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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração
Carlos Augusto Silva Barros
O que determina o comportamento financeiro do brasileiro: razão ou emoção?
Mestrado em Administração
São Paulo
2010
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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração
Carlos Augusto Silva Barros
O que determina o comportamento financeiro do brasileiro: razão ou emoção?
Mestrado em Administração
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção de título de mestre
em Administração Estratégia e
Inovação, em ________sob a orientação
do Prof. Doutor José Odálio dos Santos.
São Paulo
2010
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Banca Examinadora
_________________________________
_________________________________
_________________________________
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador José Odálio pela valiosa contribuição e cobrança fundamentais
para que este trabalho fosse concluído no prazo. Ao professor Rubens Famá por apresentar o
tema Finanças Comportamentais como um dos mais promissores em Finanças me indicar a
professora Vera Rita. À professora Vera Rita por todo o conhecimento transmitido e pelo
empenho em desenvolver a disciplina Psicologia Econômica no Brasil. Ao professor
Waldomiro pelas contribuições no exame de qualificação. A Professora Neusa pela
contribuição à forma do trabalho e ao professor Belmiro por apresentar de forma simples e
objetiva as ferramentas de pesquisa que permitiram sua realização.
À Editora Abril que subsidiou a realização do mestrado como parte de minhas atividades
profissionais. Agradeço a seus executivos Edílson Soares, Nelson Romanini, Murillo Boccia e
Fernando Costa pelo apoio e compreensão ao longo destes 2 anos.
A todos internautas que colaboraram e responderam à pesquisa publicada na internet e
enviaram mensagens de estimulo.
A minha esposa Rafaela e meu filho Gabriel pelo tempo “cedido” para esta tarefa. Também
agradeço a meu pai, Manoel e meu irmão Pedro pelo estimulo ao retorno ao meio acadêmico.
5
RESUMO
A dissertação investiga o comportamento financeiro do brasileiro e os fatores que o
determinam: razão ou emoção? Uma pesquisa baseada em fundamentos de Finanças
Comportamentais foi aplicada a 641 brasileiros segmentados por gênero, idade, renda e
escolaridade. Na pesquisa é avaliada em cada grupo a presença de heurísticas e vises como,
por exemplo, excesso de confiança, representatividade, ancoragem e procrastinação.
A presença da emoção como fator essencial para analisar o comportamento financeiro
se contrapõe à Hipótese dos Mercados Eficientes (HME), pensamento dominante em Finanças
até a crise econômica iniciada em 2008. As proposições da HME são modelos úteis, porém
excessivamente simplificados para refletir toda a movimentação econômica. Por outro lado o
comportamento humano é regido pelo nosso cérebro que é bastante complexo. Assim o
caricato Homo Economicus parece destinado a sair de cena. A hipótese central deste trabalho
é a de que os seres humanos podem tomar decisões financeiras irracionais, baseadas na
emoção e que são, aparentemente, muito mais do que simples “anomalias” dos mercados.
As emoções sempre foram tratadas como relevantes no âmbito do comportamento
financeiro por operadores do mercado, porém recentemente um número cada vez maior de
pesquisas científicas em Administração, Economia e Psicologia também indicam o fato.
Os resultados da pesquisa mostram que tanto razão quanto emoção influenciam o
comportamento financeiro do brasileiro. Como se esperava, o estudo indica diferenças
significativas no comportamento de acordo com o gênero, idade, escolaridade e renda.
PALAVRAS CHAVE
Finanças Comportamentais, Decisão Financeira, Psicologia Econômica e Finanças
Pessoais.
6
ABSTRACT
The dissertation investigates Brazilian financial behavior and what determines it:
reason or emotion? A survey based on Behavior Finance fundaments was applied to 641
Brazilians segmented by gender, age, income and scholarship. The survey evaluates in each
group the presence of heuristics and bias such as, for instance, overconfidence,
representativeness, adjustment to anchor and procrastination.
The presence of emotion as an essential factor in order to analyze the financial
behavior is in opposition to the Efficient Market Hypothesis (EMH), dominant theory in
Finance until the economic crisis that was initiated in 2008. The EMH propositions are very
useful, but excessively simplified to reflect all economic live. On the other side human
behavior is ruled by our very complex brain. The caricatured Homo Economicus looks like
designated to disappear. This paper central hypothesis is that human beings can take irrational
financial decisions, based on emotions that are, apparently, much more than market
“anomalies”.
Emotions has ever been treated as relevant on financial behavior field by financial
market operators, but recently a growing number of scientific articles in Business
Administration, Economics and Psychology also indicates that fact.
Survey‟s result shows that reason and emotion influences Brazilians financial
behavior. As was expected the paper indicates significant differences according to gender,
age, scholarship and income.
KEY WORDS
Behavioral Finance, Financial Decision, Economic Psychology, Personal Finance.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 8
1.1 OBJETIVO ................................................................................................................................... 9
1.2 QUESTÃO CENTRAL ................................................................................................................. 12
1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA ............................................................................................... 13
1.4 HIPÓTESE ................................................................................................................................. 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................................ 16
2.1 MERCADO EFICIENTE E COMPORTAMENTO FINANCEIRO RACIONAL ........................................ 16
2.1.1 A Hipótese dos Mercados Eficientes (HME) ................................................................................. 16
2.1.2 Contestação à HME....................................................................................................................... 19
2.2 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS E A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES .............................................. 22
2.2.1 Kahneman e Tversky ...................................................................................................................... 23
2.2.2 Barberis e Thaler ........................................................................................................................... 27
2.2.3 Thaler e Sunstein ........................................................................................................................... 29
2.2.4 Ariely ............................................................................................................................................. 31
2.2.5 Taleb .............................................................................................................................................. 32
2.2.6 Brafman e Brafman ....................................................................................................................... 33
2.2.7 Disciplinas Relacionadas .............................................................................................................. 33
2.3 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS E A EVOLUÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO NO BRASIL .......... 34
2.4 EXEMPLOS DE APLICAÇÕES EM MARKETING ........................................................................... 38
3 METODOLOGIA ...................................................................................................................................... 40
3.1 TIPO DE ESTUDO ...................................................................................................................... 40
3.2 ESCOLHA DA AMOSTRA ........................................................................................................... 41
3.3 OS GRUPOS PESQUISADOS ....................................................................................................... 41
3.4 PREMISSAS PARA FORMULAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ............................................................... 43
3.5 INTRODUÇÃO AO QUESTIONÁRIO ............................................................................................. 44
3.6 QUESTIONÁRIOS INTERNET ...................................................................................................... 46
3.7 INTERPRETAÇÃO DAS RESPOSTAS E POTENCIAL ESTATÍSTICO DOS QUESTIONÁRIOS ............... 49
3.8 LIMITAÇÕES DO TRABALHO ..................................................................................................... 51
4 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................................................... 53
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................... 78
A. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 78
B. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................................................ 80
C. SITES INTERNET E IMPRENSA ........................................................................................................ 81
APÊNDICES ........................................................................................................................................................ 83
A. FORMULÁRIOS DE PESQUISA ......................................................................................................... 83
B. PERCENTUAL DE RESPOSTAS POR CATEGORIA ............................................................................... 85
C. COMENTÁRIOS DOS PARTICIPANTES .............................................................................................. 91
D. RELAÇÃO DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS ............................................................................. 100
E. QUADROS COM EXEMPLOS E CONSIDERAÇÕES DOS AUTORES SOBRE VIESES ............................... 102
8
1 INTRODUÇÃO
Esta dissertação investiga o comportamento financeiro do brasileiro à luz das
heurísticas e vieses mais presentes na literatura das Finanças Comportamentais. Essa teoria,
uma abordagem alternativa àquela dos Mercados Eficientes, começou a ganhar maior
destaque com Prêmio Nobel de Economia de 2002, concedido ao psicólogo israelense Daniel
Kahneman em razão dos estudos iniciados com Amos Tversky, em 1974
1
. O tema tornou-se
mais evidente após a crise nos mercados financeiros internacionais iniciada em 2008.
O trabalho está estruturado em seis capítulos e três apêndices. Nesta parte introdutória,
é discutido o motivo para a elaboração desta pesquisa e são apresentados o objetivo, a questão
central e a hipótese do trabalho. No capítulo dois, apresenta-se a fundamentação teórica sobre
Hipótese dos Mercados Eficientes (doravante HME) e sua relação com o comportamento
financeiro racional; Finanças Comportamentais e a presença do comportamento financeiro
emocional; principais vieses psicológicos na tomada de decisão. No capítulo três, é analisada
a metodologia da pesquisa, abordando-se o tipo de estudo a ser realizado e os tópicos
propostos pelo Questionário. No quarto capítulo, os resultados obtidos na pesquisa são
expostos, discutidos e avaliados. O capítulo cinco traz as conclusões, as considerações finais
e algumas sugestões de temas para estudos futuros e investigações complementares. No
último capitulo está toda a bibliografia referenciada e consultada por esta dissertação.
1
controvérsia sobre quando se iniciaram os estudos sobre o tema (NOFSINGER, 2006, pág 6). No âmbito
da Administração Financeira, especialmente nos artigos norte-americanos, o mais comum é atribuir o
pioneirismo a Tversky e Kahneman, assim como faz Mosca (2009, pág. 4). Ferreira (2008a, pág. 69) citando um
artigo de Slovic atribui o inicio a Shefrin num artigo do Journal of Finance de 1972. Akerlof e Shiller (2009)
lembram que Keynes já discutia a influencia da psicologia na economia desde a década de 1930 através dos
“espíritos animais”.
9
1.1 Objetivo
O trabalho tem como objetivo compreender a lógica do processo de tomada de decisão
financeira por parte de pessoas físicas no Brasil. Para tanto, será realizada uma investigação
das heurísticas e dos vieses presentes na tomada de decisão dessas pessoas.
O investidor e o consumidor são influenciados por diversos aspectos psicológicos,
como, por exemplo, o fato de lembrar-se mais das coisas que lhe agradam (memória seletiva),
de ancorar sua decisão em um ponto de partida pré-determinado (num limite aceitável quanto
mais se pede, mais se recebe) ou de procrastinar (piloto automático). Estes e muitos outros
fatores psicológicos comprovadamente afetam o comportamento financeiro dos seres
humanos.
O processo de tomada de decisão pode ser dividido em quatro fases: necessidade de
decidir, perceber, avaliar e escolher.
O imperativo de tomar uma decisão muitas vezes é desagradável, requer tempo e
atenção e geralmente implica assumir responsabilidades. Por outro lado, não decidir também
traz suas conseqüências e nem sempre é uma alternativa consciente.
Como exemplo, veja-se o processo de tomada de decisão sobre um investimento em
previdência privada. A determinação de investir em previdência implica dispor de tempo para
analisar alternativas complexas, pensar em diversos cenários sobre a própria vida o que
pode ser desagradável e, por fim, abrir mão do consumo no presente em favor da
expectativa de um futuro mais confortável. Tanto a percepção quanto o cálculo são afetados
por fatores emocionais e comportamentais, e parte desse processo é inconsciente. O medo e
seu efeito na avaliação de risco têm papel fundamental na vida dos investidores. A percepção
sobre a necessidade de fazer um investimento desse tipo também é largamente influenciada
pela forma como as alternativas são passadas (o marketing de quem oferece os planos), pela
oferta e pelas condições (como a eventual coparticipação do empregador) do investimento e
pela expectativa sobre o futuro.
A avaliação sobre o investimento é, ainda, amplamente determinada pelas perspectivas
de permanência no emprego, pela provável necessidade de reaver o dinheiro investido, pelo
atual estado civil (e pela ocasional alteração desse estado) e pela presença de dependentes e
10
sua situação. Essas condições e expectativas são certamente afetadas pelas emoções do
investidor.
A escolha muitas vezes é intertemporal, ou seja, envolve optar entre eventos presentes
e futuros, sendo estes últimos ineludivelmente incertos. A escolha intertemporal envolve,
portanto, riscos como, por exemplo, o de não sobreviver para aproveitar o dinheiro poupado.
Isto significa trocar satisfação imediata por um prazer maior, porém hipotético, posterior,
questão bastante explorada por Gianetti (2005).
Desse modo, todo o processo de escolha não é inteiramente racional e sofre a
influência de diversos vieses previsíveis, os quais serão analisados em detalhe no decorrer dos
capítulos seguintes.
Ferreira (2008a, pág. 41) destaca que os indivíduos não têm total controle sobre seu
comportamento econômico, conhecendo muito pouco do que se passa durante o processo de
tomada de decisão.
Por outro lado, existem severas críticas às Finanças Comportamentais e à Psicologia
Econômica, inclusive quanto ao estatuto científico dessas disciplinas. Os ataques são focados,
principalmente, na presumida falta de rigor estatístico e no suposto oportunismo de seus
autores mais importantes. Essa crítica ocorre desde os primeiros trabalhos publicados na área,
afirmando enfaticamente que as Finanças Comportamentais não conseguem prever anomalias
melhor do que a HME (FAMA, 1997, pag. 8). O fato de as Finanças Comportamentais, ao
contrario da teoria tradicional, utilizarem uma matemática pouco complexa reforça os
questionamentos dessa parte da comunidade acadêmica, a qual, cética em relação ao tema,
tenta ridicularizar-lhe a fragilidade teórica, além de acusá-la de garimpagem de dados, ou data
mining (BARBERIS, 2001, pág. 164). Esse cenário de críticas pode estar, porém, mudando.
Nofsinger (2006, g. 6) afirma que “os precursores das Finanças Comportamentais foram
considerados hereges. No entanto, na última década, as evidências de que a psicologia e as
emoções influenciam as decisões financeiras tornaram-se mais evidentes”. Com isso, os
antigos hereges conquistaram status de visionários. A valorização do tema iniciou-se com o
Prêmio Nobel de Kahneman e ganhou ainda mais força com a recente crise nos mercados
iniciada em 2008.
11
Thaler (1980 apud FERREIRA, 2008a, pág. 151), um dos precursores da disciplina,
defendia-se afirmando que, no inicio dos estudos sobre “anomalias”, não dispunha de dados
estatísticos, “só coisa que é verdade”. Esta também é a opinião de muitos grandes
investidores profissionais que, muito tempo, afirmam a influência de emoções como medo
e ambição sobre os investimentos (SHARPE et al 2003, pag. 146).
A especulação nunca muda, pois a natureza humana permanece a mesma. O ser
humano tem medo da perda, é rival de seus vizinhos, influenciado pela multidão e afetado
pela psicologia do jogo. Por isso, o progresso das Finanças é cíclico, ao contrário do de
outras ciências. Os mercados são movidos por esperanças e temores, e essas emoções são
despertadas em momentos de especulação financeira (CHANCELOR, 2001, pág. 77).
Euforias econômicas seguidas de depressão são recorrentes séculos na história da
humanidade, frequentemente acompanhadas pela utilização de derivativos, crédito em
excesso, sentido de inovação e fraudes.
Se, por um lado, as Finanças Comportamentais ainda não oferecem um arcabouço
teórico comparável ao da teoria tradicional, por outro, é certo que seus estudos colocam em
xeque a HME. É fato também que o interesse pelo tema vem crescendo rapidamente, tanto no
meio acadêmico quanto na imprensa. Prova disso é a recente inclusão da disciplina no
currículo de cursos de graduação e pós-graduação em Administração e Economia, tanto no
exterior quanto no Brasil. Na PUC-SP a disciplina Finanças Comportamentais é oferecida
como optativa aos alunos de graduação em Administração.
Tradicionalmente, a Economia é apontada como uma ciência não experimental, em
que os pesquisadores utilizam dados de campo e observações diretas do mundo real. A
Psicologia Econômica e as Finanças Comportamentais inovam ao proporem teorias baseadas
em experimentos econômicos que apontam falhas no conceito até então dominante do Homo
Economicus, o qual pensa exclusivamente no interesse próprio e só toma decisões racionais.
Este trabalho investiga a presença e a força dos vieses de avaliação no processo de
tomada de decisão do investidor brasileiro. Para tanto, é utilizada uma pesquisa com questões
que abordam os vieses mais frequentemente citados na literatura de Finanças
Comportamentais.
12
1.2 Questão Central
O que determina o comportamento financeiro do investidor brasileiro: razão ou
emoção? Este é o problema central desta dissertação de mestrado.
A dissertação discute a quantificação, por meio de pesquisa, a influência dos
principais vieses psicológicos apontados na literatura de Finanças Comportamentais na
tomada de decisão de pessoas físicas brasileiras.
A pesquisa, desse modo, explora questões presentes nos três principais grupos de
vieses psicológicos: representatividade (representativeness), disponibilidade (availability of
instances or scenarios) e ancoragem (adjustment from an anchor), apontadas no artigo
pioneiro de Tversky e Kahneman (1974, pág. 1131).
O grupo de efeitos da representatividade será explorado na pesquisa por meio de
questões sobre:
- a necessidade de agir em conformidade com o grupo social do qual o indivíduo
faz parte;
- a relatividade, ou seja, o fato de as pessoas darem mais importância à sua posição
relativa diante dos demais membros do grupo do que ao valor absoluto;
- a sociabilidade;
- o medo de errar sozinho.
Quanto aos efeitos da disponibilidade, a pesquisa abordará:
- a influência da disponibilidade de informação, facilidade de acesso, probabilidade
de lembrança e imaginabilidade;
- o excesso de confiança, que faz com que a grande maioria das pessoas se
considere melhor que seus pares.
Finalmente, sobre os efeitos da ancoragem a pesquisa trará perguntas que investigam:
- a influência do ponto de partida na definição de um valor;
- o autocontrole;
- a procrastinação e o poder da inércia nas decisões;
13
- a tendência a manter o status quo;
- a aversão a perdas, que leva à manutenção de posições de investimento com perda
para evitar realizá-la (ou reconhecê-la);
- o poder da forma como as opções são apresentadas.
Será analisado como educação, idade, sexo e renda influenciam a maneira como as
pessoas lidam com o risco.
O cérebro humano processa informações por meio de atalhos e filtros emocionais que
permitem uma analise rápida para a tomada de decisão. Muitas dessas decisões são
automáticas e inconscientes. Isso pode acarretar erros recorrentes causados por esses vieses.
A ilusão de ótica exemplifica bem como a forma pela qual um problema é apresentado
influencia a tomada de decisão. Qual das mesas abaixo é mais comprida? Normalmente, as
pessoas apontam a primeira, apesar de ambas terem o mesmo comprimento. Como as pessoas
não utilizam uma régua, mas sim um atalho mental para responder à pergunta, o erro é
recorrente. As mesas são do mesmo tamanho (comprimento = 2 x largura), mas sua
disposição induz o observador ao erro de percepção.
Figura 1 ilusão de ótica - fonte: Roger Shepard, Apud TIBÚRCIO (2009)
1.3 Justificativa e Importância
A Hipótese dos Mercados Eficientes (HME) é base do pensamento dominante em
Finanças e na Economia Neoliberal (FERREIRA, 2008, pág.37). Esse pensamento está
14
calcado na eficiência e na racionalidade dos mercados financeiros, pressupostos que estão sob
forte suspeita, especialmente após o colapso dos mercados ocorrido entre 2008 e 2009.
Esses momentos de crise favorecem uma mudança rápida nas idéias dominantes. O
pensamento baseado no não-intervencionismo e na mão invisível entra em crise, e as teorias
econômicas de Keynes, até então relegadas ao segundo plano, ressurgem com as críticas à
teoria neoclássica. As “anomalias” dos mercados financeiros ganham força na contraposição
da racionalidade dos investidores.
Esses questionamentos em relação à HME aumentam o interesse nas Finanças
Comportamentais como abordagem alternativa à compreensão do processo de tomada de
decisão de investimento. O fato de os investidores cometerem erros sistemáticos ao analisar
informações, e desses erros poderem ser utilizados para gerar ganhos por quem os
compreende, é o oposto do que apregoa a HME (BARBERIS 2001, pág. 159).
Mosca (2009) lembra que uma pesquisa realizada na Universidade de Oxford mostrou
que o medo de não ter recursos financeiros aparece em terceiro lugar na lista de maiores
temores das pessoas, logo após do medo de falar em público e de morrer. Mostrou também
que diversos estudos associaram a lembrança de assuntos relacionados a finanças pessoais a
reações físicas vinculadas ao medo em parcela significativa da população.
No Brasil, ao longo dos últimos anos, foram publicados diversos artigos introdutórios
sobre Finanças Comportamentais, mas ainda são poucos os experimentos empíricos na área.
Assim, o presente trabalho pretende ajudar a ocupar essa lacuna e colaborar na compreensão
dos principais fatores que influenciam o processo de avaliação e tomada de decisão do
investidor brasileiro, verificando quais são os vieses psicológicos mais relevantes neste
processo e também se sua influência é afetada por escolaridade, idade, renda ou gênero.
1.4 Hipótese
A hipótese central deste trabalho é a de que os seres humanos podem tomar decisões
financeiras irracionais, baseadas na emoção e que são, aparentemente, muito mais do que
simples “anomalias” dos mercados.
Assim, o processo de tomada de decisão do investidor brasileiro não é racional, mas
apresenta vieses psicológicos previsíveis. Diferentes grupos sociais tomam decisões
15
financeiras de forma distinta, influenciados por diferenças na percepção dos fatos e na
consequente geração de expectativas.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Mercado Eficiente e Comportamento Financeiro Racional
2.1.1 A Hipótese dos Mercados Eficientes (HME)
A Hipótese dos Mercados Eficientes (HME) estabelece que é impossível para o
investidor superar o desempenho do mercado de forma consistente, pois qualquer informação
nova e relevante reflete-se de forma completa e instantânea no preço dos ativos (FAMA,
1970). Fama apresenta três níveis de eficiência de mercado.
Em seu nível fraco, a HME diz que toda informação decorrente de movimentos de
preço passados está plenamente contemplada nos preços atuais. Isto implica que qualquer
tipo de análise gráfica seria inútil, pois as informações históricas seriam instantaneamente
absorvidas pelo mercado.
No nível semiforte, a HME estabelece que toda informação publicamente disponível já
está refletida nos preço dos ativos. Para superar a taxa de retorno do mercado seria preciso
sorte ou informação privilegiada. Outra consequência dessa colocação é que a publicação de
uma informação só produz efeito quando ela é diferente daquela que o mercado já esperava.
Já o nível forte da HME afirma que o preço dos ativos reflete toda informação
relevante, sendo impossível superar repetidamente o mercado (BRIGHAM e EHRHARDT,
2002).
Para ser perfeito, o mercado não pode ter custos de transação, toda a informação deve
estar disponível a custo zero para todos e as expectativas de todos devem ser homogêneas.
Em uma versão mais refinada, a HME admite a presença de investidores
desinformados (noise traders), porém a distorção provocada pela sua presença seria
rapidamente eliminada pela arbitragem (ALDRIGHI e MILANEZ, 2005).
A base da HME vem da abordagem Modigliani e Miller (1958), os quais mostram que
a política de dividendos e a estrutura de capital são irrelevantes nos mercados de capitais
perfeitos. Nesses mercados, abundância de capital e, assim, os investidores se dispõem a
correr o mesmo risco dos proprietários, ou seja, a empresa não consegue oferecer aos
17
acionistas mais do que eles podem obter sozinhos, mudando sua alavancagem e
investimentos.
O CAPM (Capital Asset Pricing Model) é o principal modelo teórico de determinação
de preços de ativos no contexto da HME. SHARPE (1964) introduziu a teoria que afirma que
o valor de um ativo é dado pelo valor presente do fluxo de benefícios futuros esperados,
descontados pela taxa que reflita o risco de cada ativo. O retorno esperado de um
investimento é expresso pela equação:
RI = TLR +B x (RM TLR);
Onde:
RI = Retorno esperado de um investimento;
TLR = Taxa livre de risco;
B = Beta, ou seja, risco específico de um ativo em relação ao mercado;
RM = Retorno médio esperado de uma carteira no mercado.
Nessa fórmula, beta significa a reação média da rentabilidade do ativo em relação à
média do mercado, ou seja, a relação entre risco e retorno. Se beta é maior do que 1, o ativo
tem mais risco do que a média do mercado e, portanto, espera-se um retorno maior do que a
média. O beta reflete, de forma geral, o risco do acionista e seu custo de oportunidade
demonstrado na rentabilidade da empresa.
O CAPM apresenta proposições bastante úteis, porém é um modelo excessivamente
simplificado para refletir a movimentação econômica. O próprio conceito de taxa livre de
risco é bastante relevante, porém apenas teórico. Como afirma Taleb (2009), não se pode
garantir que algo altamente improvável e impossível de se prever venha a ocorrer e provocar
um grande efeito na economia americana, cujos títulos do tesouro são usualmente utilizados
como referência para taxa livre de risco.
No CAPM, existem a parte do risco diversificável (ou não sistemático) e a parte não
diversificável (o risco de mercado ou sistemático). O risco não diversificável é o que atinge a
economia como um todo. O risco diversificável é o que afeta especificamente um ativo e que,
18
portanto, pode ser evitado se houver investimentos em uma carteira com vários ativos de
características diferentes.
Ross (2005, pág. 354) diz que a arbitragem é apontada pelos defensores da HME
como uma forma de manter a racionalidade do mercado, mesmo convivendo com investidores
irracionais. Nesse caso, os investidores profissionais dominariam os investidores amadores e
irracionais por meio da identificação de oportunidades de arbitragem. Nada garante, porém,
que a presença de uma proporção de pessoas sujeitas à influência de vieses psicológicos
inviabilize esses ajustes de arbitragem (ROSS 2005, pág. 365).
O momento de maior hegemonia da HME ocorreu a partir da década de 1970. Nesta
época o premio Nobel de Economia concedido a Simon em 1978 graças a pesquisa precursora
no processo de tomada de decisões dentro de organizações económicas não teve muita
repercussão, tamanha era a preponderância da HME. De acordo com Chancellor (2001, g.
387), “após séculos de controvérsias, parecia que finalmente a especulação conquistara a
respeitabilidade. Nos manuais de economia os especuladores passaram então a ser retratados
como agentes econômicos benéficos, que ajudavam os mercados a assimilar novas
informações e os tornavam eficientes. Segundo a teoria econômica moderna, os especuladores
servem para aumentar a capacidade produtiva de uma economia, proporcionando liquidez aos
mercados financeiros e com isso reduzindo o custo de capital das empresas”.
Se, por um lado, existem diversos estudos que corroboram a HME, desde a década de
1960, também existem inúmeros outros estudos que a rejeitam, especialmente os mais
recentes, realizados a partir de 1986 (TROVÃO et al , 2007, pág. 1).
As principais anomalias dos mercados financeiros podem ser classificadas como de
calendário (dia da semana ou mês do ano), efeito momento, otimismo e pessimismo
exagerados, aversão à perda, maldição do ganhador e efeito tamanho da empresa (MUSSA et
al. 2007, pag.6). As anomalias de calendário são comprovadas por diversos estudos, inclusive
no Brasil, onde a média dos retornos do IBOVESPA das segundas-feiras mostra-se menor do
que de cada uma das médias dos demais dias da semana (TROVÃO et al, 2007 pág. 9).
As principais funções do mercado financeiro são: (1) permitir decisão eficiente entre
consumo atual e futuro (decisão intertemporal) por meio dos juros; (2) gerenciar e diversificar
o risco; (3) separar papéis entre proprietários e administradores das empresas; e (4) avaliar e
19
recompensar o desempenho das empresas (Naik, 2001, apud SANTOS e SANTOS, 2005,
g. 105).
Na última década, escândalos financeiros, como os da Enron e da Worldcom,
despertaram a atenção para aspectos humanos das finanças, como os conflitos de interesse
entre acionistas e gestores. Depois desses acontecimentos, a Governança Corporativa ganhou
destaque na literatura de Finanças, e o governo norte americano aprovou a lei Sarbanes-Oxley
para dar maior transparência à contabilidade das empresas e, com isto, proteger os acionistas.
Nessa década, cresce a preocupação com o relacionamento entre a empresa e os demais
stakeholders, o que é visível pelo maior destaque conferido a ações de responsabilidade social
e ambiental. De modo similar, nesse período, adquirem relevância estudos que associam
psicologia e comportamento humano a decisões financeiras e econômicas. Esses estudos de
Finanças Comportamentais contestam a racionalidade humana preconizada pela HME.
2.1.2 Contestação à HME
Aldrighi e Milanez (2005, pág. 44) apontam os pressupostos e implicações da HME
que são contestados pelas Finanças Comportamentais: a concorrência perfeita, a existência de
expectativas estáveis (busca da maximização de lucro) e homogêneas, o ajuste instantâneo de
expectativas em função de novas informações, a ausência de custos de transação e a
possibilidade de processar todas as informações disponíveis.
Ross (2005, pág. 366) aponta cinco principais desafios empíricos para a HME: (1)
limites para arbitragem, ou seja, “os mercados podem ficar irracionais mais tempo do que
você pode estar solvente” - Keynes; (2) ganhos surpreendentes que não são rapidamente
assimilados pelos mercados em função de uma postura conservadora dos investidores; (3)
tamanho das empresas, com empresas menores oferecendo maior retorno; (4) superavaliação
do valor de empresas com grande perspectiva de crescimento (Growth) e subavaliação do
valor de ações de empresas com pouco potencial de expansão (Value) e (5) bolhas e seus
estouros.
O pensamento econômico oscila ao longo das décadas entre uma visão liberal
associada ao racionalismo e outra mais intervencionista que aponta as imperfeições do
mercado. O Quadro 1, a seguir, adaptado de Saito et al (2007, pág. 3) compila os principais
avanços das teorias econômicas e financeiras nos dois últimos séculos.
20
Ano
Função Financeira
Imperfeições e "Anomalias"
1776
1867
Karl Marx - O Capital - crítica ao
capitalismo
1871
1920
Orçamento e Estrutura de
Capital
1929
Importância da Solvência e
Liquidez
Crash da Bolsa provoca críticas à
teoria Neoclássica
1936
Keynes Teoria Geral do Emprego,
do Juro e da Moeda - contesta a
racionalidade: espírito animal
influencia comportamento humano
1945
Financiamento, Fluxo de
Caixa e Controles
Administrativos
1952
Markovitz - Teoria dos
Portfólios.
1958
Modigliani e Miller -
Irrelevância de Dividendos
na Estrutura de Capital
1962
1964
Sharpe - Risco Sistêmico e
Não Sistêmico - CAPM -
Capital Asset Pricing Model
1970
Fama - Teoria dos Mercados
Eficientes
1971
Kahneman e Tversky - Economia
Comportamental
1972
21
1976
Ross - APT - Arbbitrage
Pricing Theory
Becker - A abordagem Econômica do
Comportamento Humano
Psicologia
1980
Thaler - bases do Nudge
1981
2002
Prêmio Nobel Kahneman
Escândalos Financeiros - Lei SOX
2008
Maior crise financeira desde os anos
30.
2009
Destaque de Finanças
Comportamentais
Alan Greenspan afirma que errou ao
acreditar nos mercados eficientes.
Quadro 1 Evolução do Pensamento Econômico e de Finanças
Após a maior crise econômica desde 1929, a racionalidade em que se baseia a HME
está sob forte ataque. A idéia de que o espírito animal é ingrediente básico do comportamento
econômico foi levantada por Keynes em 1936, mas ficou esquecida e relegada ao segundo
plano enquanto dominou, de forma praticamente hegemônica, o pensamento neoliberal
(AKERLOF e SHILLER, 2009).
A teoria econômica tradicional tem três pressupostos básicos no que tange o
comportamento humano: (1) pessoas têm preferências conhecidas; (2) pessoas agem com base
em informações completas; e (3) pessoas agem racionalmente buscando maximizar a utilidade
de suas decisões. Os dois primeiros pressupostos têm deficiências relativas ao volume de
informações que as pessoas podem absorver e armazenar. No caso do último pressuposto, a
deficiência é mais grave, pois comprovadamente existem inúmeras situações em que as
pessoas não agem racionalmente. Muitas pessoas não possuem autocontrole para tratar
racionalmente questões como obesidade, dependência de drogas, sexo seguro ou ações
violentas. Quando uma pessoa obesa vai para um SPA, está aceitando pagar um custo extra
simplesmente para evitar algumas “tentações” e ficar longe de seus pratos favoritos. Se as
pessoas fossem totalmente racionais na escolha entre diferentes opções, isto não seria
necessário. É falso, portanto, o pressuposto de que as pessoas sempre tomam decisões
buscando seu melhor interesse, e isto comprovadamente também se aplica às decisões
financeiras.
Harford (2008, g. 10) define o Homo Economicus, o ator principal da HME, como
uma caricatura do que os economistas tradicionais consideram serem as pessoas:
22
“O Homo Economicus não entende emoções humanas como amor, amizade, caridade ou mesmo
inveja, ódio e raiva, somente egoísmo e ambição. Ele conhece sua própria mente, nunca comete
erros e tem uma força de vontade ilimitada. E é capaz de realizar cálculos financeiros complexos
instantaneamente e sem erros.
Thaler e Sunstein (2008 apud BERNARTZI e THALER, 1999) apontam um fato
pitoresco sobre um famoso investidor racional:
Às vezes, até mesmo os investidores mais sofisticados podem achar difícil a decisão de como
investir, por isso recorrem a regras práticas e simples. Veja o exemplo de Harry MARKOWITZ,
economista financeiro, ganhador do prêmio Nobel e um dos fundadores da moderna teoria sobre
carteiras de investimento. Quando perguntaram como ele alocava sua conta de aposentadoria, ele
confessou: Eu deveria ter computado as covariantes históricas das classes de ativo e traçado um
limite eficiente. Em vez disso, dividi igualmente entre obrigações e ações‟”.
Os fatores que levam os seres humanos a tomar decisões como as de Markowitz serão
discutidos no próximo tópico.
2.2 Finanças Comportamentais e a Influência das Emoções
Operadores do mercado financeiro sempre consideraram as emoções importantes no
processo de decisão dos investidores, mas agora há pesquisas científicas na área da
Neuroeconomia que comprovam o fato. A revista Época Negócios de outubro de 2009 mostra
que a área do cérebro responsável pela recompensa e pela punição (o córtex orbito frontal) é
ativada quando se tomam decisões financeiras. Finanças Comportamentais, Psicologia
Econômica e Neuroeconomia são ciências multidisciplinares que tentam colaborar para o
entendimento da mente do investidor e para seu comportamento irracional, fenômeno que
ficou mais evidente após a crise dos mercados financeiros iniciada em 2008. Desde essa
crise, ficou claro que os economistas haviam simplificado demais os fatos ao julgar que as
pessoas (emocionais, contraditórias e medrosas) agiam de forma perfeitamente racional no
momento da tomada de decisões financeiras. O comportamento das pessoas é muito mais
complexo do que os modelos econômicos e financeiros podem supor. Esses modelos são
úteis, mas não têm a capacidade de explicar tudo o que ocorre nos mercados.
As ideias básicas das Finanças Comportamentais não são novas, mas estiveram
subjugadas por muito tempo nos campos da Administração e da Economia. Akerlof e Shiller
(2009) lembram que Keynes havia apontado, no início do século passado (1936), a
23
presença do “espírito animal” que leva as pessoas a empreender e assumir riscos, devido a
uma “compulsão em agir ao invés de ficar parado”. O mesmo espírito empreendedor que
move o capitalismo também ocasiona muitas decisões equivocadas. . Isto se comprova na
prática, pois muitos novos negócios fecham em seu ano inaugural. A maioria dos autores de
Finanças Comportamentais aponta Tversky e Kahneman como os precursores da disciplina.
Tversky e Kahneman (1974) pesquisaram como as pessoas realizam julgamentos
baseados em heurísticas e vieses. Essas heurísticas e vieses são regras de bolso ou atalhos
mentais que facilitam e tornam mais rápido o processo de escolha. São simplificações úteis
baseadas em julgamentos subjetivos de probabilidades que podem resultar em erros
sistemáticos (vieses psicológicos).
Nofsinger (2006, g. 12) aponta três origens para os erros provocados por esses
vieses: (1) a autoilusão provocada pelo excesso de confiança, decorrente do hábito de as
pessoas julgarem-se superiores a seus pares; (2) as simplificações provocadas pela forma
como os seres humanos processam informações, dadas às limitações de recursos para analise
(em choque frontal com a HME); e (3) o humor, sujeito à necessidade de se viver em grupo, e
a influência da opinião dos outros e do medo.
Mosca (2009, pág. 30) afirma que as pessoas têm uma tendência natural a dar muito
mais atenção e importância às histórias do que aos números e estatísticas. Ao longo da
evolução da humanidade, a principal forma de transmissão de conhecimento foi o relato
falado e escrito. Estima-se que os relatos falados tenham 150 mil anos, a escrita, 10 mil anos,
a matemática, 2,7 mil anos e a estatística, apenas 200 anos. Assim, é natural o maior destaque
obtido por fatos muito divulgados e comentados, mesmo que tenham baixa probabilidade de
ocorrência um exemplo do viés da disponibilidade que será visto no tópico a seguir. O
exemplo tradicional disso são os desastres aéreos e seu impacto no movimento de passageiros
no período posterior.
2.2.1 Kahneman e Tversky
O artigo que deu origem às Finanças Comportamentais é Judgment under uncertainty:
heuristics and biases de Tversky e Kahneman (1974). Esse artigo e seus desdobramentos,
como o clássico Prospect Theory: an Analysis of Decision under Risk, renderam a Kahneman
o Nobel de Economia, concedido pela primeira vez a um psicólogo, em 2002.
24
A tradução do termo Prospect para o português é controversa. Existem artigos e
livros que utilizam “Prospecto”, “Perspectiva” ou mesmo “Possibilidades”. Será adotado
nesta dissertação o termo Prospecto.
Segundo Tversky e Kahneman (1974 pág. 1124), no processo de tomada de decisão,
as pessoas tentam reduzir a complexidade do problema para simplificar sua solução. Agindo
dessa forma, as pessoas tomam a maior parte de suas decisões baseadas em um pequeno
número de crenças fundamentadas em princípios heurísticos
2
e em probabilidades subjetivas.
Ou seja, as pessoas se valem de julgamentos intuitivos de probabilidades. Essas heurísticas
são bastante úteis e, na maioria das vezes, tendem a gerar julgamentos e decisões corretas. Por
outro lado, podem induzir erros graves e sistemáticos, vieses de avaliação que serão
brevemente descritos a seguir.
Os autores agrupam esses vieses psicológicos em três grupos: representatividade
(representativeness), disponibilidade (availability of instances or scenarios) e ancoragem
(adjustment from an anchor)
A representatividade está ligada aos estereótipos que permitem que se façam
avaliações por semelhança. Os julgamentos dessa categoria estão sujeitos a:
- Insensibilidade à probabilidade anterior de resultados, em que o peso dos
estereótipos supera o peso das estatísticas sobre eventos passados na avaliação das
probabilidades de ocorrência de determinado fato;
- Insensibilidade ao tamanho da amostra, quando se ignora que amostras pequenas
estão sujeitas a variações maiores e, portanto, seus resultados têm menor poder de
extrapolação;
- Concepções errôneas sobre o acaso, que ignora a independência entre fatos, como no
caso do apostador imaginando que, depois de a roleta resultar em alguns números vermelhos,
está na hora de dar preto;
- Insensibilidade à previsibilidade, na qual ocorre o apego a poucas informações
recentes, sem o devido cuidado com a checagem da credibilidade da fonte;
2
FERREIRA (2008) também traduz princípios heurísticos como “regras de bolso” ou “atalhos mentais”.
25
- Ilusão de validade, que leva a conclusões precipitadas sobre a interdependência de
fatores com base em um número restrito de observações; e
- Concepções errôneas sobre regressão, em que as pessoas não percebem que existe
uma tendência a fatos extremos não se repetirem.
A disponibilidade trata da facilidade de lembrança e acesso às informações para a
tomada de decisão. Enquadram-se neste viés:
- Possibilidade de restaurar exemplos, na qual eventos mais marcantes ou recentes
influenciam na avaliação de probabilidades;
- Eficácia do sistema de busca, que privilegia informações mais acessíveis;
- Imaginabilidade, que se refere à facilidade de se construir um exemplo não
corresponde à probabilidade do evento ocorrer; e
- Correlação Ilusória, a qual ocorre por ser mais fácil lembrar-se de eventos que
acontecem simultaneamente, mesmo quando eles não estão relacionados.
a ancoragem trata da importância que é atribuída a uma referência inicial como, por
exemplo, o preço inicial de uma negociação. Nesse grupo, os autores classificaram:
- Ajustamento insuficiente, o qual indica a influência de valores observados
recentemente, mas que não têm relação com o evento avaliado;
- Extrapolação, quando o resultado final é obtido a partir de uma estimativa baseada
em um cálculo parcial;
- Avaliação de eventos conjuntivos e disjuntivos, a qual demonstra que as pessoas
superestimam a probabilidade de ocorrência de eventos que dependem de muitos fatores
independentes (conjuntivos) e subestimam a probabilidade de eventos disjuntivos; e
- Avaliação de distribuições subjetivas de probabilidade, quando as pessoas
superestimam a precisão de suas avaliações.
A Figura 2 abaixo ilustra os principais conceitos da disciplina.
26
Figura 2 Conceitos de Finanças Comportamentais Adaptado de RUSSEL (2009)
Além dos vieses apontados no artigo pioneiro de Tversky e Kahneman, outros
conceitos surgiram nos estudos que se sucederam, alguns deles apontados na Figura 2.
Em outro artigo, Kahneman e Tversky (1979) demonstram que as pessoas tomam
decisões envolvendo risco de forma parcialmente racional, questionando a Teoria da Utilidade
Esperada, pedra fundamental do pensamento econômico tradicional. Suas pesquisas indicam
que a dor causada por uma perda supera o prazer oferecido por um ganho. Essa afirmação é
um claro questionamento à HME.
A aversão à perda, exposta na Figura 3 abaixo, explica por que é tão difícil para a
maioria das pessoas realizarem um prejuízo resultante de uma aplicação financeira. É comum
esperar muito tempo para que o valor nominal volte a ser o inicial para efetuar o resgate,
mesmo existindo aplicações mais interessantes. O mesmo vale para a venda de algum bem
que perdeu valor ou para o abandono de um projeto que se mostra inviável, mas que
consumiu muitos recursos (sunk costs).
Passado
Expectativa
Futuro
Alternativas
Proximidade
Observações
Relevantes
Presente
Múltiplas
Alternativa
s
Hedonismo
Efeitos de
Representatividade
Desconto
Hiperbólico
Efeitos de
Ancoragem
Aversão a perdas;
Viés de Status Quo
Efeitos de
Disponibilidade
Relatividade
Contas
Mentais
27
Figura 3 - Função hipotética de valor - Fonte: Kahneman e Tversky (1979, pag. 279)
O livro Psicologia Econômica de Ferreira (2008a) apresenta um resumo bastante
completo dos experimentos relatados nos dois artigos clássicos de Kahneman e Tversky.
Kahneman (2009) diz que as pessoas correm risco por não saberem que estão correndo
riscos. Esse otimismo irrealista move o empreendedor e alavanca a economia, mas também é
responsável pelo fracasso da grande maioria dos novos negócios em seus primeiros anos. Em
geral, pessoas acham que são melhores ou têm mais sorte do que as outras, o que fica claro
em um experimento realizado com estudantes. Os alunos foram perguntados sobre a
probabilidade de acontecer com eles uma série de coisas boas ou ruins (como por exemplo,
sucesso profissional, casamento, filhos, doença, divórcio) e de estas mesmas coisas ocorrerem
com seus colegas de quarto. A estimativa sobre o próprio sucesso é muito maior do que
aquela sobre o sucesso dos colegas, mostrando a ocorrência de autoconfiança excessiva.
O investidor emocional sofre o efeito de heurísticas, atalhos que o cérebro desenvolve
para tomar decisões rápidas. Para ser mais racional, o investidor deve entender os aspectos
emocionais que o influenciam como forma de melhorar a própria percepção. Sem isso, as
pessoas são dirigidas pela forma como os problemas são colocados pela outra parte, que, na
maioria das vezes, tem interesses opostos aos do investidor.
2.2.2 Barberis e Thaler
As Finanças Comportamentais têm algum sucesso em explicar como alguns grupos de
investidores se comportam e, especialmente, quais tipos de portfólio de investimento são
escolhidos por esses grupos. Isto fica mais evidente com a recente popularização do
investimento em ações, tanto de maneira direta quanto por meio de planos de previdência.
Trata-se de uma tendência muito mais acentuada nos Estados Unidos e em outros países
desenvolvidos, mas que também ocorre no Brasil.
28
A opção por investir em ações de empresas domésticas é muito acentuada em diversas
nações. E, mesmo dentro do próprio país, os investidores tendem a optar por negócios mais
próximos e familiares. Esse fato não encontra justificativas racionais no contexto da HME
(BARBERIS e THALER, 2003 pág. 1102). Existe ainda uma grande tendência a possuir
ações da própria empresa onde se trabalha, acentuando os riscos em caso de falência, pois,
além do emprego, se perdem as ações e, eventualmente, (como na Varig e na Enron) até o
plano de previdência.
A maioria dos investidores tende a diversificar de forma aleatória, e a distribuição
entre os investimentos é afetada pelo modo como a questão é colocada, confirmando a Teoria
do Prospecto.
A aversão em reconhecer perdas, postulada pela Teoria do Prospecto, também fica
clara quando se analisa o comportamento dos investidores. A maioria deles prefere vender
ações que tiveram valorização acumulada e manter em seu poder investimentos que foram
adquiridos a preço maior do que o atual (BARBERIS e XIONG, 2009).
O alto volume de transações no mercado de capitais é outro indicativo contra a
racionalidade. O desempenho dos investidores seria maior caso eles mantivessem suas
posições, porém o excesso de confiança leva as pessoas a perdas (e bancos e corretoras a
ganhos) em função dos custos de transação, relegados ao segundo plano nas Finanças
Tradicionais. Homens tendem a ser mais autoconfiantes, transacionar mais e ganhar menos. O
mesmo ocorre com investidores que operam como home brokers (BARBER e ODEAN, apud
BARBERIS e THALER, 2003).
Muitos investidores têm dificuldade (psicológica) de vender ativos por um preço
inferior ao da compra, pois tentam evitar a dor de realizar a perda. Esse fato força-os a vender
os ativos com melhor desempenho e manter aqueles menos rentáveis.
Por outro lado, a decisão de compra de ativos sofre uma influência maior da atenção
que ele é capaz de atrair do que pelo resultado passado. Essa atenção é provocada por
desempenho extremo (bom ou ruim), evidência, facilidade de lembrança, divulgação de fato
relevante ou marketing. Isto justifica a alteração de códigos de negociação de empresas
listadas em bolsa para torná-los mais fáceis de lembrar (atrativos) e a consequente valorização
desses papéis.
29
Barberis e Thaler (2003 pág. 1113) sugerem que a investigação empírica de fatos
supostamente encarados como anomalias é uma importante frente a ser explorada no campo
das Finanças Comportamentais. A arbitragem tem limites, e seria ingenuidade atribuir-lhe o
poder de garantir a eficiência dos mercados. A racionalidade limitada, forma pela qual as
pessoas tomam decisões, é tida pelos autores como uma descrição mais apurada das condutas
do que a oferecida pelos modelos puramente racionais. Assim, as Finanças Comportamentais
teriam papel importante na quebra do paradigma de que os mercados são eficientes, e seria
possível construir um pensamento coerente sobre preços de ativos incorporando elementos
notáveis do comportamento humano. Enquanto os pesquisadores das Finanças
Comportamentais procuram construir estudos mais robustos que comprovem a relação entre
psicologia e finanças, os defensores da HME tentam entender melhor a relação entre risco e
retorno.
Barberis e Thaler concluem afirmando que, aparentemente, tanto a HME quanto as
Finanças Comportamentais são teorias deficientes e que teorias com maior poder de
explicação irão emergir (2003, pág. 1115).
As idéias deste tópico são bastante exploradas por estes autores, porém não são
conceitos exclusivos, estando presentes em diversos outros artigos da área.
2.2.3 Thaler e Sunstein
Segundo Kahneman (2009), os economistas estão prestando cada vez mais atenção à
psicologia. Os agentes econômicos apresentam racionalidade, egoísmo e autocontrole
limitados. Essas limitações levam os mercados a tomar decisões que não são ótimas, ao
contrário do que preconiza a HME. O autor aponta o sucesso das idéias de Thaler e Sunstein
sobre arquitetura de escolha, com seu programa SMART (save more tomorrow), como
exemplo de aplicação de teorias de Economia Comportamental sobre o autocontrole das
pessoas. Pequenas modificações na forma de apresentar uma questão têm grande influência na
escolha entre as mesmas opções. Pequenos detalhes que podem parecer insignificantes têm
grande impacto no comportamento humano.
Esse programa, implantado em algumas empresas nos Estados Unidos, altera as
opções iniciais da contribuição padrão de seus funcionários para planos de previdência
privados. Na forma tradicional, os novos funcionários da empresa devem estipular, no
30
momento da admissão, um percentual de contribuição para esses planos. A grande maioria das
pessoas opta pela contribuição padrão e não realiza alterações quando obtêm ganhos salariais.
O SMART altera essa opção padrão para um default, no qual a contribuição percentual é
elevada automaticamente quando o funcionário passa a ganhar mais. Essa simples alteração
na opção padrão, que não impede o funcionário de optar pelo formato tradicional de
contribuições fixas, mudou radicalmente as opções adotadas. Esse mecanismo trabalha com
aspectos emocionais como autocontrole, aversão a perdas, procrastinação (ou preguiça) e
desconforto imediato, sem tirar a liberdade de escolha de cada participante.
Como as pessoas têm autocontrole limitado, o mecanismo de reajuste automático de
contribuição ajuda a evitar o desconto hiperbólico, no qual a pessoa troca expectativa de bem
estar futuro por maior satisfação imediata.
A Figura 3, apresentada anteriormente, mostra que as pessoas têm aversão a perdas.
Por isso, é muito mais doloroso abrir mão de parte da renda agora para alocá-la em um plano
de previdência do que reduzir um ganho futuro transferindo um percentual maior de
rendimentos para a poupança após ter um reajuste de salário. O mecanismo do SMART atua
para explorar esse viés no sentido de estimular a poupança.
A procrastinação e o viés do status quo também passam a trabalhar a favor da
poupança na mecânica do SMART. O nível de poupança aumenta, pois o acréscimo da
contribuição é automático a cada reajuste salarial, e maioria das pessoas tende a não modificar
as opções default. São idéias do Paternalismo Libertário. Esse movimento, o qual une duas
idéias aparentemente contraditórias, apregoa que as pessoas devem sofrer um direcionamento
(ou “empurrãozinho”, em tradução livre do título Nudge) para agir no sentido que lhes seja
mais favorável. Isto deve ocorrer, porém, sem prejuízo da liberdade de escolha.
Esses mecanismos evitam que se caia na falácia do planejamento, em que quase tudo a
ser realizado no futuro parece ter prazos e custos menores do que realmente virá a ocorrer
Os vieses ligados a status quo e procrastinação são largamente utilizados em ões
de marketing que exploram a opção predefinida mais adequada para quem está oferecendo
determinado produto ou serviço. Por exemplo, o valor ou a data de pagamento da fatura de
um cartão de crédito apontada automaticamente no site de um banco (que podem ser
modificadas pelo usuário) ou o número de vezes que um telefone toca antes de cair na
31
secretária eletrônica (que também pode ser alterado pelo cliente). Ambos influenciam de
modo direto a receita de juros do banco e o valor de serviços da operadora de telefonia. Esse
tipo de mecanismo também pode ser utilizado para aumentar a poupança, a doação de órgãos
ou mesmo a realização de exames de saúde periódicos. A preguiça e a distração não fazem
parte da vida do econos (como os autores chamam o homus ecomonicus), mas está presente
no dia a dia de muitos investidores.
O funcionamento do cérebro humano é complexo. As pessoas tomam decisões por
meio de dois tipos de raciocínio: um intuitivo e automático, também chamado de Sistema 1, e
outro reflexivo e racional, o Sistema 2. O Sistema 1 é rápido, automático, não controlado, sem
esforço, associativo e inconsciente. O Sistema 2 é lento, reflexivo, controlado, com esforço,
dedutivo, consciente e sujeito a regras. Para falar na língua nativa utilizamos o Sistema 1; para
se expressar em outro idioma geralmente utilizamos o Sistema 2; para ser efetivamente
bilíngüe é necessário comunicar-se nos dois idiomas utilizando o Sistema 1 (THALER e
SUNSTEIN, 2008, pag.23).
Como números e estatísticas podem ser utilizados e manipulados para explicar o que
for conveniente, eles podem ajudar na formulação de perguntas que induzem as respostas
obtidas pelo Sistema 1.
O autocontrole dos humanos é limitado. Quando estão sujeitas a fatores que levam à
excitação, as pessoas não reagem da forma como imaginam que se comportariam
racionalmente. Existe uma diferença entre decisões “quentes” e “frias”. Alguns economistas
parecem ignorar esse fato. O Sistema 1 (o “Executor”), que toma decisões automáticas
visando a satisfação imediata, está em constante conflito com o Sistema 2 (o “Planejador”),
que almeja o bem estar no longo prazo. Dessa maneira, as escolhas com efeito retardado e
que, consequentemente, oferecem menos realimentação (feedback) são as mais afetadas pela
falta de autocontrole e, portanto, devem ser melhor policiadas. Isto pode ser feito por meio de
incentivos, mapeamento das opções, realimentação e prevenção de erros.
2.2.4 Ariely
Ariely (2008), no livro Predictably Irrational, mostra como o comportamento do dia a
dia das pessoas é determinado por diversas forças que frequentemente são ignoradas ou
relegadas ao segundo plano. Alguns exemplos são a influência do estado emocional e da
32
excitação, a falta de autocontrole e a procrastinação, o efeito das expectativas, o poder da
ancoragem, o apelo do “grátis”, a presença de normas sociais, o preço de manter diversas
opções disponíveis, a presença de desonestidade, os preços relativos e a falácia de oferta e
demanda.
Ariely (2008, pág. 240) exemplifica com a tomada de decisão de investimentos em
planos de previdência as diferenças entre Economia Comportamental e Tradicional. É fato
que muitas pessoas, mesmo as que têm condições financeiras para tal, não poupam o
suficiente para sua aposentadoria. De acordo com a abordagem tradicional, as pessoas o
racionais e tomam suas decisões baseadas em cada aspecto de sua vida, poupando e gastando
exatamente o que querem. Assim, a decisão de não poupar pode ser explicada por não haver
preocupação com o futuro, pela expectativa de passar seus últimos anos de vida sob os
cuidados dos filhos, pela esperança de ganhar na loteria ou até mesmo pela vontade de
experimentar a pobreza. Já pela abordagem da Economia Comportamental, na qual se assume
que as pessoas não são racionais, a falta de poupança de longo prazo é justificada, por
exemplo, pela tendência à procrastinação e pela dificuldade na tomada de decisão
intertemporal.
Emoções, relatividade, procrastinação e normas sociais são exemplos claros de fatores
emocionais que influenciam o comportamento dos seres humanos no processo de tomada de
decisão financeira e que são ignorados pela teoria financeira tradicional.
2.2.5 Taleb
A idéia central de Taleb em O Cisne Negro é que o mundo é muito direcionado por
poucos eventos altamente improváveis, mas de grande impacto. Esses fatos acontecem de
tempos em tempos e não são previstos pelos modelos tradicionais, que tendem a não enxergar
os pontos que estejam fora da enganosa “curva em forma de sino”. Kahneman indicou
3
Taleb
(2009) como autor essencial para entender as motivações da crise no sistema financeiro
internacional que começou no final de 2008.
Um fato pouco provável é, de modo geral, altamente imprevisível e, assim, tende a ser
desprezado em analises de probabilidade financeira. O fato é que, de tempos em tempos, eles
ocorrem, e isto provoca grande repercussão, como ocorreu em 11 de setembro de 2001. O
3
Durante palestra proferida no 5º Congresso da ANBID realizado em São Paulo em Maio de 2009.
33
livro A Lógica do Cisne Negro: O Impacto do Altamente Improvável, de Taleb, (2009)
discorre detalhadamente sobre o assunto.
O medo de errar sozinho está associado à idéia de que, se muita gente fazendo
determinada coisa, deve haver uma boa razão para tanto. Se as coisas parecem estranhas ou
incertas, o melhor a fazer é seguir o grupo, especialmente se o grupo for grande. O desprazer
de errar nessa situação é bem menor do que o de errar sozinho, mas as consequências desse
tipo de comportamento de manada, provocadas pela necessidade de agir em conformidade
com o grupo, costumam ser associadas às bolhas financeiras e às compras na alta e vendas na
baixa. As pessoas tendem a extrapolar indefinidamente para o futuro o que está ocorrendo no
presente, em especial quando é algo bom e agradável.
Comentando a teoria do caos, outra abordagem alternativa à teoria financeira
tradicional, Taleb (2009, pág. 252) afirma ser questionável atribuir à causa de um
acontecimento a qualquer coisa, uma vez que existem bilhões de coisas pequenas acontecendo
ao mesmo tempo. Isto inviabiliza a engenharia reversa, utilizada quando se procura uma
justificativa para os acontecimentos. Ou seja, funciona da mesma forma pela qual é
impossível “desfritar” um ovo. Um ponto absolutamente questionável sobre a racionalidade
na tomada de decisão é a possibilidade de avaliar todas as opções de imediato.
2.2.6 Brafman e Brafman
Brafman e Brafman (2009) apontam no livro Sway The Irresistible Pull of Irrational
Behavior diversos exemplos da influência na tomada de decisões decorrentes de aversão à
perda, ampliação dos prejuízos pela dor em realizar perdas, rótulos previamente atribuídos,
diferenças históricas e culturais, conceitos de justiça, antecipação de dor ou prazer, e medo de
errar sozinho.
2.2.7 Disciplinas Relacionadas
As Finanças Comportamentais são um tema multidisciplinar e relativamente novo,
abordado principalmente por autores das áreas de Administração, Economia, Psicologia e
Marketing. Sua temática também aparece sob outras denominações como, por exemplo,
“Economia Comportamental”, “Psicologia Econômica” ou “Neuroeconomia”.
34
No Brasil, o livro Psicologia Econômica da professora Vera Rita Mello Ferreira
(2008a) é a obra mais completa sobre o tema. O livro Finanças Comportamentais: gerencie
suas emoções e alcance sucesso nos investimentos de Achiles Mosca (2009) também aborda o
tema e cobre os principais tópicos de forma objetiva e sucinta.
muita literatura norte-americana recente sobre o assunto em periódicos, anais de
congressos e livros. Entre os livros recentes destacam-se Akerlof e Shiller (2009), com
Animal Spirits, Ariely (2008), com Previsivelmente Irracional, Brafman e Brafman (2009),
com Sway: The Irresistible Pull of Irrational Behavior, Harford (2008), com Logic of Life. Já
tem edições em português os livros A Lógica do Mercado: como lucrar com finanças
comportamentais, de Nofsinger (2006) e Nudge: O Empurrão para a Escolha Certa de Thaler
e Sunstein (2008). As idéias desses últimos autores, associadas ao Paternalismo Libertário,
tendem ganhar ainda mais destaque e influência internacional com a nomeação de Sunstein
para o importante Office of Information and Regulatory Affairs do Governo Obama.
O comportamento humano analisado pelas Finanças Comportamentais tem um claro
paralelo com outras situações de falta de autocontrole das pessoas. Os exemplos de sobrepeso,
alcoolismo, dependência de drogas, Internet e videogame são numerosos e também motivados
por comportamentos irracionais, em que o prazer no curto prazo comanda o homem
supostamente racional.
No Brasil, os estudos na área com a denominação de Finanças Comportamentais são
mais frequentes do que os que adotam outras denominações. Uma breve pesquisa realizada
em 14 de setembro de 2009 na Plataforma Lattes apontou 181 trabalhos em Finanças
Comportamentais, 38 em Psicologia Econômica e 35 em Economia Comportamental. A
presença de doutores também é maior em Finanças Comportamentais. São 79 trabalhos
contra 20 com denominação Psicologia Econômica e outros 20 em Economia
Comportamental.
2.3 Finanças Comportamentais e a Evolução do Mercado
Financeiro no Brasil
O mercado financeiro brasileiro apresentou grande expansão na última década. Menos
de um ano após o início da crise de 2008/2009, o otimismo voltou ao cenário nacional com
força total. A BMF/Bovespa é a maior bolsa do mundo em valor de mercado, e o maior
35
IPO do ano no mundo foi realizado em outubro/2009 pela operação brasileira do banco
espanhol Santander. O sistema financeiro brasileiro mostrou-se sólido na crise, e o país é
apontado como líder na recuperação da economia no ocidente. O Brasil deve viver na próxima
década momento de destaque na mídia internacional, alavancado pela sua escolha para sediar
a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016. O governo brasileiro impôs em
outubro/2009 taxação para tentar inibir a entrada de capital estrangeiro em excesso no Brasil.
Depois de um ano de fortes emoções para o investidor, ele pode se perguntar: o que aconteceu
nesse período que provocou tanto medo? Foi somente um susto? É racional imaginar a
existência de um mercado sem influência das emoções?
Por outro lado, o reconhecimento da importância do componente humano e emocional
nas decisões de investimento é cada vez maior entre os agentes de mercado. Com o objetivo
de dar maior transparência e informação aos investidores, está prevista a introdução no Brasil
do questionário Suitability ou API (Analise do Perfil do Investidor), em 2010. O instrumento
será utilizado por todas as instituições que lidam com investimentos no Brasil. As instituições
serão obrigadas a oferecer o questionário, e o cliente que não quiser respondê-lo deverá
manifestar-se por escrito. Suas respostas devem ajudar a indicar o tipo de produto mais
adequado para cada perfil de pessoa. Esse tipo de iniciativa reconhece que os participantes do
mercado não são totalmente racionais e tem limitações no entendimento dos produtos
financeiros que lhe são oferecidos. Essas pessoas, que representam parcela considerável e
crescente da movimentação dos mercados financeiros, estão distante da figura caricata do
homo ecomomicus”.
De acordo com a Febraban o crescimento da penetração do setor bancário no Brasil foi
bastante expressivo no início desse século. Os números de contas correntes e de poupança
avançaram na casa de 9% ao ano, enquanto o número de contas com acesso a Internet
Banking cresceu 19% ao ano, e o de cartões de crédito evoluiu 20 % ao ano. São taxas de
crescimento muito superiores às do PIB brasileiro no período.
36
Evolução do Setor Bancário no Brasil
64
46
8
29
77
58
9
42
90
68
18
53
103
77
27
82
126
92
33
124
0
20
40
60
80
100
120
140
Contas Correntes Clientes com Conta
Poupança
Contas Internet
Banking
Cartões de Cdito
Fonte: Febraban
Milhões
2000
2002
2004
2006
2008
Gráfico 1 Evolução do Setor Bancário no Brasil Fonte FEBRABAN (2009)
Os Gráficos 2 e 3 a seguir, adaptados de matéria publicada pelo jornal Valor
Econômico, mostram o crescimento da participação do home broker na movimentação da
Bovespa. Essa participação crescente e expressiva torna cada vez mais relevante a influência
das emoções humanas no comportamento dos mercados financeiros. Crescimento expressivo
também ocorre na participação de pessoas físicas em mercados como o de debêntures
(Gráfico 4). A BMF/Bovespa tem planos de ampliar rapidamente a participação de
investidores individuais no pregão. Em 2009, eles corresponderam a cerca de um terço da
movimentação diária, contribuindo para a liquidez e gerando receita (custos de transação para
o investidor) para o mercado.
37
Volume Negociado via Home
Broker na Bovespa
330
469
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Volume negociado (R$ bilhões)
Fonte: V alor Econômmico - 0 7/ jan/ 20 10
%
2008
2009
Gráfico 2 Volume Negociado via Home Broker no Brasil fonte Valor Econômico
7/jan/2010
Participação do Home Broker no
volume da Bovespa
19%
36%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Volume negociado (%)
Fonte: V alor Ecommico - 0 7/ jan/ 20 10
%
2008
2009
Gráfico3 Participação do Home Broker no Volumeda Bovespa fonte Valor Econômico
7/jan/2010
38
Participação de Pessoas Físicas na Emissão de Debêntures no
Brasil
1,3
0,1
11,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
2007 2008 2009
Fonte: Anbid
%
Gráfico 4 Participação de Pessoas Físicas na Emissão de Debêntures no Brasil fonte
Anbid
O aumento da parcela da população que tem acesso a serviços bancários e
investimentos mais sofisticados amplia o público alvo desta pesquisa que busca identificar
tendências de comportamento financeiro. Isto será discutido na Metodologia, apresentada a
seguir.
2.4 Exemplos de Aplicações em Marketing
Diversos conceitos de Finanças Comportamentais o muito utilizados na área de
marketing, alguns há bastante tempo e outros mais recentemente. A seguir, apresentam-se, de
modo sumário, alguns exemplos.
A determinação do preço dos serviços de uma academia de ginástica utiliza a
fragilidade das contas mentais de seus clientes. Na esmagadora maioria das vezes, a
frequência com a qual o cliente imagina realizar atividades físicas no ato da matrícula na
academia é muito maior do que na prática. Isto permite a adoção de descontos significativos
para matriculas por períodos maiores ou que permitam a participação em um número grande
de atividades. Atividades que demandam esforço e serão realizadas no futuro parecem mais
39
fáceis quando esse futuro é distante. Isto vale para ginástica, trabalhos escolares e dietas, mas
também para parar de fumar, para iniciar uma poupança ou investimento abrindo mão do
consumo imediato (TIBÚRCIO, 2009).
Outro exemplo é a renovação automática de serviços. Quando um serviço é renovado
automaticamente, a empresa prestadora reduz drasticamente a perda de clientes (THALER e
SUNSTEIN 2009, pág. 91). Dessa forma, o viés do status quo atua a favor de quem está
oferecendo o serviço. Isto é largamente utilizado por seguradoras, emissores de cartão de
crédito e editoras de jornais e revistas.
A irracionalidade e a contradição na tomada de decisão humana também encontram
diversos exemplos no comportamento de consumo. O site do professor TIBÚRCIO (2009)
traz link para uma pesquisa entre compradores do carro híbrido Prius. Trata-se de um modelo
lançado recentemente com um grande apelo ecológico. Um terço de seus compradores
também são proprietários dos poluidores veículos do tipo SUV, ou seja, não se deve esperar
muita racionalidade e coerência dos consumidores.
O jornal Brasil Econômico de 27 de outubro de 2009 anunciou investimentos
pioneiros no Brasil na área de Neuromarketing. A agencia de publicidade África, de Nizan
Guanaes, que atende grandes anunciantes como a Vivo e a Ambev (conta da Brahma) está
investindo em pesquisas com a técnica Zmet, patenteada e desenvolvida por pesquisadores da
Harvard Businness School coordenados por Gerald Zaltman. O objetivo dessas pesquisas é
identificar metáforas presentes na mente dos consumidores que assistem futebol para utilizar
na criação de campanhas publicitárias desses produtos.
40
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de Estudo
O trabalho consiste em um estudo descritivo e em uma pesquisa descritiva para
verificar ou não a hipótese inicial de que os seres humanos tomam decisões financeiras
irracionais que aparentam ser muito mais do que simples “anomalias” dos mercados.
Para realizar o estudo descritivo foram pesquisados, por meio da Plataforma Lattes do
CNPQ, artigos, dissertações, teses e livros publicados, no Brasil, sobre Finanças
Comportamentais. A partir da leitura desse material, foram pesquisadas e analisadas as
principais referências internacionais sobre o tema, com base nos autores mais citados.
Utilizaram-se também pesquisas nos sites Google Acadêmico e Publish or Perish.
Günther (2003) aponta três alternativas para estudar o comportamento humano no
âmbito das ciências sociais empíricas. A primeira é a observação do comportamento no
mundo real; a segunda é a criação de experimentos que permitam avaliar o comportamento na
situação em que se procura compreender; e a terceira é perguntar diretamente para as pessoas,
por meio de questionário, o que elas fazem e pensam (survey). Representatividade e
possibilidade de generalização são algumas das vantagens da survey, no que diz respeito à
qualidade e utilização dos dados.
Neste trabalho, será utilizado um questionário distribuído pela Internet para coletar
informações sobre opinião, interesses e comportamento do investidor brasileiro, cruzando
informações sobre suas idéias, emoções e crenças com seus dados socioeconômicos.
O conceito a ser estudado na pesquisa é o comportamento financeiro, e o publico alvo
é o investidor brasileiro pessoa física. A participação de pessoas físicas nos investimentos dos
mercados nacionais é expressiva e crescente, conforme descrito no tópico 2.3.
De acordo com Luna (1996, Pag.14), a pesquisa deve buscar produzir conhecimento,
colocando-se como uma intérprete da realidade pesquisada por meio da utilização de
critérios públicos e convincentes. A pesquisa deve, ainda, demonstrar a existência de
relações entre diferentes fenômenos, estabelecer consistência entre conceitos da mesma teoria
e expor aplicações para estas, desenvolvendo, assim, o saber.
41
O sistema teórico adotado para analisar e interpretar as respostas do questionário é
pautado em estudos nas áreas de Finanças Comportamentais e Psicologia Econômica.
3.2 Escolha da Amostra
A amostra da pesquisa procura refletir a população-alvo, ou seja, todo o conjunto de
pessoas físicas brasileiras que realizam transações financeiras e comerciais. Ela é formada por
assinantes de revistas da Editora Abril. Essa base de assinantes foi previamente segmentada
em clusters, o que permitiu eliminar perguntas demográficas frequentemente empregadas para
caracterização da amostra.
A base de dados possui segmentação por idade, gênero, renda e escolaridade. Essas
informações foram obtidas por pesquisas e parcerias de dados e tem autorização dos
respondentes para serem analisadas em pesquisas.
A eliminação de perguntas relativas à idade, gênero, escolaridade e renda colabora para
a elevação das taxas de retorno da pesquisa basicamente por três motivos: (1) reduz o
tamanho do questionário e, portanto, torna mais ágil sua resposta; (2) elimina perguntas
enfadonhas e recorrentes que já são preenchidas com frequência pelos respondentes em
diversos formulários; (3) suprime a necessidade de fornecer dados pessoais via Internet, o que
sempre representa um risco quando não se conhece bem quem está perguntando, como neste
caso. Assim, a separação em clusters visa reduzir a perda de respondentes ao longo do
processo, sem prejuízo ao resultado final da pesquisa, uma vez que essas informações
constam do banco de dados originalmente usado para selecionar o público para a qual os
questionários foram enviados (mailing).
A pesquisa conta com o apoio da Editora Abril, a qual permitiu a utilização, sem
custos, de uma lista qualificada de assinantes de suas revistas e forneceu endereços de e-mail
e a ferramenta de envio de questionários para a base selecionada.
3.3 Os Grupos Pesquisados
Foram separados dezesseis diferentes grupos (clusters) para envio, o que permite
comparar os resultados por gênero, escolaridade, idade e renda, e verificar se os vieses e
heurísticas da literatura de Finanças Comportamentais são mais acentuados em alguma das
classes. Os clusters selecionados são os seguintes:
42
i. Mulheres de maior renda, com formação superior e de 18 a 35 anos;
ii. Mulheres de maior renda, sem formação superior e de 18 a 35 anos;
iii. Mulheres de menor renda, com formação superior e de 18 a 35 anos;
iv. Mulheres de menor renda, sem formação superior e de 18 a 35 anos;
v. Mulheres de maior renda, com formação superior e acima de 36 anos;
vi. Mulheres de maior renda, sem formação superior e acima de 36 anos;
vii. Mulheres de menor renda, com formação superior e acima de 36 anos;
viii. Mulheres de menor renda, sem formação superior e acima de 36 anos;
ix. Homens de maior renda, com formação superior e de 18 a 35 anos;
x. Homens de maior renda, sem formação superior e de 18 a 35 anos;
xi. Homens de menor renda, com formação superior e de 18 a 35 anos;
xii. Homens de menor renda, sem formação superior e de 18 a 35 anos;
xiii. Homens de maior renda, com formação superior e acima de 36 anos;
xiv. Homens de maior renda, sem formação superior e acima de 36 anos;
xv. Homens de menor renda, com formação superior e acima de 36 anos;
xvi. Homens de menor renda, sem formação superior e acima de 36 anos.
A divisão entre os clusters buscou a abrangência das características que o objeto da
pesquisa (gênero, escolaridade, idade e renda) sem realizar quebras excessivas que pudessem
resultar em restrição do número de respostas e, por conseguinte, pouca representatividade.
A separação por gênero justifica-se porque diversos estudos na área de Finanças
Comportamentais indicam uma expressiva diferença no comportamento financeiro de homens
e mulheres. No geral, as pesquisas apontam homens mais arrojados e com maior propensão a
movimentar seus investimentos. As mulheres tendem a ser mais conservadoras e a mexer
menos em seus investimentos, evitando custos de transação excessivos (MOSCA, 2009, pág.
117).
A divisão por escolaridade foi utilizada para pesquisar a influência da formação
acadêmica no comportamento financeiro das pessoas. É legítimo esperar que uma melhor
formação escolar deva reduzir a vulnerabilidade dos indivíduos a algumas armadilhas do
mercado. Foram adotadas apenas duas classes para evitar a quebra em um número muito
grande de grupos. Os grupos são divididos em pessoas com formação superior (completa ou
incompleta) e sem formação superior (independentemente do grau).
43
A separação por idade foi adotada uma vez que as pessoas tendem a ter objetivos
diferentes em cada fase da vida. Assim como no caso da escolaridade, foram tomadas apenas
duas faixas etárias, para evitar muitas quebras. A linha de corte aos 35 anos foi utilizada por
se tratar de uma idade na qual, usualmente, mudam os objetivos das pessoas, que passam a ter
a aposentadoria como realidade mais próxima e, portanto, vislumbram com maior clareza a
necessidade de se preparar financeiramente para o futuro.
Até 35 c/sup 36 ou + c/sup Até 35 c/sup 36 ou + c/sup
Até 35 s/sup 36 ou + s/sup Até 35 s/sup 36 ou + s/sup
Até 35 c/sup 36 ou + c/sup Até 35 c/sup 36 ou + c/sup
Até 35 s/sup 36 ou + s/sup Até 35 s/sup 36 ou + s/sup
Homem
Maior Renda
Menor Renda
Mulher
Quadro 2: perfis de respondentes fonte: autor.
3.4 Premissas Para Formulação do Questionário
O conteúdo dos itens do questionário (perguntas) e sua forma de apresentação foram
elaborados buscando refletir o conceito a ser pesquisado. As perguntas foram, na medida do
possível, específicas, objetivas, claras e de vocabulário simples e acessível.
Adotou-se majoritariamente questões de múltipla escolha, para tornar ágil o
preenchimento das respostas e também facilitar sua tabulação. As perguntas fechadas
facilitam a elaboração de estatísticas e também garantem a correta expressão da opinião do
entrevistado, na medida em que dispensam a necessidade de interpretação. A interpretação de
respostas abertas, caso esse procedimento fosse adotado na maioria das questões, poderia
resultar em subjetividade na analise dos dados levantados.
No final da pesquisa, foi colocada uma única questão aberta, para que o respondente
pudesse manifestar-se sobre tópicos que considerasse relevantes e que não constassem do
questionário. Isto visava a capturar aspectos importantes do comportamento financeiro que
não estivessem cobertos pelo questionário da pesquisa e oferecer ao respondente um canal
para que ele se manifestasse livremente sobre ela. Deve-se ressaltar que as questões abertas
exigem um maior esforço por parte do respondente e, assim, dificultam o retorno da pesquisa.
44
Assim optou-se pela proposição de apenas uma pergunta aberta de preenchimento opcional no
final do questionário.
A escolha da ordem das perguntas tentou manter o interesse do respondente com vistas
a obter o completo preenchimento da pesquisa. O objeto da pesquisa foi identificado no
campo “assunto” (“subject”) do e-mail enviado e no cabeçalho do questionário. Todas as
questões foram focadas nesse objeto.
Duas das questões também visaram captar o nível de conhecimento dos respondentes.
Em seguida, as respostas dessa questão foram correlacionadas com as demais respostas
(direcionadas para a opinião e os interesses), na tentativa de associar o conhecimento básico
de teoria de finanças ao comportamento financeiro e à susceptibilidade a vieses psicológicos.
As perguntas utilizam vocabulário simples para permitir sua rápida compreensão por
diferentes públicos. Não obrigatoriedade de resposta para nenhuma delas. . A ausência de
questões obrigatórias visou maximizar o volume de respostas e tornou-se viável com a
utilização de um mailing previamente separado por clusters.
O enunciado buscou não direcionar as respostas, na tentativa de evitar a influência do
framing effect (efeito enquadramento). Para isso, foram evitados termos notadamente
direcionadores. Em um questionário, o termo “proibir” pode ter um significado diferente de
“não permitir”, assim como anunciar que metade das pessoas sobreviveu a uma tragédia
desperta sentimentos diferentes do anúncio de que metade morreu. Isto deve sempre ser
levado em consideração na formulação das questões.
Dessa forma, o questionário procurou atingir os três objetivos que Günter (2003, pág.
4) aponta como importantes para ampliar o retorno de pesquisas acadêmicas. Para obter mais
respostas, deve-se: (1) recompensar o respondente, tornando o questionário interessante,
demonstrando consideração pela sua opinião e utilizando linguagem adequada; (2) reduzir o
“custo” de responder, ou seja, facilitar a tarefa, abreviando seu tempo e eliminando
embaraços; e (3) estabelecer confiança, vinculando a pesquisa a uma instituição renomada.
3.5 Introdução ao Questionário
O objetivo da introdução é o reconhecimento mútuo entre pesquisador e pesquisado,
bem como o estabelecimento de um nível de confiança necessário para convencer o
45
pesquisado a cooperar e fornecer respostas fidedignas obtendo em troca apenas o
agradecimento e a satisfação social envolvida. Nessa relação é o pesquisador que deseja algo
do respondente.
Os respondentes são convidados a responder o questionário autoaplicável através de
um e-mail enviado com o assunto “Pesquisa de opinião sobre comportamento financeiro do
brasileiro” e remetente [email protected]”. A palavra opinião foi colocada
com o intuito de motivar a resposta, pois usualmente as pessoas gostam que suas crenças
sejam levadas em consideração. No texto do e-mail foi fornecido um endereço vinculado à
Universidade para possível verificação da autenticidade da pesquisa, o que contribui para dar
legitimidade ao questionário e, portanto, elevar o nível de retorno obtido. Como não se
conseguiu um endereço de e-mail próprio associado à PUC, o Professor Pedro Silva Barros do
Departamento de Economia permitiu a utilização de seu endereço como referência e se dispôs
a retransmitir as mensagens.
O texto utilizado na introdução para a pesquisa é:
Expresse sua opinião em 4 questões que podem ser respondidas em 5 minutos.
Não é necessário fornecer dados pessoais.
Respondendo você colabora com dissertação de mestrado da PUC-SP
Em caso de dúvidas ou para confirmar a autenticidade da pesquisa contate psbar[email protected]
Não existem respostas obrigatórias, e os resultados serão divulgados para livre reprodução. Para
responder clique no link abaixo.
Agradeço a participação. Carlos Barros mestrando PUC-SP [email protected].”
A breve introdução ao questionário visa ressaltar: (1) o pouco trabalho necessário para
respondê-lo, uma vez que são apenas quatro questões que não levam mais do que três minutos
para serem respondidas; (2) a ausência de risco ao não se identificar ou fornecer dados
pessoais; (3) a troca social pela solicitação de ajuda, cunho acadêmico e vínculo com uma
instituição reconhecida, a PUC-SP, transmitindo credibilidade; (4) a importância da opinião
do respondente ser levada em consideração, (5) a inexistência de perguntas obrigatórias que
gerem constrangimento e (6) o fornecimento dos resultados sem custo aos interessados.
Além disso, é oferecido um endereço de e-mail vinculado à PUC-SP para que o
potencial respondente possa entrar em contato em caso de dúvidas, inclusive quanto à
legitimidade da pesquisa.
46
A introdução termina com instrução clara sobre como proceder ao preenchimento e o
envio dos formulários.
No final do questionário há um agradecimento pela valiosa colaboração dos que
responderam. Também é reforçado o fato de que o resultado final da pesquisa estará
disponível sem custo aos interessados e fornecido novamente um endereço de e-mail para
contato.
3.6 Questionários Internet
Para reduzir o esforço de resposta, procurou-se fazer um questionário compacto, ágil,
com perguntas objetivas e sem gerar trabalho no envio da resposta. As perguntas procuraram
ser específicas e breves, sempre deixando claro ao pesquisado qual era o tipo de resposta
requisitada. A linguagem tentou ser clara e evitar termos ambíguos. O questionário evitou ser
desagradável, constrangedor ou coercivo e foi apresentado como um levantamento de
opiniões e não como um teste para avaliar o nível de conhecimento em administração
financeira.
Uma versão piloto foi realizada para verificar se todas as perguntas eram necessárias
e se o texto estava adequado. As observações realizadas durante a aplicação e os comentários
dos entrevistados nessa fase permitiram o aprimoramento do formulário. O desenvolvimento
do questionário abrangeu um período de reflexão e amadurecimento, com a realização de
diversos pequenos testes em grupo de estudo, salas de aula e palestras ministradas.
Para efeito de organização e entendimento, quatorze frases sobre comportamento
financeiro foram agrupadas nas duas perguntas iniciais: uma sobre a relação do entrevistado
com investimentos e outra sobre seu comportamento de consumo.
A primeira pergunta trata de investimentos utilizando uma escala Likert unipolar de
um a cinco (entre discordo plenamente e concordo plenamente) para avaliar a opinião a
respeito de um conjunto de nove frases curtas sobre investimentos. A utilização de uma escala
Likert com um número impar de opções permite que o respondente “fique em cima do muro”
ao optar pela escala intermediária. Isto não é possível quando se adota uma escala com um
número par de alternativas. O sentido das respostas (indicar presença ou não de viés) é
invertido algumas vezes na sequência de frases para não conduzir o respondente a ficar
47
apenas em uma coluna do gabarito. As frases sobre as quais são requisitadas as opiniões dos
respondentes nessa primeira questão são:
A. Num investimento posso arriscar perder se há uma chance maior de ganhar;
B. Só faço investimentos se o mercado está favorável;
C. É melhor utilizar só capital próprio para financiar um negócio;
D. Prefiro investimentos que já comprovaram ter rendimentos excepcionais;
E. Não tenho medo de errar sozinho;
F. Não vendo se estiver no prejuízo;
G. Quanto maior o risco, menor é o retorno que se espera de um investimento;
H. Prefiro investimentos que gerem dividendos (retiradas periódicas) do que
valorização;
I. Prefiro investimentos automáticos via débito em conta ou desconto em folha.
O mesmo esquema de perguntas unipolares em escala Likert foi adotado na segunda
pergunta para cinco frases a respeito de hábitos de consumo. Nessa segunda questão, pede-se
a opinião do respondente sobre as seguintes frases:
A. O desconto em relação ao preço de tabela é uma informação útil na compra;
B. Se não tenho uma prestação a pagar, não consigo comprar o que desejo;
C. Demoro para cancelar serviços que não uso;
D. Gosto de seguir as tendências de mercado;
E. Pesquiso o plano de serviços que melhor me atende e mudo assim que posso
ganhar algo.
A terceira questão é de natureza comportamental, sobre a frequência com que as
pessoas revêem valores de seus investimentos e dívidas. A pergunta visa avaliar a
susceptibilidade ao excesso de transações, a reação exagerada a fenômenos de curto prazo e a
tendência a evitar notícias desagradáveis. A questão também é útil para sutilmente identificar
a condição financeira do respondedor por meio da ocorrência de investimentos e dívidas. Foi
adotada uma escala intervalar para essas respostas (de nunca a semanal / diária) e existe a
opção “não se aplica”.
A quarta e última questão é sobre fatores que influenciam o comportamento
financeiro, utilizando uma escala Likert bipolar de um a cinco entre razão e emoção. A
48
mesma questão é aplicada ao próprio comportamento e ao comportamento dos colegas de
escola ou trabalho. Essa comparação entre pessoas do mesmo grupo social permite verificar a
existência do viés de excesso de confiança. Nessa questão também há um campo aberto para o
entrevistado, caso deseje, comentar o que for necessário.
De acordo com Günter (2003, pág. 6), as perguntas de um questionário devem seguir o
rumo de “uma conversa com objetivo”. Parece óbvio, mas o pesquisador deve, antes de
perguntar, verificar se sabe o objetivo de cada questão e o que significa cada resposta. Deve,
além disso, focar questões com um único objeto de atitudes para facilitar e reduzir a
subjetividade na interpretação da resposta. As perguntas desse questionário procuram atingir
os seguintes objetivos:
i. Verificar a presença de viés heurístico - 1 (A, B,D,E,F, H e I); 2 (A, B, C, D e
E); 3 (A e B) e 4 (A e B);
ii. Testar conhecimento em finanças - 1 (C e G);
iii. Verificar situação financeira - 3 (A e B);
iv. Avaliar consistência entre respostas - 1 (B e D);
v. Dar oportunidade para livre expressão - 4 (C).
Os grupos de respondentes são segmentados previamente por idade, gênero,
escolaridade e renda, visando-se identificar a correlação dessas variáveis com as repostas. As
respostas de cada grupo são coletadas separadamente. O questionário também procura
identificar o nível de conhecimento sobre finanças dos respondedores por meio da avaliação
de duas frases de uma das questões.
Para coletar as respostas, é utilizado o formulário elaborado na ferramenta Sphinx,
operada por pesquisadores e estatísticos da UFRS e disponível a um custo acessível. A
ferramenta permite construir os formulários, coletar e tabular as respostas e gerar estatísticas
da pesquisa, com suporte no Brasil. Existem também outras ferramentas similares como o
“Question Pro”, o Monkey Service. e o Google Docs, sendo que este último foi utilizado na
pesquisa piloto.
49
3.7 Interpretação das Respostas e Potencial Estatístico dos
Questionários
As quatro perguntas do questionário remetem a vieses e heurísticas abordadas em
estudos de Finanças Comportamentais. O cruzamento das respostas com o perfil dos
respondentes tentará estabelecer relação desses dados com aversão ao risco, excesso de
confiança, efeito manada, autocontrole, ancoragem a preço inicial, dificuldade a reconhecer
perdas, tendência a procrastinar (postergar decisões e ações) e excesso de negociação.
Quadro 3 Interpretação da questão sobre investimentos fonte: autor
50
Quadro 4 Interpretação da questão sobre consumo fonte: autor
Quadro 5 Interpretação da questão sobre freqüência de revisão de valores fonte: autor
Quadro 6 Interpretação da questão sobre comportamento próprio e de pares fonte: autor
51
As escalas adotadas nas respostas do questionário são dos tipos nominal, ordinal e
intervalar. Todos esses dados podem, portanto, ser trabalhados em estatísticas descritivas,
gráficos tabelas e em testes estatísticos não paramétricos. As respostas em escala intervalar
também podem ser analisadas por procedimentos paramétricos (GÜNTER, 2003, pág. 6).
3.8 Limitações do Trabalho
Em qualquer pesquisa, não há garantia de que as pessoas respondam a verdade, que se
comportem conforme dizem que se comportam ou gostariam de se comportar. Não
garantia de que as pessoas forneçam apenas informações autênticas em uma pesquisa
realizada sem identificação na Internet. Além da boa vontade do respondente, é necessária sua
atenção para não correr o risco de inverter o sentido das questões quando a atenção dispersa.
Isto é comum, tanto nos períodos de navegação na Internet como no momento de resposta do
questionário enviado por e-mail. A Internet, por outro lado, viabiliza financeiramente a
realização de uma pesquisa desse porte.
Existe uma restrição natural por parte das pessoas em fornecer informações acerca de
seu comportamento financeiro a estranhos. Tentou-se reduzir essa barreira ao não se
realizarem perguntas de cunho cadastral.
Não foram adotados, nos procedimentos estatísticos, rigores que garantam a
representatividade da amostra diante da população de investidores brasileiros. Foi utilizada,
contudo, uma base de dados bastante ampla e qualificada.
A pesquisa desse trabalho é restrita a algumas heurísticas. Isto foi necessário para
possibilitar a realização de um questionário compacto. Outros vieses como, por exemplo,
insensibilidade ao tamanho da amostra, imaginabilidade, tentativa de estabelecer padrões e a
capacidade de avaliar eventos conjuntivos e disjuntivos podem ser objeto de trabalhos futuros.
A pesquisa não utilizou um questionário pré-formulado. Com isso, o trabalho sofre as
dificuldades de testar um questionário piloto. O aprimoramento do questionário pode permitir
tanto o aumento do retorno quanto uma interpretação mais precisa.
Não foi oferecida nenhuma recompensa para o “custo” de responder o questionário, o
que limita o número de respostas.
52
O trabalho analisa o impacto de vieses que influenciam as pessoas físicas. Não foram
tratados os interesses que movem investidores institucionais como, por exemplo, fundos de
pensão. No Brasil, boa parte desses fundos é controlada por dirigentes sindicais. Assim, para
uma analise mais completa sobre todas as forças “irracionais” que influenciam os mercados,
também de se levar em consideração a influência dos componentes políticos e
corporativistas.
O trabalho também não trata de outros novos fatores que podem influenciar a tomada
de decisão com mais força no futuro, como a sustentabilidade. A preocupação com os 3 Ps
(Profit, People e Planet) pode fazer com que o lucro deixe de ser objetivo único perseguido
por investidores. É racional pensar apenas em lucro? Esse ponto também merece ser pensado.
Esse formato de pesquisa não garante a apuração completa do comportamento das
pessoas, pois parte das atitudes é inconsciente e muitas decisões são tomadas de forma
automática.
53
4 RESULTADOS DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada no dia 11 de março de 2010. Os e-mails solicitando respostas
foram disparados simultaneamente para os dezesseis diferentes grupos às vinte horas de uma
quinta-feira. Eu contratei junto à Sphinx a hospedagem da pesquisa em ambiente web para
suportar até 641 respostas e fui surpreendido ao alcançar este volume apenas quatro horas
após o disparo das mensagens. Após atingir este limite a pagina da pesquisa passou a
apresentar uma pagina de erro. Respondi aos cerca de cem e-mails de pessoas que me
contataram, agradecendo o interesse, confirmando a autenticidade da pesquisa e informando
que o volume de respostas necessário já havia sido obtido naquele momento.
A rapidez na resposta é esperada na Internet, porém o retorno me obtido me
surpreendeu, pois não havia incentivo para a resposta e trata-se de um tema que lembra coisas
desagradáveis e pode mobilizar emoções difíceis. Para atrair os respondentes foi utilizado um
e-mail de texto curto, formato txt, com os seguintes apelos:
- cunho acadêmico (credibilidade, desperta boa vontade de responder para ajudar);
- à possibilidade de expressar sua opinião (as pessoas gostam de ter sua opinião
valorizada)
- enfatizando a rapidez para responder quatro questões em até cinco minutos (foi
omitido que as questões se desdobram em 18 frases);
- endereços de e-mail para contato (conferir credibilidade, vincular à universidade).
A seguir são apresentados e analisados os resultados de cada uma das questões
formuladas, comparando as respostas entre os grupos (sexo, idade, renda e escolaridade).
Vale lembrar uma limitação deste tipo de pesquisa: nem sempre as pessoas agem de
forma consciente quando tomam suas decisões, ou seja, não existe garantia de que elas
realmente comportem-se como afirmam se comportar.
A escala numérica vai de um a cinco para quantificar as respostas das questões de 1, 2
e 4. Na questão 3 a escala vai de um a quatro. Nas questões 1 e 2 atribui-se o valor um para a
resposta “discordo totalmente”; dois para “discordo parcialmente”; três para “nem concordo
54
nem discordo”; quatro para “concordo parcialmente”; e cinco para “concordo totalmente”.
Desta forma sempre que a quantificação for superior a três, isso significa que em média o
grupo concorda com a afirmação e resultados abaixo deste valor indicam que a maior parte
dos respondentes discorda. Na questão 3 o peso é um para a resposta nunca”, dois para a
“anual”, três para “mensal” e quatro para semanal ou diária”. Na questão quatro adota-se
peso um para “só razão”, dois para “mais razão”, três para “razão e emoção”, quatro para
“mais emoção” e cinco para “só emoção”.
Nos quadros onde as respostas estão quantificadas de acordo com esta escala, as
células em cinza indicam que a resposta deste grupo é superior à média dos grupos. Uma
extensão deste trabalho poderá realizar uma analise estatística mais profunda dos dados
levantados.
55
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Frase A - Num investimento posso arriscar perder se há uma chance maior de ganhar.
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 12 8 7 12 9 10 9 10
Discordo parcialmente
17 11 13 14 13 14 13 14
Nem concordo nem discordo 11 7 8 9 7 10 9 9
Concordo parcialmente 45 47 52 40 48 46 50 41
Concordo totalmente 15 26 19 25 24 20 19 26
Total discordo
29 20 20 26 21 24 22 24
Total concordo 60 73 71 65 72 66 69 67
Em escala numérica 3,34 3,71 3,63 3,51 3,66 3,52 3,56 3,59
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,08 3,47 4,02 3,73
s/ sup 3,43 3,00 3,73 3,82
c/ sup 3,44 3,00 3,60 3,58
s/ sup 3,51 3,29 3,65 3,59 Média 3,57
Avaliar viés
Teoria do Prospecto, Aversão à Perda
Indica viés
Não indica viés.
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 7 Respostas para a questão 1 frase A fonte: autor
A frase A da questão 1 não indica aversão à perda na maior parte dos respondentes.
Em todos os grupos a maior parte das pessoas admite assumir riscos se há uma possibilidade
maior de ganhos. Mais homens do que mulheres aceitam assumir risco. De uma forma menos
acentuada o risco também é mais aceito entre os mais jovens e ricos. Para estes grupos a frase
“quanto maior o risco maior o retorno” faz mais sentido.
56
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Frase B - Só faço um investimento se o mercado está favorável.
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 4 9 6 7 10 5 8 6
Discordo parcialmente
10 17 15 13 16 13 17 11
Nem concordo nem discordo 9 9 9 9 9 9 8 11
Concordo parcialmente 37 36 40 33 32 39 36 37
Concordo totalmente 40 30 30 37 33 34 32 36
Total discordo
14 25 21 21 25 18 24 16
Total concordo 77 66 70 70 65 72 67 73
Em escala numérica 3,99 3,61 3,72 3,79 3,64 3,82 3,67 3,87
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 4,00 4,04 3,17 3,56
s/ sup 4,00 4,00 3,80 3,37
c/ sup 3,87 3,90 3,56 3,61
s/ sup 4,17 3,96 3,69 4,19 Média 3,75
Avaliar viés e consistir com 1 D
Representatividade e Saliência
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 8 Respostas para a questão 1 frase B fonte: autor
As respostas à frase B da questão 1 apontam uma forte presença do viés da
representatividade e saliência. Este viés se mostra mais forte nas mulheres, pessoas de maior
renda e sem nível superior. As variações por idade são pequenas. Trata-se de uma tendência
que pode levar pessoas a “comprar na alta e vender na baixa” e à formação de bolhas
especulativas. Medo e outras emoções humanas, os espíritos animais, corroboram para a
presença deste viés. Segundo Kahneman (2009), num momento de mercado favorável as
pessoas tendem a ignorar o risco a que estão sujeitas, pois não se dão conta do que é
arriscado.
57
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Frase C - É melhor utilizar só capital próprio para financiar um negócio.
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 6 18 12 15 19 10 15 10
Discordo parcialmente
26 24 28 20 22 26 26 22
Nem concordo nem discordo 9 8 9 6 6 9 8 8
Concordo parcialmente 33 24 28 27 24 30 27 29
Concordo totalmente 27 27 22 31 29 25 24 31
Total discordo
32 41 40 35 41 36 41 32
Total concordo 60 51 51 58 53 55 51 59
Em escala numérica 3,49 3,19 3,21 3,39 3,22 3,35 3,19 3,47
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,50 3,50 2,78 3,02
s/ sup 3,14 3,93 3,53 3,22
c/ sup 3,47 3,50 3,00 3,16
s/ sup 3,43 3,48 3,24 4,03 Média 3,30
Conhecimento Finanças
n.a.
Conhece
Não conhece
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 9 Respostas para a questão 1 frase C fonte: autor
Trata-se de uma afirmação que contradiz a Teoria de Finanças que preconiza ser
positiva a participação de uma parcela de capital de terceiros no financiamento de um
negócio. A maior parte dos grupos discordou da afirmação. Dos 16 grupos apenas 3
afirmaram ter o pensamento alinhado com o que apregoa o pensamento acadêmico dominante
na área: os homens mais jovens com nível superior, independente da renda e as mulheres mais
jovens, com maior renda e sem nível superior.
58
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Frase D - Prefiro investimentos que já comprovaram ter rendimentos excepcionais.
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 3 9 7 7 8 6 7 6
Discordo parcialmente
15 17 16 17 18 15 18 14
Nem concordo nem discordo 11 14 14 12 16 11 11 15
Concordo parcialmente 41 38 42 36 32 43 41 37
Concordo totalmente 31 22 22 28 26 24 23 28
Total discordo
18 26 22 24 26 21 25 20
Total concordo 71 60 64 64 59 68 64 65
Em escala numérica 3,81 3,47 3,57 3,63 3,51 3,65 3,55 3,67
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 4,00 3,65 3,33 3,36
s/ sup 3,57 3,92 3,80 3,38
c/ sup 3,98 3,78 3,29 3,56
s/ sup 3,73 3,82 3,45 4,00 Média 3,60
Avaliar viés e consistir com 1 B
Representatividade
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 10 Respostas para a questão 1 frase D fonte: autor
Novamente a maior parte das respostas aponta para a presença do viés da
representatividade. Assim como ocorreu na frase B o viés se mostra mais forte nas mulheres,
pessoas de maior renda e sem nível superior. As variações por idade também são pequenas.
Em nenhum dos 16 grupos a maioria das pessoas rejeita a afirmação.
59
Quadro 11 Respostas para a questão 1 frase E fonte: autor
A maioria das pessoas não assume ter tendência a seguir seus pares. Acredito que a
forma muito direta como a questão foi elaborada contribuiu para esta resposta, com as pessoas
rejeitando o rótulo de “Maria vai com as outras”. Há certa contradição entre as respostas desta
questão e as das questões 1B, 1D e 2D que indicam tendência de seguir o mercado.
60
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Frase F - Não vendo se estiver no prejuízo.
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 10 15 13 13 11 14 13 13
Discordo parcialmente
22 24 27 20 22 25 26 20
Nem concordo nem discordo 12 10 11 11 14 9 11 11
Concordo parcialmente 29 29 27 30 29 29 29 28
Concordo totalmente 26 22 22 25 24 23 21 28
Total discordo
32 39 40 33 33 39 39 33
Total concordo 55 51 50 55 53 52 50 56
Em escala numérica 3,39 3,20 3,20 3,34 3,32 3,23 3,19 3,38
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,36 3,52 2,88 3,38
s/ sup 3,83 3,50 3,33 3,30
c/ sup 3,12 3,06 3,17 3,04
s/ sup 3,44 3,79 3,16 3,28 Média 3,27
Avaliar viés
Aversão à Perda, Disposição
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 12 Respostas para a questão 1 frase F fonte: autor
A resposta da maioria das pessoas indica uma dificuldade em realizar perdas. A
aversão à perda e o efeito disposição se mostram mais presentes em mulheres, pessoas sem
curso superior e entre as mais velhas.
61
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Frase G - Quanto maior o risco, menor é o retorno que se espera de um investimento.
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 40 55 47 51 60 43 53 43
Discordo parcialmente
28 16 21 20 20 21 20 21
Nem concordo nem discordo 11 10 11 10 9 12 10 11
Concordo parcialmente 14 9 12 10 6 14 9 14
Concordo totalmente 7 10 9 9 6 11 7 11
Total discordo
68 71 68 72 80 63 73 64
Total concordo 21 19 21 19 12 25 16 25
Em escala numérica 2,20 2,04 2,15 2,04 1,78 2,30 1,97 2,30
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 1,50 1,96 1,68 1,56
s/ sup 1,43 2,14 1,67 2,11
c/ sup 2,29 2,32 2,27 1,82
s/ sup 2,35 2,69 2,35 2,50 Média 2,10
Conhecimento Finanças
n.a.
Conhece
Não conhece
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 13 Respostas para a questão 1 frase G fonte: autor
Uma das afirmações mais repetidas e intuitivas da teoria financeira é “quanto maior o
risco, maior o retorno”, o contrário do que diz a frase 1G acima. A maior parte das pessoas
discordou da frase, ou seja, deu a resposta correta.
Os grupos mais alinhados com o pensamento tradicional de finanças são os mais ricos,
com escolaridade superior, homens e mais velhos.
62
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 15 9 11 12 11 12 10 14
Discordo parcialmente
18 20 18 20 22 17 22 15
Nem concordo nem discordo 23 26 29 22 29 23 28 21
Concordo parcialmente 31 31 30 32 27 34 30 33
Concordo totalmente 13 13 12 15 11 14 11 17
Total discordo
33 29 30 31 33 29 31 29
Total concordo 44 44 42 47 38 48 40 50
Em escala numérica 3,08 3,19 3,12 3,18 3,05 3,21 3,10 3,23
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 2,83 3,02 2,98 3,05
s/ sup 2,86 2,71 3,00 3,45
c/ sup 3,14 3,38 3,06 3,24
s/ sup 3,17 2,96 3,28 3,47 Média 3,15
Conhecimento Finanças e viés
Aversão à Perda
Conhece e não indica viés
Não conhece e indica viés
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Frase H - Prefiro investimentos que gerem dividendos (retiradas periódicas) do que em
valorização.
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Interpretação da resposta "Discorda"
Quadro 14 Respostas para a questão 1 frase H fonte: autor
As respostas indicam que na maioria dos grupos não está alinhada com o pensamento
financeiro dominante no que se refere à irrelevância dos dividendos. Por outro lado as
respostas também apontam a preferência pelo ganho imediato.
63
Questão 1 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Frase I - Prefiro investimentos automaticos via débito em conta ou desconto em folha.
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 19 23 20 24 26 19 23 19
Discordo parcialmente
8 12 8 12 12 9 12 7
Nem concordo nem discordo 15 20 21 15 20 18 18 19
Concordo parcialmente 31 25 28 26 27 27 24 32
Concordo totalmente 26 20 22 23 15 26 22 23
Total discordo
27 35 28 36 38 28 36 26
Total concordo 58 45 50 49 43 54 46 55
Em escala numérica 3,39 3,06 3,24 3,12 2,95 3,32 3,09 3,32
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,00 2,94 2,95 2,92
s/ sup 3,29 3,29 2,93 2,82
c/ sup 3,58 3,61 3,03 2,82
s/ sup 3,66 3,39 3,26 3,72 Média 3,18
Avaliar viés
Auto-controle
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 15 Respostas para a questão 1 frase I fonte: autor
As respostas indicam a presença do viés na maioria dos respondentes, exceto no entre
homens de maior renda. Uma possível justificativa poderia ser que maior renda permite o
autocontrole, pois estas pessoas teoricamente têm suas necessidades básicas atendidas e
aplicam em investimentos mais sofisticados onde o “débito em conta” não está disponível.
64
Questão 2 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre CONSUMO?
Frase A - O desconto em relação ao preço de tabela é uma referência útil na compra
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 37 56 48 50 58 44 51 46
Discordo parcialmente
23 17 18 21 20 19 20 19
Nem concordo nem discordo 16 9 14 10 8 14 10 15
Concordo parcialmente 20 13 17 14 10 19 16 15
Concordo totalmente 4 5 3 5 4 4 4 5
Total discordo
60 73 66 71 78 63 71 65
Total concordo 24 17 20 19 14 23 20 20
Em escala numérica 2,31 1,92 2,10 2,02 1,83 2,20 2,02 2,13
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 1,83 2,44 1,68 1,44
s/ sup 1,71 2,00 1,62 1,89
c/ sup 2,36 2,35 2,14 1,90
s/ sup 2,44 2,22 2,08 2,36 Média 2,06
Avaliar viés
Ancoragem
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 16 Respostas para a questão 2 frase A fonte: autor
A maior parte dos respondentes afirma não considerar desconto e preço de tabela
informações úteis e atrativas. As mulheres e as pessoas de menor renda apresentam maior
atração por desconto, porem mesmo nestes grupos a maioria das pessoas não considera o
desconto em relação ao preço de tabela uma referência relevante.
Esta frase, assim como a 1I, deveria ser reformulada no caso de uma nova pesquisa, de
forma a facilitar seu entendimento e permitir uma interpretação mais assertiva.
65
Questão 2 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre CONSUMO?
Frase B - Se não tenho uma prestação a pagar não consigo comprar o que desejo
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 44 44 41 48 47 43 49 36
Discordo parcialmente
16 22 20 19 20 19 19 20
Nem concordo nem discordo 11 10 12 8 10 10 10 11
Concordo parcialmente 21 17 19 19 18 19 16 22
Concordo totalmente 8 7 8 7 5 9 6 10
Total discordo
60 66 61 67 67 61 68 56
Total concordo 29 24 27 26 23 28 22 32
Em escala numérica 2,34 2,21 2,33 2,18 2,14 2,33 2,10 2,50
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 2,50 2,04 2,03 1,97
s/ sup 2,86 2,45 2,60 2,14
c/ sup 2,20 2,06 2,19 2,06
s/ sup 2,68 2,68 2,41 2,58 Média 2,26
Avaliar viés
Auto-controle
Não indica viés
Indica viés.
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 17 Respostas para a questão 2 frase B fonte: autor
A maioria das pessoas não admite a falta de controle para realizar seus desejos de
consumo. A escolaridade é o fator que mais influência as respostas, com as pessoas sem curso
superior admitindo a necessidade de um compromisso com uma prestação para conseguir
comprar o que deseja.
66
Questão 2 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre CONSUMO?
Frase C - Demoro em cancelar serviços que não uso
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 40 33 37 35 33 37 35 37
Discordo parcialmente
12 15 16 11 13 14 16 10
Nem concordo nem discordo 5 8 7 7 9 6 8 5
Concordo parcialmente 27 28 27 28 28 27 27 28
Concordo totalmente 15 16 13 18 16 16 13 20
Total discordo
52 48 53 47 47 51 52 47
Total concordo 42 44 40 46 44 43 40 48
Em escala numérica 2,65 2,78 2,64 2,83 2,79 2,70 2,66 2,84
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 2,75 2,57 2,58 3,00
s/ sup 2,43 2,73 3,50 2,81
c/ sup 2,53 2,84 2,41 2,80
s/ sup 2,61 2,82 2,85 2,95 Média 2,73
Avaliar viés
Procrastinar
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 18 Respostas para a questão 2 frase C fonte: autor
Colocadas diante da frase C, as pessoas não admitem demorar em cancelar serviços
que não utilizam. Aqui cabe lembrar limitação da pesquisa, pois algumas vezes o processo de
tomada de decisão é inconsciente e passa despercebido e as pessoas podem agir
inconscientemente de uma forma e responder de outra quando “para e pensa” no assunto.
As afirmações da maioria dos respondentes parecem contradizer
4
algumas estratégias
de marketing adotadas por empresas de telefonia, TV a cabo ou cartões de crédito que
utilizam muitas campanhas com descontos agressivos ou isenção de anuidade nos primeiros
meses ou ano.
4
Digo “parecem contradizer”, pois a rentabilidade destas operações pode ser oriunda da significativa minoria
que demora para cancelar.
67
Questão 2 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre CONSUMO?
Frase D - Gosto de seguir as tendências de mercado
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 21 21 21 21 26 18 22 19
Discordo parcialmente
10 12 10 13 10 12 8 16
Nem concordo nem discordo 18 17 20 14 17 17 20 13
Concordo parcialmente 35 37 37 36 35 37 37 36
Concordo totalmente 16 14 13 16 12 16 13 16
Total discordo
31 32 30 34 36 30 30 35
Total concordo 51 51 50 52 47 53 50 52
Em escala numérica 3,14 3,11 3,12 3,12 2,98 3,21 3,11 3,13
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 2,75 3,15 2,90 3,29
s/ sup 3,83 2,82 3,14 3,19
c/ sup 3,20 2,84 2,91 3,12
s/ sup 3,05 3,04 3,28 3,54 Média 3,12
Avaliar viés
Conformidade, Sociabilidade
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Discorda"
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 19 Respostas para a questão 2 frase D fonte: autor
O viés é identificado na maioria dos grupos e não diferenciação expressiva por
sexo, idade ou escolaridade. O viés é um pouco mais forte entre pessoas de menor renda.
68
Questão 2 - O que você pensa sobre as frases abaixo sobre CONSUMO?
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Discordo totalmente 7 5 4 7 6 6 5 7
Discordo parcialmente
7 7 7 7 8 7 9 6
Nem concordo nem discordo 10 11 11 10 11 10 12 9
Concordo parcialmente 41 44 43 42 46 41 43 43
Concordo totalmente 34 33 34 33 29 36 32 35
Total discordo
15 12 12 14 14 12 14 12
Total concordo 75 77 78 75 75 77 75 79
Em escala numérica 3,87 3,94 3,96 3,86 3,84 3,95 3,88 3,95
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,92 3,80 3,98 3,68
s/ sup 3,14 3,55 3,80 4,24
c/ sup 3,84 4,03 4,10 3,73
s/ sup 4,05 3,86 3,87 4,00 Média 3,91
Avaliar viés
Procrastinar
Indica viés
Não indica viés.
Interpretação da resposta "Concorda"
Maior
renda
Menor
renda
Frase E - Pesquiso o plano de serviços que melhor me atende e mudo assim que posso ganhar
algo
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Interpretação da resposta "Discorda"
Quadro 20 Respostas para a questão 2 frase E fonte: autor
As respostas indicam que as pessoas não se identificam com a tendência a adiar
decisões. A maioria das pessoas de todos os grupos afirma ser rápida e racional ao procurar o
melhor plano de serviços.
Esta percepção é contrária ao resultado de campanhas de marketing, que no geral
aumentam sua eficiência quando a inércia joga a seu favor.
69
Questão 3 - Com que frequencia você revê SEUS VALORES de:
Item A - Investimentos (poupança, fundos, CDBs, ações e outros)
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Nunca 6 5 6 4 3 6 5 5
Anual 18 16 16 18 20 15 18 15
Mensal 48 41 40 48 47 42 46 41
Semanal ou diária 16 27 27 19 23 23 22 23
Não se aplica 11 11 11 11 7 14 9 15
Em escala numérica 2,85 3,01 2,99 2,92 2,95 2,96 2,98 2,94
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,00 2,83 3,13 2,81
s/ sup 3,33 2,80 3,00 3,19
c/ sup 2,80 3,07 3,03 2,97
s/ sup 2,80 2,71 3,08 2,94 Média 2,95
Verificar se tem e avaliar viés
excesso de negociação
Não indica viés.
Indica viés
Interpretação da resposta "Anual ou Nunca"
Interpretação da resposta "Semanal ou Diária"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 21 Respostas para a questão 3 frase A fonte: autor
Os homens, pessoas de menor renda e sem curso superior revêem seus valores de
investimento com mais freqüência, o que pode indicar viés que leva ao excesso de
negociação. Por outro lado esta revisão também pode vir da necessidade de reassegurar que o
dinheiro está lá, uma vez que o dinheiro é uma convenção social e não algo concreto.
70
Questão 3 - Com que frequencia você revê SEUS VALORES de:
Item B - Dívidas (cheque especial, cartão de crédito, carro, imóvel e outras)
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
Nunca 6 5 3 6 5 5 4 6
Anual 6 5 6 5 7 4 5 6
Mensal 35 42 41 39 37 41 40 39
Semanal ou diária 41 41 41 40 41 41 41 40
Não se aplica 13 8 9 10 11 9 10 9
Em escala numérica 3,27 3,29 3,32 3,25 3,29 3,28 3,25 3,31
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,45 3,35 3,25 3,30
s/ sup 3,57 2,88 3,08 3,24
c/ sup 3,41 3,27 3,25 3,34
s/ sup 3,22 2,96 3,41 3,25 Média 3,28
Verificar se tem e avaliar viés
evitar notícias desagradáveis
Indica viés
Não indica viés.
Interpretação da resposta "Anual ou Nunca"
Interpretação da resposta "Semanal ou Diária"
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 22 Respostas para a questão 3 frase B fonte: autor
Dívidas são analisadas com mais freqüência do que investimentos. Duas hipóteses
para esse comportamento são a maior preocupação decorrente do endividamento e a
necessidade de agir rápido em função de historicamente possuirmos no Brasil uma das
maiores taxas de juro real do mundo.
71
Questão 4 - O que influencia o COMPORTAMENTO financeiro: razão ou emoção?
Item A - O meu comportamento
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
razão 9 15 12 14 16 11 12 14
Mais razão 36 42 38 41 44 37 44 33
Razão e emoção 43 35 39 38 31 43 36 41
Mais emoção 11 8 11 7 9 9 8 11
emoção 0 0 0 0 1 0 0 0
Total razão 45 57 50 55 59 48 56 47
Total emoção 12 8 12 7 10 9 8 12
Em escala numérica 2,58 2,37 2,51 2,39 2,36 2,50 2,41 2,51
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 2,50 2,47 2,17 2,30
s/ sup 3,14 2,23 2,33 2,39
c/ sup 2,71 2,45 2,39 2,33
s/ sup 2,76 2,52 2,48 2,39 Média 2,45
Avaliar viés
excesso de confiança
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 23 Respostas para a questão 4 frase A fonte: autor
Em todos os grupos o viés do excesso de confiança está presente em maior ou menor
grau. As pessoas em geral se julgam mais racionais do que seus pares na tomada de decisão
financeira. É um viés que pode levar a não procurar orientação financeira e ao excesso de
negociação.
Homens e pessoas com curso superior são os grupos mais autoconfiantes. Nestes
grupos é maior a diferença entre a percepção da própria motivação (mais racional) e a de seus
pares.
72
Questão 4 - O que influencia o COMPORTAMENTO financeiro: razão ou emoção?
Item B - O comportamento de meus colegas de trabalho ou escola
Mulher
Homem
Até 35
anos
36 anos
ou +
Maior
Renda
Menor
Renda
Com
superio
r
Sem
superio
r
% %
% % % % % %
razão 4 6 5 5 5 5 4 6
Mais razão 21 22 18 26 29 18 25 18
Razão e emoção 48 50 51 48 46 51 45 55
Mais emoção 24 20 25 18 17 24 23 19
emoção 1 2 1 3 3 1 2 2
Total razão 26 28 23 32 34 23 29 24
Total emoção 26 22 26 21 20 26 25 21
Em escala numérica 2,97 2,91 3,00 2,86 2,84 2,99 2,94 2,92
Mulher Homem
Até 35
36 ou +
Até 35 36 ou +
c/ sup 3,00 2,75 2,85 2,84
s/ sup 3,14 2,92 3,07 2,70
c/ sup 3,20 2,88 3,04 2,93
s/ sup 3,00 2,97 2,83 3,00 Média 2,93
Avaliar viés
excesso de confiança
Maior
renda
Menor
renda
Porque da questão
Herística ou viés analisado
Quadro 24 Respostas para a questão 4 frase B fonte: autor
Nesta questão que responde diretamente à pergunta do tema desta dissertação, a
grande maioria de todos os grupos afirma que tanto razão e quanto emoção influenciam, em
menor ou maior escala o comportamento financeiro de seus colegas.
73
5 CONCLUSÃO
As respostas ao questionário indicam que o comportamento financeiro do brasileiro é
determinado tanto pela emoção quanto pela razão. Parte das frases que pretendia verificar a
influência de vieses “irracionais” indicou sua presença, enquanto outras afirmações apontam
para comportamento racional. Na questão 4 os entrevistados foram perguntados diretamente
sobre o que influencia o comportamento financeiro: razão ou emoção? Menos de 7% dos
entrevistados acredita que só a razão ou só a emoção influenciem o comportamento financeiro
do brasileiro (seus pares) e em nenhum dos grupos esta participação chegou a 15%. Nesta
questão também fica evidente o excesso de confiança uma vez que em todos os grupos a
maioria das pessoas considera que seu comportamento financeiro é mais racional do que o de
seus pares. Esta questão foi inspirada na pesquisa que Kahneman (2009) aplicou entre seus
alunos e que está descrita no item 2.2.1. Analisei todo o questionário à luz do otimismo
excessivo que está presente na maioria dos seres humanos (FERREIRA, 2008).
Ferreira (2007) afirma que existe uma relação intima entre níveis emocionais e
racionais na mente humana. O homem sempre evita a dor e procurar prazer, causando um
conflito permanente entre emoção e razão. O processo de decisão é influenciado por fatores
como diferenças de percepção, personalidade e capacidade de avaliação. A tendência a evitar
a dor dificulta o reconhecimento de erros e a procura do prazer pode levar à negociação em
excesso. Barberis e Xiong (2009) e Mosca (2009, pág. 59) mostram que os ativos que
tiveram maior ganho recente (prazer) são mais negociados.
A presença do viés da representatividade também aparece na maioria das respostas e
as duas frases que se propõe a investigar sua presença (1B e 1D) tiveram resultados
consistentes entre si. O passado recente tem grande influencia na avaliação da maior parte das
pessoas. Este é o tipo de comportamento que provoca bolhas e seus estouros e leva ao efeito
manada, ou seja, a multidão segue o passado.
Por outro lado as respostas às frases sobre consumo 2C e 2E mostram que a maioria
das pessoas não admite procrastinar, afirma ser rápida em cancelar serviços que não usa e
pesquisa o plano de serviços que melhor lhe atende. Estas respostas me parecem carregadas
do excesso de confiança indicado na questão 4, uma vez que contrariam as estratégias de
74
marketing adotadas pelas maiores empresas prestadoras de serviços que privilegiam
campanhas com descontos agressivos nos primeiros meses e renovação automática.
Quadro 25 Ranking de respostas sobre investimentos (> 3 = concorda) fonte: autor
As frases sobre investimento apontaram proporcionalmente mais presença de viés do
que as frases sobre consumo. Uma hipótese para isso é que as pessoas foram cuidadosas nas
respostas, pois buscam ser politicamente corretas no que se refere ao consumo. Isso ocorreria
em função da representação interna de sua pertinência no mundo, pois uma pressão forte
do grupo externo, mesmo respondendo de forma anônima via Internet.
75
Quadro 26 Ranking de respostas sobre consumo (> 3 = concorda) fonte: autor
Algumas frases não obtiveram respostas conclusivas. A aplicação de um teste para um
número maior de pessoas poderia ter aperfeiçoado o questionário, porém este ponto somente
se tornou claro com o questionário aplicado. A avaliação das deficiências do questionário é
mais fácil quando se tem um número grande de respostas.
Os quadros 25 e 26 a seguir resumem os resultados da pesquisa e indicam os pontos
que considero de maior destaque na analise das respostas.
Quadro 27 Resumo das respostas (1/2) - fonte: autor
76
As respostas também indicam diferença no comportamento de acordo com dados
demográficos. A maior diferenciação é determinada pelo sexo, porém renda, idade e
escolaridade também influenciam o comportamento financeiro.
Quadro 28 Resumo das respostas (2/2) - fonte: autor
As diferenças das respostas entre homens e mulheres confirmam que os homens
aceitam assumir mais riscos, são mais autoconfiantes. Esta diferença de comportamento de
acordo com o gênero é apontada em diversos estudos realizados em diferentes países
(FERREIRA, 2008). O excesso de confiança dos homens pode torná-los presas mais fáceis
para o excesso de negociação (e consequentemente maior custo de transação). as mulheres
77
são mais conservadoras, pois tem menos intimidade com o assunto investimento. As respostas
também indicam que os homens têm maior conhecimento de finanças.
O tema atraiu grande interesse dos entrevistados e o nível de respostas me surpreendeu
a ponto de esgotar a capacidade de resposta contratada para a pesquisa (641 pessoas) em
apenas 4 horas. Isso também pode ser comprovado pelas respostas da questão aberta que
obteve 76 comentários (listados no apêndice). Isso indica o interesse em saber como nos
comportamos no âmbito financeiro, fator essencial para que se possa administrar o impacto
das emoções.
78
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Geórgia.
83
APÊNDICES
A. Formulários de Pesquisa
Pesquisa sobre o comportamento financeiro do brasileiro
1. O que você pensa das frases abaixo sobre INVESTIMENTOS?
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Nem
concordo
nem
discordo
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
Num investimento posso arriscar perder se há uma chance maior
de ganhar
faço um investimento se o mercado está favovel
É melhor utilizar só capital próprio para financiar um negócio
Prefiro investimentos que já comprovaram ter rendimentos
excepcionais
o tenho medo de errar sozinho
o vendo se estiver no prejuízo
Quanto maior o risco, menor é o retorno que se espera de um
investimento
Prefiro investimentos que gerem dividendos (retiradas periódicas)
do que em valorização
Prefiro investimentos automaticos via débito em conta ou
desconto em folha
Pesquisa de opinião sobre o comportamento
financeiro do brasileiro
Quadro 29 Tela 1/3 do questionário na Internet - fonte: autor
84
2. O que você pensa das frases abaixo sobre CONSUMO?
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Nem
concordo
nem
discordo
Concordo
parcialmente
Concordo
totalmente
Quanto maior o risco, menor é o retorno que se espera de um
investimento.
Se não tenho uma prestação a pagar não consigo comprar o que
desejo
Demoro em cancelar servos que não uso.
Gosto de seguir as tendências de mercado
Pesquiso o plano de serviços que melhor me atende e mudo
assim que posso ganhar algo
3. Com que frequencia você revê SEUS VALORES de:
Nunca Anual Mensal
Semanal ou
diária
o se
aplica
Investimentos (poupança, fundos, CDBs, ações e outros)
vidas (cheque especial, cartão de crédito, carro, imóvel e
outras)
Pesquisa de opinião sobre o comportamento
financeiro do brasileiro
Quadro 30 Tela 2/3 do questionário na Internet - fonte: autor
4.O que influencia o COMPORTAMENTO financeiro: razão ou emoção?
Só razão Mais razão
Razão e
emoção
Mais
emoção Só emoção
O meu comportamento
O comportamento de meus colegas de trabalho ou escola
Pesquisa de opinião sobre o comportamento
financeiro do brasileiro
Comente se desejar
Quadro 31 Tela 3/3 do questionário na Internet - fonte: autor
85
B. Percentual de Respostas por Categoria
Quadro 32 Respostas por categoria (1/2) - fonte: autor
Categorias: M = Mulher; H = Homem; N = até 35 anos; V = 36 anos ou mais; R = renda
acima de R$4200/mês; P = renda até R$4200/mês; 3 = com curso superior; 2 = sem curso
superior.
86
Quadro 33 Respostas por categoria (2/2) - fonte: autor
87
Quadro 34 Respostas por grupo (1/4) - fonte: autor
88
Quadro 35 Respostas por grupo (2/4) - fonte: autor
89
Quadro 36 Respostas por grupo (3/4) - fonte: autor
90
Quadro 37 Respostas por grupo (4/4) - fonte: autor
91
C. Comentários dos Participantes
Abaixo os comentários dos participantes. Erros indicados pelo corretor ortográfico do
Word foram corrigidos e o endereço eletrônico dos respondentes foi ocultado. Os comentários
estão ordenados pelo horário da resposta. A codificação inicial identifica o grupo do
respondente de acordo com legenda do Apêndice B.
1) HNP3 - Olá, gostaria de saber os resultados da pesquisa. Obrigado. Alexandre.
2) HNP3 - Interessante o estudo. Acredito que poderia ser complementado com o perfil
do respondente. Para evidenciar diferenças. Nota do autor: eu já dispunha destas
informações.
3) HNR3 - O brasileiro ainda tem uma mentalidade atrasada em relação a investimentos,
e na maioria das vezes pensa a curto prazo.
4) MNP2 - Preciso parar de gastar isso sim estou devendo até as calças.
5) MVR2 - NADA MAIS OBRIGADA.
6) MVR2 - Ainda sou do tipo que só faço uma conta se puder pagar.
7) HNP2 - Trabalho em uma empresa desde os 15 anos tenho 29 anos e monitoro meu
salário, fiz investimentos ao longo de minha vida tenho um salário médio nestes 14
anos de 1500,00 tenho uma casa no valor de 250.000,00 e um carro de 47.000,00 que
comprei a vista, acredito que tenho conseguido muita sorte nos meus investimentos.
Bom trabalho.
8) MNP2 - Percebo que nós Brasileiros somo conscientes, precisamos ser mais
educados, ou seja, é uma questão de gestão, de saber gerir a realidade financeira.
9) HNP2 - Razão emoção, discordo não discordo.
10) HVP3 - O brasileiro não pensa no futuro, talvez, porque recentemente tenhamos
uma economia estável, não herdamos a cultura do investimento a longo prazo.
92
11) HVR2 - Algumas das questões teriam respostas diferentes das que foram propostas,
pois circunstâncias específicas levam a um ou a outro comportamento.
12) HVP2 - Boa sorte mestrando, Israel, PUC Barueri 3o. ano Administração.
13) MVR2 - Boa sorte no mestrado
14) HNP3 - A minha opinião é a razão e por ter uma certa maturidade, já os colegas ainda
existem uma pré-maturidade.
15) MNP2 - Não se pode responder facilmente as perguntas acima quando não tem
dinheiro.
16) HVP2 - Essa questão de comportamento está inter-relacionada com a situação
financeira de cada um e do meio ambiente em que circula, porque uma pessoa da
classe media, por exemplo, em muitos dos casos somente ter algo se tem um
comprometimento mensal para pagar. as pessoas de recursos financeiros são
motivadas pelo movimento geral do mercado, e nas relações que mantém adicionado
pelas ambições de ganhar algo mais rapidamente. Essa questão de ganho de aplicação
é vinculada ao nível de informações que possui e também no ciclo de ofertas de
ganhos. Quem deseja realmente investir seu dinheiro tem que pensar no longo prazo,
assim poderá ter uma renda boa e mais segura.
17) HVR3 - Boa Sorte e sucesso em seu trabalho.
18) MNP3 - Eu sou uma pessoa poupadora, não sou perdulária. Quando quero comprar
algum produto, procuro pagar à vista. Sou um pouco conservadora com meus
investimentos; invisto só em poupança.
19) HVR3 - Por favor, divulgar a tese completa pelo mesmo canal, para poder ver o
resultado. Boa sorte !
20) HNP3 - Achei que o e-mail recebido seria um virus, relutei em abrir e respoder. até
mais
21) MVR2 - Estamos em uma crise financeira muito grande.
93
22) HNP2 - Muito boa a pesquisa, como posso saber dos resultados? [email protected].
Obrigado!
23) HVP2 - Como vc quer ganhar mais se não correr risco.
24) HVR2 - Tudo é puro risco, até viver hoje em dia é puro risco!!!!!!
25) HVR3 - Boa Sorte neste projeto.
26) HVR2 - Achei meio básico pra mestrado!
27) HVP2 - O mais interessante e pedir sempre desconto na aquisição de bens ou ações
ou nos valores das prestações ai reside o maior segredo pois tu começa ganhando
28) MVP2 - O povo brasileiro, ainda sofre com as diferenças salariais, principalmente
aqui no RS, aonde o mercado de trabalho não oferece oportunidades reais de ganho,
por isso sofremos com todo este desequilíbrio financeiro.
29) HVP3 - Até hoje, todos os investimentos que fiz me fizeram mal. Titulo de
Capitalização da Sulamérica: Não peguei o meu dinheiro investido de volta. A
Sulamérica diz que não posso pegar. AÇÕES: Bradesco - me debitou antes do prazo
me levando a emisssão de MUITOS, muitos mesmo cheques sem fundos. Eu
trabalhava tirando CERTIDÕES NEGATIVAS nos cartórios de praxe e até resolver
fiquei prejudicado por mais de um ano. Hoje as “ações” desse banco não valem mais
nada e com as implicações de “IMPLIT” e “EXPLIT” me restam 2 ações. Que
m*#+@ né??? Como o nome diz BRA DESCOMPLETO completo até na
sacanagem. Ações do Banco do Brasil. Comprei numa campanha 1000 ações; depois
de tantos “IMPLITs” e “EXPLITs” tenho duas também. Qual a graça de fazer
“TAIS INVETIMENTOS”?? Encher o R@&* dos BANQUEIROS??!! Pra isso, pi#@
neles.
30) HNP2 - Dica. Da próxima vez, utilize perguntas com 4 opções, pois não deixa margem
pra dúvida e fica bem mais fácil na hora de definir um posicionamento. Boa sorte!
Nota do autor: preferi deixar uma opção de “ficar em cima do muro”.
94
31) HNP2 - Acredito que a questão de investimentos econômicos requer um
conhecimento, sobre o mercado financeiro e política, que a política é altamente
influenciada pela balança comercial, e vice e versa.
32) MVR3 - Minha vida financeira é meio caótica. de uns tempos pra cá tenho tentado
me organizar mais neste setor importantíssimo da vida.
33) MVP3 - Podem-se explorar um pouco mais questões sobre nível de endividamento por
meio de perguntas: quanto a produtos financeiros você utiliza ou utilizou: cartão de
crédito, cheque especial, empréstimos. Que no cotidiano observo que as pessoas se
tornaram "escravas” dos juros destes produtos por falta de planejamento financeiro
pessoal e por indução nos meios de comunicação. O exemplo atual é a antecipação da
restituição de imposto de renda 2010 onde diversas instituições financeiras fazem
cobrando uma taxa que se comparada com a rentabilidade da poupança ou fundos
fixos não apresenta qualquer vantagem para o investidor que pensa em resgatar em
seis meses.
34) MVP3 - As perguntas deveriam ser mais claras, as vezes parece que é para confundir..
35) HVP3 - O "SER HUMANO" deve se comportar seja em qualquer situação que venha
a se encontrar levando em consideração a Razão combinada com a Emoção, visto que
ambas contribuem para a tomada de decisão. E, principalmente quando estamos diante
de realidades que envolvem colegas pertencentes ou não ao grupo profissional, ou por
força de outras atividades do cotidiano fora do local de trabalho.
36) HNP2 - Muito Interessante a pesquisa! Parabéns pelo trabalho!
37) HVR2 - Boa sorte...
38) HNP2 - As perguntas o até que sensatas e boas, mas as opções de resposta deixam
duvidas no ar e dão duplo sentido. Abraços e obrigado por me incluírem na pesquisa.
39) HNP3 - GOOSTARIA DE SABER SE SERA POSSIVEL SABER O RESULTADO
DESSA PESQEUISA, JA Q A ACHEI MUITO INTERESSANTE.
40) MNP3 - Sobre o item b da última questão, creio ser difícil expressar sobre o
comportamento de terceiros.
95
41) HVR3 - Bacana a pesquisa, sou ligado em mercado financeiro aos 38 anos, e a apenas
3 estou aplicando. Se tivesse aprendido isto aos 18 anos, ha, que maravilha seria.
42) HVR3 - Não sei se é válida minha opinião para essa pesquisa, pois eu uso razão e fé.
Fé para muitos é loucura, mas até aqui tem dado muito certo. obrigado
43) MVR3 - Sou péssima poupadora e ótima consumidora, mesmo assim tenho um fundo
de previdência complementar para a hora da aposentadoria. Esta é a minha poupança.
Há pessoas que gostam de guardar o dinheiro e ficar olhando os extratos, como o "Tio
Patinhas" gosta de ver e saber que o dinheiro está lá, num cofre, rendendo muito ou
pouco. Para mim, dinheiro é para gastar e não para ficar no banco rendendo, afinal não
estou na lista da Forbes. Até este momento da minha vida eu prefiro investir o
dinheiro trocando de imóvel, adquirindo um carro novo, pagando a universidade dos
filhos e até intercâmbios no exterior, fazendo muitas viagens no Brasil e para o
exterior, freqüentando restaurantes bons e muitos shoppings!!! Pra os bens duráveis,
se necessito, financio, parcelo, se tenho o valor pago a vista com desconto. Já comprei
casa e carro financiados, mas também já comprei à vista, depende do momento.
44) HVR2 - Sucesso na sua carreira..!Espero ter colaborado.
45) HVP2 - ATUALMENTE ESTOU MUITO ENDIVIDADO. ESTOU FAZENDO
EMPRESTIMO DE 60 MESES PARA QUITAR DIVIDAS E SAIR DO SUFOCO
MENSAL. ENTREI EM TANTAS DIVIDAS PORQUE ME APARECEU UMA
PROPOSTA DE VENDA DE UMA CASA E EU NÃO PODIA PERDER A
OPORTUNIDADE.
46) HVP2 - Boa sorte na dissertação.
47) HVR3 - Gostaria de saber onde, quando será publicado o resultado.
48) MNP3 - Desejo que tenha sucesso em sua dissertação e fico feliz em poder contribuir.
Milene.
49) HVR2 - A razão é para sobreviver no mundo financeiro Emoção é por ter o que
aplicar.
96
50) HVR2 - As respostas foram dadas com sinceridade, por exemplo, discordo
parcialmente de "não vendo se estiver no prejuízo" - porque às vezes a melhor saída é
vender para não aumentar prejuízos.
51) MVR3 - Parabéns pela iniciativa e espero ter contribuído com o trabalho, bom
trabalho a todos.
52) MVR3 - Como sou solteira, procuro estar sempre atualizada e invisto naquilo que me
proporciona bem estar.
53) HNP3 - Acredito que embora muitas das vezes os investimentos de capital de risco
possam parecer mais vantajosos, acredito que ser mais conservador e investir em renda
fixa pode ser um bom negocio, além de títulos da divida publica.
54) HNP3 - Não concordei, nem discordei da questão "Se não tenho uma prestação a
pagar não consigo comprar o que desejo" porque não entendi exatamente o que ela
quis dizer. Se for que "sem ser em prestações não consigo comprar o que desejo",
concordo totalmente. Mas se for o que realmente diz: ”Se não tenho uma prestação a
pagar não consigo comprar o que desejo” discordo totalmente, pois se não tenho uma
prestação a pagar (a vencer) aí, sim, é que consigo comprar o que desejo. Espero ter
colaborado!
55) MVP2 - Acredito que o comportamento financeiro do brasileiro não é bem trabalhado,
muitos desconhecem totalmente. Mas isso já era de se esperar de um povo massacrado
culturalmente, educacionalmente, politicamente e tudo mais que se possa imaginar.
Porém não isento a população disso, ou seja, todos somos culpados. Gostaria de
discorrer mais sobre o que acho do povo brasileiro, porém estarei fugindo do foco.
Boa Sorte!
56) HVP3- Não sei responder o último. Solicito vistas ao resultado da pesquisa. André
57) HNP3 - Boa sorte.
58) HVR2 - Muito interessante. Como posso saber o resultado?
97
59) HVP2 - Com essas diversidades de aplicações é importante estudar o melhor
rendimento.
60) MNP2 - Obrigado pela pesquisa sucesso em seu mestrado.
61) HNP2 - Gosto de gastar, pois com isto movimento a economia, mas me preocupo com
as questões ambientais que envolvem o consumismo. Tenho um projeto a médio-longo
prazo, dez anos, o qual me dará lucro de milhões de reais com um investimento de
menos de 20 mil reais. Com isso terei um futuro confortável, sem me preocupar com a
aposentadoria.
62) MVP2 - Risos... coisas que ainda não havia analisado... me obrigaste a pensar...
Olharei mais de perto... Abraços.
63) HNP2 - Tenho trinta e três anos e comprei meu primeiro carro 18 meses. Optei por
um veículo zero quilômetro, categoria popular, flex. Pelo valor da aquisição poderia
ter optado por um modelo luxuoso, porém com ano de fabricação inferior, o que
poderia acarretar despesas não programadas, sem falar que o seguro do veículo em
minha opinião é fundamental em qualquer das situações. Espero ter contribuído com a
pesquisa. Atenciosamente, Luciano.
64) HVR3 - O estimulo ao consumo, via TV Jornais, Internet, é sem duvida o grande
responsável pelo desajuste financeiro da grande maioria dos brasileiros.Poucos
poupam para uma compra á vista com muito mais vantagens, pois o efeito consumista
é imediato, a compra é feita por impulso sem observar prioridades ou reais
necessidades do bem ou serviço adquirido. Infelizmente uma pequena minoria é
consciente de que com a moeda forte o poder de barganha é muito maior quando se
tem o capital disponível, que gera oportunidades, que podem no futuro garantir uma
renda adicional. Ex.: previdência privada paga mensalmente. Um segundo imóvel para
renda, e assim por diante. Infelizmente vivemos na era do consumo não responsável.
65) HVR3 - Caso seja possível, poste os resultados que vc obteve com sua pesquisa. Ou
informe quando defender a sua tese. Grato.
66) HNR3 - Meu hobby é rever meus planos e metas de poupança e investimentos. O
planejamento antecipado favorece e facilita minhas ações. Infelizmente de todos os
meus colegas, nenhum tem este habito, e com raras exceções têm sucesso em suas
98
decisões. Sem planejamento financeiro, mesmo quando se consegue poupar por não
ter onde investir acaba-se por perder na desvalorização ou aplicação. Acredito que
uma educação financeira no ensino médio ensinaria a dar os primeiros passos, o que
melhoraria a economia familiar e social no Brasil.
67) HNP2 - espero ter ajudado
68) MNP3 - Hoje, depois de ter o nome no spc, serasa, protesto de cheques, dívidas de
cartão de crédito estou MUITO controlada financeiramente. Anoto todos os meus
gastos, e não tenho mais surpresas no cartão de crédito. Não uso mais cartão de lojas e
concentro todos os gastos num único cartão. Sou praticamente uma financista.
69) HVP3 - As Respostas foram colocadas de acordo com o momento no pais, ou
seja crescimento, altos juros bancários etc Talvez essas respostas não se aplicassem
daqui a 12 meses.
70) MNP3 - Não seria interessante obter ao menos alguns dados sócio-demográficos?
Condições de escolaridade, culturais, financeiras, faixa etária... Tudo isso influencia, e
muito, suas respostas! Espero ter [email protected]
71) HVP2 - Espero que ajude
72) MVR3 - Espero ter colaborado com teu trabalho e desejo sucesso.
73) HNP2 - Em minha humilde opinião, sou levado a crer que nós brasileiros, somos
extremamente consumistas e não possuímos uma educação financeira mínima.
Compramos mais do que precisamos e gastamos todo ou quase todo nosso ordenado.
São poucos os que investem e a maior parte dos brasileiros não possui fundos reservas
para possíveis dificuldades futuras. Matérias como Economia Doméstica e Economia
Básica Financeira deveriam fazer parte da grade curricular escolar, pois nos ensinaria
a “usar” nosso dinheiro com consciência e inteligência e, principalmente, a lidar com
situações onde a emoção se sobrepõe à razão.
74) - Coloco-me a disposição, caso necessite, atuo no mercado financeiro por mais 15
anos, relacionados com publico variado.
99
75) - boa noite vejo que o comportamento do brasileiro na sua maioria em relação a
investimento financeiro é um tanto quanto tímido ainda. sabemos que grandes
investidores no nosso mercado, mas a classe b, c etc ainda demonstra grande receio
nesse tipo de
76) - O que eu posso comentar, estou no fundo do poço, muitas dividas,.....estou
desesperada
100
D. Relação de Figuras, Gráficos e Tabelas
Figura 1 ilusão de ótica - fonte: Roger Shepard, Apud TIBÚRCIO (2009) 13
Quadro 1 Evolução do Pensamento Econômico e de Finanças 20
Figura 2 Conceitos de Finanças Comportamentais 26
Figura 3 - Função hipotética de valor 27
Gráfico 1 Evolução do Setor Bancário no Brasil 28
Gráfico 2 Volume Negociado via Home Broker no Brasil 29
Gráfico3 Participação do Home Broker no Volumeda Bovespa 30
Gráfico 4 Participação de Pessoas Físicas na Emissão de Debêntures no Brasil 31
Quadro 2: perfis de respondentes 43
Quadro 3 Interpretação da questão sobre investimentos 49
Quadro 4 Interpretação da questão sobre consumo 50
Quadro 5 Interpretação da questão sobre freqüência de revisão de valores 50
Quadro 6 Interpretação da questão sobre comportamento próprio e de pares 50
Quadro 7 Respostas para a questão 1 frase A 55
Quadro 8 Respostas para a questão 1 frase B 56
Quadro 9 Respostas para a questão 1 frase C 57
Quadro 10 Respostas para a questão 1 frase D 58
Quadro 11 Respostas para a questão 1 frase E 59
Quadro 12 Respostas para a questão 1 frase F 60
Quadro 13 Respostas para a questão 1 frase G 61
Quadro 14 Respostas para a questão 1 frase H 62
Quadro 15 Respostas para a questão 1 frase I 63
Quadro 16 Respostas para a questão 2 frase A 64
101
Quadro 17 Respostas para a questão 2 frase B 65
Quadro 18 Respostas para a questão 2 frase C 66
Quadro 19 Respostas para a questão 2 frase D 67
Quadro 20 Respostas para a questão 2 frase E 68
Quadro 21 Respostas para a questão 3 frase A 69
Quadro 22 Respostas para a questão 3 frase B 70
Quadro 23 Respostas para a questão 4 frase A 71
Quadro 24 Respostas para a questão 4 frase B 72
Quadro 25 Ranking de respostas sobre investimentos 74
Quadro 26 Ranking de respostas sobre consumo 75
Quadro 27 Resumo das respostas (1/2) 75
Quadro 28 Resumo das respostas (2/2) 76
Quadro 29 Tela 1/3 do questionário na Internet 83
Quadro 30 Tela 2/3 do questionário na Internet 84
Quadro 31 Tela 3/3 do questionário na Internet 84
Quadro 32 Respostas por categoria (1/2) 85
Quadro 33 Respostas por categoria (2/2) 86
Quadro 34 Respostas por grupo (1/4) 87
Quadro 35 Respostas por grupo (2/4) 88
Quadro 36 Respostas por grupo (3/4) 89
Quadro 37 Respostas por grupo (4/4) 90
102
E. Quadros com exemplos e considerações dos autores sobre vieses
Quadro 38 Exemplos e considerações sobre vieses (1/2) - fonte: autor
103
Quadro 39 Exemplos e considerações sobre vieses (2/2) - fonte: autor
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