Foi, também, introduzida na Sociedade de Homens de Letras, por Olavo Bilac, que
admirava seu estilo de fortes influências parnasianas.
O primeiro livro de Albertina Bertha, intitulado Exaltação, foi publicado como
romance em 1916; entretanto, já havia sido publicado como folhetim no Jornal do
Comércio,
88
mediante o pedido de T. A. Araripe Júnior
89
e, desde então, sendo alvo da
crítica.
Constância Lima Duarte,
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ao refletir sobre o cânone e a autoria feminina,
observa a dificuldade que a mulher, nos séculos passados e ainda no início do século
XX, enfrentava para ser considerada escritora e integrar o cânone literário “numa
sociedade que se recusava a aceitar a concorrência feminina, em qualquer de seus
domínios”.
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Dessa forma, segundo Duarte, mesmo que a mulher tivesse o incentivo da
de consultas. Bittencourt completou apenas três volumes do dicionário, referente às letras A e B. O
terceiro e último volume, publicado em 1972, não foi concluído pela autora. Dentre inúmeros trabalhos,
Adalzira Bittencourt publicou: Mulheres e livros (1948), Antologia de letras femininas (1948) e A mulher
paulista na história (1954). Sua vasta obra mostra a sua preocupação com a causa da mulher e com a
construção da memória feminina brasileira.
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BITTENCOURT, Adalzira. Dicionário bio-bibliográfico de mulheres ilustres, notáveis e intelectuais
do Brasil. Rio de Janeiro: Pongetti, 1969, p. 114-115.
88
O Jornal do Comércio, importante jornal econômico brasileiro que teve origem no Diário Mercantil
(Francisco Manuel Ferreira & cia - 1824), foi fundado em 31 de agosto de 1827, pelo francês Pierre
Plancher, no Rio de Janeiro. “No influente órgão da imprensa fluminense, a mais antiga folha de
circulação diária ininterrupta da América Latina desde a fundação, em suas páginas têm colaborado as
mais eminentes personalidades do primeiro e do segundo Império bem como da República até os dias
presentes [...]. Durante este período eram colaboradores, entre outros, Justiniano José da Rocha, José
Maria da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco, autor, em 1851, das Cartas do Amigo Ausente),
Carlos de Laet, Francisco Octaviano, José de Alencar, Homem de Mello, Joaquim Nabuco, Guerra
Junqueiro e outros intelectuais. O próprio Pedro II escrevia sob pseudônimo no jornal e influía em seus
editoriais, a ponto de um destes ter causado a queda do Ministério. Com seus colaboradores de nível tão
alto, o jornal desempenhou o papel de precursor da Academia Brasileira de Letras, cuja fundação somente
ocorreria a 20 de julho de 1897, tendo como seu primeiro presidente o escritor Machado de Assis. [...]
Entre os colaboradores destacavam-se José Veríssimo, Visconde de Taunay, Alcindo Guanabara, Araripe
Junior, Afonso Celso e outros”. Disponível em http://www.jornaldocommercio.com.br/, acessado em
13/06/2009, grifo nosso.
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Tristão de Alencar Araripe Júnior (Fortaleza, 1848 - Rio de Janeiro,1911) foi escritor, crítico literário e
advogado. Sua família foi uma das mais importantes do Ceará, no século XIX. Primo de José de Alencar,
sua obra literária iniciou-se ligada à ficção, porém tornou-se célebre no campo do ensaio, formando com
Sílvio Romero e José Veríssimo a trindade crítica da época positivista e naturalista. Araripe Júnior é
considerado, no bom e no mau sentido, “padrinho” de Albertina Bertha, uma vez que é ele quem escreve
o primeiro registro sobre o romance-estreia da autora, Exaltação.
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Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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DUARTE, Constância Lima. O cânone e a autoria feminina. In: SCHMIDT, Rita Terezinha (Org.).
Mulheres e literatura: (trans)formando identidades. Porto Alegre: Editora Palotti, 1997.