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“q” deve ocorrer também. Ou seja: a averiguação correta dos fatos tem um papel
estrutural nos ordenamentos jurídicos.
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Assim sendo, imperativo explicitar mais uma tese presente no trabalho:
no capítulo inicial, a verdade será defendida como alguma correspondência com
um mundo exterior.
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Pretende-se, portanto, esclarecer e justificar os caminhos
pelos quais chegou-se a essa afirmação. Por isso, outras teorias da verdade
também serão expostas, procedendo-se à análise de seus traços principais, assim
como de sua adequação a um processo que tem a averiguação da verdade dos
fatos entre seus objetivos. Já se adianta o tensionamento entre idealistas e
realistas, que também marca sua existência no processo, desdobrando-se, mais
uma vez, no problema do critério
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em função do qual uma proposição seria
considerada verdadeira: vale a correspondência com o mundo exterior? Ou, quem
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Jordi Ferrer Beltrán traz um útil argumento: “(...) Supongamos que la consecuencia jurídica
prevista (la sanción, en este caso) se atribuya aleatoriamente. Así, los órganos encargados de la
adjudicación jurídica podrían realizar un sorteo para determinar cada mes quién debe ser
sancionado, fijando un número de sanciones también aleatorio. Está claro que, en esa situación, no
habiendo ninguna vinculación entre las conductas de cada uno de los miembros de esa sociedad y
la probabilidad de ser sancionado, no hay tampoco razón alguna para comportarse de acuerdo con
lo establecido por las normas jurídicas. Dicho de otro modo, sólo si el proceso judicial cumple la
función de determinar da verdad de las proposiciones referidas a los hechos probados podrá el
derecho tener éxito como mecanismo pensado para dirigir la conducta de sus destinatarios”.
FERRER BELTRÁN, Jordi. La valoración racional de la prueba. Madrid: Marcial Pons, 2007. p.
30. Também sobre a importância central da averiguação da verdade, TARUFFO, Michele.
Algunas consideraciones sobre la relación entre prueba y verdad. Derechos y libertades: Revista
del Instituto Bartolomé de las Casas. Ano 7, n. 11, 2002. p. 26: “(…) Quién considera que la
función del proceso es aplicar la ley, poner en práctica el derecho y garantizar efectivamente los
derechos individuales y colectivos, se inclina por configurar la determinación de la verdad de los
hechos como finalidad o valor instrumental, al que se debe tender acercarse al objetivo principal
del proceso, entendido como la formulación de una decisión jurídicamente correcta”. Ou ainda,
TARUFFO, Michele. Trad. Miguel Carbonell e Pedro Salazar. Conocimiento científico y
estándares de prueba judicial. Boletín Mexicano de Derecho Comparado. Ano 38, n. 114, 2005. p.
1286: “(...) El contexto procesal, de hecho, requiere que se busque la verdad de los hechos como
condición de corrección, validez y aceptabilidad de la decisión, que constituye el resultado final
del proceso.”
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Adotando a mesma tese, FERRER BELTRÁN, Jordi, GASCÓN ABELLÁN, Marina e
TARUFFO, Michele: uma proposição é verdadeira se, e somente se, corresponda aos fatos
existentes.
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Para se julgar se determinada proposição configura conhecimento é preciso um critério, isto é; o
julgamento se faz em referência a um critério que lhe seja prévio. O problema é que a
determinação do critério também necessita de um conhecimento que lhe seja prévio, que justifique
a posição do critério como tal. Vê-se, portanto, uma circularidade da qual não se pode fugir. É o
que encontramos em PRITCHARD, Duncan. What is this thing called knowledge? Routleged.
2006. p. 22: “This difficulty regarding defining knowledge is known as the problem of the
criterion, and it dates right back to antiquity. We can roughly summarise the problem in terms of
the following two claims:
1. I can only identify instances of knowledge provided I already known what the criteria for
knowledge are.
2. I can only known what the criteria for knowledge are provided I am already able to identify
instances of knowledge”.