A Comunidade do Cabocó e a Percepção Ambiental das Crianças e Adolescentes sobre a Gestão do Rio Capibaribe
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contraditórias. No entanto, como bem resumiu POULANTZAS (1985) apud
GEHLEN (1994), embora a lógica da ação do estado capitalista tenda a ser o
da reprodução da ordem vigente, ele é, na realidade, a condensação de uma
relação de forças. Contradições e conflitos, se bem explorados, podem
conduzir a situações diferentes de um simples reforço da dominação, ao se
dispor a utilizar todas as formas legais, pois ir contra o Estado e fazer a crítica
do Estado e do que ele representa na sociedade neoliberal contemporânea,
não significa ignorá-lo ou desconhecer a margem de manobra que a
intervenção do Estado possibilita, uma vez que as políticas públicas,
especificamente as ambientais, as leis, as diretrizes, os recursos financeiros
etc, dependem do Estado. Parte-se da premissa, contudo, que a correlação de
forças permita que a ação do Estado não seja reacionária, mas que seja capaz
de contribuir para uma mudança no espaço social (GEHLEN, 2006).
A gestão do meio ambiente urbano representa um desafio complexo
para as sociedades contemporâneas. Não se trata apenas de considerar a
preservação dos recursos ambientais, mas também de assegurar condições de
vida digna à população, propiciando que parcelas da sociedade não sejam
excluídas do processo de desenvolvimento.
É preciso que se compreenda que o espaço urbano é um espaço de
múltiplas determinações SILVA, (2003), destaca que a cidade é o local onde,
permanente e sucessivamente, estão ocorrendo trocas das mais diversas
naturezas – físicas, econômicas, sociais, políticas, culturais e energéticas, o
que implica como conseqüência em grandes conflitos. Além destes, um outro
desafio é a diversidade de formas e dimensões com as quais o espaço urbano
se concretiza, aliado às más condições ambientais e à baixa qualidade de vida
na maioria das cidades, sempre agravada pela carência da infra-estrutura,
equipamentos sociais e pelos graves problemas sociais, ambientais e
econômicos existentes, que repercutem na produção e reprodução, enquanto
espaço de convivência/relações.
Nessas condições, as cidades tornam-se espaços nos quais proliferam
desequilíbrios ecológicos, degradação ambiental e problemas sociais os mais