RESUMO
Souza, L. Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse em
acadêmicos de medicina. 2010. 213 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
Objetivo: Considera-se a formação médica como um momento de estresse,
tornando os estudantes de medicina vulneráveis a transtornos psiquiátricos
como depressão e ansiedade. Portanto, o objetivo deste estudo foi identificar
a prevalência de sintomas depressivos e ansiosos em estudantes de uma
escola pública medicina, do primeiro ao sexto ano.
Método: Trata-se de um estudo transversal, observacional de uma amostra
representativa de estudantes de medicina do primeiro ao sexto ano,
regularmente matriculados. Foram utilizados no presente estudo um
questionário sócio demográfico, o Inventário Beck de Depressão (IBD) e o
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), e, para verificar diferenças
estatisticamente significativas (testar hipóteses) foi utilizada a ANOVA
seguida (quando significativas) com os testes Scheffe, Tukey ou Fischer.
Resultados: O grupo estudado caracterizou-se por ser predominantemente
do gênero feminino (56,5%) com idade entre 17 e 26 anos (95,5%). Na
avaliação da manifestação depressiva com a utilização do IBD, obteve-se
um escore médio de 9,08 ( =6,7). E na avaliação da manifestação de
ansiedade com a utilização IDATE obteve-se para o conceito ansiedade-
traço o escore médio de 46,1 pontos ( =6,0), e, para o conceito ansiedade-
estado escore médio de 46,25 pontos ( =5,37). Quando estratificado por
ano, o terceiro ano do curso obteve o maior escore médio no IBD com 10,1
pontos ( =8,0). E, o segundo e o terceiro ano do curso obtiveram o maior
escore médio no IDATE (traço) com 46,7 pontos ( =6,0 e =6,2
respectivamente), e o segundo ano, no IDATE (estado), obteve o maior
escore médio com 47,1 pontos ( =5,5). As associações do ano do curso com
os escores do IBD se mostraram estatisticamente significativa (p=0,06). E,
as associações do ano do curso com os escores do IDATE, nos conceito
traço e estado, não se mostraram estatisticamente significativa (p=0,45). As
associações do gênero com os escores do IBD e IDATE se mostraram
estatisticamente significativa (p=0,05). Ainda em relação aos resultados da
pergunta sobre ideação suicida do IBD quando associadas com o ano do
curso, observou-se que os participantes do primeiro ano do curso obtiveram
o maior escore médio de 3,0 pontos ( =0,4), seguidos pelos participantes do
terceiro e sexto ano com escore médio de 2,0 pontos ( =0,4 e =0,3
respectivamente).
Conclusão: O estudo ratificou a prevalência de sintomas depressivos e
ansiosos presentes em outros estudos. Contudo, a grande maioria dos
participantes apresentou manifestações típicas de luto. Sendo assim,
estratégias devem ser desenvolvidas para habilitar o estudante de medicina
no enfretamento de situações de estresse e idealizações do “ser” médico.
Palavras chave: Estudantes de medicina, depressão, ansiedade, estresse e
suicídio, estudo transversal.