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2.1.4. Alterações das vias aéreas inferiores
Hemorragia pulmonar induzida pelo exercício (HPIE)
A HPIE é definida como sendo a presença de sangue livre na árvore traqueobrônquica,
oriunda dos pulmões, após exercício intenso (CLARKE, 1985). Geralmente a HPIE está
estreitamente relacionada com a velocidade atingida pelo animal durante o exercício, sendo
que nos cavalos de corrida, tanto PSC como nos trotadores, ela é mais relatada (HARKINS;
TOBIN, 1995). Foi descrita pela primeira vez em 1981, já que antes, se acreditava que o
sangue em animais que sofriam epistaxe durante as corridas, era proveniente das vias aéreas
superiores (PASCOE et al., 1981). É uma condição de alta morbidade e baixa mortalidade que
afeta cavalos submetidos ao esforço físico intenso (ARAYA et al., 2005) e é uma causa
importante de baixo rendimento em cavalos de corrida (HINCHCLIFF et al., 2004). O
diagnóstico é feito através da endoscopia das vias aéreas inferiores após o exercício, análise
do aspirado traqueal ou análise do lavado bronco alveolar (COUËTIL; HINCHCLIFF, 2004).
A teoria mais aceita para explicar a HPIE é de que a alta pressão transmural cause
algum dano e rompimento dos capilares pulmonares. A pressão transmural é a diferença entre
a pressão interna dos capilares pulmonares e a pressão do ar dentro dos alvéolos (MARLIN;
VINCENT, 2007). Uma obstrução inspiratória parcial, como por exemplo, a produzida pela
hemiplegia laríngea, aumenta ainda mais a pressão transmural durante a inspiração forçada e
com isso aumenta a chance de ocorrer o rompimento de capilares pulmonares do septo
alveolar resultando em HPIE (COUËTIL; HINCHCLIFF, 2004). Exames endoscópicos das
vias aéreas em cavalos PSC, realizados duas horas após a corrida, mostram uma incidência de
HPIE que varia de 42% até 90%, dependendo do critério de seleção dos animais para o
experimento (HINCHCLIFF, 2007). Em compensação, em um estudo com cavalos de pólo, a
incidência foi de 11% (VOYNICK; SWEENEY, 1986). Em trotadores, a incidência de HPIE
varia de 26-34%, valor mais baixo do que os encontrados em cavalos de corrida (SPEIRS,
1982). Em cavalos Quarto de Milha de corrida, foi relatado que 62% sofreram HPIE, sendo
que o problema já foi descrito em cavalos que disputavam corrida com tonéis (HILLIDGE;
LANE; JOHNSON, 1984). Uma pesquisa realizada com endoscopia pós exercício em 23
cavalos Crioulos chilenos de rodeio apontou uma incidência de aproximadamente 60% de
HPIE (ARAYA et al., 2005).
A relação entre performance e a ocorrência de HPIE em cavalos de corrida é bastante
controversa. Não há dúvida de que graus elevados de hemorragia causam diminuição na
performance e em raros caso até a morte do animal, no entanto, ainda não foi determinada