Orthodontics. 2003. 110 f. Dissertação (Mestrado) –
Faculdade de Odontologia, PUC Minas, Belo Horizonte, Brasil.
17- YANG-POWERS, L. C. et al. Treatment outcome in a graduate orthodontic clinic using
the American Board of Orthodontics grading system. Am J Orthod Dentofacial Orthop., Saint
Louis, v. 122, n. 5, p. 451-55, Nov. 2002.
74
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação dos resultados ortodônticos representa uma preocupação dos ortodontistas em
oferecer à comunidade serviços de qualidade.
Um dos aspectos mais desafiadores é a escolha do melhor índice para essa avaliação.
Busca-se, ainda, um índice que seja universalmente aceito. Além disso, os resultados de um
tratamento ortodôntico compreendem muitos fatores difíceis de serem quantificados.
Alterações do perfil tegumentar, do equilíbrio esquelético e funcional não foram medidos neste
estudo. A inclusão desses importantes critérios melhoraria muito os estudos de resultados de
tratamentos ortodônticos. Na ausência de padrões para uma avaliação quantitativa objetiva desses
critérios, o BOARD pode ser um importante indicador de excelência em ortodontia.
Apoiado nos resultados deste trabalho, deve-se melhorar o alinhamento e a angulação
radicular durante o tratamento.
75
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES*
1- BOARD BRASILEIRO DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL Web-site: Histórico,
Objetivos e Certificação. Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial, São Paulo, 2003.
Disponível em: http://www.bbo.org.br. Acesso em: 17 de setembro de 2007.
2- FREITAS, K.M.S., et al. Infuence of the quality of the finished occlusion on postretention
occlusal relapse. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 132, n. 4, p. 428.e9-
428.e14, out. 2007.
3- GOTTLIEB, E.L. Grading your orthodontic treatment results. J. Clin. Orthod., Boulder, v.
9, n. 3, p. 155-61, Mar. 1975.
4-POLING, R A method of finishing the oclusion. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St.
Louis, v. 115, n. 5, p. 476-487, may. 1999.
5- THE AMERICAN BOARD OF ORTHODONTICS Web-site: Information for candidates.
The American Board of orthodontics, Saint Louis, MO, 2003. Disponível em:
http://www.americanboardortho.com. Acesso em: 06 de outubro de 2007.
*
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: Informação e Documentação.
Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, Agosto 2000, 22 p.
76
7 ANEXOS
ANEXO A – Parecer da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da PUC Minas
77
ANEXO B - Tabela 5. Pontuações negativas dos critérios adotados pelo Board nos seis modelos
utilizados para a execução do teste “t” pareado (Variação dentro).
Critérios.
Alinhamento.
Cristas Marginais
Inclinações vestibulos-
linguais.
Contatos oclusais.
Relações oclusais.
Trespasse horizontal.
Contatos Interproximais
Angulação de Raizes.
Modelos A1
A2
A1
A2
A1
A2
A1
A2
A1
A2
A1
A2
A1
A2
A1
A2
1 11 12 3 3 3 3 5 7 6 5 2 3 0 0
2 6 8 6 6 1 1 3 3 5 6 5 5 0 0
3 10 11 3 3 3 4 0 1 0 0 0 0 0 0
4 10 9 2 2 4 4 5 5 11 11 10 9 0 0
5 12 9 2 3 4 5 2 3 4 2 2 2 0 0
6 10 8 3 4 9 9 1 0 0 0 1 1 5 5
A1 = Avaliação 1 realizada no dia 27/6/2007.
A2 = Avaliação 2 realizada no dia13/7/2007.
ANEXO C - Tabela 6. Pontuações negativas dos critérios adotados pelo Board nos seis modelos
utilizados para a execução do teste “t” pareado (Variação entre).
Critério
Alinhamento
Cristas Marginais
Inclinações vestibulos-linguais
Contatos oclusais
Relações oclusais
Trespasse horizontal
Contatos Interproximais
Angulação de Raizes.
Modelos
A1 B A1 B A1 B A1
B A1
B A1
B A1
B A 1
B
1 11 10 3 2 3 3 5 5 6 7 2 0 0 0
2 6 8 6 5 1 2 3 2 5 6 5 3 0 0
3 10 3 3 3 3 3 0 2 0 0 0 2 0 0
4 10 9 2 2 4 3 5 0 11 13 10 11 0 0
5 12 7 2 3 4 4 2 3 4 5 2 5 0 0
6 10 7 3 0 9 9 1 0 0 0 1 2 5 0
A1 = Avaliação 1 realizada no dia 27/6/2007.
B = Padrão Board.
78
ANEXO D - Tabela 7 Pontuações negativas dos critérios adotados pelo Board observados nos
pacientes Classe I da clínica de pós-graduação em Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais.
Critério
Alinhamento
Cristas
Marginais
Inclinações
Vestibulos-linguais
Contatos oclusais
Relações
Oclusais
Trespasse
Horizontal
Contatos
Interproximais
Angulação de
Raizes.
Pacientes A 1 A 1 A 1 A 1 A 1 A 1 A 1 A 1 Total
1 9 3 4 1 1 3 2 4 27
2 8 3 6 8 3 4 4 4 40
3 9 3 4 2 0 0 0 4 22
4 11 4 0 4 3 2 2 4 30
5 11 5 2 2 0 2 3 4 29
6 12 1 2 1 2 4 1 6 29
7 8 3 2 10 0 8 0 6 37
8 11 2 4 8 3 4 1 9 42
9 11 2 1 1 2 0 1 4 22
10 5 2 1 1 4 7 1 7 28
11 10 6 3 2 1 2 0 5 29
12 6 2 1 10 0 4 0 3 26
13 6 4 7 8 0 1 4 5 35
14 11 8 4 0 3 5 2 3 36
15 3 2 0 2 1 3 5 3 19
16 12 3 5 12 4 1 6 6 49
17 7 7 1 2 5 5 0 7 34
18 13 3 0 2 3 2 3 2 28
19 7 5 5 3 0 0 1 2 23
20 6 6 3 5 4 5 1 6 36
21 13 4 2 2 3 0 2 2 28
22 5 3 2 9 0 2 0 2 23
23 7 6 1 5 0 2 2 9 32
24 2 5 1 8 0 1 4 6 27
25 9 4 3 2 5 8 2 4 37
26 11 3 2 1 3 2 2 3 27
27 3 0 4 0 5 6 0 5 23
28 8 1 2 3 1 3 2 7 27
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo