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psicofísicos, para investigar os fenômenos mentais, supôs um vínculo entre a
sensação mental e um estímulo físico. Ele afirmou que determinados fenômenos
mentais estão sujeitos a leis reguladoras. O que ele chamou “princípio do prazer”
fazia parte dos métodos de medidas psicofísicas para quantificar a relação
“sensação e intensidade de estímulo”.
Tal como Thomas Robert Malthus colocou sua teoria da população, ele
trabalhou com o crescimento geométrico e aritmético da sensação e do estímulo.
Assim, a intensidade do estímulo estaria sempre em relação à quantidade de
sensação.
Freud inspirou-se em Fechner
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para afirmar que existe algo que vai além do
princípio do prazer, o qual permite a construção de um novo princípio de
funcionamento mental. Antônio Damásio, neurologista
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, explica que a consciência
desenvolve estratégias originais quando encontra adversidades do ambiente
externo. Como disse Freud, “o mal estar da civilização” é fruto desta caminhada para
além do prazer e da adaptação à realidade.
Ao transpormos estas idéias para a Revolução Industrial vemos que estes
pensadores desejosos de conhecer o funcionamento da mente encontraram um
público – pacientes - que buscava a regulação homeostática. As máquinas, quando
eram ligadas, propiciavam um estímulo padrão que mantinha a homeostasia do
“homo faber”. Quando elas eram desligadas, as pressões do meio externo,
ambientais e orgânicos, explicadas pelas exigências da sociedade e pela falta de
recursos do “homo faber" para organizar seus conteúdos mentais em pensamentos
cada vez mais complexos, criavam patologias.
As idéias de ciclos na Revolução Industrial introduzem mudanças
progressivas estruturais na sociedade: o ciclo do carvão, do ferro, do aço, do vapor,
da eletricidade, do motor de combustão interna, os quais passam obrigatoriamente
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Sigmund Freud, nas suas obras completas, revela a importância da contribuição de Fechner para
explicar o tema do prazer e do desprazer. Nas palavras de Fechner, “...todo movimento psicofísico
que se eleve acima do limiar da consciência é assistido pelo prazer na proporção em que, além de
um certo limite, ele se aproxima da estabilidade completa, sendo assistido pelo desprazer na
proporção em que, além de um certo limite, se desvia desta estabilidade, ao passo que entre os dois
limites, que podem ser descritos como limiares qualitativos de prazer e de desprazer, há uma certa
margem de indiferença estética...” (Fechner citado por Freud, 1976).
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Antonio Damásio nasceu em Portugal em 1944, professor do Departamento de Neurologia da
Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. Escreveu “O erro de Descartes” e o “Mistério da
Consciência” publicado em mais de 20 de línguas.