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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA
LUCIANO SOUZA
Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse em
acadêmicos de medicina
SÃO PAULO
2010
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LUCIANO SOUZA
Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse
em acadêmicos de medicina
Tese apresentada à Faculdade de Medicina
Universidade de São Paulo para a obtenção
do título de Doutor em Ciências
Programa de: Cardiologia
Orientadora: Profª. Drª. Bellkiss Wilma
Romano
São Paulo
2010
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
reprodução autorizada pelo autor
Souza, Luciano
Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse em
acadêmicos de medicina / Luciano Souza. -- São Paulo, 2010.
Tese (doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Programa de Cardiologia.
Orientadora: Bellkiss Wilma Romano.
Descritores: 1.Estudantes de medicina 2.Depressão 3.Ansiedade 4.Estresse
5.Suicídio 6.Estudos transversais
USP/FM/DBD-427/10
DEDICATÓRIA
À minha mãe pelo amor e carinho
Aos médicos que inspiram “ser” médico
Aos estudantes de medicina
A todos aqueles que estiveram juntos nessa caminhada
AGRADECIMENTOS
À Profª. Drª. Bellkiss Wilma Romano pelo acolhimento e ensinamentos
À psicanalista Luíza Inês Wisniewski por acreditar
A P-reitora de assuntos estudantis Profª. Rita de Cássia Lopes pelo apoio
Ao mestre Aldemir Junglos pela orientação estatística
Aos colegas da P-reitoria de Assuntos Estudantis, Cecília, Ivanir, Rosane,
Cintia, Felipe e demais membros da equipe por tornar possível este trabalho
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ .
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ .
RESUMO ............................................................................................................. .
ABSTRACT .......................................................................................................... .
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... ....1
1.1 Apresentação do problema ....................................................................... 1
1.2 A profissão médica .................................................................................... 3
a. Características gerais da profissão médica e do profissional médico .. 3
b. A escolha de “ser” médico .................................................................... 5
c. A escola de medicina pesquisada ........................................................ 9
d. O adoecimento dos estudantes de medicina ...................................... 11
1.3 Depressão ............................................................................................... 23
a. Definição e descrição clínica .............................................................. 23
b. Epidemiologia ..................................................................................... 29
c. Comorbidades .................................................................................... 35
d. Modelos etiológicos da depressão ..................................................... 37
1.4 Ansiedade ............................................................................................... 43
a. Definição e descrição clínica .............................................................. 43
b. Epidemiologia ..................................................................................... 48
c. Comorbidades .................................................................................... 50
d. Modelos etiológicos da ansiedade ..................................................... 52
1.5 Estresse e burnout .................................................................................. 54
a. Definição e descrição clínica .............................................................. 54
b. Epidemiologia .................................................................................... 58
c. Comorbidades .................................................................................... 59
d. Modelos etiológicos do Burnout ......................................................... 60
2. OBJETIVOS ............................................................................................... 62
2.1 Objetivo geral .......................................................................................... 62
2.2 Objetivos secundários ............................................................................ 62
3. CASUÍSTICA E MÉTODO ......................................................................... 63
3.1 Delineamento do estudo ......................................................................... 63
3.2 Local e casuística ................................................................................... 63
a. Critérios de inclusão ........................................................................... 64
b. Critérios de exclusão .......................................................................... 64
3.3 Cálculo amostral ..................................................................................... 64
3.4 Caracterização dos participantes ............................................................ 66
3.5 Aprovação em Comitê de Ética .............................................................. 66
3.6 Procedimentos para a coleta dos dados ................................................. 66
3.7 Instrumentos de coleta ........................................................................... 67
a. Instrumento de caracterização sócio-demográfica ............................. 67
b. Instrumentos de avaliação de depressão e ansiedade ...................... 68
b.1. Inventário Beck de Depressão. ....................................................... 69
b.2. Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE). ............................ 70
3.8 Tratamento estatístico ............................................................................ 71
4. RESULTADOS ........................................................................................... 73
4.1. Resultados relacionados à caracterização sócio-demográfica dos
participantes do estudo. ............................................................................... 73
4.2. Resultados gerais dos níveis de sintomas depressivos obtidos pelo
Inventário Beck de Depressão. ..................................................................... 76
4.3. Resultados gerais dos níveis de sintomas ansiosos obtidos pelo
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE). .......................................... 79
4.4. Resultados da associação do gênero com o escore de depressão. ...... 81
4.5. Resultados da associação do gênero com o escore de ansiedade
(traço e estado). ............................................................................................ 83
4.6. Resultados da associação do estado civil com o escore de
depressão. .................................................................................................... 85
4.7. Resultados da associação do estado civil com o escore de ansiedade
(traço e estado). ............................................................................................ 87
4.8. Resultados da associação da religião com o escore de depressão. ..... 89
4.9. Resultados da associação da religião com o escore de ansiedade
(traço e estado). ............................................................................................ 92
4.10. Resultados da associação do local de nascimento com o escore de
depressão. .................................................................................................... 95
4.11. Resultados da associação do local de nascimento com o escore de
ansiedade (traço e estado). .......................................................................... 98
4.12. Resultados da associação do ano do curso com o escore de
depressão. .................................................................................................. 102
4.13. Resultados da associação do ano do curso com o escore de
ansiedade (traço e estado). ........................................................................ 107
4.14. Resultados da associação da saúde física com o escore de
depressão. .................................................................................................. 111
4.15. Resultados da associação da saúde física com o escore de
ansiedade (traço e estado). ........................................................................ 114
4.16. Resultados da associação da procura de auxílio médico por
problemas de desempenho acadêmico com o escore de depressão. ........ 118
4.17. Resultados da associação da procura de auxílio médico por
problemas de desempenho acadêmico com o escore de ansiedade (traço
e estado). ................................................................................................... 120
4.18. Resultados da associação da procura de auxílio médico no ano
anterior ao da entrada no curso de medicina com o escore de depressão. 127
4.19. Resultados da associação da procura de auxílio médico no ano
anterior ao da entrada no curso de medicina com o escore de ansiedade
(traço e estado). ......................................................................................... 131
4.20. Resultados da associação da quantidade no uso de bebida alcoólica
com o escore de depressão. ...................................................................... 136
4.21. Resultados da associação da quantidade no uso de bebida alcoólica
com o escore de ansiedade (traço e estado). ............................................ 139
4.22. Resultados associados da avaliação do relacionamento com os
colegas com o escore de depressão. ......................................................... 142
4.23. Resultados a associação da avaliação do relacionamento com os
colegas com o escore de ansiedade (traço e estado). ............................... 145
4.24. Resultados da pergunta sobre ideação suicida do IBD. .................... 149
4.25. Resultados da pergunta sobre ideação suicida do IBD com o ano do
curso. ......................................................................................................... 151
4.26. Resultados da associação da pergunta sobre ideação suicida do IBD
com o escore de ansiedade (traço e estado). ............................................. 153
4.27. Resultados da associação do desejo de mudar de curso com o
escore de depressão. ................................................................................. 156
4.28. Resultados da associação do desejo de mudar de curso com o
escore de ansiedade (traço e estado). ....................................................... 158
5. DISCUSSÃO ............................................................................................ 161
6. CONCLUSÕES ........................................................................................ 164
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 168
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 170
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Episódio depressivo ..................................................................25
Tabela 02 - Manifestações somáticas dos transtornos depressivos ............26
Tabela 03 - Manifestações somáticas dos transtornos depressivos na
adolescência ..............................................................................28
Tabela 04 - Manifestações significativas de transtorno depressivo na
adolescência ..............................................................................29
Tabela 05 Custos ocultos do não tratamento da depressão maior ...........30
Tabela 06 Fatores de risco para depressão maior ....................................31
Tabela 07 - Transtorno de pânico ................................................................45
Tabela 08 - Transtorno de ansiedade generalizada ....................................45
Tabela 09 - Fobia específica (isoladas) .......................................................46
Tabela 10 - Transtorno obsessivo-compulsivo ............................................47
Tabela 11 - Transtorno hipocondríaco .........................................................47
Tabela 12 - Estatísticas descritivas ..............................................................65
Tabela 13 - Cálculo do tamanho amostral ...................................................65
Tabela 14 - Cálculo estratificado da amostra suficiente (proporcional por
período) .....................................................................................65
Tabela 15 - Distribuição dos 359 participantes segundo a caracterização
sócio-demográfica ....................................................................74
Tabela 16 - Pontos de corte dos níveis de sintomas depressivos do
Inventário Beck de Depressão (IBD) ........................................77
Tabela 17 - Pontos de corte dos níveis de sintomas ansiosos do Inventário
de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) ......................................79
Tabela 18 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
gênero com o escore de depressão (IBD) ..............................81
Tabela 19 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
gênero com o escore de ansiedade (IDATE) .........................84
Tabela 20 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
estado civil com o escore de depressão (IBD) ..........................86
Tabela 21 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
estado civil com o escore de ansiedade (IDATE) ......................89
Tabela 22 Distribuição dos 350 participantes segundo a associação da
religião com o escore de depressão (IBD) ................................91
Tabela 23 - Distribuição dos 350 participantes segundo a associação da
religião com o escore de ansiedade (IDATE) ...........................94
Tabela 24 - Distribuição dos 354 participantes segundo a associação do
local de nascimento com o escore de depressão (IBD) ...........96
Tabela 25 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
local de nascimento com o escore de ansiedade (IDATE) ....100
Tabela 26 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do ano
do curso com o escore de depressão (IBD) ..........................103
Tabela 27 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do ano
do curso com o escore de ansiedade (IDATE) .....................108
Tabela 28 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
saúde física com o escore de depressão (IBD) .......................112
Tabela 29 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
saúde física com o escore de ansiedade (IDATE) ..................115
Tabela 30 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
procura de auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico com o escore de depressão (IBD) .......................119
Tabela 31 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
procura de auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico com o escore de ansiedade (IDATE) ..................124
Tabela 32 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
procura de auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso
de medicina com o escore de depressão (IBD) ...................130
Tabela 33 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
procura de auxílio médico no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina com o escore de ansiedade (IDATE) ...134
Tabela 34 - Distribuição dos 267 participantes segundo a associação da
quantidade no uso de bebida alcoólica com o escore de
depressão (IBD) .......................................................................137
Tabela 35 - Distribuição dos 267 participantes segundo a associação da
quantidade no uso de bebida alcoólica com o escore de
ansiedade (IDATE) ..................................................................141
Tabela 36 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
avaliação do relacionamento com os colegas com o escore de
depressão (IBD) .....................................................................143
Tabela 37 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
avaliação do relacionamento com os colegas com o escore de
ansiedade (IDATE) ...............................................................147
Tabela 38 - Distribuição dos 359 participantes segundo a pergunta sobre a
ideação suicida do IBD ........................................................150
Tabela 39 - Distribuição dos 359 participantes segundo o resultado da
pergunta sobre ideação suicida do IBD com o ano do curso
.............................................................................................152
Tabela 40 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação da
pergunta sobre ideação suicida do IBD com o escore de
ansiedade (IDATE) ..................................................................154
Tabela 41 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação do
desejo de mudar de curso com o escore de depressão (IBD)
.................................................................................................157
Tabela 42 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação do
desejo de mudar de curso com o escore de ansiedade (IDATE)
..............................................................................................160
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição dos participantes segundo a religião declarada ......90
Figura 2 - Intervalo de confiança da associação do ano do curso com o
escore de depressão (IBD) ........................................................104
Figura 3 - Intervalo de confiança da associação do ano do curso com o
escore de ansiedade-traço (IDATE) ..........................................109
Figura 4 - Intervalo de confiança da associação do ano do curso com o
escore de ansiedade-estado (IDATE) .......................................110
Figura 5 - Intervalo de confiança da associação da saúde física com o
escore de depressão (IBD) .......................................................113
Figura 6 - Intervalo de confiança da associação do ano do curso com o
escore de ansiedade-traço (IDATE) .........................................117
Figura 7 - Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico com o escore
de depressão (IBD) .................................................................121
Figura 8 - Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico com o escore
de ansiedade-traço (IDATE) ......................................................126
Figura 9 - Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina com o
escore de depressão (IBD) ........................................................129
Figura 10 - Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina com
o escore de ansiedade-traço (IDATE) ....................................135
Figura 11 - Intervalo de confiança da associação do relacionamento com os
colegas com o escore de depressão (IBD) .............................145
Figura 12 - Intervalo de confiança da associação do relacionamento com os
colegas com o escore de ansiedade-estado (IDATE) ............149
RESUMO
Souza, L. Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse em
acadêmicos de medicina. 2010. 213 f. Tese (Doutorado) Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
Objetivo: Considera-se a formação médica como um momento de estresse,
tornando os estudantes de medicina vulneráveis a transtornos psiquiátricos
como depressão e ansiedade. Portanto, o objetivo deste estudo foi identificar
a prevalência de sintomas depressivos e ansiosos em estudantes de uma
escola pública medicina, do primeiro ao sexto ano.
Método: Trata-se de um estudo transversal, observacional de uma amostra
representativa de estudantes de medicina do primeiro ao sexto ano,
regularmente matriculados. Foram utilizados no presente estudo um
questionário cio demográfico, o Inventário Beck de Depressão (IBD) e o
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), e, para verificar diferenças
estatisticamente significativas (testar hipóteses) foi utilizada a ANOVA
seguida (quando significativas) com os testes Scheffe, Tukey ou Fischer.
Resultados: O grupo estudado caracterizou-se por ser predominantemente
do gênero feminino (56,5%) com idade entre 17 e 26 anos (95,5%). Na
avaliação da manifestação depressiva com a utilização do IBD, obteve-se
um escore médio de 9,08 ( =6,7). E na avaliação da manifestação de
ansiedade com a utilização IDATE obteve-se para o conceito ansiedade-
traço o escore médio de 46,1 pontos ( =6,0), e, para o conceito ansiedade-
estado escore médio de 46,25 pontos ( =5,37). Quando estratificado por
ano, o terceiro ano do curso obteve o maior escore médio no IBD com 10,1
pontos ( =8,0). E, o segundo e o terceiro ano do curso obtiveram o maior
escore médio no IDATE (traço) com 46,7 pontos ( =6,0 e =6,2
respectivamente), e o segundo ano, no IDATE (estado), obteve o maior
escore médio com 47,1 pontos ( =5,5). As associações do ano do curso com
os escores do IBD se mostraram estatisticamente significativa (p=0,06). E,
as associações do ano do curso com os escores do IDATE, nos conceito
traço e estado, não se mostraram estatisticamente significativa (p=0,45). As
associações do gênero com os escores do IBD e IDATE se mostraram
estatisticamente significativa (p=0,05). Ainda em relação aos resultados da
pergunta sobre ideação suicida do IBD quando associadas com o ano do
curso, observou-se que os participantes do primeiro ano do curso obtiveram
o maior escore médio de 3,0 pontos ( =0,4), seguidos pelos participantes do
terceiro e sexto ano com escore médio de 2,0 pontos ( =0,4 e =0,3
respectivamente).
Conclusão: O estudo ratificou a prevalência de sintomas depressivos e
ansiosos presentes em outros estudos. Contudo, a grande maioria dos
participantes apresentou manifestações típicas de luto. Sendo assim,
estratégias devem ser desenvolvidas para habilitar o estudante de medicina
no enfretamento de situações de estresse e idealizações do “ser” médico.
Palavras chave: Estudantes de medicina, depressão, ansiedade, estresse e
suicídio, estudo transversal.
ABSTRACT
Souza, L. Prevalence of depressive symptoms, anxiety and stress in medical
students. 2010. 213 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Medicina,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
Objective: It is considered medical training as a time of stress, making
medical students vulnerable to psychiatric disorders like depression and
anxiety. Therefore, the aim of this study was to identify the prevalence of
depressive and anxiety symptoms in students of a public school medicine,
first to sixth year.
Method: This is a cross-sectional, observational study of a representative
sample of medical students from first to sixth years, regularly
registered. Used in this study were a demographic questionnaire, the Beck
Depression Inventory (BDI) and Trait Anxiety Inventory-State (STAI), and to
verify statistically significant differences (test hypotheses) was used ANOVA
followed (where significant) with Scheffe tests, Tukey or Fisher.
Results:
The group studied was characterized by being predominantly
female (56.5%) aged between 17 and 26 years (95.5%). In assessing the
manifestation of depression using the BDI, we obtained an average score of
9.08 ( =6.7). In the assessment of the manifestation of anxiety with the STAI
was obtained using the concept for the trait anxiety mean score of 46.1
points ( =6.0), and the concept for state-anxiety mean score of 46.25 points
( =5.37). When stratified by year, the third year of the course had the highest
average score with 10.1 points in IBD ( =8.0). And the second and third
years of the course had the highest average score on the STAI (trait) with
46.7 points ( =6.0 and =6.2 respectively), and the second year in STAI
(state), obtained the highest average score with 47.1 points ( =5.5). The
associations of years of travel with the BDI scores were statistically
significant (p=0.06). And the associations of years of travel with the scores of
the STAI, trait and state the concept, not statistically significant (p=0.45). The
associations of gender with BDI and STAI scores were statistically significant
(p=0.05). Also in relation to the results of questions about suicidal ideation
associated with IBD when the year of the course, it was observed that
participants in the first year of the course had the highest mean score of 3.0
points ( =0.4), followed by the participants of the third and sixth years with a
mean score of 2.0 points ( =0.4 and =0.3, respectively).
Conclusion: The study confirmed the prevalence of depressive and anxiety
symptoms found in other studies. However, the vast majority of participants
showed typical manifestations of grief. Therefore, strategies must be
developed to enable medical students coping in situations of stress and
idealizations of "being" doctor.
Keywords: Medical students, depression, anxiety, stress and suicide, cross-
sectional study.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação do problema
Anualmente milhares de estudantes concorrem a uma vaga para
entrar numa faculdade de medicina (INEP, 2005), o que torna o vestibular
deste curso um dos mais concorridos do país. E para alcançar o objetivo
idealizado de entrar na faculdade de medicina e sermédico o aluno precisa
eliminar centenas de concorrentes e mostrar qualidades como determinação,
persistência e competitividade.
Contudo, estudos revelam que a população de estudantes de
medicina, em muitos casos, adoece mais quando comparada com a
população em geral (MILLAN et al., 1998; CAVESTRO e ROCHA, 2006;
REZENDE et al., 2008). Portanto, esses estudantes estariam de alguma
maneira mais vulneráveis ao estresse e, consequentemente, aos distúrbios
ansiosos e depressivos.
Em virtude disso, pode-se questionar o que ocorre com essa
população, que, por um lado, se mostra tão capacitada e, por outro, tão
vulnerável ao adoecimento. Por isso a hipótese é de que as forças que estão
envolvidas na busca do objetivo também estarão presentes no adoecimento.
A idealização, a identificação, juntamente com a determinação, a
persistência e a competitividade serão fatores determinantes no
adoecimento. Superar a identificação do estudante de medicina com o ideal
de ser médico é o trabalho a ser realizado.
2
Sendo assim, pode-se entender que frente a situações de estresse,
uma pessoa pode responder com alterações afetivas muito variadas. E as
respostas afetivas mais comuns são as depressivas e ansiosas (MARGIS,
2003; VIEIRA et al., 2006; FOGAÇA et al., 2008). E, no que diz respeito aos
transtornos de humor, a ênfase, neste estudo, se dará, principalmente, sobre
os transtornos ditos depressivos. Considera-se humor como uma tonalidade
emocional que vai da sensação de estar triste a de estar feliz e suas
alterações, anormais, são chamadas de transtornos de humor. Desse modo,
os transtornos de humor abrangem uma grande variedade de alterações,
dentre elas a depressão (Capítulo 1.3). Da mesma forma do que foi dito para
os transtornos de humor, em relação aos transtornos ansiosos, também
serão enfocados, neste estudo, aqueles que estão mais diretamente
relacionados com a proposta do trabalho (Capítulo 1.4). Porém,
primeiramente serão apresentados itens relacionados com a profissão
médica, a escolha de “ser” médico e o adoecimento dos estudantes de
medicina (Capítulo 1.2). E a seguir serão apresentados os seguintes itens:
depressão, ansiedade, estresse e burnout, sendo que cada um obedecerá à
seguinte sequência: definição e descrição clínica, epidemiologia,
comorbidades e modelos etiológicos.
3
1.2 A profissão médica
a. Características gerais da profissão médica e do profissional médico
Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz traçou o perfil dos
médicos no Brasil e revelou alguns dados acerca desses profissionais e da
profissão, como por exemplo: as características sociológicas da profissão, a
formação do profissional e a estrutura do mercado de trabalho, dentre outras
(MACHADO, 1997).
Assim sendo, o estudo assinala juntamente como outros autores
reafirmam que a grande procura pelo curso de medicina se deve, em muitos
casos, ao prestígio social que a atividade conquistou ao longo dos anos
(QUEIROZ, 1991; MACHADO, 1997; MILLAN et al., 2005). E mais ainda,
estudos realizados em outros países, mostram que o prestígio social de “ser”
médico, também estava vinculado aos seus antecedentes familiares como,
da mesma forma, à posição de seus pacientes (MACHADO, 1997).
Mas, a história da profissão médica no Brasil revela que o prestígio
social da medicina data do século passado. Pois, anteriormente a esse
período, “ser” médico era uma atividade desenvolvida por simples homens
de ofício de humilde condição (MACHADO, 1997).
Ainda, em relação à profissão médica, outro aspecto que diz respeito
à escolha profissional é o da herança familiar. A autora, em razão disso,
ressalta que esse aspecto é relativamente recente na história médica e que
isso evidencia a característica de artesanato ou experiência clínica da
4
profissão e o prestígio social que ela adquiriu ao longo dos anos
(MACHADO, 1997; COLARES, 2004).
Agora, quanto à ocupação social dos pais, a autora afirma que tanto a
ocupação paterna quanto materna sofreu alterações e se voltaram para
atividades mais urbanas. Todavia, ainda se mantém certa elitização da
origem médica, ou seja, os médicos sendo filhos de uma seleta camada
social (MACHADO, 1997; COLARES, 2004; MILLAN et al., 2005;
BENEVIDES-PEREIRA e GONÇALVES, 2009). Outro aspecto importante,
destacado nesse estudo, em relação à ocupação social dos pais é a
mudança da ocupação materna, deixando de ser dona de casa para ocupar
uma atividade no mercado de trabalho (MACHADO, 1997).
E, ainda, dentro dos aspectos sociológicos, os avanços tecnológicos
contribuíram para o surgimento e aumento de especialidades e
subespecialidades e, com isso, o processo de especialização se tornou uma
característica marcante dentro da profissão médica (MACHADO, 1997).
A situação do desenvolvimento cnico-científico merece atenção.
Pois, se por um lado o desenvolvimento técnico-científico amplia a
capacidade de solução de problemas, por outro, tem interferido na relação
médico-paciente (QUEIROZ, 1991; MACHADO, 1997; ACIOLE, 2004;
BORGES et al., 2002).
Uma alteração, salientada pela autora, se refere à institucionalização
e burocratização do trabalho médico, determinando, com isso, que a
medicina passou a ser desenvolvida em estrutura organizacional pública ou
privada (MACHADO, 1997). Mudança esta de grande importância, pois se
5
considerar o consultório como sendo o lugar por excelência do
acontecimento da clínica, afeta o ensino e a prática clínica, bem como, a
relação médico-paciente quando esta se desenvolve, por exemplo, em
instituições como hospitais (BORGES et al., 2002; ACIOLE, 2004).
Observa-se, ainda, atualmente, em relação aos aspectos
sociológicos, uma mudança na população médica, que se caracteriza por ser
urbana, jovem, possuindo de dois a três empregos, com aumento da
participação do gênero feminino (MACHADO, 1997; MILLAN et al., 2005).
Por último, quanto à prática profissional médica, alguns autores
apontam para o esgotamento desta como prática liberal devido às mudanças
do mercado de trabalho e, também, como um reflexo da industrialização da
medicina moderna (QUEIROZ, 1991; MACHADO, 1997; BORGES et al.,
2002; ACIOLE, 2004).
b. A escolha de “ser” médico
Dentre os fatores mais citados como determinantes na escolha pela
carreira médica destaca-se o tipo de personalidade, a influência familiar,
condições sócio-econômicas, a preferência pelo conhecimento biológico, a
curiosidade científica e o desejo de ajudar pessoas, como também os fatores
inconscientes, como a sublimação (MACHADO, 1997; DICKINSON et al.,
1997; COLARES, 2004; MILLAN et al., 2005), embora, atualmente, a ênfase
quanto às características necessárias para alguém se tornar médico recaia
sobre aspectos cognitivos (MILLAN et al., 2005).
6
É nesse sentido que atualmente se questiona sobre que profissional
as escolas de medicina vêm formando. Estudos apontam para uma
mudança que ocorre nas atitudes dos estudantes durante o curso: de uma
visão altruísta com o desejo de ajudar o próximo para uma atitude mais
pragmática e técnica no final do curso (MIYAZAKI, 1997; DICKINSON et al.,
1997; MILLAN et al., 1999; SOUZA, 2003; COLARES, 2004; MILLAN et al.,
2005; CAVESTRO e ROCHA, 2006).
Pode-se, ainda, dizer que as dificuldades apresentadas nos primeiros
anos do curso se devem, em grande parte, às idealizações alimentadas
antes de entrar e iniciar a faculdade de medicina e que, posteriormente, por
volta do terceiro ano quando se inicia o contato com os pacientes, as
dificuldades se relacionam mais com um processo de desilusão quanto ao
que fora anteriormente idealizado (DICKINSON et al., 1997; SOUZA, 2003;
COLARES, 2004).
Seguindo nessa direção, alguns autores questionam a estrutura
curricular da formação médica, que se inicia, primeiramente, com o silêncio
do cadáver, depois, na fase intermediária, com o silêncio dos órgãos, para,
finalmente, se deparar com inúmeras disciplinas que fragmentam o corpo
humano em seus vários órgãos e sistemas que resulta numa fragmentação
da prática médica (DICKINSON et al., 1997; SOUZA, 2003; ACIOLE, 2004;
DYRBYE et al., 2005; LITTLEWOOD et al., 2005). Somando-se a isso, as
dificuldades de relacionamento com colegas são mais frequentes devido à
competição por notas, estágios, monitorias e outras atividades curriculares e
extracurriculares (SOUZA, 2003; COLARES, 2004; ALMEIDA et al., 2007).
7
Em razão disso, um estudo realizado com estudantes de medicina na
faixa etária dos 18,5 anos evidenciou algumas características sócio-
demográficas dessa população, como por exemplo, maioria solteira, católica
e que completou o ensino médio em escolas particulares (MILLAN et al.,
2005). E, quando os alunos foram questionados quanto ao que pensavam
em relação à profissão médica, somente 10% tinham uma imagem favorável
da carreira médica, enquanto 35% acreditavam que aspectos favoráveis
eram acompanhados por desvantagens. Contudo, a maioria,
aproximadamente 55% dos participantes, considerava que, atualmente,
existiam aspectos desfavoráveis na carreira médica (MILLAN et al., 2005).
E no que se referem às dificuldades que são esperadas durante o
curso médico, os participantes desse estudo relataram, dentre outras, em
primeiro lugar, o pouco tempo livre em virtude do volume de estudo, depois,
em segundo lugar, o relacionamento com os pacientes, e por último, em
terceiro lugar, o excessivo número de assuntos para serem estudados
(MILLAN et al., 2005). Inclusive, pode ser mencionada como uma
dificuldade, citada pela maioria dos participantes, que a rotina da carreira
médica interfere na vida particular, sendo que nesse aspecto não houve
diferença entre os gêneros (MILLAN et al., 2005).
Os atributos que os participantes desse estudo julgaram necessários
para se tornar um bom médico, foi o de que é necessário ter o perfil para a
profissão com bom relacionamento com os pacientes e gostar da profissão
(MILLAN et al., 2005). em relação às características de personalidade, as
mais citadas foram altruísmo, atitude humanitária, dedicação,
8
responsabilidade, humanidade, e abertura para novos conhecimentos,
dentre outras (MILLAN et al., 2005).
Na diferenciação entre os gêneros, os participantes do gênero
masculino mostram uma grande tendência para o comportamento
competitivo e uma maior ambição. Por outro lado, os participantes do gênero
feminino mostram uma maior maturidade emocional com senso de
responsabilidade, mas, em contrapartida, experimentam mais intensamente
seus conflitos emocionais o que influencia na autoconfiança, mostrando-se,
assim, mais inseguras do que seus colegas, mas por outro lado, essa
característica, segundo estudos, pode ser útil, pois, assim, se mostram mais
empáticas com seus pacientes (DICKINSON et al., 1997; HOJAT et al.,
1999; MILLAN et al., 2005; RETEGUIZ, 2006; NIEMI-MUROLA et al., 2007;
VOLTMER et al., 2008; BLANCH et al., 2008).
Outro estudo, realizado em uma escola federal de medicina, teve a
participação de 223 alunos numa primeira etapa e 22 alunos numa segunda
etapa (SOUZA, 2003). Investigou-se inicialmente, na primeira etapa, com a
utilização de escalas de auto-avaliação, a prevalência de distúrbios
depressivos e ansiosos, para na segunda etapa aprofundar a investigação
com entrevistas individuais (SOUZA, 2003).
Coletou-se, dessa forma, dados quanto às motivações na escolha do
curso, relacionamento familiar, carga de estudo, relacionamento com
colegas e questões relacionadas ao futuro profissional (SOUZA, 2003),
resultando, a partir disso, declarações dos participantes, como por exemplo,
escolhi a medicina para ajudar os outros, ou gosto de ficar perto de
9
pessoas doentes (SOUZA, 2003). Entretanto, uma característica marcante
na personalidade dos estudantes de medicina, observada nesse estudo, foi
o da competitividade (SOUZA, 2003), característica essa que apareceu, por
exemplo, na afirmação de um participante: parece que para subir tem que
pisar no outro (SOUZA, 2003).
Portanto, características, tais como exigência pessoal elevada,
competitividade e dificuldades de relacionamentos, são comuns na
personalidade de muitos estudantes de medicina, e, fundamentais na
geração das dificuldades apresentadas pelos mesmos (MILLAN et al., 1999;
BRODY et al., 2003; SOUZA, 2003; COLARES, 2004).
Ainda, em relação à população de estudantes de medicina, considera-
se que as características de personalidade e temperamento, bem como as
habilidades cognitivas têm um papel importante na forma de enfrentar as
dificuldades durante o período de graduação (COLARES, 2004). Nessa
direção, a exigência pessoal, o perfeccionismo, são características
encontradas em estudantes de medicina e que podem servir como preditivas
de depressão e desesperança (MILLAN et al., 1999; SOUZA, 2003;
COLARES, 2004; AMARAL et al., 2008).
c. A escola de medicina pesquisada
Conforme informações contidas no site do curso de medicina da
Universidade Federal do Paraná (www.medicina.ufpr.br), o curso de
medicina é um dos mais antigos do país, foi fundado em 1914 e, atualmente,
10
oferece 176 vagas com dois períodos de início, um que se inicia no primeiro
semestre e o outro que se inicia no segundo semestre. Sendo os dois nos
turnos da manhã e da tarde, com duração de seis anos.
O currículo do curso de medicina da UFPR é estruturado de forma
tradicional. Inicia-se com as disciplinas básicas durante os três primeiros
períodos, ou seja, durante o primeiro ano e parte do segundo ano do curso,
e depois passa para o ciclo profissionalizante, na transição do segundo para
o terceiro ano. No décimo e décimo primeiro períodos, quinto ano e sexto
ano do curso, os estudantes iniciam os internatos obrigatórios em clínica
médica, clínica cirúrgica, pediatria e tocoginecologia no Hospital de Clínicas
da UFPR. Os estágios têm duração de 11 semanas, com carga horária total
de 440 horas cada um. No décimo segundo período os estudantes podem
fazer até quatro estágios optativos: sendo dois de cinco semanas e dois de
seis semanas, ou dois estágios optativos de onze semanas. Os estágios
optativos podem ser realizados em outro hospital, dentro ou fora do país. Os
estágios de cinco semanas possuem 200 horas e os de seis semanas tem
240 horas.
Dentro da filosofia de proporcionar uma formação mais abrangente,
-se oportunidade para que o futuro médico tenha um contato mais direto
com a comunidade, não se restringindo apenas ao hospital-escola. Assim, o
estagiário pode, através de convênios mantidos pela Universidade e sob a
supervisão de professores, ter experiência com pacientes do Sistema Único
de Saúde (SUS), nas unidades de descentralização.
11
d. O adoecimento dos estudantes de medicina
Passando agora para o adoecimento dos estudantes de medicina,
alguns autores consideram que estes alunos, a princípio, estariam
submetidos a um maior grau de estresse, por diversos motivos, como o
competitivo vestibular, o extenso curso de graduação, as mudanças na
metodologia de ensino e estudo, o pouco tempo de lazer, o contato com
doenças e morte, a necessidade de uma especialização ao final do curso e a
dependência econômica dos pais (MILLAN et al., 1998; BENEVIDES-
PEREIRA e GONÇALVES, 2009).
Um estudo, de revisão de artigos publicados na língua inglesa, a
respeito da prevalência, causas e consequências do estresse em estudantes
de medicina, revelaram aspectos importantes para a compreensão do tema
(DYRBYE et al., 2005). Assim, os autores comentam que mesmo o estresse
sendo comum na formação médica, ele pode fazer emergir em alguns
estudantes sentimentos de medo, incompetência, raiva e culpa que podem
estar relacionados com as manifestações de adoecimento (DYRBYE et al.,
2005). Em virtude disso, os estudantes desenvolvem estratégias de
enfrentamento, coping, que podem influenciar, positivamente ou não, o
desempenho acadêmico. Podem, dessa forma, as estratégias de
enfrentamento, auxiliar os estudantes na solução de problemas com a
expressão de sentimentos, ou, pelo contrário podem levar o estudante a um
retraimento com o aparecimento de manifestações depressivas, ansiosas ou
de burnout (DYRBYE et al., 2005). Dentre as consequências dessa situação,
12
assinaladas pelos autores, além do prejuízo acadêmico, merece destaque o
cinismo com o declínio da empatia e do humanitarismo, a desonestidade
acadêmica com mentiras e trapaças com colegas, e o abuso de substâncias
(DYRBYE et al., 2005).
Sendo assim, em relação aos estudantes de medicina, estudos
realizados mostram que as principais queixas, desses alunos, se relacionam
com o período ou ano que estão cursando. E em razão disso, os alunos dos
primeiros anos do curso apresentam queixas relacionadas com o volume de
informação, as dificuldades de adaptação à nova metodologia de ensino
como também queixas relacionadas às aulas de anatomia com a dissecação
de cadáveres humanos (MIYAZAKI, 1997; MELEIRO, 1998; SOUZA, 2003;
COLARES, 2004; MILLAN et al., 2005; CERCHIARI et al., 2005; DYRBYE et
al., 2005; CAVESTRO e ROCHA, 2006).
Por outro lado, os alunos dos períodos ou anos intermediários ou do
ciclo profissionalizante relatam queixas quanto aos relacionamentos com
colegas, ao contato com pacientes e às situações que envolvem doenças
crônicas e sofrimento ou de uma maneira mais abrangente, questões
relacionadas à vida e à morte. Também, nesse momento, aparecem
dificuldades de relacionamento com os profissionais responsáveis pelo
ensino, professores ou médicos especialistas. E mais ainda, as dificuldades
relacionadas à realidade dos serviços de saúde (MIYAZAKI, 1997;
MELEIRO, 1998; BORGES et al., 2002; SOUZA, 2003; PITKÄLÄ e
MÄNTYRANTA, 2004; COLARES, 2004; MILLAN et al., 2005; DYRBYE et
13
al., 2005; MIETTOLA et al., 2005; CAVESTRO e ROCHA, 2006;
BENEVIDES-PEREIRA e GONÇALVES, 2009).
Uma pesquisa qualitativa realizada com estudantes de medicina
finlandeses revelou que a primeiro contato com um paciente é uma
experiência marcante e que, dentre outros sentimentos e, para surpresa dos
pesquisadores, pode ser marcada por sentimentos de culpa por estar
usando pacientes para o aprendizado (PITKÄLÄ e MÄNTYRANTA, 2004).
Outros estudos mostram que quando os estudantes iniciam o
treinamento clínico são afetados por sintomas ansiosos, em alguns casos,
em virtude do medo em cometer erros, como por exemplo, dar diagnósticos
errados (AKTEKIN et al., 2001; SARIKAYA et al., 2006; STEWART et al.,
2007). Assim, segundo esses estudos isso também se deve à dificuldade de
comunicação entre estudantes de medicina e professores e médicos clínicos
(SARIKAYA et al., 2006).
É nesse sentido que pesquisadores têm procurado investigar o papel
da escola de medicina na causação de manifestações de preocupação e
ansiedade (AKTEKIN et al., 2001; SINGH et al., 2004). Para contornar esses
problemas, enfatizam, alguns pesquisadores, que a exposição precoce dos
estudantes de medicina à experiência clinica reduz as sensações de
preocupação e ansiedade, aumentando o sentimento de confiança e
modificando conceitos em relação ao adoecer (AKTEKIN et al., 2001; SINGH
et al., 2004; STEWART et al., 2007; ZUARDI et al., 2008).
Contudo, apesar de estudos mostrarem os benefícios de uma
exposição precoce, outros estudos reforçam, ainda, a necessidade de
14
professores e profissionais relacionados com o ensino médico apresentar
uma habilidade de comunicação, pois, afirmam que ainda existe a cultura da
intimidação ou o “ensinar pela humilhação” (HAYES et al., 2004).
E por último, os estudantes que ingressam no internato m que se
haver com o aumento da carga de trabalho com plantões e rotação pelas
diversas clínicas. Nesse momento ficam mais evidentes as restrições em
relação ao tempo de descanso e lazer, como, também, a diminuição do
tempo de sono (WEST et al., 2009; SEN et al., 2010). Com a aproximação
da conclusão do curso os estudantes se deparam com a dificuldade para
escolher uma especialidade e iniciar a vida profissional num mercado de
trabalho extremamente competitivo, junto com a dificuldade de enfrentar
mais uma seleção, o exame para residência médica e com uma sensação de
não saber nada do que estudou ao longo da graduação (MIYAZAKI, 1997;
MELEIRO, 1998; SOUZA, 2003; COLARES, 2004; MILLAN et al., 2005;
DYRBYE et al., 2005; CAVESTRO e ROCHA, 2006; DAHLIN e RUNESON,
2007; REZENDE et al., 2008; BALDASSIN et al. , 2008; SEN et al., 2010).
Estudos realizados com universitários revelam as taxas de
adoecimento, que, em alguns casos, gira em torno de 15% a 25% de algum
tipo de transtorno psiquiátrico durante a graduação. E os transtornos são
principalmente os de ansiedade e depressão, sendo que a maioria desses
estudos envolve estudantes de medicina, onde a prevalência dos transtornos
depressivos se situa entre 8% e 17% (CERCHIARI et al., 2005; CAVESTRO
e ROCHA, 2006). Todavia, um estudo realizado na Universidade Estadual
de Maringá (PR) obteve uma prevalência, bastante acentuada, de sintomas
15
depressivos, 49,2%, entre a população de estudantes de medicina (PORCU
et al., 2001).
Ainda, nessa mesma linha de pesquisa, um estudo realizado na
Universidade Federal de Uberlândia observou uma elevação do escores de
depressão conforme mais adiantado o período do curso, com acadêmicos do
gênero feminino apresentando escores mais elevados (REZENDE et al.,
2008). Também, nesse mesmo estudo, se observou uma correlação
negativa e significativa entre os escores de depressão e as atividades de
lazer, mostrando-se inversamente proporcionais, concluindo-se que os
alunos com escores elevados de depressão são os que têm nenhuma ou
pouca atividade de lazer (REZENDE et al., 2008).
Confirmando essa perspectiva, o estudo realizado na Universidade de
Goiás apontou para uma maior prevalência de sintomas depressivos entre
alunos do segundo para o terceiro e quarto ano do curso (AMARAL et al.,
2008). Sendo que os participantes que apresentavam sintomas depressivos
moderados e graves representavam 6,9% da amostra e os que
apresentavam sintomas leves representavam 19,9% da amostra (AMARAL
et al., 2008). Ainda, em relação a esse mesmo estudo, a prevalência de
sintomas depressivos moderados ou graves para o gênero feminino foi de
7,7% e para o gênero masculino foi de 6,1%. para os sintomas
depressivos leves, a prevalência para o gênero feminino foi de 25,8% e para
o gênero masculino de 12,9% (AMARAL et al., 2008).
Outro estudo realizado na Universidade Estadual de Maringá (PR)
observou uma elevação das médias grupais de ansiedade. Para o primeiro
16
ano do curso, a média grupal foi de 43,0 pontos para o conceito ansiedade-
traço e 41,7 pontos para o conceito ansiedade-estado. Já para o terceiro ano
do curso, essas médias se elevaram com uma média grupal de 48,3 pontos
para o conceito ansiedade-traço e de 46,8 pontos para o conceito
ansiedade-estado. Porém, essas dias mostraram uma redução no sexto
ano do curso, com média grupal para o conceito ansiedade-traço de 39,5
pontos e de 42,3 pontos para o conceito ansiedade-estado (BENEVIDES-
PEREIRA e GONÇALVES, 2009).
O aspecto salientado por vários estudos, realizado no contexto
universitário, é o da maior prevalência de depressão e ansiedade no gênero
feminino, na faixa etária dos 20 anos, sendo os sintomas mais frequentes as
auto-acusações, a irritabilidade e a fadiga (CERCHIARI et al., 2005;
CAVESTRO e ROCHA, 2006; FONSECA et al., 2008).
Muitos pesquisadores investigam a relação do estresse nos
estudantes de medicina, o papel dos professores nessa situação, as
características curriculares, bem como, o próprio clima da educação médica
(CARLOTTO e PALAZZO, 2006; LOUREIRO et al., 2009). Foi pensando
nisso que a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto elaborou o
“Inventário de fontes de estresse acadêmico no curso de medicina” (IFSAM),
que busca avaliar as fontes e a intensidade do estresse acadêmico do curso
de medicina (LOUREIRO et al., 2009).
Por outro lado, conclui-se que esse estresse crônico pelo qual
passam os estudantes de medicina pode ser entendido, também, como
Burnout ou a síndrome da estafa profissional, ou ainda, o queimar-se por
17
dentro e que na verdade essa seria uma forma de adaptação (SOUZA, 2002;
BENEVIDES-PEREIRA e GONÇALVES, 2009).
Mas ainda, dentro dos transtornos de humor, o maior risco associado
é o do suicídio (MILLAN et al., 1995; CAVESTRO e ROCHA, 2006; DYRBYE
et al., 2008). Dentro dessa linha, um estudo realizado na Faculdade de
Ciências Médicas de Minas Gerais, observou uma taxa de prevalência para
transtorno depressivo maior de 10,5% e buscou correlacionar as
prevalências das taxas de depressão com o risco de suicídio, entre diversos
cursos. Com isso, observaram que estudantes do gênero feminino do curso
de terapia ocupacional apresentavam uma probabilidade 3,6 vezes maior de
desenvolver depressão maior com um risco de suicídio 3,7 vezes maior do
que estudantes do gênero feminino dos cursos de medicina e fisioterapia
(CAVESTRO e ROCHA, 2006).
Então, o risco de suicídio é o aspecto em relação aos transtornos
depressivos e ao adoecimento dos estudantes de medicina mais
preocupante, merecendo uma investigação mais detalhada. Dentro desse
enfoque, alguns estudos destacam a existência de uma elevada taxa de
suicídios entre médicos e estudantes de medicina (MILLAN et al., 1990;
MELEIRO, 1998; DYRBYE et al., 2008).
Entretanto não são somente os transtornos de humor que estão
relacionados com o aumento do risco de suicídio (DYRBYE et al., 2008).
Seguindo nessa mesma linha de pesquisa, um estudo com estudantes de
medicina dos Estados Unidos investigou a relação do burnout (estresse
profissional) com a ideação suicida (DYRBYE et al., 2008). E com isso,
18
observou uma alta prevalência de ideação suicida entre estudantes de
medicina dos Estados Unidos, com uma razão de 11,2%, muito mais alta do
que na população em geral nos Estados Unidos, com a mesma idade, que é
de 6,9% (DYRBYE et al., 2008).
Para alguns autores o perigo a que se expõe o médico e o estudante
de medicina é o de assumir compromissos onipotentes e idealizados
tornando-se, em razão disso, tima. E podendo, dessa forma, sucumbir aos
sentimentos de culpa por conta do fracasso (MELEIRO, 1998).
Estudos epidemiológicos indicam que o suicídio entre médicas é mais
frequente do que entre médicos e a morbidade aumenta com a presença de
transtornos depressivos, história psiquiátrica na família e uso de álcool e
drogas (MELEIRO, 1998; WALLIN e RUNESON, 2003; DYRBYE et al.,
2008). Ainda, no que diz respeito às especialidades médicas mais
vulneráveis, considera-se que a anestesiologia, a psiquiatria, a oftalmologia
e a patologia são as que apresentam o maior risco de suicídio (MELEIRO,
1998). E as características de personalidade mais predispostas a um maior
risco de suicídio, destacam-se aquelas onde o componente de exigência e
perfeccionismo é marcante (MELEIRO, 1998). E quanto ao método
empregado nos suicídios entre médicos, na maioria das vezes, é com o uso
de psicofármacos, devido à facilidade de obtenção (MELEIRO, 1998).
Também se pode entender o uso de drogas de abuso por estudantes
de medicina como uma situação relacionada ao suicídio (LEMOS et al.,
2007; MESQUITA et al., 2008; TOCKUS e GONÇALVES, 2008). Sabe-se
que o uso de drogas entre universitários é muito difundido e que o consumo
19
aumenta após a entrada na faculdade. Um estudo realizado entre
estudantes de uma escola pública de ensino médio de São Paulo enfatizou
que a prevalência do uso de drogas entre estudantes universitários é
semelhante àquela encontrada entre estudantes do ensino fundamental e
médio (QUEIROZ et al., 2001). Ainda nesse mesmo estudo, o álcool, com
82,6% de uso na vida, é a droga mais consumida pelos alunos e as outras
drogas, seguintes, mais consumidas são o tabaco, a maconha, os solventes
e a cocaína (QUEIROZ et al., 2001). O mesmo padrão de consumo é
encontrado em outros estudos sobre o uso de álcool e drogas entre
universitários (WEBB et al., 1998; KERR-CORRÊA et al., 1999; PICKARD et
al., 2000; NEWBURY-BIRCH et al., 2001; QUEIROZ, 2001; LEMOS et al.,
2007; MESQUITA et al., 2008; TOCKUS e GONÇALVES, 2008).
Considera-se também que o uso abusivo de álcool e outras drogas
estejam relacionados a algumas características do curso médico como carga
horária elevada, responsabilidade quanto à cura, questões éticas e morte de
pacientes (KERR-CORRÊA et al., 1999; LEMOS et al., 2007; MESQUITA et
al., 2008; TOCKUS e GONÇALVES, 2008).
Dentro dessa perspectiva, um estudo realizado em uma Universidade
privada, para avaliar o uso de drogas de abuso por estudantes de medicina,
constatou que a frequência de uso, na vida, de álcool era de 78%, a de
tabaco era de 38,6%, a de maconha (cannabis sativa) era de 26,1%,
seguidos pelo uso de inalantes 21,5%, anfetaminas 11,3%, cocaína 3,4% e
alucinógenos 2,2% (TOCKUS e GONÇALVES, 2008).
20
De certa maneira, confirmando o estudo anterior, uma pesquisa
realizada em uma faculdade de medicina de Salvador (BA) constatou que a
frequência de uso, na vida, de álcool era de 92,8%, porém, diferentemente
do estudo anterior, o lança-perfume aparece em segundo com 46,2%, sendo
que o maior consumo de drogas ocorre com indivíduos do gênero masculino
(LEMOS et al., 2007).
Ainda em relação ao consumo de drogas de abuso, alguns autores
afirmam que a prevalência é maior entre universitários que não possuem
uma religião e têm rendimento familiar alto (LEMOS et al., 2007; MESQUITA
et al., 2008).
Um agravante, em relação ao uso abusivo do álcool, é sua
associação a diversos comportamentos de risco como, por exemplo,
envolvimento em acidentes, ocorrências violentas, bem como o
comportamento sexual de risco ou sexo inseguro (KERR-CORRÊA et al.,
1999; LEMOS et al., 2007; MESQUITA et al., 2008; PADUANI et al., 2008;
TOCKUS e GONÇALVES, 2008). É dentro desse contexto que um estudo
realizado na Faculdade de Medicina de Botucatu (SP), aponta para os riscos
do uso de álcool e outras drogas e acidentes automobilísticos (KERR-
CORRÊA et al., 1999).
Outros dados epidemiológicos reforçam que o maior consumo ocorre
no gênero masculino e que o uso acontece, principalmente, em situações
recreacionais (como festas na faculdade) ou por curiosidade (como no caso
das drogas ilícitas), ou seja, não estando diretamente ligado ao estresse
(WEBB et al., 1998; KERR-CORRÊA et al., 1999; LEMOS et al., 2007;
21
PADUANI et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2009). Em relação ao tipo de bebida
utilizada, segundo um estudo realizado na faculdade de medicina da
Universidade Federal de Uberlândia, a cerveja aparece em primeiro lugar
com 68,6%, seguida pelos destilados com 46,2% e pelo vinho com 45,7% e,
por último, pelo chope com 33,3% (PADUANI et al., 2008).
Cabe salientar que, como se constatou num estudo realizado na
Faculdade de Medicina da Universidade de o Paulo, mas não somente
nesse estudo, que os alunos se mostram mais tolerantes frente ao abuso de
álcool do que em relação às drogas ilícitas, postura essa que segundo
alguns autores, aumenta o risco do abuso do álcool (PICKARD et al., 2000;
PADUANI et al., 2008; MESQUITA et al., 2008). Essa atitude de tolerância
dos estudantes de medicina em relação ao consumo de álcool se mostra
preocupante, principalmente, em virtude das suas responsabilidades no
futuro quando se tornarem médicos (NEWBURY-BIRCH et al., 2001).
Uma questão que está indiretamente relacionada ao que foi exposto
diz respeito à sexualidade (LIMA e CERQUEIRA, 2008). É ao longo do curso
que a maioria dos estudantes inicia sua vida sexual, situação que também
envolve estresse e tensão, e nesse sentido, estudos revelam que as maiores
informações são dadas a respeito das doenças ligadas à sexualidade,
deixando de lado aspectos mais corriqueiros do desenvolvimento sexual
(LIMA e CERQUEIRA, 2008).
Para concluir, vale lembrar que muitos estudos enfatizam a relutância
dos estudantes de medicina em procurar ajuda especializada (WALLIN e
RUNESON, 2003; LEVINE et al., 2003; DAHLIN e RUNESON, 2007; RONG
22
et al., 2009). Essa questão foi motivo de um estudo que mostrou o ceticismo
dos estudantes em relação à proposta de confidencialidade e anonimato
(LEVINE et al., 2003). Nesse estudo os estudantes revelaram que tinham
receio de preencher os questionários honestamente e que não gostariam de
serem procurados e muito disso se devia ao possível estigma que poderia
ser provocado se eles fossem identificados como portadores de distúrbio
psiquiátrico (LEVINE et al., 2003).
Enfim, alguns autores, consideram que, em virtude do exposto, os
estudantes de medicina estariam mais vulneráveis às situações de tensão e
estresse e, com isso, mais suscetíveis ao desenvolvimento de quadros
depressivos, ansiosos e de burnout, com um risco aumentado de suicídio
(MILLAN et al., 1990; CAVESTRO e ROCHA, 2006; REZENDE et al., 2008;
DYRBYE et al., 2008), e o enfoque salientado em vários estudos é a relação
entre qualidade de vida, saúde geral, satisfação com o trabalho,
relacionamentos sociais e depressão, ou seja, a relação de como o estresse
psicossocial conduz ao isolamento, à diminuição da satisfação com a vida,
aos problemas de saúde e, dessa forma, à depressão, à ansiedade e ao
burnout (SWANI et al., 2007; AHMED et al., 2009).
23
1.3 Depressão
a. Definição e descrição clínica
Para alguns pesquisadores, o termo depressão tem sido usado tanto
para se referir a um estado afetivo considerado normal”, por exemplo, a
tristeza, quanto para designar um sintoma ou uma doença (DEL PORTO,
1999). Contudo, a tristeza, o pesar ou o luto é uma resposta humana
universal e adaptativa, relacionada a qualquer situação de perda (FREUD,
1917; DEL PORTO, 1999). Por outro lado, o sintoma depressivo pode estar
presente em vários quadros clínicos.
Sendo assim, a depressão como síndrome é hoje preferencialmente
chamada de transtorno de humor (anteriormente recebia o nome de
transtorno afetivo) por ser uma denominação mais ampla, contemplando,
dessa forma, não somente as manifestações externas (afetivas), mas
também os estados emocionais mais persistentes com alterações
vegetativas como é o caso das insônias (DEL PORTO, 1999). Por isso, os
transtornos de humor são mais bem compreendidos como síndromes que
envolvem sinais e sintomas alterações de humor, alterações cognitivas,
alterações psicomotoras e alterações vegetativas (DEL PORTO, 1999).
Pela sua importância, dois aspectos valem ser citados nos transtornos
de humor: a característica melancólica e psicótica dos quadros depressivos.
Em relação ao termo melancolia, este designa o que anteriormente era
chamada de depressão endógena, somática ou biológica e o termo psicótico
24
pode ter três significados distintos. O primeiro, descritivo (quando descreve
um tipo de alteração do pensamento ou da senso-percepção); o segundo,
etiológico (quando aponta para o quadro constitucional do indivíduo); ou
pode, ainda, ter um terceiro sentido que indica uma gravidade de um quadro
(DEL PORTO, 1999).
Dentro dessa concepção, a Classificação Internacional das Doenças
na sua 10ª revisão (CID-10) apresenta os seguintes transtornos de humor:
episódio maníaco; transtorno afetivo bipolar; episódio depressivo; transtorno
depressivo recorrente; transtorno persistente de humor e a distimia (DEL
PORTO, 1999). Cabe salientar que o valor da CID-10 está no fato de ter
uma pretensão clínica e por ser uma classificação internacional (BANZATO
et al., 2007). Mas, ainda em relação às classificações diagnósticas, deve-se
salientar a recomendação do seu uso como sistema diagnóstico sirva
apenas de instrumento na clínica e não a substitua (BANZATO et al., 2007).
No Capítulo V sobre os Transtornos Mentais da CID-10, as alterações
de humor aparecem descritas de uma forma que possibilitam sua
identificação e diferenciação de uma manifestação dita normal de tristeza.
Como também, descreve a presença de sintomas vegetativos (sono, apetite,
peso, impulso sexual); aspectos cognitivos (atenção, tolerância à frustração,
memória, distorções negativas); controle de impulso (suicídio e homicídio);
aspectos comportamentais (motivação, prazer, interesses, fatigabilidade) e
aspectos físicos (cefaléia, dores gástricas, tensão muscular) (CID-10, 1993).
O transtorno depressivo (Tabela 01) é o transtorno de humor mais
comum e pode manifestar-se em episódio único ou em episódios
25
recorrentes, de curso prolongado (CID-10, 1993), podendo a manifestação
depressiva variar de leve, moderada ou grave, sendo que esta diferenciação
se baseia num julgamento clínico que envolve o número, tipo e gravidade
dos sintomas presentes. As atividades sociais e laborativas são, com
frequência, um guia para avaliar a gravidade do episódio. E por último, os
atos lesivos a si próprio, associados ao transtorno de humor, devem ser
registrados através de código adicional como autolesão (CID-10, 1993).
Tabela 01 - Episódio depressivo
(a)
Concentração e atenção reduzidas;
(b)
Autoestima e autoconfiança reduzidas;
(c)
Ideias de culpa e inutilidade (mesmo em um tipo leve de episódio);
(d)
Visões desoladas e pessimistas do futuro;
(e)
Ideias ou atos lesivos ou suicídio;
(f)
Sono perturbado;
(g)
Apetite diminuído.
FONTE: Classificação Internacional das Doenças na sua 10ª revisão (CID-10)
À vista disso, o transtorno depressivo ou depressão é descrito
conforme as manifestações que surgem na clínica, podendo, em razão
disso, apresentar variações durante o passar do dia como também
individualmente e ter, ainda, apresentações atípicas na adolescência. Outros
sintomas como ansiedade ou angústia podem também ser comuns,
manifestações adicionais como irritabilidade, exacerbação de sintomatologia
obsessiva ou fóbica, consumo aumentado de álcool, entre outras, também
são comuns nos transtornos depressivos. Por último, para se estabelecer o
diagnóstico se requer um período mínimo de duas semanas (CID-10, 1993).
26
Conforme mencionado no início, as manifestações melancólicas dos
transtornos depressivos, que também podem ser ditas de somáticas,
vitais ou biológicas”, apresentam as características descritas na Tabela 02
(CID-10, 1993).
Tabela 02 - Manifestações somáticas dos transtornos depressivos
(a)
Perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis;
(b)
Falta de reatividade emocional a ambientes e eventos normalmente prazerosos;
(c)
Acordar pela manhã 2 ou mais horas antes do horário habitual;
(d)
Depressão pior pela manhã;
(e)
Evidência objetiva de retardo ou agitação psicomotora definitiva (percebida ou relatada por
outra pessoa);
(f)
Marcante perda de apetite;
(g)
Perda de peso (frequentemente definida como 5% ou mais do peso corporal no mês
anterior);
(h)
Marcante perda de libido.
FONTE: Classificação Internacional das Doenças na sua 10ª revisão (CID-10)
Contudo, na introdução do Capítulo V sobre os Transtornos
Mentais da CID-10 uma ressalva é feita quanto a o aprovação universal
da classificação. Assim, a razão dessa ressalva reside no fato de a relação
entre etiologia, sintomatologia, processos bioquímicos subjacentes, resposta
ao tratamento e evolução dos transtornos de humor não ser ainda
suficientemente bem compreendida (CID-10, 1993). Em virtude disso, fica
claro que a CID-10, no que diz respeito ao diagnóstico dos episódios
depressivos, não se ocupa com a questão do significado da manifestação
depressiva; busca apenas descrevê-la da forma mais detalhada e
abrangente para, com isso, estabelecer um diagnóstico.
27
Quanto ao transtorno depressivo na infância e adolescência, a
pouco tempo atrás era pouco diagnosticado ou a mesmo não era
diagnosticado, podendo, dessa forma, levar à cronificação e a desenlaces
trágicos como o suicídio direto ou indireto (BAHLS, 2002; MONTEIRO e
LAGE, 2007). Tal fato se deve à dificuldade para se estabelecer um
diagnóstico de transtorno de humor na adolescência por ser esse período
uma fase de transição e mudança bio-psico-social e com isso causar uma
reação natural de ajustamento (MONTEIRO e LAGE, 2007).
Estudos mostram que o transtorno depressivo na infância e
adolescência tem uma apresentação duradoura e pervasiva, afetando dessa
forma o funcionamento geral do adolescente (BAHLS, 2002; CRIVELATTI et
al., 2006; CHANDAVARKAR et al., 2007). Pois, os adolescentes tendem a
se queixar das manifestações somáticas ou biológicas da depressão como
signos da doença, ou seja, das alterações do apetite e do sono
(CRIVELATTI et al., 2006; ELLER et al., 2006; CHANDAVARKAR et al.,
2007).
Assim, conforme a Tabela 03, as manifestações mais comuns são: a
perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis; a falta
de reatividade emocional a ambientes e eventos normalmente prazerosos; a
evidência objetiva de retardo ou agitação psicomotora definitiva (percebida
ou relatada por outra pessoa); e, a marcante alteração do apetite com perda
ou ganho de peso, dentre outras. Pode-se, ainda, acrescentar a essas
manifestações a instabilidade e irritabilidade, que descreve o retrato típico de
um adolescente deprimido. E, somando-se a esse quadro sintomatológico,
28
têm-se os problemas típicos da faixa etária como a busca da identidade
pessoal, os desafios em relação ao desempenho escolar e as dificuldades
dos relacionamentos afetivos (BAHLS, 2002; CHANDAVARKAR et al.,
2007).
Tabela 03 - Manifestações somáticas dos transtornos depressivos
na adolescência - 2002
(a)
Irritabilidade e instabilidade;
(b)
Humor deprimido;
(c)
Perda de energia;
(d)
Desmotivação e desinteresse importante;
(e)
Retardo psicomotor;
(f)
Sentimentos de desesperança e/ou culpa;
(g)
Alterações do sono;
(h)
Isolamento;
(i)
Dificuldade de concentração;
(j)
Prejuízo no desempenho escolar;
(k)
Baixa autoestima;
(l)
Ideias e tentativas de suicídio;
(m)
Problemas graves de comportamento.
FONTE: Bahls, S. C. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes, 2002
As diferenças da apresentação sintomatológica conforme o gênero
envolvido é descrita na literatura. Dentro dessa perspectiva, alguns autores
destacam as manifestações de tristeza, raiva, tédio e ansiedade como sendo
mais comuns em adolescentes do gênero feminino. E, por outro lado, as
manifestações desafiadoras e impulsivas, com abuso de substâncias ilícitas
ou álcool como mais comum em adolescentes do gênero masculino (Tabela
04) (BAHLS, 2002).
29
Tabela 04 - Manifestações significativas do transtorno depressivo
na adolescência - 2002
(a)
Humor irritável ou depressivo duradouro /ou excessivo;
(b)
Períodos prolongados de isolamento;
(c)
Hostilidade com família e amigos;
(d)
Afastamento da escola ou queda do rendimento escolar;
(e)
Afastamento de atividades grupais;
(f)
Abuso de substâncias (álcool e drogas);
(g)
Violência física;
(h)
Atividade sexual imprudente;
(i)
Fugas de casa.
FONTE: Bahls, S. C. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes, 2002
Como fator de risco associado à depressão na adolescência
considera-se o mais importante a presença de distúrbio depressivo em um
dos pais, o que aumenta o risco em aproximadamente três vezes. Outros
fatores de risco incluem estressores ambientais, perda de um dos pais,
irmão ou amigo íntimo. Já, em relação à comorbidade, os transtornos de
ansiedade são os com maior prevalência (BAHLS, 2002).
b. Epidemiologia
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2003), os
transtornos depressivos, juntamente com as cardiopatias, é o grupo de
doença com a maior prevalência e crescimento dentro da população
mundial, tornando-se dessa maneira um problema de saúde pública e
econômica. Estudos revelam que a depressão afeta uma em cada cinco
pessoas em algum momento da vida e a previsão é de que no ano de 2020
30
se torne a segunda doença em prevalência, perdendo apenas para as
doenças cardíacas (Tabela 05) (MONTEIRO e LAGE, 2007).
Tabela 05 - Custos ocultos do não tratamento da
depressão maior
Morbidade dos pacientes
Tentativas de suicídio;
Acidentes;
Incapacidade de melhorar na profissão e na escola;
Abuso de substâncias.
Custos sociais
Famílias disfuncionais;
Absenteísmo;
Diminuição da produtividade;
Lesões relacionadas ao trabalho.
FONTE: Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas
Dados epidemiológicos mostram uma maior prevalência de todos os
transtornos de humor entre pessoas abaixo dos 45 anos quando comparada
com pessoas acima de 45 anos (KAPLAN e SADOCK, 1999).
Os episódios maníacos, aqueles que se caracterizam por humor
elevado com aumento na quantidade e velocidade da atividade física e
mental, têm distribuição igual entre homens e mulheres, e, por outro lado, o
transtorno depressivo maior e o transtorno distímico, aquela depressão
crônica de humor que não preenche os critérios para o transtorno depressivo
recorrente, são mais prevalentes em mulheres que em homens e essa
diferença entre os gêneros é consistente ao longo da vida. Em relação à
raça não existe variação significativa. E no que diz respeito à prevalência ao
longo da vida, esta gira em torno de 6% em alguns estudos; porém, outros
estimam uma prevalência maior de até 17% (KAPLAN e SADOCK, 1999).
31
Quanto à prevalência de transtornos depressivos na população adolescente,
estudos americanos mostram que se situa em torno de 2,6% para o gênero
masculino e 10,2% para o gênero feminino (MONTEIRO e LAGE, 2007).
Contudo, a maioria dos estudos realizados em países desenvolvidos
estima que a distribuição do transtorno depressivo maior esteja mais
presente em mulheres do que em homens, em adultos jovens do que na
meia-idade e velhice, em populações urbanas do que nas rurais e entre
pessoas solteiras ou divorciadas do que entre as casadas (Tabela 06)
(KAPLAN e SADOCK, 1999).
Tabela 06 - Fatores de risco para depressão maior
Sexo
Depressão maior duas vezes mais comum em mulheres
Idade
Maior frequência de início aos 20-40 anos
Histórico Familiar
Risco 1,5 a 3 vezes maior com história positiva
Estado civil
Homens casados com índices menores do que os não-
casados.
Mulheres casadas com índices mais elevados do que as não-
casadas.
Eventos de vida negativos
Possível associação.
Morte precoce dos pais
Possível associação.
FONTE: Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas
Alguns estudos indicam que os estudantes da área de humanas
apresentam um risco para depressão, bem como para distúrbios
relacionados ao estresse, similar aos estudantes de medicina, mas por outro
lado, um maior risco para distúrbios de ansiedade (BUNEVICIUS et al.,
2008).
Um estudo de rastreamento epidemiológico de sintomas depressivos
em residentes e estudantes de medicina apontou para os importantes
32
índices de sintomatologia depressiva observados nessa população
(GABRIEL et al., 2005). Nesse estudo participaram 64 residentes e 97
acadêmicos do primeiro ano do curso de medicina e constatou-se que 81%
dos residentes e 72% dos alunos apresentavam sintomatologia depressiva,
com predomínio do gênero feminino (54% das residentes e 61% das
estudantes) (GABRIEL et al., 2005). Ainda, no mesmo estudo, 81% dos
residentes e 84% dos estudantes com sintomas depressivos faziam uso
regular de bebida alcoólica. E ainda, 25% dos residentes e 26% dos
estudantes fumavam regularmente (GABRIEL et al., 2005).
Dessa maneira, numa revisão de estudos sobre saúde e qualidade de
vida de médicos residentes, identificou como principais problemas,
relacionados à síndrome burnout ou da estafa profissional, alterações do
sono, estresse, fadiga e o enfrentamento de condições de vida e de trabalho
estressantes (NOGUEIRA-MARTINS e JORGE, 1998; LOURENÇÃO et al.,
2010). Também para os residentes, ocorre algo semelhante do que foi
exposto em relação aos estudantes de medicina, ou seja, o estresse, ligado
à responsabilidade profissional com o isolamento social, a privação do sono,
a sobrecarga de trabalho e o pavor de cometer erros se associa às reações
psicológicas e psicopatológicas, incluindo quadros depressivos, consumo
excessivo de álcool com o desenvolvimento de um ceticismo e humor irônico
(NOGUEIRA-MARTINS e JORGE, 1998; LOURENÇÃO et al., 2010).
Fatores como ausência de supervisores, estruturas hierárquicas mal
definidas, estresse no trabalho e excesso de responsabilidade estariam
33
relacionados ao desgaste referido pelos médicos residentes (NOGUEIRA-
MARTINS e JORGE, 1998; LOURENÇÃO et al., 2010).
Como salientado anteriormente, um aspecto associado aos
transtornos de humor é o risco de suicídio. Sendo assim, define-se suicídio
como o ato de tirar a própria vida de maneira intencional (VIANA et al.,
2008). Ou ainda, o ato humano de causar a cessação da própria vida
(MENEGHEL et al., 2004), devendo ser compreendido não somente como a
conduta suicida em si, mas abrangendo alterações de pensamento, ou seja,
ideações suicidas (VIANA et al., 2008).
Assim, estudos na língua inglesa apontam para taxas de tentativas de
suicídio que variam entre 46 a 730/100.000 habitantes, com uma tendência
de aumento na população mais jovem (CASSORLA e SEMEKE, 1994;
FICHER e VANSAN, 2008). Outros estudos estimam que a taxa mundial de
suicídio gire em torno de 16/100.000 habitantes (PARENTE et al., 2007;
VIANA et al., 2008).
Desse modo, acredita-se que aproximadamente um milhão de
pessoas cometa suicídio no mundo ao ano, sendo que as maiores taxas de
suicídio são encontradas em países como França, Suíça, Bélgica, Áustria,
EUA e China (VIANA et al., 2008). No Brasil as maiores taxas de suicídio
encontram-se nos estados do sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná), em São Paulo e em Goiás (MENEGHEL et al., 2004; VIANA et al.,
2008).
Comparando-se as taxas mundiais de suicídio, em torno de
16/100.000 habitantes, com as taxas brasileiras, pode-se considerá-las
34
como baixas, por volta de 4,3 a 6/100.000 habitantes (MENEGHEL et al.,
2004; VIANA et al., 2008). Desse modo, um estudo realizado no sul do Brasil
(no estado de Santa Catarina) para avaliar a prevalência de suicídios revelou
uma taxa de 7,9 suicídios por 100.000 habitantes, estando dentro da média
da região (VIANA et al., 2008).
Porém, existem algumas diferenças regionais importantes, como, por
exemplo, no Rio Grande do Sul, onde as taxas de suicídio podem ser
consideradas médias, ficando em torno de 10,2/100.000 habitantes
(MENEGHEL et al., 2004), pois, são consideradas baixas as taxas de
suicídio inferiores a 5/100.000 habitantes, médias aquelas que se situam
entre 5 a 15/100.000 habitantes e altas as que se situam entre 15 e
30/100.000 e as acima de 30/100.000 como muito altas (MENEGHEL et al.,
2004).
Têm-se algumas características quanto ao suicídio consumado e as
tentativas de suicídio. Nas tentativas de suicídio (ou suicídios não
consumados) a relação entre os gêneros é de quatro mulheres para um
homem (4:1); e, por outro lado, no suicídio (ou suicídio consumado) ela se
inverte e é de três homens para uma mulher (3:1) (CASSORLA, 1994;
LOPES, 2007; VIANA et al., 2008; FICHER e VANSAN, 2008). Essa
inversão se deve, em parte, ao comportamento masculino ser mais
competitivo e impulsivo, como também ao uso de álcool e o método utilizado
na consumação do suicídio que implica em meios mais letais.
Estudos demonstraram que Porto Alegre e Curitiba são as capitais
com os maiores índices de suicídio na população de adolescentes entre 15 e
35
24 anos (BORGES e WERLANG, 2006). Como as taxas de suicídio
aumentam com a idade, atingindo dessa maneira as populações mais
idosas, acredita-se que a mudança dessa situação, segundo estudos, se
deve ao fato de que na sociedade atual poucas perspectivas para a
população mais jovem, bem como devido às mudanças sócio-culturais
(CASSORLA, 1994; MENEGHEL et al., 2004).
Em relação ao uso e abuso de substâncias psicoativas, alguns
autores especulam a relação destas com a autodestruição ou suicídio
(MANSILLA e SILVA BENTO, 2006). Acreditam que no caso das overdoses
com óbito a autodestruição ocorre de fato, mas indagam se a drogadição,
quando não leva à overdose com óbito, não poderia ser entendida como
uma tentativa de elaborar perdas típicas da adolescência (MANSILLA e
SILVA BENTO, 2006; MONTEIRO e LAGE, 2007; FICHER e VANSAN,
2008; ABASSE et al., 2009).
c. Comorbidades
Considera-se que a comorbidade pode servir como um indicativo
preditor da evolução do distúrbio como também do seu prognóstico (BAHLS,
2002).
Sendo assim, constata-se que os transtornos de humor podem,
concomitantemente, estarem presentes em inúmeras outras alterações da
clínica dica. Nesse sentido, são inúmeras as comorbidades dentro da
prática clínica, como por exemplo, depressão e cardiopatias; depressão e
36
doenças endocrinológicas; depressão e doenças renais; depressão e
oncologia; depressão e dor; depressão e tocoginecologia (TENG et al.,
2005).
Em virtude disso, a depressão muitas vezes é sub-diagnosticada e
quando corretamente diagnosticada, não é corretamente tratada (TENG et
al., 2005; CHANDAVARKAR et al., 2007). Com isso, alguns autores
sugerem que na prática clínica a melhor abordagem é a inclusiva, ou seja,
mesmo que uma determinada doença curse com, por exemplo, fadiga e
insônia, estes sintomas devem ser considerados como parte de uma
síndrome depressiva (TENG et al., 2005).
Outras comorbidades, com os transtornos de humor, incluem os
transtornos de ansiedade, as fobias, os transtornos obsessivos compulsivos
e os transtornos de conduta e abuso de substâncias (BAHLS, 2002; ELLER
et al., 2006; CHANDAVARKAR et al., 2007).
Ainda em relação às comorbidades consideram-se os transtornos
psiquiátricos como fatores de risco mais envolvidos nas tentativas de
suicídio ou no suicídio consumado, sendo a depressão e o transtorno afetivo
bipolar os transtornos psiquiátricos mais comumente envolvidos nos casos
de tentativas de suicídio ou no suicídio consumado, seguidos pelo abuso de
drogas ilícitas (CASSORLA, 1994; MENEGHEL et al., 2004; PARENTE et
al., 2007; VIANA et al., 2008).
37
d. Modelos etiológicos da depressão
Na tentativa de buscar uma compreensão sobre a etiologia dos
transtornos depressivos, abordagens como a da escola biológica e da escola
psicanalítica procuram elaborar modelos que justifiquem esses transtornos
(KAPLAN e SADOCK, 1999).
O modelo das aminas biogênicas da escola biológica postula que a
etiologia da depressão deriva de uma deficiência de neurotransmissores
moaminérgicos, principalmente noradrenalina (NA) e serotonina (5-HT).
Estabeleceu-se isso se baseando em evidências de que algumas
substâncias que depletavam esses neurotransmissores poderiam induzir à
depressão e alguns antidepressivos na época poderiam potencializar esses
mesmos neurotransmissores (STAHL, 1998).
Assim, o transtorno depressivo era decorrente de uma quantidade
inadequada daqueles neurotransmissores. Um problema apresentado pelo
modelo das aminas biogênicas foi a diferença do tempo de ação dos
antidepressivos sobre os neurotransmissores e do tempo de ação sobre o
humor. Em razão disso, o modelo das aminas biogênicas foi modificado,
tornando-se mais sofisticado, indo dos neurotransmissores para os
receptores e destes para os eventos moleculares (STAHL, 1998).
Dessa maneira, tem-se hoje o modelo dos receptores de
neurotransmissores que presume uma disfunção no funcionamento dos
receptores dos principais neurotransmissores monoaminérgicos. E, dessa
forma, a anormalidade nesses receptores levaria à depressão. Porém,
38
poucas evidências diretas conseguem confirmar esse modelo, precisando,
assim, de mais estudos nessa área (STAHL, 1998).
Outro modelo biológico que merece ser citado é o da hiperatividade
do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA). Segundo alguns
pesquisadores, esse “modelo” é um dos maiores achados em psiquiatria”,
pois a hiperatividade do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal possibilita uma
conexão entre aspectos psicossociais, psicológicos, biológicos e genéticos
(MELLO et al., 2007).
Por outro lado, a neuropsicologia busca articular os achados dos
estudos anatômicos realizados pelos exames de imagem como o PETscan
(Tomografia por Emissão de Pósitrons) com as manifestações ou alterações
de comportamento ou cognição. Entretanto, esses mesmos autores
reconhecem algumas controvérsias ainda a serem mais detidamente
examinadas (ROZENTHAL et al., 2004).
O “modelo” da escola psicanalítica procura diferenciar as
manifestações afetivas presentes na depressão e no luto, postulando que o
fenômeno do luto surge em virtude de uma perda, que pode ser de uma
pessoa, de uma abstração ou de um ideal (FREUD, 1917; FENICHEL,
1981).
Mas, antes disso, supõe-se que na gênese das manifestações
designadas como depressivas ou de redução da autoestima, encontram-se
alguns elementos fundamentais no processo, ou seja, a idealização, a
identificação com um ideal e o luto relacionado à perda do ideal (FREUD,
1917; FENICHEL, 1981; UCHÔA, 1979).
39
Em “Psicologia das massas e análise do ego” de 1921, Freud
sustenta que a identificação é a expressão mais remota de laço emocional e,
com isso, molda o próprio Eu do sujeito conforme o aspecto que foi tomado
como modelo, e pode, em alguns casos, a identificação aparecer no lugar de
uma escolha de objeto (FREUD, 1921). Devido a essa situação, algumas
dificuldades podem aparecer como a obrigação de seguir uma identificação
que pode não estar em sintonia com o Eu (FREUD, 1921).
Para elucidar o fenômeno do adoecimento dos estudantes de
medicina, pode-se considerar a escolha de “ser” médico como uma escolha
de um modelo idealizado (SOUZA, 2003), como aparece, por exemplo, na
declaração dos alunos: por que escolhi Medicina? Por causa daquele
sentimento de “ser” Deus ou têm cirurgiões que ostentam aquele
sentimento de “ser” Deus”. Assim, pode-se notar não somente a
identificação a um modelo, mas a identificação a um modelo ideal, ou seja, a
identificação a modelo idealizado de “ser” médico. Portanto, o estudante de
medicina não somente se identifica com o “ser” médico, mas antes se
identifica com o “ser” médico idealizado.
Agora, em A guisa de introdução ao narcisismo de 1914, Freud
desenvolve o tema do Eu como ideal, afirmando que na vida adulta, o amor
infantil, se dirige para esse Eu-ideal que reflete toda perfeição e completude
(FREUD, 1914). E levando em conta, que uma idealização pode ocorrer em
relação aos objetos como, também, em relação ao próprio Eu com uma
supervalorização dos mesmos (FREUD, 1914).
40
Porém, em virtude da existência de uma instância, a consciência
moral, que observa e avalia o Eu atual, este será medido por esse ideal e
em decorrência disso o autoconceito irá expressar sua grandeza, ou não,
pelas coisas que possui ou conquista (FREUD, 1914). Portanto, se por
algum motivo ocorre a não realização desse ideal o que aparece na
consciência é a culpa e o medo de perder o amor (originariamente o amor
dos pais) com consequente diminuição da autoestima (FREUD, 1914).
Isso fica claro no caso dos estudantes de medicina, pois, verifica-se
um perfeccionismo e uma exigência elevada sempre renovada (SOUZA,
2003), ao ponto de um aluno ao final do curso afirmar que: não faria
medicina novamente!; muito provavelmente em razão de que a cada
exigência atendida outras tantas são solicitadas e o estudante sente-se
sempre em dívida, como se precisasse se dedicar mais e, isso deixa
evidente essa instância que Freud aponta nesse texto, a consciência moral
ou o Super-Eu que solicita um esforço a mais para “ser” médico, mas não
qualquer médico, mas, o “ser” médico idealizado.
Contudo frente à realidade que mostra a impossibilidade de se
alcançar esse ideal, pode ocorrer, em primeiro lugar, o abandono dessa
pretensão idealizada de “ser” médico com a realização do trabalho de luto e,
nesse contexto, a reação de luto não requer tratamento e até mesmo se
torna desaconselhável, pois, possibilita ao enlutado um amadurecimento no
caminho de uma relação mais realista com suas escolhas, e, ainda,
denominar luto de depressão no mínimo é um equivoco, pois não se pode
considerar como psicopatológico (FREUD, 1917).
41
Ora, pode-se entender no caso dos estudantes de medicina que
existem dois momentos de luto, ou seja, dois momentos de perda. Um
primeiro ocorre logo no início da faculdade, com a perda do ideal da
faculdade de medicina e também do ideal do vitorioso por ter entrado em
uma faculdade tão concorrida como a de medicina. E depois com o início do
ciclo profissionalizante com a perda do “ser” médico idealizado. E, isso
porque tanto a faculdade como o “ser” médico mostram suas limitações e
não podem sustentar essa idealização. Dentro dessa perspectiva em Luto e
melancolia, Freud assinala que o trabalho do luto consiste na liberação das
ligações pré-existentes com objeto, agora, perdido (FREUD, 1917).
Porém, um segundo desfecho pode ocorrer se por acaso o apego ao
ideal de “ser” médico for muito intenso, e, levar a uma resistência em
abandonar esse ideal. A partir disso, pode sobrevir o adoecimento, que vai
aparecer como uma tentativa sempre renovada e exaustiva de atender às
exigências desse ideal, mas impossível de ser realizada (SOUZA, 2003).
Com isso, pode um estudante abandonar o curso de medicina por se julgar
incompetente de “ser” médico ou então sempre sentir-se insatisfeito com o
seu desempenho (SOUZA, 2003; HAYES et al., 2004). Essa situação se
mostra bem apropriada na investigação das manifestações sintomáticas da
síndrome de burnout ou da estafa profissional (DYRBYE et al., 2008). Nesse
quadro um aspecto determinante do diagnóstico é o de afetar profissionais
com as características de dedicação ao trabalho e tendência ao
perfeccionismo, ou seja, profissionais que buscam manter a idealização
42
profissional, mesmo frente a uma realidade adversa (SOUZA e SILVA, 2002;
CARLOTTO e PALAZZO, 2006).
Quanto à melancolia, Freud procura compreendê-la diferenciando-a
do luto, pois essas duas manifestações, luto e melancolia, surgem como
reações à perda. Assim, salienta as diferenças dessas duas situações, com
a apresentação característica da melancolia, as autorrecriminações e
autorrebaixamentos, e, isso mostra que na melancolia existe uma perda de
natureza mais ideal e que o objeto talvez não tenha morrido, mas tenha sido
perdido enquanto objeto de amor (FREUD, 1917). Com isso, na melancolia
existe uma diminuição importante da autoestima, um empobrecimento do
próprio Eu, ou seja, no luto o mundo se torna vazio, na melancolia é o Eu
que se esvaziou. É nesse sentido que Freud apresenta a fórmula da
melancolia a sombra do objeto perdido recai sobre o próprio Eu (FREUD,
1917). Portanto, têm-se situações distintas no luto, reação natural a uma
perda e outra, na melancolia, também uma reação a uma perda, mas, que
necessita de acompanhamento por causa de sua imprevisibilidade e
gravidade (FREUD, 1917). Essa diferenciação se torna indispensável na
compreensão do ato suicida.
À vista disso, Freud elucida o suicídio, afirmando que o Eu só pode se
matar se puder tratar a si mesmo como um objeto (FREUD, 1917). Ainda em
“Luto e melancolia” Freud sustenta que o suicídio é, em última análise, um
homicídio, ou uma hostilidade direcionada contra objetos perdidos e
introjetados (FREUD, 1917). Esse tema foi explorado por Karl Menninger no
livro “O homem contra si mesmo” onde escreve sobre o significado do
43
suicídio, diferenciando três formas de entender o ato suicida: o desejo de
matar; o desejo de ser morto e o desejo de morrer (MENNINGER, 1970).
Assim, pode-se entender o desejo de matar no suicídio, quando a
destrutividade toma o próprio Eu como objeto, que pode ocorrer devido a
uma repentina interrupção nos apegos ao objeto (o próprio Eu)
(MENNINGER, 1970). no caso do desejo de ser morto, existe um desejo
de sofrer, de se submeter à dor ou em suma: de ser punido; nesse caso fica
evidente o componente de culpa (MENNINGER, 1970). E por último, o
desejo de morrer, que revela, muito mais, uma incapacidade de lidar com a
realidade do que de fato um desejo de se matar, e, que tem como objetivo
atrair a atenção (MENNINGER, 1970; CAMPBELL, 1986). A importância
dessa diferenciação reside no fato de se ter claro que existem estruturas
psicológicas diversas que levam uma pessoa ao suicídio.
Em resumo, considera-se o luto, diferentemente das manifestações
psicopatológicas, como estruturante, necessário para o amadurecimento e
crescimento do ser humano, devendo-se, com isso, evitar-se de tratá-lo
como um estado mórbido (FREUD, 1917; MONTEIRO e LAGE, 2007).
1.4 Ansiedade
a. Definição e descrição clínica
A ansiedade ou angústia é o sentimento inexplicável de grande
inquietude frente a alguma ameaça ou desgraça iminente, real ou
44
imaginária, considerada como a emoção ou medo anormal em situações de
ameaça, acompanhada de alterações do sistema nervoso autônomo.
(HANNS, 1996; KAPLAN e SADOCK, 1999; STAHL, 1998).
No Capítulo V, sobre os Transtornos Mentais da CID-10, os
chamados transtornos neuróticos, relacionados a estresse e somatoformes
foram colocados juntos em um grande grupo. Devido a isso, têm-se os
transtornos fóbico-ansiosos, os transtornos de pânico, os transtornos de
ansiedade generalizada e os transtornos obsessivo-compulsivos entre
outros. Cada um deles apresenta particularidades em relação à causa
desencadeadora de ansiedade ou angústia, sendo examinados com mais
detalhes adiante.
Dessa forma, o transtorno de ansiedade generalizada caracteriza-se,
preponderantemente por ser uma manifestação de sintomas ansiosos
persistentes e sem um objeto desencadeante ou precipitante (CID-10, 1993).
Quando as manifestações de ansiedade surgem sem um objeto
específico, as alterações podem ser descritas como transtorno de pânico ou
transtorno de ansiedade generalizada (Tabela 07 e 08), com o detalhe de
que nos ataques de pânico o surgimento da ansiedade se de forma
intensa, súbita e recorrente, sem relação a qualquer situação ou conjunto de
circunstâncias em particular, o que caracteriza o ataque de pânico como
totalmente imprevisível. As manifestações ansiosas, ainda, podem variar
com palpitações, dor no peito, tontura entre outros sintomas da
hiperatividade do sistema nervoso autônomo (Tabela 07) (CID-10, 1993).
45
Tabela 07 - Transtorno de pânico
(a)
Em circunstâncias onde não há perigo objetivo;
(b)
Sem estarem confinados a situações conhecidas ou previsíveis; e,
(c)
Com relativa liberdade de sintomas ansiosos entre os ataques (ainda que ansiedade
antecipatória seja comum).
FONTE: Classificação Internacional das Doenças na sua 10ª revisão (CID-10)
Porém, o transtorno de ansiedade generalizada o apresenta um
início súbito e inesperado como o ataque de pânico; ao contrário, ele ocorre
de forma intermitente com tendência a se tornar crônico. Contudo, as
manifestações sintomatológicas são semelhantes aos demais transtornos de
ansiedade, com a diferença do aparecimento de sintomas crônicos como
tensão muscular e nervosismo (Tabela 08) (CID-10, 1993).
Tabela 08 - Transtorno de ansiedade generalizada
(a)
Apreensão (preocupações sobre desgraças futuras; sentir-se no limite”; dificuldade de
concentração etc.);
(b)
Tensão motora (movimentação inquieta, cefaléias tensionais, tremores, incapacidade de
relaxar);
(c)
Hiperatividade autonômica (sensação de cabeça leve, sudorese, taquicardia ou taquipnéia,
desconforto epigástrico, tonturas, boca seca etc.).
FONTE: Classificação Internacional das Doenças na sua 10ª revisão (CID-10)
Nos transtornos fóbico-ansiosos, a ansiedade é evocada apenas por
certas situações ou objetos (externos ao indivíduo) bem definidos e que
normalmente não seriam motivo para tal reação. Ainda em relação aos
transtornos fóbico-ansiosos, a preocupação do paciente se focaliza nas
alterações do sistema nervoso autônomo, como por exemplo, as
46
palpitações, a sensação de desmaio, ou até mesmo, com o medo de
enlouquecer ou de morrer (CID-10, 1993).
Esses transtornos podem variar de um leve desconforto até um terror
frente ao objeto ansiogênico (Tabela 09), e seus subtipos são a agorafobia
(medo de espaços abertos, da presença de multidões e de ter dificuldade
para sair de determinados lugares), as fobias sociais (medo de expor-se a
outras pessoas, como comer ou falar em público) e as fobias específicas
(restritas a situações específicas) (CID-10, 1993).
Tabela 09 - Fobia específica (isoladas)
(a)
Os sintomas psicológicos ou autônomos devem ser manifestações primárias de ansiedade
e não secundários a outros sintomas tais como delírio ou pensamento obsessivo;
(b)
A ansiedade deve estar restrita à presença do objeto ou situação fóbica determinada e
(c)
A situação é evitada sempre que possível.
FONTE: Classificação Internacional das Doenças na sua 10ª revisão (CID-10)
No que se refere aos transtornos obsessivo-compulsivos, a
característica essencial é o pensamento obsessivo e o ato compulsivo
repetitivo ou recorrente. Pensamentos obsessivos “são ideias, imagens ou
impulsos que entram na mente do indivíduo repetidamente” (CAMPBELL,
1986). E, dessa forma, eles mostram a característica de pensamentos
intrusivos e, portanto, angustiantes ou geradores de desprazer, aos quais os
pacientes buscam opor resistência. Assim, como resposta aos pensamentos
intrusivos, desenvolve-se um comportamento ritualístico e sem sentido
aparente, como forma de aliviar a angustia subjacente aos pensamentos
obsessivos (Tabela 10) (CID-10, 1993).
47
Tabela 10 - Transtorno obsessivo-compulsivo
(a)
Eles devem ser reconhecidos como pensamentos ou impulsos do próprio indivíduo;
(b)
Deve haver pelo menos um pensamento ou ato que ainda é resistido, sem sucesso, ainda
que possam estar presentes outros aos quais o paciente não resiste mais;
(c)
O pensamento de execução do ato não deve ser em si mesmo prazeroso (ou simples
alívio de tensão ou ansiedade não é, neste sentido, considerado como prazer);
(d)
Os pensamentos, imagens ou impulsos devem ser desagradavelmente repetitivos.
FONTE: Classificação Internacional das Doenças na sua 10ª revisão (CID-10)
Outro transtorno, denominado de neurótico, é o transtorno
somatoforme, que tem como característica principal a apresentação de
sintomas físicos juntamente com solicitações de cuidados médicos. E
mesmo na presença de alterações físicas, estas não justificariam a
apreensão e a angústia da pessoa. Logo, mesmo quando o início das
queixas guarda uma relação próxima com eventos ou situações frustrantes
na vida da pessoa, esta se recusa a vincular as queixas aos eventos
frustrantes, e, com isso, evita qualquer relação psicológica com as queixas.
Um exemplo de transtorno somatoforme é o transtorno hipocondríaco
(Tabela 11) (CID-10, 1993).
Tabela 11 - Transtorno hipocondríaco
(a)
Crença persistente na presença de pelo menos uma doença física séria causando o
sintoma ou sintomas apresentados, ainda que investigações e exames repetidos não
tenham identificado qualquer explicação física adequada, ou uma preocupação persistente
com uma suposta deformidade ou desfiguramento;
(b)
Recusa persistente de aceitar a informação ou reasseguramento de vários médicos
diferentes de que não há nenhuma doença ou anormalidade física causando os sintomas.
FONTE: Classificação Internacional das Doenças na sua 10ª revisão (CID-10)
48
Ainda, entre outros transtornos classificados pelo CID-10 como
neuróticos, pode-se citar o transtorno de reação a estresse grave, o
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o transtorno de ajustamento e
os transtornos dissociativos (ou conversivos), como também, outros
transtornos neuróticos (neurastenia, síndrome de despersonalização). Todos
esses transtornos são agrupados conjuntamente por causa da associação
histórica ao conceito de neurose e a causação psicológica destes (CID-10,
1993).
b. Epidemiologia
Estudos epidemiológicos mostram que as mulheres têm de duas a
três vezes mais probabilidade de serem afetadas por transtornos de
ansiedade (ansiedade generalizada, pânico, agorafobia e fobia). Porém,
em relação ao transtorno obsessivo-compulsivo, este apresenta uma
prevalência igual nos dois gêneros (KAPLAN e SADOCK, 1999; STAHL,
1998).
Dentre os transtornos de ansiedade, a fobia específica é a mais
prevalente com 8,7%, seguida pela fobia social com 6,8%, pelo transtorno de
estresse pós-traumático com 3,5%, pelo transtorno de ansiedade
generalizada com 3,1%, pelo transtorno obsessivo-compulsivo com 1,0%,
pelo transtorno de ansiedade de separação com 0,9% e pela agorafobia com
0,8% (MUNARETTI e TERRA, 2007).
49
No Brasil, o Estudo Multicêntrico Brasileiro de Morbidade Psiquiátrica,
desenvolvido por Almeida et al. (2007), revelou que a prevalência global de
ansiedade e fobias varia de 8% a 18%, tornando-se, dessa maneira, um dos
principais problemas de saúde mental (MUNARETTI e TERRA, 2007). Outro
estudo realizado com uma população não clínica de São Paulo obteve como
resultado que 36,2% das pessoas avaliadas apresentavam sintomas de
ansiedade moderados e graves, sendo as mulheres (21,7%) mais afetadas
(D’EL REY et al., 2001).
Porém, mesmo os transtornos de ansiedade sendo mais prevalentes
(representam 18,1% dos transtornos psiquiátricos), apenas 30% das
pessoas que sofrem desses transtornos procuram tratamento (MUNARETTI
e TERRA, 2007).
Quanto à idade de surgimento dos transtornos de ansiedade, estudos
apontam um início na adolescência e começo da vida adulta, ou seja, esses
transtornos geralmente se concentram em jovens (pico de prevalência entre
25 e 44 anos) (KAPLAN e SADOCK, 1999; STAHL, 1998).
É dentro dessa perspectiva que alguns pesquisadores entendem que
quando o jovem vai ingressar no mercado de trabalho e se depara com
estatísticas tão ameaçadoras, em relação ao desemprego e às condições de
vida nas grandes metrópoles, pode isso representar fonte de estresse e
levar ao desenvolvimento de transtornos, como por exemplo, os de
ansiedade (GAMA et al., 2008).
Num estudo realizado em uma cidade do nordeste notou-se que
estudantes universitários apresentavam escores de ansiedade
50
significativamente menor do que em uma metrópole do sudeste (GAMA et
al., 2008). Isso apóia, segundo esse estudo, a hipótese de que grandes
cidades com diferenças culturais favorecem o aparecimento de distúrbios de
ansiedade (GAMA et al., 2008).
Em relação aos fatores de risco, a história familiar de transtorno de
ansiedade representa um risco significativo. Admite-se, também, que
pessoas que abusam de substâncias, lícitas ou ilícitas, começam usando
para aliviar os sintomas ansiosos (KAPLAN e SADOCK, 1999; STAHL,
1998).
c. Comorbidades
Os transtornos de ansiedade, em muitos casos, cursam com
preocupações com a saúde. Por isso, esses pacientes são encaminhados
para avaliação clínica, principalmente cardiológica, por apresentarem
preocupação com palpitações benignas em decorrência da percepção
aumentada dos batimentos cardíacos. Apresentam, também, prevalência
elevada de transtornos de humor e depressão (TORRES e CREPALDI,
2002; MARGIS, 2003; ELLER et al., 2006; CHANDAVARKAR et al., 2007).
Ansiedade, depressão e distúrbios do sono são muito comuns na
população em geral e muitas vezes têm apresentação concomitante (D’EL
REY et al., 2001; MUNARETTI e TERRA, 2007). Muitos estudos revelam a
alta prevalência de ansiedade e distúrbios de sono na população
universitária (ELLER et al., 2006; CHADAVARKAR et al., 2007). Dentro
51
dessa visão, um estudo realizado com estudantes de medicina do primeiro
ao sexto ano na Universidade de Tartu (Estônia), encontrou uma prevalência
de 21,3% de sintomas de ansiedade e 29,3% de sintomas de depressão
(ELLER et al., 2006). Sendo que os estudantes relataram vários distúrbios
do sono pelo menos duas vezes na semana, entre eles, 33,4% de insônia
inicial, 37,1% de insônia intermediária ou média, e 9,4% de insônia terminal
(ELLER et al., 2006).
O tabagismo encontra-se diretamente relacionado com os transtornos
de ansiedade, principalmente no transtorno de ansiedade generalizada, com
predomínio no gênero feminino (MUNARETTI e TERRA, 2007).
Um exemplo particular de comorbidade relacionado a um transtorno
de ansiedade ocorre com o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Dessa maneira, o TEPT pode estar relacionado a outros transtornos
psiquiátricos como com o transtorno de personalidade antissocial, com os
transtornos de humor, com as fobias, com os transtornos dissociativos, com
o uso e abuso de substâncias psicoativas, com o risco de suicídio e com as
queixas físicas (cardiovasculares, endócrinas e imunológicas) (MARGIS,
2003). Vale salientar que pessoas com TEPT têm de duas a três vezes mais
probabilidade de apresentar transtorno por uso de substância, entre elas o
álcool (MARGIS, 2003). Já, em relação aos transtornos de humor e o risco
de suicídio, a probabilidade de ocorrência de transtornos de humor, devido
ao TEPT, fica aumentada de duas a três vezes e o risco de suicídio em até
seis vezes (MARGIS, 2003). Em virtude do exposto fica evidente a
52
necessidade de um diagnóstico preciso para detectar a presença de TEPT
(MARGIS, 2003).
Alguns estudantes medicina frente à experiência do primeiro contato
com a morte, nas aulas de anatomia, têm manifestado reações de ansiedade
com náuseas, repugnância, desmaio ou mesmo dor de cabeça e perda do
apetite, podendo ser diagnosticado, segundo alguns pesquisadores, como
distúrbio pós-traumático (DICKINSON et al., 1997; HOUWINK et al., 2004). E
ainda, se essa experiência for negativa, alguns estudos mostram que elas
podem influenciar no desenvolvimento ético e educacional dos estudantes
(DICKINSON et al., 1997; HOUWINK et al., 2004).
d. Modelos etiológicos da ansiedade
Da mesma forma que nos transtornos de humor ou depressivos,
escolas buscam elaborar “modelos” que possam elucidar a etiologia dos
transtornos ansiosos. Logo, têm-se os “modelos” da escola biológica e os
“modelos” da escola psicanalítica.
Para a escola biológica, os transtornos de ansiedade decorrem de
uma disfunção dos receptores benzodiazepínicos, hipótese surgida devido à
eficácia da medicação benzodiazepínica nesse tipo de transtorno (STAHL,
1998). Por outro lado, em virtude da eficácia de neurotransmissores como a
serotonina no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo, outras
pesquisas sugerem a relação desse neurotransmissor com o transtorno
ansioso (STAHL, 1998).
53
A escola psicanalítica, por sua vez, propõe que a ansiedade ou
angústia é um sinal de perigo frente à percepção, ameaçadora, do
surgimento na consciência de desejos e impulsos inaceitáveis. Ou, ainda,
como um sinal, “angústia sinal”, que prepara o Eu para uma eventual perda
de um objeto amado (UCHÔA, 1979; TORRES e CREPALDI, 2002),
podendo ocorrer de maneira súbita ou repentina ou de forma intermitente
(FENICHEL, 1981; KAPLAN e SADOCK, 1999).
Quanto às fobias, a escola psicanalítica considera que o transtorno é
resultante de conflitos edípicos não resolvidos. E sendo assim, as
manifestações fóbicas seriam o resultado de processos defensivos que
utilizam mecanismos mentais, como o deslocamento, ou seja, o conflito é
transposto e deslocado para um objeto aparentemente sem importância ou
irrelevante e que a partir disso desperta uma intensa reação afetiva
(UCHÔA, 1979; FENICHEL, 1981).
Ainda para a escola psicanalítica, os transtornos obsessivo-
compulsivos envolvem três mecanismos de defesa na formação dos
sintomas obsessivo-compulsivos, ou seja, o isolamento, a anulação e a
formação reativa. Consequentemente, o mecanismo de isolamento
protegeria a pessoa de afetos indesejáveis ou ansiogênicos, separando
afetos e impulsos de uma determinada ideia. Com isso, permaneceria na
consciência uma ideia sem intensidade afetiva. Juntamente com o
mecanismo de isolamento, o mecanismo de anulação age na direção de
impedir o aparecimento dos afetos e impulsos indesejáveis, através dos atos
compulsivos, que buscam prevenir ou anular as consequências de um
54
pensamento ou impulso e dessa forma conter a ansiedade iminente. A
formação reativa, por sua vez, teria a finalidade de apresentar uma faceta
totalmente contrária ao impulso sintomático; assim, as atitudes conscientes
seriam o oposto dos impulsos indesejáveis (UCHÔA, 1979; FENICHEL,
1981; KAPLAN e SADOCK, 1999).
1.5 Estresse e burnout
a. Definição e descrição clínica
Define-se estresse ou tensão como um conjunto de reações,
cognitivas, comportamentais e fisiológicas, que o organismo apresenta ao se
deparar com uma situação que exige um esforço de adaptação (MARGIS,
2003; CALAIS et al., 2007). Ou, ainda, como uma ruptura no equilíbrio do
indivíduo na direção de uma mudança desejada ou não (MARGIS, 2003;
CALAIS et al., 2007). E denomina-se a habilidade de superar crises ou
situações de estresse de resiliência, sendo que esta se através de
estratégias adequadas de enfrentamento ou adaptação denominadas de
coping (ANTONIAZZI et al., 1998; YUNES, 2003). Vale citar que as
principais características da resiliência são a sociabilidade, a criatividade e o
senso de autonomia e, por outro lado, os comportamentos associados ao
coping são classificados como mais ou menos flexíveis, e, mais ou menos
adequados à realidade (ANTONIAZZI et al., 1998; YUNES, 2003).
55
Em um estudo desenvolvido com escolas de medicina americanas,
percebeu-se que os grupos raciais minoritários apresentavam estratégias de
enfrentamento (coping) mais adequadas à realidade como, por exemplo,
envolver-se em atividades de pesquisa (DYRBYE et al., 2006). em outro
estudo com estudantes de medicina dos Estados Unidos as estratégias mais
usadas, segundo os estudantes, no enfrentamento do estresse foram as de
conversar com amigos, se exercitar, falar com os familiares, assistir televisão
e participar de atividades recreacionais (STECKER, 2004).
Mas, foi em 1936 que o termo estresse foi introduzido na área da
saúde, por Selye, para designar a resposta geral e inespecífica do
organismo a um estressor ou situação estressante e muito recentemente
seu uso foi estendido na investigação do estresse ligado ao trabalho
(SOUZA e SILVA, 2002; MARGIS, 2003).
E mais, a partir do momento em que uma situação de estresse
ultrapassa um nível aceitável podem se desenvolver quadros clínicos como
depressão, ansiedade e burnout ou a síndrome da estafa profissional entre
outras. Por isso, nos últimos anos muitos estudos investigam a relação entre
estresse ocupacional e saúde mental (BORGES et al., 2002; SOUZA e
SILVA, 2002; DAHLIN e RUNESON, 2007; FOGAÇA et al., 2008).
Assim, a síndrome denominada de burnout se refere ao quadro de
esgotamento ou estafa profissional associado às condições de trabalho
(TUCUNDUVA et al., 2006; VIEIRA et al., 2006; FOGAÇA et al., 2008). A
partir disso, com a definição de burnout como uma condição de sofrimento
psíquico relacionada ao trabalho, ela integra a Lista de doenças profissionais
56
e relacionadas ao trabalho (Ministério da Saúde Portaria nº. 1339/1999),
classificada sob o código Z73 - CID-10 (TUCUNDUVA et al., 2006; VIEIRA et
al., 2006; FOGAÇA et al., 2008).
Quanto ao quadro clínico do burnout ou a síndrome da estafa
profissional, este foi descrito em 1974 por Freudenberg, caracterizando-se
pela exaustão emocional, despersonalização (ou insensibilidade emocional)
e diminuição da realização profissional (BORGES et al., 2002; TUCUNDUVA
et al., 2006; VIEIRA et al., 2006).
Primeiramente, no que diz respeito à exaustão emocional, se tem um
quadro com fadiga intensa, falta de forças para enfrentar o dia de trabalho e
a sensação de estar sendo exigido além de seus limites emocionais. em
relação à despersonalização, esta se apresenta como um distanciamento
emocional e indiferença em relação ao trabalho. E, por último, a diminuição
da realização profissional apresenta-se como falta de perspectivas para o
futuro, ceticismo, insensibilidade, frustração, sentimentos de incompetência,
e despreocupação com outras pessoas (BORGES et al., 2002;
TUCUNDUVA et al., 2006; VIEIRA et al., 2006).
Ainda como aspectos relacionados à estafa profissional ou burnout
pode-se citar, dentre outras, a sobrecarga de trabalho, a insegurança em
relação às tarefas, remuneração insuficiente, falta de condições para exercer
o trabalho, insegurança quanto à permanência no emprego, falta de suporte
da equipe/chefia e o tempo insuficiente de férias (BORGES et al., 2002;
TUCUNDUVA et al., 2006; VIEIRA et al., 2006). A partir disso, podem surgir
sentimentos de desmoralização pessoal no ambiente de trabalho, de perda
57
de autoestima, de incompetência, de injustiça, de impotência, expectativas
irreais, como também raiva, frustração e dificuldade em lidar com perdas
(SOUZA e SILVA, 2002; TUCUNDUVA et al., 2006; VIEIRA et al., 2006).
Uma característica importante da ndrome da estafa profissional ou
burnout é a de afetar profissionais altamente motivados e dedicados,
principalmente nos primeiros anos do exercício profissional, nutrindo falsas
expectativas sobre suas carreiras ou que consideram sua atividade
profissional não como um trabalho, mas sim como uma vocação (SOUZA e
SILVA, 2002; CARLOTTO e PALAZZO, 2006). Deve-se acrescentar que
algumas características de personalidade como motivação, entusiasmo,
dedicação ao trabalho e tendência ao perfeccionismo favorecem o
desenvolvimento do burnout (SOUZA e SILVA, 2002; CARLOTTO e
PALAZZO, 2006).
Agora, mais especificamente em relação à profissão médica, às
mudanças na prática médica, a diminuição da autonomia profissional, a
diminuição do status social da profissão e o aumento das pressões sofridas
pelos profissionais médicos, contribuem para o aparecimento da ndrome
da estafa profissional ou burnout nesses profissionais (SOUZA e SILVA,
2002; TUCUNDUVA et al., 2006). Com isso, o profissional apresenta
dificuldades em lidar com seus pacientes e, dessa forma, passa a tratá-los
de forma impessoal ou desumanizada (BORGES et al., 2002; SOUZA e
SILVA, 2002).
Nesse contexto, um estudo longitudinal realizado numa escola de
medicina na Suécia, com alunos do primeiro ao terceiro ano do curso,
58
apontou que ao mesmo tempo em que existe um decréscimo com as
preocupações com o volume de estudo, existe um aumento nas
preocupações com o futuro e capacidade profissional (DAHLIN e
RUNESON, 2007). Ainda nesse estudo, os autores observaram que a
impulsividade, a intensidade dos sintomas depressivos, a exaustão e as
preocupações com o futuro o fatores de risco para o desenvolvimento da
síndrome da estafa profissional ou burnout no terceiro ano do curso
(DAHLIN e RUNESON, 2007).
b. Epidemiologia
A síndrome de esgotamento ou estafa profissional ou burnout pode
ser observada em todas as profissões, com maior incidência naquelas que
envolvem alto índice de estresse (SOUZA e SILVA, 2002; TUCUNDUVA et
al., 2006). Por isso, a síndrome atinge profissionais que atuam na área de
ciências humanas e da saúde, tais como professores, assistentes sociais,
enfermeiros, fisioterapeutas e médicos, (SOUZA e SILVA, 2002).
Objetivando investigar se os fatores de personalidade seriam preditores da
síndrome da estafa profissional ou burnout, um estudo desenvolvido com
profissionais de saúde (médicos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes
sociais, dentistas e enfermeiros) constatou que o traço de personalidade é
um preditor significativo do burnout (SOUZA, 2002), e em virtude disso,
dever-se-ia desenvolver estratégias de enfrentamento adequadas (SOUZA e
SILVA, 2002; DYRBYE et al., 2006; BUNEVICIUS et al., 2008).
59
De maneira geral, a estafa profissional afeta um em cada dois
médicos. Em vista disso, estudos mostram que cerca de 40% a 50% dos
médicos que trabalham em medicina de emergência e infectologia e 56%
dos cancerologistas são acometidos pela síndrome da estafa profissional ou
burnout (TUCUNDUVA et al., 2006). Mais ainda, estudos realizados com
professores e outros servidores de instituições de educação fundamental e
básica, com também com profissionais de enfermagem, mostram uma
ocorrência endêmica da síndrome de burnout (BORGES et al., 2002).
c. Comorbidades
Associa-se a essa síndrome as alterações fisiológicas decorrentes do
estresse (maior risco de infecções, alterações neuro-endócrinas do eixo
hipotalâmico-hipofisário-adrenal, hiperlipidemia, hiperglicemia e aumento do
risco cardiovascular), o abuso de álcool e substâncias psicoativas, o risco de
suicídio, os transtornos ansiosos e depressivos, a queda de produtividade, o
absenteísmo, os prejuízos nos relacionamentos interpessoais, a baixa
satisfação e envolvimento no trabalho, a queda da qualidade de serviços e o
abandono de especialidade (TUCUNDUVA et al., 2006; VIEIRA et al., 2006),
sendo que o absenteísmo, o desejo de abandonar o trabalho e a falta de
realização profissional são fatores envolvidos de forma negativa na
qualidade de vida dos trabalhadores (FOGAÇA et al., 2008).
Outras comorbidades frequentes são a insônia, alterações do apetite,
irritabilidade e desânimo (FOGAÇA et al., 2008). E para os transtornos de
60
humor um cuidado especial deve ser tomado com a orientação de se aplicar,
em certos casos, os dois diagnósticos, o da estafa profissional ou burnout e
o do transtorno de humor (VIEIRA et al., 2006).
d. Modelos etiológicos do Burnout
Como modelos etiológicos da síndrome de burnout, destacam-se o
“modelo” baseado nos marcos teórico da abordagem cio-cognitiva do eu,
o “modelo” fundamentado nas teorias de intercâmbio social e o “modelo”
elaborado a partir da teoria organizacional (BORGES et al., 2002).
No “modelo” dos marcos teórico da abordagem sócio-cognitiva do eu,
desenvolvido por A. Bandura, a ênfase se encontra na forma como as
cognições dos indivíduos influenciam sua percepção, destacando variáveis
como “competência e eficácia percebida, a discrepância percebida entre as
demandas da tarefa e os recursos do indivíduo para atendê-las, expectativas
de êxito e sentimento de autoconfiança” (BORGES et al., 2002).
no “modelo fundamentado nas teorias de intercâmbio social,
destaca-se a percepção comparativa dos êxitos obtidos, a falta de
equivalência e a dificuldade em solicitar apoio social, acreditando que este
atesta fragilidade ou incompetência” (BORGES et al., 2002).
Por último, o “modelo” elaborado a partir da teoria organizacional
destaca, entre outros, os aspectos associados à estrutura organizacional,
ao clima organizacional, às disfunções de cargo e de papel, à percepção de
apoio social e o manejo do estresse” (BORGES et al., 2002).
61
Porém, segundo Gil-Monte e Peiró (1997), uma única perspectiva não
consegue explicar de maneira satisfatória a etiologia da síndrome (BORGES
et al., 2002).
62
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
- Avaliar os níveis dos sintomas depressivos e ansiosos na população de
acadêmicos de medicina do primeiro ao sexto ano do curso.
- Investigar possíveis associações do gênero, estado civil, religião e local
de nascimento e os sintomas depressivos e ansiosos.
- Investigar possíveis associações da saúde física, o uso de bebida
alcoólica, o relacionamento com colegas e o desejo de mudar de curso e
os sintomas depressivos e ansiosos.
2.2 Objetivos secundários
- Avaliar os níveis dos sintomas depressivos e ansiosos com a variável
idade, gênero, estado civil, religião e local de nascimento.
- Avaliar os níveis dos sintomas depressivos e ansiosos com as múltiplas
queixas em relação à saúde.
- Avaliar os níveis dos sintomas depressivos e ansiosos com as diversas
opiniões quanto o relacionamento entre colegas.
63
3. CASUÍSTICA E MÉTODO
3.1 Delineamento do estudo
O desenho do estudo se definiu como transversal observacional, não
controlado, com coleta de dados simultânea em um único contato com os
participantes da pesquisa.
Optou-se pelo desenho transversal observacional porque é o que
melhor se aplica ao objetivo da pesquisa: apenas diagnosticar se existe
variação nos sintomas depressivos, ansiosos e níveis de estresse do
primeiro ao sexto ano do curso, sem que haja intervenção clínica com a
população pesquisada.
3.2 Local e casuística
A população deste estudo constitui-se de acadêmicos do curso de
medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) do primeiro ao sexto
ano. Devido ao fato do curso de medicina na faculdade pesquisada ser
semestral, com duas entradas ao ano, optou-se pela coleta de dados com
acadêmicos que iniciam o curso no primeiro semestre, pois os alunos do
primeiro ano, que iniciam no segundo semestre, ficam seis meses
aguardando o início das aulas. Considerou-se que isso poderia de alguma
forma interferir nos resultados da turma do primeiro ano. Então, a coleta se
deu em dois locais: primeiramente no Centro Politécnico campus da UFPR
64
- para as turmas do primeiro e segundo ano; e, no prédio anexo ao Hospital
de Clínicas da UFPR, para as turmas do terceiro, quarto, quinto e sexto ano.
O período de coleta se estendeu de Fevereiro a Março de 2009 com a
participação de 359 acadêmicos. Os critérios de inclusão ou de exclusão dos
participantes foram os seguintes:
a. Critérios de inclusão:
- Concordar em participar do estudo;
- Fazer parte da turma de acadêmicos que ingressam na faculdade no
primeiro semestre.
b. Critérios de exclusão:
- Não concordar em participar do estudo;
- Não ser acadêmico da UFPR;
- Fazer parte dos acadêmicos de medicina que iniciam o curso no
segundo semestre.
3.3 Cálculo amostral
Foi calculada uma amostra piloto (n*=30), que serviu para o cálculo
do tamanho amostral definitivo, e com os cálculos estatísticos aplicados às
três escalas (Inventário Beck de Depressão - IBD, Inventário de Ansiedade
Traço Estado - IDATE) chegou-se a amostra de tamanho mínimo e suficiente
(n=132) para inferir toda a população (N). Após essa etapa, foi finalmente,
65
coletada uma amostra definitiva de tamanho maior do que o necessário
(n=359) para se evitar retorno ao campo de coleta, conforme as Tabelas 12,
13 e 14.
Tabela 12 - Estatísticas descritivas
Escalas
N (%)
Média
DP ()
Variação
Amostra
piloto
Estatística
Erro
Padrão
Estatística
Estatística
I Beck D
30
9,5
0,9
4,9
24,7
IDATE T
30
46,60
1,1
6,2
39,6
IDATE E
30
44,63
0,7
4,3
18,5
Tabela 13 - Cálculo do tamanho amostral
Escalas
n piloto
1-alfa
t de Student
n mínimo
I Beck D
30
95%
2,04
104,0
IDATE T
30
95%
2,04
131,6
IDATE E
30
95%
2,04
90,1
Tabela 14 - Cálculo estratificado da amostra suficiente
(proporcional por período)
Ano do
curso
N (%)
Estatísticas
do piloto
Estatísticas
do piloto
Estatísticas
do piloto
Amostra
mínima
Amostra
coletada
Ano
Por ano
n (Beck)
n (IDATE T)
n (IDATE E)
n‟
n
Primeiro
23,7
25
31
21
31
85
Segundo
18,9
20
25
17
25
68
Terceiro
17,3
18
23
16
23
62
Quarto
12,8
13
17
12
17
46
Quinto
16,7
17
22
15
22
60
Sexto
10,6
11
14
10
14
38
Total
100,0
104
132
90
132
359
66
3.4 Caracterização dos participantes
A população pesquisada caracterizou-se por ter uma dia de idade
de 21,27 anos, com predominância do gênero feminino (56,5%),
basicamente composta por solteiros, com ou sem companheiro (a) ou
namorado (a). A maioria declarou pertencer à religião católica (52,2%) e ter
o Paraná como local de nascimento (74,0%).
3.5 Aprovação em Comitê de Ética
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos do Hospital das Clínicas/UFPR, no dia 27 de abril de 2006, sob os
registros: CAAE: 0054.0.208.000-6 e CEP: 1215.063/2006-04 (ANEXO A).
3.6 Procedimentos para a coleta dos dados
A coleta foi realizada em sala de aula, em grupo e o responsável pela
coleta foi o próprio pesquisador. Mesmo na turma do cimo primeiro
período (sexto ano), que está no período de internato obrigatório, a coleta foi
realizada em sala de aula e em grupo. Todos os participantes receberam
esclarecimentos relativos à pesquisa, seus objetivos e também quanto ao
caráter voluntário da participação, sendo-lhes assegurado que poderiam
deixar de participar do estudo a qualquer momento, sem prejuízo algum.
67
Ainda, foi reiterado que as informações coletadas seriam de uso exclusivo
do pesquisador, mantendo, dessa forma, o sigilo das informações.
Em seguida, após aceitação da participação na pesquisa, os
participantes foram convidados a assinarem o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido” (ANEXO B), e, responderem ao “Instrumento de
Caracterização Sócio-demográfico” e às escalas de auto-avaliação,
Inventário Beck de Depressão” e Inventário de Ansiedade Traço-Estado
IDATE. O tempo utilizado para a aplicação total do material foi de
aproximadamente trinta minutos.
Por último, cabe lembrar que este estudo não apresentou qualquer
forma de conflito de interesses.
3.7 Instrumentos de coleta
O material do estudo constou do “Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido”, o “Instrumento de Caracterização cio-demográfica”, o
“Inventário Beck de Depressão” (IBD) e o “Inventário de Ansiedade Traço-
Estado” (IDATE).
a. Instrumento de caracterização sócio-demográfica
Além das duas escalas, foi utilizado um Instrumento de
Caracterização Sócio-demográfica (ANEXO C) com a finalidade de coletar
68
dados demográficos como gênero, idade, estado civil e local de nascimento,
além de incluir perguntas relacionadas com a vida acadêmica.
O Instrumento de Caracterização Sócio-demográfica foi testado e
corrigido com a realização de um estudo piloto com 14 alunos, na faixa
etária dos 19,6 anos, sendo 43% do sexo masculino e 57% do sexo feminino
(ANEXO D).
As perguntas que fizeram parte do Instrumento de Caracterização
Sócio-demográfica”, como perguntas quanto às motivações na escolha do
curso, à carga de estudo, ao relacionamento com colegas às preocupações
quanto o futuro profissional dentre outras, foram temas apontados pelos
estudantes de medicina, em estudo anterior na UFPR, como pertinentes
(SOUZA, 2003). Naquele estudo, foram entrevistados 22 alunos do primeiro
período (primeiro ano), quinto período (terceiro ano) e décimo primeiro
período (sexo ano).
b. Instrumentos de avaliação de depressão e ansiedade
Foram utilizados os seguintes instrumentos de auto-avaliação: o
Inventário Beck de Depressão e a Escala IDATE Traço-Estado de
Ansiedade, que são escalas amplamente utilizadas e validadas (CALIL e
PIRES, 1998; GORENSTEIN e ANDRADE, 1998).
As vantagens das escalas de auto-avaliação estão no fato de
poderem ser preenchidas pelo próprio participante, evitando assim qualquer
viés relacionado ao pesquisador, bem como o fato de serem de rápida
69
aplicação. Porém, apresentam como desvantagem a necessidade da
utilização com participantes alfabetizados, colaborativos e sem uma
psicopatologia grave (ANDREATINI e LEITE, 1994; CALIL e PIRES, 1998;
GUIMARÃES, 1998).
b.1. Inventário Beck de Depressão.
Considera-se o “Inventário Beck de Depressão” como provavelmente
a escala de auto-avaliação de depressão mais amplamente utilizada (CALIL
e PIRES, 1998; GORENSTEIN e ANDRADE, 1998).
O Inventário Beck de Depressão (Beck & cols., 1961) consta de 21
itens, com 4 graus de severidade, de zero a três, sendo que os itens
referem-se à tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação,
sensação de culpa, sensação de punição, autodepreciação, autoacusações,
ideias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social, indecisão,
distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, distúrbio do sono,
fadiga, perda do apetite, perda de peso, preocupação somática e diminuição
da libido (GORENSTEIN e ANDRADE, 1998).
Seis dos itens se referem aos sintomas negativos e o restante ao
humor e a sintomas cognitivos. Estudos demonstraram altos níveis de
consistência interna da versão em português, bem como uma adequação da
versão em português para o uso clínico em amostras clínicas e também em
populações não clínicas (GORENSTEIN e ANDRADE, 1998).
70
A seleção de um ponto de corte, como critério para inclusão de
pacientes em estudo, tem variado consideravelmente (GORENSTEIN e
ANDRADE, 1998). Como ponto de corte para detectar depressão entre
pacientes com transtorno afetivo, Beck recomenda que um resultado menor
que escore 10 deve ser considerado sem depressão ou com depressão
mínima; entre 10 e 18 deve ser considerada como depressão leve ou
moderada; de 19 a 29, deve se considerar como depressão moderada ou
grave; e escores entre 30 a 63 devem ser considerados como depressão
grave (GORENSTEIN e ANDRADE, 1998).
Porém, para amostras não diagnosticadas, as recomendações são de
que o termo depressão deve ser reservado para escores acima de 20 (BECK
e BEAMESDERFER, 1974; GORENSTEIN e ANDRADE, 1998). Esses
pontos de corte são arbitrários, mas servem como linhas gerais de
referência.
b.2. Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE).
O “Inventário de Ansiedade Traço-Estado IDATE” é uma escala que
é preenchida pelo próprio pesquisado (DEL PORTO et al., 1983;
ANDREATINI e LEITE, 1994; GUIMARÃES, 1998). É composta de duas
partes distintas, elaboradas para medir dois conceitos: ansiedade-estado e
ansiedade-traço (ANDREATINI e LEITE, 1994). Sendo assim, o conceito
ansiedade-estado seria transitório, caracterizado por sentimentos
71
desagradáveis, conscientemente percebidos, modificando-se com o decorrer
do tempo e podendo ser influenciado por fatores externos.
Em contrapartida, o conceito ansiedade-traço seria a propensão à
ansiedade, isto é, a tendência do indivíduo em perceber situações como
ameaçadoras e, portanto, reagir com aumento do nível de ansiedade-estado
(ANDREATINI e LEITE, 1994; GUIMARÃES, 1998). Cada escala consiste de
vinte (20) afirmações, às quais o sujeito indica a intensidade naquele
momento (E-estado) ou a frequência com que ocorre (T-traço), através de
uma escala de quatro pontos que vai do um ao quatro. O escore total de
escala varia de vinte (20) a oitenta (80) pontos, com os escores mais altos
indicando maiores níveis de ansiedade (ANDREATINI e LEITE, 1994;
GUIMARÃES, 1998).
3.8 Tratamento estatístico
O processamento e a análise dos dados foram primeiramente,
tabulados no programa Excel versão 2003 e, após conferência, os dados
foram transportados para o programa Statistical Package of Social Sciences
(SPSS), versão 17.0, para cálculo das análises descritivas e das possíveis
associações entre variáveis.
Para análise descritiva das variáveis, foram empregados os
parâmetros estatísticos de medidas de posição (média e mediana) e
variabilidade (desvio padrão - ) para as variáveis contínuas, e, de
frequência simples, para as variáveis categóricas.
72
Empregou-se a Análise de Variância Simples (ANOVA) por que
permite a comparação de médias oriundas de grupos diferentes (DAWSON,
2003). E a posteriori, quando existia diferença estatisticamente significativa,
foram utilizados os testes Scheffé, Tukey ou Fischer (LSD - Least Square
Difference).
73
4. RESULTADOS
4.1. Resultados relacionados à caracterização sócio-demográfica dos
participantes do estudo.
Quanto à caracterização sócio-demográfica dos participantes obteve-
se uma média de idade de 21,27 anos (=2,78) com idade mínima de 16
anos e máxima de 36 anos, e com 95,5% dos participantes com idade entre
17 e 26 anos. Em relação ao gênero observou-se a seguinte distribuição:
203 (56,5%) do gênero feminino e 156 (43,4%) do gênero masculino.
Para o item estado civil observou-se que os solteiros sem
companheiro (a) ou namorado (a) representaram a maioria com 189 (52,6%)
participantes, os solteiros com companheiro (a) ou namorado (a)
apareceram em seguida com 159 (44,2%) participantes, e depois os
casados/união estável com 11 (3,0%) participantes, sendo que não existiram
participantes separados e/ou viúvos.
Ainda em relação à caracterização sócio-demográfica, o item religião
revelou que a maioria dos participantes declarou pertencer à religião
católica, 183 (52,2%), seguida da religião protestante com 35 (10,0%), da
espírita com 22 (6,2%), da pentecostal com 07 (2,0%); contudo, 80 (22,8%)
participantes afirmaram não ter religião. Ainda, 23 (6,5%) participantes
indicaram outras religiões, sendo que não houve participantes que indicaram
como religião a afro-brasileira.
74
Quanto ao local de nascimento, 265 (74,0%) eram procedentes do
Paraná, 28 (7,8%) de São Paulo, 27 (7,5%) de Santa Catarina e 38 (10,6%)
de outros estados (Tabela 15).
Tabela 15 - Distribuição dos 359 participantes segundo a caracterização
sócio-demográfica
Caracterização sócio-demográfica
N (%)
Faixa etária
Média de 21,27 anos
n = 357 (100%)
Gênero
Masculino
n = 156 (43,4%)
Feminino
n = 203 (56,5%)
Estado Civil
Solteiro com companheiro (a)
n = 159 (44,2%)
Solteiro sem companheiro (a)
n = 189 (52,6%)
Casado ou união estável
n = 11 (3,0%)
Religião
Católica
n = 183 (52,2%)
Espírita
n = 22 (6,2%)
Pentecostal
n = 07 (2,0%)
Protestante
n = 35 (10,0%)
Não ter religião
n = 80 (22,8%)
Outras
n = 23 (6,5%)
Local de nascimento
Paraná
n = 265 (74,0%)
São Paulo
n = 28 (7,8%)
Santa Catarina
n = 27 (7,5%)
Mato Grosso do Sul
Rio de Janeiro
Rio Grande do Sul
Minas Gerais
Mato Grosso
Roraima
Outros
n = 6 (1,6%)
n = 5 (1,3%)
n = 5 (1,3%)
n = 4 (1,1%)
n = 4 (1,1%)
n = 3 (0,8%)
n = 11 (3,0%)
75
O presente estudo confirmou a tendência que aparece em vários
estudos nacionais e internacionais, ou seja, a preponderância do gênero
feminino em relação ao gênero masculino no curso de medicina. Portanto,
no nosso estudo, a porcentagem de estudantes do gênero feminino foi de
56,5%, ficando dentro da média encontrada em outros estudos. O mesmo
pode-se dizer da média de idade, nos estudos nacionais, que ficou com 21,2
anos. A religião declarada predominantemente foi a católica com 52,2%. E,
como o estudo se realizou em Curitiba (PR), a população se caracterizou por
ser, principalmente, do estado do Paraná.
Esses resultados são compatíveis com os estudos desenvolvidos por
Machado (1997), bem como com o estudo desenvolvido por Rezende et al.
(2008), que apontam para a predominância do gênero feminino nas
faculdades de medicina. Rezende et al. (2008) em seu estudo obteve uma
razão de gênero feminino/masculino (F/M) de 1,27.
Para Hojat et al. (1999) estar atento para o aumento da participação
do gênero feminino nas escolas de medicina é de suma importância, pois,
algumas características de personalidade do gênero feminino influenciam a
prática médica como um todo. Como, por exemplo, ainda segundo Hojat et
al. (1999), a maior sensibilidade, como também, ansiedade no gênero
feminino, requer um cuidado diferenciado com essa população de
estudantes.
Da mesma forma, Voltmer et al. (2008) concluem, com seu estudo
sobre fatores de risco e recursos de estudantes de medicina no
enfrentamento do estresse, que o gênero feminino apresentaram um escore
76
mais baixo do que o gênero masculino no domínio do estresse, com
tendência à resignação.
Niemi-Murola et al. (2007) também concluem, com o seu estudo com
pacientes com dor crônica, que estudantes do gênero feminino se
mostravam mais ansiosas e menos confiantes, quanto suas habilidades, que
os estudantes do gênero masculino.
O interessante estudo de Dickinson et al. (1997) revelou que
estudantes do gênero feminino do primeiro ano do curso, na aulas de
anatomia humana, relatavam mais ansiedade e medo em relação à morte,
contudo, discordavam mais, em comparação com os estudantes do gênero
masculino, da necessidade de não se envolver emocionalmente,
considerando isso como uma habilidade interpessoal muito importante.
4.2. Resultados gerais dos níveis de sintomas depressivos obtidos
pelo Inventário Beck de Depressão.
Seguindo os critérios estabelecidos por Gorenstein e Andrade (1998)
em relação aos escores do IBD, os participantes, se caracterizaram na
grande maioria por não ter sintomas depressivos ou apresentar sintomas
leves ou moderados. Por ser uma amostra não diagnosticada com transtorno
de humor, segundo Beck e Beamesderfer (1974) o termo depressão deve
ser reservado para escores acima de 20, sendo assim, 90,8% da população
estudada não apresenta depressão. Com isso, pode-se entender a
manifestação apresentada por 90,8% dos participantes como tristeza e não
77
depressão, ou, ainda, mais precisamente, segundo Freud (1917), pode ser
considerada como luto, reação afetiva frente a uma perda.
Ou ainda, seguindo os pontos de corte sugeridos por Gorenstein e
Andrade (1998), para detectar depressão em participantes com transtorno
afetivo, pode-se considerar 61,0% dos participantes “sem depressão; 29,8%
com sintomas leves ou moderados; 8,1% com sintomas moderados ou
graves; e 1,1% “com sintomas graves, conforme a Tabela 16.
Com isso, pode-se afirmar que a população estudada não apresentou
sintomatologia depressiva ou, quando apresentou, esta foi de sintomas
moderados (8,1%) na grande maioria. Uma hipótese que deve ser
considerada é que a população de estudantes de medicina, neste estudo,
mostrou sinais mais compatíveis de tristeza ou luto e não de transtorno de
humor. Mas, não se deve negligenciar a parcela da população que
apresentou sintomatologia moderada ou grave, 9,2%, pois, esta merece
atenção e investigação suplementar, devido ao principal fator de risco
envolvido nos transtornos de humor: o suicídio.
Tabela 16 - Pontos de corte dos níveis de sintomas depressivos
do Inventário Beck de Depressão (IBD)
Inventário Beck de Depressão (IBD)
Sem depressão
ou mínima
Leve ou
moderada
Moderada ou
grave
Depressão
grave
Escore
10
Escore
10 a 18
Escore
19 a 29
Escore
30 a 63
61,0%
29,8%
8,1%
1,1%
78
Ainda em relação à avaliação da manifestação depressiva com a
utilização do IBD, obteve-se um escore médio de 9,0 pontos (=6,7), o que
caracterizou a população, conforme os critérios recomendados por Beck e
Beamesderfer (1974) e por Gorenstein e Andrade (1998), sem depressão ou
depressão mínima (escore menor de 10).
Estes resultados aproximam-se ao obtido por Amaral et al. (2008)
com 287 estudantes de medicina, utilizando o IBD. Os autores observaram
uma prevalência de 1,0% sintomas graves, 5,9% moderados e graves de,
19,9% leves e moderados de e 73,2% sem sintomas ou sintomas leves.
Por outro lado, o estudo desenvolvido por Bunevicius et al. (2008),
com 338 estudantes de medicina, encontrou uma prevalência de 14%
sintomas de depressão, com 10% de comorbidade ansiosa e depressiva.
Porém, nesse estudo o instrumento para avaliação de depressão foi outro
que o IBD.
Mas, Chandavarkar et al. (2007) em estudo com 427 estudantes de
medicina, utilizando o IBD, encontraram uma prevalência de 5% de
depressão moderada (IBD > 20), ou seja, ainda uma prevalência menor da
obtida no presente estudo.
Outro estudo desenvolvido por Eller et al. (2006) com 423 estudantes
de medicina, encontraram uma prevalência bastante significativa de 30,6%
de sintomas depressivos, porém utilizando um instrumento de avaliação
muito particular.
79
Contudo, Ahmed et al. (2009) encontraram, com o uso do IBD, uma
prevalência de 28,6% de sintomas depressivos em estudantes de medicina,
porém utilizando outros pontos de corte.
4.3. Resultados gerais dos níveis de sintomas ansiosos obtidos pelo
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE).
Quanto à avaliação da manifestação de ansiedade, com a utilização
do IDATE, obteve-se no presente estudo para o conceito ansiedade-traço
um escore médio de 46,1 pontos (=6,0). E para o conceito ansiedade-
estado um escore médio de 46,2 pontos (=5,3), e segundo Andreatini e
Leite (1994) os escores mais altos indicam maiores níveis de ansiedade.
Sendo assim, no conceito ansiedade-traço 90% dos participantes ficaram
com escores maiores do que 40 pontos, e no conceito ansiedade-estado
89,1%; apresentando assim, segundo os critérios de Andreatini e Leite
(1994) sintomas de ansiedade de moderados a graves, tanto para o conceito
ansiedade-traço como para o conceito ansiedade-estado.
Tabela 17 - Pontos de corte dos níveis de sintomas ansiosos
do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)
Leve ou Moderada
Moderada ou Grave
Escore
De 20 a 40
Escore
De 41 a 80
Traço
Estado
Traço
Estado
10,0%
10,9%
90,0%
89,1%
80
No estudo desenvolvido por Bunevicius et al. (2008), com 338
estudantes de medicina, encontraram uma prevalência de sintomas de
ansiedade de 43%, porém, não utilizando o IDATE.
Chandavarkar et al. (2007) no mesmo estudo com 427 estudantes de
medicina, utilizando o IDATE encontrou uma prevalência de 11,5% de
estudantes que estavam dentro do critério de provável distúrbio de
ansiedade no conceito traço (escore > 50). Assim, um resultado bastante
diferente do encontrado no presente estudo.
Outro estudo desenvolvido por Eller et al. (2006), com 423 estudantes
de medicina, encontrou uma prevalência de 21,9% de sintomas ansiosos,
também com outro instrumento de avaliação.
Assim, pode-se perceber que, considerando, os escores de
ansiedade acima de 40 pontos como sintomáticos, se tem um grupo com
sintomas ansiosos de uma intensidade muito variada, desde uma
manifestação leve de ansiedade até um quadro grave de ansiedade com
sérias limitações. Com isso, o instrumento se torna pouco sensível na
exatidão das várias flutuações de intensidade das manifestações de
ansiosas.
Nesse sentido, o estudo de Chandavarkar et al. (2007) buscou
diferenciar as manifestações ansiosas, onde 11,5% dos estudantes de
medicina atendiam ao critério de provável distúrbio de ansiedade, mas,
utilizando uma escala de sintomas obsessivos, observou que o ano no curso
estava significativa e estatisticamente associado às manifestações
obsessivas, como por exemplo, dúvidas e medos de contaminação.
81
4.4. Resultados da associação do gênero com o escore de depressão.
A associação do gênero com o escore de depressão se mostrou
estatisticamente significativa (p=0,01).
Observou-se que o gênero feminino obteve um escore médio de 10,1
pontos (=7,1), caracterizando-se, dessa forma, segundo Beck e
Beamesderfer (1974), sem depressão, ou conforme Gorenstein e Andrade
(1998), como depressão leve ou moderada. Enquanto o gênero masculino
obteve escore médio de 7,7 pontos (=5,8), ou seja, sem depressão,
conforme Tabela 18.
Tabela 18 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
gênero e o escore de depressão (IBD)
N (%)
Gênero
Variáveis
I Beck D
n = 156 (43,45%)
Masculino
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,7
6,0
5,8
0,0
27,0
n = 203 (56,54%)
Feminino
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,1
8,0
7,1
0,0
37,0
Resultado semelhante obtido no estudo, com a utilização do IBD, de
Amaral et al. (2008), onde os escores mais elevados aconteceram com o
82
gênero feminino com 8,4 pontos (=7,0), e o gênero masculino ficou com 5,3
pontos (=5,3).
Blanch et al. (2008) realizaram um estudo com estudantes do terceiro
ano do curso de medicina para avaliar as diferenças entre os gênero em
relação à confiança e desenvoltura com pacientes estandardizados, e, com
isso obtiveram que as estudantes do gênero feminino são menos confiantes
no seu desempenho do que os estudantes do gênero masculino e essa
diminuição na confiança afeta tanto a sintomatologia ansiosa, quanto a
depressiva. Assim, pode-se inferir que algumas características particulares
do gênero feminino na condução das suas atividades acadêmicas se
refletem nas manifestações ansiosas e depressivas.
Esses resultados confirmaram os achados de outros estudos, onde o
gênero feminino apresenta escores mais elevados nos níveis de sintomas
depressivos. Assim considera-se que características particulares do gênero
feminino provavelmente devem estar envolvidas nessa situação.
Nesse sentido, que Hojat et al. (1999) procuraram determinar quais
características estariam envolvidas nos escores elevados de sintomas
depressivos e ansiosos, e com isso, concluíram que as estudantes do
gênero feminino são mais sensíveis ou julgam mais negativamente, do que o
gênero masculino, as experiências de estresse. Sendo, dessa forma, mais
afetadas pelos sentimentos de estresse dos pacientes. Porém, isso, ainda
segundo Hojat et al. (1999) essas características proporcionam ao gênero
feminino uma maior capacidade de empatia.
83
Portanto, atentar para esses resultados, muito mais do que identificar
níveis depressivos, pois o estudo mostrou que o escore médio de 10,1
pontos (=7,1) não caracteriza transtorno depressivo, têm sua importância
no melhor aproveitamento dessas características do gênero feminino na
formação médica. Ainda mais pela prevalência do gênero feminino no curso
de medicina.
4.5. Resultados da associação do gênero com o escore de ansiedade
(traço e estado).
Quando se investigou a possível associação do gênero com o escore
obtido pelo IDATE, observou-se, que tanto para o conceito ansiedade-traço
como para o conceito ansiedade-estado, a associação se mostrou
estatisticamente significativa (p<0,05).
Portanto, em relação ao conceito ansiedade-traço o gênero masculino
obteve um escore médio de 44,7 pontos (=4,2), maior do que o gênero
feminino com escore médio de 44,2 pontos (=6,0) conforme Tabela 19.
em relação ao conceito ansiedade-estado o gênero feminino
obteve um escore médio de 47,0 pontos (=6,3), maior do que o gênero
masculino com escore médio de 44,3 pontos (=6,0) conforme Tabela 19.
Ou seja, em relação à ansiedade e aos conceitos traço (uma
característica mais duradoura) e estado (uma manifestação temporária), o
gênero masculino obteve o maior escore no primeiro (traço) e, por outro
lado, o gênero feminino obteve o maior escore no segundo (estado), com o
84
que se pode concluir que o gênero feminino é muito mais afetado, do que o
gênero masculino, por situações novas ou imprevistas. Achados esses que
são corroborados por outros estudos.
Tabela 19 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
gênero e o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Gênero
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 156 (43,45%)
Masculino
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
44,7
45,0
4,2
34,0
55,0
44,3
45,0
6,0
36,0
63,0
n = 203 (56,54%)
Feminino
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
44,2
41,0
6,0
40,0
54,0
47,0
48,0
6,3
40,0
56,0
O estudo de Niemi-Murola et al. (2007) confirma esse aspecto, mas
salienta que as estudantes do gênero feminino são mais ansiosas com
pacientes com dor crônica; porém, apesar de se mostrarem menos
confiantes com esses pacientes, elas são mais empáticas. Com isso, os
autores concluem dizendo que estudos futuros devem investigar a possível
ligação entre empatia e ansiedade em estudantes de medicina.
Os resultados do presente estudo se diferenciaram do estudo
realizado por Gama et al. (2008) que encontrou para o conceito ansiedade-
traço maiores escores para o gênero feminino 42,9 (=9,1).
No estudo de Hojat et al. (1999) com estudantes de medicina onde
comparou os gêneros, encontrou que os maiores escores, obtidos pelo
85
gênero feminino, são de ansiedade geral, como também, de neuroticismo
(comportamento nervoso exagerado). E, segundo Hojat et al. (1999), isso se
deve ao fato das estudantes do gênero feminino experimentarem eventos
estressantes de maneira mais negativa e se mostrarem menos resilientes no
enfrentamento de situações estressantes.
4.6. Resultados da associação do estado civil com o escore de
depressão.
Quanto à associação do estado civil com o escore de depressão, esta
não se mostrou estatisticamente significativa (p=0,39).
Dessa forma, observou-se que os “solteiros com companheiro (a)”
obtiveram o maior escore médio de 9,5 pontos (=6,7), seguidos pelos
“solteiros sem companheiro (a)” que obtiveram um escore médio de 8,7
pontos (=6,7) e pelos “casados ou com união estável” que obtiveram um
escore médio de 7,3 pontos (=6,3) Sendo assim, pode-se, caracterizar
como depressão leve ou moderada quando o estado civil é o dos “solteiros
com companheiro (a)”, conforme Tabela 20.
Apesar de ser uma população predominantemente de “solteiros com
ou sem companheiro (a)” (96,9%), essa é uma investigação que merece
mais estudos no futuro, por se tratar, conforme estudos, de uma fonte a mais
de estresse.
86
Lourenção et al. (2010) observou, em um estudo de revisão, que
problemas de qualidade de vida de residentes interferem com o atendimento
prestado ao usuário do serviço.
Pode-se, com isso, considerar que problemas de relacionamento
afetivo em estudantes de medicina interfiram com suas atividades
acadêmicas, justificando dessa maneira, mais estudos nesse sentido.
Tabela 20 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
estado civil e o escore de depressão (IBD)
N (%)
Estado Civil
I Beck D
n = 159 (44,28%)
Solteiro com
companheiro (a)
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,5
8,0
6,7
0,0
37,0
n = 189 (52,64%)
Solteiro sem
companheiro (a)
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,7
7,0
6,7
0,0
34,0
n = 11 (3,06%)
Casado ou união
estável
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,3
7,0
6,3
0,0
20,0
O estudo realizado por Rezende et al. (2008), corrobora os resultados
obtidos no presente estudo, por não ter observado associação
estatisticamente significativa com a variável estado civil, porém, outros
estudos indicam que dificuldades de relacionamento aumentam o risco de
transtornos depressivos.
87
Nogueira-Martins e Jorge (1998) consideram que o estresse na
residência médica envolve aspectos profissionais, situacionais e pessoais. E,
segundo os autores, os aspectos pessoais englobam características
pessoais e de personalidade, problemas socioeconômicos e eventos de
vida.
4.7. Resultados da associação do estado civil com o escore de
ansiedade (traço e estado).
Agora, investigando a possível associação do estado civil com o
escore obtido pelo IDATE, observou-se, que tanto para o conceito
ansiedade-traço como para o conceito ansiedade-estado, a associação não
se mostrou estatisticamente significativa (p=0,32).
Assim, quanto aos escores de ansiedade-traço e o estado civil
observou-se que os “solteiros com companheiro (a)” obtiveram um escore
médio de 46,7 pontos (=6,4). para aqueles que o estado civil era de
“solteiros sem companheiro (a)” o escore médio foi de 45,7 pontos (=5,6). E
os “casados ou com união estável” obtiveram um escore médio de 45,4
pontos (=4,0) Não houve participantes com estado civil “viúvo ou
separado”, conforme Tabela 21.
Nessa avaliação pode-se notar um escore mais elevado nos “solteiros
com companheiro (a)”, o que poderia significar novamente que dificuldades
no relacionamento afetivo podem aparecer como manifestação de
ansiedade. Contudo, nesse caso se trata do conceito-traço que não estaria
88
envolvido com manifestações transitórias, mas sim com uma característica
de personalidade mais duradoura e, com isso, pode-se, talvez, cogitar uma
maior dificuldade de adaptação a um relacionamento afetivo.
em relação aos escores obtidos quando se investigou as
associações do conceito ansiedade-estado e o estado civil, observou-se que
os “solteiros com companheiro (a)” e os “solteiros sem companheiro (a)”
obtiveram um escore médio de 46,1 pontos (=5,3). E os “casados ou com
união estável” obtiveram um escore médio de 48,6 pontos (=6,3) Não
houve participantes com estado civil “viúvo ou separado”, conforme a Tabela
21.
Aqui se pode notar, para o conceito ansiedade-estado, um escore
maior e bem destacado do grupo “casados ou com união estável”, o que
poderia reafirmar os estudos de Dyrbye et al. (2006) que apontam o
relacionamento conjugal como mais uma fonte de estresse, na população de
estudantes de medicina.
Contudo, em virtude de ser uma população predominantemente de
“solteiros com ou sem companheiro (a)” (96,9%), o “n” de “casados ou com
união estável” se mostra muito pequeno, o que não permite maiores
extrapolações. Mas, com certeza é um aspecto que merece mais estudos no
futuro.
89
Tabela 21 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
estado civil e o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Estado Civil
IDATE - T
IDATE - E
n = 159 (44,28%)
Solteiro com
companheiro (a)
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,7
46,0
6,4
33,0
65,0
46,1
46,0
5,3
31,0
63,0
n = 189 (52,64%)
Solteiro sem
companheiro (a)
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,7
45,0
5,6
34,0
65,0
46,1
46,0
5,3
36,0
62,0
n = 11 (3,06%)
Casado ou união
estável
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,4
45,0
4,0
41,0
52,0
48,6
49,0
6,3
39,0
58,0
No estudo realizado por Gama et al. (2008) o estado civil de solteiros
obteve o maior escore no conceito ansiedade-traço 41,8 (=9,3).
no estudo desenvolvido por Almeida et al. (2007) com estudantes
do primeiro ao sexto ano do curso de medicina, não encontrou diferenças na
prevalência de distúrbios mentais e estado civil; porém, com a ressalva de
ser uma amostra composta predominantemente de solteiros.
4.8. Resultados da associação da religião com o escore de depressão.
A associação da religião com o escore de depressão não se mostrou
estatisticamente significativa (p=0,65).
Dessa forma, os resultados da associação da religião e os escores de
depressão, mostraram que o maior escore foi quando a religião declarada
90
era a espírita, com escore médio de 11,5 pontos (=8,6); seguido pela
católica, com escore médio de 9,1 pontos (=7,0), e, pelas religiões,
protestante e pentecostal, que obtiveram um escore médio de 8,4 pontos e
5,1 pontos respectivamente (=5,6 e =4,5 respectivamente). Porém, a
opção “não ter religião” e “outras religiões” obteve um escore médio de 8,5
pontos e 9,5 pontos (=5,9 e =7,5 respectivamente). Não houve
representante da religião afro-brasileira, conforme Tabela 22.
Figura 1 - Distribuição dos participantes segundo a religião declarada
Católica
Não tenho religião
Protestante
Outra
Espírita
Pentecostal
91
Tabela 22 - Distribuição dos 350 participantes segundo a associação da
religião e o escore de depressão (IBD)
N (%)
Religião
Variáveis
I Beck D
n = 183 (52,28%)
Católica
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,1
7,0
7,0
0,0
37,0
n = 22 (6,28%)
Espírita
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
11,5
8,5
8,6
2,0
36,0
n = 07 (2,00%)
Pentecostal
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
5,1
4,0
4,5
0,0
13,0
n = 35 (10,00%)
Protestante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,4
8,0
5,6
2,0
25,0
n = 80 (22,85%)
Não ter religião
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,5
7,5
5,9
0,0
32,0
n = 23 (6,57%)
Outras
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,5
10,0
7,5
0,0
28,0
Dyrbye et al. (2006) consideram a religiosidade e a espiritualidade
como estratégias de enfrentamento do estresse (coping). Portanto, num país
com características tão marcantes de religiosidade como o Brasil, uma
investigação como essa é extremamente pertinente. Mas, os resultados
92
obtidos no presente estudo devem ser avaliados com cautela, pois algumas
crenças religiosas, como por exemplo, a pentecostal obteve um escore bem
distinto das outras religiões, com 5,1 pontos (=4,5), mas com um “n” muito
pequeno (n=07), o que inviabiliza maiores extrapolações dos resultados.
4.9. Resultados da associação da religião com o escore de ansiedade
(traço e estado).
A associação da religião com o escore de ansiedade não se mostrou
estatisticamente significativa (p=0,49).
Assim, em relação aos escores obtidos com o conceito de ansiedade-
traço e a associação com a religião observou-se que o maior escore foi da
espírita com escore médio de 47,6 pontos (=6,4); seguida pela católica,
com um escore médio de 46,2 pontos (=6,2); pela protestante, com um
escore médio de 46,1 pontos (=4,6); e, por último, pela pentecostal, com
um escore médio de 42,2 pontos (=5,2). É importante salientar que a opção
“não ter religião” e “outras religiões” obtiveram um escore médio de 45,2
pontos e 46,5 pontos respectivamente (=5,3 e =5,9 respectivamente),
conforme Tabela 23.
com a associação do conceito ansiedade-estado e religião,
observou-se que o maior escore foi obtido pela espírita com um escore
médio de 48,9 pontos (=5,7); seguida pela pentecostal, com escore médio
de 47,8 pontos (=4,2); e, pela católica e protestante com escore médio de
46,3 pontos (=5,3 e =4,5 respectivamente). Contudo, as opções “não ter
93
religião” e “outras’ religiões obtiveram escore médio de 45,5 e 44,2
respectivamente (=5,6 e =5,3 respectivamente), conforme Tabela 23.
Apesar de merecer maiores investigações no futuro, crenças
religiosas quando consideradas como estratégias de enfrentamento do
estresse (coping), são de grande importância, e, por isso vale notar que a
crença espírita obteve o maior escore nas escalas de depressão e de
ansiedade (traço e estado), e, provavelmente, isso se deva a alguma
característica intrínseca da crença espírita, e, apesar, de não ter um “n” tão
significativo como o da religião católica, aparece como a segunda crença
religiosa entre os participantes do estudo (n=22).
E mais ainda, considerando o suicídio como o maior risco associado
aos transtornos de humor, investigar estratégias de enfrentamento do
estresse, como crenças religiosas, merecem atenção, pois se essas
estratégias de enfrentamento do estresse não surtem o efeito esperado, o
risco de suicídio pode ser exacerbado.
Nesse aspecto o estudo de Menninger (1970) sobre o suicídio aponta
para o desejo de morrer baseado no conceito de uma vida futura. Pode,
portanto, baseado nesse conceito de vida futura, alimentar a ideia de que
morrer é uma forma de ir embora. Mas em última análise, não significa um
desejo, de fato de morrer, mas sim, uma forma de fugir de uma realidade
adversa com a qual não se sabe lidar, e, é importante lembrar que a
concepção de uma vida futura esta presente em muitas crenças religiosas.
94
Tabela 23 - Distribuição dos 350 participantes segundo a associação da
religião e o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Religião
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 183 (52,28%)
Católica
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,2
46,0
6,2
34,0
65,0
46,3
46,0
5,3
31,0
63,0
n = 22 (6,28%)
Espírita
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,6
48,5
6,4
38,0
60,0
48,9
49,0
5,7
38,0
62,0
n = 07 (2,00%)
Pentecostal
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
42,2
44,0
5,2
34,0
49,0
47,8
49,0
4,2
39,0
52,0
n = 35 (10,00%)
Protestante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,1
46,0
4,6
40,0
57,0
46,3
46,0
4,5
38,0
56,0
n = 80 (22,85%)
Não ter religião
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,2
44,0
5,3
33,0
61,0
45,5
45,0
5,6
34,0
62,0
n = 23 (6,57%)
Outras
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,5
46,0
5,9
36,0
58,0
44,2
43,0
5,3
36,0
55,0
Zonta et al. (2006) investigaram as estratégias de enfrentamento do
estresse por estudantes de medicina e observaram que a religiosidade foi
uma das estratégias utilizadas para enfrentar o estresse.
95
4.10. Resultados da associação do local de nascimento com o escore
de depressão.
A associação do local de nascimento com o escore de depressão não
se mostrou estatisticamente significativa (p=0,97).
Os maiores escores obtidos pelo IBD foram daqueles que declararam
como local de nascimento Roraima, com escore médio de 11,3 pontos
(=13,6); seguidos pelos estados de São Paulo, com escore médio de 10,1
pontos (=6,3); Rio Grande do Sul, com escore médio de 9,8 pontos (=9,1);
Mato Grosso do Sul, com escore médio de 9,6 pontos (=3,0); Santa
Catarina, com escore médio de 9,3 pontos (=7,8); Paraná, com escore
médio de 8,8 pontos (=6,7); Rio de Janeiro, com escore médio de 8,6
pontos (=5,8); Minas Gerais, com escore médio de 7,7 pontos (=5,5); e,
por último, Mato Grosso com escore médio de 7,0 pontos (=4,6). Vários
locais de nascimento (Ceará com 11 pontos, Distrito Federal com 14 e 25
pontos, Espírito Santo com 12 pontos, Goiás com um ponto, Maranhão com
10 pontos, Tocantins com oito pontos, Estados Unidos com 12 pontos, Gana
com quatro pontos e Itália com 20 pontos) obtiveram um escore médio de
10,6 pontos (=7,5), conforme Tabela 24.
96
Tabela 24 - Distribuição dos 354 participantes segundo a associação do
local de nascimento com o escore de depressão (IBD)
N (%)
Local de nascimento
Variáveis
I Beck D
n = 265 (73,81%)
Paraná
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,8
7,0
6,7
0,0
37,0
n = 28 (7,79%)
São Paulo
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,1
8,0
6,3
1,0
26,0
n = 27 (7,52%)
Santa Catarina
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,3
7,0
7,8
1,0
36,0
n = 6 (1,67%)
Mato Grosso do Sul
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,6
9,5
3,0
6,0
15,0
n = 5 (1,39%)
Rio de Janeiro
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,6
7,0
5,8
3,0
17,0
n = 5 (1,39%)
Rio Grande do Sul
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,8
5,0
9,1
0,0
21,0
n = 4 (1,11%)
Minas Gerais
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,7
5,5
5,5
4,0
16,0
continua
97
conclusão
Tabela 24 - Distribuição dos 354 participantes segundo a associação local
de nascimento e escores da escala de depressão (IBD)
N (%)
Local de nascimento
Variáveis
I Beck D
n = 4 (1,11%)
Mato Grosso
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,0
5,0
4,6
4,0
14,0
n = 3 (0,84%)
Roraima
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
ximo
11,3
5,0
13,6
2,0
27,0
n = 12 (3,34%)
Outros
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,6
11,0
7,5
0,0
25,0
No estudo realizado por Rezende et al. (2008) não foi verificado
resultado estatisticamente significativo com o local de procedência e os
escores do IBD.
Por outro lado, Dyrbye et al. (2006) desenvolveram um estudo
multicêntrico para avaliar depressão e burnout em grupos minoritários (raça
e etnia), e, com isso observaram que os sintomas depressivos não são
dependentes do status minoritário (estudantes estrangeiros ou de etnias
minoritárias, como por exemplo, hispânicos, asiáticos entre outros).
Como no trabalho anterior, Dyrbye et al. (2007) não encontraram
diferenças estatisticamente significativas em relação aos grupos minoritários
98
e não minoritários; e, ainda, constataram que os grupos não minoritários
apresentavam graus maiores de burnout, em razão disso os autores
levantaram a hipótese de que os grupos minoritários apresentam maior
capacidade de resiliência e, dessa forma, maior aptidão de enfrentar
obstáculos.
No presente estudo o participante que declarou como local de
nascimento o Distrito Federal obtive o maior escore no IBD de 25 pontos
(apenas um participante), e os participantes que declararam Goiás como
local de nascimento obtiveram o menor escore no IBD zero (dois
participantes). Contudo os dois estados apresentaram um “n” muito baixo
para que se possam fazer maiores especulações dessas associações (n=1 e
n=2 respectivamente).
4.11. Resultados da associação do local de nascimento com o escore
de ansiedade (traço e estado).
A associação do local de nascimento com o escore de ansiedade não
se mostrou estatisticamente significativa (p=0,93).
Com isso, quanto ao conceito ansiedade-traço e a associação com o
local de nascimento, os maiores escores obtidos foram daqueles que
declararam como local de nascimento Minas Gerais, com escore dio de
48,2 pontos (=10,2); seguidos pelos estados de Roraima, com escore
médio de 48,0 (=8,1); Mato Grosso do Sul, com escore médio de 47,8
(=6,9); Santa Catarina, com escore médio de 47,6 pontos (=7,4); São
99
Paulo, com escore médio de 47,2 pontos (=6,4); Paraná, com escore médio
de 45,8 pontos (=5,6); Rio Grande do Sul, com escore médio de 44,8
pontos (=7,6); Rio de Janeiro, com escore médio de 41,6 pontos (=5,5); e,
Mato Grosso, com escore médio de 40,7 pontos (=4,7). Porém, o conjunto
de vários locais de nascimento (Ceará com 44 pontos, Distrito Federal com
54 e 55 pontos, Espírito Santo 51 pontos, Goiás 45 e 41 pontos, Maranhão
58 pontos, Tocantins 50 pontos, Estados Unidos 53 pontos, Gana 37 pontos
e Itália 52 pontos) obteve escore médio de 49,0 pontos (=6,4), conforme a
Tabela 25.
Em relação ao conceito ansiedade-estado, observou-se que os
participantes que obtiveram os maiores escores, nessa associação, foram,
em ordem decrescente, Mato Grosso do Sul, com escore médio de 49,5
pontos (=3,5); Minas Gerais, com escore médio de 49,2 pontos (=4,7);
Santa Catarina, com escore médio de 48,2 pontos (=5,3); São Paulo, com
escore médio de 46,8 pontos (=6,1); Paraná, com escore médio de 46,1
pontos (=5,2); Rio Grande do Sul e Roraima obtiveram escores médios de
44,6 pontos (=7,9 e =6,0 respectivamente); Mato Grosso obteve escore
médio de 43,7 pontos (=4,9); e, por último, Rio de Janeiro com escore
médio de 41,6 pontos (=3,6). Novamente, o conjunto de vários locais de
nascimento (Ceará 42 pontos, Distrito Federal 49 e 39 pontos, Espírito Santo
40 pontos, Goiás 51 e 44 pontos, Maranhão 44 pontos, Tocantins 34 pontos,
Estados Unidos 51 pontos, Gana 47 pontos e Itália 45 pontos) obteve escore
médio de 44,1 pontos (=5,2), conforme Tabela 25.
100
Tabela 25 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
local de nascimento com o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Local de nascimento
Variáveis
IDATE T
IDATE E
n = 265 (74,02%)
Paraná
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,8
45,0
5,6
34,0
63,0
46,1
46,0
5,2
31,0
63,0
n = 28 (7,82%)
São Paulo
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,2
47,5
6,4
36,0
65,0
46,8
46,0
6,1
36,0
60,0
n = 27 (7,54%)
Santa Catarina
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,6
46,0
7,4
34,0
65,0
48,2
48
5,3
37,0
62,0
n = 6 (1,67%)
Mato Grosso do Sul
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,8
50,0
6,9
37,0
54,0
49,5
50,0
3,5
45,0
54,0
n = 5 (1,39%)
Rio de Janeiro
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
41,6
41,0
5,5
33,0
47,0
41,6
43,0
3,6
36,0
45,0
n = 5 (1,39%)
Rio Grande do Sul
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
44,8
43,0
7,6
38,0
58,0
44,6
48,0
7,9
31,0
50,0
n = 4 (1,11%)
Minas Gerais
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
48,2
45,5
10,2
40,0
62,0
49,2
48,0
4,7
45,0
56,0
continua
101
conclusão
Tabela 25 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do
local de nascimento com o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Local de nascimento
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 4 (1,11%)
Mato Grosso
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
40,7
42,5
4,7
34,0
44,0
43,7
43,5
4,9
38,0
50,0
n = 3 (0,83%)
Roraima
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
48,0
46,0
8,1
41,0
57,0
44,6
44,0
6,0
39,0
51,0
n = 11 (3,07%)
Outros
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
49,0
51,0
6,4
37,0
58,0
44,1
44,0
5,2
34,0
51,0
Na avaliação das manifestações ansiosas, os participantes que
declararam o Maranhão (58 pontos) e o Distrito Federal (54 e 55 pontos)
como local de nascimento, obtiveram os maiores escores no conceito traço.
Da mesma forma, que os participantes, que declararam Goiás (51 e 44
pontos) e os Estados Unidos (51 pontos) como local de nascimento,
obtiveram os maiores escores no conceito estado. Assim, o participante dos
Estados Unidos obteve os maiores escores na escala de depressão e na de
ansiedade (estado). Mas, vale lembrar que o “n” baixo (um participante)
limita extrapolações dos resultados.
102
4.12. Resultados da associação do ano do curso com o escore de
depressão.
Quando foi investigada a possível associação do ano do curso com o
escore do IBD, essa associação se mostrou estatisticamente significativa
(p=0,06).
O terceiro ano obteve o maior escore médio com 10,1 pontos (=8,0),
sendo seguido pelo sexto ano, com escore médio de 9,8 pontos (=6,2); pelo
segundo e quarto anos com escore médio de 9,6 pontos (=6,9 e =7,2
respectivamente); pelo quinto ano, com escore médio de 9,2 (=6,8); e, por
último, o primeiro ano com escore médio de 7,0 (=5,0) (Tabela 26).
No estudo de Amaral et al. (2008) quando estratificado pelo ano do
curso, os autores encontraram maior prevalência de sintomas depressivos
do segundo ano para o terceiro e quarto ano do curso.
Por outro lado, o estudo de Rezende et al. (2008) verificou que com a
continuidade do curso a tendência é o aumento dos sintomas depressivos
com uma prevalência de 20,7% sem sintomas depressivos, 29% com
sintomas depressivos leves, 31% com sintomas depressivos moderados e
19,2% com sintomas graves. Entretanto, o autor utilizou como pontos de
corte, do IBD, escores mais baixos (zero a três para sem sintomas, quatro a
sete para sintomas leves, oito a 15 para sintomas moderados e 16 ou mais
para sintomas graves). Com isso, os resultados obtidos por Rezende et al.
diferem bastante dos obtidos no presente estudo onde, por exemplo, se
encontrou uma prevalência de sintomas depressivos graves de 1,1%.
103
Tabela 26 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do ano
do curso com o escore de depressão (IBD)
N (%)
Ano do Curso
Variáveis
I Beck D
n = 85 (23,67%)
Primeiro ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,0
6,0
5,0
0,0
21,0
n = 68 (18,94%)
Segundo ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,6
8,0
6,9
0,0
32,0
n = 62 (17,27%)
Terceiro ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,1
7,5
8,0
0,0
37,0
n = 46 (12,81%)
Quarto ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,6
8,0
7,2
0,0
28,0
n = 60 (16,71%)
Quinto ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,2
7,0
6,8
0,0
28,0
n = 38 (10,58%)
Sexto ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,8
9,5
6,2
1,0
34,0
n = 359 (100%)
TOTAL
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
9,0
6,7
0,0
37,0
104
Com o teste de Tukey pode-se precisar que a diferença
estatisticamente significativa (p=0,06) existia entre o primeiro período
(primeiro ano) e o quinto período (terceiro ano).
Na Figura 2 pode-se notar que no quinto período (terceiro ano) se tem
os participantes com os maiores escores de depressão. Confirmando a
tendência de outros estudos que apontam o quinto período (terceiro ano)
como um momento de crise.
Figura 2 - Intervalo de confiança da associação do ano do curso com o
escore de depressão (IBD)
1,00 3,00 5,00 7,00 9,00 11,00
PERiODODOCURSO
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
ESCALABACK
61
136
144
206
194
271
322
1°.
Primeiro período
(primeiro ano)
3°.
Terceiro período
(segundo ano)
5º.
Quinto período
(terceiro ano)
7º.
Sétimo período
(quarto ano)
9°.
Nono período
(quinto ano)
11°.
Décimo primeiro período
(sexto ano)
Inventário Beck de Depressão
1º.
3º.
5º.
7°.
9°.
11°.
Período do curso
105
Várias pesquisas confirmam os achados do presente estudo, que
aponta, além do primeiro ano, o terceiro ano como sendo aquele que se
obtêm escores mais elevado como, por exemplo, o estudo de Souza, (2003);
e o de Cavestro e Rocha, (2006). Em virtude disso, estratégias têm sido
utilizadas para se tentar minimizar o impacto nesses dois momentos.
O estudo desenvolvido por Houwink et al. (2004) mostrou como os
estudantes do terceiro ano do curso podem ajudar os estudantes do primeiro
ano nas aulas de anatomia humana, e com isso, concluem que as reações
físicas e emocionais dos estudantes de anatomia, relacionadas com a
experiência de dissecação, diminuíram acentuadamente com a inserção dos
estudantes do terceiro ano.
Outro estudo que focalizou o estresse envolvendo a prática clínica foi
o desenvolvido por Pitkälä e Mäntyranta (2004). O estudo envolveu 23
estudantes de medicina do terceiro e quarto ano do curso, e buscou
investigar as experiências dos estudantes de medicina com o primeiro
paciente, assim, os estudantes descreveram sentimentos de ansiedade e
insuficiência de conhecimento, ambivalência com o primeiro encontro,
desconforto em não poder ajudar pacientes terminais, desconforto por entrar
na intimidade dos pacientes e, o sentimento, mais salientado pelos autores,
de culpa por estar usando o paciente no processo de aprendizado. O
resultado do estudo deixou evidente que estudantes do gênero feminino
falam mais abertamente dos seus sentimentos, mas também, acabam
apresentando mais manifestações de ansiedade e depressão. Entretanto,
106
estudantes do gênero feminino também se mostram mais empáticas como
demonstrado em outros estudos.
Baldassin et al. (2008) estudando uma população de 481 estudantes
de medicina do primeiro ao sexto ano, com a utilização do IBD, encontraram
uma média geral de 9,1 (=7,6), com uma distribuição entre os neros de
9,8 (=8,1) para o gênero feminino e 8,1 (=6,8) para o gênero masculino.
As médias do IBD para os períodos foram 8,6 (=7,9) para o básico, 7,0
(=6,9) para o intermediário e 11,7 (=7,2) para o internato. Resultado bem
aproximado ao obtido no presente estudo.
Aktekin et al. (2001) num estudo com 245 estudantes de medicina do
primeiro e segundo ano do curso, utilizando o IBD, encontraram um escore
médio de 6,9 para o primeiro ano e 11,1 para o segundo ano. Novamente,
resultado semelhante ao do presente estudo.
Ahmed et al. (2009) demonstraram que no segundo ano do curso a
pressão emocional é maior devido ao período de transição. São resultados
que corroboram com os achados no presente estudo, tornando-os, dessa
forma, mais consistentes.
Por outro lado, Sen et al. (2010) concluíram com o seu estudo que os
escores de depressão aumentam drasticamente durante o internato, e, 3,9%
dos participantes da pesquisa atendiam ao critério de depressão antes do
internado e essa proporção passou para 25,3%, sendo a maioria classificada
como depressão moderada. Dentre os fatores associados a esse aumento
destacaram-se o gênero (feminino), dificuldades familiares, neuroticismo e
história prévia de depressão, além dos fatores envolvidos com a educação
107
médica, como por exemplo, preocupação com erros médicos e excesso de
horas de trabalho. Contudo, nesse estudo o instrumento de investigação foi
outro do IBD.
Mas, o que deve ser salientado, que foi observado no presente
estudo, e também em muitos outros estudos, é a tendência de variação dos
sintomas depressivos conforme o ano do curso.
4.13. Resultados da associação do ano do curso com o escore de
ansiedade (traço e estado).
Ao se investigar a possível associação do ano do curso com o escore
de ansiedade (traço-estado), observou-se que tanto para o conceito
ansiedade-traço como para o conceito ansiedade-estado, a associação não
se mostrou estatisticamente significativa (p=0,45).
O conceito ansiedade-traço obteve maior escore no segundo e
terceiro ano do curso, com escore médio 46,7 pontos (=6,0 e =6,2
respectivamente); seguidos pelo quarto ano, com escore médio de 46,6
(=6,3); pelo quinto ano, com escore médio de 46,4 (=6,5); pelo sexto ano,
com escore médio de 45,7 (=6,0); e por último o primeiro ano com 45,0
(=5,1). Por outro lado, o conceito ansiedade-estado obteve maior escore no
segundo ano, com escore médio 47,1 (=5,5); seguido pelo sexto ano, com
escore médio de 46,9 (=4,5); pelo primeiro ano, com escore médio de 46,6
(=5,9); e pelo terceiro, quarto e quinto anos com escore médio de 45,8,
45,7 e 45,0 (=5,3, =5,2 e =4,6 respectivamente) conforme Tabela 27.
108
Tabela 27 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação do ano
do curso e o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Ano do Curso
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 85 (23,67%)
Primeiro ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,0
45,0
5,1
34,0
63,0
46,6
47,0
5,9
36,0
63,0
n = 68 (18,94%)
Segundo ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,7
46,0
6,0
34,0
65,0
47,1
47,0
5,5
31,0
62,0
n = 62 (17,27%)
Terceiro ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,7
45,0
6,2
37,0
61,0
45,8
46,0
5,3
36,0
62,0
n = 46 (12,81%)
Quarto ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,6
46,5
6,3
34,0
62,0
45,7
45,5
5,2
31,0
56,0
n = 60 (16,71%)
Quinto ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,4
46,0
6,5
33,0
65,0
45,0
45,0
4,6
34,0
57,0
n = 38 (10,58%)
Sexto ano
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,7
45,5
6,0
36,0
62,0
46,9
46,5
4,5
36,0
57,0
n = 359 (100%)
TOTAL
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,1
6,0
33,0
65,0
46,2
5,3
31,0
63,0
109
A Figura 3 e 4 mostra os maiores escores no conceito traço (segundo
e quinto ano do curso) e estado (segundo e sexto ano do curso).
Figura 3 - Intervalo de confiança da associação do ano do curso e o escore
de ansiedade-traço (IDATE)
1,00 3,00 5,00 7,00 9,00 11,00
PERiODODOCURSO
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
ESCALAT
76
102
251 330
1°.
Primeiro período
(primeiro ano)
3°.
Terceiro período
(segundo ano)
5º.
Quinto período
(terceiro ano)
7º.
Sétimo período
(quarto ano)
9°.
Nono período
(quinto ano)
11°.
Décimo primeiro período
(sexto ano)
Aktekin et al. (2001) no estudo com 245 estudantes de medicina dos
primeiro e segundo anos do curso, utilizando o IDATE, encontraram um
escore médio para o conceito ansiedade-traço de 43,5 para o primeiro ano e
46,8 para o segundo ano. para o conceito ansiedade-estado, as médias
foram de 39,4 para o primeiro ano e 42,3 para o segundo ano. Ou seja,
valores próximos aos encontrados no presente estudo, apontando o
segundo ano como aquele que apresenta os maiores escore de ansiedade.
Inventário de Ansiedade IDATE - Traço
1º.
3º.
5º.
7°.
9°.
11°.
Período do curso
110
O estudo de Gama et al. (2008) mostrou um aspecto que deve ser
considerado, escores mais elevados de ansiedade em populações mais
jovens quando comparadas com populações mais velhas.
Figura 4 - Intervalo de confiança da associação do ano do curso com o
escore de ansiedade-estado (IDATE)
1,00 3,00 5,00 7,00 9,00 11,00
PERiODODOCURSO
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
ESCALAE
127
102 213
218
326
1°.
Primeiro período
(primeiro ano)
3°.
Terceiro período
(segundo ano)
5º.
Quinto período
(terceiro ano)
7º.
Sétimo período
(quarto ano)
9°.
Nono período
(quinto ano)
11°.
Décimo primeiro período
(sexto ano)
De maneira diferente do que aconteceu com o escore de depressão,
onde terceiro e sexto ano apresentavam os maiores escore, a avaliação do
escore de ansiedade mostrou o segundo ano, momento de transição do
básico para o profissionalizante, como o período com os maiores escore.
Por isso, no trabalho desenvolvido por Hayes et al. (2004) a
conclusão obtida é que uma integração precoce com a prática clínica, com
um suporte adequado, pode reduzir os níveis de ansiedade e estresse;
Inventário de Ansiedade IDATE - Estado
1º.
3º.
5º.
7°.
9°.
11°.
Período do curso
111
conclusão essa também corroborada por outros estudos como o de
Reteguiz, (2006) e o de Dickinson et al., (1997).
É, nesse sentido, que alguns pesquisadores têm investigado o papel
do currículo e da metodologia de ensino nas escolas de medicina. Zuardi et
al. (2008), com uma amostra de estudantes de medicina e estudantes de
outros cursos, avaliaram os níveis de ansiedade antes e depois da reforma
curricular. Assim, encontraram uma redução dos escores de ansiedade após
a reforma curricular, sendo que o novo currículo aproximou e integrou
melhor as disciplinas possibilitando o contato mais precoce com os serviços
de saúde.
Nessa mesma linha, Stewart et al. (2007), enfatizam que a confiança
no desempenho reduz o nível de ansiedade, e, dessa forma, uma prática
que possibilite o aumento do sentimento de confiança e competência
possibilitariam a redução dos níveis de ansiedade.
4.14. Resultados da associação da saúde física com o escore de
depressão.
A associação da pergunta como consideravam a saúde físicacom o
escore do IBD se mostrou estatisticamente significativa (p<0,01).
Com isso, em relação aos escores obtidos pelo IBD com a pergunta
de como consideravam a saúde física, os maiores escores foram daqueles
que consideravam a saúde física como razoável com problemas crônicos
com escore dio de 17,1 pontos (=8,8); seguidos por aqueles que
112
consideravam a saúde física como boa com pequenos resfriados com
escore médio de 10,1 pontos (=6,7). Os que consideravam a saúde física
como boa e raramente me resfrio obtiveram escore médio de 8,0 pontos
(=6,0) e os que consideravam a saúde física como excelente obtiveram
escore médio de 6,0 pontos (=4,1). Nenhum participante considerou sua
saúde física com “péssima” conforme Tabela 28.
Tabela 28 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
saúde física com o escore de depressão (IBD)
N (%)
Em relação à saúde física
Variáveis
I Beck D
n = 21 (5,86%)
Razoável com problemas
crônicos
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
17,1
15,0
8,8
0,0
37,0
n = 135 (37,70%)
Boa com pequenos
resfriados
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,1
9,0
6,7
0,0
34,0
n = 154 (43,01%)
Boa e raramente me resfrio
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,0
7,0
6,0
0,0
36,0
n = 48 (13,40%)
Excelente
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
6,0
5,0
4,1
0,0
16,0
Com a utilização do teste de Scheffé a diferença estatisticamente
significativa (p<0,001) apareceu entre os participantes que consideravam a
saúde física como razoável com problemas crônicos e aqueles que
113
consideravam a saúde física como boa com pequenos resfriadosou como
boa e raramente me resfrio”, ou ainda, como excelente”. Também
apareceu diferença estatisticamente significativa (p<0,04) entre os
participantes que consideravam a saúde física como boa com pequenos
resfriados e os que consideravam como boa e raramente me resfrio ou
excelente.
Na Figura 5 pode-se notar que os participantes que consideraram a
saúde física como “boa com pequenos resfriados” foram os que obtiveram o
escore de depressão mais elevado.
Figura 5 - Intervalo de confiança da associação da saúde física com o
escore de depressão (IBD)
Teng et al. (2005) concluem em seu estudo que os transtornos de
humor cursam com queixas clínicas, e que a hiperatividade do eixo
hipotálamo-pituitária-adrenal, com o aumento do hormônio de liberação de
Inventário Beck de Depressão
Razoável
Boa com
resfriados
Raramente
me resfrio
Excelente
Saúde Física
114
corticotrofina, seria responsável pelo desequilíbrio hormonal, levando à
várias alterações fisiológicas, que explicariam uma série de manifestações
clínicas, como a disfunção do sistema imunológico.
Eller et al. (2006) procuraram investigar a associação de queixas
relacionadas ao sono e sintomas depressivos e ansiosos, e, com isso,
encontraram uma relação entre insônia inicial e depressão em estudantes do
gênero feminino. Como também, encontraram a relação entre a percepção
da qualidade de sono e sintomas depressivos em estudantes do gênero
masculino.
Essas queixas em relação à saúde física são importantes quando se
procura investigar a qualidade de vida dos estudantes, pois, como
mencionado anteriormente, esse conceito (qualidade de vida) envolve
aspectos variados, dentre eles a saúde física. Como se pode observar,
participantes que apresentaram escore mais elevados de sintomas
depressivos, também são àqueles que manifestaram mais queixas em
relação à saúde física conforme a Figura 5.
4.15. Resultados da associação da saúde física com o escore de
ansiedade (traço e estado).
Também se investigou a possível associação da pergunta de “como
consideravam a saúde física” e os escores de ansiedade; e, esta se mostrou
estatisticamente significativa para o conceito ansiedade-traço (p=0,005) e
115
não se mostrou estatisticamente significativa para o conceito ansiedade-
estado (p=0,191).
O conceito ansiedade-traço apresentou os seguintes resultados, em
ordem decrescente: aqueles que consideravam a saúde física como
“razoável com problemas crônicos” obtiveram escore médio de 50,1 pontos
(=7,5); seguidos por aqueles que consideravam a saúde física como “boa
com pequenos resfriados”, com escore médio de 46,4 pontos (=5,8). Os
que consideravam a saúde física como “boa e raramente me resfrio”
obtiveram escore médio de 45,9 pontos (=5,8), e os que consideravam a
saúde física como “excelente” obtiveram escore médio de 44,6 pontos
(=5,3) Nenhum participante considerou sua saúde física com “péssima”
conforme a Tabela 29.
o conceito ansiedade-estado apresentou os seguintes resultados,
em ordem decrescente aqueles que consideravam a saúde física como
“excelente” obtiveram escore médio de 47,6 pontos (=4,8); os que
consideravam a saúde física como “boa e raramente me resfrio” obtiveram
escore médio de 46,3 pontos (=5,1), seguidos por aqueles que
consideravam a saúde física como “boa com pequenos resfriados”, com
escore médio de 45,7 pontos (=5,6) e por aqueles que consideravam a
saúde física como “razoável com problemas crônicos” obtiveram escore
médio foi de 45,5 pontos (=5,8). Nenhum participante considerou sua saúde
física com “péssima” conforme a Tabela 29.
116
Tabela 29 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
saúde física com o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Em relação à saúde física
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 21 (5,86%)
Razoável com problemas
crônicos
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
50,1
47,0
7,5
39,0
65,0
45,5
46,0
5,8
36,0
56,0
n = 135 (37,70%)
Boa com pequenos
resfriados
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,4
46,0
5,8
34,0
62,0
45,7
46,0
5,6
31,0
63,0
n = 154 (43,01%)
Boa e raramente me resfrio
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,9
45,0
5,8
33,0
65,0
46,3
46,0
5,1
34,0
62,0
n = 48 (13,40%)
Excelente
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
44,6
43,5
5,3
34,0
61,0
47,6
48,0
4,8
37,0
62,0
Mais uma vez o teste de Scheffé apontou as diferenças
estatisticamente significativas, no conceito ansiedade-traço, (p=0,02);
primeiro entre os participantes que consideravam a saúde física como
“razoável com problemas crônicos” e aqueles que consideravam a saúde
física como “boa e raramente me resfrio”; e depois entre os que
consideravam a saúde física como “razoável com problemas crônicos” e os
que a consideravam como “excelente”.
117
A Figura 6 mostra, novamente, no conceito ansiedade-traço, que os
participantes que apresentaram escore mais elevado de manifestações
ansiosas, também foram os que manifestaram mais queixas em relação à
saúde física.
Figura 6 - Intervalo de confiança da associação da saúde física com o
escore de ansiedade-traço (IDATE)
Dyrbye et al. (2007), em um estudo com estudantes de medicina,
comprovaram a alta prevalência de sintomas depressivos e os baixos
escores em inventários sobre qualidade de vida. Assim, os autores
confirmam a necessidade de novos estudos para avaliar essa associação.
4.16. Resultados da associação da procura de auxílio médico por
problemas de desempenho acadêmico com o escore de
depressão.
Inventário de Ansiedade IDATE - Traço
Razoável
Boa com
resfriados
Raramente
me resfrio
Excelente
Saúde Física
118
Outra associação investigada foi a pergunta da procura de auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico” com o escore do IBD;
que se mostrou estatisticamente significativa (p<0,01).
Assim, os maiores escores obtidos pelo IBD foram para os
participantes que quase sempre procuraram auxílio dico por problemas
de desempenho acadêmico com escore médio de 24,5 pontos (=10,6);
seguidos pelos participantes que muitas vezes procuraram auxílio médico
por problemas de desempenho acadêmico, com escore médio de 22,7
pontos (=8,5); pelos que “medianamente ou algumas vezes” procuraram
auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico, com escore
médio de 16,9 pontos (=6,0); pelos que poucas vezes procuraram auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico, com escore médio de
12,2 pontos (=8,4); pelos que pouquíssimas vezes procuraram auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico, com escore médio de
10,1 pontos (=4,7); e, por aqueles que nunca procuraram auxílio médico
por problemas de desempenho acadêmico, com escore médio de 7,8 pontos
(=5,6) conforme a Tabela 30.
119
Tabela 30 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
procura de auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico com o escore de depressão (IBD)
N (%)
Auxílio médico por problemas
de desempenho acadêmico
Variáveis
I Beck D
n = 297 (82,96%)
Nunca
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,8
7,0
5,6
0,0
34,0
n = 13 (3,63%)
Pouquíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,1
12,0
4,7
3,0
18,0
n = 21 (5,86%)
Poucas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
12,2
11,0
8,4
2,0
36,0
n = 16 (4,46%)
Medianamente ou algumas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
16,9
16,5
6,0
4,0
26,0
n = 9 (2,51%)
Muitas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
22,7
23,0
8,5
7,0
37,0
n = 2 (0,55%)
Quase sempre
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
24,5
24,5
10,6
17,0
32,0
As diferenças estatisticamente significativas com o teste de Scheffé
ocorreram, em primeiro lugar, entre aqueles que afirmaram que “nunca”
procuraram auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico e os
120
que afirmaram que “medianamente” procuraram auxílio médico por
problemas de desempenho acadêmico; depois, entre os que afirmaram que
“nunca” procuraram auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico e os que afirmaram que “muitas vezes” procuraram auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico; e, por último, os que
afirmaram que “nunca” procuraram auxílio médico por problemas de
desempenho acadêmico e os que afirmaram que “quase sempre”
procuraram auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico
(p<0,009).
As diferenças também foram estatisticamente significativas (p<0,001)
entre os que afirmaram que “pouquíssimas” vezes procuraram auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico e os que afirmaram
“muitas vezes procuram” auxilio médico por problemas de desempenho
acadêmico.
Como aconteceu com a saúde física no geral, queixas relacionadas
ao desempenho acadêmico e procura de auxílio médico apontam para a
necessidade de investigações futuras quanto à qualidade de vida dos
estudantes de medicina. Pois, se pode observar que os participantes que
apresentaram escore mais elevado de sintomas depressivos, também são
àqueles que manifestaram maiores queixas em relação ao desempenho
acadêmico com procura de auxílio médico conforme a Figura 7.
121
Figura 7 - Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico com o escore
de depressão (IBD)
Esses resultados veem ao encontro aos trabalhos desenvolvidos por
Souza et al. (2002), que relaciona algumas características de personalidade,
como por exemplo, motivação, entusiasmo, dedicação ao trabalho e
perfeccionismo, e o desenvolvimento do burnout ou a síndrome da estafa
profissional, o que estaria associado às alterações fisiológicas com maior
risco de infecções e desenvolvimento de outras manifestações.
O estudo de Tucunduva et al. (2006), salienta as queixas físicas da
síndrome do burnout ou da estafa profissional, como, por exemplo, cefaléias,
alterações gastrointestinais e insônias.
Inventário Beck de Depressão
Nunca
Pouquíssimas
Poucas vezes
Medianamente
Muitas vezes
Quase sempre
Procura de auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico
122
4.17. Resultados da associação da procura de auxílio médico por
problemas de desempenho acadêmico com o escore de
ansiedade (traço e estado).
A possível associação da pergunta da procura de auxílio médico por
problemas de desempenho acadêmico com o escore de ansiedade se
mostrou estatisticamente significativa para o conceito ansiedade-traço
(p<0,01) e não se mostrou estatisticamente significativa para o conceito
ansiedade-estado (p=0,17).
Dessa forma, o conceito ansiedade-traço obteve os maiores escores
para os participantes que declararam que “muitas vezes” procuraram auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico, com escore médio de
54,0 pontos (=5,0), seguidos pelos participantes que “quase sempre”
procuraram auxílio dico por problemas de desempenho acadêmico, com
escore médio de 53,0 pontos (=5,6), e, pelos que medianamente ou
algumas vezes procuraram auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico, com escore médio de 52,8 pontos (=6,2). Os que afirmaram
que poucas vezes procuraram auxílio dico por problemas de
desempenho acadêmico ficaram com escore médio de 47,2 pontos (=5,9),
e, os que declararam que “pouquíssimas vezes” procuraram auxílio médico
por problemas de desempenho acadêmico ficaram com escore médio de
45,5 pontos (=6,5). Por último, os participantes que declararam “nunca”
procuraram auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico
obtiveram escore médio de 45,4 pontos, com (=5,6) (Tabela 31).
123
para o conceito ansiedade-estado e a pergunta de procura de
auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico, os maiores
escores foram dos participantes que declararam que quase sempre”
procuraram auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico com
escore médio de 53,0 pontos (=1,4); seguidos pelos participantes que
medianamente ou algumas vezes procuraram auxílio médico por
problemas de desempenho acadêmico, com escore médio de 48,1 pontos
(=7,8). Os que declararam que poucas vezes procuraram auxílio médico
por problemas de desempenho acadêmico, ficaram com escore dio de
47,0 pontos (=4,6), e os que declararam que “pouquíssimas vezes”
procuraram auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico,
ficaram com escore médio de 46,4 pontos (=6,9), seguidos pelos que
declararam que “nunca” procuraram auxílio médico por problemas de
desempenho acadêmico, com escore médio de 46,1 pontos (=5,1).
Contudo, aqueles que declararam que muitas vezes procuraram
auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico obtiveram escore
médio de 43,7 pontos (=6,8) conforme a Tabela 31.
124
Tabela 31 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
procura de auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico e o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Auxílio médico por problemas
de desempenho acadêmico
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 297 (82,96%)
Nunca
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,4
45,0
5,6
33,0
65,0
46,1
46,0
5,1
34,0
63,0
n = 13 (3,63%)
Pouquíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,5
44,0
6,5
39,0
61,0
46,4
48,0
6,9
36,0
62,0
n = 21 (5,86%)
Poucas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,2
46,0
5,9
37,0
60,0
47,0
47,0
4,6
39,0
59,0
n = 16 (4,46%)
Medianamente ou algumas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
52,8
54,0
6,2
41,0
63,0
48,1
48,5
7,8
31,0
62,0
n = 9 (2,51%)
Muitas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
54,0
54,0
5,0
46,0
62,0
43,7
45,0
6,8
31,0
51,0
n = 2 (0,55%)
Quase sempre
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
53,0
53,0
5,6
49,0
57,0
53,0
53,0
1,4
52,0
54,0
Diferença estatisticamente significativa, no conceito ansiedade-traço,
com o teste de Scheffé ocorreu primeiro, entre aqueles que afirmaram que
125
“nunca” procuraram auxílio dico por problemas de desempenho
acadêmico e os que afirmaram que “medianamente” procuraram auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico. Depois, a diferença
estatisticamente significativa ocorreu entre aqueles que afirmaram que
“nunca” procuraram auxílio dico por problemas de desempenho
acadêmico e os que afirmaram que “muitas vezes” procuraram auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico (p<0,002).
Também ocorreu diferença estatisticamente significativa, com o teste
de Scheffé, entre os que afirmaram que “pouquíssimas vezes” procuraram
auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico e os que
afirmaram que “medianamente” procuraram auxílio médico por problemas de
desempenho acadêmico. Outra diferença estatisticamente significativa
ocorreu entre os que afirmaram que “pouquíssimas vezes” procuraram
auxílio médico por problemas de desempenho acadêmico e os que
afirmaram que “muitas vezes” procuraram auxílio médico por problemas de
desempenho acadêmico (p<0,04).
Como salientado anteriormente com a saúde física no geral, se pode
notar que os escores mais elevados de ansiedade no conceito traço
aparecem com os participantes que relatam uma procura maior de auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico, conforme a Figura 8
pode mostrar.
126
Figura 8 Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico por problemas de desempenho acadêmico com o escore
de ansiedade-traço (IDATE)
Chandavakar et al. (2007), procuraram investigar a associação de
sintomas de ansiedade e a percepção do desempenho acadêmico em
estudantes de medicina. Embora, os autores não tenham encontrado uma
associação entre ansiedade e percepção do desempenho acadêmico,
notaram alta incidência de queixas, no gênero feminino, quanto aos
aspectos de contaminação/limpeza, sintomas depressivos e a percepção de
um pior desempenho.
Vieira et al. (2006) relataram um caso clínico que exemplifica os
desfechos do burnout, que evoluiu a partir das dificuldades relacionadas ao
trabalho para alterações de ansiedade, tristeza profunda, falta de prazer,
Inventário de ansiedade IDATE - Traço
Nunca
Pouquíssimas
Poucas vezes
Medianamente
Muitas vezes
Quase sempre
Procura de auxílio médico por problemas de desempenho
acadêmico
127
perda do apetite e insônia culminando com a interrupção da carreira
profissional. Pode-se transpor esse caso clínico com o desfecho da
interrupção da carreira profissional para a situação acadêmica. Sendo assim,
fica evidente a necessidade de maiores investigações no aspecto da
qualidade de vida dos estudantes.
4.18. Resultados da associação da procura de auxílio médico no ano
anterior ao da entrada no curso de medicina com o escore de
depressão.
A associação da avaliação da saúde física antes da entrada na
faculdade com o escore de depressão se mostrou estatisticamente
significativa (p<0,01).
Assim, os maiores escores obtidos pelo IBD, quando associado à
pergunta da procura de auxílio médico no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina, foram dos participantes que afirmaram que quase
sempre” procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso
de medicina, com escore médio de 29,5 pontos (=7,3); seguidos pelos
participantes que muitas vezes procuraram auxílio médico no ano anterior
ao da entrada no curso de medicina, com escore médio de 16,4 pontos
(=6,7). Os que afirmaram que poucas vezes procuraram auxílio médico no
ano anterior ao da entrada no curso de medicina obtiveram escore dio de
10,4 pontos (=7,3), seguidos por aqueles que medianamente ou algumas
vezes procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso de
128
medicina, com escore médio de 10,2 pontos (=6,4). Os participantes que
declararam “não procurei auxílio médico” no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina e os que declararam que “pouquíssimas vezes”
procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso de
medicina obtiveram escore médio 7,5 pontos (=4,9 e =6,1,
respectivamente) conforme a Tabela 32.
As diferenças estatisticamente significativas, com o teste de Scheffé,
ocorreram, entre os participantes que afirmaram ter quase sempre
procurado auxílio médico no ano anterior ao da entrada na faculdade e todos
os outros participantes com as afirmações: não procurei auxilio médico;
pouquíssimas vezes”; “poucas vezes” ou “medianamente” (p<0,001).
Da mesma forma como aconteceu com as perguntas anteriores sobre
saúde física e procura de auxílio dico por problemas de desempenho
acadêmico, a Figura 9 mostra os participantes que “quase sempre”
procuraram auxílio dico no ano anterior ao da entrada na faculdade,
foram os mesmos que obtiveram escores mais elevados de depressão.
129
Figura 9 - Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina com o
escore de depressão (IBD)
O estudo de revisão de Barros et al. (2008) sobre qualidade de vida
de adolescentes enfatiza o aspecto multidimensional desse conceito, que
inclui aspectos materiais, físicos, sociais, emocionais e produtivos. Como
também, a apreciação subjetiva da qualidade de vida tem sido denominada
de satisfação com a vida. E, os autores concluem ressaltando a necessidade
de se separar a satisfação global com a vida de avaliações psicopatológicas;
pois, exemplificam os autores, um adolescente pode estar insatisfeito com a
sua vida, mas não necessariamente apresentar manifestações
psicopatológicas.
Inventário Beck de Depressão
Não procurei
Pouquíssimas
Poucas vezes
Medianamente
Muitas vezes
Quase sempre
Procura de auxílio médico no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina
130
Tabela 32 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da procura
de auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina
com o escore de depressão (IBD)
N (%)
Auxílio médico no ano anterior
da entrada no curso
Variáveis
I Beck D
n = 189 (52,79%)
Não procurei auxílio médico
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,5
6,0
4,9
0,0
25,0
n = 54 (15,08%)
Pouquíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,5
6,0
6,1
0,0
27,0
n = 43 (12,01%)
Poucas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,4
8,0
7,3
0,0
34,0
n = 46 (12,84%)
Medianamente ou algumas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,2
9,5
6,4
1,0
28,0
n = 20 (5,58%)
Muitas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
16,4
17,5
6,7
1,0
26,0
n = 6 (1,67%)
Quase sempre
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
29,5
30,0
7,3
17,0
37,0
131
Porém, Bunevicius et al. (2008), com o uso de uma escala de
vulnerabilidade ao estresse, estimaram que fatores sociais, comportamentais
dentre outros podem aumentar a vulnerabilidade ao estresse e abrir
passagem para distúrbios depressivos e ansiosos e, dessa forma,
interferindo na saúde física.
A pergunta da procura de auxílio médico no ano anterior ao da
entrada na faculdade se mostra fundamental para se ter mais claro os
fatores envolvidos no adoecimento dos estudantes de medicina. Assim, se
pode, com estudo futuros, determinar quais são os fatores subjetivos e
objetivos envolvidos no adoecimento dos estudantes de medicina, ou em
outras palavras quais seriam os fatores relacionados à escola de medicina e
àqueles inerentes à personalidade de alguns estudantes.
4.19. Resultados da associação da procura de auxílio médico no ano
anterior ao da entrada no curso de medicina com o escore de
ansiedade (traço e estado).
Quando se investigou a possível associação da pergunta de como
consideravam a saúde física antes da entrada na faculdade com os escores
de ansiedade, esta se mostrou estatisticamente significativa (p<0,01) para o
conceito ansiedade-traço e não se mostrou estatisticamente significativa
(p=0,76) para o conceito ansiedade-estado.
No conceito ansiedade-traço obteve o maior escore os participantes
que declararam que “quase sempre” procuraram auxílio médico no ano
132
anterior ao da entrada no curso de medicina, com escore médio de 56,6
pontos (=5,1); seguidos pelos participantes que muitas vezes procuraram
auxílio dico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina, com
escore médio de 51,0 pontos (=6,2); pelos que medianamente ou algumas
vezes procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso de
medicina, com escore médio de 47,0 pontos (=5,8); por aqueles que
poucas vezes procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina, com escore médio de 46,6 pontos (=6,5); e, por aqueles
que declararam que “pouquíssimas vezes” procuraram auxílio médico no
ano anterior ao da entrada no curso de medicina, com escore médio de 45,6
pontos (=5,1). Os participantes que declararam não procurei auxílio
médico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina obtiveram
escore médio de 45,1 pontos (=5,5) conforme a Tabela 33.
Já no conceito ansiedade-estado e a pergunta de como consideravam
a saúde física no ano anterior ao da entrada no curso de medicina, os
maiores escores foram obtidos pelos participantes que declararam que
“quase sempre” procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina, com escore médio de 49,0 pontos (=4,1), seguidos
pelos participantes que muitas vezes procuraram auxílio médico no ano
anterior ao da entrada no curso de medicina, com escore médio de 46,6
pontos (=4,2); pelos que medianamente ou algumas vezes procuraram
auxílio dico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina, com
escore médio de 46,0 pontos (=5,4) e pelos que declararam que “poucas
vezes” procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso de
133
medicina, com escore dio de 45,8 pontos (=6,6). Porém, os que
declararam que “pouquíssimas vezes” procuraram auxílio médico no ano
anterior ao da entrada no curso de medicina obtiveram escore médio de 46,7
pontos (=4,8); e; os que declararam que “não procurei auxílio médico” no
ano anterior ao da entrada no curso de medicina obtiveram escore dio de
46,1 pontos (=5,3) conforme a Tabela 33.
As diferenças estatisticamente significativas, no conceito ansiedade-
traço, com o teste de Scheffé, ocorreram entre os que afirmaram que “não
procurei auxilio médico” no ano anterior ao da entrada no curso de medicina
e os que afirmaram que “muitas vezes” ou que “quase sempre” procuraram
auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina
(p=0,002).
Também existiu diferença estatisticamente significativa, com o teste
de Scheffé, entre aqueles, que afirmaram que “pouquíssimas vezes”
procuraram auxílio dico no ano anterior ao da entrada no curso de
medicina e os que afirmaram que “muitas vezes” procuraram auxílio médico
antes da entrada no curso de medicina.
E, por último, existiu diferença estatisticamente significativa, com o
teste de Scheffé, entre aqueles que afirmaram que “pouquíssimas vezes”
procuraram auxílio médico no ano anterior ao da entrada no curso de
medicina e os que afirmaram que “quase sempre” procuraram auxílio médico
no ano anterior ao da entrada no curso de medicina (p=0,02).
134
Tabela 33 - Distribuição dos 358 participantes segundo associação da
procura de auxílio médico no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina com o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Auxílio médico no ano anterior
da entrada no curso
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 189 (52,79%)
Não procurei auxílio médico
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,1
44,0
5,5
33,0
63,0
46,1
46,0
5,3
34,0
63,0
n = 54 (15,08%)
Pouquíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,6
45,5
5,1
34,0
62,0
46,7
47,0
4,8
36,0
59,0
n = 43 (12,01%)
Poucas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,6
46,0
6,5
34,0
65,0
45,8
46,0
6,6
31,0
62,0
n = 46 (12,84%)
Medianamente ou algumas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,0
46,0
5,8
37,0
63,0
46,0
46,0
5,4
36,0
57,0
n = 20 (5,58%)
Muitas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
51,0
51,0
6,2
43,0
65,0
46,6
46,0
4,2
38,0
56,0
n = 6 (1,67%)
Quase sempre
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
56,6
58,5
5,1
49,0
62,0
49,0
49,5
4,1
42,0
54,0
135
Assim, novamente como aconteceu com as perguntas anteriores
sobre saúde física e procura de auxílio médico por problemas de
desempenho acadêmico, e, também com o escore de depressão, a Figura
10 mostra os participantes que “quase sempre” procuraram auxílio médico
no ano anterior ao da entrada na faculdade, são os que obtiveram escores
mais elevados de depressão.
Figura 10 - Intervalo de confiança da associação da procura de auxílio
médico no ano anterior ao da entrada no curso de medicina
com o escore de ansiedade-traço (IDATE)
Como salientado para a manifestação depressiva, a pergunta sobre a
procura de auxílio médico no ano anterior ao da entrada na faculdade se
mostra fundamental na investigação dos fatores envolvidos na qualidade de
vida e no adoecimento dos estudantes de medicina.
Inventário de Ansiedade IDATE - Traço
Não procurei
Pouquíssimas
Poucas vezes
Medianamente
Muitas vezes
Quase sempre
Procura de auxílio médico no ano anterior ao da entrada no
curso de medicina
136
4.20. Resultados da associação da quantidade no uso de bebida
alcoólica com o escore de depressão.
A associação do uso de bebida alcoólica com o escore de depressão
não se mostrou estatisticamente significativa (p=0,13).
Os maiores escores obtidos pelo IBD foram para os participantes que
consideravam o uso de bebida alcoólica como “muitíssimo”, com escore
médio de 19,0 pontos (=7,0); seguidos pelos participantes que
consideravam o uso de bebida alcoólica como muito”, com escore médio de
10,8 pontos (=7,7). E, os participantes que consideravam o uso de bebida
alcoólica como médio, pouco ou pouquíssimo obtiveram,
respectivamente, escore médio de 8,5 pontos, 10,2 pontos e 8,7 pontos
(=5,7, =8,0 e =6,2 respectivamente), e para aqueles, em relação ao uso
de bebida alcoólica, que consideravam não uso nessa quantidade”
obtiveram escore médio de 6,5 pontos (=2,1), conforme a Tabela 34.
137
Tabela 34 - Distribuição dos 267 participantes segundo a associação da
quantidade no uso de bebida alcoólica com o escore de
depressão (IBD)
N (%)
O quanto ingere de bebida alcoólica
Variáveis
I Beck D
n = 02 (0,74%)
Não uso nessa quantidade
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
6,5
6,5
2,1
5,0
8,0
n = 75 (28,08%)
Pouquíssimo
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,7
7,0
6,2
0,0
28,0
n = 77 (28,83%)
Pouco
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,2
8,0
8,0
0,0
37,0
n = 96 (35,95%)
Médio
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,5
7,0
5,7
0,0
27,0
n = 15 (5,61%)
Muito
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,8
10,0
7,7
3,0
32,0
n = 02 (0,74%)
Muitíssimo
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
19,0
19,0
7,0
14,0
24,0
138
Estudos realizados, como o de Tockus e Gonçalves (2008) e o de
Mesquita et al. (2008) concluíram que a droga mais usada por estudantes de
medicina é o álcool, e, que ocorre um aumento do consumo no decorrer do
curso. Com isso, Mesquita et al. (2008) salientaram, em seu estudo sobre o
consumo de bebida alcoólica por estudantes de medicina, que a atitude de
maior tolerância frente ao uso, poderia estar por trás do aumento do
consumo durante o curso.
Por outro lado, Webb et al. (1998), investigando o estilo de vida de
estudantes de medicina, obtiveram como resultado que apenas 15% dos
estudantes de medicina do segundo ano do curso não consumiam bebida
alcoólica; e, que 18% fumavam regularmente. Sendo que, 44% dos
estudantes do gênero masculino e 40% dos estudantes do gênero feminino
haviam experimentado drogas ilícitas. E, por último, 2 a 3% dos
estudantes do gênero masculino e 3% dos estudantes do gênero feminino
haviam utilizado tranquilizantes. Ou seja, os resultados mostram que o
consumo de álcool é comum entre universitários e a experiência com drogas
ilícitas também é frequente.
Resultado semelhante obtiveram Almeida et al. (2007), que
investigaram os distúrbios mais comuns entre estudantes de medicina do
primeiro ao sexto ano. E como resultados obtiveram que 4% dos estudantes
relatavam uso de tabaco e 56,1% relatavam uso de álcool.
Pickard et al. (2000) pesquisaram o consumo de álcool em estudantes
de medicina do segundo ano, e, apesar dos altos níveis de ansiedade e
depressão, esses não estavam estatisticamente relacionados com o
139
consumo excessivo de álcool. E com isso, pode-se questionar a hipótese de
que o consumo de álcool teria a finalidade de aliviar sintomas depressivos e
ansiosos.
Quanto ao uso de drogas ilícitas Newbury-Birch et al. (2001)
constataram que aqueles que usam cannabis são bebedores pesados
(p=0,03) e os estudantes do gênero masculino, em relação ao gênero
feminino, são os usuários mais frequentes (p=0,03).
Assim, apesar de não ter ocorrido uma associação estatisticamente
significativa do consumo de bebida alcoólica com o escore de depressão é
importante notar que existe um excesso no consumo de bebida alcoólica,
bem como no uso de substâncias ilícitas, e os maiores escores do IBD foram
obtidos por aqueles que afirmaram usar “muitíssimo” ou “muito”.
4.21. Resultados da associação da quantidade no uso de bebida
alcoólica com o escore de ansiedade (traço e estado).
A avaliação da possível associação do uso de bebida alcoólica e os
escores de ansiedade não se mostrou estatisticamente significativa, tanto
para o conceito ansiedade-traço como para o conceito ansiedade-estado
(p=0,52).
O conceito ansiedade-traço obteve os maiores escores para os
participantes que declararam não uso nessa quantidade”, cujo escore médio
foi de 49,0 pontos (=0,0 apenas dois participantes); seguidos pelos que
declararam como muito o uso de bebida alcoólica com escore médio de
140
48,3 pontos (=5,3); pelos participantes que declararam como muitíssimo o
uso de bebida alcoólica, com escore médio de 46,5 pontos (=3,5); pelos
que declararam como pouco o uso de bebida alcoólica com escore médio
de 46,2 pontos (=6,0); e, por aqueles que declararam como pouquíssimo
o uso de bebida alcoólica com escore médio de 46,1 pontos (=5,0). Os
participantes que declararam como médio o uso de bebida alcoólica
obtiveram escore médio de 45,3 pontos (=6,4) conforme a Tabela 35.
Por outro lado, o conceito ansiedade-estado e a pergunta sobre o uso
de bebida alcoólica obteve os maiores escores com os participantes que
declararam como muito o uso de bebida alcoólica, com escore dio de
47,2 pontos (=5,6); seguidos pelos participantes que declararam como
médio o uso de bebida alcoólica, com escore médio de 47,1 pontos
(=5,1); pelos que declararam como muitíssimo o uso de bebida alcoólica,
com escore médio de 47,0 pontos (=12,7); pelos que declararam como
pouco o uso de bebida alcoólica com escore médio de 46,1 pontos (=5,6);
pelos que declararam como pouquíssimo o uso de bebida alcoólica, com
escore médio de 45,0 pontos (=5,0); e, por último, aqueles que declararam
como não uso nessa quantidade”, com escore médio de 41,5 pontos (=6,3)
conforme a Tabela 35.
141
Tabela 35 - Distribuição dos 267 participantes segundo a associação da
quantidade no uso de bebida alcoólica com o escore de
ansiedade (IDATE)
N (%)
O quanto ingere de bebida
alcoólica
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 02 (0,74%)
Não nessa quantidade
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
49,0
49,0
0,0
49,0
49,0
41,5
41,5
6,3
37,0
46,0
n = 75 (28,08%)
Pouquíssimo
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,1
46,0
5,0
33,0
62,0
45,0
45,0
5,0
34,0
58,0
n = 77 (28,83%)
Pouco
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,2
45,0
6,0
34,0
65,0
46,1
46,0
5,6
31,0
60,0
n = 96 (35,95%)
Médio
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,3
45,0
6,4
34,0
65,0
47,1
47,0
5,1
31,0
62,0
n = 15 (5,61%)
Muito
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
48,3
48,0
5,3
41,0
57,0
47,2
46,0
5,6
40,0
63,0
n = 02 (0,74%)
Muitíssimo
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,5
46,5
3,5
44,0
49,0
47,0
47,0
12,7
38,0
56,0
142
Apesar da associação do uso de bebida alcoólica com o escore de
ansiedade (IDATE) não se mostrar estatisticamente significativa, o uso
abusivo de álcool é frequentemente associado como comorbidade nos
transtornos de ansiedade, e, em virtude disso, estudos futuros que possam
investigar essas associações de ansiedade e uso de álcool serão muito
oportunos.
E mesmo considerando o uso de álcool, pelos estudantes de
medicina, como recreacional, deve-se atentar para os excessos no consumo
de álcool presentes em vários estudos, como por exemplo, Webb et al.
(1998).
4.22. Resultados da associação da avaliação do relacionamento com
os colegas com o escore de depressão.
Quando se investigou a possível associação entre o relacionamento
com os colegas e os escores de depressão, esta se mostrou
estatisticamente significativas (p<0,01).
Assim, os maiores escores foram obtidos para os participantes que
consideravam como “pouquíssimo gratificante” o relacionamento com os
colegas com escore médio de 17,0 pontos (=9,8), seguidos pelos
participantes que consideravam como “pouco gratificante” o relacionamento
com os colegas, com escore médio de 13,2 pontos (=11,0); pelos que
consideravam como medianamente gratificante” o relacionamento com os
colegas, com escore médio de 11,3 pontos (=7,4); pelos que consideravam
143
como “muito gratificante” o relacionamento com os colegas, com escore
médio de 8,4 pontos (=5,8); e, por último, os que consideravam como
“muitíssimo gratificante” o relacionamento com os colegas, com escore
médio de 6,5 pontos (=4,8) conforme Tabela 36.
Tabela 36 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
avaliação do relacionamento com os colegas com o escore de
depressão (IBD)
N (%)
Relacionamento com os
colegas
Variáveis
I Beck D
n = 2 (0,55%)
Pouquíssimo gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
17,0
17,0
9,8
10,0
24,0
n = 16 (4,46%)
Pouco gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
13,2
11,0
11,0
1,0
36,0
n = 104 (29,05%)
Medianamente gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
11,3
10,0
7,4
0,0
34,0
n = 146 (40,78%)
Muito gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
8,4
7,0
5,8
0,0
37,0
n = 90 (25,13%)
Muitíssimo gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
6,5
5,0
4,8
0,0
24,0
144
Com o teste de Scheffé, diferença estatisticamente significativa
ocorreu entre aqueles que consideravam ser “pouco gratificante” o
relacionamento com os colegas e os que consideravam ser “muitíssimo
gratificante” o relacionamento com os colegas (p=0,006).
Também ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre
aqueles que consideraram ser “medianamente gratificante” o relacionamento
com os colegas e os que consideravam ser “muito gratificante” o
relacionamento com os colegas; e, entre aqueles que consideraram ser
“medianamente gratificante” o relacionamento com os colegas e os que
consideraram ser “muitíssimo gratificante” o relacionamento com os colegas
(p=0,01).
Os resultados do presente estudo devem se entendidos como parte
integrante de uma avaliação maior que é da qualidade de vida dos
estudantes de medicina. É dentro desse contexto que Lourenção et al.
(2010) consideram que qualidade de vida deve ser entendida como um
conceito abrangente.
Características como competição e rivalidade foram relatadas por
estudantes de medicina no estudo de Souza, (2003), e, sendo assim, essas
características podem estar interferindo no relacionamento dos estudantes
de medicina. É interessante notar que os alunos que afirmaram ser
“pouquíssimo gratificante” o relacionamento com os colegas obtiveram o
maior escore no IBD conforme a Figura 11.
145
Figura 11 - Intervalo de confiança da associação do relacionamento com os
colegas com o escore de depressão (IBD)
No estudo de Rezende et al. (2008), os autores mostram que a
satisfação dos estudantes de medicina com o curso mostrou-se negativa e
significativa, ou seja, quanto menor a satisfação, maior foi o escore no IBD.
E pode-se notar, também, no presente estudo, que quanto menor a
satisfação com o relacionamento com os colegas maior a pontuação no IBD.
4.23. Resultados da associação da avaliação do relacionamento com
os colegas com o escore de ansiedade (traço e estado).
Na investigação da possível associação do relacionamento com os
colegas e o escore de ansiedade, essa associação não se mostrou
Inventário Beck de Depressão
Pouquíssimo
Pouco
gratificante
Medianamente
Muito
gratificante
Muitíssimo
Avaliação do relacionamento com os colegas
146
estatisticamente significativa (p=0,17) para o conceito ansiedade-traço; mas
se mostrou estatisticamente significativa (p<0,01) para o conceito
ansiedade-estado.
Dessa forma, o conceito ansiedade-traço apresentou os maiores
escores para os participantes que consideravam como pouco gratificante o
relacionamento com os colegas, com escore médio de 47,8 pontos (=7,4);
seguidos pelos participantes que consideravam como medianamente
gratificante o relacionamento com os colegas, com escore médio de 47,2
pontos (=6,1); pelos que consideravam como muito gratificante e
muitíssimo gratificante o relacionamento com os colegas, com escore
médio de 45,6 pontos (=5,9 e =5,5 respectivamente). E, quando o
relacionamento com os colegas foi considerado como “pouquíssimo
gratificante” obteve-se o menor escore médio, com 43,5 pontos (=7,7)
conforme a Tabela 37.
em relação à associação do conceito ansiedade-estado e o
relacionamento com os colegas, esta apresentou os maiores escores para
os participantes que consideravam como pouquíssimo gratificante o
relacionamento com os colegas com escore médio de 50,5 pontos (=7,7);
seguidos pelos participantes que consideravam como muitíssimo
gratificante o relacionamento com os colegas com escore médio de 48,7
pontos (=4,5); pelos que consideravam muito gratificante”, com escore
médio de 46,5 pontos (=5,0); pelos que consideravam como pouco
gratificante o relacionamento com os colegas, com escore médio de 44,5
pontos (=5,7); e, por último, por aqueles que consideravam como
147
medianamente gratificante o relacionamento com os colegas com escore
médio de 43,8 pontos (=5,3) conforme a Tabela 37.
Tabela 37 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação da
avaliação do relacionamento com os colegas e escores de
ansiedade (IDATE)
N (%)
Relacionamento com os
colegas
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 2 (0,55%)
Pouquíssimo gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
43,5
43,5
7,7
38,0
49,0
50,5
50,5
7,7
45,0
56,0
n = 16 (4,46%)
Pouco gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,8
46,0
7,4
33,0
60,0
44,5
44,5
5,7
36,0
54,0
n = 104 (29,05%)
Medianamente gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,2
46,0
6,1
34,0
65,0
43,8
44,0
5,3
31,0
59,0
n = 146 (40,78%)
Muito gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,6
45,0
5,9
34,0
65,0
46,5
46,5
5,0
36,0
63,0
n = 90 (25,13%)
Muitíssimo gratificante
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,6
46,0
5,5
34,0
62,0
48,7
48,5
4,5
39,0
62,0
148
Ocorreu diferença estatisticamente significativa, com o teste de
Scheffé, na associação do relacionamento com os colegas e o escore de
ansiedade no conceito ansiedade-estado (p=0,001).
Primeiro, com aqueles que afirmaram ser o relacionamento com os
colegas “medianamente gratificante” e os que afirmaram ser “muito
gratificante” o relacionamento com os colegas; e, depois, entre aqueles que
afirmaram ser o relacionamento com os colegas “medianamente gratificante”
e os que afirmaram ser “muitíssimo gratificante” o relacionamento com os
colegas.
Também foram estatisticamente significativas as diferenças entre
aqueles que consideravam ser “muito gratificante” o relacionamento com os
colegas e os que consideravam ser “muitíssimo gratificante” o
relacionamento com os colegas (p=0,04).
Assim, novamente fica evidente a associação negativa e significativa
entre a associação da avaliação do relacionamento com os colegas e os
escores do IDATE no conceito ansiedade-estado, pois aqueles que
consideraram “pouquíssimo gratificante” o relacionamento com os colegas
foram os que obtiveram o maior escore no conceito ansiedade-estado
conforme a Figura 12.
149
Figura 12 - Intervalo de confiança da associação do relacionamento com os
colegas com o escore de ansiedade-estado (IDATE)
As dificuldades de relacionamento com os colegas surgem, segundo
Colares (2004), com a preocupação com notas, a busca por estágios e
monitorias, e, com as atividades que vão compor o currículo paralelo. Dessa
forma, como salienta Almeida et al. (2007), o clima de competição e estresse
é uma característica das escolas de medicina; e, não somente uma reforma
curricular se faz necessária, mas a mudança de todo um modelo de ensino.
4.24. Resultados da pergunta sobre ideação suicida do IBD.
Observou-se que 312 (86,9%) participantes responderam não tenho
quaisquer ideias de me matar, 45 (12,6%) participantes responderam tenho
Inventário de Ansiedade IDATE - Estado
Pouquíssimo
Pouco
gratificante
Medianamente
Muito
gratificante
Muitíssimo
Avaliação do relacionamento com os colegas
150
ideias de me matar, mas não as executaria e dois participantes (0,5%)
responderam gostaria de me matar, sendo que nenhum participante
respondeu eu me mataria se tivesse oportunidade” conforme a Tabela 38.
Tabela 38 - Distribuição dos 359 participantes segundo a pergunta sobre a
ideação suicida do IBD
Pergunta sobre ideação suicida (IBD)
N (%)
0. Não tenho quaisquer ideias de me matar.
312 (86,9%)
1. Tenho ideias de me matar, mas não as executaria.
45 (12,6%)
2. Gostaria de me matar.
02 (0,5%)
3. Eu me mataria se tivesse oportunidade.
00 (0,0%)
A pergunta sobre ideação suicida do IBD mereceu uma investigação
mais detalhada devido ao fato de muitos estudos, como os de Millan et al.
(1990), Meleiro (1998), Cavestro e Rocha (2006), relatarem um risco
aumentado de suicídio nessa população, quando associada à depressão.
No estudo de Amaral et al. (2008) a pergunta sobre ideação suicida
do IBD revelou um resultado menor do que no presente estudo, com 7,9%
dos participantes já tendo tido “ideias de se matar”.
Em outro estudo realizado por Cavestro e Rocha (2006), utilizando o
Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI), onde avaliou o
diagnóstico psiquiátrico e o risco de suicídio, observou um risco de suicídio
de 9,6%, sendo que a prevalência foi maior em estudantes de terapia
ocupacional e fisioterapia do que nos de medicina.
151
no estudo de Dyrbye et al. (2008) com estudantes de medicina
norte americanos, revelou um risco de suicídio de 11,2%, muito mais
elevado do que na população em geral da mesma idade, aproximadamente
6,9%. Esse estudo demonstrou, também, uma alta prevalência de ideação
suicida recente, com aproximadamente um em cada nove estudantes tendo
tido pensamentos de suicídio no ano anterior. Mais ainda, Dyrbye et al.
(2008) verificaram uma relação muito forte entre estresse pessoal (qualidade
de vida e sintomas depressivos), estresse profissional (burnout) e ideação
suicida.
Dentro dessa mesma perspectiva, o estudo desenvolvido por Stecker
(2004) envolveu outros estudantes, além dos estudantes de medicina, e
obteve como resultado um número alarmante de relatos de sintomas
depressivos, entre 25 a 35%; e, com 10% da amostra apresentando
pensamentos suicida, sendo que 2% tinham planos específicos de suicídio
4.25. Resultados da pergunta sobre ideação suicida do IBD e o ano do
curso.
Quando a pergunta sobre ideação suicida do IBD foi estratificada com
o ano do curso, observou-se que os participantes do primeiro ano do curso
obtiveram escore médio de 3,0 pontos (=0,4), seguidos pelos participantes
do terceiro e sexto ano com escore médio de 2,0 pontos (=0,4 e =0,3
respectivamente). Os participantes do segundo, do quarto e do quinto ano
152
obtiveram escore médio de 1,0 ponto (=0,3; =0,2; e, =0,3
respectivamente) conforme a Tabela 39.
Tabela 39 - Distribuição dos 359 participantes segundo o resultado da
pergunta sobre ideação suicida do IBD e o ano do curso
N (%)
Ano do Curso
Variáveis
I Beck D
n = 85 (23,67%)
Primeiro ano
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
0,4
0,0
3,0
n = 68 (18,94%)
Segundo ano
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
0,3
0,0
1,0
n = 62 (17,27%)
Terceiro ano
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
0,4
0,0
2,0
n = 46 (12,81%)
Quarto ano
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
0,2
0,0
1,0
n = 60 (16,71%)
Quinto ano
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
0,3
0,0
1,0
n = 38 (10,58%)
Sexto ano
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
0,3
0,0
2,0
Pode-se observar nessa avaliação que o momento com o maior
escore, em relação à pergunta sobre ideação suicida do IBD, se encontrou
no primeiro ano do curso.
Para Meleiro (1998) o risco de suicídio estaria associado a
compromissos onipotentes e idealizados e, dessa maneira, poderia se
cogitar o início do curso como um momento de grande idealização.
Wallin e Runeson (2003) buscaram investigar as atitudes dos
estudantes de medicina frente a pacientes suicidas e ao suicídio, e, com isso
153
encontraram que estudantes que tinham, previamente, ideias suicidas,
tinham história de se sentirem depressivos e ansiosos, e, mais ainda, esses
estudantes consumiam álcool em excesso. No mesmo estudo, diferença
estatisticamente significativa foi encontrada em relação à ideação suicida e
depressão (p<0,001). Também, a diferença entre gêneros é evidente, com
estudantes do gênero feminino procurando mais ajuda psicológica ou
psiquiátrica do que os estudantes do gênero masculino. E a atitude de que o
antidepressivo pode prevenir o suicídio aparece mais no final do curso com o
suicídio adquirindo a expressão de uma doença psiquiátrica. Outro aspecto
importante no estudo de Wallin e Runeson (2003) é a crença dos estudantes
de medicina que o suicídio pode ser evitado, e, esse aspecto existe tanto no
início do curso, quanto no final.
4.26. Resultados da associação da pergunta sobre ideação suicida do
IBD com o escore de ansiedade (traço e estado).
Quando foi investigada a possível associação da pergunta sobre
ideação suicida do IBD com o escore de ansiedade, esta não se mostrou
estatisticamente significativa, tanto para o conceito ansiedade-traço, como
para o conceito ansiedade-estado (p=0,359).
Para o conceito ansiedade-traço, os maiores escores foram obtidos
por aqueles que responderam tenho ideias de me matar, mas não as
executaria”, com escore médio de 50,5 pontos (=7,0), seguidos, em ordem
decrescente, pelos que responderam não tenho quaisquer ideias de me
154
matar”, com escore médio de 45,4 pontos (=5,5) e pelos que responderam
gostaria de me matar com escore médio de 44,5 pontos (=2,1) (Tabela
40).
Para o conceito ansiedade-estado, os maiores escores foram para
aqueles que responderam gostaria de me matar”, com escore dio de
46,5 pontos (=2,1), seguidos pelos que responderam tenho ideias de me
matar, mas não as executaria e pelos que responderam não tenho
quaisquer ideias de me matar ambos com escore médio de 46,2 pontos
(=6,7 e =5,1 respectivamente) conforme a Tabela 40.
Tabela 40 - Distribuição dos 359 participantes segundo a associação da
pergunta sobre ideação suicida do IBD com o escore de
ansiedade (IDATE)
N (%)
Ideação suicida (IBD)
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 312 (86%)
Não tenho quaisquer ideias
de me matar
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,4
45,0
5,5
33,0
63,0
46,2
46,0
5,1
31,0
63,0
n = 45 (12,6%)
Tenho ideias de me matar,
mas não as executaria
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
50,5
50,0
7,0
34,0
65,0
46,2
46,0
6,7
31,0
62,0
n = 02 (0,5%)
Gostaria de me matar
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
44,5
44,5
2,1
43,0
46,0
46,5
46,5
2,1
45,0
48,0
Lembrando que o terceiro ano obteve o maior escore médio com 10,1
pontos no IBD, seguido pelo sexto ano com 9,8 pontos, e o escore máximo
155
no IBD em relação à pergunta sobre ideação suicida ocorreu no primeiro ano
com 3,0 pontos, seguido pelo terceiro e sexto ano com 2,0 pontos.
Pode-se, com isso, constatar que esses são os momentos de maior
crise entre os estudantes de medicina, são os momentos do início da
faculdade, do contato com os pacientes e do final do curso. Dessa forma,
pode-se entender que os momentos são de crise por envolverem o processo
de idealização: da faculdade, da relação estudante-paciente e do “ser”
médico; sendo que, posteriormente, na maioria dos casos, com
aproximadamente 86% dos participantes, acontece o trabalho de luto das
idealizações abandonadas.
Porém, nota-se que esse processo é mais doloroso para uma
porcentagem de estudantes, ou seja, 12,6% dos estudantes pesquisados
afirmaram “tenho ideias de me matar, mas não as executaria”. Essa
afirmação aproxima ao que Menninger (1970) enuncia como o desejo de ser
morto, e, que segundo o autor aponta para uma situação de submissão ou
punição. Que vem de encontro ao que Freud (1914) aponta como a
consciência moral avaliando o Eu atual tendo como medida um ideal. E,
dessa forma, expressa um valor ou uma punição, conforme tenha ocorrido
conquistas ou fracassos. Então esses estudantes que afirmaram “tenho
ideias de me matar, mas não as executaria”, ainda estão sofrendo por não
conseguir abrir mão do ideal de “ser” médico.
Em relação aos que responderam que “gostaria de me matar”,
aproximadamente 0,5%, esses estudantes merecem uma investigação mais
aprofundada, com entrevistas individuais, para se saber exatamente a
156
dimensão dessa afirmação, e com isso, evitar-se-á maiores especulações e
estigmas com um tema tão delicado.
4.27. Resultados da associação do desejo de mudar de curso com o
escore de depressão.
Ao se investigar a possível associação do desejo de mudar de curso e
os escores de depressão, esta se mostrou estatisticamente significativa
(p<0,01).
Os maiores escores foram daqueles que “muitas vezes” desejaram
mudar de curso, com escore médio de 15,7 pontos (=8,3), seguidos, em
ordem decrescente, pelos que “medianamente” desejaram mudar de curso,
com escore médio de 13,0 pontos (=7,5); e, pelos que “muitíssimas vezes”
desejaram mudar de curso com escore médio de 12,6 pontos (=7,7). Ainda,
os que “pouquíssimas vezes” ou “poucas vezes” desejaram mudar de curso,
obtiveram escore médio de 10,2 pontos (=7,2 e =5,6 respectivamente). Os
que “nunca” desejaram mudar de curso obtiveram escore médio de 7,5
pontos (=5,9) conforme a Tabela 41.
Diferenças estatisticamente significativa, com o teste de Scheffé,
ocorreram entre aqueles que afirmaram que nunca desejaram mudar de
curso e os que afirmaram que medianamente ou que “muitas vezes
desejaram mudar de curso (p=0,02).
157
Tabela 41 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação do
desejo de mudar de curso com o escore de depressão (IBD)
N (%)
Desejo de mudar de curso
Variáveis
I Beck D
n = 217 (60,44%)
Nunca
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
7,5
6,0
5,9
0,0
32,0
n = 66 (18,38%)
Pouquíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,2
8,0
7,2
2,0
37,0
n = 35 (9,74%)
Poucas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
10,2
10,0
5,6
1,0
27,0
n = 19 (5,29%)
Medianamente
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
13,0
10,0
7,5
4,0
28,0
n = 17 (4,73%)
Muitas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
15,7
16,0
8,3
4,0
34,0
n = 5 (1,39%)
Muitíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
12,6
10,0
7,7
7,0
26,0
Quando Rezende et al. (2008) avaliaram a correlação entre o grau de
satisfação dos estudantes de medicina com o curso e a pontuação obtida
pelo IBD, verificou ser estatisticamente negativa e significativa, ou seja, que
158
quanto maior a satisfação e envolvimento do estudante com o curso menor
será a presença de sintomas depressivos, com menor pontuação no IBD.
Como comprova o estudo de Swami et al. (2006) onde aparece a
ligação entre solidão, insatisfação com a vida e depressão. Nesse estudo
participaram 172 estudantes de medicina (100 do gênero feminino e 72 do
gênero masculino) com a utilização de instrumentos de avaliação como, por
exemplo, o IBD, a escala de avaliação da saúde geral, a escala de solidão e
uma escala de satisfação com a vida. Assim, entre outros resultados,
encontrou que a satisfação com a vida estava negativa e significativamente
correlacionada com atitudes suicidas, solidão e depressão.
4.28. Resultados da associação do desejo de mudar de curso com o
escore de ansiedade (traço e estado).
A investigação da possível associação do desejo de mudar de curso e
o escore de ansiedade se mostrou estatisticamente significativa (p=0,005)
para o conceito ansiedade-traço; e, não se mostrou estatisticamente
significativa (p=0,064) para o conceito ansiedade-estado.
Assim sendo, os maiores escores do conceito ansiedade-traço foram
obtidos por aqueles que “muitíssimas vezes” pensaram em mudar de curso,
com escore médio de 52,4 pontos (=8,3); seguidos, em ordem decrescente,
pelos que “medianamente” pensaram em mudar de curso, com escore médio
de 48,4 pontos (=6,0) e pelos que muitas vezes” pensaram em mudar de
curso, com escore médio de 48,1 pontos (=6,0). Os que pensaram “poucas
159
vezes” e “pouquíssimas vezes” em mudar de curso ficaram,
respectivamente, com escore médio de 47,6 e 46,4 pontos (=6,4). E os que
“nunca” pensaram em mudar de curso, ficaram com escore médio de 45,3
pontos (=5,5) conforme a Tabela 42.
Para o conceito ansiedade-estado e a pergunta desejo de mudar de
curso, os maiores escores foram para aqueles que “nunca” pensaram em
mudar de curso, com escore médio de 46,9 pontos (=5,5), seguidos pelos
que “pouquíssimas vezes” pensaram em mudar de curso, com escore médio
de 45,6 pontos (=4,5). Os que pensaram “muitíssimas vezes” em mudar de
curso obtiveram escore médio de 45,4 pontos (=7,3); os que pensaram
“muitas vezes” em mudar de curso obtiveram escore médio de 45,0 pontos
(=5,7), sendo que para aqueles que “poucas vezes” e “medianamente”
pensaram em mudar de curso o escore médio foi de 44,6 pontos e 44,5
pontos (=5,3 e =4,3 respectivamente) conforme a Tabela 42.
Diferença estatisticamente significativa, com o teste de Fischer,
apareceu entre aqueles que afirmaram que “nunca” desejaram mudar de
curso e os que afirmaram que “muitas vezes” desejaram mudar de curso
(p=0,008).
160
Tabela 42 - Distribuição dos 358 participantes segundo a associação do
desejo de mudar de curso com o escore de ansiedade (IDATE)
N (%)
Desejo de mudar de curso
Variáveis
IDATE - T
IDATE - E
n = 217 (60,44%)
Nunca
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
45,3
45,0
5,5
33,0
65,0
46,9
47,0
5,5
36,0
63,0
n = 66 (18,38%)
Pouquíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
46,4
45,0
6,4
36,0
63,0
45,6
46,0
4,5
36,0
57,0
n = 35 (9,74%)
Poucas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
47,6
46,0
6,4
34,0
62,0
44,6
45,0
5,3
31,0
56,0
n = 19 (5,29%)
Medianamente
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
48,4
48,0
6,0
37,0
62,0
44,5
45,0
4,3
34,0
51,0
n = 17 (4,73%)
Muitas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
48,1
49,0
6,0
34,0
55,0
45,0
46,0
5,7
31,0
56,0
n = 5 (1,39%)
Muitíssimas vezes
Média
Mediana
Desvio Padrão
Mínimo
Máximo
52,4
52,0
8,3
44,0
65,0
45,4
44,0
7,3
38,0
57,0
As dificuldades apresentadas pelos estudantes de medicina podem
não culminar com a interrupção do curso, porém como Souza (2003) e
Dyrbye et al. (2005) salientam, muitos alunos ao final do curso perdem as
motivações que os levaram a entrar numa faculdade de medicina.
161
5. DISCUSSÃO
A proposta deste estudo foi avaliar a prevalência dos sintomas
depressivos, ansiosos e de estresse nos seis anos do curso de medicina.
Investigando possíveis associações do gênero, idade, saúde física,
relacionamento com colegas e desejo de mudar de curso, entre outros, com
os escores das escalas de depressão (IBD) e ansiedade (IDATE), para com
isso, dimensionar os fatores de estresse na população pesquisada.
Em razão disso, pode-se dizer que o presente estudo teve o mérito de
investigar uma população, sujeita a altos níveis de estresse, em uma
faculdade de medicina tradicional. Assim, realizou-se uma pesquisa bastante
abrangente que contemplou diversos aspectos dessa população. Trata-se de
uma investigação inédita nessa instituição, tanto pela sua abrangência como
pela sua importância, e, que sem vida contém um volume respeitável de
informações para ser utilizado na implementação de várias estratégias de
atuação, visando minimizar os problemas apresentados por essa população.
Apesar disso, o presente estudo apresenta um número razoável de
limitações que merecem ser observadas. Uma primeira limitação está no fato
que o presente estudo focalizou apenas uma faculdade pública de medicina.
Seria importante, também, investigar uma faculdade privada de medicina,
para com isso, analisar o impacto de outros fatores estressantes, como por
exemplo, os altos custos das mensalidades das faculdades privada de
medicina e a dependência financeira dos estudantes.
162
Uma segunda limitação reside de que a faculdade de medicina
pesquisada utiliza o método de ensino tradicional, com períodos bem
delimitados: básico, profissionalizante e internato; e, sendo assim, é uma
limitação em relação às faculdades que utilizam outra metodologia de
ensino, como por exemplo, o PBL (Problem-Based Learning), que segundo
alguns estudos possibilita o contato mais precoce com a clinica e serve,
dessa maneira, de uma estratégia para diminuir o estresse do contato com
pacientes.
Pode-se citar, também, como uma terceira limitação do nosso estudo,
o desenho utilizado, transversal observacional, que impede o seguimento da
população, e a análise dos desfechos nos participantes, pois com o estudo
transversal observacional, pode-se analisar diferentes populações do
primeiro ao sexto ano, mas, não permite um acompanhamento, no decorrer
do curso, da mesma população.
Em relação ao material utilizado, pode-se citar como uma quarta
limitação, devido ao fato das escalas de auto-avaliação poder minimizar ou
maximizar queixas e, com isso, criarem um viés importante no estudo.
Assim, os resultados apresentados devem ser olhados com cautela, pois,
ainda existe, nessa área, uma dificuldade na padronização desses
instrumentos.
A quinta limitação, ainda em relação ao material, esta no fato de que
para o presente estudo decidiu-se por utilizar uma escala de depressão e
outra de ansiedade, mas os resultados mostraram a importância de se
163
utilizar, em estudos futuros, outros instrumentos como, por exemplo, para
investigar o burnout e o suicídio.
O tipo de participação na pesquisa pode ser considerara como a
sexta limitação do presente estudo. Pois, a participação espontânea dos
estudantes pode, novamente, criar um viés no estudo. Pois, a informação
dos alunos que não se dispuseram a participar do estudo poderia influenciar
nos resultados, caso de uma população com menor motivação ou maiores
dificuldades de expressar os seus sentimentos. Uma pesquisa, mencionada
no presente estudo, enfoca a dificuldade na participação de estudantes de
medicina em pesquisas nessa área por duvidaram do fator anonimato e
sigilo. E ainda, muitos estudantes, mesmo participando da pesquisa, não
querem ser procurados para um possível tratamento.
Quanto a algumas subpopulações, pode-se ter como a sétima
limitação do presente estudo, pois, por exemplo, grupos religiosos ou
mesmo grupo de estudantes casados apresentaram um “n” muito pequeno
que impossibilita extrapolações dos resultados.
Por último, a falta de um estudo comparativo com outras populações
de estudantes, como por exemplo, estudantes de direito ou de engenharia
elétrica (cursos também muito concorridos), ou mesmo da área da saúde,
pode-se citar como a oitava limitação do presente estudo. Pois, um estudo
comparativo poderia mostrar características importantes acerca do estresse
envolvendo essas populações e, assim, se poderia avaliar os resultados do
presente estudo de forma mais critica e passível de generalizações,
comparando-o com outras populações de estudantes.
164
6. CONCLUSÕES
Os resultados deste estudo permitem algumas constatações:
Houve associação estatisticamente significativa entre o ano do curso
e os escores de depressão do Inventário Beck de Depressão (IBD).
Contudo, não houve associação estatisticamente significativa entre o ano do
curso e os escores de ansiedade do Inventário de Ansiedade Traço-Estado
(IDATE), nos dois conceitos (ansiedade-traço e ansiedade-estado).
Houve associação estatisticamente significativa do gênero, saúde
física, saúde física e o desempenho acadêmico, saúde física antes de entrar
na faculdade, relacionamento com os colegas e desejo de mudar de curso
com os escores de depressão do IBD. Porém, não houve associação
estatisticamente significativa do estado civil, religião, local de nascimento e
uso de bebida alcoólica com os escores de depressão do IBD.
Houve associação estatisticamente significativa do gênero, saúde
física, saúde física e o desempenho acadêmico, saúde física antes de entrar
na faculdade e desejo de mudar de curso com os escores de ansiedade do
IDATE no conceito ansiedade-traço. Porém, não houve associação
estatisticamente significativa do estado civil, religião, local de nascimento,
uso de bebida alcoólica e relacionamento com colegas com os escores de
ansiedade do IDATE no conceito ansiedade-traço.
Houve associação estatisticamente significativa do gênero e
relacionamento com colegas com os escores de ansiedade do IDATE no
conceito ansiedade-estado. Porém, não houve associação estatisticamente
165
significativa entre estado civil, religião, local de procedência, saúde física,
saúde física e o desempenho acadêmico, saúde física antes de entrar na
faculdade, uso de bebida alcoólica e desejo de mudar de curso com os
escores de ansiedade do IDATE no conceito ansiedade-estado.
Não houve associação estatisticamente significativa entre a pergunta
sobre ideação suicida do IBD com os escores de ansiedade do IDATE nos
conceitos ansiedade-traço e ansiedade-estado.
Constatou-se que, em relação à escala de depressão IBD, existem
dois momentos de pico no escore depressivo. Um primeiro pico é observado
no terceiro ano, sendo que existe um aumento gradual do primeiro até o
terceiro ano. Após isso, observa-se um novo pico no escore de depressão
no último ano do curso. Comprova-se, com os resultados da escala de
depressão, que existem dois momentos de crise, um que gradualmente vem
se desenvolvendo e tem o seu ápice no terceiro ano e um segundo momento
de crise que é no final do curso. O primeiro momento pode estar relacionado
ao período de perda das idealizações do inicio e transcorrer do curso, como
já apontado por outros pesquisadores. Já o segundo momento de crise
estaria relacionado ao término do curso e à percepção de que agora será um
profissional, ou seja, novamente um período de perda de idealizações, agora
quanto à realidade de “ser” médico.
em relação à escala de ansiedade IDATE no conceito ansiedade-
traço, que pode ser entendida como a avaliação de uma característica não
transitória de uma pessoa ou como um aspecto estável, os momentos com
os maiores escore são observados no segundo ano e no quinto ano. Ou
166
seja, nos momentos que antecedem os períodos onde os escores
depressivos, medidos pelo IBD são mais altos, e podem, dessa maneira, ser
interpretados como um período de angústia que antecede a uma perda. Por
outro lado, para o conceito ansiedade-estado da escala IDATE, que pode ser
compreendida como a avaliação de um momento transitório, apresenta os
maiores escores no primeiro ano e nos dois últimos anos que são os
períodos de adaptação às duas realidades, a primeira do início da vida
acadêmica e a segunda, a do início da vida profissional.
Assim, quando o estudante entra na faculdade, existe a idealização
da sua própria vitória em ter conseguido entrar em uma faculdade através de
um vestibular extremamente competitivo. Porém, certa decepção toma conta
do estudante, por que ele não é o único, muitos outros, também, obtiveram
êxito nessa competição. Mas, a faculdade, tão concorrida, também é,
extremamente, idealizada. Contudo, as carências materiais e profissionais
logo se tornarão visíveis, como as dificuldades de manter o mesmo
desempenho do ensino médio, a metodologia é outra e não é mais possível
saber tudo.
O próximo momento de crise é o encontro com os pacientes. Algo que
estava, para muitos estudantes, na base da escolha do curso: “ser” médico,
mas, era aquele “ser” médico para ajudar as pessoas, que “gosta” de ficar
perto de pessoas doentes, ou seja, o “ser” médico altruísta, o “ser” médico
idealizado. Novamente, a realidade mostra as limitações, pois muitos
estudantes não reagem positivamente às diversas formas em que esse
encontro ocorre. Pois, os pacientes também não são ideais. Tudo o que foi
167
estudado até o encontro com o paciente parece não ter muita aplicação, a
sensação é de pouco poder oferecer a quem precisa de muito. A sensação é
de fracasso ou de não conseguir atender às exigências do “ser” médico
idealizado.
Nesse sentido, que diagnosticar essa situação é fundamental,
diagnosticá-la como crises na trajetória de “ser” médico. Trajetória marcada
por idealizações e pelo trabalho de luto em virtude do abandono do que foi
anteriormente idealizado. Realizar o luto é a possibilidade de se conquistar
um amadurecimento e tornar-se um médico mais efetivo e real.
Quanto ao risco de suicídio, ele existe e deve receber toda atenção
necessária. Pois, os estudantes não reagem da mesma forma frente às
frustrações, assim, alguns poderão necessitar de acompanhamento
especializado. Como os estudantes que idealizam muito seus desempenhos,
merecem um acompanhamento para que com isso tenham um
aproveitamento acadêmico mais satisfatório.
Por outro lado, torna-se imprescindível as mudanças curriculares que
favoreçam uma competição mais saudável, que não reafirme concepções de
superioridade e idealizações. Como, também é fundamental, o preparo e a
sensibilização do corpo docente, que em muitos casos alimenta a
idealização de “ser” médico.
168
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Intervenções que pudessem contemplar as questões aqui
apresentadas, como a idealização da Faculdade de Medicina, a idealização
do “ser” médico, poderiam ser muito úteis na elaboração do luto apresentado
por esses estudantes. Como também, buscar novas metodologias de ensino
que evitem a fragmentação da prática médica é imprescindível. Porém,
essas atividades deveriam ser efetuadas em vários momentos do curso, mas
principalmente nos dois momentos de maior crise, ou seja, no primeiro e
terceiro ano. Ainda mais, essas atividades, deveriam, preferencialmente,
existir como atividades extracurriculares evitando-se, com isso, uma
deturpação da proposta.
Muito oportuna seria a ênfase em disciplinas como propedêutica
médica e a relação médico-paciente e a disciplina de bioética com os temas
relacionados na escolha de “ser” médico para poder debater as idealizações
da profissão médica.
Por fim, um serviço que possa identificar precocemente estudantes de
risco e atender àqueles que mostram sinais graves de adoecimento é uma
proposta imprescindível. Como também, criar espaço de discussão,
educação e sensibilização dos estudantes para a frequência do adoecimento
seria fundamental. Aperfeiçoar programas com a finalidade de estar atento
às mudanças sócio-demográficas é inevitável, pois com a tendência cada
vez mais clara do aumento do gênero feminino no curso de medicina, é
forçosa uma atenção diferenciada. Um sistema de suporte para estudantes,
169
não somente os de medicina, mas dos demais cursos, é uma exigência da
qual não se pode prescindir, pois as idealizações profissionais estão
presentes em todos os cursos.
170
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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193
ANEXOS
ANEXO A
194
ANEXO B
“Prevalência de Sintomas Depressivos, Ansiosos e Estresse em Acadêmicos de Medicina”.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
a) Você está sendo convidado a participar de um estudo intitulado “Prevalência de Sintomas
Depressivos, Ansiosos e Estresse em Acadêmicos de Medicina”. Pois, consideramos que é
através das pesquisas clínicas que ocorrem os avanços na medicina, sendo assim, sua
participação é de fundamental importância.
b) O objetivo desta pesquisa é verificar a prevalência dos sintomas depressivos e ansiosos na
população de acadêmicos do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná, nas turmas
do primeiro ano (primeiro período), segundo ano (terceiro período), terceiro ano (quinto período),
quarto ano (sétimo período), quinto ano (nono período) e sexto ano (décimo primeiro período).
c) Caso você participe da pesquisa, não será necessário fazer exames.
d) Não se espera nenhum desconforto.
e) Não existem riscos que envolvam a sua participação na pesquisa.
f) Os benefícios esperados são dentre outros: detecção precoce de uma maior suscetibilidade para
desenvolvimento de sintomas de depressivos e ansiosos criando estratégias para melhor
enfrentar situações de estresse.
g) Todas as informações que você queira ter, em relação à pesquisa, estão garantidas, antes
durante e depois do estudo.
h) A sua participação neste estudo é voluntária. Você tem a liberdade de se recusar a participar ou
se aceitar a participar, retirar seu consentimento a qualquer momento da pesquisa. Este fato não
acarretará nenhum prejuízo para você.
i) As informações relacionadas ao estudo poderão ser inspecionadas pelo médico que executa a
pesquisa e pelas autoridades legais, no entanto, se qualquer informação for divulgada em
relatório ou publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a confidencialidade seja
mantida.
j) Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome, e sim um código.
k) Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro.
l) Todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa (questionário, escalas de
avaliação) não são da responsabilidade do pesquisado.
m) O médico responsável pela pesquisa (Dr. Luciano Souza, tel. 41 9968 2308) poderá ser
contatado (a qualquer momento que for necessário), é o responsável pela pesquisa e seu
acompanhamento durante o período da pesquisa.
Dr. Luciano Souza
195
“Prevalência de Sintomas Depressivos, Ansiosos e Estresse em Acadêmicos de Medicina”.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
a) Você está sendo convidado a participar de um estudo intitulado “Prevalência de Sintomas Depressivos,
Ansiosos e Estresse em Acadêmicos de Medicina”. Pois, consideramos que é através das pesquisas
clínicas que ocorrem os avanços na medicina, sendo assim, sua participação é de fundamental
importância.
b) O objetivo desta pesquisa é verificar a prevalência dos sintomas depressivos e ansiosos na população de
acadêmicos do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná, nas turmas do primeiro ano
(primeiro período), segundo ano (terceiro período), terceiro ano (quinto período), quarto ano (sétimo
período), quinto ano (nono período) e sexto ano (décimo primeiro período).
c) Caso você participe da pesquisa, não será necessário fazer exames.
d) Não se espera nenhum desconforto.
e) Não existem riscos que envolvam a sua participação na pesquisa.
f) Os benefícios esperados são dentre outros: detecção precoce de uma maior suscetibilidade para
desenvolvimento de sintomas de depressivos e ansiosos criando estratégias para melhor enfrentar
situações de estresse.
g) Todas as informações que você queira ter, em relação à pesquisa, estão garantidas, antes durante e
depois do estudo.
h) A sua participação neste estudo é voluntária. Você tem a liberdade de se recusar a participar ou se aceitar
a participar, retirar seu consentimento a qualquer momento da pesquisa. Este fato não acarretará nenhum
prejuízo para você.
i) As informações relacionadas ao estudo poderão ser inspecionadas pelo dico que executa a pesquisa e
pelas autoridades legais, no entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou publicação, isto
será feito sob forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida.
j) Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome, e sim um código.
k) Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro.
l) Todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa (questionário, escalas de avaliação) não
são da responsabilidade do pesquisado.
m) O médico responsável pela pesquisa (Dr. Luciano Souza, tel. 41 9968 2308) poderá ser contatado (a
qualquer momento que for necessário), é o responsável pela pesquisa e seu acompanhamento durante o
período da pesquisa.
Eu, _________________________ li o texto acima e compreendi a natureza e objetivo do
estudo do qual fui convidado a participar. A explicação que recebi menciona os riscos e
benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação no estudo a
qualquer momento sem justificar minha decisão e sem que esta decisão acarrete prejuízo para
minha pessoa.
Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo.
--/--/--
Data
________________
Assinatura do aluno
--/--/--
Data
______________________
Assinatura do pesquisador
196
ANEXO C
PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DEPRESSIVOS, ANSIOSOS E ESTRESSE EM
ACADÊMICOS DE MEDICINA.
Prezado aluno (a):
Este questionário é parte integrante do projeto de pesquisa “Prevalência de Sintomas
Depressivos, Ansiosos e Estresse em Acadêmicos de Medicina do Programa de Pós-
Graduação em Ciências Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo e tem como objetivo investigar os sintomas citados nos alunos do curso de medicina da
UFPR. Assim, contamos com a colaboração de vocês para responder este questionário,
expressando suas opiniões sem constrangimento. De nossa parte, garantimos o sigilo e
anonimato dos participantes, e ainda, que o uso do material será de exclusividade do
pesquisador responsável pelo projeto, que não o disponibilizará para qualquer outro fim.
Pesquisador: Dr. Luciano Souza; e-mail: [email protected].br; telefone celular: 041
99682308.
Agradecemos sua colaboração.
1. Idade (em anos completos): __________________
2. Sexo:
Masculino.
Feminino.
3. Cor (marque somente uma opção):
Branca.
Preta.
Parda/Mulata.
Amarela.
4. Local de nascimento: Cidade ______________________ Estado/País___________
5. Estado civil:
Solteiro com companheiro (a) ou namorado (a).
Solteiro sem companheiro (a) ou namorado (a).
Casado/União Estável.
Separado.
Viúvo.
197
6. Se você tem filhos. Quantos filhos você tem? _________
7. Você pratica alguma religião? Em caso afirmativo marcar a mais importante.
Católica.
Espírita.
Pentecostal.
Protestante.
Afro-brasileira.
Não tenho religião.
Outra (qual?): ______________________________
8. Em relação ao local de onde você mora durante o ano letivo? (marcar somente uma
alternativa)
Moro com familiares.
Moro sozinho.
Moro com outros estudantes (não república, pensão ou casa de estudante).
Moro em pensão ou república.
Moro em Casa de Estudantes.
9. Em relação ao tipo de transporte que comumente você utiliza para ir às aulas? (marcar
somente a alternativa mais significativa):
Vai a pé.
Vai com transporte coletivo.
Vai de carro como carona.
Vai com seu carro.
Vai com sua motocicleta.
Vai de bicicleta.
10. Em relação a sua saúde física: no geral ela é: (marcar somente a alternativa mais
significativa).
Péssima.
Razoável com problemas crônicos.
Boa com pequenos resfriados.
Boa e raramente me resfrio.
Excelente.
198
11. Quanto aos seus hábitos de vida: Você usa tabaco (cigarros)? (marcar somente a
alternativa mais significativa).
Não uso tabaco.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
12. Em caso afirmativo (de usar tabaco), poderia precisar quantos cigarros você usa por
dia? (marcar somente a alternativa mais significativa).
1 a 5.
6 a 10.
11 a 15.
16 a 20.
21 a 25.
+ de 25.
13. Em caso de não usar tabaco, você poderia responder: (marcar somente a alternativa
mais significativa).
Nunca fumei.
Fumei e parei de fumar. Nesse caso fumou por quanto tempo?
Menos de 1 ano.
De 1 a 3 anos.
De 3 a 5 anos.
Mais de 5 anos.
14. Ainda em relação aos seus hábitos de vida: Você usa bebida alcoólica? (marcar
somente a alternativa mais significativa).
Nunca bebi.
Bebo só quando estou deprimido.
Bebo só nos finais de semana.
Bebo nos finais de semana, mas nem sempre.
Bebo quando saio, mas nem sempre.
Bebo todos os dias.
Bebo quase todos os dias.
Bebia e parei de beber.
199
Nesse caso bebeu por quanto tempo?
Menos de 1 ano.
De 1 a 3 anos.
De 3 a 5 anos.
Mais de 5 anos.
15. Em caso afirmativo (de usar bebida alcoólica), pergunta-se, ainda, quando ingere
(horário)?
Em qualquer horário do dia.
Principalmente à noite.
16. Em caso afirmativo (de usar bebida alcoólica), pergunta-se, ainda, onde ingere (local)?
Em casa.
Na faculdade.
No bar.
Na balada.
17. Em caso afirmativo (de usar bebida alcoólica), pergunta-se, ainda, quanto ingere
(quantidade) de bebida alcoólica (marcar somente a alternativa mais significativa).
Não uso nesse horário/Não uso nesse local/Não uso nessa quantidade.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
18. Quando você bebe, utiliza frequentemente, que tipo de bebida alcoólica?
Utiliza frequentemente bebidas destiladas (cachaça, uísque, vodka, rum, ou outro
tipo de destilado).
Utiliza frequentemente bebidas fermentadas (cerveja, vinho, ou outro tipo de
fermentado).
19. Agora se pergunta quanto aos relacionamentos sociais?
Relaciona-se bem com amigos e parentes e participa com frequência de atividades
sociais.
Relaciona-se bem com amigos e parentes, mas não participa com frequência de
atividades sociais.
Apresenta algumas dificuldades de relacionamentos com amigos.
Evita o contato com amigos e parentes.
200
20. Quanto ao lazer, o que você gosta de fazer? (marcar somente a alternativa mais
significativa).
a) Ler livros:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
b) Ler jornais e revistas:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
c) Ler livros ou artigos científicos:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
d) Ir ao cinema:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
201
e) Praticar esportes:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
f) Internet:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
g) Sair com amigos:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
h) Viajar:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
i) Ir ao boteco ou ir às baladas:
Não é, para mim, uma opção de lazer.
Pouquíssimo.
Pouco.
Médio.
Muito.
Muitíssimo.
202
21. De quem, principalmente, você sofreu influência (inspiração, motivação ou estímulo) na
escolha do curso de medicina? (marcar somente a alternativa mais significativa).
a) Influência dos pais:
Nenhuma influência.
Pouquíssima.
Pouca.
Média.
Muita.
Muitíssima.
b) Influência de outros familiares (avós, tios, primos):
Nenhuma influência.
Pouquíssima.
Pouca.
Média.
Muita.
Muitíssima.
c) Influência dos professores:
Nenhuma influência.
Pouquíssima.
Pouca.
Média.
Muita.
Muitíssima.
d) Influência de médicos:
Nenhuma influência.
Pouquíssima.
Pouca.
Média.
Muita.
Muitíssima.
203
f) Influência de canais de comunicação:
Nenhuma influência.
Pouquíssima.
Pouca.
Média.
Muita.
Muitíssima.
g) Influência da vontade própria:
Nenhuma influência.
Pouquíssima.
Pouca.
Média.
Muita.
Muitíssima.
22. Agora, em relação à carga de estudo (horas/semana) do curso de medicina, você
considera: (marcar somente a alternativa mais significativa).
Abaixo de 5 horas/semana.
De 5 a 10 horas/semana.
De 10 a 15 horas/semana.
De 15 a 20 horas/semana.
De 20 a 25 horas/semana.
Acima de 25 horas/semana.
23. Quanto ao planejar seu dia de estudo, você costuma fazer isso? (marcar somente a
alternativa mais significativa).
Nunca.
Pouquíssimas vezes.
Poucas vezes.
Medianamente ou na maioria das vezes.
Muitas vezes.
Quase sempre.
204
24. Procura, na realização das suas tarefas acadêmicas, fazer intervalos para relaxar?
(marcar somente a alternativa mais significativa).
Nunca.
Pouquíssimas vezes.
Poucas vezes.
Medianamente ou na maioria das vezes.
Muitas vezes.
Quase sempre.
25. Já procurou auxílio médico devido a problemas de desempenho acadêmico (como
dificuldades em lidar com o volume de informações)? (marcar somente a alternativa
mais significativa).
Nunca.
Pouquíssimas vezes.
Poucas vezes.
Medianamente ou algumas vezes.
Muitas vezes.
Quase sempre.
26. Procurou auxílio médico, no ano anterior a sua entrada no curso de medicina, devido a
algum tipo de problema (físico ou psicológico)? (marcar somente a alternativa mais
significativa).
Não procurei auxílio médico.
Pouquíssimas vezes.
Poucas vezes.
Medianamente ou algumas vezes.
Muitas vezes.
Quase sempre.
27. Tem alguma incerteza em relação ao seu futuro profissional (como ter êxito na
profissão e estabilidade econômica)? (marcar somente a alternativa mais significativa).
Não tenho incertezas quanto ao futuro profissional.
Pouquíssima.
Pouca.
Medianamente ou em alguns momentos.
Muita.
Muitíssima.
205
28. Você consegue tirar suas dúvidas, em relação aos estudos, com os professores?
(marcar somente a alternativa mais significativa).
Nunca consigo tirar minhas dúvidas com os professores.
Pouquíssimas vezes.
Poucas vezes.
Medianamente ou em algumas vezes.
Muitas vezes.
Quase sempre.
29. Qual avaliação que você faria do relacionamento com seus colegas? (marcar somente
a alternativa mais significativa).
Pouquíssimo gratificante.
Pouco gratificante.
Medianamente gratificante.
Muito gratificante.
Muitíssimo gratificante.
30. Você se sente respeitado como estudante? (marcar somente a alternativa mais
significativa).
a) Pelos familiares:
Nunca.
Pouquíssimo.
Pouco.
Medianamente.
Muito.
Muitíssimo.
b) Pelos professores:
Nunca.
Pouquíssimo.
Pouco.
Medianamente.
Muito.
Muitíssimo.
206
c) Pelos colegas:
Nunca.
Pouquíssimo.
Pouco.
Medianamente.
Muito.
Muitíssimo.
31. Em relação ao seu futuro profissional, a situação econômica do país preocupa você?
(marcar somente a alternativa mais significativa).
Nunca.
Pouquíssimas vezes.
Poucas vezes.
Medianamente.
Muitas vezes.
Muitíssimas vezes.
32. Você tem desejo de mudar de curso? (marcar somente a alternativa mais significativa).
Nunca.
Pouquíssimas vezes.
Poucas vezes.
Medianamente.
Muitas vezes.
Muitíssimas vezes.
207
ANEXO D
Piloto
„Instrumento de identificação e caracterização sócio-demográfica‟
Prezados alunos:
Este questionário é parte da pesquisa “Avaliação através do
Inventário Beck de Depressão e do Inventário de Ansiedade Traço-Estado
IDATE da Prevalência de Sintomas Depressivos e Ansiosos e do nível de
Stress nos acadêmicos do curso de Medicina da UFPR”, que tem como
objetivo investigar essas questões no grupo de alunos do curso de medicina
da UFPR. Contamos com a colaboração de vocês para responder as questões,
expressando suas opiniões sem constrangimento. De nossa parte, garantimos
o anonimato e de que o uso do material será de exclusividade do
pesquisador responsável pelo projeto, que não o disponibilizará para
qualquer outro fim. Agradecemos sua colaboração.
2. Idade (em anos completos): __________________
3. Sexo:
Masculino.
Feminino.
4. Cor:
Branca.
Preta.
Parda/Mulata.
Amarela.
5. Local de nascimento: Cidade _________________
Estado/País________________________________
6. Estado civil:
Solteiro com companheiro (a).
Solteiro sem companheiro (a).
Casado/União Estável.
Separado.
Viúvo.
7. Quantos filhos você tem?
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6-------- mais de seis.
208
8. Você pratica alguma religião? Em caso afirmativo marcar a mais
importante.
Católica.
Espírita.
Pentecostal. Qual?_________
Protestante. Qual?_________
Afro-brasileira. Qual?________
Outra:___________________
Não tenho religião.
9. Em relação ao local de onde você mora durante o ano letivo?
Mora com familiares.
Mora sozinho (a).
Mora com outros estudantes.
Mora em pensão ou república.
Mora em Casa de Estudantes.
10. Em relação ao tipo de transporte que você utiliza para ir às aulas?
Vai a pé.
Vai com transporte coletivo.
Vai de carro como carona.
Vai com seu carro.
Vai com sua motocicleta.
Vai com sua bicicleta.
Outro: ____________________
11. Em relação a sua saúde física: no geral ela é:
0 Péssima.
2 Razoável com problemas crônicos.
5 Boa com pequenos resfriados.
7 Boa e raramente me resfrio.
10 Excelente.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
12. Quanto aos seus hábitos de vida?
Você usa tabaco (cigarros)?
Sim
Não
13. Em caso afirmativo, poderia precisar quanto:
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10 ou + de 10 cigarros
209
14. Em caso negativo:
Nunca fumei.
Fumei e parei de fumar. Nesse caso fumou por quanto tempo?
Menos de 1 ano --------1 ano --------2 a 3 anos -------- 4 a 5 anos -------- mais de 10 anos.
15. Ainda em relação aos seus hábitos de vida?
Você usa bebida alcoólica?
Sim
Não
16. No caso afirmativo, poderia precisar qual tipo de bebida alcoólica.
Cachaça
Cerveja
“Tubão”
Outra(s): ____________
17. Quanto os relacionamentos sociais?
Relaciona-se bem com amigos e parentes e participa com frequência de
atividades sociais
Relaciona-se bem com amigos e parentes, mas não participa com
frequência atividades sociais.
Apresenta algumas dificuldades de relacionamento com amigos.
Evita o contato com amigos e parentes.
18. Quanto ao lazer, o que você gosta de fazer?
Leitura
Cinema
Pratica Esportes
Não tenho atividades de lazer
Outra (s): ___________________
19. Em relação à escolha do curso de medicina, você sofreu influência?
Influência dos pais ou familiares
Influência de professores
Não sofri influência de terceiros
Influência de médicos
Outros motivos: ______________________________
210
20. Em relação à sua carga de estudo, você considera:
0 Para muito leve.
2 Para razoável.
5 Para boa.
7 Para elevada.
10 Para muito elevada.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
21. Costuma planejar seu dia de estudo?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
22. Procura, na realização das suas tarefas acadêmicas, fazer intervalos
para relaxar?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
23. Já procurou auxílio médico devido a problemas no seu
desempenho acadêmico?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
211
24. Tem alguma incerteza em relação ao seu futuro profissional?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
25. Você consegue tirar suas dúvidas, em relação aos estudos, com os
professores?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
26. Qual avaliação que você faria do relacionamento com seus colegas?
0 Ruim.
2 Tenho poucos amigos.
5 Bom.
7 Tenho muitos amigos.
10 Excelente.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
27. Você se sente respeitado como estudante?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
212
28. Em relação ao seu futuro, a situação econômica do país preocupa
você?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
29. Você tem desejo de mudar de curso?
0 Raramente.
2 Algumas vezes.
5 Na maioria das vezes.
7 Quase sempre.
10 Sempre.
0--------1--------2--------3--------4--------5--------6--------7--------8--------9--------10
213
ANEXO E
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