125
Num determinado momento [no estágio] a gente tá fazendo aquilo que vê na sala de aula,
tá um pouco repetindo a ação de dar aula, então num determinado momento vai ser um
repeteco, só estudar um assunto pra dar uma aula, pronto, estudei o assunto e dei uma
aula. Mas, no outro lado você aprende que não é só isso porque dependendo de como os
alunos vão sinalizando a aula, vamos vendo que não basta só fazer isso, e aí a gente
começa a perceber que podemos e devemos estudar, que podemos e devemos preparar
uma aula que seja realmente um espaço de debate, de motivação, de participação.
(Selma)
Lá no estágio você já tem a teoria, mas, você vai conhecer a parte da prática e, nessa
prática você observa, como eu observei, as várias práticas, a minha experiência foi boa
porque tive duas professoras como espelho, e você vai tendo a oportunidade de ir
melhorando essa prática.[...] eu aprendi mais, eu aprendi a como ministrar uma aula, no
estagio a contribuição pra mim foi muito grande (para aprender) a me relacionar com a
criança a ter mesmo o planejamento efetivo. (Maria)
E, na prática eu acho que é assim, é procurar saber [sobre] a vida individualmente de cada
aluno, pra depois não ir pecar no diagnóstico, fazer um diagnóstico, vamos dizer assim,
superficial, eu acho que é mais ou menos por aí. [...] Na modalidade EJA, existem alunos,
que eu pude observar e conviver, que tinha capacidades diferentes, uns eram mais
avançados que os outros, uns tinham a escrita mais desenvolvida que outros e, eu tive que
fazer um diagnóstico prévio, convivendo com eles eu pude perceber isso, e assim um
acompanhamento uma interação maior com eles, individualmente, exatamente porque
eles apresentam dificuldade de aprendizagem diferentes no currículo diferente, então eu
tive que fazer um acompanhamento individual, um acompanhamento maior dependendo
da necessidade de cada um, e assim, eu acho que é por ai, o professor precisa saber
exatamente, ter essa noção de interação maior com o alunos. (Antonio)
A ênfase das narrativas de Selma, Maria e Antonio, é dada à questão do saber que
os professores desenvolvem na relação com os alunos de tal modo que, essa relação se
constitua de forma interativa, considerando as necessidades de aprendizagem dos alunos, para
o que os professores necessitam planejar e desenvolver atividades de ensino que envolvam a
participação efetiva desses.
Consideramos relevante, também, o reconhecimento manifestado pelas
interlocutoras Selma e Maria em relação ao fato de que, no processo de aprendizagem docente
a observação da prática dos professores experientes pode lançar luzes sobre a reflexão que o
estagiário desenvolve em relação ao tipo de professor que deseja ser. Ou seja, a observação da
prática dos professores experientes traz contribuições importantes para o referencial de prática
docente, reconhecida pelos futuros professores como boa, como necessária e que,
efetivamente, querem assumir, quando docentes em exercício. Importa-nos ressaltar, no
entanto, em consonância com Pimenta e Lima (2004) que, a prática dos professores
experientes não deva ser tomada como modelo pronto a ser aprendido e seguido pelos futuros