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Pannuti et al. (2003), pelo fato provavelmente destes indivíduos portadores de necessidades
especiais não manterem uma higiene bucal adequada. Porém, a esse fator etiológico, pode ser
acrescentado outros fatores como a respiração bucal, anomalias na oclusão e alimentação
inadequada (ALMEIDA et al. 2004). Além dos fatores socioeconômicos e culturais desses
indivíduos, que podem também contribuir para o aumento desta prevalência (DUARTE,
2005). Os achados deste estudo são semelhantes, pois a maioria da amostra (50%) encontra-se
em uma classe social relativamente baixa (classe D).
Com relação ao estado nutricional, os portadores de necessidades especiais são mais
propensos à obesidade que os indivíduos sem deficiência mental (JACKSON, THORBECHE,
1982). Para apoiar essa observação, um número de fatores que são características da
população, vem sendo apontados como possíveis causas para problemas de excesso de peso,
incluindo um estilo de vida sedentário, falta de conhecimento nutricional, alimentação
inadequada, fatores de comportamento e personalidade (FOX, ROTATORI, 1982; BARROS,
1998; STANCLIFFE et al., 2001).
Além disso, em relação ao estado nutricional, também tem sido observado que a má
nutrição é prevalente nos pacientes com necessidades especiais segundo (BUKART, et al.,
1985), podendo ser como uma das causas, às interferências que influenciam a ingestão dos
alimentos tais como o tônus muscular da cavidade bucal alterado, o refluxo gastroesofágico,
dificuldades de sucção, mastigação e deglutição (MUGAYAR, 2000).
As preferências alimentares e a ingestão dos alimentos em todas as faixas etárias são
fortemente influenciados pela sociedade, suas crenças e cultura (MOHYNHAN,
BRADBURY, 2001; ZANCUL, 2004). Entre os fatores mais importantes está o psicossocial e
o nível socioeconômico, como a pobreza (PAPAS et al., 1998). No Brasil, uma característica
marcante é o baixo poder aquisitivo da população de deficientes, fato que provavelmente
resulta na aquisição de alimentos inadequados, o que pode vir a contribuir para a monotonia
da alimentação e de certa forma para um estado nutricional alterado (AGUIAR, 2000;
DUARTE, 2005). Estes dados estão de acordo com aqueles observados neste estudo, onde foi
encontrado o estado nutricional inadequado em 51% da amostra e o nível socioeconômico
baixo (50% classe D).
A alimentação inadequada e a falta de controle da ingestão dos alimentos para atender as
necessidades energéticas do organismo, podem propiciar distúrbios nutricionais que
modernamente acometem os seres humanos: a desnutrição (atendimento inferior às
necessidades) e mais recentemente a obesidade (consumo energético acima das necessidades)
(VANNUCCHI, UNAMUNO, MARCHINI, 1996).