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PATRÍCIA ZANATTA ARANHA CONEGLIAN
AVALIAÇÃO DO PROCESSO EVOLUTIVO DE REPARO ÓSSEO
FRENTE AO SULFATO DE CÁLCIO E À HIDROXIAPATITA. ESTUDO
MICROSCÓPICO EM ALVÉOLOS DENTÁRIOS DE RATOS
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia de Bauru, da Universidade de São
Paulo, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em Odontologia,
área de Endodontia.
BAURU
2007
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PATRÍCIA ZANATTA ARANHA CONEGLIAN
AVALIAÇÃO DO PROCESSO EVOLUTIVO DE REPARO ÓSSEO
FRENTE AO SULFATO DE CÁLCIO E À HIDROXIAPATITA. ESTUDO
MICROSCÓPICO EM ALVÉOLOS DENTÁRIOS DE RATOS
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia de Bauru, da Universidade de São
Paulo, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em Odontologia,
área de Endodontia.
Orientador: Prof. Dr. Roberto Brandão Garcia
BAURU
2007
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Coneglian, Patrícia Zanatta Aranha
C765a Avaliação do processo evolutivo de reparo ósseo
frente ao sulfato de cálcio e à hidroxiapatita. Estudo
microscópico em alvéolos dentários de ratos /
Patrícia Zanatta Aranha Coneglian. -- Bauru, 2007.
254 p. : il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) -- Faculdade de
Odontologia de Bauru . Universidade de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Roberto Brandão Garcia
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos,
a reprodução total ou parcial desta dissertação, por
processos fotocopiadores e/ou meios eletrônicos.
Assinatura da autora:
Data:
Comitê de Ética da FOB-USP
Processo n.º: 22/2005
Data: 17 de novembro de 2005
Data: 01 de novembro de 2006
DADOS CURRICULARES
Patrícia Zanatta Aranha Coneglian
21 de maio de 1977
Siqueira Campos/PR
Nascimento
Oscar Aranha e
Maria Alice Zanatta Aranha
Filiação
1995-1999 Curso de Odontologia na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná,
Curitiba - PR
2003-2004 Curso de Especialização em Endodontia
na Faculdade de Odontologia de Bauru,
Universidade de São Paulo
2005-2007 Curso de Pós-Graduação em
Endodontia, em nível de Mestrado na
Faculdade de Odontologia de Bauru,
Universidade de São Paulo
Associações CRO/MS – Conselho Regional de
Odontologia de Mato Grosso do Sul
ABO/MS – Associação Brasileira de
Odontologia de Mato Grosso do Sul,
Secção Campo Grande
SBPqO – Sociedade Brasileira de
Pesquisa Odontológica
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Ao amor da minha vida,
meu esposo Olivar Augusto.
Como expressar com palavras tudo que sinto por você?
No começo achei que não fosse conseguir. Eu, iniciando meu Mestrado, precisando
estar em Bauru a semana toda e você, já cursando o seu, podendo nos encontrar
somente nos finais de semana. Ficar longe era meu maior sofrimento.
Mas como sempre, com sua inteligência, você me incentivava, e dizia que não nos
arrependeríamos pelo que passávamos, pois sabia o quanto eu queria estar aqui.
Hoje, no final do curso, vejo que fizemos o que era certo. Valeu a pena!
Conseguimos superar todas as dificuldades, saudades, momentos de impaciência,
pois vibrávamos também com cada hora de alegria.
E assim foi possível chegar ao final dessa etapa.
Seu amor, suas palavras e seu exemplo de garra fizeram com que eu vencesse
todos os obstáculos.
Tenho certeza de que ainda vamos continuar na luta, pois adoramos aquilo que
fazemos e somos persistentes.
E assim seremos também com nossa filha Laura, que está prestes a chegar.
Com certeza seremos bons exemplos, e saberemos mostrar para ela que tudo nessa
vida deve ser conquistado com esforço e dedicação.
Obrigada por tudo,
Te Amo!
“Eu só quero que você saiba
que eu estou pensando em você
agora e sempre mais
...que eu te adoro cada vez mais...”
(Marisa Monte)
Aos meus pais
Oscar e Maria Alice
Pai e mãe não se escolhe, se é presenteado por Deus.
E que presente lindo eu recebi.
Acho que em nenhum dia vocês se esqueceram de mim, estavam sempre
presentes, cada um da sua maneira, lutando para que tudo em minha vida ocorresse
da melhor forma possível.
Meu pai sempre extremamente dedicado ao seu trabalho, preocupado em fazê-lo de
forma correta e honesta, mostrando que isso é primordial naquilo que se realiza;
tenho certeza que foi por tal motivo que conseguiu tudo de que precisou nessa vida.
Minha mãe, querendo sempre que eu e meus irmãos estudássemos, procurando
escolas que nos dessem um ensino de qualidade, para sermos bons naquilo que
realizássemos, é também minha eterna e melhor conselheira e companheira de
todas as horas.
Espero ter merecido tudo o que fizeram por mim, me amparando, amando,
fortalecendo e estimulando. Saibam que tudo o que sou hoje tem influência de
vocês, que se preocuparam em me passar valores que se levam para toda a vida.
Agradeço todos os dias a Deus por vocês existirem e me amarem.
Hoje lhes dedico essa vitória, pois foram vocês que plantaram a semente para que
isso fosse possível.
“Há momentos na vida em que se deveria calar ... e deixar que o silêncio falasse ao
coração; pois há sentimentos que a linguagem não expressa... e há emoções que as
palavras não sabem traduzir” (autor desconhecido).
Amo-os Muito!
Ao meu orientador,
Prof. Dr. Roberto Brandão Garcia
Acho que sou mesmo uma pessoa de muita sorte. Ter um orientador como o senhor
não é para qualquer um.
Desde o momento que passei na prova do Mestrado tinha a intenção de fazer um
trabalho biológico, mesmo sabendo que seria mais demorado e trabalhoso, pois
nunca havia feito pesquisa em animais antes, e tudo o que é novo é mais difícil.
Então, quando soube que o senhor seria meu orientador e conhecendo seu gosto
por trabalhos desse tipo, vi que tudo se encaixava.
Em todos os momentos senti sua preocupação e dedicação, desde a escolha do
tema e metodologia, realização do projeto piloto e do próprio experimento,
processamento histológico, análise e fotografia das lâminas. Realmente posso dizer
que o senhor foi surpreendente. Mesmo nas horas de medo e insegurança tinha sua
presença e apoio, me passando calma, coragem e determinação.
Além disso, o senhor, junto com a sua esposa Stela, mostraram ser, para mim,
pessoas especiais, sempre atenciosos, educados e preocupados tanto com o meu
bem-estar quanto com o do Guto.
Desejo ao senhor, Dona Stela, Roberta, Alexandre, Leandra, Mariana e Gilberto
muita alegria e saúde em suas vidas.
Muito Obrigada!
“O homem superior é modesto em seu discurso, mas excede em suas ações”.
(Confúcio)
Meu Deus,
A vida é um desafio diário. Contudo, dentro desse caminho, o que posso dizer é que
o Senhor é muito generoso, pois, além de ter dado saúde a mim e a minha família, o
que me reservou fora sua companhia, me iluminando, guiando e fortalecendo nas
horas difíceis, protegendo nas incontáveis viagens e, principalmente, colocando
pessoas maravilhosas ao meu redor, fazendo minha vida tão feliz.
“Senhor, eu sei que tu me sondas...
conheces meus pensamentos...
sabes todos os meus passos...
eu sei que tu me amas.”
(Salmo 139)
A
A
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s
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“O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso, existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
(Fernando Sabino)
Aos Professores do Departamento de Endodontia da Faculdade de Odontologia de
Bauru, Prof. Dr. Clóvis Monteiro Bramante, Prof. Dr.
Ivaldo Gomes de Moraes, Prof. Dr. Norberti
Bernandineli, Prof. Dr. Roberto Brandão Garcia.
Na graduação, tinha um sonho: fazer especialização em Endodontia na FOB.
Mestrado, era algo muito distante.
Por vezes a vida nos abre caminhos que não podemos deixar de seguir.
Hoje estou aqui, especialista, e agora concluindo o mestrado na Faculdade de
Odontologia de Bauru.
Quando do início dos meus sonhos, já ouvia falar dos senhores, e agora, já com
quase quatro anos de convivência, o que posso afirmar é que, mais do que
profundos conhecedores da especialidade, tenho-os verdadeiramente como
exemplos de professores; isso não só pela dedicação à docência e preocupação
com a qualidade, mas pelo fato de mostrarem a todo momento que, por trás de um
jaleco, sempre existe um ser humano.
Assim, não posso deixar de lembrar a forma carinhosa e fraternal com que me
receberam e trataram durante esses anos.
Os meus sinceros agradecimentos e minha profunda admiração.
À direção da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, na
pessoa do Diretor Prof. Dr. Luiz Fernando Pegoraro, pelas condições
oferecidas por essa unidade que fizeram possível a realização desse trabalho.
À Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru,
Universidade de São Paulo, na pessoa da Presidente Profa. Dra. Maria
Aparecida de Andrade Moreira Machado
.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, pelo
incentivo por meio da concessão da bolsa de estudos.
À minha querida e sempre professora de Endodontia Profa. Dra. Vânia
Portela Ditzel Westphalen
, pelos ensinamentos passados durante a
graduação, pela atenção dispensada, e por despertar em mim o amor por essa
Disciplina.
Aos amigos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Prof. Dr. Ulisses
Xavier da Silva Neto
e Prof. Dr. Everdan Carneiro, por trilharem um
caminho na Faculdade de Odontologia de Bauru, que está sendo por mim seguido,
pelo apoio, confiança e conselhos.
Aos professores dos cursos de Aperfeiçoamento e Especialização em Endodontia da
Associação Brasileira de Odontologia de Campo Grande/MS, Prof. Dr. Celso
Kenji Nishiyama
e Rogério Pereira Becegato, por fazerem parte do meu
aprimoramento profissional, por serem sempre atenciosos, receptivos e pela
confiança depositada.
Aos meus amados irmãos Marco e Cézar e à minha querida cunhada Stefânia,
que sempre se preocuparam comigo, ajudaram-me e torceram por mim.
Aos meus lindos afilhados Hellen, Vinícius e Giovanna e aos meus
compadres, por sempre entenderem os momentos em que eu não podia estar
presente. Tenho vocês sempre na minha mente e no meu coração.
Aos meus sogros
Olivar e Ruth, e às minhas cunhadas Fabíola e Fabiana,
por acreditarem nesse sonho, pela dedicação e pela força.
À toda a família
Stoppa, em especial à Tia Rosa, Geraldo, Tia Isa,
Cibele, Cilene, João
e Cileide, por serem tão carinhosos, pela lembrança em
todos os momentos e por estarem sempre prontos para me ajudar.
A Fernando Accorsi Orosco.
Pessoa que posso chamar de GRANDE AMIGO que, com sua generosidade,
estimulava-me e ajudava em tudo que fosse preciso, mesmo sem, às vezes, eu pedir
e, com seu jeito alegre, me fazia rir nos momentos de tristeza. Agradeço a dedicação
e a amizade incondicional.
Às amigas Adriana Lustosa Pereira e Roberta Dias Garcia,
pelos momentos divertidos que passamos juntas, pelo apoio e pela ajuda incansável
nos experimentos.
A Bruno Vasconcelos, Carla Sipert, Márcia Magro e Ramiro
Oropeza
não só colegas de turma, mas amigos, pois juntos enfrentamos esta difícil
etapa da vida na busca do conhecimento; em especial à Clarice Eloy,
companheira, conselheira e,com sua alegria, divertida e entusiasmante; e
Ronan
Delgado
, pessoa simples e transparente, dedicado e solícito em todos os
momentos.
Às amigas do Departamento de Histologia
Daniele Santi Ceolin e Tânia Mary Cestari.
Pessoas excepcionais. Obrigada pela amizade, pela preocupação, pela
generosidade, pelos ensinamentos tão valiosos e imprescindíveis para que fosse
possível a realização do processamento histológico desse trabalho, além de toda a
ajuda e por serem tão dedicadas em tudo que realizam. Foi uma enorme alegria e
satisfação trabalhar ao lado de vocês.
Aos professores do Departamento de Histologia, Prof. Dr. Rumio Taga,
Prof. Dr. Gerson Francisco de Assis, Prof. Dr. Gustavo
Pompermaier Garlet
e aos funcionários e estagiários desse Departamento, por
permitirem que fosse realizada uma grande parte dessa pesquisa em seu local de
trabalho, por me receberem tão bem e pela cortesia.
Aos funcionários do Departamento de Endodontia, Suely Regina Bettio,
Neide Leandro, Edimauro de Andrade
e Patrícia Fernanda Vital
Lopes
, por ajudarem em tudo o que fosse preciso, pela preocupação, pelo
companheirismo e pela convivência durante esses anos.
Aos funcionários do Biotério, José Carlos Silva e Erasmo Gonçalves Da
Silva,
pela atenção dispensada durante a realização tanto das cirurgias como do
sacrifício dos animais e pelo cuidado com meus ratos.
Aos professores da Disciplina de Cirurgia,
Prof. Dr. Osny Ferreira Júnior
e Prof. Dr. Eduardo Sant’ana, por emprestarem os instrumentos usados
para a realização das extrações dentárias nos animais.
Ao colega Moacyr Tadeu Vicente Rodrigues, do Mestrado em
Estomatologia, por me ensinar a realizar as cirurgias e remover as hemimaxilas após
a morte dos animais.
À empresa Baumer S.A., pelo apoio e incentivo ao fornecer a Hidroxiapatita
BTCP GenPhos para ser testada nessa pesquisa.
Ao Prof. Dr. Eulázio Mikio Taga, consultor científico de empresa
Baumer S.A., pelo interesse no desenvolvimento desse trabalho.
Ao Prof. Dr. Rodrigo Cardoso de Oliveira, do Departamento de
Bioquímica, por sanar minhas dúvidas de forma tão receptiva e educada nos
momentos em que precisei.
Aos funcionários do Departamento de Bioquímica
Ovídio dos Santos Sobrinho
E Thelma Lopez Silva, por serem sempre prestativos e medirem o pH dos
materiais usados nesse trabalho.
Ao Prof. Dr. José Roberto Pereira Lauris, do Departamento de Saúde
Coletiva, pela atenção e ajuda na realização da análise estatística desse trabalho.
Aos funcionários da biblioteca dessa Universidade, em especial à Cybele Fontes,
Rita Paglione, Valéria Ferraz, Vera Boccato, Ademir Padilha,
Ana Paula Moço, César Campos
e Allan Dias, por sempre se
mostrarem dispostos a ajudar e desempenharem suas funções com dedicação.
A todas aquelas pessoas que, de uma forma ou de outra, estiveram presentes na
minha vida e fizeram possível a realização desse sonho,
Muito Obrigada!
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................
61
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................
69
2.1. TECIDO ÓSSEO ............................................................................... 69
2.1.1 Características ................................................................................
69
2.1.2 Processo de reparo ........................................................................
71
2.2 SULFATO DE CÁLCIO ..................................................................... 74
2.3 HIDROXIAPATITA ............................................................................ 93
3 PROPOSIÇÃO ..................................................................
113
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................
117
4.1 ANIMAIS ........................................................................................... 117
4.2 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................ 117
4.2.1 Sulfato de cálcio di-hidratado ........................................................
117
4.2.2 Hidroxiapatita BTCP GenPhos ......................................................
118
4.3 ANESTESIA ...................................................................................... 118
4.4 INTERVENÇÃO CIRÚRGICA ........................................................... 121
4.5 GRUPOS EXPERIMENTAIS E CONTROLE .................................... 122
4.6 OBTENÇÃO DAS PEÇAS ................................................................ 129
4.7 PROCESSAMENTO LABORATORIAL ........................................... 133
4.8 FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................... 134
4.8.1 Análise descritiva ...........................................................................
134
4.8.2 Análise quantitativa ........................................................................
137
4.8.2.1 Infiltrado inflamatório ......................................................................... 137
4.8.2.2 Densidade de fibroblastos ................................................................ 138
4.8.2.3 Densidade angioblástica ................................................................... 138
4.8.2.4 Neoformação de tecido ósseo .......................................................... 139
4.8.3 Análise estatística ...........................................................................
140
5 RESULTADOS ..................................................................
143
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA .................................................................... 143
5.1.1 Grupo I – Controle – 7 dias ............................................................
143
5.1.2 Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 7 dias ........................
149
5.1.3 Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 7 dias .....................
155
5.1.4 Grupo I – Controle – 15 dias ..........................................................
161
5.1.5 Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 15 dias ......................
165
5.1.6 Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 15 dias ...................
171
5.1.7 Grupo I – Controle – 30 dias ..........................................................
177
5.1.8 Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 30 dias ......................
181
5.1.9 Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 30 dias ...................
187
5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA ................................................................ 191
5.2.1 Infiltrado inflamatório .....................................................................
191
5.2.2 Densidade de fibroblastos .............................................................
193
5.2.3 Densidade angioblástica ................................................................
195
5.2.4 Neoformação de tecido ósseo .......................................................
197
5.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................... 199
6 DISCUSSÃO ..................................................................
209
6.1 DA METODOLOGIA ......................................................................... 209
6.2 DOS RESULTADOS ......................................................................... 216
7 CONCLUSÕES .................................................................
231
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................
235
ABSTRACT .......................................................................
253
APÊNDICE
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Sulfato de cálcio di-hidratado – Carlo Erba Reagenti .............. 119
Figura 2 -
Hidroxiapatita BTCP GenPhos – Baumer S.A. ........................ 119
Figura 3 -
Sedativo e relaxante muscular Anasedan e anestésico
Dopalen ...................................................................................
119
Figura 4 -
Anti-sepsia do campo operatório ............................................. 123
Figura 5 -
Sindesmotomia ........................................................................ 123
Figura 6 -
Luxação do incisivo superior direito ........................................ 123
Figura 7 -
Extração do incisivo superior direito ........................................ 123
Figura 8 -
Incisivo superior direito extraído .............................................. 123
Figura 9 -
Instrumentos cirúrgicos ........................................................... 125
Figura 10 -
Detalhe dos instrumentos cirúrgicos ....................................... 125
Figura 11 -
Hidroxiapatita BTCP GenPhos manipulada ............................ 125
Figura 12 -
Sulfato de cálcio di-hidratado manipulado ............................... 125
Figura 13 -
Micro-porta-amálgama metálico .............................................. 125
Figura 14 -
Inserção do material no alvéolo ............................................... 125
Figura 15 -
Cone de guta-percha encurvado e calibrado .......................... 127
Figura 16 -
Compactação do material no alvéolo ...................................... 127
Figura 17 -
Sutura ...................................................................................... 127
Figura 18 -
Dente antagonista desgastado ................................................ 127
Figura 19 -
Pentabiótico Veterinário e antinflamatório Ketofen 1% ........... 127
Figura 20 -
Luxação da mandíbula ............................................................ 131
Figura 21 -
Incisão ao nível do plano sagital mediano ............................... 131
Figura 22 -
Incisão tangenciando a face distal do molar superior direito
mais posterior ..........................................................................
131
Figura 23 -
Hemimaxila direita ................................................................... 131
Figura 24 -
Hemimaxila direita após a remoção do tecido muscular
localizado em sua parte externa ..............................................
131
Figuras 25 -
Grupo I (controle) – 7 dias ....................................................... 145
Figura 25a -
Visão panorâmica do alvéolo exibindo áreas com coágulo
sangüíneo () ...........................................................................
145
Figura 25b -
Tecido de granulação jovem (TG) e cortical óssea vestibular
(CV) .........................................................................................
145
Figura 25c -
Terço médio do alvéolo. Cortical óssea lingual (CL),
trabéculas de tecido ósseo neoformado (), tecido de
granulação jovem (TG) e cortical óssea vestibular (CV) .........
147
Figura 25d -
Visão aproximada do tecido ósseo neoformado () e da
cortical óssea lingual (CL) .......................................................
147
Figuras 26 -
Grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado) – 7 dias ..................... 151
Figura 26a -
Área necrótica (AN) apresentando um de seus lados
circundado por CGMN () ......................................................
151
Figura 26b -
Terço médio do alvéolo. Área necrótica (AN), infiltrado
neutrofílico (}), tecido de granulação em organização (TG) e
focos de coágulo sangüíneo () ..............................................
151
Figura 26c -
Terço médio do alvéolo mostrando a cortical óssea lingual
(CL), tecido ósseo neoformado () e tecido de granulação
em organização com intensa atividade fibroangioblástica
(TG) .........................................................................................
153
Figuras 27 -
Grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos) – 7 dias .................. 157
Figura 27a -
Terço médio e parte do terço cervical do alvéolo com
espaços vazios deixados pelas partículas de HA (). Entre
os espaços, presença de tecido de granulação (TG) ..............
157
Figura 27b -
Detalhe da figura anterior, evidenciando a cortical óssea
vestibular (CV), espaços vazios deixados pelas partículas de
HA (), e tecido de granulação jovem e em organização (TG)
entre os espaços .....................................................................
157
Figura 27c -
Detalhe da figura anterior. Tecido de granulação em
organização (TG) e macrófagos () em contato com a
partícula de HA ........................................................................
159
Figura 27d -
Terço médio do alvéolo evidenciando a cortical óssea lingual
(CL), neoformação óssea (), tecido de granulação jovem e
em organização (TG) e espaços deixados pelas partículas de
HA () ......................................................................................
159
Figuras 28 -
Grupo I (controle) – 15 dias ..................................................... 163
Figura 28a -
Terço cervical e parte do terço médio do alvéolo com intensa
neoformação óssea () e presença de coágulo sangüíneo
() ............................................................................................
163
Figura 28b -
Terço médio evidenciando a cortical óssea lingual (CL),
tecido ósseo neoformado () e, de permeio, tecido de
granulação em organização (TG) ............................................
163
Figuras 29 -
Grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado) – 15 dias ................... 167
Figura 29a -
Terço cervical do alvéolo com neoformação óssea () a
partir da cortical óssea lingual (CL) .........................................
167
Figura 29b -
Terço cervical. Áreas amorfas sugerindo focos de
calcificação distrófica () ........................................................
167
Figura 29c -
Terço cervical do alvéolo com áreas de aspecto basofílico
granular, sugerindo resíduos do material implantado () ......
169
Figura 29d -
Terço médio do alvéolo mostrando a cortical óssea lingual
(CL), tecido ósseo neoformado () e, de permeio, tecido de
granulação com intensa vascularização (TG) e coágulo
sangüíneo () ...........................................................................
169
Figuras 30 -
Grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos) – 15 dias ................ 173
Figura 30a -
Terço médio do alvéolo mostrando a cortical óssea lingual
(CL), espaços vazios deixados pelas partículas de HA () e
cortical óssea vestibular (CV) ..................................................
173
Figura 30b -
Espaços vazios deixados pelas partículas de HA (), tendo,
de permeio, tecido ósseo neoformado () ..............................
173
Figura 30c -
Detalhe da figura anterior mostrando áreas de neoformação
óssea () e células macrofágicas () em contato com as
partículas de HA () .................................................................
175
Figura 30d -
Partícula de HA () apresentando em sua periferia células
macrofágicas mono e multinucleadas () ..............................
175
Figuras 31 -
Grupo I (controle) – 30 dias ..................................................... 179
Figura 31a -
Terço cervical e parte do terço médio do alvéolo
evidenciando neoformação óssea do tipo intensa () ............
179
Figura 31b -
Terço médio do alvéolo com neoformação de tecido ósseo
(), e cortical óssea lingual (CL) .............................................
179
Figuras 32 -
Grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado) – 30 dias ................... 183
Figura 32a -
Terço cervical evidenciando tecido ósseo neoformado () e,
de permeio, tecido de granulação com intensa
vascularização (TG) ................................................................
183
Figura 32b -
Terço cervical apresentando tecido de granulação em
organização (TG) e focos basofílicos compatíveis com
calcificação distrófica () ........................................................
183
Figura 32c -
Detalhe da figura anterior mostrando as áreas sugestivas de
calcificação distrófica () envolvidas por osso neoformado
(), e áreas basofílicas de aspecto granular, sugerindo
resíduos do material implantado () .......................................
185
Figura 32d -
Terço cervical do alvéolo mostrando áreas de aspecto
granular sugerindo resíduos do material implantado () .......
185
Figuras 33 -
Grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos) – 30 dias ................ 189
Figura 33a -
Terço cervical do alvéolo evidenciando os espaços vazios
deixados pelas partículas de HA () e, de permeio, tecido
ósseo neoformado () ............................................................
189
Figura 33b -
Partícula de HA () apresentando parte de sua superfície em
contato com o osso neoformado () e outra parte circundada
por tecido de granulação com macrófagos e CGMN () .......
189
Figura 34 -
Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à
intensidade do infiltrado inflamatório conforme os períodos
pós-operatórios e os grupos ....................................................
192
Figura 35 -
Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à
densidade de fibroblastos conforme os períodos pós-
operatórios e os grupos ...........................................................
194
Figura 36 -
Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à
densidade angioblástica conforme os períodos pós-
operatórios e os grupos ...........................................................
196
Figura 37 -
Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à
neoformação de tecido ósseo, nos terços cervical e médio,
conforme os períodos pós-operatórios e os grupos ................
198
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Dados observados nos espécimes dos grupos experimentais e
controle em cada período pós-operatório ..................................
136
Tabela 2 -
Escores atribuídos aos espécimes dos grupos experimentais e
controle conforme os critérios estabelecidos na análise
quantitativa, dentro de cada período pós-operatório ..................
140
Tabela 3 -
Grupo I – Controle – 7 dias – Dados observados nos
espécimes analisados ................................................................
144
Tabela 4 -
Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 7 dias – Dados
observados nos espécimes analisados ......................................
150
Tabela 5 -
Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 7 dias – Dados
observados nos espécimes analisados ......................................
156
Tabela 6 -
Grupo I – Controle – 15 dias – Dados observados nos
espécimes analisados ................................................................
162
Tabela 7 -
Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 15 dias – Dados
observados nos espécimes analisados ......................................
166
Tabela 8 -
Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 15 dias – Dados
observados nos espécimes analisados ......................................
172
Tabela 9 -
Grupo I – Controle – 30 dias – Dados observados nos
espécimes analisados ................................................................
178
Tabela 10 -
Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 30 dias – Dados
observados nos espécimes analisados ......................................
182
Tabela 11 -
Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 30 dias – Dados
observados nos espécimes analisados ......................................
188
Tabela 12 -
Escores atribuídos quanto ao infiltrado inflamatório nos
espécimes analisados – período de 7 dias ................................
192
Tabela 13 -
Escores atribuídos ao infiltrado inflamatório nos espécimes
analisados – período de 15 dias ................................................
192
Tabela 14 -
Escores atribuídos ao infiltrado inflamatório nos espécimes
analisados – período de 30 dias ................................................
192
Tabela 15 -
Escores atribuídos à densidade de fibroblastos nos espécimes
analisados – período de 7 dias ..................................................
194
Tabela 16 -
Escores atribuídos à densidade de fibroblastos nos espécimes
analisados – período de 15 dias ................................................
194
Tabela 17 -
Escores atribuídos à densidade de fibroblastos nos espécimes
analisados – período de 30 dias ................................................
194
Tabela 18 -
Escores atribuídos à densidade angioblástica nos espécimes
analisados – período de 7 dias ..................................................
196
Tabela 19 -
Escores atribuídos à densidade angioblástica nos espécimes
analisados – período de 15 dias ................................................
196
Tabela 20 -
Escores atribuídos à densidade angioblástica nos espécimes
analisados – período de 30 dias ................................................
196
Tabela 21 -
Escores atribuídos à neoformação de tecido ósseo nos terços
cervical e médio dos espécimes analisados – período de 7
dias .............................................................................................
198
Tabela 22 -
Escores atribuídos à neoformação de tecido ósseo nos terços
cervical e médio dos espécimes analisados – período de 15
dias .............................................................................................
198
Tabela 23 -
Escores atribuídos à neoformação de tecido ósseo nos terços
cervical e médio dos espécimes analisados – período de 30
dias .............................................................................................
198
Tabela 24 -
Teste de Kruskal-Wallis - comparação entre os três grupos (I,
II e III), nos períodos de 7, 15 e 30 dias, para cada um dos
critérios da análise quantitativa ..................................................
199
Tabela 25 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três grupos,
no período de 15 dias, quanto à neoformação de tecido ósseo
200
Tabela 26 -
Teste de Kruskal-Wallis - comparação entre os três períodos
pós-operatórios (7, 15 e 30 dias), nos grupos I, II e III, para
cada um dos critérios da análise quantitativa ............................
200
Tabela 27 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo I, quanto à densidade de
fibroblastos .................................................................................
201
Tabela 28 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo I, quanto à neoformação de
tecido ósseo ...............................................................................
202
Tabela 29 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo II, quanto ao infiltrado
inflamatório .................................................................................
202
Tabela 30 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo II, quanto à densidade de
fibroblastos .................................................................................
203
Tabela 31 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo II, quanto à neoformação
de tecido ósseo ..........................................................................
203
Tabela 32 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo III, quanto ao infiltrado
inflamatório .................................................................................
204
Tabela 33 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo III, quanto à densidade de
fibroblastos .................................................................................
204
Tabela 34 -
Teste de Dunn - comparações individuais entre os três
períodos pós-operatórios do grupo III, quanto à neoformação
de tecido ósseo ..........................................................................
205
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
β:
beta
BCP ou cerâmica BCP:
cerâmica bifásica de fosfato de cálcio
BMP:
proteína óssea morfogenética
BOP:
biocompatible osteoconductive polymer (polímero
osteocondutor biocompatível)
BTCP:
fosfato beta tricálcico
βTCP:
fosfato beta tricálcico
o
C:
grau celsius/centígrado
CGMN:
célula gigante multinucleada
cm:
centímetro
DFDBA:
desmineralized freezed dried bone allograft (osso
alógeno desidratado congelado desmineralizado)
DMB:
matriz óssea desmineralizada
EDTA:
ácido etilenodiaminotetracético
e-PTFE:
politetrafluoretileno expandido
FDBA:
freezed dried bone allograft (osso alógeno desidratado
congelado)
FOB-USP:
Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de
São Paulo
g:
grama
HA:
hidroxiapatita
HE:
hematoxilina e eosina
ml:
mililitro
mm:
milímetro
µm:
micrômetro
MN:
monucleado ou mononuclear
MTA:
agregado de trióxido mineral
NaOH:
hidróxido de sódio
%:
por cento
pH:
potencial hidrogênico
PGLA:
ácido poliglicólico
PMN:
polimorfonucleado ou polimorfonuclear
PVPI:
polivinilpirrolidona-iodado
S.A.:
sociedade anônima
SC:
sulfato de cálcio
Super EBA:
óxido de zinco e eugenol do tipo III com ácido etoxi-
benzóico
TCP:
fosfato tricálcico
TGF-β3:
fator de crescimento transformante beta 3
RESUMO
A evolução do processo de reparo ósseo foi avaliada, em alvéolos
dentários de ratos, frente ao coágulo sangüíneo, bem como ao implante de sulfato
de cálcio di-hidratado e da hidroxiapatita BTCP GenPhos. Foram utilizados 48 ratos
machos, divididos em três grupos, nos quais foi realizada a extração do incisivo
superior direito. No grupo I, os alvéolos foram preenchidos com coágulo sangüíneo,
permanecendo dessa forma como controle. No grupo II, implantou-se no alvéolo
sulfato de cálcio di-hidratado e, no grupo III, realizou-se a inserção da hidroxiapatita
BTCP GenPhos nos alvéolos. Após 7, 15 e 30 dias dos procedimentos cirúrgicos, os
animais foram mortos, as hemimaxilas direitas removidas e processadas
histologicamente para a realização das análises microscópicas descritiva e
quantitativa, cujos resultados foram submetidos aos testes estatísticos de Kruskal-
Wallis e Dunn. Foi possível concluir que o processo de reparo alveolar, aos 7, 15 e
30 dias, ocorreu de forma semelhante entre os grupos do coágulo sangüíneo, do
sulfato de cálcio di-hidratado e da hidroxiapatita BTCP GenPhos, destacando-se a
diferença significativa quanto à neoformação óssea, aos 15 dias, entre os grupos
controle e hidroxiapatita BTCP GenPhos; e que, aos 30 dias, a evolução da
neoformação óssea foi igual para todos os grupos analisados.
Palavras-chave: Alvéolo dental. Sulfato de cálcio. Substitutos ósseos.
1
1
I
I
n
n
t
t
r
r
o
o
d
d
u
u
ç
ç
ã
ã
o
o
Introdução
61
1 INTRODUÇÃO
O reparo de uma cavidade óssea desenvolve-se a partir da
formação do coágulo sangüíneo e, consequentemente, da reação inflamatória.
Neste contexto, a rede de fibrina atua como um andaime para que a proliferação
fibroangioblástica se estabeleça, oferecendo condições para que as células
mesenquimais osteoprogenitoras possam invadir a região e promover a
neoformação de tecido ósseo (CATANZARO GUIMARÃES
21
, 1982, OKAMOTO et
al.
85
, 1994).
Embora o osso mostre um grande potencial de reparo, o que torna
possível a completa restauração de sua estrutura e função, os defeitos ou cavidades
ósseas podem apresentar falhas no processo de reparo (LINDHE; KARRING;
LANG
69
, 2005), principalmente quando se tem grandes cavidades ósseas. Em tais
situações é mais comum ocorrer degeneração ou retração do coágulo sangüíneo,
não havendo assim sustentação para a proliferação de fibroblastos e novos
capilares, bem como para o influxo de células; podendo ocorrer também proliferação
de tecido fibroso para dentro do defeito.
Visando evitar tais falhas, várias pesquisas vêm sendo realizadas
em busca de materiais que apresentem características biológicas aceitáveis e que
possam ser usados como substitutos dos tecidos ósseos, auxiliando no reparo dos
mesmos. Segundo DAMIEN et al.
26
, 1990, essas pesquisas têm como objetivo
encontrar um material osteogênico, osteoindutor ou osteocondutor do processo de
reparo de lojas cirúrgicas ósseas de grandes proporções.
Introdução
62
Os materiais para enxerto com função osteogênica estimulam a
formação de osso a partir dos osteoblastos (MARX; SAUNDERS
72
, 1986, TAGA
112
,
1996). Os osteoindutores podem induzir a diferenciação de células mesenquimais
indiferenciadas em osteoblastos ou condroblastos (URIST; STRATES
114
, 1970,
TAGA
112
, 1996, LIND; BÜNGER
68
, 2001, ALBREKTISSON; JOHANSSON
3
, 2001).
Por sua vez, os materiais osteocondutores servem como um arcabouço, recebendo
em sua superfície a aposição de um novo tecido ósseo, necessitando de um pré-
existente como fonte de células osteoprogenitoras (MASTERS
73
, 1988; TAGA
112
,
1996, LIND; BÜNGER
68
, 2001, ALBREKTISSON; JOHANSSON
3
, 2001).
Além disso, deve-se considerar também o princípio da
osteopromoção, o qual utiliza uma barreira física de biomaterial em forma de
membrana para recobrir o defeito ósseo, evitando a proliferação de epitélio para o
seu interior, e permitindo o ingresso seletivo de células mesenquimais
indiferenciadas das paredes remanescentes do defeito ósseo (DAHLIN
24
, 1996,
ANSON
4
, 1996).
Os materiais para enxerto ósseo podem, ainda, ser classificados,
quanto à origem, em autógenos, alógenos, heterógenos ou xenógenos, e
aloplásticos (LINDHE; KARRING; LANG
69
, 2005).
O enxerto de osso autógeno - transplantado de um lugar para o
outro em um mesmo indivíduo - tem sido considerado o de melhor qualidade por ser
completo, proporcionando osteogênese, osteoindução e osteocondução, porém
apresenta desvantagens como a quantidade limitada de material, e a necessidade
de uma área doadora, que pode ser intra ou extra-oral (MOORE; GRAVES; BAIN
77
,
2001, GUNZBURG et al.
46
, 2001, ORSINI et al.
89
, 2004).
Os enxertos alógenos - aqueles transplantados entre indivíduos da
mesma espécie, porém de genótipos diferentes - são osteoindutores e
osteocondutores, tendo-se utilizado o osso trabecular e medular disponíveis, o osso
desidratado congelado (FDBA), ou o osso desidratado congelado desmineralizado
(DFDBA) (LINDHE; KARRING; LANG
69
, 2005). A vantagem do osso alógeno é a sua
Introdução
63
disponibilidade, bem como o fato de que evita o estado doloroso associado com a
coleta de osso autógeno (MOORE; GRAVES; BAIN
77
, 2001). Porém, segundo
relatos de JENSEN et al.
52
, 1996, possuem a desvantagem de uma resposta imune
incerta e o risco de transmissão de doenças infecciosas.
Os hetero ou xenoenxertos são oriundos de espécies animais
diferentes e não são osteogênicos, mas são osteocondutores, podendo apresentar
alguma característica indutora, e, como exemplo, há o osso bovino liofilizado. Os
aloplásticos são materiais de implante inertes que podem ser utilizados como
substitutos dos enxertos ósseos e são osteocondutores, citam-se como exemplo dos
mesmos o sulfato de cálcio, a hidroxiapatita, os polímeros, o fosfato beta tricálcico, o
carbonato de cálcio e a cerâmica de vidro bioativa (ERBE et al.
30
, 2001, LINDHE;
KARRING; LANG
69
, 2005).
Os materiais utilizados para enxerto ósseo que não são autógenos
podem ser chamados de biomateriais. Segundo WILLIANS
a
(1987 apud TUNES
113
,
1999, p. 297) são definidos como uma substância ou combinação de duas ou mais,
biologicamente inertes, de natureza sintética ou natural, representando um
instrumento auxiliar poderoso para o profissional que atua cirurgicamente no tecido
ósseo (TAGA
112
, 1996).
O material ideal para tal uso deve ser biocompatível, gradualmente
substituído por osso neoformado, e preferencialmente possuir propriedades
osteoindutivas e/ou osteocondutivas (JENSEN et al.
52
, 1996). Além disso, um grande
benefício para os cirurgiões seria um material que fosse, além de completamente
reabsorvível, protetor da ferida, de baixo custo, ainda atuasse como um reservatório
de íons cálcio, agisse como uma barreira para criar um espaço protegido para a
organização do coágulo sangüíneo e para a migração de células osteoprogenitoras
para dentro do defeito (ORSINI et al.
89
, 2004).
Apesar de não haver um material que apresente todas essas
características, existe uma grande variedade de opções quanto aos biomateriais, os
a
Willians, DF. Definitions in biomaterials. New York: Elsever, 1987 apud TUNES (1999), p. 297.
Introdução
64
quais diferem com relação à composição, tamanho e formato de partículas, bem
como da capacidade de serem ou não reabsorvidos.
Dentro da gama de materiais utilizados como substitutos ósseos,
optou-se, no presente estudo, por testar biologicamente os materiais aloplásticos
sulfato de cálcio e hidroxiapatita.
Com relação ao sulfato de cálcio, são numerosos os estudos clínicos
e laboratoriais já realizados com o objetivo de demonstrar sua aceitação e rápido
grau de reabsorção, sendo que o primeiro a relatar o uso de gesso Paris, que é uma
forma hemi-hidratada do material, foi Dressman, em 1892 (PELTIER
95
, 1961).
Em Odontologia, várias formas de mistura de sulfato de cálcio têm
sido tentadas com resultados promissores, e recentemente tal material tem sido
disponibilizado comercialmente em uma forma estéril e reabsorvível (AL RUHAIMI
2
,
2000). Outras vantagens do material em questão são o baixo custo, não induzir
reação inflamatória, não propiciar complicações pós-operatórias, possibilidade de
seu uso mesmo em meio ambiente séptico, estabilização do coágulo sangüíneo,
adesão à superfície da raiz, biocompatibilidade (PECORA et al.
92
, 1997), e servir
como uma barreira reabsorvível à proliferação de epitélio (RANKOW; KRASNER
100
,
1996).
Por sua vez, a hidroxiapatita também tem sido muito estudada por
ser o principal constituinte da fase inorgânica do osso (MAVROPOULOS
74
, 1999).
Dessa forma, materiais à base de fosfato de cálcio, principalmente a hidroxiapatita e
o fosfato β-tricálcico, são utilizados como substitutos ósseos, podem ser
reabsorvíveis ou não-reabsorvíveis, apresentar suas partículas de forma densa ou
porosa, sendo que o tamanho das mesmas e de seus poros é também variável
(TAGA
112
, 1996, TUNES
113
, 1999, SCHNETTLER et al.
104
, 2004). Segundo
JARCHO
50
, 1981, e KAWACHI et al.
55
, 2000, as cerâmicas de fosfato de cálcio
apresentam ausência de toxicidade local e sistêmica, ausência de respostas do tipo
corpo estranho ou inflamações, e aparente habilidade em se ligar ao tecido do
Introdução
65
hospedeiro. Tais vantagens são explicadas pelo fato de esses materiais serem
formados basicamente por íons cálcio e fosfato.
Neste contexto, o uso desses biomateriais, com o objetivo de auxiliar
o reparo de cavidades ósseas, mais especificamente em cirurgias parendodônticas,
justifica a realização desse trabalho, no qual será avaliada a evolução do processo
de reparo ósseo frente ao sulfato de cálcio di-hidratado e à hidroxiapatita BTCP
GenPhos.
2
2
R
R
e
e
v
v
i
i
s
s
ã
ã
o
o
d
d
a
a
L
L
i
i
t
t
e
e
r
r
a
a
t
t
u
u
r
r
a
a
Revisão da Literatura
69
2 REVISÃO DA LITERATURA
Antes de tratar especificamente dos materiais para enxerto utilizados
no presente trabalho, far-se-á uma breve descrição a respeito das características do
tecido ósseo, bem como do seu processo de reparo. Por isso, esta revisão da
literatura será dividida em três partes: tecido ósseo; sulfato de cálcio; e
hidroxiapatita.
2.1 TECIDO ÓSSEO
2.1.1 Características
O tecido ósseo é um tecido conjuntivo especializado, constituído por
células e por um material extracelular mineralizado, a matriz óssea
(ROSENBERG
101
, 2000). Além disso, todos os ossos são revestidos em suas
superfícies externas e internas por membranas conjuntivas que possuem células
osteogênicas, o periósteo e o endósteo, respectivamente (JUNQUEIRA;
CARNEIRO
54
, 2004).
O osso é formado por partes sem cavidades visíveis, chamado de
osso compacto ou cortical, e por partes com muitas cavidades intercomunicantes, o
osso esponjoso. Tanto as cavidades do osso esponjoso quanto o canal medular da
diáfise dos ossos longos são ocupados pela medula óssea, a qual, no recém-
Revisão da Literatura
70
nascido é ativa na produção de células do sangue, diminuindo essa atividade com o
passar da idade (JUNQUEIRA; CARNEIRO
54
, 2004).
As células que compõem o tecido ósseo são os osteoblastos,
osteócitos, osteoclastos, e as osteoprogenitoras. Os osteoblastos ficam dispostos
nas superfícies ósseas, sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, e participam
também da mineralização da mesma, representando, assim, as células que
produzem tecido ósseo. Os osteócitos, células maduras oriundas dos osteoblastos,
ficam aprisionados na matriz óssea, dentro de uma lacuna, depositando pequenas
quantidades de matriz, e têm um papel importante no controle da homeostasia do
cálcio. Os osteoclastos, por sua vez, se localizam na superfície óssea exposta e
apresentam a função de reabsorver tecido ósseo. Por fim, as células
osteoprogenitoras têm o objetivo de se multiplicarem por mitose e se diferenciarem
em osteoblastos, desempenhando um importante papel no crescimento e reparo
ósseo. Elas são encontradas na medula óssea, no periósteo, no endósteo, e em
todas as estruturas dentro da cavidade medular (JUNQUEIRA; CARNEIRO
54
, 2004).
A matriz óssea é uma estrutura bifásica, englobando uma porção
orgânica e outra inorgânica. A parte orgânica representa cerca de 35% da matriz
óssea, é formada por fibras colágenas (95%), constituídas por colágeno do tipo I, e
por pequena quantidade de proteoglicanas e glicoproteínas. Na parte inorgânica,
que compõe os 65% restantes da matriz óssea, os íons mais encontrados são o
cálcio e o fósforo, juntamente com menores quantidades de bicarbonato, citrato,
magnésio, sódio, e potássio. O cálcio e o fósforo existem basicamente sob a forma
de cristais de hidroxiapatita, mas o fosfato de cálcio também está presente sob a
forma amorfa. A associação da hidroxiapatita com as fibras colágenas é responsável
pela dureza e resistência do tecido ósseo (GARTNER; HIATT
39
, 2003, JUNQUEIRA;
CARNEIRO
54
, 2004).
Revisão da Literatura
71
2.1.2 Processo de reparo
Toda agressão sofrida por um tecido resulta em uma reação
inflamatória, a qual destrói, dilui e isola o agente nocivo, além de desencadear uma
série de eventos que tentam curar e reconstituir o tecido danificado. Dessa forma, a
resposta inflamatória está intimamente ligada ao processo reparo, que pode ocorrer
por meio da regeneração ou da cicatrização, mas somente após a eliminação do
agente flogógeno (KUMAR; ABBAS; FAUSTO
61
, 2004).
A regeneração é a restauração completa da perda tecidual, com
reconstituição da estrutura e função originais, e se desenvolve por meio da
proliferação e diferenciação celular. Dentre os tecidos dotados da capacidade de
regeneração tem-se, como exemplo, os epitélios cutâneo-mucosos de revestimento,
o fígado, e os linfonodos (CATANZARO GUIMARÃES
21
, 1982, KUMAR; ABBAS;
FAUSTO
61
, 2004).
Por outro lado, a cicatrização é um processo fibroproliferativo, e o
tecido destruído é substituído por tecido de granulação, ocorrendo, ao seu término,
alteração da estrutura e função originais do mesmo. Como exemplo dessa
modalidade do processo de reparo há as feridas excisionais profundas e o infarto do
miocárdio (KUMAR; ABBAS; FAUSTO
61
, 2004).
O osso é um dos poucos órgãos cujo processo de reparo se realiza
por meio da regeneração. Apesar disso, a mesma pode ser limitada em alguns
casos como, por exemplo, a remoção da metade de um osso longo, visto que não
haverá a reconstituição total do tecido. Porém, embora limitada, ainda se configura
como uma autêntica regeneração, já que o osso neoformado apresentará
características idênticas ao destruído após a remodelação estar concluída
(CATANZARO GUIMARÃES
21
, 1982).
Para explicar o processo de reparo de um defeito ósseo, pode-se
considerar o mecanismo de cura do alvéolo pós-extração dental (JOHANSEN
53
,
1970, LINDHE; KARRING; LANG
69
, 2005), o qual difere apenas pelo fato de o
Revisão da Literatura
72
mesmo conter restos do tecido do ligamento periodontal, que funciona como uma
fonte de fibroblastos (OKAMOTO
83
, 1964, JOHANSEN
53
, 1970, OKAMOTO;
RUSSO
86
, 1973, LIN; McCULLOCH; CHO
67
, 1994).
Frente à extração dentária, inicia-se o processo de regeneração
óssea intra-alveolar, a qual ocorre em três estágios, quais sejam, a formação e
organização do coágulo sangüíneo, a maturação do tecido de granulação, e a
neoformação e remodelação ósseas (OKAMOTO
83
, 1964, CATANZARO
GUIMARÃES
21
, 1982, OKAMOTO; RUSSO
86
, 1973).
A formação do coágulo sangüíneo é a primeira ocorrência a se
observar. Na superfície desse coágulo, há focos de coagulação de fibrina e, no seu
interior, as delgadas trabéculas de fibrina formam uma “malha”, onde se alojam
hemácias, granulócitos, linfócitos e monócitos, sendo que os últimos, por meio da
diferenciação, dão origem aos macrófagos. Ao mesmo tempo, ocorre proliferação e
diferenciação dos fibroblastos e das células endoteliais, caracterizando o tecido de
granulação, e invasão por células osteoprogenitoras, utilizando as trabéculas de
fibrina como um andaime (CATANZARO GUIMARÃES
21
, 1982). Os macrófagos,
além de serem os principais responsáveis pela digestão e remoção dos detritos
celulares e da fibrina coagulada, liberam citocinas e fatores de crescimento que,
posteriormente, promoverão a migração, proliferação e diferenciação das células
osteoprogenitoras (LINDHE; KARRING; LANG
69
, 2005).
A formação do tecido de granulação inicia-se a partir das regiões
periféricas do coágulo sangüíneo e evolui gradativamente para o centro do mesmo,
até o momento em que há a total substituição do coágulo pelo tecido de granulação
neoformado, rico em alças vasculares, fibroblastos e células inflamatórias
(CATANZARO GUIMARÃES
21
, 1982).
Após isso, começa a haver a maturação desse tecido, caracterizada
pelo predomínio da fase fibroblástica, a qual é representada pela deposição de fibras
colágenas paralelamente ao desaparecimento das trabéculas de fibrina, formando
assim o calo fibroso intra-alveolar. Essa maturação segue também uma orientação
Revisão da Literatura
73
centrípeta, sendo mais adiantada na periferia do que no centro do tecido de
granulação, onde ainda se pode ter resíduos de coágulo sangüíneo. No início da
fase fibroblástica, parece não haver grande modificação da população celular;
todavia, à medida que ocorre a organização das fibras colágenas, a população de
fibroblastos é reduzida, assim como a de vasos sangüíneos (CATANZARO
GUIMARÃES
21
, 1982).
A osteogênese intra-alveolar, da mesma forma que a organização do
coágulo, a formação e maturação do tecido de granulação, ocorre da periferia para o
centro do calo fibroso. Essa atividade osteogênica resulta, inicialmente, num tecido
denso fibroso eosinófilo, rico em células osteoblásticas, o qual evolui para uma
estrutura trabecular imatura denominada calo ósseo intra-alveolar, que apresenta
estrutura trabecular irregular, fibras colágenas desorganizadas, concentração
elevada de osteócitos, e menor índice de calcificação. Com o processo de
remodelação, esse tecido ósseo imaturo é gradualmente reabsorvido e substituído
pelo tecido ósseo maduro ou lamelar, onde as fibras colágenas organizam-se em
lamelas paralelas umas às outras, tendo-se então um tecido ósseo bem organizado
e mineralizado (CATANZARO GUIMARÃES
21
, 1982).
Porém, segundo LINDHE; KARRING; LANG
69
, 2005, existem fatores
que podem interferir negativamente na formação do tecido ósseo após uma injúria
como a falha na proliferação de vasos sangüíneos para o interior do defeito, a
estabilização inadequada do coágulo e do tecido de granulação, o crescimento de
um tecido “não-ósseo” com alta atividade proliferativa, e a proliferação bacteriana.
Nesta linha, apesar da capacidade de regeneração do tecido ósseo, em cavidades
muito grandes, locais onde tais falhas podem ocorrer com maior freqüência, faz-se,
muitas vezes, necessário utilizar um biomaterial que auxilie o processo de reparo,
seja por meio da osteogênese, osteoindução, osteocondução ou osteopromoção.
Revisão da Literatura
74
2.2 SULFATO DE CÁLCIO
A gipsita ou sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO
4
·2H
2
O) é um
mineral encontrado em várias partes do mundo, muito embora também possa ser
obtido como subproduto resultante de alguns processos químicos. Tal mineral é
utilizado para fins odontológicos após passar pelo processo de calcinação, isto é,
trituração e aquecimento a temperaturas que variam de 110
o
a 120
o
C, tendo como
objetivo retirar parte da água de sua cristalização, formando assim o sulfato de cálcio
hemi-hidratado (CaSO
4
·1/2H
2
O) (ANUSAVICE
5
, 2005).
O sulfato de cálcio hemi-hidratado, ou gesso Paris, tem uma história
documentada de uso seguro em ortopedia de mais de 100 anos, e, em odontologia,
de mais de 30 anos. Com o passar do tempo, seu uso tornou-se mais comum,
havendo um aumento na quantidade de literatura a seu respeito (SOTTOSANTI
107
,
1992).
O gesso Paris, quando utilizado com o objetivo de reparo ósseo, é
considerado uma substância de baixo custo e que oferece vantagens como
disponibilidade e possibilidade de esterilização. Além disso, é bem tolerado pelos
tecidos duros e moles, tem um rápido grau de reabsorção (PELTIER
95
1961,
BAHN
10
, 1966), não induz reação inflamatória, não propicia complicações pós-
operatórias, há a possibilidade de seu uso mesmo em meio ambiente séptico,
estabiliza o coágulo sangüíneo, adere à superfície da raiz, e impede a proliferação
de epitélio para o interior dos defeitos ósseos (FRAME
34
, 1975, PECORA et al.
92
,
1997, SOTTOSANTI
107
, 1992); sendo também de fácil manuseio e aplicável em
diferentes situações (STUBBS et al.
110
, 2004). Por outro lado, tal material parece não
ter efeito osteoindutivo, mas tem função como mantenedor de espaço (PELTIER
95
,
1961, KIM et al.
56
, 1998).
O primeiro relato de uso do gesso Paris para preenchimento de
defeitos ósseos foi publicado em 1892 por Dreesman
b
(apud Peltier
95
, 1961). Tal
autor utilizou o material para o preenchimento de defeitos ósseos em oito pacientes.
b
Dreesman, H. Ueber knochenplombierung. Beitr Klin Chir. 1892; 9: 804-10 apud Peltier (1961), p.1.
Revisão da Literatura
75
Seis desses tinham cavidades ósseas causadas por tuberculose; em três o defeito
foi preenchido por tecido ósseo, em dois houve falha no reparo, e, no último, que
apresentava 2 cavidades, uma reparou e a outra não. Nos outros dois pacientes, um
apresentando uma cavidade devido à osteomielite, e o outro causada pela remoção
de um tumor, houve completo reparo ósseo após o implante de gesso Paris.
Dois anos depois, STACHOW
c
(apud Peltier
95
, 1961) utilizando o
gesso Paris para o implante em defeitos de ossos longos em ovelhas, verificou a
ocorrência de reabsorção do material e reparo normal do osso, sendo que o autor
notou apenas uma leve reação inflamatória causada pelo implante.
Em 1958, PELTIER; ORN
96
relataram o efeito da adição de gesso
Paris em materiais para enxerto ósseo, usados para reconstruir defeitos criados no
osso rádio de cães. Na ocasião, 4 diferentes materiais foram empregados: osso
autógeno, osso autógeno adicionado de sulfato de cálcio, osso alógeno, e osso
alógeno adicionado de sulfato de cálcio. Os autores verificaram que não houve
nenhuma evidência de que o gesso Paris tenha afetado adversamente a
regeneração óssea. Porém, ele não melhorou a ação do osso autógeno, e, quando
adicionado ao osso alógeno, resultou em um pequeno aumento do número de
defeitos completamente preenchidos por tecido ósseo.
Com o objetivo de estudar o grau de reabsorção de vários materiais
para enxerto e substitutos ósseos, BELL
11
, 1960, examinou radiografias de
implantes, colocados entre os músculos gastrocnêmios de cães. Os implantes de
gesso Paris foram os mais rapidamente absorvidos, sendo que tal ocorrência se deu
em uma média de 4,7 semanas. A reabsorção de implantes de osso autógeno
aconteceu em 7 semanas, de alógeno em 10 semanas, e de xenógeno em 11,5
semanas. Os implantes de osso inorgânico desidratado congelado foram
reabsorvidos lentamente, mostrando mínima ou nenhuma alteração radiográfica
após 16 meses.
c
Stachow, V. Versuch über knochenplombierung bei hohlenförmigen defekten des knochens. Beitr
Klin Chir. 1894; 12: 389-408 apud Peltier (1961) p. 1.
Revisão da Literatura
76
CALHOUN; GREENE; BLACKLEDGE
15
, 1962, realizaram um estudo
em cães em que, após a extração do quarto pré-molar inferior esquerdo e
seccionamento do tecido ósseo adjacente igual a aproximadamente o diâmetro
mésio-distal do dente extraído, havia uma fratura cirúrgica da mandíbula. As
extremidades do tecido ósseo fraturado eram mantidas com uma esplintagem extra-
oral com fio de aço. Nos animais do grupo A, um bloco estandardizado e esterilizado
de gesso Paris era colocado no defeito ósseo, sendo o mesmo mantido com um fio
de aço. Por outro lado, nos animais do grupo B, o defeito era preenchido com
coágulo sangüíneo. A obtenção dos resultados permitiu verificar que 50% dos
animais do grupo A apresentaram evidências de união óssea da mandíbula, nos
períodos pós-operatórios de 60, 90 e 120 dias. Já, nos animais do grupo B, ocorreu
a neoformação óssea em zero, 25 e 25%, respectivamente, em cada intervalo de
tempo analisado.
A utilização do gesso Paris em bolsas infra-ósseas, criadas no
processo alveolar de 10 cães, foi proposta por RADENTZ; COLLINGS
99
, 1965.
Foram feitas três bolsas em cada animal; duas foram preenchidas com gesso Paris
associado ao soro fisiológico, e uma não foi preenchida, funcionando como controle.
Os resultados mostraram que o osso alveolar respondeu ao implante de gesso Paris
com a absorção e substituição do mesmo por tecido ósseo. A regeneração óssea foi
similar nos grupos experimentais e controle, exceto pelo fato de que, quando se
utilizou gesso Paris, a mesma ocorreu de forma mais rápida e uniforme. Segundo os
autores, essa melhora no padrão de cura pode ser atribuída ao efeito selador do
gesso Paris, o qual pode, provavelmente, impedir a entrada de materiais estranhos e
o crescimento de epitélio para dentro da ferida. Além disso, o grau de cura de um
defeito ósseo em cães parece ser diretamente proporcional à severidade e duração
da inflamação, e houve reparo mais rápido quando se teve mínima inflamação.
Posteriormente, CALHOUN; NEIDERS; GREENE
16
, 1967,
propuseram um estudo do gesso Paris como um material para a reconstrução do
processo alveolar em defeitos cirúrgicos criados na mandíbula de cães. Os autores
utilizaram 24 animais, criando defeitos do lado esquerdo e direito da mandíbula. Os
do lado esquerdo foram preenchidos com gesso Paris e os do lado direito serviram
Revisão da Literatura
7
7
como controle. Os resultados mostraram que o gesso Paris produziu pouca ou
nenhuma reação tecidual, sendo que nos cães sacrificados 3 dias após a cirurgia a
quantidade de reação inflamatória do lado experimental não pôde ser diferenciada
daquela do lado controle e, aos 30 dias, não se verificou inflamação em nenhum dos
lados. Quanto à reabsorção do material implantado, a mesma ocorreu dentro de 15
dias, sendo que aos 30 dias não foram encontradas evidências de gesso Paris nem
em radiografias, nem em exame microscópico. Por outro lado, os autores concluíram
que o gesso Paris nem acelerou nem diminuiu a velocidade do processo de reparo.
Não houve, entretanto, nenhum efeito prejudicial aparente causado pelo implante de
gesso na mandíbula de cães.
Em 1971, SHAFFER; APP
105
realizaram uma avaliação do
comportamento clínico do gesso Paris no tratamento de defeitos infra-ósseos em
humanos. Cinco pacientes adultos foram selecionados para o estudo e um total de
dez defeitos foram tratados. Para a análise, foram realizadas radiografias pré-
operatórias, imediatamente e seis meses após a cirurgia. Além disso, seis meses
pós-operatoriamente, um retalho mucoperiósteo foi realizado e o local do implante foi
medido e fotografado. Com a obtenção dos resultados, os autores concluíram que o
gesso Paris foi bem tolerado pelos tecidos e reabsorvido rapidamente, porém não foi
substituído por osso neoformado.
Já o implante de gesso Paris em alvéolos dentários de ratos, com o
objetivo de avaliar a possibilidade do emprego desse material em cirurgias
parendodônticas, foi realizado por VICTOR et al.
117
, 1975. Cinqüenta e seis ratos
foram divididos em dois grupos de vinte e oito animais, um controle e outro
experimental. Os incisivos superiores direitos dos ratos foram extraídos. No grupo
controle procedeu-se apenas a sutura da mucosa após a exodontia. Para os animais
do segundo grupo, o gesso Paris foi previamente preparado na proporção pó-líquido
de 100g de gesso para 50ml de água destilada, sendo que o formato do gesso se
aproximou ao da morfologia da raiz do incisivo superior extraído. Após a
esterilização, o material foi introduzido nos alvéolos com o auxílio de uma pinça
clínica, imediatamente após as extrações; procedendo-se de imediato à sutura da
mucosa. Os animais, em número de quatro para cada grupo, foram sacrificados no
Revisão da Literatura
78
período de 1, 6, 12, 18, 24, 30 e 40 dias após o ato operatório. A análise
microscópica demonstrou que o material se comportou como irritante aos tecidos,
não permitiu a neoformação óssea nas suas adjacências, retardou a cronologia do
processo de reparo e provocou reação do tipo corpo estranho nos últimos estágios
analisados. Por isso, os autores concluíram que tal material não deve ser
empregado em cirurgias ósseas na cavidade bucal.
FRAME
34
, 1975, investigou o sulfato de cálcio di-hidratado como
uma possível alternativa ao enxerto de osso autógeno para restaurar defeitos
ósseos na mandíbula. Para isso, implantou o material subcutaneamente em ratos
com o objetivo de determinar o grau de degradação do mesmo in vivo, e a reação
tecidual provocada. Segundo técnica estandardizada, foram produzidos cilindros de
sulfato de cálcio di-hidratado estéril, de pureza e porosidade conhecidas. Uma
incisão similar à realizada para o implante do material foi feita em cada animal como
controle, sem a colocação de nenhum implante. O autor realizou radiografias dos
implantes semanalmente, e os animais foram mortos após 1, 2, 4 e 8 semanas. O
exame radiográfico demonstrou que o material implantado iniciou sua degradação
dentro de uma semana. Por outro lado, conforme a análise microscópica, houve uma
reação inflamatória localizada de acordo com a degradação do material no tecido,
proliferação de tecido de granulação, o qual, com o passar do tempo, tornou-se mais
maduro, ocorrendo também a diminuição da reação tecidual no tecido circunvizinho.
Tal análise permitiu verificar também que, 8 semanas após a cirurgia, ainda havia
resquícios do material no local. Além disso, o autor desenvolveu também uma
técnica para retardar o grau de reabsorção do gesso, revestindo-o com n-butil-2-
cianoacrilato. Nesse experimento, os animais foram também observados
radiograficamente, e mortos 1, 2, 4 e 8 semanas após o implante, sendo que um
outro grupo de animais foi radiografado em intervalos de seis meses.
Radiograficamente, não houve evidência de degradação dos implantes depois de
seis meses. Quanto à reação tecidual, o sulfato de cálcio di-hidratado impregnado
com n-butil-2-cianoacrilato foi bem tolerado pelos tecidos, provocando muito pouca
reação histológica. O autor concluiu que espécimes porosas de sulfato de cálcio di-
hidratado são reabsorvidas rapidamente no tecido subcutâneo, podendo ser efetivas
em induzir a substituição por osso e o grau de degradação pode ser controlado
revestindo-se parcialmente o implante com um polímero reabsorvível.
Revisão da Literatura
79
Em 1980, FRAME
35
implantou sulfato de cálcio di-hidratado poroso
cobrindo sua superfície com n-butil-2-cianoacrilato, em cavidades circulares na
calota craniana de coelhos. O autor teve como objetivo determinar a extensão da
substituição do material por osso neoformado e examinar a reação tecidual
provocada pelo mesmo. Para isso, nos animais do grupo teste, as cavidades
receberam uma variedade porosa de sulfato de cálcio di-hidratado na qual foi
aplicada uma fina camada de n-butil-2-cianoacrilato em sua superfície superior e
inferior, sendo que a circunferência ficou descoberta. Já, nos animais do grupo
controle, foram preenchidas com coágulo sangüíneo. Os resultados permitiram
concluir que os implantes foram bem tolerados pelos tecidos, e o osso neoformado,
depositado diretamente na estrutura dos implantes porosos, apresentou-se
estruturalmente normal. Por outro lado, comparando-se os defeitos do grupo
experimental com os do controle, verificou-se que o sulfato de cálcio não interferiu
no processo de reparo. Desse modo, o autor propõe que, frente à necessidade de
um implante ou enxerto, o sulfato de cálcio di-hidratado poroso e o cianoacrilato
pareceram ser uma opção considerável.
O experimento realizado, em 1987, por FRAME; ROUT; BROWNE
38
teve o objetivo de testar materiais a serem utilizados para o aumento do rebordo
alveolar. Os autores compararam a quantidade relativa de neoformação óssea em
rebordos alveolares atróficos criados em cães, usaram HA na forma porosa e densa,
misturaram fragmentos de osso autógeno às partículas de HA, com especial
referência à sua habilidade em induzir osteogênese, e também combinaram gesso
Paris com os dois tipos de HA. Os resultados mostraram que os rebordos
aumentados somente com partículas porosas de HA tiveram maior quantidade de
neoformação óssea do que quando se utilizaram as partículas densas desse
material, porém não houve diferença estatisticamente significante entre esses dois
grupos. Além disso, a adição de fragmentos de osso autógeno às partículas de HA
não aumentou a neoformação óssea, e, depois de 24 semanas, não havia evidência
da presença de enxerto autógeno. Com relação à adição do gesso Paris, os autores
verificaram que o material poderia funcionar como um veículo para facilitar a
manipulação das partículas de HA durante a sua colocação no rebordo alveolar,
bem como inibir a migração inicial das partículas de HA, porém não houve aumento
na quantidade de osso neoformado com essa associação. O exame radiográfico
Revisão da Literatura
80
indicou que a maior parte do gesso foi reabsorvido dentro de 4 semanas, e nenhum
resíduo foi observado depois de 24 semanas. Os autores concluíram que a adição
de gesso Paris às partículas de HA não apresentou evidências de interferência no
reparo e consolidação do aumento de rebordo alveolar.
O sulfato de cálcio foi examinado por SOTTOSANTI
107
, 1992, para o
uso em regeneração tecidual guiada. Nesse trabalho, o autor relatou quatro casos
clínicos em que se fez necessária a utilização de um enxerto ósseo e uma barreira.
O primeiro foi uma associação de osso alógeno desidratado congelado
desmineralizado (80%) e sulfato de cálcio hemi-hidratado (20%). Sobre esse
material era colocada então uma barreira de sulfato de cálcio adicionado à água
destilada esterilizada. Segundo o autor, a razão para se usar o sulfato de cálcio
como barreira é que se trata de um material biocompatível, reabsorvido
completamente dentro de 2 a 4 semanas, denso o suficiente para impedir a invasão
de tecido conjuntivo e de epitélio, abundante e relativamente de baixo custo, além de
não causar um desconforto adicional ao paciente. Após o relato dos casos, o autor
concluiu que o sulfato de cálcio, quando utilizado como barreira em regeneração
tecidual guiada, juntamente com o enxerto de osso alógeno desidratado congelado
desmineralizado associado ao sulfato de cálcio, retarda a invasão dos tecidos
epitelial e conjuntivo, permitindo um prognóstico favorável para o reparo ósseo.
O efeito do sulfato de cálcio hemi-hidratado e de grânulos
polissacarídeos de elevado peso molecular, como aceleradores do reparo em
defeitos na calota craniana de ratos, foi avaliado por SNYDERS JR et al.
106
, 1993.
Nos animais do grupo A, os defeitos do lado direito foram preenchidos com sulfato
de cálcio hemi-hidratado, enquanto os do lado esquerdo foram preenchidos com
sulfato de cálcio hemi-hidratado misturado com grânulos polissacarídeos de elevado
peso molecular. Nos do grupo B, os defeitos do lado direito foram preenchidos
somente com grânulos polissacarídeos de elevado peso molecular, enquanto os do
lado esquerdo não foram preenchidos e serviram como controle. Todos os materiais
foram manipulados adicionando-se aos mesmos soro fisiológico a 0,9%. Os animais
foram mortos após 45, 90 e 135 dias da cirurgia. Os resultados revelaram que o
melhor reparo ocorreu nos defeitos preenchidos com sulfato de cálcio associado aos
Revisão da Literatura
81
grânulos polissacarídeos de elevado peso molecular. Por outro lado, os defeitos
preenchidos com sulfato de cálcio ou grânulos polissacarídeos isoladamente,
tiveram pior qualidade do tecido de reparo, mostrando concavidades, espaços vazios
e menor espessura de tecido ósseo. Os defeitos não preenchidos, controle,
mostraram uma camada de tecido conjuntivo de reparo fina, friável e translúcida.
Porém, em nenhum grupo experimental ocorreu o completo fechamento do defeito
ósseo.
MAZE et al.
75
, 1994, realizaram um estudo clínico para comparar a
capacidade de reparo ósseo através do procedimento de regeneração tecidual
guiada, utilizando-se de osso alógeno desidratado congelado desmineralizado
associado à membrana e-PTFE, bem como o mesmo tipo de osso associado ao
sulfato de cálcio hemi-hidratado. Foram avaliados treze pares de defeitos de furca
classe II em molares inferiores de 12 pacientes. As dimensões dos defeitos infra-
ósseos foram mensuradas antes do procedimento cirúrgico, no qual foram aplicados
os materiais em questão, bem como 6 meses após o mesmo. Os resultados
mostraram que o tratamento proporcionou um efeito similar e significante em ambos
os grupos com relação à diminuição da profundidade de sondagem, largura de
gengiva queratinizada e aumento do nível de inserção. Portanto, os autores
concluíram que o reparo ósseo, utilizando-se o osso alógeno desidratado congelado
desmineralizado associado ao sulfato de cálcio hemi-hidratado, foi comparável ao
uso do mesmo osso associado à membrana e-PTFE.
PECORA et al.
91
, 1997, avaliaram o efeito osteopromotor do sulfato
de cálcio quando usado como uma barreira, impedindo a proliferação do tecido
conjuntivo para dentro da cavidade óssea e permitindo assim a regeneração óssea.
Foram realizados defeitos ósseos de tamanho crítico, bilaterais, do tipo túnel, com o
uso de uma trefina de 5mm de diâmetro, no ângulo da mandíbula de ratos. Os
defeitos do lado direito foram cobertos, tanto lingual quanto bucalmente por um disco
esterilizado de sulfato de cálcio, o qual tinha 9mm de diâmetro e 2mm de espessura.
Já, os defeitos do lado esquerdo, foram recobertos apenas pelo retalho. Os
resultados mostraram que, nos defeitos do grupo experimental, houve uma alta
porcentagem de amostras com crescimento ósseo, demonstrando então a vantagem
Revisão da Literatura
82
no uso do sulfato de cálcio como uma barreira para impedir a invaginação de tecido
conjuntivo para dentro do defeito ósseo, promovendo, desse modo, a formação
óssea. Os autores ainda sugerem o uso do sulfato de cálcio sozinho ou em
combinação com outros materiais absorvíveis para o tratamento de defeitos ósseos,
e confirmam a segurança do uso do gesso Paris como material para enxerto por não
encontrarem resposta inflamatória no local onde o mesmo foi utilizado.
O potencial regenerativo do sulfato de cálcio foi avaliado por KIM et
al.
56
, 1998, no tratamento de defeitos infra-ósseos em cães. Para isso, dois meses
após a extração dos primeiros e segundos incisivos superiores, foram criados
defeitos infra-ósseos mesialmente aos terceiros incisivos superiores. Nos defeitos do
lado experimental, foi realizado o implante de sulfato de cálcio associado à água
destilada esterilizada, e, os do lado controle, foram somente preenchidos com
sangue. Com base nos resultados obtidos, os autores puderam concluir que o
sulfato de cálcio pode ser efetivo no reparo do cemento e osso, bem como na
prevenção da migração apical do epitélio juncional, fornecendo um meio adequado
para a cura e manutenção da estabilidade da ferida.
Após o estudo exposto anteriormente, no mesmo ano, KIM et al.
57,58
realizaram duas avaliações a respeito da conseqüência do implante cirúrgico de uma
matriz óssea alógena desidratada congelada desmineralizada em associação com o
sulfato de cálcio (DBM+SC), utilizando sobre o mesmo uma barreira de sulfato de
cálcio.
A primeira foi realizada, também, em cães (KIM et al.
57
, 1998). Para
isso, dois meses após realizarem a extração dos segundos pré-molares superiores e
inferiores, confeccionaram, cirurgicamente, defeitos infra-ósseos na porção distal
dos primeiros pré-molares, e mesial dos terceiros pré-molares, também superiores e
inferiores. Os defeitos do grupo 1 receberam implante de DBM+SC, e, sobre o
mesmo, uma barreira de sulfato de cálcio; os do grupo 2, somente de DBM; os do
grupo 3, somente de sulfato de cálcio; e os do grupo 4 não receberam nenhum tipo
de implante (controle). Os resultados demonstraram que, nos grupos em que foram
utilizados os implantes, ocorreu aumento na formação de osso alveolar e cemento
Revisão da Literatura
83
em comparação ao grupo controle. Nos grupos 1 e 2 houve maior formação de osso
alveolar, quando comparados com o grupo 3. Quanto à reabsorção dos materiais,
não foi encontrada nenhuma evidência de resíduos de sulfato de cálcio após 8
semanas, porém, no mesmo período, as partículas de DBM ainda estavam
presentes. Sendo assim, os autores concluíram que o implante de DBM e SC,
sozinho ou combinado, pode melhorar significativamente o reparo do osso alveolar e
cemento.
A segunda avaliação foi então realizada em humanos (KIM et al.
58
,
1998). Para a análise em questão, foram selecionados 26 pacientes. Treze deles
receberam tratamento com a utilização de implante de DBM+SC, e os outros treze
não receberam nenhum tipo de implante (controle). A proservação foi realizada 6 e
12 meses após a cirurgia. Os resultados permitiram os autores concluírem que o
implante de DBM+SC associado a uma barreira de sulfato de cálcio, resultou em
redução da profundidade de sondagem e melhora com relação à inserção e nível
ósseo em bolsas periodontais profundas, após seis meses do procedimento
cirúrgico. Com relação aos períodos de proservação, não houve diferença
estatisticamente significante entre os mesmos.
Enxertos experimentais combinando sulfato de cálcio com osso
autógeno resultaram num processo de reparo mais intenso quando comparado com
enxertos de cerâmicas bioativas, de hidroxiapatita, de osso autógeno e de coágulo
sangüíneo (MacNEILL et al.
70
, 1999). Esses autores implantaram os referidos
enxertos em tíbias de ratos e avaliaram por meio de microscopia o percentual médio
de formação óssea: controle negativo, 41,95%; controle positivo, 50,4%; cerâmica
BioGran, 41,81%; cerâmica PerioGlas, 40,35%; hidroxiapatita, 41,81%; sulfato de
cálcio combinado com osso autógeno, 58,82%. Os resultados mostraram que a cura
diferiu conforme o material utilizado, sendo que não houve diferença estatística entre
o controle negativo e os grupos em que se usou BioGran, PerioGlas e hidroxiapatita;
entretanto, a cura no controle positivo foi significativamente maior do que no
negativo. A evolução do reparo com sulfato de cálcio combinado com osso autógeno
foi consideravelmente maior, talvez devido ao mais rápido grau de reabsorção desse
material quando comparado com os demais, permitindo um ingresso mais rápido de
Revisão da Literatura
84
células osteoprogenitoras. Além disso, o uso combinado do osso autógeno resultou
em um efeito osteoindutivo/osteogênico, e o sulfato de cálcio também funcionou
como uma barreira que bloqueou o crescimento de tecido conjuntivo do periósteo
adjacente para dentro do defeito ósseo.
GOLDMAN et al.
40
, 2000, avaliaram, através de parâmetros clínicos
e radiográficos, o comportamento do sulfato de cálcio no preenchimento de
cavidades patológicas na maxila e mandíbula, bem como em cavidades maiores do
uso do sulfato de cálcio associado ao osso bovino liofilizado. Nesse estudo, foram
operados 14 pacientes portadores de lesões no periápice em maxila e mandíbula. O
sulfato de cálcio foi utilizado em 10 cavidades, as quais apresentavam um diâmetro
de aproximadamente 1,5cm, e o mesmo material associado ao osso bovino
liofilizado foi implantado nas cavidades restantes, por essas terem em média 2,0cm
de diâmetro. Os controles clínico e radiográfico foram realizados durante seis meses
após o procedimento cirúrgico. Trinta dias após, a epitelização era normal em todas
as áreas operadas, e não havia dor nem edema. Por meio do exame radiográfico,
notou-se que a radiopacificação ocorria da periferia para o centro da lesão durante o
período de controle, sendo que o aspecto radiográfico manteve-se inalterado a partir
do quarto mês, quando a radiopacidade e o trabeculado ósseo apresentavam-se
compatíveis com a normalidade. Com isso, os autores indicam tais materiais para o
tratamento dos defeitos ósseos.
No mesmo ano, PECORA et al.
94
realizaram, também, um estudo
clínico, em 20 pacientes, com o objetivo de avaliar o sulfato de cálcio quando
utilizado como material para enxerto em lesões endodônticas do tipo II, que seriam
aquelas que se estendem sobre a raiz residual. Para o controle dos casos foram
realizadas radiografias imediatamente, 3, 6, 9, e 12 meses após a cirurgia. Em seis
meses, o grupo em que foi utilizado o sulfato de cálcio mostrou cura completa em
70% dos casos, incompleta em 20%, incerta em 5%, e insatisfatória em 5%. Por
outro lado, o grupo controle apresentou cura em 30% dos casos, dentro do mesmo
período de tempo. Com base no exposto, os autores deduziram que os melhores
resultados dos casos teste devem ser devidos à presença de sulfato de cálcio.
Revisão da Literatura
85
O potencial osteogênico causado pela adição de sulfato de cálcio a
outros materiais para enxerto foi analisado por AL RUHAIMI
2
, 2000. O autor utilizou
para esse estudo 12 coelhos, sendo que 10 animais formaram o grupo experimental
e 2 o grupo controle. Foram criadas cavidades no côndilo mediano de cada fêmur
dos animais. As 20 cavidades do grupo experimental foram divididas em 5 grupos,
conforme o material para enxerto utilizado. Os materiais testados foram a
hidroxiapatita Osteograf sozinha, o BOP (Biocompatible Osteoconductive Polymer)
sozinho, o sulfato de cálcio Capset sozinho, uma mistura de Osteograf e Capset
(proporção 4:1), e uma mistura de BOP e Capset (proporção 4:1). Nos animais do
grupo controle, as cavidades foram preenchidas por coágulo sangüíneo. Os
resultados dessa pesquisa mostraram que a mistura do sulfato de cálcio com a
Osteograf e o BOP melhoraram o potencial de osteogênese desses materiais,
aumentando a calcificação e a quantidade de novo osso formado em um curto
período de tempo. Por outro lado, quando o sulfato de cálcio foi utilizado sozinho,
observou-se uma neoformação óssea inadequada. O autor acredita que tal fato
tenha ocorrido em decorrência da rápida reabsorção do material, resultando na
ausência de um andaime para o processo de remodelação óssea. Tal fato fez com
que o sulfato de cálcio não fosse recomendado sozinho para o uso como
osteopreenchedor.
Em 2001, PECORA et al.
93
avaliaram clinicamente o sulfato de cálcio
atuando como barreira e material preenchedor de lesões ósseas que se estendiam
da cortical vestibular à lingual (tipo túnel). Vinte e quatro pacientes foram divididos
em dois grupos, sendo um experimental e o outro controle. No grupo experimental
realizou-se apicetomia, retrobturação com Super EBA, e preenchimento da lesão
óssea com três camadas de sulfato de cálcio. Já, no grupo controle, as lesões
ósseas foram preenchidas com coágulo sanguíneo. O exame radiográfico foi feito
antes da cirurgia, logo após a mesma, e seis e doze meses após o procedimento. Os
resultados mostraram que o uso de enxerto de sulfato de cálcio na terapia cirúrgica
convencional de lesões endodônticas que se estendem da lâmina óssea vestibular
até a lingual pode contribuir para a melhora dos resultados clínicos.
Revisão da Literatura
86
Os efeitos de membranas reabsorvíveis e não reabsorvíveis e do
sulfato de cálcio na regeneração óssea, foram avaliados por YOSHIKAWA et al.
123
,
2002. Para o estudo em questão, realizou-se pulpectomia no terceiro e quarto pré-
molares de cães dos dois lados da mandíbula. Subsequentemente, as apicetomias
foram realizadas, as cavidades retrógradas preparadas e obturadas com Super EBA.
Os defeitos ósseos foram divididos em cinco grupos. Nos grupos A, B e C utilizaram-
se membranas e-PTFE, membranas PGLA, e membranas colágenas,
respectivamente. No grupo D, os defeitos ósseos foram preenchidos com sulfato de
cálcio; e o grupo E serviu como controle (as cavidades não receberam nenhum
tratamento). Os animais foram divididos em três grupos de quatro nos quais se
observou a cura 4, 8 e 16 semanas após a cirurgia, respectivamente. O grupo
experimental com a membrana e-PTFE apresentou um volume ósseo
significativamente maior e a concavidade da cortical neoformada foi menor do que
no grupo controle. A membrana colágena não foi efetiva para a regeneração óssea
comparada com o grupo controle. O sulfato de cálcio foi reabsorvido em quatro
semanas, a regeneração óssea foi similar àquela do grupo com membrana e-PTFE e
superior ao controle. Sendo assim, concluiu-se que a membrana e-PTFE foi a mais
efetiva na regeneração dos defeitos ósseos em conjunto com apicetomia. Além
disso, as membranas reabsorvíveis usadas não foram efetivas quando comparadas
com os grupos controle, e o sulfato de cálcio poderia ser um substituto para a
membrana e-PTFE.
No mesmo ano, MURASHIMA et al.
79
, realizaram um estudo em
cães com o objetivo de investigar o efeito do sulfato de cálcio quando usado em
conjunto com a apicetomia. Nesse trabalho, foram preparados três tipos de defeitos
ósseos de ambos os lados da mandíbula. Os defeitos tipo 1 comunicavam-se com a
bolsa periodontal na raiz mesial do terceiro pré-molar; os tipo 2 envolviam a raiz
distal do terceiro pré-molar e a raiz mesial do quarto pré-molar; e os tipo 3 eram
realizados na raiz distal do quarto pré-molar estendendo-se da cortical óssea
vestibular até a lingual (defeitos do tipo túnel). As raízes dos terceiros e quartos pré-
molares sofreram apicetomia e obturação retrógrada com Super EBA. Os defeitos
ósseos do lado experimental foram preenchidos com sulfato de cálcio (Surgiplaster –
Classimport-Italy) e aqueles do lado oposto não foram preenchidos e atuaram como
controle. Os animais foram mortos oito e dezesseis semanas após a cirurgia. Os
Revisão da Literatura
8
7
resultados desse estudo permitiram aos autores concluírem que o sulfato de cálcio
foi efetivo para a regeneração óssea de defeitos extensos e também daqueles do
tipo túnel, porém não daqueles que se comunicavam com o sulco gengival,
sugerindo que a regeneração óssea após cirurgia parendodôntica poderia ser
acelerada através do uso do sulfato de cálcio como material preenchedor.
Um fator de grande importância em todo processo regenerativo é a
angiogênese, visto que a diferenciação do tecido ósseo está relacionada com a
presença de vasos sangüíneos no local. Com base nesse fato, STROCCHI et al.
109
,
2002, realizaram uma pesquisa avaliando comparativamente a densidade de
microvasos em locais tratados com sulfato de cálcio e osso autógeno, com ou sem o
uso de membranas e-PTFE, em coelhos. Para isso, foram criadas três cavidades
com 6mm de largura em cada metáfise das tíbias de 9 animais, totalizando 54
defeitos. Os defeitos do grupo 1 foram preenchidos com grânulos de sulfato de
cálcio (Surgiplaster – Classimport, Itália) e recobertos com a membrana e-PTFE; os
do grupo 2 foram preenchidos com grânulos de sulfato de cálcio; e os do grupo 3,
com osso autógeno. O método utilizado para avaliar a presença de vasos
sangüíneos e para contar os microvasos foi o DVM (densidade de microvasos). Os
resultados demonstraram diferença estatisticamente significante entre todos os
grupos, sendo que a quantidade de vasos sangüíneos foi maior no grupo 1 do que
no grupo 2, e neste do que no grupo 3. Dessa forma, os autores concluíram que a
angiogênese é mais uma ação do sulfato de cálcio, explicando os bons resultados
relatados na literatura com o uso de tal material.
CLOKIE et al.
23
, 2002, avaliaram a processo de regeneração óssea
em defeitos de tamanho crítico em coelhos, utilizando-se de alguns materiais para
enxerto ósseo. Para o estudo em questão foram usados 30 animais divididos em 3
grupos, criando-se dois defeitos ósseos na calota craniana de cada animal. Nos
animais do grupo 1, um dos defeitos foi preenchido com Osteoset (sulfato de cálcio
em grânulos), e o outro não foi preenchido, permanecendo como controle. Nos do
grupo 2, um defeito foi preenchido com gel poloxâmero, e o outro com DBM Putty
(matriz óssea desmineralizada misturada com gel poloxâmero). E, nos animais do
grupo 3, cada defeito foi preenchido com um cimento de fosfato de cálcio, sendo
Revisão da Literatura
88
eles o Norian CRS e o Bone Source. A análise morfométrica dessa pesquisa
mostrou que a porcentagem de tecido ósseo, após 12 semanas do procedimento
cirúrgico, foi de 95,5% para o DBM Putty, 31,9% para o sulfato de cálcio, 17,11%
para o Bone Source, 14,5% para o gel poloxâmero, 13,2% para o grupo controle, e
11,6% para o Norian CRS. Os autores concluíram que a quantidade de tecido ósseo
formado foi significativamente maior quando se utilizou o DBM Putty (95,5%) em
relação ao sulfato de cálcio (31,9%) e aos cimentos Bone Source (17,11%) e Norian
CRS (11,6%).
Em 2003, APAYDIN; TORABINEJAD
6
se propuseram a avaliar o
efeito do sulfato de cálcio no processo de reparo de tecidos duros após cirurgia
parendodôntica em cães. Para isso foram realizadas apicetomias em 24 raízes de
segundos, terceiros e quartos pré-molares inferiores de cães, tanto do lado direito
como do esquerdo da mandíbula. Após a apicetomia foi realizado o preparo apical
com ultrassom, e as cavidades foram preenchidas com MTA. Os defeitos ósseos do
lado direito foram preenchidos com sulfato de cálcio hemi-hidratado (Capset,
Lifecore Biomedical) e os do lado esquerdo permaneceram com controle, sendo
preenchidos com coágulo sangüíneo. Os resultados mostraram que a colocação do
sulfato de cálcio nos locais de osteotomia, após cirurgia parendodôntica, não
intensificam o reparo alveolar ou dentoalveolar, entretanto, o material não
apresentou efeitos negativos. Verificou-se também que o sulfato de cálcio não altera
significativamente as propriedades do MTA.
No mesmo ano, WALSH et al.
118
examinaram a resposta biológica
de pastilhas de sulfato de cálcio sozinhas (Osteoset
R
) ou combinadas com osso
autógeno em defeitos ósseos bilateriais de tamanho crítico no côndilo distal do fêmur
de ovelhas. Esses defeitos foram divididos em 3 grupos experimentais, os quais
eram preenchidos com pastilhas de sulfato de cálcio, osso autógeno, sulfato de
cálcio associado ao osso autógeno, e um grupo controle, em que os defeitos
permaneciam apenas com o coágulo sangüíneo. Após 12 semanas foram realizadas
as análises por meio de tomadas radiográficas, tomografia computadorizada,
histomorfometria e imunohistoquímica. Com base nos resultados obtidos, verificou-
se que a quantidade de tecido ósseo neoformado foi maior nos grupos
Revisão da Literatura
89
experimentais do que no controle. Por outro lado, entre os grupos experimentais não
houve diferença estatisticamente significante, embora no grupo em que se utilizou o
sulfato de cálcio associado ao osso autógeno, a quantidade de osso neoformado
tenha sido maior. Além disso, os resultados da análise imunohistoquímica sugeriram
que as pastilhas de sulfato de cálcio podem estimular a formação óssea, não
atuando somente como um material osteopreenchedor e facilitador da regeneração
tecidual guiada.
O mecanismo de reposição óssea frente ao sulfato de cálcio também
foi avaliado por ORSINI et al.
89
,
2004, utilizando-o na forma de grânulos e cimento.
Foram utilizados 8 coelhos, nos quais criou-se dois defeitos de 6 mm em cada tíbia.
Os defeitos das tíbias direitas foram preenchidos com cimento de sulfato de cálcio
(Surgiplaster – Classimport-Italy), e os das tíbias esquerdas foram preenchidos com
grânulos de sulfato de cálcio (Surgiplaster – Classimport-Italy). Quatro animais foram
sacrificados após duas semanas, e os outros quatro após quatro semanas. Depois
de duas semanas, ambas as formas de sulfato de cálcio ainda estavam presentes,
havia 10% dos defeitos preenchidos com tecido ósseo neoformado, sendo este
localizado ao redor do material. Após quatro semanas, o sulfato de cálcio, tanto em
grânulos como em cimento, foi quase completamente reabsorvido e substituído por
tecido ósseo, e aproximadamente 34% dos defeitos estavam preenchidos por osso
neoformado. Além disso, não foram encontradas células inflamatórias e não houve
diferença estatisticamente significante entre as formas de apresentação do material.
O sulfato de cálcio mostrou-se, portanto, um material reabsorvível, osteocondutor, e
bem tolerado pelo hospedeiro, e pode representar uma alternativa razoável no
preenchimento de defeitos ósseos.
STUBBS et al.
110
, 2004, avaliaram a resposta do sulfato de cálcio
isolado e como um veículo para a hidroxiapatita em defeitos ósseos criados na tíbia
de coelhos. Esses defeitos foram preenchidos com uma cerâmica porosa
reabsorvível (Pro Osteon 200R), a mesma combinada com o sulfato de cálcio
formando uma pasta fluida, com o sulfato de cálcio em forma de pasta fluida, e com
esferas de sulfato de cálcio (seis esferas por defeito). Os espécimes para exame
foram obtidos 3, 6, 12, 24, 36 e 52 semanas após a cirurgia e analisados
Revisão da Literatura
90
radiograficamente (radiografia ântero-posterior e lateral) e por meio da microscopia
eletrônica. Os resultados revelaram que o sulfato de cálcio, na forma de pasta fluida
ou de esferas, realmente suporta a formação de novo osso sozinho; entretanto, um
completo preenchimento do defeito ósseo não foi observado. Além disso, o sulfato
de cálcio na forma de pasta fluida melhora a manipulação de partículas de enxertos
ósseos substitutos como o Pro Osteon 200R, o qual permaneceu como um suporte
osteocondutivo durante as 52 semanas, podendo ter uma função importante no
fechamento final da cortical óssea.
Também em 2004, AICHELMANN-REIDY; HEATH; REYNOLDS
1
,
compararam a eficácia clínica do sulfato de cálcio di-hidratado, como um veículo ou
barreira, do osso alógeno desidratado congelado desmineralizado (DFDBA) e da
membrana e-PTFE para o tratamento de defeitos periodontais em humanos. Dois
defeitos infra-ósseos foram comparados em 19 pacientes que apresentavam
periodontite crônica. Os defeitos do grupo 1 receberam preenchimento com DFDBA
e uma proteção com a membrana e-PTFE; já, os do grupo 2 foram preenchidos com
uma mistura de DFDBA/SC (proporção 4:1) e protegidos com uma barreira de
sulfato de cálcio. Os resultados desse estudo mostraram que o sulfato de cálcio,
quando usado como veículo e barreira em combinação com DFDBA, ajuda
significativamente a melhora clínica de defeitos infra-ósseos, sendo o mesmo
evidenciado pela redução na profundidade de sondagem, ganhos no nível de
inserção clínica e preenchimento dos defeitos. Por isso, os autores concluíram que o
sulfato de cálcio representa uma alternativa à membrana e-PTFE, quando usado em
combinação com o osso alógeno, para o tratamento de defeitos infra-ósseos.
HARRIS
47
, 2004, avaliou a efetividade de um composto para enxerto
ósseo recoberto por uma barreira de sulfato de cálcio em humanos. Para o estudo
foram selecionados 100 pacientes apresentando defeitos infra-ósseos periodontais,
os quais foram preenchidos com o composto contendo 75% de DFDBA, 15% de SC,
5% de HA e 5% de tetraciclina e, após isso, foram protegidos com uma barreira de
sulfato de cálcio de aproximadamente 2,0mm. Antes do procedimento cirúrgico, bem
como durante o período pós-operatório, realizado durante uma média de 5,2 meses,
foram mensuradas a profundidade de sondagem, o nível de inserção e a recessão
Revisão da Literatura
91
do tecido marginal. Os resultados mostraram que o uso do composto em questão,
associado à barreira de sulfato de cálcio, melhorou significativamente os parâmetros
clínicos observados durante o período pós-operatório.
Em 2005, MAEDA
71
avaliou o comportamento de três formulações
diferentes de sulfato de cálcio: Capset (Lifecore-USA), Surgiplaster (Classimport-
Italy) e o sulfato de cálcio di-hidratado (Merck do Brasil), utilizando-os como material
para enxerto ósseo em cavidades cirúrgicas de tamanho não crítico em coelhos.
Para isso, foram confeccionados 40 defeitos, sendo dois em cada epífise dos
fêmures dos animais. Os mesmos foram divididos em 4 grupos, conforme o
preenchimento realizado, sendo 24 preenchidos com sulfato de cálcio di-hidratado
da Merck do Brasil, 24 com Capset, 24 com Surgiplaster e 8 com coágulo
sangüíneo. Os animais foram sacrificados 30, 60, 90 e 180 dias após as cirurgias.
Por meio dos resultados encontrados, o autor pôde concluir que os defeitos ósseos
tratados com sulfato de cálcio mostraram ocorrência de neoformação óssea em
todos os grupos estudados, indiferente da marca comercial do produto utilizado e o
processo de reparo foi melhor no grupo preenchido somente com coágulo sangüíneo
que nos experimentais.
No mesmo ano, MELO et al.
76
analisaram histologicamente a
influência do vidro bioativo e/ou da barreira de sulfato de cálcio no reparo de defeitos
ósseos criados na tíbia de ratos. Esses animais foram então divididos em 4 grupos.
No grupo C (controle), as cavidades foram preenchidas com coágulo sangüíneo, no
grupo CS, também, porém protegidas com uma barreira de sulfato de cálcio (pasta
de sulfato de cálcio Biomet
R
Inc., USA), no grupo BG, com vidro bioativo (Biogran,
Orthovita
R
, USA) e no grupo BG/CS, com vidro bioativo, mas utilizando-se uma
barreira de sulfato de cálcio. Nos animais mortos 10 dias após a cirurgia, os defeitos
do grupo controle apresentaram maior formação óssea do que os grupos
experimentais, não havendo diferença estatística significante entre os últimos.
Quando o sacrifício foi realizado 30 dias após a cirurgia, os defeitos do grupo
controle também apresentaram maior formação óssea do que os dos grupos
experimentais, havendo consideravelmente maior potencial de cura quando se
utilizou a barreira de sulfato de cálcio do que somente o preenchimento do defeito
Revisão da Literatura
92
com vidro bioativo. Além disso, não houve diferença estatisticamente significante
entre os grupos CS e BG/CS. Os autores atribuíram esses achados ao fato de o
sulfato de cálcio ter um grau de reabsorção mais rápido que o vidro bioativo,
permitindo um ingresso mais rápido de células osteoprogenitoras.
GUARNIERI et al.
44
, 2005, investigaram a influência do sulfato de
cálcio (Surgiplaster) no padrão de regeneração óssea intra-alveolar. Para isso, os
autores apresentaram um caso clínico em que, após a extração de um segundo pré-
molar superior, o alvéolo foi preenchido com sulfato de cálcio. Três meses depois, o
alvéolo foi acessado novamente para a colocação de um implante. Realizou-se,
então, a osteotomia utilizando-se uma trefina com 3,0mm de diâmetro externo
retirando-se, assim, a parte central do tecido ósseo neoformado o qual foi preparado
e submetido à análise histológica e histomorfométrica. Os resultados mostraram um
alvéolo totalmente preenchido por tecido ósseo e também indicaram que o sulfato de
cálcio foi completamente reabsorvido. Por isso, os autores concluíram que o sulfato
de cálcio teve um desempenho aceitável para um material a ser usado, como
enxerto, para regeneração óssea intra-alveolar em razão de sua disponibilidade,
completa e rápida reabsorção e biocompatibilidade.
A capacidade do enxerto de sulfato de cálcio em promover
neoformação óssea, em comparação com o enxerto de osso autógeno e alógeno, foi
avaliada por PETERS et al.
97
, 2006. Os autores criaram dois defeitos metafisários de
tamanho crítico na tíbia e dois no fêmur de 5 ovelhas, os quais foram divididos em 4
grupos, conforme o enxerto utilizado. Havia três grupos experimentais, nos quais
foram usados o sulfato de cálcio em pastilhas (Osteoset), osso autógeno e osso
alógeno, e um grupo controle, no qual os defeitos foram preenchidos por coágulo
sangüíneo. Três meses após a cirurgia, os animais foram sacrificados para que
fossem realizadas as análises dos espécimes. Quanto ao volume de osso formado,
o sulfato de cálcio foi equivalente ao osso autógeno e alógeno, não havendo
diferença estatística significante entre os grupos experimentais; porém, nesses
houve formação de tecido ósseo significativamente maior do que no grupo controle.
A partir desses achados, os autores concluíram que o sulfato de cálcio pode ser
usado como substituto ao enxerto ósseo em defeitos metafisários.
Revisão da Literatura
93
No mesmo ano, GUARNIERI et al.
45
testaram o uso do sulfato de
cálcio como um material para enxerto, utilizado para levantamento de seio maxilar,
em 10 pacientes. Para isso, após o levantamento da membrana, o sulfato de cálcio
(Surgiplaster) foi colocado preenchendo a porção mais interna do seio. O material
para enxerto continuou a ser condensado, camada por camada, até que toda a área
fosse preenchida. As radiografias foram realizadas antes da cirurgia, mensalmente
até 6 meses após o procedimento cirúrgico, 9 e 12 meses após e anualmente
durante dois anos; além disso, seis meses após a cirurgia, foram realizadas biópsias
ósseas de todos os pacientes para avaliação histológica e histomorfométrica. Os
resultados mostraram que o sulfato de cálcio pode conduzir uma osseointegração
dos implantes, poderia ser usado para criar um volume adequado de osso antes da
colocação de implantes, e sofreu uma completa reabsorção, sendo substituído por
tecido ósseo. Assim, os autores concluíram que o sulfato de cálcio poderia ser usado
como um substituto ósseo nas cirurgias para levantamento do soalho do seio
maxilar.
2.3 HIDROXIAPATITA
Os biomateriais à base de fosfato de cálcio têm sido, desde a
década de 70, amplamente estudados como substitutos ósseos, em função de seus
íons serem os constituintes da fase inorgânica do osso, principalmente na forma de
hidroxiapatita (KAWACHI et al.
55
, 2000, VERCIK et al.
115
, 2003). Dentre esses
biomateriais, destacam-se as cerâmicas, as quais são formadas basicamente por
hidroxiapatita [Ca
10
(PO
4
)
6
(OH)
2
], fosfato tricálcico [Ca
3
(PO
4
)
2
] usualmente na forma
estrutural beta, ou então por uma combinação dos mesmos, formando as cerâmicas
bifásicas (JARCHO
50
, 1981, LeGEROS
64
, 1988, ERBE et al.
30
, 2001).
As biocerâmicas podem ser reabsorvíveis ou não-reabsorvíveis, e se
apresentar na forma densa ou porosa, sendo que o tamanho de suas partículas e de
seus poros é variável (TAGA
112
, 1996, TUNES
113
, 1999, SCHNETTLER et al.
104
,
2004). As porosas podem ser de três tipos, quais sejam, a macroporosa (100-
Revisão da Literatura
94
300µm), a microporosa (1-5µm), ou uma forma contendo os dois tamanhos de poros
(DE GROOT
27
, 1980). Já quanto à forma de obtenção, as cerâmicas de
hidroxiapatita podem derivar de produtos sintéticos ou naturais (LeGEROS
64
, 1988).
A cerâmica densa, advinda do pó de HA, pode ser obtida, segundo
DENISSEN et al.
29
, 1980, por meio de dois métodos: o da aplicação de calor e
prensagem de forma contínua, ou de forma estática. Na primeira, aplica-se
simultaneamente calor (acima de 900
o
C) e pressão (500 Kg/cm
2
); já, na segunda, o
pó é primeiramente comprimido com uma pressão acima de 1000 Kg/cm
2
, e então
sinterizado em uma temperatura ao redor de 1200
o
C.
Já, para a obtenção da cerâmica de HA porosa, o método mais
frequentemente usado é a mistura do pó de fosfato de cálcio com um componente
orgânico, como naftalene ou peróxido de hidrogênio, seguida pela aplicação de
pressão sobre a mistura. A remoção do componente orgânico é realizada por meio
da sublimação, processo químico em que ocorre a passagem do estado sólido para
gás sem passar pelo estado líquido, deixando poros cuja integridade é mantida
durante o processo de sinterização (JARCHO
50
, 1981).
Por sua vez, a HA de coral é obtida convertendo-se o esqueleto de
carbonato de cálcio de corais em fosfato de cálcio por meio de uma reação de
substituição hidrotérmica, obtendo-se um material composto por hidroxiapatita com a
mesma estrutura porosa do coral. Além disso, as condições químicas e térmicas da
reação destroem qualquer resíduo orgânico do material, resultando em material
atóxico e biocompatível (WHITE; SHORS
120
, 1986).
No início do século passado (1920) ALBEE
d
(apud DE GROOT
27
,
1980) sugeriu e testou a possível aplicação do pó de fosfato tricálcico, na forma de
uma pasta, no reparo de fraturas ósseas, sendo o material bem tolerado e
substituído por osso neoformado.
d
Albee, FH. Ann surgery; 1920, 71, 32 apud De Groot (1980). p. 47.
Revisão da Literatura
95
Em 1971, BHASKAR et al.
12
utilizaram uma cerâmica de fosfato
tricálcico na tíbia de ratos com o objetivo de testar esse material para o
preenchimento de defeitos ósseos. Os resultados demonstraram que ela foi bem
tolerada, ocorrendo o crescimento de tecido conjuntivo no interior dos poros da
cerâmica dentro de 4 dias após a cirurgia, e, uma semana depois, iniciou-se a
formação de tecido ósseo. Além disso, verificaram que o material sofreu reabsorção,
a qual progrediu com o aumento dos tempos pós-operatórios. Após 14 semanas, a
cortical óssea do defeito estava reparada, porém, na área central, parte do material
implantado ainda podia ser reconhecido.
Os primeiros a testarem uma cerâmica de fosfato de cálcio para uso
em odontologia foram LEVIN et al.
66
, 1974. Os autores criaram defeitos periodontais
em cães, os quais apresentavam 2 a 3mm de diâmetro e 3 a 4mm de profundidade.
Eles foram preenchidos com cerâmica de fosfato tricálcico reabsorvível e com poros
de 100 a 300µm, porém um defeito, em cada animal, não era preenchido, atuando
como controle. Os animais foram mortos em 1, 2, 3, 4, 6, 8, 11, 13, 19 e 22 semanas
após o procedimento cirúrgico. Os resultados mostraram que, somente nas primeiras
três semanas ocorreu o aparecimento de células inflamatórias, atribuídas, pelos
autores, ao procedimento cirúrgico. Além disso, as partículas de cerâmica foram
continuadamente reabsorvidas por células gigantes multinucleadas, sendo que nos
espécimes examinados 22 semanas após a cirurgia não foram encontrados traços
do material. Por outro lado, os autores afirmaram que a deposição de tecido ósseo
ocorreu após a cerâmica ser reabsorvida, sendo que a mesma se deu de forma mais
rápida nos defeitos do grupo controle, mesmo no período de 22 semanas. Foi
observada também a deposição de novo cemento e ligamento periodontal, sendo o
material muito bem tolerado pelos tecidos.
Após isso, NERY et al.
82
, 1975, também estudaram a aplicação de
um material biocerâmico à base de fosfato tricálcico em defeitos periodontais infra-
ósseos, em cães. O material utilizado pelos autores foi uma cerâmica de fosfato
tricálcico com 50% de porosidade e apresentando poros de 800 a 1000µm de
diâmetro, e os resultados foram avaliados após 1, 2, 4, 8 e 16 semanas. Verificou-se
que o material foi bem tolerado pelos tecidos, não se apresentando como tóxico e
Revisão da Literatura
96
permitiu o crescimento ósseo no interior de seus poros, demonstrado pelo reparo do
periodonto. Dessa forma, concluíram que tal material teria potencial para ser
utilizado como substituto ósseo.
HENCH et al.
e
(1977, apud DENISSEN e DE GROOT
28
, 1979),
mostraram, em trabalho realizado, que a superfície da hidroxiapatita forma uma
união química com o osso, sugerindo que os sais de fosfato de cálcio seriam
biocompatíveis e capazes de unir-se firmemente ao tecido ósseo. Assim, em 1979,
DENISSSEN e DE GROOT
28
realizaram um estudo em que implantaram blocos de
hidroxiapatita sinterizada e não reabsorvível em alvéolos de cães e humanos com o
objetivo de preservar o rebordo alveolar após a extração. Os resultados desse
experimento demonstraram que o implante manteve a altura e espessura do rebordo
alveolar, foi bem tolerado pelos tecidos, não houve presença de imagem radiolúcida,
e ocorreu formação óssea ao redor do mesmo. Além disso, ao tentarem remover os
implantes colocados em cães, os mesmos mostraram-se aderidos ao osso, sendo
possível remover apenas pedaços dos mesmos.
Em 1980, DENISSEN et al.
29
avaliaram macroscopicamente e
histologicamente a resposta do tecido muscular e da tíbia de ratos ao implante de
hidroxiapatita sintética. Os resultados mostraram, seis meses após a cirurgia, que no
tecido muscular os implantes foram circundados por uma fina cápsula de tecido
fibroso e não havia sinais de inflamação nem da presença de mineralização. Por
outro lado, o implante do material no tecido ósseo permitiu a neoformação de osso
diretamente sobre o implante e o mesmo apresentou-se firmemente aderido ao
tecido ósseo, não demonstrando, entretanto a reabsorção do material.
Uma comparação radiológica e histológica do comportamento da
hidroxiapatita em relação ao do osso autógeno, quando implantados na mandíbula
de cães, foi realizada por FRAME; BROWNE; BRADY
37
, 1981. Nesse estudo, três
meses após a extração dos terceiros e quartos pré-molares e primeiros molares dos
e
Henche, LL, Paschall, HA, Allen, WC, Piotrowski, G. An investigation of bonding mechanisms at the
interface of a prosthetic material. Report n. 8, 1977. Document published by the Department of
Materials Science and Engineering, University of Florida, Gainsville, Fla, apud Denissen e De Groot
(1979) p. 552.
Revisão da Literatura
9
7
animais, as partes edêntulas da mandíbula foram divididas horizontalmente. Entre as
porções de tecido ósseo, implantou-se, de um lado, hidroxiapatita e, do outro, osso
autógeno retirado da crista ilíaca. Após 12 semanas de observação, os animais
foram mortos. Em ambos os lados houve um bom reparo ósseo, sendo que, o osso
formado sobre a superfície da hidroxiapatita uniu-a firmemente aos tecidos
adjacentes. Os resultados histológicos demonstraram uma boa biocompatibilidade
da HA, e a ausência de tecido fibroso entre o implante e o osso. Quanto à
reabsorção do materiais, em nenhum dos espécimes houve evidências de
reabsorção ou desintegração da HA, enquanto o osso autógeno sofreu rápida
remodelação e incorporação ao tecido do hospedeiro. Os autores concluíram, então,
que a HA é um material inerte e permanece como um “preenchedor de espaço”,
podendo ser utilizada como substituta ao osso autógeno em cirurgias da região
maxilo-facial.
PIECUCH
98
, 1982, realizou um trabalho com o objetivo de avaliar se
a cerâmica de hidroxiapatita teria propriedade osteoindutora, ou se funcionaria
apenas como uma matriz para o crescimento ósseo. Para isso colocou implantes do
material em tecido subcutâneo de cães. Os animais foram mortos oito semanas após
o procedimento cirúrgico e a análise macroscópica e microscópica dos espécimes
demonstrou que os locais onde os implantes foram colocados repararam
normalmente, verificando-se a união do material com o tecido, sem a presença de
células gigantes ou de resposta inflamatória. Por outro lado, no interior dos poros,
notou-se a presença de tecido conjuntivo, porém não de tecido ósseo. O autor
concluiu que, apesar de a hidroxiapatita ser bem tolerada pelos tecidos, não
apresenta capacidade osteoindutora.
Em 1989, DALCUSI et al.
25
avaliaram a capacidade de cerâmicas
bifásicas macroporosas de fosfato de cálcio serem reabsorvidas em defeitos infra-
ósseos criados em cães. Os materiais utilizados tinham proporções variadas de
βTCP/HA, quais sejam 15/85, 35/65, 85/15. Seis meses após os procedimentos
cirúrgicos os animais foram mortos. Os resultados mostraram que houve uma
diminuição da média de tamanho das partículas, bem como um aumento no
tamanho das microporosidades tanto na superfície quanto no centro das mesmas,
Revisão da Literatura
98
indicando a ocorrência de dissolução do material. Tal capacidade reabsortiva
dependeu da proporção βTCP/HA, sendo que quanto maior a proporção de βTCP
em relação à HA, maior a sua capacidade de ser reabsorvida. Os autores relataram
ainda que houve a formação de microcristais com as mesmas características dos
cristais de apatita do tecido ósseo, podendo a mesma ser devido à precipitação de
íons cálcio e fosfato durante a dissolução do material. Sendo assim, os autores
concluíram que um dos meios de aumentar a capacidade de reabsorção das
cerâmicas bifásicas de fosfato de cálcio é através da variação da proporção
βTCP/HA.
Segundo BAGAMBISA e JOOS
9
, 1990, a osteomorfogênese está
associada com os fenômenos de ação das células (ancoragem, inserção, adesão, e
crescimento) e a formação e deposição de osso diretamente sobre o implante requer
uma superfície que não seja somente atóxica, mas que também favoreça a ação
celular. Sendo assim, esses autores avaliaram o comportamento de osteoblastos
quando cultivados diretamente sobre a superfície de partículas porosas e densas de
hidroxiapatita sintética, durante o período de 4 a 28 dias. Os resultados mostraram
que os osteoblastos se uniram e se aderiram à superfície da hidroxiapatita,
cresceram, proliferam, e secretaram matriz extracelular, sem nenhum prejuízo à
fisiologia das células. Não foi verificado também nenhum sinal de toxicidade,
favorecendo assim a osteomorfogênese e o reparo ósseo.
Em 1992, GRANJEIRO et al.
43
avaliaram algumas hidroxiapatitas
para uso clínico com relação às características físico-químicas, utilizando
microscopia óptica e eletrônica de varredura, espectrometria de infra-vermelho,
difração e fluorescência de raios X, e determinação da concentração de íons cálcio e
fosfato. As hidroxiapatitas testadas foram a Biohidroxi (Inodon), Osteosynt (Einco
Ltda), HA 40 (Homus Ind. Com. Ltda), Osteogen (GBD Marketing Group Inc.), HA-
Padrão (Sigma Corporation). Os resultados demonstraram que, quanto à pureza,
todos os materiais apresentaram alto grau, semelhantes à HA-Padrão, com exceção
da HA 40, que mostrou impurezas quando analisada pela espectrometria de infra-
vermelho e fluorescência de raios X. Com relação à granulação, a Biohidroxi foi a
única que apresentou granulação de 10 a 50 micrômetros, portanto, a única que
Revisão da Literatura
99
permitiria sua reabsorção pelo mecanismo da fagocitose. E, quanto à liberação de
íons cálcio, a Biohidroxi também foi a única que, no estudo de dissolução ácida,
liberou totalmente esses íons. Além disso, todos os materiais apresentaram
superfície irregular, e a Osteosynt apresentou poros de 1 a 5 micrômetros de
diâmetro.
BONACHELA et al.
13
, 1992, avaliaram clínica e radiograficamente o
implante intra-alveolar, pós-extração, de uma hidroxiapatita microgranular
(Biohidroxi, Inodon) com o objetivo de testá-la como um material a ser utilizado para
a manutenção de rebordos alveolares. O paciente apresentava comprometimento
periodontal dos dentes incisivos inferiores, bem como dos pré-molares inferiores
direitos. Assim, após a extração dos referidos dentes, foi realizada a implantação da
hidroxiapatita nos alvéolos, homogeneizando-a com o próprio sangue do paciente.
Sete dias após a cirurgia, a região apresentava-se em processo normal de reparo e,
3 meses depois, a mucosa apresentava-se firme à palpação, com coloração normal
e ausência de ulceração. Radiograficamente, notou-se aumento da radiopacidade na
região apical dos alvéolos, e manutenção do nível ósseo original. Dessa forma, os
autores consideraram que o material demonstrou um sucesso clínico significativo.
A resposta do tecido ósseo com relação ao implante de osso bovino
inorgânico reabsorvível, bem como a duas hidroxiapatitas densas não-reabsorvíveis,
com tamanhos diferentes de partículas foi avaliada e comparada por KLINGE et
al.
59
, 1992. Os autores realizaram 4 cavidades nas calvárias de 13 coelhos, e as
mesmas foram divididas em 4 grupos. No grupo 1, eram preenchidas com osso
bovino inorgânico (Bio-Oss); no grupo 2, com partículas densas de hidroxiapatita de
0,3 a 0,6mm; no grupo 3, com partículas de HA densas de 0,6 a 1,0mm; e, os do
grupo 4 permaneceram como controle. Os animais foram mortos 4 e 14 semanas
após a cirurgia, e os resultados foram obtidos por meio de análise radiográfica,
microscópica, e histomorfométrica. A biocompatibilidade de todos os implantes foi
comprovada, uma resposta inflamatória leve foi encontrada nas primeiras 4
semanas, porém a mesma diminuiu quase completamente em 14 semanas.
Nenhuma tendência de osteoindução foi observada, embora o reparo ósseo, 4
semanas após a cirurgia, tenha ocorrido primeiramente no grupo do Bio-Oss.
Revisão da Literatura
100
Naqueles animais mortos 14 semanas após a cirurgia, o padrão de regeneração
óssea foi o mesmo, independente do material implantar.
No mesmo ano, NERY et al.
81
realizaram um estudo com o objetivo
de determinar a proporção ideal de HA e βTCP em cerâmicas de fosfato de cálcio
porosas e bifásicas. Foram, então, criados defeitos infra-ósseos periodontais em
cães, sendo os mesmos preenchidos com as cerâmicas em questão em diferentes
proporções. Para o grupo controle, a proporção utilizada foi 0HA/0βTCP, havendo
também 7 grupos experimentais, nos quais as cerâmicas apresentavam-se da
seguinte maneira: 100HA/0βTCP, 85HA/15βTCP, 65HA/35βTCP, 50HA/50βTCP,
35HA/65βTCP, 15HA/85βTCP, 0HA/100βTCP. O ganho no nível de inserção foi
analisado por meio das medidas da profundidade de sondagem realizadas antes e
seis meses após o enxerto, assim como os espécimes foram avaliados
histologicamente. A análise estatística demonstrou que, em todos os grupos
experimentais, a melhora foi estatisticamente significante em relação ao grupo
controle. Já, quanto aos grupos experimentais, naqueles em que a proporção foi de
85HA/15βTCP e 65HA/35βTCP, a melhora foi significativamente maior do que nos
demais. Por outro lado, a avaliação histológica mostrou que a regeneração óssea e
o nível de inserção foram maiores quando se utilizou a proporção de 85HA/15βTCP,
pois esse grupo mostrou os melhores resultados.
OLIVEIRA et al.
87
, 1993, analisaram a resposta tecidual frente ao
implante de micropartículas de HA sintética, de 10 a 50 micrômetros, em tecido
subcutâneo de ratos. Nas primeiras horas (3 e 24 horas) após a cirurgia, observou-
se uma intensa reação inflamatória aguda. A partir do sétimo dia ocorreu a formação
de granulomas do tipo corpo estranho ao redor das partículas, e aos 60 dias houve
redução do volume dos mesmos e maior dispersão das células inflamatórias, não
sendo visualizado envolvimento imunológico exacerbado. Os autores concluíram que
não houve rejeição do material, reforçando sua biocompatibilidade e possibilitando
seu uso clinicamente.
Segundo KOHRI et al.
60
, 1993, muitos fatores influenciam a
biodegradação do material, dentre eles o tamanho das partículas, a proporção de
Revisão da Literatura
101
TCP e HA e as condições em que o mesmo é sinterizado. Esses autores
examinaram in vitro a estabilidade de cerâmicas de fosfato de cálcio em água
destilada deionizada e soluções fisiológicas. Quatro tipos de cerâmicas de fosfato de
cálcio foram testadas, quais sejam, TCP puro, HA pura, e duas cerâmicas bifásicas,
uma contendo 38% de TCP (38TCP), e a outra contendo 80% de TCP (80TCP). Tais
cerâmicas foram imersas nas soluções citadas acima durante 1, 4 e 12 semanas
para que as mudanças sofridas fossem avaliadas por meio de difração de raios-X e
microscopia eletrônica de varredura. Os resultados mostraram que o TCP puro, bem
como aquele presente nas cerâmicas bifásicas, foram convertidos em apatita. Além
disso, cristais de apatita com um formato semelhante a agulhas foram observados
na superfície desses materiais, podendo ser resultado da hidrólise do material, bem
como da precipitação de íons cálcio e fosfato por sua dissolução. Por outro lado, a
HA pura não mostrou nenhuma mudança em sua estrutura. Por isso, os autores
concluíram que o TCP é menos estável que a HA em solução aquosa.
Em 1995, YAMAGUCHI et al.
122
observaram clinicamente o reparo
ósseo ao redor de blocos de hidroxiapatita sintética, bem como a degradação dos
mesmos durante um longo período de tempo. Sete pessoas, que tinham cavidades
ósseas causadas por tumores ósseos ou remoção de osso para enxerto, e nas quais
realizou-se o implante de blocos de HA porosa, foram acompanhadas
radiograficamente por mais de seis anos. Com os resultados, os autores verificaram
que a formação de tecido ósseo ao redor dos blocos de HA foi máxima 1 ano após o
implante, e também que o mesmo resistiu à degradação durante todo o período de
acompanhamento. Tais fatos demonstraram, como características dos blocos de HA,
a biocompatibilidade e a resistência à degradação.
NARY FILHO; OKAMOTO
80
, 1996, avaliaram a biocompatibilidade
do Hapset
R
, material composto pela associação do sulfato de cálcio com
hidroxiapatita densa, através da inserção de tubos de polietileno em alvéolos de
ratos após extrações, contendo em suas extremidades Hapset e guta-percha. Os
animais foram mortos 7, 15, 21 e 30 dias após a cirurgia, e os espécimes
processados e submetidos à análise histológica. Com os resultados obtidos,
constatou-se um comportamento menos irritante da gutapercha, já a irritação local
Revisão da Literatura
102
provocada pelo Hapset
R
foi importante, visto que não permitiu a organização do
tecido conjuntivo próximo ao material mesmo nas fases mais tardias de observação,
ocorrendo atraso na organização dos tecidos próximos ao Hapset
R
, com persistência
do infiltrado inflamatório e atraso na formação do trabeculado ósseo. Além disso,
nesse estudo também não se observou qualquer indício de absorção do material até
o período de 30 dias.
Em 1998, YUAN et al.
125
estudaram a absorção de BMP bovina por
cerâmicas de fosfato de cálcio por meio de testes in vitro e in vivo, bem como
investigaram o aumento da osteogênese pelas mesmas cerâmicas associadas à
BMP bovina. No estudo in vitro foi testada a capacidade de absorção de diferentes
cerâmicas de fosfato de cálcio porosas (HA, 22TCP/78HA, 37TCP/63HA) à BMP
bovina. Os resultados mostraram que a HA pura teve um maior poder absortivo que
as outras duas cerâmicas bifásicas. O estudo in vivo foi realizado em duas espécies
animais: porcos e cães. Nos primeiros, 4 espécimes de 30TCP/70HA porosas foram
implantadas de um lado do músculo dorsal, e, 15 dias depois, mais 4 espécimes da
mesma cerâmica, do outro lado. As amostras foram colhidas 30 dias após a última
cirurgia. Os resultados mostraram que a cerâmica pode induzir a formação de tecido
ósseo, sendo que a análise imunohistoquímica detectou uma alta concentração de
BMP no interior dos implantes cerâmicos antes de ter ocorrido a formação de tecido
ósseo. No estudo in vivo realizado em cães, realizaram implantes da cerâmica
porosa com 30TCP/70HA saturada com BMP bovina ou não (controle) também no
músculo dorsal, colhendo as amostras 50 e 100 dias após o procedimento cirúrgico.
Os resultados comprovaram a neoformação óssea com ambos os implantes, nos
dois períodos experimentais, sendo que a mesma foi maior quando se utilizou os
implantes tratados com BMP bovina. Dessa forma, os autores concluíram que as
cerâmicas de fosfato de cálcio têm capacidade de absorver BMP dos fluidos
corpóreos, da mesma forma que sugerem que tal fato tem uma importante função
durante a osteogênese.
A propriedade osteoindutiva de dois tipos de cerâmica de
hidroxiapatita porosa, fabricadas por diferentes produtores, foi testada, em cães, por
YUAN et al.
124
, 1999. Uma das cerâmicas (J-HA), era macroporosa (poros de
Revisão da Literatura
103
200µm), foi sinterizada a 1200
o
C, e a superfície de seus poros era densa. Por outro
lado, a cerâmica S-HA, apresentava macroporos de 400µm, foi sinterizada a 1100
o
C,
tendo microporos na superfície de seus poros. Tais cerâmicas foram implantadas
intramuscularmente em 4 cães, sendo que 2 deles foram mortos 3 meses após o
implante, e os outros dois, 6 meses depois. Os resultados do estudo mostraram que
ocorreu formação de tecido ósseo junto a todos os implantes de S-HA nos dois
períodos experimentais; tal fato não foi observado em nenhum dos espécimes de J-
HA, já que havia, dentro de seus poros, apenas tecido fibroso, células e vasos
sangüíneos. Com base nos achados, os autores puderam concluir que a
osteoindução junto aos biomateriais de fosfato de cálcio é material-dependente,
acreditam que o fator chave para as diferenças encontradas foram os microporos
presentes na superfície dos macroporos, e sugerem também que os mesmos
poderiam auxiliar na absorção de mais BMP pelo material.
ORR et al.
88
, 2001, avaliaram propriedades mecânicas (resistência à
compressão e módulo de elasticidade) de defeitos ósseos medulares tratados com
partículas de hidroxiapatita ou de osso bovino inorgânico (Bio-Oss). Para isso, foram
criados defeitos no côndilo femoral de coelhos, os quais foram divididos em três
grupos conforme o material de preenchimento utilizado, sendo um deles o grupo
controle, onde os defeitos não foram preenchidos. As análises foram realizadas 6 e
26 semanas após o procedimento cirúrgico. Os resultados mostraram que, quanto à
resistência à compressão, nos defeitos tratados com HA houve um aumento de 1,7
dentro de 6 semanas e de 5,7 dentro de 26 semanas, quando comparados aos do
grupo controle. Os valores relativos a essa mesma propriedade do Bio-Oss foram
mais próximas, porém maiores, daqueles obtidos pelo osso neoformado nos defeitos
do grupo controle. Quanto ao módulo de elasticidade, o grupo da HA mostrou um
aumento de 2 vezes em 6 semanas, e de 9 vezes em 26 semanas, quando
comparado ao controle; não havendo diferença significante entre o grupo controle e
do Bio-Oss em nenhum dos períodos experimentais. Por outro lado, os autores
relataram também os resultados obtidos com uma análise histomorfométrica
realizada 26 semanas após o implante, apenas nos grupos experimentais,
mostrando que a quantidade de partículas de Bio-Oss ocupou dois terços a menos
do espaço que as de HA, com a mesma quantidade de material implantado,
sugerindo assim uma reabsorção das partículas de Bio-Oss.
Revisão da Literatura
104
VERDONSCHOT et al.
116
, 2001, também testaram as propriedades
mecânicas de partículas de biomateriais com diferentes proporções TCP/HA,
tamanho e porosidade, em comparação com partículas de osso humano. O estudo
foi constituído de sete grupos: (1) osso cortical e medular humano, partículas de 2,1
a 1,3mm; (2) 80TCP/20HA, 0% de porosidade, partículas de 3 a 5 mm; (3)
20TCP/80HA, 0% de porosidade, partículas de 3 a 5mm; (4) 80TCP/20HA, 50% de
porosidade, partículas de 3 a 5mm; (5) 80TCP/20HA, 0% de porosidade, partículas
de 6 a 8mm; (6) mistura dos grupos 1 e 2; (7) mistura dos grupos 1 e 4. Quanto à
deformação após a aplicação de carga, as partículas de osso mostraram o maior
valor, enquanto os menores foram encontrados nas partículas dos biomateriais.
Entre os biomateriais, quanto maior a partícula e a porosidade, maior a deformação;
enquanto que a proporção TCP/HA não influenciou tal parâmetro. Quanto ao módulo
de elasticidade, o osso humano demonstrou o menor valor, enquanto os maiores
foram alcançados pelos grupos 2 e 4, sendo ainda maior quanto maior a porosidade.
Nos grupos onde foram feitas as misturas (6 e 7), os resultados foram
intermediários, porém se aproximaram mais daqueles obtidos com o osso humano.
Os autores concluíram que o uso dos biomateriais deve ser realizado com cuidado,
visto que os resultados obtidos foram muito diferentes daqueles do osso humano.
Além disso, eles indicam que, quanto maior o tamanho da partícula e a porosidade,
mais os resultados relativos às propriedades mecânicas se aproximam daqueles do
osso humano, e acreditam que a mistura dos biomateriais com o osso é válida, pois
melhora as propriedades mecânicas do material e diminui a quantidade de osso
requerida para o enxerto.
No mesmo ano, STEFFEN et al.
108
implantaram blocos porosos de
βTCP, impregnados ou não com TGF-β3, em defeitos ósseos criados na porção
anterior de duas vértebras da coluna vertebral de macacos. O sacrifício dos animais
foi realizado 3 e 6 meses após a cirurgia. Os resultados mostraram que os blocos de
βTCP foram completamente osseointegrados dentro de seis meses, com abundante
aposição de tecido ósseo em contato direto com a superfície porosa do material,
bem como no seu interior, porém os blocos sofreram mínima reabsorção. Por outro
lado, mostrou-se que, apesar de os blocos impregnados com TGF-β3 apresentarem
também osseointegração, não houve vantagens quanto a esse fator, porém,
observou-se reabsorção das partes periféricas do material, sendo o mesmo
Revisão da Literatura
105
substituído por tecido ósseo, o que, segundo os autores, seria resultado da intensa
angiogênese mediada pelo TGF-β3.
Em 2002, KURASHINA et al.
62
compararam a atividade
osteoindutiva de cerâmicas bifásicas de fosfato de cálcio, modificando a proporção
de HA e TCP. Para isso, os autores implantaram intramuscularmente, em coelhos,
cilindros das referidas biocerâmicas nas proporções de 7HA/3TCP (HT 73),
2HA/8TCP (HT 28) e 0HA/10TCP (HT 010). Seis meses após os procedimentos
cirúrgicos, os animais foram mortos e as peças obtidas foram submetidas à análise
microscópica e microrradiográfica. Os resultados mostraram que a formação óssea
foi detectada somente nos espécimes em que se utilizou a HT 73, sendo que os
outros implantes não foram capazes de induzir a formação de tecido ósseo. Com
relação à reabsorção dos implantes, após o período experimental de seis meses, a
HT 73 não demonstrou modificação na sua estrutura; por outro lado, tanto a HT 28
quanto a HT 010, mostraram significante mudança no formato e também diminuição
de tamanho, evidenciando a ocorrência de reabsorção. Os autores comprovam que
o TCP é mais degradável que a HA e, além disso, que a manutenção do material
implantado no local do enxerto pode auxiliar a ocorrência de osteoindução.
No mesmo ano, GOSAIN et al.
41
também avaliaram a capacidade
osteoindutiva de biomateriais derivados de hidroxiapatita, implantando-os no tecido
subcutâneo e intramuscular de ovelhas. Foram utilizados dois materiais cerâmicos,
um deles contendo 100% de HA, e o outro 60% de HA e 40% de βTCP; três na
forma de cimento, contendo (1) 100% de HA, (2) 60% de HA e 40% de βTCP, (3)
20% de HA e 80% de βTCP e, como controle, utilizou-se de osso autógeno. Um ano
após os implantes, foram realizadas as análises, por meio de tomografia
computadorizada e microscopia eletrônica. Quanto à reabsorção, o osso autógeno e
o cimento contendo 20% de HA e 80% de βTCP, mostraram significante redução de
volume, sendo que o mesmo não foi observado nos outros materiais. Quanto ao
potencial de osteoindução, uma significante formação óssea foi observada quando a
arquitetura dos poros foi mantida, sendo assim maior no caso das cerâmicas. Por
outro lado, com relação aos cimentos, os autores constataram maior formação óssea
quando havia maior porcentagem de βTCP, em virtude de que a reabsorção do
Revisão da Literatura
106
mesmo levaria a um aumento da porosidade do material, apesar da diminuição do
volume do mesmo.
BRANDÃO et al.
14
, 2002, estudaram, por meio de análise histológica
e histométrica, o potencial osteoindutivo da hidroxiapatita, sozinha ou combinada
com proteínas ósseas morfogenéticas (HA/BMPs), quando implantada em alvéolos
dentais de ratos. Foram utilizados 45 animais, divididos em três grupos: controle,
onde os alvéolos não receberam tratamento; HA, nos quais utilizou-se a
hidroxiapatita pura; e HA/BMPs, implantando-se a hidroxiapatita acrescida de BMPs.
Após 7, 21 e 42 dias da cirurgia, os ratos foram mortos para que fossem realizadas
as análises histológica e histométrica. Os resultados mostraram que ambos os
materiais produziram atraso na cronologia do reparo alveolar em comparação aos
animais controle, principalmente nos períodos de 21 e 42 dias. No período de 21
dias, houve maior formação óssea no grupo da HA pura do que no da HA/BMPs,
havendo diferença estatística entre eles. Já 42 dias após o procedimento cirúrgico,
houve uma inversão, pois havia mais tecido ósseo neoformado no grupo HA/BMPs
do que no da HA pura, porém sem diferenças estatísticas entre os mesmos. Assim,
os autores concluíram que os materiais não trouxeram benefícios à formação óssea
no período normal de reparação alveolar e que a HA/BMPs não apresentou
propriedades osteoindutoras nas condições em que foi enxertada ou tendo como
veículo a hidroxiapatita em formato granular.
Em 2004, FERREIRA et al.
33
realizaram um estudo com o objetivo
de verificar a capacidade osteoindutiva de proteínas ósseas morfogenéticas bovinas
unidas à HA microgranular sintética de 5 µm (GenPro, Baumer). Para isso,
confeccionaram cavidades de tamanho crítico na calota craniana de 25 ratos. Esses
animais foram divididos em um grupo experimental, composto de 15, os quais foram
mortos 1, 3, e 6 meses após a cirurgia, e um grupo controle, composto de 10
animais, os quais foram mortos zero hora e 6 meses depois do procedimento
cirúrgico. Os resultados mostraram que 1 e 3 meses após a cirurgia não houve
formação de tecido ósseo, as cavidades foram preenchidas com tecido conjuntivo
fibroso e ocorreu reação granulomatosa do tipo corpo estranho ao redor dos
aglomerados de HA. No final de seis meses, no grupo experimental, o tamanho dos
Revisão da Literatura
10
7
focos granulomatosos diminuiu e a área do defeito reduziu 22% quando comparada
à do grupo controle zero hora, devido à deposição de tecido ósseo nas bordas do
mesmo; porém, esse resultado foi similar ao encontrado no grupo controle seis
meses após a cirurgia. Os autores concluíram que o material utilizado provocou a
ocorrência de reação granulomatosa do tipo corpo estranho, a qual inibiu a
neoformação óssea, sugerindo que a HA microgranular sintética não seria um bom
carreador para a BMP induzir formação óssea.
No mesmo ano, GOSAIN et al.
42
testaram biomateriais à base de HA
com o objetivo de avaliar seu potencial osteogênico, quando implantados, durante 1
ano, na calvária de ovelhas. Os materiais utilizados foram uma cerâmica contendo
60% de HA e 40% de βTCP, e três cimentos contendo (1) 100% de HA, (2) 60% de
HA e 40% de βTCP, (3) 20% de HA e 80% de βTCP. Nos defeitos preenchidos com
a cerâmica, ou com o cimento de 60% de HA e 40% de βTCP houve aumento
significante de volume tecidual, indicando que a deposição óssea no interior dos
implantes excedeu a reabsorção do material. Por outro lado, nos defeitos
preenchidos com os outros cimentos não houve aumento significante de volume
tecidual. Além disso, houve uma correlação inversa entre a concentração de HA e a
quantidade de substituição de material por osso. Segundo os autores, isso ocorreu
em virtude de que, com o aumento da concentração de βTCP, aumentou a presença
de macroporos, causada pela reabsorção do mesmo. Assim, a presença deles
poderia otimizar a neoformação óssea, o que, segundo os autores, poderia ser
conseguido pelo aumento na concentração de um componente rapidamente
reabsorvível como o βTCP.
SUBA et al.
111
, 2004, compararam o efeito de partículas de βTCP e
de osso autógeno a serem utilizados para levantamento de seio maxilar em 20
pacientes. Seis meses após a cirurgia de enxerto, foram obtidos cilindros do tecido
ósseo neoformado na região e colocados implantes no local. Os autores utilizaram
oitenta amostras ósseas para avaliar histologicamente a osseointegração dos
enxertos, bem como com o objetivo de mensurar a densidade óssea por meio de
histomorfometria. Os resultados mostraram que o βTCP foi um material
osteocondutivo e que o mesmo sofreu uma desintegração gradual, fornecendo
Revisão da Literatura
108
espaço para a regeneração óssea. Além disso, a densidade óssea foi similar com
ambos os materiais. Dessa forma, os autores concluíram que, após seis meses, o
βTCP propiciou a formação de um tecido ósseo estável, apto para a ancoragem de
implantes dentários.
O processo de reparo de cavidades criadas no ângulo da mandíbula
de cães foi analisado por ARTZI et al.
7
, 2004. Foram criados seis defeitos ósseos, os
quais foram divididos em três grupos: um controle e dois experimentais, sendo que
em um deles se utilizou osso bovino inorgânico e no outro βTCP poroso. Além disso,
um defeito de cada grupo foi coberto com uma membrana de colágeno. Os animais
foram mortos aos 3, 6, 12 e 24 meses após o procedimento cirúrgico. Os resultados
mostraram que não houve diferença entre os defeitos cobertos ou não com
membrana, independente do preenchimento realizado. Houve, ainda, completo
reparo ósseo em todos os grupos testados, sendo que tanto o osso bovino
inorgânico quanto o βTCP mostraram-se materiais biocompatíveis. Entretanto, aos
24 meses, as partículas de βTCP foram completamente reabsorvidas, enquanto as
partículas de osso bovino inorgânico ainda apresentavam-se nos locais cirúrgicos.
Em 2005, LE NIHOUANNEN et al..
65
avaliaram a capacidade
osteoindutiva de uma cerâmica de fosfato de cálcio bifásica microporosa,
implantando-a intramuscularmente em ovelhas. O material apresentava-se na forma
de partículas de 1 a 2 mm de diâmetro, com uma proporção HA/βTCP de 60/40,
porosidade total de 70%, contendo macro e microporos (450µm e 0.43µm,
respectivamente), cuja superfície era microporosa. Seis meses após o procedimento
cirúrgico os animais foram mortos. Os resultados mostraram que houve formação de
tecido ósseo em contato direto com a superfície das partículas da cerâmica, entre
elas, bem como no interior dos macroporos das mesmas; tendo esse osso um
aspecto bem mineralizado com a presença de osteócitos, e características similares
ao osso esponjoso. Por isso, os autores indicam a utilização do material em cirurgias
ósseas corretivas.
No mesmo ano, HING et al.
49
avaliaram a influência da
microporosidade sobre a osseointegração e volume ósseo no interior de substitutos
Revisão da Literatura
109
ósseos compostos por hidroxiapatita porosa. Foram utilizados dois pares de
hidroxiapatita, um deles apresentando 70% de porosidade (HA70-1 e HA70-2), e o
outro 80% de porosidade (HA80-1 e HA80-2). A HA70-1 e a HA80-1 apresentavam
ainda 10% de microporosidades na superfície de sua estrutura, enquanto a HA70-2
e a HA80-2 possuiam, no mesmo local, 20% de microporosidade. Os materiais foram
implantados no côndilo femoral de 6 coelhos, sendo que os mesmos foram
removidos 1, 3, 12 e 24 semanas após a cirurgia para análise histológica,
histomorfométrica e mecânica. A análise histológica demonstrou uma variação no
grau de penetração de capilares neoformados em 1 semana e da morfologia óssea
dentro das estruturas de HA, de 3 a 24 semanas. Além disso, a histomorfometria
demonstrou um aumento significante de volume ósseo quando o material
apresentava 20% de microporosidade em sua estrutura dentro de três semanas.
Entretanto, um elevado nível de volume ósseo foi mantido somente dentro de 24
semanas no grupo da HA80-2, não havendo diferença estatisticamente significante
entre 12 e 24 semanas para os grupos que apresentavam porosidade total de 70%.
Os resultados dos testes mecânicos sugeriram que as diferenças quanto à formação
de tecido ósseo refletem em variações com relação à mecânica, sendo que o grau
de reforço é conferido ao material quando o mesmo encontra-se completamente
integrado com o tecido ósseo. Dessa forma, os autores propõem que a manipulação
dos níveis de porosidade no interior do material, para enxerto ósseo substituto, pode
ser usada para acelerar a osseointegração e elevar o equilíbrio do volume ósseo,
possivelmente por influenciar a permeabilidade e a angiogênese.
ÖZTÜRK et al.
90
, 2006, realizaram um estudo para verificar se a
combinação de DBM e HA/βTCP poderia criar um composto com propriedades
osteocondutiva e osteoindutiva. Para isso, os autores confeccionaram defeitos nos
óssos rádios de 24 ratos. Esses animais foram divididos em 4 grupos conforme o
material testado. O grupo I foi o controle, no qual os ratos não receberam nenhum
tipo de tratamento; no grupo II foi implantada DBM; no grupo III, HA/βTCP; e, no
grupo IV, uma mistura de DBM e HA/βTCP em partes iguais (5ml de cada
substância). As partículas de HA/βTCP tinham de 1 a 4mm de diâmetro. Dez
semanas após a cirurgia os animais foram mortos, fazendo-se então a análise
radiográfica e microscópica dos espécimes, sendo que a primeira foi comparada
com as radiografias realizadas logo após os procedimentos cirúrgicos. Os resultados
Revisão da Literatura
110
mostraram que o melhor reparo foi conseguido no grupo II (DBM), não havendo
diferença significante entre os outros três grupos. Como os grupos III (HA/βTCP) e
IV (DBM+HA/βTCP) não revelaram diferenças radiográficas nem histológicas, os
autores concluíram que a associação de DBM e HA/βTCP não traz benefícios para o
reparo ósseo. Além disso, segundo os autores, os efeitos positivos da DBM seriam
inibidos pela presença da HA/βTCP, não indicando então que se realizasse a
associação das referidas substâncias.
3
3
P
P
r
r
o
o
p
p
o
o
s
s
i
i
ç
ç
ã
ã
o
o
Proposição
113
3 PROPOSIÇÃO
O objetivo desse trabalho foi avaliar, comparativamente, de forma
descritiva e quantitativa, a evolução do processo de reparo ósseo frente ao coágulo
sangüíneo e aos implantes de sulfato de cálcio di-hidratado e hidroxiapatita BTCP
GenPhos em alvéolos dentários de ratos.
4
4
M
M
a
a
t
t
e
e
r
r
i
i
a
a
i
i
s
s
e
M
M
é
é
t
t
o
o
d
d
o
o
s
s
Materiais e Métodos
11
7
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 ANIMAIS
Para a realização deste trabalho foram utilizados 48 ratos machos
(Rattus, norvegicus, albinus, Wistar), os quais foram obtidos através de procriação
realizada no Biotério Central da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade
de São Paulo, após aprovação no Comitê de Ética no Ensino e Pesquisa em
Animais (Protocolo n
o
22/2005, na data de 17 de novembro de 2005). Após o
nascimento, os animais foram observados até atingirem o peso corporal entre 300 e
350g, o que ocorreu em 120 dias, em média. Os animais foram mantidos em gaiolas
coletivas identificadas de acordo com o grupo e o período pós-operatório, contendo
quatro ratos por gaiola no grupo controle e três nos grupos experimentais. O interior
das gaiolas era limpo em dias alternados. Os animais foram alimentados durante
todo o período experimental com ração sólida triturada e água à vontade.
4.2 MATERIAIS UTILIZADOS
4.2.1. Sulfato de cálcio di-hidratado
f
:
O sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO
4
·2H
2
O) (fig. 1) apresenta-se
na forma de um pó branco, fino e inodoro, que em contato com o soro fisiológico
teve pH 9,6.
f
Carlo Erba Reagenti - Itália
Materiais e Métodos
118
4.2.2. Hidroxiapatita BTCP GenPhos
g
:
A hidroxiapatita BTCP GenPhos (fig. 2) é uma biocerâmica sintética
densa, bifásica, apresentada na forma de microgrânulos de 0,25 a 1,00mm, cedida
pela empresa Baumer S.A. O pH do sobrenadante quando a mesma entrou em
contato com o soro fisiológico foi 8,9.
Sua composição, conforme informação do fabricante é a seguinte:
70% de hidroxiapatita (HA) – Ca
10
(PO
4
)
6
(OH)
2
;
30% de fosfato beta tricálcico (βTCP) – Ca
3
(PO
4
)
2
.
4.3 ANESTESIA
Os animais foram anestesiados com uma associação de cloridrato
de ketamina
h
(Dopalen), solução anestésica, e cloridrato de xilasina
i
(Anasedan),
solução sedativa e relaxante muscular (fig. 3), por via intramuscular, na face
posterior da coxa, na dosagem de 0,05ml/100g de peso animal para cada substância
citada. A anestesia foi realizada com o auxílio de uma seringa descartável para
insulina.
g
Baumer S.A. – Mogi Mirim, SP
h
Agribrands do Brasil Ltda. – Paulínia, SP
i
Agribrands do Brasil Ltda. – Paulínia, SP
Materiais e Métodos
119
Figura 1 - Sulfato de cálcio di-hidratado – Carlo
Erba Reagenti
Figura 2 - Hidroxiapatita BTCP GenPhos –
Baumer S.A.
Figura 3 - Sedativo e relaxante muscular
Anasedan e anestésico Dopalen
Materiais e Métodos
120
Materiais e Métodos
121
4.4 INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Após a anestesia realizou-se a anti-sepsia com gaze embebida em
solução de PVPI
j
na porção anterior da maxila, externamente, e depois
internamente, em toda a região próxima ao alvéolo dentário direito da maxila,
incluindo dentes e tecidos moles pelo lado vestibular e palatino (fig. 4).
Em seguida, com a utilização de instrumentos especialmente
adaptados (figs. 9 e 10), cedidos pela Disciplina de Cirurgia da Faculdade de
Odontologia de Bauru – USP, foram realizadas a sindesmotomia (fig. 5), luxação (fig.
6) e extração do incisivo superior direito de cada animal (figs. 7 e 8). A contenção da
hemorragia alveolar foi realizada com o auxílio de compressas de gaze estéril.
Os materiais foram então proporcionados e manipulados
adicionando aos mesmos soro fisiológico a 0,9%
k
(figs. 11 e 12).
Para a inserção do material no alvéolo foi utilizado um micro-porta-
amálgama metálico
l
(figs. 13 e 14). No grupo em que se utilizou o sulfato de cálcio
di-hidratado foram levadas, ao interior do alvéolo, duas porções do mesmo, e no
grupo em que se utilizou a hidroxiapatita BTCP GenPhos levou-se, ao interior do
alvéolo, três porções da mesma, em função de que a consistência do sulfato de
cálcio permitia que se introduzisse uma maior quantidade de material em cada
porção do que o que se conseguia com a hidroxiapatita. Após a inserção de cada
porção do material em questão, o mesmo era compactado no interior do alvéolo com
um cone de guta-percha
m
encurvado e calibrado de forma que o mesmo penetrasse
8mm (figs. 15 e 16), com o objetivo de que o material alcançasse o terço médio do
alvéolo.
Após a inserção dos materiais nos espécimes experimentais e
preenchimento com sangue do alvéolo dos espécimes controle, procedeu-se, de
j
Indústria Farmacêutica Rioquímica Ltda. – São José do Rio Preto, SP
k
Frenesius Kobi Brasil Ltda. – Campinas, SP
l
Duflex – S.S. White Artigos Dentários Ltda.
m
Dentsply Indústria a Comércio Ltda. – Petrópolis, RJ
Materiais e Métodos
122
imediato, a aproximação das margens gengivais e sua síntese com pontos simples,
os quais foram realizados com fios de seda 4.0
n
, montados em agulha atraumática,
procurando-se coaptar bem as margens gengivais (fig. 17).
Para que não houvesse trauma no tecido gengival onde foi realizada
a sutura, fez-se um desgaste com uma broca diamantada tronco-cônica
o
do incisivo
antagonista (fig. 18).
Os animais receberam dose única de 0,1ml de Pentabiótico
Veterinário
p
(benzilpenicilina benzatina, procaína, potássica e sulfato de
diidroestreptomicina e estreptomicina base) e, como antinflamatório, 0,04ml de
Ketofen 1%
q
(ketoprofeno) (fig. 19), por via intramuscular, na parte posterior da coxa
traseira, logo após o término do procedimento cirúrgico.
4.5 GRUPOS EXPERIMENTAIS E CONTROLE
Os ratos foram divididos em 3 grupos, sendo 2 experimentais e 1
controle. Por sua vez, os períodos pós-operatórios estabelecidos para a morte dos
animais foram três, quais sejam 7, 15 e 30 dias.
Os animais do grupo I (controle) tiveram seus alvéolos preenchidos
somente com coágulo sangüíneo. Tal grupo foi composto de 12 espécimes, sendo 4
para cada período pós-operatório.
Os grupos II e III (experimentais) foram compostos de 18 ratos cada,
6 animais para cada período pós-operatório. Os animais do grupo II receberam
implante de sulfato de cálcio di-hidratado; já, os do grupo III, de hidroxiapatita BTCP
GenPhos.
n
Ethicon Johnson & Johnson Ind. Com. Ltda. – São José dos Campos, SP
o
K. G. Sorensen Ind. Com. Ltda. – Barueri, SP
p
FORTE DODGE Saúde Animal Ltda. – Campinas, SP
q
MERIAL Saúde Animal Ltda. – Paulínia, SP
Materiais e Métodos
123
Figura 4 - Anti-sepsia do campo operatório
Figura 5 - Sindesmotomia
Figura 6 - Luxação do incisivo superio direito
Figura 7 - Extração do incisivo superior direito
Figura 8 - Incisivo superior direito extraido
Materiais e Métodos
124
Materiais e Métodos
125
Figura 9 - Instrumentos cirúrgicos
Figura 10 - Detalhes dos instrumentos cirúrgicos
Figura 11 - Hidroxiapatita BTCP GenPhos
manipulada
Figura 12 - Sulfato de cálcio di-hidratado
manipulado
Figura 13 - Micro-porta-amálgama metálico
Figura 14 - Inserção do material no alvéolo
Materiais e Métodos
126
Materiais e Métodos
12
7
Figura 15 - Cone de guta-percha encurvado e
calibrado
Figura 16 - Compactação do material no alvéolo
Figura 17 - Sutura
Figura 18 - Dente antagonista desgastado
Figura 19 - Pentabiótico Veterinário e
antiinflamatório Ketofen 1%
Materiais e Métodos
128
Materiais e Métodos
129
4.6 OBTENÇÃO DAS PEÇAS
Os animais foram mortos aos 7, 15 e 30 dias, conforme o grupo ao
qual pertenciam, por meio de uma dose excessiva de cloridrato de ketamina
(anestésico), injetada no coração. Para execução desse procedimento, os animais
foram anestesiados como descrito anteriormente.
Após a morte, foram realizados dois cortes no ângulo da boca com
uma navalha para micrótomo
r
, para que fosse possível então a luxação da
mandíbula, separando-se a mesma da maxila (fig. 20).
Em seguida, também com o auxílio da navalha para micrótomo, foi
feita uma incisão em profundidade no palato do animal, ao nível de plano sagital
mediano acompanhando a sutura intermaxilar, separando a hemimaxila direita da
esquerda (fig. 21). Com a mesma navalha, foi realizado um outro corte de modo a
tangenciar a face distal do molar superior direito mais posterior (fig. 22),
possibilitando a obtenção da hemimaxila direita contendo o alvéolo dentário no qual
o material foi inserido (fig. 23).
Realizou-se então a remoção de todo excesso de tecido muscular da
parte externa da peça (fig. 24).
r
Leica Microsystems Nussloch GmbH - Germany
Materiais e Métodos
130
Materiais e Métodos
131
Figura 20 - Luxação da mandíbula
Figura 21 - Incisição ao nível do plano sagital
mediano
Figura 22 - Incisão tangenciando a face distal do
molar superior direito mais posterior
Figura 23 - Hemimaxila
Figura 24 - Hemimaxila após a remoção do
tecido muscular localizado em sua
parte externa
Materiais e Métodos
132
Materiais e Métodos
133
4.7 PROCESSAMENTO LABORATORIAL
As hemimaxilas obtidas foram colocadas imediatamente em frascos
individuais, devidamente identificados, contendo solução de formalina a 10%
s
,
tamponada, com pH neutro, onde permaneceram durante sete dias.
Após a fixação, as peças foram lavadas em água corrente durante
vinte e quatro horas.
Para a desmineralização foi utilizada a solução de EDTA a 4,3% e
pH 7,2
t
, renovando-se a mesma semanalmente. A avaliação do grau de
desmineralização foi realizada através de tomadas radiográficas convencionais
utilizando-se o aparelho de raios-X Siemens Heliodent 70
u
, com a peça no sentido
longitudinal, a uma distância de 40 cm, com exposição de 0,12 segundos, e
processo de revelação radiográfico conforme o tempo e temperatura recomendados.
Constatou-se a desmineralização em aproximadamente 60 dias.
Após esse período, as peças foram lavadas em água destilada
durante 24 horas, desidratadas em concentrações crescentes de álcool,
diafanizadas em xilol e incluídas em blocos de Histosec
v
(parafina + resina),
seguindo as normas do processamento histotécnico do laboratório de Histologia da
FOB-USP.
As peças sofreram cortes semi-seriados no sentido longitudinal, com
5 µm de espessura, realizados em micrótomo
w
.
Para cada espécime foram preparadas 5 lâminas com 3 cortes
teciduais cada, e coradas com Hematoxilina e Eosina, para análise em microscópio
de trasmissão de luz.
s
Merck KGaA – Germany (500ml de formoldeído 37-40%, 4500ml de água destilada, 20g de fosfato
de sódio monobásico monoidratado, 32,5g de fosfato de sódio dibásico anidro)
t
Merck KGaA – Germany (4,13g de EDTA, 0,44g de NaOH, 100ml de água destilada)
u
Siemens – Germany
v
Merck KGaA – Germany
w
Jung Leica RM 2045 – Germany
Materiais e Métodos
134
4.8 FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS
A análise microscópica foi realizada com auxílio de um microscópio
binocular
x
, por dois examinadores e os resultados foram expostos por meio de duas
análises, uma descritiva e outra quantitativa, referentes a cada grupo e período pós-
operatório.
4.8.1 Análise descritiva
A análise microscópica descritiva da reação tecidual e do processo
de reparo ósseo proveniente dos materiais empregados nos grupos experimentais,
bem como do coágulo sangüíneo no grupo controle, consistiu na descrição dos
fenômenos histológicos observados nos espécimes representativos de cada grupo.
Tal análise foi realizada em duas partes, uma constituída pelo
preenchimento da tabela 1, em que foram registrados os fenômenos presentes em
cada espécime, e a outra formada por uma descrição corrente sucinta dos referidos
fenômenos.
O infiltrado inflamatório foi caracterizado observando-se os tipos
celulares presentes, bem como as características com relação ao citoplasma dos
macrófagos e células gigantes multinucleadas quando presentes. Já as áreas de
necrose foram avaliadas pela presença de áreas de coagulação e de abscedação.
Com relação aos fenômenos vasculares, observou-se a presença de áreas de
edema e de coágulo sangüíneo.
As características do tecido de granulação, com relação à sua
organização, foram avaliadas de acordo com sua presença em cada terço do alvéolo
x
Leitz Aristoplan – Germany.
Materiais e Métodos
135
analisado. Da mesma forma, a presença de tecido ósseo neoformado também foi
analisada conforme a sua localização no referido alvéolo.
Os aspectos referentes à crista óssea foram analisados quanto à
sua remodelação, levando em consideração a presença de reabsorção e
neoformação tanto no lado vestibular quanto palatino.
Por fim, observaram-se as características do material utilizado em
relação à ocorrência de persistência do mesmo, ou então se foram observados
apenas resíduos do referido material.
Materiais e Métodos
136
Tabela 1 - Dados observados nos espécimes dos grupos experimentais e controle em
cada período pós-operatório
GRUPO
PERÍODO EXPERIMENTAL
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo PMN
eosinófilo
macrófago
linfócito
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN
homogêneo
vacuolado
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo
vacuolado
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação
edema Fenômenos
vasculares
coágulo
terço cervical
terço médio
jovem
terço apical
terço cervical
terço médio
em organização
terço apical
terço cervical
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical
terço médio
terço apical
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular reabsorção
palatina
vestibular
Crista óssea -
remodelação
neoformação
palatina
persistência Material -
características
resíduos
Materiais e Métodos
13
7
4.8.2 Análise quantitativa
A análise quantitativa foi realizada por meio da atribuição de
escores, graduando-os de 0 a 3, conforme a intensidade dos fenômenos
microscópicos observados. Tal fato possibilitou a obtenção de dados utilizados para
a análise estatística posterior.
Nessa análise avaliaram-se os aspectos referentes ao infiltrado
inflamatório, densidade de fibroblastos, densidade angioblástica e tecido ósseo
neoformado. Quanto ao infiltrado inflamatório, levou-se em consideração a
quantidade de células inflamatórias e sua distribuição no interior do alvéolo. Para a
análise da densidade de fibroblastos e da densidade angioblástica observou-se,
respectivamente, a intensidade da presença de células fibroblásticas e da
proliferação angioblástica, comparando a última com a organização do tecido de
granulação. Por sua vez, o tecido ósseo neoformado foi avaliado por meio da
verificação de sua extensão no interior do alvéolo nos terços cervical e médio, onde
os materiais utilizados ficaram localizados.
Dessa forma, para a realização da análise quantitativa da reação
tecidual e do processo de reparo ósseo, nos grupos e períodos avaliados, foram
estabelecidos quatro critérios para a atribuição dos escores, os quais serão descritos
a seguir.
4.8.2.1 Infiltrado inflamatório
0 – Ausente: sem células inflamatórias;
1 – Discreto: presença esparsa de células inflamatórias ou em
pequenos conglomerados;
Materiais e Métodos
138
2 – Moderado: presença de células inflamatórias em toda extensão
do alvéolo, distribuídas de modo difuso ou em grandes
conglomerados;
3 – Intenso: presença abundante de células inflamatórias,
distribuídas em toda a extensão do alvéolo.
4.8.2.2 Densidade de fibroblastos
0 – Ausente: ausência de fibroblastos;
1 – Discreta: presença de células fibroblásticas esparsas;
2 – Moderada: presença de focos de células fibroblásticas ao longo
do alvéolo;
3 – Intensa: predomínio de células fibroblásticas ao longo do alvéolo.
4.8.2.3 Densidade angioblástica
0 – Ausente: ausência de proliferação angioblástica. Presença de
tecido de granulação maduro com grande quantidade de fibras
colágenas;
1 – Discreta: proliferação angioblástica esparsa. Presença de tecido
de granulação maduro, com grande quantidade de fibras
colágenas;
Materiais e Métodos
139
2 – Moderada: grandes conglomerados de proliferação
angioblástica. Presença de tecido de granulação em processo
de maturação, demonstrando alguns feixes de fibras colágenas
bem definidos;
3 – Intensa: abundante proliferação angioblástica. Tecido de
granulação jovem ou em organização e ausência de fibras
colágenas.
4.8.2.4 Neoformação de tecido ósseo
0 – Ausente: ausência de neoformação de tecido ósseo;
1 – Discreta: pequena extensão de trabeculado ósseo neoformado
junto à cortical óssea;
2 – Moderada: trabeculado ósseo neoformado avançando para o
centro do alvéolo nos terços analisados;
3 – Intensa: trabeculado ósseo neoformado preenchendo os terços
analisados.
A tabela utilizada para a marcação dos escores (tab. 2) é descrita a
seguir.
Materiais e Métodos
140
Tabela 2 - Escores atribuídos aos espécimes dos grupos experimentais e controle
conforme os critérios estabelecidos na análise quantitativa, dentro de
cada período pós-operatório
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I - CONTROLE
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS
4.8.3 Análise estatística
Primeiramente, com os valores dos escores atribuídos aos critérios
observados na análise quantitativa, foi empregado o teste não paramétrico de
Kruskal-Wallis, realizando-se assim a comparação entre os três grupos conforme o
período pós-operatório, bem como a comparação entre os períodos pós-operatórios
dentro de cada grupo.
A partir daí, quando tal teste demonstrou haver diferença significante
(p<0,05), aplicou-se o teste de Dunn, para comparar individualmente os valores em
questão.
5
5
R
R
e
e
s
s
u
u
l
l
t
t
a
a
d
d
o
o
s
s
Resultados
143
5 RESULTADOS
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA
5.1.1 Grupo I – Controle – 7 dias
Alvéolos dentais em franco processo de reparo (tab. 3), contendo
coágulo sangüíneo (fig. 25a) e algumas áreas de edema, sendo, o primeiro,
substituído gradativamente por tecido de granulação jovem (fig.25b) com intensa
atividade fibroangioblástica, exibindo de permeio, em alguns espécimes, escassos
polimorfonucleares neutrófilos, alguns linfócitos e moderada quantidade de
macrófagos. A presença de células gigantes multinucleadas foi muito discreta. A
presença de tecido ósseo neoformado foi predominantemente moderada, ocorrendo
com maior freqüência no terço médio (figs. 25c e 25d). No terço cervical, o tecido de
granulação apresentou, no geral, as três características, quais sejam jovem, em
organização e fibrosamento, havendo predomínio das duas últimas. As cristas das
corticais ósseas vestibular e palatina exibiam sinais discretos de reabsorção.
Resultados
144
Tabela 3 - Grupo I – Controle – 7 dias – Dados observados nos espécimes
analisados
GRUPO I - Controle
PERÍODO EXPERIMENTAL 7 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo X PMN
eosinófilo
macrófago X X X X
linfócito X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X
homogêneo X X X X
vacuolado
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo X X X
vacuolado
IInfiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas X
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação
edema X X Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X
terço cervical X X X X
terço médio X X
jovem
terço apical X X X
terço cervical X X X X
terço médio X X X X
em organização
terço apical X X X X
terço cervical X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X
terço médio X X X X
terço apical X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular X X X X reabsorção
palatina X X X X
vestibular
Crista óssea -
remodelação
neoformação
palatina
persistência Material -
características
resíduos
Resultados
145
Figuras 25: Grupo I (controle) – 7 dias
Figura 25a - Visão panorâmica do alvéolo exibindo áreas com coágulo sangüíneo ()
Figura 25b - Tecido de granulação jovem (TG) e cortical óssea vestibular (CV)
TG
CV
Resultados
146
Resultados
14
7
Figura 25c - Terço médio do alvéolo. Cortical óssea lingual (CL), trabéculas de tecido ósseo
neoformado (Ì), tecido de granulação jovem (TG), e cortical óssea vestibular
(CV)
Figura 25d - Visão aproximada do tecido ósseo neoformado (Ì) e da cortical óssea lingual
(CL)
CL
TG
CV
CL
Resultados
148
Resultados
149
5.1.2 Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 7 dias
Os espécimes deste grupo demonstraram (tab. 4) na superfície do
terço cervical, tecido de granulação com aspecto de fibrosamento, caracterizado
pelo predomínio de fibras colágenas e, logo abaixo, áreas de tecido de granulação
em organização e jovem. A presença de tecido necrótico se restringiu a esse terço,
variando de intensidade na amostra examinada. Em alguns espécimes, a massa de
tecido necrótico, envolvida por polimorfonucleares e macrófagos, com citoplasma ora
homogêneo, ora vacuolado, aproximava-se do terço médio. O infiltrado inflamatório,
na amostra examinada, variou de moderado a intenso. A presença de célula gigante
multinucleada foi uma constante, todavia em pequena quantidade. Em um dos
espécimes, as referidas células apareceram contornando, de modo bem definido, um
dos lados da massa necrótica (fig. 26a). Envolvendo todos esses eventos havia a
presença de tecido de granulação e focos de coágulo sangüíneo (fig. 26b). Esse
tecido apresentou intensa atividade fibroangioblástica, demonstrando áreas
características de tecido em organização (fig. 26c). A partir da cortical óssea, notou-
se a presença de osso neoformado de aspecto trabeculado (fig. 26c), em alguns
casos avançando para o centro do alvéolo, variando de discreto a moderado. À
medida que se seguia em direção ao terço apical, havia o predomínio de tecido de
granulação em processo de organização, coágulo sangüíneo e grande quantidade
de trabeculado ósseo neoformado.
Resultados
150
Tabela 4 - Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 7 dias – Dados observados nos
espécimes analisados
GRUPO III- Sulfato de cálcio di-hidratado
PERÍODO EXPERIMENTAL 7 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo X X X X X X PMN
eosinófilo
macrófago X X X X X X
linfócito X X X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X X X X
homogêneo X X X X X
vacuolado X X X X X X
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo
vacuolado X X X X X X
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas X X X X
áreas de coagulação X X X X X X
Necrose
áreas de abscedação X X X X X
edema X X X X X X Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X X X
terço cervical X X X X X
terço médio X X X X
jovem
terço apical X X X X X
terço cervical X X X X X
terço médio X X X X X X
em organização
terço apical X X X X X X
terço cervical X X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical
terço médio X X X X X X
terço apical X X X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular X X X X X X reabsorção
palatina X X X X X X
vestibular
Crista óssea -
remodelação
neoformação
palatina X
persistência Material -
características
resíduos X X X X X X
Resultados
151
Figuras 26: Grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado) – 7 dias
Figura 26a - Área necrótica (AN) apresentando um de seus lados circundado por CGMN ()
Figura 26b - Terço médio do alvéolo. Área necrótica (AN), infiltrado neutrofílico (}), tecido de
granulação em organização (TG) e focos de coágulo sangüíneo ()
AN
AN
TG
Resultados
152
Resultados
153
Fig. 26c - Terço médio do alvéolo mostrando a cortical óssea lingual (CL), tecido ósseo
neoformado (Ì) e tecido de granulação em organização com intensa atividade
fibroangioblástica (TG)
TG
TG
CL
Resultados
154
Resultados
155
5.1.3 Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 7 dias
Os alvéolos deste grupo demonstraram (tab. 5) suas superfícies com
uma faixa de tecido conjuntivo amadurecido caracterizado pela riqueza de fibras
colágenas. À medida que avançamos para o terço cervical, notaram-se ilhotas e
lingüetas de epitélio em proliferação até as porções mais superficiais do referido
terço. Nas porções mais profundas dos alvéolos analisados, observou-se, até o terço
médio, grandes espaços vazios deixados pelos microgrânulos de hidroxiapatita (fig.
27a), os quais foram removidos durante a microtomia. De permeio a esses espaços
vazios, havia intensa neoformação de tecido de granulação (fig. 27b), infiltrado
inflamatório crônico de moderado a intenso, células gigantes multinucleadas
esparsas, que se apresentavam ora homogêneas, ora vacuoladas, e macrófagos na
periferia, em contato com as partículas implantadas (fig. 27c). Em alguns espécimes,
foi possível observar, nas porções mais superficiais do terço cervical, algum foco de
supuração rico em neutrófilos e macrófagos. No terço médio, observaram-se
trabéculas de tecido ósseo neoformado a partir da cortical (fig. 27d) e, em alguns
espécimes, avançando para o centro do alvéolo. Esporadicamente, em alguns
espécimes, havia neoformação óssea no terço cervical. A presença de coágulo
sangüíneo foi uma constante no terço médio até o apical, onde havia exuberante
tecido de granulação e neoformação óssea.
Resultados
156
Tabela 5 - Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 7 dias – Dados observados
nos espécimes analisados
GRUPO III - Hidroxiapatita BTCP GenPhos
PERÍODO EXPERIMENTAL 7 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo X X X X X X PMN
eosinófilo
macrófago X X X X X X
linfócito X X X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X X X X
homogêneo X X X X X
vacuolado X X X X X X
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo X
vacuolado X X X X X
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação X X X
edema X Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
jovem
terço apical X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
em organização
terço apical X X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X X
terço médio X X X X X X
terço apical X X X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular X X X X X X reabsorção
palatina X X X X X X
vestibular X X X
Crista óssea -
remodelação
neoformação
palatina X X X
persistência X X X X X X Material -
características
resíduos
Resultados
15
7
Figuras 27: Grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos) – 7 dias
Figura 27a - Terço médio e parte do terço cervical do alvéolo com espaços vazios deixados
pelas partículas de HA (). Entre os espaços, presença de tecido de granulação
(TG)
Figura 27b - Detalhe da figura anterior, evidenciando a cortical óssea vestibular (CV), espaços
vazios deixados pelas partículas de HA (), e tecido de granulação jovem e em
organização (TG) entre os espaços
TG
TG
TG
TG
CV
Resultados
158
Resultados
159
Figura 27c - Detalhe da figura anterior. Tecido de granulação em organização (TG) e
macrófagos () em contato com a partícula de HA
Figura 27d - Terço médio do alvéolo evidenciando a cortical óssea lingual (CL), neoformação
óssea (Ì), tecido de granulação jovem e em organização (TG) e espaços
deixados pelas partículas de HA ()
TG
TG
TG
TG
CL
Resultados
160
Resultados
161
5.1.4 Grupo I – Controle – 15 dias
Os espécimes examinados exibiram (tab. 6), no terço cervical, de
modo geral, intensa neoformação óssea a partir das corticais, em concomitância
com pequenos focos de reabsorção. Na superfície do alvéolo, a presença de um
tecido de granulação em fase de fibrosamento foi uma constante, como também com
áreas em organização, e outras pequenas áreas ainda de aspecto jovem. A
presença de coágulo sangüíneo pôde ser notada, no terço cervical, em forma de
pequenos focos. À medida que se avançava para o terço médio, havia um
predomínio de neoformação óssea (fig. 28a), que se apresentou de aspecto
trabeculado desde a periferia até o centro do alvéolo. De permeio às trabéculas de
osso neoformado, observou-se tecido de granulação organizado, caracterizado por
moderada proliferação fibroblástica e intensa atividade angioblástica (fig. 28b). Essa
morfologia se estendeu até o terço apical, exibindo também alguns focos de coágulo
sangüíneo. O infiltrado inflamatório apresentou-se discreto, caracterizado pela
presença de macrófagos e linfócitos esparsos, principalmente no terço cervical.
Resultados
162
Tabela 6 - Grupo I – Controle – 15 dias – Dados observados nos espécimes
analisados
GRUPO I - Controle
PERÍODO EXPERIMENTAL 15 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo PMN
eosinófilo
macrófago X X X X
linfócito X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X
homogêneo X X X X
vacuolado X
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo X X
vacuolado
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação
edema Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X
terço cervical X X X
terço médio X X
jovem
terço apical X X X X
terço cervical X X X
terço médio X X X X
em organização
terço apical X X X X
terço cervical X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X X X
terço médio X X X X
terço apical X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular reabsorção
palatina X X X
vestibular X X X X
Crista óssea –
remodelação
neoformação
palatina X X X X
persistência Material –
características
resíduos
Resultados
163
Figuras 28: Grupo I (controle) – 15 dias
Figura 28a - Terço cervical e parte do terço médio do alvéolo com intensa neoformação
óssea (Ì) e presença de coágulo sangüíneo ()
Figura 28b - Terço médio evidenciando a cortical óssea lingual (CL), tecido ósseo neoformado
(Ì) e, de permeio, tecido de granulação em organização (TG)
CL
TG
TG
Resultados
164
Resultados
165
5.1.5 Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 15 dias
Os alvéolos representativos deste grupo exibiram (tab. 7), na
superfície, tecido de granulação com aspecto de fibrosamento, tendo logo abaixo
áreas em organização e jovem. No terço cervical, havia neoformação óssea,
variando de moderada a intensa (fig. 29a), oriunda das corticais vestibular e palatina,
em concomitância com pequenas lacunas de reabsorção, caracterizando o processo
de remodelação. No final desse terço, ocorreu a presença de imagens amorfas, de
aspecto basofílico, compatíveis com calcificação distrófica (fig. 29b), tendo nas
proximidades outras imagens de aspecto basofílico também, mas de estrutura
granular, sugerindo possíveis resíduos do material implantado (fig. 29c). Essas
imagens demonstraram, no seu interior ou na periferia, presença de macrófagos e
células gigantes multinucleadas, de aspecto homogêneo, vacuolado, e com
partículas. No terço médio, havia o predomínio de neoformação óssea, representada
por um trabeculado ósseo que exibiu, de permeio, tecido de granulação em
organização, com moderada atividade fibroblástica e intensa vascularização (fig.
29d). O infiltrado inflamatório foi discreto, representado por linfócitos e macrófagos e
localizando-se, principalmente, nos terços cervical e médio. A presença de focos de
coágulo sangüíneo foi uma constante em todo o alvéolo. No terço apical, havia a
presença de tecido de granulação com áreas de aspecto jovem e em organização e
neoformação óssea. Em um dos espécimes, observou-se um pequeno foco de
abscedação, no terço cervical, envolvido por tecido de granulação, não
comprometendo, todavia, a atividade de reparo no terço médio.
Resultados
166
Tabela 7 - Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 15 dias – Dados observados
nos espécimes analisados
GRUPO II - Sulfato de cálcio di-hidratado
PERÍODO EXPERIMENTAL 15 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo X X X PMN
eosinófilo X
macrófago X X X X X X
linfócito X X X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X X X X
homogêneo X X X X X X
vacuolado X X X X X X
Macrófagos
citoplasma
com partículas X X X X
homogêneo X X X X X X
vacuolado X X X X X X
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas X X X X X X
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação X
edema X X Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X X X
terço cervical X X X
terço médio X X X
jovem
terço apical X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
em organização
terço apical X X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
terço apical X X X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular X X X X reabsorção
palatina X X X X X X
vestibular X X X X X X
Crista óssea –
remodelação
neoformação
palatina X X X X X X
persistência Material –
características
resíduos X X X X X X
Resultados
16
7
Figuras 29 - Grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado) – 15 dias
Figura 29a - Terço cervical do alvéolo com neoformação óssea (Ì) a partir da cortical óssea
lingual (CL)
Figura 29b - Terço cervical. Áreas amorfas sugerindo focos de calcificação distrófica ()
CL
Resultados
168
Resultados
169
Figura 29c - Terço cervical do alvéolo com áreas de aspecto basofílico granular, sugerindo
resíduos do material implantado ()
Figura 29d - Terço médio do alvéolo mostrando a cortical óssea lingual (CL), tecido ósseo
neoformado (Ì) e, de permeio, tecido de granulação com intensa
vascularização (TG) e coágulo sangüíneo ()
CL
TG
TG
Resultados
170
Resultados
171
5.1.6 Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 15 dias
Os espécimes examinados exibiram (tab. 8), na porção superficial do
alvéolo, uma faixa de tecido fibroso bem definido. Logo abaixo, observou-se
pequena área de tecido de granulação jovem e áreas predominantes de tecido de
granulação em organização avançando para o terço cervical, sendo que, nas
porções mais superficiais desse terço, o infiltrado inflamatório crônico foi discreto. No
mesmo terço, observaram-se trabéculas de tecido ósseo neoformadas oriundas das
corticais vestibular e palatina. Em alguns espécimes, ocorreu a presença discreta de
pequenas lacunas de reabsorção das referidas corticais. À medida que se avançou
em direção ao terço médio, existiam imagens da presença de partículas de
hidroxiapatita implantadas (fig. 30a). De permeio às imagens das referidas partículas
havia tecido de granulação em organização, com moderada proliferação fibroblástica
e neoformação óssea moderada, na maioria dos espécimes examinados (fig. 30b).
Essas trabéculas ósseas, dispostas entre as partículas de hidroxiapatita,
apresentavam-se, por vezes, em contato direto com o material, como também
separadas do mesmo por uma interface de pequena espessura de tecido de
granulação (fig. 30c), o qual exibiu células macrofágicas, na maioria das vezes,
mononucleadas, aparecendo também células gigantes multinucleadas em contato
com a partícula (fig. 30d). Nesse tecido de granulação havia intensa neoformação
vascular, e não se observaram vestígios de células inflamatórias. No final do terço
médio e no terço apical, observou-se neoformação óssea, tecido de granulação em
organização e jovem e áreas de coágulo sangüíneo.
Resultados
172
Tabela 8 - Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 15 dias – Dados observados
nos espécimes analisados
GRUPO III - Hidroxiapatita BTCP GenPhos
PERÍODO EXPERIMENTAL 15 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo X PMN
eosinófilo
macrófago X X X X X X
linfócito X X X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X X X X
homogêneo X X X X X X
vacuolado X X X X X X
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo X X X X X
vacuolado X X X X X X
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação
edema X Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X X X
terço cervical
terço médio X X X
jovem
terço apical X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
em organização
terço apical X X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
terço apical X X X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA X X X X X X
vestibular reabsorção
palatina X X
vestibular X X X X X X
Crista óssea -
remodelação
neoformação
palatina X X X X X X
persistência X X X X X X Material -
características
resíduos
Resultados
173
Figuras 30 - Grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos) – 15 dias
Figura 30a - Terço médio do alvéolo mostrando a cortical óssea lingual (CL), espaços vazios
deixados pelas partículas de HA (), e cortical óssea vestibular (CV)
Figura 30b - Espaços vazios deixados pelas partículas de HA () tendo, de permeio, tecido
ósseo neoformado (Ì)
CL
CV
Resultados
174
Resultados
175
Figura 30c - Detalhe da figura anterior, mostrando áreas de neoformação óssea (Ì) e células
macrofágicas () em contato com as partículas de HA ()
Figura 30d - Partícula de HA () apresentando em sua periferia células macrofágicas mono e
multinucleadas ()
Resultados
176
Resultados
17
7
5.1.7 Grupo I – Controle – 30 dias
Os espécimes examinados demonstraram (tab. 9), na porção
superficial do alvéolo, tecido conjuntivo denso com fibrosamento e infiltrado
inflamatório crônico discreto perivascular, predominantemente linfocitário. As cristas
ósseas alveolares vestibular e palatina exibiam neoformação óssea, que se
estendeu por todo o terço cervical, preenchendo-o com osso trabeculado (fig. 31a),
tendo de permeio tecido de granulação em organização, com moderada quantidade
de fibroblastos, e grande quantidade de vasos sangüíneos. Em continuidade, no
terço médio, havia intensa neoformação de osso trabeculado (fig. 31b), com as
mesmas características já descritas. A presença de macrófagos, bem como de
células gigantes multinucleadas, foi discreta e, em alguns espécimes, esses
elementos celulares estavam concentrados em torno de pequenas áreas
compatíveis com fragmentos (espículas) de tecido ósseo em processo de
reabsorção. As células gigantes multinucleadas foram observadas também no tecido
de granulação entre as partículas de osso neoformado. No terço apical, havia
também intensa neoformação óssea em concomitância com tecido de granulação
em organização.
Resultados
178
Tabela 9 - Grupo I – Controle – 30 dias – Dados observados nos espécimes
analisados
GRUPO I - Controle
PERÍODO EXPERIMENTAL 30 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo PMN
eosinófilo
macrófago X X X X
linfócito X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X X
homogêneo X X X X
vacuolado X X X X
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo X
vacuolado X X X X
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação
edema X Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X
terço cervical X
terço médio X
jovem
terço apical X
terço cervical X X X X
terço médio X X X X
em organização
terço apical X X X X
terço cervical X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X X X
terço médio X X X X
terço apical X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular reabsorção
palatina
vestibular X X X X
Crista óssea -
remodelação
neoformação
palatina X X X X
persistência Material -
características
resíduos
Resultados
179
Figuras 31 - Grupo I (controle) – 30 dias
Figura 31a - Terço cervical e parte do terço médio do alvéolo evidenciando neoformação
óssea do tipo intensa (Ì)
Figura 31b - Terço médio do alvéolo com neoformação de tecido ósseo (Ì), e cortical óssea
lingual (CL)
CL
Resultados
180
Resultados
181
5.1.8 Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 30 dias
Os alvéolos dentários examinados apresentaram (tab. 10), em suas
superfícies, tecido fibroso e neoformação óssea. À medida que se avançava para o
terço cervical, verificava-se a presença de tecido de granulação em organização,
pequenas áreas de tecido de granulação jovem e osso neoformado do tipo
trabecular (fig. 32a), oriundo das corticais. As cristas ósseas vestibular e palatina
exibiam neoformação óssea, caracterizando sua remodelação. Em alguns
espécimes, observou-se a presença, no terço cervical, de imagens basofílicas
amorfas compatíveis com calcificações distróficas (fig. 32b), as quais foram
observadas também envolvidas por osso neoformado (fig. 32c). Nesse terço, notou-
se ainda, reação inflamatória crônica discreta caracterizada por infiltrado de linfócitos
e macrófagos perivasculares, presença discreta de células gigantes multinucleadas
com vacúolos, homogêneas e com partículas, juntamente com macrófagos,
próximas de pequenos conglomerados de partículas basofílicas, sugerindo resíduos
do material implantado (fig. 32d). Havia ainda a presença de focos de coágulo
sangüíneo. No terço médio, observou-se, na maioria dos espécimes, intensa
neoformação óssea trabecular preenchendo toda a luz do alvéolo até o terço apical,
tendo de permeio tecido de granulação em organização ricamente vascularizado e
moderada proliferação fibroblástica.
Resultados
182
Tabela 10 - Grupo II – Sulfato de cálcio di-hidratado – 30 dias – Dados observados
nos espécimes analisados
GRUPO II - Sulfato de cálcio di-hidratado
PERÍODO EXPERIMENTAL 30 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo X X PMN
eosinófilo
macrófago X X X X X X
linfócito X X X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X X X
homogêneo X X X X X
vacuolado X X X
Macrófagos
citoplasma
com partículas X X X X
homogêneo X X
vacuolado X X
Infiltrado
inflamatório:
Características
CGMN
citoplasma
com partículas X X X
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação
edema X Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X X X
terço cervical X X X
terço médio X
jovem
terço apical X X
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
em organização
terço apical X X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
terço apical X X X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA
vestibular reabsorção
palatina
vestibular X X X X X X
Crista óssea -
Remodelação
neoformação
palatina X X X X X X
persistência Material –
características
resíduos X X X
Resultados
183
Figuras 32 - Grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado) – 30 dias
Figura 32a - Terço cervical evidenciando tecido ósseo neoformado (Ì) e, de permeio, tecido de
granulação com intensa vascularização (TG)
Figura 32b - Terço cervical apresentando tecido de granulação em organização (TG) e focos
basofílicos compatíveis com calcificação distrófica ()
TG
TG
TG
TG
Resultados
184
Resultados
185
Figura 32c - Detalhe da figura anterior mostrando as áreas sugestivas de calcificação
distrófica () envolvidas por osso neoformado (Ì), e áreas basofílicas de
aspecto granular, sugerindo resíduos do material implantado ()
Figura 32d - Terço cervical do alvéolo mostrando áreas de aspecto granular sugerindo
resíduos do material implantado ()
Resultados
186
Resultados
18
7
5.1.9 Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 30 dias
Os espécimes desse grupo demonstraram (tab. 11) neoformação
óssea na superfície do alvéolo a partir das cristas ósseas. No terço cervical havia
tecido de granulação em organização, com áreas de aspecto jovem e de
fibrosamento, infiltrado inflamatório mononuclear discreto e ilhotas de tecido ósseo
neoformado de diversos tamanhos. Ainda nesse terço, e avançando até as
proximidades do terço médio, a neoformação óssea era intensa, preenchendo a luz
do alvéolo e envolvendo as partículas de hidroxiapatita (fig. 33a). Nesse
envolvimento, observaram-se áreas em que o tecido ósseo estava em contato com o
material, bem como em que havia uma fina camada de tecido de granulação
organizado interposto entre o osso neoformado e a superfície das referidas
partículas (figs. 33a e 33b). Nesse tecido de granulação, em contato com as
partículas, havia um predomínio de células macrofágicas mononucleadas e
multinucleadas (fig. 33b), as quais apresentavam-se geralmente vacuoladas. Toda
essa neoformação óssea descrita, inclusive do terço apical, tinha disposição
trabecular, tendo, de permeio, tecido de granulação em organização, com moderada
proliferação fibroblástica e ricamente vascularizado. A presença de coágulo
sangüíneo foi uma constante, apresentando-se como pequenas áreas nos terços
médio e apical.
Resultados
188
Tabela 11 - Grupo III – Hidroxiapatita BTCP GenPhos – 30 dias – Dados observados
nos espécimes analisados
GRUPO III - Hidroxiapatita BTCP GenPhos
PERÍODO EXPERIMENTAL 30 dias
ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6
neutrófilo PMN
eosinófilo
macrófago X X X X X X
linfócito X X X X X X
MN
plasmócito
Tipo celular
CGMN X X X X X X
homogêneo X X X X X X
vacuolado X X X X X X
Macrófagos
citoplasma
com partículas
homogêneo X X X X
vacuolado X X X X X X
Infiltrado
inflamatório:
características
CGMN
citoplasma
com partículas
áreas de coagulação
Necrose
áreas de abscedação
edema Fenômenos
vasculares
coágulo X X X X X X
terço cervical X X X
terço médio
jovem
terço apical X
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
em organização
terço apical X X X X X X
terço cervical X X X X X X
terço médio
Tecido de
granulação
fibrosamento
terço apical
terço cervical X X X X X X
terço médio X X X X X X
terço apical X X X X X X
Tecido ósseo
neoformado
entre as partículas de HA X X X X X X
vestibular reabsorção
palatina X
vestibular X X X X X X
Crista óssea -
remodelação
neoformação
palatina X X X X X X
persistência X X X X X X Material -
características
resíduos
Resultados
189
Figuras 33 - Grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos) – 30 dias
Figura 33a - Terço cervical do alvéolo evidenciando os espaços vazios deixados pelas
partículas de HA () e, de permeio, tecido ósseo neoformado (Ì)
Figura 33b - Partícula de HA () apresentando parte de sua superfície em contato com o
osso neoformado (Ì) e outra parte circundada por tecido de granulação com
macrófagos e CGMN ()
Resultados
190
Resultados
191
5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA
5.2.1 Infiltrado inflamatório
No grupo I (controle), aos 7 dias, apenas um espécime apresentou
infiltrado inflamatório moderado, sendo que os demais o apresentaram de forma
discreta. Já, aos 15 e 30 dias, todos os espécimes apresentaram tal evento de forma
discreta.
No grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado), aos 7 dias, constatou-se
infiltrado inflamatório de intensidade moderada em três espécimes, intensa em dois
e apenas um de forma discreta. Aos 15 dias, um espécime mostrou infiltrado
inflamatório do tipo moderado, sendo nos demais discreto. Porém, aos 30 dias,
todos mostraram-se com infiltrado inflamatório de forma discreta.
No grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos), aos 7 dias, esse critério
foi classificado de maneira moderada em quatro espécimes e intensa em dois. Da
mesma forma que o grupo controle, aos 15 e 30 dias, o infiltrado inflamatório foi do
tipo discreto.
As tabelas referentes a tal critério (tabs. 12, 13 e 14), bem como o
gráfico representativo (fig. 34), serão apresentados a seguir.
Resultados
192
Tabela 12 - Escores atribuídos ao infiltrado inflamatório nos espécimes analisados –
período de 7 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 2 1 1 1 1.25
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 3 2 2 3 2 1 2.17
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 3 2 2 2 3 2 2.33
Tabela 13 - Escores atribuídos ao infiltrado inflamatório nos espécimes analisados –
período de 15 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 1 1 1 1 1.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 1 1 1 1 1 2 1.17
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 1 1 1 1 1 1 1.00
Tabela 14 - Escores atribuídos ao infiltrado inflamatório nos espécimes analisados –
período de 30 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 1 1 1 1 1.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 1 1 1 1 1 1 1.00
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 1 1 1 1 1 1 1.00
Figura 34 - Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à intensidade
do infiltrado inflamatório conforme os períodos pós-operatórios e os
grupos
0
0,5
1
1,5
2
2,5
7 dias 15 dias 30 dias
I - Controle
II - Sulfato de cálcio
di-hidratado
III - Hidroxiapatita
BTCP GenPhos
Resultados
193
5.2.2 Densidade de fibroblastos
Com relação a esse critério, observou-se uma semelhança entre os
três grupos, dentro de cada período experimental.
Aos 7 dias, todos os espécimes, em cada grupo experimental e
controle, apresentaram um predomínio de células fibroblásticas ao longo do alvéolo,
sendo então atribuído aos mesmos o escore relativo à apresentação de tal critério de
maneira intensa (tab. 15).
Já, aos 15 e 30 dias, todos os espécimes, dentro de cada grupo
analisado, por sua vez, mostraram esse critério de maneira moderada, em função de
haverem focos de células fibroblásticas ao longo do alvéolo. Tal fato ocorreu como
conseqüência da organização do tecido de granulação e da neoformação óssea
(tabs. 16 e 17).
As tabelas referentes a tal critério (tabs. 15, 16 e 17), bem como o
gráfico representativo (fig. 35), serão apresentados a seguir.
Resultados
194
Tabela 15 - Escores atribuídos à densidade de fibroblastos nos espécimes
analisados – período de 7 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 3 3 3 3 3.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 3 3 3 3 3 3 3.00
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 3 3 3 3 3 3 3.00
Tabela 16 - Escores atribuídos à densidade de fibroblastos nos espécimes
analisados – período de 15 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 2 2 2 2 2.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 2 2 2 2 2 2 2.00
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 2 2 2 2 2 2 2.00
Tabela 17 - Escores atribuídos à densidade de fibroblastos nos espécimes
analisados – período de 30 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 2 2 2 2 2.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 2 2 2 2 2 2 2.00
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 2 2 2 2 2 2 2.00
Figura 35 - Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à
densidade de fibroblastos conforme os períodos pós-
operatórios e os grupos
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
7 dias 15 dias 30 dias
I - Controle
II - Sulfato de
cálcio di-hidratado
III - Hidroxiapatita
BTCP GenPhos
Resultados
195
5.2.3 Densidade angioblástica
Com relação a esse critério, também foi observada semelhança
entre os três grupos, bem como entre os períodos pós-operatórios.
Em todos os espécimes, independente do grupo ou período pós-
operatório, notou-se, de maneira geral, uma abundante proliferação angioblástica,
quer no tecido de granulação jovem, em processo de organização, ou de permeio à
neoformação óssea.
As tabelas referentes a tal critério (tabs. 18, 19 e 20), bem como o
gráfico representativo (fig. 36), serão apresentados a seguir.
Resultados
196
Tabela 18 - Escores atribuídos à densidade angioblástica nos espécimes analisados
– período de 7 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 3 3 3 3 3.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 3 3 3 3 3 3 3.00
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 3 3 3 3 3 3 3.00
Tabela 19 - Escores atribuídos à densidade angioblástica nos espécimes analisados
– período de 15 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 3 3 3 3 3.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 3 3 3 3 3 3 3.00
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 3 3 3 3 3 3 3.00
Tabela 20 - Escores atribuídos à densidade angioblástica nos espécimes analisados
– período de 30 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 3 3 3 3 3.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 3 3 3 3 3 3 3.00
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 3 3 3 3 3 3 3.00
Figura 36 - Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à
densidade angioblástica conforme os períodos pós-
operatórios e os grupos
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
7 dias 15 dias 30 dias
I - Controle
II - Sulfato de
cálcio di-hidratado
III - Hidroxiapatita
BTCP GenPhos
Resultados
19
7
5.2.4 Neoformação de tecido ósseo
O critério neoformação de tecido ósseo refere-se aos eventos
observados nos terços cervical e médio, em decorrência da permanência dos
materiais implantados nesses terços.
No grupo I (controle), aos 7 dias, apenas um espécime apresentou
discreta neoformação de tecido ósseo, sendo que os demais a apresentaram de
maneira moderada. Já, aos 15 e 30 dias, todos os espécimes apresentaram tal
evento de forma intensa.
No grupo II (sulfato de cálcio di-hidratado), aos 7 dias, constatou-se
que metade dos espécimes apresentaram neoformação de tecido ósseo de maneira
discreta, e metade de maneira moderada. Aos 15 dias, quatro espécimes mostraram
neoformação óssea do tipo moderado, sendo que nos outros dois a mesma foi
intensa. Aos 30 dias, houve intensificação da neoformação óssea, sendo que quatro
espécimes a apresentaram de maneira intensa, e dois de forma moderada.
No grupo III (hidroxiapatita BTCP GenPhos), aos 7 dias, esse critério
foi classificado de maneira discreta em quatro espécimes e moderada em dois. Aos
15 dias, a neoformação de tecido ósseo apresentou-se com intensidade moderada
na maioria dos espécimes, sendo que apenas um a apresentou de forma intensa.
Porém, aos 30 dias, tal critério foi classificado como intenso em todos os espécimes
observados.
As tabelas referentes a tal critério (tabs. 21, 22 e 23), bem como o
gráfico representativo (fig. 37), serão apresentados a seguir.
Resultados
198
Tabela 21 - Escores atribuídos à neoformação de tecido ósseo nos terços cervical e
médio dos espécimes analisados – período de 7 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 1 2 2 2 1.75
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 1 1 2 2 1 2 1.50
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 1 2 1 1 2 1 1.33
Tabela 22 - Escores atribuídos à neoformação de tecido ósseo nos terços cervical e
médio dos espécimes analisados – período de 15 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 3 3 3 3 3.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 3 2 3 2 2 2 2.33
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 3 2 2 2 2 2 2.17
Tabela 23 - Escores atribuídos à neoformação de tecido ósseo nos terços cervical e
médio dos espécimes analisados – período de 30 dias
GRUPOS /ESPÉCIMES 1 2 3 4 5 6 MÉDIAS
I – CONTROLE 3 3 3 3 3.00
II - SULFATO DE CÁLCIO DI-HIDRATADO 3 2 2 3 3 3 2.67
III - HIDROXIAPATITA BTCP GENPHOS 3 3 3 3 3 3 3.00
Figura 37 - Representação gráfica das médias dos escores atribuídos à
neoformação de tecido ósseo, nos terços cervical e médio,
conforme os períodos pós-operatórios e os grupos
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
7 dias 15 dias 30 dias
I - Controle
II - Sulfato de
cálcio di-hidratado
III - Hidroxiapatita
BTCP GenPhos
Resultados
199
5.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os valores dos escores atribuídos aos três grupos, nos três períodos
pós-operatórios, conforme o critério analisado, foram submetidos à análise
estatística por meio do modelo não paramétrico de Kruskal-Wallis.
Primeiramente, fez-se a comparação entre os três grupos, conforme
o período pós-operatório, de cada um dos quatro critérios analisados
quantitativamente (tab. 24).
Tabela 24 - Teste de Kruskal-Wallis - comparação entre os três grupos (I, II e III),
nos períodos de 7, 15 e 30 dias, para cada um dos critérios da análise
quantitativa
VALOR DE p CRITÉRIOS DA
ANÁLISE QUANTITATIVA
7 dias 15 dias 30 dias
1. Infiltrado inflamatório
0,0556 0,4346 1,0000
2. Densidade de fibroblastos
1,0000 1,0000 1,0000
3. Densidade angioblástica
1,0000 1,0000 1,0000
4. Neoformação de tecido ósseo
0,4578 0,0343 1,1677
Significante para p<0,05
Os resultados acima expostos mostraram que os grupos controle e
experimentais apresentaram diferença estatisticamente significante entre eles
quanto ao critério neoformação de tecido ósseo, no período de 15 dias (p=0,0343).
Em função de ter ocorrido tal diferença, foi aplicado o teste de Dunn
para comparar individualmente os três grupos, no período de 15 dias, quanto ao
critério em questão.
Resultados
200
Tabela 25 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três grupos, no
período de 15 dias, quanto à neoformação de tecido ósseo
Comparações Interpretação
IxII
Não significante
IxIII
Significante
IIxIII
Não significante
Significante para p<0,05
Conforme resultado obtido com o teste de Dunn, para o critério
neoformação de tecido ósseo no período de 15 dias (tab. 25), houve diferença
estatisticamente significante entre o grupo I (controle) e o grupo III (hidroxiapatita).
Entre os grupos I (controle) e II (sulfato de cálcio) não houve diferença
estatisticamente significante, apesar de a média para o critério em questão ter sido
maior no grupo I (3,00) do que no grupo II (2,33). O mesmo ocorreu entre os grupos
II e III, apesar de tal média ter sido maior no grupo II do que no grupo III (2,17). Tais
valores são também visualizados na tabela 22.
Posteriormente, utilizou-se do teste de Kruskal-Wallis para a
comparação entre os três períodos pós-operatórios dos grupos, com base em cada
um dos quatro critérios da análise quantitativa.
Tabela 26 - Teste de Kruskal-Wallis - comparação entre os três períodos pós-
operatórios (7, 15 e 30 dias), nos grupos I, II e III, para cada um dos
critérios da análise quantitativa
VALOR DE p CRITÉRIOS DA
ANÁLISE QUANTITATIVA
Grupo I Grupo II Grupo III
1. Infiltrado inflamatório
0,3679 0,0061 0,0003
2. Densidade de fibroblastos
0,0041 0,0002 0,0002
3. Densidade angioblástica
1,0000 1,0000 1,0000
4. Neoformação de tecido ósseo
0,0048 0,0147 0,0010
Significante para p<0,05
Resultados
201
Os resultados acima expostos mostraram que, no grupo I, ocorreu
diferença estatisticamente significante, entre os períodos pós-operatórios, quanto
aos critérios densidade de fibroblastos (p=0,0041) e neoformação de tecido ósseo
(p=0,0048). No grupo II, houve diferença estatisticamente significante, entre os
períodos, para os critérios infiltrado inflamatório (p=0,0061), densidade de
fibroblastos (p=0,0002) e neoformação de tecido ósseo (p=0,0147). Da mesma
forma, houve diferença estatisticamente significante no grupo III, entre os períodos,
nos critérios infiltrado inflamatório (p=0,0003), densidade de fibroblastos (p=0,0002)
e neoformação de tecido ósseo (p=0,0010).
Frente a tais resultados, foi aplicado o teste de Dunn para
comparações individuais entre os três períodos pós-operatórios de cada grupo, com
relação aos critérios em que ocorreram as diferenças estatisticamente significantes
(tabs. 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33 e 34).
Tabela 27 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo I, quanto à densidade de fibroblastos
Comparações Interpretação
7x15
Significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
O teste de Dunn, quando aplicado para o critério densidade de
fibroblastos no grupo I (controle) demonstrou (tab. 27) diferença estatisticamente
significante entre os períodos de 7 e 15 dias (3,00 e 2,00, respectivamente), assim
como entre os períodos de 7 e 30 dias (3,00 e 2,00, respectivamente). Entre os
períodos de 15 e 30 dias não houve diferença estatisticamente significante, sendo
que as médias encontradas nos referidos grupos com relação ao critério em questão
foram iguais (tabs. 15, 16 e 17).
Resultados
202
Tabela 28 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo I, quanto à neoformação de tecido ósseo
Comparações Interpretação
7x15
Significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
Conforme visualizado na tabela acima (tab. 28), o teste de Dunn,
quando aplicado para o critério neoformação de tecido ósseo no grupo I (controle)
demonstrou diferença estatisticamente significante entre os períodos de 7 e 15 dias
(1,75 e 3,00, respectivamente), assim como entre os períodos de 7 e 30 dias (1,75 e
3,00, respectivamente). Entre os períodos de 15 e 30 dias não houve diferença
estatisticamente significante, sendo que as médias obtidas nesses períodos para o
critério em questão foram as mesmas (tabs. 21, 22 e 23).
Tabela 29 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo II, quanto ao infiltrado inflamatório
Comparações Interpretação
7x15
Significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
O teste de Dunn, aplicado para o critério infiltrado inflamatório no
grupo II (sulfato de cálcio) demonstrou diferença estatisticamente significante entre
os períodos de 7 e 15 dias (2,17 e 1,17, respectivamente), assim como entre os
períodos de 7 e 30 dias (2,17 e 1,00, respectivamente), conforme pode ser visto na
tabela 29. Já, quando se comparou os períodos de 15 e 30 dias, não houve
diferença estatisticamente significante, porém a média observada com relação ao
critério em questão foi menor no período de 30 dias do que no de 15 dias (tabs. 12,
13 e 14).
Resultados
203
Tabela 30 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo II, quanto à densidade de fibroblastos
Comparações Interpretação
7x15
Significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
A aplicação do teste de Dunn para o critério densidade de
fibroblastos no grupo II (sulfato de cálcio) demonstrou (tabela 30) diferença
estatisticamente significante entre os períodos de 7 e 15 dias (3,00 e 2,00,
respectivamente), assim como entre os períodos de 7 e 30 dias (3,00 e 2,00,
respectivamente). Não foi verificada diferença estatisticamente significante entre os
dois últimos períodos experimentais, e as médias obtidas nos mesmos, com relação
à densidade de fibroblastos, foram as mesmas (tabs. 15, 16 e 17).
Tabela 31 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo II, quanto à neoformação de tecido ósseo
Comparações Interpretação
7x15
Não significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
O teste de Dunn demostrou (tab. 31), para o critério neoformação de
tecido ósseo no grupo II (sulfato de cálcio), diferença estatisticamente significante
entre os períodos de 7 e 30 dias (1,50 e 2,67, respectivamente). Entre os períodos
de 7 e 15 dias, bem como entre os de 15 e 30 dias não se encontrou diferença
estatisticamente significante, porém as médias com relação a esse critério foram
maiores nos períodos de 15 (2,33) e 30 (2,67) dias, respectivamente, como pode ser
visto nas tabelas 21, 22 e 23.
Resultados
204
Tabela 32 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo III, quanto ao infiltrado inflamatório
Comparações Interpretação
7x15
Significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
O teste de Dunn mostrou (tab. 32), para o critério infiltrado
inflamatório no grupo III (hidroxiapatita), diferença estatisticamente significante entre
os períodos de 7 e 15 dias (2,33 e 1,00, respectivamente), bem como entre os
períodos de 7 e 30 dias (2,33 e 1,00, respectivamente). Entre os períodos de 15 e 30
dias não houve diferença estatisticamente significante, sendo que as médias obtidas
para esse critério foram semelhantes nos referidos períodos experimentais (tabs. 12,
13 e 14).
Tabela 33 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo III, quanto à densidade de fibroblastos
Comparações Interpretação
7x15
Significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
Assim como para os demais grupos, a aplicação do teste de Dunn
para o critério densidade de fibroblastos no grupo III (hidroxiapatita) demonstrou
(tab. 33) diferença estatisticamente significante entre os períodos de 7 e 15 dias
(3,00 e 2,00, respectivamente), bem como entre os períodos de 7 e 30 dias (3,00 e
2,00, respectivamente). Comparando-se os períodos de 15 e 30 dias, não houve
diferença estatisticamente significante, sendo que as médias obtidas quanto ao
critério em questão nesses períodos foram semelhantes (tabs. 15, 16 e 17).
Resultados
205
Tabela 34 - Teste de Dunn - comparações individuais entre os três períodos pós-
operatórios do grupo III, quanto à neoformação de tecido ósseo
Comparações Interpretação
7x15
Não significante
7x30
Significante
15x30
Não significante
Significante para p<0,05
O teste de Dunn, quando aplicado para o critério neoformação de
tecido ósseo no grupo III (hidroxiapatita) demonstrou (tab. 34) diferença
estatisticamente significante somente entre os períodos de 7 e 30 dias (1,33 e 3,00,
respectivamente). Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os
períodos de 7 e 15 dias, assim como entre os de 15 e 30 dias, sendo que as médias
dos escores encontradas foram maiores nos períodos de 15 (2,17) e 30 (3,00) dias
respectivamente, conforme pode ser visualizado nas tabelas 21, 22 e 23.
6
6
D
D
i
i
s
s
c
c
u
u
s
s
s
s
ã
ã
o
o
Discussão
209
6 DISCUSSÃO
6.1 DA METODOLOGIA
A análise a respeito do reparo de cavidades ósseas tem sido
realizada em variados modelos experimentais, dentre eles, ratos (VICTOR et al.
117
,
1975, SNYDERS JR et al.
106
, 1993, PECORA et al.
91
, 1997, MacNEILL et al.
70
, 1999,
FERREIRA et al.
33
, 2004, ÖZTÜRK et al.
90
, 2006), coelhos (FRAME
35
, 1980,
KLINGE et al.
59
, 1992, AL RUHAIMI
2
, 2000, CLOKIE et al.
23
, 2002, ORSINI et al.
89
,
2004, STUBBS et al.
110
, 2004, MAEDA
71
, 2005, HING et al.
49
, 2005), ovelhas
(WALSH et al.
118
, 2003, GOSAIN et al.
42
, 2004, PETERS et al.
97
, 2006), macacos
(STEFFEN et al.
108
, 2001), cães (PELTIER; ORN
96
, 1958, RADENTZ; COLLINGS
99
,
1965, KIM et al.
57
, 1998, YOSHIKAWA et al.
123
, 2002, ARTZI et al.
7
, 2004), e até
mesmo seres humanos (SOTTOSANTI
107
, 1992, BONACHELA et al.
13
, 1992,
YAMAGUCHI et al.
122
, 1995, GOLDMAN et al.
40
, 2000, PECORA et al.
94
, 2000,
PECORA et al.
93
, 2001).
Os ratos de laboratório (Rattus, norvegicus, albinus, Wistar) foram
escolhidos para a realização do presente trabalho em função de serem amplamente
usados em pesquisas e por apresentarem vantagens em sua utilização. Segundo
HEDRICH
48
, 2000, são os animais que melhor representam o sistema mamífero;
além disso, apresentam um custo relativamente baixo para manutenção, requerendo
também pequeno espaço físico para a mesma, são fáceis de manipular em razão de
sua docilidade, a obtenção é rápida, visto que apresentam um curto período de
procriação, permitem um bom controle genético, eliminando fatores como
deficiências imunes, possibilitam a padronização do experimento, e permitem a
Discussão
210
obtenção de quantidades representativas de tecido tanto para a inclusão quanto
para a análise microscópica (FARRIS; GRIFFITH
32
, 1967).
Os estudos realizados em ratos a respeito de materiais substitutos
ósseos variam conforme o local para análise de determinado material, podendo-se
utilizar o alvéolo dentário (CASTRO et al.
20
, 1970, OKAMOTO et al.
84
, 1974, VICTOR
et al.
117
, 1975, SAAD NETO; CARVALHO; OKAMOTO
102
, 1979/80, NARY FILHO;
OKAMOTO
80
, 1996, BRANDÃO et al.
14
, 2002); o tecido subcutâneo (FRAME
34
,
1975, OLIVEIRA et al.
87
, 1993); o tecido muscular (DENISSEN et al.
29
, 1980); a
calota craniana (SNYDERS JR et al.
106
, 1993, FERREIRA et al.
33
, 2004); a
mandíbula (PECORA et al.
91
, 1997); a tíbia (BHASKAR et al.
12
, 1971, DENISSEN et
al.
29
, 1980, MacNEILL et al.
70
, 1999, STUBBS et al.
110
, 2004, MELO et al.
76
, 2005); e
também o rádio (ÖZTÜRK et al.
90
, 2006).
O alvéolo dentário foi o local escolhido para esse estudo por se
tratar de um local de ossificação e por apresentar características conhecidas durante
o seu processo de reparo (OKAMOTO
83
, 1964, JOHANSEN
53
, 1970, OKAMOTO;
RUSSO
86
, 1973). Além disso, segundo JOHANSEN
53
, 1970, SANCHES;
OKAMOTO; CARVALHO
103
, 1972, e LINDHE; KARRING; LANG
69
, 2005, pode-se
utilizar o mecanismo de cura de um alvéolo pós-extração dentária para se explicar o
processo de reparo de um defeito ósseo. O que difere em tal local é o fato de que o
mesmo contém restos do tecido do ligamento periodontal, os quais funcionam como
uma fonte de fibroblastos (OKAMOTO
83
, 1964, JOHANSEN
53
, 1970, OKAMOTO;
RUSSO
86
, 1973, LIN; McCULLOCH; CHO
67
, 1994), células primordiais para o início
do processo de reparo uma vez que proliferam rapidamente, migram para o interior
do coágulo sangüíneo, formando tecido conjuntivo, e se diferenciam em
osteoblastos (LIN; McCULLOCH; CHO
67
, 1994). Dessa forma, em estudos sobre
enxertos intra-ósseos, há a possibilidade de neoformação conjuntiva em íntimo
contato com o material (CARVALHO; OKAMOTO
18
, 1978). Por esse motivo, muitos
materiais odontológicos, dentre eles os utilizados para o preenchimento de
cavidades ósseas (CASTRO et al.
20
, 1970, SANCHES; OKAMOTO; CARVALHO
103
,
1972, OKAMOTO et al.
84
, 1974, VICTOR et al.
117
, 1975, SAAD NETO; CARVALHO;
Discussão
211
OKAMOTO
102
, 1979/80, NARY FILHO; OKAMOTO
80
, 1996, BRANDÃO et al.
14
,
2002) já foram testados no interior de alvéolos dentais de ratos.
Nos estudos que testam materiais para enxerto no interior de
alvéolos dentários, eles podem ser inseridos ou implantados diretamente no local
(CASTRO et al.
20
, 1970, SANCHES; OKAMOTO; CARVALHO
103
, 1972, OKAMOTO
et al.
84
, 1974, VICTOR et al.
117
, 1975, SAAD NETO; CARVALHO; OKAMOTO
102
,
1979/80, BRANDÃO et al.
14
, 2002) ou então no interior de tubos de polietileno
(NARY FILHO; OKAMOTO
80
, 1996). Neste estudo, foi escolhida a inserção direta
dos materiais estudados em função de se tentar simular o preenchimento de uma
cavidade cirúrgica óssea, e assim verificar o reparo dessa cavidade e o
comportamento biológico do material.
Utilizou-se, para o presente estudo, a quantidade de seis animais
para cada grupo experimental dentro de cada período de observação. Tal
quantidade, embora não seja grande, encontra-se dentro dos critérios exigidos para
análise da biocompatibilidade de materiais odontológicos (ESTRELA
31
, 2005). Com
relação ao grupo controle, a quantidade de animais empregada foi menor, sendo o
mesmo composto por quatro ratos para cada período pós-operatório. O número de
animais foi reduzido neste grupo, em comparação aos grupos experimentais, em
função de já se conhecer o processo normal de reparo do alvéolo do rato por meio
de trabalhos anteriormente realizados (OKAMOTO
83
, 1964, ASTRAND;
CARLSSON
8
, 1969, JOHANSEN
53
, 1970, OKAMOTO; RUSSO
86
, 1973, OKAMOTO
et al.
85
, 1994, LAMANO CARVALHO; BOMBONATO; BRENTEGANI
63
, 1997).
Segundo MORETTON et al.
78
, 2000, o rato de laboratório possui um
metabolismo bastante acelerado, sendo que se pode dizer que um mês de vida do
rato corresponde a 30 meses em humanos, isso levando em consideração que o
tempo de vida do rato é em torno de três anos e dos humanos, aproximadamente 90
anos. Levando-se o estudo de MORETTON et al.
78
em consideração, os períodos de
7, 15 e 30 dias utilizados no presente trabalho em ratos de laboratório
corresponderiam, proporcionalmente, a 7, 15 e 30 meses em humanos.
Discussão
212
Porém, tal correspondência é falha quando se compara aos estudos
relacionados ao reparo alveolar. Trabalhos que avaliaram tal processo em ratos
(OKAMOTO
83
, 1964, ASTRAND; CARLSSON
8
, 1969, OKAMOTO; RUSSO
86
, 1973,
LAMANO CARVALHO; BOMBONATO; BRENTEGANI
63
, 1997) concluíram que o
período de tempo necessário para ocorrer a completa reparação, quando o alvéolo
se encontra totalmente remodelado, é de 21 dias. Por outro lado, em humanos tal
ocorrência se dá em torno de 64 dias (CARVALHO; OKAMOTO
19
, 1987). Assim, os
períodos pós-operatórios empregados neste trabalho (7, 15 e 30 dias)
corresponderiam, proporcionalmente, à mesma ocorrência em alvéolos dentários
humanos dentro de 21, 45 e 90 dias respectivamente.
O critério para o estabelecimento dos períodos de observação nessa
pesquisa considerou o conhecimento do processo de reparo alveolar em ratos.
Dessa forma, dentro de 7, 15 e 30 dias, poder-se-ia, então, comparar os
acontecimentos frente ao implante dos materiais para enxerto ósseo em um período
inicial, intermediário e avançado do processo de reparo alveolar em ratos; sendo,
assim, considerados suficientes os períodos pós-operatórios estabelecidos.
A escolha dos materiais a serem testados levou em consideração
fatores diferentes para cada um deles.
O sulfato de cálcio foi escolhido pelo fato de ser utilizado em
cirurgias bucais desde a década de 60 (SOTTOSANTI
107
, 1992), quer seja para o
preenchimento de cavidades, quer seja como uma barreira impedindo a proliferação
de epitélio para o interior da cavidade óssea. Além disso, é considerado um material
biocompatível, de baixo custo, fácil manuseio e reabsorvível (PELTIER
95
, 1961,
BAHN
10
, 1966, PECORA et al.
92
, 1997, STUBBS et al.
110
, 2004). Tal material pode
se apresentar na forma hemi-hidratada e di-hidratada; sendo que optou-se por
utilizar a di-hidratada em função de que a mesma apresenta um custo mais baixo e
por ter sido constatado, através do trabalho de MAEDA
71
, 2005, que ambas as
formas apresentam os mesmos resultados quando utilizadas para o preenchimento
de defeitos ósseos.
Discussão
213
Quanto à hidroxiapatita, tal material também apresenta uma história
de uso em odontologia bastante antiga, desde a década de 70 (KAWACHI et al.
55
,
2000, VERCIK et al.
115
, 2003). É o principal constituinte da fase inorgânica do osso,
sendo considerado um material que não apresenta toxicidade local ou sistêmica e,
por outro lado, tem habilidade em se ligar ao tecido do hospedeiro (JARCHO
50
,
1981, FRAME
36
, 1987, KAWACHI et al.
55
, 2003). Existem também várias formas de
apresentação desse material, dentre elas as cerâmicas de HA pura e as bifásicas,
compostas por uma combinação de HA e fosfato tricálcico, usualmente na forma
estrutural beta. Utilizou-se a cerâmica bifásica hidroxiapatita BTCP GenPhos pelo
fato de ser um material novo, contendo 70% de HA e 30% de βTCP, ainda não
lançado comercialmente pela empresa Baumer S.A., e por isso necessitar de
estudos que comprovem sua eficácia e seu comportamento biológico, justificando
assim sua utilização clínica.
Os materiais foram utilizados adicionando-se aos mesmos soro
fisiológico a 0,9%. Tal manobra não só facilita a manipulação, como também é uma
forma comum de uso desses materiais durante procedimentos clínicos.
Quanto à quantidade de material inserida no alvéolo, não foi possível
uma padronização em função desses materiais terem formas de apresentação
diferenciadas. O sulfato de cálcio di-hidratado apresenta-se na forma de pó; assim,
ao ser manipulado com o soro fisiológico, adquire a consistência de pasta. Em
oposição, a hidroxiapatita BTCP GenPhos se apresenta na forma de grânulos, os
quais são apenas hidratados pelo soro fisiológico, mas ainda mantendo o seu
formato original. Assim, ao introduzir tais materiais no micro-porta-amálgama
metálico, a resistência apresentada pelo sulfato de cálcio di-hidratado era menor do
que a da hidroxiapatita BTCP GenPhos, permitindo que se conseguisse levar uma
maior quantidade de material em cada porção com o sulfato de cálcio. Por esse
motivo, levou-se ao interior do alvéolo duas porções de sulfato de cálcio di-hidratado,
e três de hidroxiapatita BTCP GenPhos, na tentativa de aproximar a quantidade de
material inserido nos dois grupos testados.
Discussão
214
Pelo fato de se inserir mais de uma porção de cada material no
alvéolo, fez-se necessária a compactação de cada uma. Houve, então, a definição
de um instrumento que tivesse tal função e se adaptasse à anatomia do alvéolo do
rato. Para isso, no estudo piloto, realizou-se a extração do incisivo superior direito de
um animal de idade e peso semelhantes àqueles que seriam utilizados
posteriormente no trabalho. De posse de uma régua milimetrada realizou-se a
medida do comprimento do dente e, com um paquímetro, mensurou-se o seu
diâmetro. A partir daí foi procurado um instrumento maleável, para se adaptar à
curvatura do alvéolo, que tivesse um diâmetro compatível com o mesmo, e
funcionasse como um êmbolo, compactando o material no terço médio do alvéolo,
mas que não fosse traumático às suas paredes. O material que se adaptou a essas
características foi o cone principal de guta-percha F2 da série ProTaper
y
.
Esse cone foi então encurvado e calibrado, de modo que o mesmo
penetrasse 8mm, conseguindo dessa forma atingir o terço médio do alvéolo. Não
havia a intenção de atingir o terço apical em função de evitar traumatizar essa
região; aliado a isso, o acesso a ele é dificultado em razão da curvatura apresentada
pelo alvéolo e, conforme trabalhos realizados anteriormente (CASTRO et al.
20
, 1970,
SANCHES; OKAMOTO; CARVALHO
103
, 1972, SAAD NETO; CARVALHO;
OKAMOTO
102
, 1979/80), quando um material é levado ao interior do alvéolo do rato
há a dificuldade de o mesmo alcançar o terço apical logo após a extração dentária,
pois ocorre uma hemorragia relativamente severa, a qual ocasiona o deslocamento
do implante até o nível do terço médio.
A administração de medicação sistêmica pós-operatória de
antiinflamatório por meio de injeção intramuscular de 0,04ml, em dose única, de
Ketofen 1% teve a finalidade de evitar ou minimizar a dor. Já, a administração de
Pentabiótico Veterinário na dosagem de 0,1ml, também em dose única, foi realizada
com o objetivo de evitar uma possível infecção pós-operatória. Tais cuidados foram
tomados com o objetivo de oferecer um maior conforto pós-operatório aos animais e
também pelo fato de que tanto a dor quanto a infecção poderiam interferir nos
resultados.
y
Dentsply Indústria e Comércio Ltda. – Petrópolis, RJ
Discussão
215
O processamento histológico realizado foi o convencionalmente
proposto pelo laboratório de Histologia da FOB-USP. Durante o corte das peças do
grupo da hidroxiapatita houve uma maior dificuldade, pois, apesar de ter sofrido o
processo de desmineralização, confirmando-se o mesmo por meio de tomadas
radiográficas, ainda se encontrava resistência do material ao corte pelo fato de ser
um material cerâmico. Quanto à coloração, optou-se pela hematoxilina e eosina
(HE), utilizada como rotina para estudos histomorfológicos.
A análise dos cortes histológicos foi realizada de duas formas,
descritiva e quantitativa. Tomou-se como base o trabalho de CINTRA
22
, 2005, porém
foram feitas algumas modificações já que, na pesquisa citada, o implante do material
no alvéolo foi realizado no interior de tubos de polietileno.
Dessa forma, na análise descritiva, composta pelo preenchimento da
tab. 1 e posteriormente pela descrição sucinta dos fenômenos observados,
procurou-se evidenciar a resposta tecidual frente aos biomateriais testados, bem
como o comportamento dos mesmos.
Por outro lado, a análise quantitativa, realizada por meio da
atribuição de escores, embora não tão precisa quanto a contagem celular, em
função de ser um método subjetivo, foi escolhida devido, novamente, às diferenças
com relação às características dos materiais testados.
Durante a realização da análise descritiva verificou-se que a
hidroxiapatita BTCP GenPhos não havia sofrido reabsorção, em oposição ao sulfato
de cálcio di-hidratado, grupo em que se observaram apenas resíduos do material no
alvéolo. Tal fato forneceria um resultado falso negativo caso fosse realizada a
contagem celular para a comparação entre os grupos, principalmente com relação
ao critério neoformação de tecido ósseo, visto que haveria um grande espaço do
alvéolo ocupado pelas partículas de hidroxiapatita nos animais do grupo III. Por esse
motivo, escolheu-se a realização da análise quantitativa por meio da atribuição de
escores, e, para reduzir a subjetividade, a mesma foi realizada por dois
examinadores que procuravam um consenso nos achados.
Discussão
216
Quanto à análise estatística, em primeiro lugar utilizou-se o teste
não-paramétrico de Kruskall-Wallis por se comparar quantitativamente três grupos
independentes, ou três períodos de observação, também independentes, de cada
grupo. A partir daí, encontrada diferença estatisticamente significante entre os
grupos ou períodos, realizou-se o teste de Dunn, visto que o mesmo é um teste
específico para comparações múltiplas.
6.2 DOS RESULTADOS
O processo de reparo dos alvéolos dentais evolui a partir de seu
preenchimento com sangue, que coagula e funciona como um corpo estranho,
gerando reação inflamatória para reabsorvê-lo e estimular, simultaneamente, a
proliferação fibroangioblástica e, posteriormente, a neoformação óssea
(CATANZARO GUIMARÃES
21
, 1982, KUMAR; ABBAS; FAUSTO
61
, 2004).
Neste trabalho, foi estudado o processo evolutivo de reparo do
alvéolo dental frente à implantação de biomateriais aloplásticos como a
hidroxiapatita e o sulfato de cálcio, tendo como controle o alvéolo dental com
coágulo sangüíneo. Para a análise dos resultados foram estabelecidos como
parâmetros o infiltrado inflamatório, a densidade de fibroblastos, a densidade
angioblástica e a neoformação de tecido ósseo.
Nos espécimes em que o alvéolo permaneceu preenchido por
coágulo sangüíneo (grupo controle) verificou-se um desenvolvimento normal do
processo de reparo.
Aos 7 dias, o infiltrado inflamatório foi classificado como discreto na
maioria dos espécimes, sendo que apenas um animal o apresentou de forma
moderada (tab. 12). Todos mostraram a presença de linfócitos, macrófagos e
discreta quantidade de células gigantes multinucleadas. O espécime que teve tal
critério considerado como moderado demonstrou também polimorfonucleares
Discussão
21
7
neutrófilos esparsos. Esses achados estão de acordo com os de OKAMOTO
83
,
1964, OKAMOTO; RUSSO
86
, 1973, OKAMOTO et al.
85
, 1994, e LAMANO
CARVALHO; BOMBONATO; BRENTEGANI
63
, 1997, com exceção da presença de
CGMN, a qual não foi relatada pelos mesmos. Porém, deve-se ressaltar que a
quantidade de tais células neste trabalho foi muito pequena, observando-se apenas
uma ou duas das mesmas em cada espécime. Além disso, verificou-se que elas
apareciam sempre próximas ao coágulo sangüíneo remanescente, provavelmente
com o objetivo de fagocitose do mesmo. Nesse mesmo período, notou-se a
presença constante de coágulo sangüíneo, e metade dos espécimes apresentaram
áreas sugestivas de edema. Quanto ao tecido de granulação, verificou-se o
aparecimento dos três tipos: jovem, em organização e com fibrosamento, havendo
um predomínio do tipo em organização.
Nos períodos de observação de 15 e 30 dias, o infiltrado inflamatório
apresentou-se como discreto em todos os espécimes (tabs. 13 e 14), e a presença
de CGMN foi esporádica, apresentando-se ora com aspecto homogêneo, ora
vacuolado. Nesses períodos, o coágulo sangüíneo apresentava-se apenas como
focos esparsos. Quanto ao tipo do tecido de granulação presente, aos 30 dias
observou-se um avanço com relação ao amadurecimento do mesmo, já que a
quantidade de espécimes que demonstraram a presença de tecido de granulação de
aspecto jovem foi menor. Com relação ao tecido do tipo com fibrosamento, esse só
foi verificado na superfície do terço cervical do alvéolo, fechando-a dessa forma.
A atividade fibroangioblástica, no grupo controle, aos 7 dias pós-
operatórios, mostrou-se intensa em todos os espécimes, demonstrando um processo
de reparo em grande atividade (tabs. 15 e 18). Aos 15 e 30 dias, a proliferação
angioblástica continuou apresentando-se de forma intensa (tabs. 19 e 20), fato este
importante visto que, segundo STROCCHI et al.
109
, 2002, a diferenciação do tecido
ósseo está relacionada com a presença de vasos sangüíneos. Por sua vez, a
proliferação fibroblástica nesses períodos mostrou-se de forma moderada,
verificando-se diferença estatisticamente significante entre o período de 7 e os de 15
e 30 dias (tabs. 26 e 27). Tal fato foi decorrência de a mesma estar cedendo espaço
Discussão
218
para a deposição de novo tecido ósseo, bem como ao processo de maturação ou
organização do tecido de granulação.
Quanto à neoformação de tecido ósseo, aos 7 dias, encontrou-se a
mesma predominantemente de forma moderada (tab. 21), isto é, iniciando-se a partir
das corticais e dirigindo-se ao centro do alvéolo, o que concorda com os achados de
OKAMOTO
83
, 1964, ASTRAND; CARLSSON
8
, 1969, OKAMOTO; RUSSO
86
, 1973,
OKAMOTO et al.
85
, 1994, e LAMANO CARVALHO; BOMBONATO; BRENTEGANI
63
,
1997, porém discorda dos de JOHANSEN
53
, 1970, o qual relata que, seis dias após
a extração dentária, o alvéolo estaria preenchido com osso neoformado. Porém, a
descrição de tal autor deve ser analisada com restrições, visto que a mesma
discorda da própria imagem apresentada pelo mesmo correspondente a tal período,
sendo que nela não se observou o alvéolo totalmente preenchido por tecido ósseo.
Segundo OKAMOTO
83
, 1964, ASTRAND; CARLSSON
8
, 1969, e
OKAMOTO; RUSSO
86
, 1973, em torno do vigésimo primeiro dia pós-operatório o
alvéolo do rato está completamente reparado. Por outro lado, LAMANO CARVALHO;
BOMBONATO; BRENTEGANI
63
, 1997, realizando estudo histométrico do reparo
alveolar em ratos, verificaram que, realmente, na terceira semana pós-operatória, o
alvéolo está preenchido por tecido ósseo, porém até a sexta semana ainda há um
aumento nessa neoformação óssea, principalmente no terço cervical.
No presente trabalho, aos 15 e 30 dias, a neoformação óssea dos
alvéolos dos animais do grupo controle foi classificada como intensa (tabs. 22 e 23),
visto que a mesma ocupava totalmente os terços médio e cervical dos alvéolos;
havendo assim diferença estatisticamente significante em relação ao período de 7
dias (tabs. 26 e 28). Acredita-se que essa equivalência nos achados, ocorrida nos
dois últimos períodos de observação, pode ser devido à forma de análise
empregada nesse trabalho por meio da atribuição de escores; talvez, se fosse
realizada a contagem celular, evidenciar-se-ia uma neoformação óssea um pouco
maior no período de trinta dias, aproximando-se ainda mais dos achados dos
autores citados no parágrafo anterior.
Discussão
219
Por outro lado, CARVALHO; OKAMOTO
19
, 1987, consideram
completa a reparação do alvéolo quando ele se encontra totalmente preenchido por
tecido ósseo neoformado e com suas cristas ósseas remodeladas.
Nos espécimes do grupo controle, aos 7 dias, as cristas ósseas
apresentavam apenas características de reabsorção. Aos 15 dias, houve tanto
neoformação quanto reabsorção; e, 30 dias após o ato operatório, evidenciava-se
total remodelação, com a ocorrência de neoformação em ambas as cristas ósseas.
Dessa forma, o processo de reparo do grupo controle, nos períodos
de 7, 15 e 30 dias, desenvolveu-se dentro da normalidade, concordando com
OKAMOTO
83
, 1964, ASTRAND; CARLSSON
8
, 1969, OKAMOTO; RUSSO
86
, 1973,
OKAMOTO et al.
85
, 1994, e LAMANO CARVALHO; BOMBONATO; BRENTEGANI
63
,
1997.
A implantação de biomateriais no alvéolo dental provoca uma reação
inflamatória mais intensa, nos períodos iniciais, do que o coágulo sangüíneo (tab.
12). Tal fato provavelmente é conseqüência não exclusivamente da reação ao
implante, por se tratar de um corpo estranho, mesmo que biocompatível, mas
também da contaminação local, visto que as estruturas bucais são banhadas pela
saliva, a qual é o “habitat” natural de vários microorganismos (CARVALHO;
OKAMOTO
18
, 1978).
Os alvéolos que receberam o implante de sulfato de cálcio di-
hidratado (grupo II) mostraram o infiltrado inflamatório, de modo geral, aos sete dias,
de moderado a intenso, superando de modo significante os períodos de 15 e 30 dias
do mesmo grupo (tabs. 26 e 29). As células inflamatórias presentes,
polimorfonucleares neutrófilos, macrófagos, linfócitos, e CGMN, estavam
principalmente relacionadas com áreas que apresentavam aspecto de tecido
necrótico, provavelmente resultantes do contato entre o sulfato de cálcio e o sangue.
O tamanho de tais áreas, encontradas nos terços médio e cervical do alvéolo, variou
conforme a quantidade de material presente e acredita-se que essa reação
inflamatória mais intensa tenha sido resultado do próprio ato operatório e da
Discussão
220
colocação de um material estranho, com pH alcalino (9,6) e no estado pastoso no
interior do alvéolo, bem como da hemorragia após a extração dentária.
Com o avanço dos períodos pós-operatórios notou-se a diminuição
da reação inflamatória, que, aos 15 dias, era predominantemente discreta e apenas
um animal ainda a mostrava de forma moderada, significando o abrandamento da
alcalinidade da pasta de sulfato de cálcio (tab. 13). Aos 30 dias, a reação
inflamatória apresentava-se de forma discreta, igualando-se então à intensidade do
mesmo fenômeno ocorrido no grupo controle (tab. 14), e diferenciando-se de modo
significante, também, do período de 7 dias (tabs. 26 e 29). Porém, em alguns
espécimes do grupo II, mesmo nos períodos de 15 e 30 dias, ainda notou-se a
presença de neutrófilos, porém em quantidade bastante reduzida, e as áreas de
necrose diminuíram drasticamente.
A persistência discreta de neutrófilos, em alguns espécimes, aos 15
e 30 dias (tabs. 7 e 10), pode ser justificada pela provável continuidade, embora
mais branda, da ação alcalina do sulfato de cálcio. Essa afirmativa encontra respaldo
nos trabalhos de VICTOR et al.
117
, 1975, e FRAME
34
, 1975, os quais também
verificaram a presença de tais células frente ao uso do sulfato de cálcio.
Por outro lado, MacNEILL et al.
70
, 1999, ao implantar sulfato de
cálcio combinado com osso autógeno na tíbia de ratos, e AL RUHAIMI
2
, 2000, ao
utilizar o material puro no côndilo femoral de coelhos, não notaram sinais de
inflamação, porém os períodos de observação nesses casos foram maiores,
alcançando 28 dias e 8 semanas, respectivamente.
Apesar da reação inflamatória provocada pelo sulfato de cálcio,
principalmente no período de 7 dias, não ocorreu prejuízo com relação à proliferação
fibroangioblástica, a qual mostrou-se na mesma intensidade da ocorrida no grupo
controle em todos os períodos de observação. Quanto à densidade de fibroblastos, a
mesma mostrou diferença estatisticamente significante entre o período de 7 e os de
15 e 30 dias (tabs. 26 e 30), fato que, provavelmente, como comentado para o grupo
controle, foi devido à maturação do tecido de granulação e à maior formação óssea
Discussão
221
nos períodos de observação mais longos. Já a densidade angioblástica mostrou-se
como intensa em todos os períodos pós-operatórios (tabs. 18, 19 e 20, fig. 36).
Nesse grupo também ocorreu a presença das três fases do tecido de
granulação em todos os períodos experimentais. Houve sempre a prevalência do
tipo em organização, sendo que o número de espécimes que o apresentavam do
tipo jovem diminuía conforme ocorria o aumento dos períodos pós-operatórios. No
terço cervical, esse tecido neoformado, apresentou-se fibrosado.
Quanto à presença de coágulo sangüíneo e pequenas áreas
sugestivas de edema houve uma diferença com o grupo controle, mas somente no
primeiro período de observação, visto que, aos 7 dias, todos os animais
apresentavam coágulo sangüíneo e possíveis áreas de edema, e aos 15 e 30 dias
observou-se somente focos de coágulo sangüíneo, diminuindo em grande
quantidade a ocorrência de áreas compatíveis com edema. Isso mostra uma
evolução do processo inflamatório e maior proximidade ao ocorrido no grupo
controle.
A neoformação óssea nos animais do grupo II, aos 7 dias, foi
classificada ora como moderada, ora como discreta (tab. 21), havendo, no período
de 15 dias, um aumento na quantidade de osso neoformado, porém mostrando-se
ainda de forma moderada na maioria dos espécimes (tab. 22). Somente no período
de 30 dias pós-operatórios houve uma prevalência de tal critério na forma intensa
(tab. 23), ocorrendo diferença significante em relação ao período de 7 dias (tabs. 26
e 31) e aproximando-se ainda mais dos resultados do grupo controle (tab. 23).
Nota-se que ocorreram pequenas diferenças no processo de
neoformação óssea nos períodos de 7, 15 e 30 dias, quando se compara o grupo II
ao grupo controle (tabs. 21, 22 e 23); porém, apesar de essas diferenças
significarem algum retardo na neoformação de osso, as mesmas foram
insignificantes. RADENTZ; COLLINGS
99
, 1965, e APAYDIN; TORABINEJAD
6
, 2003,
também não demonstraram diferença estatística significante entre o grupo controle e
aquele em que foi utilizado o sulfato de cálcio, porém verificaram que no grupo
Discussão
222
experimental a neoformação óssea foi maior. Acredita-se que a diversidade desses
achados pode ser devido à metodologia empregada, visto que os referidos autores
utilizaram o material em cavidades ósseas e, neste trabalho, utilizou-se o mesmo no
interior do alvéolo dental.
Autores como CASTRO et al.
20
, 1970, CARVALHO; OKAMOTO
18
,
1978, SANCHES; OKAMOTO; CARVALHO
103
, 1972, OKAMOTO et al.
84
, 1974,
VICTOR et al.
117
, 1975, SAAD NETO; CARVALHO; OKAMOTO
102
, 1979/80, NARY
FILHO; OKAMOTO
80
, 1996, e BRANDÃO et al.
14
, 2002, afirmam que a ocorrência de
atraso na cronologia do processo de reparo é possível devido, provavelmente, ao
fato de o material implantado perturbar a organização do coágulo sangüíneo.
Esses dados são confirmados pelo trabalho de OKAMOTO et al.
85
,
1994, que analisaram a cura do alvéolo do rato após extração dental realizando-se a
remoção do coágulo sangüíneo. Dessa forma, os autores dividiram os animais em
dois grupos: no grupo I, após a extração, realizou-se a sutura da mucosa gengival;
e, no grupo II, foi realizada a remoção do coágulo sangüíneo. Os resultados
mostraram que, nos animais do grupo II, houve um profundo atraso no processo de
reparo, pois embora tenha ocorrido a formação de novo coágulo sangüíneo, este
não era organizado. A partir daí puderam concluir que a constituição, manutenção, e
retração do coágulo sangüíneo, são fatores que regulam a proliferação de tecido
conjuntivo na cura do alvéolo.
Quanto às cristas ósseas, no grupo II, aos 7 dias, elas apresentavam
apenas áreas de reabsorção, e em apenas um espécime foi identificada área de
neoformação na crista óssea palatina. Aos quinze dias, todos os espécimes
demonstraram tanto áreas de reabsorção quanto de neoformação e, aos 30 dias, as
mesmas apresentavam-se já totalmente remodeladas.
Em todos os períodos experimentais apareceram resíduos do sulfato
de cálcio di-hidratado na forma de conglomerados basofílicos com aspecto
granulado, porém houve uma redução na sua quantidade conforme se aumentava o
período de observação. Além disso, é importante ressaltar que, ao redor ou no
Discussão
223
interior desses conglomerados, havia a presença de macrófagos e células gigantes
multinucleadas, células essas responsáveis pela fagocitose do material, mostrando
assim a tentativa do organismo de reabsorver o mesmo.
Dessa forma, verificou-se que o sulfato de cálcio quando implantado
na forma de pasta e em contato com o sangue do alvéolo torna-se um material em
condições de ser rapidamente reabsorvido. Nesse sentido, pode atuar apenas como
material osteopreenchedor, prevenindo falhas durante o processo de reparo ósseo
como a retração do coágulo sangüíneo, porém não propicia a permanência de um
“andaime” por um período de tempo maior para que fosse, assim, possível a
ocorrência de osteocondução, concordando então com PELTIER
95
, 1961, KIM et
al.
56
, 1998, e AL RUHAIMI
2
, 2000.
CALHOUN, NEIDERS e GREENE
16
, 1967, implantando gesso Paris
na mandíbula de cães, verificaram que o material sofreu total reabsorção 30 dias
após o procedimento cirúrgico. Em humanos, segundo GUARNIERI et al.
44
, 2005,
que preencheram alvéolos dentários com sulfato de cálcio hemi-hidratado, a
reabsorção do material ocorreu dentro de três meses. Por outro lado, FRAME
34
,
1975, implantando cilindros de sulfato de cálcio di-hidratado no subcutâneo de ratos,
notou a presença do material em todos os períodos experimentais (1, 2, 4 e 8
semanas), e, à medida que se aumentava o período, ocorria a diminuição da
quantidade de material no local. VICTOR et al.
117
, 1975, também notaram
fragmentos de gesso Paris 40 dias após o ato cirúrgico, sendo que os autores ainda
relataram que o material não permitiu neoformação conjuntiva nem óssea nas suas
adjascências. E STUBBS et al.
110
, 2004, ao implantarem sulfato de cálcio na tíbia de
coelhos, encontraram o material no defeito após 3 e 6 semanas da cirurgia, sendo
que a reabsorção completa foi vista somente após 12 semanas.
Um fato importante encontrado no presente trabalho, e não relatado
em outros que utilizaram o sulfato de cálcio, é a ocorrência de áreas sugestivas de
calcificação distrófica, sendo que as mesmas, no período de 30 dias, apresentavam-
se envolvidas por osso neoformado.
Discussão
224
O grupo III, em que se realizou o implante da hidroxiapatita BTCP
GenPhos nos alvéolos, mostrou o infiltrado inflamatório, aos 7 dias, também de
moderado a intenso (tab. 12), apresentando neutrófilos, macrófagos, linfócitos, e
CGMN. Além disso, alguns espécimes apresentaram, na porção mais superficial do
terço cervical, foco de supuração. Isso pode ter sido decorrente de alguma
contaminação superficial do alvéolo, apesar de não se verificar tal fato no momento
da coleta das peças.
Nos períodos de observação de 15 e 30 dias, assim como nos
grupos I e II, houve uma estabilização do infiltrado inflamatório, mostrando-se como
discreto em todos os espécimes (tabs. 13 e 14), e havendo assim diferença
estatística dos mesmos em relação ao período de 7 dias (tabs. 26 e 32). Nesses
períodos não apareciam mais neutrófilos, assim como nos animais do grupo
controle, com exceção de um espécime aos 15 dias. Os macrófagos e as CGMN
apareciam dispersos no tecido de granulação, proliferando entre as partículas e em
íntimo contato com suas superfícies.
OLIVEIRA et al.
87
, 1993, ao implantarem HA no tecido subcutâneo
de ratos observaram, no período de 24 horas após o procedimento cirúrgico, uma
inflamação aguda intensa, com grande número de polimorfonucleares. Aos 7 dias
houve formação de granulomas do tipo corpo estranho, com predominância de
macrófagos e CGMN envolvendo o material; aos 21 e 30 dias esse granuloma
apresentou-se mais maduro; e aos 60 dias houve redução no seu volume, havendo
ainda a presença de CGMN. Por sua vez, NARY FILHO; OKAMOTO
80
, 1996,
levando tubos de polietileno contendo em suas extremidades Hapset (HA associada
ao SC) e guta-percha ao interior de alvéolos dentais de ratos, observaram que o
Hapset provocou um irritação local importante, notando-se aos 7 dias, nas
proximidades do material, elevado número de polimorfonucleares neutrófilos e
macrófagos. Aos 15 dias ainda se verificaram polimorfonucleares neutrófilos em
alguns espécimes e, aos 30 dias, os neutrófilos já não estavam mais presentes,
sendo que o tecido conjuntivo já se apresentava mais organizado, com moderado
número de linfócitos e macrófagos, concordando quanto a esse aspecto com os
achados do presente trabalho.
Discussão
225
Por outro lado, trabalhos que utilizaram hidroxiapatita, mas
estabeleceram períodos de observação mais longos, ou não relatam a presença de
reação inflamatória, ou a mostram como discreta (KLINGE et al.
59
, 1992, DENISSEN
et al.
29
, 1980, PIECUCH
98
, 1982). Dessa maneira, os resultados aqui apresentados
também podem concordar com esses achados, visto que no último período de
observação estabelecido todos os espécimes apresentaram tal critério considerado
como discreto.
A proliferação fibroangioblástica ocorrida no grupo III apresentou-se
também na mesma intensidade para os espécimes dos grupos I e II, no período de 7
dias (tabs. 15 e 18). A densidade de fibroblastos demonstrou, ainda, no período de 7
dias diferença significante com os de 15 e 30 dias (tabs. 26 e 33), quando tal critério
foi classificado como moderado em todos os espécimes (tabs. 16 e 17) em
decorrência da organização do tecido de granulação e maior formação óssea nesses
períodos em comparação ao de 7 dias. Já a densidade angioblástica mostrou-se
intensa em todos os períodos pós-operatórios (tabs. 18, 19, 20 e fig. 36).
Nesse período de 7 dias, notou-se a presença das três variáveis do
tecido de granulação, mas com predominância do tipo em organização. Nos
próximos períodos pós-operatórios a situação continuou a mesma, porém com uma
maior redução da presença de tecido de granulação jovem do que nos outros
grupos, mostrando um amadurecimento do mesmo.
Com relação aos fenômenos vasculares, as ocorrências se
assemelham mais às do grupo controle (grupo I), principalmente com relação à
presença de áreas compatíveis com edema e coágulo sangüíneo aos 7 dias. Aos 15
dias verificou-se a mesma situação, porém com focos de coágulo sangüíneo
menores; e, aos 30 dias, não houve mais a presença de áreas sugestivas de edema,
e os focos de coágulo estavam ainda menores, mostrando também redução na
intensidade do processo inflamatório, a qual já ocorria aos 15 dias.
Os dados referentes à neoformação óssea no grupo III, aos 7 dias,
foram predominantemente discretos, enquanto que, aos 15 dias, passaram para
Discussão
226
moderados com tendência para intensos, semelhante ao grupo II (tabs. 21 e 22). Por
outro lado, no período de 30 dias, esses resultados igualaram-se aos encontrados
no grupo controle e superaram os do grupo II (tab. 23), ocorrendo diferença
estatística significante em relação ao período de 7 dias (tabs. 26 e 34). Ao se
comparar tal critério entre os três grupos, ocorreu um atraso de pequena relevância
no grupo III em relação ao grupo controle nos períodos de 7 e 15 dias, mas houve
diferença estatisticamente significante entre os mesmos somente no período de 15
dias (tabs. 24 e 25). Dessa forma, concorda com os achados de BRANDÃO et al.
14
,
2002, no período de 21 dias, ao implantar também HA no alvéolo de ratos e
compará-la ao grupo controle, o qual encontrou a mesma diferença em 42 dias após
a cirurgia, o que não foi verificado neste trabalho.
A remodelação das cristas ósseas nos espécimes do grupo III
(hidroxiapatita BTCP GenPhos) demonstraram uma situação um pouco diferente dos
demais. No período de 7 dias, todos apresentavam reabsorção, mas foram também
observadas áreas de neoformação em 4 animais. Aos 15 dias, houve maior
prevalência de neoformação, com apenas dois espécimes mostrando reabsorção e,
aos 30 dias, apenas um apresentou reabsorção, sendo que todos os outros estavam
totalmente remodelados.
Quanto à biodegradação das cerâmicas de fosfato de cálcio, a
mesma é dependente de fatores como o tamanho da partícula, a proporção
HA/βTCP, bem como as condições sobre as quais o material é sinterizado
(temperatura e pressão) (KOHRI et al.
60
, 1993). A cerâmica utilizada no presente
trabalho, hidroxiapatita BTCP GenPhos, possui suas partículas com tamanho entre
0,25 e 1mm, apresentando em sua composição 70% de HA e 30% de βTCP, sendo
que não se conhece as condições em que o material foi sinterizado.
Nesse grupo verificou-se a presença do material na sua forma
original em todos os períodos pós-operatórios estabelecidos. A diferença notada foi
que, no período de 7 dias, havia somente tecido de granulação com células
macrofágicas, em contato com suas partículas; o tecido ósseo nesse período estava
em um estágio inicial de neoformação, não entrando em contato direto com o
Discussão
22
7
material. Porém, nos períodos de 15 e 30 dias, além de se visualizar áreas em que o
tecido de granulação e células macrofágicas estavam em contato direto com as
partículas de HA, observava-se o íntimo contato do tecido ósseo neoformado com o
material; mostrando assim que, apesar de o produto permanecer no local
implantado, permitiu a formação óssea diretamente sobre sua superfície, não
demonstrando dessa forma toxicidade, fato também verificado nos trabalhos de
DENISSEN; DE GROOT
28
, 1979, DENISSEN et al.
29
, 1980, FRAME; BROWNE;
BRADY
37
, 1981, BAGAMBISA; JOOS
9
, 1990, STEFFEN et al.
108
, 2001, e LE
NIHOUANNEN
65
, 2005. A formação óssea diretamente sobre a superfície do
material, aliada à sua permanência no local implantado, pode estar caracterizando
uma função osteocondutiva do mesmo, a qual foi também verificada nos trabalhos
de PIECUCH
98
, 1982, e SUBA et al.
111
, 2004.
OLIVEIRA et al.
87
, 1993, ao implantarem HA microgranular, com
partículas de 10 a 50µm, em tecido subcutâneo de ratos, notaram que as mesmas,
60 dias após o ato operatório, ainda encontravam-se envolvidas por macrófagos e
células gigantes multinucleadas, o que poderia estar associado com a
biodegradação do material, sendo que os autores acreditam que a HA microgranular
apresenta dimensões que podem favorecer a fagocitose por células como
macrófagos e fibroblastos.
Com relação à proporção de HA/βTCP, NERY et al.
81
, 1992, relatam
que o desenvolvimento das cerâmicas bifásicas de fosfato de cálcio pode ter como
objetivo controlar a reabsorção do material, visto que o βTCP reabsorve mais
rapidamente que a HA. Segundo trabalho realizado por esses autores em que eles
testaram 7 tipos de cerâmicas de fosfato de cálcio, modificando a proporção
HA/βTCP, aquela que continha 100% de βTCP reabsorveu totalmente dentro de 6
meses, porém o mesmo não ocorreu naquelas que continham maiores
concentrações de HA. Da mesma forma, KOHRI et al.
60
, 1993, ao avaliarem a
estabilidade de cerâmicas de fosfato de cálcio in vitro, verificaram que a HA pura não
mostrou nenhuma mudança em sua estrutura, enquanto tanto o TCP puro quanto
aquele presente nas cerâmicas bifásicas sofreram dissolução; mostrando dessa
forma que o TCP é menos estável que a HA. KURASHINA et al.
62
, 2002 implantaram
Discussão
228
intramuscularmente em coelhos cerâmicas bifásicas de fosfato de cálcio, verificando
que aquela que apresentava a proporção 7HA/3TCP, assim como a usada nesta
pesquisa, não demonstrou modificação em sua estrutura após 6 meses da
implantação, porém também apresentando em contato com sua superfície células
multinucleadas; já as cerâmicas que apresentavam 2HA/8TCP e 0HA/10TCP
mostraram significante mudança no formato e diminuição no tamanho, evidenciando
a reabsorção.
Por outro lado, trabalhos que utilizaram cerâmicas de HA pura e
sinterizada verificaram que o material não sofreu reabsorção, quer seja no alvéolo de
cães ou humanos durante 18 meses (DENISSEN; DE GROOT
28
, 1979), na tíbia de
ratos por 6 meses (DENISSEN et al.
29
, 1980), ou na mandíbula de cães durante 12
semanas (FRAME; BROWNE; BRADY
37
, 1981).
Dessa forma, os biomateriais aloplásticos usados, dependendo de
suas características, constituem alternativas osteopreenchedoras ou
osteocondutoras, e podem ser reabsorvidos de forma muito rápida, ou muito
lentamente. Todavia, são biocompatíveis e não interferem no processo de reparo
alveolar.
7
7
C
C
o
o
n
n
c
c
l
l
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s
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e
e
s
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Conclusões
231
7 CONCLUSÕES
Com base nos resultados encontrados foi possível concluir que:
A evolução do processo de reparo ósseo alveolar ocorreu de
forma semelhante entre os grupos representativos do
coágulo sangüíneo, do sulfato de cálcio di-hidratado e da
hidroxiapatita BTCP GenPhos, nos períodos estabelecidos.
Destaca-se a diferença significante quanto à neoformação
óssea, aos 15 dias, entre os grupos controle e hidroxiapatita
BTCP GenPhos;
No período de 30 dias, a evolão da neoformação óssea foi
semelhante para todos os grupos.
R
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e
e
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c
a
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s
s
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A
A
b
b
s
s
t
t
r
r
a
a
c
c
t
t
Abstract
253
ABSTRACT
Analysis of the evolution of bone repair with utilization of calcium sulfate and
hydroxyapatite. Microscopic study in tooth sockets of rats.
The evolution of bone repair was evaluated in tooth sockets of rats
filled with blood clot as well as after placement of calcium sulfate dihydrate implant
and hydroxyapatite BTCP GenPhos. The study sample was composed of 48 males
rats divided into three groups, which were submitted to extraction of the right
maxillary incisor. In group I, the sockets were filled with blood clot and were kept as
such as control. Group II received a calcium sulfate dihydrate implant, and group III
was submitted to placement of hydroxyapatite BTCP GenPhos in the sockets. At 7,
15 and 30 days after surgery, the animals were killed, the right hemimaxillae were
removed and histologically processed for descriptive and quantitative microscopic
analysis, whose results were statistically analyzed by the Kruskal-Wallis and Dunn
tests. It was concluded that the alveolar repair process at 7, 15 and 30 days was
similar for sockets filled with blood clot, calcium sulfate dihydrate and hydroxyapatite
BTCP GenPhos, with emphasis to the significant difference with regard to new bone
formation at 15 days between the control and hydroxyapatite BTCP GenPhos groups;
and, at 30 days, the evolution of new bone formation was similar for all study groups.
Key words: Tooth socket. Calcium sulfate. Bone substitutes.
A
A
p
p
ê
ê
n
n
d
d
i
i
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c
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Apêndices
APÊNDICE A - Carta de aceite do Comitê de Ética em Pesquisa
Apêndices
APÊNDICE B - Carta de aceite do Comitê de Ética em Pesquisa
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