Janeiro,
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passando pelo Grupo de Itatiaia,
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a criação do IBESP,
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até sua
posterior transformação no ISEB, em 1955.
Outro aspecto que faz essa periodização de Hélio Jaguaribe merecer
destaque, é o fato de ter sido definida – em parte – a partir da mudança de
estatutos do ISEB, justamente no momento em que Jaguaribe e Guerreiro
Ramos travaram uma batalha no Conselho do instituto, que culminaria – ao fim
e ao cabo – com a saída dos dois.
Segundo Hélio Jaguaribe, a ideia de criar o ISEB – como uma instituição
ligada diretamente ao Estado – era um tanto diferente do que acabou sendo
efetivado. Quando ele entregou o projeto de um instituto de estudos políticos
ao então ministro da Educação, Antonio Balbino, ainda durante o segundo
governo Vargas, a ideia era mais ampla e previa duas coisas:
Em primeiro lugar, algo como o “Collège de France” ou, em
termos mais próximos de nossa realidade, o Colégio de México. Em
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Em fins da década de 1940, sob a coordenação de Hélio Jaguaribe, um grupo de jovens
intelectuais tiveram acesso, através de Augusto Frederico Schmidt, à 5ª. página do Jornal do
Commercio. O espaço foi cedido pelo diretor e dono do jornal – Elmano Cardim – para que se
fizesse uma página cultural. Para Hélio Jaguaribe, esta foi a gênese do que viria a ser, mais
tarde, o ISEB. Esse grupo – Jaguaribe, Oscar Lorenzo Fernandez, Israel Klabin, Jorge Serpa
Filho e Cândido Mendes – usavam o espaço da 5ª. página para expor o resultado de estudos
que encontrassem uma formulação epistemológica, sobretudo para as ciências sociais, que
superasse o dilema positivismo-marxismo. Segundo Jaguaribe, havia ali um começo daquilo
que viria a se tornar uma orientação do ISEB: “a vontade de compreender a correlação entre
uma visão geral da cultura universal e a problemática brasileira em sua especificidade”. (Cf.
JAGUARIBE, 2005: 31).
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O Grupo de Itatiaia funcionou a partir de agosto de 1952, mas fortaleceu-se durante 1953 a
partir de um grupo de intelectuais cariocas que escreviam na 5ª. página do Jornal do
Commercio, e um grupo de intelectuais de São Paulo, que tinham preocupações afins. A união
entre os dois grupos foi facilitada por Roland Corbisier, então redator de O Estado de São
Paulo. Do grupo de São Paulo faziam parte, em sua maioria, ex-integralistas: Vicente Ferreira
da Silva, Renato Czerna, Miguel Reale, Almeida Salles, Paulo Edmur de Souza Queirós e
Ângelo Arruda. O encontro mensal do grupo passou a ser realizado num local a meio caminho
entre Rio e São Paulo, a cidade de Itatiaia. O grupo de São Paulo tinha preocupações de
caráter mais filosófico e o do Rio mais inclinado para as Ciências Sociais, com interesse na
aplicação de suas categorias à realidade brasileira, no sentido de seu desenvolvimento.
Segundo Jaguaribe, houve cisões de ordem ideológica e de interesses dos dois grupos e
prevaleceu a corrente do Rio. Roland Corbisier teria sido o único que passou da posição dos
paulistas à dos cariocas e, inclusive, mudou-se para o Rio de Janeiro. Esse grupo acabou
tomando uma forma institucional e nasceu o IBESP – Instituto Brasileiro de Economia,
Sociologia e Política. (Cf. JAGUARIBE, 2005: 32-33).
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O IBESP foi criado em 1954, sob a direção de Hélio Jaguaribe. O Instituto sobrevivia de
pequenas contribuições de seus próprios membros. Chegou a publicar cinco números da
Revista Cadernos do nosso tempo, financiada exclusivamente por Hélio Jaguaribe, com parte
dos proventos de sua atividade como advogado. Mas para tornar-se o instituto necessário aos
objetivos traçados pelo grupo, era preciso empreender esforços para sua transformação em
uma instituição pública. A partir da iniciativa de Jaguaribe ainda durante o segundo governo
Vargas, acabou nascendo o ISEB, cuja data de criação oficial aconteceu depois, durante o
governo Café Filho, em 1955. (CF. JAGUARIBE, 2005: 33).