![](bg10.jpg)
15
ISSN 1807-1783
GONÇALVES, Sérgio Campos. O método arqueológico de análise
discursiva: o percurso metodológico de Michel Foulcault.
História e-História.
Campinas/SP: NEE-UNICAMP, v. 1, 4 de fevereiro, p. 1-21, 2009.
____________________________________________________________________________________
inscrevem-se no interior de formações discursivas e em função de
determinados regimes de verdade. Isto é, o discurso obedece a um conjunto
de regras que são dadas historicamente e que reafirmam verdades de um
tempo, pois participam das relações históricas de saber e poder.
35
Ademais, em acordo com sua teoria do discurso, Foucault ensina
que o pesquisador não deve investigar o que supostamente estaria por trás
dos documentos e dos textos, tampouco deveria buscar resgatar aquilo que,
diferente do que se tenha dito, supostamente se queria dizer em outra época
ou cultura; a recomendação de Foucault é que o pesquisador (“arqueólogo”)
descreva as condições de existência do discurso, do enunciado ou do
conjunto de enunciados de determinada época ou cultura.
36
Para a análise das formações discursivas, Foucault observa que o
arqueólogo deve, em primeiro lugar, selecionar os atos discursivos sérios de
um determinado período, para, em segundo lugar, sistematizá-los e
descrevê-los. No entanto, essa metodologia apenas seria possível se
instrumentalizada por alguns “
utensílios conceituais que o arqueólogo usará
para catalogar esse novo domínio
”
37
. Desse modo, Foucault introduz quatro
categorias descritivas para a análise das formações discursivas: os objetos,
35
“Foucault aponta que o estabelecimento do sentido de verdade é fruto de um processo coercitivo e
produtor de efeitos regulamentadores de poder. O sujeito se expressa na ilusão de controlar a origem
de seu discurso, sem que se dê conta de que o determinante dos sentidos desse discurso é a história,
que se manifesta através das diferentes formações discursivas nas quais se inscreve e das quais não
pode se despojar. O próprio sujeito, os sentidos de seus discursos, o dizível e o não dizível são
determinados pelas formações discursivas que operam através de memórias discursivas próprias às
diversas posições desse sujeito, e mostram as relações de poder que se estabelecem para a
determinação da verdade
” (ADINOLFI, Valéria Trigueiro Santos. Discurso científico, poder e
verdade.
Revista Aulas. Dossiê Foucault (orgs. Margareth Rago e Adilton Luís Martins). N. 3,
dezembro 2006 / março 2007, p. 03).
36
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Foucault and analysis of discourse on educational researches.
Cadernos de Pesquisa, 2001, vol., n. 114, ISSN 0100-1574.
37
DREYFUS, Hubert L.; RABINOW, Paul. Michel Foucault, uma trajetória filosófica (além do
estruturalismo e da hermenêutica)
/ Hubert Dreyfus, Paul Rabinow; tradução de Vera Porto Carrero. –
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 68.