afirma que “[...] um processo de desenvolvimento que não considera a importância
da manutenção dessas áreas, modificando seu uso, acabará por descaracterizá-las
e destruir sua identidade, a referência de seus cidadãos”, nos propusemos
desenvolver uma pesquisa sobre a reestruturação arquitetônica do centro histórico
de Teresina, dando enfoque à conservação do Patrimônio Histórico e Cultural.
Outro fator que contribuiu para a elaboração da nossa proposta foi a
percepção da ação da sociedade que mantém uma relação agressiva com aqueles
elementos que figuram como marcos do processo histórico de Teresina. Este
problema nos encaminhou para a reflexão sobre o que representam esses lugares
de memória
para nosso povo e como nos relacionamos com eles.
Jacques Le Goff (2003)
, refletindo acerca da relação entre história e
memória, discute sobre o papel que a memória coletiva
desempenha, não só como
importante fator para a compreensão da sociedade, mas também como elemento
essencial da identidade, seja ela individual ou coletiva, nos estudos que se fazem na
segunda metade do século XX, reportando-se às pesquisas que são feitas sobre o
tema, nas mais diversas áreas do conhecimento.
Expressão criada por Pierre Nora em “Entre memória e história, a problemática dos lugares” texto
em que afirma que não há memória espontânea e que os lugares de memória são criação dos
seres humanos contemporâneos, que os estabelecem como espaço de unificação onde a
ritualização de uma memória-história dá o sentido de identidade, necessário à sua existência.
Cf. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Trad. Bernardo Leitão [et al.] 5 ed. Campinas, SP:
UNICAMP, 2003, 546 p. Dedica um capítulo ao tema memória “tal como surge nas ciências
humanas”, colocando-o como um “conceito crucial”. Aqui o autor faz referência aos trabalhos que
revolucionam o estudo e o conhecimento da memória, destacando as contribuições de renomadas
figuras do mundo acadêmico-científico cujos trabalhos aproximaram “[...] a memória aos fenômenos
diretamente ligados à esfera das ciências humanas e sociais”.
Conceito criado por Maurice Halbwachs. Para ele, a memória é partilhada, transmitida e também
construída pelo grupo ou sociedade. Em “A memória coletiva”, texto de 1950, Halbwachs nos faz
compreender que “[...] nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembradas pelos
outros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos, e com
objetos que só nós vimos. É porque, em realidade, nunca estamos sós. Não é necessário que
outros homens estejam lá, que se distingam materialmente de nós: porque temos sempre conosco
e em nós uma quantidade de pessoas que não se confundem” (1990, p. 26). Nesse sentido, a
memória individual encontra-se inserida na memória coletiva, ou seja, o ato de lembrar processa-se
efetivamente a partir da sociedade, por sua presença ou a evocação, através dos outros, ou daquilo
que produziram.