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maio de 1867, sabia “ler e escrever pouco”; ou ainda um “escravo moço” posto à venda
em meados de 1869 que “sabe ler e escrever e próprio para qualquer serviço”, havendo
também o anúncio de venda de “um escravo de 28 annos, molato, [que] pode servir de
caixeiro de qualquer pequeno estabelecimento”, o que é indicativo de que
provavelmente conhecesse o alfabeto, sendo ele “entendido em qualquer serviço”
possuindo “princípios de alfaiate” e trabalhando também de pedreiro.
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No inicio da
década de 1870, álias, segundos dados do censo de 1872 e da matricula de escravos de
1874 trabalhados por Renato Leite Marcondes, somente 0,1% da população escrava do
Brasil era alafabetizada, somando 1.400 sujeitos, sendo o maior percentual deles na
Corte, 0,7%, sendo que Santa Catarina e o Pará foram as outras com maior proporção de
cativos sabendo ler e escrever com 0,3%.
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Cf. Escravo Fugido, DGP (Avizos Diversos), 31 de dezembro de 1873, p. 3; Avizos Diversos, Jornal
do Pará, 9 de maio de 1867, p. 3; Jornal do Pará, 5 de junho de 1869, p. 3; Jornal do Pará, 4 de abril de
1869, p. 2. Sobre os escravos tipógrafos do Treze de Maio, ver SALLES, Vicente. Memorial da
Cabanagem: esboço do pensamento político-revolucionário no Grão-Pará. Belém: Cejup, 1992, p. 121.
Cf. anúncio de fuga de Felipe que sabia ler do engenho Palheta apud SALLES, O Negro no Pará, já
citado, p. 356.
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Ainda, segundo Marcondes , pelo censo de 1872-1874, quase um 1/5 da população livre brasileira era
alfabetizada, perfazendo 18,6%. As províncias com maiores índices de alfabetizados eram: a Corte
(43,9%); Paraná (27,4%); Rio Grande do Sul (26,0%) e Pará (24,4%), vindo depois Maranhão (24,1%);
Rio de Janeiro (23,4%); São Paulo (20,7%); Bahia (20,6%); Mato Grosso (20,3%) e Pernambuco (19,65).
Minas Gerais (13,5%); Piauí (15,6%) e Goiás (15,1%) tinham índices menores de habitantes livres
alfabetizados. Cf. MARCONDES, Renato Leite. Desigualdades regionais brasileiras: comércio marítimo
e posse de cativos na década de 1870. Ribeirão Preto: Departamento de Economia da Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2005, pp. 87-
88, incluindo os comentários da nota 109. Tese de Livre Docência. Ver esses dados também na Tabela 6
(Apêndice, p. 475) e sua tabulação e visualização na página 151 em: ALENCASTRO, Luiz Felipe de
(Org. do volume). História da vida privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade no Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 1997, volume 2. Nesta obra, com base no censo de 1872, informa-se ainda
que o Pará possuía 301 professores para uma população livre de 247.779 sujeitos, dando a razão de 12,1%
por cada dez mil habitantes livres, sendo a 7ª província em número de professores e a 5ª na relação
professor e número de habitantes (ver Tabela 7, Apêndice, p. 476 e tabulação/visualização na página
152). Robin Anderson também informa dados importantes sobre a instrução pública paraense e seu raio
de alcance com base nos censos de 1872 e 1890. Segundo a autora, embora no período de 1848 a 1893
houvesse um aumento significativo do número de escolas primárias públicas, bem como de alunos
matriculados, os números e índices de meninos e meninas com idades entre 6 e 15 anos nas escolas e
acesso à educação letrada era bastante desigual: 18,3% (5.768 alunos) e 12,1% (3.441 alunas),
respectivamente; sendo que entre homens e mulheres acima de 15 anos essa desigualdade se acentuava
com 30,9% (39.718 alunos) e 17.3% (20.677 alunas), respectivamente, tomando como base os dados de
1872, concluindo então que: “The percentages of children not attending school in 1872 was significantly
higher than the percentage of adult illiterates, reulting in a potentially greater percentage of illiterates 18
years later. Female illiterary and non-attendance was markedly higher tahn the male; girls were simply
not educated in public schools”. Anderson ainda informa que no magistério, o número de professores
superava de longe o de professoras, sendo em 1881 153 do total de 228, ou seja, 67%, sendo que somente
existia uma Escola Normal, em 1874, para formação dos professores, em Belém, concluindo que:
“teachers were not required to have normal school training unless they teaching more than 30 students”.
Baseada no censo de 1872, Anderson diz também que oito municípios paraenses não tinham professores
sendo que excluindo a área de Belém “was one teacher per 957 inhabitants. Of the 342 teachers in the
province, 131 were in metropolitan Belém”. Cf. ANDERSON, Robin Leslie. Following Curupira:
Colonization anda Migration in Pará, 1758 to 1930 as a Study in Settlement of the Humid Tropics. Davis: