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Universidade Federal do Rio de Janeiro
“AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEPTINA E RESISTÊNCIA
INSULÍNICA NA SÍNDROME DE BERARDINELLI - SEIP”
Daniela Mendes Amaral
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2005
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“AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEPTINA E RESISTÊNCIA INSULÍNICA NA SÍNDROME DE
BERARDINELLI - SEIP”
Daniela Mendes Amaral
Rio de Janeiro
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃ
O EM MEDICINA, COM ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM
ENDOCRINOLOGIA, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM MEDICINA, COM ÁREA DE
CONCENTRAÇÃO EM ENDOCRINOLOGIA.
Orientadora: Prof
a
. Marília Martins Guimarães
Janeiro, 2005
“AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEPTINA E RESISTÊNCIA INSULÍNICA NA SÍNDROME DE BERARDINELLI -
SEIP”
Daniela Mendes Amaral
Orientadora: Prof
a
. Marilia Martins Guimarães
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação / Corpo Docente da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Medicina, com área de concentração em Endocrinologia.
Aprovada por:
----------------------------------------------
Presidente da banca
----------------------------------------------
Prof.
-----------------------------------------------
Prof.
RIO DE JANEIRO
Janeiro, 2005
Amaral, Daniela Mendes
Avaliação dos níveis de leptina e resistência insulínica na
Síndrome de Berardinelli – Seip/ Daniela Mendes Amaral -
Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2005.
xiii,34p
Orientador: Marília Martins Guimarães
Dissertação (Mestrado) – UFRJ
Programa de Pós-Graduação em Medicina, área de
concentração Endocrinologia. Faculdade de Medicina,
2005.
Referências Bibliográficas:6f.
1. Leptina. 2.Insulina. 3.Síndrome de Berardinelli-Seip.
4. Endocrinologia - I. Tese (Mestrado) II. Faculdade de
Medicina. III. Título.
“NINGUÉM PODE VOLTAR ATRÁS E FAZER UM NOVO COMEÇO,
MAS TODOS PODEM RECOMEÇAR E FAZER UM NOVO FIM “
CHICO XAVIER
A Ilda e Joaquim Amaral, meus pais amados
A Adélia e Mário Querido, meus queridos tios
Pelo amor e equilíbrio, que me fortalecem e me impulsionam a crescer,
sempre.
B) Agradecimentos
Em primeiro lugar, meu sincero agradecimento aos pacientes, crianças e adolescentes, do serviço de Endocrinologia do Instituto de
Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro e aos seus familiares que concordaram em participar da
pesquisa
À minha querida e admirada orientadora Prof
a
. Marília Martins Guimarães, pelo incentivo, desde o começo de tudo, nos momentos
altos e nos baixos, pela paciência, compreensão e inestimável ajuda na feitura desta tese
Aos Professores Izabel Calland Ricarte Bezerra, Jorge Luescher, Cláudia Castilho e Helena Pimentel de Oliveira (in memorium), por
tão bem me receberem e guiarem meus primeiros passos na endocrinologia pediátrica
À minha amiga, companheira meiga e iluminada de todas as horas, Cristina Teixeira da Fonseca, sem a qual a tese não existiria, pela
paciência, amizade, noites em claro, risos e lágrimas
Aos profissionais do Serviço de Imunologia do IPPMG/UFRJ, pelos válidos ensinamentos em relação ao manuseio das amostras e
pela paciência
Às Dras. Trude Dimetz e Maria Fernanda Castelar, do Laboratório Sérgio Franco, pela gentileza e realização das dosagens de leptina
e insulina
Às minhas amigas Fernanda Mussi Gazzola (minha anjinha), Neuza Andrade de Souza (minha guru) e Andrea Santoro (minha irmã),
companheiras de todas as horas
Aos meus amigos Márcio Nehab e Paulo Henrique Pais, pelo importantíssimo incentivo e estímulo à minha carreira e pela amizade
eterna
Ao meu amor, Márcio Silveira da Fonseca, uma das pessoas mais inteligentes e capazes que eu já conheci, pela inspiração
A todos os colegas do IPPMG e HU, pelo apoio durante esta jornada
A Deus e ao Lar de Frei Luiz, por me indicarem o caminho do meio.
Glossário
SBS – Síndrome de Berardinelli-Seip
IMC – Índice de Massa Corpórea
HOMA – Homeostasis Model Assessment
RI – Resistência insulínica
Índice
I. Introdução Pg. 1
II. Fundamentos Teóricos Pg. 3
III. Objetivos Pg. 11
IV. Casuística e Metodologia Pg. 12
V. Resultados Pg. 19
VI. Discussão Pg. 23
VII. Conclusão Pg. 28
VIII. Referências Bibliográficas Pg. 29
IX. Anexos
RESUMO
“AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEPTINA E RESISTÊNCIA INSULÍNICA NA SÍNDROME DE BERARDINELLI -
SEIP”
DANIELA MENDES AMARAL
ORIENTADOR: PROF
A
. MARÍLIA MARTINS GUIMARÃES
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Medicina, com área de concentração
em Endocrinologia, Faculdade de Medicina – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina, área de concentração em Endocrinologia.
A Síndrome de Berardinelli-Seip (SBS) ou lipodistrofia generalizada congênita é uma doença rara, com
transmissão autossômica recessiva, caracterizada principalmente pela ausência quase total de tecido adiposo. Os
pacientes afetados são predispostos à resistência insulínica severa, principalmente após o início puberal. Estudos têm
evidenciado hipoleptinemia nesses pacientes e tentado correlacionar o fato à resistência insulínica, em busca de novas
armas terapêuticas. O objetivo de nosso estudo foi avaliar o perfil clínico dos pacientes, os níveis de leptina e insulina
e a resistência insulínica estimada através do modelo matemático Homeostasis Model Assessment (HOMA). Foram
avaliados 6 pacientes (4 do sexo masculino e 2 do feminino com a SBS), média de idade: 6,6±4,0 anos, sendo 2
irmãos. Consangüinidade entre os pais foi observada em 4 dos pacientes estudados. Todos apresentavam alta
estatura, hipertrofia muscular e flebomegalia. Hepatomegalia, hipertricose e acantose nigricans foram outros achados
freqüentes. Encontramos hipoleptinemia em todos, hiperinsulinismo em 83,3% e resistência insulínica em 66,6% dos
pacientes.
ABSTRACT
“EVALUATION OF LEPTIN LEVELS AND INSULIN RESISTANCE IN BERARDINELLI-SEIP SYNDROME”
DANIELA MENDES AMARAL
ORIENTADOR: PROF
A
. MARÍLIA MARTINS GUIMARÃES
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Medicina, com área de concentração
em Endocrinologia, Faculdade de Medicina – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina, área de concentração em Endocrinologia.
Berardinelli-Seip syndrome (BSS) or congenital generalized lipodystrophy is a rare autossomal recessive
disorder, mainly characterized by nearly complete absence of adipose tissue. The affected patients are predisposed to
marked insulin resistance, specially after the onset of puberty. Some studies have correlated low leptin levels in these
patientes with insulin resistance, searching for new therapheutic approaches. The aim of our study was to describe the
clinical features of the syndrome, evaluate their leptin and insulin levels and estimate insulin resistance through the
mathematic model Homeostasis Model Assessment (HOMA). We studied 6 subjects (4 males and 2 females) with BSS,
mean age: 6,6±4,0 years. Consanguinity between parents was observed in four patients.High stature, muscular
hypertrophy and flebomegaly were present in all patients. Hepatomegaly, Hypertrichosis and acantosis nigricans were
also frequent findings. All patients presented low leptin levels, 83,3% high insulin levels and 66,6% insulin resistance.
I- INTRODUÇÃO
A lipodistrofia generalizada congênita ou Síndrome de Berardinelli-Seip (SBS) é uma doença extremamente rara, de
transmissões autossômicas recessiva, que acomete vários grupos étnicos. Foi relatada pela primeira vez, por Waldemar Beradinelli,
em 1954
(9)
.
Trata-se de uma doença caracterizada principalmente pela ausência quase total de tecido adiposo nas áreas subcutâneas,
intra-abdominal, intra-torácica, na medula óssea e nas glândulas paratireóides, ou seja, regiões onde o tecido adiposo é
metabolicamente ativo.
(20)
Outras características freqüentemente encontradas incluem: hipertrofia muscular com aspecto “hercúleo”
e flebomegalia (ambas acentuadas pela escassez de tecido subcutâneo), velocidade de crescimento acelerada com alta estatura,
avanço da idade óssea, aspecto acromegalóide, hepatoesplenomegalia, macrogenitossomia, hipertricose e acantose nigricans, esta
última mais freqüente após os 8 anos de idade
(9, 15, 19, 20, 35, 36, 37, 38)
. Os pacientes têm ainda importante tendência ao
desencadeamento de hiperinsulinismo e hipertrigliceridemia (já na infância) e resistência insulínica (mais comumente após o início
puberal), no entanto, os mecanismos envolvidos ainda não estão completamente elucidados
(15, 19, 20, 36, 41)
. O diabetes mellitus
estabelecido e suas complicações ocorrerem com mais freqüência durante a puberdade, sendo seu controle extremamente difícil,
seja com o uso de hipoglicemiantes orais ou com insulina. O início precoce de diabetes e dislipidemia pode levar a aterosclerose
precocemente
(15, 19, 20, 36, 41)
. A busca de novas armas terapêuticas tem sido, portanto, alvo de várias pesquisas.
Inicialmente autores acreditavam haver alterações nos receptores da insulina.
(36, 41)
. Mais tarde, outros passaram a acreditar
que a amiloidose das ilhotas pancreáticas e a atrofia das células beta eram os únicos mecanismos responsáveis pelas alterações dos
metabolismos dos carboidratos nestes pacientes, como ocorre no diabetes do tipo 2
(16, 19, 20)
. Mais recentemente, alguns grupos
iniciaram estudos em modelos animais e humanos, correlacionando a escassez de leptina, hormônio produzido pelo tecido adiposo e
reduzido na SBS, às alterações dos metabolismos dos carboidratos nestes pacientes
(6, 10, 14, 25, 31, 39)
. A leptina tem papel já elucidado
e estabelecido na regulação do peso corporal, reduzindo a ingestão de alimentos (estímulo hipotalâmico) e aumentando o consumo
energético global
(11, 33)
. Sua função na regulação da sensibilidade à insulina é que ainda não foi totalmente esclarecida, mas estudos
indicam que níveis baixos de leptina gerariam diminuição da sensibilidade global à insulina
(11, 19, 39)
, além de desviarem ácidos
graxos para armazenamento no fígado, músculos esqueléticos e mesmo nas Ilhotas de Langerhans, desviando-os de outros órgãos
nos quais são escassos
(39, 41)
. Assim, na ausência de leptina haveria uma maior estocagem de tecido adiposo em locais
desnecessários, prejuízo da utilização de ácidos graxos por outros tecidos e uma acentuação conseqüente da resistência à ação da
insulina sobre a captação e metabolismo da glicose
(20, 39)
.
A hipoleptinemia severa nas lipodistrofias foi confirmada por alguns grupos e a administração de leptina recombinante
subcutânea, em modelo animal, foi capaz de reverter a resistência insulínica
(10, 39)
. Em humanos alguns estudos foram realizados
e outros estão em curso, todos encontrando sempre a dificuldade do tamanho amostral, derivada da baixa incidência da doença,
porém mostrando bons resultados em relação à resistência insulínica e dislipidemia existentes
(6, 14, 31, 34)
.
O objetivo do presente estudo foi avaliar o perfil clínico, os veis de leptina, de insulina e a resistência insulínica estimada
através do modelo matemático Homeostasis Model Assessment (HOMA), em.crianças e adolescentes com SBS acompanhadas em
nosso Serviço.
II- FUNDAMENTOS TEÓRICOS
A) Síndrome de Beradinelli-Seip: Clínica, laboratório e bases moleculares
Em 1954 foram descritos no Brasil os dois primeiros casos do mundo de lipodistrofia generalizada congênita, por Waldemar
Berardinelli. O fenótipo e os exames laboratoriais dos pacientes estudados fizeram-no pensar em uma nova síndrome endócrino-
metabólica, cuja etiologia foi a princípio atribuída à uma provável hipersecreção de somatropina. As características observadas
incluíam gigantismo (com aspecto acromegalóide), hipertrofia muscular importante, escassez severa de tecido gorduroso,
hepatoesplenomegalia, cirrose, infiltração gordurosa do gado, dislipidemia, hiperproteinemia e alterações do metabolismo dos
carboidratos, dentre outras
(9)
.
Em 1959 e, posteriormente, em 1963, Seip detalhou novas características da síndrome, incluindo hiperinsulinemia
importante
(35, 37)
. A Lipodistrofia Generalizada Congênita foi então denominada de acordo com os pesquisadores anteriormente
citados: Síndrome de Berardinelli-Seip (SBS).
Em 1971 seu caráter autossômico recessivo de transmissão foi elucidado. Foi também levantada a hipótese de mutação
patológica nos genes reguladores do transporte e armazenamento da glicose e dos ácidos graxos nos adipócitos
(22, 29, 36, 38)
.
Nos anos 90, vários estudos foram realizados visando elucidar as alterações genéticas envolvidas na lipodistrofia congênita
generalizada. Muitos destes excluíram vários genes envolvidos na ação insulínica, no metabolismo lipídico e na biologia dos
adipócitos
(30, 40, 44, 45,)
. No entanto, o papel de muitos outros genes envolvidos na diferenciação dos adipócitos permaneceram sob
investigação, havendo fortes suspeitas de sua implicação na etiologia da resistência insulínica
(18)
.
Garg, Fleckenstein e colaboradores, em 1992
(17)
e, posteriormente, Chandalia, Garg, Vuitch e Nizzi, em 1995
(12)
, avaliaram
a composição corporal de pacientes com SBS, através de ressonância nuclear magnética e de autópsias, evidenciando escassez
quase total de tecido adiposo metabolicamente ativo (intra-abdominal, intratorácico, na medula óssea e em áreas subcutâneas), em
contraste com a presença de quantidades normais de tecido adiposo “mecânico” (nas órbitas, palmas, plantas, couro cabeludo,
períneo e região peri-articular). Tais evidências levaram-nos a supor que o defeito genético implicado na síndrome em questão
interferia seletivamente no crescimento e diferenciação do tecido adiposo metabolicamente ativo e poderia resultar em agenesia dos
pré-adipócitos, falência da diferenciação dos mesmos em adipócitos maduros ou falência dos adipócitos maduros em sintetizar e/ou
estocar triglicerídeos
(17, 18)
.
Em 1999 um estudo genético realizado em 25 pacientes acometidos, pertencentes a 6 famílias de diferentes raças e etnias,
comprovou o comprometimento de pelo menos 2 loci implicados na SBS: BSCL1, no cromossomo 9q34 e BSCL2, até então não
mapeado
(18)
.
Dois anos depois, Magré e colaboradores
(27)
, estudaram um total de 71 pacientes e vieram a identificar mutações também no
cromossomo 11q13, ora homozigóticas (para uma mutação específica), ora com componentes heterozigóticos. Nos pacientes nos
quais não foi encontrada alteração neste cromossomo, confirmaram-se as alterações descritas por Garg e colaboradores em 1999
(18)
,
ou seja, mutações no cromossomo 9q34. O novo locus, com intervalo de aproximadamente 8 cM, foi então denominado de BSCL2.
BSCL2 é expresso principalmente no cérebro, na maior parte restante do sistema nervoso central e nos testículos. Codifica
uma proteína que foi denominada de seipin, que não apresenta similaridade com nenhuma outra proteína conhecida e ainda não tem
sua função totalmente esclarecida
(27)
. Trata-se de um gene provavelmente implicado no desenvolvimento dos distúrbios
metabólicos encontrados na SBS, incluindo o diabetes. A identificação do mesmo e da proteína seipin ainda necessita de
investigações adicionais que contribuam para a elucidação de mecanismos implicados na fisiologia da doença, incluindo sua ação
na regulação do comportamento e dos gastos energéticos e na distribuição da gordura corporal
(27)
.
Em 2004 Garg subdividiu as lipodistrofias generalizadas congênitas de acordo com suas bases moleculares, sugerindo 2
tipos
(19)
:
Lipodistrofia generalizada congênita do tipo 1: ligada ao cromossomo 9q34, tendo sido descritas uma variedade de mutações
homozigóticas e heterozigóticas compostas no gene AGPAT2
(1, 18)
. As observações sugerem que a enzima AGPAT2 aberrante
pode causar lipodistrofia através da redução da ntese de triglicerídeos pelo tecido adiposo, determinando adipócitos pobres em
triglicerídeos, ou através da redução da biodisponibilidade do ácido fosfatídico e dos fosfolipídeos, esssenciais para a sinalização
intracelular e várias funções da membrana. Os pacientes com tal alteração apresentam falta de tecido adiposo metabolicamente
ativo, enquanto sua distribuição em áreas mecânicas permanece normal. A preservação do tecido adiposo mecânico em pacientes
com mutações no gene AGPAT2 provavelmente ocorre por expressão aumentada de outras isoformas de AGPAT
(19, 28)
.
Lipodistrofia generalizada congênita do tipo 2: ligada ao cromossomo 11q13 e associada à codificação da proteína seipin. Os
mecanismos exatos que levam à lipodistrofia permanecem desconhecidos
(27)
. Os pacientes com tais mutações têm uma prevalência
maior de retardo mental leve e de miocardiopatia hipertrófica, em relação aos portadores de mutações de AGPAT2
(2, 43)
.
Em alguns pacientes não foi possível localizar alterações genéticas sugestivas de doença do tipo 1 ou 2, o que suscita a
provável existência de outros loci e vias distintas envolvidas nas bases moleculares das lipodistrofias, ainda desconhecidas
(2, 19, 24,
28)
.
As principais características clínicas e laboratoriais atualmente conhecidas da SBS incluem
:
(7, 15, 18, 19, 20, 25, 27, 31 35, 36, 37, 38)
Ausência quase total de tecido adiposo (especialmente de gordura subcutânea);
Síndrome anabólica caracterizada por: crescimento linear acelerado (principalmente no primeiro ano de vida), com avanço
da idade óssea e estatura final acima da estimada pelo alvo genético, na maioria dos casos; hipertrofia muscular generalizada
(aparência “hercúlea” lipodistrófica típica), facilmente observável ao nascimento; constituição corporal com aspecto
masculino e acromegalóide (às custas principalmente do aumento de mãos, pés e mandíbula) com níveis normais de IGF1 e
ausência de resposta compatível com excesso de somatropina em testes de estímulo;
Acantose nigricans, principalmente no pescoço, axilas, cotovelos, joelhos, virilhas e tronco, às vezes com aspecto verrucoso,
é achado presente em quase todos os casos. Pode surgir na primeira infância em graus variados, com tendência à regressão
na puberdade. Quando surge na adolescência, sua intensidade é bem pronunciada e há menor tendência a regressão;
Hiperinsulinemia e diabetes mellitus não-cetótico, de aparecimento geralmente na puberdade e resistente à insulina e a
hipoglicemiantes orais;
Hipoleptinemia, com níveis circulantes de leptina geralmente próximos ou abaixo dos limites de detecção;
Apetite voraz e hipermetabolismo, com elevada taxa metabólica basal;
Hepatomegalia em quase todos os casos. Podem ocorrer disfunções da função hepática, sendo o aumento das
aminotransferases e a dislipidemia, as mais comuns, especialmente a hipertrigliceridemia e presença de níveis baixos de
HDL. Alguns pacientes podem apresentar níveis aumentados de colesterol total e de LDL;
Esplenomegalia (rara);
Macrogenitossomia em ambos os sexos, incluindo aumento do pênis, bolsa escrotal e clitóris. Mais tardiamente grande
incidência de síndrome dos ovários policísticos e de amenorréia nas mulheres acometidas;
Gestações são raramente bem sucedidas. No sexo masculino o
potencial reprodutivo é normal;
Hérnia umbilical;
Hipertensão arterial sistêmica e doenças cardíacas, especialmente cardiomiopatia hipertrófica severa;
Lesões ósseas líticas múltiplas;
Alterações oftalmológicas, incluindo retinopatia severa;
Retardo mental leve a moderado em alguns casos;
Hipertricose, com fâneros espessos e encaracolados.
Pele ressecada;
Hiperhidrose;
Flebomegalia;
Xantomatose e episódios recorrentes de pancreatite aguda, ambas pela dislipidemia;
Hiperandrogenismo.
Atualmente, existem aproximadamente 250 casos descritos na literatura mundial. Levando-se em consideração que apenas 1
em cada 4 pacientes é descrito, estima-se que a prevalência mundial seja de 1 em 10 milhões de habitantes
(19)
.
C) Leptina/ Tecido adiposo
A leptina é um hormônio produzido exclusivamente pelos adipócitos, produto do gene Ob, constituído por 167 peptídeos,
descoberto em 1994 por Zhang e colaboradores
(48)
.
A relação entre os níveis de leptina e a quantidade de tecido adiposo existente foi, desde então, amplamente demonstrada em
humanos e animais, havendo correlação fortemente positiva com a porcentagem de gordura corporal.
(13, 31 48)
O hormônio
secretado pelos adipócitos liga-se a proteínas circulantes e a demonstração de que sua fração livre é maior em indivíduos obesos do
que nos magros, reafirmou a hipótese, em humanos e roedores, de que os seus níveis séricos estariam realmente diretamente
relacionados à gordura corporal, embora haja grande variação do hormônio de acordo com a quantidade da mesma
(11, 13)
. Os níveis
circulantes de leptina aumentam com o percentual de gordura corporal, mas não se relacionam com a gordura visceral. Tendem a
ser mais altos em homens do que em mulheres e sofrem influência de vários hormônios, principalmente dos esteróides adrenais.
Estudos in vivo e in vitro, mostraram que os glicocorticóides aumentam a transcrição genética e, conseqüentemente, os níveis de
leptina.
(11, 13)
.
Acredita-se que a leptina seja responsável pela sinalização para o sistema nervoso central indicando os níveis de gordura
existentes, ou seja, a adequação ou inadequação dos depósitos de gordura, induzindo então uma resposta apropriada de ingesta
alimentar e gasto energético
(11)
. Sendo assim, níveis baixos de leptina indicariam baixa reserva de tecido adiposo e aumentariam a
ingesta alimentar, orientando o organismo a se adaptar a esta condição
(3)
.
Os efeitos biológicos da leptina ocorrem através da ativação de uma via Jak-Stat, com envolvimento específico da proteína
Stat-3. No entanto, não está claro se esta é a única via envolvida
(21, 42)
. Uma possibilidade também levantada para seus efeitos
sobre o cérebro, seria a ação através do neuropeptídeo Y (NPY), que estimula a ingesta alimentar. A leptina é capaz de diminuir a
síntese de NPY ou a sensibilidade a este e, portanto, atuar na regulação da ingesta alimentar pó esta via
(11)
.
D) Resistência insulínica, leptina e Síndrome de Berardinelli-Seip
Resistência insulínica é definida quando concentrações normais de insulina, produzem respostas subnormais em relação aos
efeitos biológicas esperados
(26, 46)
. Pacientes com resistência insulínica apresentam então hiperinsulinemia associada a
normoglicemia ou hiperglicemia.
(26)
.
Os pacientes com lipodistrofia generalizada congênita parecem apresentar mecanismos mais complexos de resistência à
insulina, uma vez que tanto resistência periférica, quanto hepática foram relatadas. Suas bases moleculares e fisiopatológicas ainda
não foram totalmente elucidadas
(19, 31)
.
Alguns autores acreditam que a resistência existente possa ser inicialmente compensada pela hiperinsulinemia, mantendo um
estado euglicêmico por um tempo variável. Entretanto, um início gradual de amiloidose das ilhotas e atrofia das células beta, pode
levar a hiperglicemia franca, como ocorre no diabetes do tipo 2
(16, 19)
. Alguns autores acreditam ainda que nas doenças que cursam
com importante deficiência de tecido gorduroso, determinada quantidade de triglicerídeos pode ser acumulada no fígado e músculos
esqueléticos, contribuindo para a resistência
(12, 19, 39)
. O armazenamento de ácidos graxos em outros locais, como nas ilhotas de
Langerhans, poderia também torná-las resistente aos efeitos estimulatórios da insulina sobre a captação da glicose
(39)
.
Recentemente alguns estudos correlacionaram níveis baixos (residuais) de leptina em pacientes com SBS, com a severidade
das complicações metabólicas, especialmente com as relacionadas aos carboidratos, como hiperinsulinemia, resistência insulínica e
suas conseqüências
(6, 7, 14, 31)
.
Ao momento ainda não está totalmente esclarecido o mecanismo que correlaciona níveis baixos de leptina e resistência
insulínica. Alguns autores
(19, 31, 39)
acreditam que o hormônio produzido pelo tecido adiposo module a sensibilidade à insulina e a
distribuição da glicose, independentemente do seu efeito sobre a ingesta alimentar, além de estar implicado na distribuição anômala
dos ácidos graxos, anteriormente descrita . Estudos em modelos animais lipodistróficos indicaram que a resistência estava
intimamente ligada à hipoleptinemia, secundária à falha da diferenciação dos adipócitos, e demonstraram que a administração
subcutânea de leptina foi capaz de reestabelecer a sensibilidade à insulina
(10, 39)
. Embora não se tenha ainda a explicação concreta
sobre o mecanismo que leva a hipoleptinemia em ratos lipodistróficos a determinar resistência insulínica, acredita-se que não esteja
ligada à ingestão excessiva de calorias, uma vez que uma restrição calórica substancial realizada nos mesmos não foi capaz de
reverter a hiperinsulinemia e/ou hiperglicemia
(39)
.
III- OBJETIVOS:
A) Geral:
Descrever o perfil clínico e antropométrico, níveis séricos de leptina, insulina e a resistência insulínica estimada através do
modelo matemático HOMA, em pacientes com SBS.
B) Específicos:
Descrever o perfil clínico e antropométrico, enfatizando as características clínicas da síndrome, o desenvolvimento puberal e
as medidas antropométricas dos pacientes, através da avaliação do escore z de altura, peso e IMC.
Descrever os níveis séricos de leptina, insulina e a estimativa da resistência insulínica nos pacientes estudados.
IV- CASUÍSTICA E METODOLOGIA:
A) Casuística:
Crianças e adolescentes de ambos os sexos, com diagnóstico de Síndrome de Berardinelli-Seip (lipodistrofia generalizada
congênita), acompanhados nos Serviços de Endocrinologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
B) Metodologia: Estudo transversal e descritivo
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF)
– Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e aprovado sob o número 026/04.
Todos os pacientes tiveram um termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos seus pais ou tutores (vide anexo I).
Critérios de Inclusão:
- Síndrome de Berardinelli-Seip diagnosticada pelo Serviço de Genética do IPPMG / URFJ
- Idade entre 1 e 19 anos
- Consentimento dos pais ou responsáveis, por escrito, após esclarecimento
Critério de exclusão:
- Pacientes com doenças concomitantes ou em uso de medicamentos como insulina, hipoglicemiantes orais, agentes
hipolipemiantes, glicocorticóides, esteróides sexuais e outras medicações que pudessem interferir nas dosagens
pretendidas
Coleta de dados:
Foi realizado um levantamento de prontuários para avaliar o número de pacientes que preenchiam os critérios de inclusão.
Estes foram então convocados por telefone e/ou telegrama e convidados a participar da pesquisa.
Foi realizada história médica completa (anamnese) incluindo:
- Identificação: nome completo, sexo, nome do(s) responsáveis, data do nascimento, local do nascimento, endereço, telefone.
A idade foi calculada em meses e em décimos de anos
- História gestacional
- História da doença atual, incluindo a idade na ocasião do diagnóstico, tratamentos em curso e sintomatologia sugestiva
de alteração do metabolismo dos carboidratos (poliúria e polidipsia) e de outras co-morbidades associadas à síndrome
- História patológica pregressa, incluindo co-morbidades associadas à doença (especialmente: doenças cardíacas,
oftalmológicas, ósseas e do metabolismo dos carboidratos); outras patologias apresentadas; tratamentos medicamentosos
e/ou cirúrgicos realizados ou em curso
- História familiar, incluindo outros casos de SBS e/ou outras alterações genéticas e inquérito sobre consangüinidade
familiar
- História do desenvolvimento neuropsicomotor (incluindo marcos do desenvolvimento, humor, sociabilidade e apetite)
- História do desenvolvimento sexual (cronologia do surgimento dos caracteres sexuais, quando existentes; idade
cronológica na ocasião da menarca, quando ocorrida e avaliação dos ciclos menstruais)
Avaliação dos pacientes
Os pacientes incluídos no estudo foram medidos e pesados, com um mínimo de roupas e descalços. A altura foi verificada
através de estadiômetro fixo, com retificação da cabeça, mantendo o ângulo ocular em 90
o
em relação a parede, e anotada em
centímetros. O peso foi medido através de balança de precisão, sendo anotado em quilogramas.
Todos os pacientes foram submetidos a exame físico completo (Cabeça e pescoço, aparelhos cardiovascular e respiratório,
abdome, membros, exame da pele e dos fâneros e avaliação do desenvolvimento dos caracteres sexuais: mamas, pêlos axilares e
pubianos e genitália externa).
Quanto ao desenvolvimento dos caracteres sexuais os pacientes foram agrupados em pré-púberes e púberes, de acordo com a
ausência ou presença dos caracteres sexuais secundários, respectivamente. Foram considerados marcos de puberdade nos meninos o
aumento de volume testicular (2,5 cm no maior eixo) e nas meninas, o aumento das mamas.
Foram apreciadas e anotadas todas as alterações encontradas relacionadas à síndrome, especialmente os estigmas mais
freqüentes, nomeadamente:
- Hipertrofia muscular
- Acantose nigricans
- Flebomegalia
- Hepatomegalia
- Esplenomegalia
- Macrogenitossomia (aumento de pênis ou clitóris)
- Hérnia umbilical
- Hipertricose
- Hiperhidrose
- Xantomatose
- Alterações da ausculta cardíaca
- Alterações visuais notáveis ao exame físico (realizado pelo não especialista)
- Queixas relacionadas ao esqueleto, que possam corresponder a lesões ósseas líticas
Foi realizada radiografia de mãos e punhos, para avaliação da idade óssea através do método de Greulich-Pyle
(23)
.
A ficha utilizada para coleta de dados e avaliação dos pacientes encontra-se no anexo II.
Coleta de material:
Após jejum noturno de 10 horas foram coletados 10 ml de sangue, através de punção venosa no antebraço. O sangue foi
centrifugado e o soro obtido separado em 3 alíquotas, para realização das seguintes dosagens: glicemia de jejum, leptina e insulina.
A alíquota para dosagem de glicemia não foi estocada e os exames foram prontamente processados.
As demais alíquotas foram congeladas em freezer de temperatura <80
o
C, até que todas as amostras estivessem estocadas
para abertura dos kits e realização das dosagens hormonais.
Avaliação laboratorial:
Dosagem de glicose: Foi realizados pelo método enzimático colorimétrico (oxidase), considerando-se, de acordo com os
critérios da WHO, a faixa da normalidade com valores entre 70 e 110mg/dL
(47)
Dosagem de leptina: Foi realizada através do kit DSL 23100 Active por ensaio imunorradiométrico. Os valores de
normalidade, sensibilidade, especificidade e coeficiente de variação intraensaio e interensaio do método encontram-se na
tabela número 1
Dosagem de insulina: Foi realizada através do kit Roche 12017547, Elecsys, por imunoensaio de
eletroquimioluminescência. O kit não tem reação cruzada com a pró-insulina humana (0,05% de reatividade cruzada), não é
afetado pela lipemia e os valores de normalidade, sensibilidade, especificidade e coeficiente de variação intraensaio e
interensaio do método encontram-se também na tabela número 1
Tabela n
o
1: Valores de normalidade, sensibilidade, especificidade e coeficientes intra e inter ensaio dos métodos de dosagem de
leptina e insulina
LEPTINA INSULINA
Faixa de Normalidade Feminino: até 17 ng/dL
Masculino: até 11 ng/mL
5 a 15 µU/mL
Sensibilidade 0,10 ng/mL
0,2 µU/mL
Especificidade 100% 100%
Variação Intraensaio 3,7%* 1,9%
Variação Interensaio 6,6%* 2,6%
* Foram adotados os coeficientes de variação inter e intraensaio referentes aos testes realizados com o kit descrito, em
amostra com n=12, que apresentou menores valores médios de leptina (2,75ng/dL).
C) Descrição, análise e tratamento dos dados:
Foram descritas as freqüências das características clínicas, antropométricas e as idades ósseas.
Foram descritos os níveis de glicose de jejum, os níveis de leptina e insulina dos pacientes estudados.
Através do Programa Epi Info 2002, foram calculados os percentis e escores z de peso, altura e índice de massa corporal dos
pacientes.
A estimativa da resistência insulínica foi obtida através do cálculo do HOMA (homeostasis model assessment), através da
fórmula matemática: [insulina (µU/mL) x glicose (mmol/L)] / 22,5. Para converter os resultados das dosagens de glicose de mg/dL
para mmol/L, foi usado o fator de conversão 0,05551, pelo qual o primeiro valor foi multiplicado
(31)
.
Foram calculados a média, desvio padrão, mediana, valores mínimos e máximos e escore z dos níveis de glicose, insulina,
leptina e HOMA obtidos.
V- RESULTADOS
- Características antropométricas e clínicas
Foram avaliados 6 pacientes, dos quais 4 eram do sexo masculino (66,6%) e 2 do feminino (33,3 %), com idades de 2,3 a 12
anos, média de 6,6 ± 4,0 anos. A faixa etária dos pacientes na ocasião do diagnóstico da SBS variou do nascimento a 6,1 anos
(74meses), com média de 1,5 ± 2,4 anos.
Todos nasceram a termo, sem relatos de intercorrências durante a gestação pela mãe e na história patológica pregressa não
havia relato de nenhuma doença de maior gravidade.
Em relação à história familiar, foi detectada consangüinidade entre os pais dos pacientes em 66,6% (4 pacientes) dos casos
avaliados, o que na realidade corresponde a consangüinidade em 3 famílias, uma vez que 2 dos pacientes estudados são irmãos. Em
um dos pacientes os pais eram primos em 2
o
. grau, em outro primos em 3
o
. grau e nos outros dois, que são irmãos, os pais eram
primos em 1
o
.grau.
A apresentação dos dados clínicos / antropométricos e laboratoriais individualizados e relacionados a cada paciente
encontra-se nos anexos III e IV, respectivamente.
Todos os pacientes apresentavam alta estatura. O peso encontrava-se dentro da faixa de normalidade para a idade em 5 dos 6
pacientes.. Apenas no paciente n
o
. 3 o escore z do IMC encontrava-se elevado. O paciente n
o
.2 apresentava escore z do peso
elevado, porém, escore z do IMC limítrofe. As características antropométricas agrupadas encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2 – Características antropométricas
Variável Média Desvio
padrão
Mediana Valor
mínimo
Valor
Máximo
Percentil de altura 91,0 7.5 92.8 78,7 99,9
Percentil do peso 76,0 23.0 79.8 39,1 99,9
Percentil do IMC 70,2 29.5 78.4 31.9 98.3
Escore z da altura 1,7 0.9 1.4 0,8 3,62
Escore z do peso 1,3 1.2 1.1 -0,27 3,4
Escore z do IMC 0,4 1,5 0.3 -0,47 2,3
A distribuição das características clínicas encontra-se na tabela n
o
.3. As mais incidentes foram hipertrofia muscular e
flebomegalia, com freqüência de 100%. Hipertricose foi encontrada em 83,3% e hepatomegalia, acantose nigricans e
macrogenitossomia em 66,6%, sendo a macrogenitossomia observada apenas no sexo masculino.
Alterações cardíacas (insuficiência mitral) foram evidenciadas 33,3% dos casos (pacientes 5 e 6) e alteração visual em
16,5% (miopia) na paciente 5.
Os pacientes 5 e 6 (33,3%) haviam iniciado puberdade, sendo os demais impúberes.
Nenhum dos pacientes avaliados apresentava esplenomegalia, xantomatose ou alteração óssea.
Tabela 3- Freqüência das características clínicas associadas à SBS
- Características laboratoriais
Os níveis de glicose variaram de 69mg/dL a 101mg/dL, com média de 86,3 ±14,7. Nenhum paciente apresentava hiperglicemia
de acordo com os critérios da World Health Organization
(47)
.
01 02 03 04 05 06 %
Hipertrofia muscular
+ + + + + +
100
Flebomegalia
+ + + + + +
100
Hipertricose
- + + + + +
83,3
Hepatomegalia
+ + + - + -
66,6
Acantose nigricans
- - + + + +
66,6
Macrogenitossomia
+ + + - - +
66,6
Hérnia umbilical
- + - + + -
50
Esplenomegalia
- - - - - -
0
Xantomatose
- - - - - -
0
Os níveis séricos de leptina e insulina, variaram de 0,3ng/dL a 1,0ng/dL e 7,1 mU/mL a 63,6 mU/mL, com médias de 0,4 ± 0,2 e
36,5 ± 20,8, respectivamente.
Os valores do HOMA encontrados variaram de 1,7 a 15,8, correspondendo a média a 7,8 ± 5,1.
Os dados laboratoriais estão demonstrados na tabela 4.
Tabela 4: Análise descritiva dos valores de glicose, insulina, leptina e HOMA dos pacientes estudados
Variáveis Média DP Mediana Mínimo Máximo
Glicose (mg/dL) 86,3 14,7 89 69 101
Insulina (mU/mL) 36,5 20,8 39,2 7,1 63,6
Leptina (ng/dL) 0,4 0,2 0,4 0,3 1,0
HOMA 7,8 5,1 10,7 1,7 15,8
Os pacientes apresentavam idade óssea compatível com a idade cronológica, à exceção do paciente n
o
4, ainda impúbere, em
que a idade óssea apresentava uma diferença 3 anos e 6 meses em relação a idade cronológica.
VI- DISCUSSÃO
A lipodistrofia generalizada congênita foi descrita em 250 pacientes até o presente momento. A literatura atual sugere que
apenas 1 em cada 4 casos é relatado, o que permite uma estimativa da prevalência da doença, em torno de 1 para cada 10.000.000
habitantes
(19)
. O Rio de Janeiro tem uma população estimada de aproximadamente 15.0000.000 habitantes, portanto, nosso grupo
de pacientes constitui uma amostra representativa.
Possuímos cadastrados no serviço 9 pacientes com SBS. Foi tentado contato com todos, mas apenas 6 foram localizados.
- Características Antropométricas e Clínicas
Nossos pacientes apresentam, em sua maioria a clínica e antropometria descritas na literatura. Assim, todos apresentavam
alta estatura, hipertrofia muscular e flebomegalia, acentuadas pela ausência de tecido celular subcutâneo, o que es em
concordância com os dados de Berardinelli
(9)
, Seip e Trygstad
(36)
e Garg
(19, 20)
.
A maioria dos autores
(9, 15, 19, 31 35, 36, 37, 38)
refere que os pacientes exibem aparência acromegalóide, o que não observamos
em nossos pacientes. O paciente n
o
2 possuía mãos com tamanho relativamente maior que o esperado, mas sem características
próprias da acromegalia. Dos demais pacientes, nenhum apresentava protusão de mandíbula, mãos e pés desproporcionais.
Três pacientes (pacientes 2, 4 e 5) apresentavam hérnia umbilical, achado comumente descrito na literatura
(9, 19, 31)
, onde é
referido desde um umbigo protuso até a hérnia umbilical propriamente dita, o que pensamos que possa ser conseqüente ao aumento
do volume abdominal.
Cinco pacientes apresentavam hipertricose, observada desde o nascimento. O único que não a exibia era o mais jovem e
de tez mais clara. A fisiologia da hipertricose não está totalmente esclarecida. Arioglu E
(7)
refere entre os 10 pacientes com
lipodistrofia generalizada que estudou, presença de hiperandrogenismo em 50%. A expressão deste hiperandrogenismo não foi
esclarecida em seu trabalho. Não realizamos a dosagem de androgênios nos nossos pacientes, para avaliar se haveria alguma relação
com a hipertricose, no entanto, nenhum dos pacientes impúberes apresentava pêlos com características sexuais ou hirsutismo.
Alguns autores.
(9, 15, 19, 20, 36)
descrevem a ocorrência de puberdade precoce ou pubarca precoce, além de menarca em idade
tardia. Os 2 pacientes em puberdade (um do sexo feminino e outro do masculino), tiveram seu início em idades fisiológicas e a
paciente do sexo feminino ainda não atingiu a idade máxima para considerarmos menarca tardia. Observamos, no entanto, a
presença de macrogenitossomia em todos os pacientes do sexo masculino, em concordância com a literatura
(9, 36)
, com presença de
testículos estivessem infantis nos 3 pacientes masculinos impúberes. Clitoromegalia descrita na literatura
(15, 19, 20)
, não foi
observada em nenhuma das meninas estudadas, nem na que se encontrava em puberdade
Em relação ao peso consideramos curioso que, apesar da ausência de tecido celular sub-cutâneo e da aparente magreza, estes
não apresentavam peso tão desproporcional em relação à estatura. Apenas o paciente n
o
1 apresentava maior diferença entre o escore
z da estatura e peso, configurando baixo peso em relação à estatura. Este paciente também apresentava um escore z do IMC no
limite inferior da normalidade. Por outro lado, o paciente 3 apresentava escores z do peso e IMC elevados e o paciente 2 exibia
escore z do peso elevado com escore z do IMC limítrofe para alto.
Acreditamos que o peso mais acentuado destes dois últimos paciente esteja relacionado à hipertrofia muscular e à
visceromegalia (hepatomegalia), embora o paciente n
o
.1, que apresenta baixo escore z do IMC também apresentasse importante
hepatomegalia. Não existem dados na literatura a respeito do peso absoluto nem de tais correlações.
Nenhum dos nossos pacientes apresentou esplenomegalia, descrita por alguns autores.
(15, 36)
Com relação às idades ósseas, é comum a menção a avanço na literatura
(9, 15, 19, 20, 35, 36, 37, 38)
, o que, no entanto, foi
observado em um de nossos pacientes (n
o
.4).
- Características Laboratoriais
Quanto ao perfil laboratorial observamos hipoleptinemia, com valores próximos ao nível mínimo de detecção em todos os
nossos pacientes, o que pode refletir a importante escassez de tecido adiposo, concordando com os demais autores.
(7, 15, 19, 31)
Quanto aos níveis de insulina, apenas o paciente n
o
.1 apresentava níveis normais do hormônio, sendo este o paciente mais
jovem estudado. Os demais pacientes apresentavam níveis de insulina muito acima do valor máximo da normalidade. É descrita na
literatura correlação entre idade e níveis de insulina em pacientes com SBS, sendo mais freqüente a existência de níveis mais
elevados em pacientes mais velhos mas podendo ocorrer hiperinsulinismo ainda na infância
(7, 15, 19, 20)
. Observamos também níveis
de insulina mais elevados nos pacientes mais velhos e púberes (n
os
5 e 6), mas não foi possível afirmar estes dados com
embasamento estatístico devido ao número amostral e à dispersão dos valores. Observamos também que o paciente 2, impúbere e
um dos mais jovens também apresentava valores muito elevados de insulina.
Em relação à estimativa da resistência insulínica através do HOMA, não existe consenso quanto aos valores de normalidade
para a faixa etária estudada. Allard e colaboradores
(4)
realizaram um estudo com uma amostra representativa, avaliando os valores
de HOMA, entre outros fatores, em crianças de Quebec, nas idades de 9, 13 e 16 anos, sem patologia conhecida e encontraram
valores médios entre 0,95 a 1,90, com correlação positiva com o z escore do IMC. Outro estudo realizado no Chile, por Barja e cols
(8)
, comparou os níveis de HOMA estimados em crianças obesas, com um grupo controle de crianças eutróficas, no qual a média de
HOMA foi de 2,3 ± 0,5, semelhante ao valor descrito como normal para adultos. Pessoa e cols
(32)
, avaliaram um grupo de escolares
saudáveis no Estado do Rio de Janeiro e encontraram um valor de HOMA de 2,36 para meninas e 2,66 para meninos.
Considerando tais valores, apenas o paciente (n
o
. 1) apresentava valor normal e era o paciente mais jovem. Todos os demais
exibiram valores muito acima dos considerados normais para a faixa etária, configurando resistência insulínica severa em 83,3%
dos pacientes.
É interessante observar que a acantose nigricans, expressão clínica da presença de resistência insulínica foi observada em 04
pacientes. Dos pacientes que não apresentavam acantose nigricans, o n
o
. 1 possuía HOMA normal e o n
o
. 2 um HOMA bastante
elevado, a aus6encia deste sinal neste paciente talvez possa ser explicada pela idade do mesmo.
- Perspectivas
Apesar de ainda não totalmente elucidada a correlação entre leptina e resistência insulínica, vários estudos experimentais em
animais e humanos, têm referido melhora importante da resistência e de suas conseqüentes complicações metabólicas após terapia
com leptina recombinante.
(6, 10, 14, 19, 39)
. Esta parece ser uma importante terapêutica a ser lançada para o tratamento desse grupo
específico de pacientes que, sabidamente, não atingem bom controle glicêmico com hipoglicemiantes orais e/ou insulinoterapia.
Redução dos níveis de triglicerídeos e de aterosclerose também foram evidenciados nos estudos realizados com a terapia com
leptina, levando, em última instância, a uma maior expectativa de vida.
VII- CONCLUSÃO
1) O perfil clínico e antropométrico corresponde, na maioria dos casos, ao descrito na literatura, apesar de não ter sido
observada presença de puberdade precoce ou esplenomegalia e a idade óssea avançada tenha sido observada em 1
paciente.
2) Os pacientes apresentam peso proporcional a estatura em sua maioria, a despeito da ausência de tecido celular sub-cutâneo.
3) A Síndrome cursa com hipoleptinemia severa, hiperinsulinismo e resistência insulínica.
4) A presença de acantose nigricans não é universal e nem sempre correspondeu a resistência insulínica
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ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
“AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEPTINA E RESISTÊNCIA INSULÍNICA NA SÍNDROME DE BERARDINELLI - SEIP”
Aceito, por livre e espontânea vontade, participar da pesquisa, tendo sido informado que:
Sabemos atualmente, que as pessoas com a Síndrome de Berardinelli-Seip têm uma grande chance de ter diabetes (açúcar alto no sangue). O diabetes
pode causar doenças nos olhos, no coração, nos rins e nos nervos, além de favorecer também a aterosclerose, que é o entupimento das veias e artérias por
gordura. A nossa pesquisa tem o objetivo de saber por que as pessoas com a Síndrome de Berardinelli m uma chance maior de ter diabetes, o que pode
orientar no futuro novas formas de prevenção e tratamento da doença.
Podem participar das pesquisas pacientes com a Síndrome de Berardinelli-Seip com idade entre 1 e 19 anos, desde que haja consentimento dos pais
ou responsável quando menores de 18 anos e que não tenham nenhuma outra doença ou use nenhum remédio que possa interferir nos resultados. A
participação na pesquisa não é obrigatória e o e o paciente pode recusar ser incluído, mantendo seu acompanhamento normal no ambulatório, sem nenhum
prejuízo. O participante pode também abandonar a pesquisa em qualquer momento, permanecendo habitualmente no ambulatório.
Os participantes serão avaliados pelo médico que fará perguntas, examinará a pessoa e marcará uma data para colher exames de sangue para dosagens de
açúcar, hormônios e gorduras.O sangue do paciente será utilizado exclusivamente para a pesquisa. O médico marcará também um exame chamado
densitometria de corpo total. A densitometria é feita através do uso de Raios X, que informa a quantidade de gordura, proteína, água e cálcio em nosso corpo.
É importante saber a quantidade de gordura e onde ela está localizada, pois conforme a localização, esta pode estar relacionada ao maior risco da pessoa vir a
ter problemas de saúde. O paciente terá outra consulta para saber dos resultados e posterior acompanhamento com os exames que se fizerem necessários,
sendo preservado o sigilo (segredo) de sua identidade. Sendo assim:
Autorizo que sejam feitas perguntas sobre a minha saúde e doenças na família, bem como a realização do meu exame físico, com a aferição da altura
e peso;
Autorizo a coleta do meu sangue com material esterilizado e descartável, que será realizada em uma veia ou artéria (esta última em caso de
dificuldade para se pegar a veia), após 12 horas de jejum, para a realização dos exames de laboratório, quando se fizer necessário. Sabendo que em
todas as vezes pode haver a formação de mancha roxa temporária (hematoma) no local da coleta do sangue;
Autorizo a realização da densitometria de corpo inteiro, sabendo que eu serei exposto (a) a umas cargas mínimas de Raios X, necessária para a
realização do exame;
Sei que poderei me retirar da pesquisa a qualquer momento, se assim o desejar, porém este (a) permanecerá com o direito ao acompanhamento
médico, no hospital da UFRJ (hospital do Fundão), sem qualquer prejuízo, e obter o resultado dos seus exames, por escrito, quando o desejar;
Finalmente autorizo a divulgação dos resultados da pesquisa, desde que seja mantido o sigilo da sua identidade.
Rio de Janeiro, _____ de _________________ de _________
Nome : ___________________________________________
Assinatura:________________________________________
Nome do responsável (menores 18 anos): ________________
__________________________________________________
Assinatura do responsável:____________________________
Em caso de dúvidas ou para maiores esclarecimentos
Dra. Daniela Amaral - Telefone: 99752288
ANEXO II
QUESTIONÁRIO
1) IDENTIFICAÇÃO
Nome: ___________________________________ Prontuário n
o.
:____________
Data no nascimento: _____________________ Sexo: ( )M ( )F
Endereço:_________________________________________________________
Telefone: (___)____________________________ Celular:___________
Nome do responsável: ____________________ Parentesco:______________
Data do exame:___________________________ Idade cronológica:________
2) ANAMNESE
H. Gestacional e do parto:
Mãe G___P___A___
Pré natal ( )sim ( )não
Intercorrências na gestação:_____________________________________________
Parto ( )pré termo ( ) termo ( )pós termo
PN:______CN:_____PC:____
Características ao nascimento :__________________________________________
_________________________________________________________________________
H. Familiar:
Outros casos de SBS na família ( ) não ( ) sim-Quantos?________________
Parentesco___________
Outras dças genéticas na família: ( ) não ( ) sim-Quais?___________________
Parentesco___________
Consangüinidade na família: ( ) não ( ) sim- Parentesco_______________
Doenças auto-imunes na família: ( ) não ( ) sim- Quais?___________________
Parentesco___________
HPP:
Doenças:__________________________________________________________________
Medicações em uso: ________________________________________________________
Cirurgias:_________________________________________________________________
IC telarca:_______ IC aumento testicular:______ IC pubarca:________
3) EXAME FÍSICO
GERAL:
Peso: _______ g %: ________ Escore z:__________
Estatura: _______ cm %: _________ Escore z:__________
IMC: _______ % %: _________ Escore z:__________
Tanner:________
FC:______bpm PA:_________mHg FR:_____irpm
Tireóide:___________________________________________________________
IC:________ IO:__________
Observações:________________________________________________________
ESPECÍFICO SBS:
Característica sim
não
sem relato
Hipertrofia muscular
Alta estatura
Mãos e pés grandes
Macrogenitossomia
Pele espessa
Pele hiperpigmentada
Acantose nigricans
Hiperhidrose
Hirsutismo
Esplenomegalia
Hepatomegalia
Dilatação veias superficiais
Cardiomegalia
Varizes esofagianas
Hipertrofia de adenóides
Opacificação de córnea
Retardo mental
Apetite voraz
Alta estatura
Avanço da IO
Esclerose óssea
Diabetes
Nefropatia
Retinopatia
Neuropatia
Cirrose
Outras características:_____________________________________________________
ANEXO III
Perfil clínico dos pacientes
01 02 03 04 05 06
Sexo
M M M F F M
Idade ao diagnóstico (meses)
4 Nascimento 2 3 74 31
Idade na avaliação (meses)
Idade na avaliação (anos)
27,7
2,3
39,8
3,3
44,3
3,6
101,7
8,4
120,4
10
144,8
12
Idade óssea na avaliação (anos)
3 4,6 4,6 12 12 14
Consagüinidade entre os pais
+ - + + - +
História familiar de SBS
- + - + - +
Puberdade
- - - - + +
Retardo mental
- - - - + -
M- masculino/ F- feminino
+ presente, - ausente
64
ANEXO III
Perfil antropométrico dos pacientes na ocasião da avaliação
01 02 03 04 05 06
Estatura (cm)
94 112,8 103,4 141,0 147,5 161,7
Percentil da estatura
86,6 99,9 78,7 95,6 91,2 94,4
Escore Z da estatura
1,26 3,62 0,8 1,72 1,36 1,59
Peso (Kg)
12,8 23,6 20,0 30,2 39,4 56,8
Percentil do peso
39,1 99.9 97,1 71,2 79,8 92,8
Escore Z do peso
-0,27 3,43 1,91 0,56 0,84 1,47
IMC
14,4 18,5 18,7 15,1 18,1 21,7
Percentil do IMC
37.8 97.4 98.3 31.9 68.5 88.3
Escore Z do IMC
-1,74 1,94 2,13 -0,47 -0,48 1,19
ANEXO IV
Resultados laboratoriais e estimativa da resistência insulínica através do HOMA:
Pacientes Glicose Insulina Leptina HOMA
65
(mg/dL) (um/mL) (ng/mL)
01
98 7,1 0,4 1,7
02
71 52,0 0,3 9,0
03
80 32,5 0,5 6,4
04
69 20,0 1,0 3,3
05
101 63,6 0,3 15,8
06
99 44,0 0,4 10,7
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