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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO EM DINÂMICAS DO ESPAÇO HABITADO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO
COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE
MACEIÓ
Eveline Maria de Athayde Almeida
MACEIÓ
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO EM DINÂMICAS DO ESPAÇO HABITADO
DISSERTAÇÃO
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO
COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE
MACEIÓ
APRESENTADA PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
MESTRE EM ARQUITETURA E URBANISMO
Eveline Maria de Athayde Almeida
Orientadora: Profª. Drª. Gianna Melo Barbirato
BANCA EXAMINADORA
Presidente:
Profª. Drª. Gianna Melo Barbirato
_____________________
Examinadores:
Profª Drª. Lea Cristina Lucas de Souza
_____________________
Prof. Dr. Leonardo Salazar Bittencourt
_____________________
Prof. Drª. Regina Dulce Lins
_____________________
MACEIÓ
2006
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A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
“Nascido numa cidade situada entre o mar e a lagoa,
e numa região que tira o seu nome das águas,
provenho de criaturas habituadas a ouvir o barulho das ondas
e a afundar os pés na terra viscosa da boca dos rios
e nas dunas que andam como se fossem ciganos”.
(LEDO IVO, 1979)
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
aos meus pais Eraldo e Marluce,
que me ensinaram a acreditar
nos meus ideais sem esquecer
de onde venho e quem eu sou.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha fé na vida e num futuro sempre melhor.
Ao meu amado irmão Júnior, por sempre me ajudar a tornar possíveis todos os meus
planos e sonhos e, principalmente, pela inestimável ajuda na realização deste
trabalho.
Aos meus pais Eraldo e Marluce, responsáveis pelos mais nobres sentimentos que
carrego comigo.
À querida Lú, amiga de todas as horas, pela companhia sempre divertida e grande
ajuda neste trabalho.
Aos sempre amigos Fábio e Agamenon.
À querida professora Gianna, por me ensinar com seu exemplo, sobre amizade,
respeito, boa vontade, responsabilidade e, principalmente, gentileza.
Aos Professores Léo, Regina Dulce e Ricardo Cabús pelas valiosas contribuições a
este trabalho.
Aos professores Christiano Cantarelli e João Carlos Brabirato, pela enorme ajuda na
análise de dados.
Aos professores e alunos do Departamento de meteorologia da UFAL, em especial
ao professor Toledo.
A Pedriane Dantas, por me ceder, gentilmente, parte de seu belo trabalho como
fotógrafa.
Aos membros do DEHA – Programa de pós-graduação em Dinâmicas do Espaço
Habitado e do GECA – Grupo de Estudos em Conforto Ambiental da Universidade
Federal de Alagoas, pelo apoio sempre que preciso.
À FAPEAL – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, pela
importante ajuda financeira.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 16
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................. 23
2.1 DEFINIÇÃO DE CLIMA ........................................................................24
2.1.1 Caracterização do clima .............................................................. 24
2.1.1.1 Fatores climáticos globais ..................................................... 25
2.1.1.2 Fatores climáticos locais ........................................................ 28
2.1.1.3 Elementos climáticos ............................................................. 30
2.2 CLIMA URBANO: HISTÓRICO E DEFINIÇÕES ............................... 33
2.2.1 Microclima .................................................................................. 37
2.3 ASPECTOS DA FORMA URBANA E SUAS INFLUÊNCIAS NO
CLIMA URBANO .................................................................................. 38
2.3.1 Rugosidade e porosidade ..............................................................40
2.3.2 Densidade construída ...................................................................41
2.3.3 Tamanho da cidade (horizontal e vertical) ...................................42
2.3.4 Ocupação do solo .........................................................................43
2.3.5 Orientação ....................................................................................43
2.3.6 Permeabilidade do solo ................................................................44
2.3.7 Propriedades termodinâmicas dos materiais constituintes ...........44
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
2.3.8 Presença de massas d’água ...........................................................45
2.3.9 Efeitos dos espaços livres e áreas verdes .....................................46
2.4 ESCALAS DE MEDIÇÃO EM CLIMA URBANO ...............................48
3. METODOLOGIA ........................................................................................51
3.1 RECONHECIMENTO DA REGIÃO EM ESTUDO: LOCALIZAÇÃO,
MORFOLOGIA NATUAL E PERFIL CLIMÁTICO ............................ 53
3.2 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS EM ESTUDO ............................................58
3.3 ANÁLISE BIOCLIMÁTICA DAS ÁREAS EM ESTUDO ....................58
3.4 PESQUISA DE CAMPO: MEDIÇÕES ..................................................65
3.5 FICHAS BIOCLIMÁTICAS ...................................................................66
4. ANÁLISES E DISCUSSÕES ......................................................................77
4.1 ANÁLISE DOS ATRIBUTOS DA FORMA URBANA ........................78
4.1.1 Rugosidade e porosidade ..............................................................78
4.1.2 Áreas verdes ................................................................................80
4.1.3 Densidade construída ...................................................................80
4.1.4 Permeabilidade do solo ................................................................81
4.1.5 Presença de massas d´água ...........................................................82
4.2 ATRIBUTOS BIOCLIMATIZANTES DA FORMA URBANA ...........83
4.2.1 Relevo-declividade .......................................................................83
4.2.2 Formato-horizontalidade ..............................................................83
4.2.3 Formato-verticalidade ..................................................................84
4.2.4 Formato-densidade/ocupação do solo ..........................................84
4.3 ANÁLISE DAS MEDIÇÕES ..................................................................84
4.3.1 Temperatura do ar: valores obtidos nas medições X estação de
referência ......................................................................................85
4.3.1.1 Transeto 01 .............................................................................85
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
4.3.1.2 Transeto 02 .............................................................................88
4.3.2 Temperatura do ar: comportamento dos transetos ao longo do dia
...................................................................................................... 90
4.3.2.1 Transeto 01 ..........................................................................91
4.3.2.2 Transeto 02 ..........................................................................92
4.3.3 Umidade relativa do ar: valores obtidos nas medições X Estação
de referência .................................................................................93
4.3.3.1 Transeto 01 ..........................................................................94
4.3.3.2 Transeto 02 ..........................................................................96
4.3.4 Umidade relativa do ar: comportamento dos transetos ao longo do
dia ................................................................................................98
4.3.4.1 Transeto 01 ..........................................................................99
4.3.4.2 Transeto 02 ........................................................................100
4.4 ANÁLISE ESTATÍSCA ....................................................................... 101
5. CONCLUSÕES ..........................................................................................104
REFERÊNCIAS ...............................................................................................108
ANEXOS ...........................................................................................................116
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Configuração do Clima .........................................................................25
Quadro 02 – Elementos Climáticos ...........................................................................32
Quadro 03 – Características do Clima Quente e Úmido ............................................55
Quadro 04 – Normais Climatológicas (1961-1990) ...................................................57
Quadro 05 – Temperatura no Transeto 01 .................................................................85
Quadro 06 – Umidade no Transeto 01 .......................................................................84
Quadro 07 – Temperatura no Transeto 02 .................................................................85
Quadro 08 – Umidade no Transeto 02 .......................................................................85
Quadro 09 – Porcentagens de área pavimentada, edificada e de vegetação ............101
Quadro 10 – Coeficientes obtidos para cada transeto ..............................................102
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Temperatura Média T.01 P.01 ..............................................................85
Gráfico 02 – Temperatura Média T.01 P.02 ..............................................................85
Gráfico 03 – Temperatura Média T.01 P.03 ..............................................................86
Gráfico 04 – Temperatura Média T.01 P.04 ..............................................................86
Gráfico 05 – Temperatura Média T.01 P.05 ..............................................................86
Gráfico 06 – Temperatura Média T.01 ao Longo do Dia ..........................................87
Gráfico 07 – Temperatura Média T.02 P.01 ..............................................................88
Gráfico 08 – Temperatura Média T.02 P.02 ..............................................................88
Gráfico 09 – Temperatura Média T.02 P.03 ..............................................................88
Gráfico 10 – Temperatura Média T.02 P.04 ..............................................................89
Gráfico 11 – Temperatura Média T.02 P.05 ..............................................................89
Gráfico 12 – Temperatura Média T.02 ao Longo do Dia ..........................................89
Gráfico 13 – Temperatura Média T.01 9h .................................................................91
Gráfico 14 – Temperatura Média T.01 15h ...............................................................91
Gráfico 15 – Temperatura Média T.01 21h ...............................................................91
Gráfico 16 – Temperatura Média T.02 9h .................................................................92
Gráfico 17 – Temperatura Média T.02 15h ...............................................................92
Gráfico 18 – Temperatura Média T.02 21h ...............................................................93
Gráfico 19 – Umidade Média T.01 P.01 ....................................................................94
Gráfico 20 – Umidade Média T.01 P.02 ....................................................................94
Gráfico 21 – Umidade Média T.01 P.03 ....................................................................95
Gráfico 22 – Umidade Média T.01 P.04 ....................................................................95
Gráfico 23 – Umidade Média T.01 P.05 ....................................................................95
Gráfico 24 – Umidade Média T.01 ao longo do Dia .................................................96
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
Gráfico 25 – Umidade Média T.02 P.01 ....................................................................96
Gráfico 26 – Umidade Média T.02 P.02 ....................................................................97
Gráfico 27 – Umidade Média T.02 P.03 ....................................................................97
Gráfico 28 – Umidade Média T.02 P.04 ....................................................................97
Gráfico 29 – Umidade Média T.02 P.05 ....................................................................98
Gráfico 30 – Umidade Média T.02 ao longo do Dia .................................................98
Gráfico 31 – Umidade Média T.01 9h .......................................................................99
Gráfico 32 – Umidade Média T.01 15h .....................................................................99
Gráfico 33 – Umidade Média T.01 21h .....................................................................99
Gráfico 34 – Umidade Média T.02 9h .....................................................................100
Gráfico 35 – Umidade Média T.02 15h ...................................................................100
Gráfico 36 – Umidade Média T.02 21h ...................................................................100
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
LISTA DE FIGURAS
Figura Capa – Praia de Ponta Verde / Fonte: Pedriane Dantas
Figura Introdução – Praia de Ipioca / Fonte: Pedriane Dantas ..................................16
Figura Revisão da Literatura – Centro de Maceió / Fonte: Pedriane Dantas .............23
Figura Metodologia Porto de Maceió / Fonte: Pedriane Dantas .............................51
Figura Análises e Discussões – Detalhe coqueiro – Fonte: Pedriane Dantas ............77
Figura Conclusões – Crianças em Ipioca – Fonte: Pedriane Dantas .......................104
Figura 01 – Representação esquemática da atmosfera urbana ...................................50
Figura 02 – Localização de Maceió no território brasileiro .......................................53
Figura 03 – Maceió ....................................................................................................56
Figura 04 – Mapa com transetos (T.01 e T.02) ..........................................................58
Figura 05 – Mapa de Localização dos transetos (T.01 e T.02) .................................60
Figura 06 – Mapa de Configuração Urbana (T.01) ....................................................61
Figura 07 – Mapa de Configuração Urbana (T.02) ....................................................62
Figura 08 – Mapa de Pontos de medição (T.01) ........................................................63
Figura 09 – Mapa de Pontos de medição (T.02) ........................................................64
Figura 10 – Termo-higro-anemômetro ......................................................................65
Figura 11 – Ficha Bioclimática T.01 P.01 .................................................................67
Figura 12 – Ficha Bioclimática T.01 P.02 .................................................................68
Figura 13 – Ficha Bioclimática T.01 P.03 .................................................................69
Figura 14 – Ficha Bioclimática T.01 P.04 .................................................................70
Figura 15 – Ficha Bioclimática T.01 P.05 .................................................................71
Figura 16 – Ficha Bioclimática T.02 P.01 .................................................................72
Figura 17 – Ficha Bioclimática T.02 P.02 .................................................................73
Figura 18 – Ficha Bioclimática T.02 P.03 .................................................................74
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
Figura 19 – Ficha Bioclimática T.02 P.04 .................................................................75
Figura 20 – Ficha Bioclimática T.02 P.05 .................................................................76
Figura 21 – T.01 - Homogeneidade na altura das Edificações ..................................78
Figura 22 – T.02 - Diversidade na altura das Edificações .........................................79
Figura 23 – T.01 - Arborização na via perpendicular ................................................80
Figura 24 – T.02 - Árvores isoladas ao longo da via .................................................80
Figura 25 – T.01 - Alta densidade construtiva (alta taxa de ocupação) .....................81
Figura 26 – T.02 - Alta densidade construtiva (ausência de recuos) .........................81
Figura 27 – T.01 - Baixa permeabilidade do solo ......................................................82
Figura 28 – T.02 - Baixa permeabilidade do solo ......................................................82
Figura 29 – T.01 - Início: Paria do Sobral .................................................................83
Figura 30 – T.01 - Fim: Lagoa Mundaú ....................................................................83
Figura 31 – T.02 – Início: Paria de Jatiúca ................................................................83
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LABEEE – Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
OMM – Organização Mundial de Metereologia
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
RAA – Relatório de Avaliação Ambiental
UFAL – Universidade Federal de Alagoas
NE – Nordeste
SE - Sudeste
E.R – Estação de Referência
P.01 – Ponto de Medição 01
P.02 – Ponto de Medição 02
P.03 – Ponto de Medição 03
P.04 – Ponto de Medição 04
P.05 – Ponto de Medição 05
T.01 – Transeto 01
T.02 – Transeto 02
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
RESUMO
A presente dissertação analisa a relação entre a configuração urbana de duas frações
urbanas na cidade de Maceió e a formação de microclimas locais. A análise física das
áreas em estudo identifica aspectos da forma urbana como adensamento,
verticalização, áreas pavimentadas, edificadas e vegetação. A análise microclimática
é realizada a partir do estabelecimento de transetos, escolha de pontos de medição e
elaboração das fichas bioclimáticas e medições in loco de temperatura do ar,
umidade relativa do ar e velocidade dos ventos no mês de janeiro de 2005. Constata-
se, a partir dos resultados obtidos, a forte contribuição dos parâmetros de
configuração urbana no comportamento das variáveis ambientais dos pontos
observados ao longo dos dois transetos estabelecidos. A determinação dos
microclimas e a sua relação com a configuração urbana de Maceió, enfim,
confirmam a importância da análise microclimática como uma importante ferramenta
para o planejamento urbano, e podem orientar decisões projetuais a fim de amenizar
possíveis situações de desconforto urbano na cidade.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
ABSTRACT
The present study analyzes the relationship between urban configuration and local
microclimates variations in two urban areas in the city of Maceió – AL. The analysis
identifies some aspects of urban form as densely built areas, pavement soil and green
areas at the studied area. Two transepts are established and several points are
selected for measurements of relative humidity, air temperature and wind velocity
during the month of January 2005. Those measurements show the strong contribution
of urban form characteristics in the air temperature and humidity values. The results
indicate the effects of the urban occupation on the development of microclimates.
The purpose is, thus, to confirm the importance of microclimate analysis as an
important tool for urban planning; especially aspects related with the urban
configuration of Maceió and urban discomfort.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
17
As condições particulares do meio ambiente urbano - rugosidade, ocupação
do solo, orientação, propriedades termodinâmicas dos materiais constituintes, entre
outros fatores - modificam as suas feições climáticas, formando um clima particular:
o clima urbano (LANDSBERG, 1981; OKE, 1996).
1. INTRODUÇÃO
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
18
De uma forma genérica, o crescimento das cidades tem contribuído bastante
para que ocorram transformações significativas no clima, especialmente no aumento
da temperatura, mudança na direção e velocidade dos ventos e na diminuição da
umidade relativa do ar. Assim como as atividades humanas, o número de veículos, o
asfalto, o concreto, a diminuição de áreas verdes, também influenciam o
comportamento do clima urbano.
Ao construir e ocupar as cidades, o homem interfere significativamente sobre
seu ambiente climático. Dependendo de suas decisões, os resultados dessa
interferência serão favoráveis ou prejudiciais à vida. Os microclimas provocados pela
ação humana podem ser extremamente desconfortáveis e, para restabelecer o
conforto, geralmente são desperdiçados preciosos recursos energéticos (RORIZ,
2003).
A atual preocupação com o meio ambiente, conservação de energia e
desenvolvimento sustentável
1
, é decorrente da necessidade de amenizar os altos
índices de poluição, a crescente quantidade de resíduos, a elevada utilização de
fontes de recursos não-renováveis, e conseqüentemente a baixa qualidade de vida
que as populações das grandes cidades estão submetidas. No entanto, é impossível
impedir que as cidades se desenvolvam e suas populações cresçam. O que é preciso é
que este crescimento conserve um nível de desenvolvimento que atenda às
necessidades das pessoas sem desequilibrar o meio ambiente.
Porém, nas questões urbanas, a complexidade das estruturas sociais,
econômicas e ambientais transforma a busca pelo desenvolvimento sustentável em
tarefa das mais difíceis. A indissociabilidade da problemática social urbana e da
problemática ambiental das cidades exige que se combinem dinâmicas de promoção
social com as dinâmicas de redução dos impactos ambientais no espaço urbano
(ROSSETTO, 2004). Sendo assim, a relação entre as mudanças na paisagem das
cidades e a busca pelo equilíbrio ambiental deverá enfocar, ao mesmo tempo, a
reestruturação do ambiente natural e do ambiente construído.
1
Existem muitas definições para o termo Desenvolvimento sustentável, fato que gera controvérsias e incertezas a
respeito do seu real significado. Porém, Rosseto et al. (2004) observa que a definição mais conhecida e utilizada é
a constante no relatório de Brundtland (1987): “Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias
necessidades”.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
19
HOUGH (1998) considera que existem contradições e paradoxos na
percepção da cidade e do meio ambiente em geral. Em um mundo cada vez mais
preocupado com os problemas de deterioração do meio ambiente, crises de energia,
contaminação, desaparecimento de vegetação, de animais e de paisagens naturais,
todavia se conserva uma marcante tendência de evitar o ambiente natural.
Tradicionalmente tem se considerado a cidade moderna como o produto de
energia barata, força econômica, alta tecnologia e natureza controlada.
As disciplinas responsáveis pela forma da cidade têm muito pouco a ver com
as ciências naturais e com os valores ecológicos.
Observa ainda que se o desenho urbano se concebe com arte e ciência e é
dedicado a promover a qualidade do meio ambiente físico da cidade, para
proporcionar lugares civilizados e enriquecedores para as pessoas que habitam, não
há dúvida que as bases atuais do desenho urbano devem ser reexaminadas. É
necessário redescobrir, através das ciências naturais, a essência dos lugares em que
vivemos.
É justamente na tentativa de adequação da cidade ao ambiente natural
característico de cada lugar que o estudo da climatologia urbana vem como um
instrumento que auxilia na descoberta desta essência das cidades. Afinal, as
características climáticas de um determinado local podem determinar sua
configuração, o modo como as atividades humanas se desenvolvem e ainda indicar
caminhos para a forma mais apropriada de intervenção.
Afinal, segundo OLIVEIRA (1988) a forma urbana é o produto das relações
estabelecidas pelo homem, e com os instrumentos de controle climático para obter
condições de conforto e salubridade do espaço citadino. LAMAS (1989) ainda
completa que a forma urbana, corpo ou materialização da cidade, é capaz de
determinar a vida humana em comunidade.
Todas essas interações das atividades humanas com o ambiente natural
produzem um ecossistema muito diferente daquele existente anteriormente à cidade.
É um sistema sustentado por uma importação maciça de energia e de matérias
primas, um sistema no qual os processos culturais humanos criaram um lugar
completamente diferente da natureza intocada, ainda que unida a esta através dos
fluxos de processos naturais comuns. À medida que as cidades crescem em tamanho
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
20
e densidade, as mudanças que produzem no ar, no solo, na água e na vida, em seu
interior e à sua volta, agravam os problemas ambientais que afetam o bem-estar de
cada morador (SPIRN, 1995).
HOUGH (1998), por sua vez, propõe uma nova linguagem de desenho urbano
para a evolução das cidades através da ciência da climatologia moderna juntando os
processos urbanos e naturais a nível local. Porém, alega que o clima das cidades
também deve ser entendido em uma perspectiva mais ampla, que atravesse as
fronteiras regionais. A poluição do ar, da água, o aquecimento global, o
desaparecimento dos bosques, a diminuição da camada de ozônio, que já se pensou
ter conseqüências locais, hoje se convertem em problemas globais. O pensamento
global deve converter-se em ação local.
No Brasil, vários pesquisadores tais como LOMBARDO (1985), OLIVEIRA
(1988), RORIZ (2002), ROMERO (1998; 2002), DUARTE (2002), ASSIS (1990)
entre outros têm se dedicado à área da climatologia urbana, o que consolida uma fase
de disponibilidade, na climatologia moderna brasileira e de uma original e sólida
proposta teórico-metodológica para o estudo da atmosfera urbana tropical em sua
interação com a sociedade citadina. Não obstante, a concentração de experiências nas
regiões sul e sudeste do território brasileiro chama a atenção dos estudiosos para a
elaboração de estudos sobre a porção central, norte e nordeste do Brasil, até porque é
nestas áreas que se pode vislumbrar uma maior intensificação do processo de
urbanização no presente e futuro próximo.
DUARTE (2002) analisa que os anos 90, do século XX, assinalaram o limiar
de um novo tempo para o planejamento urbano. Algumas idéias foram incorporadas
às novas bases constitucionais do país e implementadas nos municípios. Há um
grande potencial de aproveitamento das leis de uso do solo para a criação de
microclimas urbanos mais favoráveis, uma vez que já é largamente aceito que o
espaço construído exerce influência no clima local e observações em todo o mundo
já demonstraram como o clima pode ser degradado pela ocupação inadequada. As
características do clima urbano, suas causas e efeitos, já são bem conhecidos, e nos
últimos anos, a inclusão de questões relacionadas aos microclimas urbanos nas
regulamentações municipais no Brasil começa a acontecer.
Uma parceria entre IBAM (Instituto Brasileiro de Administração Municipal)
e PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) que visa
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
21
sensibilizar os municípios para o combate ao desperdício de energia, permitiu a
realização da publicação do Modelo para Elaboração de Código de Obras e
Edificações em 1997. Em nível formal, este Modelo oferece ao município
orientações ao desenvolvimento através de um instrumento regulador dos espaços
edificados e de seu entorno, constituindo-se um veículo que garanta a qualidade
ambiental. Isso significa, para o contexto da cidade, que já existe material científico
que pode nortear as decisões de planejamento urbano.
Em Maceió, a escala de problemas relacionados ao clima urbano é menor se
comparada às grandes cidades que passam por um processo de acelerado crescimento
urbano e industrial. Porém, a desordenada ocupação urbana, aliada à falta de
planejamento na inserção de novos conjuntos urbanos, faz com que a cidade também
apresente problemas ambientais urbanos.
A preocupação com a qualidade ambiental urbana deve estar inserida em todo
processo de urbanização, seja ele acelerado ou não, considerando assim o estudo da
climatologia urbana um instrumento importante no processo de planejamento das
cidades como também na busca de estratégias de amenização de problemas
climáticos urbanos já existentes.
Uma vez que, segundo KATZSCHNER (1997), os fenômenos urbanos são,
até certo ponto, reversíveis, ou seja, podem ser alterados ou controlados pelas ações
de planejamento, desenho urbano e projeto de edifícios, pode-se até restaurar ou
amenizar as condições ambientais indesejadas.
Desse modo, o presente trabalho pretende, através da análise da relação entre
configuração urbana e microclimas, avaliar as condições microclimáticas urbanas em
áreas da cidade de Maceió, de modo que essas informações possam subsidiar futuras
intervenções urbanas na cidade.
Para o desenvolvimento deste estudo, foram escolhidas duas frações urbanas
dentro da cidade. A primeira localizada entre o mar e a lagoa Mundaú e a segunda
iniciando-se também próxima ao mar e se estendendo para o interior do continente.
Os critérios para escolha destas áreas levaram em consideração a peculiaridade de
Maceió possuir em sua morfologia natural duas grandes massas d’água –Lagoa
Mundaú e Oceano Atlântico, as características de crescimento atuais e a importância
das frações urbanas no contexto da cidade (são vias de ligação entre bairros e de
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
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grande atividade comercial). Foram traçados dois transetos, um em cada uma destas
frações, onde se localizaram pontos de medição de variáveis climáticas, ao tempo em
que foram analisadas e mapeadas as características da configuração urbana, de modo
a permitir a análise microclimática.
Uma vez que a própria definição de clima urbano está relacionada ao
comportamento térmico diferenciado nos recintos urbanos, decorrente de sua
configuração e das propriedades termofísicas das superfícies de seu entorno, as vias
escolhidas possuem características distintas como o gabarito e orientação, mas
também semelhantes quanto ao tráfego intenso de veículos e a densidade construída.
É objetivo deste trabalho, observar o comportamento microclimático, através de
medições in loco de temperatura e umidade, em duas situações de ocupação do solo,
presença de vegetação, porcentagem de áreas edificadas e pavimentadas, de modo a
relacionar as características da configuração urbana e as variações microclimáticas
locais.
A estrutura desta dissertação constitui-se de quatro etapas distintas, as quais
foram traduzidas em capítulos.
Na primeira etapa (Cap. 2) consta a revisão da literatura sobre climatologia
urbana e demais assuntos relacionados. Este capítulo forma a base conceitual da
dissertação e situa o trabalho no estado atual do conhecimento sobre clima urbano.
Na segunda etapa (Cap. 3) desenvolve-se a metodologia de pesquisa do
trabalho, cuja base conceitual foi formada através da análise e escolha de métodos
desenvolvidos na literatura técnica existente. São realizados a escolha de áreas
estudadas dentro da malha urbana de Maceió e o mapeamento destas; caracterização
em relação à estrutura urbana, em especial aos seguintes aspectos: gabarito e
ocupação do solo, características superficiais do solo – permeabilidade, cobertura
vegetal e corpos d’água, presença de objetos tridimensionais – edificações, elevações
e árvores. Nesta etapa consta ainda a escolha dos pontos de medição; a estratégia das
medições in loco e a elaboração de fichas bioclimáticas, de apoio à análise realizada.
Na etapa seguinte, (Cap. 4) são organizados e discutidos os resultados obtidos
nas medições, mapeamentos e caracterização das áreas em estudo.
Na última etapa que constitui o capítulo 5 constam as conclusões da
dissertação.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
23
É a partir da perspectiva da relação entre configuração urbana e microclima
local que se apóia a presente pesquisa, de modo a contribuir para o desenvolvimento
de projetos que promovam a qualidade do conforto ambiental. Afinal, a discussão a
respeito desta relação é fundamental para a compreensão do papel do arquiteto e
urbanista no processo de construção da cidade.
2.1 DEFINIÇÃO DE CLIMA
Existem várias definições para o termo “clima”, que se complementam e
tentam traduzir sua complexidade. ROMERO (2000), por exemplo, define que o
clima de um lugar pode ser considerado como a integração de uma série de
elementos que se verificam em escalas diferentes, abrangendo desde a macroescala
até a microescala.
2. REVISÃO DA LITERATURA
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
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O estudo do clima, ainda segundo ROMERO (2000), compreende tanto a
formação resultante de diversos fatores geomorfológicos e espaciais em jogo (sol,
latitude, altitude, ventos, massas de terra e água, topografia, vegetação, solo, etc),
quanto sua caracterização definida por seus elementos (temperatura do ar, umidade
do ar, movimentos das massas de ar e precipitações), torna-se, pois, importante para
a compreensão dos princípios e para o entendimento do que deve ser controlado no
ambiente a fim de se obter os resultados esperados durante o projeto.
GIVONI (1976) define ainda que o clima de uma dada região é determinado
pelo padrão das variações dos vários elementos e suas combinações, destacando que
os principais elementos climáticos que devem ser considerados no desenho dos
edifícios e no conforto humano são: radiação solar, comprimento de onda da
radiação, temperatura do ar, umidade, ventos e precipitações.
CABÚS (2002) completa as afirmações acima observando que o clima é uma
das identidades de um lugar. É a soma de todas as ocorrências meteorológicas na
atmosfera durante um longo período de tempo sintetizadas para uma determinada
localização. A combinação de características como latitude, altura acima do nível do
mar, proximidade de grandes massas de água e de montanhas, umidade do solo e a
natureza da vegetação podem criar incontáveis tipos climáticos.
Ao tratar de termos como: modificações climáticas em áreas construídas e
desenho de edifícios os autores começam a introduzir o conceito de clima urbano que
será melhor definido a seguir.
2.1.1 Caracterização do clima
O estudo do clima abrange a compreensão dos fatores e elementos que o
caracterizam. Existem fatores climáticos, que se dividem em globais e locais, e os
elementos climáticos que configuram o clima de cada região (Tabela 01). A
diferenciação feita por GOMES (1980) atribui aos elementos a função de definir o
clima e aos fatores a função de dar-lhes origem ou determiná-los.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
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Quadro 01 – Configuração do Clima
FATORES CLIMÁTICOS
GLOBAIS
Radiação Solar
Quantidade/Qualidade/Inclinação do eixo
terrestre/Equilíbrio térmico terrestre.
Latitude
Altitude
Ventos
Massas de água e terra
FATORES CLIMÁTICOS
LOCAIS
Topografia
Declividade/Orientação/Exposição/Elevação.
Vegetação
Superfície do solo
Natural ou Construído /Reflexão/
Permeabilidade
Temperatura/Rugosidade.
ELEMENTOS CLIMÁTICOS
Temperatura
Valores médios/Variações/Valores extremos
/Diferenças térmicas entre o dia e a noite.
Umidade do ar
Absoluta/Relativa/Pressão de valor.
Precipitações
Chuva/Neve (todo tipo de água que se
precipita da atmosfera).
Movimento do ar
Velocidade /Direção /Mudanças diárias e
estacionais
Fonte: Romero (2000)
2.1.1.1 Fatores Climáticos Globais
Determinam, Condicionam e dão origem ao clima. São eles: radiação solar,
altitude, latitude, longitude, ventos e massas d’água e terra.
Radiação solar
É a energia transmitida pelo sol sob a forma de ondas magnéticas. A energia
solar nas camadas mais altas da atmosfera contém certa quantidade de energia, que
varia em função da distância da terra ao sol e das atividades solares e cujo espectro é
constituído de ondas eletromagnéticas de diferentes comprimentos de onda, dividido
grosseiramente em três regiões: a ultravioleta, a visível e a infravermelha.
À medida que a radiação penetra na atmosfera terrestre, sua intensidade é
reduzida e sua distribuição espectral é alterada em função da absorção, reflexão e
difusão dos raios solares pelos diversos componentes do ar.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
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Uma parcela da radiação solar que penetra na atmosfera é refletida pela
superfície da terra ou pelas nuvens, outra é absorvida pelos níveis inferiores da
atmosfera, produzindo um aumento da temperatura do ar (ROMERO, 2000).
A absorção e a reflexão da radiação solar depende de alguns fatores da
superfície que a radiação irá incidir. As características da superfície como: cor,
material, textura irão influenciar na quantidade de energia absorvida e refletida. A
soma dos fluxos que incidem e refletem formam o fluxo total incidente. A
quantidade de radiação absorvida e refletida depende ainda do ângulo em que os
raios solares atingem a superfície sobre a qual incidem.
Altitude, latitude e longitude
A latitude, a longitude e a altura sobre o mar são as coordenadas que
determinam a posição de um ponto da superfície terrestre (ROMERO, 2000).
A latitude está relacionada à distância até linha do Equador. A temperatura
média do ar esfria-se paulatinamente para os Pólos, ou seja, a medida que aumentam
as distâncias até a linha do Equador. Mas, o esfriamento não é constante. As
isotermas não seguem rigorosamente os paralelos, existem outros fatores que
influenciam as temperaturas como: altura, ventos, correntes marinhas.
FITCH (1971), afirma que, quando a superfície do globo é absolutamente
uniforme em perfil e material, a correlação entre latitude e clima pode ser absoluta.
Mas esta situação não se verifica, já que a principal razão para os desvios do clima
numa dada latitude é a diferente capacidade de armazenagem de calor das massas de
água e de terra. Enquanto a água possui um calor específico alto, a acumulação de
temperatura é muito mais baixa que a da terra. Tem-se que o efeito de qualquer corpo
d’água sobre seu entorno imediato reduz as temperaturas extremas diurnas e
estacionais. As massas d’água possuem um pronunciado efeito estabilizador.
A altitude está relacionada ao nível do mar. Trata-se de um fator que exerce
grande influência sobre a temperatura do ar. Ao aumentar a altura, o ar está menos
carregado de partículas sólidas e líquidas, e são justamente estas partículas que
absorvem as radiações solares e as difundem aumentando a temperatura do ar.
Portanto, a medida que a altitude aumenta as temperaturas tendem a diminuir.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
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Maiores altitudes estão geralmente associadas a menores temperaturas do ar.
Na média, cada 100m a mais de altitude provoca uma queda de 0,6 ºC a temperatura.
Por outro lado, na ausência de ventos, o ar frio comporta-se como água, escoando
para os pontos mais baixos do relevo. Apesar de pouco acentuadas, as diferenças de
altitude provocaram alguma influência sobre as temperaturas máximas (RORIZ;
BARBUGLI, 2003).
Ventos
O vento é uma conseqüência direta das variações de pressão atmosférica.
Constitui-se, fundamentalmente, de correntes de convecção na atmosfera que tendem
a igualar o diferente aquecimento das diversas zonas. Na zona de máximo
aquecimento da terra (entre os trópicos de Câncer e Capricórnio) o ar se aquece, se
expande, diminui sua pressão, fica mais leve, sobe e se dirige às zonas mais frias das
camadas superiores, e conseqüentemente, camadas de ar frio vêm tomar o lugar do ar
que foi aquecido (BRANCO, 2001).
Além dos deslocamentos das massas de ar numa escala global, atuam também
no clima os ventos locais, provocados pelos diferenciais térmicos gerados pelas
características do relevo e presenças de terra e água.
Para o desenho urbano
2
, o interesse centra-se nos ventos locais, sendo preciso
conhecer somente como se processam os mecanismos do vento nas camadas mais
baixas da atmosfera (ROMERO, 2000).
É importante observar que dos dados meteorológicos, o vento é o mais
variável, tanto no curso do dia, como de um dia para o outro. Sendo muito complexo
a investigação deste fator climático.
Massas d’água e terra
2
No presente trabalho entende-se como desenho urbano a definição de Romero (2000), que relaciona o termo ao
desenho dos espaços que deve ser condicionado e adaptado às características do meio, tais como topografia,
revestimento do solo, ecologia, latitude, objetos tridimensionais e clima.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
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Sabe-se que existe grande influência das massas de água e terra no
comportamento climático de um lugar. A proporção entre as massas condiciona um
efeito característico na área.
Segundo ROMERO (2000), as massas d’água influenciam fortemente as
variações climáticas ao seu redor. As áreas ao redor de corpos d’água apresentam
climas estáveis e desvios mínimos de características climáticas.
Porém, as massas de terra possuem grandes diferenças de armazenagem de
calor, devido particularmente às características físicas do solo. As elevações possuem
também um impacto climático importante sobre as terras baixas das proximidades.
Geralmente forçam as massas de ar úmidas a subir e, neste processo, o ar esfriado
provoca a condensação. Como resultado, as massas de ar descarregam a maioria de
sua umidade (na forma de chuva, granizo ou neve) no lado mais quente da área.
O comportamento climático diferenciado entre as massas de terra e água pode
ser explicado pela diferença de capacidade de armazenamento de calor. A água
possui um alto calor específico, porém a acumulação de calor na terra é maior do que
na água.
2.1.1.2 Fatores Climáticos Locais
Os fatores climáticos locais determinam e dão origem ao microclima. Ou
seja, o clima verificado numa escala menor se referindo a uma cidade, bairro ou
qualquer área definida dentro de um contexto maior. Estes fatores são: topografia,
vegetação e superfície do solo natural ou construído.
Topografia
A forma da superfície terrestre afeta o clima de uma região. E a forma que
nos referimos aqui é a topografia, que é o resultado de processos geológicos e
orgânicos. As regiões acidentadas possuem os microclimas mais variados. A
orientação e sua declividade influenciam a absorção ou reflexão da radiação
recebida.
A força, direção e conteúdo da umidade dos fluxos de ar também estão muito
influenciados pela topografia. Os fluxos de ar podem ser desviados ou canalizados
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
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pelas ondulações da superfície terrestre. Na topografia devem ser consideradas a
declividade, a orientação, a exposição e a elevação das ondulações da superfície da
terra.
A relação entre topografia e altitude pode apresentar diferenças significativas
de temperatura e conseqüentemente influenciar outros fatores climáticos locais
(ROMERO, 2000).
Vegetação
A vegetação contribui de forma significativa ao estabelecimento dos
microclimas. Além da sombra, a vegetação também auxilia na umidificação do ar
através do vapor d’água que libera e ainda, segundo DUARTE; SERRA (2003),
exerce um efeito psicológico, melhorando o desconforto promovido pela poluição
sonora escondendo a fonte do ruído.
Em geral, a vegetação tende a estabilizar os efeitos do clima sobre seus
arredores imediatos, reduzindo os extremos ambientais. Ou seja, auxilia na
estabilização da temperatura do ar, absorve energia, filtra parte dos poluentes
contidos na atmosfera. Além de melhorar as condições de ventilação nas cidades.
Superfície do solo
As características da superfície do solo devem ser analisadas, primeiramente,
partindo de dois aspectos: o solo natural e o solo modificado pelas ações humanas.
O solo natural será avaliado quanto as suas características de potencial
hídrico, quantidade de areia e cascalho para possíveis drenagens, filtrações, erosões e
capacidade térmica. Estas informações irão determinar os índices de reflexão e
absorção da superfície do solo.
Porém, o solo que já sofreu alterações devido aos processos de urbanização
ou qualquer outra intervenção humana será avaliado quanto à natureza dos materiais
empregados e suas características quanto a absorção e reflexão de radiação solar e
calor, permeabilidade.
2.1.1.3 Elementos Climáticos
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
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Cada tipo de clima apresenta valores diferenciados relativos à temperatura,
umidade, precipitações e movimentos do ar. Estes valores são os chamados
elementos climáticos.
Temperatura
Uma das mais significativas expressões da alteração climática na cidade diz
respeito à elevação dos valores de temperatura. O desconforto promovido pelas
alterações de temperatura é mais perceptível ao ser humano do que outros aspectos
climáticos. Quando se trata de estudos na área de clima urbano, a temperatura é um
aspecto amplamente investigado. Afinal, as alterações microclimáticas urbanas
invariavelmente interferem nos valores da temperatura local.
A temperatura do ar é conseqüência de um complexo balanço energético onde
intervêm: a energia incidente e o coeficiente de absorção da superfície receptora; a
condutividade e a capacidade térmica do solo que determinam a transmissão do calor
por condução; e as perdas por evaporação, por convecção e por radiação.
Sendo assim, existe uma estreita relação entre configuração urbana e
temperatura. Uma vez que a forma e as características dos materiais constituintes da
malha urbana são responsáveis pela recepção, absorção e transmissão do calor.
Umidade do ar
Junto com a temperatura, a umidade do ar é outro elemento de clima com
decisiva influência nas condições de vida e conforto humanos (GOMES, 1970).
O estudo da umidade assume importância pelo fato desta atuar como agente
regulador térmico, absorvendo tanto a radiação solar como a radiação terrestre;
indica a potencialidade da atmosfera para produzir chuva logo acima da superfície;
atua sobre a capacidade de evaporação e evapotranspiração dos elementos do meio e
ajuda a enfrentar o problema da poluição atmosférica, retirando poluentes do ar por
meio de processos físicos conhecidos como remoção pela via úmida. Atua também,
como condicionante da vitalidade da vegetação; age sobre o período de floração;
influi para o predomínio de determinadas espécies e, contribuindo para retirada de
poluentes do ar, ajuda a diminuir a quantidade de fuligem que recobre as folhas,
favorecendo o processo normal de fotossíntese, além de ser determinante para o
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
31
conforto térmico urbano e conseqüentemente dos seres vivos (DORIGHELLO,
2001).
A umidade contida no ar é o resultado da evaporação da água contida nos
mares, rios e terra e também proveniente do processo de evapotranspiração das
plantas. Pode ser expressa de duas maneiras: umidade absoluta e umidade relativa do
ar.
A umidade relativa varia nas diferentes horas do dia e épocas do ano. Isto é
devido às mudanças diurnas e anuais na temperatura do ar, que determina, a
capacidade potencial do ar em conter determinada quantidade de vapor d’água.
Na maior parte dos trópicos úmidos, a umidade é próxima do ponto de
saturação à noite, mas diminui rapidamente durante o dia. As variações sazonais são
igualmente marcantes, sendo mais altas na estação úmida e mais baixas na estação
seca. O vapor de pressão normalmente excede 25mb e os níveis da umidade relativa
são geralmente acima dos 80% (CABÚS, 2000).
Precipitações
A evaporação das águas de superfície leva à formação de nuvens que
redistribuem a água na forma de chuva ou outras precipitações; esta água flui através
dos córregos, rios e outros e volta para o oceano, completando o ciclo hidrológico.
As precipitações se dão a partir da condensação do vapor d’água na
atmosfera, na forma de nuvens. Existem três tipos de precipitações: convencional,
orográfica e convergente.
A precipitação convencional começa a partir das massas carregadas de
umidade ascendentes que foram aquecidas pelo contato com superfícies quentes, e
usualmente se precipita em pesados chuviscos de curta duração.
A precipitação orográfica se origina em massas de ar que foram
impulsionadas a elevar-se sobre as declividades das montanhas pelo gradiente de
pressão. A precipitação é maior no barlavento da montanha e diminui na declividade
oposta a partir da cumeeira. Assim, uma cumeeira pode delimitar a divisão entre
diferentes tipos de clima.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
32
A precipitação convergente acontece quando a elevação das massas de ar se
dirige para as zonas de baixa pressão ou frentes: numa frente tropical, duas correntes
de ar convergente têm características similares, e sua ascensão simultânea e rápida dá
origem ao aguaceiro.
Em relação ao que ocorre com as precipitações na malha urbana,
LANDSBERG (1962) constatou como sendo de 5% a 10% maior o total das
precipitações na cidade que no campo, também em função das correntes ascendentes
urbanas (ilhas de calor).
Movimento do ar
O ar se movimenta horizontal e verticalmente. O movimento horizontal é
originário das diferenças térmicas num sentido global do planeta e num sentido local
das diferenças de temperatura em terra firme: vale/montanha, cidade/ Campo.
O deslocamento vertical se dá dentro da troposfera (camada inferior da
atmosfera) em função do perfil de temperatura que se processa (ROMERO, 2000).
É possível observar algumas mudanças significativas dos elementos
climáticos causadas pela urbanização através da tabela 02 elaborada por
LANDSBERG (1981).
Quadro 02 – Elementos Climáticos
Elemento Comparação com o entorno rural
Radiação
Global
Duração do brilho do sol
15 a 20% menos
5 a 15% menos
Temperatura
Média anual
Mínimo no inverno (média)
Dias de maior calor
0,5 a 1ºC mais
1 a 2ºC mais
10% menos
Contaminantes
Partículas e núcleos de condensação
Misturas gasosas
10 vezes mais
5 a 25 vezes mais
Velocidade do vento
Média anual
Rajadas de vento máximo
Calmaria
20 a 30% menos
10 a 20% menos
5 a 20% mais
Precipitação
Totais
Dias com menos de 5mm
5 a 10% mais
10% mais
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
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Atmosfera
Cobertura do sol
Nevoeiro, inverno
Nevoeiro, verão
5 a 10% mais
100% mais
30% mais
Umidade relativa
Inverno
Verão
2% menos
8% menos
Fonte: Romero (2000)
2.2 CLIMA URBANO: HISTÓRICO E DEFINIÇÕES
Não é de hoje que o homem percebe que as modificações ocorridas nas
cidades são conseqüência da má utilização dos recursos naturais e da má adaptação
da cidade às características naturais do lugar.
Ainda no século I d.C., o arquiteto romano Vitrúvio aconselhava seus
contemporâneos a darem atenção especial ao sol e aos ventos ao projetar novas
cidades nas províncias. “Os construtores das cidades antigas reconheciam os
benefícios da adaptação da forma urbana às condições climáticas” (SPIRN, 1995).
Porém, os estudos sobre climatologia urbana só iniciaram no século XIX,
quando o climatologista Luke Howard publicou o trabalho intitulado “The Climate of
London deduced from meteorological observations” (O clima de Londres deduzido
de observações meteorológicas) em 1833. Este começo foi consolidado com o
trabalho de Chandler, “The Climate of London” (O Clima de Londres), publicado
trinta anos mais tarde. Os estudos se multiplicaram nas cidades industrializadas da
Europa Ocidental e depois na América do Norte. Mais tarde vieram os estudos de
Munford e de Landsberg. Depois destacaram-se o meteorologista americano Robert
Borstein e o sueco Roger Taesler.
Nas regiões tropicais e subtropicais surgiram os primeiros trabalhos, somente
nos anos de 1970. Na década de 1980 aconteceram importantes conferências sobre
climatologia urbana aplicada às regiões tropicais. Estes eventos se tornaram mais
freqüentes nos anos 90 e se realizam até hoje.
Atualmente, as pesquisas sobre clima urbano estão consolidados e
concentrados particularmente nos estudos dos fatores urbanos que modificam os
principais elementos do clima. Têm-se estudado como a intensidade e as
características dessas modificações são diferentes, quer de acordo com a cidade
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
34
como por inteiro, ou nos diferentes elementos que a consiste: sistema viário,
densidade e tipos de construções, etc. (GOMEZ, 1998).
Ao longo do tempo com o surgimento e desenvolvimento de centros urbanos
percebeu-se que ao construir e ocupar as cidades, o homem interfere
significativamente sobre seu ambiente climático. Dependendo de suas decisões, os
resultados dessa interferência serão favoráveis ou prejudiciais à vida. Os micro-
climas provocados pela ação humana podem ser extremamente desconfortáveis e,
para restabelecer o conforto, geralmente são desperdiçados preciosos recursos
energéticos (RORIZ ; BARBUGLI, 2003).
Não é difícil constatar que as áreas urbanas têm apresentado incontáveis
problemas relacionados ao meio ambiente, sobretudo devido ao seu crescimento
desordenado e à ausência quase completa de planejamento na orientação de seu
desenvolvimento. Só muito recentemente é que o clima tem se configurado como
elemento do planejamento urbano, principalmente a partir do momento em que a
poluição gerada em tais ambientes, e sua estreita ligação com a dinâmica
atmosférica, passou a chamar a atenção dos planejadores (MONTEIRO;
MENDONÇA, 2003).
Estas modificações climáticas ocorridas nas cidades ao longo de séculos de
intervenção humana configuram-se em inter-relações que se verificam em múltiplos
níveis; por exemplo, o clima afeta diretamente espaços construídos e o homem, e
estes, por sua vez, modificam o clima. O clima urbano é a modificação do clima
local pelo homem.
SPIRN (1995), afirma que a cidade é uma transformação da natureza, feita
pelos homens, para servir às suas necessidades. A natureza na cidade é muito mais
que árvores e jardins, é o ar que respiramos, o solo que pisamos, água que bebemos,
é uma brisa noturna. A cidade é a conseqüência de uma complexa interação entre os
múltiplos propósitos e atividades dos seres humanos e dos outros seres vivos.
BRAGA (2002) afirma também que um correto entendimento do
funcionamento dos ecossistemas naturais é fundamental para o processo de planejar e
projetar cidades. Uma vez que o ecossistema da cidade envolve variáveis ambientais
que modificam – e também são modificadas – as características físicas desse espaço
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
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urbano. Estes termos referem-se ao clima e a forma urbana que definem uma
infinidade de combinações no espaço e no tempo.
Porém, a crescente urbanização das nossas cidades traz consigo uma
complexidade cada vez maior, o que torna difícil a apreensão de sua estrutura como
um todo. Não há o projeto da cidade, mas o projeto de cada lote, de cada espaço de
maneira individual, resultando em um urbanismo estanque, que progressivamente
divide, segrega, contrasta. (ROMERO et al, 2004)
Sendo assim, ao se analisar os problemas urbanos em geral, pode-se inferir
que as atividades e práticas humanas podem criar um ecossistema próprio, distinto do
natural, cuja peculiaridade é a cada dia, o consumo elevado dos recursos naturais,
gerando poluição, degradação e extinção de características ambientais importantes
(GONÇALVES, 2003).
É essencial que os estudos sobre clima urbano se intensifiquem cada vez mais
com o intuito de promover a disseminação de práticas ambientais que visem o
conforto ambiental numa escala a nível global. HOUGH (1998), alerta que a
preocupação exclusiva com o microclima interior nega o papel condicionante
climático ao espaço exterior, e os microclimas urbanos cada vez mais insalubres
geram maior confiança nos microclimas interiores controlados.
Com a mesma preocupação de HOUGH; KATZSCHNER (1997), propõe
uma estrutura de integração entre as escalas climáticas e as de planejamento urbano
como um meio de viabilizar a tradução dos aspectos do clima urbano para uma
linguagem de planejamento.
Sendo assim, o estudo do conforto ambiental deve ultrapassar as fronteiras do
lote e chegar ruas, bairros e cidades. Ou seja, o estudo climático deve permear desde
o projeto do edifício até o planejamento urbano.
Outro ponto importante na relação entre planejamento urbano e conforto
ambiental é a noção de qualidade ambiental, que é complexa, não só por ser de
ordem material, social e psicológica ao mesmo tempo, mas também porque se
apresenta como um conjunto de anseios pessoais. Assim, condições materiais, como
moradia e serviços básicos, estão acompanhadas, na prática, pela disponibilidade de
condições sociais como: emprego, abastecimento, lazer. O conforto ambiental
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
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36
geralmente não está inserido, conscientemente, na noção de qualidade ambiental
urbana.
Ainda sobre a noção de qualidade ambiental, ALVA (1997), propõe que esta
seja examinada a luz de certos indicadores de bem-estar material, social e
psicológico, mas teria que se reconhecer, logo de saída, que os valores que
qualificarem esses indicadores devem ser compartilhados por conjuntos
significativos de indivíduos da mesma comunidade territorial. Alva quer dizer que a
qualidade ambiental é um conceito local, válido dentro de contextos culturais
definidos, como acontece nos bairros.
Se a hipótese acima for correta, não existe, portanto, qualidade ambiental
média para conjuntos heterogêneos; a qualidade ambiental de uma cidade grande
sendo, então, a soma de qualidades ambientais de seus diferentes bairros.
Neste caso, a morfologia do tecido urbano, isto é, a forma da cidade, as ruas
os lotes, o tamanho dos espaços públicos, devem ser projetados de modo a
amenizarem as condições climáticas, isto é, suas características devem obedecer a
princípios de desenho urbano adequados ao clima local (BRANCO, 2001).
ROMERO (2000) ainda destaca que as concepções bioclimáticas
3
podem ser
aplicadas ao espaço urbano, de forma que os ambientes urbanos resultantes possam
transformar-se em “filtros” dos elementos do clima adversos às condições de saúde e
conforto térmico do homem; afirma também que todo o repertório do meio ambiente
urbano (edifícios, vegetação, ruas, praças e mobiliário urbano) deve conjugar-se com
o objetivo de trazer às exigências de conforto para as práticas sociais do homem.
Porém, ASSIS (1997) já constatava que apesar dos avanços da ciência e da
tecnologia no conhecimento do clima e do reconhecimento da importância de estudos
climáticos na elaboração dos planos para as cidades, constata-se que ainda muito
pouco do conhecimento disponível da climatologia urbana tem sido usado no
planejamento, com poucas e notáveis exceções.
A elaboração e Implementação de planos como orientadores das atividades
humanas é o melhor caminho para o desenvolvimento objetivo da sociedade.
Experiências efetivadas nos mais diferentes países e sob os mais diferentes regimes
3
Segundo ROMERO (2001), no conceito de arquitetura bioclimática o edifício é um filtro de fluxos energéticos
que permite uma interação apropriada entre o ambiente externo e o interno.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
37
têm produzido inúmeros exemplos, sendo observável que o progresso tecnológico
tem possibilitado sua aplicação cada vez em maior escala mesmo se, de maneira
geral, o enfoque econômico ainda suplanta largamente o social.
2.2.1 Microclima
A informação climática deve ser considerada em três níveis: macroclima,
mesoclima e microclima. Para a presente dissertação o nível de estudo é o
microclima. Porém, os outros dois conceitos mais abrangentes também são de
fundamental importância para situar o estudo microclimático em questão.
Os dados macroclimáticos são obtidos nas estações meteorológicas e
descrevem o clima geral de uma região, dando detalhes de insolação, nebulosidade,
precipitações, temperatura, umidade e ventos. Os dados mesoclimáticos, nem sempre
de fácil obtenção, informam as modificações do macroclima provocadas pela
topografia local como vales montanhas, grandes massas d’água, vegetação ou tipo de
cobertura de terreno como, por exemplo, salitreiras. No microclima são levados em
consideração os efeitos das ações humanas sobre o entorno, assim como a influência
que estas modificações exercem sobre a ambiência dos edifícios (ROMERO, 2000).
Cada cidade ou bairro, dentro da mesma cidade, pode ter seu próprio clima,
denominado microclima, ligeiramente diferente do clima da região (macroclima)
onde está inserido. Usualmente, as estações meteorológicas descrevem o macroclima
e, constitui-se em guia útil para sua caracterização. As condições climáticas, porém
podem variar consideravelmente, a pequenas distâncias do ponto de observação, em
função de alterações locais (KOENIGSBERGER et al, 1977).
As diferenças nas formas físicas da cidade, que envolvem orientação,
composição, alturas, conglomerados de edifícios, densidades, proximidades ao centro
da cidade ou à sua periferia, assim como a intensidade das atividades humanas, criam
pacotes de microclimas urbanos na cidade. Logo, cada parte da cidade possui
características térmicas diferentes (GOLANY, 1996).
É preciso então estabelecer relações entre os microclimas e os indivíduos.
Afinal a cidade é viva e os indivíduos é que sofrem os efeitos microclimáticos ao
mesmo tempo em que também são responsáveis por suas alterações.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
38
SILVA et al (2004) analisa que a interação do homem com o microclima não
se dá de modo passivo, pois o ser humano estabelece continuamente trocas com o
ambiente, para obter um adequado equilíbrio térmico, que por sua vez é um dos
requisitos básicos à saúde, ao bem-estar e ao conforto. O equilíbrio depende dos
efeitos combinados de vários fatores, alguns relativos ao ambiente e outros ao
próprio indivíduo.
Os principais fatores relativos ao ambiente são a umidade, a temperatura do
ar, o vento e as radiações e, em princípio, podem ser considerados para a descrição
do conforto ambiental para os usuários dos ambientes externos.
Já os fatores relativos ao corpo humano são dois mecanismos de regulação
térmica como resposta às condições externas: um fisiológico e outro
comportamental. As variáveis humanas que mais diretamente interferem na análise
do conforto são: o tipo de atividade, a massa corpórea, a transpiração, a vestimenta e
o metabolismo (SILVA et al. 2004).
Segundo BITAN (1992), o termo qualidade climática do ambiente urbano
significa o uso correto dos elementos climatológicos e sua integração em diferentes
níveis de planejamento e construção, contribuindo assim para melhorar os
microclimas dos espaços internos e externos.
Portanto, a identificação e estudo dos microclimas urbanos permitem uma
compreensão maior acerca das variações climáticas locais e sua relação com a
configuração urbana.
2.3 ASPECTOS DA FORMA URBANA E SUAS INFLUÊNCIAS NO CLIMA
URBANO
Muitos pesquisadores já estudam a influência da forma urbana na alteração do
microclima, uma vez que suas características condicionantes introduzem
modificações no desempenho do clima como um todo.
A intensidade das modificações introduzidas pela forma urbana no clima,
com conseqüentes efeitos sobre o homem, está subordinada às características da
forma urbana que são condicionantes do clima urbano, ao conjunto de suas relações e
ao clima pré-existente ou potencialmente semelhante ao da área rural do entorno
urbano.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
39
OLGYAY (1968), define forma urbana como o produto das relações
estabelecidas pelo homem: entre a morfologia da massa edificada e a morfologia dos
espaços exteriores de permanência e circulação; e entre essas e a morfologia do solo /
paisagem.
A morfologia dos espaços exteriores de permanência e circulação compõem-
se dos espaços do estar urbano (pavimentados ou com cobertura vegetal) e da rede
viária para circulação de veículos e pedestres.
A morfologia do solo / paisagem é definida pela topografia e pelas
características do solo quanto à sua aptidão para ocupação agrícola, florestal,
pastoril, edificatória, etc.
Quanto à morfologia da massa edificada, sua caracterização passa pela
definição tipológica dos edifícios, das formas de agregação dos edifícios e do modo
como se estabelece o acesso quer dos edifícios ao espaço exterior, quer entre os
espaços exteriores situados entre conjuntos edificados.
Quanto às mudanças no clima urbano, GIVONI (1998) destaca que os
principais fatores destas mudanças são a localização da cidade dentro da região, o
tamanho das cidades, a densidade da área construída, a cobertura do solo, a altura dos
edifícios, a orientação e a largura das ruas, a divisão dos lotes, os efeitos dos parques
e áreas verdes e detalhes especiais do desenho dos edifícios.
A cidade atua como fator modificador do clima regional e cria condições
especiais concretas que se pode definir como clima urbano. A atividade humana
gerida no contexto da cidade, como a intensidade de veículos, a concentração
industrial, o adensamento de edificações, processo de verticalização, e o asfalto de
ruas e avenidas, a diminuição de áreas verdes, criam condições específicas de
padrões de uso do solo urbano.
A parcela armazenada no balanço energético local é substancialmente
modificada com a urbanização, com o desenvolvimento de um perfil urbano pouco
adequado à dissipação de calor, bem como com o aumento da quantidade de massa
passível de armazenar energia térmica (SANTOS, 2003).
O clima urbano, portanto, concretiza-se considerando a comparação da cidade
com seu entorno próximo e como também pelas diferenças objetivas das feições
identificáveis no contexto interno da cidade; tanto pelas características topográficas
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
40
do sitío quanto pelas diferenças produzidas pela estrutura urbana. (LOMBARDO,
1997).
Segundo analisa SPIRN (1995), a potencialidade que tem o ambiente natural
tem de contribuir para uma forma urbana mais diferenciada, memorável e simbólica
é desconsiderada e desperdiçada. As soluções não precisam ser abrangentes, mas o
entendimento do problema sim. A natureza na cidade deve ser cultivada e integrada
com vários propósitos dos seres humanos; mas primeiro precisa ser reconhecida, e
seu poder de conformar os empreendimentos humanos avaliado.
OLIVEIRA (1988), observa também que a forma urbana possui
características que são condicionantes do clima urbano: rugosidade e porosidade,
densidade construída, tamanho (horizontal e vertical), ocupação do solo, orientação,
permeabilidade do solo e propriedades termodinâmicas dos materiais constituintes,
além da presença de massas d’água e do efeito dos espaços livres e das áreas verdes.
2.3.1 Rugosidade e Porosidade
Segundo OLIVEIRA (1988) o grau de rugosidade da forma urbana depende
de três principais elementos: diversidade de alturas das edificações, índice de
fragmentação das áreas construídas e do diferencial de alturas encontradas.
A superfície urbana apresenta um aspecto mais rugoso que as superfícies não
construídas, acarretando uma maior fricção entre a superfície e os ventos que a
atravessam. Ao mesmo tempo, as superfícies das edificações atuam como refletoras e
radiadoras que, em seu conjunto, aumentam os efeitos da radiação incidente
(ROMERO, 2001).
Quanto a porosidade, esta se refere ao espaçamento entre as edificações e/ou
arranjos morfológicos e está relacionada com a maior ou menor permeabilidade aos
ventos que o tecido urbano pode apresentar. A análise deste atributo tem como base:
o tipo de trama, a orientação da trama quanto aos ventos dominantes e a continuidade
da trama (VIDAL, 1997).
A diminuição da porosidade da malha urbana em conseqüência da redução
dos afastamentos mínimos (recuos) entre o edifício e o limite do lote e
conseqüentemente entre os edifícios, e o aumento do gabarito das edificações
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
41
reduzem a velocidade dos ventos, prejudicando a ventilação e aumentando a
temperatura.
BITTENCOURT et al. (1997) também constatam que os recuos maiores,
além de facilitar a circulação do vento na área urbana, aumentam o potencial de uso
da iluminação natural, reduzindo a carga térmica da iluminação artificial.
Com o propósito de melhorar o nível de conforto no meio urbano
MARQUES; ARAÚJO (2004) propõem algumas medidas relacionadas aos aspectos
de rugosidade e porosidade, tais como: controlar o gabarito, visto que em simulações
os modelos que possuíam maiores alturas em relação ao nível do solo apresentaram
menores médias das velocidades dos ventos, determinar que no caso de edificações
superiores a cinco pavimentos, a torre deve ter ocupação inferior aos 50%,
estabelecidos atualmente.
Com isso, estimular-se-á uma ocupação com variação de rugosidade e
porosidade, instrumento para aumentar a velocidade dos ventos no nível do solo;
diminuir ou estabelecer em, no máximo, a taxa de ocupação em 50% para terrenos de
500,00m², que sofrerá um aumento ou redução progressiva de acordo com a
diminuição ou aumento da área do terreno respectivamente, provocando assim uma
variação da porosidade; promover a variação da rugosidade através da permissão de
um maior gabarito, contanto que não extrapole o limite estabelecido pela linha visual
imaginária, em contrapartida a um melhoramento ambiental em seu entorno
imediato; tornar a malha urbana mais porosa, aumentando as dimensões dos recuos
(mínimos e adicionais) e incentivar o uso de pilotis ou de pavimentos intermediários
vazados, propiciando assim uma melhor ventilação natural na malha urbana, pois
esta é uma das melhores formas de se evitar a formação das ilhas de calor.
2.3.2 Densidade construída
Diferentes densidades construídas na cidade afetam os microclimas e pelo seu
efeito cumulativo, determinam a modificação do clima regional pela urbanização. É
conveniente, então, substituir o parâmetro “população” usado em alguns modelos
para tratar os fenômenos climáticos urbanos por densidade construída, por esta
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
42
apresentar uma relação mais causal forte com o aquecimento urbano, e por ser mais
permanente e relativamente fácil de ser qualificada (DUARTE; SERRA, 2002).
A densidade de área construída resulta de características independentes do
desenho urbano, que afetam o clima das cidades, quais sejam: taxas de ocupação da
área construída, distâncias entre edificações e alturas médias dos edifícios. Os efeitos
de um certo nível de densidade de área construída dependem, em grande parte, de
detalhes da estrutura urbana como tamanho e forma da edificações e posição relativa
entre as mesmas (GIVONI, 1998).
GIVONI (1992) observa que para um clima quente-úmido, por exemplo, as
melhores condições de conforto existem quando a densidade é obtida com edifícios
altos e estreitos (torres), colocados tão distantes um do outro quanto seja conveniente
com a densidade dada.
2.3.3 Tamanho da cidade (horizontal e Vertical)
O tamanho da cidade influi na quantidade de fontes produtoras de calor e de
poluentes, isto é, o calor produzido é proporcional ao tamanho da estrutura urbana
(SANTANA, 1999).
A altura dos edifícios em relação à largura da rua deve permitir que a luz do
sol atinja a rua no meio da manhã, de forma a dissipar as inversões térmicas locais no
nível da rua e permitir a penetração das brisas para dispersarem e diluírem os
poluentes (SPIRN, 1995).
Estudos realizados na cidade de Maceió por BITTENCOURT (1997)
concluem que a elevação da altura dos edifícios combinada à redução na taxa de
ocupação do lote permite melhor distribuição do fluxo de ar, tanto nos ambientes
internos quanto externos.
Desse modo, é necessário que a cidade tenha um tamanho tanto horizontal
como vertical equilibrado. Ou seja, a distribuição das estruturas verticais é mais
adequada do que seu adensamento em uma única área. Assim como a monotonia do
tecido quanto a altura dos edifícios também é prejudicial a circulação dos ventos.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
43
2.3.4 Ocupação do solo
Vários são os estudos que tratam do uso e ocupação no solo urbano, sob
diferentes enfoques. Os trabalhos realizados por LEFEBVRE (1972), HARVEY
(1980), OLIVEIRA (1983) e KOHLSDORF (1979) destacam o fato de que no solo
se realizam processos sociais que possuem certas funções autônomas, que moldam o
modo de vida de um povo, afetando o desenvolvimento das relações sociais e a
organização da produção. O solo urbano, sendo um objeto real, concreto, apresenta
uma natureza dinâmica, fruto da prática nele desenvolvida (ROMERO, 2000).
Desse modo, o estudo do uso e ocupação do solo nas cidades é um
instrumento de análise da forma urbana e conseqüentemente das variações das
características climáticas.
NERY et al (2003) confirmam a existência de uma relação entre os valores
das médias das temperaturas e os padrões de ocupação. Os padrões de ocupação com
maior densidade tendem a possuir as maiores médias de temperatura, enquanto que
os padrões de ocupação com menores taxas tendem a possuir as menores médias.
Conclui ainda o quanto seria conveniente que o planejamento urbano, de posse dessa
informação, definisse com base em critérios climáticos, novos padrões de ocupação
que implicassem em uma nova condição térmica.
Ainda sobre a ocupação do solo, GONÇALVES (1994) afirma que, se por um
lado, o loteador tem algum interesse no melhor aproveitamento do solo em termos de
área construída, a administração pública corrobora esse interesse, à medida que,
quanto maior a área construída, maior a arrecadação de impostos e menores os custos
de manutenção pela redução no número de áreas verdes.
2.3.5 Orientação
A relação da orientação e o estudo em clima urbano está mais relacionada a
orientação das ruas. Ou seja, o traçado urbano pode determinar a melhor orientação
dos lotes e em conseqüência o aproveitamento mais racional da radiação solar e dos
ventos tanto no edifício como na malha urbana.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
44
As ruas devem ser projetadas com o objetivo de promover eficiente
circulação de veículos e pedestres e dispersar os poluentes atmosféricos através de
uma boa circulação do ar (SPIRN, 1999).
Segundo ROMERO (2000), nos climas quentes e úmidos, a orientação das
ruas deve procurar a sombra que permite a permanência no espaço público, pode ser
obtida quando é lançado o traçado ou através da introdução de elementos que
proporcionem este fator fundamental nas regiões tropicais. Os elementos podem ser a
vegetação, os portais, as marquises, o alargamento de determinados trechos, as
dimensões diferenciadas das calçadas.
É favorável que a orientação ofereça espaços ensolarados e espaços
sombreados; se acompanhada de vegetação no lado poente, auxilia
consideravelmente a permanência no lugar ou o simples percurso do pedestre.
2.3.6 Permeabilidade do solo
O processo de urbanização, como já se sabe, modifica as feições naturais de
um lugar, principalmente, do solo. Tornando-o a maioria das vezes impermeável
devido à introdução de materiais como pedra, cimento e asfalto.
É importante salientar que o processo de urbanização é o principal fator
responsável pela alteração da superfície do solo natural. A substituição da cobertura
natural por construções e áreas pavimentadas altera significativamente os
microclimas.
2.3.7 Propriedades termodinâmicas dos materiais constituintes
É geralmente perceptível a influência que o tipo de revestimento do solo
exerce sobre o clima urbano. Neste sentido, as principais características destes
revestimentos são seus coeficientes de absortância da radiação solar (função das
cores: as mais escuras absorvem mais radiação), suas capacidades de armazenar calor
(inércia térmica) e seus índices de impermeabilidade. Nas cidades brasileiras tem-se
observado um aumento preocupante de revestimentos escuros e impermeáveis como:
asfalto, por exemplo (RORIZ; BARBUGLI, 2003).
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
45
Os materiais das superfícies urbanas têm usualmente grande capacidade
calorífica, seu potencial de estocar calor é maior que o das superfícies rurais, e,
portanto, é maior seu potencial de aumentar a temperatura noturna do ar através da
radiação do calor líquido acumulado (ASSIS, 1997).
Os revestimentos artificiais de urbanização interferem decisivamente no
clima. Em geral, as zonas urbanizadas têm temperatura mais elevada e amplitudes
térmicas mais acentuadas que a região circundante não urbanizada
(SANTAMOURIS, 1997).
Já as características naturais dos terrenos tendem a moderar as temperaturas
extremas e estabilizar as condições climáticas devido, principalmente, às qualidades
refletoras das superfícies (LYNCH, 1980).
LOMBARDO (1985), destaca que a cidade possui fontes adicionais de calor
de caráter antropogênico, sendo constituída de materiais bons condutores térmicos e
com grande capacidade calorífica sendo capaz de provocar alterações na composição
da atmosfera. Por isso define o clima urbano como uma modificação substancial de
um clima local, ou seja, um sistema que abrange o clima de um dado espaço terrestre
e sua urbanização.
2.3.8 Presença de massas d’água
O efeito de qualquer corpo de água sobre seu entorno imediato reduz as
temperaturas extremas diurnas e estacionais; grandes massas de água possuem um
pronunciado efeito estabilizador (ROMERO, 2000).
O fato do calor específico da água ser cerca do dobro do calor específico do
solo, faz com que as terras se aqueçam e se resfriem duas vezes mais depressa que os
mares. Por outro lado, os mares têm uma maior capacidade de armazenar calor que
as terras e desempenham importante papel de estabilizador térmico. A evaporação
das águas dos mares, além de consumir calor, cria uma camada de ar úmido sobre
sua superfície que absorve e retém parte da radiação solar. Como conseqüência
dessas diferenças tem-se que, globalmente e em valores médios, a temperatura do ar
sobre os mares é superior à do ar sobre as terras (BRANCO, 2001).
O tamanho e a temperatura da massa d’água e a época do ano são fatores
importantes para a modificação das temperaturas locais. Em média, as temperaturas,
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
46
tanto mínimas quanto máximas, são modificadas fortemente quando mais perto da
costa do que em lugares mais afastados dela.
As diferenças de comportamento térmico e de temperatura entre as terras e os
mares dão origem também a movimentos de ar, por exemplo, os regimes de
monções, e nas zonas intertropicais e subtropicais a alternância de brisas terra-mar
durante a noite e mar-terra durante o dia.
Existe uma forte relação entre a amplitude térmica e a presença de água ou
vegetação, onde se constatou que nas proximidades destes fatores esta amplitude
tende a ser menor.
A presença de corpos d’água tem participação relevante na modificação do
efeito de ilha de calor nas cidades, devido às grandes diferenças no balanço
energético entre superfície urbana e superfície de água (DUFNER et al., 1993). Em
padrões diferenciados de uso do solo, a proximidade do oceano assume importância
sobre as variações de temperatura na cidade (SAMPAIO, 1981). É evidente, ainda, o
efeito positivo de massas d’água em áreas urbanas no microclima de áreas
vizinhas,melhorando a qualidade climática dessas regiões (MURAKAWA; SEKINE;
NARITA, 1990).
BARBIRATO et al (2002) destacam a influência do entorno imediato nos
microclimas diferenciados, comprovando o efeito amenizador de grandes massas
d’água e o sombreamento propiciado pela vegetação e ou pelas próprias massas
edificadas, além do efeito de canalização da ventilação resultante da configuração
das edificações no espaço urbano.
Em pesquisas realizadas na cidade de Maceió por Barbosa &
Barbirato(2000); Barbirato et al (2002), mostram que a proximidade de grandes
massas d’água – Lagoa e Mar – provoca maiores temperaturas durante o início da
manhã e menores temperaturas durante o período vespertino e noturno ocasionando,
desta forma, menor amplitude térmica nos recintos que a margeiam.
2.3.9 Efeitos dos espaços livres e áreas verdes
O conforto térmico e, conseqüentemente, o conforto ambiental urbano estão
intrinsecamente ligados à qualidade de vida e do meio ambiente. Nas cidades, a
qualidade ambiental é, em parte, preservada pelos índices urbanísticos de densidade
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
47
de área construída e de preservação de áreas verdes. As áreas verdes contribuem em
muitos aspectos para a qualidade do meio ambiente urbano e têm grande impacto nas
condições de conforto ambiental, especialmente em locais com características
climáticas acentuadas. Além de contribuir para o microclima das cidades, a
vegetação urbana tem influência no comportamento social, na poluição do ar, no
amortecimento no nível de barulho, na estética das cidades, etc (GIVONI, 1998).
A presença de espaços livres na malha urbana contribui para uma melhor
movimentação do ar, transformando as condições de salubridade. Estas áreas, quando
tratadas adequadamente, desempenham um papel importante para cidade, pois além
de constituírem zonas de amenização do clima, cumprem funções sociais, culturais e
higiênicas (CAVALCANTE; VELOSO, 2001).
Segundo ROMERO (2000), a vegetação contribui de forma significativa para
o estabelecimento de microclimas. O próprio processo de fotossíntese auxilia na
umidificação do ar, por meio do vapor d’água que libera. Ao umidificar o ar, a
vegetação provoca “resfriamento evaporativo”, processo resultante da evaporação da
água da vegetação no ar, que diminui a temperatura e aumenta a umidade do mesmo.
Em geral a vegetação tende a estabilizar os efeitos do clima de seu entorno,
reduzindo os extremos das variáveis ambientais. Além de auxiliar na diminuição da
temperatura do ar, a vegetação absorve energia e favorece a manutenção do ciclo
oxigênio-gás carbônico, essencial à renovação do ar. (DIMOUDI;
NIKOLOPOULOU, 2003).
Nos centros urbanos, superfícies verdes são indispensáveis na prevenção de
situações de desconforto, de gastos energéticos com a climatização de edifícios e do
efeito urbano de “ilha de calor” (NIACHOU, 2001).
As áreas verdes provocam o aumento da umidade relativa do ar e, ao lado da
redução da radiação solar, pelo sombreamento das árvores, contribuem para redução
da temperatura do ar. Esse fenômeno é mais significativo quando se trata de grandes
superfícies verdes urbanas, permitindo até mesmo a formação de “ilhas de frescor”
dentro do microclima urbano (GARCIA, 1999).
Os estudos na área da climatologia urbana identificam que a qualidade,
quantidade e forma de uso dos espaços públicos urbanos são determinadas em grande
parte por suas condições microclimáticas, e que aspectos como o tipo de superfície,
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
48
geometria do espaço e a presença ou não de vegetação, são importantes para a
determinação de sua qualidade bioambiental (LEVERATTO, 1999).
De forma geral, recomenda-se que a cidade recupere as suas áreas verdes ao
invés de deixar que o processo de ocupação as destrua, recomenda-se o afastamento
entre as edificações de modo a permitir a ventilação e a perda de calor pelas
superfícies, bem como ampliar a arborização da cidade (RORIZ; BARBUGLI,
2003).
Conforme HIGUERAS (1997), árvores e outros tipos de vegetação são os
elementos mais completos para adaptar e proteger os espaços livres, para manter o
equilíbrio do ecossistema urbano e favorecer a composição atmosférica, a velocidade
do ar ou a umidade ambiental. Por sua função fisiológica, liberam umidade ao
ambiente, da água absorvida por suas raízes: um metro quadrado de bosque libera
500 kg de água por ano. No verão, são reduzidas as temperaturas no ambiente
circundante à vegetação, em proporção equivalente ao calor latente necessário para
evaporar a água transpirada.
Quanto a proporção e distribuição da vegetação em áreas urbanas, GIVONI
(1998), SPIRN (1995), HONJO e TAKAKURA (1991) e ASSIS, (1990),
considerando o efeito extremamente localizado das áreas verdes, recomendam a sua
distribuição pelo espaço construído. A partir de um certo ponto, tamanho de um
único parque faz pouca diferença nas condições climáticas além dos seus limites.
Porém, a divisão da área verde em um maior número de pequenos parques,
espalhados por toda a cidade, estende os benefícios a uma área maior, a um maior
número de pessoas.
2.4 ESCALAS DE MEDIÇÃO EM CLIMA URBANO
OKE (2004), adverte que a clareza dos objetivos para estabelecer uma estação
urbana é essencial para o sucesso das medições. Duas de muitas razões são o desejo
de representar o meio ambiente meteorológico em lugar do clima em geral e o desejo
de fornecer dados e dar suporte às necessidades de uso particular. Em ambos os casos
as escalas espaciais e temporais de interesse quando definidas devem observar a
localização da estação e a exposição dos instrumentos, o que, em cada caso, pode ser
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
49
muito diferente. Segundo Oke, existem três escalas de interesse dentro das escalas
horizontais: a micro-escala, a escala local e a mesoescala.
a) Micro-escala – Toda superfície e objeto possui seu próprio microclima e
em sua vizinhança imediata. A temperatura do ar nas superfícies pode variar diversos
graus em distâncias muito pequenas, até mesmo em milímetros. Escalas típicas de
microclimas urbanos relatam dimensões individuais de prédios, árvores, estradas,
ruas, jardins, pátios, etc. Escalas típicas podem variar de um até centenas de metros.
b) Escala local – Esta é a escala na qual são necessárias estações climáticas
para monitoramento. Incluem as características da paisagem como a topografia, mas
excluem os efeitos da micro-escala. Em áreas urbanas estas traduções significam o
clima da vizinhança como características similares de desenvolvimento urbano
(cobertura de superfície, tamanho e espaço construído e atividades). Escalas típicas
varia de um a vários quilômetros.
c) Mesoescala – A cidade influencia o tempo e o clima na escala da cidade
inteira, tipicamente dezenas de quilômetros em extensão. Uma única estação não
pode representar esta escala.
Existem ainda as escalas verticais que analisam os efeitos microclimáticos no
nível médio dos telhados ou Camada de cobertura urbana ou camada intra-urbana
(Urban Canopy Layer - UCL). As alturas estabelecidas são equivalentes aos
elementos que compõem a rugosidade das superfícies (edifícios e árvores).
O espaço urbanizado modifica os parâmetros atmosféricos (e,
conseqüentemente, o clima) e essas alterações geram camadas atmosféricas
diferenciadas: a camada intra - urbana ou camada de cobertura urbana, que se
estende do solo até o nível médio das coberturas das edificações; e a camada limite
urbana ou simplesmente camada limite, porção acima da camada intra - urbana, cujas
características, diferenciadas pela presença da cidade, são parcialmente determinadas
pela malha urbana (OKE, 1992).
A camada limite urbana é porção onde as características climáticas estão
modificadas pela presença da cidade na superfície. Estende-se, desta forma, desde os
telhados dos edifícios até um nível abaixo do qual os fenômenos locais estão geridos
pela natureza da superfície urbana.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
50
A camada intra-urbana é a capa de ar existente por debaixo da capa limite
urbana, estendendo-se desde a superfície até ao nível que marca a altura dos telhados
dos edifícios. Engloba, pois, todos aqueles setores entre os edifícios da cidade e que
apresentam toda uma gama de microclimas inferidas pelos arredores mais imediatos.
Enquanto a camada limite urbana é um fenômeno de escala local a de
mesoescala, a camada de cobertura urbana é governada por processos de
microescala, presentes nas ruas (“canyons”) entre edificações. A pluma urbana, por
sua vez, é resultado do isolamento da camada mais quente urbana, mais acima da
camada estável rural (Fig. 01).
Fig. 01- Representação esquemática da atmosfera urbana ilustrando a classificação de duas camadas de modificação
urbana. Fonte: OKE (1996)
Essas duas camadas de influência - camada intra-urbana e camada limite
urbana - têm extensões variadas no tempo e no espaço e aumentam e diminuem em
estilo rítmico, de acordo com o ciclo solar diário.
Conforme GIVONI (1988), é na camada intra-urbana que ocorrem as trocas
de energia que afetam diretamente os moradores da cidade, trocas essas altamente
dependentes da natureza da superfície e da forma das diversas estruturas urbanas.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
51
De acordo com os objetivos propostos a serem alcançados, a metodologia da
presente pesquisa baseou-se em procedimentos metodológicos presentes na literatura
específica sobre o assunto. As etapas metodológicas seguidas ao longo da pesquisa
são mostradas a seguir:
3. METODOLOGIA
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
52
Pesquisa bibliográfica, conceitual e documental sobre o estado da arte e
metodologias de pesquisa em clima urbano (trabalhos publicados, livros e
teses) constituindo-se base conceitual e teórica do trabalho;
Reconhecimento da cidade de Maceió e escolha das áreas em estudo;
Caracterização das áreas em estudo – Características físicas, condições
ambientais, infra-estrutura;
Seleção de pontos dentro das áreas em estudo, segundo critérios de
localização, configuração urbana e importância no contexto da cidade;
Desenvolvimento da análise bioclimática baseado nas metodologias
desenvolvidas por ROMERO (2001), KATZCHNER (1997) E
OLIVEIRA (1989) a serem descritas a seguir;
Pesquisa de Campo: medições móveis de variáveis climáticas
(temperatura, umidade, velocidade dos ventos
4
) durante uma série de seis
dias não consecutivos em condições típicas para cada transeto;
Análise dos dados obtidos nas medições, e correlação destes com os
dados da estação meteorológica de referência do Aeroporto Internacional
Zumbi dos Palmares para validação das medições microclimáticas;
Análise de cada ponto, selecionado dentro das áreas em estudo, de alguns
parâmetros físicos que teoricamente determinam os microclimas:
ocupação do solo, presença de vegetação, porcentagem de áreas
pavimentadas e edificadas;
Verificar se existe relação entre os parâmetros de configuração urbana e
os microclimas urbanos obtidos através das observações em campo;
Conclusões.
3.1 RECONHECIMENTO DA REGIÃO EM ESTUDO: LOCALIZAÇÃO,
MORFOLOGIA NATURAL E PERFIL CLIMÁTICO
4
Os dados de velocidade dos ventos servem como referência de apoio às medições das outras variações
climáticas observadas. Porém, é necessário salientar que estes dados representam as condições daquele momento
em que foram obtidos e não devem ser considerados como característicos para cidade de Maceió. Uma vez que
são insuficientes para que sejam realmente validados, já que quando se trata do estudo de velocidade e
comportamento dos ventos faz-se necessário uma amostragem de dados mais densa.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
53
A cidade de Maceió, capital do estado de Alagoas, está situada no litoral do
nordeste brasileiro entre a latitude 9º45’ ao sul em relação ao equador e longitude
35º42’ Oeste em relação ao meridiano de Greenwich (Fig.02). A cidade abrange uma
área de 512,8km² , sendo aproximadamente 200km² de área urbana, onde reside a
maioria da população de cerca de 800 mil habitantes (IBGE, Censo 2000).
Fig. 02 – Localização de Maceió no território brasileiro
Fonte: Eveline Almeida, 2005
Adaptado de: www.maceioidoneos.com.br
, 2005
Segundo LIMA (1990), o que diz respeito à morfologia natural, Maceió é a
“cidade restinga”, dada a sua situação numa faixa arenosa, que transformou um
estuário em lagoa, confirma-lhe a adjetivação.
A cidade é construída, a partir de um “terraço de erosão marinha”, esculpido
na extremidade do tabuleiro, saliente na parte norte oriental da “calha” aberta para o
mar, que se estende, continuado por uma faixa arenosa, a cruzar a “boca” de um rio,
da direção de sudoeste. Apresenta do lado leste a praia em forma de “crescente”, e do
lado da lagoa, a oeste, uma ponta arenosa a vasa de ilhas de mangues. A cidade
também ocupa o alto do tabuleiro ao norte.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
54
Assim, a posição de Maceió é na parte centro-leste do litoral de Alagoas e no
extremo oriental da área das lagoas Mundaú e Manguaba; tem ao norte terras dos
municípios de Maceió e Satuba; a oeste, municípios de Pilar e Marechal Deodoro
(este também ao sul), a leste fica o Oceano Atlântico.
No Relatório de Avaliação Ambiental (RAA, 1999) consta da existência de 3
níveis topográficos em Maceió.
Nível 1 - A Planície ou Baixada Litorânea encontra-se a uma altitude que
varia de 2m a 4m acima do nível do mar composta de: terraços eustáticos, pontas
triangulares imitando tômbulos (como Ponta Verde e Ponta da capitania onde situa-
se o porto de Maceió), da praia do terraço da Pajuçara e da restinga. Este nível
estende-se por todo litoral e margem lagunar. Nele estão localizados os bairros da
Levada, Ponta Grossa, Prado, Trapiche, Jaraguá, Pajuçara, Ponta Verde, Ponta da
terra, Jatiúca, Cruz das Almas e toda área de expansão urbana na zona norte da
cidade.
Nível 2 – É formado por um terraço estrutural cortado na base do tabuleiro,
com altitude entre 6m e 10m acima do nível do mar, onde está localizado o Centro da
cidade.
Nível 3 – Formado por tabuleiros com altitude entre 40m (na borda – baixo
planalto também conhecido como alto da Jacutinga) e 80m acima do nível do mar
(Cidade Universitária), cuja estrutura geológica é caracterizada por: tabuleiros
terciários que se estendem nas proximidades do mar com suas falésias, fósseis e
ribanceiras voltadas para os vales dos riachos e lagoas, pela incisão destes em sua
estrutura que avançam até 30km para o interior do continente; e por rochas do
embasamento cristalino que se encontram na metade ocidental no município sob os
tabuleiros que compreendem a formação de barreiras. A outra metade em direção ao
oceano, é um bloco afundado, parte da bacia sedimentar de Alagoas. Este nível
também compreende uma área de expansão urbana –Tabuleiro dos Martins.
Os solos predominantes são: os argilo-arenosos de cor amarelada ou rosa,
encontrados nos tabuleiros; os arenosos, das formações litorâneas; os vasosos, que
suportam as vegetações de mangue e; o massapé, encontrado nas várzeas dos rios
com algumas manchas turfosas. (LIMA, 1990).
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
55
Quanto ao clima da cidade, este é caracterizado como úmido do tipo Am i
5
e
quente e úmido com três meses de período seco, de acordo com a classificação de
Köppen citado por NIMER (1989).
Porém, ROMERO (2001), alerta que a classificação geral não é tarefa simples
nem é facilmente aceita pelos diversos autores que tratam da compreensão do clima.
As classificações de clima de Thornthwaite, de Martone e do próprio Köppen, citado
aqui, apresentam-se muito gerais. Portanto é interessante expor um resumo da
classificação realizada por FERREIRA (1965) a respeito do clima quente-úmido para
podermos confirmar esta classificação de clima quente e úmido para Maceió.
QUADRO 03: Características do Clima Quente e Úmido
Clima Quente-úmido
Características:
Pequenas
variações de
temperatura
durante o dia.
Amplitude das
variações
diurnas fracas.
Dias quentes e
úmidos. À
noite, a
temperatura é
mais amena e
com umidade
elevada.
Duas estações:
verão e inverno,
com pequena
variação de
temperatura
entre elas; o
período das
chuvas é
indefinido com
maiores
precipitações no
verão.
Radiação difusa
muito intensa.
O conteúdo de
vapor d’água
das nuvens
evita a radiação
direta intensa.
Alto teor de
umidade
relativa do ar
Localização
geográfica enter
os trópicos de
Câncer
(23º27’N) e
Capricórnio
(23º27’S).
Ventos fracos,
direção
dominante
sudeste.
Semelhança
sensível dos
dados de uma
localidade para
outra.
Fonte: Romero (2000)
Apesar de alguma variação quanto a característica pluviométrica entre o
clima de Maceió e a definição exposta no QUADRO 03, podemos afirmar que o
clima da cidade de Maceió é caracterizado como quente e úmido com radiação solar
intensa, alta umidade relativa do ar e ventos constantes.
A cidade apresenta basicamente duas estações: o verão e o inverno. A
primeira caracterizada por altas temperaturas e ocorrência de chuvas passageiras,
geradas pelo aumento da temperatura e da umidade; A segunda estação apresenta
maior índice de pluviosidade e temperaturas um pouco mais amenas que o verão.
Sendo assim o que distingue mais especificamente estas duas estações não é o
5
Clima úmido, megatérmico (temperatura de todos os meses maior que 18ºC), com precipitação anual maior que dez vezes a
precipitação do mês mais seco e precipitação do mês mais seco
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
56
aumento ou diminuição dos valores das temperaturas e sim a incidência de chuvas ou
não.
Devido à proximidade de grandes massas d’água (Lagoa Mundaú e Oceano
Atlântico (Fig. 03) e uma grande quantidade de riachos que cortam a cidade), Maceió
apresenta um alto índice de umidade relativa do ar. Dados das Normais
Climatológicas (1961-1990) citadas em CABÚS (2002) mostram que a umidade
relativa anual é de 78,3%. Em maio ela apresenta seu pico, quando chega a uma
média mensal de 82,6%, enquanto novembro apresenta menor média, 74,7º. É
possível observar que a umidade relativa não tem uma variação significativa ao
longo do ano, trazendo altos valores mesmo na estação seca.
Fig.03 – Maceió
Fonte: www.maceio.idoneos.com
De acordo com a Tabela 02, que apresenta as normais climatológicas de
Maceió, para 30 anos, de 1961 a 1990 e foi disponibilizada pelo LABEEE
(Laboratório de Eficiência Energética em Edificações), a cidade apresenta pequena
variação térmica diária, anual e sazonal com média anual de 24,8ºC e variação anual
de 3,4ºC. A estabilidade na temperatura também ocorre por influência da presença
das massas d’água.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
57
QUADRO 04: Normais Climatológicas para o período de 1961 – 1990
MÊS
Temperatura
Média
(ºC)
Temperatura
Máxima
(ºC)
Temperatura
Mínima
(ºC)
Pressão
Atmosférica
(mb)
Precipitação
(mm)
Umidade
Relativa
(%)
Insolação
(h)
Janeiro 26,5 29,9 23,2 1007,7 58,2 76,3 281,3
Fevereiro 26,7 30,2 23,4 1006,8 63,3 76,8 244,3
Março 26,6 30,0 23,4 1006,6 134,8 79,0 240,0
Abril 26,1 29,3 23,2 1007,4 225,0 80,8 215,8
Maio 25,3 28,2 22,7 1008,6 344,7 82,9 193,9
Junho 24,3 27,3 21,8 1010,6 263,9 81,7 186,3
Julho 23,7 26,7 21,1 1011,7 216,2 80,7 199,1
Agosto 23,7 26,7 21,1 1011,8 134,0 78,3 212,9
Setembro 24,5 27,6 21,6 1010,7 85,8 77,3 229,5
Outubro 25,3 28,5 22,3 1009,0 58,8 76,4 268,5
Novembro 25,9 29,3 22,5 1007,1 30,6 75,7 281,7
Dezembro 26,3 29,7 22,9 1006,9 38,4 76,2 192,3
Fonte: LABEEE
www.labeee.ufsc.br
Os ventos que incidem mais freqüentemente na cidade são provenientes do
quadrante leste. Sendo os ventos alísios SE mais constantes durante o ano e os ventos
de NE predominantes nos meses mais quentes (janeiro, fevereiro e março). A
velocidade média anual dos ventos é de 2,8m/s chegando a 10m/s na direção NE.
A precipitação anual é de 2.167,7mm, com aproximadamente 60% da
precipitação de todo o ano se concentrando entre os meses de abril e julho.
A condição típica do céu é parcialmente nublado. A nebulosidade apresenta
média mensal em uma taxa 1:10. É possível observar que a nebulosidade é maior
entre os meses de abril a julho, coincidindo com o mesmo período da estação
chuvosa; contudo ela é também considerável durante todo o ano. Quando comparada
à insolação, a nebulosidade exibe uma curva com uma tendência inversa.
Ao pesquisar o clima da cidade de Recife, situada no Nordeste brasileiro,
BITTENCOURT (1992), afirma que ocorrências de céu claro são raras (4,5% em
média), enquanto de céu nublado são acima de 15%.
3.2 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS EM ESTUDO
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
58
Dentro da malha urbana da cidade de Maceió, foram selecionadas duas áreas
para estudo. A escolha destas duas áreas procurou estabelecer relações entre
diferentes configurações urbanas e parâmetros microclimáticos locais (temperatura e
umidade). Sendo assim, foram escolhidas duas vias de grande importância no
contexto da cidade, nas quais foram traçados dois transetos (Fig. 04): T.01 – que
compreende o percurso das ruas Prof. Teonilo Gama, José Pimentel leite Passos e
Cabo Reis, localizadas no bairro de Ponta Grossa e T.02 – Av.Júlio Marques Luz
(antiga Av. Jatiúca) no bairro de Jatiúca (Fig. 05). As áreas possuem diferentes
padrões de ocupação urbana, mas com altitudes semelhantes.
Fig.04 – Mapa com transetos (T.01 e T.02)
Fonte: Eveline Almeida, 2005
3.3 ANÁLISE BIOCLIMÁTICA DAS ÁREAS EM ESTUDO
Foi utilizado o método de análise do espaço urbano desenvolvido por
KATZCHNER (1997) que avalia as condições do clima urbano caracterizando
qualitativa e quantitativamente o espaço através da elaboração de mapas que
classificam as áreas quanto à topografia, altura das edificações, uso do solo,
quantidade de áreas verdes, densidade de área construída e cobertura do solo. Assim,
de acordo com esta metodologia, foi necessária a elaboração de um mapa de
configuração urbana para cada área em estudo que contêm informações sobre: altura
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
59
das edificações, densidade de área construída e largura das ruas e cobertura do solo
(Figs. 06 e 07);
Com o objetivo de analisar as características de ocupação do solo e
quantificar porcentagens de áreas pavimentadas, áreas edificadas e vegetação foi
necessário adotar uma área de influência em torno dos pontos de medição. Sendo
assim, adotou-se um raio de 150m ao redor de cada ponto de medição (Fig. 08 e 09),
como utilizou RORIZ (2003) em seus estudos sobre mapeamento e análise de
microclimas urbanos.
O método de OLIVEIRA (1989) analisa os atributos da forma urbana quanto
ao sítio e a tipologia e veio auxiliar na análise dos mapas elaborados segundo o
método de KATZCHNER (1997).
Quanto à contribuição de ROMERO (2001), esta se fez presente na confecção
das fichas bioclimáticas. Instrumento que se constituiu em um método de análise
qualitativa dos espaços e um estudo da dimensão ambiental do espaço urbano aliado
à conjugação dos elementos formais dos edifícios e dos espaços públicos;
T.02
T.02
T.01
T.01
OCEANO ATLÂNTICO
LAGOA
MUNDAÚ
CENTRO
FAROL
VERGELVERGEL
TRAPICHE
PONTA GROSSA
LEVADA
PONTA VERDEPONTA VERDE
PAJUÇARA
JARAGUÁ
PORTO
JATIÚCAJATIÚCA
MAGABEIRASMAGABEIRAS
Figura 05- Mapa dos Transetos T.01 e T.02
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
61
3.5 PESQUISA DE CAMPO: MEDIÇÕES
A coleta de dados foi realizada através de medições móveis utilizando-se
termo-higro-anemômetros digitais (Fig.10), em cinco pontos do Transeto 01 (T.01) e
em mais cinco pontos do Transeto 02 (T.02), onde os trajetos dos dois transetos
foram percorridos de carro durante uma série satisfatória de 06 dias, não
consecutivos, em cada transeto no período de verão – Janeiro de 2005, por se tratar
de um mês bastante representativo das condições climáticas.
Fig. 10 – Termo-higro-anemômetro
Fonte: Eveline Almeida, 2005
As medições
6
microclimáticas, de acordo com BRANCO et al (2001),
aconteceram às 9h, 15h e 21h segundo o padrão da OMM (Organização Mundial de
Meteorologia). Para cada período, foram elaborados gráficos de temperatura local x
temperatura no ponto de referência (Estação Meteorológica do Aeroporto Zumbi dos
Palmares). Posteriormente, verificou-se, através da análise estatística dos dados, a
influência dos parâmetros de configuração urbana nos resultados obtidos.
6
As medições não ocorreram simultaneamente nos dois transetos, uma vez que de acordo com FARIA;
SOUZA (2004) o levantamento de dados de temperatura do ar para caracterização do comportamento térmico de
diferentes áreas urbanas pode ser realizado por medições móveis. O levantamento pode ser realizado inclusive em
épocas distintas, desde que respeitada a similaridade das condições de tempo, o qual necessariamente deve ser
estável.
Já as medições em cada transeto podem ser consideradas simultâneas, segundo afirma GARCIA (1999)
que em cidades costeiras, como é o caso de Maceió, onde a influência marinha com seu efeito termo-regulador
torna reduzidas às amplitudes diárias, as medições efetuadas durante um certo intervalo de tempo podem ser
consideradas simultâneas.
TERMO-HIGRO-ANEMÔMETRO
DIGITAL PORTÁTIL
MODELO THAR – 185
ANEMOMETRO
ESCALA RESOLUÇÃO PRECISÀO
Vento 0.4 – 25m/s 0.1m/s +/- 2% + 2Dig.
Temp. 0 50ºC 0.1ºC 0.8ºC
HIGROMETRO
ESCALA RESOLUÇÃO PRECISÀO
Umidad
e
10 – 95% 0.1 HR > igual 70% +/-
(3% da leitura +1%
HR)
< 70% HR +/-
3%HR
Temp. 0 50ºC 0.1ºC 0.8ºC
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
62
O equipamento utilizado, Termo-higro-anemômetro, encontrava-se protegido
da radiação solar direta e localizado entre 1.00 e 1.10m de altura, conforme
recomendação de MAYER; HÖPPE (1987) que afirma que a altura de 1.10m acima
do solo corresponde à altura média do centro de gravidade para adultos e “esta altura
freqüentemente é usada na quantificação biometeorológica de diferentes climas”.
A análise dos dados obtidos nas medições aconteceu em duas etapas. A
primeira comparou os dados obtidos em cada transeto com os da estação do
aeroporto Zumbi dos Palmares
7
obtidos no mesmo período de observação. A
seguinte verificou os dados obtidos em cada ponto dos transetos e a relação das
configurações urbanas com os microclimas identificados.
3.5 FICHAS BIOCLIMÁTICAS
Na confecção das fichas bioclimáticas de frações das áreas onde foram
localizados os pontos de medição, foram especificados seus componentes espaciais:
entorno, base e superfície fronteira, segundo metodologia proposta em ROMERO
(2001). O entorno incluiu os acessos espaciais que o espaço público apresenta aos
elementos ambientais do sol e vento, além das características espaciais da
continuidade da massa construída e a condução do ar entre edificações. A base
incluiu a caracterização da pavimentação, vegetação, presença de água, mobiliário
urbano e propriedades físicas dos materiais utilizados. A superfície fronteira
compreendeu a convexidade, tipologia edificadora e continuidade. A ficha ainda
contém os valores médios de temperatura, umidade e velocidade dos ventos
encontrados nas medições.
7
É importante salientar que o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares dista, em média,
cerca de 20 km dos pontos de medição. No entanto, não existem em Maceió outras estações
meteorológicas que possam disponibilizar dados. BARBIRATO (1998) afirma que a maioria dos
trabalhos realizados sobre climas tropicais baseia-se unicamente em dados de estações-padrão já
existentes, localizadas freqüentemente em aeroportos, e que raramente são ideais para o
monitoramento urbano. Dessa forma, os pesquisadores não podem contar com uma rede
meteorológica densa, e isso inclui ainda escassez de equipamentos apropriados para estudos
adequados da camada limite urbana.
Porém, os dados obtidos na estação meteorológica instalada no aeroporto
são de grande relevância já que servem como referencia para uma análise geral do clima da cidade ao mesmo
tempo em que podem ser comparados com os dados, das áreas em estudo, obtidos em medições in loco.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
63
Transeto 01: R. Prof. Teonilo Gama, Rua José P. L. Passos e Av. Cabo Reis
Ficha Bioclimática: Ponto 01
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é totalmente exposto à luz solar.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Misto – residências, comércio e
serviços e institucional predominando o primeiro
neste ponto.
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida
Vegetação: Pouca vegetação rasteira.
Água: Oceano Atlântico a 50m (Praia do Sobral)
Mobiliário Urbano: Poste de energia
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifício institucional
com 2 pavimentos, galpão e residências térreas.
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 8m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados ao
longo da avenida.
Temperatura Média
Temp. ºC
P.01
9:00
30,2
15:00
30,5
21:00
27,3
Umidade Média
Umidade % P.01
9:00
70,3
15:00
62,2
21:00
73,6
Vel do Vento Média
V
el. Do
Vento m/s
P.01
9:00
4,9
15:00
3,6
21:00
3,8
Figura 11 - Ficha Bioclimática T.01/P.01
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
64
Fonte: Eveline Almeida, 2005
Transeto 01: R. Prof. Teonilo Gama, Rua José P. L. Passos e Av. Cabo Reis
Ficha Bioclimática: Ponto 02
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é totalmente exposto à luz solar.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Residências, comércio e serviços
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: pouca vegetação de médio porte no
canteiro central da Av. Siqueira Campos
Água: Oceano Atlântico a 500m (Praia do
Sobral)
Mobiliário Urbano: Postes de energia e telefone
público,
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais,
de serviços com 2 pavimentos e institucionais(
Estádio Rei Pelé, Ginásio do SESI) e a maioria
residências térreas.
Número de lados: 4 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 20m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 4 lados que
acompanham o cruzamento da Rua ... e da
Avenida Siqueira Campos.
Temperatura Média
Temp. ºC P.02
9:00
29,5
15:00
30,9
21:00
27,6
Umidade Média
Umidade % P.02
9:00
61,1
15:00
57,6
21:00
72,2
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.02
9:00
2,8
15:00
2,4
21:00
2,9
Figura 12 - Ficha Bioclimática T.01/P.02
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
65
Transeto 01: R. Prof. Teonilo Gama, Rua José P. L. Passos e Av. Cabo Reis
Ficha Bioclimática: Ponto 03
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é totalmente exposto à luz solar.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Misto - residências, comércio e
serviços predominando o segundo e o terceiro
neste ponto.
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: Nenhuma
Água: Oceano Atlântico a 900m (Praia do
Sobral)
Mobiliário Urbano: Postes de energia, telefone
público
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais e
de serviços a maioria com 2 pavimentos e
residências térreas.
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 6m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados ao
longo da avenida.
Temperatura Média
Temp. ºC P.03
9:00
32,1
15:00
32,7
21:00
28,4
Umidade Média
Umidade % P.03
9:00
57,5
15:00
55,3
21:00
69,5
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.03
9:00
1
15:00
1,1
21:00
1,3
Figura 13 - Ficha Bioclimática T.01/P.03
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
66
Transeto 01: R. Prof. Teonilo Gama, Rua José P. L. Passos e Av. Cabo Reis
Ficha Bioclimática: Ponto 04
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é totalmente exposto à luz solar.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Comércio, serviços e algumas
residências.
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: Escassa com pequenos arbustos em
algumas calçadas
Água: Oceano Atlântico a 1400m (Praia do
Sobral e Lagoa Mundaú a 500m )
Mobiliário Urbano: postes de energia
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais e
de serviços a maioria com 2 pavimentos e
residências térreas.
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 6m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados ao
longo da avenida.
Temperatura Média
Temp. ºC P.04
9:00
30,3
15:00
30,6
21:00
27,8
Umidade Média
Umidade % P.04
9:00
63
15:00
62,1
21:00
72,2
Vel
do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.04
9:00
1,9
15:00
0,9
21:00
1,7
Figura 14 - Ficha Bioclimática T.01/P.04
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
67
Transeto 01: R. Prof. Teonilo Gama, Rua José P. L. Passos e Av. Cabo Reis
Ficha Bioclimática: Ponto 05
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é totalmente exposto à luz solar.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Comércio, serviços e residências
predominando este último. Densidade de tráfego:
Média
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: Árvores de grande porte no canteiro
central da Avenida Senador Rui Palmeira
Água: Oceano Atlântico a 2500m (Praia do
sobral e Lagoa Mundaú a 50m)
Mobiliário Urbano: poste de energia, placas
indicativas.
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais,
de serviços com 2 pavimentos e residências
térreas.
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 6m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados que
acompanham a avenida Cabo Reis.
Temperatura Média
Temp. ºC P.05
9:00
29,8
15:00
29,9
21:00
27,6
Umidade Média
Umidade % P.05
9:00
69,5
15:00
63,6
21:00
74,8
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.05
9:00
2,2
15:00
2
21:00
2,6
Figura 15 - Ficha Bioclimática T.01/P.05
Fonte: Eveline Almeida, 2005.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
68
Transeto 02: Av. Dr. Júlio Marques Luz
Ficha Bioclimática: Ponto 01
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é totalmente exposto à luz solar.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Misto – residências, comércio e
serviços predominando o primeiro neste ponto.
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
material cerâmico e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: Escassa com pequenos arbustos em
algumas calçadas
Água: Oceano Atlântico a 30m (Praia de Jatiúca)
Mobiliário Urbano: Postes de energia
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios residenciais
multifamiliares com 6 e 8 pavimentos e alguns
pontos de comércio e serviços
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 20 e 30m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados ao
longo da avenida.
Temperatura Média
Temp. ºC P.01
9:00 28,5
15:00 28,7
21:00 27,7
Umidade Média
Umidade % P.01
9:00
69,5
15:00 63,7
21:00 73,8
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.01
9:00
8,0
15:00 4,8
21:00 4,3
Figura 16 - Ficha Bioclimática T.02/P.01
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
69
Transeto 02: Av. Dr. Júlio Marques Luz
Ficha Bioclimática: Ponto 02
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é parcialmente exposto à luz
solar, um vez que este ponto existe a presença de
algumas árvores.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta. Porém,
neste ponto localiza-se um terreno vazio.
Uso do solo: Comércio e serviços
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície em terra batida e
asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: vegetação de médio porte
Água: Oceano Atlântico a 400m (Praia de
Jatiúca)
Mobiliário Urbano: poste de energia
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais e
de serviços a maioria com 2 e 3 pavimentos e
alguns térreos.
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 30m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados ao
longo da avenida.
Temperatura Média
Temp. ºC P.02
9:00
29,5
15:00
29,8
21:00
28.2
Umidade Média
Umidade % P.02
9:00
62
15:00
57,9
21:00
70,8
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.02
9:00
4,1
15:00
1,6
21:00
1,5
Figura 17 - Ficha Bioclimática T.02/P.02
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
70
Transeto 02: Av. Dr. Júlio Marques Luz
Ficha Bioclimática: Ponto 03
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é parciamente exposto à luz
solar, uma vez que existe um abrigo para ponto de
ônibus.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Misto - residências, comércio e
serviços predominando o segundo e o terceiro
neste ponto.
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: Escassa com pequenos arbustos em
algumas calçadas.
Água: Oceano Atlântico a 900m (Praia de
Jatiúca)
Mobiliário Urbano: Abrigo para ponto de
ônibus, poste de energia
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais e
de serviços a maioria com 2 e 3 pavimentos e
alguns térreos e ainda a presença de 2 edifícios
residenciais com 8 pavimentos.
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 30m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados ao
longo da avenida.
Temperatura Média
Temp. ºC P.03
9:00
29,7
15:00
29,9
21:00
28,3
Umidade Média
Umidade % P.03
9:00
61,5
15:00
56,4
21:00
71
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.03
9:00
2
15:00
1,1
21:00
1,1
Figura 18 - Ficha Bioclimática T.02/P.03
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
71
Transeto 02: Av. Dr. Júlio Marques Luz
Ficha Bioclimática: Ponto 04
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é parcialmente exposto à luz
solar, uma vez que existe uma árvore de grande
porte.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Comércio e serviços
Densidade de tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: Árvore de grande porte neste ponto
Água: Oceano Atlântico a 1400m (Praia de
Jatiúca)
Mobiliário Urbano: Postes de energia, telefones
públicos
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais e
de serviços a maioria com 2 e 3 pavimentos.
Número de lados: 2 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 9m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 2 lados ao
longo da avenida.
Temperatura Média
Temp. ºC P.04
9:00
30,1
15:00
31,2
21:00
28,3
Umidade Média
Umidade % P.04
9:00
58,8
15:00
51,6
21:00
71,1
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s
P.04
9:00
3,4
15:00
2,1
21:00
1,1
Figura 19 - Ficha Bioclimática T.02/P.04
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
72
Transeto 02: Av. Dr. Júlio Marques Luz
Ficha Bioclimática : Ponto 05
Localização
Entorno
Sol: Espaço físico é totalmente exposto à luz solar.
Vento: Os ventos predominantes são canalizados
ao longo da avenida.
Densidade de área construída: Alta
Uso do solo: Comércio e serviços Densidade de
tráfego: Alta
Base
Pavimentação: Superfície impermeabilizada com
cimento e asfalto ao logo da avenida.
Vegetação: Nenhuma
Água: Oceano Atlântico a 2000m (Praia de
Jatiúca)
Mobiliário Urbano: postes de energia, telefone
público, placas indicativas
Superfície Fronteira
Conexidade e continuidade da superfície:
Tipologia Arquitetônica: Edifícios comerciais e
de serviços a maioria com 2 e 3 pavimentos.
Número de lados: 4 lados constituídos
Altura: Entre 4 e 9m
Continuidade da massa construída: A massa
construída apresenta-se contínua dos 4 lados que
acompanham o cruzamento das avenidas Jatiúca e
D. Constança
Temperatura Média
Temp. ºC P.05
9:00
30,4
15:00
31,8
21:00
28,7
Umidade Média
Umidade % P.05
9:00
58
15:00
53,2
21:00
70,9
Vel do Vento Média
Vel. Do Vento m/s P.05
9:00
2,8
15:00
1
21:00
0,8
Figura 20 - Ficha Bioclimática T.02/P.04
Fonte: Eveline Almeida, 2005
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
78
4.1 ANÁLISE DOS ATRIBUTOS DA FORMA URBANA
Foram escolhidos para esta análise os atributos da forma urbana, definidos em
OLIVEIRA (1988), mais relevantes nas áreas dos transetos estabelecidos, T.01 e
T.02.
4. ANÁLISES E DISCUSSÕES
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
79
4.1.1Rugosidade e Porosidade
A análise das áreas permitiu a identificação de pouca rugosidade no T.01 por
se tratar de uma área composta por edificações de no máximo dois pavimentos,
apresentando, portanto pouca variação na altura dos edifícios (Fig.21). Este transeto
atravessa uma área antiga da cidade de Maceió que é predominantemente residencial
e não apresenta características de verticalização nem de crescimento urbano. Ainda
por se tratar de uma área antiga, os lotes não apresentam os recuos previstos hoje do
Código de Urbanismo, e, esta característica acarreta a diminuição da porosidade da
malha urbana. Além dos recuos insuficientes e alta taxa de ocupação dos lotes, o
traçado das vias também não colabora com a porosidade, uma vez que o traçado é
composto por pequenas vias.
Fig. 21 - T.01 – Homogeneidade na altura das edificações (Av. Cabo Reis)
Fonte: Eveline Almeida , 2005
No T.02 existe uma situação diferenciada. Em se tratando de uma área em
fase de crescimento vertical da malha urbana, já apresenta estruturas verticais
principalmente no início do transeto. Ao longo da via principal (Av. Dr. Júlio
Marques Luz) e em ruas secundárias é possível identificar edifícios com gabarito
entre três e oito pavimentos (Fig. 22). É importante ressaltar que a situação analisada
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
80
hoje é uma transição do processo de verticalização ao qual a área vem sofrendo
assim como toda parte norte da orla marítima da cidade. O mapeamento executado
durante a pesquisa, em janeiro de 2005, já é diferente da situação encontrada hoje,
pois edificações térreas e vazios urbanos estão sendo substituídos por edifícios
residenciais, a maioria com oito pavimentos.
Fig. 22 - T.02 – Diversidade na altura das edificações (Av. Dr. Júlio Marques Luz)
Fonte: Eveline Almeida, 2005
Sendo assim identifica-se maior rugosidade nesta área do T.02 que no T.01,
ainda que da metade até o final do T.02 essa verticalização seja, por enquanto,
tímida. A porosidade, no entanto, é prejudicada pela característica de ocupação dos
lotes no T.02, onde se observa a ausência de recuos frontais e laterais,
principalmente, nas edificações dedicadas ao comércio e serviços. As vias
secundárias ainda apresentam a uma taxa de ocupação menor embora os edifícios
que estão sendo construídos apresentem uma taxa elevada de ocupação.
4.1.2 Áreas verdes
A presença de áreas verdes limita-se ao canteiro central da via que constitui a
orla lagunar (Fig.23), onde termina o T. 01, embora não se trate de uma área de
permanência, dedicada a descanso ou amenização dos efeitos de radiação e
temperatura do ar. Porém, trata-se de uma área sombreada que desempenha um papel
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
81
importante para comunidade local. No T.02 identificou-se uma concentração arbórea
em uma rua secundária próxima ao P.03. Nas demais áreas, em ambos os transetos,
não foi encontrada nenhuma área verde significativa a ponto de interferir na variação
microclimática local. Apenas algumas árvores encontram-se em alguns poucos
pontos isolados dos transetos (Fig.24).
Fig. 23 - Fim do T.01 – Arborização na via perpendicular
Fonte: Eveline Almeida, 2005
Fig. 24 - T.02 – Arborização árvores isoladas ao longo da via
Fonte: Eveline Almeida, 2005
4.1.3 Densidade Construída
Em ambos os transetos verifica-se a alta taxa de ocupação e foram
identificadas poucas áreas livres (Fig. 25 e 26). Além da alta taxa de ocupação dos
lotes, também não foram encontrados muitos exemplos de praças, parques ou vazios
urbanos que pudessem contribuir para melhoria do conforto ambiental urbano. As
vias principais apresentaram sempre os dois lados constituídos e áreas livres quase
que insignificantes, dadas as proporções de áreas edificadas. Esta característica se
estende às vias secundárias mais próximas.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
82
Fig. 25 - T.01 – Alta densidade construída (Alta taxa de ocupação)
Fonte: Eveline Almeida, 2005
Fig. 26 - T.02 – Alta densidade construída (Ausência de recuos)
Fonte: Eveline Almeida, 2005
4.1.4 Permeabilidade do solo
Como já foi dito, os transetos apresentam uma alta densidade construída e em
conseqüência disto um grande volume áreas pavimentadas. É predominante o asfalto
nas vias principais e nas vias secundárias de maior tráfego (Figs. 27 e 28). Nas outras
vias o asfalto é substituído por paralelepípedos. As calçadas também se apresentam
como áreas cimentadas e ou revestidas de material cerâmico, salvo raras e
insignificantes exceções que ainda apresentam o revestimento natural (areia) e ou
cobertura vegetal. Estas características tornam o solo um atributo que contribui para
diminuição da umidade relativa do ar, maior acúmulo de energia radiante e maior
temperatura do ar.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
83
Fig. 27 - T.01 Baixa permeabilidade do solo
Fonte: Eveline Almeida, 2005
Fig. 28 - T.02 Baixa permeabilidade do solo
Fonte: Eveline Almeida, 2005
4.1.5 Presença de massas d’água
A presença de massas d’água é marcante em ambas as frações urbanas
analisadas. O Oceano Atlântico encontra-se no início dos dois transetos e exerce
grande influencia sobre estes. No T.02 existe ainda a presença da Lagoa Mundaú na
parte final do transeto. A presença de massas d’água é o atributo de maior destaque
tanto no T.01 (Fig. 29 e 30) quanto no T.02 (Fig. 31).
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
84
Fig. 29 - T.01 Início: Praia do Sobral Fig. 30 - T.01 Fim: Lagoa Mundaú
Fonte: Eveline Almeida, 2005 Fonte: Eveline Almeida, 2005
Fig. 31 - T.02 Início: Praia de Jatiúca
Fonte: Eveline Almeida, 2005
4.2 ATRIBUTOS BIOCLIMATIZANTES DA FORMA URBANA
A análise dos atributos bioclimatizantes da forma urbana proposta por
ARAÚJO (2001); VIDAL (2000), reforçam a caracterização dos transetos T.01 e
T.02 realizados anteriormente.
4.2.1 Relevo-declividade
As áreas são caracterizadas por declividade muito baixa, praticamente
inexistente, o que contribui para uma melhor situação para o controle climático
segundo VIDAL (2000).
4.2.2 Formato-horizontalidade
O T.01 apresenta um formato predominantemente horizontal em todo o
percurso, sendo uma forma mais adequada para o clima quente e úmido (ARAÚJO,
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
85
2001). No T.02 ainda se verifica o formato horizontal preponderante, embora esteja
clara a tendência de verticalização em curto prazo.
4.2.3 Formato-verticalidade
Trata da dimensão vertical da malha urbana e esta se apresenta no T.01
constituída de edificações de no máximo dois pavimentos, enquanto no T.02
encontram-se edifícios de até oito pavimentos, sendo a maior concentração de
superfícies verticais no início do transeto.
4.2.4 Formato-densidade/ocupação do solo
A densidade e taxa de ocupação são bastante elevadas em ambos os transetos,
o que constitui um condicionante de degradação ambiental. Esta característica é
confirmada pela proximidade das edificações e praticamente inexistência de recuos e
áreas livres dentro das quadras.
4.3 ANÁLISE DAS MEDIÇÕES
A análise dos dados obtidos nas medições (QUADROS 05, 06, 07 e 08)
aconteceu em duas etapas. A primeira comparou os dados obtidos em cada transeto
com os dados da estação do aeroporto Zumbi dos Palmares – Estação de Referencia
(E. R) obtidos no mesmo período de observação e a segunda etapa verificou os dados
obtidos em cada ponto dos transetos ao longo do dia e a relação das configurações
urbanas com os microclimas identificados.
TABELA 05: Temperatura no transeto 01
TABELA 06: Umidade no transeto 01
9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h
1 29,9 30,1 27,1 30,2 31,0 27,3 29,8 29,9 27,5 30,6 30,7 28,1 29,9 30,2 26,6 30,8 31,3 27,2
2 30,3 30,7 28,1 29,8 31,0 27,2 28,9 31,2 27,5 28,3 30,3 27,3 30,2 31,1 28,2 28,7 31,1 27,3
3 32,3 33,1 28,8 32,0 32,5 27,9 32,6 32,3 28,2 31,8 32,8 27,9 31,9 32,1 28,7 32,0 33,4 28,9
4 29,6 31,2 27,9 29,8 30,2 28,1 31,3 30,6 29,0 30,2 31,3 27,3 30,4 30,8 27,2 30,5 29,5 27,5
5 29,9 28,9 27,5 29,7 29,7 28,8 30,4 30,3 27,9 29,6 30,1 27,2 29,8 29,9 27,1 29,4 30,5 27,1
Ponto
Temperatura
9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h
1 70,5 64,1 73,5 69,8 61,3 74,6 70,1 62,3 72,8 69,9 61,8 73,6 71,1 60,7 72,3 73,8 63,0 74,5
2 61,6 56,6 73,4 60,2 57,9 72,1 61,3 56,9 72,3 63,0 57,8 74,1 60,2 57,7 71,8 60,3 58,7 69,5
3 58,1 56,1 68,7 57,1 55,6 69,9 56,9 54,7 69,0 57,4 54,8 69,3 56,9 55,4 69,1 56,8 55,2 71,0
4 64,0 62,1 73,1 63,7 63,0 72,1 62,8 61,7 71,8 62,5 61,8 72,3 63,2 62,2 70,9 61,8 61,8 73,0
5 64,0 62,1 73,1 63,7 63,0 72,1 62,8 61,7 71,8 82,5 61,8 72,3 63,2 62,2 70,9 61,8 61,8 73,0
Ponto
Umidade
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
86
TABELA 07: Temperatura no transeto 02
TABELA 08: Umidade no transeto 02
4.3.1 Temperatura do ar: Valores Obtidos nas Medições X Estação de
Referência
4.3.1.1 Transeto 01
Os gráficos 01, 02, 03, 04, 05 e 06 mostram a comparação entre o
comportamento térmico de cada ponto do Transeto 01 (T.01) ao longo do dia e os
valores obtidos nas medições da E.R.
Gráfico 01
Tem
p
eratura Média T.01 P.01
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.01 Aeroporto
Gráfico 02
Temperatura Média T.01 P.02
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.02 Aeroporto
9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h
1 28,6 28,9 28,3 28,1 29,1 27,4 28,4 28,3 27,2 29,2 28,5 27,3 28,1 28,8 27,9 28,6 28,6 28,1
2 29,9 30,1 28,5 30,1 29,5 27,6 28,7 29,2 28,9 30,0 29,9 28,5 29,7 30,3 28,1 28,6 29,8 27,6
3 30,2 30,1 29,6 30,1 30,3 28,1 29,9 29,8 27,8 30,0 29,6 28,4 29,2 30,1 28,3 28,8 29,5 27,6
4 30,3 31,2 28,1 30,1 31,9 28,3 29,8 29,7 28,7 29,8 30,9 28,1 30,5 31,6 28,9 30,1 31,9 27,7
5 29,6 31,9 27,6 30,6 32,1 28,7 30,8 31,1 28,8 30,9 31,2 29,1 29,9 31,6 28,6 30,6 32,3 29,4
Ponto
Temperatura
9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h 9h 15h 21h
1 69,5 64,3 76,4 68,8 64,8 72,4 69,6 64,2 74,2 68,9 63,0 73,1 69,9 63,2 72,9 70,3 62,7 73,8
2 61,5 58,8 70,8 61,0 57,7 71,6 63,0 57,9 70,3 61,8 57,4 70,9 62,7 58,6 71,2 62,0 57,0 70,0
3 61,4 56,2 72,0 60,9 57,8 71,1 61,8 56,1 70,3 62,0 56,7 70,6 61,3 56,4 71,4 61,6 55,2 70,6
4 59,0 51,6 71,3 59,1 52,1 71,8 58,7 51,4 70,9 58,2 51,7 71,4 58,7 51,3 71,7 59,1 51,5 69,5
5 58,7 53,1 71,0 58,1 53,4 70,7 57,6 52,7 70,9 58,1 53,6 71,1 57,2 52,5 70,1 58,3 53,9 71,6
Ponto
Umidade
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
87
Gráfico 03
Temperatura Média T.01 P.03
20
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28
29
30
31
32
33
34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.02 Aeroporto
Gráfico 04
Temperatura Média T.01 P.04
20
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31
32
33
34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.02 Aeroporto
Gráfico 05
Temperatura Média T.01 P.05
20
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30
31
32
33
34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.05 Aeroporto
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
88
Gráfico 06
Temperatura Média T.01 ao lon
g
o do dia
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
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32
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34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
Aeroporto P.05 P.04 P.03 P.02 P.01
Podemos observar no Gráfico 06, que resume os dados obtidos ao longo do
dia, que em quase todos os pontos do T.01, nos horários das 9h e 15h, as
temperaturas se encontram iguais ou mais baixas que as encontradas na E.R. e às 21h
as temperaturas são mais elevadas que as encontradas na E.R. Porém, essa variação
da temperatura em relação a E.R. não demonstra uma alta amplitude térmica diária
nos pontos. Esta diferença não ultrapassa os 4,3ºC registrados no P.03. Enquanto na
E.R a diferença é de 6,8ºC também nos horários de 9h, 15h e 21h e de 8,4°C ao
longo das 24horas do dia.
No T. 02 as temperaturas se comportaram praticamente do mesmo modo que
no T.01. Ou seja, em todos os pontos se encontravam abaixo ou bem próximos aos
valores encontrados na E.R. nos horários de 9h e 15h e só às 21h estes valores se
encontravam acima dos valores da E.R. A amplitude térmica diária também se
manteve menor que na E.R.
Essa pequena amplitude térmica diária encontrada nos dois transetos se
justifica pelo efeito de armazenamento de calor das superfícies impermeabilizadas
como asfalto, concreto e outros materiais de revestimento que compõem a malha
urbana.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
89
4.3.1.2 Transeto 02
Gráfico 07
Temperatura Média T.02 P.01
20
21
22
23
24
25
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27
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29
30
31
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33
34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.01 Aeroporto
Gráfico 08
Temperatura Média T.02 P.02
20
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33
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35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.02 Aeroporto
Gráfico 09
Temperatura Média T.02 P.03
20
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35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.03 Aeroporto
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
90
Gráfico 10
Temperatura Média T.02 P.04
20
21
22
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27
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31
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33
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35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.04 Aeroporto
Gráfico 11
Temperatura Média T.02 P.05
20
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0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
P.05 Aeroporto
Gráfico 12
Tem
p
eratura Média T.02 ao lon
g
o do dia
20
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34
35
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Temperatura ºC
Aeroporto P.05 P.04 P.03 P.02 P.01
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
91
O Gráfico 12 mostra o resumo dos dados obtidos às 9h, 15h e 21h. Podemos
observar que a maior diferença de temperatura no T.02 ocorreu em P.05 chegando a
3ºC, enquanto na Estação de Referência (E.R.) essa diferença chega a 6°C no período
das 9h, 15h e 21h, e 9,5ºC ao longo das 24 horas do dia. Mais uma vez a amplitude
térmica diária se manteve em valores menores se comparados a E.R.
A baixa amplitude térmica é justificada, além de outros fatores, pela presença
de grandes massas d’água próximas aos dois transetos analisados. Em T.01 existe a
presença do Oceano Atlântico e da Lagoa Mundaú e em T.02 o Oceano Atlântico.
Estes resultados ilustram o fato de que, em relação aos dois transetos
analisados, as temperaturas mais elevadas foram encontradas na estação do
aeroporto. Porém, ao entardecer verificou-se que existe uma tendência da
temperatura do ar ser mais elevada na área urbana. Isto se deve ao fato que o
aeroporto é uma área mais aberta e possui a capacidade de refrigerar-se mais
rapidamente que a área urbana que é mais densa.
OKE (1982) confirma este fato quando afirma que as temperaturas do ar rural
à noite exibem uma curva de caimento exponencial até logo após o nascer do sol,
enquanto que o regime urbano é bem diferente, apresentando taxas de aquecimento e
resfriamento geralmente menores.
Verificou-se ainda que a amplitude térmica diária em T.02 foi menor que em
T.01, o que pode ser justificado pela maior densidade de área construída encontrada
em T.02 retardando o resfriamento da área.
4.3.2 Temperatura do Ar: Comportamento dos Transetos ao Longo do Dia
Os gráficos 13, 14 e 15 mostram os dados médios de temperatura do ar nos
cinco pontos do Transeto 01 (T.01) às 9:00h, 15:00h e 21:00h respectivamente. Os
mesmos apresentam uma pequena diferença nos valores de temperatura entre os
pontos.
A diferença máxima identificada foi de 2,9ºC às 15h entre P.03 e P.05 sendo
maior em P.03 (Gráfico 14). Os gráficos demonstram ainda que os valores mais
elevados encontram-se sempre em P.03, que se localiza mais no interior do
continente e os valores mais baixos em P.01 e P.05, fato que demonstra que à medida
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
92
que os pontos se afastam das massas d’água as temperaturas do ar tendem a se
elevar.
4.3.2.1 Transeto 01
Gráfico 13
Temperatura Média T.01 - 9:00h
20
21
22
23
24
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26
27
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29
30
31
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33
34
35
12345
Ponto Medido
Temperatura ºC
Temperaturas
Gráfico 14
Temperatura Média T.01 - 15:00h
20
21
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23
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25
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29
30
31
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34
35
12345
Ponto Medido
Temperatura ºC
Temperaturas
Gráfico 15
Temperatura Média T.01 - 21:00h
20
21
22
23
24
25
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27
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34
35
12345
Ponto Medido
Temperatura ºC
Temperaturas
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
93
Os gráficos 16, 17 e 18 mostram os dados médios de temperatura do ar nos
cinco pontos do Transeto 02 (T.02) às 9:00h, 15:00h e 21:00h respectivamente.
Assim como em T.01 os valores das temperaturas apresentam pouca variação ao
longo do T.02, como também apresentam maiores valores à medida que se
afastam do oceano Atlântico. As temperaturas mais elevadas e a maior amplitude
térmica diária encontram-se em no período das 15h (Gráfico 17) entre os pontos
P.01e P.05 que é de 3,2ºC, sendo maior em P.05.
4.3.2.2 Transeto 02
Gráfico 16
Temperatura Média T.02 - 9:00h
20
21
22
23
24
25
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29
30
31
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33
34
35
12345
Ponto Medido
Temperatura ºC
Temperaturas
Gráfico 17
Temperatura Média T.02 - 15:00h
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
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34
35
12345
Ponto Medido
Temperatura ºC
Temperaturas
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
94
Gráfico 18
Temperatura Média T.02 - 21:00h
20
21
22
23
24
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26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
12345
Ponto Medido
Temperatura ºC
Temperaturas
Quanto à questão da distribuição espacial da temperatura do ar dentro da
malha urbana, verificou-se que as variações ocorrem de acordo com as diversas
características da configuração urbana.
Verificou-se que durante o dia as temperaturas mais elevadas foram
registradas nos espaços abertos, sem sombreamento ou arborização, onde a radiação
solar direta é mais intensa, ou seja, na E.R.
No entanto, durante a noite as temperaturas mais altas foram registradas nas
áreas urbanas onde devido a rugosidade e densidade da área o calor é armazenado
durante mais tempo. Isto significa que, à noite o espaço urbano está sob a influência
da radiação térmica.
As menores amplitudes térmicas foram encontradas nos pontos P.01 e P.05 do
T.01 e no P.01 do T.02, áreas próximas às massas d’água, elementos que agem como
estabilizadores das temperaturas do ar.
A localização das áreas em estudo, próximas ao oceano Atlântico e à Lagoa
Mundaú, constitui-se num aspecto importante na amenização das temperaturas do ar.
4.3.3 Umidade Relativa do ar: Valores Obtidos nas Medições X Estação de
Referência
Os gráficos 19, 20, 21, 22, 23 e 24 mostram a comparação entre o
comportamento térmico de cada ponto do Transeto 01 (T.01) ao longo do dia e os
valores obtidos nas medições da E.R.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
95
Os valores de umidade relativa obtidos no T.01 geram um gráfico bastante
parecido com o da E.R. Valores mais altos nas primeiras horas do dia que diminuem
a cada hora e tornam a aumentar ao final da tarde.
Porém, a variação é bem maior na E.R, chegando a uma diferença de 35% no
mesmo período das medições em campo(9h, 15h e 21h) e chega a uma diferença ao
logo do dia de 46.7%, sendo o valor mais alto às 6h e o mais baixo ao meio dia.
Enquanto no T.01 a maior diferença encontrada foi de 13,7% no P.05, sendo o maior
valor às 21h e o menor às 9h.
4.3.3.1 Transeto 01
Gráfico 19
Umidade Média T.01 P.01
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.01 Aeroporto
Gráfico 20
Umidade Média T.01 P.02
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.02 Aeroporto
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
96
Gráfico 21
Umidade Média T.01 P.03
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.03 Aeroporto
Gráfico 22
Umidade Média T.01 P.04
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.04 Aeroporto
Gráfico 23
Umidade Média T.01 P.05
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.05 Aeroporto
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
97
Gráfico 24
Umidade Média T.01 ao lon
g
o do dia
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
Aeroporto P.05 P.04 P.03 P.02 P.01
Ao longo do dia os valores de umidade relativa do ar no T.01 apresentaram
uma pequena variação. Nos períodos das 9h e das 15h estes valores ficaram iguais ou
acima dos valores encontrados na E.R. Esse aspecto estabilizado dos valores deve-se
ao fato da proximidade da área com o oceano Atlântico e a Lagoa Mundaú.
No transeto 02 acontece também uma variação semelhante à E. R, ou seja,
valores mais elevados no início e no final do dia. Sendo a diferença dos valores
também menor no T.02. Na E.R nos mesmo dias de medição a diferença chegou a
46%, sendo o valor mais alto as 4h e o mais baixo as 13h enquanto no T.02 não
ultrapassou os 17,1% no P.04 entre as 15h e 21h.
4.3.3.2 Transeto 02
Gráfico 25
Umidade Média T.02 P.01
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.01 Aeroporto
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
98
Gráfico 26
Umidade Média T.02 P.02
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.02 Aeroporto
Gráfico 27
Umidade Média T.02 P.03
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.03 Aeroporto
Gráfico 28
Umidade Média T.02 P.04
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.04 Aeroporto
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
99
Gráfico 29
Umidade Média T.02 P.05
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
P.05 Aeroporto
Gráfico 30
Umidade Média T.02 ao lon
g
o do dia
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
0:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00 7:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00
Hora
Umidade (%)
Aeroporto P.05 P.04 P.03 P.02 P.01
Os valores de umidade relativa se mantiveram mais ou menos dentro da curva
da E.R, apresentando pequena variação diária. Foram identificados valores mais altos
às 9h e 15h nos pontos P.01 e P.02 certamente por estarem mais próximos ao oceano
Atlântico.
4.3.4 Umidade Relativa do ar: Comportamento dos Transetos ao Longo do Dia
4.3.4.1 Transeto 01
Os gráficos 31, 32 e 33 mostram o comportamento térmico do Transeto 01
(T.01) ao longo do dia. À medida que os pontos se afastam das massas d’água os
valores de umidade tendem a diminuir, assim como se elevam no início e final do
dia.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
100
Gráfico 31
Umidade Média T.01 - 9:00h
50
55
60
65
70
75
80
12345
Ponto Medido
Umidade (%)
Umidade
Gráfico 32
Umidade Média T.01 - 15:00h
50
55
60
65
70
75
80
12345
Ponto Medido
Umidade (%)
Umidade
Gráfico 33
Umidade Média T.01 - 21:00h
50
55
60
65
70
75
80
12345
Ponto Medido
Umidade (%)
Umidade
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
101
4.3.4.2 Transeto 02
Os gráficos 34, 35 e 36 mostram o comportamento térmico do Transeto 02
(T.02) ao longo do dia. Como já era esperado, os valores tendem a diminuir a medida
que os pontos se afastam do Oceano Atlântico e a malha urbana torna-se mais densa.
Gráfico 34
Umidade Média T.02 - 9:00h
50
55
60
65
70
75
80
12345
Ponto Medido
Umidade (%)
Umidade
Gráfico 35
Umidade Média T.02 - 15:00h
50
55
60
65
70
75
80
12345
Ponto Medido
Umidade (%)
Umidade
Gráfico 36
Umidade Média T.02 - 21:00h
50
55
60
65
70
75
80
12345
Ponto Medido
Umidade (%)
Umidade
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
102
Verificou-se ainda, que nos dois transetos há uma relação entre o aumento da
temperatura e a diminuição da umidade relativa do ar.
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Observadas as características da configuração urbana dos transetos T.01 e
T.02 e os valores obtidos nas medições em campo, partiu-se para análise estatística
desses valores.
Os dados obtidos em campo das variáveis ambientais temperatura e umidade
relativa do ar em T.01 e T.02 foram avaliados através de uma análise de variância,
que indicou que a temperatura e umidade sofrem influência das variáveis estudadas
(horário e características do ponto de medição) nas condições em que foram
realizadas as medições.
Foram considerados nos dois transetos os percentuais, em cada ponto, dos
seguintes parâmetros: área edificada, área pavimentada e vegetação, dentro de um
raio de 150m (conforme já descrito na metodologia), conforme mostra a Tabela 09.
QUADRO 09: Porcentagens de Área pavimentada, edificada e vegetação
TRANSETO 01
Área Edificada (%) Área Pavimentada (%) Vegetação (%)
P.01 41,3 14 0,4
P.02 84,5 14 1,4
P.03 83,2 16,6 0,3
P.04 86,9 13 0,1
P.05 44,7 18,8 4,3
TRANSETO 02
P.01 40,6 15,6 0,6
P.02 77 16 0,3
P.03 78,1 16,8 2,4
P.04 83,1 16,8 0,3
P.05 77,4 19,35 0,2
Primeiramente foram avaliados os dados de temperatura e umidade para cada
ponto de cada transeto separadamente, para verificar a influência da hora de medição
nos resultados obtidos. Em seguida, foi realizada outra análise levando em
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
103
consideração todo o transeto, para avaliar a influência dos parâmetros característicos
de cada ponto nos resultados das variáveis ambientais observadas.
A análise inicial em que foi testada a influência da hora de medição em cada
um dos pontos em T.01 e T.02, usou-se um nível de significância de 0,05 . Os
resultados indicaram que, para todos os pontos onde foram realizadas as medições, o
horário de medição tem influência significativa no valor resultante das variáveis
medidas.
A segunda análise efetuada levou em consideração os pontos nos dois
transetos, e a influência, nos mesmos, dos parâmetros observados nos resultados das
variáveis temperaturas e umidades relativas do ar.
Da mesma forma, tanto para o T.01 quanto para o T.02, a análise de variância
mostrou que as variáveis ambientais de temperatura e umidade relativa do ar têm
variação significativa, para um nível de significância de 0,05, quando medida em
cada ponto, com características e percentuais diferentes de área edificada, área
pavimentada e vegetação.
Foram construídas, através de regressão linear múltipla, equações que
permitiram estimar as temperaturas (T
t
) e umidades médias (U
t
) em cada transeto, em
cada horário de medição, e em função dos três parâmetros estudados: área edificada
(AE), área pavimentada (APav) e vegetação(V):
VAPavAET
t 3210
α
α
α
α
+
+
+
=
VAPavAEU
t 3210
β
β
β
β
+
+
+
=
Assim, os coeficientes das equações traduzem a influência de cada parâmetro
sobre as variáveis medidas, em cada transeto, e em cada horário de medição,
conforme mostra a tabela 10.
QUADRO 10 : Coeficientes obtidos para cada transeto
α
0
α
1
α
2
α
3
β
0
β
1
β
2
β
3
T01/ 9:00
21,74262 0,0458 0,61927 -0,89538 101,99973 -0,22867 -1,55642 0,81482
T01/ 15:00
22,87556 0,01898 0,5056 -0,74423 82,63772 -0,09119 -1,18228 1,15356
T01/ 21:00
23,9637 0,01283 0,20742 -0,20012 86,42255 -0,04529 -0,80355 0,6699
T02/ 9:00
23,67881 0,02806 0,2371 -0,06235 93,82377 -0,2077 -1,03211 0,50728
T02 /15:00
20,1724 0,03508 0,46342 -0,32649 85,9971 -0,21085 -0,88305 0,67932
T02 /21:00
24,81018 0,0106 0,15808 -0,00187 77,32262 -0,07018 -0,04664 0,01847
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
104
Os resultados obtidos comprovam, de acordo com pesquisas anteriores, que
as temperaturas do ar são elevadas com o aumento da área edificada e área
pavimentada e, por outro lado, são reduzidas por efeito da vegetação. A umidade
relativa do ar, por sua vez, é elevada com o aumento da vegetação, e diminuída com
o aumento dos demais parâmetros.
No transeto 01, observou-se uma maior influência do parâmetro vegetação,
seguido do parâmetro área pavimentada, nos resultados obtidos de temperatura do ar.
Para a umidade relativa, o parâmetro área pavimentada exerceu maior influência.
No transeto 02, tanto nos resultados de temperatura do ar como para os
resultados de umidade relativa, a área pavimentada exerceu maior influência, seguido
da vegetação.
É importante enfatizar que os resultados aqui obtidos demonstram os pesos
relativos de apenas três parâmetros observados, para um determinado período de
medição. Certamente outros parâmetros podem ser importantes na determinação das
variáveis climáticas, como ventos e nebulosidade, entre outros. Apesar dessa
limitação, a presente análise identifica que o ambiente climático urbano pode ser
significativamente modificado, de maneira favorável ou prejudicial, e mostra a
importância das características físicas da ocupação urbana na formação de
microclimas.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
105
O crescimento das cidades e a conseqüente substituição dos materiais naturais
pelos materiais que constituem a malha urbana ocasionam uma transformação no
meio ambiente climático. Como destaca ALVA (1997), o meio ambiente construído,
principalmente as cidades, é o ambiente “natural” para uma parte cada vez maior dos
habitantes do planeta. Ou seja, não há como reverter o processo de urbanização, mas,
através da climatologia urbana, pode-se buscar situações de equilíbrio adequadas às
características climáticas de cada região e criar modelos de ocupação urbana que
visem a qualidade ambiental.
5. CONCLUSÕES
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
106
A presente dissertação teve como objetivo principal a análise da configuração
urbana e sua relação com os microclimas através do estudo de duas frações urbanas
na cidade de Maceió, a partir da análise das características físicas das áreas e de
medições in loco de temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade dos
ventos.
A análise das áreas identificou alterações microclimáticas entre os pontos
onde foram realizadas as medições das variáveis ambientais. Tais alterações
demonstraram relação com a configuração urbana de cada ponto.
Em curto prazo as características microclimáticas hoje identificadas podem
sofrer outras alterações uma vez que no Transeto 01 se observa uma área já bastante
adensada, pouco arborizada e sem nenhum plano que indique a melhora do espaço
urbano e no Transeto 02 o processo de verticalização e adensamento da área é
iminente como foi observado, ainda durante a pesquisa, a substituição de áreas livres
por edificadas e de áreas com habitações térreas por edifícios.
Detwyler (1974) observa algumas alterações no meio urbano quanto à
mudança da superfície da terra pela densa construção, o aumento da capacidade
armazenadora de calor com a diminuição do albedo e a emissão de contaminantes na
atmosfera. Alterações estas que já são evidentes nas áreas em estudo, uma vez que a
superfície de ambas as áreas encontra-se modificada pela alta densidade construída e
pavimentação, aumentando assim a capacidade armazenadora de calor. A emissão de
contaminantes também é um fato perceptível já que os transetos T.01 e T.02 são duas
vias de tráfego intenso de veículos.
Dos resultados obtidos pode-se concluir que existem microclimas
diferenciados na malha urbana de Maceió, determinados pela influência da
configuração urbana das áreas em estudo. Foram identificados padrões diferenciados
de ocupação do solo e conseqüentemente características quanto aos atributos da
forma urbana (item 4.1) e aos atributos bioclimatizantes da forma urbana (item 4.2).
A análise estatística dos dados pôde embasar duas constatações: a primeira
diz respeito à interferência do horário de medição nos valores obtidos e a segunda
confirma a influência da configuração urbana nos microclimas.
Desse modo, confirmou-se a influência de alguns aspectos urbanos no
comportamento microclimático como: a relação entre densidade construída e
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
107
temperaturas mais elevadas do que em áreas abertas, diferenças entre áreas
pavimentadas e solo natural tanto nos valores de temperatura como na diminuição da
umidade relativa do ar e a pouca influência da vegetação dispersa.
Um dos aspectos que também influenciou na determinação de microclimas
diferenciados nas áreas em estudo foi a proximidade de massas d’água (Oceano
Atlântico e Lagoa Mundaú), evidenciada nos resultados de temperatura e umidade
relativa do ar. Foi possível observar que à medida que os pontos se afastam das
massas d’água houve um aumento na temperatura do ar e uma diminuição na
umidade relativa do ar. Observou-se ainda que essa variação de temperatura
mostrou-se pequena ao longo do dia, como também foi pequena a variação entre os
pontos, fato que comprovou o efeito termo-regulador das massas d’água.
De acordo com a caracterização física das áreas em estudo pode-se identificar
alguns aspectos relevantes que podem influenciar em uma melhor ou pior
configuração urbana da área e conseqüentemente amenizar ou intensificar a situação
de desconforto encontrada.
A carência de áreas verdes identificada ao longo dos dois transetos demonstra
as condições de desconforto decorrente, dentre outros fatores, da falta de um
tratamento paisagístico que amenize a radiação solar recebida, gerando áreas de
sombra com temperaturas mais amenas, podendo criar espaços mais confortáveis
tanto do ponto de vista do conforto ambiental como psicológico. A pouca área verde
encontrada mostra-se dispersa e com pouca ou quase nenhuma influência sobre os
dados de temperatura e umidade obtidos.
Outro ponto observado é o crescente volume de áreas pavimentadas e
edificadas e a substituição do solo natural pelo construído na área estudada, o que
obriga a cidade a conviver com superfícies em geral de maior refletividade de
radiação solar, de maior emissividade de radiação infravermelha, de maior
capacidade térmica e mais secas, que superfícies recobertas por um tipo qualquer de
vegetação, conforme já constatado em FARIA; SOUZA (2004).
Ainda sobre os casos em estudo, sendo ambas as áreas locais de grande
impacto paisagístico natural, seria interessante torná-las também áreas agradáveis do
ponto de vista do conforto ambiental. Ou seja, com intervenções urbanas que
ocorressem de modo racional, respeitando as características naturais, estabelecendo
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
108
parâmetros para adensamento, verticalização, pavimentação, porcentagem de áreas
verdes e áreas livres.
Assim, é importante divulgar o aperfeiçoamento do urbanismo bioclimático,
melhorando as condições climáticas a que são submetidos os habitantes das nossas
cidades, pois o estudo climático urbano pode orientar o planejamento das cidades
através da inserção de medidas que minimizem situações de desconforto existentes e
que previnam outras que possam surgir.
OLIVEIRA (1988), confirma a importância do estudo microclimático nas
cidades quando afirma que a intensidade das modificações introduzidas pela forma
urbana no clima, com conseqüentes efeitos sobre o homem, está subordinada às
características da forma urbana que são condicionantes do clima urbano, ao conjunto
de suas relações e ao clima pré-existente ou potencialmente semelhante ao da área
rural do entorno urbano.
Dessa forma, é essencial que a configuração urbana seja entendida como o
conjunto de características naturais e construídas de uma determinada área. Estas
devem interagir com as decisões projetuais, desde o projeto ao nível do edifício até o
planejamento urbano.
No entanto, a cidade é um organismo muito complexo e certamente a
preocupação ambiental é apenas um aspecto a ser considerado no seu processo de
construção. Sem dúvida, qualquer tipo de intervenção urbana deverá levar em
consideração aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.
O presente trabalho, portanto, pretende contribuir para o aprimoramento das
intervenções urbanas de modo a oferecer aos habitantes uma cidade mais digna,
salubre e confortável.
A CONFIGURAÇÃO URBANA E SUA RELAÇÃO COM OS MICROCLIMAS:
ESTUDO DE FRAÇÕES URBANAS NA CIDADE DE MACEIÓ
109
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