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PONTIF
´
ICIA UNIVERSIDADE CAT
´
OLICA DE S
˜
AO PAULO
PUC-SP
Amaury de Souza Amaral
AVALIAC¸
˜
AO DE EMPRESAS EM CONDIC¸
˜
AO DE INCERTEZA
MESTRADO EM CI
ˆ
ENCIAS CONT
´
ABEIS
S
˜
ao Paulo
2008
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PONTIF
´
ICIA UNIVERSIDADE CAT
´
OLICA DE S
˜
AO PAULO
PUC-SP
Amaury de Souza Amaral
AVALIAC¸
˜
AO DE EMPRESAS EM CONDIC¸
˜
AO DE INCERTEZA
Dissertac¸
˜
ao apresentada
`
a Banca Exami-
nadora da Pontif´ıcia Universidade Cat
´
olica
de S
˜
ao Paulo, como requisito parcial para
obtenc¸
˜
ao do t´ıtulo de Mestre em Contabili-
dade e Financ¸as.
Orientador: Prof. Dr. S
´
ERGIO DE IUD
´
ICIBUS
S
˜
ao Paulo
2008
ads:
BANCA EXAMINADORA
Autorizo, exclusivamente para fins acad
ˆ
emicos e cient´ıficos, a reproduc¸
˜
ao total ou parcial
desta dissertac¸
˜
ao por processos de fotocopiadora ou eletr
ˆ
onicos.
, , / /
DEDICAT
´
ORIA
Dedico este trabalho
`
a minha fam´ılia,
base de tudo,pelo permanente apoio.
Agradecimentos
Agradec¸o
`
a Banca na pessoa dos Professores Doutores S
´
ergio de Iud´ıcibus, Edmundo
´
Eboli Bonini e Neusa Maria Bastos Fernandes Santos.
Agradec¸o
`
a turma do mestrado da PUC de S
˜
ao Paulo, que cursaram comigo nestes
anos, em especial ao amigo Lorivaldo Lopes da Silva pelas suas considerac¸
˜
oes.
Agradec¸o tamb
´
em aos professores Edison Castilho, Vladimir Belitsky, Roberto Henrique
Schonmann, Humberto de Menezes Franc¸a e, ainda, aos colaboradores Rodrigo de Paula,
Lacir Favorito, Antonio Caio Barbosa e Walter Vicente Fernandes.
E, sobretudo, um agradecimento especial ao Professor Doutor S
´
ergio de Iud´ıcibus, pela
orientac¸
˜
ao e paci
ˆ
encia dedicadas
`
a realizac¸
˜
ao deste trabalho, sem as quais o resultado
obtido nunca seria alcanc¸ado.
Resumo
Este trabalho apresenta as diversas formas de avaliac¸
˜
ao de empresas em diferentes abor-
dagens, dentre elas os modelos baseados em fluxos de caixa livre descontados, mode-
los baseados no EVA at
´
e chegar a teorias mais recentes como a teoria de precificac¸
˜
ao de
opc¸
˜
oes aplicadas
`
a avaliac¸
˜
ao de patrim
ˆ
onio l´ıquido.
Acredita-se ser esta
´
ultima teoria a que mais se aproxima e melhor quantifica o valor de
uma entidade. Parte-se da premissa de que o valor da empresa pode ser obtido pelo valor
de mercado da d´ıvida e do patrim
ˆ
onio l´ıquido que acumuladamente podem ser negociados.
O trabalho tamb
´
em apresenta modelos desenvolvidos por Arzac (2005), que versam
sobre avaliac¸
˜
ao de empreendimentos com formulac¸
˜
ao em tempo cont´ınuo, em que a receita
´
e tratada como o ativo subjacente da teoria das opc¸
˜
oes que possibilita a construc¸
˜
ao de uma
carteira replicante (com a mesma l
´
ogica do modelo de Black-Scholes). A receita apresenta
um comportamento aleat
´
orio representado por um movimento browniano, que fornece uma
representac¸
˜
ao razo
´
avel do comportamento da receita. Al
´
em disso,
´
e avaliado o melhor
momento de entrada em um neg
´
ocio, estabelecendo-se qual o valor da receita a partir da
qual
´
e seguro a realizac¸
˜
ao do investimento. Em seguida,
´
e determinado o valor da entidade
considerando-se a possibilidade de entrar em um neg
´
ocio e sair dele, caso o desempenho da
receita n
˜
ao seja satisfat
´
orio, incluindo-se ainda a possibilidade de re-entrada. E finalmente
a avaliac¸
˜
ao de empresas com possibilidade de expans
˜
ao atrav
´
es de novos investimentos.
Dessa forma,
´
e proposta uma nova abordagem de avaliac¸
˜
ao de empreendimentos em
condic¸
˜
oes de incerteza, inspirada nas teorias de minimizac¸
˜
ao de risco propostas por Bou-
chaud e Potters (2003), em que as avaliac¸
˜
oes das trajet
´
orias das receitas ir
˜
ao influenciar
diretamente as opc¸
˜
oes de entrada em um empreendimento.
O estudo, que utiliza a abordagem matem
´
atica de Arzac (formulac¸
˜
ao em tempo cont´ınuo,
construc¸
˜
ao de carteiras replicantes, etc.), prop
˜
oe uma medida de risco menos intuitiva ba-
seada no comportamento do passado recente, transformando o processo aleat
´
orio do valor
da receita da empresa (ativo de risco) em um processo que se baseie em tend
ˆ
encias futuras
de valores desta receita de forma probabil´ıstica e dependentes de uma trajet
´
oria.
Palavras chave: avaliac¸
˜
ao de empresas, incertezas, minimizac¸
˜
ao de riscos, opc¸
˜
oes reais,
processos estoc
´
asticos.
Abstract
In this work, one presents different enterprise valuation models and approaches, like the
discounted free cash flow, the EVA model and all the way up to more recent option pricing
theory of applied equity capital valuation.
This last theory (options pricing theory) is believed to be the best theory that better qual-
ifies the value of an enterprise. It is based on the premises that the enterprise value can be
based on the debt market value and the equity capital where the accumulated amounts can
be negotiated.
This project presents models developed by Arzac (2005) about enterprise valuation
in continuous -time formulation, regarding the revenue as an underlying asset of the option
theory, where a hedged portfolio is built (with the same logic as the Black-Scholes model).
The revenue presents stochastic behavior, represented by a brownian motion, providing rea-
sonable representation of the revenues behavior. Furthermore, the best moment to enter in
a firm is evaluated, establishing the revenue value that makes safe realize an investment.
After that, the enterprise value is determined in that case that the possibility to enter and exit
the firm is considered when the revenue is not satisfactory. The possibility of re-entering the
firm is also possible. At last, is presented the enterprise valuation with expansion possibility
through new investments.
Thus, a new approach to valuation of companies in uncertainty conditions is proposed,
based on risk minimization theory of Bouchaud & Potters (2003), in that the revenue trajectory
will directly influence the enterprise entry options.
The study, that uses Arzac's mathematical approach (continuous-time formulation, build-
ing of riskless portfolio, etc.), proposes a less intuitive risk measurement based on recent
past behavior, transforming the random process of the revenue (risk asset) in a process
based on future tendencies of revenue in a probabilistic way and trajectory dependents.
Key words: valuation, uncertainty, risk minimization, real options, stochastic processes.
Sum
´
ario
Lista de tabelas 13
Lista de gr
´
aficos 13
Nomenclatura 14
1 Avaliac¸
˜
ao de investimentos com grau de incerteza 20
1.1 Introduc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2 Definic¸
˜
ao do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.3 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.4 Justificativa do tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.5 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.5.1 Procedimentos metodol
´
ogicos da pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . 24
2 Valuation - m
´
etodos de precificac¸
˜
ao de empresas 26
2.1 Introduc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2 Precificac¸
˜
ao de ac¸
˜
oes e o princ
´
ipio fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3 Interpretac¸
˜
ao econ
ˆ
omica do princ
´
ipio fundamental . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 Interpretac¸
˜
oes alternativas do princ
´
ipio fundamental . . . . . . . . . . . . . . 30
2.4.1 Abordagem por oportunidade de investimentos . . . . . . . . . . . . . 30
2.4.2 Fluxos de caixa descontados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.4.3 Pagamento de dividendos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.5 Equival
ˆ
encia matem
´
atica entre as teorias alternativas de avaliac¸
˜
ao . . . . . . 31
2.5.1 A abordagem por oportunidades de investimento . . . . . . . . . . . . 31
2.5.2 Equival
ˆ
encia matem
´
atica para a abordagem de lucros . . . . . . . . . 33
2.5.3 Abordagem pelo pagamento de dividendos . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.5.4 Abordagem pelo fluxo de caixa descontado . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.6 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3 M
´
etodos de determinac¸
˜
ao do valor de uma empresa alinhados ao princ
´
ipio
fundamental 36
3.1 Introduc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
9
3.2 O fluxo de caixa livre (FCL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3 Taxa de desconto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.4 Definic¸
˜
ao do CMePC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.5 Determinando o valor de uma empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.6 Abordagem por fluxo de caixa descontado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.6.1 Modelos de avaliac¸
˜
ao pela abordagem do fluxo de caixa livre . . . . . 42
3.7 Casos particulares na abordagem por fluxo de caixa descontado . . . . . . . 48
3.7.1 Empresas c
´
iclicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.7.2 Empresas em dificuldades financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.8 Modelo do valor presente dos dividendos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.8.1 Modelo de dividendos em dois est
´
agios . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.8.2 O modelo H para a avaliac¸
˜
ao do crescimento . . . . . . . . . . . . . . 51
3.8.3 Modelo de desconto de dividendos (MDD) em tr
ˆ
es est
´
agios . . . . . . 53
3.9 Modelo baseado no P /L (
´
indice Prec¸o/Lucro) de ac¸
˜
oes similares . . . . . . . 54
3.10 Metodologia do valor presente ajustado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.11 Valor de uma empresa em termos de goodwill . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.12 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4 M
´
etodos de determinac¸
˜
ao do valor de uma empresa n
˜
ao associados ao princ
´
ipio
fundamental 59
4.1 Introduc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.2 Modelo de avaliac¸
˜
ao cont
´
abil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.3 Modelo de avaliac¸
˜
ao patrimonial pelo mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.4 Modelo de capitalizac¸
˜
ao de lucros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.5 Modelo dos m
´
ultiplos de faturamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.6 Modelo dos m
´
ultiplos de fluxo de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.7 Modelos baseados no EVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.8 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5 Teoria de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes aplicadas
`
a avaliac¸
˜
ao de patrim
ˆ
onio l
´
iquido 65
5.1 Introduc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.2 Definindo uma opc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.2.1 Opc¸
˜
oes de compra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.2.2 Opc¸
˜
oes de venda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.3 Determinantes do valor de uma opc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.4 Modelos de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.4.1 Modelo binomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.4.2 Modelo de Black e Scholes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.5 Aplicac¸
˜
ao da teoria de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes ao patrim
ˆ
onio l
´
iquido . . . . . 71
5.5.1 Cuidados a serem tomados na aplicac¸
˜
ao de modelos de precificac¸
˜
ao
de opc¸
˜
oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.5.2 Avaliando o patrim
ˆ
onio l
´
iquido como opc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.5.3 Implicac¸
˜
oes em focalizar o patrim
ˆ
onio L
´
iquido como opc¸
˜
ao de compra 74
5.6 Obtendo dados de entrada para precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes; alguns problemas
do mundo real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.6.1 Aplicabilidade em avaliac¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.7 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6 Processos estoc
´
asticos 78
6.1 Introduc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6.2 Express
˜
ao anal
´
itica de um processo estoc
´
astico . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.3 Exemplos de processos estoc
´
asticos definidos por equac¸
˜
oes . . . . . . . . . 80
6.4 Processo de Markov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
6.5 Processo de Wiener . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
6.5.1 Propriedades do processo de Wiener . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
6.6 Movimento Browniano aritm
´
etico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.6.1 Propriedades do Movimento Browniano Aritm
´
etico . . . . . . . . . . . 83
6.6.2 Intervalos de confianc¸a para o Movimento Browniano Aritm
´
etico . . . 84
6.7 Movimento Browniano Geom
´
etrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6.8 Integrais estoc
´
asticas e processos de difus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6.9 Apresentac¸
˜
ao do Lema de Ito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
6.9.1 Aplicac¸
˜
ao do Lema de Ito ao estudo do Movimento Browniano Geo-
m
´
etrico (MBG) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
6.9.2 Intervalos de confianc¸a do Movimento Browniano Geom
´
etrico . . . . 87
6.10 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
7 Opc¸
˜
oes de entrada e sa
´
ida 89
7.1 Introduc¸
˜
ao: a busca de maximizac¸
˜
ao de lucros em longo prazo . . . . . . . . 89
7.2 Modelo de tempo cont
´
inuo para fluxo de caixa livre . . . . . . . . . . . . . . . 91
7.3 Formulac¸
˜
ao de avaliac¸
˜
ao de empresas em tempo cont
´
inuo . . . . . . . . . . 94
7.4 Avaliac¸
˜
ao de um empreendimento em tempo cont
´
inuo . . . . . . . . . . . . . 94
7.5 Avaliac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
7.6 Opc¸
˜
oes de entrada e sa
´
ida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
7.7 Avaliando investimentos iniciais a opc¸
˜
oes de crescimento . . . . . . . . . . . 99
7.8 Avaliando investimentos iniciais e opc¸
˜
oes de expans
˜
ao . . . . . . . . . . . . 100
7.9 Deduzindo custos incertos em investimentos iniciais . . . . . . . . . . . . . . 104
7.10 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
8 A escolha racional versus motivac¸
˜
oes de ingresso em neg
´
ocios (um processo
de julgamento individual) 107
8.1 Os objetivos de longo prazo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
8.2 O desenvolvimento da empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
8.3 O desempenho hist
´
orico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
8.4 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
9 Avaliac¸
˜
ao de empreendimentos em condic¸
˜
ao de incerteza 114
9.1 Introduc¸
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
9.2 Avaliac¸
˜
ao de riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
9.2.1 Balanc¸o financeiro geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
9.2.2 Balanc¸o financeiro geral de opc¸
˜
oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
9.2.3 Ancoragem est
´
atica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
9.3 An
´
alise de risco na antecipac¸
˜
ao de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
9.3.1 Condic¸
˜
oes para aplicac¸
˜
ao da ancoragem est
´
atica na avaliac¸
˜
ao de ris-
cos em antecipac¸
˜
ao de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
9.3.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
9.3.3 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
9.4 Avaliac¸
˜
ao de empreendimentos em condic¸
˜
ao de incerteza . . . . . . . . . . . 127
9.5 C
´
alculo do valor de uma opc¸
˜
ao real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
9.6 Generalizac¸
˜
ao de avaliac¸
˜
ao de empreendimentos em condic¸
˜
ao de incerteza 131
9.7 Conclus
˜
ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Conclus
˜
ao 133
Ap
ˆ
endice 134
A.1 Lema de Ito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
A.2 Avaliac¸
˜
ao de uma empresa em marcha em tempo cont
´
inuo . . . . . . . . . . 134
A.3 Avaliac¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
A.4 Opc¸
˜
oes de entrada e sa
´
ida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
A.5 Avaliac¸
˜
ao do investimento inicial e opc¸
˜
ao de expans
˜
ao . . . . . . . . . . . . 139
A.6 Opc¸
˜
ao de investimento inicial e custos incertos . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
A.7 Ancoragem est
´
atica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
A.8 Valor da empresa em condic¸
˜
ao de incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
A.9 Func¸
˜
ao erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Refer
ˆ
encias 146
Lista de tabelas
Tabela 1 Comparac¸
˜
ao entre valor das ac¸
˜
oes e valor da empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Tabela 2 Exemplo de valores e par
ˆ
ametros de uma empresa em func¸
˜
ao do n´ıvel de endi-
vidamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Tabela 3 Modelo de avaliac¸
˜
ao patrimonial pelo mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Tabela 4 Exemplo para aplicac¸
˜
ao do modelo dos m
´
ultiplos de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Tabela 5 Resultado do exemplo do modelo dos m
´
ultiplos de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62
Tabela 6 Exemplo de valores cr´ıticos de receita para a realizac¸
˜
ao de investimentos re-
manescentes: caso 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Tabela 7 Exemplo de valores cr´ıticos de receita para a realizac¸
˜
ao de investimentos re-
manescentes: caso 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Tabela 8 Exemplo de valores cr´ıticos de receita para a realizac¸
˜
ao de investimentos re-
manescentes: caso 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Tabela 9 Exemplo de receitas m
ˆ
es a m
ˆ
es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Tabela 10 Exemplo do c
´
alculo de vari
ˆ
ancia m
ˆ
es a m
ˆ
es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .124
Tabela 11 Exemplo do c
´
alculo de φ
i
m
ˆ
es a m
ˆ
es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .125
Tabela 12 Exemplo da evoluc¸
˜
ao da vari
ˆ
ancia de φ
i
m
ˆ
es a m
ˆ
es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Tabela 13 Valores da func¸
˜
ao erro (erf x) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Lista de gr
´
aficos
Gr
´
afico 1 Exemplo do valor de uma empresa e de seu CMePC em func¸
˜
ao do n´ıvel de
endividamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Gr
´
afico 2 Modelo H de desconto de dividendos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Gr
´
afico 3 Modelo de desconto de dividendos em tr
ˆ
es est
´
agios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Gr
´
afico 4 Diagrama de retorno de uma opc¸
˜
ao de compra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Gr
´
afico 5 Diagrama de pagamento da opc¸
˜
ao de venda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Gr
´
afico 6 Modelo binomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Gr
´
afico 7 Diagrama do retorno l´ıquido sobre patrim
ˆ
onio l´ıquido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Gr
´
afico 8 Exemplo da evoluc¸
˜
ao de φ
i
ao longo do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Gr
´
afico 9 Exemplo da evoluc¸
˜
ao da vari
ˆ
ancia de φ
i
ao longo do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Nomenclatura
Cap´ıtulo 1
V (R) - Valor da empresa em func¸
˜
ao da receita presente
I - Investimento para aquisic¸
˜
ao da empresa
F (R) - Valor da opc¸
˜
ao de entrada
V P L - Valor presente l´ıquido da empresa
φ
- quantidade de ac¸
˜
oes (em porcentagem) utilizadas para ancoragem (hedge)
x
s
- prec¸o de exerc´ıcio da ac¸
˜
ao x
x
0
- prec¸o da ac¸
˜
ao x em t = 0
P (x, N |x
0
, 0) - Probabilidade de x em t = N τ a partir do instante t = 0
N - instante de maturidade da opc¸
˜
ao de compra
τ - intervalo de tempo m´ınimo (dias, horas, etc...)
R - Receita
R
I
- Receita m´ınima para realizac¸
˜
ao do investimento
R
N
- Receita no instante t = N τ
P (R, N|R
0
, 0) - Probabilidade da receita R em t = N τ a partir de R
0
no instante t = 0
Cap´ıtulo 2
P
t
= prec¸o da ac¸
˜
ao no in´ıcio do ano t
N
t
= n
´
umero de ac¸
˜
oes dispon´ıveis no in´ıcio do ano t
ΔN
t
= N
t+1
N
t
= mudanc¸a no n
´
umero de ac¸
˜
oes dispon´ıveis durante o ano t; todas as
novas aquisic¸
˜
oes (ou retenc¸
˜
oes) s
˜
ao assumidas ocorridas no final do ano t, a um prec¸o
P
t+1
V
t
= N
t
P
t
= valor total das ac¸
˜
oes dispon´ıveis no in´ıcio do ano t
D
t
= dividendos pagos por ac¸
˜
ao para o ano t, pag
´
aveis ao final do ano
D
t
= N
t
D
t
= total de dividendos para o ano t, pagos ao final do ano
k = taxa de retorno requisitado pelos investidores, ou custo de eq
¨
uidade de capital para a
firma
I
t
= variac¸
˜
ao do montante total de recursos durante o ano t, ou investimento l´ıquido durante
o ano t;
´
e assumido que todas as mudanc¸as ocorrem no final do ano t
E
t
= Lucros l´ıquidos durante o ano t, assumindo que todos os lucros s
˜
ao recebidos no final
do ano t
I
t
= I
t
/N
t
= investimento l´ıquido por ac¸
˜
ao durante o ano t
k = taxa de retorno de todas as ac¸
˜
oes
V
t
= valor total de mercado das ac¸
˜
oes no in´ıcio do ano t
V
t+1
= valor total de mercado das ac¸
˜
oes no in´ıcio do ano t + 1
b = frac¸
˜
ao do lucro investida a cada ano
r = taxa de retorno do investimento de b, a cada ano
Cap´ıtulo 3
FCL = Fluxo de caixa livre
(EBIT) = Lucro antes dos juros e tributos sobre o lucro
(EBITIDA) = Lucro antes dos juros, tributos sobre os lucros, depreciac¸
˜
ao, amortizac¸
˜
ao e
exaust
˜
ao
FCFE - Fluxo de caixa livre para o acionista
CMePC - Custo m
´
edio ponderado de capital
k
e
- custo do capital pr
´
oprio: representa o risco de um investimento em ac¸
˜
oes na empresa.
Pode ser calculado pelos modelos padr
˜
ao de risco e retorno, que convertem a medida
de risco em um retorno esperado
k
d
- custo da d´ıvida: reflete o risco de n
˜
ao pagamento da empresa e a vantagem em impos-
tos associada
`
a d´ıvida
k
P S
- custo das ac¸
˜
oes preferenciais: refere-se ao dividendo principal e
`
a aus
ˆ
encia de de-
dutibilidade de impostos;
CP - valor de mercado do capital pr
´
oprio
MD - valor de mercado da d´ıvida
P S - valor de mercado das ac¸
˜
oes preferenciais
FCP
t
= Fluxo de caixa capital pr
´
oprio esperado para o per´ıodo t
FCL
t
= Fluxo de caixa livre do
´
ultimo de projec¸
˜
ao
k = custo do capital pr
´
oprio;
g = taxa de crescimento perp
´
etua
β
u
= beta n
˜
ao alavancado para a empresa
β
atual
= beta do patrim
ˆ
onio atual da empresa
τ = percentual de impostos da empresa
MD/CP = coeficiente atual de endividamento/patrim
ˆ
onio (em termos de valor de mercado)
β
alavancado
= beta patrimonial em vista da nova alavancagem
k
e
= custo do patrim
ˆ
onio
CP (r
m
) = retorno esperado com base no ´ındice de mercado
r
f
= taxa atual livre de risco
k
u
= custo n
˜
ao alavancado do capital social
k
b
= custo do endividamento
T = al´ıquota tribut
´
aria marginal sobre as despesas com juros
B = valor de mercado do endividamento
S = valor de mercado do capital social
j = taxa desejada de retorno
G = valor presente do goodwill
Cap´ıtulo 4
EVA = valor econ
ˆ
omico adicionado (Economic Value Added)
Nopat = resultado operacional l´ıquido depois dos impostos (Net Operating Profit After Taxes)
C% = custo percentual do capital total (pr
´
oprio e de terceiros)
TC = capital total investido
Cap´ıtulo 5
S - prec¸o da ac¸
˜
ao na maturidade da opc¸
˜
ao
K - prec¸o de exerc´ıcio da opc¸
˜
ao de compra
S
u
- prec¸o superior da ac¸
˜
ao no instante seguinte
S
d
- prec¸o inferior da ac¸
˜
ao no instante seguinte
C
u
- valor da opc¸
˜
ao de compra se o prec¸o da ac¸
˜
ao for S
u
C
d
- valor da opc¸
˜
ao de compra se o prec¸o da c¸
˜
ao for S
d
Δ - n
´
umero de unidades do ativo subjacente adquiridas
t = vida remanescente at
´
e a vida da opc¸
˜
ao
r
f
= taxa de juros livre de risco correspondente
`
a vida da opc¸
˜
ao
σ
2
= vari
ˆ
ancia do logaritmo neperiano (ln) do valor do ativo subjacente
N(d
1
), N(d
2
) = estimativas das func¸
˜
oes cumulativas da distribuic¸
˜
ao normal
V = valor da empresa
D = valor de face da d´ıvida pendente
Cap´ıtulo 6
x
t
- valor esperado da vari
´
avel aleat
´
oria x no instante t
ɛ
t
- multiplicador aleat
´
orio de que segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidades
N(0, 1) - distribuic¸
˜
ao normal de probabilidades com m
´
edia 0 e vari
ˆ
ancia igual a 1
µ - multiplicador a cada intervalo Δt da vari
´
avel x aleat
´
oria que fornece o valor esperado de
x
Δz - Processo de Wiener (Δz = ɛ
t
Δt)
σ - Desvio-padr
˜
ao da vari
´
avel aleat
´
oria
Ex) - Valor esperado da variac¸
˜
ao Δx
T - Instante de tempo t = T a partir de t = 0
Cap´ıtulo 7
Y - Fluxo de caixa livre
R - Receita
τ - taxa de imposto da empresa
r
f
- taxa de risco zero em tempo cont´ınuo
r
d
- taxa de endividamento da empresa
k - custo do patrim
ˆ
onio l´ıquido da empresa
ω - custo m
´
edio ponderado de capital (CMePC) em tempo cont´ınuo.
a - custo fixo
b - margem de lucro
α - taxa de crescimento esperada da receita
σ - desvio-padr
˜
ao da receita
V (R) - Valor de uma empresa em func¸
˜
ao de sua receita
a
ce
- fluxo de caixa livre esperado de risco omitido que tem o mesmo valor de a.
g - taxa de crescimento em tempo discreto
k
d
- custo real de d
´
ebito em tempo discreto
I - custo de aquisic¸
˜
ao ou investimento
F (R) - valor da opc¸
˜
ao de entrada
R
H
- Receita ideal de entrada no neg
´
ocio
R
L
- Receita limite de sa´ıda
ˆ
E - custos de sa´ıda da empresa
K - Investimento
ν - par
ˆ
ametro da equac¸
˜
ao (7.18) fornecido pela equac¸
˜
ao (7.19)
Cap´ıtulo 9
T - instante futuro.
τ - intervalo de tempo m´ınimo (dia, hora, etc...)
N - n
´
umero natural que identifica a data final do contrato futuro
F - prec¸o do contrato futuro
x(T ) - valor da ac¸
˜
ao no instante t = T
ΔW
F
- balanc¸o de ganhos do contrato futuro.
F
B
- prec¸o do contrato futuro de Bachelier
P (x, N |x
0
, 0) - probabilidade do valor de x em T quando em t = 0, x = x
0
r - taxa de juros livre de risco por unidade de tempo
φ - quantidade de ativos para ancoragem (hedge)
W
n
- riqueza no instante n
B
u
- capital aplicado livre de risco no instante n
ρ - taxa de juros livre de risco (ρ = rτ )
C - pr
ˆ
emio pago pelo contrato futuro (C = F )
R
2
- desvio quadrado m
´
edio do ganho do contrato futuro (vari
ˆ
ancia)
D - vari
ˆ
ancia de x por unidade de tempo
VPL - valor presente l´ıquido
R
i
- valor da receita no instante i
r
f
- taxa de risco zero em tempo cont´ınuo
r
d
- taxa de endividamento da empresa
ω - custo m
´
edio ponderado de capital (CMePC) em tempo cont´ınuo
Y - fluxo de caixa livre
a - custo fixo
b - margem de lucro
α - taxa de crescimento esperada da receita
σ - desvio-padr
˜
ao da receita (volatilidade)
erf x - func¸
˜
ao erro de x
p - prec¸o do petr
´
oleo (vari
´
avel cont´ınua e estoc
´
astica)
q -
´
oleo retirado a fluxo constante
K - quantidade de
´
oleo do poc¸o de petr
´
oleo
σ
K
- desvio padr
˜
ao da quantidade de
´
oleo no poc¸o
σ
T
- desvio-padr
˜
ao do tempo de explorac¸
˜
ao do poc¸o.
P (T ) - distribuic¸
˜
ao de probabilidades do tempo T de exaust
˜
ao do poc¸o
T - tempo m
´
edio esperado de exaust
˜
ao do poc¸o
I - Investimento para a exaust
˜
ao do poc¸o de
´
oleo
P
T
- prec¸o do barril de
´
oleo no mercado futuro no instante T
P
S
- prec¸o de exerc´ıcio da opc¸
˜
ao de compra do barril de
´
oleo no mercado futuro
K - valor esperado da quantidade total de
´
oleo do poc¸o
C
1
(P
S
) - custo da opc¸
˜
ao de compra de 1 barril de
´
oleo no mercado futuro com prec¸o de
exerc´ıcio P
S
R
MF
- retorno no intante T de maturac¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de compra do barril no mercado futuro
R
OR
- retorno da opc¸
˜
ao de compra do poc¸o de petr
´
oleo em T
λ - prec¸o de risco estipulado pelo mercado
V (p) - valor do empreendimento em func¸
˜
ao do prec¸o do barril de petr
´
oleo
V
M
(p) - valor do empreendimento visto pelo mercado
CAP
´
ITULO 1
AVALIAC¸
˜
AO DE INVESTIMENTOS COM GRAU DE
INCERTEZA
1.1 Introduc¸
˜
ao
Incertezas est
˜
ao relacionadas
`
a confianc¸a do empres
´
ario em suas expectativas e estimati-
vas. J
´
a o risco se refere ao resultado de uma ac¸
˜
ao e as poss´ıveis perdas derivadas desta
ac¸
˜
ao.
Quando ocorrem trocas de ativos, a ac¸
˜
ao destes riscos acontecem e as projec¸
˜
oes, os
empres
´
arios e investidores n
˜
ao sabem qu
˜
ao pr
´
oximo a entidade possa estar de uma linha
entre continuidade e descontinuidade, uma vez que o mercado, o seu produto e adminis-
tradores podem influenciar a continuidade da mesma. Al
´
em disto, os ativos trocados no
futuro, n
˜
ao necessariamente apresentar
˜
ao os mesmos benef´ıcios gerados no seu passado,
proporcionando ao investidor esta incerteza quanto
`
a realizac¸
˜
ao empreendimento.
Para avaliar uma empresa, independente do motivo da avaliac¸
˜
ao
´
e necess
´
ario definir e
determinar um valor de cada bem e principalmente o `goodwill'. Este `goodwill' pode ser
determinado de v
´
arias maneiras como veremos no decorrer deste trabalho. Define-se neste
trabalho o investidor como um observador capaz de fornecer e evidenciar um valor de uma
entidade em continuidade e descontinuidade.
Conceitualmente sabe-se que o chamado `lucro' transforma-se em caixa positivo em al-
gum momento, ainda que haja fatores de ordem econ
ˆ
omica afetando este `lucro'. O lucro
est
´
a intrinsecamente ligado
`
a gerac¸
˜
ao de neg
´
ocios vinculados ao conhecimento da empresa.
Portanto, definir o valor da empresa
´
e definir sua capacidade de gerac¸
˜
ao de `neg
´
ocio', in-
dependentemente do lucro imediato.
20
21
Os empres
´
arios, por trabalharem em seus balanc¸os cont
´
abeis com o princ´ıpio do custo
como base de valor, precisam avaliar o valor real da entidade de tempos em tempos. De-
corre tal fato, no dizer do professor Iud´ıcibus (Iud´ıcibus, 2004):
``... a avaliac¸
˜
ao conservadora, baseada no custo original, falha, nos demonstrativos financeiros,
como elementos preditivos de tend
ˆ
encias futuras para os usu
´
arios externos.''. (Iud´ıcibus)
Segundo Dixit e Pindyck (1994) a decis
˜
ao de se realizar ou n
˜
ao um investimento
em qualquer empreendimento considera duas caracter´ısticas importantes: (1
o
) a irre-
versibilidade, ou seja, o fato de que o investimento
´
e um custo afundado, de modo que o
investidor n
˜
ao consegue recuper
´
a-lo totalmente em caso de arrependimento (na maioria dos
casos); (2
o
) a possibilidade de adiamento da decis
˜
ao de investir.
Tais caracter´ısticas, juntamente com a incerteza sobre o futuro, fazem com que a opor-
tunidade de investimento seja an
´
aloga a uma opc¸
˜
ao financeira. Na presenc¸a de incerteza,
uma firma, com uma oportunidade de investimento irrevers´ıvel, carrega uma opc¸
˜
ao, ou seja,
tem o direito - mas n
˜
ao a obrigac¸
˜
ao - de comprar um ativo (o projeto) no futuro, a um prec¸o
de exerc´ıcio (o investimento). Quando a empresa aplica, exerce esta opc¸
˜
ao de investir. Este
valor pode ser bastante elevado, e regras de investimentos que o ignoram, como VPL e TIR,
podem conduzir a erros significativos.
A possibilidade de adiamento do investimento em muitos casos
´
e fact´ıvel. Os benef´ıcios
de se esperar novas informac¸
˜
oes para subsidiar a decis
˜
ao de investir podem ser grandes o
suficiente para justificar adiamentos. Mas nem sempre isso
´
e poss´ıvel. Considerac¸
˜
oes es-
trat
´
egicas podem forc¸ar os investidores a antecipar investimentos para inibir o crescimento
dos competidores efetivos ou a entrada de competidores potenciais na ind
´
ustria. S
˜
ao estes
casos de impossibilidade de adiamento em condic¸
˜
oes de incerteza que este trabalho pre-
tende focar.
Quando em um investimento n
˜
ao existir a opc¸
˜
ao de se adiar a entrada, a decis
˜
ao de
investir ser
´
a positiva se o valor presente V (R) do empreendimento exceder os custos de
aquisic¸
˜
ao e/ou investimento. Este n
˜
ao ser
´
a necessariamente o caso quando for poss´ıvel o
adiamento da decis
˜
ao.
Arzac (2005) prop
˜
oe uma abordagem matem
´
atica para o c
´
alculo do valor da opc¸
˜
ao de
entrada. Nesta abordagem, o valor de um empreendimento
´
e calculado pelo processo de
Ito, em func¸
˜
ao de sua receita gerada, descrita por um movimento geom
´
etrico browniano ao
22
longo do tempo.
A decis
˜
ao de adiar ou iniciar imediatamente o empreendimento
´
e feita da seguinte forma:
considere o custo de aquisic¸
˜
ao de um empreendimento como sendo $I e seu valor presente
como sendo V (R). O m
´
etodo de an
´
alise do Valor Presente L´ıquido diz que o empreendi-
mento deve ser iniciado se V (R) > I.
Como a receita descreve um processo aleat
´
orio,
´
e poss´ıvel que no futuro o valor V (R)
caia, de forma que o VPL em um dado instante passa a ser negativo. Neste caso, o melhor
´
e aguardar que a receita atinja um valor R
h
tal que este risco seja minimizado. O valor de R
h
´
e calculado atrav
´
es do valor da opc¸
˜
ao de entrada F (R). De acordo com a teoria, a entrada
no empreendimento
´
e ideal quando V (R) > I + F (R). Ent
˜
ao R
h
ser
´
a o valor em que V (R
h
)
´
e igual a I +F (R). Os m
´
etodos de c
´
alculo de V (R) e F (R) s
˜
ao mostrados em Arzac (2005).
Desta forma, se o valor presente V (R) for menor que I + F (R), a teoria diz que o melhor
´
e adiar a entrada no neg
´
ocio at
´
e que a receita atinja um certo valor R
h
.
1.2 Definic¸
˜
ao do problema
Incertezas nas informac¸
˜
oes sobre o empreendimento podem gerar dificuldades na aplicac¸
˜
ao
de regras objetivas de decis
˜
ao de investimentos. Por exemplo, se a taxa de crescimento
das receitas de um empreendimento for incerta, o valor deste empreendimento torna-se
tamb
´
em incerto, j
´
a que o valor da empresa
´
e extremamente sens´ıvel ao valor desta taxa.
Pequenas variac¸
˜
oes na taxa de crescimento esperada provocam variac¸
˜
oes extremamente
significativas no valor da firma.
Al
´
em disso, condic¸
˜
oes externas ao empreendimento tamb
´
em podem influenciar o valor
deste empreendimento para o mercado. Incertezas sobre o futuro a economia, expectativas
de recess
˜
ao, etc., tamb
´
em podem afetar o valor de um neg
´
ocio.
O problema ent
˜
ao passa a ser a determinac¸
˜
ao do valor de empreendimentos em condi-
c¸
˜
oes de incerteza.
1.3 Objetivo
Muitas vezes, o investidor precisa entrar rapidamente em um neg
´
ocio. Considerac¸
˜
oes es-
trat
´
egicas podem forc¸ar os investidores a antecipar investimentos para inibir o crescimento
23
dos competidores efetivos ou a entrada de competidores potenciais na ind
´
ustria. Nesses
casos, a entrada no neg
´
ocio
´
e realizada se o VPL (Valor Presente L´ıquido) da empresa for
maior que o valor a ser investido. Entretanto, incertezas sobre certos par
ˆ
ametros da em-
presa podem dificultar a determinac¸
˜
ao do VPL da empresa. A proposta deste trabalho
´
e
desenvolver uma contribuic¸
˜
ao matem
´
atica em avaliac¸
˜
ao de empresas que seja capaz de
incorporar tais incertezas, e dessa forma, subsidiar os investidores com informac¸
˜
oes que
possam auxiliar a decis
˜
ao de abandonar o neg
´
ocio ou continuar, minimizando eventuais
perdas. Para isso ser
˜
ao utilizados os estudos de avaliac¸
˜
ao e minimizac¸
˜
ao de riscos propos-
tos por Bouchaud e Potters (2003).
A hip
´
oteses s
˜
ao as seguintes:
Hip
´
otese 1
O empreendimento apresenta incertezas que dificultam a determinac¸
˜
ao de seu valor.
Hip
´
otese 2
O investidor, por outro lado, necessita antecipar sua entrada no neg
´
ocio.
Hip
´
otese 3
O investimento
´
e irrevers´ıvel, ou seja, a opc¸
˜
ao de sa´ıda n
˜
ao oferece um valor razo
´
avel,
praticamente nulo.
1.4 Justificativa do tema
No momento em que uma decis
˜
ao de adiar
´
e tomada, o investidor fica sujeito ao compor-
tamento aleat
´
orio de uma receita e
`
a concorr
ˆ
encia de competidores. A decis
˜
ao de adiar
a entrada em um neg
´
ocio pode fazer com que o investidor perca uma oportunidade e a
antecipac¸
˜
ao da entrada faz com que o investidor corra o risco de realizar um mau neg
´
ocio.
O que este trabalho pretende
´
e fornecer aos interessados uma abordagem matem
´
atica que
possa dar suporte na decis
˜
ao de investir e, conseq
¨
uentemente, reduzir riscos ao se decidir
antecipar uma entrada ou abandonar um empreendimento ap
´
os uma antecipac¸
˜
ao.
24
1.5 Metodologia
A partir da metodologia proposta por Bouchaud e Potters (2003) para minimizac¸
˜
ao
de risco de um portf
´
olio criado para uma opc¸
˜
ao de compra, pretende-se desenvolver uma
metodologia de an
´
alise de riscos de antecipac¸
˜
ao de entrada, que seja capaz de avaliar a
evoluc¸
˜
ao do risco baseado em um passado hist
´
orico recente.
1.5.1 Procedimentos metodol
´
ogicos da pesquisa
Entre as metodologias de minimizac¸
˜
ao de riscos propostas por Bouchaud e Potters (2003),
existe uma denominada ancoragem est
´
atica (static hedge). Nesta metodologia, uma certa
quantidade φ
do ativo subjacente da opc¸
˜
ao de compra
´
e adquirida com o objetivo de se
minimizar eventuais perdas caso a opc¸
˜
ao de compra seja exercida. O caso da ancoragem
est
´
atica pressup
˜
oe que eventuais ganhos com aplicac¸
˜
oes livres de risco n
˜
ao s
˜
ao poss´ıveis
e que os custos de transac¸
˜
ao s
˜
ao t
˜
ao elevados que inviabilizam a variac¸
˜
ao desta quantidade
φ
de ativos utilizados para a ancoragem. Dessa forma, uma certa quantidade φ
do ativo
subjacente
´
e comprada no in´ıcio de vig
ˆ
encia do contrato e esta quantidade permanecer
´
a
inalterada at
´
e a data de expirac¸
˜
ao da opc¸
˜
ao. Conforme ser
´
a demonstrado no cap´ıtulo 9
deste trabalho, esta quantidade φ
que minimiza o risco inerente
`
a opc¸
˜
ao de compra
´
e dada
pela seguinte express
˜
ao:
φ
=
x
S
P (x, N |x
0
, 0)dx , (1.1)
sendo x
S
o prec¸o de exerc´ıcio (arbitr
´
ario) e P (x, N |x
0
, 0) a probabilidade do prec¸o ser x em
um instante t = Nτ.
A proposta
´
e avaliar o risco em antecipac¸
˜
ao de entrada estabelecer qual o valor da receita
RI que o empreendimento deve atingir para anular o risco de n
˜
ao retorno do investimento.
A proposta ent
˜
ao
´
e avaliar a evoluc¸
˜
ao de φ
a partir do instante t = 0, considerando-se um
instante final t = Nτ . Como φ
refere-se
`
a probabilidade do valor de uma ac¸
˜
ao apresen-
tar valores maiores que um valor arbitr
´
ario x
S
, pode-se substituir a vari
´
avel x pela vari
´
avel
R, que representa o valor da receita, j
´
a que ambas apresentam o mesmo comportamento
estoc
´
astico aleat
´
orio. Dessa forma, pode-se reescrever a equac¸
˜
ao (1.1) da seguinte
forma:
φ
R
R
I
P (R, N|R
0
, 0)dR , (1.2)
25
sendo R
I
a receita m´ınima de retorno do investimento e P (R, N|R
0
, 0) a probabilidade da
receita ser R no instante t = N τ .
A contribuic¸
˜
ao matem
´
atica para an
´
alise de risco em antecipac¸
˜
ao de entrada se caracteri-
zar
´
a ent
˜
ao pela tend
ˆ
encia da evoluc¸
˜
ao de φ
R
, analisado juntamente com sua vari
ˆ
ancia, que
fornecer
´
a a probabilidade a cada instante de que a receita R
N
(receita no instante t = Nτ)
seja maior que a receita R
I
em t = Nτ.
Al
´
em disso, ser
´
a desenvolvida uma nova abordagem para o c
´
alculo do valor de empresas
em condic¸
˜
oes de incerteza.
CAP
´
ITULO 2
VALUATION - M
´
ETODOS DE PRECIFICAC¸
˜
AO DE
EMPRESAS
2.1 Introduc¸
˜
ao
As primeiras t
´
ecnicas de determinac¸
˜
ao de valores de ac¸
˜
ao remontam
`
a metade do s
´
eculo
XX, por volta dos anos de 1950. O in´ıcio de todo desenvolvimento te
´
orico de t
´
ecnicas de
precificac¸
˜
ao de ac¸
˜
oes de uma empresa comec¸ou, principalmente, com o estabelecimento
do ``princ´ıpio fundamental'', desenvolvido por Modigliani e Miller.
Neste primeiro cap´ıtulo do trabalho ser
˜
ao apresentados os fundamentos que orientam a
determinac¸
˜
ao do valor das ac¸
˜
oes de uma companhia. Esta teoria ser
´
a
´
util posteriormente
na determinac¸
˜
ao do valor de uma empresa. Para isso ser
´
a apresentado a seguir o princ´ıpio
fundamental e suas quatro poss´ıveis abordagens: por oportunidade de investimentos, por
fluxo de caixa descontados, por pagamento de dividendos e pela abordagem de lucros.
2.2 Precificac¸
˜
ao de ac¸
˜
oes e o princ
´
ipio fundamental
Para efeitos de an
´
alise e compreens
˜
ao deste princ´ıpio, ser
´
a adotada a seguinte notac¸
˜
ao:
P
t
= prec¸o da ac¸
˜
ao no in´ıcio do ano t;
n
t
= n
´
umero de ac¸
˜
oes dispon´ıveis no in´ıcio do ano t;
Δn
t
= n
t+1
n
t
= mudanc¸a no n
´
umero de ac¸
˜
oes dispon´ıveis du-
rante o ano t; todas as novas aquisic¸
˜
oes (ou retenc¸
˜
oes) s
˜
ao
assumidas ocorridas no final do ano t, a um prec¸o P
t+1
;
V
t
= N
t
.P
t
= valor total das ac¸
˜
oes dispon´ıveis no in´ıcio do ano t;
26
27
D
t
= dividendos pagos por ac¸
˜
ao para o ano t, pag
´
aveis ao final
do ano;
D
t
= N
t
.D
t
= total de dividendos para o ano t, pagos ao final do
ano;
k = taxa de retorno requisitado pelos investidores, ou custo de
eq
¨
uidade de capital para a firma;
I
t
= variac¸
˜
ao do montante total de recursos durante o ano t, ou,
investimento l´ıquido durante ano t;
´
e assumido que todas
as mudanc¸as ocorrem no final do ano t;
E
t
= lucros l´ıquidos durante o ano t, assumindo que todos os
lucros s
˜
ao recebidos no final do ano t;
I
t
= I
t
/N
t
= investimento l´ıquido por ac¸
˜
ao durante ano t.
Para o estabelecimento do princ´ıpio fundamental,
´
e necess
´
ario tamb
´
em assumir as se-
guintes hip
´
oteses:
1. Todo investidor
´
e capaz de prever com exatid
˜
ao o valor presente e rentabilidade fu-
tura de qualquer corporac¸
˜
ao - desta forma, a distinc¸
˜
ao entre ac¸
˜
oes e b
ˆ
onus de d´ıvida
desaparece e todas as aplicac¸
˜
oes de risco zero produzem a mesma taxa de retorno
sobre o investimento.
2. Os investidores tomam uma atitude perfeitamente racional para qualquer acr
´
escimo
em suas riquezas e n
˜
ao se importam se este ganho
´
e devido a dividendos ou a ganho
de capital.
3. O mercado de capitais
´
e considerado livre de imperfeic¸
˜
oes - n
˜
ao existem custos de
transac¸
˜
oes na transfer
ˆ
encia de aplicac¸
˜
oes de risco zero, nem taxas diferenciais na
taxac¸
˜
ao de dividendos e ganhos de capital.
Quando estas hip
´
oteses s
˜
ao aplicadas ao mercado, os retornos de diferentes ac¸
˜
oes
tenderiam a nivelar por fora. Assim, o valor da ac¸
˜
ao seria governado pela compuls
˜
ao sobre
os prec¸os das ac¸
˜
oes de se ajustarem por si mesmas para um retorno uniforme. De outra
forma, investidores achariam mais rent
´
avel mudar seus investimentos de baixo-rendimento
para ac¸
˜
oes de alto-rendimento. Dessa forma, quando o equil´ıbrio de mercado
´
e alcanc¸ado
para qualquer ac¸
˜
ao, o seguinte princ´ıpio fundamental deve prevalecer:
P
t
=
1
(1 + k)
(D
t
+ P
t+1
) . (2.1)
Sendo que:
28
P
t
= prec¸o da ac¸
˜
ao no in´ıcio do per´ıodo t;
P
t+1
= prec¸o da ac¸
˜
ao no in´ıcio do per´ıodo t + 1;
D
t
= dividendo pago por ac¸
˜
ao no final do per´ıodo t;
k = taxa de retorno de todas as ac¸
˜
oes.
A equac¸
˜
ao acima estabelece que, sob condic¸
˜
oes de equil´ıbrio, o prec¸o de mercado ser
´
a
tal que a soma dos dividendos pagos mais a valorizac¸
˜
ao do capital propiciar
˜
ao um retorno
k sobre o investimento inicial.
Este princ´ıpio de determinac¸
˜
ao de valor pode ser estabelecido tamb
´
em para o valor total
de mercado de empresas de capital semelhante. Se n
˜
ao houver a venda de novas ac¸
˜
oes,
nem a retirada do mercado de antigas ac¸
˜
oes durante o per´ıodo t, pode-se afirmar ent
˜
ao que:
V
t
=
1
(1 + k)
(D
t
+ V
t+1
) . (2.2)
Sendo que:
V
t
= valor total de mercado das ac¸
˜
oes no in´ıcio do ano t;
V
t+1
= valor total de mercado das ac¸
˜
oes no in´ıcio do ano t + 1;
D
t
= total de dividendos pagos no final do ano t;
k = taxa de retorno constante de todas as ac¸
˜
oes.
Se durante o ano t o valor total de mercado das ac¸
˜
oes for aumentado atrav
´
es da venda
de novas ac¸
˜
oes, ent
˜
ao a equac¸
˜
ao acima deve ser modificada de tal forma que:
V
t
=
1
(1 + k)
(D
t
+ V
t+1
Δn
t
P
t+1
) . (2.3)
Sendo Δn
t
o n
´
umero de novas ac¸
˜
oes emitidas ao final do ano t ao prec¸o P
t+1
. Todos os
outros termos s
˜
ao definidos como na equac¸
˜
ao anterior.
A parcela da equac¸
˜
ao V
t+1
Δn
t
P
t+1
representa o montante do valor de mercado das
ac¸
˜
oes ao final do ano t, resultantes das ac¸
˜
oes dispon´ıveis no in´ıcio do ano t.
Dessa forma, a equac¸
˜
ao (2.3) demonstra que sob condic¸
˜
oes de equil´ıbrio o retorno
combinado proveniente de pagamento de dividendos e valorizac¸
˜
ao de capital durante o ano
t deve render um retorno de k sobre o valor total das ac¸
˜
oes no comec¸o do ano t. Se for
permitido a Δn
t
assumir valores negativos, a equac¸
˜
ao (2.3) pode tamb
´
em representar
os casos em que ac¸
˜
oes s
˜
ao retidas durante o ano t.
2.3 Interpretac¸
˜
ao econ
ˆ
omica do princ
´
ipio fundamental
Uma forma de se aplicar o princ´ıpio fundamental
´
e analisando a relac¸
˜
ao entre a determina-
c¸
˜
ao de valor pelo princ´ıpio fundamental e pela abordagem de lucros. Suponhamos que para
29
gerar os lucros projetados pelo investidor, a empresa tenha que realizar aquisic¸
˜
oes peri
´
o-
dicas de recursos, atrav
´
es de financiamento adicional. O montante total de novos financia-
mentos que a empresa empreende durante um certo per´ıodo, pode ser equacionado para
o excedente de troca corrente da empresa no total de recursos sobre o montante de seus
lucros retidos. Dessa forma, se designarmos I
t
como a troca nos recursos totais, E
t
como lu-
cros totais e D
t
como dividendos totais, ent
˜
ao I
t
(E
t
D
t
) = Δn
t
P
t+1
(novo financiamento),
sendo Δn
t
a variac¸
˜
ao no n
´
umero de ac¸
˜
oes dispon´ıveis durante o ano t (Δ n
t
= n
t+1
n
t
).
Substituindo esta igualdade em (2.3), obtemos:
V
t
=
1
(1 + k)
(E
t
I
t
+ V
t+1
) , (2.4)
que
´
e um restabelecimento do princ´ıpio fundamental em termos de valor de juros, investi-
mento e taxa de retorno de mercado.
Para t = 1, a equac¸
˜
ao (2.4) fornece:
V
1
=
1
(1 + k)
(E
1
I
1
) +
1
(1 + k)
V
2
. (2.5)
Em seguida, expressando V
2
em termos de V
3
, V
3
em termos de V
4
, . . ., temos que:
V
1
=
n1
t=1
1
(1 + k)
t
(E
t
I
t
) +
1
(1 + k)
n1
V
n
. (2.6)
`
A medida que n tende a infinito,
1
(1 + k)
n1
tende a zero, e o
´
ultimo termo desaparece.
Assim, a equac¸
˜
ao (2.6) transforma-se para:
V
1
=
t=1
1
(1 + k)
t
(E
t
I
t
) (k > 0). (2.7)
A equac¸
˜
ao (2.7) fornece o c
´
alculo do valor presente das ac¸
˜
oes da empresa, obtidas
a partir do princ´ıpio fundamental. De acordo com esta equac¸
˜
ao, o valor de mercado das
ac¸
˜
oes de uma companhia n
˜
ao pode ser encarado simplesmente como a soma dos lucros
futuros descontados. Se investimentos adicionais forem requisitados para gerar os lucros
projetados, estes desembolsos dever
˜
ao ser comparados com os lucros correntes nos anos
em que os investimentos foram feitos. Estes lucros futuros ajustados, quando descontados
para o presente, fornecem o valor de mercado das ac¸
˜
oes da empresa. A equac¸
˜
ao (2.7),
desta forma,
´
e consistente com o m
´
etodo conhecido como abordagem por lucros para
determinac¸
˜
ao de valores de ac¸
˜
ao.
30
2.4 Interpretac¸
˜
oes alternativas do princ
´
ipio fundamental
A equac¸
˜
ao (2.7) pode ser tamb
´
em interpretada de acordo com outros tr
ˆ
es m
´
etodos:
pela abordagem de oportunidade de investimentos, pela abordagem por dividendos e pela
abordagem por fluxo de caixa descontado.
2.4.1 Abordagem por oportunidade de investimentos
De acordo com esta abordagem, o valor de mercado das ac¸
˜
oes de uma empresa
´
e equiva-
lente ao valor presente dos recursos existentes acrescidos do valor futuro das oportunidades
de investimentos. O valor dos recursos existentes
´
e igual ao valor capitalizado dos lucros
l´ıquidos gerados pelos recursos existentes. O valor futuro das oportunidades de investi-
mentos
´
e igual ao valor presente de investimentos futuros multiplicado por uma taxa de
rentabilidade para estes investimentos. Ser
´
a mostrado que o valor das ac¸
˜
oes computado
dessa maneira
´
e id
ˆ
entico
`
aquele computado de acordo com a equac¸
˜
ao (2.7).
2.4.2 Fluxos de caixa descontados
Nesta abordagem, o valor de mercado de uma empresa
´
e igual ao valor presente de todos
valores de fluxo de caixa entre acionistas e a empresa mais o valor das oportunidades de
investimentos futuros. O neg
´
ocio
´
e visto como uma m
´
aquina que permite aos propriet
´
arios
realizarem retiradas peri
´
odicas ou dep
´
ositos em caixa. O pagamento que detentores de
ac¸
˜
ao recebem de uma corporac¸
˜
ao
´
e tratado tanto como dividendos pagos ou como ac¸
˜
oes
retiradas. A quantia com que detentores de ac¸
˜
ao contribuem para a empresa recebe a
forma de compras de novas ac¸
˜
oes. Como mostrado anteriormente, Δn
t
P
t+1
(o montante
de novo financiamento que a empresa adquire)
´
e igual a I
t
(E
t
D
t
), ou seja, o excesso
de investimento l´ıquido sobre lucros retidos. Da express
˜
ao anterior,
´
e f
´
acil deduzir que
E
t
I
t
= D
t
Δn
t
P
t+1
. Esta
´
ultima igualdade mostra que E
t
I
t
´
e id
ˆ
entica ao fluxo de caixa
entre acionistas e a empresa durante o ano t. Dessa forma, a equac¸
˜
ao (2.7)
´
e consistente
com a abordagem por fluxo de caixa descontado.
31
2.4.3 Pagamento de dividendos
O valor de mercado de uma empresa, pela abordagem de pagamento de dividendos,
´
e
igual ao valor presente de todos futuros pagamentos de dividendos descontados
`
a taxa
de retorno do mercado. A quest
˜
ao que imediatamente surge
´
e de como esta abordagem
difere da abordagem por fluxo de caixa descontado. A resposta pode ser vista atrav
´
es da
relac¸
˜
ao E
t
I
t
= D
t
Δn
t
P
t+1
. Esta igualdade indica que o fluxo de caixa da empresa para
os detentores de direitos
´
e maior do que os dividendos pagos no mesmo per´ıodo quando
antigas aplicac¸
˜
oes de risco zero tenham sido retiradas e menor quando novas aplicac¸
˜
oes
de risco zero tenham sido vendidas. Se o rendimento da aplicac¸
˜
ao de risco zero for sempre
nula, o fluxo de caixa
´
e sempre igual ao pagamento de dividendos, e as duas abordagens se
tornam claramente id
ˆ
enticas. Pode ser mostrado tamb
´
em que a abordagem por pagamento
de dividendos
´
e consistente com a determinac¸
˜
ao de valores da equac¸
˜
ao (2.7) e, assim,
equivalente
`
a abordagem por fluxo de caixa descontado mesmo quando os rendimentos de
aplicac¸
˜
ao de risco zero n
˜
ao forem nulos.
2.5 Equival
ˆ
encia matem
´
atica entre as teorias alternativas
de avaliac¸
˜
ao
A seguir ser
´
a mostrado que se assumidas as hip
´
oteses de certeza, racionalidade e mer-
cado de capital livre de imperfeic¸
˜
oes, os quatro modelos de avaliac¸
˜
ao s
˜
ao matematica-
mente equivalentes. Esta prova, elaborada por Modigliani e Miller, que aqui ser
´
a reproduzida
com poucas modificac¸
˜
oes, estabelece esta equival
ˆ
encia mostrando que os quatro modelos
s
˜
ao formalmente equivalentes ao princ´ıpio fundamental de avaliac¸
˜
ao descrito pela equac¸
˜
ao
(2.7). Sendo equivalentes ao princ´ıpio fundamental, as quatro abordagens devem ser
equivalentes umas
`
as outras.
2.5.1 A abordagem por oportunidades de investimento
Esta abordagem determina o valor das ac¸
˜
oes de uma companhia atrav
´
es da soma do valor
presente dos recursos existentes com o valor presente das futuras oportunidades de inves-
timento. Dessa forma, se os recursos existentes de uma companhia geram lucros anuais
constantes E
1
, e se a companhia tem a oportunidade de reinvestir uma frac¸
˜
ao b de cada lucro
32
anual, a um retorno r por ano, o valor de mercado corrente das ac¸
˜
oes de uma companhia,
V
1
,
´
e dado pela express
˜
ao:
V
1
=
E
1
k
+
t=1
bE
1
(1 + br)
t1
(1 k)
t
r k
k
(k > 0). (2.8)
Notar que a express
˜
ao bE
1
(1 +br)
t1
fornece o montante de reinvestimento no ano t (t =
1, 2, . . .). Se designarmos bE
1
(1 + br)
t1
simplesmente como I
t
, a equac¸
˜
ao (2.8) transforma-
se em:
V
1
=
E
1
k
+
t=1
I
t
(1 + k)
t
r k
k
, (2.9)
onde todos os termos s
˜
ao definidos como acima.
Para mostrar que a equac¸
˜
ao (2.9) est
´
a implicitamente ligada ao princ´ıpio fundamen-
tal, Modigliani e Miller observam que E
t
, o montante dos lucros no ano t,
´
e igual a E
1
, os
lucros anuais constantes obtidos a partir dos recursos existentes, mais os retornos de in-
vestimentos realizados do ano 1 para o ano t 1. Isto
´
e:
E
t
= E
1
+ r(I
1
+ I
2
+ ··· + I
t1
)
Substituindo esta relac¸
˜
ao na equac¸
˜
ao (2.7), pode-se reformular o princ´ıpio fundamental
de avaliac¸
˜
ao como se segue:
V
1
=
t=1
1
(1 + k)
t
(E
t
I
t
)
=
1
(1 + k)
(E
t
I
t
) +
t=2
1
(1 + k)
t
[E
1
+ r(I
1
+ I
2
+ ··· + I
t1
) I
t
]
=
t=1
E
1
(1 + k)
t
+
t=2
r
(1 + k)
t
[I
1
+ I
2
+ ··· + I
t1
]
t=1
I
t
(1 + k)
t
. (2.10)
Observe que
t=1
E
1
(1 + k)
t
´
e igual a
E
1
k
e que
t=2
r
(1 + k)
t
(I
1
+ I
2
+ ··· + I
t1
)
´
e igual a
t=1
I
t
τ=t+1
r
(1 + k)
τ
, que
´
e igual a
t=1
I
t
r
k(1 + k)
t
.
A Equac¸
˜
ao (2.10), ent
˜
ao, pode ser simplificada para
V
1
=
E
1
k
+
t=1
I
t
r
k(1 + k)
t
t=1
I
t
(1 + k)
t
. (2.11)
A equac¸
˜
ao (2.11), depois de mais algumas simplificac¸
˜
oes, se torna id
ˆ
entica
`
a equac¸
˜
ao
(2.9), representando a abordagem por oportunidade de investimentos:
V
1
=
E
1
k
+
i=1
I
t
(1 + k)
t
r k
k
.
33
Isto prova que a abordagem por oportunidade de investimentos e o princ´ıpio fundamental
de avaliac¸
˜
ao levam as ac¸
˜
oes de uma companhia ao mesmo valor.
As duas
´
ultimas igualdades podem ser mostradas como segue:
t=2
r
(1 + k)
t
[I
1
+ I
2
+ ··· + I
t1
]
=
I
1
t=2
r
(1 + k)
t
+ I
2
t=3
r
(1 + k)
t
+ I
3
t=4
r
(1 + k)
t
+ ···
=
t=1
I
t
τ =t+1
r
(1 + k)
τ
.
Al
´
em disso,
τ=t+1
1
(1 + k)
τ
=
t=1
1
(1 + k)
t
t
τ =1
1
(1 + k)
τ
=
1
k(1 + k)
t
.
Da´ı,
t=1
I
t
τ =t+1
r
(1 + k)
τ
=
t=1
I
t
r
k(1 + k)
t
.
2.5.2 Equival
ˆ
encia matem
´
atica para a abordagem de lucros
A abordagem por lucros para a avaliac¸
˜
ao do valor de ac¸
˜
oes equaciona o valor das ac¸
˜
oes
de uma companhia atrav
´
es do valor presente de todos os lucros futuros ajustados. Se uma
empresa tiver que realizar investimentos adicionais para gerar os lucros projetados, o custo
destes investimentos tem que ser deduzido dos lucros correntes nos anos em que estes
investimentos s
˜
ao feitos. O valor presente destes lucros futuros ajustados determina o valor
de mercado das ac¸
˜
oes de uma empresa.
Como exemplo, suponha que uma certa companhia espere gerar lucros E
1
, E
2
, . . ., nos
anos 1, 2, . . ., e consecutivamente. Para gerar esta s
´
erie de lucros futuros, a companhia
ter
´
a que investir I
1
, I
2
, . . ., nos anos 1, 2, . . ., e consecutivamente. Os lucros ajustados ser
˜
ao
iguais a E
1
I
1
no ano 1, E
2
I
2
no ano 2, e, genericamente, E
t
I
t
no ano t. Dessa forma,
o valor de mercado das ac¸
˜
oes, V
1
,
´
e dado pela express
˜
ao:
V
1
=
t=1
E
t
I
t
(1 + k)
t
.
Mas esta express
˜
ao
´
e exatamente a equac¸
˜
ao que expressa o princ´ıpio fundamental para
o valor de ac¸
˜
oes. A abordagem por lucros, dessa forma,
´
e consistente com o princ´ıpio
fundamental.
34
2.5.3 Abordagem pelo pagamento de dividendos
A abordagem por dividendos equaciona o valor das ac¸
˜
oes de uma empresa pelo valor pre-
sente de todos dividendos futuros pagos sobre as ac¸
˜
oes. Suponha que D
t,1
denote o mon-
tante total de dividendos pagos no ano t sobre ac¸
˜
oes com in´ıcio no ano 1. Se para as
ac¸
˜
oes de uma companhia s
˜
ao esperados pagamentos de dividendos D
1,1
, D
2,1
, . . ., e etc. o
valor de mercado corrente dessas ac¸
˜
oes, V
1
,
´
e dado pela express
˜
ao:
V
1
=
t=1
D
t,1
(1 + k)
t
. (2.12)
A equac¸
˜
ao (2.12), tamb
´
em,
´
e equivalente ao princ´ıpio fundamental descrito pela equac¸
˜
ao
(2.7). Se novas ac¸
˜
oes n
˜
ao forem vendidas ap
´
os o ano 1, ent
˜
ao D
t,1
, os dividendos pagos no
ano t sobre as ac¸
˜
oes com in´ıcio no ano 1,
´
e igual a D
t
, a soma total dos dividendos pagos no
ano t. Al
´
em disso, desde que n
˜
ao haja financiamento externo, o pagamento de dividendos
D
t
´
e igual ao excedente de lucros sobre os investimentos, ou seja, E
t
I
t
. Substituindo
E
t
I
t
por D
t,1
, conclui-se que a equac¸
˜
ao (2.12) se torna id
ˆ
entica
`
a equac¸
˜
ao (2.7).
A seguir, suponha que algumas novas ac¸
˜
oes tenham sido vendidas ap
´
os o ano 1. Para
mostrar que as equac¸
˜
oes (2.12) e (2.7) s
˜
ao ainda equivalentes, Modigliani e Miller reescre-
vem a equac¸
˜
ao (2.12) como se segue:
V
1
=
t=1
D
t,1
(1 + k)
t
=
D
1,1
(1 + k)
+
t=2
D
t,1
(1 + k)
t
=
1
(1 + k)
D
1,1
+
t=1
D
t+1,1
(1 + k)
t
. (2.13)
Pode ser visto que a soma dos dividendos pagos, comec¸ando no ano 2, e os resultantes
das ac¸
˜
oes com in´ıcio no ano 1,
´
e igual ao resultado dos dividendos pagos de todas as ac¸
˜
oes
com in´ıcio no ano 2, menos os resultados de dividendos pagos de novas ac¸
˜
oes emitidas
durante o ano 1. Assim:
t=1
D
t+1,1
(1 + k)
t
=
t=1
D
t+1,2
(1 + k)
t
1
Δn
1
n
2
.
Dessa forma, a equac¸
˜
ao (2.13) pode ser escrita:
V
1
=
1
(1 + k)
D
1,1
+
t=1
D
t+1,2
(1 + k)
t
1
Δn
1
P
2
n
2
P
2
. (2.14)
35
Ambas as express
˜
oes
t=1
D
t+1,2
(1 + k)
t
e n
2
P
2
na equac¸
˜
ao (2.14) representam V
2
, o valor das
ac¸
˜
oes da companhia no comec¸o do ano 2. Mais ainda, a obrigac¸
˜
ao de todos os dividendos
pagos em qualquer per´ıodo resulta em ac¸
˜
oes com in´ıcio naquele per´ıodo: D
1,1
= D
1
. A
equac¸
˜
ao (2.14), desta forma, pode ser simplificada para:
V
1
=
1
(1 + k)
(D
1
+ V
2
Δn
1
P
2
). (2.15)
Sendo a equac¸
˜
ao (2.15) consistente com a equac¸
˜
ao (2.3), que foi mostrada para se
chegar
`
a equac¸
˜
ao (2.7), a equac¸
˜
ao (2.15) tamb
´
em
´
e consistente com a equac¸
˜
ao (2.7).
2.5.4 Abordagem pelo fluxo de caixa descontado
A presente abordagem iguala o valor de mercado das ac¸
˜
oes de uma companhia ao valor
presente de todos futuros fluxos de caixa entre os detentores de direito e a empresa. Esta
difere da abordagem por dividendos em que o fluxo de caixa inclui a variac¸
˜
ao l´ıquida das
ac¸
˜
oes dispon´ıveis tal qual o fluxo de caixa para pagamento de dividendos. Foi mostrado
anteriormente que o fluxo de caixa em qualquer per´ıodo
´
e igual a E
t
I
t
, a diferenc¸a entre os
lucros e investimentos daquele per´ıodo. Ent
˜
ao, a abordagem por fluxos de caixa descontado
´
e tamb
´
em consistente com o princ´ıpio fundamental da equac¸
˜
ao (2.7).
2.6 Conclus
˜
ao
Neste cap´ıtulo foram apresentados os princ´ıpios te
´
oricos que formam a base de todas as
teorias orientadas para a precificac¸
˜
ao de ac¸
˜
oes e determinac¸
˜
ao do valor de uma empresa,
sendo, dessa forma, a base te
´
orica fundamental deste trabalho tamb
´
em.
Ainda, ficou demonstrado que as abordagens de precificac¸
˜
ao por fluxo de caixa descon-
tado, por pagamento de dividendos, por oportunidade de investimentos e por lucro s
˜
ao eco-
nomicamente equivalentes, alinhadas todas ao princ´ıpio fundamental.
CAP
´
ITULO 3
M
´
ETODOS DE DETERMINAC¸
˜
AO DO VALOR DE UMA
EMPRESA ALINHADOS AO PRINC
´
IPIO FUNDAMENTAL
3.1 Introduc¸
˜
ao
A partir das quatro abordagens de precificac¸
˜
ao de ac¸
˜
oes, equivalentes ao princ´ıpio fun-
damental (por pagamento de dividendos, por oportunidade de investimentos, por fluxos de
caixa descontados e pela abordagem de lucros), uma s
´
erie de metodologias foi desenvolvida
para a determinac¸
˜
ao do valor de uma empresa. A id
´
eia principal
´
e substituir os par
ˆ
ametros
das equac¸
˜
oes matem
´
aticas das abordagens pelos par
ˆ
ametros relevantes na a determinac¸
˜
ao
do valor de uma empresa e desta forma se obter o valor de uma companhia. Entre as abor-
dagens equivalentes ao princ´ıpio fundamental, a por fluxo de caixa descontado tem sido de
longe a mais utilizada. Os dois par
ˆ
ametros principais utilizados nesta abordagem s
˜
ao o FCL
(fluxo de caixa livre) e o CMePC (Custo M
´
edio Ponderado de Capital) , utilizado como taxa
de desconto.
3.2 O fluxo de caixa livre (FCL)
O fluxo de caixa livre pode ser definido como a somat
´
oria de todos os fluxos de caixa
dispon´ıveis para os detentores de direitos de uma empresa, ou seja, todos que possuem
ac¸
˜
oes, b
ˆ
onus e ac¸
˜
oes preferenciais. O FCL
´
e gerado pela empresa ap
´
os a deduc¸
˜
ao dos
impostos, investimentos permanentes e variac¸
˜
oes esperadas no capital circulante l´ıquido e
antes do pagamento de d´ıvidas (principal e juros). O termo livre pode ser associado ent
˜
ao
a excedente de caixa dispon´ıvel para a distribuic¸
˜
ao ou aumento de capital. O fluxo de caixa
livre (FCL)
´
e um dos principais par
ˆ
ametros para a determinac¸
˜
ao do valor de uma empresa.
36
37
O FCL
´
e apurado da seguinte forma:
Receitas l´ıquidas de vendas
Despesas operacionais
Custo de vendas
= (EBIT) Lucro antes dos juros e tributos sobre o lucro
+ Ajuste das despesas operacionais que n
˜
ao provocam a sa´ıda de caixa
= (EBITIDA) Lucro antes dos juros, tributos sobre o lucro, depreciac¸
˜
ao,
amortizac¸
˜
ao e exaust
˜
ao
Impostos
= Gerac¸
˜
ao de caixa operacional
Investimentos (ou desinvestimentos)
.Permanentes
.Circulantes
= Fluxo de Caixa Livre
Para a obtenc¸
˜
ao do fluxo de caixa livre
´
e necess
´
ario considerar necessidades de reten-
c¸
˜
ao (ou liberac¸
˜
ao) de caixa, como novos investimentos, variac¸
˜
oes no capital de giro l´ıquido
operacional da empresa e alterac¸
˜
oes em seu imobilizado. Para efeitos de simplificac¸
˜
ao, no
exemplo anterior, estas necessidades n
˜
ao foram consideradas.
Outro aspecto importante, no c
´
alculo do FCL,
´
e a exclus
˜
ao das despesas de depreciac¸
˜
ao,
amortizac¸
˜
ao e exaust
˜
ao. Estes investimentos j
´
a feitos n
˜
ao interessam mais, assumindo
relev
ˆ
ancia somente aqueles que impactar
˜
ao o fluxo de caixa no futuro. Mas, no que se
refere
`
a apurac¸
˜
ao do resultado do empreendimento, estas despesas s
˜
ao indispens
´
aveis. De
qualquer maneira, para o processo de avaliac¸
˜
ao, o que importa s
˜
ao os efeitos que ocorrer
˜
ao
no fluxo futuro de caixa.
O FCL pode ser calculado tamb
´
em a partir do fluxo de caixa para o acionista (FCFE).
38
Fluxos de caixa l´ıquidos do acionista (FCFE)
+ Despesas de juros (1 percentual de impostos)
+ Pagamentos de principal
Novas d´ıvidas
+ Dividendos preferenciais
= Fluxo de Caixa Livre
3.3 Taxa de desconto
O fluxo de caixa livre e o valor da perpetuidade devem ser apresentados em valores pre-
sentes, mediante o uso de uma taxa de desconto que funcione como o custo de oportu-
nidade. A taxa escolhida
´
e usualmente o custo m
´
edio ponderado de capital (CMePC), devido
a sua capacidade impl´ıcita de incorporar os riscos associados a determinado neg
´
ocio.
Essa metodologia estabelece r´ıgidos pressupostos, tais como: estrutura de capital, meta
e benef´ıcios fiscais associados aos juros dos capitais de terceiros. Uma das cr´ıticas a esse
modelo
´
e que esses componentes geralmente s
˜
ao vari
´
aveis ao longo do tempo.
O c
´
alculo do CMePC reflete a estrutura de capital da empresa. Portanto, os efeitos
financeiros figuram no c
ˆ
omputo da taxa que est
´
a sendo utilizada para descontar os fluxos.
Alternativamente, caso se utilize o fluxo de caixa do propriet
´
ario, a taxa de desconto mais
apropriada seria o custo do capital pr
´
oprio.
O c
´
alculo do custo de capital
´
e extremamente complexo e subjetivo. Ele deveria refle-
tir os riscos associados ao neg
´
ocio, bem como as condic¸
˜
oes particulares e expectativas
daquele que almeja adquirir ou manter uma empresa. Por isso, com freq
¨
u
ˆ
encia verificamos
a utilizac¸
˜
ao pelo mercado de uma taxa de corte (Hurdle Rates). Geralmente, o agente a
estipula com base em seu bom senso e a aplica no desconto do fluxo de caixa esperado.
Algumas an
´
alises usam taxas diferentes para o desconto da perpetuidade e dos fluxos
de caixa operacionais. Isto se fundamenta na hip
´
otese de que, ap
´
os o per´ıodo de projec¸
˜
ao,
a incerteza aumenta, provocando a exig
ˆ
encia por maiores retornos.
39
3.4 Definic¸
˜
ao do CMePC
O custo m
´
edio ponderado de capital
´
e definido como a m
´
edia ponderada dos custos dos
diferentes componentes do financiamento de uma empresa:
CMePC = k
e
CP
(MD + CP + P S)
+ k
d
MD
(MD + CP + P S)
+ k
P S
P S
(MD + CP + P S)
,
(3.1)
onde:
CMePC - Custo m
´
edio ponderado de capital pr
´
oprio;
k
e
- custo do capital pr
´
oprio: representa o risco de um inves-
timento em ac¸
˜
oes na empresa. Pode ser calculado pelos
modelos padr
˜
ao de risco e retorno, que convertem a me-
dida de risco em um retorno esperado;
k
d
- custo da d´ıvida: reflete o risco de n
˜
ao pagamento da em-
presa e a vantagem em impostos associada
`
a d´ıvida;
k
P S
- custo das ac¸
˜
oes preferenciais: refere-se ao dividendo prin-
cipal e
`
a aus
ˆ
encia de dedutibilidade de impostos;
CP - valor de mercado do capital pr
´
oprio;
MD - valor de mercado da d´ıvida;
P S - valor de mercado das ac¸
˜
oes preferenciais.
Os pesos utilizados para cada um dos componentes devem ser pesos de valor de mer-
cado, e n
˜
ao de valor cont
´
abil.
3.5 Determinando o valor de uma empresa
O prec¸o de uma ac¸
˜
ao pode ser determinado utilizando-se o fluxo de caixa do capital pr
´
oprio
descontado ao custo do capital pr
´
oprio. Esta mesma t
´
ecnica pode ser utilizada na determi-
nac¸
˜
ao do valor de uma empresa, utilizando-se o fluxo de caixa livre descontado ao custo
m
´
edio ponderado de capital.
VALOR DAS AC¸
˜
OES VALOR DA EMPRESA
Receitas Receitas
Despesas Despesas operacionais
Impostos Investimentos
Investimentos Impostos
Pagamentos de principal e juros
= Fluxo de caixa do capital = Fluxo de caixa livre
pr
´
oprio
40
Valor das Ac¸
˜
oes = Valor da empresa =
t=1
FCP
t
(1 + k)
t
, (3.2)
t=1
FCL
t
(1 + CMePC)
t
, (3.3)
onde: onde:
FCP
t
= Fluxo de caixa capital pr
´
oprio
esperado para o per´ıodo t;
FCL
t
= Fluxo de caixa livre esperado
para o per´ıodo t
k = custo do capital pr
´
oprio; CMePC = Custo m
´
edio ponderado de
capital.
Este exemplo ilustra resumidamente a diferenc¸a entre a determinac¸
˜
ao do valor de ac¸
˜
oes
e de empresas pela abordagem do fluxo de caixa descontado.
A natureza de um empreendimento e a situac¸
˜
ao financeira em que uma empresa se
encontra tamb
´
em devem ser consideradas no c
´
alculo do valor de uma empresa. Para isto,
algumas metodologias que levam em conta essas caracter´ısticas foram desenvolvidas e s
˜
ao
apresentadas no cap´ıtulo posterior. Em seguida s
˜
ao apresentados tamb
´
em outros m
´
etodos
de determinac¸
˜
ao do valor de empreendimentos que n
˜
ao s
˜
ao relacionados diretamente com
o princ´ıpio fundamental.
3.6 Abordagem por fluxo de caixa descontado
Entre os m
´
etodos at
´
e hoje desenvolvidos, o desconto em fluxo de caixa
´
e tido como aquele
que melhor revela a efetiva capacidade de gerac¸
˜
ao de riqueza de determinado empreendi-
mento. Como indicador da capacidade de gerac¸
˜
ao de riquezas, encontramos no fluxo de
caixa a evid
ˆ
encia da efici
ˆ
encia esperada de determinado neg
´
ocio. Ele prop
˜
oe-se a retratar
o potencial econ
ˆ
omico dos itens patrimoniais de determinado empreendimento, inclusive a
parcela de ativos intang´ıveis.
A abordagem pelo fluxo de caixa descontado pode ser dividida em duas partes. Na
primeira, s
˜
ao trazidos a valor presente, os fluxos de caixa livres esperados para o per´ıodo de
projec¸
˜
ao, que compreende a quantidade de intervalos de tempo (anos, trimestres, meses,
etc.) sobre os quais podemos projetar os fluxos de caixa com um n´ıvel razo
´
avel de es-
peranc¸a de concretizac¸
˜
ao. A segunda parte da abordagem trata do c
´
alculo do valor da
perpetuidade, que
´
e trazido a valor presente e somado ao valor presente do per´ıodo de
projec¸
˜
ao para a obtenc¸
˜
ao do valor da empresa.
41
O per´ıodo de projec¸
˜
ao usualmente
´
e determinado de acordo com a natureza dos neg
´
o-
cios e o grau de previsibilidade das vari
´
aveis relevantes. Os principais aspectos relaciona-
dos com sua definic¸
˜
ao referem-se aos prec¸os dos produtos, volume de vendas, custos de
mat
´
erias-primas, despesas operacionais e vari
´
aveis macroecon
ˆ
omicas (juros, c
ˆ
ambio, etc.).
As projec¸
˜
oes exigem a identificac¸
˜
ao dos componentes relevantes e o desenvolvimento de
hip
´
oteses e perspectivas que sirvam de base para o estabelecimento dos cen
´
arios prov
´
aveis
que ser
˜
ao experimentados pela empresa. Em termos pr
´
aticos, a maioria das avaliac¸
˜
oes
trabalha com per´ıodos de projec¸
˜
ao que variam entre cinco e dez anos, dependendo do grau
de previsibilidade das vari
´
aveis.
O valor da perpetuidade
´
e aquele que o neg
´
ocio possuir
´
a ap
´
os o per´ıodo de projec¸
˜
ao,
em termos atuais. Geralmente ele
´
e estimado com base no fluxo de caixa livre do
´
ultimo
per´ıodo de projec¸
˜
ao e incrementado pela expectativa de crescimento. Sua equac¸
˜
ao seria a
seguinte:
Valor da perpetuidade =
FCL
t
× (1 + g)
(CMePC g)
, (3.4)
em que;
FCL
t
- fluxo de caixa livre do
´
ultimo per´ıodo de projec¸
˜
ao;
CMePC - custo m
´
edio ponderado de capital;
g - taxa de crescimento perp
´
etua.
A perpetuidade pode ser um dos elementos mais relevantes para a avaliac¸
˜
ao de uma
empresa. Em determinadas situac¸
˜
oes, grande parte do valor de uma empresa
´
e explicado
por esse conceito. Dependendo da esp
´
ecie do neg
´
ocio, este componente poder
´
a ser maior
ou menor.
O valor da perpetuidade
´
e influenciado pela expectativa de crescimento ap
´
os o per´ıodo
de projec¸
˜
ao. Modelos mais sofisticados podem trabalhar com a hip
´
otese de taxas g distintas
por intervalos (crescentes ou decrescentes).
M
´
etodos alternativos de c
´
alculo da perpetuidade aplicam multiplicadores sobre alguns
indicadores espec´ıficos, tais como: lucro operacional, fluxo de caixa e outros.
Embora o uso da taxa de crescimento apure uma aproximac¸
˜
ao bastante razo
´
avel do
valor da perpetuidade em algumas circunst
ˆ
ancias, pode ser
´
util a previs
˜
ao dos valores das
vari
´
aveis de decis
˜
ao para v
´
arios per´ıodos futuros e descont
´
a-los para o presente. O atual
n´ıvel tecnol
´
ogico que experimentamos nos permite realizar essa tarefa com relativa facili-
42
dade. Assim procedendo, reduzimos o risco de equ´ıvocos relacionados com as simplifica-
c¸
˜
oes assumidas pelos modelos matem
´
aticos, nem sempre
´
obvias.
3.6.1 Modelos de avaliac¸
˜
ao pela abordagem do fluxo de caixa livre
(a) Vers
˜
ao geral do modelo FCL
O valor de uma empresa pode ser expresso como o valor presente do fluxo de caixa livre
esperado. Este valor presente pode ser entendido como o investimento necess
´
ario para
adquirir este mesmo valor do fluxo de caixa livre no futuro, calculado com base na taxa de
desconto.
Valor da Empresa =
t=1
FCL
t
(1 + CMePC)
t
, (3.5)
sendo:
FCL
t
= FCL no ano t;
CMePC = custo m
´
edio ponderado do capital.
Se a empresa alcanc¸ar uma situac¸
˜
ao de equil´ıbrio e depois de n anos comec¸ar a crescer
a uma taxa de crescimento est
´
avel g, o valor da empresa poder
´
a ser descrito como:
Valor da Empresa =
n
t=1
FCL
t
(1 + CMePC)
t
+
FCL
n+1
/(CMePC g)
(1 + CMePC)
n
. (3.6)
(b) Modelo FCL de crescimento est
´
avel
Uma empresa em situac¸
˜
ao est
´
avel, com ritmo de crescimento est
´
avel, com os fluxos de caixa
crescendo a uma taxa, pode ser avaliada utilizando-se uma variante do modelo anterior:
Valor da Empresa =
FCL
1
(CMePC g)
, (3.7)
FCL
t
= FCL esperado para o pr
´
oximo ano;
CMePC = custo m
´
edio ponderado de capital;
g = taxa perp
´
etua de crescimento no FCL.
Existem duas premissas b
´
asicas que precisam ser atendidas para a aplicac¸
˜
ao do modelo
de crescimento est
´
avel. A primeira diz que a taxa de crescimento aplicada no modelo tem
de ser coerente e razo
´
avel, relativamente,
`
a taxa de crescimento nominal da economia. A
segunda diz que a relac¸
˜
ao entre despesas de capital e depreciac¸
˜
oes tem que ser coerente
com uma empresa em crescimento est
´
avel. Uma empresa est
´
avel geralmente n
˜
ao ter
´
a
43
despesas de capital significativamente maiores que a depreciac¸
˜
ao, j
´
a que n
˜
ao ocorre um
crescimento extraordin
´
ario e, conseq
¨
uentemente, novos investimentos de capital adicional
n
˜
ao ser
˜
ao necess
´
arios.
Segundo Damodaran (2005, cap. 12, p. 299) este modelo
´
e sens´ıvel aos
pressupostos relativos
`
a taxa de crescimento esperada, acentuado pelo fato que a taxa
de desconto utilizada
´
e o custo m
´
edio ponderado de capital, que
´
e significativamente mais
baixo que do que o custo do patrim
ˆ
onio na maioria das empresas. O modelo tamb
´
em
´
e
sens´ıvel aos pressupostos tomados em relac¸
˜
ao
`
as despesas de capital e em relac¸
˜
ao
`
as
depreciac¸
˜
oes. O fluxo de caixa livre pode ser inflado reduzindo-se as despesas de capital
em relac¸
˜
ao
`
a depreciac¸
˜
ao e vice-versa.
(c) Alavancagem e o valor de uma empresa
O valor de uma empresa
´
e afetado pelo n´ıvel de alavancagem de uma companhia na medida
em que este afeta o custo m
´
edio ponderado de capital. Tal valor
´
e obtido descontando-se
os futuros fluxos de caixa l´ıquido da empresa ao custo m
´
edio ponderado de capital. O fluxo
de caixa livre
´
e obtido antes do pagamento de d´ıvidas, n
˜
ao sendo afetado, portanto, pelo
n´ıvel de alavancagem de uma empresa.
Se os fluxos de caixa livre n
˜
ao forem afetados pela relac¸
˜
ao d´ıvida/patrim
ˆ
onio de uma
companhia, ent
˜
ao seu valor ser
´
a maior quanto menor for o CMePC. Para isso
´
e necess
´
ario
se obter a relac¸
˜
ao
´
otima d´ıvida/patrim
ˆ
onio que fornec¸a o menor valor para o custo m
´
edio
ponderado de capital.
Abaixo, temos uma tabela em que s
˜
ao mostrados v
´
arios n´ıveis de endividamento e a
conseq
¨
u
ˆ
encia no valor do CMePC e da empresa.
Embora parec¸a trivial a escolha de uma relac¸
˜
ao
´
otima d´ıvida/patrim
ˆ
onio, nem sempre,
ou melhor, quase nunca os analistas disp
˜
oem de uma tabela dos custos de endividamento
para an
´
alise. Na maioria dos casos, o
´
unico n´ıvel de endividamento ao qual se pode ter
certeza absoluta acerca dos custos
´
e o n´ıvel atual. Al
´
em disso, a an
´
alise pressup
˜
oe que
n
˜
ao exista efeito nenhum do n´ıvel de alavancagem sobre os fluxos de caixa da empresa e,
conseq
¨
uentemente, o fluxo de caixa n
˜
ao
´
e afetado pelo risco de inadimpl
ˆ
encia da empresa.
Estas pressuposic¸
˜
oes podem ser razo
´
aveis em alguns casos, mas n
˜
ao em todos.
44
MD/(MD + CP )
Custo de Custo de
CMePC
Valor da
CMePC
Valor da
Patrim
ˆ
onio D´ıvida Empresa Empresa
0% 10,50% 4,80% 10,50% 4.711 3.250 4.711
10% 11,00% 5,10% 10,41% 4.807 3.205 4.807
20% 11,60% 5,40% 10,36% 4.862 3.180 4.862
30% 12,30% 5,52% 10,27% 4.970 3.135 4.970
40% 13,10% 5,70% 10,14% 5.121 3.070 5.121
50% 14,00% 6,30% 10,15% 5.108 3.075 5.108
60% 15,00% 7,20% 10,32% 4.907 3.160 4.907
70% 16,10% 8,10% 10,50% 4.711 3.250 4.711
80% 17,20% 9,00% 10,64% 4.569 3.320 4.569
90% 18,40% 10,20% 11,02% 4.223 3.510 4.223
100% 19,70% 11,40% 11,40% 3.926 3.700 3.926
(d) Determinac¸
˜
ao do CMePC em diferentes n
´
iveis de alavancagem
Custo de Patrim
ˆ
onio L
´
iquido
A principal tarefa
´
e a de estimar o custo de patrim
ˆ
onio l´ıquido em diferentes n´ıveis de
endividamento. A abordagem descrita a seguir se aplica quando o CMePC for utilizado
para estimar o custo de patrim
ˆ
onio l´ıquido. A abordagem pode ser modificada se o APM for
utilizado.
1
o
Passo: obter uma estimativa atual do beta do patrim
ˆ
onio l´ıquido e do coeficiente
endividamento/patrim
ˆ
onio.
2
o
Passo: estimar o beta n
˜
ao alavancado, ou seja, o beta que a empresa teria se ela
n
˜
ao tivesse d´ıvida alguma. Se a relac¸
˜
ao entre beta e alavancagem for utilizada, o beta n
˜
ao
45
alavancado poder
´
a ser descrito como:
β
u
=
βatual
(1 + (1 τ )MD/CP )
, (3.8)
sendo que
β
u
= beta n
˜
ao alavancado para a empresa;
β
atual
= beta do patrim
ˆ
onio atual da empresa;
τ = percentual de impostos da empresa;
MD/CP = coeficiente atual de endividamento/patrim
ˆ
onio
(em termos de valor de mercado).
3
o
Passo: Reestimar os betas alavancados para diferentes n´ıveis de endividamento;
β
alavancado
= β
u
(1 + [1 τ ]MD/CP ) , (3.9)
onde
β
alavancado
= beta patrimonial em vista da nova alavancagem;
MD/CP = coeficiente d´ıvida/patrim
ˆ
onio.
A cada n´ıvel de alavancagem medido com a utilizac¸
˜
ao do coeficiente endividamento/pa-
trim
ˆ
onio, reestimar o beta patrimonial.
4
o
Passo: Estimar os custos do patrim
ˆ
onio utilizando este beta alavancado.
k
e
= r
f
+ β
alavancado
(E(r
m
) r
f
) , (3.10)
onde
k
e
= custo do patrim
ˆ
onio;
CP (r
m
) = retorno esperado com base no ´ındice de mercado;
r
f
= taxa atual livre de risco.
Custo da d
´
ivida
Estimar o custo da d´ıvida da empresa em diferentes n´ıveis de endividamento. Como
parte dos antecedentes para estimar o custo da d´ıvida, duas tabelas ter
˜
ao que ser desen-
volvidas:
(a) Uma tabela apresentar
´
a a relac¸
˜
ao entre o risco de inadimpl
ˆ
encia e as principais ca-
racter´ısticas de uma empresa. Por exemplo, se as classificac¸
˜
oes dos b
ˆ
onus forem
utilizadas para medir o risco de inadimpl
ˆ
encia, esta tabela descrever
´
a a relac¸
˜
ao en-
tre as classificac¸
˜
oes e os coeficientes financeiros, utilizando informac¸
˜
oes gerais ou
informac¸
˜
oes pertencentes a um setor industrial em particular. Se as classificac¸
˜
oes dos
46
b
ˆ
onus n
˜
ao estiverem dispon´ıveis ou n
˜
ao forem utilizadas, como no caso de muitos mer-
cados fora dos EUA, classes gerais de risco de inadimpl
ˆ
encia podem ser criadas para
captar diferenc¸as entre empresas e relacionadas com as caracter´ısticas da empresa.
(b) A outra tabela incluir
´
a as taxas atuais de juros no mercado em b
ˆ
onus corporativos
em cada classe de b
ˆ
onus ou classe de risco de inadimpl
ˆ
encia. Estes pr
ˆ
emios de
inadimpl
ˆ
encia se alterar
˜
ao com o tempo e ter
˜
ao que ser atualizados regularmente.
Com base nestes antecedentes, o custo da d´ıvida de uma empresa pode ser estimado
em diferentes n´ıveis de endividamento, estimando-se, em primeiro lugar, a classificac¸
˜
ao dos
b
ˆ
onus ou a classe de risco de inadimpl
ˆ
encia da empresa em cada n´ıvel de endividamento
e, depois, utilizando-se a taxa de juros que corresponda a esta classificac¸
˜
ao.
1
o
Passo: Preparar o demonstrativo de receitas mais recentes, mostrando a receita
operacional atual e os coeficientes financeiros relevantes.
2
o
Passo: Calcular o valor de mercado atual da empresa:
Valor de mercado da empresa = Valor de Mercado do Patrim
ˆ
onio
+Valor de Mercado da D´ıvida.
3
o
Passo:
`
A medida que o coeficiente de endividamento se altera, calcule o valor da
d´ıvida em d
´
olares:
Valor em D
´
olar da D´ıvida = D´ıvida / (D´ıvida + Patrim
ˆ
onio)
×Valor Atual de Mercado da Empresa.
4
o
Passo: Calcular o montante que ser
´
a pago como juros (Taxa de Juros x Valor em
D
´
olar da D´ıvida) e os coeficientes financeiros a cada coeficiente novo de endividamento.
5
o
Passo: Utilizando a tabela desenvolvida que relaciona as classificac¸
˜
oes de b
ˆ
onus
aos coeficientes financeiros, estimar quais ser
˜
ao as classificac¸
˜
oes da empresa (classe de
inadimpl
ˆ
encia) a cada novo coeficiente de endividamento e a taxa de juros do mercado que
corresponderia a esta classificac¸
˜
ao (classe de endividamento). Este
´
e o custo da d´ıvida
antes dos impostos.
6
o
Passo: O custo da d´ıvida depois dos impostos pode ent
˜
ao ser calculado utilizando-se
o percentual de impostos da empresa:
k
d
= Custo da D´ıvida Depois dos Impostos;
47
= Custo da D´ıvida Antes dos Impostos.(1 Al´ıquota de Impostos).
Custo de capital
Com os custos de patrim
ˆ
onio e d´ıvida em diferentes n´ıveis de endividamento, os custos
de capital para diferentes n´ıveis de endividamento podem ser estimados. O coeficiente de
endividamento em que o custo de capital
´
e minimizado ser
´
a o coeficiente
´
otimo de d´ıvida.
Premissas gerais
A abordagem aqui descrita para estimar o custo de capital em diferentes n´ıveis de en-
dividamento baseia-se em diferentes pressupostos. Primeiro, o efeito sobre a empresa de
se mudar a estrutura de capital
´
e isolado, mantendo-se fixa a parte de ativos e alterando a
parte de passivos. Em termos pr
´
aticos, isto implica que o coeficiente de d´ıvida
´
e aumentado
atrav
´
es de t´ıtulos de d´ıvida e da recompra de patrim
ˆ
onio e reduzido atrav
´
es da emiss
˜
ao
de patrim
ˆ
onio e do recolhimento de d´ıvidas. Poder
´
a o coeficiente
´
otimo de d´ıvidas obtido
atrav
´
es desta pr
´
atica ser generalizado a casos em que a empresa planeja investir os novos
fundos em projetos em vez de recomprar t´ıtulos? Contanto que a empresa continue a fazer
investimentos na mesma linha de neg
´
ocio, a classe de risco que ela vinha operando no
passado, o coeficiente
´
otimo de d´ıvida obtido da an
´
alise acima pode continuar a ser usado.
Se a empresa estiver planejando investir em novas
´
areas com diferentes perfis de risco, o
coeficiente
´
otimo de endividamento calculado, mantendo-se fixa a parte dos ativos, poder
´
a
n
˜
ao ser mais adequada.
Segundo, presume-se que a receita operacional antes dos impostos n
˜
ao seja afetada
pelo mix de financiamento e, por extens
˜
ao, pelo risco de inadimpl
ˆ
encia da empresa. Se a
receita operacional for uma func¸
˜
ao do risco de inadimpl
ˆ
encia da empresa, o quadro contex-
tual b
´
asico n
˜
ao se alterar
´
a. Entretanto, a minimizac¸
˜
ao do custo de capital pode n
˜
ao ser o
curso de ac¸
˜
ao
´
otimo, uma vez que o valor da empresa
´
e determinado tanto pelos fluxos de
caixa quanto pelo custo de capital. O valor da empresa ter
´
a que ser calculado para cada
n´ıvel de endividamento e o coeficiente
´
otimo de endividamento ser
´
a aquele que maximiza
o valor da empresa.
48
3.7 Casos particulares na abordagem por fluxo de caixa
descontado
Em alguns casos, a determinac¸
˜
ao de valor de uma empresa por fluxo de caixa descontado
tem que ser modificada, devido a caracter´ısticas especiais que diferenciam certos tipos de
empreendimentos.
3.7.1 Empresas c
´
iclicas
Estas empresas apresentam lucros intimamente ligados ao estado da economia, sendo ex-
tremamente vol
´
ateis. Em per´ıodos de ``boom'' econ
ˆ
omico, os lucros destas empresas nor-
malmente inflar
˜
ao, enquanto que em per´ıodos de recess
˜
ao os lucros provavelmente estar
˜
ao
deprimidos. Desta forma
´
e necess
´
ario abordar, nos c
´
alculos do valor destas empresas, a
ciclicidade dos lucros durante o ano-base e os efeitos da volatilidade dos lucros.
Normalmente, o ano-base utilizado para c
´
alculo do Fluxo de Caixa Descontado
´
e o ano
corrente e as taxas de crescimento s
˜
ao usadas para se projetar lucros e fluxos de caixa
futuros. Se o est
´
agio do ciclo econ
ˆ
omico for um momento de pico, os lucros podem ser
demasiadamente elevados. Se o est
´
agio econ
ˆ
omico no instante da avaliac¸
˜
ao apresentar
um cen
´
ario de recess
˜
ao, os lucros podem ser demasiadamente reduzidos. Aplicar taxas de
crescimento aos lucros sem ajust
´
a-los (devido a efeitos c´ıclicos), pode levar a erros signi-
ficativos de avaliac¸
˜
ao.
3.7.2 Empresas em dificuldades financeiras
A avaliac¸
˜
ao de empresas em dificuldades financeiras como lucros e fluxos de caixa negati-
vos, incapacidade de atender aos pagamentos da d´ıvida, aus
ˆ
encia de dividendos, etc., torna
dif´ıcil a aplicac¸
˜
ao de modelos de desconto em fluxos de caixa. Pode-se aplicar soluc¸
˜
oes em
func¸
˜
ao do grau de dificuldade que a empresa se encontra. Se a dificuldade n
˜
ao for fatal,
ou seja, a empresa n
˜
ao se encontra na imin
ˆ
encia de sua liquidac¸
˜
ao, existe uma variedade
de soluc¸
˜
oes potenciais, tais como a avaliac¸
˜
ao da empresa ao inv
´
es do patrim
ˆ
onio l´ıquido, a
utilizac¸
˜
ao de lucros normalizados ou m
´
edios, e estimativas de fluxo de caixa detalhado para
per´ıodo de transic¸
˜
ao. Quando n
˜
ao houver sequer esperanc¸a de recuperac¸
˜
ao (``luz no fim
do t
´
unel''), as soluc¸
˜
oes poss´ıveis s
˜
ao estipular o valor de liquidac¸
˜
ao (valor de liquidac¸
˜
ao dos
49
ativos - d´ıvida pendente) ou utilizar o modelo de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes.
3.8 Modelo do valor presente dos dividendos
O modelo b
´
asico para avaliar o patrim
ˆ
onio l´ıquido
´
e o desconto de dividendos. O valor da
ac¸
˜
ao de uma empresa pode ser calculado com base no fluxo futuro de dividendos. Quando
investidores compram ac¸
˜
oes, geralmente esperam obter dois tipos de fluxo: os dividendos
durante o per´ıodo em que conservam as ac¸
˜
oes e um prec¸o esperado ao final deste per´ıodo.
Como este prec¸o esperado
´
e determinado pelos dividendos futuros, o valor de uma ac¸
˜
ao
´
e
o valor presente dos dividendos at
´
e o infinito:
Valor esperado por ac¸
˜
ao: =
t=1
D
t
(1 + k)
t
, (3.11)
em que
D
t
= dividendos esperados por ac¸
˜
ao;
k = taxa exigida de retorno sobre as ac¸
˜
oes.
Existem dois dados b
´
asicos para o modelo: os dividendos esperados e a taxa de re-
torno exigida sobre o patrim
ˆ
onio l´ıquido. Para obter os dividendos esperados, s
˜
ao trac¸adas
hip
´
oteses sobre as futuras taxas de crescimento dos lucros e ´ındices payout em relac¸
˜
ao ao
lucro. A taxa de retorno exigida de uma ac¸
˜
ao
´
e determinada por seu grau de risco, avaliado
de forma diferente de acordo com o modelo utilizado. O modelo
´
e flex´ıvel o suficiente para
permitir taxas de desconto vari
´
aveis com o tempo, em que a variac¸
˜
ao com o tempo se deva
a mudanc¸as esperadas nas taxas de juros ou no risco ao longo do tempo.
O modelo de crescimento de Gordon
´
e uma vers
˜
ao do modelo de dividendos que crescem
a uma mesma taxa g, indefinidamente. Considerando P
0
o prec¸o corrente e D
1
o dividendo
pago do pr
´
oximo per´ıodo, o valor de uma ac¸
˜
ao
´
e dado por:
P
0
=
D
1
(1 + k)
+
D
1
(1 + g)
(1 + k)
2
+
D
1
(1 + g)
2
(1 + k)
3
+ ··· +
D
1
(1 + g)
N1
(1 + k)
N
+ ···
Usando-se a f
´
ormula da soma dos termos de uma progress
˜
ao geom
´
etrica, dada por:
soma = Primeiro termo [1 (raz
˜
ao)
N
]/(1 raz
˜
ao), onde N
´
e o n
´
umero de termos da
progress
˜
ao, obt
´
em-se a f
´
ormula do crescimento de Gordon, definida por P
0
:
P
0
=
D
1
(1+k)
1
1+g
1+k
N
1
1+g
1+k
,
P
0
=
D
1
k g
, (3.12)
50
sendo: D
1
os dividendos esperados daqui a 1 ano; k a taxa exigida de retorno para investi-
dores em patrim
ˆ
onio l´ıquido; g a taxa de crescimento perp
´
etua dos dividendos.
Segundo Damodaran (2005, cap. 10, p. 240), o modelo de Gordon se ajusta melhor
`
a
empresas que crescem a uma taxa compar
´
avel ou inferior
`
a taxa nominal de crescimento
da economia, que tenham pol´ıticas de pagamento de dividendos em relac¸
˜
ao aos lucros bem
estabelecidas e que pretendam continu
´
a-las a executar no futuro. O payout de dividendos
em relac¸
˜
ao aos lucros da empresa tem de ser consistente com a hip
´
otese de estabilidade,
pois empresas est
´
aveis, geralmente, pagam dividendos substanciais.
3.8.1 Modelo de dividendos em dois est
´
agios
Este modelo permite a exist
ˆ
encia de dois est
´
agios de crescimento: uma fase inicial de cresci-
mento alto e uma fase posterior de equil´ıbrio com taxa de crescimento est
´
avel, que se espera
que permanec¸a por um longo prazo.
Considerando que a fase de crescimento alto dure n anos, com g para percentual de
crescimento, temos que:
P
0
=
n
t=1
D
t
(1 + k)
t
+
P
n
(1 + k)
n
, onde P
n
=
D
n+1
k
n
g
n
, (3.13)
em que
D
t
= dividendos pagos por ac¸
˜
ao no ano t;
k = taxa exigida de retorno (custo do patrim
ˆ
onio l´ıquido) no
per´ıodo de alto crescimento;
P
n
= Prec¸o ao final do ano n;
g = taxa de crescimento extraordin
´
ario para os primeiros n
anos;
g
n
= taxa de crescimento perp
´
etua ap
´
os o ano n;
k
n
= taxa exigida de retorno no estado de equil´ıbrio.
As mesmas restric¸
˜
oes para o crescimento est
´
avel de Gordon, se aplicam ao modelo de
dois est
´
agios. A taxa de crescimento est
´
avel da empresa g
n
deve ser compar
´
avel
`
a taxa de
crescimento da economia. Al
´
em disso o ´ındice payout tem de ser consistente com a taxa
de crescimento estimada.
Limitac¸
˜
oes do modelo
O modelo de precificac¸
˜
ao por dividendos apresenta tr
ˆ
es problemas na sua aplicac¸
˜
ao. O
primeiro se refere
`
a determinac¸
˜
ao do per´ıodo de durac¸
˜
ao de crescimento extraordin
´
ario.
51
Quanto maior for este per´ıodo, maior o valor do investimento. Na pr
´
atica
´
e dif´ıcil converter
considerac¸
˜
oes qualitativas sobre o per´ıodo de crescimento maior em um per´ıodo espec´ıfico
de tempo.
O segundo problema est
´
a relacionado
`
a hip
´
otese de que a taxa de crescimento seja alta
durante o per´ıodo inicial e se altere da noite para o dia em uma taxa menor, est
´
avel ao final
do per´ıodo. Embora tais mudanc¸as bruscas possam acontecer,
´
e mais realista imaginar que
a mudanc¸a de alto crescimento pra crescimento est
´
avel acontec¸a gradualmente ao longo
do tempo.
E finalmente, o modelo tamb
´
em
´
e sens´ıvel
`
as hip
´
oteses relativas ao crescimento est
´
avel,
assim como no modelo de Gordon. Superestimar ou subestimar essa taxa de crescimento
est
´
avel pode levar a erros significativos de valor.
Apesar disso, podem ocorrer cen
´
arios aonde as hip
´
oteses do modelo se aplicam. Uma
empresa pode apresentar um alto crescimento devido aos direitos de uma patente de um
produto muito lucrativo pelos pr
´
oximos anos, ou uma empresa que desfrute de altos lucros
devido a barreiras de entrada em seu mercado significativas, que pode se esperar que man-
tenham novos concorrentes afastados por v
´
arios anos.
3.8.2 O modelo H para a avaliac¸
˜
ao do crescimento
Este modelo tamb
´
em apresenta dois est
´
agios para o crescimento de uma empresa, com a
diferenc¸a de que no primeiro est
´
agio a taxa de crescimento n
˜
ao
´
e constante, mas diminui
linearmente ao longo do tempo at
´
e atingir a taxa de crescimento est
´
avel do segundo est
´
agio.
O modelo baseia-se no pressuposto de que a taxa de crescimento de lucros comece em
uma taxa inicial alta g
a
e decline linearmente sobre o per´ıodo de crescimento extraordin
´
ario
- quantidade 2H de durac¸
˜
ao - para uma taxa de crescimento est
´
avel g
n
-. Tamb
´
em se sup
˜
oe
que o payout dos dividendos
´
e constante sobre o tempo, n
˜
ao sendo afetado pelas taxas de
crescimento mut
´
aveis.
52
Modelos de desconto de dividendo
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
g
a
g
n
Fase de crescimento extraordin
´
ario: 2H anos Fase de crescimento infinito
tempo
crescimento
O valor dos dividendos no modelo H pode ser expresso como:
P
0
=
D
0
(1 + g
n
)
k g
n

crescimento est
´
avel
+
D
0
× H(g
a
g
n
)
k g
n

crescimento extraordin
´
ario
, (3.14)
onde:
P
0
= valor da empresa por ac¸
˜
ao nesse momento;
D
0
= D no ano t = 0;
k = retorno exigido pelo investidor em patrim
ˆ
onio l´ıquido;
g
a
= taxa inicial de crescimento;
g
n
= taxa de crescimento ao final de 2H anos, que se aplica
perpetuamente ap
´
os esse per´ıodo.
Limitac¸
˜
oes do modelo
Apesar de evitar os problemas com a queda repentina da taxa de crescimento, o modelo H
ainda apresenta limitac¸
˜
oes. Primeiro, espera-se que o decl´ınio da taxa de crescimento no
per´ıodo inicial siga uma estrutura r´ıgida estabelecida no modelo. Embora pequenos desvios
dessa hip
´
otese n
˜
ao afetem significativamente o valor, grandes desvios podem causar pro-
blemas. Al
´
em disso, a hip
´
otese de que o´ındice payout seja o mesmo em ambas as fases de
crescimento exp
˜
oe o analista a uma inconsist
ˆ
encia:
`
a medida que as taxas de crescimento
diminuem, o ´ındice payout permanece inalterado, quando deveria aumentar.
Segundo Damodaran (2005), este modelo pode ser
´
util para algumas empresas que, por
exemplo, estejam no momento crescendo rapidamente, crescimento este que se espera
que decline gradualmente com o tempo
`
a medida que as empresas se tornarem maiores
e a vantagem diferencial que t
ˆ
em em relac¸
˜
ao a outras empresas se reduzir. A hip
´
otese de
´ındice de payout constante faz o modelo inadequado para empresas que tenham baixo ou
53
nenhum dividendo atualmente. Dessa forma, o modelo, por exigir uma combinac¸
˜
ao de alto
crescimento e alto pagamento, pode ser bastante limitado em sua aplicac¸
˜
ao.
3.8.3 Modelo de desconto de dividendos (MDD) em tr
ˆ
es est
´
agios
O modelo em tr
ˆ
es est
´
agios combina o modelo de dois est
´
agios com o modelo H. Considera
a exist
ˆ
encia de um per´ıodo inicial de alto crescimento, um per´ıodo de transic¸
˜
ao em que o
crescimento declina linearmente e uma fase final perp
´
etua de crescimento est
´
avel. Al
´
em
disso, n
˜
ao imp
˜
oe restric¸
˜
ao ao ´ındice payout.
O valor da ac¸
˜
ao neste modelo
´
e expresso a seguir:
P
0
=
t=n
1
t=1
E
0
(1 + g
a
)
t
× Π
a
(1 + k)
t

crescimento elevado
+
t=n
2
t=n
1
+1
D
t
(1 + k)
t

transic¸
˜
ao
+
E
2
(1 + g
n
) × Π
n
(k
n
g
n
)(1 + k
n
)
n

crescimento est
´
avel
, (3.15)
onde
E
t
= lucros por ac¸
˜
ao no ano t;
D
t
= dividendos por ac¸
˜
ao no ano t;
g
a
= taxa de crescimento na fase de alto crescimento (durante
n
1
per´ıodos);
g
n
= taxa de crescimento na fase de crescimento est
´
avel;
Π
a
= ´ındice payout na fase de alto crescimento;
Π
n
= ´ındice payout na fase de crescimento est
´
avel;
k = taxa exigida de retorno sobre o patrim
ˆ
onio l´ıquido no
per´ıodo de alto crescimento;
k
n
= taxa exigida de retorno sobre o patrim
ˆ
onio l´ıquido no
per´ıodo de crescimento est
´
avel.
O ´ındice payout geralmente ser
´
a menor no per´ıodo de alto crescimento, aumentando
durante o per´ıodo de transic¸
˜
ao e alto no per´ıodo de crescimento est
´
avel.
Crescimento esperado no MDD de tr
ˆ
es est
´
agios
Taxas de crescimento de lucros
g
a
g
n
Alto crescimento Per´ıodo de transic¸
˜
ao Fase de crescimento infinito
Altos ´ındices payout
´
Indices payout de dividendos
Pagamento crescente
Baixos ´ındices payout
tempo
crescimento
54
Limitac¸
˜
oes do modelo
Este modelo remove muitas restric¸
˜
oes impostas por outras vers
˜
oes do modelo de descontos
de dividendos, mas, segundo Damodaran (2005, cap. 10) exige uma quantidade muito maior
de dados: ´ındices payout, taxas de crescimento e betas espec´ıficos para cada ano. Erros
nestes dados podem sobrepujar quaisquer benef´ıcios que provenham da flexibilidade deste
modelo.
3.9 Modelo baseado no P /L (
´
indice Prec¸o/Lucro) de ac¸
˜
oes
similares
O modelo baseado no P /L de ac¸
˜
oes similares constitui-se na comparac¸
˜
ao da empresa
com outras que apresentam caracter´ısticas semelhantes (segmento econ
ˆ
omico, n´ıvel tec-
nol
´
ogico, perfil gerencial, etc.). A relac¸
˜
ao entre o prec¸o e o lucro por ac¸
˜
ao (P /L) dessas
outras entidades seria multiplicada pelo lucro da avaliada, produzindo o suposto valor do
empreendimento, ou seja:
P /L = x P = x.L
Este indicador, num mercado eficiente, proporcionaria uma medida normalizada para
comparar os prec¸os das ac¸
˜
oes. Uma relac¸
˜
ao P /L alta indica a exist
ˆ
encia da expectativa
de crescimento dos benef´ıcios gerados pela empresa. Ela tamb
´
em
´
e interpretada como o
tempo em que se recupera o investimento inicial, considerando que os n´ıveis de benef´ıcios
permanecer
˜
ao constantes. O inverso desse quociente (Lucro/Prec¸o)
´
e uma medida de rendi-
mento do t´ıtulo. Algumas cr´ıticas para este modelo s
˜
ao normalmente citadas por alguns
autores:
considera o lucro cont
´
abil;
ignora o valor do dinheiro no tempo e os riscos; e
considera impl´ıcita a id
´
eia de efici
ˆ
encia do mercado.
Outros autores, como Damodaran (2005, cap. 14), fazem uma avaliac¸
˜
ao dife-
rente, mostrando que o valor do dinheiro no tempo e os riscos est
˜
ao relacionados ao ´ındice
P /L.
55
O ´ındice P /L, para uma empresa est
´
avel, pode ser obtido a partir do modelo de cresci-
mento de Gordon para uma empresa est
´
avel:
P
0
=
D
1
(k g
n
)
, (3.16)
onde
P
0
= valor do patrim
ˆ
onio l´ıquido;
D
1
= dividendos esperados por ac¸
˜
ao no ano seguinte;
k = taxa exigida de retorno sobre o patrim
ˆ
onio l´ıquido;
g
n
= taxa de crescimento dos dividendos (para sempre);
D
1
= E
0
(
´
Indice payout)(1 + g
n
).
O valor do patrim
ˆ
onio l´ıquido pode ser expresso como:
P
0
=
E
0
(
´
Indice payout)(1 + g
n
)
(k g
n
)
. (3.17)
Rearranjando para explicitar o ´ındice PL:
P
0
E
0
= P E =
´
Indice payout(1 + g
n
)
k g
n
. (3.18)
Se o ´ındice PL for estabelecido em termos dos lucros esperados no per´ıodo de tempo
seguinte, a express
˜
ao pode ser simplificada para:
P
0
E
1
= P E
1
=
´
Indice payout
k g
n
. (3.19)
O ´ındice PL
´
e uma func¸
˜
ao crescente do ´ındice payout e da taxa de crescimento, e uma
func¸
˜
ao decrescente do risco da empresa.
3.10 Metodologia do valor presente ajustado
Esta metodologia ajusta os fluxos de caixa e valores presentes pelos custos e benef´ıcios
provenientes de financiamentos.
Nas considerac¸
˜
oes de Modigliani e Miller para o princ´ıpio fundamental, aplicado em ava-
liac¸
˜
ao de empresas, uma das pressuposic¸
˜
oes
´
e de que o custo m
´
edio ponderado de capital,
em um mundo livre de impostos, deve ser constante, independente da estrutura de capital.
Segundo Copeland, Koller e Murrin (2002, cap. 8), isto
´
e evidente se o valor total
for constante e os fluxos de caixa livre, por definic¸
˜
ao, forem independentes da estrutura do
capital. Dessa forma, a estrutura de capital s
´
o pode afetar fluxos de caixa por meio de im-
postos, outras imperfeic¸
˜
oes e distorc¸
˜
oes do mercado. Na maioria dos pa´ıses, pagamentos
56
de juros s
˜
ao dedut´ıveis para fins fiscais, e, dessa forma, o total de impostos pagos poder
´
a
ser menor se a empresa utilizar endividamento em sua estrutura de capital.
Uma forma de se ajustar estes valores
´
e atrav
´
es do c
´
alculo de um novo custo m
´
edio
ponderado de capital, considerando-se custos n
˜
ao alavancados do capital social com custos
de endividamentos e impostos.
CMePC = k
u
k
b
B
B + S
T , (3.20)
onde
k
u
= custo n
˜
ao alavancado do capital social;
k
b
= custo do endividamento;
T = al´ıquota tribut
´
aria marginal sobre as despesas com juros;
B = valor de mercado do endividamento;
S = valor de mercado do capital social.
Os efeitos colaterais do capital de terceiros podem ser os mais variados. Um destes
´
e o
efeito positivo resultante de subs´ıdios fiscais, conseq
¨
u
ˆ
encia da dedutibilidade do valor dos
impostos sobre o lucro que uma d´ıvida pode provocar. Outra forma de subs´ıdio
´
e o que
se refere a financiamentos com capital de terceiros que podem apresentar alternativas de
endividamento com condic¸
˜
oes especiais, provocando um aumento do spread entre captac¸
˜
ao
e aplicac¸
˜
ao de recursos. Efeitos colaterais negativos podem ser devido ao surgimento de
custos referentes
`
a emiss
˜
ao de novos t´ıtulos (motivado por lanc¸amento de t´ıtulos junto ao
p
´
ublico) e o custo associado
`
as dificuldades financeiras, com elevac¸
˜
ao do risco de fal
ˆ
encia
e do custo m
´
edio ponderado de capital, causado pela alavancagem financeira.
3.11 Valor de uma empresa em termos de goodwill
Segundo Iudic´ıbus (2004, cap. 13), o goodwill
´
e um item que pode ser definido como um
ativo intang´ıvel n
˜
ao identific
´
avel. Kohler define um ativo intang´ıvel como sendo ``um ativo
de capital que n
˜
ao tem exist
ˆ
encia f´ısica, cujo valor
´
e limitado pelos direitos e benef´ıcios que
antecipadamente sua posse confere ao propriet
´
ario''. O termo ``n
˜
ao identific
´
avel'' representa
o fato de que o goodwill apresenta vantagens que n
˜
ao s
˜
ao especificamente identific
´
aveis e
n
˜
ao possui usos alternativos.
O goodwill trata-se, portanto, de um assunto complexo e tem sido considerado, segundo
Iudic´ıbus (2004), sob tr
ˆ
es perspectivas:
57
1. como excesso de prec¸o pago pela compra de um empreendimento ou patrim
ˆ
onio sobre
o valor de mercado de seus ativos l´ıquidos;
2. nas consolidac¸
˜
oes, como o excesso de valor pago pela companhia-m
˜
ae por sua par-
ticipac¸
˜
ao sobre os ativos l´ıquidos da subsidi
´
aria;
3. como o valor presente dos lucros futuros esperados, descontados de seus custos de
oportunidade.
A metodologia apresentada a seguir
´
e uma das v
´
arias maneiras de se estimar o goodwill
de uma empresa, que pode levar tamb
´
em a uma particular maneira de avaliar o valor de
uma empresa.
Considerar que:
P E
0
= patrim
ˆ
onio l´ıquido a valores de realizac¸
˜
ao (tang´ıveis e in-
tang´ıveis identific
´
aveis), avaliando no momento zero;
k = taxa de retorno de um investimento de risco zero; a taxa de
custo de oportunidade, aplic
´
avel a um P L
i
por apresentar
o recebimento de P L
i
um risco nulo (est
´
a avaliado o valor
da realizac¸
˜
ao);
E
i
= lucro projetado para o per´ıodo i;
j = taxa desejada de retorno, que deve ser superior
`
a taxa
r, pois o lucro E
i
´
e gerado por elementos tang´ıveis e in-
tang´ıveis; o risco
´
e maior, logo se faz necess
´
ario adicionar
a r um pr
ˆ
emio pelo risco.
A equac¸
˜
ao que expressa o ``lucro em excesso'' no per´ıodo i
´
e:
Lucro em excesso (valor presente) =
E
i
kP E
i1
(1 + j)
i
. (3.21)
Esta express
˜
ao
´
e v
´
alida para todos os per´ıodos, de forma que o valor presente do good-
will ser
´
a:
G =
E
1
kP E
0
(1 + j)
+
E
2
kP E
1
(1 + j)
2
+ ··· +
E
n
kP E
n1
(1 + j)
n
. (3.22)
O valor presente da empresa ser
´
a:
V P = P E
0
+ G .
Para um lucro m
´
edio constante anual L com horizonte indefinido, obt
´
em-se:
G =
E P Ek
j
. (3.23)
58
O valor da empresa ser
´
a :
V P = P E + G .
Igualando a taxa k
`
a taxa j e denominando J, obt
´
em-se:
V P =
E P EJ
J
+ P E . (3.24)
Logo:
JV P = E P EJ + JP E .
Assim:
JV P = E
Finalmente:
V P =
E
J
.
3.12 Conclus
˜
ao
Neste cap´ıtulo foram apresentadas metodologias de c
´
alculo do valor de empresas, alinhadas
ao princ´ıpio fundamental. Fica evidente que a principal abordagem utilizada
´
e a por fluxo de
caixa descontado.
Para isto, foi definido um importante par
ˆ
ametro, o CMePC: custo m
´
edio ponderado de
capital, utilizado como taxa de desconto que funciona como o custo de oportunidade. Tam-
b
´
em foram apresentados alguns modelos de casos particulares na abordagem por fluxo de
caixa descontado, como empresas c´ıclicas e empresas em dificuldades financeiras.
Outra abordagem importante
´
e a do modelo de precificac¸
˜
ao do valor presente por dividen-
dos, e formas alternativas de aplicac¸
˜
ao deste modelo como o modelo de dividendos em dois
est
´
agios, o modelo H para avaliac¸
˜
ao do crescimento e o modelo de desconto de dividendos
em tr
ˆ
es est
´
agios. O ponto negativo desta abordagem
´
e considerar uma taxa de crescimento
constante e ser aplic
´
avel apenas em casos de empresas extremamente est
´
aveis, situac¸
˜
oes
improv
´
aveis de se encontrar.
Foram apresentadas tamb
´
em outras formas de precificac¸
˜
ao alinhadas ao princ´ıpio fun-
damental, com abordagens diferenciadas, como o modelo baseado no ´ındice prec¸o/lucro de
ac¸
˜
oes similares, a metodologia do valor presente ajustado e o valor de uma empresa em
termos de ``goodwill''.
CAP
´
ITULO 4
M
´
ETODOS DE DETERMINAC¸
˜
AO DO VALOR DE UMA
EMPRESA N
˜
AO ASSOCIADOS AO PRINC
´
IPIO
FUNDAMENTAL
4.1 Introduc¸
˜
ao
Neste cap´ıtulo s
˜
ao apresentadas outras metodologias de precificac¸
˜
ao de empresas n
˜
ao a-
linhadas ao princ´ıpio fundamental. Como um dos objetivos deste trabalho
´
e a de fornecer
um panorama geral das v
´
arias possibilidades de c
´
alculo do valor de empreendimentos,
´
e
v
´
alido apresentar nesta parte do trabalho formas alternativas de precificac¸
˜
ao de empresas,
que consideram outros par
ˆ
ametros dos empreendimentos e soluc¸
˜
oes interessantes quando
a base de dados para a precificac¸
˜
ao for insuficiente.
4.2 Modelo de avaliac¸
˜
ao cont
´
abil
Segundo este modelo, o valor de uma empresa est
´
a baseado na soma alg
´
ebrica dos ativos
e passivos exig´ıveis mensurados de acordo com os princ´ıpios cont
´
abeis tradicionais. A
equac¸
˜
ao que representa este modelo
´
e mostrada a seguir:
Valor da Empresa = Ativos Cont
´
abeis - Passivos exig´ıveis cont
´
abeis
= Patrim
ˆ
onio L´ıquido.
Segundo Martins (2001), o modelo de avaliac¸
˜
ao patrimonial cont
´
abil pode ser utilizado
por empresas cujos ativos mensurados pelos princ´ıpios cont
´
abeis n
˜
ao divergem muito de
seus valores de mercado e que n
˜
ao possuem um goodwill (ativos intang´ıveis) significativo.
Dessa forma, seu uso deve ser muito restrito.
59
60
4.3 Modelo de avaliac¸
˜
ao patrimonial pelo mercado
O modelo de avaliac¸
˜
ao patrimonial pelo mercado contabiliza o conjunto de ativos e passivos
exig´ıveis com base no valor de mercado e seus itens espec´ıficos. Os valores de entrada
ou sa´ıda s
˜
ao aplicados de acordo com a natureza e a intenc¸
˜
ao de uso de cada item. No
livro Avaliac¸
˜
ao de Empresas: Da Mensurac¸
˜
ao Cont
´
abil
`
a Econ
ˆ
omica,
´
e mostrado o seguinte
exemplo:
Item patrimonial Crit
´
erio de avaliac¸
˜
ao proposto
Estoque de mat
´
eria prima Custo de reposic¸
˜
ao
Estoque de produtos acabados Valor l´ıquido de realizac¸
˜
ao
Contas a receber Valor presente do recebimento futuro
Passivo exig´ıvel Ajustado a seu valor de mercado, de
acordo com as condic¸
˜
oes de cr
´
edito e
taxas de juros acordadas
Em termos de equac¸
˜
ao, obt
´
em-se:
Valor da empresa = Ativos ajustados passivos exig´ıveis ajustados.
Segundo Martins (2001), embora v
´
alida para um n
´
umero maior de situac¸
˜
oes es-
pec´ıficas, a adoc¸
˜
ao do modelo de avaliac¸
˜
ao patrimonial pelo mercado costuma desconside-
rar os benef´ıcios l´ıquidos futuros que o conjunto de ativos e passivos exig´ıveis seria capaz
de gerar. Na realidade, tem fundamento quando ele
´
e superior ao valor da empresa em
marcha.
4.4 Modelo de capitalizac¸
˜
ao de lucros
Esta metodologia parte dos lucros m
´
edios ponderados antes dos juros e tributos e capitaliza-
os com o uso de uma taxa subjetivamente determinada. Conseq
¨
uentemente, a determina-
c¸
˜
ao desta taxa pode gerar diverg
ˆ
encias.
Em pequenos neg
´
ocios que apresentam certa tradic¸
˜
ao de lucratividade, a taxa de capi-
talizac¸
˜
ao geralmente
´
e fixada entre 33% e 17% e tamb
´
em pode ser expressa em m
´
ultiplos
(6, 3, etc.)
Segundo Scharf, Shea e Beck (1991:79), o modelo de capitalizac¸
˜
ao de lucros
exige cuidados na identificac¸
˜
ao de dois elementos:
61
1. o lucro do comprador depois da operac¸
˜
ao ajustado pelas tend
ˆ
encias;
2. a taxa de capitalizac¸
˜
ao adequada.
A principal limitac¸
˜
ao desta abordagem
´
e que o lucro
´
e apurado atrav
´
es da contabilidade
tradicional.
4.5 Modelo dos m
´
ultiplos de faturamento
O modelo de m
´
ultiplos de faturamento consiste numa vers
˜
ao simplificada do modelo de
capitalizac¸
˜
ao dos lucros. Neste modelo o lucro cont
´
abil
´
e substitu´ıdo pelo faturamento
da empresa. As informac¸
˜
oes sobre os demais itens do resultado do exerc´ıcio tornam-se
desnecess
´
arias, simplificando significativamente a avaliac¸
˜
ao. Essa opc¸
˜
ao pode surtir efeitos
satisfat
´
orios em empreendimentos que n
˜
ao possuem um sistema cont
´
abil ou que n
˜
ao se
pode confiar.
Segundo Martins (2001), a simplicidade do modelo dos m
´
ultiplos de faturamento parece
compat´ıvel com pequenos neg
´
ocios (padarias, farm
´
acias, etc.), em que os eventos econ
ˆ
o-
micos associados
`
as operac¸
˜
oes da entidade possuem baixo n´ıvel de complexidade e existe
forte homogeneidade no setor. Assim, com base na experi
ˆ
encia do avaliador, a fixac¸
˜
ao
primordialmente subjetiva do multiplicador tende a n
˜
ao comprometer a aproximac¸
˜
ao do valor
econ
ˆ
omico do empreendimento.
4.6 Modelo dos m
´
ultiplos de fluxo de caixa
O modelo por m
´
ultiplos de fluxo de caixa
´
e m
´
etodo an
´
alogo ao modelo de m
´
ultiplos de lucros
na avaliac¸
˜
ao de empresas. O EBITIDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and
Amortization ou Lucros Antes dos Juros, Impostos sobre o Lucro, Depreciac¸
˜
ao, Amortizac¸
˜
ao
e Exaust
˜
ao)
´
e calculado e combinado com os multiplicadores, resultando num valor estimado
para a empresa.
O exemplo simplificado, Avaliac¸
˜
ao de Empresas: Da Mensurac¸
˜
ao Cont
´
abil
`
a Econ
ˆ
omica,
ilustra a aplicac¸
˜
ao desse modelo.
´
E apresentada a seguinte demonstrac¸
˜
ao do resultado,
considerando um m
´
ultiplo de 3:
62
Demonstrac¸
˜
ao do resultado do exerc´ıcio (em $)
Itens do resultado Valores
Vendas 1.200
Custo das vendas -400
Despesas operacionais (que afetam o caixa) -200
Lucros antes dos juros, tributos sobre o lucro, depreciac¸
˜
ao,
amortizac¸
˜
ao e exaust
˜
ao (EBITIDA)
600
Depreciac¸
˜
ao, amortizac¸
˜
ao e exaust
˜
ao -300
Resultado financeiro -100
Lucros antes dos tributos sobre o lucro 200
IR + Contribuic¸
˜
ao Social -70
Lucro l´ıquido 130
Considerando que a empresa possui $50,00, em aplicac¸
˜
oes financeiras e $600,00 em
d´ıvidas, o valor da empresa seria:
Itens Valor
EBITIDA $600
Multiplicador 3
Subtotal $1.800
Aplicac¸
˜
oes financeiras $50
D´ıvidas -$600
Valor da empresa $1.250
´
E claramente observado que a escolha do multiplicador influencia significativamente o
valor estimado da empresa. Desta forma, um cuidado especial, deve ser atribu´ıdo a esta
tarefa. Segundo Martins (2001), o uso dos multiplicadores apresenta indiretamente a
id
´
eia de per´ıodos para o retorno do investimento (payback), e
´
e, a exemplo do modelo dos
m
´
ultiplos de faturamento, aplic
´
avel aos setores econ
ˆ
omicos homog
ˆ
eneos. Cada segmento
econ
ˆ
omico tende a ter seu pr
´
oprio multiplicador em func¸
˜
ao da estrutura da formac¸
˜
ao de seu
resultado e da taxa de retorno requerida.
4.7 Modelos baseados no EVA
O modelo de gerenciamento de empresas, baseado no EVA, consiste na busca da maximi-
zac¸
˜
ao do valor econ
ˆ
omico adicionado:
EVA = Nopat (C% ×TC) ,
onde:
63
EVA = valor econ
ˆ
omico adicionado (Economic Value Added);
Nopat = resultado operacional l´ıquido depois dos impostos (Net
Operating Profit After Taxes);
C% = custo percentual do capital total (pr
´
oprio e de terceiros);
TC = capital total investido.
Um outro indicador importante neste t
´
opico
´
e o MVA
R
- Market Value Added - cuja
proposta
´
e mensurar a riqueza gerada por empreendimento, em termos de percepc¸
˜
ao do
mercado relativo ao valor de seus t´ıtulos imobili
´
arios. Conseq
¨
uentemente, sua equac¸
˜
ao,
segundo Ehrbar (1999:36), seria:
MVA
R
= valor de mercado capital total.
De acordo com Ehrbar, o valor de mercado
´
e igual a soma do valor de mercado do capital
pr
´
oprio mais o valor de mercado do endividamento. No que se refere ao endividamento,
parece haver algum consenso de que seu valor cont
´
abil tradicional se constitui num bom
substituto do valor de mercado.
Muitas empresas, pressionadas pela crescente competitividade e exig
ˆ
encia de posturas
gerenciais mais eficazes, v
ˆ
em orientando sua administrac¸
˜
ao por este m
´
etodo. Segundo
Stewart (1991),
´
e poss´ıvel obter o valor de uma empresa com base no lucro econ
ˆ
omico, ou
seja;
Valor de mercado = Valor presente dos EVA
R
+ Capital.
Calculamos, ent
˜
ao, o valor presente dos EVA
R
projetados e adicionamos o capital em-
pregado para apurar o valor da empresa. As equac¸
˜
oes a seguir sintetizam as id
´
eias de
Stewart (1991):
Valor da empresa = Capital total empregado + Valor adicionado
Valor presente dos EVA
R
futuros (MVA positivo)
Valor da empresa = Capital total empregado Valor destru´ıdo
Valor presente dos EVA futuros (MVA negativo)
A determinac¸
˜
ao do valor de uma empresa pelo m
´
etodo EVA estar
´
a sujeita
`
as vanta-
gens e desvantagens do m
´
etodo no gerenciamento de uma empresa. Entre as vantagens
destaca-se a capacidade de conscientizar rapidamente o gestor sobre as expectativas do
64
investidor em relac¸
˜
ao
`
a sua atuac¸
˜
ao e a simplicidade de compreens
˜
ao. Por outro lado, ape-
sar de reconhecer a inadequac¸
˜
ao dos resultados cont
´
abeis tradicionais para a mensurac¸
˜
ao
do valor do empreendimento, o modelo limita-se a ajust
´
a-los globalmente, em vez de tratar
as informac¸
˜
oes
`
a medida que ocorrem os eventos. Outra desvantagem
´
e que a base de re-
sultados globais da empresa impede a identificac¸
˜
ao da contribuic¸
˜
ao gerada por cada
´
area.
4.8 Conclus
˜
ao
At
´
e este cap´ıtulo, foram apresentadas as metodologias tradicionais no que se refere
`
a
precificac¸
˜
ao de uma empresa. A partir deste ponto, o trabalho comec¸ar
´
a a se enveredar
em metodologias de precificac¸
˜
ao mais elaboradas, mas ainda com forte sustentac¸
˜
ao no
princ´ıpio fundamental. A evoluc¸
˜
ao e o aumento da complexidade do mundo dos neg
´
ocios
impuseram a necessidade do desenvolvimento de novas metodologias que incorporassem
elementos do mundo real n
˜
ao adotados por qualquer das metodologias apresentadas at
´
e o
presente momento do trabalho.
´
E sobre estas novas abordagens que o trabalho se desen-
volver
´
a daqui por diante.
CAP
´
ITULO 5
TEORIA DE PRECIFICAC¸
˜
AO DE OPC¸
˜
OES APLICADAS
`
A
AVALIAC¸
˜
AO DE PATRIM
ˆ
ONIO L
´
IQUIDO
5.1 Introduc¸
˜
ao
Durante a
´
ultima d
´
ecada, avanc¸os te
´
oricos e tecnol
´
ogicos possibilitaram metodologias al-
ternativas
`
a abordagem por fluxo de caixa descontado para a determinac¸
˜
ao do valor de
empresas. Uma metodologia que vem ganhando destaque
´
e a aplicac¸
˜
ao de modelos de
precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes na avaliac¸
˜
ao de investimentos, principalmente aqueles em que o
grau de flexibilidade for significativo. Segundo Damodaran (2005) no m
´
etodo de de-
scontos de fluxos de caixa, dois aspectos importantes em tomadas de decis
˜
oes de investi-
mentos s
˜
ao ignorados: a) a irreversibilidade, ou seja, o fato de que o investimento
´
e um custo
afundado, de modo que o investidor n
˜
ao consegue recuper
´
a-lo em caso de arrependimento;
e b) a possibilidade de adiamento da decis
˜
ao de investir.
Em decis
˜
oes de investimento, irreversibilidade, incerteza e possibilidade de adiamento
s
˜
ao caracter´ısticas importantes. Na metodologia de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes, essas carac-
ter´ısticas s
˜
ao captadas explicitamente nos c
´
alculos.
5.2 Definindo uma opc¸
˜
ao
Opc¸
˜
ao
´
e um ativo derivado de um outro ativo, denominado ativo subjacente. Trata-se de um
direito que um investidor adquire de comprar ou vender uma quantidade pr
´
e-determinada de
um ativo a um prec¸o fixo, denominado prec¸o de exerc´ıcio, antes ou na data de vencimento
da opc¸
˜
ao. Por se tratar de um direito, e n
˜
ao uma obrigac¸
˜
ao, o investidor pode decidir se
exercer
´
a seu direito ou n
˜
ao, permitindo que a opc¸
˜
ao expire. Esta decis
˜
ao ser
´
a baseada
65
66
no valor de mercado do ativo subjacente no per´ıodo do vencimento. Existem dois tipos de
opc¸
˜
ao: opc¸
˜
ao de compra e opc¸
˜
ao de venda.
5.2.1 Opc¸
˜
oes de compra
Uma opc¸
˜
ao de compra d
´
a o direito ao comprador da opc¸
˜
ao de adquirir o ativo subjacente por
um prec¸o fixo a qualquer momento antecedente
`
a data de vencimento da opc¸
˜
ao e inclusive.
O comprador, no momento da compra da opc¸
˜
ao, paga um pr
ˆ
emio ao portador da ac¸
˜
ao por
este direito.
Se o valor S do ativo no mercado, no instante ou anteriormente ao vencimento da opc¸
˜
ao,
for maior que o prec¸o de exerc´ıcio (K) - o prec¸o determinado no instante da compra da
opc¸
˜
ao - o comprador exerce o direito. Seu lucro bruto ser
´
a S K (valor do ativo no mercado
menos o valor de exerc´ıcio) e seu lucro l´ıquido ser
´
a o lucro bruto menos o valor do pr
ˆ
emio
da opc¸
˜
ao.
Se o valor S do ativo no mercado for menor que o prec¸o de exerc´ıcio K, o comprador da
opc¸
˜
ao n
˜
ao exerce seu direito e paga o pr
ˆ
emio ao detentor do ativo, sendo este o preju´ızo
do comprador da opc¸
˜
ao e lucro para o vendedor.
Podemos associar
`
a opc¸
˜
ao de compra um diagrama de retorno, que exemplifica o fluxo
de caixa desta opc¸
˜
ao. O retorno ser
´
a negativo, e igual ao valor do pr
ˆ
emio pago pela opc¸
˜
ao,
se o valor do ativo subjacente for menor que o prec¸o de exerc´ıcio no vencimento ou antes
deste. Se o prec¸o do ativo no mercado exceder o prec¸o de exerc´ıcio, o lucro l´ıquido ser
´
a o
valor do ativo no mercado, menos o prec¸o de exerc´ıcio e menos o valor do pr
ˆ
emio.
Diagrama de retorno de uma opc¸
˜
ao de compra
Prec¸o de exerc´ıcio
Prec¸o de ativo subjacente
Retorno l´ıquido de
opc¸
˜
ao de venda
retorno
67
5.2.2 Opc¸
˜
oes de venda
Uma opc¸
˜
ao de venda d
´
a o direito ao comprador da opc¸
˜
ao de vender o ativo subjacente por
um prec¸o fixo a qualquer momento antecedente
`
a data do vencimento. O comprador paga
um pr
ˆ
emio por este direito.
Se o valor de mercado do ativo S no instante do vencimento da opc¸
˜
ao for menor que o
prec¸o de exerc´ıcio, o comprador da opc¸
˜
ao exerce seu direito. Seu lucro l´ıquido ser
´
a o prec¸o
de exerc´ıcio K menos o prec¸o de mercado S e menos ainda o valor do pr
ˆ
emio da opc¸
˜
ao. Se
o prec¸o de exerc´ıcio K for menor que o valor de mercado do ativo no instante do vencimento
(ou antes dele), o comprador da opc¸
˜
ao n
˜
ao exerce seu direito, e seu preju´ızo ser
´
a o valor
do pr
ˆ
emio da opc¸
˜
ao, que ser
´
a o lucro do vendedor.
Um diagrama de retorno de opc¸
˜
oes de venda
´
e mostrado a seguir.
Diagrama de pagamento de opc¸
˜
ao de venda
Prec¸o de exerc´ıcio
Prec¸o de ativo subjacente
Retorno l´ıquido de
opc¸
˜
ao de venda
retorno
5.3 Determinantes do valor de uma opc¸
˜
ao
Uma opc¸
˜
ao pode ser negociada no mercado e seu valor
´
e determinado por uma s
´
erie de
vari
´
aveis relativas ao ativo subjacente e ao mercado financeiro.
Opc¸
˜
oes s
˜
ao ativos que derivam seus valores de um ativo subjacente. Mudanc¸as neste
ativo afetam o valor das opc¸
˜
oes. Quanto maior for a vari
ˆ
ancia do prec¸o do ativo subjacente
no mercado e maior for o prazo at
´
e o vencimento da opc¸
˜
ao esta se valorizar
´
a, tanto opc¸
˜
oes
de compra quanto opc¸
˜
oes de venda. O aumento na medida de risco, no caso vari
ˆ
ancia,
aumenta o valor das opc¸
˜
oes, ao contr
´
ario de outros investimentos. Como o preju´ızo dos
68
compradores de opc¸
˜
ao nunca ser
´
a maior que o valor do pr
ˆ
emio pago, movimentos de prec¸o
podem significar potencial de ganhos de uma opc¸
˜
ao.
A taxa de juros livre de risco tamb
´
em entra na avaliac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes quando o valor pre-
sente do prec¸o de exerc´ıcio for calculado, j
´
a que o prec¸o de exerc´ıcio n
˜
ao precisa ser pago
(recebido) at
´
e o vencimento das opc¸
˜
oes de compra (venda). Aumento nas taxas de juros
aumentar
˜
ao o valor das opc¸
˜
oes de compra e reduzir
˜
ao o valor das opc¸
˜
oes de venda.
5.4 Modelos de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes
A partir de 1972, a teoria de precificac¸
˜
oes de opc¸
˜
oes se desenvolveu intensamente com
a publicac¸
˜
ao do trabalho de Black e Scholes sobre o assunto. Neste trabalho, Black e
Scholes determinam o valor de uma opc¸
˜
ao a partir de uma ``carteira replicante'', composta
pelo ativo subjacente e o ativo de risco zero que produziria os mesmos fluxos de caixa da
opc¸
˜
ao avaliada. Existem duas abordagens poss´ıveis para a precificac¸
˜
ao de uma opc¸
˜
ao a
partir do trabalho de Black e Scholes: um modelo binomial mais simples e o modelo de Black
e Scholes, ambos fundamentados pela mesma fonte de l
´
ogica.
5.4.1 Modelo binomial
O modelo binomial de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes
´
e baseado numa f
´
ormula simples do processo
de prec¸os de ativos, em que o ativo, a qualquer momento, pode se deslocar para um de dois
prec¸os poss´ıveis.
O objetivo, ao se criar uma carteira replicante,
´
e utilizar uma combinac¸
˜
ao de tomar (cap-
tar) / emprestar (aplicar) recursos livre de risco com o ativo subjacente para criar os mesmos
fluxos de caixa que os da opc¸
˜
ao sendo avaliada. Os princ´ıpios da arbitragem ent
˜
ao se apli-
cam, e o valor da opc¸
˜
ao ter
´
a que ser igual ao valor da carteira replicante. Suponha que um
ativo com valor de mercado S, em que seu prec¸o pode se deslocar a qualquer momento
para S
u
ou S
d
, sendo S
u
maior que S e S
d
menor que S. A carteira replicante para uma
opc¸
˜
ao de compra com prec¸o de exerc´ıcio K envolver
´
a tomar emprestado $B e adquirir uma
quantidade Δ do ativo subjacente, em que:
Δ = n
´
umero de unidades do ativo subjacente adquiridas
= (C
u
C
d
)/(S
u
S
d
) ,
69
sendo
C
u
= valor da opc¸
˜
ao de compra se o prec¸o da ac¸
˜
ao for S
u
;
C
d
= valor da opc¸
˜
ao de compra se o prec¸o da ac¸
˜
ao for S
d
.
S
S
d
S
u
S
ud
S
2
u
S
2
d
O modelo binomial fornece uma vis
˜
ao das determinantes do valor das opc¸
˜
oes. O valor de
uma opc¸
˜
ao n
˜
ao
´
e determinado pelo prec¸o esperado do ativo, mas sim pelo seu prec¸o atual
que,
´
e claro, reflete expectativas sobre o futuro. Isto
´
e conseq
¨
u
ˆ
encia direta da arbitragem.
Se o valor da opc¸
˜
ao desvia do valor da carteira replicante, os investidores podem criar uma
posic¸
˜
ao de arbitragem, ou seja, uma posic¸
˜
ao que n
˜
ao requeira qualquer risco e produza
retornos positivos. O valor da opc¸
˜
ao valoriza
`
a medida que o prazo at
´
e o vencimento
´
e
ampliado e que os movimentos de prec¸o (u e d) tornam-se maiores e com o aumento das
taxas de juro.
5.4.2 Modelo de Black e Scholes
O modelo binomial de determinac¸
˜
ao do prec¸o de uma opc¸
˜
ao requer grande quantidade de
dados de entrada em termos de prec¸os futuros esperados em cada n
´
o. O modelo de Black
e Scholes
´
e um caso limitador do binomial, que reduz substancialmente as necessidades
de informac¸
˜
ao.
O modelo binomial
´
e um modelo de tempo discreto da movimentac¸
˜
ao de prec¸os de ativos,
com um intervalo de tempo (t) entre as movimentac¸
˜
oes de prec¸o.
`
A medida que o intervalo
de tempo
´
e encurtado, a distribuic¸
˜
ao limitadora (quando t se aproxima de zero), pode as-
sumir uma de duas formas. Se
`
a medida que t aproxima de zero e as variac¸
˜
oes de prec¸os
se tornam menores, a distribuic¸
˜
ao limitadora
´
e a distribuic¸
˜
ao normal e o processo de prec¸os
´
e um processo cont´ınuo. Se
`
a medida que t se aproximar de zero e as flutuac¸
˜
oes de prec¸os
70
permanecerem grandes, a distribuic¸
˜
ao limitadora
´
e a distribuic¸
˜
ao de Poisson, ou seja, uma
distribuic¸
˜
ao que permite saltos de prec¸os.
O modelo de Black e Scholes se aplica quando a distribuic¸
˜
ao limitadora
´
e a distribuic¸
˜
ao
normal e sup
˜
oe, explicitamente, que o processo de prec¸os
´
e cont´ınuo e que n
˜
ao h
´
a saltos
nos prec¸os de ativos.
A vers
˜
ao do modelo apresentada por Black e Scholes foi projetada para a avaliac¸
˜
ao de
opc¸
˜
oes europ
´
eias, que s
˜
ao protegidas de dividendos. Desta forma, nem a possibilidade
de exerc´ıcio antecipado nem o pagamento de dividendos afetam o valor das opc¸
˜
oes neste
modelo.
O valor de uma opc¸
˜
ao de compra no modelo Black-Scholes pode ser expresso como
func¸
˜
ao das seguintes vari
´
aveis:
S = valor atual do ativo subjacente;
K = prec¸o do exerc´ıcio da opc¸
˜
ao;
t = vida remanescente at
´
e a vida da opc¸
˜
ao;
r
f
= taxa de juros livre de risco correspondente
`
a vida da opc¸
˜
ao;
σ
2
= vari
ˆ
ancia do logaritmo neperiano (ln) do valor do ativo subjacente.
O modelo em si pode ser expresso como:
Valor da opc¸
˜
ao de compra = S.N(d
1
) (Ke
r
f
t
)N(d
2
) , (5.1)
onde
N
(
d
1
)
,
N
(
d
2
)
s
˜
ao estimativas das func
¸
˜
oes cumulativas da distribuic
¸
˜
ao normal.
As determinantes de valor no modelo Black e Scholes s
˜
ao as mesmas do modelo bino-
mial: prec¸o atual da ac¸
˜
ao, variabilidade nos prec¸os das ac¸
˜
oes, o tempo a decorrer at
´
e o
vencimento da opc¸
˜
ao, o prec¸o de exerc´ıcio e a taxa de juros livre de risco. O princ´ıpio das
carteiras replicantes usado na avaliac¸
˜
ao binomial tamb
´
em
´
e subjacente ao modelo Black-
Scholes.
A vers
˜
ao do modelo Black-Scholes apresentada n
˜
ao leva em considerac¸
˜
ao a possibili-
dade de exerc´ıcio antecipado nem o pagamento de dividendos. Ambos impactam o valor
das opc¸
˜
oes, e h
´
a ajustes que, embora n
˜
ao sejam perfeitos, oferecem correc¸
˜
oes parciais de
valor.
Caracter´ısticas como irreversibilidade, incerteza e possibilidade de adiamento podem
ser sintetizadas no modelo de Black e Scholes atrav
´
es da analogia entre a oportunidade de
investimento e a opc¸
˜
ao financeira (Dixt e Pindyck (1994)): uma firma, com uma oportunidade
de investimento irrevers´ıvel, carrega uma opc¸
˜
ao de investir no futuro (ou esperar); ela tem
71
o direito - mas n
˜
ao a obrigac¸
˜
ao - de comprar um ativo (o projeto) no futuro, a um prec¸o de
exerc´ıcio (o investimento). Quando a firma investe, ela exerce a opc¸
˜
ao e paga um custo de
oportunidade igual ao seu valor. O exerc´ıcio da opc¸
˜
ao (o investimento)
´
e irrevers´ıvel, mas a
firma sempre tem a possibilidade de preservar o valor da sua opc¸
˜
ao (adiar o investimento)
at
´
e que as condic¸
˜
oes de mercado se tornem mais favor
´
aveis.
5.5 Aplicac¸
˜
ao da teoria de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes ao pa-
trim
ˆ
onio l
´
iquido
Os modelos de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes podem ser utilizados para avaliar qualquer ativo
que possua as caracter´ısticas das opc¸
˜
oes, com algumas observac¸
˜
oes. A seguir, a teoria
de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes ser
´
a aplicada
`
a avaliac¸
˜
ao do patrim
ˆ
onio l´ıquido como opc¸
˜
ao de
compra sobre a empresa.
5.5.1 Cuidados a serem tomados na aplicac¸
˜
ao de modelos de precifi-
cac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes
De acordo com Damodaran (2005) quando a teoria de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes
´
e aplicada
em casos reais, diversos problemas em potencial precisam ser considerados.
(1) O ativo subjacente n
˜
ao
´
e negociado em bolsa.
O modelo de Black e Scholes
´
e constru´ıdo sobre a premissa de que uma carteira repli-
cante pode ser criada. Isso
´
e possivelmente realiz
´
avel no contexto de opc¸
˜
oes sobre
ac¸
˜
oes negociadas em bolsa e, dessa forma, torna-se menos justific
´
avel quando o ativo
subjacente n
˜
ao o for. Portanto, a arbitragem n
˜
ao
´
e aplic
´
avel. Os valores decorrentes
de modelos de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes t
ˆ
em que ser interpretados com cuidado em caso
de opc¸
˜
oes reais (investimentos, projetos e empresas).
(2) O prec¸o do ativo segue um processo cont´ınuo.
O modelo de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes de Black e Scholes
´
e derivado sob o pressuposto
de que n
˜
ao existem saltos de prec¸o. Se esta pressuposic¸
˜
ao for violada, como o
´
e no
caso das maiorias das opc¸
˜
oes reais, o modelo subestimar
´
a o valor de opc¸
˜
oes com
prec¸os out of the money.* Uma soluc¸
˜
ao
´
e utilizar uma maior estimativa de vari
ˆ
ancia
72
para avaliar opc¸
˜
oes fora do valor de mercado* e uma estimativa de vari
ˆ
ancia menor
para aquelas opc¸
˜
oes cotadas no valor de mercado ou abaixo daquele valor.
(3) A vari
ˆ
ancia
´
e conhecida e n
˜
ao se altera ao longo da vida da opc¸
˜
ao.
A pressuposic¸
˜
ao que os modelos de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes fazem - que a vari
ˆ
ancia
´
e conhecida e n
˜
ao se altera ao longo do tempo -
´
e razo
´
avel quando aplicada
`
as
opc¸
˜
oes de curto prazo cotadas sobre t´ıtulos negociados em bolsa. Quando a teo-
ria de precificac¸
˜
ao
´
e aplicada
`
as opc¸
˜
oes reais de longo prazo, h
´
a problemas com essa
pressuposic¸
˜
ao uma vez que
´
e pouco prov
´
avel que a vari
ˆ
ancia permanec¸a constante
ao longo de per´ıodos mais extensos, podendo, na verdade serem dif´ıceis de estimar
desde o in´ıcio. Mais uma vez, existem vers
˜
oes modificadas do modelo de precificac¸
˜
ao
de opc¸
˜
oes que permitem a mudanc¸a de vari
ˆ
ancias, mas exigem que o processo pelo
qual as vari
ˆ
ancias se modificam sejam, explicitamente, modelados.
(4) O exerc´ıcio
´
e instant
ˆ
aneo.
Os modelos de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes se baseiam na premissa de que o exerc´ıcio
de uma opc¸
˜
ao
´
e instant
ˆ
aneo. Essa premissa poder
´
a ser dif´ıcil de justificar no caso de
opc¸
˜
oes reais, em que o exerc´ıcio pode exigir a construc¸
˜
ao de uma f
´
abrica ou de uma
plataforma de petr
´
oleo, ac¸
˜
oes pouco prov
´
aveis de acontecer instantaneamente. O fato
de que o exerc´ıcio demanda tempo tamb
´
em implica em que a vida real de uma opc¸
˜
ao
real seja freq
¨
uentemente menor do que a vida declarada. Dessa forma, embora uma
empresa possa deter os direitos a uma reserva de petr
´
oleo pelos pr
´
oximos dez anos,
o fato de levar v
´
arios anos para se conseguir extrair o petr
´
oleo reduz a vida da opc¸
˜
ao
sobre os recursos naturais que a empresa possui.
5.5.2 Avaliando o patrim
ˆ
onio l
´
iquido como opc¸
˜
ao
A teoria de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes pode ser uma forma alternativa de avaliac¸
˜
ao de patrim
ˆ
o-
nio l´ıquido de uma empresa.
O patrim
ˆ
onio l´ıquido
´
e um direito residual, isto
´
e, os detentores de patrim
ˆ
onio l´ıquido t
ˆ
em
o direito sobre todos os fluxos de caixa remanescentes depois que outros detentores de
direitos financeiros (d´ıvidas, ac¸
˜
oes preferenciais, etc.) tenham sido satisfeitos. Se uma em-
presa for liquidada, o mesmo princ´ıpio se aplica, com os investidores em patrim
ˆ
onio l´ıquido
73
recebendo aquilo que sobrar depois de todas as d´ıvidas e outras obrigac¸
˜
oes financeiras
tiverem sido pagas. O princ´ıpio de responsabilidade limitada, entretanto, protege os investi-
dores em patrim
ˆ
onio l´ıquido de empresas de capital aberto, caso o valor da empresa se
revele menor do que o valor da d´ıvida pendente, e eles n
˜
ao perder
˜
ao mais do que seu in-
vestimento na empresa. O resultado para os investidores em patrim
ˆ
onio l´ıquido, quando da
liquidac¸
˜
ao, ser
´
a:
Retorno do patrim
ˆ
onio l´ıquido na liquidac¸
˜
ao =
V D , se V > D ,
0 , se V < D ,
onde V = valor da empresa, D = valor de face da d´ıvida pendente e de outros direitos
externos.
Uma opc¸
˜
ao de compra , com um prec¸o de exerc´ıcio K, sobre um ativo com valor atual
S, render
´
a os seguintes retornos:
Retorno do exerc´ıcio =
S K , se S > K ,
0 , se S < K.
O patrim
ˆ
onio l´ıquido poder
´
a ser encarado como uma opc¸
˜
ao de compra da empresa, em
que o exerc´ıcio da opc¸
˜
ao requer que a empresa seja liquidada e que o valor de face da
d´ıvida - que corresponde ao prec¸o de exerc´ıcio - seja quitado.
Se o endividamento da empresa for uma
´
unica emiss
˜
ao de b
ˆ
onus de cupom zero com um
tempo de vida pr
´
e-fixado, e a empresa puder ser liquidada pelos investidores em patrim
ˆ
onio
l´ıquido a qualquer momento antecedente, a vida do patrim
ˆ
onio l´ıquido como opc¸
˜
ao de com-
pra corresponder
´
a
`
a vida do b
ˆ
onus.
Diagrama de retornos: retorno l´ıquido sobre patrim
ˆ
onio l´ıquido
Valor nominal
da d´ıvida
(valor de face)
Valor da empresa
Retorno l´ıquido
sobre patrim
ˆ
onio
l´ıquido
retorno
74
5.5.3 Implicac¸
˜
oes em focalizar o patrim
ˆ
onio L
´
iquido como opc¸
˜
ao de
compra
(a) Avaliando o patrim
ˆ
onio l´ıquido de uma empresa em dificuldades
As implicac¸
˜
oes em focalizar o patrim
ˆ
onio l´ıquido de uma empresa em dificuldades s
˜
ao as
seguintes, segundo Damodaran (2005, p. 465):
``A primeira implicac¸
˜
ao
´
e a de que o patrim
ˆ
onio l´ıquido ter
´
a valor, mesmo que o valor da em-
presa caia para bem abaixo do valor da d´ıvida pendente. Tal empresa ser
´
a vista por investidores,
contadores e analistas como estando em dificuldades, mas isto n
˜
ao significa que seu patrim
ˆ
onio n
˜
ao
tenha valor algum. Na realidade, da mesma forma que as opc¸
˜
oes negociadas fora do valor de mer-
cado ter
˜
ao valor devido
`
a possibilidade que o valor do ativo subjacente venha a subir al
´
em do prec¸o
de exerc´ıcio durante a vida futura remanescente da opc¸
˜
ao, o patrim
ˆ
onio l´ıquido ter
´
a valor devido
ao pr
ˆ
emio de tempo sobre a opc¸
˜
ao (o tempo a decorrer at
´
e o vencimento e resgate de b
ˆ
onus) e a
possibilidade de que o valor dos ativos suba acima do valor de face dos b
ˆ
onus antes do vencimento
destes.''
(b) O conflito entre investidores em b
ˆ
onus e acionistas
Este conflito tamb
´
em
´
e esclarecido por Damodaran (2005):
``Acionistas e investidores em b
ˆ
onus t
ˆ
em func¸
˜
oes objetivas diferentes, o que pode levar a proble-
mas internos, em que os acionistas podem expropriar riqueza dos investidores em b
ˆ
onus. O conflito
pode se manifestar de v
´
arias formas - por exemplo, os acionistas s
˜
ao incentivados a assumirem
projetos mais arriscados do que os investidores em b
ˆ
onus, e a pagar mais em dividendos do que
os investidores em b
ˆ
onus gostariam que fizessem. Este conflito entre acionistas e investidores em
b
ˆ
onus pode ser dramaticamente ilustrado atrav
´
es do uso do modelo de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes. Como
o patrim
ˆ
onio l´ıquido
´
e uma opc¸
˜
ao de compra sobre o valor da empresa, um aumento na vari
ˆ
ancia
do valor da empresa e todo o restante permanecendo inalterado, levar
´
a a um aumento no valor
do patrim
ˆ
onio l´ıquido.
´
E conceb´ıvel, portanto, que os acionistas possam empreender projetos ar-
riscados com valores l´ıquidos presentes negativos os quais, embora sendo bom para eles, podem
desvalorizar os investidores em
ˆ
onus e o valor da empresa''.
5.6 Obtendo dados de entrada para precificac¸
˜
ao de op-
c¸
˜
oes; alguns problemas do mundo real
Nos coment
´
arios feitos at
´
e aqui, algumas suposic¸
˜
oes simplificadoras foram consideradas:
(1) Existem apenas dois detentores de direitos na empresa - d
´
ivida e patrim
ˆ
onio
l
´
iquido;
75
Restringindo-se os detentores de direito a dois, o problema se torna mais trat
´
avel. A
introduc¸
˜
ao de outros detentores de direitos, como ac¸
˜
oes preferenciais, tornar
´
a mais
dif´ıcil chegar a um resultado, embora n
˜
ao imposs´ıvel.
(2) H
´
a apenas uma emiss
˜
ao de d
´
ivida pendente, que poder
´
a ser baixada pelo valor
de face;
Pressupondo apenas uma emiss
˜
ao de d´ıvida de cupom zero, que pode ser baixada
pelo valor de face, a qualquer momento antecedente
`
a data de resgate, as carac-
ter´ısticas da d´ıvida passam a corresponder estreitamente
`
as caracter´ısticas do prec¸o
de exerc´ıcio de uma opc¸
˜
ao padr
˜
ao.
(3) A d
´
ivida
´
e de cupom zero e
´
e isenta de caracter
´
isticas especiais (conversibili-
dade, cl
´
ausulas de venda, etc.);
Se a d´ıvida for uma d´ıvida de cupom, ou se mais de uma emiss
˜
ao de d´ıvida estiver
pendente, os investidores em patrim
ˆ
onio l´ıquido podem ser forc¸ados a exercitar (liqui-
dar a empresa) nestas datas anteriores ao payout de cupons, caso n
˜
ao tenham os
fluxos de caixa necess
´
arios para atenderem
`
as suas obrigac¸
˜
oes com os cupons.
(4) O valor da empresa e sua vari
ˆ
ancia podem ser estimados.
Conhecer o valor de uma empresa e a vari
ˆ
ancia deste valor faz com que a precificac¸
˜
ao
de opc¸
˜
oes se torne poss´ıvel, mas tamb
´
em levanta uma quest
˜
ao interessante sobre a
utilidade da precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes no contexto da avaliac¸
˜
ao. Se os b
ˆ
onus da empresa
forem negociados em bolsa, o valor de mercado da d´ıvida pode ser subtra´ıdo do valor
da empresa para se obter o valor do patrim
ˆ
onio l´ıquido muito mais diretamente. Em
defesa da abordagem de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes, esta tem suas vantagens. Quando
a d´ıvida da empresa n
˜
ao for negociada em bolsa, a utilizac¸
˜
ao da teoria de precificac¸
˜
ao
de opc¸
˜
oes pode fornecer uma estimativa do valor do patrim
ˆ
onio l´ıquido da empresa.
Mesmo quando a d´ıvida for negociada em bolsa, os b
ˆ
onus podem n
˜
ao ter sido correta-
mente avaliados, e a estrutura de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes pode ser
´
util para avaliar os
valores da d´ıvida e do patrim
ˆ
onio l´ıquido. Finalmente, relacionando-se os valores de
d´ıvida e de patrim
ˆ
onio l´ıquido
`
a vari
ˆ
ancia no valor da empresa, oferece-se uma vis
˜
ao
dos efeitos redistributivos das ac¸
˜
oes empreendidas pela empresa.
76
5.6.1 Aplicabilidade em avaliac¸
˜
ao
Como a maioria das empresas n
˜
ao se enquadra na estrutura organizada anteriormente de-
senvolvida, em que h
´
a apenas um b
ˆ
onus de cupom zero pendente, h
´
a compromissos que
t
ˆ
em que ser assumidos para que se possa utilizar este modelo em avaliac¸
˜
ao. Esses com-
promissados s
˜
ao apresentados a seguir segundo Damodaran (2005):
(1) Valor da Empresa
O valor da empresa pode ser obtido por uma de duas maneiras. Na primeira, os valores
de mercado da d´ıvida e do patrim
ˆ
onio l´ıquido s
˜
ao acumulados, partindo da premissa
de que toda a d´ıvida e todo o patrim
ˆ
onio l´ıquido s
˜
ao negociados, para se obter o valor
da empresa. O modelo de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes ent
˜
ao redistribui o valor da empresa
entre d´ıvida e patrim
ˆ
onio l´ıquido. Na segunda, os valores de mercado dos ativos da
empresa s
˜
ao estimados, ou atrav
´
es dos descontos de fluxo de caixa esperados pelo
custo m
´
edio ponderado de capital ou pela utilizac¸
˜
ao de prec¸os de mercado existentes
para esses ativos.
(2) Vari
ˆ
ancia do Valor da Empresa
A vari
ˆ
ancia do valor da empresa pode ser obtida diretamente no caso de tanto as ac¸
˜
oes
quanto os b
ˆ
onus da empresa serem negociados no mercado. Definindo δ
2
e
como a
vari
ˆ
ancia no prec¸o das ac¸
˜
oes e δ
2
d
como a vari
ˆ
ancia no prec¸o dos b
ˆ
onus, w
e
como o
peso do valor de mercado do patrim
ˆ
onio l´ıquido e w
d
como o peso do valor de mercado
da d´ıvida, a vari
ˆ
ancia no valor da empresa pode ser expressa como:
σ
2
empresa
= w
2
e
+ w
2
d
σ
2
d
+ 2w
e
w
d
ρ
ed
σ
e
σ
d
,
onde ρ
ed
´
e a correlac¸
˜
ao entre os prec¸os das ac¸
˜
oes e os dos b
ˆ
onus.
Quando os b
ˆ
onus da empresa n
˜
ao forem negociados, a vari
ˆ
ancia de b
ˆ
onus semelhan-
temente classificados
´
e utilizada como estimativa de ρ
ed
.
(3) Resgate de D
´
ivida
Em contraste com o pressuposto de que uma empresa tem um b
ˆ
onus de cupom zero
pendente, a maioria das empresas tem mais de uma emiss
˜
ao de t´ıtulos de d´ıvida em
77
seus registros cont
´
abeis, e grande parte do endividamento adv
´
em de cupons. Como
o modelo de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes permite apenas uma entrada para o tempo a
decorrer at
´
e o vencimento, estas m
´
ultiplas emiss
˜
oes de b
ˆ
onus e payout de cupons
t
ˆ
em que ser comprimidas em uma
´
unica medida, isto
´
e, elas t
ˆ
em que ser convertidas
em um b
ˆ
onus de cupom zero. Uma soluc¸
˜
ao que leva em conta tanto os pagamentos de
cupons quanto o resgate dos b
ˆ
onus
´
e a de se estimar o duration de cada emiss
˜
ao de
d´ıvida e calcular uma m
´
edia ponderada baseada em valores nominais dos durations
de cada uma das diferentes emiss
˜
oes. Este duration ponderado com base em valores
´
e ent
˜
ao utilizado como medida do tempo a decorrer at
´
e o vencimento da opc¸
˜
ao.
5.7 Conclus
˜
ao
Neste cap´ıtulo foi introduzido um conceito importante para o desenvolvimento do trabalho,
que
´
e a teoria de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes. No cap´ıtulo 7, toda uma teoria de precificac¸
˜
ao
de empresas ser
´
a desenvolvida baseado nesta teoria. No item 5.5 deste cap´ıtulo, um
breve ind´ıcio de como a abordagem de opc¸
˜
oes pode ser
´
util para precificac¸
˜
ao de empresas
foi mostrado. Aspectos como incerteza, possibilidades de adiamento e irreversibilidade (ou
seja, a impossibilidade de recuperar o investimento em casos de fracasso) ser
˜
ao contempla-
dos em novas metodologias de precificac¸
˜
ao de empresas, aspectos estes n
˜
ao considerados
em nenhuma das metodologias apresentadas at
´
e o cap´ıtulo quatro. Al
´
em disso, outra im-
portante considerac¸
˜
ao ser
´
a feita: a passagem da abordagem de tempo discreto (presente
em todas as metodologias apresentadas at
´
e aqui) para tempo cont´ınuo, que ser
´
a abordada
no cap´ıtulo sete.
CAP
´
ITULO 6
PROCESSOS ESTOC
´
ASTICOS
6.1 Introduc¸
˜
ao
At
´
e este ponto do trabalho, todos os modelos de c
´
alculo de valores de empresas e ac¸
˜
oes
se deram em tempo discreto, ou seja, aquele em que a vari
´
avel (prec¸o da ac¸
˜
ao ou valor
da receita) altera seu valor somente em instantes definidos de tempo. O objetivo deste
cap´ıtulo
´
e, baseado em Malliaris (1990), mostrar como se deduz um processo estoc
´
astico de
vari
´
avel cont´ınua e tempo cont´ınuo, adequado para descrever o comportamento de vari
´
aveis
econ
ˆ
omico financeiras (prec¸os de ac¸
˜
oes, rendimentos de ativos, taxas de retorno, etc) e, em
seguida, apresentar novos modelos com base neste processo de tempo cont´ınuo, diferente
de todas as modelagens apresentadas at
´
e aqui.
Um processo estoc
´
astico
´
e definido como um processo capaz de descrever a evoluc¸
˜
ao
temporal de uma vari
´
avel aleat
´
oria.
Um processo estoc
´
astico pode ser do seguinte tipo:
- de tempo discreto: aquele em que a vari
´
avel pode mudar de valor somente em instan-
tes definidos de tempo;
- de tempo cont´ınuo: aquele em que a vari
´
avel pode variar de valor em qualquer instante
de tempo;
- de vari
´
avel discreta: aquele em que a vari
´
avel s
´
o pode apresentar determinados valo-
res discretos;
78
79
- de vari
´
avel cont´ınua: aquele em que a vari
´
avel pode apresentar qualquer valor do
conjunto dos n
´
umeros reais.
6.2 Express
˜
ao anal
´
itica de um processo estoc
´
astico
O comportamento de uma vari
´
avel aleat
´
oria
´
e descrito mediante uma distribuic¸
˜
ao adequa-
da de probabilidades. Em um processo estoc
´
astico o comportamento da vari
´
avel aleat
´
oria
considerada varia com o tempo. Portanto, a distribuic¸
˜
ao de probabilidade utilizada para
descrev
ˆ
e-la tamb
´
em poder
´
a variar com o tempo.
Para descrever o processo estoc
´
astico que segue uma vari
´
avel aleat
´
oria x
t
, deve-se
indicar a cada instante t qual
´
e a distribuic¸
˜
ao de probabilidade associada a x
t
.
Exemplo 6.1 Considere o processo estoc
´
astico x
T
dado por:
x
T
N(x
0
+ µT, σ
2
T ) , x
0
, µ, σ constantes conhecidas.
Em um instante final de tempo T , x
T
segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidade de m
´
edia
x
0
+ µT e de vari
ˆ
ancia σ
2
T ( N(x
0
+ µT, σ
2
T )).
Quando se est
´
a modelando um fen
ˆ
omeno real, surgem dificuldades de estabelecer di-
retamente qual ser
´
a a distribuic¸
˜
ao de probabilidade adequada e como
´
e a variac¸
˜
ao de seus
par
ˆ
ametros com o tempo. Por isso
´
e freq
¨
uente que os processos estoc
´
asticos sejam apre-
sentados mediantes equac¸
˜
oes, similares
`
a dos modelos discretos em diferenciais finitas.
Nestas equac¸
˜
oes se relaciona o valor da vari
´
avel aleat
´
oria x
t
no instante t, com seu valor
no instante anterior x
t1
.
Agora, para que uma equac¸
˜
ao em diferenciais seja estoc
´
astica,
´
e necess
´
ario que sua
express
˜
ao apresente uma vari
´
avel aleat
´
oria ɛ
t
. Deste modo, o valor de x
t
n
˜
ao se deduz de
forma determinista a partir do valor de x
t1
, mas tamb
´
em depende do comportamento da
vari
´
avel aleat
´
oria ɛ
t
, que induzir
´
a em x
t
uma distribuic¸
˜
ao de probabilidade vari
´
avel com o
tempo. Dessa forma, x
t
seguir
´
a um processo estoc
´
astico.
80
6.3 Exemplos de processos estoc
´
asticos definidos por e-
quac¸
˜
oes
x
t
= x
t1
+ ɛ
t
(x
0
conhecido).
Caso 1: ɛ
t
segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidades dada por:
P (ɛ
t
= 1) = P (ɛ
t
= 1) = 1/2.
A distribuic¸
˜
ao de probabilidades de x
t
ser
´
a deduzida a partir da distribuic¸
˜
ao binomial que
segue ɛ
t
. Este exemplo pode ser ilustrado mediante o experimento de lanc¸amento de uma
moeda.
Caso 2: ɛ
t
segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidades dada por:
P (ɛ
t
= 1) = p ;
P (ɛ
t
= 1) = 1 p .
Caso 3: ɛ
t
segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidades N(0, σ)
x
t
= δ + ρx
t1
+ exp
t
t ,
onde x
0
´
e conhecido; δ e ρ s
˜
ao constantes, sendo 1 ρ 1; ɛ
t
segue uma distribuic¸
˜
ao de
probabilidade N(0, σ) (Processo auto-regressivo de primeira ordem).
Em muitos casos,
´
e poss´ıvel deduzir, a partir da equac¸
˜
ao que define o processo es-
toc
´
astico, qual seria a distribuic¸
˜
ao de probabilidade da vari
´
avel aleat
´
oria x
t
. Este procedi-
mento ser
´
a demonstrado para equac¸
˜
oes diferenciais estoc
´
asticas, objeto de interesse deste
estudo.
6.4 Processo de Markov
O Processo de Markov
´
e um tipo particular de processo estoc
´
astico em que somente o
estado atual do processo
´
e relevante no momento de predizer o estado futuro. Assim, o
hist
´
orico passado do processo e a forma em que o presente se apresentou do passado s
˜
ao
irrelevantes.
81
Mais formalmente, o valor esperado de uma vari
´
avel aleat
´
oria x
t
no instante t, depende
unicamente do valor pr
´
evio x
t1
. Generalizando, possuindo-se informac¸
˜
oes sobre x
r
, com
r < t, ent
˜
ao para a estimativa de x
t
, a
´
unica informac¸
˜
ao necess
´
aria
´
e a de x
r
, para o maior
r do qual se possui informac¸
˜
ao.
Sup
˜
oe-se habitualmente que os prec¸os das ac¸
˜
oes seguem um processo de Markov. Esta
propriedade dos prec¸os das ac¸
˜
oes est
´
a relacionada com a denominada ``efici
ˆ
encia d
´
ebil
do mercado''. Isto significa que o prec¸o atual da ac¸
˜
ao encerra toda a informac¸
˜
ao contida
no registro dos prec¸os do passado. Se esta propriedade n
˜
ao fosse correta, os analistas
t
´
ecnicos poderiam obter benef´ıcios acima da m
´
edia, interpretando as bases de dados do
hist
´
orico das ac¸
˜
oes. Existem poucas evid
ˆ
encias de que os analistas sejam capazes de
interpretar estes dados.
6.5 Processo de Wiener
O processo de Wiener
´
e um tipo especial do processo estoc
´
astico de Markov. Diz-se que
uma vari
´
avel x
t
segue um processo de Wiener se a seguinte equac¸
˜
ao for satisfeita:
x
t
= x
t1
+ ɛ
t
Δt , (6.1)
onde x
0
´
e conhecido, t = t 1 + Δt, ɛ
t
segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidade N (0, 1) e ɛ
t
´
e independente de ɛ
s
para todo t = s.
6.5.1 Propriedades do processo de Wiener
Para um intervalo temporal Δt, o incremento da vari
´
avel aleat
´
oria Δx se distribui segundo
uma normal de m
´
edia zero e vari
ˆ
ancia Δt,
Δx N(0, Δt) ,
x
t
= x
t1
+ ɛ
t
Δt Δx = x
t
x
t1
= ɛ
t
Δt . (6.2)
Como ɛ
t
segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidade normal, ent
˜
ao ɛ
t
Δt tamb
´
em segue
uma distribuic¸
˜
ao normal. A m
´
edia e a vari
ˆ
ancia de ɛ
t
Δt ser
´
a ent
˜
ao:
µ = Ex] = E[ɛ
t
Δt] =
Δt × E[ɛ
t
] = Δt × 0 = 0 ,
var = E[(Δx µ)
2
] = E[(Δx 0)
2
] = E[(Δx)
2
] = E[ɛ
2
t
Δt]
= Δt × E[ɛ
2
t
] = Δt × E[(ɛ
t
0)
2
] = Δt × 1 = Δt ,
82
ɛ
t
segue uma N(0, 1).
Para estudar o comportamento de Δx em um intervalo de tempo relativamente amplo
[0, T ], deve-se proceder da seguinte forma:
Subdivide-se o intervalo [0, T ] em k intervalos de amplitude Δt = T /k.
Aplica-se a f
´
ormula do processo de Wiener a cada intervalo k e soma-se, membro a
membro, as equac¸
˜
oes obtidas:
x
T
x
T 1
= ɛ
k1
Δt ,
x
T 1
x
T 2
= ɛ
k2
Δt ,
.
.
.
x
2
x
1
= ɛ
1
Δt ,
x
1
x
0
= ɛ
0
Δt ,
x
T
x
0
=
k1
i=0
ɛ
i
Δt . (6.3)
Como as vari
´
aveis aleat
´
orias ɛ
i
s
˜
ao independentes e se distribuem segundo uma normal
N(0, 1), ent
˜
ao
ɛ
i
se distribui segundo uma normal de m
´
edia igual
`
a soma das m
´
edias e de
vari
ˆ
ancia igual
`
a soma das vari
ˆ
ancias. Portanto, x
T
x
0
apresenta uma distribuic¸
˜
ao normal
de m
´
edia e vari
ˆ
ancia da seguinte forma:
E[x
T
x
0
] = E

k1
i=0
ɛ
i
Δt
=
Δt × E
k1
i=0
ɛ
i
=
Δt × 0 = 0 ,
var [x
T
x
0
] = var

k1
i=0
ɛ
i
Δt
= Δt × var
k1
i=0
ɛ
i
= Δt ×
k1
i=0
1 = Δt × q =
T
q
× q = T ,
x
T
x
0
N(0, T ) , (6.4)
x
T
N(x
0
, T ) . (6.5)
6.6 Movimento Browniano aritm
´
etico
O movimento browniano aritm
´
etico (MBA)
´
e um processo estoc
´
astico definido em termos de
um processo de Wiener de acordo com a seguinte equac¸
˜
ao:
x
t
x
t1
= Δx = µΔt + σΔz , (6.6)
83
onde µ e σ s
˜
ao constantes e Δz = ɛ
t
Δt
´
e um processo de Wiener.
A constante µ representa a taxa esperada de variac¸
˜
ao da vari
´
avel x por unidade de
tempo. De fato, se eliminasse o segundo termo da soma do lado direito da equac¸
˜
ao,
ter´ıamos que x
t
= x
t1
+ µΔt.
O termo σΔt ``perturba'' a tend
ˆ
encia expressa por µΔt. Esta perturbac¸
˜
ao ser
´
a σ vezes
o processo de Wiener Δz (Δz = ɛ
Δt).
6.6.1 Propriedades do Movimento Browniano Aritm
´
etico
Para um intervalo de tempo Δt, o incremento da vari
´
avel aleat
´
oria Δx se distribui segundo
uma normal de m
´
edia µΔt e vari
ˆ
ancia σ
2
Δt,
Δx N(µΔt, σ
2
Δt) . (6.7)
Como Δz
´
e um processo de Wiener, ent
˜
ao Δz segue uma distribuic¸
˜
ao de probabilidade
normal de m
´
edia zero e vari
ˆ
ancia Δt. Ent
˜
ao Δx seguir
´
a tamb
´
em uma distribuic¸
˜
ao normal,
com m
´
edia e vari
ˆ
ancia calculadas como a seguir:
µ = Ex] = E[µΔt + σΔz] = µΔ + σEz] = µΔt + 0 = µΔt ,
var = E[(Δx µΔt)
2
] = E[σ
2
Δz
2
] = σ
2
E[(Δz)
2
] = σ
2
E[(Δz 0)
2
]
= σ
2
var z] = σ
2
Δt .
Para avaliar o comportamento de Δx em um intervalo de tempo relativamente amplo
[0, T ], deve-se proceder da seguinte forma:
Subdivide-se o intervalo [0, T ] em k intervalos de amplitude Δt = T /k.
Aplica-se a f
´
ormula do movimento browniano aritm
´
etico a cada intervalo e soma-se,
membro a membro, as equac¸
˜
oes obtidas:
x
T
x
T 1
= µΔt + σɛ
k1
Δt ,
x
T 1
x
T 2
= µΔt + σɛ
k2
Δt ,
.
.
.
x
2
x
1
= µΔt + σɛ
1
Δt ,
x
1
x
0
= µΔt + σɛ
0
Δt ,
84
x
T
x
0
= kµΔt + σ
k1
i=0
ɛ
i
Δt ,
x
T
x
0
= µT + σ
k1
i=0
ɛ
i
Δt . (6.8)
Como as vari
´
aveis aleat
´
orias ɛ
i
s
˜
ao independentes e se distribuem segundo uma normal
N(0, 1), ent
˜
ao
ɛ
i
se distribui segundo uma normal de m
´
edia igual
`
a soma das m
´
edias e de
vari
ˆ
ancia igual
`
a soma das vari
ˆ
ancias. Portanto, x
T
x
0
segue uma distribuic¸
˜
ao normal de
m
´
edia e vari
ˆ
ancia calculadas da seguinte forma:
E[x
T
x
0
] = E
µT + σ
k1
i=0
ɛ
i
Δt
= µT + σ
ΔtE
k1
i=0
ɛ
i
= µT + σ
Δt × 0 = µT ,
E
k1
i=0
ɛ
i
2
= var
k1
i=0
ɛ
i
=
k1
i=0
var [ɛ
i
] ,
var [x
T
x
0
] = E
µT + σ
k1
i=0
ɛ
i
Δt µT
2
= E
σ
k1
i=0
ɛ
i
Δt
2
= σ
2
Δt
k1
i=0
1 = σ
2
Δtk = σ
2
T ,
x
T
x
0
N(µT, σ
2
T ) , (6.9)
x
T
N(x
0
+ µT, σ
2
T ) . (6.10)
6.6.2 Intervalos de confianc¸a para o Movimento Browniano Aritm
´
etico
Considerando que:
x
T
N(x
0
+ µT, σ
2
T ) (6.11)
e utilizando-se propriedades conhecidas da distribuic¸
˜
ao normal, tem-se que os intervalos de
confianc¸a de 66%, 95% e 99% s
˜
ao, respectivamente:
(x
0
+ µT σ
T , x
0
+ µT + σ
T ) ,
(x
0
+ µT 2σ
T , x
0
+ µT + 2σ
T ) ,
(x
0
+ µT 2.33σ
T , x
0
+ µT + 2.33σ
T ) .
85
6.7 Movimento Browniano Geom
´
etrico
Um movimento browniano geom
´
etrico (MBG)
´
e um processo estoc
´
astico definido pela se-
guinte equac¸
˜
ao:
x
t
x
t1
= Δx = µx
t1
Δt + σx
t1
Δz , (6.12)
onde µ e σ s
˜
ao constantes e Δz = ɛ
t
Δt
´
e um processo de Wiener. Note que:
x
t
x
t1
x
t1
= µΔt + σΔz .
Como se pode observar, o quociente do incremento da vari
´
avel dividido pelo valor anterior
da vari
´
avel segue um movimento browniano aritm
´
etico. Esta abordagem atualmente vem
sendo utilizada para estudar a rentabilidade de uma ac¸
˜
ao quando x representa o prec¸o de
uma determinada ac¸
˜
ao.
6.8 Integrais estoc
´
asticas e processos de difus
˜
ao
Os movimentos brownianos se baseiam na definic¸
˜
ao do processo de Wiener. As trajet
´
orias
do processo de Wiener s
˜
ao cont´ınuas, mas n
˜
ao deriv
´
aveis. Portanto, a passagem de um
processo estoc
´
astico de tempo discreto para outro de tempo cont´ınuo n
˜
ao
´
e imediato. Re-
quer a construc¸
˜
ao de uma nova ferramenta matem
´
atica: a integral estoc
´
astica.
Em geral, pode-se definir processos estoc
´
asticos cujos incrementos dependem de um
processo de Wiener. O processo de difus
˜
ao
´
e um processo de Wiener generalizado em que
os par
ˆ
ametros µ e σ se apresentam como func¸
˜
oes da pr
´
opria vari
´
avel e do tempo.
x
t+1
x
t
= f(x
t
, tt + g(x
t
, tz . (6.13)
Se na equac¸
˜
ao anterior Δt tender a zero, transforma-se a equac¸
˜
ao de tempo discreto
para tempo cont´ınuo, e pode-se escrever formalmente que:
dx
t
= f(x
t
, t)dt + g(x
t
, t)dz . (6.14)
A vari
´
avel estoc
´
astica x
t
´
e definida se, na equac¸
˜
ao integral abaixo, as integrais que
aparecem fazem sentido e s
˜
ao calcul
´
aveis:
x
t
= x
0
+
t
0
f(x
t
, t)ds +
t
0
g(x
t
, t)dz , (6.15)
86
onde
t
0
f(x
t
, t)ds
´
e uma integral de Rieman e
t
0
g(x
t
, t)dz n
˜
ao
´
e uma integral de Rieman,
j
´
a que dz n
˜
ao existe. Embora z seja cont´ınua, sua variac¸
˜
ao n
˜
ao
´
e ``definida'' e, portanto, a
integral n
˜
ao
´
e uma integral de Rieman-Stieljes.
Dessa forma deve-se definir um novo tipo de integral: a integral estoc
´
astica.
6.9 Apresentac¸
˜
ao do Lema de Ito
Seja x
t
um processo de difus
˜
ao cuja din
ˆ
amica
´
e:
dx
t
= f(x
t
, t)dt + g(x
t
, t)dz . (6.16)
Suponha que y
t
= F (x
t
, t) seja uma func¸
˜
ao do processo anterior, sendo F (x
t
, t) uma
func¸
˜
ao de classe C
2
( ×
+
).
Ent
˜
ao y
t
ser
´
a um processo de difus
˜
ao cuja diferencial estoc
´
astica
´
e dada por:
dy
t
=
F
t
+ f(x
t
, t)
F
x
t
+
1
2
g(x
t
, t)
2
F
x
2
t
dt +
g(x
t
, t)
F
x
t
dz . (6.17)
6.9.1 Aplicac¸
˜
ao do Lema de Ito ao estudo do Movimento Browniano
Geom
´
etrico (MBG)
Considere o seguinte MBG em tempo discreto:
x
t+1
x
t
= µx
t
Δt + σx
t
ɛ
t
Δt = µx
t
Δt + σx
t
Δz (6.18)
e sua generalizac¸
˜
ao para tempo cont´ınuo:
dx
t
= µx
t
dt + σx
t
dz . (6.19)
Pode-se notar que o processo y
t
= ln x
t
segue um MBA em tempo cont´ınuo:
Como y
t
= y(t, x
t
), ent
˜
ao se pode calcular a seguinte express
˜
ao:
y
t
= 0,
y
x
t
=
1
x
t
,
2
y
x
2
t
=
1
x
2
t
; (6.20)
Aplicando o lema de Ito:
dy
t
=
µx
t
1
x
t
+
1
2
σ
2
x
2
t
1
x
2
t

dt +
1
x
t
σx
t
dz =
µ
1
2
σ
2
dt + σdz ; (6.21)
Logo yt segue um MBA de par
ˆ
ametros µ
1
2
σ
2
e σ.
87
Aplicando-se os resultados do MBA, obt
´
em-se:
Δy
t
= Δ(ln x
t
) N

µ
1
2
σ
2
Δt, σ
2
Δt
. (6.22)
Supondo ln x
0
conhecido, temos que:
y
t
= ln x
t
N
ln x
0
+
µ
1
2
σ
2
T, σ
2
T
. (6.23)
Como y
t
= l nx
t
, ent
˜
ao x
t
= e
1/t
.
Dessa forma, pode-se afirmar que x
t
segue uma distribuic¸
˜
ao lognormal.
Como y
t
segue uma distribuic¸
˜
ao normal, ent
˜
ao:
E(e
1/t
) = e
E(y
t
)+
1
2
var (y
t
)
. (6.24)
Logo:
E(x
t
) = x
0
e
µt
, (6.25)
var (x
t
) = x
2
0
e
2µt
(e
σ
2
t1
) . (6.26)
6.9.2 Intervalos de confianc¸a do Movimento Browniano Geom
´
etrico
Pode-se afirmar que ln x
T
N(ln x
0
+ (µ
1
2
σ
2
)T, σ
T
).
Ent
˜
ao, o intervalo de confianc¸a de 95%
´
e representado por:
ln x
0
+
µ
1
2
σ
2
T 2
T , ln x
0
+
µ
1
2
σ
2
T + 2σ
T
.
Al
´
em disso, temos que:
ln x
0
+
µ
1
2
σ
2
T 2σ
T ln x ln x
0
+
µ
1
2
σ
2
T + 2σ
T .
Logo:
x
0
e
(µ
1
2
σ
2
)T 2σ
T
x
T
x
0
e
(µ
1
2
σ
2
)T +2σ
T
. (6.27)
6.10 Conclus
˜
ao
Neste cap´ıtulo foram apresentados conceitos e deduc¸
˜
oes matem
´
aticas de processos es-
toc
´
asticos que ser
˜
ao
´
uteis nos cap´ıtulos posteriores. Entre as deduc¸
˜
oes apresentadas,
vale destacar a que apresenta o movimento browniano geom
´
etrico, onde o incremento na
88
vari
´
avel, dividido pelo seu valor anterior, pode ser descrito como um movimento browniano
aritm
´
etico. Esta definic¸
˜
ao ser
´
a utilizada no Cap´ıtulo 7 para descrever o comportamento de
uma receita e, conseq
¨
uentemente, a evoluc¸
˜
ao do fluxo de caixa livre de um empreendimento
ao longo do tempo, com abordagem em tempo cont´ınuo.
CAP
´
ITULO 7
OPC¸
˜
OES DE ENTRADA E SA
´
IDA
7.1 Introduc¸
˜
ao: a busca de maximizac¸
˜
ao de lucros em lon-
go prazo
Conforme afirma Penrose (Penrose, 2006), os administradores de firmas desejam
maximizar lucros a longo prazo oriundos de investimentos na pr
´
opria empresa. Parece haver
um paradoxo entre crescer de forma bem sucedida reeinvestindo os lucros e reembolsar os
seus propriet
´
arios em relac¸
˜
ao aos capitais que estes aplicaram e assumiram riscos pelos
mesmos.
Na realidade, os acr
´
escimos de lucros a longo prazo s
˜
ao equivalentes
`
a sua taxa de
crescimento neste longo prazo. Desta forma n
˜
ao h
´
a muita import
ˆ
ancia em falar sobre cresci-
mento como metas alternativas das atividades de investimento da firma.
Segundo Penrose (2006) a empresa constitui simultaneamente uma organizac¸
˜
ao admi-
nistrativa e um conjunto de recursos produtivos. A empresa concatena os seus recursos
ditos pr
´
oprios com os recursos de terceiros como bens e servic¸os organizando-os em um
ente ou agregando uma energia ou, ainda, transformando-os para serem vendidos.
A estrutura administrativa da firma
´
e uma criac¸
˜
ao de pessoas de forma racional em que as
tarefas s
˜
ao divididas. J
´
a as atividades produtivas, tamb
´
em de acordo com Penrose (2006),
s
˜
ao oportunidades buscadas pelos seus acionistas ou investidores.
Por outro lado, tamb
´
em temos que pressupor que as empresas n
˜
ao cresc¸am e que ma-
logros sigam-se em seq
¨
u
ˆ
encias tal qual ondas fazendo com que umas sigam as outras em
direc¸
˜
ao ao fim. E ainda assim, outras sobreviver
˜
ao por longos per´ıodos.
A compet
ˆ
encia administrativa nem sempre caminha junto com a compet
ˆ
encia empresa-
89
90
rial. Sabe-se que um efeito ou outro pode ser danoso para a firma levando
`
a sua morte.
Por compet
ˆ
encias administrativas entende-se que s
˜
ao as habilidades de seus principais
gerenciadores de mobilizarem recursos tanto financeiros como de outra natureza como m
˜
ao
de obra etc. O chamado tino comercial pode estar presente ou n
˜
ao, ele que
´
e a vis
˜
ao de
neg
´
ocios que os mesmos possuam. Da compet
ˆ
encia empresarial podemos citar substan-
cialmente a capacidade da firma de aproveitar a sua energia ao m
´
aximo. Por energia, aqui,
definimos a maximizac¸
˜
ao de recursos ora escassos em todos os seus ciclos de compra,
venda, produc¸
˜
ao etc.
O conjunto destes dois entes tornam a firma uma construtora de ativos que se aproveita-
dos de forma maximizada poder
˜
ao levar a um crescimento de seus lucros e sua expans
˜
ao
desejados pelos seus acionistas. Ent
˜
ao os fatores subjetivos impulsionam o crescimento da
firma suplantando os fatos objetivos, embora n
˜
ao s
´
o o desejo esteja presente mas tamb
´
em
a sua realidade objetiva.
No entorno deste crescimento surge o investimento que busca auferir os mesmos lu-
cros derivados de seu desempenho. Os investidores interessados em financiar a com-
pet
ˆ
encia empresarial da firma pode impulsionar rapidamente este crescimento. A confianc¸a
deste investidores est
´
a na crenc¸a de que as suas expectativas futuras ser
˜
ao saciadas pelos
acr
´
escimos de seu capital aplicados ao neg
´
ocio. Mas residem a´ı dois efeitos que v
˜
ao estar
acoplados, o risco e a incerteza.
Riscos e incertezas
Na definic¸
˜
ao de Penrose (2006), a incerteza est
´
a ligada
`
a confianc¸a do empres
´
ario em
suas estimativas e expectativas, e os riscos se relacionam com o resultado de uma ac¸
˜
ao e
as poss´ıveis perdas derivadas desta ac¸
˜
ao.
Os riscos incluem tanto a probabilidade de perdas como o significado daquilo que vier a
ser perdido. A ac¸
˜
ao destes riscos ocorre pelas projec¸
˜
oes e estimativas futuras realizadas
pelas trocas de ativos presentes por um ativo futuro.
Na literatura corrente referencia-se ao princ´ıpio do risco crescente, que
´
e o ato de uma
dada firma ao aumentar os seus investimentos incorrer em aumento dos seus riscos em uma
dada probabilidade de perda. Por este princ´ıpio o capital fica restrito por riscos crescentes.
91
Com riscos crescentes a ac¸
˜
ao do empres
´
ario em sua compet
ˆ
encia administrativa entra
em cena tentando reduzir as incertezas que surgem para tentar aumentar o plano de ex-
pans
˜
ao e a disponibilizac¸
˜
ao de capital da empresa minimizando desta forma tais riscos e
incertezas. Observamos que as incertezas e os riscos nem sempre andam juntos, podendo
ocorrer um ou outro ou ainda os dois juntos. Numa empresa pode haver elevado n´ıvel de
incerteza com baixo risco, ou ainda um alto risco com uma incerteza m´ınima, os exemplos
s
˜
ao in
´
umeros. A confianc¸a pode estar vinculada
`
a solidez e os riscos
`
as ac¸
˜
oes nos projetos.
Surge ent
˜
ao a import
ˆ
ancia do conhecimento das informac¸
˜
oes que podem trazer ou n
˜
ao um
menor grau de incerteza. Uma empresa pode aceitar consider
´
aveis riscos e suas avers
˜
oes
numa crenc¸a na avaliac¸
˜
ao da situac¸
˜
ao futura dos projetos.
Os informativos financeiros, em particular as demonstrac¸
˜
oes cont
´
abeis, pouco predizem
sobre os riscos futuros j
´
a que n
˜
ao abordam sobre ac¸
˜
oes dos administradores e seus meios
que dever
˜
ao procurar. Os fluxos de caixas baseados em estimativas ajudam nesta predic¸
˜
ao
mas se pronunciam muito pouco sobre riscos dos projetos.
Os investidores t
ˆ
em que se valer de alguma informac¸
˜
ao mais significativa para retoma-
rem o grau de confianc¸a desejado e ao fazerem isto podemos dizer que apostam neste
futuro desejando retorno sobre os benef´ıcios que v
˜
ao trazer retorno ao seu capital. Surge
da´ı a necessidade destes investidores modelarem o fluxo de caixa em tempo cont´ınuo para
avaliarem as aplicac¸
˜
oes de seus investimentos ao longo do comportamento do neg
´
ocio. O
presente trabalho versa sobre o estudo de opc¸
˜
ao de entrada e opc¸
˜
ao de sa´ıda dos investi-
mentos nos neg
´
ocios.
7.2 Modelo de tempo cont
´
inuo para fluxo de caixa livre
Este modelo
´
e utilizado para estudos de opc¸
˜
oes de entrada e sa´ıda em tempo cont´ınuo.
Todos os modelos apresentados at
´
e agora abordam suas an
´
alises atrav
´
es de per´ıodos de
tempo discretos, onde o exerc´ıcio
´
e, geralmente, considerado ao final do per´ıodo. As abor-
dagens com tempo discreto s
˜
ao suficientes para uma s
´
erie de avaliac¸
˜
oes, mas n
˜
ao para
an
´
alises de opc¸
˜
oes reais. Segundo Arzac (2005) a formulac¸
˜
ao por tempo cont´ınuo
oferece uma s
´
erie de vantagens para avaliac¸
˜
oes de opc¸
˜
oes de entrada e sa´ıda:
(1) Permite compactar um modelo transparente da equac¸
˜
ao do prec¸o de arbitragem as-
92
sociado a opc¸
˜
oes de entrada e sa´ıda de um empreendimento;
(2) Normalmente
´
e suficientemente capaz de captar a complexidade dessas decis
˜
oes e
de incorporar as informac¸
˜
oes relevantes: custo total ou custo de entrada da base em
diferentes pontos do tempo, evoluc¸
˜
ao temporal de fluxos de caixa livre como func¸
˜
ao
de receitas e sua volatilidade e custos de sa´ıda ou prosseguimentos;
(3) Um n
´
umero de opc¸
˜
oes de entrada e sa´ıda de empresas em marcha n
˜
ao apresentam
um final definido e n
˜
ao s
˜
ao aplic
´
aveis na representac¸
˜
ao por
´
arvore de decis
˜
ao (modelo
binomial, que utiliza tempos discretos), mas podem ser modeladas em tempo cont´ınuo;
(4) A soluc¸
˜
ao geral para equac¸
˜
oes de precificac¸
˜
ao
´
e fornecida em formas exatas ou atra-
v
´
es de c
´
alculos num
´
ericos.
Para a apresentac¸
˜
ao do modelo do fluxo de caixa livre em tempo cont´ınuo, ser
´
a utilizada
a seguinte notac¸
˜
ao:
Y fluxo de caixa livre;
R receita;
c
0
+ c
1
.R custos operacionais, com c
0
e c
1
constantes;
DeCap despesas de capital (investimentos em ativos fixos);
ΔCGL acr
´
escimo em capital de giro l´ıquido;
Dep depreciac¸
˜
ao;
ΔImpProt acr
´
escimo em impostos protelados;
τ taxa de imposto da empresa;
r
f
taxa de risco zero em tempo cont´ınuo;
r
d
taxa de endividamento da empresa em tempo cont´ınuo;
k custo do patrim
ˆ
onio l´ıquido da empresa tal que k = r
f
+ πβ,
onde π representa o valor de mercado do patrim
ˆ
onio l´ıquido
e β
´
e o coeficiente de patrim
ˆ
onio l´ıquido compar
´
avel com
empresas do setor;
w custo m
´
edio ponderado de capital (CMePC) em tempo
cont´ınuo.
A partir desta notac¸
˜
ao, o fluxo de caixa livre pode ser descrito como:
Y = (1 τ)(R c
0
c
1
.R) + ΔImpProt + Dep DeCap ΔCGL
= (1 τ)(1 c
1
)R (1 τ)c
0
+ ΔImpProt + Dep DeCap ΔCGL .
Para facilitar o tratamento do problema, a express
˜
ao ΔImpProt + Dep DeCap ΔCGL
ser
´
a considerada uma constante, com valor igual a a. Dessa forma, o valor de FCL (fluxo
93
de caixa livre) pode ser expresso como uma func¸
˜
ao linear da receita:
FCL Y = a + bR,
onde a = (1 τ)c
0
+ ΔImpProt + Dep DeCap ΔCGL e b = (1 τ)(1 c
1
).
A incerteza sobre o valor da receita R
´
e representada por uma vari
´
avel aleat
´
oria com
distribuic¸
˜
ao logar´ıtimica normal. Ou seja,
´
e assumido que o logar´ıtimo natural de R (ln R)
´
e distribu´ıdo segundo uma curva normal. Uma vari
´
avel com estas caracter´ısticas pode as-
sumir valores entre zero e infinito, e
´
e suficientemente caracterizada pela m
´
edia e seu re-
spectivo desvio padr
˜
ao de ln R. O desvio padr
˜
ao de ln R representa a volatilidade de R,
denotada por σ, que pode ser estimado atrav
´
es de dados hist
´
oricos sobre o valor de R ou
atrav
´
es de previs
˜
oes de variac¸
˜
oes futuras de R.
Esta caracterizac¸
˜
ao de R permite uma representac¸
˜
ao matematicamente trat
´
avel do pro-
cesso estoc
´
astico apresentado por receitas e fluxos de caixa livre. Ser
´
a assumido que a
variac¸
˜
ao em porcentagem em R ser
´
a representada por d(ln R) = dR/R, para um pequeno
intervalo de tempo dt dada por:
dR
R
= αdt + σdz , (7.1)
onde:
α = taxa de crescimento esperada para a receita;
σ = desvio padr
˜
ao de dR/R ou volatilidade;
dz = mudanc¸a em z(t), sendo dz = ε(dt)
1/2
e ε tem m
´
edia zero
e desvio padr
˜
ao igual a 1.
A func¸
˜
ao z(t)
´
e denominada de Movimento Browniano. A equac¸
˜
ao acima representa
uma generalizac¸
˜
ao conhecida como Processo de Ito ou Movimento Browniano Geom
´
etrico.
Sendo os fluxos de caixa livre func¸
˜
ao de receitas, variac¸
˜
oes em Y podem ser expressas
pelo diferencial:
dY = bdR = bαRdt + Rdz . (7.2)
Segundo Arzac (2005) a equac¸
˜
ao do movimento browniano geom
´
etrico representa um ra-
zo
´
avel comportamento do prec¸o de ac¸
˜
oes. Tem sido freq
¨
uentemente utilizada para modelar
o comportamento de vari
´
aveis econ
ˆ
omicas que n
˜
ao assumem valores negativos e crescem
com o tempo, mas que est
˜
ao sujeitas a mudanc¸as aleat
´
orias n
˜
ao-correlacionadas sobre
suas taxas de crescimento esperadas.
94
7.3 Formulac¸
˜
ao de avaliac¸
˜
ao de empresas em tempo con-
t
´
inuo
O valor de uma empresa pode ser determinado pela abordagem de tempo cont´ınuo com
movimento browniano. Para isso, basta descontar em tempo cont´ınuo o fluxo de caixa livre
obtido tamb
´
em em tempo cont´ınuo. Isto
´
e poss´ıvel computando-se o valor presente atrav
´
es
da integrac¸
˜
ao apresentada a seguir:
V (R) = a
0
exp((1 τ)r
d
t)dt + b
0
E(R) exp(wt)dt
= a[(1 τ)1r
1
d
exp((1 τ)r
d
t)]
0,
+ bR
0
0
exp((w α)t)dt
=
a
(1 τ)r
d
+
bR
0
w α
, (7.3)
onde (1 τ )r
d
e w agora denotam as taxas equivalentes no tempo cont´ınuo. Este valor
´
e
um pouco maior, pois a formulac¸
˜
ao em tempo cont´ınuo permite a chegada do fluxo de caixa
continuamente atrav
´
es do tempo e n
˜
ao s
´
o no final do per´ıodo de desconto. Uma estrutura
mais geral para avaliac¸
˜
ao em tempo cont´ınuo
´
e apresentado na sec¸
˜
ao seguinte.
7.4 Avaliac¸
˜
ao de um empreendimento em tempo cont
´
inuo
Para avaliac¸
˜
oes de empreendimentos com opc¸
˜
oes de entrada e sa´ıda,
´
e preciso primeira-
mente avaliar um empreendimento em marcha sem opc¸
˜
oes de entrada e sa´ıda. Este ser
´
a
o assunto principal discutido a seguir.
Considere-se V (R) (o valor de um empreendimento, ou uma empresa) como func¸
˜
ao de
suas receitas geradas. De acordo com a abordagem do item anterior, a receita
´
e equivalente
ao ativo subjacente de uma opc¸
˜
ao, e o valor do empreendimento (ou empresa)
´
e tratado
como um valor derivativo (valor da opc¸
˜
ao).
Para a obtenc¸
˜
ao de V (R),
´
e constru´ıda uma carteira replicante (com a mesma l
´
ogica
do modelo de Black-Scholes), a partir da propriedade de um empreendimento em marcha
e uma posic¸
˜
ao de curto prazo em n unidades de R, tal que n proporcione uma carteira de
risco zero. Dessa forma, torna-se poss´ıvel reproduzir os mesmos fluxos de caixa atrav
´
es de
uma carteira com t´ıtulos de risco zero. Uma vez que o fluxo de caixa
´
e linear com a receita,
a receita
´
e ``medida'' pelo mercado e um comportamento de curto prazo para R pode ser
estabelecido.
95
Uma carteira ``limitada''
´
e criada para posic¸
˜
oes de longo e curto prazo. A longo prazo, a
carteira rende Y dt em um pequeno intervalo de tempo dt, mas a carteira de curto prazo deve
pagar um ``dividendo'' para fazer a diferenc¸a entre a taxa de retorno requerida w e a taxa
esperada de crescimento do fluxo de caixa R, denominada α. Assim, a carteira deve pagar
(w α)Rdt por unidade no curto prazo. Dessa forma, a carteira rende (Y n(w α)R)dt,
mais o ganho de capital l´ıquido dV ndR. Ent
˜
ao, o retorno total da carteira ser
´
a (Y n(w
α)R)dt+dV ndR = (bR+an(w α)R)dt+dV ndR. Os dois
´
ultimos termos da equac¸
˜
ao
(dV ndR) representam a diferenc¸a entre a mudanc¸a no valor do ativo e o acr
´
escimo no
valor das posic¸
˜
oes de curto prazo. Para se remover o risco sistem
´
atico relacionado a R, a
posic¸
˜
ao de curto prazo n
´
e escolhida de forma a limitar a componente estoc
´
astica z(t), com
a posic¸
˜
ao de curto prazo n sendo denotada por n
.
´
E importante observar que a carteira
``limitada'' n
˜
ao
´
e absolutamente livre de risco, porque ainda existe o risco associado com
a componente fixa. Este risco n
˜
ao
´
e sistem
´
atico, mas um risco omitido, similar ao risco
de d
´
ebitos incorporados de fluxos de caixa que apresentam uma expectativa mais baixa
do que os valores indicados. Perceba que o valor perp
´
etuo de um d
´
ebito $a por ano ser
´
a
a/((1τ )r
d
). Este fluxo de caixa
´
e equivalente a a
ce
= a.r
f
/((1τ )r
d
). Isto acontece porque
a
ce
´
e o fluxo de caixa livre esperado de risco omitido que tem o mesmo valor de a. Assim, o
retorno total da carteira apresenta uma certeza equivalente a um retorno sem riscos igual a
(bR + a
ce
n
(w α)R ) dt + dV n
dR. Este retorno poderia ser ent
˜
ao igual ao retorno de
risco zero r
f
dt sobre o custo inicial (V n
R), e a seguinte equac¸
˜
ao
´
e v
´
alida:
(bR + a
ce
n
(w α)R)dt + dV n
dR = r
f
(V n
R)dt . (7.4)
´
E mostrado em anexo que a soluc¸
˜
ao para esta equac¸
˜
ao
´
e a seguinte:
V (R) =
bR
(w α)
+
a
(1 τ)r
d
. (7.5)
Exemplo 7.2 Considere uma empresa que apresenta os seguintes valores para os par
ˆ
a-
metros da equac¸
˜
ao (7.5):
a = $25 milh
˜
oes
b = 0, 35
g = 4, 0% (taxa de crescimento anual) α = ln(1 + g)
τ = 50% (taxa de imposto da empresa)
σ = 12% (volatilidade da receita)
k
d
= 7, 0% (custo real de d
´
ebito) (1 τ)r
d
= ln(1 + (1 τ )k
d
)
CMePC = 7, 46% (custo de capital) w = ln(1 + CMePC)
R
0
= $120 milh
˜
oes
96
Substituindo estes valores na equac¸
˜
ao (7.5), temos que o valor da empresa ser
´
a V (R
0
)
= $556,60 milh
˜
oes.
7.5 Avaliac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes de entrada
Se em um empreendimento a opc¸
˜
ao de adiar a entrada n
˜
ao for poss´ıvel, ou seja, a aquisic¸
˜
ao,
ou in´ıcio das atividades, tiver que ser realizada imediatamente, a decis
˜
ao de iniciar o em-
preendimento ser
´
a baseada se o valor do empreendimento V (R) exceder aos custos da
aquisic¸
˜
ao ou entrada no neg
´
ocio. Este n
˜
ao ser
´
a o caso aonde a decis
˜
ao de adiar for poss´ıvel.
Considere-se um empreendimento com valor V (R) condicionado
`
a receita R. Seja o
custo de entrada (aquisic¸
˜
ao) igual a $I. Se o valor de R for baixo, nenhuma aquisic¸
˜
ao ser
´
a
feita. Por outro lado, com valores mais altos de R , o valor do fluxo de caixa que seria perdido,
pelo adiamento da aquisic¸
˜
ao, excederia o valor de espera. O mesmo argumento se aplica
`
a
decis
˜
ao de iniciar um neg
´
ocio que geraria um fluxo de caixa Y (R). Assim, a quest
˜
ao
´
e qual
o valor de receita
´
e alto o suficiente para dar in´ıcio ao empreendimento.
Para isso, pela abordagem de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes,
´
e necess
´
ario estabelecer uma
carteira replicante de risco zero que rende
`
a taxa de juros de risco zero. A carteira ser
´
a uma
opc¸
˜
ao de longo prazo para investir (adquirir a firma) representada por F (R) com opc¸
˜
oes de
curto prazo de n unidades de R. Os detalhes s
˜
ao mostrados na sec¸
˜
ao A.3. A soluc¸
˜
ao para
esta equac¸
˜
ao
´
e que o valor da opc¸
˜
ao de amortizac¸
˜
ao ser
´
a:
F (R) = A
1
R
λ
1
, (7.6)
onde λ
1
´
e a raiz positiva da equac¸
˜
ao quadr
´
atica:
1
2
σ
2
λ(λ 1) + (r
f
w + α)λ r
f
= 0 . (7.7)
E ainda:
A
1
= (λ
1
1)
λ
1
1
I
a
(1 τ)r
d
(λ
1
1)
b
λ
1
[λ
1
(w α)]
λ
1
. (7.8)
A decis
˜
ao
´
otima
´
e adquirir o empreendimento se e quando R R
H
, aonde:
R
H
= λ
1
(λ
1
1)
1
I
a
(1 τ)r
d
(w α)
b
. (7.9)
97
Al
´
em disso, ao substituir a express
˜
ao de R
H
na equac¸
˜
ao (7.5),
´
e fornecido o valor de
entrada em termos do valor do empreendimento:
V (R
H
) = λ
1
(λ
1
1)
1
I
a
(1 τ)r
d
+
a
(1 τ)r
d
. (7.10)
Isto
´
e, a aquisic¸
˜
ao seria paga se V (R) V (R
H
). Esta express
˜
ao mostra o afastamento
da regra NPV (Net Present Value - Valor Presente L´ıquido) quando h
´
a a opc¸
˜
ao de adiamento.
A regra NPV indica que a aquisic¸
˜
ao do empreendimento deve acontecer assim que V (R)
$I. Aqui, λ
1
> 1 e, dessa forma, λ
1
/(λ
1
1) > 1. Al
´
em disso, a constante a representa
o componente fixo negativo do fluxo de caixa livre. Da´ı, segue da equac¸
˜
ao (7.10) que o
investimento somente ser
´
a feito quando V (R) V (R
H
) > I.
Devido ao valor da opc¸
˜
ao de esperar, o valor de aquisic¸
˜
ao, ou in´ıcio do empreendimento,
tem que ser maior que o custo de entrada para se induzir
`
a realizac¸
˜
ao do investimento.
Esta caracter´ıstica justifica a pr
´
atica de composic¸
˜
ao de taxas de barreira sobre o custo de
capital. A regra de decis
˜
ao assume que o custo de investimento n
˜
ao varia com o valor de R.
O exerc´ıcio antecipado da opc¸
˜
ao de entrada pode compensar quando o custo da entrada
aumentar ao longo do tempo em raz
˜
ao da quantidade de competidores e outras raz
˜
oes.
Exemplo 7.3 Considere que a empresa do exemplo 7.2 est
´
a sendo vendida por $400 mi-
lh
˜
oes e que a taxa de juros livre de risco seja igual a 4% ao ano. Ser
´
a melhor entrar no
empreendimento imediatamente ou aguardar por mais informac¸
˜
oes? Para se obter esta
resposta, basta calcular o valor da opc¸
˜
ao de entrada e a receita de entrada. Para um valor
de I = $400 milh
˜
oes para a empresa do exemplo 7.2, temos que:
λ
1
= 2, 3836 A
1
= 0, 0034 F (R
0
) = $303, 72 milh
˜
oes
R
H
= $181, 51 V (R
H
) = 1.214, 35
Ou seja, a opc¸
˜
ao de entrada mostra que a entrada no empreendimento (aquisic¸
˜
ao) deve
ser realizada somente quando a receita atingir $181,51 ou a empresa valer $1.214,35.
7.6 Opc¸
˜
oes de entrada e sa
´
ida
Considerando que o valor de um empreendimento apresenta a alternativa de adiar a entrada
e a possibilidade de sair do empreendimento ap
´
os a entrada. Primeiro consideraremos o
98
valor de um empreendimento em marcha com uma opc¸
˜
ao de sa´ıda. Este valor
´
e dado pela
equac¸
˜
ao:
V (R) = B
2
R
λ
2
+
bR
(w α)
+
a
(1 τ)r
d
.
Seja R
L
o limite para in´ıcio de sa´ıda tal que o empreendimento seja cancelado quando R
caia abaixo de R
L
. Al
´
em disso, ser
´
a introduzido um custo extra de sa´ıda igual a
E, referente
a pagamentos, cancelamento de contratos e outros custos de fechamento.
Considere o valor de uma opc¸
˜
ao de adiamento com prec¸o de aquisic¸
˜
ao $I. Da equac¸
˜
ao
(7.6), o valor da opc¸
˜
ao de adiamento
´
e:
F (R) = A
1
R
λ
1
.
O problema na avaliac¸
˜
ao de um empreendimento com opc¸
˜
oes de sa´ıda e adiamento
´
e
simplificado quando considerado que o empreendimento abandonado pode ser retomado
com o mesmo investimento $I. Isto normalmente n
˜
ao representa a realidade, mas ambas
as probabilidades de reentrada e o valor de opc¸
˜
ao da reentrada seriam muito mais baixas
no limite de sa´ıda R
L
, e nenhum ingrediente tendencioso
´
e introduzido por esta abordagem
quando a reentrada n
˜
ao for poss´ıvel. Esta hip
´
otese leva a um caminho simples de com-
putar simultaneamente a entrada, o limite de sa´ıda e o valor do empreendimento antes da
aquisic¸
˜
ao.
´
E mostrado na sec¸
˜
ao A.4 que a soluc¸
˜
ao R
L
, R
H
, A
1
, e B
2
satisfazem as seguintes
equac¸
˜
oes:
A
1
R
λ
1
L
B
2
R
λ
2
L
bR
L
(w α)
a
(1 τ)r
d
=
E ; (7.11)
λ
1
A
1
R
λ
1
L
λ
2
B
2
R
λ
2
1
L
b
(w α)
= 0 ; (7.12)
A
1
R
λ
1
H
B
2
R
λ
2
H
bR
H
(w α)
a
(1 τ)r
d
= I ; (7.13)
λ
1
A
1
R
λ
1
1
H
λ
2
B
2
R
λ
2
1
H
b
(w α)
= 0 . (7.14)
Este sistema de equac¸
˜
oes n
˜
ao-lineares pode ser resolvido em uma planilha de Excel por
uma combinac¸
˜
ao de (1) uma busca num
´
erica para identificar uma soluc¸
˜
ao inicial adequada
e (2) uma busca local utilizando-se a ferramenta de soluc¸
˜
ao do Excel.
As principais hip
´
oteses desse modelo assumem que o custo de entrada n
˜
ao aumenta
com o tempo e nem
´
e uma func¸
˜
ao das receitas, e que o processo do fluxo de caixa n
˜
ao ser
´
a
afetado se a entrada for adiada. Este n
˜
ao
´
e o caso em muitas situac¸
˜
oes reais. Adiamen-
tos em um investimento podem permitir a competidores entrarem no mercado e obterem
99
vantagens por agirem primeiro. Se este for o caso, o modelo pode ainda ser utilizado para
estabelecer o valor de uma entrada imediata enquanto o benef´ıcio de sa´ıda
´
e permitido para
o caso em que o fluxo de caixa apresentar resultados bem abaixo do esperado.
Exemplo 7.4 Adicionando a opc¸
˜
ao de sa´ıda
`
a empresa do exemplo anterior, com um custo
de fechamento igual a $70 milh
˜
oes, os valores de λ
1
, λ
2
, A
1
, B
2
, R
H
e R
L
, calculados em
uma planilha do Excel, s
˜
ao:
λ
1
= 2, 3836 λ
2
= 2, 2854 A
1
= 0, 0055
B
2
= 1.711.884, 6 R
H
= $177, 6 R
L
= $61, 2
Substituindo estes valores nas f
´
ormulas para o valor de entrada da opc¸
˜
ao e o valor da
empresa em marcha, temos que:
F (R
0
) = $500, 34 milh
˜
oes V (R
0
) = $586, 92 milh
˜
oes
Com a opc¸
˜
ao de sa´ıda, mais o custo para abandonar o neg
´
ocio, a opc¸
˜
ao de entrada
passa de $303,72 milh
˜
oes para $500,34 milh
˜
oes e a firma ainda aumenta seu valor em
$30,31 milh
˜
oes, que
´
e o valor da opc¸
˜
ao de sa´ıda.
7.7 Avaliando investimentos iniciais a opc¸
˜
oes de cresci-
mento
Uma empresa, ou um empreendimento, pode apresentar fluxos de caixa negativo e receita
igual a zero e oferecer uma possibilidade incerta de se obter uma frac¸
˜
ao de mercado com um
potencial de crescimento e alta rentabilidade em algum momento futuro. Alguns empreendi-
mentos envolvem uma fase inicial, em um determinado per´ıodo de tempo, que
´
e seguida de
uma decis
˜
ao de abandonar ou expandir o projeto atrav
´
es de novos investimentos. O aban-
dono pode ser tratado como uma opc¸
˜
ao de sa´ıda poss´ıvel em qualquer momento da fase
inicial e durante a fase de expans
˜
ao. O investimento inicial ser
´
a feito se as perspectivas
futuras do neg
´
ocio forem suficientemente atrativas. A seguir ser
´
a apresentado um modelo
de an
´
alise para empreendimentos com estas caracter´ısticas.
Entrar em um neg
´
ocio, ou expandir para outra regi
˜
ao ou pa´ıs, normalmente requer um
in´ıcio em escala modesta, a fim de se avaliar as possibilidades do novo mercado e/ou
100
para o desenvolvimento das tecnologias necess
´
arias e produtos. Dessa forma, um per´ıodo
longo envolvendo custos de pesquisa e desenvolvimento pode ser necess
´
ario. Em seguida,
em se prosseguindo com o empreendimento, investimentos para o est
´
agio de produc¸
˜
ao e
divulgac¸
˜
ao devem ser realizados.
Uma maneira simples de se avaliar empreendimentos com estas caracter´ısticas
´
e adi-
cionar ao custo ocorrido no primeiro est
´
agio o valor da opc¸
˜
ao de crescimento com decis
˜
ao
no futuro T. O valor deste empreendimento ser
´
a ent
˜
ao:
T
t=1
I
t
e
w(t1)
1
0
e
wx
dx + F
T
e
wT
=
T
t=1
I
t
e
w(t1)
w
1
(1 e
w
) + F
T
e
wT
,
onde I
t
representa a taxa de investimento anual durante a fase inicial, que assume a forma
de t = 1 para T . O valor da opc¸
˜
ao de crescimento em T
´
e dado por F
T
, fornecida pela
soluc¸
˜
ao da sec¸
˜
ao 7.5.
Exemplo 7.5 Suponha, para a mesma firma dos exemplos anteriores, que I
t
= $60 milh
˜
oes
por ano at
´
e o fim do ano T = 3. A receita esperada para em T = 3 ser
´
a R
T
= $120e
(0,03922)
(3)
= $134, 98 milh
˜
oes. Assuma que o custo de expans
˜
ao para o instante T
´
e estimado em $400
milh
˜
oes e que o custo de sa´ıda, se as receitas forem desalentadoras, seja $70 milh
˜
oes. O
valor da opc¸
˜
ao de expans
˜
ao F
T
, calculada como na sec¸
˜
ao 6.6, ser
´
a F
T
(R
T
) = $500, 34
milh
˜
oes. Assim, o valor presente l´ıquido do investimento inicial ser
´
a:
T
t=1
40 exp[(0, 07195)(t 1)].[0, 07195
1
].[1 exp(0, 07195)]
+500, 34 exp[(0, 07195)(3)] = $241, 33 milh
˜
oes.
7.8 Avaliando investimentos iniciais e opc¸
˜
oes de expan-
s
˜
ao
O momento exato de se iniciar um empreendimento que envolva uma fase inicial de pesquisa
e desenvolvimento pode ser adiado at
´
e que se obtenha mais informac¸
˜
oes sobre perspectivas
futuras de receita. Mesmo durante a fase inicial, investimentos podem ser cancelados em
baixos n´ıveis de receita esperada. O valor do empreendimento mais a opc¸
˜
ao de crescimento
requerem a avaliac¸
˜
ao de duas opc¸
˜
oes compostas. A opc¸
˜
ao da fase inicial
´
e decidir realizar
o investimento inicial ou esperar por mais informac¸
˜
oes. A opc¸
˜
ao da segunda fase envolve
a decis
˜
ao da expans
˜
ao, uma vez que a fase inicial tenha se mostrado satisfat
´
oria. Nas
101
duas fases existem opc¸
˜
oes de sa´ıda quando as expectativas sobre o futuro n
˜
ao justifiquem
investimentos adicionais. A fase inicial ser
´
a denominada como uma opc¸
˜
ao de investimento
inicial e a segunda fase de opc¸
˜
ao de crescimento ou opc¸
˜
ao de expans
˜
ao.
O potencial de receita ser
´
a denotado por R
1
para a fase inicial e R
2
para a fase de
expans
˜
ao. A quest
˜
ao ser
´
a qual valor potencial R
1
´
e suficiente para a entrada na primeira fase
e qual potencial de receita R
2
´
e suficiente para a fase de expans
˜
ao. O potencial de receita
´
e estimado atrav
´
es da equac¸
˜
ao do movimento browniano apresentado anteriormente. O
movimento no valor da receita
´
e caracterizado por: (1) a receita obtida em um certo instante
de tempo; (2) sua taxa de crescimento e (3) sua volatilidade.
Para resolver o problema, ser
´
a considerado que a primeira fase j
´
a esteja conclu´ıda.
Ent
˜
ao, a decis
˜
ao de se investir ou n
˜
ao o valor $I
2
para a fase 2 de expans
˜
ao e operac¸
˜
ao
do neg
´
ocio ter
´
a que ser tomada. Esta
´
e a opc¸
˜
ao de crescimento. Para a precificac¸
˜
ao da
opc¸
˜
ao de crescimento deve-se utilizar a soluc¸
˜
ao de entrada e sa´ıda do modelo da sec¸
˜
ao
6.6 com a soluc¸
˜
ao F
2
(R
2
) fornecida pelas equac¸
˜
oes (7.11) a (7.14). Note-se
que o valor da opc¸
˜
ao de crescimento F
2
(R
2
) inclui a opc¸
˜
ao de sa´ıda do neg
´
ocio em n´ıveis
baixos de receita.
Uma vez que a soluc¸
˜
ao da segunda fase esteja determinada, resta obter a soluc¸
˜
ao para
o valor da opc¸
˜
ao de investimento inicial para a fase 1. Esta
´
e a opc¸
˜
ao de entrar no mer-
cado e investir sobre o per´ıodo inicial $K (fluxo de caixa negativo acumulado). No final da
primeira fase, o investidor tem a opc¸
˜
ao de investir $I
2
para a realizac¸
˜
ao da segunda fase.
Durante a primeira fase, o empreendimento recebe fluxos de caixa l´ıquido negativo. Embora
seja poss´ıvel interromper investimentos e reinici
´
a-los em momento posterior, a primeira fase
requer um custo para ser completado igual a K(t).
De acordo com o modelo de Majd e Pindyck (1987) de ``tempo de construc¸
˜
ao'', seja a
din
ˆ
amica de K(t) dada por:
dK = I
1
dt , (7.15)
sendo I
1
a taxa de investimento que pode assumir valores no intervalo [0, I
max
]. Esta espe-
cificac¸
˜
ao
´
e feita para permitir o desenvolvimento do aprendizado com o custo restante da
primeira fase declinando com o investimento. Como mostrado anteriormente, a variac¸
˜
ao da
102
receita
´
e
dR = αRdt + σRdz , (7.16)
associado ao fluxo de caixa livre Y = bR + a.
O valor da opc¸
˜
ao de investimento inicial ser
´
a representado pela func¸
˜
ao F
1
(R
1
, K). Este
valor estar
´
a condicionado a uma pol´ıtica de investimentos
´
otima durante a primeira fase. A
pol´ıtica
´
otima ser
´
a representada por I
1
(R
1
, K).
´
E mostrado na sec¸
˜
ao A.5 que I
1
fornece
uma soluc¸
˜
ao ``bang-bang'' com I
1
igual a 0 ou I
max
, dependendo se R
1
< R
1
ou R
1
R
1
.
Na avaliac¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de investimento inicial, o procedimento consiste em estabelecer
uma carteira com opc¸
˜
ao de longo prazo para investimento inicial e n posic¸
˜
oes de R
1
a curto
prazo. O valor desta carteira ser
´
a F
1
(R
1
, K) nR
1
, sendo que, em pequenos intervalos
de tempo dt, a carteira apresentar
´
a uma variac¸
˜
ao dF
1
(R
1
, K) ndR
1
. O n
´
umero n ser
´
a
igual ao n
´
umero n
que produz rendimentos para a carteira livres de risco. Seu retorno ser
´
a
obtido pela variac¸
˜
ao no valor durante o per´ıodo dt menos a compensac¸
˜
ao requerida pelo
comprador da posic¸
˜
ao de curto prazo, que
´
e igual a (w α)n
Rdt, e menos o fluxo de sa´ıda
I
1
dt que ocorre enquanto o investimento acontece. Ao equacionar o retorno total da carteira
ao retorno de risco zero, fica estabelecido que:
dF
1
n
dR
1
(w α)n
R
1
dt I
1
dt = r
f
(F
1
n
R
1
)dt (7.17)
A soluc¸
˜
ao desta equac¸
˜
ao precisa satisfazer certas condic¸
˜
oes:
1. Quando K = 0, a firma obt
´
em a opc¸
˜
ao de investir I
2
e operar o empreendimento na
segunda fase;
2. O valor da opc¸
˜
ao de investimento inicial
´
e desprez´ıvel quando R
1
= 0;
3. A equac¸
˜
ao (7.17) deve satisfazer outras condic¸
˜
oes t
´
ecnicas detalhadas na sec¸
˜
ao A.5.
´
E demonstrado na sec¸
˜
ao A.5 que a soluc¸
˜
ao da equac¸
˜
ao (7.17), quando R < R
e I = 0,
apresenta a mesma forma da equac¸
˜
ao (7.6), ou seja, F
1
(R
1
, K) = A(K)R
ν
1
1
. De qualquer
maneira, quando R
1
> R
1
e I
1
> 0, a equac¸
˜
ao (7.17)
´
e uma equac¸
˜
ao diferencial parcial de
segunda ordem que n
˜
ao possui soluc¸
˜
ao exata e, portanto, precisa ser resolvida por m
´
etodos
num
´
ericos.
103
Exemplo 7.6 Considere a firma do exemplo anterior:
R
0
= $120 milh
˜
oes (receita potencial esperada em t = 0)
α = 3, 922% (taxa de crescimento cont´ınua esperada da receita)
σ = 12% (volatilidade da receita)
r
f
= 4% (taxa de juros livre de risco)
w = 7, 195% (custo m
´
edio ponderado de capital)
A
1
= 0, 0055 (constante da soluc¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de expans
˜
ao)
λ
1
= 2, 3836 (pot
ˆ
encia de soluc¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de expans
˜
ao)
Suponha que a entrada no empreendimento possa ser adiada, que o investimento possa
ser parado a qualquer instante e reativado imediatamente. Resolvendo a equac¸
˜
ao (7.17)
por m
´
etodos num
´
ericos, temos a seguinte tabela para a pol´ıtica
´
otima de investimento, de
acordo com os seguintes valores para K e I
max
:
Opc¸
˜
ao de Investimento Inicial: Pol´ıtica
´
Otima de Investimento
Caso 1: K = $190 milh
˜
oes (Investimento requerido). I
max
= $60 milh
˜
oes (Taxa m
´
axima
anual de investimento).
Invest. Remanescente K Valor Cr´ıtico R
Invest. Remanescente K Valor Cr´ıtico R
190 290,4 34,2 144,4
175 278,7 30,4 138,6
157,7 267,5 28,5 133
142,5 256,7 24,7 127,7
129,2 246,4 22,8 122,5
115,9 236,5 20,9 117,6
104,5 226,95 19 112,8
95 217,8 17,1 108,3
85,5 209,1 15,2 103,9
77,9 200,6 13,3 99,8
70,3 192,54 11,4 91,9
62,7 184,8 9,5 84,6
57 177,35 7,6 78
51,3 170,2 5,7 68,9
45,6 163,3 3,8 58,5
41,8 156,8 1,9 43,85
38 150,5 0 19,3
*Valores em $milh
˜
oes
104
Caso 2: K = $110 milh
˜
oes e I
max
= $40 milh
˜
oes.
Invest. Remanescente K Valor Cr´ıtico R
Invest. Remanescente K Valor Cr´ıtico R
110 213 22 111,1
102,3 205 19,8 106,9
92,4 197,3 18,7 102,9
83,6 189,9 16,5 99
75,9 182,8 15,4 95,3
69,3 175,9 14,3 91,8
62,7 169,3 12,1 88,3
57,2 162,9 11 85
51,7 156,8 9,9 78,7
47,3 150,9 8,8 75,8
42,9 145,3 7,7 72,9
39,6 139,8 6,6 67,5
35,2 134,6 5,5 62,5
33 129,5 4,4 57,9
29,7 124,6 3,3 49,7
26,4 119,9 2,2 42,6
24,2 115,4 1 31,4
*Valores em $milh
˜
oes
Caso 3: K = $80 milh
˜
oes e I
max
= $50 milh
˜
oes
Invest. Remanescente K Valor Cr´ıtico R
Invest. Remanescente K Valor Cr´ıtico R
80 213 28,8 119,9
78,4 205 26,4 115,4
72,8 197,3 24,8 111,1
67,2 189,9 23,2 106,9
63,2 182,8 21,6 102,9
58,4 175,9 20 99
54,4 169,3 18,4 95,3
50,4 162,9 16,8 91,8
47,2 156,8 15,2 88,3
44 150,9 13,6 85
40,8 145,3 11,2 78,7
38,4 139,8 8 75,8
35,2 134,6 4,8 72,9
32,8 129,5 2,4 67,5
30,4 124,6 0,8 62,5
*Valores em $milh
˜
oes
7.9 Deduzindo custos incertos em investimentos iniciais
Uma generalizac¸
˜
ao poss´ıvel do modelo da primeira fase
´
e permitir que o investimento inicial
apresente um custo com vari
´
avel aleat
´
oria $
˜
K com expectativa K = E(
˜
K). Isto pode ser
105
feito atrav
´
es do modelo de investimento de Pindyck (1993) para custo incerto. A variac¸
˜
ao
de K(t) pode ser expressa ent
˜
ao como:
dK = I
1
dt + ν(I
1
K)
1/2
dξ , (7.18)
sendo I(t) a taxa de investimento, que pode assumir valores no intervalo de [0, I
max
]. A
incerteza do custo
´
e representada por dξ = ε(dt)
1/2
e dξ representa o processo de Wiener
(movimento geom
´
etrico browniano), tal que dξ = ε(dt)
1/2
, sendo que ε apresenta zero de
m
´
edia e desvio padr
˜
ao unit
´
ario. O par
ˆ
ametro ν da equac¸
˜
ao (7.18) pode ser estimado da
vari
ˆ
ancia do custo de completac¸
˜
ao.
var (
˜
K) =
ν
2
2 ν
2
K
2
. (7.19)
O primeiro termo da equac¸
˜
ao (7.18) mostra que o custo esperado diminui com o
investimento. O termo adicional introduz a incerteza como func¸
˜
ao do n´ıvel de investimen-
tos e do custo esperado para completac¸
˜
ao (finalizac¸
˜
ao da primeira fase). Dessa forma, a
incerteza decresce conforme o custo para completac¸
˜
ao diminui e o desenvolvimento ocorre
quando h
´
a investimento (I
1
> 0).
´
E razo
´
avel admitir que a incerteza do custo
´
e idioss-
incr
´
atica para a firma e n
˜
ao-correlacionada com o mercado, o que significa que dξ pode ser
diversificado.
Como mostrado anteriormente, a variac¸
˜
ao da receita pode ser expressa como:
dR = αRdt + σRdz , (7.20)
com fluxo de caixa livre associado Y = bR + a.
Como na sec¸
˜
ao 6.5, o valor da opc¸
˜
ao de investimento inicial ser
´
a F
1
(R
1
, K) e a pol´ıtica
´
otima representada por I
1
(R
1
, K).
´
E mostrado na sec¸
˜
ao A.6 que I
1
fornece uma soluc¸
˜
ao
``bang-bang'' com I
1
igual a 0 ou I
max
, em func¸
˜
ao de R
1
< R
1
ou R
1
R
1
.
A opc¸
˜
ao de investimento inicial
´
e avaliada atrav
´
es da construc¸
˜
ao de uma carteira com
uma posic¸
˜
ao de longo prazo na opc¸
˜
ao de investimento inicial e posic¸
˜
oes de curto prazo com n
unidades de R
1
. O valor desta carteira ser
´
a F
1
(R
1
, K)nR
1
, com variac¸
˜
ao dF
1
(R
1
, K)ndR
1
sobre um pequeno intervalo de tempo dt. Igualamos n a n
, que faz com que a carteira renda
livre de risco. O retorno
´
e realizado pela variac¸
˜
ao no valor durante dt, menos a compensac¸
˜
ao
requerida pelo comprador da posic¸
˜
ao de curto prazo, que
´
e igual a (w α) n
Rdt, e menos o
106
fluxo de sa´ıda I
1
dt que ocorre quando o investimento
´
e realizado. Equacionando o retorno
total da carteira ao retorno sem risco, obt
´
em-se:
dF
1
n
dR
1
(w α)n
R
1
dt I
1
dt = r
f
(F
1
F
1R
R
1
)dt . (7.21)
A soluc¸
˜
ao desta equac¸
˜
ao precisa satisfazer certas condic¸
˜
oes:
1. Na completac¸
˜
ao, ou seja, quando K = 0, a firma adquire a opc¸
˜
ao de investir I
2
e operar
o empreendimento na segunda fase;
2. O valor da opc¸
˜
ao de investimento inicial
´
e desprez´ıvel quando R
1
= 0;
3. Quando o valor de K for muito alto, o valor da opc¸
˜
ao de investimento inicial ser
´
a
tamb
´
em desprez´ıvel.
4. Al
´
em disto, a equac¸
˜
ao (7.18) deve satisfazer outras condic¸
˜
oes t
´
ecnicas descritas na
sec¸
˜
ao A.6.
A equac¸
˜
ao (7.21)
´
e uma equac¸
˜
ao diferencial de segunda ordem, cuja soluc¸
˜
ao fechada
n
˜
ao existe e, desta forma, se faz necess
´
ario solucion
´
a-la atrav
´
es de m
´
etodos num
´
ericos. Um
m
´
etodo num
´
erico poss´ıvel de ser utilizado
´
e atrav
´
es de um algoritmo baseado no m
´
etodo
de diferenc¸as impl´ıcitas, que n
˜
ao
´
e poss´ıvel de ser realizado atrav
´
es das planilhas do Excel.
7.10 Conclus
˜
ao
Neste cap´ıtulo pode-se verificar um novo tipo de metodologia de precificac¸
˜
ao de empresas
baseado em tempo cont´ınuo e na teoria de precificac¸
˜
ao de opc¸
˜
oes, atrav
´
es da montagem
de carteiras baseadas nas receitas do empreendimento. Uma primeira diferenc¸a
´
e que
o prec¸o de uma empresa calculada por este m
´
etodo tende a ser um pouco maior que o
valor da empresa calculada em tempo discreto, j
´
a que a formulac¸
˜
ao em tempo cont´ınuo
permite que a receita tenha um fluxo cont´ınuo atrav
´
es do tempo, diferente da formulac¸
˜
ao em
tempo discreto que s
´
o permite a chegada de receita ao final do per´ıodo de desconto. Al
´
em
disto, considerac¸
˜
oes como irreversibilidade, possibilidade de adiamento e incertezas foram
incorporados
`
a formulac¸
˜
ao, fazendo com que este modelo se aproxime mais da realidade.
CAP
´
ITULO 8
A ESCOLHA RACIONAL VERSUS MOTIVAC¸
˜
OES DE
INGRESSO EM NEG
´
OCIOS (um processo de julgamento individual)
A escolha matem
´
atica do momento ideal de ingresso no neg
´
ocio e por conseguinte o
valor da empresa como base para decis
˜
ao, nem sempre s
˜
ao os elementos para o investidor
aplicar seu investimento. Considerac¸
˜
oes de outra natureza s
˜
ao por muitas vezes determi-
nantes nas negociac¸
˜
oes em que ocorrem a venda ou a compra dos neg
´
ocios.
Pode-se destacar que posic¸
˜
oes pessoais dos propriet
´
arios, considerac¸
˜
oes fiscais, bene-
f´ıcios outros n
˜
ao captados nas modelagens, vantagens competitivas como marcas, partici-
pac¸
˜
oes de mercados e outros s
˜
ao fatores determinantes neste processo. A prova disso s
˜
ao
os excessos de
´
agio registrados nos balanc¸os das empresas, muito embora os patrim
ˆ
onios
estejam sub avaliados. Por outro lado, vemos nas Bolsas de Valores as perdas equilibrando-
se com os ganhos, em que investidores `apostaram' em um determinado neg
´
ocio. Al
´
em
disso, tais modelagens dificilmente captam rendimentos alternativos proporcionados por fun-
dos adicionais investidos nestes neg
´
ocios.
Tamb
´
em
´
e poss´ıvel que uma determinada alavancagem nos recursos da sociedade pro-
porcione retornos inesperados sobre estes novos investimentos, e as empresas atrav
´
es de
seus administradores buscam estes recursos com partilhamento da sociedade, como se v
ˆ
e
nas aberturas de capitais nas bolsas de valores, t´ıtulos da companhia etc.
Quando o capital apresenta uma oferta abundante, isto
´
e, a obtenc¸
˜
ao de recursos est
´
a,
de alguma forma, facilitada, a tend
ˆ
encia
´
e que n
˜
ao haja propens
˜
ao de venda da sociedade,
exceto por prec¸os superiores ao valor presente de seus lucros esperados. Por outro lado, se
esta administrac¸
˜
ao e este capital estiverem completamente absorvidos pelas atividades e
apresentarem um alto custo de oportunidade, a firma, atrav
´
es de seus propriet
´
arios, poder
´
a
107
108
achar atraente vender o neg
´
ocio por prec¸o menor. Os valores base da negociac¸
˜
ao estar
˜
ao
variando em um processo de escolha nem sempre racional.
Esta tomada de decis
˜
ao dos investidores
`
a luz de algum prop
´
osito, nem sempre revelado,
baseia-se em estrat
´
egias que os motivam a tomar atitudes contr
´
arias
`
as sugeridas pelas
modelagens de avaliac¸
˜
ao de neg
´
ocios dispon´ıveis na literatura sobre o assunto.
Quanto mais os investidores acreditarem em suas suposic¸
˜
oes formuladas, maior ser
´
a
a sua confianc¸a e os valores que estes investidores estar
˜
ao dispostos a oferecer ser
˜
ao
maiores. Algumas destas motivac¸
˜
oes s
˜
ao conhecidas, e podemos citar a busca de lucros,
oportunidades competitivas, crescimento a longo prazo que no futuro realizar
˜
ao o retorno
de seus capitais.
Os modelos de avaliac¸
˜
ao de empresas buscam determinar o valor de um empreendi-
mento atrav
´
es da observac¸
˜
ao de seu objeto, no caso, dados de seu passado, que s
˜
ao ob-
serv
´
aveis de forma l
´
ogica.
No entanto, por mais que os modelos possam direcionar um valor mais justo ao neg
´
ocio,
estas escolhas derivadas de opc¸
˜
oes pessoais n
˜
ao s
˜
ao captadas nos modelos at
´
e aqui ap-
resentados, talvez por pressuporem o comportamento dos investidores totalmente cobertos
de racionalidade.
Talvez seja por isso que vemos pagamentos de neg
´
ocios abaixo das expectativas do
mercado ou acima destas, materializadas nos
´
agios e des
´
agios ou nas negociac¸
˜
oes das
bolsas de valores.
Os investidores ao ingressarem em um determinado neg
´
ocio, exercem a vis
˜
ao estrat
´
e-
gica, que nas palavras de Agr´ıcola de Souza Bethlem (Bethlem, 1989), define que
`a
´
unica forma de se conseguir, numa empresa, participac¸
˜
ao, acesso, recrutamento me-
lhor, treinamento constante e oportunidade de fazer o que se gosta
´
e ter uma empresa em
que ser
˜
ao criadas oportunidades necess
´
arias para que haja o acesso e para que haja a
preocupac¸
˜
ao constante de melhorar'. Segundo o autor, este crescimento est
´
a associado ao
poder de criatividade (palavra esta que tinha como raiz a origem `creatividade'). Define como
vis
˜
ao estrat
´
egica esta capacidade de ac¸
˜
ao inteligente para se atingir objetivos, no contexto
de recursos e circunst
ˆ
ancias dif´ıceis de se avaliar, quase sempre n
˜
ao adequados
`
as neces-
sidades da empresa e agindo atrav
´
es de pessoas com objetivos muitas vezes diferentes,
com as quais a comunicac¸
˜
ao
´
e dif´ıcil.
109
Neste contexto, a vis
˜
ao estrat
´
egica dos administradores vai ser determinante no padr
˜
ao
de sucesso e insucesso das empresas.
Segundo Bethlem (1989) as pesquisas e desenvolvimento tem sido respons
´
aveis
por grandes sucessos e tamb
´
em por grandes fracassos. Muitas empresas se dedicaram
`
a
pesquisa investindo vultuosas somas em seus projetos, mas se esqueceram de investir em
marketing, criando desta forma a chamada `obsolesc
ˆ
encia planejada'. As vendas s
˜
ao volta-
das para as necessidades do vendedor e o marketing est
´
a voltado para as necessidades do
comprador. O produto
´
e uma conseq
¨
u
ˆ
encia e n
˜
ao uma causa do esforc¸o de marketing. Por
outro lado, sorte n
˜
ao seria o fator decisivo, que nas palavras de Levitt - `A melhor maneira
de ter sorte
´
e criar a pr
´
opria sorte atrav
´
es de pesquisa e conhecimento do consumidor e
seus desejos e inclinac¸
˜
oes'.
In
´
umeras empresas foram v´ıtimas do chamado Fracasso do Sucesso. Atrav
´
es de investi-
mentos, ingressaram em determinados ramos de neg
´
ocios, atra´ıdas pelo sucesso de outras,
mas o mercado mostrou-se indiferente a elas. Algumas empresas adapt
´
aveis sobreviveram
e outras espelhadas em comportamentos bem sucedidos do passado foram extintas.
Estes diversos fatores citados at
´
e aqui fazem com que os investidores escolham sob a
forma de `aposta' os valores que desejam aplicar nos diversos neg
´
ocios e projetos que se
apresentam. Al
´
em disso, como se sabe, as informac¸
˜
oes iguais s
˜
ao percebidas de forma
diferente por diferentes pessoas em func¸
˜
ao de desigualdades de mem
´
orias e julgamentos
individuais.
8.1 Os objetivos de longo prazo
Ao procurarmos uma definic¸
˜
ao de empresa podemos reconhecer que os objetivos de longo
prazo de uma empresa se voltam para a motivac¸
˜
ao tradicional capitalista que
´
e a maxi-
mizac¸
˜
ao dos lucros atribu´ıdo ao capital investido. Parece um tanto vago tal conceituac¸
˜
ao
quando observam-se empresas que tiveram lucros supra-normais em comparac¸
˜
ao a outras
no mesmo segmento de neg
´
ocio e com as mesmas caracter´ıstica uma da outra.
Na procura de maior clareza para justificar tal acontecimento, surgem opini
˜
oes e tenta-
tivas de explicac¸
˜
oes atrav
´
es de construc¸
˜
oes de modelos que muitas vezes s
´
o servem para
uma determinada entidade.
110
Alberto Asquini, professor da Universidade de Roma, em artigo publicado na Rivista Del
Diritto Commerciale (Milano, 1943, vol. 41 1a parte) citado na obra de Romano Cristiano
(Conceito de Empresa 1995) diz ``...Como tal, o conceito econ
ˆ
omico de empresa diz respeito
essencialmente
`
a economia da troca, porque somente na
´
orbita da economia da troca a
atividade do empres
´
ario pode adquirir car
´
ater profissional.
´
E portanto empresa, no sentido
do c
´
odigo civil, toda organizac¸
˜
ao de trabalho e de capital, com a finalidade da produc¸
˜
ao de
bens ou servic¸os para a troca...``
O valor de troca assume ent
˜
ao o papel preponderante nas organizac¸
˜
oes que buscam
maximizar os seus lucros em objetivos de longo prazo.
Obviamente, as empresas est
˜
ao inseridas em um ambiente mercadol
´
ogico que muitas
vezes dita regras que envolvem prec¸os, condic¸
˜
oes, qualidade etc, que afetam o ciclo das
suas operac¸
˜
oes.
Os desajustes deste ciclo entre os fluxos de receitas e despesas levando
`
a ruptura do
equil´ıbrio financeiro tornam-se um aspecto do risco financeiro ao qual toda empresa est
´
a su-
jeita. Constitui assim a entidade um centro aut
ˆ
onomo de decis
˜
ao, em que os seus gestores
controlam o capital da empresa. Esse grau de autonomia leva
`
a manutenc¸
˜
ao do equil´ıbrio fi-
nanceiro dependendo da manutenc¸
˜
ao da estrutura de ativos cuja transformac¸
˜
ao progressiva
ocasiona receitas e, simultaneamente, alterac¸
˜
ao da estrutura dos recursos.
Portanto, o grau de risco da entidade ligado
`
a natureza da aplicac¸
˜
ao destes fundos ge-
rados por esta troca de ativos e da origem dos recursos, que aqui definimos como investi-
mentos, e ainda condicionado
`
a natureza da atividade econ
ˆ
omica.
Para refutar os limites do condicionalismo do financiamento e permitir o seu crescimento,
a empresa
´
e levada a reduzir as suas disponibilidades, aumentando o seu endividamento,
aceitando assim a diminuir o seu grau de autonomia, mantendo a sua solvabilidade ao captar
novos capitais e aumentando o seu risco financeiro.
Surge ent
˜
ao a concepc¸
˜
ao de rentabilidade, que se aplica a todas a ac¸
˜
oes econ
ˆ
omicas
da empresa envolvendo aplicac¸
˜
oes dos meios dispon´ıveis e exprimindo-se pelos resultados
obtidos.
Como a empresa
´
e uma c
´
elula econ
ˆ
omica relacionada com outros agentes econ
ˆ
omicos
que se encontra em diferentes mercados, o seu comportamento e a sua atividade s
˜
ao in-
dissoci
´
aveis da atitude dos seus gestores na busca da sobreviv
ˆ
encia e da prolongac¸
˜
ao da
111
situac¸
˜
ao adquirida em face ao meio em que est
´
a contida.
O objetivo principal perseguido pela empresa a longo prazo
´
e a rentabilidade e a de-
cis
˜
ao fundamental
´
e a decis
˜
ao do investimento, pois visa os ganhos em v
´
arios per´ıodos
sucessivos.
Muitas vezes o financiamento do investimento necess
´
ario para proporcionar os bene-
f´ıcios futuros
´
e assegurado pelos valores previamente acumulados, mas outras vezes vai
exigir o ingresso de recursos adicionais dos s
´
ocios e investidores. Ent
˜
ao a decis
˜
ao deve
fazer face ao equil´ıbrio em aplicac¸
˜
ao e recurso.
8.2 O desenvolvimento da empresa
Segundo Copeland, Koller e Murrin (2002) as empresas que se concentram na criac¸
˜
ao
de valor para os seus acionistas seriam boas n
˜
ao somente para estes, mas tamb
´
em para
a economia e as demais partes interessadas, como funcion
´
arios etc. Isto faz com que os
administradores da entidade passem a focar o seu desempenho no retorno do capital in-
vestido sobrepujando o custo de oportunidade do capital, ou seja, cada vez que se decida
investir em retornos superiores ao custo do capital, mais valor se cria, e desta forma deve-
se escolher como melhor estrat
´
egia ou a maximizac¸
˜
ao dos valores presentes dos fluxos de
caixa previstos ou o lucro econ
ˆ
omico.
Ainda segundo Copeland, Koller e Murrin (2002), a busca permanente na criac¸
˜
ao de
valor deve ser o principal objetivo a ser perseguido pelos gestores do capital da empresa.
Nos assevera de que o mercado, no qual est
´
a inserida a entidade, adota a perspectiva de
longo prazo em detrimento dos resultados imediatos de curto prazo.
Muito embora n
˜
ao se possa generalizar o comportamento, mas em oposic¸
˜
ao a vis
˜
ao de
longo prazo, em que o crescimento e a independ
ˆ
encia predominam, o objetivo de lucro no
curto prazo tem bastante procura nas empresas cujos horizontes n
˜
ao est
˜
ao delineados de
forma sist
ˆ
emica.
Podem ocorrer fatores ex
´
ogenos
`
a entidade advindos de fatores de mercados como opor-
tunidades, excesso de demanda, investimentos adequados e outros que podem conduzir o
crescimento da empresa, trazendo consigo o seu desenvolvimento posterior.
Ou ainda, tais oportunidades se dissipam criando uma ``bolha'' de crescimento levando
112
a um segundo momento efeitos mal
´
eficos aos investidores, acionistas e outros.
O perigo de desequil´ıbrio financeiro
´
e permanente nestes casos e o ajuste de receita e
despesas, na hip
´
otese de n
˜
ao se conseguir a pr
´
opria exist
ˆ
encia da empresa, pode ser posto
em causa.
Quando ao contr
´
ario, o objetivo perseguido for o longo prazo com a criac¸
˜
ao de valor para
a entidade e com o crescimento de capital, haver
´
a ent
˜
ao um crescimento dos ativos, o que
ir
´
a explicar a dissociac¸
˜
ao entre o capital da empresa e o seu patrim
ˆ
onio, agregando um valor
acima de seus ativos.
8.3 O desempenho hist
´
orico
Os valores expressos nos balanc¸os trazem valores com dados hist
´
oricos na moeda da
´
epoca
em que se materializou a transac¸
˜
ao economica.
Segundo Martins (2001), pelas suas palavras, ``Os valores de entrada representam o
sacrif´ıcio que a empresa teve (passado), tem (presente) ou ter
´
a (futuro) que realizar para
adquirir um dado recurso``. Ainda segundo este autor, as demonstrac¸
˜
oes cont
´
abeis que
fazem uso dos valores de entrada se fundamentam em tr
ˆ
es conceitos, - o lucro como di-
ferenc¸a entre caixa obtido em um neg
´
ocio menos o caixa desembolsado ou investido, - a
praticabilidade e, - a objetividade. Sem d
´
uvida, as demonstrac¸
˜
oes a valores de entrada s
˜
ao
mais pr
´
aticas e objetivas do que as de sa´ıda. No entanto, assim nos assevera este autor,
o custo hist
´
orico deve ser evitado nos casos em que se pretende apurar a capacidade de
gerac¸
˜
ao futura da riqueza do objeto avaliado.
Ainda segundo Iud´ıcibus (2004), informac¸
˜
oes cont
´
abeis a prec¸os correntes s
˜
ao
melhores alternativas para tomadas de decis
˜
oes, pois possibilitam o reconhecimento de
ganhos ou perdas ainda n
˜
ao realizados. Muito embora, os ativos variem de prec¸os em
proporc¸
˜
ao diferente das variac¸
˜
oes de moedas, enquanto os passivos j
´
a est
˜
ao pr
´
oximos de
valores correntes.
Por outro lado, os gestores parecem impotentes para contrapor medidas em suas em-
presas para abrandar os movimentos de ``stop and go'' das economias que funcionam mal.
As inflac¸
˜
oes, apesar de diminutas, n
˜
ao est
˜
ao refletidas nos demonstrativos das entidades,
fatores que levam a distorc¸
˜
oes do resultado apurado.
113
Independentemente da discuss
˜
ao do poder aquisitivo que os valores possam represen-
tar, vamos nos ater
`
a situac¸
˜
ao em que tais valores ocorridos no passado poder
˜
ao n
˜
ao ocorrer
no futuro. Tendo-se por escopo que tais valores ser
˜
ao utilizados como base preditiva para
projec¸
˜
oes, poderemos incorrer em avaliac¸
˜
ao ing
ˆ
enua da entidade, ao consideramos tais
expectativas.
Os ativos que geraram resultados em determinado cen
´
ario podem n
˜
ao ser os mesmos
que v
˜
ao gerar os benef´ıcios futuros da entidade.
De outra forma, ao fazermos predic¸
˜
oes futuras com base em desempenhos hist
´
oricos e
em taxas de crescimentos hist
´
oricos, poderemos incorrer em estimativas super-avaliadas,
pois nada garante-nos que tais crescimentos venham a ter o mesmo desempenho do pas-
sado.
Considerando a vida
´
util dos ativos, a sua obsolesc
ˆ
encia, as novas tecnologias que se
apresentam, os novos produtos, as novas oportunidades, o mercado etc, s
˜
ao trazidos nos
desempenhos passados refletidos nas demonstrac¸
˜
oes cont
´
abeis.
Outros aspectos que podemos trazer s
˜
ao os relativos a desempenhos negativos que
podem n
˜
ao se repetir no futuro, por alguma raz
˜
ao, seja de mercado ou seja intr´ınseca
`
a
empresa. As oportunidades de neg
´
ocios ao serem aproveitadas pela sociedade tornam o
seu desempenho futuro positivo em oposic¸
˜
ao ao seu passado.
Portanto, os resultados e as respectivas demonstrac¸
˜
oes devem ser vistos e revistos com
o rigor cr´ıtico. Se forem base exclusiva para predic¸
˜
ao futura os aspectos citados devem ser
considerados quando poss´ıvel.
Mas, poderemos utilizar os demonstrativos entre sociedades similares para efeito de
comparac¸
˜
ao.
8.4 Conclus
˜
ao
Pelos aspectos aqui demonstrados
´
e que notamos valores patrimoniais diferentes daqueles
avaliados e tamb
´
em notamos as perdas equilibrando-se com os ganhos nas bolsas de va-
lores, e da´ı constatamos os excessos ou a falta de investimento, materializado nos
´
agios e
des
´
agios registrados nos balanc¸os.
CAP
´
ITULO 9
AVALIAC¸
˜
AO DE EMPREENDIMENTOS EM CONDIC¸
˜
AO DE
INCERTEZA
9.1 Introduc¸
˜
ao
Irreversibilidade, incerteza e possibilidade de adiamento s
˜
ao tr
ˆ
es caracter´ısticas importantes
das decis
˜
oes de investimento. Na pr
´
atica, as decis
˜
oes dos investidores levam em conta
cada uma delas e as suas interac¸
˜
oes.
A irreversibilidade decore do fato do investimento, em muitas situac¸
˜
oes, ser um custo
afundado, ou seja, em caso de arrependimento o valor investido n
˜
ao poder
´
a ser recuperado.
A possibilidade de adiamento em muitos casos
´
e fact´ıvel. Os benef´ıcios de esperar
informac¸
˜
ao nova para subsidiar a decis
˜
ao de investir podem ser grandes o suficiente para
justificar adiamentos. Mas nem sempre isso
´
e poss´ıvel. Considerac¸
˜
oes estrat
´
egicas podem
forc¸ar os investidores a antecipar investimentos para inibir o crescimento dos competidores
efetivos ou a entrada de competidores potenciais na ind
´
ustria.
Al
´
em disso, incertezas sobre o empreendimento podem acarretar dificuldades na deter-
minac¸
˜
ao do valor de uma firma. O desempenho da receita de um empreendimento qualquer
´
e incerto na esmagadora maioria dos casos. Ainda sim,
´
e poss´ıvel formular a evoluc¸
˜
ao de
uma receita no tempo, respeitando-se as incertezas, atrav
´
es, por exemplo, da formulac¸
˜
ao
por movimento browniano geom
´
etrico em tempo cont´ınuo.
Outras incertezas significativas podem surgir na avaliac¸
˜
ao de um empreendimento. Por-
tanto, este cap´ıtulo pretende desenvolver duas abordagens matem
´
aticas:
1. o desenvolvimento de uma nova metodologia de an
´
alise de risco em antecipac¸
˜
ao de
entrada;
114
115
2. a apresentac¸
˜
ao de uma nova abordagem em avaliac¸
˜
ao de empreendimentos que in-
corpore as incertezas inerentes ao empreendimento.
9.2 Avaliac¸
˜
ao de riscos
Para o desenvolvimento deste cap´ıtulo, ser
˜
ao utilizados os conceitos de avaliac¸
˜
ao e minimi-
zac¸
˜
ao de riscos propostos em (Bouchaud, Potters; 14, 2003) para casos simples
de contratos futuros. Estes contratos ocorrem atrav
´
es da compra ou venda de uma certa
quantidade de ativos X (o ativo subjacente) com pagamento e entrega em um instante futuro
T = Nτ , sendo:
T - instante futuro definido por:
τ - intervalo de tempo m´ınimo (1 dia, 1 semana, 1 m
ˆ
es, etc);
N - n
´
umero natural que identifica a data final do contrato futuro.
Qual o prec¸o F deste contrato, sabendo-se que este contrato deve ser pago no instante
futuro T ?
Este prec¸o, segundo uma proposta inicial em (Bouchaud, Potters; 13, 2003), pode ser
calculado dentro de uma condic¸
˜
ao de ``jogo justo'': o prec¸o deve ser ajustado de forma
que, na m
´
edia, as duas partes envolvidas apresentem o mesmo desempenho na data de
maturidade T. Do ponto de vista do vendedor do contrato, o balanc¸o de ganhos associado
ao contrato futuro pode ser expresso como:
ΔW
F
= F x(T ) , (9.1)
onde: ΔW
F
´
e a variac¸
˜
ao dos ganhos na data de maturidade T ; F
´
e o prec¸o do contrato
futuro e x(T )
´
e o valor do ativo subjacente X na data de maturidade T .
Dessa forma, a condic¸
˜
ao de ``jogo justo'' exige que ΔW
F
= 0. Ent
˜
ao, o prec¸o justo do
contrato ser
´
a:
F
B
= x(T )
xP (x, T |x
0
, 0)dx (9.2)
sendo: x(T ) o valor m
´
edio de X em T ; P (x, N|x
0
, 0) a probabilidade do prec¸o x em T
quando em t = 0 e x = x
0
; F
B
o prec¸o do contrato de Bachelier.
O ´ındice B em F refere-se ao prec¸o de Bachelier, que fez esta proposta de precificac¸
˜
ao
de contratos futuros no in´ıcio do s
´
eculo XX. Mas este c
´
alculo n
˜
ao
´
e satisfat
´
orio, j
´
a que n
˜
ao
116
leva em conta o risco de que o prec¸o do ativo subjacente x(T ) esteja bem acima do valor de
x(T ), o que faz com que o vendedor do contrato tenda a fixar o prec¸o F acima do prec¸o
F
B
.
Atualmente, o prec¸o de Bachelier F
B
n
˜
ao
´
e relacionado ao prec¸o de mercado por uma
quest
˜
ao simples: o vendedor do contrato pode suprimir totalmente seu risco comprando no
instante t = 0 o ativo subjacente X a um prec¸o x
0
e guardando-o at
´
e a data de maturidade
T . A este procedimento, conhecido como hedge, ser
´
a dado o nome ``estrat
´
egia de
ancoragem''. Entretanto, esta estrat
´
egia
´
e custosa: a quantidade de dinheiro ``congelado''
investido durante o per´ıodo do contrato pode n
˜
ao superar a taxa de juros livre de risco.
Dessa forma, o custo desta estrat
´
egia ser
´
a x
0
.e
r
T , onde r
´
e a taxa de juros livre de risco
por unidade de tempo. Do ponto de vista do comprador, seria absurdo pagar mais que
x
0
.e
r
T , que
´
e o custo do cr
´
edito em dinheiro necess
´
ario para pagar o ativo imediatamente.
Assim, o
´
unico prec¸o vi
´
avel para o contrato futuro ser
´
a F = x
0
.e
r
T = F B, que
´
e um prec¸o
completamente n
˜
ao correlacionado aos potenciais movimentos de X.
Um argumento elementar ent
˜
ao permite determinar o prec¸o do contrato futuro e pode-se
seguir uma perfeita estrat
´
egia de ancoragem: comprando-se uma quantidade φ = 1 por
cada ativo subjacente, durante o per´ıodo inteiro do contrato. O objetivo seguinte
´
e ent
˜
ao
estabelecer este resultado trivial de uma forma mais sofisticada, para se precificar contratos
futuros mais complexos como opc¸
˜
oes.
9.2.1 Balanc¸o financeiro geral
Para se escrever um balanc¸o financeiro geral que leve em conta a estrat
´
egia de ancoragem
do ativo subjacente X, ser
´
a definida uma carteira com dois tipos de ativos: o ativo de risco
X e um ativo B com retorno fixo e conhecido atrav
´
es de uma taxa de juros livre de risco.
O capital total investido ser
´
a dividido ent
˜
ao entre esses dois ativos, de forma que o capital
total em um instante t =
´
e definido por:
W
n
= φ
n
x
n
+ B
n
, (9.3)
onde: φ
n
´
e a quantidade do ativo X em t = ; x
n
´
e o prec¸o do ativo X em t = ; B
n
´
e a
quantidade de capital livre de risco em t = .
A evoluc¸
˜
ao de W
n
com o tempo se deve
`
a mudanc¸a de prec¸o do ativo X e ao fato de
117
que o ativo livre de risco rende a uma taxa de retorno determinada r. Dessa forma, tem-se
que:
W
n+1
W
n
= φ
n
(x
n+1
x
n
) + B
n
ρ , (9.4)
com ρ = rτ .
Por outro lado, pode haver um fluxo de capital atrav
´
es da compra ou venda de ativos X,
com recursos do ativo B livre de risco. Assim:
B
n+1
B
n
= B
n
ρ x
n+1
(φ
n+1
φ
n
) . (9.5)
Observe que a equac¸
˜
ao (9.3)
´
e compat´ıvel com as equac¸
˜
oes (9.4) e (9.5). A soluc¸
˜
ao da
equac¸
˜
ao (9.5) mostra que:
B
n
= (1 + ρ)
n
B
0
n
k=1
x
k
(φ
k
φ
k1
)(1 + ρ)
nk
. (9.6)
Incorporando este
´
ultimo resultado
`
a equac¸
˜
ao (9.3), e renomeando k1 k na segunda
parte da soma, obt
´
em-se que o resultado final de W
n
ser
´
a dado por:
W
n
= W
0
(1 + ρ)
n
+
n1
k=0
ψ
n
k
(x
k+1
x
k
ρx
k
) ··· (9.7)
com ψ
n
k
φ
k
(1 + ρ)
nk1
.
Esta
´
ultima express
˜
ao apresenta um significado intuitivo: o ganho ou perda incorridos
entre o instante k e o instante k + 1 deve incluir o custo da estrat
´
egia de ancoragem ρx
k
.
Al
´
em disso, este ganho ou esta perda deve ser levado at
´
e o instante n atrav
´
es dos efeitos
da taxa de juros livre de risco; por isso o fator extra (1 + ρ)
nk1
. Outra forma de se escrever
a equac¸
˜
ao (9.7),
´
e introduzindo o conceito de prec¸os descontados x
k
x
k
(1 + ρ)
k
. Assim,
pode-se reescrever que:
W
n
= (1 + ρ)
n
W
0
+
n1
k=1
φ
k
(˜x
k+1
˜x
k
)
. (9.8)
Assim, os prec¸os descontados x
k
passam a representar os prec¸os ``verdadeiros'', e a
diferenc¸a x
k+1
x
k
a variac¸
˜
ao de ganhos real. O fator (1 + ρ )
n
ent
˜
ao converte esta variac¸
˜
ao
de ganhos real no valor corrente do dinheiro.
O balanc¸o geral de ganhos associado ao contrato futuro cont
´
em ainda mais dois outros
termos: o prec¸o do contrato futuro F e o valor do ativo subjacente X na data de expirac¸
˜
ao
do contrato. Obt
´
em-se ent
˜
ao:
W
n
= F x
N
+ (1 + ρ)
N
W
0
+
N1
k=0
φ
k
(˜x
k+1
˜x
k
)
. (9.9)
118
Como ˜x =
N1
k=0
(˜x
k+1
˜x
k
) + x
0
, esta
´
ultima express
˜
ao pode ser reescrita da seguinte
forma:
W
N
= F + (1 + ρ)
N
W
0
x
0
+
N1
k=0
(φ
k
1)(˜x
k+1
˜x
k
)
. (9.10)
9.2.2 Balanc¸o financeiro geral de opc¸
˜
oes
Como j
´
a discutido anteriormente, uma opc¸
˜
ao de compra
´
e um contrato futuro aonde o vende-
dor do contrato se compromete a vender, para o comprador do contrato, o ativo subjacente
X por um prec¸o pr
´
e-determinado x
S
(chamado ``prec¸o de exerc´ıcio'') em um determinado
instante futuro T = Nτ . Para isso, o comprador paga um pr
ˆ
emio C ao vendedor do contrato
para ter esse direito. Se no instante t = T o prec¸o de mercado do ativo subjacente X es-
tiver maior que o prec¸o de exerc´ıcio pr
´
e-determinado, o comprador do contrato exerce seu
direito, e realiza um lucro x(T ) x
S
. Caso contr
´
ario, o comprador n
˜
ao realiza seu direito e
tem como preju´ızo apenas o pagamento do pr
ˆ
emio C no instante t = 0.
Seguindo a metodologia e as notac¸
˜
oes propostas no item 9.2.1 deste cap´ıtulo, pode-se
escrever o balanc¸o geral de ganhos do vendedor da opc¸
˜
ao, na data de maturidade T = N τ ,
de acordo com a equac¸
˜
ao (9.7). Para isso, basta somar ao balanc¸o o pr
ˆ
emio C na data
de in´ıcio do contrato e adicionar
`
a equac¸
˜
ao um membro que represente a eventual perda,
descrita pelo termo max(x
N
x
S
, 0).
Assim obt
´
em-se que:
W
N
= [W
0
+ C](1 + ρ)
N
max(x
N
x
S
, 0) +
ψ
N
k
(x
k+1
x
k
ρx
k
) . (9.11)
De acordo com a equac¸
˜
ao anterior, ao vendedor do contrato somente ocorrer
´
a o preju´ızo
x
N
x
S
se a opc¸
˜
ao for exercida. O termo max(x
N
x
S
, 0) significa ``escolher o m
´
aximo valor
entre x
N
x
S
ou 0 na data t = Nτ''.
Al
´
em disso, a estrat
´
egia de ancoragem ψ
N
k
φ
k
(1 + ρ)
Nk1
exige que o vendedor do
contrato converta uma certa quantidade de ativos B livres de risco em ativos subjacentes X
de risco diferente de zero.
Uma equac¸
˜
ao, para a determinac¸
˜
ao do valor ``justo'' do pr
ˆ
emio C, pode ser obtida admi-
tindo-se que o excesso de retorno devido ao contrato de opc¸
˜
ao, ΔW = W
N
W
0
(1 + ρ)
N
,
119
na m
´
edia seja igual a zero:
(1 + ρ)
N
C =
max(x
N
x
S
, 0)
N1
k=0
ψ
N
k
(x
k+1
x
k
ρx
k
)
. (9.12)
O prec¸o C, dessa forma, depender
´
a da estrat
´
egia ψ
N
k
φ
k
(1 + ρ)
Nk1
. Al
´
em disso, o
procedimento inverso tamb
´
em
´
e v
´
alido: fixado arbitrariamente um valor de C (dentro dos
limites que viabilizem o neg
´
ocio), pode-se calcular a estrat
´
egia ψ
N
k
φ
k
(1 + ρ)
Nk1
que
minimize o risco envolvido na operac¸
˜
ao.
9.2.3 Ancoragem est
´
atica
Conforme Bouchaud em (Bouchaud, Poters; 14, 2003), uma metodologia de an-
coragem est
´
atica
´
e proposta. A ancoragem est
´
atica se caracteriza pela compra de uma
certa quantidade de ativos para ancoragem no instante t = 0, sendo que esta quantidade
n
˜
ao se alterar
´
a at
´
e a data de expirac¸
˜
ao do contrato. Este caso pode acontecer quando os
custos de transac¸
˜
ao forem extremamente elevados e, dessa maneira, a mudanc¸a da quanti-
dade φ
k
durante o per´ıodo do contrato torna-se invi
´
avel. Al
´
em disso, assume-se que a taxa
de juros livre de risco seja nula (ρ = 0). O balanc¸o geral de ganhos, representado pela
equac¸
˜
ao (9.12) ser
´
a ent
˜
ao:
ΔW = C max(x
N
x
S
, 0) + φ
N1
k=0
δx
k
. (9.13)
Para o caso em que o retorno m
´
edio
´
e zero (Δx
k
= 0) e que os incrementos sejam n
˜
ao-
correlacionados (i.e, Δx
k
.Δx
k
= DτΔ
k,l
), a vari
ˆ
ancia do ganho final (R
2
= ΔW
2
ΔW
2
)
fica ent
˜
ao:
R
2
= NDτφ
2
2φ(x
N
x
S
) max(x
N
x
S
, 0) + R
2
0
, (9.14)
onde R
2
0
representa o risco intr´ınseco, associado
`
a opc¸
˜
ao n
˜
ao ancorada (φ = 0):
R
2
0
= max(x
N
x
S
, 0)
2
max(x x
S
, 0)
2
. (9.15)
De acordo com a equac¸
˜
ao (9.14), a func¸
˜
ao do risco a ser minimizada
´
e uma equac¸
˜
ao
do segundo grau em func¸
˜
ao de φ. Como o coeficiente que multiplica o termo φ
2
´
e positivo,
ent
˜
ao esta func¸
˜
ao apresenta um valor m´ınimo. Para se calcular este valor m´ınimo, basta
derivar a equac¸
˜
ao uma vez em relac¸
˜
ao a φ e igualar a express
˜
ao a zero. Realizando-se esta
120
operac¸
˜
ao, obt
´
em-se que:
dR
dφ
φ=φ
= 0 ,
φ
=
1
DτN
x
S
(x x
S
)(x x
0
)P (x, N |x
0
, 0)dx ··· (9.16)
No caso em que a probabilidade P (x, N|x
0
, 0) for uma Gaussiana (que se torna uma
melhor aproximac¸
˜
ao
`
a medida que N = T /τ aumenta), pode-se escrever:
1
DT
x
S
1
2πDT
(x x
S
)(x x
0
) exp
(x x
0
)
2DT
dx
=
x
S
1
2πDT
(x x
S
)
x
exp
(x x
0
)
2
2DT
dx . (9.17)
Resolvendo esta integral por partes (demonstrada no ap
ˆ
endice) obt
´
em-se que
φ
=
x
S
P (x, N |x
0
, 0)dx ,
calculada no instante t = 0. Ou seja, a express
˜
ao de φ
calculada em t = 0 fornece tamb
´
em
a probabilidade de que o valor x( T ) seja maior que x
S
no instante T = Nτ da maturidade,
no momento em que t = 0. Por exemplo, se para uma determinada opc¸
˜
ao de compra,
envolvendo uma quantidade de 10 ativos de um mesmo tipo, o c
´
alculo de φ
fornecer um
valor igual a 0,6 significa que deve-se ter mais 6 unidades do mesmo ativo para ancoragem
de forma a minimizar eventuais perdas no instante da maturidade da opc¸
˜
ao.
9.3 An
´
alise de risco na antecipac¸
˜
ao de entrada
Em decis
˜
oes de investimento, quando n
˜
ao houver a possibilidade de adiamento, a decis
˜
ao
de investir deve ser positiva se o VPL da empresa for maior que o investimento.
Agora, suponha o caso em que o VPL de um determinado empreendimento
´
e menor
que o investimento a ser realizado, mas tanto o vendedor quanto o comprador acreditam,
por algum motivo, na possibilidade de crescimento do neg
´
ocio, mas o contr
´
ario tamb
´
em
pode acontecer, ou seja, taxa de crescimento negativo das receitas. Esta situac¸
˜
ao pode ser
representada por um valor da volatilidade da receita que possibilite que o empreendimento
assuma valores bem acima ou bem abaixo dos valores atuais em curto ou m
´
edio prazo.
Assim, a taxa de crescimento esperada ser
´
a zero.
Dessa forma, a proposta que aqui se faz
´
e a de analisar a evoluc¸
˜
ao do risco em anteci-
pac¸
˜
ao de entrada, ou seja, quando VPL < I.
121
9.3.1 Condic¸
˜
oes para aplicac¸
˜
ao da ancoragem est
´
atica na avaliac¸
˜
ao
de riscos em antecipac¸
˜
ao de entrada
Para o desenvolvimento matem
´
atico a seguir,
´
e necess
´
ario que algumas considerac¸
˜
oes
sejam feitas. Como a receita de um empreendimento pode ser descrita atrav
´
es de um movi-
mento browniano geom
´
etrico (equac¸
˜
ao (7.1)), pode-se substituir o prec¸o do ativo subja-
cente X na equac¸
˜
ao:
ΔW = C max(x
N
x
S
, 0) + φ
N1
k=0
Δx
k
, (9.18)
pelo valor da receita R. Obt
´
em-se ent
˜
ao:
ΔW = C max(R
N
R
I
, 0) + φ
N1
k=0
ΔR
k
, (9.19)
sendo: R
N
o valor da receita no instante T da maturidade da ``opc¸
˜
ao''; ΔR
k
a variac¸
˜
ao da
receita no instante k; R
I
o valor da receita m´ınima de retorno do investimento; C
0
o valor do
pr
ˆ
emio da opc¸
˜
ao. Para o nosso caso C
0
= 0.
O prec¸o de exerc´ıcio x
S
´
e substitu´ıdo pela receita R
I
m´ınima de retorno. O instante
de maturidade T = Nτ pode ser entendido como a data limite m
´
axima que o investidor
estabelece para que a receita R atinja o valor de receita R
H
, por exemplo.
De acordo com a proposta de ancoragem est
´
atica em Bouchaud, Potters (2003, p. 14),
a variac¸
˜
ao Δx a cada instante de tempo, em m
´
edia,
´
e igual a zero. Isto significa que o
termo ΔR
k
tamb
´
em deve ser, em m
´
edia, igual a zero para que a metodologia mostrada
anteriormente possa ser utilizada. Isto significa que a taxa de crescimento esperada da
receita
´
e nula, ent
˜
ao α = 0 nas equac¸
˜
oes do cap´ıtulo 7. Dessa forma, sobre a receita, a
´
unica informac¸
˜
ao dispon´ıvel ser
´
a sua volatilidade.
9.3.2 Metodologia
A proposta
´
e avaliar o risco da antecipac¸
˜
ao de entrada atrav
´
es da tend
ˆ
encia de evoluc¸
˜
ao da
receita, a partir de um certo instante t = 0, com vistas em um instante futuro T = Nτ pr
´
e-
determinado. Segundo o processo de Markov, no qual o processo de evoluc¸
˜
ao da receita
pelo movimento geom
´
etrico browniano se enquadra, somente o estado atual
´
e relevante
no momento de predizer o estado futuro. N
˜
ao
´
e dif´ıcil imaginar que no caso de receitas
122
de um empreendimento esta afirmac¸
˜
ao n
˜
ao seja satisfat
´
oria. Informac¸
˜
oes sobre um pas-
sado recente podem ser relevantes para predic¸
˜
oes em estados futuros pr
´
oximos, ou n
˜
ao
t
˜
ao distantes (m
´
edio e curto-prazo).
A proposta de ancoragem est
´
atica feita na equac¸
˜
ao (9.16)
´
e indicada para os casos (no
contexto de mercado financeiro) em que os custos de transac¸
˜
ao apresentem valores muito
altos. Al
´
em disso, considera tamb
´
em a taxa de juros livre de risco igual a zero. Estas
hip
´
oteses se adequam bem para a an
´
alise de evoluc¸
˜
ao de receita, j
´
a que taxa de juros livre
de risco e ``custos de transac¸
˜
ao'' n
˜
ao afetam o comportamento de receitas de forma direta.
Suponha ent
˜
ao que um investidor calcule no instante t = 0 o valor de φ
de acordo com
a equac¸
˜
ao (9.16). Para isto, a
´
unica informac¸
˜
ao necess
´
aria
´
e a volatilidade da receita. Al
´
em
disto,
´
e necess
´
ario estabelecer uma data limite no futuro (id
ˆ
entico ao tempo de maturidade
da opc¸
˜
ao) e definir o valor de R
I
.
´
E considerado tamb
´
em que a probabilidade P (R, N|R
0
, 0)
seja uma Gaussiana de m
´
edia zero e vari
ˆ
ancia igual a (σ
2
)(N k)τ , onde σ
´
e a volatilidade
da receita.
Considerando-se as hip
´
oteses anteriores, obt
´
em-se que:
φ
=
R
I
1
2πDT
exp
(R R
0
)
2
2DT
dR . (9.20)
Pode-se ainda generalizar esta express
˜
ao para qualquer instante t = i, para i > 0. Deste
modo, a equac¸
˜
ao anterior pode ser escrita da seguinte forma:
φ
(i) =
R
I
1
2πD(N i)τ
exp
(R R
i
)
2
2D(N i)τ
dR . (9.21)
Os valores de φ
(i) representam a probabilidade no instante i de que a receita em T = N τ
seja maior que R
I
. A proposta, ent
˜
ao,
´
e avaliar a evoluc¸
˜
ao da probabilidade de que a receita
seja maior que R
I
em um determinado instante T e a vari
ˆ
ancia deste processo, ou seja, o
risco envolvido.
Considerando-se um intervalo de tempo de t = 0 at
´
e t = kτ , com k < N, em que as
informac¸
˜
oes sobre os valores de receitas em cada um destes instantes est
˜
ao dispon´ıveis, e
considerando uma volatilidade σ constante e conhecida,
´
e poss´ıvel calcular a vari
ˆ
ancia de
φ
ao longo do intervalo de tempo [0, k] considerado, atrav
´
es da seguinte equac¸
˜
ao:
σ
2
φ
(k) φ
2
φ
2
. (9.22)
123
O valor m
´
edio φ
´
e definido da seguinte forma:
φ
M(k)
k
i=0
φ
i
k + 1
. (9.23)
Assim, temos que:
φ
2
[M(k)]
2
k
i=0
φ
i
k + 1
2
, (9.24)
φ
2
1
k+1
k
i=0
1
2πD(N i)τ
R
H
dR
R
H
dy exp
(y R
i
)
2
2D(N i)τ
exp
(R R
i
)
2
2D(N i)τ
. (9.25)
Dessa forma, subtraindo-se do resultado da equac¸
˜
ao (9.25) o resultado da equac¸
˜
ao
(9.24), obt
´
em-se o valor de σ
2
φ
(k). O c
´
alculo da equac¸
˜
ao (9.25) pode ser realizado
atrav
´
es da utilizac¸
˜
ao de tabelas dos valores da func¸
˜
ao erro calculada para aqueles limites
da integral. Assim, torna-se poss´ıvel desenhar um gr
´
afico da evoluc¸
˜
ao de φ
(t) ao longo
do intervalo de tempo considerado. Al
´
em disso, a evoluc¸
˜
ao da vari
ˆ
ancia de φ
(t), ao longo
do intervalo de tempo, fornece uma medida do risco de que a probabilidade mais recente
calculada se confirme ou n
˜
ao.
9.3.3 Exemplo
Considere os seguintes par
ˆ
ametros para uma empresa, de acordo com a equac¸
˜
ao (7.5):
Margem de lucro (b) = 0, 3
Custo fixo (a) = $20, 00 milh
˜
oes
Taxa de crescimento esperada (α) = 0 (para efeito de c
´
alculo)
CMePC (ω)= 4%
Taxa de Imposto (τ) = 40%
Custo de d´ıvida (r
d
) = 5, 5%
Taxa de juros livre de risco (r
f
) = 7%
Volatilidade = 20%
Receita no presente = $ 100,00 milh
˜
oes
Investimento (I) = $ 460,00 milh
˜
oes (valor exigido para a venda da empresa)
Aplicando-se a equac¸
˜
ao (7.5)
´
e obtido o seguinte valor para a empresa:
V (R
0
) = $ 148,9 milh
˜
oes
124
Por algum motivo, o comprador acreditava que esta empresa apresentaria taxas de
crescimento elevadas, que no momento da compra eram incertas. O objetivo ent
˜
ao
´
e esta-
belecer qual a probabilidade de que a empresa em 4 anos (tempo arbitrado pelo comprador)
compense o investimento, sendo que 2,5 anos j
´
a se passaram e, portanto, encontram-se
dispon´ıveis informac¸
˜
oes sobre as receitas neste per´ıodo.
Para isso,
´
e calculado o custo de oportunidade do investimento em 4 anos:
T = 4 anos I(1 + r
f
)
4
= 607, 84 R
T
= $160 milh
˜
oes.
Para que a o investimento seja recompensado
´
e necess
´
ario ent
˜
ao que a receita em T = 4
anos seja maior que $ 160,00 milh
˜
oes. Logo, qual a probabilidade disto acontecer?
Receitas m
ˆ
es a m
ˆ
es:
1
o
passo: C
´
alculo das vari
ˆ
ancias
A partir dos dados das receitas em cada instante i, calcular a vari
ˆ
ancia para todos
intervalos de tempo T i, com i assumindo valores de 0 at
´
e k (k = 2,5 anos = 30 meses)
125
2
o
passo: C
´
alculo de φ
i
Para cada instante i, calcular o valor de φ
i
, sendo φ
i
=
R
I
P (R
T
, T |R
i
, i)dR.
Para o caso em que a probabilidade de R
T
em T possa ser descrita por uma gaussiana,
o valor de φ
i
ser
´
a dado pela seguinte express
˜
ao:
φ
i
=
R
I
exp
(RR
i
)
2
2σ
2
i
2πσ
2
i
dR .
Como n
˜
ao
´
e poss´ıvel determinar o valor desta integral de forma anal´ıtica, este c
´
alculo
pode ser feito atrav
´
es do uso de tabelas de func¸
˜
ao erro fornecidas em anexo.
A func¸
˜
ao erro de x (erf x)
´
e definida da seguinte forma:
erf x =
2
π
x
0
e
t
2
dt .
Substituindo-se a vari
´
avel t por
R R
i
2σ
2
i
, temos exatamente a forma da integral de φ
i
, a
n
˜
ao ser pelos limites de integrac¸
˜
ao:
erf x
i
= 2
x
i
0
exp
(RR
i
)
2
2σ
2
i
2πσ
2
i
dR,
t =
R R
i
2σ
2
i
dt =
dR
2σ
2
i
.
Para saber o valor de x
i
correspondente a φ
i
, basta fazer:
x
i
=
R
I
R
i
2σ
2
i
erf x
i
tabela.
O valor de φ
i
ser
´
a ent
˜
ao dado pela seguinte express
˜
ao:
φ
i
= 0, 5
erf x
i
2
.
126
3
o
passo: Gr
´
afico de φ
× tempo:
Atrav
´
es dos dados da tabela anterior, plota-se o gr
´
afico de φ
(t = i) pelo tempo e
estima-se a tend
ˆ
encia de crescimento de φ
, que
´
e id
ˆ
entica
`
a estimativa do crescimento da
receita. Como o movimento browniano geom
´
etrico
´
e formado por uma reta (αRdt) (que re-
presenta a tend
ˆ
encia de crescimento da receita) e por uma componente aleat
´
oria represen-
tada por σRdz que caminha em torno da reta de crescimento esperado, a estimativa desta
reta, que nos fornece os valores esperados da receita, pode ser feita atrav
´
es da obtenc¸
˜
ao
da regress
˜
ao linear dos pontos do gr
´
afico, garantindo que em t = 0 a regress
˜
ao linear passe
pelo valor de φ
(0) em t = 0.
Gr
´
afico φ
× tempo e Regress
˜
ao Linear
No gr
´
afico acima, a equac¸
˜
ao y = 0, 0067.x + 0, 0688 representa a regress
˜
ao linear, com y
representando os valores de φ
(t = i) e x representando o tempo.
O valor estimado de α (taxa de crescimento em tempo cont´ınuo) ser
´
a dado pela seguinte
express
˜
ao:
e
α
estimado
= 1 + (0, 0067) α
estimado
= ln(1, 0067) α
estimado
= 0, 67% .
Dessa forma, pode-se calcular o valor esperado de φ
(T ) com T = 4 anos:
E[φ
(T = 4anos)] = 0, 0067.48 + 0, 0688 E[φ
(T )] = 0, 3904 .
Ou seja, a probabilidade de que a receita em T seja maior que $ 160,00
´
e de 39,04%.
4
o
passo: Avaliac¸
˜
ao do risco
Como medida de risco, ser
´
a utilizada a proposta de Bouchaud em (Bouchaud, Potters;
2003) que considera a vari
ˆ
ancia dos processos como uma medida de risco. Para isso
´
e
calculada a vari
ˆ
ancia da evoluc¸
˜
ao de φ
ao longo do tempo, segundo as definic¸
˜
oes das
127
equac¸
˜
oes (9.22) a (9.25). Os resultados para este exemplo s
˜
ao mostrados na tabela e no
gr
´
afico a seguir:
Gr
´
afico de σ
2
φ
(k)× tempo
Pelo gr
´
afico acima, nota-se que a vari
ˆ
ancia a partir do m
ˆ
es 20 retoma uma tend
ˆ
encia de
crescimento, ou seja, aumenta-se o risco da medida de φ
. Este acontecimento em particular
deve-se
`
a queda da receita a partir do m
ˆ
es 20. Ou seja, o risco voltou a aumentar ap
´
os uma
tend
ˆ
encia de queda da receita. No instante t = 30 meses a vari
ˆ
ancia de φ
apresentava
um valor igual a 0,00125. Dessa forma, o desvio-padr
˜
ao da medida da probabilidade nesse
momento vale 3,53%. Isto sugere que a probabilidade de 39% de que a receita seja maior
que $160,00
´
e confi
´
avel.
9.4 Avaliac¸
˜
ao de empreendimentos em condic¸
˜
ao de incer-
teza
Para o desenvolvimento deste item, ser
´
a utilizado como exemplo um caso particular do
valor de uma firma que possui o direito de explorac¸
˜
ao de um poc¸o de petr
´
oleo, mediante
a realizac¸
˜
ao de um investimento I conhecido. Al
´
em da incerteza na receita devido
`
a vo-
latilidade do prec¸o de petr
´
oleo, ser
´
a considerada tamb
´
em uma incerteza na quantidade K
128
de
´
oleo contido no poc¸o, representada pelo valor esperado de K que
´
e K e pelo desvio
padr
˜
ao σ
K
. Dessa forma o problema pode ser descrito atrav
´
es das seguintes hip
´
oteses e
par
ˆ
ametros:
p - prec¸o do petr
´
oleo, descrito pela seguinte equac¸
˜
ao:
dp = α.p.dt + α.p.ɛ
i
dt
1/2
, (9.26)
sendo: α a taxa de crescimento esperada do prec¸o do petr
´
oleo (em tempo cont´ınuo); σ a
volatilidade do prec¸o do petr
´
oleo e ɛ
i
a normal de m
´
edia zero e vari
ˆ
ancia igual a 1.
Assim, pode-se definir os lucros gerados Y conforme proposta mostrada no cap´ıtulo 7
deste trabalho:
Y = b.q.p + a , (9.27)
sendo: b a margem de lucro da receita (0 < b < 1); q a vaz
˜
ao constante com que o petr
´
oleo
´
e retirado do poc¸o (qtde/tempo); a
´
e o custo fixo e p o prec¸o do petr
´
oleo.
Como a quantidade de
´
oleo a ser retirado
´
e finita, o tempo T de durac¸
˜
ao da explorac¸
˜
ao
deste poc¸o ser
´
a:
T = K/q . (9.28)
Como a quantidade K de
´
oleo
´
e incerta, o tempo de explorac¸
˜
ao T tamb
´
em ser
´
a incerto,
j
´
a que o petr
´
oleo
´
e retirado a uma taxa constante q.
A pergunta que se faz
´
e: Qual o valor deste empreendimento?
Para o c
´
alculo do valor deste empreendimento, ser
´
a utilizada a equac¸
˜
ao (7.3):
V (p) = bq
0
E(p) exp(wt)dt + a
0
exp[(1 τ)r
d
t]dt . (9.29)
A diferenc¸a na aplicac¸
˜
ao desta equac¸
˜
ao para o valor do empreendimento de explorac¸
˜
ao
do poc¸o de petr
´
oleo
´
e que as receitas se encerrar
˜
ao no instante T . Dessa forma, deve-se
reescrever a equac¸
˜
ao (7.3) da seguinte forma:
V (p, T ) = bq
T
0
E(p) exp(wt)dt + a
T
0
exp[(1 τ)r
d
t]dt . (9.30)
A soluc¸
˜
ao desta integral
´
e a seguinte:
V (p, T ) =
bqp
0
w α
[1 exp[(w α)T ]] +
a
(1 τ)r
d
[1 exp[(1 τ )r
d
T ]] . (9.31)
129
Como se pode perceber, o valor da empresa depende do tempo T , que
´
e incerto. Como
ent
˜
ao resolver este problema?
Como o tempo T
´
e proporcional
`
a quantidade de petr
´
oleo K, pode-se afirmar que o
desvio padr
˜
ao de T ser
´
a igual ao desvio padr
˜
ao de K. Ou seja:
σ
K
= σ
T
. (9.32)
Dessa forma, podemos associar a T uma distribuic¸
˜
ao de probabilidades P (T ). Assim,
a determinac¸
˜
ao do valor desta empresa, de acordo com os conceitos desenvolvidos por
Bouchaud em (Bouchaud, Potters; 2003)
´
e realizada atrav
´
es do seguinte c
´
alculo:
V (p) =
−∞
dT V (p, T )P (T ) . (9.33)
Assumindo-se que a func¸
˜
ao probabilidade P (T ) possa ser representada por uma gaus-
siana, com m
´
edia T = K/c e vari
ˆ
ancia σ
2
T
, a equac¸
˜
ao (9.33) pode ser re-escrita da
seguinte forma;
V (p) =
−∞
bqp
0
w α
[1 exp[(w α)T ]] +
a
(1 τ)r
d
[1 exp[(1 τ )r
d
T ]]
× ···
···
exp
(T T )
2
2σ
2
T
2πσ
2
T
dT (9.34)
Resolvendo esta equac¸
˜
ao, o seguinte resultado
´
e obtido (demonstrac¸
˜
ao em nota):
V (p) =
bqp
0
w α
1 exp
(w α)
2
σ
2
T
2
(w α)T

+
a
(1 τ)r
d
1 exp
(1 τ)
2
r
2
d
σ
2
T
2
(1 τ)r
d
T

(9.35)
´
E importante notar que a equac¸
˜
ao (9.33) pode ser aplicada a qualquer par
ˆ
ametro
T incerto que seja relevante no valor de uma empresa, desde que seja poss´ıvel representar
a incerteza de T por uma distribuic¸
˜
ao de probabilidades P (T ).
9.5 C
´
alculo do valor de uma opc¸
˜
ao real
Considere que o detentor do direito de explorac¸
˜
ao de um poc¸o de petr
´
oleo queira saber
qual o valor da opc¸
˜
ao de compra deste direito, considerando uma maturidade T (data de
exerc´ıcio da opc¸
˜
ao em t = 0) e I o valor a ser investido para a retirada do
´
oleo do poc¸o, que
representar
´
a o valor do prec¸o de exerc´ıcio.
130
Este poc¸o de petr
´
oleo ainda apresenta uma incerteza na sua quantidade K total de
´
oleo,
representada pelo valor K (valor esperado de K) e pelo desvio-padr
˜
ao σ
K
(K em barris
de
´
oleo). Sabendo que o prec¸o de petr
´
oleo
´
e representado por um movimento browniano
geom
´
etrico, a pergunta que se faz
´
e: qual o valor desta opc¸
˜
ao de compra?
A primeira hip
´
otese a ser feita
´
e a de que o valor do poc¸o de petr
´
oleo em cada instante
i ser
´
a dado pela multiplicac¸
˜
ao do prec¸o do petr
´
oleo em i pela quantidade K. Ent
˜
ao o valor
do poc¸o de petr
´
oleo no instante T ser
´
a:
Valor do poc¸o de petr
´
oleo em T = P
T
K .
Dessa forma temos duas vari
´
aveis aleat
´
orias e independentes: P
T
e K.
A segunda hip
´
otese ser
´
a a seguinte:
P
s
K = I ,
P
s
=
I
K
, (9.36)
onde P
s
representa o prec¸o de exerc´ıcio da opc¸
˜
ao em termos do prec¸o do petr
´
oleo, K o
valor esperado de K e I o investimento. Assim, a opc¸
˜
ao ser
´
a exercida se P
T
> P
s
.
Para se determinar o valor desta opc¸
˜
ao de compra,
´
e verificado o prec¸o da opc¸
˜
ao de
compra de uma unidade de barril no mercado futuro com prec¸o de exerc´ıcio P
s
, para o
mesmo per´ıodo de maturidade T . Multiplicando-se este resultado por K, obt
´
em-se:
C
T
(P
s
) = KC
1
(P
s
) , (9.37)
sendo C
T
(P
s
) o custo total e C
1
(P
s
) o custo de uma unidade.
Assim, o retorno R
MF
no instante T de maturac¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de compra do barril no
mercado futuro ser
´
a:
R
MF
= 0 , se P
T
< P
s
;
R
MF
= (P
T
P
s
)K , se P
T
> P
s
.
(9.38)
J
´
a o retorno R
OR
da opc¸
˜
ao de compra do poc¸o de petr
´
oleo em T ser
´
a:
R
OR
= 0 , se P
T
< P
s
;
R
OR
= (P
T
P
s
)K , se P
T
> P
s
.
(9.39)
A diferenc¸a Δ
ORMF
de retorno entre a opc¸
˜
ao real e o mercado futuro ser
´
a:
Δ
ORMF
= 0 , se P
T
< P
s
;
Δ
ORMF
= (K K).P
T
, se P
T
> P
s
.
(9.40)
131
Ent
˜
ao o valor esperado dessa diferenc¸a ser
´
a:
E[(K K).P
T
||P
T
> P
s
] = 0 . (9.41)
A vari
ˆ
ancia ser
´
a dada por:
E[(K K)
2
.P
2
T
||P
T
> P
s
] = E[(K K)
2
].E[P
2
T
||P
T
> P
s
] = σ
2
E
,
σ
E
= σ
K
.(
P
2
T
||P
T
> P
s
) . (9.42)
Dessa forma, qual ser
´
a o valor da opc¸
˜
ao de compra deste poc¸o de petr
´
oleo?
Resposta: N
˜
ao menos que KC
1
(P
s
) λσ
E
, onde λ representa o prec¸o de risco
estipulado pelo mercado.
9.6 Generalizac¸
˜
ao de avaliac¸
˜
ao de empreendimentos em
condic¸
˜
ao de incerteza
Al
´
em das incertezas inerentes ao neg
´
ocio, incertezas externas ao empreendimento como
previs
˜
oes econ
ˆ
omicas, avaliac¸
˜
ao de risco do mercado, etc, podem contribuir na determinac¸
˜
ao
de valores destes empreendimentos. A proposta a seguir sugere uma forma matem
´
atica
de se incorporar estes riscos externos ao valor do empreendimento, atrav
´
es da seguinte
formulac¸
˜
ao:
V
M
(p) = V (p) λσ
E
, (9.43)
sendo: V
M
(p) o valor do empreendimento visto pelo mercado; V (p) o valor do empreendi-
mento; λ o prec¸o de risco do mercado e σ
E
o desvio-padr
˜
ao intr´ınseco ao neg
´
ocio.
Ou seja, quanto maior for o prec¸o de risco dado pelo mercado e quanto maior for a
incerteza interna do neg
´
ocio, maior ser
´
a o desconto que o mercado considerar
´
a ao avaliar
o valor deste empreendimento. Se for considerado que n
˜
ao existem riscos externos ao
neg
´
ocio, o valor de λ ent
˜
ao ser
´
a zero. Dessa forma, a equac¸
˜
ao (9.43) apresenta a forma
mais geral de se incorporar incertezas ao valor do neg
´
ocio, j
´
a que incorpora tanto incertezas
internas quanto externas.
No exemplo do poc¸o de petr
´
oleo, λ
´
e um valor fornecido pelo mercado. Resta ent
˜
ao
determinar o valor de σ
E
.
As incertezas internas referem-se
`
as incertezas no prec¸o do petr
´
oleo (representada pela
volatilidade σ
p
) e pela incerteza na quantidade, representado por σ
K
. Dessa forma, pode se
132
escrever, de acordo com a equac¸
˜
ao (9.42), que:
σ
E
= σ
K
σ
p
.
Assim, a express
˜
ao que melhor representa o valor do poc¸o de petr
´
oleo da equac¸
˜
ao
(9.35), incorporando-se riscos externos ao neg
´
ocio, ser
´
a:
V (p) =
bqp
0
w α
1 exp
(w α)
2
σ
2
T
2
(w α)T

+
a
(1 τ)r
d
1 exp
(1 τ)
2
r
2
d
σ
2
T
2
(1 τ)r
d
T

λσ
p
σ
K
. (9.44)
9.7 Conclus
˜
ao
Como pode-se perceber, incertezas em um empreendimento podem ocasionar grandes per-
das e grandes lucros tamb
´
em.
´
E no desenvolvimento de uma nova abordagem matem
´
atica
que seja capaz de incorporar tais caracter´ısticas que este cap´ıtulo pretendeu desenvolver-
se. Espera-se que estas novas abordagens simples, objetivas e diretas, possam trazer
alguma contribuic¸
˜
ao em avaliac¸
˜
ao de riscos de quaisquer empreendimentos.
CONSIDERAC¸
˜
OES FINAIS
Em decis
˜
oes de investimentos, o investidor normalmente se depara com um conjunto de in-
certezas como, por exemplo, o comportamento aleat
´
orio da receita, a concorr
ˆ
encia de outros
competidores, etc.
´
E nesta situac¸
˜
ao que decis
˜
oes devem ser tomadas para a aplicac¸
˜
ao dos
recursos e minimizac¸
˜
ao dos riscos. O adiamento do ingresso em um neg
´
ocio pode acar-
retar a perda de mercado por conta da entrada de potenciais concorrentes. Contudo, ao se
antecipar uma entrada, sempre existir
´
a o risco da realizac¸
˜
ao de um mau neg
´
ocio.
Uma s
´
erie de metodologias e t
´
ecnicas de avaliac¸
˜
ao de empreendimentos e minimizac¸
˜
ao
de riscos, com o objetivo de auxiliar estrat
´
egias de neg
´
ocios, foram apresentadas neste
trabalho. As decis
˜
oes de investimentos n
˜
ao seguem apenas regras matem
´
aticas. Os in-
vestidores normalmente se valem de alguma informac¸
˜
ao mais significativa para atingir o
grau de confianc¸a desejado e, assim, acabam por ``apostar'' no neg
´
ocio. Isto ocorre devi-
do ao conjunto de incertezas sobre o futuro que qualquer neg
´
ocio possui intrinsecamente.
Estas incertezas tornam a aplicac¸
˜
ao de t
´
ecnicas matem
´
aticas de decis
˜
ao limitadas e, ine-
vitavelmente, sempre ao se ingressar em um neg
´
ocio o investidor estar
´
a correndo riscos.
Dessa forma, cada empreendedor desenvolve suas ``regras de decis
˜
ao'' baseadas na sua
pr
´
opria vis
˜
ao estrat
´
egica e fundamentadas tamb
´
em nas t
´
ecnicas j
´
a mencionadas.
Este trabalho apresenta aos interessados novas abordagens matem
´
aticas em an
´
alises
de riscos e avaliac¸
˜
ao de empreendimentos. Estas abordagens prop
˜
oem a incorporac¸
˜
ao das
incertezas caracter´ısticas do neg
´
ocio em seu desenvolvimento e, conseq
¨
uentemente, em
seus resultados, fornecendo assim novos instrumentos de an
´
alise que possam auxiliar as
vis
˜
oes estrat
´
egicas de cada empreendedor em decis
˜
oes de investimentos.
133
AP
ˆ
ENDICE
A.1 Lema de Ito
A avaliac¸
˜
ao em tempo cont´ınuo faz uso de um resultado sobre diferenciac¸
˜
ao de func¸
˜
oes
do movimento geom
´
etrico Browniano, chamado Lema de Ito. Considere o movimento geo-
m
´
etrico Browniano V (R, t) e expresse sua diferencial dV como uma expans
˜
ao em s
´
erie de
Taylor at
´
e os termos de segunda ordem em R:
dV =
V
R
dR +
1
2
2
V
R
2
(dR)
2
+
V
t
dt
=
V
R
(αRdt + σRdz) +
1
2
2
V
R
2
(αRdt + σRdz)
2
+
V
t
dt .
Note que (αRdt + σRdz)
2
= α
2
R
2
(dt)
2
+ 2αR
2
dtdz + σ
2
R
2
(dz)
2
σ
2
R
2
dt para dt pequeno,
pois (dt)
2
e dtdz = ε(dt)
1/2
tendem a zero mais r
´
apido do que dt. Relembre que dz = ε
t
e (dz)
2
= ε
2
dt. Al
´
em disso, a vari
ˆ
ancia de ε
2
dt
´
e de ordem dt
2
e, ent
˜
ao, ε
2
dt se torna n
˜
ao
estoc
´
astico e igual ao seu valor esperado dt quando dt 0. Mais, todos os termos de
terceira ordem e ordens maiores omitidos na expans
˜
ao de Taylor desaparecem mais r
´
apido
do que dt. Levando estes resultado em conta, chegamos ao Lema de Ito da forma que
´
e
aplicado a V (R, t), com R de acordo com a Equac¸
˜
ao (7.1):
dV =
αR
V
R
+
1
2
σR
2
2
V
R
2
+
V
t
dt + σR
V
R
dz .
A.2 Avaliac¸
˜
ao de uma empresa em marcha em tempo con-
t
´
inuo
Aqui, derivamos a soluc¸
˜
ao para a Equac¸
˜
ao (7.5)
[bR + a
ce
n
(w α)R]dt + dV n
dR = r
f
(V n
R)dt . (A.2.1)
Vamos escrever dV em termos de R. Pelo Lema de Ito,
dV = [αRV
R
+
1
2
σR
2
V
RR
]dt + σRV
R
dz , (A.2.2)
134
onde V
R
= V /R e V
RR
=
2
R/R
2
. Note que a empresa em marcha
´
e modelada como
um bem de vida infinita, cujo valor
´
e independente do tempo. Ent
˜
ao, a vari
´
avel t
´
e exclu´ıda
de V (R, t), tornando-se apenas V (R). Ou seja, o valor de uma empresa em marcha de-
pende apenas do valor da vari
´
avel R em qualquer ponto no tempo, mas n
˜
ao de sua data no
calend
´
ario. Isso implica que dV /dt = 0. Esta simplificac¸
˜
ao se aplica a todos os modelos
de avaliac¸
˜
ao considerados no Cap´ıtulo 7, pois as opc¸
˜
oes consideradas n
˜
ao t
ˆ
em data de
expirac¸
˜
ao.
Substituindo a Equac¸
˜
ao (A.2.2) em dV n
dR, temos
dV n
dR = αR(V
R
n
)dt +
1
2
σ
2
R
2
V
RR
dt + σR(V
R
n
)dz ,
onde n
´
e igual a V
R
para eliminar o termo em dz e fazer o portif
´
olio sem risco. O retorno
total
´
e
dV n
dR + [Y n
(w α)R]dt =
1
2
σ
2
R
2
V
RR
dt + [bR + a
ce
V
R
(w α)R]dt . (A.2.3)
Este
´
e o lado direito da Equac¸
˜
ao (A.2.1). Substituindo n
= V
R
no lado direito e simplifi-
cando, a Equac¸
˜
ao (A.2.1) pode ser escrita como a equac¸
˜
ao diferencial
1
2
σ
2
R
2
V
RR
+ (r
f
w + α)RV
R
r
f
V + bR + a
ce
= 0 . (A.2.4)
Considere agora a soluc¸
˜
ao AR
λ
para a parte homog
ˆ
enea da equac¸
˜
ao
1
2
σ
2
R
2
(λ 1)R
λ2
+ (r
f
w + α)RAλR
λ1
r
f
AR
λ
= 0 . (A.2.5)
A Equac¸
˜
ao (A.2.5) requer que λ seja a raiz da equac¸
˜
ao quadr
´
atica
1
2
σ
2
λ(λ 1) + (r
f
w + α)λ r
f
= 0 . (A.2.6)
As duas ra´ızes s
˜
ao
λ
1
=
1
2
(r
f
w + α)
σ
2
+
(r
f
w + α)
σ
2
1
2
2
+
2r
f
σ
2
1/2
, (A.2.7)
λ
2
=
1
2
(r
f
w + α)
σ
2
(r
f
w + α)
σ
2
1
2
2
+
2r
f
σ
2
1/2
. (A.2.8)
Note que λ
1
> 1 e λ
2
< 1. Ent
˜
ao, a soluc¸
˜
ao geral da parte homog
ˆ
enea da Equac¸
˜
ao (A.2.4)
´
e A
1
R
λ
1
+ A
2
R
λ
2
. Uma soluc¸
˜
ao particular que completa a equac¸
˜
ao
´
e
bR
w α
+
a
(1 τ)r
d
. De
135
fato, para a soluc¸
˜
ao V
R
=
b
w α
, V
RR
= 0, e a Equac¸
˜
ao (A.2.4)
´
e satifeita. Ent
˜
ao a soluc¸
˜
ao
completa
´
e
V (R) = A
1
R
λ
1
+ A
2
R
λ
2
+
bR
w α
+
a
(1 τ)r
d
. (A.2.9)
As constantes A
1
e A
2
s
˜
ao determinadas pelas condic¸
˜
oes de fronteira dadas pela na-
tureza econ
ˆ
omica do problema. Queremos que V (0) = 0. Ou seja, se a receita chega a
zero, ela permanecer
´
a naquele n´ıvel, visto que R segue o movimento geom
´
etrico Brown-
iano (Equac¸
˜
ao (7.1)) e o valor da firma ser
´
a irris
´
orio. Mas, uma vez que λ
2
< 0, isto
requer que A
2
= 0. De outra forma, V (R) iria para o infinito quando R tendesse a zero.
Similarmente, A
1
deve ser zero se V (R) n
˜
ao excede seu valor fundamental calculado na
Equac¸
˜
ao (7.3) do texto principal. Isto
´
e,
V (R) =
bR
w α
+
a
(1 τ)r
d
. (A.2.10)
Fazer A
1
= 0, significa que o valor da empresa
´
e determinado pela especulac¸
˜
ao. Con-
tudo, veremos a seguir que a constante A
1
tem um papel na avaliac¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de adia-
mento de entrada.
A.3 Avaliac¸
˜
ao da opc¸
˜
ao de entrada
Como em A.2, constru´ımos um portf
´
olio sem risco que resulta na taxa de juros sem risco.
O portf
´
olio
´
e constitu´ıdo de uma opc¸
˜
ao de longo prazo de investir (adquirir) a firma F (R) e
posic¸
˜
oes de curto prazo de n unidades da receita R.
Procedendo como em A.2, aplicamos o Lema de Ito a F (R) e obtemos
1
2
σ
2
R
2
F
RR
+ (r
f
w + α)RF
R
r
f
F = 0 . (A.3.1)
A Equac¸
˜
ao (A.3.1) difere da Equac¸
˜
ao (A.2.4) em que a opc¸
˜
ao de adiamento n
˜
ao tem
fluxo de caixa. Como a Equac¸
˜
ao (A.3.1)
´
e homog
ˆ
enea, sua soluc¸
˜
ao
´
e
F (R) = A
1
R
λ
1
+ A
2
R
λ
2
, (A.3.2)
com λ
1
> 0 e λ
2
< 0, soluc¸
˜
oes da equac¸
˜
ao quadr
´
atica (A.2.6). Note que quando R 0,
devemos ter F (R) 0 e, ent
˜
ao, A
2
= 0. Isto resulta que F (R) = A
1
R
λ
1
. Ent
˜
ao, h
´
a tr
ˆ
es
inc
´
ognitas a serem determinadas: A
1
, A
2
e R
H
, sendo que R
H
corresponde ao in´ıcio no qual
136
se paga o prec¸o I para adquir a firma. λ
1
´
e calculado a partir da Equac¸
˜
ao (A.2.6). A
1
e R
H
resultam das duas condic¸
˜
oes seguintes:
F (R
H
) = V (R
H
) I , (A.3.3)
F
R
(R
H
) = V
R
(R
H
) . (A.3.4)
A Equac¸
˜
ao (A.3.3) requer que o valor da opc¸
˜
ao seja igual ao valor l´ıq
¨
uido obtido pelo e-
xerc´ıcio. Esta condic¸
˜
ao
´
e chamada condic¸
˜
ao de value-matching. A Equac¸
˜
ao (A.3.4) requer
que F (R) e V (R) I encontrem-se tangencialmente em R
H
.
´
E a chamada condic¸
˜
ao de
smooth-pasting. Estas duas condic¸
˜
oes devem ser satifeitas pela pol´ıtica
´
otima
1
. Usando a
Equac¸
˜
ao (A.3.2) para F (R) e a Equac¸
˜
ao (A.2.10) para V (R), as Equac¸
˜
oes (A.3.3) e (A.3.4)
podem ser escritas como
A
1
R
λ
1
H
=
bR
H
w α
+ I
a
(1 τ)r
d
,
λ
1
A
1
R
λ
1
1
H
=
b
w α
,
cujas soluc¸
˜
oes, para R
H
e A
1
s
˜
ao
R
H
= λ
1
(λ
1
1)
1
I
a
(1 τ)r
d
w α
b
,
A
1
= (λ
1
1)
λ
1
1
I
a
(1 τ)r
d
(λ
1
1)
b
λ
1
1
[λ
1
(w α)]
λ
1
.
A.4 Opc¸
˜
oes de entrada e sa
´
ida
Considere a opc¸
˜
ao de sa´ıda de uma empresa em marcha. Lembre-se da soluc¸
˜
ao geral da
Equac¸
˜
ao (A.2.9)
V (R) = B
1
R
λ
1
+ B
2
R
λ
2
+
bR
w α
+
a
(1 τ)r
d
.
Da Equac¸
˜
ao (A.2.10), sabemos que os dois
´
ultimos termos representam o valor da firma
quando n
˜
ao havia opc¸
˜
ao de sa´ıda. Isto significa que os dois primeiros termos levam em
conta o valor da opc¸
˜
ao de sa´ıda quando R
´
e muito baixo. Note que o valor da opc¸
˜
ao de
sa´ıda tende a zero quando R . Da´ı, B
1
= 0 e
V (R) = B
2
R
λ
2
+
bR
w α
+
a
(1 τ)r
d
. (A.4.1)
1
Veja Dixit e Pindyck, (1994, pp. 130--132).
137
Seja R
L
o limite de sa´ıda tal que a firma para suas operac¸
˜
oes quando R cai para R
L
.
Al
´
em disso,
E denota o custo total de sa´ıda.
Para resolver para R
L
e B
2
, usamos as seguintes condic¸
˜
oes de contorno:
V (R
L
) = V
0
(R
L
)
E , (A.4.2)
V
R
(R
L
) = V
0
R
(R
L
) , (A.4.3)
onde V
0
denota o valor da firma abandonada.
Considere agora o valor da opc¸
˜
ao de entrada (aquisic¸
˜
ao), com prec¸o de aquisic¸
˜
ao I.
Vimos em A.3 que
F (R) = A
1
R
λ
1
. (A.4.4)
Al
´
em disso, as condic¸
˜
oes (A.3.3) e (A.3.4) devem ser satisfeitas no in´ıcio da sa´ıda R
H
.
Vamos assumir que a firma abandonada pode ser reiniciada ou readquirida por $I. A opc¸
˜
ao
de re-entrada implica que V
0
(R) = F (R). Ent
˜
ao, as seguintes condic¸
˜
oes devem ser satis-
feitas em R
L
e R
H
:
V (R
L
) = F (R
L
)
E ,
V
R
(R
L
) = F
R
(R
L
) ,
F (R
H
) = V (R
H
) I ,
F
R
(R
H
) = V
R
(R
H
) .
Substituindo (A.4.1) e (A.4.4) nestas condic¸
˜
oes, chegamos
`
as Equac¸
˜
oes (7.11) a (7.14).
O algoritmo da soluc¸
˜
ao
´
e programado em Excel.
´
E feito em dois est
´
agios. Comec¸a com
enumerac¸
˜
ao para resolver os valores das constantes A e B em cada par das Equac¸
˜
oes
(7.11) e (7.12), assim como com (7.13) e (7.14), assumindo pares de valores de (R
H
, R
L
).
Para qualquer par desses valores, as equac¸
˜
oes s
˜
ao lineares em A e B. A soluc¸
˜
ao de cada
par de equac¸
˜
oes gera um par (A, B). Depois, as soluc¸
˜
oes com a diferenc¸a absoluta m´ınima
entre esses (A, B) s
˜
ao selecionadas regi
˜
oes de pesquisa cont´ıguas. A pesquisa
´
e feita
sobre 100 valores de R
L
, espac¸ados entre 0 e tr
ˆ
es vezes o valor esperado de renda.
´
E
permitido que R
H
assuma valores entre a renda potencial esperada e tr
ˆ
es vezes este valor,
em valores espac¸ados a 1% do valor inicial.
´
E tomada a m
´
edia dos pares selecionados
(A, B) sobre cada regi
˜
ao e aquele com menor desvio absoluto do lado direito da equac¸
˜
ao a
138
ser resolvida
´
e escolhido como soluc¸
˜
ao enumerada. Esta soluc¸
˜
ao
´
e usada como o ponto de
in´ıcio da melhoria proporcionada pelo Excel Solver. Solver pesquisa soluc¸
˜
oes locais usando
uma variac¸
˜
ao do m
´
etodo de Newton.
Dixit e Pindyck (1994) mostram que quando os custos de entrada e sa´ıda se aprox-
imam de zero, a sa´ıda e o in´ıcio da sa´ıda convergem para a/b, a componente do custo
fixo do fluxo de caixa definido na Sec¸
˜
ao 6.2 dividido pela margem do fluxo de caixa. Eles
tamb
´
em mostram que os in´ıcios se tornam extremamente sens´ıveis a pequenas mudanc¸as
nos custos quando o
´
ultimo assume valores pequenos. Por causa disso, o valor inicial
pode n
˜
ao convergir a a/b nas aplicac¸
˜
oes com custo zero de entrada e de sa´ıda. Afor-
tunadamente, o valor da opc¸
˜
ao de entrada calculado pelo algoritmo n
˜
ao
´
e sens´ıvel a tais
discrep
ˆ
ancias da soluc¸
˜
ao inicial. Al
´
em disso, pode-se forc¸ar o in´ıcio a ser igual a a/b de-
pois que a soluc¸
˜
ao obtida e reiterar o algoritmo para confirmar a estabilidade do valor da
opc¸
˜
ao.
A.5 Avaliac¸
˜
ao do investimento inicial e opc¸
˜
ao de expan-
s
˜
ao
Lembre-se da din
ˆ
amica de K(t) e R(t) das Equac¸
˜
ao (7.17) e (7.18):
dK = I
1
dt , (A.5.1)
dR = αRdt + σRdz . (A.5.2)
A equac¸
˜
ao diferencial para F
1
(R
1
, K)
´
e obtida considerando o seguinte portf
´
olio: uma opc¸
˜
ao
de longo prazo de investir no neg
´
ocio e posic¸
˜
oes de curto prazo de n unidades de R
1
. O
valor deste portf
´
olio
´
e F
1
(R
1
, K) nR
1
. Ent
˜
ao,
dF
1
(R
1
, K) ndR
1
= F
1R
dR
1
+
1
2
F
1RR
(dR
1
)
2
+ F
1K
dK ndR
1
. (A.5.3)
Fazemos n = F
1R
para obter o portf
´
olio livre de risco e obter as variac¸
˜
oes instant
ˆ
aneas
dF
1
(R
1
, K) ndR
1
=
1
2
σ
2
(R
1
)
2
F
RR
dt I
1
F
1K
dt . (A.5.4)
Al
´
em disso, o comprador das posic¸
˜
oes de curto prazo requer compensac¸
˜
ao igual a (w
af)F
1R
e h
´
a um fluxo de sa´ıda I
1
dt quando o investimento
´
e feito. Equacionando o retorno
139
total do portf
´
olio para o retorno sem risco, temos
1
2
σ
2
(R
1
)
2
F
1RR
dt I
1
F
1K
dt (w α)R
1R
R
1
dt I
1
dt = r
f
(F
1
F
1R
R
1
)dt . (A.5.5)
Substituindo a Equac¸
˜
ao (A.5.2) para dR
1
, simplificando e rearranjando os termos, temos
a seguinte equac¸
˜
ao diferencial para F
1
(R
1
, K):
1
2
σ
2
R
2
F
1RR
+ (r
f
w + α)R
1
F
1R
r
f
F
1
I
1
F
1K
I
1
= 0 . (A.5.6)
A Equac¸
˜
ao (A.5.6) deve satisfazer as seguintes condic¸
˜
oes de fronteira:
F
1
(R
1
, 0) = F
2
(R
1
) , (A.5.7)
F
1
(0, K) = 0 , (A.5.8)
lim
R→∞
F
1,R
(R
1
, K) = lim
g→∞
F
2
(R
1
)R
1
1
λ
1
e
(wαλ
1
)K/I
max
(A.5.9)
e as condic¸
˜
oes do ``value matching'' e ``smooth pasting'' que F
1
e F
1,R
sejam cont´ınuas em
R
1
;
A Equac¸
˜
ao (A.5.7) diz que quando K = 0, a firma obt
´
em a opc¸
˜
ao de investir I
2
e operar
no segundo est
´
agio. A Equac¸
˜
ao (A.5.8) diz o valor da opc¸
˜
ao do investimento inicial
´
e irris
´
orio
quando R
1
= 0. A Equac¸
˜
ao (A.5.8) reconhece que quando R
1
´
e muito grande, a probabil-
idade de interromper o investimento
´
e muito baixa. Uma vez que o tempo para completar
ainda seria de K/I
max
, ent
˜
ao F
1
(R
1
, K)
´
e igual ao valor presente de F
2
(R
1
) = A
1
R
λ
1
1
, ou
F
1
= A
1
[R
1
e
αK/I
max
]
λ
1
e
wK/I
max
= A
1
R
λ
1
1
e
(wαλ
1
)K/I
max
.
Da´ı,
F
1R
= A
1
R
λ
1
1
1
λ
1
e
(wαλ
1
)K/I
max
= F
2
(R
1
)R
1
1
λ
1
e
(wαλ
1
)K/I
max
.
A Equac¸
˜
ao (A.5.6) mostra que dF
1
´
e linear em I
1
com inclinac¸
˜
ao F
1K
1. Da´ı, a taxa
I
1
que maximiza o valor do investimento inicial
´
e ou seu valor m
´
aximo I
max
ou zero.
Note que quando R
1
< R
1
, I
1
= 0 e a Equac¸
˜
ao (A.5.6) fica
1
2
σ
2
R
2
1
F
1RR
+ (r
f
w + α)R
1
F
1R
r
f
F
1
= 0 , (A.5.10)
que tem a mesma forma da Equac¸
˜
ao (A.4.4) e, ent
˜
ao, tem soluc¸
˜
ao F
1
(R, K) = A(K)R
ν
1
,
onde
ν
1
=
1
2
(r
f
w + α)σ
2
+
(r
f
w + α)σ
2
1
2
2
+ 2r
f
σ
2
1/2
140
e A(K) tem valores obtidos pela soluc¸
˜
ao da Equac¸
˜
ao (6.18) ao longo da fronteira R
1
= R
1
.
O procedimento num
´
erico
´
e simplificado pela eliminac¸
˜
ao de A(K) usando as condic¸
˜
oes de
value-matching e smooth-pasting:
F
1
(R
1
, K)
I=I
max
= F
1
(R
1
, K)
I=0
,
F
1R
(R
1
, K)
I=I
max
=
1
R
ν
1
1
1
= (ν
1
/R
1
)AR
ν
1
ou
F
1
(R
1
, K) = (R
1
/ν
1
)F
1R
(R
1
, K) . (A.5.11)
O valor da opc¸
˜
ao de investimento inicial pode ser obtido resolvendo-se a Equac¸
˜
ao (A.5.6)
para I
1
= I
max
, sujeito
`
as Equac¸
˜
oes (A.5.7), (A.5.9) e (A.5.11). Note que a Equac¸
˜
ao (A.5.8)
n
˜
ao se aplica quando I
1
= I
max
.
A.6 Opc¸
˜
ao de investimento inicial e custos incertos
Lembre a din
ˆ
amica de K(t) e R(t) para o caso de um investimento inicial com custos incertos
dK = I
1
dt + ν(I
1
K)
1/2
dζ , (A.6.1)
dR = αRdt + σRdz . (A.6.2)
A equac¸
˜
ao diferencial para F
1
(R
1
, K)
´
e obtida considerando-se o seguinte portf
´
olio: uma
opc¸
˜
ao de longo prazo de investir no neg
´
ocio e n posic¸
˜
oes de curto prazo de R
1
. O valor deste
portf
´
olio
´
e F
1
(R
1
, K) nR
1
. Al
´
em disso, o comprador das posic¸
˜
oes de curto prazo requer
compensac¸
˜
ao igual a (w α)F
1R
Rdt e h
´
a um fluxo de sa´ıda de I
1
dt quando o investimento
´
e feito. Equacionando o retorno total do portf
´
olio ao retorno sem risco, temos
dF
1
F
1R
dR
1
(w α)F
1R
R
1
dt I
1
dt = r
f
(F
1
F
1R
R
1
)dt . (A.6.3)
Usando o Lema de Ito, escrevemos dF
1
como
dF
1
= F
1R
dR
1
+ F
1K
dK
1
+
1
2
F
1RR
(dR
1
)
2
+
1
2
F
1KK
(dK
1
)
2
+
1
2
F
1RK
dR
1
dK . (A.6.4)
Substituindo esta express
˜
ao nas Equac¸
˜
oes (A.6.3), (A.6.1) para dK
1
e (A.6.2) para dR
1
,
simplificando e rearranjando os termos, temos a seguinte equac¸
˜
ao diferencial para F
1
(R
1
, K):
1
2
σ
2
R
2
F
1RR
+
1
2
ν
2
IKF
1KK
+ (r
f
w + α)R
1
F
1R
r
f
F
1
IF
1K
I
1
= 0 . (A.6.5)
141
A Equac¸
˜
ao (A.6.5) deve satisfazer as seguintes condic¸
˜
oes de contorno:
F
1
(R
1
, 0) = F
2
(R
1
) , (A.6.6)
F
1
(0, K) = 0 , (A.6.7)
lim
K→∞
F
1,R
(R
1
, K) = 0 , (A.6.8)
1
2
ν
2
KF
1KK
(R
1
, K) F
1K
(R
1
, K) 1 = 0 (A.6.9)
e a condic¸
˜
ao value matching de que F
1
seja cont´ınua em R
1
, isto
´
e, F
1
(I
1
= 0) = F
1
(I
1
=
I
max
).
A Equac¸
˜
ao (A.6.6) diz que no final, isto
´
e, quando K = 0, a firma obt
´
em a opc¸
˜
ao de
investir I
2
e operar no segundo est
´
agio. A Equac¸
˜
ao (A.6.7) diz que o valor do investimento
inicial
´
e irris
´
orio quando R
1
= 0. A Equac¸
˜
ao (A.6.8) reconhece que quando K
´
e muito
grande o valor do investimento inicial
´
e muito pequeno. A Equac¸
˜
ao (A.6.9)
´
e a condic¸
˜
ao
smooth pasting de que F
1,R
´
e cont´ınua em R
1
, isto
´
e, F
1,R
(I
1
= 0) = F
1,R
(I
1
= I
max
).
A Equac¸
˜
ao (A.6.5) mostra que dF
1
´
e linear em I
1
, com inclinac¸
˜
ao
1
2
ν
2
KF
1KK
(R
1
, K)
F
1K
(R
1
, K) 1. Da´ı, a taxa I
1
que maximiza o valor do investimento inicial
´
e ou o m
´
aximo
valor I
max
ou zero. Ou seja, I
= I
max
para
1
2
ν
2
KF
1KK
(R
1
, K) F
1K
(R
1
, K) 1 > 0 e I
= 0,
caso contr
´
ario.
A soluc¸
˜
ao R
1
, F
1
(R
1
, K) foi encontrada por m
´
etodos num
´
ericos, como comentado na
Sec¸
˜
ao 6.7.
A.7 Ancoragem est
´
atica
Da equac¸
˜
ao (9.17) temos que
x
S
1
2πDT
(x x
S
)
x
exp
(x x
0
)
2
2DT
dx .
Considerando:
x x
S
= u , dx = du ,
x
exp
(x x
0
)
2
2DT
dx = dv , ent
˜
ao, v = exp
(x x
0
)
2
2DT
v
x
dx = dv
.
Integrando por partes:
b
a
udv = uv
b
a
b
a
vdu
142
1
2πDT
(x x
0
)
x
exp
(x x
0
)
2
2DT
dx
=
1
2πDT
(x x
0
) exp
(x x
0
)
2
2DT
x
S
x
S
exp
(x x
0
)
2
2DT
dx
=
1
2πDT
(0 0)
x
S
exp
(x x
0
)
2
2DT
dx
=
x
S
1
2πDT
exp
(x x
0
)
2
2DT
dx
x
S
P (x, N |x
0
, 0)dx .
A.8 Valor da empresa em condic¸
˜
ao de incerteza
Da equac¸
˜
ao (9.34) temos que:
V (p) =
−∞
bqp
0
w α
1 e
(wα)T
+
a
(1 τ)r
d
1 e
(1τ )r
d
T
exp
(T T )
2
2σ
2
T
2πσ
2
T
dT . (A.8.1)
Rearranjando-se os temos, obt
´
em-se:
V (p) =
bqp
0
w α
1
−∞
dT
exp
(T T )
2
2σ
2
T
(w α)T
2πσ
2
T
+
a
(1 τ)r
d
1
−∞
dT
exp
(T
T
)
2
2σ
2
T
(1 τ)r
d
T
2πσ
2
T
. (A.8.2)
Vamos calcular a seguinte integral:
−∞
dT
exp
(T T )
2
2σ
2
T
(w α)T
2πσ
2
T
= I . (A.8.3)
Considerando u = T T , temos que du = dT . Substituindo-se estes valores em (A.8.3):
I =
−∞
du
exp
u
2σ
2
T
(w α)(u + T )
2πσ
2
T
=
e
(wα)T
2πσ
w
T
−∞
du exp
u
2σ
2
T
(w α)u
. (A.8.4)
´
E sabido que
−∞
due
mu
2
+nu
= e
n
2
/4m
π
m
, com m IR
+
.
Substituindo m = 1/2σ
2
T
e n = (w α), temos que
−∞
due
(
1
2σ
2
T
u(wα)u)
= e
(wα)
2
σ
2
T
2
π2σ
2
T
. (A.8.5)
143
Voltando este resultado para a equac¸
˜
ao (A.8.4):
I =
e
(wα)
2
σ
2
T
2
(wα)T
2πσ
2
T
.
2πσ
2
T
= exp
(w α)
2
σ
2
T
2
(w α)T
. (A.8.6)
Substituindo este resultado em (A.8.2), obt
´
em-se finalmente
V (p) =
bqp
0
w α
1 exp
(w α)
2
σ
2
T
2
(w α)T

+
a
(1 τ)r
d
1 exp
(1 τ)
2
r
2
d
σ
2
T
2
(1 τ)r
d
T

. (A.8.7)
144
A.9 Func¸
˜
ao erro
x
i
=
R
I
R
i
2σ
2
i
145
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ˆ
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Journal of Business, 34, 411-433 (Outubro de 1961).
PENROSE, E.; Teoria do Crescimento da Firma, 1.ed., Editora Unicamp, 2006.
STEWART, G. B.; Em Busca do Valor: o Guia do EVA para Estrat
´
egias, Bookman, 2005.
147
Tabela 1- Comparação entre valor das ações e valor da empresa
Tabela 2 – Exemplo de valores e parâmetros de uma empresa em função do nível de
endividamento
Gráco 1 – Exemplo do valor de uma empresa e de seu CMePC em função do nível de
endividamento
Gráco 2 – Modelo H de desconto de dividendos
Gráco 3 – Modelo de desconto de dividendos em três estágios
Tabela 3 – Modelo de avaliação patrimonial pelo mercado
Tabela 4 - Exemplo para aplicação do modelo dos múltiplos de caixa
Tabela 5 – Resultado do exemplo do modelo dos múltiplos de caixa
Gráco 4 – Diagrama de retorno de uma opção de compra
Gráco 5 – Diagrama de pagamento da opção de venda
Gráco 6 – Modelo binomial
Gráco 7 – Diagrama do retorno líquido sobre patrimônio líquido
Tabela 6 – Exemplo de valores críticos de receita para a realização de investimentos
remanescentes: caso 1
Tabela 7 – Exemplo de valores críticos de receita para a realização de investimentos
remanescentes: caso 2
Tabela 8 – Exemplo de valores críticos de receita para a realização de investimentos
remanescentes: caso 3
Tabela 9 – Exemplo de receitas mês a mês
Tabela 10 – Exemplo do cálculo da variância em cada mês
Tabela 11 – Exemplo do cálculo de Φi* mês a mês
Gráco 8 – Exemplo da evolução de Φi* ao longo do tempo
Tabela 12 – Exemplo da evolução da variância de Φi* mês a mês
Gráco 9 – Exemplo da evolução da variância de Φi* ao longo do tempo
Tabela 13 – Valores da função erro de xi (erf xi)
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