Download PDF
ads:
ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA
EUGENIO JESUS LUQUE QUISPE
PASTOREANDO PASTORES
UM ESTUDO DE CASO DA PRAXIS PASTORAL NA ASSIBAS
São Leopoldo
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha elaborada pela Biblioteca da EST
Q8p Quispe, Eugenio Jesus Luque
Pastoreando pastores: um estudo de caso da praxis
pastoral na ASSIBAS / Eugenio Jesus Luque Quispe ;
orientador Manfredo Carlos Wachs. - São Leopoldo :
EST/PPG, 2010.
79 f.
Dissertação (mestrado) - Escola Superior de Teologia.
Programa de Pós-Graduação. Mestrado em Teologia. São
Leopoldo, 2010.
1. Clero - Saúde e higiene. 2. Psicologia pastoral. 3. Clero
- Ministério. 4. Teologia pastoral. I. Wachs, Manfredo Carlos.
II. Título.
ads:
3
EUGENIO JESUS LUQUE QUISPE
PASTOREANDO PASTORES:
UM ESTUDO DE CASO DA PRAXIS PASTORAL NA ASSIBAS
Trabalho final de Mestrado Profissional para
obtenção do grau de Mestre em Teologia.
Escola Superior de Teologia Programa de Pós-
Graduação.
Linha de Pesquisa: Aconselhamento Pastoral
Orientador: Dr. Manfredo Carlos Wachs
São Leopoldo
2010
4
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos
Beni.
Samanta,
Diego e
Tabata
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela saúde, vida e constante presença na minha vida.
À minha amada esposa Beni pelo apoio constante, incentivo e o cuidado dispensado aos
nossos filhos na minha auncia.
A meus filhos: Samanta, Diego e Tabata pela compreensão e apoio incondicional.
A meus colegas professores da Faculdade Teológica Batista Ana Wollerman.
À Primeira Igreja Batista em Dourados pelo apoio dispensado incondicionalmente.
Aos irmãos Carlos, Günter, Luiz Annio e Nelson pelo apoio incondicional. Que Deus os
abençoe.
Ao Professor Dr. Manfredo Carlos Wachs pela paciência e preciosa orientação.
6
RESUMO
Pastoreando pastores: um estudo de caso da práxis pastoral na ASSIBAS. O presente trabalho
aborda sobre os fundamentos teológicos para o pastoreio de pastores. Apresentando uma
breve descrição do pastor na bíblia e descrevendo como o Antigo e o Novo Testamento
descreve sobre a figura do pastor. O texto também considera o ministério pastoral, definindo
termos como: pastor, pastorear, cuidado, mentorear, liderar, proteger e alimentar e os
relaciona à prática do ministério pastoral do pastor, com a intenção de entender de maneira
coerente e clara o desenvolvimento do ministério pastoral por parte do pastor. Este trabalho
aborda o pensamento que os pastores, através da coleta de dados numa pesquisa de campo e
de estudo de caso, têm com relação ao seu próprio cuidado. Os resultados foram obtidos
através de um questionário preparado exclusivamente para colher posicionamentos,
sentimentos e necessidades de pastores da ASSIBAS, com relação aos cuidados da sua
pessoa. Realiza-se uma análise dos questionários respondidos, constatando a cancia dos
pastores em relação aos cuidados pastorais. Ou seja, é necessário que os pastores, que fazem
parte da ASSIBAS, tenham consciência da importância de ter um pastor para ser pastoreado.
A pesquisa reflete sobre a importância do motivo pelo qual o pastor deve se preocupar com o
seu próprio cuidado, considerando a imagem que o pastor tem perante a sua comunidade, a
necessidade de conscientizá-lo sobre o cuidado tuo entre os pastores. O texto também
ressalta a importância do cuidado que o pastor deve ter com o seu pprio corpo, observando a
questão da alimentação, do sono, da vida mental e emocional e do cuidado com a sua
espiritualidade. O pastoreio de pastores torna-se uma necessidade para os pastores que fazem
parte das igrejas da ASSIBAS, pois temos pastores que priorizam a sua comunidade, ou seja,
se envolvem integralmente nos cuidados das suas “ovelhas enquanto descuidam o seu
próprio cuidado. Os pastores precisam também ser pastoreados por um pastor humano que
tenha mais experiência e possa ser conduzido por pastos verdejantes no seu ministério
pastoral.
Palavras-chave: Pastor, pastoreio, cuidados, ministério pastoral.
7
RESUMEN
Pastoreando pastores: un estudio de caso de la praxis pastoral en la ASSIBAS. El presente
trabajo aborda sobre los fundamentos teológicos para el pastoreo de pastores, presentando una
breve descripción del pastor en la bíblia y describiendo como el Antiguo y el Nuevo
Testamento describe sobre la figura del pastor. Este texto considera el ministerio pastoral,
definiendo términos como: pastor, pastorear, cuidado, mentorear, liderar, proteger y alimentar
y relacionandolos a la pctica del ministerio pastoral del pastor, con la intención de entender
de manera coherente y clara el desarrollo del ministerio pastoral por parte del pastor. Este
trabajo aborda el pensamiento que los pastores, a través de la colecta de datos en una pesquiza
de campo y del estudio de caso, tienen con relación a su propio cuidado. Los resultados
fueron colectados a través de un cuestionário preparado exclusivamente para colectar
posicionamientos, sentimientos y necesidades de los pastores de la ASSIBAS, relacionados a
los cuidados de su persona. Se realizado un analisis de los cuestionários respondidos,
habiendose constatado la falta o la carência de los pastores relacionado a los cuidados
pastorales. O sea, se hace necesario que los pastores que hacen parte de la ASSIBAS,
necesitan ser conscientizados de la importancia de tener un pastor para ser pastoreado. La
pesquisa reflite sobre la importancia del porque el pastor debe preocuparse de su próprio
cuidado, considerando la imagen que la comunidad tiene acerca de su pastor, la necesidad de
la concientización sobre el cuidado mutuo entre pastores. El texto también resalta la
importancia del cuidado que el pastor debe tener con su propio cuerpo, observando la cuestión
de su alimentación, del sueño, de la vida mental y emocional y del cuidado de su
espiritualidad. El pastoreo de pastores se hace una necesidad para los pastores que hacen parte
de las iglesias de la ASSIBAS, pues tenemos pastores que dan mucha importancia a su
comunidad, o sea, se envuelven integralmente en el cuidado de sus “ovejas” mientras
descuidan de su propio cuidado. Los pastores necesitan también ser pastoreados por un pastor
humano que tenga mas experiencia y puedan ser conducidos por pastos delicados en su
ministério pastoral.
Palabras-llave: Pastor, pastoreo, cuidados, ministerio pastoral.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
..................................................................................................................
1 FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS PARA O PASTOREIO DE PASTORES
................
1.1 Breve descrição de pastor na bíblia ...................................................................
1.1.1 Breve descrição do pastor no Antigo Testamento ................................
1.1.2 Breve Descrição do pastor no Novo Testamento .................................
1.2 Considerações sobre o Ministério Pastoral ........................................................
1.2.1 Pastor ....................................................................................................
1.2.2 Pastorear ...............................................................................................
1.2.3 Cuidado ................................................................................................
1.2.4 Mentorear ............................................................................................
.
1.2.5
1.2.6 Proteger ......................................................................
..........................
1.2.7
2
ATITUDE DO PASTOR, RELACIONADO AO SEU PRÓPRIO CUIDADO .........
2.1 Considerações gerais relacionado ao cuidado do pastor a
partir da sua própria realidade ...........................................................................
2.2 Questionário, instrumento para ouvir os past
ores .............................................
2.2.1 Resultados da pesquisa através dos questionários ...............................
2.2.1.1 Primeira pergunta: Relacionada a idade e o sexo do pastor .....
a) Idade ................................................................................
b) Sexo .................................................................................
2.2.1.2 Segunda pergunta: Estado civil do pastor ................................
a) Estado civil .......
................................................................
b) Número de filhos .............................................................
2.2.1.3 Terceira pergunta: Quanto à formação Teológica,
você tem curso teológico? .......................................................
2.2.1.4 Quarta pergunta: Para ser pastor, você considera
importante ter este curso teológico? ........................................
2.2.1.5 Quinta pergunta: Se tem ou tivesse algum problema para
resolver (pessoal, familiar, de comunidade, etc.) tem o
teria com quem conversar? ......................................................
2.2.1.6 Sexta pergunta: Há quanto tempo você exerce o pastorado? ...
11
14
15
15
17
19
21
23
25
27
28
30
31
32
32
33
34
34
34
35
35
35
36
36
37
37
38
9
2.2.1.7 Sétima pergunta: Por que você quis ser pastor? .......................
2.2.1.8 Oitava pergunta: As comunidades, igrejas em geral:
a) Ajudam os pastores (dividem as tarefas) ............................
b) Exigem muito dos pastores (deixam-nos sobre carregados)
c) Idealizam os pastores como se fossem “super” homens .....
d) Tem amizade com pastores? ...............................................
2.2.1.9 Nona pergunta: Você tem cuidado de si mesmo quanto a:
a) Cuidado de si mesmo quanto ao Sono ................................
b) Cuidado de si mesmo quanto à alimentação .......................
c) Cuidado de si mesmo quanto ao lazer .................................
d) Cuidado de si mesmo quanto ao exercício físico ................
e) Cuidado de si mesmo quanto à saúde m
ental ......................
f) Cuidado de si mesmo quanto à saúde física ........................
2.2.1.10 Décima pergunta: Você se considera: ....................................
2.2.1.11 Décima primeira pergunta: Você como pastor é
cuidado por alguém? ............................................................
2.2.1.12 Décima segunda pergunta: O que você pensa da
seguinte afirmação: ser pastor dá “status” e “poder”? .........
2.2.1.13 Décima terceira pergunta: Seu tempo, como é aproveitado? .
2.2.1.14 Décima quarta pergunta: Com relação a seu tempo: ..............
2.2.1.15 Décima quinta pergunta: Enquanto, como você se sente na
maior parte do tempo? ..........................................................
2.2.1.16 Décima sexta pergunta: Qual a sua opinião sobre os pastores
terem um pastor, mais experiente pastoreando eles? ...........
2.2.1.17 Décima sétima pergunta: Quanto a sua espiritualidade,
como você se sente? ..............................................................
2.3 Uma análise geral do questionário ....................................................................
3 PASTOREANDO E SER PASTOREADO: todos nós somos ovelhas – Sugestões
práticas para o cuidado do pastor .....................................................................................
3.1 O CUIDADO E O CUIDADO PASTORAL ....................................................
3.1.1 Por que se importar com o cuidado do pastor? ....................................
3.1.2 A imagem do pastor dentro de uma comunidade local ........................
3.1.3 O pastoreio do pastor: práticas e experiências .....................................
3.1.4 O pastor e o cuidado mútuo .................................................................
39
39
40
40
40
41
41
42
42
43
43
43
44
45
46
46
47
47
48
49
53
53
53
53
57
59
10
3.2 O PASTOR E O SEU PRÓPRIO CUIDADO ..................................................
3.2.1 Cuidados do pastor com o seu próprio corpo .......................................
3.2.2 Cuidados do pastor com a sua ppria alimentação .............................
3.2.3 Cuidados do pastor com o seu sono .....................................................
3.2.4
Cuidados do pastor com a sua vida mental e emocional ......................
3.2.5 Cuidados do pastor com a sua espiritualidade .....................................
3.2.5.1 Então, o que é Espiritualidade? ................................................
CONCLUSÃO ....................................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................
ANEXO ...............................................................................................................................
61
63
64
65
66
67
68
71
75
77
11
INTRODUÇÃO
Desde o início da vida cristã, ainda na minha conversão, tenho sentido a necessidade
de ser pastoreado por alguém, pois fui o primeiro da minha família a conhecer os caminhos
que Jesus Cristo tem concretizado na cruz. Conheci a Jesus Cristo aqui no Brasil, longe da
minha falia e de minha pátria. A partir daquele momento, percebi que estava sendo
cuidado, principalmente por uma família a qual chegou a ser a minha família aqui no Brasil,
aliás, posso afirmar que o Brasil é a minha segunda pátria, onde tive a experncia do novo
nascimento que é experimentado somente em Jesus Cristo. Foi aqui que eu nasci novamente,
em Cristo Jesus. No meu preparo teológico, na vida de seminarista também tenho sentido
necessidade de ser pastoreado, mas sem ninguém conhecido por mim, mas Deus tem
providenciado pessoas para que eu fosse pastoreado e cuidado. No meu primeiro ministério,
no sertão pernambucano, longe de pessoas conhecidas, mas com a minha família (esposa e
dois filhos) também reconheci a necessidade de ser pastoreado, pois me encontrava sozinho
desenvolvendo o meu ministério pastoral, no sertão pernambucano, inexperiente como pastor,
longe de amigos e parentes. Senti a necessidade, como pastor iniciante de ser pastoreado, ou
de ser cuidado por alguém que tenha mais experiência no aconselhamento pastoral a pastores.
Desta experiência pessoal nasceu a idéia de ser pastoreado, ser cuidado por alguém através do
aconselhamento por um pastor.
Temos percebido nas Igrejas Batistas da ASSIBAS
1
, da qual faço parte, que existem
pastores que por estarem no início do seu ministério apresentam pouca maturidade e sentem
dificuldades para pastorear as pessoas, - gico que com o decorrer dos anos estarão
adquirindo maturidade - e consequentemente, sentem algumas dificuldades no ministério no
pastoreio de pessoas, necessitando de ajuda, orientação e acompanhamento minucioso e sadio
por parte de alguém que tenha mais experiência ministerial na área de aconselhamento
pastoral, podendo recuperar e fortalecer a sua auto-estima. Por outro lado, podemos afirmar
que existem dentro da associação das Igrejas Batistas do Sul de Mato Grosso do Sul, “homens
de Deus” em final de ministério, magoados, machucados, tristes, sofrendo e que precisam de
ajuda, mas não se manifestam e nem solicitam ajuda, consolo e compreensão, valorizando
assim a figura do pastor.
1
Associação das Igrejas Batistas do Sul de Mato Grosso do Sul, a nível Regional, que faz parte da Convenção
Batista de Mato Grosso do Sul (estadual) e que por sua vez faz parte da Convenção Batista Brasileira, a nível
nacional.
12
A motivação que sentimos como pastor, ao abordar a “pessoa do pastor nesta
pesquisa, é que estes homens chamados por Deus, devido a seu envolvimento total na
comunidade, estão esgotados, cansados e muitas vezes não tem tempo para si mesmo e muito
menos para dedicar-se a sua família. A comunidade a qual o pastor faz parte e dedica o seu
tempo no pastoreio da igreja tem uma visão desvirtuada sobre a “pessoa do pastor”, exigem
muito do seu pastor, deixando-o sobrecarregado, cansado e até são idealizados como “super
homens” e “super espirituais”. Estas manifestações demonstram que as comunidades não
consideram o pastor como pessoas normais, mas como pessoas que têm poderes sobrenaturais
e que podem realizar tudo dentro da comunidade.
Esta pesquisa tem por objetivo conscientizar o pastor que precisa receber cuidados
pastorais para poder desenvolver um ministério eficaz e digno de reconhecimento dentro da
sociedade em que se encontra, investigando as necessidades que tem na área espiritual,
familiar, eclesial e principalmente pessoal. Faz-se necessário conscientizar o pastor a valorizar
o seu cuidado pessoal com relação a sua imagem e a sua própria experiência de pastoreio de si
mesmo, ou seja, precisa estar consciente de que precisa ter um pastor para ser pastoreado.
Quando falamos do envolvimento do pastor no seu ministério de maneira íntegra precisamos
nos questionar o seguinte: qual o motivo para que o pastor priorize o seu cuidado? Quais as
necessidades que o pastor tem sentido no seu ministério? Será que o pastor não tem percebido
o desgaste físico, emocional e mental que o ministério pastoral tem o submetido na intenção
de cuidar os outros e descuidando-se de si mesmo, não se preocupando consigo mesmo?
A presente pesquisa será bibliográfica e de campo, através de entrevistas a um grupo
de pastores das Igrejas Batistas que fazem parte da ASSIBAS. A nossa intenção com esta
pesquisa é desafiar o pastor a ter consciência de considerar cuidados pastorais de si mesmo. É
necessário que todos os pastores da ASSIBAS sejam conscientizados em ser pastoreado por
outro pastor, priorizando os cuidados pessoais e familiares, pois isto os levará a enfrentar de
maneira mais consistente os desafios que o ministério pastoral nos apresenta.
Na presente pesquisa apresentaremos três capítulos. No primeiro capítulo abordaremos
a fundamentação teológica do pastoreio de pastores. Teremos a Bíblia como principal fonte de
referência para a nossa reflexão sobre a pessoa e as ações do pastor e seus próprios cuidados
pastorais. Apresentaremos uma breve descrição sobre o que a Bíblia fala através do Antigo e
o Novo Testamento a respeito do pastor, como era conhecido ou compreendido o pastor na
época em que Jesus Cristo desenvolveu o seu ministério na Terra. Desenvolveremos também
algumas considerações sobre o ministério pastoral, descrevendo sobre alguns termos que
13
envolvem a pessoa do pastor e sua função no ministério pastoral em relação aos cuidados que
ele deve dispensar ao seu ministério.
No segundo catulo, apresentaremos as atitudes do pastor com relação ao seu próprio
cuidado, entrevistando os pastores a partir da sua própria realidade. Para isto, aplicaremos um
questionário com 17 perguntas diretas para o pastor responder na sua realidade de ministério.
A pesquisa é realizada com um grupo de pastores participantes do 4º Congresso de Pastores
da ASSIBAS, realizada na cidade de Ponta Porá/MS. Fizemos a sua respectiva tabulação dos
dados coletados e apresentamos os resultados através de gráficos.
No terceiro capítulo, abordaremos, pastoreando pastores, conscientizando os pastores
de que todos somos ovelhas e precisamos ser pastoreados por um pastor mais experiente na
área, desafiando-os a terem um cuidador, um mentor, ou um orientador espiritual na sua
caminhada no ministério pastoral. Também relacionaremos o cuidado de si mesmo e o
cuidado pastoral, ou seja, o pastoreio de pastores, descrevendo a imagem do pastor dentro da
sua comunidade e observando o cuidado mutuo e o seu próprio cuidado.
Como pastor preocupado com o cuidado dos pastores, queremos incentivar e desafiar
os pastores da ASSIBAS a caminharem sob os olhos e os cuidados de um pastor, que possa
levar por caminhos planos para conseguir alimento sadio que fortalecera as suas vidas e
ministérios. Apesar de não ter conhecimentos psicológicos profundos, o nosso objetivo com
esta pesquisa é conscientizar todos os pastores a se preocuparem consigo mesmo, pois
dependerá muito do que estamos fazendo no presente para colher frutos no futuro, isto
relacionado aos cuidados que o pastor deve dispensar em seu favor. Apesar da desconfiança
existente entre os pastores de confiar em alguém, aceitemos o desafio de sermos pastoreados
por um pastor, ou seja, ser “ovelha” também. Pois um pastor que esta acima de todos,
Jesus disse: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. (Jo. 10.11)
14
CAPITULO 1 - FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS PARA O PASTOREIO DE
PASTORES
Preocupa-nos muito o “cuidado” de si que os ministros de Deus o dispensam para si
próprios atualmente e isto nos motiva a falar sobre o “pastor” sendo cuidado e ser pastoreado.
Para tanto, valemo-nos da poimênica
2
, para poder ajudar aos pastores que tem tido
dificuldades no desenvolvimento do ministério pastoral. Iniciamos a nossa reflexão com a
seguinte questão: Será que o pastor não tem percebido o desgaste físico, emocional, mental e
espiritual que o ministério pastoral o tem submetido na intenção de cuidar dos outros e
descuidando de si mesmo, não se preocupando consigo e com os da sua própria família?
Encontramos na Bíblia, palavras que nos alertam e chamam a atenção dos pastores que
estão exercendo o ministério pastoral de que devemos dispensar cuidado de si mesmo e dos
seus (família), com o objetivo de nos mantermos firmes como ministros de Deus chamados
por Ele e desenvolvermos um ministério exemplar na sociedade na qual fazemos parte.
Para podermos desenvolver este trabalho faz-se necessário refletir sobre alguns
conceitos que vão nos ajudar a entender o tema: Pastoreando pastores.
Quando se fala de “cuidado” percebemos que este assunto é muito abrangente e
importante para a vida do pastor, pois desenvolveremos o cuidado sob o ponto de vista
teológico, psicológico e religioso para poder entender de maneira clara e contribuir com os
colegas pastores na sua própria vida, relacionado a ser cuidado por alguém que tenha mais
experiência no ministério pastoral, ou seja, ser pastoreado.
O pastor Eugene Peterson afirma:
Existe um ditado entre os médicos que diz: ‘Um médico que cuida de si mesmo é
atendido por um tolo. Entendo que isso significa que o cuidado com o corpo é
assunto complexo, que requer julgamento frio e impessoal. Não apenas temos
corpos, nós o somos, e ninguém é capaz de ser completamente objetivo com relação
a seu próprio corpo. Todos nós, até mesmo dicos, queremos ser animados, não
curados. Preferimos conforto à integridade. E podemos iludir-nos sobre nós
próprios, indefinidamente.
3
Os pastores também fazem parte do corpo de Cristo e como pessoas chamadas para o
ministério pastoral devem cuidar dos outros membros do corpo de maneira eficaz e coerente,
mas para isto é necessário e fundamental dedicar cuidado pessoal em todas as áreas da sua
vida, ter alguém que possa guiá-lo e direcioná-lo, ou seja, ser pastoreado por um pastor. O
objetivo deste trabalho é compreender o tema proposto, estudando as implicações e os
2
Howard J. Clinibell, define a poimênica como: o ministério amplo é inclusivo de cura e crescimento mútuos
dentro de uma congregação e de sua comunidade, durante todo o ciclo de vida. p. 25
3
PETERSON, Eugene H. Um pastor segundo o coração de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2000. p. 151.
15
benefícios do pastorear a si mesmo. É importante conscientizar o pastor de que não é uma
entidade, mas sim um ser humano com as suas próprias necessidades e características
específicas, repensar a imagem do pastor de uma igreja local, verificar os motivos específicos
que influenciam ou determinam as aspirações dele em relação à natureza social da
comunidade onde está inserido, sabendo priorizar o seu próprio cuidado.
Lembremo-nos da passagem que se encontra em Provérbios 11.14, que diz: “Não
havendo sábia direção cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança”.
4
É
importante que o pastor se lembre destas palavras no exercício do seu ministério pastoral, pois
é muito salutar ser bio ou levar avante o ministério pastoral com sabedoria, porque
precisamos da direção absoluta daquele que tem chamado para exercer o ministério pastoral.
É fundamental que o pastor conheça a si mesmo, que tenha uma auto-percepção aguçada de
seus sentimentos, e que seja uma pessoa madura e equilibrada, por isso se faz necessário
enfatizar que o pastor precisa estar disposto a crescer e fazer crescer outros na comunidade
onde ele está inserido, mas sempre dando muita importância ao cuidado de si mesmo.
1.1 Breve descrição de pastor na Bíblia.
Para o melhor entendimento do presente trabalho, iniciaremos este capítulo definindo
os termos que usaremos no decorrer da presente pesquisa, trazendo esclarecimento e
entendimento claro e coerente sobre o real significado que envolve o pastoreio de pastores ou
o cuidado daqueles que cuidam outras pessoas.
1.1.1 Breve descrição do pastor no Antigo Testamento.
No Antigo Testamento, percebemos que o termo pastor refere-se literalmente a uma
pessoa que cuida de rebanhos de ovelhas. Existem muitas passagens no Antigo Testamento
que se referem aos líderes do povo de Deus como pastores que agiam sob dependência de
Deus.
Os pastores eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam os
rebanhos Jeremias 31.10; Ezequiel 34.2, que procuravam as ovelhas perdidas
4
A Bíblia anotada. Versão Almeida, Revista e Atualizada. Com introdução, esboço, referências laterais e notas.
Charles Caldwell Ryrie, Th.D., Ph.D.
16
Ezequiel 34.12 e que livravam dos animais ferozes as ovelhas que estivessem sendo
atacadas. Amós 3.12.
5
O teólogo João Batista Libanio afirma o seguinte sobre a imagem do pastor:
A imagem do pastor” entrou na teologia, na prática da igreja através da tradição
bíblica. É que encontro a primeira origem, que deve até hoje iluminar qualquer
compreensão de ´pastoral´. O povo de Israel encontrava no cultivo do rebanho de
ovelhas sua principal riqueza e total subsistência. A ovelha alimenta os povos da
bíblia não na fase nômade, como também depois da fixação no território de
Canaã . Além do alimento, havia a lã para tecer roupa e confeccionar as tendas para
morar. O excedente servia como matéria para troca comercial. Numa palavra, a
vida humana desses povos estava intimamente ligada ao rebanho. Nesse contexto,
descubro certo nimbo de grandeza na função de pastor.
6
No Antigo Testamento a figura do pastor estava ligado as necessidades do povo de
Israel. A história nos mostra que o pastor de Israel era Javé, Deus que tinha o poder de guiar e
cuidar as ovelhas, do seu povo, através do seu amor infinito que era demonstrado por cada
cidadão do povo de Israel. Além de ser o protetor do seu povo, Deus era quem chamava as
pessoas para que pudessem dirigir os seu povo. O teólogo João Batista Libanio, ainda afirma:
Pastor é autoridade e solicitude, poder e carinho, vigor e ternura. Deus é o excelso
soberano, Adonai, mas ao mesmo tempo o terno Pai. Deus é aquele que vigia,
comanda, conduz as ovelhas, chama-as pelo seu nome. Essa alegoria chegou a um
ponto alto da teologia vétero-testamentária no Salmo 23.
7
O Salmo 23 mostra-nos a grandeza de Javé o Deus de Israel, sendo o protetor e
provedor do povo de Israel, ou seja este salmo mostra a figura do pastor como guia e
companheiro em todos os momentos da vida das ovelhas e que guia este povo com toda
autoridade carinho e amor. Precisamos considerar que a primeira menção do “pastor” no
Antigo Testamento é encontrado em Gênesis 4.2 que literalmente se refere ao “pastor de
ovelhas”, ou seja aquele que cuida do rebanho de ovelhas. Naquela época o povo daquele
lugar dedicava-se ao cuidado de rebanhos de ovelhas, por isso Jeremias vai nos mostrar que
os pastores eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam rebanhos, que
procuravam as ovelhas perdidas e que os livravam dos animais ferozes que estivessem
atacando. (Jr. 31.10; Ez. 34.2; Amós 3.12). Estes três textos confirmam o que estamos
discorrendo, que no Antigo Testamento o pastor era considerado protetor que direcionava e
cuidava das ovelhas que faziam parte de rebanhos por caminhos de paz e segurança. Podemos
trazer esta perspectiva bíblica para o pastoreio de ovelhas, “pessoas” que fazem parte das
comunidades e que devemos dar total importância ao cuidados e proteção no ministério
pastoral.
5
CHAMPLIN, Norman Russell. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo, Candeia. 1991. p.
104.
6
LIBANIO, João Batista. O que é pastoral? São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 15.
7
LIBANIO, 1986, p. 17.
17
O teólogo Ronaldo Sathler Rosa, afirma que:
Ser pastor em Israel implicava em ater-se fielmente ao chamamento à missão do
povo. Quando o pastor deixa de inserir-se fielmente na vida e missão do povo ele é
exortado e criticado. O texto de Jeremias (2.11 - 23.2) denuncia os pastores
desobedientes e infieis. Em contraste com a infidelidade dos pastores, Deus se
desvela com o pastor fiel ao seu compromisso histórico com o povo.
8
Alicerçados no princípio de que o pastor é o líder e protetor de um rebanho,
transparece o pensamento de que Deus é o pastor de Israel e que consequentemente Ele
cuidará daqueles que são fiéis com o compromisso de continuar a missão de Deus. O pastor
John MacArthur Jr. também afirma:
Assim o Antigo Testamento fornece uma base importante para a compreensão da
função do pastor. O pastor manifesta seu cuidado, amor, misericórdia, disciplina
compaixão e prazer paternal em relação ao seu povo, por que Ele deseja ser amado e
temido de todo coração.
9
Podemos concluir, inicialmente, que o Antigo Testamento nos fornece atualmente
fundamentos muito relevantes que estão relacionados à figura e à atuação do pastor para os
nossos dias, passando-nos os princípios de amor e cuidado que o povo de Israel necessitava
ou estava carente. Estes princípios sendo observados pelos pastores atualmente e colocados na
prática pastoral trará grandes benefícios ao ministério pastoral que deveria desenvolver o
pastor.
1.1.2 Breve Descrição do pastor no Novo Testamento.
No Novo Testamento podemos notar que o Senhor Jesus Cristo é descrito como um
pastor. Isto podemos afirmar após analisarmos o Antigo Testamento que apresenta um grande
pano de fundo para os escritores do Novo Testamento. O Senhor Jesus Cristo é descrito como
o “bom pastor” que se entregou pelas suas ovelhas.
Citando ainda o teólogo João Batista Libanio, percebemos que:
A novidade de Jesus esta no outro pólo do discurso profético. Não repete mais as
palavras de Ezequiel, pelas quais Jaassumia ele mesmo diretamente a função do
pastor . Jesus reserva-nos uma surpresa. Javé, o Pai, confiou agora a ele, Jesus, o
filho a função de Pastor. ´Eu sou o bom pastor`, afirma Jesus. Assume a função de
velar pelas ovelhas. Conhece-as pessoalmente e deixa-se reconhecer por elas. Esse
mútuo conhecimento é a garantia da utenticidade de sua missão.
10
O que podemos descrever é que os autores do Novo Testamento têm denominado
Jesus Cristo como o pastor que cuida das ovelhas”, ou seja cuidador de pessoas. Jesus Cristo
8
SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado pastoral em tempos de insegurança: Uma hermenêutica teológico-
pastoral. São Paulo: ASTE, 2004. p. 28.
9
MacARTHUR Jr., John. Redescobrindo o ministério pastoral. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. p. 57.
10
LIBANIO, 1986, p. 17.
18
coloca-se como o restaurador de pessoas, pois sente compaixão das pessoas e porque Ele
as pessoas que estão sofrendo e caminhando sem direção, sem um alvo que possam orientar as
suas vidas, estão “desgarradas como ovelhas que não tem pastor” (Mt. 9.36) e não tem
ninguém que se preocupe com elas.
Jesus Cristo aparece no Novo Testamento como “o bom pastor”, que se preocupa e
está pronto para proteger as “ovelhas desgarradas”. O apóstolo Paulo em 1 Co. 11.1, chama a
nossa atenção para o fato de que o pastor não precisa ser simplesmente um “indivíduo que
serve”, mas ser um autêntico seguidor e imitador de Jesus Cristo. O pastor precisa ter
capacidade para motivar a cada membro da comunidade com a finalidade de alcançar os
objetivos da igreja.
O pastor John MacArthur, enfatiza a ideia do Antigo Testamento como pano de fundo
para o Novo Testamento relacionado a figura do pastor, e destaca:
O Novo Testamento constrói-se sobre o fundamento do Antigo, ao revelar o Pastor
principal, Cristo, em toda a sua sabedoria, glória, poder e humildade (Jo. 10.11; 1
Pe. 5.4) [...] O bom pastor deu a vida por suas ovelhas a quem chama para si (Jo.
10.11-16). Esses ´chamados´ representam a igreja. Cristo como cabeça da igreja, a
lidera (Ef. 1.22; 5.23-25) e pastoreia.
11
No Novo Testamento percebemos que o chamado que Jesus Cristo tem feito aos
homens para compor o colegiado de pastores, escolhendo a doze homens humildes,
pescadores e até marginalizados pela sociedade, para poder qualificá-los através da vivência
com o pastor” Jesus Cristo, que após a morte e ressurreição de dEle foram desafiados e
colocados como pastores para cuidar as ovelhas da igreja do primeiro século. Em Mateus 9.
36 percebemos a reação de Jesus Cristo diante da situação que o povo se encontrava ao ver as
pessoas sem nenhum rumo para suas vidas, sofrendo como “ovelhas sem pastor”. Condoendo-
se com esta situação o Mestre envia os doze discípulos ao povo ou seja, ás “ovelhas perdidas
da casa de Israel” (Mt. 10. 6), com a mssão de libertar as pessoas (Mt. 10.1) diante da situação
que o povo se encontrava, demonstrando a ternura de Deus manifestada na pessoa de Jesus
Cristo.
No Novo Testamento vemos como estes homens chamados por Jesus Cristo, com
todas as suas limitações no momento do chamado, mas agora dependendo do Espírito Santo
de Deus, são desafiados a viver aquilo que de Jesus tinham recebido, pastoreando, ensinando
e cuidando o rebanho de Deus.
Finalizando esta breve descrição, no Novo Testamento Jesus Cristo é exemplificado na
figura do “bom pastor”, pois através dEle é que vivemos, temos vida em abundância e
11
MaCARTHUR, 1998, p. 58.
19
segurança. Como pastores precisamos nos espelhar no exemplo do mestre, pois é necessário
para nós atualmente. É muito importante seguir o exemplo de Jesus Cristo para o nosso
ministério pastoral, assim como os discípulos do primeiro século fizeram.
O bom pastor de João 10. 1-30 é contrastado, de um lado, com o ladrão e, de outro
lado, com o estranho. O pastor entra pela porta, suas ovelhas o conhecem e o
seguem com boa disposição. De modo tipico de João, expõ-se o relacionamento
que se expressa em outros trechos por metáforas.
12
1.2 Considerações sobre o Ministério Pastoral.
Quando nos propomos a falar sobre: “pastoreando pastores”, temos em foco a pessoa
do pastor”, logicamente, o pastor que es desenvolvendo ou tem desenvolvido o trabalho
pastoral em uma igreja ou comunidade. Acreditamos que é importante abordar sobre o que é o
ministério pastoral e como tem sido considerado em nossos dias.
O pastor John MacArthur afirma que: “O ministério pastoral é um chamado divino, é
inigualável, concedido a homens eleitos por Deus para serem ministros de sua palavra e
servos de sua igreja”
13
. O pastor, como homem cristão, tem sentido no mais profundo do seu
ser, um mover no seu coração. Nos cristãos, chamamos de um chamado especial de Deus”,
ou seja, ele é vocacionado para desenvolver o ministério pastoral através da sua vida,
baseando-se numa verdadeira experiência cristã. uma ação incontrolável no chamado que
Deus faz aos seus escolhidos. Deus convoca, é Ele quem chama e nós respondemos. O
evangelista João escreve em João 15.16a: “Não fostes vós que me escolheste a mim; pelo
contrario, eu vos escolhi a vós outros [...]”. Jesus Cristo tem selecionado homens para que
pudessem dar continuidade ao trabalho que a igreja primitiva tem iniciado.
Em relação ao pastor, o pastor e escritor Crabtree nos lembra:
O ministro tem a revelação divina, que oferece tantas bênçãos aos homens nas
trevas, e acima de tudo promete uma nova relação com Jesus Cristo, uma nova
dignidade para esta vida terrestre e o preparo para a comunhão eterna com Deus na
vida celestial [...].
14
Nossa vocação é nosso chamado para servir a Cristo. O pastor para desenvolver de
maneira digna e coerente o seu ministério numa comunidade deve compreender de maneira
clara, qual é a missão da Igreja de Jesus Cristo aqui na terra. O pastor com o propósito de
desenvolver o seu ministério deverá entender, em primeiro lugar, qual é o propósito que a
igreja tem se proposto para cumprir e ajudar a cumprir a vontade de Deus. Podemos afirmar,
12
COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário internacional de Teologia do Novo Testamento.o Paulo:
Vida Nova, 1998. p. 1590.
13
MaCARTHUR, 1998, p. 85
14
CRABTREE, Asa Routh. A doutrina bíblica do ministério. Rio de Janeiro: JUERP, 1981. p. 70.
20
com toda autoridade que Jesus Cristo, o nosso mestre, tem nos concedido, que o ministério
pastoral é o mais destacado na palavra de Deus, sendo o maior exemplo o nosso Salvador.
O pastor David Fischer afirma:
Aprendi rapidamente que o ministério pastoral o é um conjunto de idéias, nem é
puramente teológico. Em vez disso, as questões que enfrentei eram reais e pessoais.
A teologia e a exegese tiveram de aprender a servir à realidade. Rapidamente,
passei das discussões das salas de aula a respeito da ubiqüidade de Cristo e da ordo
salutis para as reuniões de diretoria, os funerais e casamentos, as interrupções
telefônicas, as pessoas perturbadas, necessidades mais profundas do que eu jamais
teria imaginado - e, sim, mimgrafos.
15
O que percebemos é que o ministério pastoral é, essencialmente, prática. Assim,
podemos dizer que o pastor coloca em prática a sua “ação pastoral” em determinada
comunidade. Ele deve estar atento às necessidades da igreja, ajudando e direcionando cada
ação da igreja. Tomando conhecimento sobre a história da igreja primitiva, podemos afirmar
que a prioridade do ministério dos “pastores daquela época” era a “pregação” da palavra de
Deus. Os discípulos tinham como prioridade no seu ministério espalhar a palavra nos lugares
que se encontravam. No livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, versículos 2b e 4 os
discípulos relatam: [...] Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir
às mesas. [...] e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra”. Os
pastores tinham a responsabilidade de cuidar das pessoas que se arrependiam dos seus
pecados e treiná-los para que pudessem crescer espiritualmente e fazerem parte da igreja de
Jesus Cristo.
O pastor e escritor Crabtree continua nos lembrando:
O pastor precisa lembrar-se sempre de que ele foi feito ministro da graça de Deus
“de acordo com o eterno propósito que Deus projetou em Cristo Jesus nosso
Senhor”; que este plano nunca foi mudado ou modificado; que a mão do Senhor
não é tão curta que não possa salvar”; que a sua voz ainda proclama: “Não me
escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós”.
16
Quando falamos de ministério do pastor, é necessário verdadeiramente lembrar que: é
Deus quem tem escolhido o pastor na sua infinita misericórdia, conforme a sua vontade, não é
o homem que tem escolhido a quem servir, mas Deus é que na sua infinita bondade tem nos
escolhido para sermos servos fiéis a favor do seu serviço. O pastor não é um mero
profissional, ele é chamado por Deus, vocacionado para exercer o ministério pastoral numa
igreja conforme a “vontade de Deus”.
15
FISCHER, David. O pastor do século 21. São Paulo: Vida. 2001. p. 134.
16
CRABTREE, 1981, p. 75.
21
A seguir, queremos considerar e definir alguns termos que farão parte do nosso
trabalho de pesquisa com o objetivo de compreender de maneira mais clara o
desenvolvimento do presente trabalho.
1.2.1 Pastor
O pastor e escritor Crabtree faz a seguinte afirmação a respeito da palavra pastor:
“Este substantivo se relaciona com a palavra poia, erva ou grama. Na Septuaginta poimén é a
tradução de roeh, que significa pastor. É do verbo raah, que significa apascentar, guiar,
proteger”.
17
Este termo tem sido usado metaforicamente como: apascentar, guiar, proteger.
Em Mateus 9.36 Jesus Cristo nos diz: Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque
estavam aflitas e exaustas como ovelhas que o têm pastor”. Podemos perceber claramente
que o povo não tinha ninguém que os protegesse ou cuidasse, desta necessidade do povo
resulta que ser pastor significa cuidar.
No Antigo Testamento encontramos frequentemente que Deus é o pastor de seu
povo [...] e que este é o rebanho de Deus. [...]. No Novo Testamento esta dupla
afirmação se transfere para Jesus e a Igreja [...] e nos dois testamentos os ministros
de Deus são chamados pastores.
18
O pastor Ebenezer Soares Ferreira afirma: ”o termo pastor vem de poimen, que ocorre
poucas vezes nas epístolas. É o termo que Jesus usou para mostrar o seu grande amor ao seu
rebanho. Ele disse: ´Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas´”. (Jo.
10.11)
19
Na prática pastoral, dentro do ministério da igreja a responsabilidade de dirigir, liderar
uma igreja local e cuidar de suas necessidades espirituais tem recaido na pessoa do pastor. Em
Atos dos Apóstolos 20.28-31, estão discriminadas algumas atribuições específicas do pastor,
tais como: apascentar a igreja, refutar heresias doutrinárias e exercer vigilância contra
pretensos opositores.
O pastor é um “ministro religioso de uma igreja protestante ou igreja evangélica
como atualmente o denominados. Deve ter habilidade nos cuidados pastorais, cuidando de
alimentar espiritualmente do rebanho que ele é responsável, demonstrando autoridade
espiritual e sendo um homem que merece respeito e mantém disciplina dentro da igreja. O
pastor John MacArthur nos lembra: “Como os pastores de ovelhas, os pastores de igrejas
devem guardar seus rebanhos para que não se percam, conduzi-los até aos verdes pastos da
17
CRABTREE, 1981, p. 32.
18
ALLMEN, Jean-Jaques von. Vocabulário bíblico. 3ª Ed. São Paulo: ASTE, 2001. p. 430.
19
FERREIRA, Ebenezer Soares. A Teologia da Igreja. Rio de Janeiro: JUERP, 2001. p. 60.
22
palavra de Deus e defendê-los contra os lobos selvagens (At. 20.9) que pretendem assaltá-
los”.
20
Para que a igreja alcance os seus própositos ou objetivos, a presença e a liderança do
pastor torna-se essencial, pois é ele quem vai desenvolver o ministério pastoral dentro da
comunidade e quem levará ao crescimento espiritual, devendo o mesmo ter como modelo o
próprio mestre, Jesus Cristo, qualificado como o “bom pastor”. Também o apostolo Pedro em
sua primeira carta identificou Jesus Cristo como sendo o "Supremo Pastor" da Igreja Cristã. (1
Pedro 5.4).
O pastor Kléos Magalhaes, nos lembra: “O pastor era chamado para apascentar o
rebanho divino. Talvez seja uma das mais antigas e duradouras vocações. Esta presente tanto
no Antigo como no Novo Testamento e, ainda hoje, prevalece, com as devidas adaptações”.
21
Atualmente podemos dizer que o pastor é um homem vocacionado, chamado por Deus, para
desenvolver o Reino de Deus aqui na terra, na total dependência e obediência divina, pois é
Ele quem sustenta e dirige a vida do vocacionado. Com relação a esta palavra o pastor Kléos
Magalhaes define: Originalmente, o termo se referia, de modo exclusivo, a uma disposição
para a vida sacerdotal e religiosa. Neste sentido, Vocação significa um chamamento divino a
um gênero de vida que permita dedicação total as coisas de Deus”.
22
O pastor sente este chamado de Deus para seguir em obediência e entrega total ao seu
serviço, com o objetivo de dar continuidade ao crescimento do Reino de Deus. O apóstolo
Paulo nos lembra: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da
vocação a que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a
unidade do Espírito no vínculo da paz”. (Ef. 4. 1-3)
A necessidade do vocacionado deve ser: servir e colocar-se a disposição do Senhor
para a construção e desenvolvimento do seu reino aqui na terra. Devemos nos lembrar que o
chamado que temos sentido não foi porque somos melhores ou porque o homem têm sentido
vontade de ser pastor, o chamado surge da vontade de Deus, é Ele quem tem nos chama para
uma obra especial antes de nos termos nascido. O profeta Jeremias nos lembra: “Antes que eu
te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te
constituí profeta às nações”. (Jr. 1.5).
20
MaCARTHUR, 1998, p. 46.
21
MAGALHÂES,Lenz César Kléos. Vocação: Perspectivas Bíblicas e Teogicas. Viçosa: Ultimato, 1997. p.
42.
22
MAGALHÂES, 1997. p. 21.
23
O homem chamado por Deus, as sentir, ouvir e confirmar a sua vocação receberá
sua ordenação e a sua consagração para o ministério pastoral. Dentro das igrejas batistas
usamos estes termos para oficializar o ministério do pastor. A ordenação é feita pelas igrejas,
pois são elas que têm poder de provar os espíritos (1 Jo. 4.1; Ap. 2.2). A consagração significa
ser separado por Deus para desenvolver uma tarefa específica. O pastor Ebenezer Soares
Ferreira recomenda:
Cabe a igreja, quando descobrir que uma pessoa é realmente vocacionada,
encaminhar a sua ordenação, pois o candidato embora sinta que Deus o chamou, não
deve, por questões de ética, propor sua consagração. [...] O Deus que chama coloca,
na hora exata, em sua obra o seu servo. [...] Homens como Moises e Jeremias, para
citar apenas dois exemplos bíblicos, devem ser modelos para aqueles que desejavam
ser investidos do múnus ministerial.
23
Diante do que temos visto, podemos afirmar que o pastor como homem chamado por
Deus e vocacionado por Ele, ordenado e consagrado pela igreja estará em condições de
pastorear uma igreja ou uma comunidade local, a qual levará o crescimento espiritual
fortalecendo através da palavra, assim como Jesus Cristo tem realizado o seu ministério aqui
na terra. O termo pastor é o que mais alto fala da missão do guia do rebanho, entregando-se
integralmente ao serviço do reino de Deus, estará pronto para desenvolver o se ministério a
onde for chamado, consagrando integralmente a sua maneira de viver ao serviço do pastor dos
pastores.
1.2.2 Pastorear.
Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão
Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele
respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Ele lhe disse:
Apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe pela
segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu:
Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as
minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho
de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela
terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas
as coisas, tu sabes que te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas
ovelhas. (João 21. 15-17)
24
O dicionário Aurélio da língua portuguesa define a palavra “pastorear” como: “Guiar
ao pasto, guardar (o gado) no pasto; pastorar, governar eclesiasticamente, governar, dirigir,
23
FERREIRA Ebenézer Soares. Manual da Igreja e do Obreiro. 10ª Ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1995. p. 103.
24
A Biblia anotada. Versão Almeida, Revista e Atualizada. Com introdução, esboço, referências laterais e notas.
Charles Caldwell Ryrie, Th.D., Ph.D.
24
guiar”.
25
O pastoreio de ovelhas é muito importante dentro da visão de Jesus Cristo e deixa o
desafio aos pastores que ele tem chamado para este ministério tão especial e relevante.
O pastor John MacArthur afirma: “Como os pastores de ovelhas, os pastores de igrejas
devem guardar seus rebanhos para que não se percam, conduzí-los até aos verdes pastos da
Palavra de Deus e defendê-los contra os lobos selvagens (At. 20. 29) que pretendem assaltá-
los”.
26
Quando lemos: “guardar seus rebanhos” mostra-nos de maneira clara como ou qual
deve ser a responsabilidade e o papel do pastor no pastoreio de ovelhas, pois além de mostrar
o significado do pastoreio desafia aos pastores a desenvolver o seu papel de pastor, guardando
as ovelhas que estão sob a sua responsabilidade e de alimentá-los com pastos verdes. Como
pastores, precisamos estar conscientes que a nossa responsabilidade para com o rebanho que
está sob a nossa responsabilidade, além de proporcionar cuidados devemos prover alimento
para fortalecer as suas vidas. O pastor Kléos Magalhães afirma: “Isaías, aplicando as palavras
profeticamente a Jesus, definiu de maneira muito agradável e bela a missão pastoril: ´Como
pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará
no seio; as que amamentam, ele guiará mansamente´”.(Is. 40.11)
27
O salmista diz: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes” (Sl. 23.2). Sabemos que é
um símbolo, do pastor ofertando às ovelhas o melhor, preparando o terreno, limpando as
pedras, preparando o solo e deixando fértil o campo para colher pastagem para que as ovelhas
sejam alimentadas ou o pastor precisara fazer grande esforço para poder conseguir alimento
para as suas ovelhas. O pastor que realmente cuida e guia o rebanho em uma comunidade,
colocando este simbolismo no seu ministério, será muito feliz, pois estará cumprindo com o
papel de “pastor segundo o meu coração”. (Jr. 3.15)
O pastor Ebenézer Soares Ferreira afirma: “Quando ele apascenta com amor o
rebanho, oferece-lhe pastos verdejantes com sermões de poder espiritual, quando o guia e lhe
um ambiente propício à sua vida espiritual, ele está exercendo a função do pastor”.
28
A
função que o pastor tem de pastorear uma igreja ou comunidade que está sob sua
responsabilidade, exige muito carinho, afeto, renuncia e oferecer cuidados para que a igreja
possa crescer de maneira integra. Jesus Cristo nos mostrou, no seu ministério terreno, que ele
se preocupava com as pessoas: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque
estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor”. (Mt. 9.36) Isto desafia aos
pastores e lembra-nos que o pastor precisa cuidar das pessoas, faz-se necessário dar prioridade
25
Dicionário Eletrônico Aurélio. Século XXI, versão 3.0, 1999.
26
MaCARTHUR Jr. 1998, p. 46.
27
MAGALHAES, 1997. p. 42.
28
FERREIRA, 2001. p. 60.
25
às pessoas como um todo, pois elas precisam de ser cuidadas uma vez que estão desorientadas
e sem afeto. As ovelhas merecem a nossa atenção e apoio, guiando e defendendo-as de
qualquer perigo para seguirem o caminho que Jesus Cristo tem mostrado.
O apóstolo Pedro na sua primeira carta 5. 1-3 chama a nossa atenção deixando grandes
exemplos para os pastores no seu ministério pastoral:
Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha
dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participantes da glória que há de ser revelada:
Pastoreai o rebanho de Deus que há entre s, não por constrangimento, mas
espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;
nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos
do rebanho.
29
O que deve chamar a nossa atenção, no ministério em que estamos exercendo, é:
“pastoreai o rebanho de Deus”, (1Pe. 5.2) o apóstolo Pedro desafia-nos a ter responsabilidade
como pastores, no pastoreio da igreja, isto significa que o pastor está na igreja ou comunidade
para desenvolver o ministério que Deus tem concedido a cada pastor, pois ele deve: guiar,
dirigir, governar eclesiasticamente, cuidar, guardar, prover alimento e exemplo as ovelhas que
fazem parte dessa comunidade cris da qual ele é o pastor”, pois estas são as ações do
pastoreio de um rebanho que o pastor precisa atentar. Também é necessário que ele tenha
disposição de servir e cuidar do bem estar espiritual do seu rebanho, ou seja, ele vai pastorear
a comunidade com responsabilidade que temos como pastores, que é obedecer ao chamado
que temos recebido de Jesus Cristo.
1.2.3 Cuidado.
Quando falamos de pastoreio, falamos de “cuidado”, é importante entender antes de
mais nada o que é “cuidar” e para isto primeiramente vamos definir esta palavra a partir de
um dicionário de português e mencionaremos algumas definições de alguns teológos que dão
importância a este assunto, para entender a definição deste verbo.
O verbo cuidar denota: “atenção, precaução, cautela, diligência, desvelo, zelo,
encargo, responsabilidade”.
30
Usando sinônimos podemos mencionar as seguintes palavras:
imaginar, meditar, empregar atenção ou prevenir-se. Cuidar podemos dizer que não é
simplesmente prestar atenção é muito mais que isso, cuidar seria uma atitude de preocupação
ou inquietação com alguma coisa ou alguém.
29
A Bíblia anotada. Versão Almeida, Revista e Atualizada. Com introdução, esboço, referências laterais e notas.
Charles Caldwell Ryrie, Th.D., Ph.D.
30
Dicionário Eletrônico Aurélio. Século XXI, versão 3.0, 1999.
26
O teólogo brasileiro Leonardo Boff afirma que:
Por sua própria natureza, cuidado inclui pois duas significações básicas,
intimamente ligadas entre si. A primeira, a atitude de desvelo, de solicitude e de
atenção para com o outro. A segunda, de preocupação e de inquietação, porque a
pessoa que tem cuidado se sente envolvida e efetivamente ligada ao outro.
31
Isto significa que cuidado torna-se uma preocupação constante para com alguém, a
qual sentimos fazer parte da vida desse alguém ajudando-a através da nossa ação e
preocupação, sem necessariamente conhecer a pessoa mas, sentir necessidade de ajudar. Por
isso, podemos afirmar que o cuidado vai se tornar uma necessidade em nossa vida quando a
existência de alguém torna-se importante para nós. Somente a partir do momento que fazemos
parte da vida da pessoa necessitada vamos nos envolver e prestar cuidados para que esta
pessoa se sinta acompanhada e cuidada.
O teólogo Ronaldo Satler-Rosa nos ensina que: “Cuidar é mais que um ato, é uma
atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa
uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o
outro”.
32
Cuidado não é simplesmente aquilo que se fez ou que está se fazendo por alguém, é
a maneira de como se está procedendo para poder ajudar a alguém. É demonstrar ação, ou
seja, agir, é me perguntar qual está sendo a minha atitude ou a minha ação diante do desafio
que temos em favor da pessoa a quem se está prestando ajuda. É a reação e a maneira de ser,
em relação a uma determinada pessoa. Denota preocupação e responsabilidade para com o
outro, ou seja o cuidador se sente envolvido afetivamente e ligado a pessoa que está sendo
ajudada, o cuidador esta ocupado com a pessoa que carece de cuidados.
A pesquisadora Neil Noddings afirma que: “Cuidar de outra pessoa, no sentido mais
importante, é ajudá-la a crescer e a se realizar”.
33
Podemos afirmar que cuidar exige ação
daquele que se diz cuidador, como saber que o pastor, realmente esta cuidando de alguém?
Como pastores e líderes de uma igreja, precisamos agir, é necessário prestar apoio as pessoas
carentes e fazer com que estas se sintam acompanhadas e confiantes no seu agir diário. Prestar
cuidados significa um envolvimento profundo com as pessoas carentes de cuidado, pois se
torna importante para a vida e a preservação do ser humano.
Dentro do ministério pastoral o cuidado é muito importante, pois na igreja existem
“ovelhas fracas, feridas que precisam de proteção e amparo. O pastor precisa ter paciência,
compreensão e muito amor. Seguindo o exemplo que Jesus Cristo tem nos deixado na sua
31
BOFF, Leonardo. Saber cuidar. Ética do humano: Compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 91-92.
32
SATHLER-ROSA, 2004, p. 35.
33
NODDINGS, Neil. O Cuidado: uma abordagem feminina à ética e à educação moral. São Leopoldo:
Unisinos, 2003. p. 22.
27
palavra, ou seja, o pastor tem a responsabilidade de pastorear, guiar e cuidar cada uma das
ovelhas que fazem parte da comunidade que o pastor é responsável. (1 Pe. 5. 1-4)
Como pastores no ministério pastoral, precisamos seguir o exemplo de Jesus Cristo
para dar cuidado às ovelhas, pois o próprio Jesus Cristo tem dispensado “cuidados” às ovelhas
no seu ministério aqui na terra. A Bíblia é muito clara quando se refere a estes aspectos que o
pastor deve desenvolver em uma igreja que é: ''apascentar'', “cuidar”, de acordo com o ''dom''
dado por Jesus Cristo (Ef. 4.11), com objetivo de promover o aperfeiçoamento e crescimento
espiritual dos membros do Corpo de Jesus Cristo, que é a sua Igreja, (Ef. 1: 22, 23). Esse
''dom'' tem como principal manifestação o ''amor'' que Jesus Cristo tem nos deixado como
exemplo máximo para as nossas vidas (Jo. 21. 17). O mais importante também deve ser o
cuidado de si mesmo, assim como Jesus Cristo tem tido cuidado consigo mesmo, isto para nós
é um exemplo que norteia a nossa própria vida.
1.2.4 Mentorear.
É outro termo que acreditamos ser importante considerar neste capítulo no pastoreio
de pastores”. Conforme os dicionários da língua portuguesa esta palavra significa: “Pessoa
que guia, ensina ou aconselha outra; guia, mestre, conselheiro”.
34
Howard Hendricks destaca que:
Mentorear não é palavra que encontremos na Bíblia, mas o principio é
exemplificado tanto no Velho como no Novo Testamento. Na realidade basta
olhar para o relacionamento entre o profeta Elias e seu sucessor Eliseu, para
termos um exemplo perfeito.
35
Na verdade o que me faz refletir nesta citação é que mentorear não é uma descoberta
do século XXI, mas a ação de um mentor era uma realidade na época dos profetas, no
Antigo Testamento e os discípulos de Jesus Cristo, no Novo Testamento. Percebemos que
homens chamados por Deus trabalhavam através de relacionamentos na transformação das
pessoas e de vidas para que estes pudessem crescer e continuar levando avante o trabalho de
Deus com toda responsabilidade e dedicação. Então podemos dizer que: mentorear é ajudar
outras pessoas a desenvolver e crescer nas diversas áreas da vida através de relacionamentos,
é dedicar o nosso tempo e cuidado em favor de pessoas que tenha capacidade de continuar o
desafio que Jesus Cristo fez a cada um de s, através das nossas vidas, é caminhar com a
pessoa com o objetivo de auxiliar no seu crescimento.
34
Dicionário Eletrônico Aurélio. Século XXI, versão 3.0, 1999.
35
HENDRICKS, Howard. A prenda a mentorear. Venda Nova: Betânia, 1999. p. 93-94.
28
O pastor Irland Pereira de Azevedo escreve:
O substantivo vem da figura mitológica do mesmo nome, amigo e fiel conselheiro
de Ulisses, muito idoso para ir a Tróia, e que fica em Ítaca. Athena toma sua forma
na Odisséia, quando acompanha Telêmaco na procura de seu pai. Daí o uso do
nome mentor para significar um conselheiro atento, experiente e digno de
confiança.
36
Diante desta afirmativa podemos arriscar a fazer a seguinte definição sobre o mentor:
um mentor é alguém que tem experiência de vida, que acredita em outra pessoa, vendo
possibilidades além do que ela percebe, apoiando e nutrindo-a, desafiando e investindo o seu
tempo e talento para o seu pleno crescimento e maturidade seguindo os propósitos de Deus.
Atualmente, temos percebido que é muito importante que os pastores possam pensar na
possibilidade de terem conselheiros que caminhem juntos no exercício do seu ministério
pastoral, é essa a nossa proposta. Precisamos de uma pessoa o qual possa estar junto de cada
pastor em quem possamos depositar a nossa confiança, e, caminhando juntos é que possamos
ter a confiança de compartilhar as nossas dificuldades e alegrias que temos dentro do
ministério que estamos exercendo.
As pessoas que fazem parte das nossas comunidades sentem a necessidade de também
terem cuidados, na realidade em que vivemos é necessário desenvolver um processo de
acompanhamento às pessoas com o objetivo de ajudá-los na sua caminhada de vida espiritual
proporcionando o seu crescimento espiritual. Acompanhar as pessoas que fazem parte da
comunidade que estamos inseridos com o objetivo de cuidar e alertar dos perigos que o
mundo nos apresenta é tarefa do pastor. Devemos lembrar que, temos sido escolhidos para
cuidar de pessoas com o objetivo de apoiar, direcionar e ajudar no seu crescimento e
desenvolvimento de diversas maneiras aos membros da igreja ou comunidade da qual
fazemos parte.
1.2.5 Liderar.
“A liderança é um peso que não é fácil de carregar”.
37
Temos percebido que a liderança dentro de uma igreja é muito importante para que
possamos ter condições de alcançar os propósitos que propomos alcançar através dos
36
AZEVEDO, Irland Pereira. Um testemunho pessoal. De: pastor. Para: pastor. Rio de Janeiro: JUERP,
2001. p. 34.
37
KESSLER, Nemuel. Ética pastoral: O comportamento do pastor diante de Deus e da sociedade. 8ª. Ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2001. p. 154.
29
membros da igreja. Torna-se muito importante, pois, a igreja espera, através do pastor levar
avante a iniciativa dos planos que ela tem. Destacamos a citação de Means feito pelo pastor
por John MacArthur:
Liderança espiritual é o desenvolvimento de relacionamentos com as pessoas de
uma instituição ou de um corpo cristão, de tal maneira que os indivíduos e o grupo
sejam capazes de formular e atingir alvos que sejam compatíveis com a Bíblia e que
preencham suas verdadeiras necessidades. Por sua influência ética, os lideres
espirituais servem para motivar e capacitar os outros para que alcancem o que, de
outra forma, talvez não fosse alcançado.
38
Ao pastor, dentro do seu ministério é atribuída a função de supervisionar as atividades
dentro da igreja, ou seja, ser um líder sábio e competente na administração e liderança das
atividades eclesiásticas (1 Co. 14. 40; 1 Tm. 5. 17). Através da liderança do pastor, a igreja
poderá crescer através da capacitação de novos deres e alcançar os propósitos estabelecidos
por ela. Analisando a Bíblia podemos ver como Deus tem levantado ou chamado homens para
que possam cumprir com seu propósito. Jesus Cristo treinou homens que se tornaram líderes
para que pudessem dar continuidade ao trabalho que Ele tem iniciado.
O pastor Kléos Magalhães afirma: O líder orientava determinados grupos. Quando
Paulo se refere à liderança diz: ´Se o seu dom é [...] exercer liderança, que a exerça com
zelo´ (Rm. 12.7-8, NVI).
39
O pastor terá grandes desafios na sua vida como líder de um
rebanho, pois o seu trabalho é de relacionamentos com seres humanos. Como pastores, líderes
de igrejas precisamos agir com toda sabedoria e total dependência de Deus, pois dentro das
igrejas fazem parte pessoas humanas com todo tipo de problemas, virtudes, pensamentos
positivos e negativos e interesses pessoais, o pastor estará no meio deles tentando ajudar a
cada um que faz parte da comunidade.
O pastor Nemuel Kessler nos alerta:
Em sua vida ministerial, o pastor lidará exclusivamente com problemas e pessoas, e,
por isso mesmo, não poderá deixar rastros confusos ou enganadores, pois será
interpretado em suas ações e caráter. No caso, os membros da igreja sentir-se-ão
seguros, quando o pastor revelar coerência de motivos e apresentar caráter integro e
imparcialidade nos julgamentos.
40
Na verdade, o pastor é e será testado, provado pela igreja, em nossa maneira de agir
dentro da comunidade que fazemos parte, dependerá muito da integridade e coerência do
pastor para ser feliz e coerente em cada decisão que virá a tomar no desenvolvimento na
liderança do seu ministério. O pastor deve estar apto para desenvolver uma comunidade
como um corpo, partindo do principio que a igreja é o corpo de Cristo, capacitando a
38
MacARTHUR, 1998, p. 317.
39
MAHALHÃES, 1997. pag. 41.
40
KESSLER, 2001, p. 159.
30
comunidade para o desenvolvimento de um ministério eficaz na sua comunidade, sendo
importante para cumprir com a missão da igreja, pois a liderança também faz parte do
ministério do pastor, através da liderança o pastor estará cuidando da igreja ou comunidade
que é responsável e desta maneira estará sendo obediente às responsabiidades para a qual tem
sido chamado por Jesus Cristo. Para terminar esta parte volto a citar o pastor Kléos Magalhães
que chama a nossa atenção:
Deus chama o líder para orientar e estimular um pequeno ou grande grupo. Suas
atividades estão relacionadas com: administração de seminários, administração de
colégios evangélicos, liderança eclesiástica interna, liderança de federações e
similares, liderança de adolescentes e jovens, liderança de homens, lideraa de
senhoras etc.
41
Quanto ao trabalho que o pastor terá no exercício da liderança, precisamos lembrar
que o pastor é um líder chamado por Deus, que exercerá a função de líder dentro da igreja,
pois é preciso estar atento para cumprir esta responsabilidade de maneira adequada. Nas mãos
do pastor como líder está sem vida nenhuma o crescimento total das pessoas que fazem
parte da igreja ou comunidade em que desenvolve o seu ministério.
1.2.6 Proteger.
O rebanho de Deus é ameaçado constantemente pelas comodidades e tentações que o
mundo oferece. A Bíblia nos alerta que: “[...] o mundo inteiro jaz no maligno (1 Jo. 5.19) e
se faz necessário que o pastor possa proteger e defender “as ovelhas” de falsos mestres e
profetas que ensinam heresias, contrariando totalmente os ensinamentos que a palavra de
Deus nos apresenta para o desenvolvimento de cada membro, que faz parte do corpo de
Cristo. (2 Pe. 2.1,3; Tt. 1. 9-11)
O Salmo 23 retrata o Senhor como o grande pastor que protege as suas ovelhas. O
versículo 4 diz: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum,
porque tu estás comigo: a tu vara e o teu cajado me consolam”. A proteção do pastor dos
pastores para com suas ovelhas é exemplar, faz-se necessário confiar no Senhor, pois é Ele
quem protege com a sua vara as ovelhas que são atacadas pelos inimigos furiosos tentando
fragilizar e acabar com elas, enquanto que com o seu cajado o pastor as orienta para serem
protegidas e fortalecidas porque o pastor está constantemente ao lado das ovelhas e pronto
para oferecer proteção. O pastor é, talvez, um dos homens mais importantes neste quadro, o
41
MAGALHÃES, 1997. pag. 46.
31
trabalho do pastor é chave para o estabelecimento de uma igreja sadia, obediente, reprodutiva,
fortalecida e protegida dentro da sociedade em que vivemos.
Uma das responsabilidades que temos como pastores é, refletir sobre este salmo que,
para cada um de nós pastores, é um exemplo claro e verdadeiro em nossas vidas para o
desenvolvimento do ministério pastoral, lembrando diariamente que o objetivo do pastor é
proteger, ajudar, preservar as “ovelhas que fazem parte do rebanhoque Deus tem colocado
para pastorear uma determinada comunidade.
1.2.7 Alimentar.
O rebanho de Deus precisa ser nutrido, sustentado, com alimento bom, sadio pela
palavra de Deus. O pastor tem a responsabilidade de alimentar o “rebanho de Deus” de
maneira coerente e adequada, através de ensino e exemplos de vida. (1 Tm. 4.11). Alimentar é
dar o crescimento necessário assim como o Senhor Jesus Cristo tem desenvolvido no seu
ministério alimentando através dos seus ensinos. O pastor que não alimentar de maneira
adequada correrá o risco de perder as suas ovelhas, pocurando outros lugares ou perecerão de
fome. Pois as ovelhas estão no rebanho para serem alimentadas e crescerem espiritualmente e
estas procuram um lugar onde sejam alimentadas de maneira certa.
O pastor não está na liderança da igreja para agradar as ovelhas, mas para alimentar
com alimento sólido que possa atingir até a alma da ovelha. As ovelhas não conseguem se
alimentar por si mesmas, precisam do pastor para serem levadas por pastos verdejantes” e
guiadas por “águas tranquilas”. (Sl. 23.2)
Se o nosso objetivo é que a igreja cresça de maneira sadia e coerente, precisamos ter
cuidado de como estamos preparando o alimento para alimentar as ovelhas, tudo vai depender
da maneira como a ovelha está sendo tratada, alimentada, disto dependerá o crescimento sadio
das ovelhas.
Os termos mencionados nesta breve descrição do ministério pastoral deve constituir a
essência do ministério do pastor, sendo que resulta de relacionamentos pessoais,
principalmente alimentando e promovendo o crescimento espiritual as “ovelhasno rebanho
que Deus tem colocado como pastor promovendo encontros e treinamentos para o
crescimento espiritual e relacional de cada membro que faz parte da comunidade eclesial.
Então, pelo que podemos observar, o “pastor” é um homem que faz parte deste
mundo, que foi chamado, vocacionado por Deus para desenvolver o ministério especial aqui
na terra seguindo o exemplo do mestre dos mestres no seu ministerio pastoral.
32
CAPITULO 2 - ATITUDE DO PASTOR, RELACIONADO AO SEU PRÓPRIO
CUIDADO: O Pastor com a palavra: ouvindo-o a partir da sua realidade.
Se você transmitir essas instruções aos irmãos, será um bom ministro de Cristo Jesus,
nutrido com as verdades da fé e da boa doutrina que tem seguido. Rejeite, porém, as
fábulas profanas e tolas, e exercite-se na piedade. O exercicio fisico é de pouco
proveito; a piedade, pórem, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida
presente e da futura. Esta é uma afirmação fiel e digna de plena aceitação. Até minha
chegada, dedique-se a leiturablica da escritura, á exortação e ao ensino. Não
negligencie o dom que lhe foi dado por mensagem profética com imposição de mãos
dos presbíteros. Seja diligente nessas coisas; dedique-se inteiramente a elas, para que
todos vejam o seu progresso. Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina,
perseverando nesses deveres, pois, agindo asim, você salvará tanto a si mesmo quanto
aos que o ouvem. (I Timoteo 4.6 - 9, 13 - 16)
O apóstolo Paulo exortou o jovem pastor Timóteo a ser um bom pastor ou um bom
obreiro de Jesus Cristo, chamando a sua atenção a si mesmo para uma vida piedosa que o
fortaleceria para enfrentar o ministério pastoral. Como pastores somos responsáveis pelo
crescimento espiritual dos membros das nossas igrejas e comunidades, sem deixar de lado o
nosso chamado, ou seja, a vocação que temos recebido do Senhor, obedecendo-o em todos os
momentos da nossa vida. Somos desafiados a estarmos ativos na obra do Senhor, mas tendo
cuidado conosco. Ou seja, como pastores precisamos ter cuidado de nós mesmos em todas as
áreas da nossa vida.
As palavras referidas acima, que foram destinadas ao jovem pastor Timóteo, queremos
apresentar a todos os colegas pastores que estão liderando e pastoreando as igrejas que Jesus
Cristo tem confiado em nossas mãos, sabendo das dificuldades que o ministério pastoral tem
causado para alguns colegas pastores e também das alegrias que temos sentido ao servirmos
ao Senhor.
2.1 Considerações gerais relacionado ao cuidado do pastor a partir da sua própria
realidade.
Em nossa caminhada pastoral temos tido diferentes experiências sobre o ministério
pastoral, diante da sociedade, das comunidades que fazemos parte e da nossa própria família.
Nesta caminhada temos sido desafiados a “cuidar” das pessoas que fazem parte do nosso
ministério, como pastores temos nos sentido responsáveis por pessoas e famílias que precisam
de apoio e cuidados, pois somos “cuidadores de almas”. Como pastores sentimo-nos
desafiados a cuidar dos membros da igreja que somos responsáveis, tendo dispensado estes
33
cuidados através de visitas, desafiando-os a crescer espiritualmente e estimulando-os a não
desistirem na caminhada cristã. Assim como disse o pastor Alberto Barrientos: “[...] é
necessário ensinar a igreja, desde seu nascimento, quais são suas áreas de relacionamento,
como alcançá-las e como mantê-las. Portanto, é necessário ensinar primeiramente aos irmãos
como relacionar-se com Deus”.
42
O pastor tem grandes responsabilidades dentro do seu ministério local, ao exercer o
pastorado e cuidar as pessoas, tem sido aquele que nas grandes cidades atende as pessoas no
seu gabinete pastoral aconselhando, orientando, encorajando e desafiando-os a levarem uma
vida de comunhão principalmente com Deus e consequentemente com os demais irmãos da
igreja que fazem parte, com o objetivo de estarem firmes na igreja. Também temos percebido
o pastor exercendo o pastorado em pequenas cidades do interior, onde desenvolve o cuidado
dos membros da sua igreja através de visitas nas suas residências e acompanhando-os no
crescimento espiritual e comunhão com os demais membros da comunidade.
Refletindo sobre o que afirmamos acima, podemos dizer: que grande e sublime
trabalho o pastor tem desenvolvido ao exercer o seu ministério dentro de uma comunidade,
influenciando-os para que as famílias possam dedicar-se de manera integra na comunhão e na
busca da presença de Deus na suas vidas. Através destas visitas que o pastor tem efetuado a
restauração de relacionamentos com Deus e com pessoas. Ao mesmo tempo temos percebido
o crescimento tanto qualitativa como quantitativamente das igrejas em que os pastores tem
cuidado e pastoreado. Muitas vezes, o pastor exerce este trabalho de cuidado e zelo com o
sacrificio da sua própria família e principalmente o seu próprio cuidado. Diante disto que
temos exposto, temos ouvido alguns pastores através de questionarios que logo a seguir
estaremos nos referindo no presente trabalho.
2.2 Questionário, instrumento para ouvir os pastores.
A nossa preocupação com o cuidado dos pastores verifica-se muito tempo, pois
temos percebido que muitos pastores tem tido decepções no ministéro pastoral, outros tem
tido experiências negativas de relacionamentos com suas esposas e as suas próprias famílias.
Preocupa-nos o não cuidado que estes homens vocacionados por Deus, chamados para um
ministério especial tem atraído sobre si, ou seja, podemos afirmar que estes “homens de
Deus” tem experimentado o descuido de suas vidas, dos seus próprios cuidados na intenção
42
BARRIENTOS, Alberto. Trabalho pastoral: princípios e alternativas. São Paulo: United Press, 1999. p. 26-
27.
34
de cumprir o seu ministério de maneira integra diante de Deus. Isto tem se tornado um desáfio
para desenvolver o assunto em questão: pastoreando pastores ou cuidando dos que cuidam,
pois o pastor é um homem que está rodeado de muitas pessoas, lida e se relaciona com muitas
pessoas, ou seja convive com pessoas de diferentes camadas sociais, mas sente-se só, ele
cuida de muitas pessoas, mas ele não é cuidado por ninguém.
Para ouvirmos os pastores elaboramos um questionário com 17 perguntas relacionadas
ao cuidado na área física e espiritual dos pastores. Aproveitamos o 4º. Congresso dos pastores
da ASSIBAS, a qual teve a participação de 35 pastores, com o tema: “O pastor e o lpito
contemporâneo e a esposa do pastor”, realizado nos dias: 28 a 30 de agosto de 2009, na
cidade de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul para realizar este questionário. Multiplicamos 40
cópias do questionário e foi distribuído entre os pastores presentes. As orientações para o
preenchimento do questionário foi dada pelo pesquisador, foi realizada na manhã do segundo
dia do congresso. Cada pessoa foi conscientizada da importância da participação e do
preenchimento de maneira clara. As pessoas devolveram o questionário no decorrer do
congresso.
Das 35 cópias dos questionários distriuídas entre os presentes, foram devolvidas 28
questionários preenchidos, o que equivale a 80% dos mesmos. Avaliamos que este percentual
possibilita realizar uma amostra da grande totalidade das pessoas presentes e preenche
plenamente os critério científicos de uma pesquisa social de uma s-graduação. Não temos
elementos para avaliar os 20% de abstenção. Entretanto, acreditamos que este índice não
afetará a qualidade e profundiade da nossa análise.
2.2.1 Resultados da pesquisa através dos questionários.
2.2.1.1 Primeira pergunta: Relacionada a idade e o sexo do pastor.
a) Idade
O que podemos perceber nesta pesquisa, é que os pastores estão contemplados na faixa
etária de 25 a 34 anos. Obtendo um índice de 14,3%. Os contemplados entre as idades de 35 a
35
44 anos, perfazem 39,3% e também os de 45 a 54 anos chegam aos mesmos 39,3%. Ainda
percebemos que os pastores com idade acima de 55 anos chegam a 7,1%. O que nos chama a
atenção é que a maioria dos pastores está contemplada entre 35 a 54 anos, perfazendo 78,6%
dos pastores entrevistados.
b) Sexo
Esta questão da nossa pesquisa mostra uma realidade da denominação Batista
43
.
Atualmente as igrejas que fazem parte da Associação das Igrejas Batistas do Sul de Mato
Grosso do Sul são pastoreados por pastores homens. Podemos afirmar que: não nenhuma
igreja sendo pastoreada por uma pastora, apesar que esta associação foi a pioneira em
consagrar uma mulher para o ministério pastoral, na cidade de Dourados-MS. Cem por cento
dos pastores entrevistados são do sexo masculino.
2.2.1.2 Segunda pergunta: Estado civil do pastor.
a) Estado civil
43
Quando falamos “Batista”, referimo-nos a todos os pastores que fazem parte da Convenção Batista Brasileira,
ou seja, pastoreiam as igrejas batistas da CBB.
36
Percebemos que a maioria dos pastores são casados, ou seja, 96,4% e 3,6% é solteiro.
Esta pesquisa tem mostrado que na ASSIBAS não encontramos nenhum pastor separado ou
viúvo.
b) Número de filhos
No. de
filhos x pastor
No.
pastor
% %
acumulado
0 03 10,7
10,7
1 03 10,7
21,4
2 10 35,7
57,1
3 09 32,1
89,2
4 02 7,2
96,4
5 01 3,6
100
TOTAL 28 100
A tabela, acima, mostra-nos que: 35,7% dos pastores têm dois filhos e 32,1% dos
pastores tem três filhos, totalizando 67,8%. Isto nos leva a concluir que as famílias dos
pastores entrevistados são relativamente pequenas.
2.2.1.3 Terceira pergunta: Quanto à formação Teológica, você tem curso teológico?
Os dados do gráfico nos mostra que todos os pastores alcançados pela pesquisa, ou
seja, 100% dos pastores têm passado por um curso teológico, seja num Instituto, Seminário ou
Faculdade de Ensino Teológico. Esta questão também demonstra que 57,1% dos pastores, que
estão pastoreando as igrejas da ASSIBAS, foram preparados pela instituição de ensino
37
teológico que a própria ASSIBAS faz parte e mantém na cidade de Dourados MS., através do
Conselho de Educação da ASSIBAS
44
que depende diretamente da ASSIBAS.
2.2.1.4 Quarta pergunta: Para ser pastor, você considera importante ter este curso
teológico?
O gfico mostra que 100% dos pastores entrevistados consideram importante que o
pastor tenha um curso teológico. Ao fazer o levantamento dos dados da pesquisa percebemos
que a formação teológica é importante para o desenvolvimento do ministério do pastor nas
igrejas. Salientamos que para pastorear, faz-se necessário estar preparado racional, emocional
e espiritualmente, conforme temos colhido informações através dos questionários preenchidos
pelos pastores. Lembramos aqui, que desde os primórdios, os Batistas brasileiros sempre têm
primado pela educação teológica no preparo de obreiros.
2.2.1.5 Quinta pergunta: Se tem ou tivesse algum problema para resolver (pessoal,
familiar, de comunidade, etc.) tem o teria com quem conversar?
44
Conselho de educação da ASSIBAS é a mantenedora da Faculdade Teológica e Seminário Batista Ana
Wollerman.
38
Este gráfico mostra-nos que 78,6% dos pastores pesquisados tem ou teriam alguém
para poder conversar sobre os possíveis problemas ou dificuldades que teriam a nível, pessoal,
familiar ou social que os pastores vierem a ter. 21,4% disseram que o tem ninguém para
recorrer nos momentos críticos que passam ou vieram a passar no ministério pastoral.
OPÇÕES
No. de
respostas
% de
respostas
% de
casos
Conjugue 14 30,4
50
Familiares 05 10,9
17,8
Amigos 06 13,1
21,4
Pastor 15 32,6
53,6
Profissional (psicólogo, médico) 05 10,8
17,8
Outro 01 2,2
3,6
Responderão Não 06
Total de Respostas 46 100
164,2
TOTAL DE RESPOSTAS VALIDAS 28
O quadro mostra-nos que 32,6% dos pastores que tivessem alguns problemas de
ordem pessoal, familiar e social procurariam ajuda de um pastor, e 30,4% teriam condições
em conversar sobre os seus problemas com a sua própria esposa. Outros 13,1% procurariam
confiar em um amigo para poder compartilhar os seus problemas. E 10,9% e 10,8%
encontrariam ajuda para os seus problemas com seus familiares e um profissional seja
médico ou psicólogo. E apenas 2,2% procurariam outras pessoas para poder confiar e
conversar sobre os seus problemas.
2.2.1.6 Sexta pergunta: Há quanto tempo você exerce o pastorado?
TEMPO
No.
%
%
acumulado
Menos de 5 anos 06 21,2
21,2
Entre 6 e 10 anos 11 39,4
60,6
Entre 11 e 20 anos 05 17,9
78,5
Entre 21 e 30 anos 05 17,9
96,4
Há mais de 31 anos 01 3,6
100
TOTAL 28 100
39
O resultado da pesquisa mostra-nos que 21,2% dos pastores pesquisados, estão numa
fase de adaptação no ministério pastoral. 39,4% dos pastores estão no caminho de adquirir um
pouco mais de experiência ministerial. 39,4% dos pastores podemos qualificá-los como
pastores que tem experiência no ministério pastoral nas igrejas da ASSIBAS.
2.2.1.7 Sétima pergunta: Por que você quis ser pastor?
OPÇÕES
No. de
respostas
% de
respostas
Sou Vocacionado 27 96,4
Queria servir a Deus 01 3,6
Desejo dos meus pais 00 00
Desejo de ajudar os outros 00 00
Outro 00 00
TOTAL 28 100
A vocação para o ministério pastoral tem sido a motivação principal para o exercício
ministerial da maioria dos pastores que fazem parte da ASSIBAS. A partir disto podemos
afirmar que a maioria dos pastores seguiram o ministério pastoral pela vocação, ou seja,
96,4% dos pastores são vocacionados para o exercício do ministério da palavra de Deus.
2.2.1.8 Oitava pergunta: As comunidades, igrejas em geral:
a) Ajudam os pastores (dividem as tarefas).
40
Quando o pastor é questionado se as igrejas ou comunidades ajudam aos pastores no
desenvolvimento do ministério pastoral, percebemos que: 75% dos pastores recebem ajuda e
dividem as tarefas eclesiásticas junto a seu pastor e 17,8% dos pastores afirmam que a igreja
não se importa com o compartilhamento das responsabilidades da igreja.
b) Exigem muito dos pastores (deixam-nos sobre carregados)
A pesquisa mostra que a maioria dos pastores são exigidos e estão sobrecarregada das
atividades do ministério pastoral na igreja, chegando a 71,4%, enquanto que 25% dos pastores
afirmam que as igrejas não exigem, mas ajudam no exercício pastoral.
c) Idealizam os pastores como se fossem “super” homens.
Outro fato muito importante que a pesquisa demonstra é: 64,3% dos pastores são
vistos e considerados como “super” homens, enquanto que 28,6% das igrejas, na visão dos
pastores entrevistados, não idealizam o pastor como um “super” homem.
d) Tem amizade com pastores?
41
Verificando os resultados da pesquisa podemos afirmar que as igrejas m amizade
com os pastores, pois chega ao índice de 67,8%, enquanto que 21,4% das igrejas não têm
amizade com os que exercem o ministério pastoral numa comunidade.
2.2.1.9 Nona pergunta: Você tem cuidado de si mesmo quanto a:
a) Cuidado de si mesmo quanto ao Sono.
A pesquisa tem demonstrado que 85,7% dos pastores tem tido prioridade no cuidado
quanto ao sono, enquanto que 14,3% apontam que não atentam para este cuidado.
b) Cuidado de si mesmo quanto à alimentação.
42
A pesquisa mostra que 82,1% das pessoas entrevistadas estão preocupados com a
maneira que se alimenta e 17,9% não manifestam a mesma preocupação.
c) Cuidado de si mesmo quanto ao lazer.
Este é outro dado importante. Percebemos que 50% dos pastores se preocupam com o
lazer, mas 42,9% não manifestaram este cuidado.
d) Cuidado de si mesmo quanto ao exercício físico.
43
Percebemos que 53,6% dos pastores entrevistados se importam com o cuidado de si
referente ao exercício físico, separando um tempo para o seu cuidado, enquanto que 42,8%
não dão importância.
e) Cuidado de si mesmo quanto à saúde mental.
No gráfico acima, percebemos que 78,6% dos pastores pesquisados tem tido um
cuidado especial com relação à saúde mental, enquanto que 17,8% o negligenciam.
f) Cuidado de si mesmo quanto à saúde física.
A pesquisa constata que 64,3% dos pastores entrevistados têm cuidado da sua saúde,
enquanto que 32,1% não lhe dão prioridade.
2.2.1.10 Décima pergunta: Como você se considera?
44
O pastor tem sido questionado através da pesquisa de como se considera com relação a
certas características do pastor. A pesquisa mostra que 50% dos pastores consideram-se
cuidador de pessoas dentro do ministério pastoral, 7,1% consideram-se tímido e introvertido e
39,3% dos pastores afirmaram que são desinibidos e extrovertidos.
2.2.1.11 Décima primeira pergunta: Você como pastor é cuidado por alguém?
O pastor tem sido questionado se ele é cuidado por alguém no seu ministério, a
resposta deveria ser sim ou não. Curiosamente o resultado foi: 50% dos pastores afirmaram
que são cuidados e 50% dos pastores não são cuidados. Entre os pastores que afirmaram que
são cuidados, verificamos que 50% dos entrevistados disseram que são cuidados por um
pastor, 7,1% dos pastores procuram um pastor ou um mentor para serem cuidados e 42,9%
procuram para serem cuidados as suas próprias esposas, psicanalista e amigo pastor, assim
como a tabela abaixo nos mostra.
45
OPÇÕES No. de
respostas
% de
respostas
%
cumulativo
Pastor 07 50
50
Pastor ou Mentor 01 7,1
57,1
Orientador 00 00
57,1
Outro (Esposa(4), Psicanalista(1),
amigo pastor(1))
06 42,9
100
TOTAL SIM 14 100
100
2.2.1.12 Décima segunda pergunta: O que você pensa da seguinte afirmação? ser pastor
dá “statusepoder”.
ALTERNATIVAS
No. de
respostas
% de
respostas
% de
casos
%
cumulativo
Concordo 05 17,8
18,5
18,5
Não concordo 21 75
77,8
96,3
Respondeu os dois 01 3,6
3,7
100
TOTAL 27
100
Sem resposta 01 3,6
TOTAL 28 100
Os pastores foram questionados, se ser pastor dá “Status” e “poder”, 17, 8% afirmaram
que realmente ser pastor dá status” e “poder”, pois o pastor é um representante social e
espiritual dentro da sociedade que ele faz parte. E 75% afirmaram que ser pastor não
“status” e poder”, discordando desta afirmativa e que reconheceram que ser pastor é servir,
ou seja, o pastor esta para servir a comunidade, pois o pastorado não esta ligado ao “status”,
mas sim na dependência de Deus. A maioria tem afirmado que servir não “poder”, pois a
função do pastor não é demonstrar “poder” e “status”.
O pastor Samuel Costa disse a este respeito o seguinte:
Diz John MacArthur Jr. que os pastores não têm posição social, e na maior parte das
culturas, ocupam os degraus mais inferiores da escala social, e isso vem a calhar,
pois nosso Senhor Jesus Cristo afirmou que “o maior entre vós seja como o menor; e
quem governa, como quem serve” (cf. Lucas 22. 26).
45
45
COSTA, Samuel. Psicologia pastoral. Rio de Janeiro: Silvacosta, 2006. p. 110.
46
2.2.1.13 Décima terceira pergunta: Seu tempo, como é aproveitado?
OPÇÕES
No. de
horas
% de
respostas
a) No âmbito familiar
Com esposa, filhos, parentes ...................................
9,4
5,4
Com casa, carro, etc. ...............................................
3,6
2,1
Lazer .......................................................................
2,0
1,2
TOTAL _______________________________
15
8,7
b) No âmbito eclesial
Com preparo de mensagens ....................................
5
2,8
Aconselhamento aos membros da igreja ................
7
3,9
Visitação, viagens ...................................................
6
3,5
Administração, reuniões .........................................
5
3,1
TOTAL _________________________________
23
13,3
c) No âmbito pessoal
Devão, oração, leitura bíblica .............................
6
3,2
Esporte ou atividade física .....................................
2,2
1,2
Estudo ....................................................................
8
4,6
Descanso ................................................................
14,3
8,2
TOTAL _______________________________
30,5
17,2
A décima terceira pergunta refere-se ao tempo gasto em horas semanais no âmbito
familiar, no âmbito eclesial e no âmbito pessoal. O quadro que apresentamos mostra a dia
de horas que os pastores têm dedicado nestas diferentes áreas dentro do desenvolvimento do
ministério pastoral que ora exercem.
2.2.1.14 Décima quarta pergunta: Com relação a seu tempo:
47
OPÇÕES No. de
respostas
% de
respostas
%
cumulativo
Esta sendo bem administrado 09 32,1
32,1
Precisa ser remanejado 17 60,7
92,8
Estou em processo 01 3.6
96,4
Mais ou menos 01 3.6
100
TOTAL 28 100
A décima quarta pergunta tem sido referente ao tempo que o pastor dispõe dentro do
ministério pastoral e como esta sendo administrado. Das pessoas entrevistadas, 60,7%
destacam que precisam remanejar o tempo dentro do seu ministério. Isto nos mostra que os
pastores sentem dificuldades em administrar coerentemente o seu tempo.
2.2.1.15 Décima quinta pergunta: Enquanto pastor, como vose sente na maior parte
do tempo?
OPÇÕES No. de
respostas
% de
respostas
%
cumulativo
Feliz, satisfeito 11 39,3
39,3
Um pouco desanimado ou desiludido 04 14,2
53,5
Bem, mas sobrecarregado 11 39,3
92,8
Exausto, estressado 01 3,6
96,4
Outra 01 3,6
100
TOTAL 28 100
A pesquisa tem mostrado que 39,3% dos pastores entrevistados declaram-se felizes,
satisfeitos no ministério pastoral. Igualmente, 39,3% dos pastores sentem-se bem, mas
sobrecarregados. E 14,2% dos pastores um pouco desanimados ou desiludidos com o
pastorado que eles estão exercendo.
2.2.1.16 Décima sexta pergunta: Qual a sua opinião sobre os pastores terem um pastor,
mais experiente pastoreando eles?
48
OPÇÕES No. de
respostas
% de
respostas
%
válidos
%
cumulativo
Tenho 03 10,7
11,1
11,1
Gostaria de ter 20 71,4
74,1
85,2
Não vejo necessidade 03 10,7
11,1
96,3
Não gostaria de me expor 00 00
00
96,3
Outra 01 3,6
3,7
100
TOTAL 27 96,4
100
Sem resposta 01 3,6
TOTAL 28 100
Esta pergunta refere-se à possibilidade de os pastores serem pastoreados por um pastor
mais experiente e que possam confiar nele. Das pessoas entrevistadas 71,4% manifestam que
sentem a necessidade de serem pastoreados ou cuidados por alguém que possa compreendê-
los e que tenha mais experiência de ministério pastoral. Outros 10,7% dos pastores acham que
não necessidade de serem pastoreados. O que nos chama a atenção é que três pastores
responderam que já são cuidados ou estão sendo pastoreando. Isto equivale a 10,7%.
2.2.1.17 Décima sétima pergunta: Quanto a sua espiritualidade, como você se sente?
OPÇÕES No. de
respostas
% de
respostas
% de
casos
%
cumulativo
Estou numa boa fase 17 60,8
60,8
60,8
Não estou muito bem 05 17,8
17,8
78,6
Preciso pensar sobre isso 01 3,6
3,6
82,2
Sempre bem 00 00
00
82,2
Outro 05 17,8
17,8
100
TOTAL 28 100
100
Esta pergunta questiona os pastores sobre: como se sente quanto a sua espiritualidade.
Das pessoas entrevistadas, 60,7% responderam: estou numa boa fase; 17,8%: não estou muito
bem. Outras 17,9% apontaram a resposta alternativa, como
46
: creio que devemos ter uma
revisão quanto a minha espiritualidade”, “estou em processo de re-estruturação”, preciso
46
As frases estão transcritas no questionário respondido por cada pessoa entrevistada.
49
dedicar mais tempo para estar a sós com Deus”, “o que fui ontem não vale para hoje” e “estou
em pecado, sinto síndrome de Marta” e 3,6% responderam que precisam pensar sobre a sua
espiritualidade.
2.3 Uma análise geral do questionário
A seguir tentaremos apresentar uma análise geral do questionário que foi apresentado
aos pastores da ASSIBAS, no 4º. Congresso dos Pastores, com o tema: “O pastor e o lpito
contemporâneo e a esposa do pastor realizado na cidade de Ponta Porã, nos dias 28 a 30 de
agosto de 2009, nas dependências da Primeira Igreja Batista em Ponta Porã.
Após receber os questionários devidamente preenchidos e tabulados estes dados,
constatamos que os pastores que pastoreiam e fazem parte das igrejas da ASSIBAS, podem
ser considerados de idade madura, pois 39,3% estão contemplados entre 35 a 44 anos e outros
39,3 % situam-se entre 45 a 54 anos de idade. Ao somarmos estas duas faixas etárias teremos
78,6% dos pastores. O resultado da pesquisa mostra-nos também que 21,2% dos pastores
pesquisados, estão numa fase de adaptação ao ministério pastoral, pois ainda não passaram os
5 anos de pastorado. 39,4% dos pastores estão no caminho de adquirir um pouco mais de
experiência ministerial. 39,4% dos pastores podemos qualificá-los como pastores que têm
experiência ministerial, pois estão acima de 15 anos no pastoreio de igrejas.
Com relação à experiência que os pastores têm no pastoreio das igrejas da ASSIBAS
relacionado ao tempo ministerial, constatamos que 60,6% dos pastores entrevistados, estão
em uma fase crescimento na experiência ministerial, pois 21,2% podemos dizer que estão no
início de ministério, ou seja, até 5 anos e 39,4% estão enquadrados de 6 a 10 anos de
ministério. Por estes resultados podemos concluir que 60,6% dos pastores que fazem parte das
igrejas da ASSIBAS são iniciantes e que vão a caminho de capitalizar experiência ministerial
e 39,4% dos pastores entrevistados realmente tem experiência efetiva no exercício do
ministério pastoral no pastoreio das igrejas da ASSIBAS.
Um fato significativo da pesquisa é o dado referente á formação teológica: 100% dos
pastores valorizam o curso teológico para serem pastores, afirmando ser válido e importante
terem um curso teológico para desenvolver o ministério. Isto os leva a aperfeiçoar e prezar
pela educação teológica, acrescentando a capacitação respectiva dos pastores. Sendo que 57,1
por cento dos pastores são formados pelo Seminário de ensino teológico que a própria
ASSIBAS mantém: Faculdade Teológica e Seminário Batista Ana Wollerman e os outros
42,9 % dos pastores também tiveram formação teogica, que estes pastores tiveram a sua
formação em outros seminários ou instituições batistas de ensino teológico do país.
50
Chama também a nossa atenção a quinta pergunta (2.2.1.5) do questionário que se
refere a seguinte questão: Se tem ou tivesse algum problema para resolver (pessoal, familiar,
de comunidade, etc.) tem o teria com quem conversar? A pesquisa tem mostrado que 21,4%
dos pastores o teriam com quem conversar ou não confiariam em ninguém para poder
compartilhar os seus problemas. Este índice é preocupante e leva-nos a pensar pelo que
conhecemos a realidade dos pastores no seu contexto em que vivem e não por dados
disponíveis, não se abririam ou o procurariam alguém por falta de confiança em algum
pastor que possa cuidar destes pastores ou porque pensam que: “não temos pastores
preparados para ajudar aos pastores nestes momentos”. Também podemos afirmar que não
procurariam alguém para poder compartilhar as suas dificuldades porque não tem hábito ou
não costumam tomar este tipo de atitude ou nunca pensaram em procurar alguém. Outro fato
importante que pode nos ajudar é, os pastores são novos em relação a tempo de ministério,
21,4% dos pastores têm menos de 5 anos de ministério, isto levaria estes pastores a não se
importarem com o seu próprio cuidado, pois estão no início do seu ministério e ainda não
pensaram em serem cuidados por algum pastor que tenha mais experiência de pastoreio,
portanto, podemos afirmar que estes pastores teriam esta atitude por opção, pois estariam mais
empolgados com o cuidado dos outros do que os seus próprios cuidados.
Ainda na mesma área podemos afirmar, após a pesquisa, que 50% dos pastores m
alguém que os cuida, ou seja, são acompanhados por alguém. Agora não temos detectado o
tipo de cuidado que eles tem tido. Os outros 50% carecem de cuidados ou não o cuidados,
por diferentes motivos como:
47
“falta de conseguir alguém em quem possa confiar ou de
extrema confiança, que possa ter relacionamentos confiáveis”; por “não haver um pastor
específico para oferecer cuidados necessários aos carentes”; outros pensam que “somente
Deus os conhece profundamente e somente Ele quem pode cuidar deles”; ainda tivemos
outras afirmações como: ter “amigos, mas não um cuidador ou alguém que os pastoreie” e por
fim por “não ter alguém com quem possa contar para poder abrir o seu coração”.
Faz-se necessário que, os pastores sejam conscientizados no cuidado de si e, tomar
ações entre os pastores para que possam valorizar o seu próprio cuidado ou o pastoreio por
outro pastor, para que possam ter um cuidado mais eficiente em suas vidas e possam ter uma
vida e um ministério abençoado por Deus.
Outro fato importante que podemos considerar nesta pesquisa sobre o chamado para o
ministério, a pergunta diz: Por que você quis ser pastor? 96,4% dos pastores entrevistados
47
Estas frases estão transcritas no questionário respondido por cada pastor entrevistado.
51
afirmaram que estão no ministério pastoral porque o vocacionados, ou seja, são chamados
por Deus para exercer o ministério pastoral. Para desenvolver o ministério pastoral é
necessário de um chamado especial de Deus na vida do pastor. O pastor Crabtree nos lembra:
Falamos muito, e com razão, da necessidade da convicção firme da nossa chamada.
Certamente o pastor deve ter a certeza de que Deus o chamou para pregar o
evangelho de Cristo. Muitos dos profetas do Velho Testamento insistiram que
tinham recebido diretamente de Deus a incumbência de proclamar a mensagem
divina ao seu povo.
48
O pastor precisa ter a convicção do seu chamado para desenvolver o ministério
pastoral, pois dependerá da direção e obediência a Deus para o sucesso do pastoreio na igreja
que é responsável para trabalhar ao serviço de Deus, pois o pastor precisa ter uma verdadeira
experiência cristã com relação ao seu chamado e a sua salvação, para alcançar os propósitos
divinos e ser abençoado no seu ministério pastoral. A este respeito o pastor e escritor Crabtree
nos lembra: “O pastor deve ter a experiência pessoal e a concepção bem clara da sua ppria
redenção”.
49
O pastor precisa ter realmente bem presente na sua vida, a vocação, ou seja, o
chamado para desenvolver o seu ministério em uma comunidade local e poder desenvolver de
maneira eficaz o seu ministério. Os pastores, através do questionário apresentado ressaltaram
esta importância quanto ao chamado para o ministério que estão desenvolvendo, desejando
servir ao Senhor de maneira íntegra. Como obedientes a este chamado, devemos ter a
convicção deste chamado de Deus, o pastor David Fischer diz:
Minha vocação, esse controle de minha alma, é o poder sustentador de meu
ministério pastoral. [...] O único motivo pelo qual permaneço no ministério é o
chamado de Deus que controla a minha alma e não me deixa ir. Quando a vocação
exterior é posta em duvida, ele sustenta o meu coração e minha mente.
50
O chamado para o ministério pastoral que temos experimentado é muito importante na
concretização e desenvolvimento do ministério pastoral em cada igreja. Não sabemos se o
chamado que Deus tem feito em nossas vidas é temporária ou permanente para desenvolver o
ministério pastoral, o que podemos e devemos afirmar com toda convicção é, que quando
tivermos certeza no nosso chamado estaremos firmes desenvolvendo o ministério pastoral
onde e quando Ele quiser, sendo, obediente a Ele. Pois é Ele quem chama para desenvolver a
sua obra e com certeza Ele estará no desenvolvimento do ministério dependendo da graça e
misericórdia..
Quero retomar, as palavras do pastor Irland Pereira de Azevedo que diz sobre vocação:
48
CRABTREE, 1981, p. 68
49
CRABTREE, 1981, p. 69.
50
FISCHER, 2001, p. 121.
52
Vocação é “o chamado que Deus dirige ao homem a quem ele escolheu para si e que
destina a uma obra especial no seu plano de salvação e no destino do seu povo. Na
origem da vocação há, portanto, uma eleição divina; no seu termo, uma vontade
divina a cumprir. Não obstante, a vocação acrescenta algo à eleição e à missão: um
chamado pessoal dirigido à consciência mais profunda do individuo, produzindo
uma reviravolta na sua existência, não nas suas condições exteriores, mas até no
coração, fazendo dele um outro homem.
51
Como pastores, precisamos compreender a nossa vocação, ou seja, devemos entender
o motivo pelo qual somos chamados para exercer o ministério pastoral, acreditamos que os
pastores que foram atingidos pela pesquisa estão conscientes de que foram chamados,
vocacionados para uma missão especial na qual o próprio Senhor Jesus Cristo é quem dirige
as nossas vidas.
Para encerrar estas considerações quero destacar também a pergunta se: ser pastor dá
“status” e “poder”? 75% dos pastores não concordam com esta afirmação, pois eles afirmaram
que são chamados para servir a Deus, pastorado não está ligado a “status”, mas sim a
dependência de Deus, pois servir não nenhum poder. Também percebemos que os pastores
devem se colocar na posição de servo. A partir destas afirmações, podemos afirmar que os
pastores valorizam o seu chamado ao ministério, assim como temos mencionado quando da
vocação dos pastores. Enquanto que 17,8% afirmaram que ser pastor dá “status”, pois o pastor
pensa que: embora o procuremos ter “status”, existe uma cultura e pensamento entre os
membros das igrejas que ser pastor concede “status”, pois ele é um representante espiritual e
social. Ou seja, podemos considerar que as igrejas são as que elevam o pastor a certo “status”.
51
AZEVEDO, 2001, p. 173.
53
CAPITULO 3 - PASTOREANDO E SER PASTOREADO: Todos nós somos ovelhas -
sugestões práticas para o cuidado do pastor
3.1 O CUIDADO E O CUIDADO PASTORAL
Quando nos referimos ao titulo deste capítulo: pastoreando e ser pastoreado queremos
relacionar ao pastoreio por parte do pastor às pessoas que estão sob a sua responsabilidade e
principalmente do seu próprio pastoreio, ou seja, a nossa preocupação recai sobre o cuidado
do próprio pastor, consigo mesmo que precisa ter enquanto ovelha.
Falar sobre o cuidado da pessoa do pastor torna-se um assunto urgente, que deve nos
incomodar e deve ser uma prioridade na vida de quem cuida e se relaciona diretamente com
pessoas, aliás como pastores precisamos atentar ao nosso próprio cuidado ou “cuidado de si
mesmo” nas diferentes áreas da nossa vida. Quando falamos de cuidado devemos refletir
sobre a falta de cuidado que hoje toda a humanidade tem sentido e consequentemente torna-se
essencial para o desenvolvimento do ser humano.
A psicóloga Roseli Oliveira afirma: “Para Heidegger, do ponto de vista existencial, ‘o
cuidado se acha a priori, antes de toda atitude e situação do ser humano, o que sempre
significa dizer que ele se acha em toda atitude e situação de fato”.
52
O que pretendemos ao
falar sobre o pastoreio e ser pastoreado é: a partir do cuidado o ser humano desenvolverá suas
atitudes diante da sociedade que ele faz parte através das suas ações. Todo ser humano quer
ser cuidado ou como seres humanos queremos e devemos ser cuidados por alguém, pois
temos ouvido algumas afirmações como: “Ninguém se importa comigo, não tenho amizade
com um pastor mais experiente, ou seria bom ser cuidado por alguém que tenha mais
experiência do que eu”. O pastor tem responsabilidade de cuidar e precisa ser cuidado
também, o cuidado torna-se importante ou até imprescindível para a vida do ser humano em
todas as áreas da vida, em particular do pastor, que vive no seu ministério pastoral rodeado de
muitas pessoas, mas é um ser, e o pastor é também um ser humano que tem as suas
próprias necessidades e uma delas é: ter cuidados ou ser pastoreado por alguém que possa
dedicar o seu tempo para fazer a diferença na vida do pastor.
3.1.1 Por que se importar com o cuidado do pastor?
52
NOÉ, Sidnei (Org.). Espiritualidade e sde: Da cura d’almas ao cuidado integral. São Leopoldo: Sinodal,
2004. p. 79.
54
Fazendo um paralelo, pode-se dizer que como seres humanos que somos, queremos
sempre ser cuidados, pois a partir do nascimento de uma criança podemos perceber que os
cuidados sempre têm sido dispensados sobre esse novo ser. Desde os primeiros dias de vida
recebemos cuidados, os nossos pais têm se importado muito e dispensado cuidados absolutos
para que o nosso crescimento possa ser de maneira adequada, podemos até afirmar que o ser
humano é protegido a partir do ventre materno, na formação do ser humano.
O teólogo brasileiro Leonardo Boff afirma: “Não temos cuidado. Somos cuidado. Isto
significa que ó cuidado possui uma dimensão ontológica que entra na constituição do ser
humano. É um modo-de-ser singular do homem e da mulher. Sem cuidado deixamos de ser
humanos”.
53
Se o pastor que é um ser humano o se preocupa com o seu próprio cuidado,
não poderá compreender-se a si mesmo, pois o cuidado é a base para toda e qualquer
interpretação do ser humano. É por esta razão que queremos desafiar o pastor a se importar
com o seu próprio cuidado, pois é uma necessidade que devemos sentir como seres humanos
que somos, como pastores precisamos ser cuidados.
O pastor tem planejado o crescimento e dispensado cuidados para a igreja da qual ele é
ministro responsável, abraçando tantas responsabilidades dentro da comunidade, tem se
esforçado ao máximo ao ponto de chegar a conclusão que falta tempo para cuidar das pessoas
da comunidade, sendo este cuidado o apascentar as ovelhas, ou seja, o pastoreio aos membros
da comunidade. Diante desta responsabilidade, o pastor tem se envolvido integralmente
negligenciando o seu pprio cuidado e a sua própria falia. Podemos perceber que o pastor
sabe que as pessoas precisam ser cuidados, por isso percebemos que o pastor cuida das
pessoas da comunidade com tanto zelo que a sua individualidade vai se fragmentando,
chegando a conclusão que falta tempo para poder dispensar cuidados aos demais membros da
comunidade e por conseqüência não dispõe de tempo para o seu próprio cuidado.
O pastor e psilogo, Jorge Atiencia diz:
Apascentar o rebanho da igreja não é o mesmo que dirigir uma massa como faz um
caudilho, ou administrar uma empresa como faz um gerente. A igreja se parece
muito mais com um corpo, uma família. Na igreja o trabalho de todos os lideres
deve ter uma intenção: apascentar.
54
O pastor tem se identificado com o termo “pastor de ovelhas”, como aquele que cuida
e protege do rebanho, por isso que ele sente-se responsável da comunidade que esta sob a sua
liderança. O pastor sente-se responsável pela comunidade ao ponto de encarnar ao termo
pastor a humildade na sua vida e no seu ministério, sente-se responsável de apascentar as
53
BOFF, 2008, p. 89.
54
ATIENCIA, Jorge. Pastorear e ser pastoreado. Trad. Silêda Silva Steuernagel. Curitiba: Encontro, 2000. p.
72.
55
ovelhas, cuidar delas, pois ele é o responsável pelo crescimento espiritual dos membros da sua
comunidade levando-os para a maturidade cristã. O pastor John MacArthur disse a este
respeito usando o exemplo do apostolo Pedro (I Pedro 5. 1-3):
Pedro foi um exemplo da humildade que propunha aos pastores. Embora fosse
reconhecido como o der dos doze apóstolos, ele se descrevia humildemente como
“presbítero com eles”. Ele se recusava a impor sua posição sobre os outros
presbíteros. E, no versículo 2, descreve a vocação do pastor: apascentar o rebanho de
Deus, tarefa confiada aos seus cuidados. Pastores humildes são o que Deus requisita
para liderar seu rebanho.
55
Podemos perceber que o astolo Pedro tem chamado a nossa atenção para que
possamos agir com toda humildade sem esquecer das funções pastorais que são necessárias
para o desenvolvimento do ministério, cuidando das pessoas que estão sob a sua
responsabilidade, pois Deus confiou esta responsabilidade aos pastores para providenciar tudo
para satisfazer as necessidades do seu grupo. Mas não deve ser somente de entrega por parte
do pastor, ou seja, cuidar dos outros, o pastor precisa de cuidados, pois ele é um ser humano
igual a qualquer ser humano, mas tem um chamado divino para exercer o ministério pastoral,
isso não o isenta de ser pastoreado por outro pastor.
3.1.2 A imagem do pastor dentro de uma comunidade local
O que se torna importante dentro do contexto que estamos discorrendo é saber como a
igreja ou qual o pensamento que a igreja tem a respeito do seu líder, o pastor, ou seja, qual é o
pensamento que a igreja tem sobre aquele homem que esta inserido no meio da comunidade
diante de muitas pessoas que tem como responsabilidade de liderar e cuidar destas pessoas,
das ovelhas. Qual a imagem que a comunidade idealiza ou tem a respeito do seu pastor?
Podemos afirmar que dependendo dessa imagem que a comunidade faz a respeito do seu
pastor podemos ver o pastor feliz ou triste, vitorioso ou derrotado, tornando-se um fardo
pesado para a vida do pastor e consequentemente uma carga pesada para poder levar e
suportar no seu ministério.
Em uma pergunta da pesquisa que preparamos para desenvolver este trabalho junto
aos pastores da ASSIBAS, que é o foco do nosso trabalho, percebemos que as igrejas
idealizam os pastores como “super” homens, pois 64,3% dos pastores entrevistados afirmaram
que realmente a igreja tem considerado os pastores como homens que podem e são capazes de
fazer tudo e 71,4%, numa outra questão, os pastores afirmam que são exigidos e até são
55
MACARTHUR, 1998, p. 38.
56
sobrecarregados nas atividades da igreja no desenvolvimento do seu ministério pastoral. O
pastor Almir Linhares fala a respeito disto o seguinte:
Imagens que torna-se um pesado fardo quando o obreiro ao assumir a postura de
cristão ideal que a congregação lhe atribui passa a agir de acordo com as
expectativas que ele pensa que os outros tem a seu respeito. Contribuindo assim para
a manutenção desta imagem, ele desumaniza-a. Pressionado a não viver sua
humanidade, nega seu cansaço, seus sentimentos de tristeza e fracasso, seu
sofrimento, descuida de aspectos importantes de sua vida e submete-se em nome da
“obra do Senhor” (e de acordo com sua visão de ministério) a um ativismo alienante
que pode levá-lo a uma vida extremamente solitária. Embora cercado de tantos
irmãos, sente-se impedido de expressar seus autênticos sentimentos e sua vida diante
deles.
56
A visão que os pastores têm sobre o ministério pastoral faz com que eles se submetam
ao seu chamado, ou seja, eles sentem-se vocacionados pelo Senhor para desenvolver o
ministério pastoral numa comunidade. Assumem o ministério como serviço, são chamados
para servir na obra do Senhor. Os pastores m o ministério como serviço ou ainda podemos
afirmar que o pastorado não está ligado ao status, mas sim a dependência de Deus. É isto que
leva estes homens de Deus, geralmente, a se envolverem de maneira integra no pastoreio da
comunidade e desenvolverem o seu ministério pressionados, dedicando-se a um ativismo
integral, correndo o perigo de ficarem na solidão, pois o pastor esta envolvido com muitas
pessoas, mas ele é só, como dizemos anteriormente.
Numa análise de maneira ampla podemos dizer que pastor sofre por que se fragmenta
e se isola. Sente-se longe da sua própria família, pois precisa cuidar das pessoas e famílias da
igreja, pois se sente totalmente envolvido com o seu ministério. Sendo assim ele estará longe
de si mesmo, da sua família e dos seus entes queridos.
O pastor Almir Linhares afirma ainda:
Os problemas familiares de pastores são muito ilustrativos neste aspecto. Elevados
ao papel de “Super homens” ou de “homens espirituais”, procuram atender a todas
as necessidades da igreja, menos as de si mesmo e de sua família. Raramente há
tempo para estar só, meditar, estar com a esposa e filhos. E muitas vezes, o que se
vive nestes raros momentos juntos é a ansiedade de ter que ordenar e disciplinar a
família em função da expectativa que a igreja tem (ou que se pensa que ela tem)
sobre ela.
57
A comunidade da qual o pastor faz parte tem levado inevitavelmente a uma falta de
relacionamento real com a sua própria família. Em nome de cumprir o seu ministério pastoral
de maneira responsável e eficiente tem descuidado a sua própria família e o seu próprio
cuidado. A sua própria imagem de cuidador tem sido somente para os outros e não para os da
sua própria família e de si mesmo. O pensamento da comunidade é que o pastor está para
56
FARIA, Almir Linhares de. Psicologia e ajuda pastoral. São Paulo: Nascente. CPPC, 1980. p. 7.
57
FARIA, 1980, p. 7
57
ajudar as pessoas que fazem parte dela e que precisam de um pastor para estar em todos os
momentos e todos os lugares, onde os membros se encontram para serem ajudados a resolver
os seus problemas, conflitos e dificuldades. A imagem que a igreja tem formado a respeito do
seu pastor é: “Super homens” e homens espirituais” que estão capacitados para desenvolver
um ministério de se doar a favor dos membros da igreja e da comunidade.
Esta visão que a igreja ou comunidade tem a respeito do seu pastor poderá trazer
grandes implicações e conseqüências negativas para a vida pessoal do pastor, um pastor que
se preocupa muito com os problemas da comunidade e que se sente responsável pela
resolução destes problemas, poderá levá-lo a sentir cansaço, esgotamento físico e espiritual. O
estresse podetomar conta da vida do pastor, pois a preocupação pelos outros esta acima do
seu pprio cuidado e a partir disto começa a sentir desequilíbrio pessoal por causa dos
problemas levando-o a passar por crises pessoais. O pastor Howard J. Clinibell afirma que:
“Uma crise ocorre dentro das pessoas quando suas usuais atividades destinadas a solucionar
problemas são ineficazes, permitindo que o estresse de necessidades não satisfeitas aumente
sem parar”.
58
O pastor sente-se ineficaz, debilitado, impotente diante da imagem que a igreja
tem formado a respeito do pastor. As responsabilidades dentro do seu ministério pastoral tem
o impossibilitado de sentir amor a si mesmo e com a sua própria família. À medida que o
tempo vai passando o pastor poderá sentir um distanciamento da sua própria família, este
distanciamento poderá trazer grandes conseqüências como: a perda de comunicação com a
esposa e o relacionamento com os seus filhos.
3.1.3 O pastoreio do pastor: práticas e experiências.
O apóstolo Paulo em Atos dos Apóstolos 20. 28-32 escreve que o modelo de pastoreio
é a experiência pessoal. Ele tem descrito para os deres daquela época no contexto que se
encontrava a sua experiência pastoral, Jorge Atiencia destaca: “O apóstolo começa este
‘encontro de formação de líderes’ falando de sua própria experiência. Os pastores se formam
para sua tarefa seguindo o exemplo de outros pastores”.
59
A formação do pastor tem se
concretizado através da sua ppria vivência do ministério pastoral. Ele vai adquirindo
experiência à medida que o tempo vai atuando no pastoreio da comunidade na qual está
inserido, principalmente quando segue o exemplo de pastores com mais experiência de
58
CLINIBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral: Modelo centrado em libertação e crescimento. São
Leopoldo: Sinodal/EST, 1987. p. 180.
59
ATIENCIA, 2000, p. 73.
58
ministério. Torna-se um pastor modelo através das experiências vividas entre acertos e erros.
Isto lhe concederá crescimento e experiência, caso contrário o pastor terá sérios problemas no
seu ministério.
O apóstolo Paulo tinha uma meta a cumprir no seu ministério: terminar o seu
ministério com alegria. Isto nos faz recordar das experiências opostas que temos ouvido no
meio dos pastores, que manifestam tristeza, magoa, decepção com o ministério. Podemos
dizer que estes homens chamados por Deus não tiveram uma experiência feliz no seu
ministério pastoral.
A. R. Crabtree lembra-nos:
O ministério cristão, como se desenvolve dentro do Novo testamento, nunca visa
que os pregadores assumam a prerrogativa de fazer todos os trabalhos das igrejas.
Uma das grandes responsabilidades do pastor é de treinar, animar e orientar
trabalhadores aptos para cooperar com ele no serviço de promover o reino de
Deus.
60
Os pastores não são entregues á comunidade para que desenvolvam todo o trabalho
sob a sua responsabilidade, mas são concedidos para aperfeiçoar e treinar líderes, membros da
comunidade para que eles desenvolvam também o trabalho juntamente com o pastor, fazendo
isto ganham também experiência. Não podemos imaginar quão grandes experiências tem o
pastor quando esta treinando outras pessoas para desenvolver o reino de Deus, a experiência é
tremenda, à medida que somos formadores de líderes, nosso conhecimento e experiência vão
aumentando e o pastor cresce tornando-se um homem maduro e experiente, mas o
crescimento na formação dos pastores o somente tem sido através da experiência pessoal,
mas também através de modelos de pastores que podem fazer grande diferença na vida
ministerial do pastor. Ter modelos de pastor hoje é muito importante para poder crescer
juntamente com ele.
O pastor Irland Pereira de Azevedo nos desafia:
Por outro lado é imperativo tornar conscientes os pastores de mais experiência e
maturidade, de sua responsabilidade e mordomia, o sentido de serem modelos para
as novas gerações e de assessorar, ajudar, estimular, corrigir, enfim, mentorear
novos obreiros, num “discipulado ministerial” verdadeiro e eficaz.
61
O ministério que Jesus Cristo tem desenvolvido aqui na terra, tem se caracterizado
principalmente de exemplo de vida e tratamento, Ele tem trabalhado com as pessoas de
maneira que tem valorizado o homem. Junto aos seus discípulos tem demonstrado as
experiências de piedade que teve com o seu Pai. As comunidades primitivas tiveram o
cuidado de colocar em prática todas as experiências que o mestre tinha deixado para que os
60
CRABTREE, 1981, p. 33.
61
AZEVEDO, 2001, p. 41.
59
seus seguidores, ou seja, os discípulos têm colocado estas experiências quando começaram o
trabalho de implantação da igreja.
O pastor Irland Pereira de Azevedo ainda nos lembra:
Como acentua Krallmann, a associação constituiu principio fundamental no trabalho
discipulador de Jesus. Utilizando modelos de “estar junto”, Jesus chamou seus
discípulos a observar o que ele fazia, a consorciar-se com ele, a imitá-lo e a
continuar sua obra.
62
Como pastores, precisamos ter modelos de “homens de Deus” para a nossa vida e o
desenvolvimento do nosso ministério, precisamos aproveitar e valorizar os pastores mais
experientes que vivem em nosso meio ou que possam nos dar um pouco de atenção, para que
possamos andar e aprender através dos ensinos e exemplos que tão somente homens
experientes no ministério pastoral podem oferecer para os pastores que estão iniciando o
ministério ou que precisam de ajuda para continuar a caminhada que Jesus Cristo tem nos
desafiado. Ser pastor é obedecer ao nosso chamado divino cuidando, pastoreando o rebanho
que Deus tem confiado em nossas mãos e também formar novos líderes para que a obra que o
nosso mestre tem iniciado não pare, mas continue.
3.1.4 O pastor e o cuidado mútuo
Queremos relembrar o texto de Atos dos Apóstolos 20.28, que disse: Cuidai, pois de
vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue”. O apostolo Paulo
nos lembra o objetivo do pastoreio no ministério pastoral, mostrando-nos duas tarefas a
desenvolver com relação ao cuidado: cuidado de si mesmo e cuidado dos outros, ou seja, o
pastor deve ter o cuidado e a preocupação de manter um cuidado mútuo dentro da
comunidade na qual o pastor está desenvolvendo o seu ministério pastoral. Se o pastor não se
preocupar com o seu próprio cuidado ou não tiver um tratamento especial de si mesmo, como
poderá cuidar dos outros? Queremos dar sugestão ao pastor para se apropriar do
aconselhamento pastoral e da poimênica que poderá trazer grandes benefícios para a sua vida
e o desenvolvimento do seu ministério.
Howard J. Clinibell fala sobre poimênica e aconselhamento pastoral o seguinte:
A poinica é uma resposta á necessidade de cada pessoa que tem de calor,
sustento, apoio e cuidado. Essa necessidade aumenta em peodos de estresse
pessoal e de caos social. O aconselhamento pastoral é uma forma reparadora da
62
AZEVEDO, 2001, p. 41.
60
poinica, que procura proporcionar cura as pessoas que sofrem de disfunção e
quebrantamento induzidos por uma crise.
63
As pessoas sentem necessidades e precisam ser atendidas e o pastor não é diferente,
pois nós afirmamos anteriormente que ele também é um ser humano, na época em que
vivemos e o contexto que o pastor se encontra desenvolvendo o seu ministério tem sido
desafiado a manter cuidado consigo mesmo e com o outro, até o seu próprio ministério o
obriga a pensar nisto. O pastor precisa ter consciência que, no desenvolvimento do seu
ministério se faz necessário pensar no seu cuidado de maneira urgente, valendo-se dos
cuidados que um pastor com mais experncia possa ministrar e que possa conduzi-lo a
refletir e pensar mais em si mesmo, pois as necessidades físicas, sociais elementares que o ser
humano tem, deve ter prioridade. Um conselheiro poderá se valer da poimênica partindo de
maneira direta para uma ação concreta de ajuda ao pastor e através do aconselhamento
pastoral poderá trabalhar com o processo de mudança, caso precisar da identidade de posturas,
pensamentos, sentimentos, relações interpessoais que se refletem no comportamento da
pessoa do pastor, isto lógico, se realmente houver necessidade em ministrar.
Albert Friesen nos lembra que:
O aconselhamento pastoral deve tratar das tensões interiores e dos diferentes
complexos que interferem na qualidade da vida. Deve promover a libertação de
atitudes inadequadas e distorções de percepção quanto à realidade. Deve favorecer a
libertação dos medos, culpas e das iras inadequadas. Estas tarefas deverão ser
efetuadas com os recursos da palavra de Deus, somado aos recursos que o
conselheiro podeobter da pedagogia, psicologia e filosofia. Os recursos bíblicos
devem permanecer básicas e preponderantes, estes como diretrizes, aqueles como
complementares e auxílios instrumentais do aconselhamento.
64
Temos percebido que o pastor está sempre sorridente aparenta felicidade, se relaciona
com todos os membros da igreja ou da comunidade que faz parte, age como se não tivesse
nenhum problema, pois o seu papel é de animar e encorajar os outros a viver uma vida feliz
como cristãos, pois ele é o exemplo dentro da igreja e da sociedade. O pastor no seu
ministério tem tido grandes dificuldades interiormente, vive com alguns complexos que
muitas vezes não percebemos, não conhecemos o que está passando com este homem de
Deus. o temos ideia de como está consigo mesmo e até o seu relacionamento com a sua
própria família, mas quando menos pensamos ouvimos notícias de que tal pastor tem deixado
a sua família ou o pastor de tal igreja tem sido afastado do seu ministério pastoral por causa
de infidelidade. É por esta razão que enfatizamos que como pastores, precisamos ter cuidado
63
CLINIBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral: Modelo centrado em libertação e crescimento. São
Leopoldo: Sinodal, 1987. p. 43.
64
FRIESEN, Albert. Cuidando do ser: Treinamento em aconselhamento pastoral. Curitiba: Esperança, 2000.
p. 26.
61
mutuo. A reciprocidade nos cuidados entre os pastores poderão nos ajudar na caminhada
ministerial de maneira coerente. Precisa haver uma ajuda mutua entre pastores para estar
íntegros no ministério e poder cuidar dos outros com integridade e qualidade.
Os pastores são construtores de um edifício imenso, não seguindo sua própria vontade,
mas fazendo aquilo que Deus quer para nossas vidas. Sendo assim, mesmo que cada um
trabalhe de maneira separada, trabalhem seguindo um objetivo geral que é a edificação do
corpo de Cristo num sentido mais amplo. O pastor é responsável por definir a natureza do seu
ministério diante de Deus, da sua congregação e de si mesmo, justamente por causa disto se
faz necessário que os pastores possam pensar num cuidado muito, para poder vencer todos os
empecilhos que o ministério pastoral apresenta no seu dia a dia, ou seja, faz-se necessário que
todos os pastores estejam conscientes da importância de se colocar a disposição do outro
colega pastor, para dispensar ajuda para aquele que está mais carente isto poderá trazer
grandes resultados na vida pessoal e ministerial do pastor.
3.2 O PASTOR E O SEU PRÓPRIO CUIDADO
Para falar do pastor e o seu próprio cuidado, quero lembrar sobre como definimos o
termo cuidado. (falamos no primeiro capítulo, quando definimos o termo) Temos definido
mais ou menos assim: cuidado é desvelo, zelo, é a maneira de como está se procedendo para
poder ajudar alguma pessoa que precisa de cuidados. Conforme temos visto nos dicionários e
na bibliografia pesquisada, entendemos que cuidado é estar em um estado mental
sobrecarregado, um estado de ansiedade, medo ou preocupação em relação a alguma coisa ou
alguém (pessoa).
Queremos desafiar aos pastores que lidam com pessoas diariamente nas igrejas ou
comunidades desenvolvendo o seu ministério a terem cuidado consigo mesmo, a serem
pastoreados por um outro pastor, um pastor que possa cuidar, orientar no andamento do seu
ministério ajudando nas diferentes áreas da vida do pastor, como por exemplo na área
espiritual, saúde, auto-estima, familiar e outros. O pastor Eugene Peterson chama a nossa
atenção:
Existe um ditado entre os médicos que diz: “um médico que cuida de si mesmo é
atendido por um tolo”. Entendo que isso significa que o cuidado com o corpo é um
assunto complexo, que requer julgamento frio e impessoal. Não apenas temos
corpos, nos o somos, e ninguém é capaz de ser completamente objetivo com relação
ao seu próprio corpo. Todos nós, até mesmo médicos, queremos ser animados, não
62
curados. Preferimos conforto a integridade. E podemos iludir-nos sobre nós
próprios, indefinidamente.
65
Quantos “homens de Deus”, como são chamados os pastores, estão agindo como
“tolos”, tentando ser simplesmente confortados temporariamente e não tem um tratamento
rio pelo qual possamos ser curados integralmente e não simplesmente agir como estamos
agindo de maneira ingênua, pensando que estamos bem, mas na verdade estamos causando
um tremendo mal a si mesmos, a nossa família e a comunidade que fazemos parte. O pastor
precisa ser curado integralmente, precisa ter um pastor ou alguém que possa ajudá-lo a agir de
maneira coerente e possa estar em condões de mostrar que como ser humano que ele é,
precisa ser pastoreado por alguém que possa levá-lo por pastos verdejantes e águas tranquilas
(Salmos 23. 2), que possa estar em condições de continuar servindo com integridade ao pastor
dos pastores.
O pastor precisa ter cuidado nas diferentes áreas da sua vida, mas entendemos que se
torna dificil tomar esta decisão, pois não é facil encontrar ou escolher um pastor ou cuidador.
Ainda Eugene Peterson nos desafia:
Todos deveriam conhecer esta verdade: ninguém é dotado de tanta prudência e
sabedoria que seja apto a guiar sua própria vida espiritual. O amor-pprio é um guia
cego e engana muitos. A luz de nosso próprio julgamento é fraca e não podemos
divisar todos os perigos ou ciladas e erros aos quais estamos propensos na vida do
espirito.
66
Como pastores e cuidadores de pessoas pensamos que seriamos capazes de cuidarnos a
si mesmos ou de não precisarmos de nenhum tipo de cuidado, pois somos dotados de
sabedoria divina e somos orientados pelo Espírito Santo de Deus, dentro do ministério que
estamos atuando. Mas precisamos ser realistas e pensar que nos somos pastores, além de tudo
somos humanos, não somos super-homens” pensando que podemos tudo ou que estamos
preparados para enfrentar qualquer desafio pelas nossas próprias forças, pois é necessário
aprender e receber orientação de outro pastor humano que através da sua experiência e
orientação podemos crescer e despertar para a verdadeira realidade da vida que seria ser
cuidado por alguém para poder sobreviver no ministério.
Temos percebido pastores que não tem priorizado o seu próprio cuidado, pois o
trabalho que tem acumulado dentro da igreja tem absorvido de maneira integra o seu tempo,
levando-o ao cansaço físico e consequentemente a crise pessoal que geralmente torna-se
também familiar. É urgente que o pastor pense no seu próprio cuidado, dependerá dele mesmo
para obter exito e equlíbrio na sua vida e ministério. Percebemos que é preciso de “cuidados
65
PETERSON, Eugene. Um pastor segundo o coração de Deus. Rio de Janeiro: Textus, 2000. p. 151.
66
PETERSON, 2000, p. 153.
63
pastorais ao pastor” ou o pastor também precisa de aconselhamento pastoral. Queremos dar
algumas sugestões sobre o cuidado ao pastor nas seguintes áreas da sua vida:
3.2.1 Cuidados do pastor com o seu próprio corpo
Quando se fala de cuidados do corpo, precisamos nos conscientizar que o nosso corpo
precisa de cuidados, afirmo com muita tristeza que muitas vezes acontece que uma pessoa tem
que ser internado num hospital, onde o médico é obrigado a dizer-lhe que está gravemente
enfermo, e que sua doença é devida ao abuso do corpo que Deus lhe deu. Isto me leva a
pensar que s seres humanos estamos cometendo suicídio lentamente, pois não temos
priorizado os cuidados devidos ao nosso corpo. Deus quem formou o corpo do homem nos
deu alguns excelentes conselhos acerca de como cuidar de nosso corpo maravilhoso. Na
bíblia, Deus nos diz o que devemos dar ao corpo e o que não nos convém usar. Poucos de nós
pastores temos atentado para o cuidado do nosso corpo e como resultado, muitos de nós
sofremos dores desnecessárias e morte prematura. A psicóloga Roseli de Oliveira nos lembra:
O cuidado ao corpo, como instrumento de trabalho, nem sempre é considerado
necessário em interpretações teológicas que priorizam o “gastar-se por amor a
Cristo e desconsideram os relatos do evangelho que indicam que Jesus não se
adiantou a hora do sacrifício na cruz. Pelo contrário, muitas vezes retirou-se das
situações de tensão, sabendo que ainda não era a hora. ... Desta forma, significa
saber que cuidar do corpo na medida do possível é dar continuidade a obra de Deus
através de si mesmo.
67
Devido ao trabalho e a responsabilidade que uma igreja exige, os pastores tem se
envolvido de maneira integra no pastoreio e cuidado da igreja, isto tem deixado o pastor
muitas vezes sem tempo para que ele priorize o cuidado do seu próprio corpo. Na pesquisa
que apresentamos no capitulo 2 deste trabalho temos percebido que 71,4 por cento, os
pastores tem afirmado que as igrejas ou comunidades que fazem parte exigem muito deles,
deixando-os sobrecarregados no trabalho pastoral. Diante disto é necessário que o pastor
priorize cuidados com o seu próprio corpo, com o objetivo de estar em ótimas condições de
saúde, e isto levará a ter boa disposição espiritual, consequentemente terá um desempenho
bom no cumprimento do seu ministério na comunidade ou igreja onde está desenvolvendo o
seu ministério pastoral. O pastor Nemuel Kessler recomenda: “É mister que se diga que, por
mais árduo que seja o trabalho do pastor, não lhe é direito o sobrecarregar-se
67
OLIVEIRA, Roseli M. Kuhnrich de. Cuidando de quem cuida: um olhar de cuidados ao que ministram a
palavra de Deus. São Leopoldo: Sinodal, 2005. p. 113.
64
demasiadamente sem medir bem as suas capacidades; isto lhe diminuiria o vigor do corpo em
detrimento de um melhor desempenho”.
68
Como pastores, temos que nos conscientizar que somos tamm humanos, somos
iguais que os demais membros da nossa igreja ou comunidade, a diferença é que temos um
chamado especial de Deus para pastorear a sua igreja. Como seres humanos limitados, temos
que ter a capacidade de perceber, como estamos desenvolvendo o nosso ministério,
conhecendo as nossas limitações. Lembremos que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo,
portanto, não devemos abusar daquilo que Deus tem nos concedido, mas devemos cuidar
preservando e mantendo em condições melhores para o bom desempenho da sua missão,
conforme Deus tem desejado para a saúde do nosso corpo: “Amado, oro para que você tenha
boa saúde e tudo lhe corra bem, assim como vai bem a sua alma”. (III João 2) Deus não
elabora regras arbitrárias, simplesmente para mostrar Sua autoridade, mas Ele nos dá
conselhos, porque, tendo-nos criado, Ele sabe o que é melhor para nós.
3.2.2 Cuidados do pastor com a sua própria alimentação
Pelo que temos visto a alimentação é um dos aspectos fundamentais para o cuidado da
saúde do pastor. Um bom programa de alimentação ou levar em prática uma alimentação
salutar fará com que o comportamento do pastor permita ampliar a sua saúde de maneira
exemplar. Para alguns pastores ter uma alimentação saudável pode até parecer uma prática
muito simples uma vez que hoje existe uma infinidade de informações disponíveis sobre
como se alimentar ou o que comer de maneira saudável. O mercado tem lançado uma
infinidade de produtos ou apresenta formas ou opções de alimentos, por exemplo: produtos
diet e light. Novamente quero citar o pastor Nemuel Kessler, que faz a seguinte consideração:
“Os médicos trabalham sem cessar para conservar a nossa saúde, e os cozinheiros para
destruí-la; os segundos estão certos do seu êxito”.
69
Na pesquisa que temos desenvolvido para este trabalho junto aos pastores, temos
percebido que 82,1% dos pastores tem se importado com cuidado na sua alimentação, ou seja,
uma maioria, enquanto que 17,9% não se preocupam com a sua maneira de se alimentar. Mais
uma vez o pastor Nemuel Kessler nos alerta:
Comprovadamente, os pastores são o tipo de grupo que não fuma, não bebe e o
joga, e a variedade do seu serviço o expõe menos as lutas mentais e físicas do que as
pessoas de outras profissões, e o coloca, ainda, em condições superiores frente as
68
KESSLER, 2001, p. 66.
69
KESSLER, 2001, p. 70.
65
doenças e perturbações e tristezas pela genuína em Cristo Jesus. E se todos eles
tivessem conhecimento das leis sanitárias, não violariam as leis da saúde e lhes seria
prolongada em muito a sua vida.
70
Uma boa alimentação fará com que os nossos corpos possam ter reações positivas,
teremos condições de viver mais e melhor, disto a maioria dos pastores sabemos, mas, é
difícil praticarmos. Precisamos nos preocupar com a nossa saúde e para isto, é importante
lembrar em fazer boas escolhas dos alimentos para a nossa alimentação. Lamentavelmente
vivemos na época do consumismo e nós deparamos com uma infinidade de alimentos
industrializados, enlatados, na sua maioria, adicionados de produtos químicos que tiram o
efeito natural dos alimentos, que na verdade traz um prejuízo sério para a nossa saúde.
Devemos lembrar que, uma alimentação saudável será uma grande aliada para o nosso viver
de maneira satisfatória, para isto recomendamos visitar um nutricionista para que tenhamos
uma boa orientação da nossa alimentação diária. Também lembremos que o pastor que se
alimenta mal, pouco ou muito será negativo para a sua saúde.
3.2.3 Cuidados do pastor com o seu sono
No cuidado que o pastor precisa ter, podemos afirmar que cuidados com o sono se faz
necessário que se tenha para poder revigorar as forças. Precisamos saber que o sono é uma
necessidade física primordial para uma boa saúde e uma vida saudável que o corpo do ser
humano exige, no nosso caso o pastor precisa pensar nos cuidados relacionados com sono.
O pastor Nemuel Kessler nos alerta: “O sono insuficiente é um dos fatores de
perturbação da saúde. As conseqüências de falta de sono nem sempre se fazem sentir
imediatamente, mas é certo que se sofrera mais cedo ou mais tarde”.
71
É sabido que o sono
proporciona uma restauração física que nos protege do desgaste natural das horas acordadas,
durante o sono sentimos descanso no nosso corpo, os nossos sentidos e músculos relaxam
diminuindo o ritmo circulatório e cardíaco. Estamos cansados em assistir reportagens sobre os
cuidados com o sono, mas muitas vezes nos pastores não temos dado muita importância para
isto. Devido aos compromissos que temos dentro das nossas comunidades, as noites que
servem para descansar e dormir tem sido sacrificado, por causa da falta de tempo.
Especialistas comparam e garantem que dormir é tão importante para conservar a saúde
quanto ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente. Ainda o
pastor Nemuel Kessler nos fala:
70
KESSLER, 2001, p. 70.
71
KESSLER, 2001, p. 68.
66
As constantes e exaustivas viagens empreendidas pelo pastor no exercício do
ministério, e as noites de vigílias, seja com o grupo de oração ou na tentativa de sair
incólume dos grandes problemas, que lhes subtraem as horas de sono exigidas pelo
seu corpo, devem ser compensadas, a fim de que isto não contribua para o seu
desequilíbrio emocional com conseqüência para o rebanho que cuida.
72
Na pesquisa que apresentamos no capitulo 2 temos perguntado, se o pastor tem tido
cuidados quanto ao seu sono, 85,7 por cento dos pastores entrevistados tem declarado que sim
tem cuidado com o sono, mas 14,3 por cento não têm cuidados a este respeito. É bom saber
que os pastores têm cuidados de si mesmo quanto ao sono, mas poderíamos nos questionar
que tipo de cuidados está tendo? E se realmente quando dizemos que temos cuidado como
está sendo este cuidado. O doutor Luiz Fernando Sella nos alerta:
Dormir mal ou pouco pode causar irritabilidade, perda de memória, depressão e
dificuldade de concentração. Em adultos, descobriu-se que a falta de sono influencia
negativamente na capacidade de avaliar riscos e de tomar decisões. As crianças
também são afetadas. Dormir tarde prejudica a liberação do hormônio de
crescimento, deixa as crianças mais irritadas e com menor capacidade de
concentração na escola. Além disso, quando dormimos mal por muito tempo, nosso
corpo sofre alterações fisiológicas que podem estar relacionadas com a obesidade e
o diabetes. Num artigo recente publicado na revista Circulation, médicos americanos
concluíram que qualidade de sono inadequada es relacionada com aumento da
pressão arterial, inclusive em adolescentes.
73
Ter cuidados para que o nosso corpo possa ter reações positivas e normais requer que
o pastor priorize mais ainda com este cuidado, o sono é importante para estarmos dispostos e
desafiados para poder enfrentar e desenvolver o nosso ministério de maneira adequada e
continuarmos sendo exemplos na nossa igreja ou comunidade.
3.2.4 Cuidados do pastor com a sua vida mental e emocional
Quando se fala sobre a saúde mental e emocional referindo-nos aos cuidados que os
pastores precisam ter, sentimo-nos desafiados a falar sobre este assunto, pois infelizmente, a
maioria das pessoas que apresentam um disturbio mental ou emocional não buscam ajuda,
existe ainda muita vergonha por estar com uma depressão, ansiedade ou hostilidade, que
necessite de tratamento especial por médicos ou talvez podemos afirmar que falta também de
aconselhamento pastoral, pois muitas pessoas pensam erroneamente que são culpadas por
seus sintomas ou que estes são causados por alguma fraqueza que vem da própria pessoa.
O pastor Nemuel Kessler, nos lembra: “A psicologia define a emoção como um
estado psíquico cuja principal caractestica é o grau muito forte de sentimento a uma
72
KESSLER, 2001, p. 68.
73
www.vidanatural.org.br, acessado em: 20 de dezembro de 2009.
67
atividade motora quase sempre intensa, e se constitui como uma das experiências mais
fundamentais do ser humano”.
74
O psicólogo, Samuel Acosta ainda nós fala:
As nossas manifestações exteriores da vida mental, que são abertas as inspeção
publica, denominamos de comportamento. O que determina o nosso comportamento,
é o cérebro ou a mente? Uma coisa é certa, o binômio cérebro-mente está ligado aos
mundos espiritual e material. No tocante ao espiritual, ele pode ligar-se ao espírito
de Deus ou não; todavia, no que concerne ao material (lê-se corpo) ele pode p. Ex.,
desencadear o nervosismo.
75
Saúde mental e emocional significa basicamente ter uma saudável auto-estima e a
capacidade de estabelecer relações afetivas satisfatórias com outras pessoas. Pastores com
ótima auto-estima poderão vivenciar uma vasta variedade de emoções, incluindo tristeza,
raiva, frustração, etc., mas não são vencidas por muito tempo por elas. Vivem a maior parte de
sua vida dria com alegria, amor, e satisfação. São capazes de enfrentar os desafios e as
mudanças da vida cotidiana. Os pastores no seu ministério pastoral saberão procurar ajuda
quando têm dificuldade em lidar com traumas e transições importantes como a perda de
pessoas queridas, dificuldades conjugais, problemas escolares e profissionais, e outros.
necessidade que o pastor possa obter um nível de maturidade pessoal, apropriado ao seu
ministério na comunidade e a sociedade que ele desenvolve o seu ministério, pois se o pastor
não atentar a estes cuidados poderá acarretar grandes problemas para a vida e o corpo do
pastor.
O pastor Nemuel Kessler lembra:
O Dr. Crabtree recomenda o cuidado especial que o pastor deve ter quanto a sua
vida emocional considerando ser uma tarefa difícil para aqueles que se criaram em
lares afetados por desentendimento entre seus pais, bem como para os que herdaram
geneticamente fraquezas físicas que resultam certas doenças. Contudo isto não deve
servir de motivo de desesmulo, antes deve ser capaz de estudar as fraquezas da sua
própria natureza, e exercer um esforço para se controlar.
76
O pastor com boa saúde mental e equilíbrio emocional, apresentará certas
características que a levam à felicidade, produtividade, e sua auto-realização nos propósitos
almejados, dentro do seu ministério pastoral, a sua própria vida e por conseqüência a sua
família. O pastor que demonstre séria falta destas características precisa da ajuda de
aconselhamento pastoral para viver uma vida plena e feliz na comunidade e sociedade que
está inserido.
3.2.5 Cuidados do pastor com a sua espiritualidade
74
KESSLER, 2001, p. 72.
75
COSTA, 2006, p. 16.
76
KESSLER, 2001, p. 73.
68
Quando falamos sobre espiritualidade temos percebido em nossos dias pensamentos e
práticas diferentes por parte do fieis que fazem parte das diferentes igrejas ou comunidades
protestantes fazendo com que cada confissão de protestante desenvolva a sua própria
espiritualidade de maneira que melhor pareça, ou melhor, se adapte a cada confissão
conforme convém. Quando se fala de espiritualidade queremos nos referir a espiritualidade do
pastor.
3.2.5.1 Então, o que é Espiritualidade?
O pastor Isaltino Gomes Coelho Filho
77
define:
Espiritualidade é um termo muito amplo, com vários sentidos. Neste trabalho será
empregado como a vida espiritual mantida pelo cristão. Terá o sentido da totalidade
da sua vida espiritual, seus relacionamentos com Deus, com a igreja e com o mundo
criado por Deus. Para caracterizar mais, ainda: espiritualidade é também a forma de
expressarmos nosso relacionamento com Deus.
78
Diante desta definição sobre espiritualidade podemos destacar que o homem tem
necessidades de se relacionar com Deus, com o divino, principalmente enfatizando a
espiritualidade cristã que é o nosso foco neste trabalho, as pessoas ou membros das
comunidades cristãs tem necessidades de “estar perto de Deus”, ou seja, podemos afirmar que
espiritualidade é um relacionamento de dependência com Deus. O ser humano é um ser
espiritual, pois, ele sente necessidades de ter um relacionamento com o transcendental. O
pastor Cícero Bezerra afirma que: O ser humano tem sede de Deus, e no seu interior bate
forte um desejo de se relacionar com ele”.
79
Pelo que vimos, espiritualidade é uma necessidade do ser humano, para ter comunhão
com Deus, o homem deve ter motivação pela busca de Deus e não pela busca de nossos
próprios interesses. Não é porque somos pastores ou líderes que devemos desenvolver
espiritualidade nas nossas vidas, mas devemos desenvolver porque somos regenerados,
renovados e restaurados por Deus. Por isso entendemos que: a verdadeira espiritualidade é
resultado da comunhão e experiência com Deus, consequentemente, isto trará resultados
favoráveis na nossa vida para ter bons relacionamentos com o ser humano, ou seja, com
colegas de ministério, com a própria família e pessoas que fazem parte das nossas
comunidades. O pastor Isaltino Gomes Coelho ainda afirma:
77
O pastor Isaltino Comes Coelho Filho é um dos maiores escritores evangélicos brasileiros da atualidade, pastor
e líder, representante das Igrejas Batistas da Convenção Batista Brasileira.
78
COELHO, Filho Isaltino Gomes. Material preparado para as conferencias teológicas da Faculdade Teológica
Batista Ana Wollerman. 2009. p. 1.
79
BEZERRA Cícero M. Conversas sobre espiritualidade. Belo Horizonte: Betânia, 2001. p. 23.
69
Precisamos entender que espiritualidade deve ser uma atitude autêntica, sem um
alvo que não seja apenas a comunhão com Deus pelo prazer da comunhão com
Deus. A busca por Deus deve ter Deus como motivação e como finalidade da busca.
[...] A espiritualidade deve ser uma aspiração natural da alma do regenerado. Não é
nem por ser pastor ou um líder, mas por ser um regenerado. [...] Espiritualidade é a
compreensão de que um absoluto chamado de Jesus. Somos cristãos, e assim
temos que partir deste ponto. A paixão maior de nossa vida deve ser Jesus Cristo. É
fácil amar prédios, regulamentos e a nossa carreira, mas somos chamados a seguir e
a amar Jesus Cristo. [...] Precisamos entender que a espiritualidade é uma postura
contínua assumida na vida. Podemos, sem violência aos termos, identificar
“espiritualidade” com “piedade” e com “santidade”. [...] A verdadeira
espiritualidade brota de uma compreensão correta dos atributos de Deus. [...] Por
fim, a verdadeira espiritualidade se desenvolve sob o crivo das Escrituras.
80
Como pastores dentro do nosso ministério pastoral, precisamos cultivar a nossa
espiritualidade o porque temos responsabilidade de fazer acontecer as coisas, mas porque a
motivação da nossa vida é o próprio Deus. Estamos para fazer com que a igreja do Senhor
possa ter crescimento espiritual na comunidade da qual fazemos parte. Somos responsáveis
por dar cuidados as pessoas que fazem parte da nossa comunidade, mas também precisamos
levá-los a serem conscientes de que eles também tem um chamado por parte de Deus,
consequentemente eles próprios devem ter compromisso com a sua vida espiritual e com a
vida da comunidade que eles fazem parte. Por sermos pastores somos cobrados de ser
exemplo em espiritualidade, mas devemos antes de mais nada desafiar aos próprios membros
do corpo de Cristo e conscientizá-los de que cada regenerado tenha a sua própria aspiração
por espiritualidade.
Faz-se necessário mostrar que nós amamos a Jesus Cristo e este amor é que nos
impulsiona no cuidado dos outros. Como pastores devemos estar conscientes de que o nosso
ponto de vista é assumir responsabilidade diante de Deus ao desafiar a cada pessoa de cuidar
ou velar pela sua própria espiritualidade e de fazer entender que toda criatura tem que estar
em pleno crescimento espiritual.
O pastor cero Bezerra ainda nos lembra: “A nossa alma tem anseios tão profundos
que só podem ser satisfeitos em Deus”.
81
Então, espiritualidade deve ser um desejo de
alcançar naturalmente a alma do regenerado. Devemos entender que espiritualidade deve estar
fundamentada no relacionamento com Deus, ou seja, deve ser uma atitude que é desenvolvida
no mais profundo do ser humano, podemos dizer que: é o homem se esvaziando e deixando
que haja um relacionamento a partir do mais profundo, íntimo, o coração do ser humano e
isto, podetrazer uma vida totalmente evidente diante de Deus e a sociedade que faz parte,
principalmente amando o criador do mundo.
80
COELHO, 2009, pgs. 7-10.
81
BEZERRA, 2001, p. 28.
70
Como líderes espirituais que somos, precisamos levar o conselho que o astolo Paulo
tem deixado para o jovem pastor Timóteo: “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e
segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão”. Podemos relacionar a
espiritualidade com a piedade, pois o homem de Deus manterá um relacionamento com Deus
através de uma vida de piedade, principalmente seguindo o amor que Deus tem demonstrado
por cada um dos seus filhos. É preciso buscar um relacionamento constante com o Criador
através de uma vida piedosa diante de Deus.
Lembremos da atitude que Jesus Cristo teve quando estava com o apóstolo Pedro, o
pastor Cícero Bezerra coloca bem isto:
Sabemos que quando o Senhor Jesus chamou o apóstolo Pedro para o pastorado,o
lhe perguntou o quanto conhecia sobre Deus nem mesmo sobre experiências
espirituais que havia tido, mas se ele o amava; era o afeto de Pedro que interessava a
Jesus.
82
Isto não significa que ter conhecimento ou ter experiências espirituais não tenha
importância, ou o nosso conhecimento intelectual vai nos fazer melhor que qualquer outro ser
humano, o que temos que entender neste diálogo de Jesus com Pedro é: que Jesus queria
entender o amor que Pedro demonstrava ou sentia para com Ele, ou seja, precisamos
demonstrar a nossa compreensão de que Jesus Cristo tem separado o homem para uma obra
especial e uma comunhão especial com o seu Criador, disto Deus tem se agradado, quando o
homem abre o seu coração e depende totalmente de Deus. A nossa dependência de Deus não
somente se concretiza porque somos pastores, mas porque somos filhos de Deus e estamos ou
devemos estar em plena comunhão com o nosso criador.
Para finalizar esta parte quero mais uma vez fazer menção o pastor Isaltino Gomes
Coelho Filho que disse: “Espiritualidade não é moeda de troca para impressionar a Deus.
Muita santidade é mero legalismo, esquecida da graça. ´Eu preciso`, ´Eu devo`, ´Eu tenho`, e
se vai a pessoa se esfalfar em atividades espirituais porque pensa que assim Deus se
agradará dela”.
83
O Senhor conhece a cada pastor, que o chamou e Ele deseja que sejamos
íntegros na maneira de agir e nós apresentar diante dEle, pois assim seremos abençoados no
ministério pastoral que estamos desenvolvendo.
82
BEZERRA, 2001, p. 50.
83
COELHO, 2009, p. 4.
71
CONCLUSÃO
Quando idealizamos esta pesquisa, partimos do seguinte desafio: conscientizar os
pastores das Igrejas Batistas que fazem parte da ASSIBAS a adotarem nos seus ministérios a
valorização dos cuidados pessoais para o bom desenvolvimento ministerial na igreja ou
comunidade da qual faz parte. A nossa proposta tem sido lembrar os pastores que o próprio
“pastor” deve se considerar “ovelha” para que possa sentir necessidade de receber cuidados
pastorais.
Durante a presente pesquisa temos sentido a real importância da figura do pastor em
uma igreja, no desenvolvimento de suas funções no contexto em que se encontra, não somente
em nossos dias, mas desde o início do povo de Deus. A blia nos mostra isto de maneira bem
clara, através do Antigo e o Novo Testamento. Percebemos como a figura de um simples
pastor de ovelhas daquela época, quando desenvolvia as suas funções que cuidava e guardava
os animais que estavam sob a sua responsabilidade, tem se refletido nas funções do pastor de
”ovelhas”, “pessoas” para os nossos dias, nos ensina que, como pastores, devemos demonstrar
amor e compaixão em relação ao povo que estamos pastoreando. Isto também vai ser
concretizado nos ensinos que Jesus Cristo tem deixado a nós, pois Jesus assumiu de maneira
direta as funções do pastor, quando ele disse: “Eu sou o bom pastor”, sendo responsável de
cuidar do rebanho que o Pai estava deixando em suas mãos.
Esta pesquisa também nos mostrou que o pastor tem enfrentado diferentes problemas e
dificuldades no seu ministério pastoral, pois o tempo e o envolvimento de maneira integral ao
ministério têm deixado exaustos a maioria dos pastores que atualmente estão pastoreando uma
igreja. Apresentou-se aqui que somente a conscientização dos pastores pode realmente levar a
ter uma consciência clara de ter ou receber cuidados pastorais de outro pastor de ovelhas para
a sua vida pessoal.
O apóstolo Paulo fala de maneira clara e contundente a respeito do chamado para o
ministério pastoral na carta ao jovem pastor Timóteo, conforme as seguintes palavras: “Fiel é
esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja" (1 Tm. 3.1). Sabemos
que o pastor é o “homem chamado por de Deus”, Deus é quem vocaciona o homem para
realizar a obra dEle e por isso é que o homem pastor precisa fazer a vontade de quem o
chamou. Isto tem sido comprovado a partir da pesquisa que tem sido desenvolvida junto aos
pastores e o resultado foi confirmado pela maioria dos pesquisados, que ele é pastor porque
“tem um chamado específico” da parte de Deus para desenvolver o seu ministério.
72
O ministério que o pastor realiza é realmente desafiador, como pudemos perceber ao
escrever esta pesquisa, pastores com problemas e dificuldades nos seus cuidados, por isso
pudemos concluir que: se faz necessário que o pastor seja pastoreado por um pastor, ou seja, o
pastor precisa de um pastor para ser pastoreado através do aconselhamento pastoral para o
pastor. Devido à maneira que o “conselheiro pastoral” desenvolve o seu papel dentro de uma
comunidade eclesiástica precisa ser tratado, cuidado e até podemos afirmar que precisa ser
“curado”. O pastor muitas vezes tem vivido pressionado a o viver a sua humanidade, a
negar o seu cansaço, seu sofrimento no afã de cuidar os outros, ou seguir o seguinte
pensamento: “preciso resolver os problemas das minhas ovelhas”, enquanto ele tem tido
necessidades pessoais dentro do seu ministério, ou seja, ele tem problemas a serem resolvidos
consigo mesmo.
O desafio que tivemos ao escrever a presente pesquisa foi levar o pastor a uma
conscientização, de que precisa receber cuidados para poder desenvolver um ministério eficaz
e digno de reconhecimento de si mesmo, da família e dentro da sociedade em que ele vive.
Desafiá-lo a viver valorizando o seu cuidado pessoal com relação a sua própria imagem tem
sido o objetivo deste trabalho. Embora que o pastor viva cercado de tantas pessoas sente-se
solitário, é impedido de expressar seus verdadeiros sentimentos de sua vida diante deles.
Então, qual o motivo para que o pastor priorize o seu cuidado? Se o pastor não
priorizar o seu cuidado pessoal de maneira geral, poderá sofrer grandes conseqüências,
especialmente de saúde, pois o cansaço e o esgotamento físico o levaram a ter serias doenças
como, por exemplo, o estresse poderá tomar conta da sua vida. O não cuidado, trará ao pastor
rias crises pessoais que muitas vezes se não forem tratadas no seu devido tempo acarretarão
graves consequências para a sua saúde.
Quando o pastor se importa consigo mesmo, zela pelo seu próprio cuidado, ele poderá
valorizar e ter alguém que o pastoreie, que o oriente e o cuide, recebendo assim total apoio
moral e espiritual. A pesquisa tem nos mostrado que os pastores vivem sobrecarregados nas
suas atividades pastorais e são exigidos pelas igrejas no exercício do ministério pastoral.
Atualmente há uma tendência de deixar de lado os cuidados pessoais de maneira geral,
deixando em segundo plano o cuidado essencial nas suas diferentes dimensões. Isto o tem
sido diferente com a pessoa do pastor em relação ao seu cuidado pessoal no ministério
pastoral. Tratar da pessoa do pastor em relação aos cuidados é muito importante e relevante,
principalmente em nossos dias, pois ele é uma pessoa que também precisa de cuidados
pastorais. Diante dos desafios que o pastor atualmente tem vivenciado, as necessidades de
sentir-se íntegro, a maneira como desenvolve o seu ministério em uma igreja ou uma
73
comunidade eclesiástica e diante da sociedade, é bom que o pastor priorize os cuidados
pessoais, ou seja, ser pastoreado por um outro pastor.
Abordar e pesquisar os cuidados pessoais e necessários do pastor é muito importante e
desafiador, pois a sociedade em que vive e a posição que o pastor ocupa tem lhe trazido
grandes desafios para a sua vida e o seu ministério, é fundamental que o pastor conheça a si
mesmo, tenha uma auto-percepção aguçada de seus sentimentos e que seja uma pessoa
madura e equilibrada, por isso enfatizaremos que o pastor precisa estar disposto a crescer e
fazer crescer outros na comunidade onde ele esta inserido, mas sempre dando muita
importância ao cuidado de si mesmo.
Portanto, o envolvimento com as comunidades deve ser um desafio para todos os
pastores, se faz necessário ter pastores cuidando das nossas vidas, que tenham condições de
desenvolver um cuidado mútuo entre os pastores, precisamos aproveitar e valorizar os
pastores mais experientes que vivem em nosso meio depositando a nossa confiança para
receber ajuda e podermos caminhar juntos na caminhada que temos nos proposto no nosso
ministério. Precisamos dar um pouco de atenção aos pastores com mais experiência para
aprender com eles no desempenho e desenvolvimento do ministério pastoral. Somos
desafiados a reverter e valorizar a imagem do pastor que a igreja tem com relação aos
pastores.
Se quisermos crescer e ser valorizados como pastores é necessário entender que: ser
pastoreado não é vergonhoso, mas é crescimento, compartilhamento, cuidado para enxergar e
enfrentar de maneira diferente o nosso ministério e estar mais disposto para enfrentar os
desafios que o ministério pastoral nos apresenta. A experiência tem nos mostrado que quando
estamos em um grupo ou estamos com alguém, somos mais fortes, temos condições de
desenvolver os nossos talentos com mais propriedade e autoridade, pois estamos
acompanhados por pessoas, podemos nos relacionar com mais facilidade e estes poderão nos
ajudar a desenvolver em nos confiança e autoridade, pois não estamos sozinhos, mas estamos
acompanhados por um pastor amigo na nossa caminhada.
Finalizando esta conclusão, lembremos que nós pastores além de dispensar cuidados
aos outros, nós mesmos precisamos de cuidados, lembremos que cuidar o é fazer alguma
coisa pelo outro, mas é fazer junto com o outro. Como cristãos temos necessidade de nos
relacionar com Deus, isto é uma verdade que nunca devemos nos esquecer na nossa vida
ministerial. Mas, também devemos lembrar que: manter relacionamento com um pastor mais
experiente aqui na terra deve ser também uma necessidade em nosso ministério, pois
74
precisamos ser pastoreados enquanto estivermos servindo ao Senhor por um pastor humano e
simultaneamente pelo Pastor Divino estará nos cuidando.
75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A BÍBLIA ANOTADA. The Ryrie Study Bible / Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e
Atualizada. São Paulo: Mundo Cristão, 1994.
ALLMEN, Jean-Jacques Von. (Diretor). Vocabulário bíblico. 3ª ed. São Paulo: ASTE, 2001.
ATIENCIA, Jorge. Pastorear e ser pastoreado. Curitiba: Encontro, 2000.
AZEVEDO, Irland Pereira. De pastor para pastores: Um testemunho pessoal. Rio de
Janeiro: JUERP, 2001.
BARRIENTOS, Alberto. Trabalho pastoral: princípios e alternativas. 2ª ed.o Paulo:
United Spress, 1999.
BEZERRA Cícero M. Conversas sobre espiritualidade. Belo Horizonte: Betânia, 2001.
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano: Uma compaixão pela terra. 14ª ed.
Petrópolis: Vozes, 2008.
CHAMPLIN, Norman Russell, Ph. D. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São
Paulo, Candeia. 1991.
CLINIBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral: Modelo centrado em libertação e
crescimento. São Leopoldo: Sinodal, 1987.
COELHO, Filho Isaltino Gomes. A Teologia da espiritualidade. Material preparado para as
confencias teológicas da Faculdade Teológica Batista Ana Wollerman. 2009. 21 paginas.
COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário internacional de Teologia do Novo
Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1590.
COSTA, Samuel. Psicologia pastoral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora SilvaCosta, 2006.
CRABTREE, Asa Routh. A doutrina bíblica do ministério. ed. Rio de Janeiro: JUERP,
1981.
FERREIRA Ebenézer Soares. Manual da Igreja e do Obreiro. 10ª Ed. Rio de Janeiro:
JUERP, 1995.
________, A Teologia da Igreja. Rio de Janeiro: JUERP, 2001.
FISHER, David. O pastor do século 21: uma reflexão bíblica sobre os desafios do ministério
pastoral no terceiro milênio. 3ª ed. São Paulo: Vida, 2001.
FRIESEN, Albert. Cuidando do ser: treinamento em aconselhamento pastoral. Curitiba:
Esperança, 2000.
HENDRICKS, Howard. Aprenda a mentorear. Belo Horizonte: Benia, 1999.
KESSLER, Nemuel. Ética pastoral: O comportamento do pastor diante de Deus e da
sociedade. 8ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
LIBANIO, João Batista. O que é pastoral? São Paulo: Brasiliense, 1986.
MAKARTHUR, Jr., John. O que o Pastor deve se e fazer. In: MACARTHUR, Jr., John et
al. Redescobrindo o Ministério Pastoral. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias
de Deus, 1998.
MAGALHÂES, Lenz César Kléos. Vocação: Perspectivas Bíblicas e Teológicas. Viçosa:
Ultimato, 1997.
76
MONTOYA Alex D. Concepção Bíblica do Ministério Pastoral. In: MACARTHUR, Jr.,
John et al. Redescobrindo o Ministério Pastoral. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das
Assembléias de Deus, 1998.
________. A Liderança. In: MACARTHUR, Jr., John et al. Redescobrindo o Ministério
Pastoral. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembias de Deus, 1998.
NODDINGS, Nel. O cuidado. Uma abordagem feminina à ética e à educação moral. São
Leopoldo: Unisinos, 2003.
OLIVEIRA, Roseli M. Kühnrich de. Cuidando de quem cuida: um olhar de cuidados aos
que ministram a Palavra de Deus. São Leopoldo: Sinodal, 2005.
OLIVEIRA, Roseli M. Kuhnrich e HEIMANN Thomas. Cuidando de cuidadores: um olhar
sobre os profissionais de ajuda a partir do conceito de cuidado integral. In: NOÉ, Sidnei
(Org.). Espiritualidade e saúde: Da cura d’almas ao cuidado integral. São Leopoldo:
Sinodal/EST, 2004.
PETERSON, Eugene; DAWN, Marva J. O pastor desnecessário: redescobrindo o
chamado. Rio de Janeiro: Textus, 2001.
________. O pastor contemplativo: voltando à arte do aconselhamento espiritual. Rio de
Janeiro: Textus, 2002.
________. Um pastor segundo o coração de Deus: a forma da integridade pastoral. Rio de
Janeiro: Textus, 2000.
RIBEIRO, Wanderley Pires. Qualidade de vida. 3ª ed. Campinas: Bandeirantes. 1997.
ROSA, Merval. O ministro evangélico: sua identidade e integridade. Duque de Caxias:
Associação Fluminense de Educação, 1982.
SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado pastoral em tempos de insegurança: uma
hermenêutica contemporânea. São Paulo: ASTE, 2004.
STITZZINGER, James F. O Ministério Pastoral na História. In: MACARTHUR, Jr., John
et al. Redescobrindo o Ministério Pastoral. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das
Assembléias de Deus, 1998.
TOURNIER, Paul; HECKERT, Uriel; LISBOA, Ageu Heringer; NETO, Francisco Lotufo;
FARIA, Almir Linhares de. Psicologia e ajuda pastoral. São Paulo: CPPC, 1980.
Dicionário Eletrônico Aurélio. Século XXI, versão 3.0, 1999.
77
ANEXO
QUESTIONÁRIO PARA PASTORES(AS)
Associação das Igrejas Batistas do Sul de Mato Grosso do Sul
1. Idade? ________, anos Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Estado civil? _____________________________
a) Se: ( ) casado ( ) Separado ( ) Divorciado ( ) Viúvo, quanto tempo? __________
b) Tem filhos, quantos? ________ Qual Idade? ____________________
3. Quanto a sua formação Teológica, você tem curso teológico? Sim ( ) Não ( )
Se for Sim, qual a Instituição? _______________________________________________
4. Para ser pastor, você considera importante ter este curso teológico?
Sim ( ) Por quê? ______________________________________________________
o ( ) Por quê? ______________________________________________________
5. Se tem ou tivesse algum problema para resolver (pessoal, familiar, de comunidade, etc.)
tem o teria com quem conversar? Sim ( ) Não ( )
Se for Sim, com: a) Cônjuge ( ) b) Familiares ( ) c) Amigos ( ) d) Pastor ( )
e) Profissional (psicólogo, médico) ( ) f) Outro? ______________________________
6. quanto tempo você exerce o pastorado?
( ) Menos de 5 anos. ( ) Entre 6 e 10 anos. ( ) Entre 11 e 20 anos.
( ) Entre 21 e 30 anos. ( ) Há mais de 31 anos.
7. Por que vo quis ser pastor? (Escolha uma entre as alternativas)
( ) Sou Vocacionado (tenho um chamado de Deus). ( ) Queria servir a Deus.
( ) Desejo dos meus pais. (família) ( ) Desejo de ajudar os outros.
( ) Outro ________________________________
78
8. As comunidades, igrejas em geral: (Coloque SIM ou NÃO no espaço correspondente)
a) Ajudam os pastores (dividem as tarefas) Sim ( ) Não ( )
b) Exigem muito dos pastores (deixam-nos sobrecarregados). Sim ( ) Não ( )
c) “Idealizam” os pastores como se fossem “super” homens. Sim ( ) Não ( )
d) Tem amizade com os pastores. Sim ( ) Não ( )
e) Outro ___________________________________
9. Você tem cuidado de si mesmo quanto a: (Coloque SIM / NÃO no espaço correspondente)
Sono. Sim ( ) Não ( ) Exercício físico. Sim ( ) Não ( )
Alimentação. Sim ( ) Não ( ) Saúde mental. Sim ( ) Não ( )
Lazer. Sim ( ) Não ( ) Saúde física. Sim ( ) Não ( )
10. Você se considera: (Escolha uma entre as alternativas)
( ) Tímido, introvertido.
( ) Desinibido, extrovertido.
( ) Um cuidador de pessoas.
11. Você como pastor é cuidado por alguém? Sim ( ) Não ( )
Se for Sim, por quem? Pastor ( ) Mentor ( ) Orientador ( ) Outro ___________
Se for o, Por quê? ______________________________________________________
12. O que você pensa da seguinte afirmação: ser pastor dá “status” e “poder”?
( ) Concordo ( )o concordo Por quê? __________________________________
13. Seu tempo, como é aproveitado (em horas semanais - aproximadamente):
a) No âmbito familiar
- Com esposa, filhos, parentes ____________________________________________
- Com casa, carro, etc. ____________________________________________
- Lazer ____________________________________________
b) No âmbito eclesial
- Com preparo de Mensagens ______________________________________
- Aconselhamento aos membros da igreja ______________________________________
- Visitação, viagens ______________________________________
79
- Administração, reuniões ______________________________________
c) No âmbito pessoal
- Devoção - oração, leitura bíblica ______________________________________
- Esporte ou outra atividade física: Qual? ________________, ___ X por semana _________
- Estudo ________________________________________
- Descanso ________________________________________
- Tem algum hobi? Não ( ) Sim ( ) Qual? _______________________________
14. Com relação a seu tempo:
( ) Esta sendo bem administrado? ( ) Precisa ser remanejado?
15. Enquanto pastor, como você se sente na maior parte do tempo: (Escolha uma entre as
alternativas)
( ) Feliz, satisfeito ( ) Um pouco desanimado ou desiludido
( ) Bem, mas sobrecarregado ( ) Exausto, estressado
( ) Outra _______________________________________
16. Qual a sua opinião sobre os pastores terem um pastor mais experiente pastoreando eles ?
(orientador espiritual, um mentor, supervisor pessoal, Escolha uma entre as alternativas)
( ) Gostaria de ter. Por quê? _____________________________________
( ) Não vejo necessidade. Por quê? _____________________________________
( ) Não gostaria de me expor. Por quê? _____________________________________
17. Quanto a sua espiritualidade, como você se sente:
( ) Estou numa boa fase ( ) Não estou muito bem
( ) Preciso pensar sobre isso ( ) Sempre bem
( ) Outra ______________________________________________
Muito obrigado pela sua colaboração.
Pr. Eugenio Jesus Luque Quispe
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo