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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR – NUPEB
Avaliação do Balanço Autonômico Cardíaco de Ratos
Submetidos a uma Dieta Hipoproteica
AUTOR: Carlito D’Angelo Drumond Martins
ORIENTADOR: Prof. Dr. Deoclécio Alves Chianca Júnior
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Luciano Fernandes Gonçalves
Ouro Preto, novembro de 2007
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação do
Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante
dos requisitos para obtenção do título de Mestre, em
Ciências Biológicas, área de concentração: Bioquímica
Estrutural e Fisiológica.
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i
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Fisiologia Cardiovascular
Laboratório de Fisiologia CardiovascularLaboratório de Fisiologia Cardiovascular
Laboratório de Fisiologia Cardiovascular do
Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, com o auxílio
do CNPq, FAPEMIG e UFOP.
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ii
pessoas que desejam saber
por saber, e isso é curiosidade; outras,
para alcançarem fama, e isso é vaidade;
outras, para enriquecerem com a sua
ciência, e isso é um negócio torpe;
outras, para serem edificadas, e isso é
prudência; outras, para edificarem os
outros, e isso é caridade.
(S. Tomás de Aquino)
iii
Dedicatória
À minha família, José Antônio, Célia e
José Antônio, Célia e José Antônio, Célia e
José Antônio, Célia e
Angelita
AngelitaAngelita
Angelita,
,,
,
que sempre me apoiou e lutou junto
comigo para que esse sonho se realizasse.
Amo vocês.
iv
Agradecimentos
A Deus,
Deus, Deus,
Deus, pelo dom da vida.
Aos Meus Pais,
,,
, José Antônio e Célia,
José Antônio e Célia, José Antônio e Célia,
José Antônio e Célia,
obrigado pelo amor incondicional e pela boa educação
que me proporcionaram.
À minha irmã, Angelita
AngelitaAngelita
Angelita, pelo amor, amizade e companheirismo.
À Juliana
JulianaJuliana
Juliana, obrigado por estar sempre ao meu lado e por me fazer tão feliz.
À madrinha Lia
LiaLia
Lia, que sempre me incentivou e apoiou durante esta jornada.
Aos irmãos da República Kome Keto
República Kome KetoRepública Kome Keto
República Kome Keto, minha segunda família.
Ao meu orientador Prof. Dr. Deoclécio Alves Chianca Júnior
Prof. Dr. Deoclécio Alves Chianca JúniorProf. Dr. Deoclécio Alves Chianca Júnior
Prof. Dr. Deoclécio Alves Chianca Júnior, pelas oportunidades
proporcionadas, pela confiança, pelos ensinamentos e acima de tudo pela amizade.
Ao Prof. Dr. Luciano Gonçalves Fernandes
Prof. Dr. Luciano Gonçalves FernandesProf. Dr. Luciano Gonçalves Fernandes
Prof. Dr. Luciano Gonçalves Fernandes,
, ,
, pelos ensinamentos e pela amizade.
A
todos do Laborat
LaboratLaborat
Laborató
óó
ório de Fisio
rio de Fisiorio de Fisio
rio de Fisiologia Cardiovascular
logia Cardiovascularlogia Cardiovascular
logia Cardiovascular
pela amizade, incentivo, apoio,
companheirismo, ensinamentos e diversão.
À Universidade Federal de Ouro Preto
Universidade Federal de Ouro PretoUniversidade Federal de Ouro Preto
Universidade Federal de Ouro Preto, gratuita e de qualidade, por todos os ensinamentos.
Às instituições de apoio à pesquisa, que proporcionaram condições para que este trabalho
fosse realizado.
Ao Prof. Dr
Prof. DrProf. Dr
Prof. Dr. Márcio Flávio Dutra Moraes,
Márcio Flávio Dutra Moraes, Márcio Flávio Dutra Moraes,
Márcio Flávio Dutra Moraes, pelo exemplo, amizade, paciência, simplicidade,
prontidão, nobreza e presteza de seus ensinamentos.
Ao Prof. Dr.
Prof. Dr.Prof. Dr.
Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva,
Marcelo Eustáquio Silva,Marcelo Eustáquio Silva,
Marcelo Eustáquio Silva, pelo apoio e pela prontidão.
Ao Miltinho
Miltinho Miltinho
Miltinho pela contribuição nas tarefas do Laboratório, pelo exemplo de esperança e
amizade.
À Cida
Cida Cida
Cida,
, ,
, pela amizade e por toda a assistência prestada.
Aos colegas de mestrado,
colegas de mestrado, colegas de mestrado,
colegas de mestrado, professores e colegas do NUPEB
professores e colegas do NUPEB professores e colegas do NUPEB
professores e colegas do NUPEB pelo convívio, auxílio e
companheirismo.
v
Resumo
Estudos anteriores do nosso laboratório demonstraram, em ratos, que a
desnutrição protéica pós desmame promove aumento dos níveis basais de
freqüência cardíaca (FC) e pressão arterial média, além de aumentar a
variabilidade destes parâmetros. Foram demonstrados também aumento na
sensibilidade do reflexo baroreceptor e aumento da atividade do sistema renina-
angiotensina nesses animais. No presente estudo avaliamos o balanço
autonômico cardíaco, assim como o tônus simpático e parassimpático para o
coração de ratos desnutridos. Foram utilizados 30 ratos Fischer, machos, divididos
em 2 grupos: controle (n=16) que recebeu dieta com 15% de proteína e desnutrido
(n=14), 6% de proteína. Os animais desnutridos apresentaram FC elevada em
relação ao grupo controle (432±16 vs. 367±5 bpm). Após administração de
atropina (anticolinérgico antimuscarínico) observamos um aumento da FC do
grupo controle (371±6 vs. 427±15 bpm), enquanto a FC do grupo desnutrido não
se alterou (438±24 vs. 472±38 bpm). A administração de metoprolol (bloqueador
β1-adrenérgico) promoveu uma redução da FC no grupo desnutrido (428±24 vs.
355±16 bpm) mas não alterou a FC do grupo controle (368 vs. 368 bpm). O
duplo bloqueio promoveu redução da FC no grupo desnutrido (342±14 bpm) sem
alterar a FC no grupo controle (382±6 bpm). Além disso, a FC intrínseca (após o
duplo bloqueio) do grupo desnutrido se mostrou menor que o grupo controle. A
avaliação do tônus simpático e parassimpático fornece informações sobre a
capacidade de cada um desses braços em alterar a FC intrínseca. O tônus
simpático está aumentado nos animais submetidos à dieta hipoproteica quando
comparado ao grupo controle (131±17 vs. 41±11 bpm). a participação
parassimpática encontra-se diminuída nos animais desnutridos quando
comparada ao controle (8±5 vs. -22±9 bpm). A análise da variabilidade da FC no
domínio da freqüência demonstrou um predomínio do braço simpático sobre o
parassimpático. A relação LF/HF dos animais desnutridos se mostrou aumentada
em relação ao controle (0,40,03 vs. 0,34±0,02). Os resultados apresentados
indicam que a restrição protéica foi capaz de promover uma disfunção autonômica
vi
cardíaca em ratos. Tal disfunção envolve tanto o aumento da atividade simpática
cardíaca quanto uma redução da atividade vagal.
vii
Abstract
Previous studies from our laboratory showed that protein malnutrition
promoted an increase in basal levels of heart rate (HR), mean arterial pressure,
and in the variability of these parameters. It was also demonstrated an increasing
in the sensitivity of the baroreceptor reflex and in the activity of the renin-
angiotensin system of this animals. In the present study, we evaluated the cardiac
autonomic balance, as well as the sympathetic and parasympathetic tonus to the
heart of malnourished rats. Male Fischer rats were divided in 2 groups. The control
group (n=16) received 15% of protein and the low protein (LP) group (n=14)
received 6% of protein in diet. The HR was increased in LP group when compared
with control (432±16 vs. 367±5 bpm). After atropinergic blockade we observed an
increasing in HR in the control group (371±6 vs. 427±15 bpm), albeit it was not
observed in LP group (438±24 vs. 472±38 bpm). Metoprolol administration
promoted a reduction in HR levels of LP animals (428±24 vs. 3516 bpm), but
wasn’t able to alter control levels of HR (363±8 vs. 363±8 bpm). The autonomic
blockade reduced HR in LP (342±14 bpm) with no effect on control HR levels
(382±6 bpm). We also observed that the intrinsic heart rate of rats submitted to low
protein diet was lower than in control rats. The evaluation of sympathetic and
parasympathetic tonus provides information about the capacity of each of these
branches in modifying intrinsic hear rate. The sympathetic tonus is augmented in
LP animals when compared to controls (131±17 vs. 411 bpm) and the
parasympathetic is diminished in those animals (8±5 vs. -29 bpm). The heart
rate variability analysis demonstrated a predominance of sympathetic over
parasympathetic activity to the heart. The LF/HF ratio of malnourished rats was
increased when compared to animals submitted to normal protein diet (0,43±0,03
vs. 0,34±0,02). The results presented in this study indicate that the protein
restriction was able to promote cardiac autonomic dysfunction in rats. Such
dysfunction involves both, increasing in sympathetic cardiac activity and reduced
vagal activity.
viii
Sumário
1- INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1
1.1 DESNUTRIÇÃO..................................................................................................................................1
1.2 EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO SOBRE OS SISTEMAS FISIOLÓGICOS ............................................................3
1.3 CONTROLE NEURAL DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA ..............................................................................6
2 – OBJETIVOS.................................................................................................... 11
2.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................................11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................................11
3 – MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 12
3.1 - MODELO ANIMAL...........................................................................................................................12
3.2 METODOLOGIA DA DESNUTRIÇÃO..................................................................................................12
3.3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS DIETAS..............................................................................................13
3.4 PREPARAÇÃO DAS DROGAS ..........................................................................................................14
3.5 CONFECÇÃO DE CÂNULAS ARTERIAIS E VENOSAS...........................................................................15
3.6 CONFECÇÃO DE ELETRODOS PARA REGISTRO ELETROCARDIOGRÁFICO ...........................................15
3.7 IMPLANTE DOS ELETRODOS E DAS CÂNULAS ARTERIAIS E VENOSAS....................................................16
3.8 REGISTRO DA PRESSÃO ARTERIAL E DO ECG...................................................................................17
3.9 PROTOCOLO EXPERIMENTAL...........................................................................................................18
3.10 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................................................19
3.10.1 – Análise da Freqüência Cardíaca e Pressão Arterial Média ............................... 19
3.10.2 – Análise do Índice Autonômico Cardíaco............................................................. 19
3.10.3 – Análise do Tônus Autonômico Cardíaco .............................................................. 20
3.10.4 – Análise da Variabilidade da FC no Domínio da Freqüência ............................. 20
3.10.5 – Análise Estatística ..................................................................................................... 20
4 - RESULTADOS ................................................................................................ 21
4.1 EFEITO DA DESNUTRIÇÃO SOBRE O PESO CORPORAL DOS RATOS.....................................................21
4.2 EFEITO DA DESNUTRIÇÃO SOBRE A FC E PAM BASAIS......................................................................22
4.3 EFEITO DO BLOQUEIO VAGAL SOBRE OS NÍVEIS DE FC E PAM .........................................................23
4.4 EFEITO DO BLOQUEIO BETA-ADRENÉRGICO SOBRE OS NÍVEIS DE FC E PAM.....................................24
4.5 EFEITO DO DUPLO BLOQUEIO (VAGAL E BETA-ADRENÉRGICO) SOBRE OS NÍVEIS DE FC E PAM ........25
4.6 EFEITO DA DESNUTRIÇÃO SOBRE O ÍNDICE AUTONÔMICO CARDÍACO..............................................27
4.7 EFEITO DA DESNUTRIÇÃO SOBRE O TÔNUS SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO ..........................................27
4.8 EFEITO DA DESNUTRIÇÃO SOBRE A RELAÇÃO LF/HF E A PORCENTAGEM DE PARTICIPAÇÃO DE CADA
UMA DESSAS FREQÜÊNCIAS SOBRE O PODER TOTAL...................................................................................29
5 – DISCUSSÃO................................................................................................... 31
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 38
7 – APÊNDICE...................................................................................................... 45
8 – PRODUÇÃO CIENTÍFICA .............................................................................. 51
8.1 RESUMOS EM CONGRESSOS ...........................................................................................................51
8.2 ARTIGO COMPLETO PUBLICADO EM PERIÓDICO...............................................................................53
ix
Lista de Figuras
Figura 1 - Cronograma da metodologia de desnutrição protéica.....................................1
Figura 2 - Modelo do Conector utilizado para registro de ECG .....................................15
Figura 3 Representação da janela de visualização do software Kananda®
durante um experimento........................................................................................................17
Figura 4 - Esquema dos protocolos experimentais..........................................................19
Figura 5 - Efeito da restrição protéica sobre o peso corporal dos ratos .......................21
Figura 6 - Níveis Basais de FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido ......22
Figura 7 - FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido após bloqueio vagal.23
Figura 8 - FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido após bloqueio beta-
adrenérgico..............................................................................................................................24
Figura 9 - FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido após bloqueio duplo 26
Figura 10 - Variação da FC dos grupos controle e desnutrido após bloqueio duplo..26
Figura 11 - Tônus simpático (A) e parassimpático (B) dos grupos controle e
desnutrido ................................................................................................................................28
Figura 12 - Relação LF/HF dos grupos controle e desnutrido........................................29
Figura 13 - Percentual de participação de cada uma das bandas de freqüência
analisadas nos grupos controle (A) e desnutrido (B)........................................................30
x
Lista de Tabelas
Tabela I - Composição química das dietas (g/100g de ração).................................. 14
Tabela II - Índice Autonômico Cardíaco dos grupos controle e desnutrido............... 27
Tabela III - Efeito da restrição protéica sobre o peso corporal dos ratos .................. 45
Tabela IV - Níveis basais de FC e PAM dos grupos controle e desnutrido............... 46
Tabela V - FC e PAM antes e após bloqueio vagal .................................................. 47
Tabela VI – FC e PAM antes e após bloqueio adrenérgico ...................................... 48
Tabela VII FC e PAM dos grupos controle e desnutrido após bloqueio dos
braços simpático e parassimpático ........................................................................... 49
Tabela VIII – LF e HF basais e a relação LF/HF dos grupos controle e desnutrido.. 50
INTRODUÇÃO
1
1- Introdução
1.1 – Desnutrição
A fome e a desnutrição, apesar de estarem intimamente ligadas,
representam duas situações muito distintas. Pode-se dizer que têm fome aqueles
cuja alimentação diária não aporta a energia requerida para a manutenção e
funcionamento do organismo e para as atividades ordinárias do ser humano, e que
sofrem de desnutrição aqueles que manifestam sinais e sintomas provenientes da
insuficiência quantitativa ou qualitativa da dieta ou de doenças que determinem o
mau aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos
(OMS/OPAS/UNICEF/FAO).
A desnutrição por carência de energia (calorias) e proteínas é a forma mais
letal de má nutrição e tem um papel importante em pelo menos metade das
mortes anuais de crianças no mundo em desenvolvimento. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde a desnutrição energético-protéica afeta uma em
cada quatro crianças em todo o mundo: 150 milhões (26,7%) estão com baixo
peso e 182 milhões (32,5%) têm o desenvolvimento retardado. Reconhece-se que
6,6 milhões das 12,2 milhões de mortes anuais entre crianças menores de cinco
anos, ou seja, 54% das mortes infantis em países em desenvolvimento estão
associadas à desnutrição. Além do sofrimento, a perda em termos de potencial
humano traduz-se em custos sociais e econômicos que se tornam insustentáveis
para esses países. Ainda de acordo com a OMS, a alimentação inapropriada de
recém nascidos e crianças é responsável por um terço dos casos de desnutrição
(World Health Organization, 2007). De acordo com o Programa Mundial de
Alimentos das Nações Unidas, o Brasil é o país da América do Sul com o maior
número de subnutridos, 15,6 milhões de pessoas. Apesar de esse número
representar apenas cerca de 8% da população, a situação brasileira é considerada
das mais críticas e paradoxais, uma vez que nosso país é um dos maiores
produtores de alimentos do mundo.
INTRODUÇÃO
2
A desnutrição pode se instalar na vida fetal ou após o nascimento. A
avaliação da condição nutricional das mães de desnutridos mostrou que mais de
84% delas não apresentavam quadro de desnutrição, com um grande percentual
de es apresentando sobrepeso e até mesmo obesidade, sugerindo portanto,
que em 84% das famílias, o alimento chega à mesa, mas este pode não estar
sendo utilizado, preparado e nem ofertado de maneira eficiente (Nóbrega e cols.,
1992).
Embora as taxas de obesidade infantil tenham aumentado
significativamente nos últimos anos, o número de crianças desnutridas ainda é
consideravelmente grande (Mondini & Monteiro, 1997; Sawaya e cols., 1995).
Ainda hoje a desnutrição é considerada a doença que mais mata crianças abaixo
de cinco anos (Sawaya, 2006). No Brasil, 10,5% das crianças com idade abaixo
de 5 anos apresentam desnutrição moderada ou severa. A maior prevalência de
desnutrição é na região nordeste, equivalendo a 18%, enquanto que a menor
prevalência é na região sul, com 5% das crianças consideradas desnutridas
(BENFAM - Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil, 1997).
Em 1995, em um estudo desenvolvido em favelas de São Paulo, Sawaya e
colaboradores demonstraram uma prevalência de 30% de desnutrição e 15% de
obesidade dentro da mesma comunidade. Neste mesmo estudo também foi
demonstrado que 9% das casas possuíam pelo menos 01 membro que estava
abaixo do peso e 01 que era obeso (Sawaya e cols., 1995).
A desnutrição causada por deficiência protéica é altamente prejudicial ao
organismo uma vez que as proteínas são os maiores componentes estruturais das
células, têm função de enzimas, componentes de membranas, hormônios, entre
outros (Lehninger, 2005). Dos 20 aminoácidos que constituem as proteínas, 9 são
considerados essenciais, ou seja, não são sintetizados pelo organismo e devem
ser adquiridos através da alimentação. O suprimento de proteína dietética é
essencial para manutenção da função e integridade celular, além da saúde e
reprodução. A composição de proteínas da dieta é um fator importante a se
considerar, visto que é a única fonte dos aminoácidos essenciais necessários ao
bom funcionamento do organismo.
INTRODUÇÃO
3
Várias são as formas de se induzir a desnutrição em animais de laboratório.
Por exemplo, ela pode ser induzida durante a gestação, diminuindo o teor protéico
da dieta das fêmeas grávidas (Tonkiss e cols., 1998) ou após o nascimento,
aumentando-se o número de filhotes por ninhada durante a amamentação, o que
leva à competição pelo leite materno (Bell & Slotkin, 1988). Pode-se também
reduzir o conteúdo de proteínas da dieta oferecida à fêmea que está
amamentando (Pedrosa & Moraes-Santos, 1987), ou aos filhotes logo após o
desmame (Agarwal e cols., 1981). A dieta hipoprotéica pode ainda ser oferecida
para o animal em outras fases da vida (Ferreira e cols., 2003; Lukoyanov &
Andrade, 2000). O rato é o animal mais utilizado nestes estudos, pois além de ser
de fácil manuseio e se adequar às diferentes metodologias de desnutrição, ele
possui metabolismo acelerado. Esta última característica possui relevância
especial porque permite investigações experimentais rápidas, principalmente
daqueles distúrbios promovidos apenas tardiamente pela desnutrição no ser
humano.
1.2 – Efeitos da Desnutrição sobre os Sistemas Fisiológicos
Diversos sistemas são afetados pela desnutrição, o que pode levar ao mau
funcionamento de órgãos e conseqüentemente ao desenvolvimento de doenças. A
gravidade dessas alterações é dependente do tempo de exposição e da fase da
vida em que o indivíduo é submetido à desnutrição.
Vários autores demonstraram em humanos que a desnutrição nas fases
iniciais da vida leva a um crescimento deficiente, ou seja, crianças desnutridas são
mais baixas e pesam menos que deveriam para a sua idade. Em animais também
se observa um prejuízo no desenvolvimento, com depleção de massa muscular e
diminuição do peso (Winick & Noble, 1966).
Diversos estudos têm demonstrado que doenças cardiovasculares e
condições associadas a elas, como hipertensão e diabetes não insulino-
dependente, podem se originar devido a um desenvolvimento debilitado durante a
vida fetal e infância. Essas doenças seriam conseqüências de um quadro de
INTRODUÇÃO
4
“programação”, onde um estímulo ou insulto em período crítico ou sensível no
início da vida resulta em alterações fisiológicas e metabólicas a longo prazo.
Existem janelas de tempo críticas durante as quais a maturação deve ocorrer e a
falha nesse processo de maturação pode ser irrecuperável (Barker & Clark, 1997).
foi visto que a desnutrição intra-uterina leva a uma redução da
expectativa de vida em ratos (Langley-Evans & Sculley, 2006). Em 1990, Barker e
colaboradores demonstraram que o ambiente intra-uterino possui um efeito
importante sobre a pressão sanguínea e o desenvolvimento de hipertensão em
humanos. Nesse estudo ficou evidente que os níveis de pressão sanguínea e o
risco de se desenvolver hipertensão na vida adulta estão fortemente relacionados
com o peso ao nascer (Barker e cols., 1990; Franco e cols., 2006). Além disso, o
desenvolvimento de outras condições patológicas como o diabetes tipo II (Phillips
e cols., 1994), doenças renais (Hoy e cols., 1999) e doenças coronarianas (Barker
e cols., 1993) têm sido associado ao baixo peso ao nascer.
Em ratos foi demonstrado que a desnutrição protéica leva a alterações na
hemodinâmica renal. Esses animais apresentaram redução na atividade de renina
plasmática, diminuição na produção de prostaglandinas, aumento na resistência
vascular intra-renal e diminuição do fluxo renal plasmático e da taxa de filtração
glomerular (Benabe e cols., 1993). Ainda nesse trabalho foi observado um
aumento do número de receptores do tipo AT1 tanto no córtex quanto na medula
do rim dos animais desnutridos. foi demonstrado também um aumento da
expressão de renina e mRNA para enzima conversora de angiotensina (ECA) em
animais submetidos à dieta hipoprotéica, o que segundo o autor pode ser
responsável pelas alterações na hemodinâmica renal observada nesses animais
(Martinez-Maldonado e cols., 1993). Em outros trabalhos foi observada uma
redução no número total de néfrons provocando uma alteração na função renal
(do Carmo Pinho e cols., 2003). Observou-se também em ratos desnutridos
durante a gestação, uma significativa redução do peso renal, tanto absoluto
quanto relativo e prejuízo na glomerulogênese, mesmo após o nascimento (Lucas
e cols., 1997).
INTRODUÇÃO
5
Vários estudos epidemiológicos também têm associado a desnutrição em
alguma fase da vida ao desenvolvimento de doenças. Sawaya e colaboradores
demonstraram em diversos estudos que indivíduos desnutridos apresentam maior
risco de se tornarem obesos, hipertensos e de desenvolverem diabetes tipo II e
doenças cardiovasculares na vida adulta (Sawaya e cols., 1995; Sawaya e cols.,
2003; Sawaya & Roberts, 2003; Sawaya e cols., 2005).
O sistema nervoso também é afetado pela desnutrição. Sabe-se que a
desnutrição protéica ou protéico-calórica ocorrida nos primeiros anos de vida está
associada a alterações neuro-anatômicas, neuro-químicas e comportamentais
tanto em animais quanto em seres humanos (Almeida e cols., 1996). A
mielinização (Reddy e cols., 1979), assim como a formação da mielina e de seus
constituintes (colesterol, galactolipídeos e fosfolipídeos) em cérebros de ratos
desnutridos também são reduzidos (Egwim e cols., 1986). Em 2000, Lukoyanov e
colaboradores demonstraram que a manutenção de uma dieta hipoprotéica por um
período prolongado leva à perda de neurônios e sinapses do hipocampo,
acompanhado de um prejuízo substancial de comportamentos hipocampo-
dependentes (Lukoyanov & Andrade, 2000).
Ratos alimentados com uma dieta contendo 7% de proteína apresentaram
aumento da atividade do sistema nervoso simpático quando comparados a
animais que receberam dieta contendo 22% de proteína (Young e cols., 1985).
Nesse estudo verificou-se que a restrição protéica levou a um aumento do
processo de “turnover” de norepinefrina, e que esse aumento é independente da
diminuição da tirosina oferecida na dieta. Esse mesmo estudo evidenciou que a
acentuação da atividade simpática periférica observada nos animais desnutridos é
conseqüência de um aumento da descarga simpática central. A desnutrição
protéico-calórica imposta durante o período de amamentação causou um prejuízo
no mecanismo de regulação da liberação central de noradrenalina, o que leva ao
aumento da concentração desse neurotransmissor no rtex cerebral desses
animais (Belmar e cols., 1996).
Ratos submetidos a uma dieta hipoproteica logo após o período de
amamentação apresentaram prejuízo do potencial secretório das células β
INTRODUÇÃO
6
pancreáticas, o que pode ser atribuído a um aumento da atividade simpática e
diminuição da atividade parassimpática nesses animais (Leon-quinto e cols.,
1998).
Dados do nosso laboratório também demonstram efeitos deletérios da
desnutrição após o período de amamentação sobre o sistema cardiovascular.
Tropia e colaboradores em 2001 demonstraram um aumento da sensibilidade do
barorreflexo e do reflexo Bezold-Jarisch em animais submetidos a uma dieta
contendo 6% de proteína. Ainda nesse trabalho foi observado aumento do tônus
vasomotor simpático nesses animais (Tropia e cols., 2001). Utilizando o mesmo
modelo animal, Oliveira e colaboradores observaram aumento dos níveis basais
de freqüência cardíaca (FC) e pressão arterial (PA), além do aumento da
variabilidade desses parâmetros quando analisados no domínio do tempo (Oliveira
e cols., 2004). Loss e colaboradores demonstraram uma perturbação da
homeostase cardiovascular decorrente da desnutrição protéica. Nesse trabalho
foram demonstradas alterações no ganho do barorreflexo antes e após bloqueios
autonômicos além de alteração no período de latência da resposta barorreflexa.
Ainda segundo o autor essas alterações na modulação da atividade autonômica
eferente seriam responsáveis pela manutenção dos altos valores de FC e PAM
basais (Loss e cols., 2007). Trabalho realizado por Gomide e colaboradores
(2007) demonstrou uma importante interação entre o sistema renina-angiotensina
e o sistema simpático vasomotor. Esses autores mostraram uma hiperatividade do
eixo renina-angiotensina na gênese da pressão arterial em animais desnutridos
(Gomide, 2007).
1.3 – Controle Neural da Freqüência Cardíaca
O sistema nervoso autonômico é formado por uma coleção de neurônios
aferentes e eferentes que ligam o sistema nervoso central (SNC) aos órgãos
efetores. Os dois braços eferentes do sistema nervoso autonômico simpático e
parassimpático consistem de vias paralelas e diferencialmente reguladas
constituídas de neurônios colinérgicos (neurônios pré-ganglionares) localizadas no
INTRODUÇÃO
7
SNC que inervam gânglios (por exemplo, gânglio simpático para- ou pré-
vertebral), glândulas (glândula adrenal) ou redes neurais de complexidade variada
(rede ganglionar entérica ou cardíaca) localizadas fora do SNC. Esses gânglios e
redes periféricas contêm os neurônios motores (neurônios ganglionares) que
controlam o músculo liso e outros alvos viscerais. Os neurônios ganglionares
simpáticos que controlam alvos cardiovasculares o primariamente
noradrenérgicos (Guyenet, 2006).
O controle neural da circulação opera via neurônios parassimpáticos que
inervam o coração e via eferências simpáticas que inervam vasos sanguíneos,
coração, rins e adrenais (Guyenet, 2006). Na maioria das condições fisiológicas, a
ativação tanto do braço simpático quanto parassimpático é acompanhada de
inibição do outro braço, razão que deu origem ao conceito de “balanço simpato-
vagal” ou “balanço autonômico”. Isso é verdade não apenas para os reflexos
surgidos predominantemente de áreas barorreceptoras, mas também para os
surgidos a partir do coração (Malliani, 1999).
A atividade das células marca-passo do nódulo sino-atrial, portanto, está
sob regulação contínua e é principalmente afetada por mecanismos neurais
(Lombardi e cols., 1996). Na ausência tanto do sistema nervoso simpático quanto
parassimpático o nódulo sino-atrial possui uma freqüência de disparo intrínseca.
Ao se induzir essa situação, através de bloqueios farmacológicos, por exemplo,
obtém-se a freqüência cardíaca intrínseca ou o intervalo R-R intrínseco. Quando a
influência vagal é predominante sobre o coração, a freqüência cardíaca é menor
que a freqüência cardíaca intrínseca. quando o braço simpático é o
predominante, o que se observa é uma freqüência cardíaca maior que a
freqüência cardíaca intrínseca (Goldberger, 1999).
As últimas décadas têm testemunhado o reconhecimento de uma
significante relação entre o sistema nervoso autonômico e mortalidade devido a
problemas cardiovasculares, incluindo morte bita. Evidências experimentais
mostrando uma associação entre o risco de se desenvolver arritmias letais e sinais
de aumento da atividade simpática e/ou diminuição da atividade parassimpática
encorajaram pesquisadores a desenvolverem marcadores quantitativos da
INTRODUÇÃO
8
atividade autonômica (Task Force of the European Society of Cardiology and the
North American Society of Pacing and Electrophysiology, 1996).
É difícil se estabelecer qual o melhor índice para se caracterizar o balanço
simpato-vagal. Montano e colaboradores acessaram as alterações sobre o
balanço autonômico durante alterações graduadas do ângulo de inclinação (tilt) ao
qual o paciente era submetido, utilizando o ângulo de inclinação como índice do
balanço simpato-vagal (Montano e cols., 1994). Bootsma e colaboradores também
relataram a relação entre alguns parâmetros do balanço simpato-vagal e o ângulo
de inclinação (Bootsma e cols., 1994). Considerando conhecimentos
estabelecidos de que o aumento progressivo do ângulo de inclinação leva a
alterações progressivas do balanço simpato-vagal no sentido de aumento da
atividade simpática, torna-se claro que o ângulo de inclinação é uma medida sub-
ótima desse balanço, particularmente porque ela não pode ser generalizada.
Medições do ângulo de inclinação são aplicáveis apenas em situações onde o
indivíduo pode ser submetido a esta situação e não levam em consideração as
diferenças interindividuais no tônus autonômico. É improvável que um indivíduo
com insuficiência cardíaca congestiva, inclinado a 30°, tenha o mesmo balanço
simpato-vagal que indivíduo controle de mesma idade também submetido a essa
inclinação (Goldberger, 1999).
Para se explorar este assunto mais detalhadamente, é necessário se ter um
índice do balanço simpato-vagal que seja amplamente aceito e que obedeça
alguns critérios como: 1) o índice deve variar similarmente entre indivíduos em
resposta a diferentes estímulos autonômicos; 2) indivíduos submetidos às
mesmas condições autonômicas devem apresentar uma variabilidade mínima do
índice entre si; e 3) a resposta do índice às várias condições autonômicas devem
refletir as alterações do estado fisiológico e ter uma interpretação significativa. De
maneira mais específica, o índice deve fornecer informações do efeito resultante
do sistema nervoso simpático e parassimpático (Goldberger, 1999).
Em 1999, Goldberger propôs a utilização de um índice para se acessar a
influência do sistema nervoso simpático e parassimpático sobre o coração. Esse
índice, conhecido na língua inglesa por Vagal-Sympathetic Effect, será aqui
INTRODUÇÃO
9
traduzido por Índice Autonômico Cardíaco (IAC). Segundo o pesquisador o IAC é
definido pela razão entre o intervalo R-R basal e o intervalo R-R intrínseco, ou
seja, após o duplo bloqueio autonômico. Valores de IAC maiores que 1 refletem
um predomínio vagal, enquanto valores menores que 1 refletem predomínio
simpático (Goldberger, 1999). Segundo o autor o IAC é um índice bastante
robusto do efeito do sistema nervoso simpático e parassimpático sobre o nódulo
sino-atrial. Apesar de este não ser o único índice com potencial para se avaliar o
balanço autonômico sobre o coração, ele certamente fornece uma descrição
fisiologicamente apropriada desse balanço, além de poder ser aplicado em todas
as condições de estímulos autonômicos testados. Apesar disso, essa metodologia
apresenta limitações que impedem sua utilização como rotina na clínica, como por
exemplo, a necessidade de se promover o bloqueio farmacológico dos braços
simpático e parassimpático sobre o coração.
As possibilidades oferecidas por novas técnicas computadorizadas para
quantificar as pequenas oscilações espontâneas das variáveis cardiovasculares
(batimento-a-batimento) e em particular, em relação à eletrocardiografia (intervalo
R-R) aumentaram a visão de que essas oscilações rítmicas poderiam gerar alguns
discernimentos dentro dos mecanismos regulatórios neurais que operam em
organismos íntegros, os quais estão submetidos a grandes variações na vida
cotidiana.
Empregando o algoritmo da transformada rápida de Fourrier (FFT),
Akselrod e colaboradores (1981) provaram que a técnica de análise espectral da
variabilidade da FC poderia ser utilizada como um método quantitativo para avaliar
as flutuações na FC (Akselrod e cols., 1981). Vários métodos espectrais para
análise do tacograma têm sido aplicados nas últimas décadas. A análise da
densidade do “poder” espectral (Power spectral density) fornece informações
básicas de como o “poder” (variância) se distribui em função da freqüência.
Geralmente dois grandes componentes presentes na variabilidade da FC são
reconhecidos: um de alta freqüência (High frequency - HF) relacionado à
respiração e outro de baixa freqüência (Low frequency - LF). O componente de
alta freqüência (HF) é aceito como um marcador da modulação vagal enquanto LF
INTRODUÇÃO
10
pode ser considerado um marcador da modulação simpática. Além disso, pode-se
também observar um componente menos expressivo de freqüência muito baixa
(VLF). Em humanos, os principais componentes são encontrados nas freqüências
de aproximadamente 0,1 Hz (LF) e 0,25 Hz (HF) (Malliani, 1999; Pagani e cols.,
1986). em ratos esses mesmos componentes são encontrados nas freqüências
que variam de 0,20 - 0,75 Hz (LF) e 0,75 2,5 Hz (HF) (Dias da Silva e cols.,
2001).
O “poder” de cada componente espectral é expressado graficamente pela
sua área em valores absolutos (ms
2
). Entretanto, como os valores absolutos de
componentes espectrais são altamente relacionados à variância, alguns outros
índices que focassem principalmente na distribuição fracionária do “poder” se
tornaram necessários. Isso pode ser conseguido calculando-se a razão LF/HF ou
ainda transformando os valores absolutos de LF e HF em unidades normalizadas.
As unidades normalizadas são obtidas dividindo-se o componente LF ou HF pelo
“poder” total do qual o componente VLF foi previamente subtraído e multiplicando
por 100 (Malliani, 1999). Em outras palavras, é feito o cálculo percentual de cada
componente em relação ao “poder” total.
A variabilidade da FC representa um dos mais promissores marcadores da
atividade autonômica. A importância clínica do estudo deste parâmetro no domínio
da freqüência se tornou evidente no final da década de 1980 quando ficou
confirmado que a variabilidade da freqüência cardíaca era um forte e
independente prognosticador de mortalidade após o infarto agudo do miocárdio
(Task Force of the European Society of Cardiology and the North American
Society of Pacing and Electrophysiology, 1996).
Como a determinação da FC depende da interação entre a atividade
eferente simpática e parassimpática e de propriedades das células marca-passo
cardíacas, a utilização dessa cnica pode levar à determinação da regulação
autonômica tônica de uma maneira não invasiva (Pagani e cols., 1986).
OBJETIVOS
11
2 – OBJETIVOS
2.1 – Objetivo Geral
Avaliar a influência da desnutrição protéica pós-desmame sobre o balanço
autonômico cardíaco de ratos.
2.2 – Objetivos Específicos
Avaliar a participação do componente simpático sobre a manutenção dos
níveis basais de freqüência cardíaca de ratos desnutridos;
Avaliar a participação do componente parassimpático sobre a manutenção
dos níveis basais de freqüência cardíaca de ratos desnutridos;
MATERIAL E MÉTODOS
12
3 – MATERIAL E MÉTODOS
3.1 - Modelo Animal
Neste trabalho foram utilizados ratos Fischer, machos, fornecidos pelo
Laboratório de Nutrição Experimental, Escola de Nutrição, UFOP-MG de acordo
com o Guide to the Care and Use of Experimental Animals (Olfert E.D. & Cross,
1993).
No acasalamento, duas fêmeas e um macho foram colocados em gaiolas
plásticas de 47 x 33 x 15 cm. Após dez dias de acasalamento, os machos foram
retirados e as fêmeas colocadas em gaiolas individuais. Durante o período de
gestação os animais receberam ração comercial Socil ® e água filtrada ad libidum.
Após o nascimento, as ninhadas foram manipuladas aleatoriamente de maneira a
manter oito filhotes por fêmea. As fêmeas continuaram recebendo ração comercial
e água ad libidum e os filhotes foram amamentados durante 28 dias.
Os procedimentos complementares tais como higienização dos materiais
que entraram em contato com os animais e preparo das camas (remoção de e
esterilização) foram definidos por protocolos validados e em uso no nosso
laboratório.
3.2 – Metodologia da Desnutrição
Após o desmame os machos da ninhada foram divididos em dois grupos:
Controle: receberam dieta comercial contendo 15% de proteína (dieta
controle) por 35 dias
Desnutrido: receberam dieta semi-purificada com 6% de proteína (dieta
de desnutrição) durante 35 dias.
Após o período de 35 dias recebendo dieta específica, os animais foram
utilizados nos experimentos em no máximo 7 dias. Durante esse prazo os ratos
continuaram recebendo a mesma dieta a qual haviam sido submetidos no período
anterior e água à vontade. Estes animais foram submetidos a um ciclo
MATERIAL E MÉTODOS
13
claro/escuro de 12 horas e mantidos à temperatura média de 22°C. Os
cronogramas da metodologia de desnutrição estão representados na Figura 1 (A e
B).
A
B
3.3 – Composição Química das Dietas
As dietas utilizadas nos modelos experimentais diferiram quanto ao teor
protéico. A dieta do grupo controle foi ração comercial Socil® que apresentava
15% de proteína. A dieta para induzir a desnutrição apresentava 6% de proteína e
foi preparada com elementos semi-purificados. A composição química das dietas
está representada na Tabela I.
21 dias
28 dias
35 dias
Gestação
Amamentação
Dieta de Desnutrição
(6% proteína)
7 dias
Experimentos
21 dias
28 dias
35 dias
Gestação
Amamentação
Dieta Controle
(15% proteína)
7 dias
Experimentos
Figura 1 - Cronograma da metodologia de desnutrição protéica
MATERIAL E MÉTODOS
14
Tabela I - Composição química das dietas (g/100g de ração).
Controle Desnutrido
Proteína (caseína) 15 6
Amido de Milho 70 79
Óleo de Soja 8 8
Mistura de Sais 5 5
Mistura de Vitaminas 1 1
Fibra (Celulose) 1 1
Teor Calórico 422 Kcal 422 Kcal
3.4 – Preparação das Drogas
Solução Salina 0,9%: A solução veículo foi preparada dissolvendo-se 9,0 g
de NaCl em q.s.p. 1000,0 mL de água destilada.
Tribromoetanol 2,5%: A solução foi preparada na concentração de 25 g/L
utilizando-se 2,2,2-tribromoetanol 99% (Aldrich Chemical Co. Milwaukee, WI, USA)
e salina. O recipiente utilizado na preparação do anestésico foi completamente
envolvido em papel alumínio para evitar degradação da substância por ação da
luz. Foi utilizado um agitador termomagnético até total diluição, sob aquecimento
não superior a 40°C. em volume final, a solução foi acondicionada em frasco
âmbar e mantida à temperatura ambiente, conforme protocolos em uso no nosso
Laboratório.
Metil-atropina: a solução foi preparada dissolvendo-se 50,0 mg de metil
atropina em q.s.p. 10,0 mL de salina, de modo que a concentração de atropina na
solução fosse de 5,0 mg/mL. A solução foi protegida da luz para evitar
degradação, acondicionada em tubos de polietileno Eppendorf e armazenadas a -
20ºC até o momento do uso.
Metoprolol: A solução de metoprolol foi preparada dissolvendo-se 20,0 mg
de tartarato de metoprolol em q.s.p. 10,0 mL de salina, de modo que a
MATERIAL E MÉTODOS
15
concentração de metoprolol na solução fosse de 2,0 mg/mL. A solução foi
protegida da luz para evitar degradação, acondicionada em tubos de polietileno
Eppendorf e estocada em freezer a –20º C.
3.5 – Confecção de Cânulas Arteriais e Venosas
Para a confecção das cânulas foram utilizados tubos de polietileno PE-50
previamente soldados a tubos de polietileno PE-10. As dimensões dos tubos
foram ajustadas de acordo com o peso do animal. Para o animal desnutrido foi
utilizado aproximadamente 12 cm de PE50 soldado a 2 cm de PE10 para a artéria
e 1,5 cm de PE 10 para a veia. Para o animal controle foi utilizado
aproximadamente 16 cm de PE50 soldado a 4 cm de PE10 para a artéria e 2 cm
de PE10 para a veia.
3.6 – Confecção de Eletrodos para Registro Eletrocardiográfico
Para a confecção dos eletrodos foram utilizados conectores de 4 pinos,
sendo que cada um desses pinos foram soldados a fios de cobre finos, flexíveis e
encapados. O esquema do conector utilizado está representado na Figura 2.
Figura 2 - Modelo do Conector utilizado para registro de ECG
MATERIAL E MÉTODOS
16
3.7 – Implante dos Eletrodos e das Cânulas Arteriais e Venosas
Depois de anestesiados com tribromoetanol (250 mg/Kg, i.p.), os animais
foram submetidos a uma incisão no dorso, próximo ao pescoço, e outra incisão na
região torácica, próximo ao osso externo. Os fios de números 2, 3 e 4 do eletrodo
foram passados subcutâneamente a partir do dorso até o peito do animal e
suturados à musculatura peitoral formando o Triângulo de Einthoven. O fio de
número 2 foi suturado próximo ao membro superior direito do animal, o fio de
número 3 foi suturado próximo ao membro superior esquerdo e o fio de número 4
foi suturado próximo ao osso externo. O fio de número 1 foi suturado na
musculatura do dorso do animal, funcionando como terra.
Ainda sob anestesia do tribromoetanol os animais foram submetidos a uma
incisão na face ventral da pata traseira direita. A artéria e a veia femorais foram
dissecadas, expostas e cateterizadas com as cânulas previamente descritas. As
porções de PE-50 foram conduzidas subcutaneamente até o dorso do animal.
Os animais tiveram todas as incisões suturadas de forma que o conector
para registro eletrocardiográfico e as cânulas arterial e venosa permaneceram
fixadas no dorso do animal permitindo que os registros de pressão arterial e
eletrocardiografia fossem realizados com o animal acordado e com livre
movimentação.
Após a cirurgia e antes que fossem instrumentados para realização dos
registros, os animais foram acondicionados em gaiolas individuais mantidas na
sala de experimentos sob condições de temperatura, luminosidade e níveis de
ruído controlados durante 24 horas para recuperação. Durante este período
continuaram recebendo água e ração ad libidum. Todos os experimentos foram
realizados em ratos acordados e em livre movimentação dentro de uma gaiola
apropriada para a realização dos mesmos (gaiola de Faraday).
MATERIAL E MÉTODOS
17
3.8 – Registro da Pressão Arterial e do ECG
Antes de iniciar o registro, foi administrada salina heparinizada (1:40) na
cânula implantada na artéria femoral do animal com o intuito de impedir a
formação de coágulos durante o experimento. Essa cânula foi conectada a um
transdutor de pressão (STATHAM P23DB®) que por sua vez foi conectada à placa
de aquisição Akilah 4. O conector do ECG também foi conectado ao mesmo
sistema de aquisição que por sua vez foi conectado ao computador através de um
cabo USB. O registro dos dados foi feito pelo software de aquisição Kananda® em
uma freqüência de amostragem de 1000 Hz. A partir do registro da pressão
arterial pulsátil foi calculado on-line a pressão arterial média e a partir do registro
do ECG foi calculada, também on-line, a freqüência cardíaca. A janela de exibição
do software Kananda® está representada pela Figura 3.
Figura 3 – Representação da janela de visualização do software Kananda® durante um
experimento
MATERIAL E MÉTODOS
18
3.9 – Protocolo Experimental
Após a instrumentação, os animais passaram por um período de adaptação
de aproximadamente 45 minutos. Ao rmino desse período foram tomados 30
minutos do registro para avaliação dos parâmetros cardiovasculares basais.
Em seguida, iniciaram-se os ensaios no intuito de avaliar a atividade tônica
autonômica cardíaca através de bloqueios farmacológicos dos componentes
autonômicos simpático e/ou parassimpáticos cardíacos. Para tanto, parte dos
animais receberam após o período de registro basal, injeção endovenosa de
atropina (5,0 mg/kg) para bloqueio do braço parassimpático para o coração. 15
minutos após a primeira injeção foi administrado metoprolol (2,0 mg/kg) com o
intuito de bloquear o braço simpático para o coração. O registro prosseguiu por
mais 15 minutos onde se obteve os dados para a avaliação dos parâmetros
cardiovasculares sem a interferência do sistema autonômico sobre o coração. A
outra parte dos animais receberam as mesmas drogas acima citadas, porém em
ordem inversa, ou seja, primeiramente foi administrado metoprolol (2,0 mg/kg) e
em seguida a atropina (5,0 mg/kg). Com isso pode-se também avaliar os
parâmetros cardiovasculares sob bloqueio simpático ou parassimpático
separadamente. Os esquemas dos protocolos experimentais estão representados
na Figura 4 (A e B).
A
30 minutos
15 minutos
15 minutos
Basal
Bloqueio
Parassimpático
Bloqueio
Duplo
Início do registro Atropina
Metoprolol
30 minutos
15 minutos
15 minutos
Basal
Bloqueio
Parassimpático
Bloqueio
Duplo
Início do registro Atropina
Metoprolol
MATERIAL E MÉTODOS
19
B
30 minutos
15 minutos
15 minutos
Basal
Bloqueio
Simpático
Bloqueio
Duplo
Início do registro Metoprolol
Atropina
30 minutos
15 minutos
15 minutos
Basal
Bloqueio
Simpático
Bloqueio
Duplo
Início do registro Metoprolol
Atropina
Figura 4 - Esquema dos protocolos experimentais
3.10 – Análise dos Dados
O software Kananda®, além de ser utilizado para o registro dos dados, foi
também utilizado para converter os mesmos do formato “.knd” (originalmente
gerado pelo Kananda®) para o formato “.txt” (arquivos de texto). Após conversão,
os dados foram carregados no software AcqKnowledge v 3.5.7®, onde foram
feitas as análises.
3.10.1 – Análise da Freqüência Cardíaca e Pressão Arterial Média
Para análise da freqüência cardíaca, do intervalo R-R basal e da PAM basal
foi feito uma média de 5 minutos do registro antes da injeção de qualquer droga.
Após a injeção da primeira droga (atropina ou metoprolol) foi feita outra média de
5 minutos do registro e por fim mais um segmento de 5 minutos foi analisado após
a injeção da segunda droga (metoprolol ou atropina), onde foi obtido o valor de FC
intrínseca ou intervalo R-R intrínseco.
3.10.2 – Análise do Índice Autonômico Cardíaco
O índice autonômico cardíaco foi calculado dividindo-se o valor da média de
um período de 5 do intervalo RR basal pelo valor da média de 5 minutos do
intervalo RR após bloqueio duplo.
MATERIAL E MÉTODOS
20
3.10.3 – Análise do Tônus Autonômico Cardíaco
O tônus simpático foi quantificado subtraindo-se o valor de FC intrínseca do
valor de FC pós atropina. Já o tônus vagal foi quantificado subtraindo-se o valor de
FC pós metoprolol do valor de FC intrínseca.
3.10.4 – Análise da Variabilidade da FC no Domínio da Freqüência
O algoritmo da transformada rápida de Fourier foi aplicado diretamente
sobre segmentos de 5 minutos de registro de intervalo R-R. A janela de Hamming
foi utilizada para se evitar o “vazamento espectral”. O espectro foi dividido em
baixa freqüência (LF 0,20 0,75 Hz) e alta freqüência (HF 0,75 2,50 Hz) de
acordo com a literatura (Dias da Silva e cols., 2001). Para melhor comparação de
dados entre diferentes animais foram calculados a razão LF/HF e a porcentagem
com que cada uma das bandas de freqüência contribui para o poder total sem se
levar em conta a banda de VLF.
3.10.5 – Análise Estatística
A análise estatística dos dados foi feita através do teste t de Student para
comparação entre 2 grupos considerando-se diferença significativa quando
P<0,05 (95% de confiança). Os resultados são mostrados como média ± erro
padrão.
RESULTADOS
21
4 - RESULTADOS
4.1 – Efeito da Desnutrição sobre o Peso Corporal dos Ratos
A restrição protéica imposta fez com que os animais desnutridos
apresentassem peso significativamente menor que os animais do grupo controle
ao final dos 35 dias de desnutrição (68±3g vs. 198±4g). Estes resultados são
mostrados na Figura 5 e Tabela III.
0
50
100
150
200
250
P
E
S
O
(
g
)
Controle (n=16) Desnutrido (n=14)
*
Figura 5 - Efeito da restrição protéica sobre o peso corporal dos ratos
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
RESULTADOS
22
4.2 – Efeito da Desnutrição sobre a FC e PAM Basais
Os níveis basais de FC do grupo desnutrido (432±16 bpm) apresentaram
um aumento significativo em relação ao grupo controle (367±5 bpm). sobre a
PAM não observamos diferença entre os grupos (111±4 mmHg desnutrido vs.
113±1 mmHg controle). Estes resultados podem ser observados na Figura 6 (A e
B) e Tabela IV.
0
100
200
300
400
500
600
FC (bpm)
Controle Basal (n=16)
Desnutrido Basal (n=14)
*
A
0
30
60
90
120
150
PAM (mmHg)
Controle (n=16) Desnutrido (n=14)
B
Figura 6 - Níveis Basais de FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
RESULTADOS
23
4.3 – Efeito do Bloqueio Vagal sobre os Níveis de FC e PAM
A injeção de atropina promoveu um aumento significativo sobre a FC do
grupo controle (371 ± 6 vs. 427 ± 15 bpm). Já sobre a FC do grupo desnutrido não
observamos alterações significativas decorrentes da administração dessa droga
(438 ± 24 vs. 472 ± 38 bpm). Sobre a PAM não observamos nenhuma alteração
em nenhum dos dois grupos, controle (115 ± 1 vs. 117 ± 2 mmHg) e desnutrido
(108 ± 7 vs. 110 ± 8 mmHg). Esses resultados podem ser visualizados na Figura 7
(A e B) e Tabela V.
0
100
200
300
400
500
600
FC (bpm)
Controle Basal (n=8) Controle Atropina (n=8)
Desnutrido Basal (n=6) Desnutrido Atropina (n=6)
*
#
A
0
30
60
90
120
150
PAM (mmHg)
Controle Basal (n=8) Controle Atropina (n=8)
Desnutrido Basal (n=6)
Desnutrido Atropina (n=6)
B
Figura 7 - FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido após bloqueio vagal
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
#
Diferença significativa comparado ao basal (P<0,05).
RESULTADOS
24
4.4 – Efeito do Bloqueio Beta-Adrenérgico sobre os Níveis de FC e
PAM
A administração endovenosa de metoprolol promoveu uma diminuição
significativa da FC no grupo desnutrido (428 ± 24 vs. 355 ± 16 bpm) enquanto no
grupo controle não foram observadas alterações (363 ± 8 vs. 363 ± 8 bpm). A
PAM novamente não se alterou significativamente nesses grupos, controle (111 ±
2 vs. 113 ± 2 mmHg) e desnutrido (114 ± 6 vs. 109 ± 5 mmHg). Esses resultados
podem ser visualizados na Figura 8 (A e B) e na Tabela VI.
0
100
200
300
400
500
600
FC (bpm)
Controle Basal (n=8) Controle Metoprolol (n=8)
Desnutrido Basal (n=8) Desnutrido Metoprolol (n=8)
*
A
0
30
60
90
120
150
PAM (mmHg)
Controle Basal (n=8) Controle Metoprolol (n=8)
Desnutrido Basal (n=8) Desnutrido Metoprolol (n=8)
B
Figura 8 - FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido após bloqueio beta-adrenérgico
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05)
† Diferença significativa comparada ao basal (P<0,05)
RESULTADOS
25
4.5 Efeito do Duplo Bloqueio (Vagal e Beta-Adrenérgico) sobre
os Níveis de FC e PAM
O duplo bloqueio promoveu uma redução significativa da FC nos animais do
grupo desnutrido (432 ± 16 vs. 342 ± 14 bpm), mas não alterou significativamente
a FC nos animais do grupo controle (367 ± 5 vs. 382 ± 6 bpm). A PAM não se
alterou em nenhum dos grupos estudados, controle (113 ± 1 vs. 114 ± 2 mmHg) e
desnutrido (111 ± 4 vs. 106 ± 5 mmHg). Além disso, a freqüência cardíaca
intrínseca do grupo desnutrido é menor que a freqüência cardíaca intrínseca do
grupo controle. Estes dados podem ser visualizados nas Figuras 9 (A e B) e na
Tabela VII.
A análise do perfil de variação da FC após este bloqueio mostrou uma
diferença significativa entre os grupos controle (15 ± 7 bpm) e desnutrido
(-91±9bpm). Estes dados podem ser visualizados na Figura 10.
0
100
200
300
400
500
FC (bpm)
Controle Basal (n=16) Controle Intrínseco (n=16)
Desnutrido Basal (n=14)
Desnutrido Intnseco (n=14)
*
A
*
RESULTADOS
26
0
30
60
90
120
150
PAM (mmHg)
Controle Basal (n=16) Controle Intrínseco (n=16)
Desnutrido Basal (n=14)
Desnutrido Intrínseco (n=14)
B
Figura 9 - FC (A) e PAM (B) dos grupos controle e desnutrido após bloqueio duplo
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05)
† Diferença significativa comparado ao basal (P<0,05)
-100
-75
-50
-25
0
25
50
75
100
FC (bpm)
Controle (n=16) Desnutrido (n=14)
*
Figura 10 - Variação da FC dos grupos controle e desnutrido após bloqueio duplo
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
RESULTADOS
27
4.6 – Efeito da Desnutrição sobre o Índice Autonômico Cardíaco
O índice autonômico cardíaco se mostrou diferente entre os grupos
estudados. Para o grupo controle o valor obtido foi de 1,04 ± 0,2. o grupo
desnutrido apresentou IAC de 0,79 ± 0,2. Os resultados estão representados na
Tabela II.
Tabela II - Índice Autonômico Cardíaco dos grupos controle e desnutrido
GRUPO IAC
CONTROLE (n=16) 1,04 ± 0,2
DESNUTRIDO (n=14) 0,79 ± 0,2 *
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
4.7 Efeito da desnutrição sobre o nus simpático e
parassimpático
Os animais do grupo desnutrido apresentaram alterações tanto sobre o
tônus simpático quanto parassimpático quando comparados ao grupo controle. A
análise do tônus nos permite inferir sobre a capacidade de cada um dos braços
autonômicos em determinar a FC intrínseca. O tônus simpático está aumentado
nos animais submetidos à dieta hipoproteica quando comparado ao grupo controle
(131 ± 17 vs. 41 ± 11 bpm respectivamente). a participação parassimpática
encontra-se diminuída nos animais desnutridos quando comparada ao controle
(-4 ± 4 vs. 22 ± 9 bpm respectivamente). Estes resultados estão explicitados na
Figura 11(A e B).
RESULTADOS
28
0
20
40
60
80
100
120
140
160
FC (bpm)
Controle (n=8) Desnutrido (n=6)
*
A
-25
0
25
50
FC (bpm)
Controle (n=7) Desnutrido (n=6)
*
B
Figura 11 - Tônus simpático (A) e parassimpático (B) dos grupos controle e desnutrido
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
RESULTADOS
29
4.8 Efeito da Desnutrição sobre a Relação LF/HF e a
Porcentagem de Participação de cada uma dessas Freqüências
sobre o Poder Total.
Os animais do grupo desnutrido apresentaram relação LF/HF
aumentada em relação ao grupo controle (0,43 ± 0,03 vs. 0,34 ± 0,02
respectivamente). Conseqüentemente a participação percentual de cada uma das
freqüências analisada foi diferente entre os grupos (Controle: 24% LF e 76% HF
vs. Desnutrido: 31% LF e 69% HF). Os dados podem ser melhor visualizados nas
Figuras 12 e 13 (A e B) e na Tabela VIII.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
LF/HF
Controle (n=16)
Desnutrido (n=14)
*
Figura 12 - Relação LF/HF dos grupos controle e desnutrido
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
RESULTADOS
30
LF
24%
HF
76%
A
LF
31%
HF
69%
B
Figura 13 - Percentual de participação de cada uma das bandas de freqüência analisadas nos
grupos controle (A) e desnutrido (B)
DISCUSSÃO
31
5 – DISCUSSÃO
A desnutrição ainda hoje é considerada um dos problemas mais sérios de
saúde pública no mundo. Estudos realizados tanto em humanos quanto em
animais têm relatado efeitos adversos sobre a homeostase de diversos sistemas
fisiológicos, dentre eles o cardiovascular. Porém ainda estamos longe de entender
por completo os danos causados por essa condição patológica, o que torna
necessário a realização de novos estudos que ajudem a desvendar os malefícios
causados pela desnutrição sobre o organismo.
Neste intuito, o desenvolvimento de modelos experimentais que se
aproximem das condições encontradas em humanos é de fundamental
importância. Experimentos com animais têm permitido cada vez mais
esclarecimentos e são muito importantes para se verificar fisiopatologias
específicas da desnutrição.
A desnutrição intra-uterina, induzida por alteração na dieta das fêmeas
grávidas, envolve fases de crescimento rápido e pode causar alterações
irreversíveis em vários sistemas, incluindo o cardiovascular. Várias linhas de
pesquisa adotam a hipótese de que a desnutrição intra-uterina leva a uma
programação fetal, o que predispõe ao desenvolvimento de doenças crônico-
degenerativas. Hipertensão, doenças coronarianas, diabetes tipo II e doenças
renais são algumas das desordens relacionadas ao baixo peso ao nascer (Barker
e cols., 1990; Barker e cols., 1993; Hoy e cols., 1999; Phillips e cols., 1994).
Em nosso laboratório utilizamos o rato como modelo animal por apresentar
metabolismo acelerado, ciclo reprodutivo curto e ser de fácil manuseio. O modelo
de desnutrição proposto foi baseado na redução do conteúdo protéico da dieta
oferecida após o desmame de 15% para 6%, o que representa uma redução de
60% da proteína dietética. Esta metodologia vem sendo utilizada em nosso
laboratório (Loss e cols., 2007; Oliveira e cols., 2004; Tropia e cols., 2001) e
assemelha-se aos métodos utilizados em outros trabalhos da literatura (Agarwal e
cols., 1981; Ferreira e cols., 2003; Lukoyanov & Andrade, 2000).
DISCUSSÃO
32
Após o período de 35 dias observamos uma redução de aproximadamente
65% sobre o peso corporal dos animais do grupo desnutrido quando comparados
ao grupo controle (Fig. 5). A diferença de peso entre os dois grupos foi
estatisticamente diferente e garante que a dieta oferecida a esse grupo foi
eficiente em promover a desnutrição, uma vez que a redução do peso corporal
pode ser utilizada como um indicador básico dessa condição (Lucas, 1998).
Comparações qualitativas entre os grupos experimentais indicaram que os
animais submetidos à desnutrição apresentaram queda de pêlos, menor estatura e
quantidade de tecido adiposo reduzida. Além disso, outros fatores característicos
do quadro de desnutrição já foram descritos em nosso laboratório e incluem
menores níveis de proteína total e albumina plasmática (Oliveira e cols., 2004).
A literatura vem demonstrando que a desnutrição protéica em fases iniciais
da vida do animal pode afetar tanto o processo de proliferação celular quanto o
tamanho desses ratos, pois ocorre um prejuízo no desenvolvimento corporal
através da depleção da massa muscular e diminuição de peso (Benabe e cols.,
1993; Martinez-Maldonado e cols., 1993). Outros estudos demonstraram também
que a desnutrição pode interromper o processo de divisão celular, uma resposta
adaptativa do organismo a este insulto alimentar (Srivastava e cols., 1974;
Widdowson & MCCANCE, 1963; Widdowson, 1963). Diversos outros trabalhos
que utilizaram o rato como modelo experimental também têm relatado o déficit no
peso corporal promovido pela desnutrição (Kim e cols., 1994; Oliveira e cols.,
2004; Zucoloto e cols., 1975). Os dados obtidos em nosso estudo são, portanto,
compatíveis com dados encontrados na literatura que descrevem os fatos
observados como uma adaptação promovida pelo organismo para se ajustar às
condições nutricionais adversas e manter a vida do animal.
Em nosso trabalho os valores de FC dos animais desnutridos encontram-se
aumentados em relação ao grupo controle. a PAM não se mostrou diferente
entre os grupos (Fig. 6). Os resultados de Tropia e cols. (2001) mostraram que a
desnutrição protéica provocada após a amamentação por um período de 35 dias
não altera os níveis basais de PAM e FC de ratos, no entanto tais dados
apontaram um aumento da atividade simpática vasomotora naqueles animais.
DISCUSSÃO
33
Neste trabalho foi observada uma maior queda da PAM decorrente da
administração de prazosin, bloqueador α-adrenérgico, no grupo desnutrido quando
comparado ao grupo controle (Tropia e cols., 2001). Posteriormente, neste mesmo
modelo experimental, mas utilizando uma metodologia que envolve maior tempo
de registro e análise de um número maior de pontos Oliveira e colaboradores
observaram níveis maiores de PAM e FC basais. No que diz respeito à FC nossos
resultados assemelham-se àqueles reportados por esses últimos autores, apesar
da metodologia utilizada na coleta de dados do presente trabalho se aproximar da
realizada por Tropia e cols. (2001). quanto à PAM o fato de não encontrarmos
diferença entre os grupos pode ser atribuído ao emprego de uma metodologia
menos precisa do que a utilizada por Oliveira e colaboradores.
Dados mais recentes do nosso laboratório utilizando um maior número de
animais e também com uma análise mais voltada para a avaliação dos níveis de
pressão arterial demonstraram não o aumento dos veis basais de PAM mas
também aumento da atividade do sistema renina-angiotensina (SRA) nos animais
submetidos ao mesmo protocolo de desnutrição que os utilizados em nosso
trabalho (Gomide, 2007). Normalmente considera-se que o sistema renina-
angiotensina exerce seu efeito sobre a pressão arterial de uma maneira
independente, porém alguns trabalhos têm mostrado uma interação entre o
sistema renina-angiotensina e outros sistemas de controle da pressão arterial, em
particular, o sistema nervoso simpático (Grisk & Rettig, 2004; Grisk, 2005; Heusser
e cols., 2003). Diante de dados anteriores do nosso laboratório que descrevem
aumento da FC e PAM basais, atividade simpática vasomotora e atividade do SRA
aumentados e de dados da literatura mostrando alterações autonômicas
decorrentes de uma situação de desnutrição em diferentes fases do
desenvolvimento do animal, avaliamos o balanço autonômico cardíaco em nossos
animais.
Vários estudos m utilizado protocolos que empregam o bloqueio
farmacológico na tentativa de melhor avaliar o controle autonômico sobre o
coração (Ahmed e cols., 1994; Convertino & Sather, 2000; Diz & Jacobowitz,
DISCUSSÃO
34
1984; Goldberger, 1999; Machado & Brody, 1989), o que valida a metodologia
utilizada em nosso estudo.
Após administração de metoprolol, bloqueador β1-adrenérgico, observamos
uma redução significativa da FC nos animais desnutridos. no grupo controle a
FC não variou em decorrência dessa droga. Outro dado interessante observado
em nosso estudo foi que a FC do grupo desnutrido após a administração de
metoprolol se aproximava da FC do grupo controle, o que sugere fortemente que
os animais tratados com a dieta hipoproteica apresentam um aumento da
atividade eferente simpática para o coração (Fig. 8). Esses resultados corroboram
dados da literatura que também demonstram aumento da atividade simpática em
animais submetidos a diferentes protocolos de desnutrição (Phillips & Barker,
1997; Young e cols., 1985)
Bloqueando o braço parassimpático com atropina observamos um maior
aumento da FC no grupo controle quando comparado com o grupo desnutrido
(Fig. 7) indicando um prejuízo da participação vagal sobre o cronotropismo
cardíaco em nosso grupo experimental.
Avaliamos também a freqüência cardíaca intrínseca, ou seja, após bloqueio
de ambas as divisões do sistema nervoso autônomo. Após o duplo bloqueio foi
observado uma redução da FC no grupo desnutrido enquanto a FC do grupo
controle não se alterou significativamente. A Figura 10 demonstra claramente a
diferença no perfil de variação da FC após o duplo bloqueio farmacológico.
Machado e Brody em 1989 demonstraram que tanto o aumento da atividade
simpática quanto a diminuição da atividade vagal levam à diminuição da FCI
(Machado & Brody, 1989). Em nosso estudo observamos que os animais do grupo
desnutrido apresentam FCI menores que os animais controle, mais uma vez
corroborando dados da literatura e fortalecendo nossa hipótese de que a
desnutrição, mesmo quando induzida após o desmame, é capaz de promover
alterações no sistema de controle cardiovascular.
O índice autonômico cardíaco proposto por Goldberger em 1999 utiliza um
simples artifício matemático para se avaliar o balanço autonômico para o coração.
Dividindo-se a média dos intervalos RR basal pela média dos intervalos RR após
DISCUSSÃO
35
bloqueio autonômico podemos ter uma boa idéia de qual é a resultante da
interação entre os braços simpático e parassimpático para o coração. Como já era
esperado o resultado de IAC para o grupo desnutrido foi menor que 1 indicando
predomínio simpático enquanto o IAC encontrado para o grupo controle foi maior
que 1, demonstrando o predomínio parassimpático sobre a FC desses animais
(Tabela II). Vale lembrar que esse índice fornece dados sobre qual o braço
predominante na determinação da FC, sem a menor pretensão de avaliar os níveis
individuais do tônus simpático e parassimpático
Sabe-se que a ativação simpática crônica para o coração aumenta o risco
de morte súbita tanto em humanos quanto em ratos (Fletcher, 2001; Judy e cols.,
1976; Schultz e cols., 2007; Schultz & Li, 2007). Além disso, vários pesquisadores
vêm demonstrando o desenvolvimento de disfunções cardiovasculares
decorrentes de um quadro de desnutrição (Sawaya e cols., 2003; Young e cols.,
1985), ressaltando a importância em se desenvolver estudos relacionados com a
gênese do desbalanço autonômico em indivíduos submetidos cronicamente a uma
dieta hipoproteica.
Vários pesquisadores vêm se empenhando em desenvolver índices
capazes de quantificar de forma cada vez mais precisa a contribuição de cada um
dos braços do sistema nervoso autonômico para a manutenção da FC. A análise
da variabilidade da FC no domínio da freqüência tem se mostrado um dos mais
promissores métodos de análise do balanço autonômico cardíaco, inclusive com
grande aplicação na clínica médica. Porém, deve-se ter muito cuidado ao se
analisar estes dados isoladamente, uma vez que foram descritas situações em
que a utilização desta metodologia não é indicada para se avaliar a atividade
simpática e/ou parassimpática para o coração (Notarius & Floras, 2001). Por isso
é interessante que a análise espectral não seja utilizada como única fonte de
dados para avaliação de balanço autonômico cardíaco, pelo menos em modelos
experimentais ainda não avaliados com essa metodologia.
Em nosso trabalho avaliamos a relação LF/HF assim como o percentual
com que de cada uma das freqüências (LF ou HF) contribuem para o poder total,
de onde foi subtraído a região de baixíssima freqüência (VLF). Mais uma vez os
DISCUSSÃO
36
resultados encontrados apontaram para um predomínio da atividade simpática
sobre a parassimpática nos animais submetidos à dieta composta de 6% de
proteína. Nesses animais a relação LF/HF foi de 0,43, a participação de LF foi de
31% enquanto HF participa com 69%. o grupo controle apresentou relação
LF/HF de 0,34, 24% de participação de LF e 76% de HF. Esses resultados não
confirmam os dados obtidos através de manobras farmacológicas, discutidos
anteriormente, como também validam a utilização da análise da variabilidade da
FC no domínio da freqüência como método de avaliação do balanço autonômico
cardíaco em nosso modelo experimental.
Com o intuito de elucidar a participação individual de cada um dos
componentes do sistema nervoso autonômico para o coração nos propusemos a
avaliar o tônus simpático e parassimpático de cada um dos grupos estudados.
Como demonstrado na Figura 11A, a participação simpática sobre a manutenção
da FC basal se mostrou significativamente aumentada nos animais desnutridos
quando comparados aos controles. Além disto, o sistema nervoso parassimpático
dos animais desnutridos se mostrou ineficiente na tentativa de manter os níveis de
FC basais dentro dos limites normais (Figura 11B).
O prejuízo do componente eferente vagal aliado a evidências de aumento
na atividade simpática, aproximam as disfunções autonômicas observadas na
desnutrição, não apenas àquelas apontadas na hipertensão arterial, mas também
ao quadro autonômico encontrado na insuficiência cardíaca. Esta última patologia
leva a uma série de alterações fisiológicas que podem influir diretamente no
estado nutricional. Indivíduos acometidos de insuficiência cardíaca apresentam,
freqüentemente, perda de peso de modo progressivo podendo chegar ao quadro
de caquexia cardíaca (Costa & Silva, 2002). Pertinentemente, nossos resultados
reforçam a importância do cuidado nutricional nessa patologia no intuito de
prevenir efeitos sinérgicos das disfunções autonômicas desencadeadas em ambas
as morbidades, desnutrição e insuficiência cardíaca, uma vez que, apenas
recentemente, foi descrita na literatura a ocorrência de falência cardíaca em
conseqüência de uma desnutrição protéica (Cheema e cols., 2005). Vale lembrar
que a metodologia de desnutrição utilizada por aqueles autores é gestacional e
DISCUSSÃO
37
difere da empregada em nossos trabalhos, especialmente, pela reversibilidade dos
danos promovidos no organismo dos animais. Estudos preliminares do nosso
laboratório vêm demonstrando um prejuízo da função cardíaca nos animais
anestesiados submetidos à desnutrição protéica pós-desmame (Alves e cols.,
2007).
Vários possíveis mecanismos têm sido propostos na tentativa de explicar as
observações aqui relatadas e é válido destacar alguns deles. A desnutrição
durante o período crítico de desenvolvimento pode levar ao desbalanço
autonômico através de alterações morfológicas em várias áreas do sistema
nervoso central (SNC) envolvidas na geração e/ou modulação da atividade
simpática, como o hipotálamo (Plagemann e cols., 2000). Pode-se ainda observar
alterações na liberação de neurotransmissores no SNC (Agarwal e cols., 1981;
Kim e cols., 1994). Belmar e colaboradores demonstraram que a desnutrição
energético-protéica imposta durante a fase de amamentação afeta o mecanismo
através do qual os receptores α-2 regulam a liberação de noradrenalina central,
levando a um aumento da liberação desse neurotransmissor no cérebro. Os
autores justificam esse fato por uma provável alteração, durante o
desenvolvimento, da quantidade e/ou qualidade da população desses adreno-
receptores (Belmar e cols., 1996).
Tomados em conjunto nossos dados revelam que a desnutrição protéica
pós desmame interfere negativamente sobre a homeostase cardiovascular
levando a um aumento da atividade eferente simpática e diminuição da atividade
vagal para o coração.
Sabemos que muito ainda deve ser feito na tentativa de se elucidar os
mecanismos pato-fisiológicos responsáveis pelas alterações acima mencionadas.
Tal conhecimento poderia fornecer informações cruciais que levariam ao
aperfeiçoamento de métodos de tratamento de distúrbios homeostáticos em
pessoas submetidas à desnutrição protéica, além de contribuir com os governos
de países subdesenvolvidos na adoção de políticas de saúde mais adequadas.
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APÊNDICE
45
7 – APÊNDICE
Tabela III - Efeito da restrição protéica sobre o peso corporal dos ratos
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL PESO (g) ANIMAL PESO (g)
1
220
1
88
2
190
2
60
3
180
3
70
4
215
4
80
5
230
5
80
6
200
6
80
7
190
7
77
8
180
8
57
9
204
9
46
10
190
10
60
11
180
11
65
12
195
12
60
13
195
13
65
14
230
14
65
15
190
16
180
MÉDIA
198 ± 4
MÉDIA 68 ± 3*
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
APÊNDICE
46
Tabela IV - Níveis basais de FC e PAM dos grupos controle e desnutrido
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL
FC basal
(bpm)
PAM basal
(mmHg)
FC basal
(bpm)
PAM basal
(mmHg)
1 361
116
382
108
2 357
113
467
98
3 359
119
351
86
4 378
108
500
109
5 378
117
453
98
6 401
112
477
91
7 353
119
454
108
8 379
114
560
136
9 346
114
408
115
10 390
112
428
116
11 348
108
382
116
12 368
109
400
144
13 332
105
459
108
14 390
107
331
122
15 382
114
16 351
122
MÉDIA 357 ± 5 113 ± 1 432 ± 16* 111 ± 4
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
APÊNDICE
47
Tabela V - FC e PAM antes e após bloqueio vagal
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL
FC basal
(bpm)
FC atropina
(bpm)
FC basal
(bpm)
FC atropina
(bpm)
1
361 451 382 354
2
357 419 467 560
3
359 400 351 360
4
378 405 500 549
5
378 513 453 479
6
401 444 477 527
7
353 392
8
379 388
MÉDIA 371 ± 6 427 ± 15* 438 ± 24 472 ± 38
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL
PAM basal
(mmHg)
PAM atropina
(mmHg)
PAM basal
(mmHg)
PAM atropina
(mmHg)
1
116 120 108 104
2
113 114 86 94
3
119 111 109 106
4
108 114 98 98
5
117 124 108 112
6
112 111 136 147
7
119 124
8
114 116
MÉDIA 115 ± 1 117 ± 2 108 ± 7 110 ± 8
* Diferença significativa comparado aos valores anteriores à administração da droga (P<0,05).
APÊNDICE
48
Tabela VI – FC e PAM antes e após bloqueio adrenérgico
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL
FC basal
(bpm)
FC metoprolol
(bpm)
FC basal
(bpm)
FC metoprolol
(bpm)
1
346 368 454 377
2
390 365 560 416
3
348 332 408 319
4
368 352 428 370
5
332 385 382 347
6
390 349 400 366
7
382 398 459 377
8
351 351 331 269
MÉDIA 363 ± 8 363 ± 8 428 ± 24 355 ± 16
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL
PAM basal
(bpm)
PAM metoprolol
(bpm)
PAM basal
(bpm)
PAM metoprolol
(bpm)
1
114 114 115 120
2
112 109 116 98
3
108 120 116 118
4
109 106 144 129
5
105 108 108 100
6
107 107 122 117
7
114 119 98 97
8
122 121 91 92
MÉDIA 111 ± 2 113 ± 2 114 ± 6 109 ± 5
* Diferença significativa comparado aos valores anteriores à administração da droga (P<0,05).
APÊNDICE
49
Tabela VII – FC e PAM dos grupos controle e desnutrido após bloqueio dos braços
simpático e parassimpático
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL
FC após
bloqueio duplo
(bpm)
PAM após
bloqueio duplo
(mmHg)
FC após
bloqueio duplo
(bpm)
PAM após
bloqueio duplo
(mmHg)
1
356
120
265
98
2
383
114
361
97
3
361
106
267
86
4
391
119
425
100
5
449
128
360
95
6
387
108
363
84
7
393
118
389
98
8
364
117
397
142
9
396
111
274
130
10
376
114
367
93
11
393
126
342
116
12
388
103
352
132
13
360
110
348
95
14
375
103
274
116
15
386
115
16
352
119
MÉDIA 382 ± 6 114 ± 2 342 ± 14* 106 ± 5
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
APÊNDICE
50
Tabela VIII – LF e HF basais e a relação LF/HF dos grupos controle e desnutrido
CONTROLE DESNUTRIDO
ANIMAL LF HF LF/HF LF HF LF/HF
1 8,16 20,30 0,40 1,91 5,14 0,37
2 14,50 43,90 0,33 11,50 15,80 0,73
3 7,47 41,70 0,18 2,25 7,05 0,32
4 18,80 38,70 0,49 5,30 10,70 0,50
5 3,85 8,63 0,45 2,34 5,43 0,43
6 6,70 19,70 0,34 5,68 12,20 0,47
7 4,97 13,90 0,36 8,96 19,40 0,46
8 8,16 19,90 0,41 2,76 6,90 0,40
9 13,20 43,40 0,30 4,57 12,00 0,38
10 5,71 19,00 0,30 7,23 12,10 0,60
11 9,32 26,50 0,35 7,17 20,60 0,35
12 13,50 68,10 0,20 2,22 6,39 0,35
13 7,77 21,60 0,36 4,14 9,71 0,43
14 4,43 13,00 0,34 3,29 10,40 0,32
15 3,11 9,58 0,32
16 1,48 6,00 0,25
MÉDIA 8,2 ± 1,2 25,9 ± 4,2
0,34 ± 0,02
5,0 ± 0,8
11,0 ± 1,3
0,43 ± 0,03*
* Diferença significativa comparado ao grupo controle (P<0,05).
PRODUÇÃO CIENTÍFICA
51
8 – Produção Científica
8.1 – Resumos em Congressos
MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; SILVA, Antônio Leite; RODRIGUES,
Fabiana Aparecida; MORAES, Márcio Flávio Dutra; SILVA, Marcelo Eustáquio;
FERNANDES, Luciano Gonçalves; CHIANCA JR, Deoclécio Alves. ANÁLISE
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SOBRE A FREQUÊNCIA CARDÍACA DE RATOS DESNUTRIDOS. In: FESBE,
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RODRIGUES, Fabiana Aparecida; MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; SILVA,
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CHIANCA JR, Deoclécio Alves. RESPOSTA PRESSORA À MICROINJEÇÃO DE
L-GLUTAMATO NO RVLM DE RATOS SUBMETIDOS À DESNUTRIÇÃO
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LOSS, Igor de Oliveira; MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; MOURA JR, Manoel
Ramos; TOSTES, Maria das Graças Vaz; GOMIDE, Joelma Maria Cardoso;
SILVA, Antônio Leite; CARDOSO, Leonardo Máximo; SILVA, Marcelo Eustáquio;
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Antônio Leite; CARDOSO, Leonardo ximo; MOURA JR, Manoel Ramos;
MORAES, Márcio Flávio Dutra; SILVA, Marcelo Eustáquio; PEDROSA, Maria
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SILVA, Antônio Leite; MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; OLIVEIRA, Eduardo
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OLIVEIRA, Eduardo Luiz de; MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; SILVA,
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ARTERIAL MÉDIA E FREQUÊNCIA CARDÍACA APÓS TRATAMENTO AGUDO
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AMARAL, Daniela Almeida; TOSTES, Maria das Graças Vaz; MARTINS, Carlito
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MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; CARDOSO, Leonardo Máximo; OLIVEIRA,
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OLIVEIRA, Eduardo Luiz de; MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; CARDOSO,
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CARDOSO, Leonardo Máximo; MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; CHIANCA
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MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; CARDOSO, Leonardo Máximo; OLIVEIRA,
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INTRÍNSECA DE RATOS SUBMETIDOS A UMA DESNUTRIÇÃO PROTÉICA. In:
VII SIMPÓSIO DE FISIOLOGIA CARDIO VASCULAR, Araraquara - SP. 2003.
MARTINS, Carlito D'angelo Drumond; OLIVEIRA, Eduardo Luiz de; CARDOSO,
Leonardo Máximo;
CHIANCA JR, Deoclécio Alves. AVALIAÇÃO DO ÍNDICE AUTONÔMICO
CARDÍACO DE RATOS SUBMETIDOS À DESNUTRIÇÃO PROTÉICA. In: XI
SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
OURO PRETO, Ouro Preto. 2003
8.2 – Artigos completos publicados em periódicos
LOSS, Igor de Oliveira; FERNANDES, Luciano Gonçalves; MARTINS, Carlito
D'Angelo Drumond; CARDOSO, Leonardo Máximo; SILVA, Marcelo Eustáquio;
SILVA, Valdo José Dias da; MORAES, Márcio Flávio Dutra; CHIANCA JR,
Deoclécio Alves. BAROREFLEX DYSFUNCTION IN RATS SUBMITTED TO
PROTEIN RESTRICTION. Life Sciences, v. 81, n. 11, p. 944-950, 2007.
MARTINS, Carlito D'Angelo Drumond; LOSS, Igor de Oliveira; CARDOSO,
Leonardo Máximo; OLIVEIRA, Eduardo Luiz de; PEDROSA, Maria Lúcia; SILVA,
Marcelo Eustáquio; CHIANCA JR, Deoclécio Alves. SERIA A DESNUTRIÇÃO
PROTÉICA CAUSA DO AUMENTO DO RISCO DE MORTE SÚBITA? Revista da
Pesquisa e Pós-Graduação, v. 4, p. 45-49, 2004.
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