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Por fim, veja-se outro interessante artigo
acerca de uma das pesquisas
sobre o efeito da mentira no organismo, realizada por um grupo de cientistas
americanos que:
[...] pediram a um grupo de estudantes de enfermagem, uma profissão cujos
praticantes são de certo modo treinados para mentir, que dissessem ora a
verdade, ora a mentira sobre alguns filmes a que haviam assistido.
Enquanto as enfermeiras falavam, uma câmara oculta tratava de flagrar os
sinais mentirosos. Um deles é o ato de esconder as mãos, que normalmente
se movimentam numa conversação para dar força a uma idéia. Sem
perceber o que está fazendo, o mentiroso tende a tirar as mãos de cena,
afundando-as nos bolsos, por exemplo, para evitar que desmintam a
mentira que sai da boca. As enfermeiras da pesquisa americana
aumentaram a freqüência de autocontatos com o rosto, enquanto mentiam
sobre os filmes. Ou seja, começaram a passar a mão pela face, alisar os
cabelos, apoiar a mão no queixo. Mas dois gestos se destacaram: o de
encobrir parcialmente a boca nem que apenas por um momento e o de tocar
o nariz. O primeiro, segundo os psicólogos, traduz uma vontade de
amordaçar-se, porque ninguém se sente totalmente à vontade ao contar
mentiras. Tende a ser um gesto rápido porque exprime um conflito: uma
parte do mentiroso não quer amordaçar-se coisa nenhuma e sim continuar
com a sua mentira. Já o toque no nariz tem duas explicações: a primeira
seria basicamente a impossibilidade de cobrir a boca, portanto, encontra-se
apoio no nariz, que está convenientemente próximo; a segunda explicação
refere-se a certas mudanças fisiológicas, nos momentos de tensão, que
aumentam a sensibilidade da mucosa nasal. Assim, ao mentir, o nariz coça,
embora possa ser uma sensação tão suave que mal se perceba.
Finalmente, as enfermeiras mentirosas se mexiam mais nas cadeiras, como
crianças que querem escapar de algum lugar. Na verdade, o que todos
querem é escapar desse desconforto psicológico que é enganar o próximo,
mesmo quando não se o ama.
Conclui-se, pois, que o interesse geral pelo tema, que tem sido tratado com
seriedade por cientistas, é bastante atual.
OLIVEIRA, Lúcia Helena de. Tudo mentira. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/superarquivo/1988/conteudo_111125.shtml>. Acesso em: 03 dez 2008.
Verifique-se mais esta reportagem (de 12 fev. 2007. Disponível em:
<http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Investigadores-do-Porto--desenvolvem-novo-detector-de-
mentiras.rtp&article=40353&visual=3&layout=10&tm=8>): “Investigadores do Porto desenvolvem
novo „detector de mentiras‟
Uma universidade privada do Porto está a desenvolver uma plataforma informática para ajudar as
polícias a detectar „incongruências emocionais‟ de pessoas chamadas a depor por suspeita de
envolvimento em crimes, disse hoje à Lusa fonte envolvida no projecto. O desenvolvimento desta
espécie de „detector de mentiras‟, designado Psy7Faces, é da responsabilidade do Laboratório de
Expressão Facial da Emoção, da Universidade Fernando Pessoa (FEELab/UFP), e apoia-se no
estudo „Expressão Facial: Identificação e Reconhecimento - Estudo Empírico com Portugueses‟,
realizado pela mesma equipa. Com o Psy7Faces „pretende-se detectar as denominadas
incongruências emocionais, por exemplo durante o primeiro interrogatório de qualquer indivíduo
que seja suspeito da prática e/ou participação criminosa‟, disse à Lusa Erico Castro, do Laboratório
de Expressão Facial da Emoção, do FEELab/UFP. De acordo com a fonte, o estudo sobre
expressão facial que está na origem do Psy7Faces envolveu 612 portugueses (306 de cada sexo),
com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos. Os resultados obtidos sugerem que é
possível perceber melhor, analisando o rosto, as emoções dos homens. Se a análise dos rostos
masculinos for feita por mulheres, obtêm-se resultados „ainda com maior rigor‟, já que o sistema
límbico feminino „é mais sensível à identificação e reconhecimento das emoções‟, acrescentou o