Apresentação e Análise Individual dos Estudos de Caso 233
Gestora do parque–.”..a população será tolerada até que se possa fazer
essa desapropriação, então é tolerância e trabalho na conscientização.
Aqui, por exemplo, tem essa comunidade aqui ao lado, ela é toda inserida
dentro do parque, são 120 a 130 famílias que não se criaram agora não, se
criaram há 40 anos – Comunidade do Monte da Paz. Quando o parque
criou essa comunidade já existia. Claro que ela cresceu, hoje, não vou
dizer que é crescimento zero, eu estaria mentindo, Mas zero vírgula
qualquer coisa... Ela está dentro do parque, toda acima da cota cem.
E ali o que é que você vai fazer? Você vai tirar 130 famílias? Levar elas
para onde, aí tem a questão do trabalho, né, aquele velho problema, ele
me tirou daqui, me levou para lá, mas eu trabalho aqui. Esse é um
problema muito sério.
Então é de educação e tolerância. Mas é um problema que já é herdado de
40 anos atrás, 50 anos atrás, não é recente. O que a gente faz hoje, tem
sido bastante restritivo no que diz respeito a carro para subir. Caminhão de
material de construção não sobe mais, né, os guardas e a vigilância está
totalmente orientada, não permite.”
Apesar dos esforços, nem sempre é possível evitar os conflitos, em função
das crescentes demandas dos moradores, que não podem ser aceitas devido às
restrições da lei.
Gestora do parque– “Há conflitos. Não tem como não ter conflitos.
Interesses diferentes, né? Vem desde moradia e desenvolvimento
sustentável, vamos dizer assim, aspas, né. Então as solicitações são ah,
eu queria asfaltar, o caminho está ruim, o carro tem que passar.”
Entrevistador– “E aí como é que você tem resolvido essas situações?”
Gestora do parque- “Eu tento explicar, dizendo que não pode, que é uma
área protegida por lei, que não é permitido a impermeabilização do solo,
que não pode construir, mas as pessoas assimilam vagarosamente. “Ah, a
senhora não deixa por que? Não, não sou eu que não deixo. É a lei que
não permite. Então é difícil, é processo mesmo, é lento. Aí tem gente que
não me suporta, que eu sou chata, que eu não deixo. Aí depois entra um e
diz, “puxa, que legal, eu queria muito te conhecer. Está botando ordem na
casa”. Então é isso aí, sempre assim...”
Segundo informações do diretor da ONG GRUDE, que também atua junto
ao Bosque da Freguesia, esta ONG está envolvida com o projeto de
levantamento das pendências fundiárias do parque e há possibilidades de se
obter ajuda financeira para indenizar os moradores do parque e desapropria-los,
resolvendo os conflitos fundiários. Há inclusive moradores vivendo dentro da
sede do PE da Pedra Branca. São famílias de ex-funcionários da CEDAE, que
ainda não foram indenizadas.
Diretor do GRUDE – “Tem várias áreas dentro do parque, casas, tem uma
casa ao lado da sede.... Tem um plano que é de regularização fundiária
que não foi nem iniciado pelo WWF. Nós (GRUDE) pegamos isso, tem
uma pessoa já fazendo esse plano todo. Então a idéia é fazer o
levantamento, em que pé está isso e algumas casas também na sede e no
(núcleo do) Camorim e desapropriar. Desapropriar esse negócio. O
dinheiro que tem não é suficiente. O IEF-RJ pegou, conseguiu um outro
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0212244/CA