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RESUMO
SILVA, G.S. O processo de trabalho do coordenador municipal da estratégia de
saúde da família. Belo Horizonte. 2009. 96f. Dissertação (Mestrado em
Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2009.
O aumento da responsabilização municipal na atenção à saúde da população e a
expansão da estratégia de saúde da família (ESF) no Brasil implicaram a
necessidade dos municípios desenvolverem sua capacidade de gerenciamento dos
serviços de saúde. Neste contexto, surge o coordenador municipal com a proposta
de assumir essas demandas gerenciais, principalmente em relação ao planejamento
do processo de trabalho das equipes de Saúde da Família (SF). Entretanto, não há,
até o momento, diretrizes gerais de como deve ser estabelecido o trabalho desse
coordenador, suas funções, atividades, características que são geralmente definidas
por cada um que ocupa o cargo. O presente trabalho, fundamentado na estratégia
do estudo de caso qualitativo, teve por objetivo compreender o trabalho cotidiano do
coordenador municipal sob a perspectiva deste, dos Secretários de Saúde, de
médicos e enfermeiros da equipe de saúde. Os cenários de estudo foram seis
cidades, onde estão as sedes das Microrregiões Sanitárias que compõem a
Macrorregião de Divinópolis do Estado de Minas Gerais. Os sujeitos da pesquisa
foram seis coordenadores, cinco secretários de saúde, seis enfermeiras e quatro
médicos de equipes de SF, em um total de vinte e um informantes. A coleta de
dados deu-se por meio de entrevistas, gravadas, a partir de roteiros semi-
estruturados, analisados pelo método de análise de conteúdo e foram organizadas
nas seguintes categorias empíricas: a trajetória profissional dos coordenadores e
sua inserção no âmbito municipal; as características do trabalho de coordenação
municipal; a postura do coordenador frente às situações de dificuldade no trabalho; o
trabalho do coordenador na perspectiva dos gestores, médicos e enfermeiros das
equipes de SF. A análise mostrou que os coordenadores possuem formação em
saúde, sendo a maioria composta de enfermeiros, que já trabalharam em equipes de
SF ou já conheciam o serviço de saúde do município, e assumiram esta função
gerencial em virtude da expansão do número de equipes de SF. Construíram suas
estratégias de trabalho no desenvolvimento das atividades diárias, frente às
exigências das demandas de acordo como elas apareciam, sem terem nenhuma
atribuição legal ou planejamento prévio. Entre elas, descrevem reuniões periódicas
com as equipes e gestores, ações de supervisão do trabalho das equipes, nem
sempre programadas, mas em respostas às livres demandas. Apresentam-se como
“elo de ligação” entre os profissionais das equipes de SF e os gestores,
responsáveis em viabilizar a política de saúde municipal e também dos outros níveis
de governo, pois são eles quem a implementam e capacitam as equipes. Se de um
lado, relatam inúmeras dificuldades, tais como a sobrecarga de trabalho, as
interferências políticas, ausência de autonomia, a postura vertical de implementação
das políticas, de outro, essas mesmas dificuldades são meios para a valorização e
crescimento profissional. Para os Secretários de Saúde, são considerados parceiros
de trabalho, o “braço direito”, que não só contribuem para a gestão do município
como também são vistos como capazes de dar sustentação política para o trabalho
dos gestores. Enquanto para os médicos e enfermeiros são profissionais com bom
conhecimento sobre saúde pública e a estratégia saúde da família municipal, com
quem têm um bom relacionamento e cujo trabalho é importante por dar suporte para
as ações desenvolvidas pelas equipes. Percebe-se que coordenadores