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fundo, tocada no órgão, executada antes do culto, criando um ambiente agradável,
a música recebe os irmãos. Uma mulher, antes de começar o culto, se levanta do
banco e se dirige ao púlpito com um bilhete na mão, o deixa sob o altar, ou seja,
debaixo do púlpito em forma de torre. Esse bilhete se soma aos demais que ali
estavam, aliás, soma aos demais pedidos do dia todo. Portanto, ali no altar há
várias necessidades e, com certeza, o Círculo de Intercessão irá orar em prol de
cada bilhete. A reunião inicia, e o diácono faz uma breve oração, não de joelhos,
mas em pé, possivelmente compensando o atraso de dez minutos do culto. Logo
em seguida ele convoca os irmãos a baterem palmas para Jesus. Dificilmente, um
cliente não se identifica com algumas necessidades citadas na oração do diácono.
Ele apresenta os enfermos, os que têm depressão, os desviados e os que estão à
busca de uma “porta” de emprego. Ele afirma que hoje é dia do milagre, da
solução dos problemas. Uma espécie de “pare de sofrer!” Iurdiano. Termina
convidando mais uma vez a igreja para uma salva de palmas para Jesus. Como
qualquer liturgia assembleiana, entoam-se hinos da harpa cristã (175 e 193).
Enquanto isto a Igreja continua a encher de pessoas de vários tipos. Hoje é o dia
do “Corredor dos Milagres” (Diário de campo, dia 06/02/08. Vale da Benção).
Se o pietismo se esforçou por retirar todos os rituais mágicos do protestantismo,
as práticas neopentecostais trouxeram de volta os rituais, no caso da IURD muitos foram
inventados. No Vale da Benção há uma programação chamada Corredor dos Milagres,
copiado da IURD, ocorrem as quartas feiras e tem a seguinte dinâmica:
Os obreiros em fila saem de trás do templo, perto do púlpito eles se dividem de
forma ordenada, fazendo um circulo ao redor dos bancos, isto é feito no início da mensagem
oficial, quando essa está perto do fim, eles formam duas filas no corredor principal, este é o
corredor que dá para o púlpito. De forma sincronizada, eles entram abeirando os bancos, são
dez obreiros de cada lado do corredor. Eles se posicionam de forma alternada
estrategicamente pré-definida, ou seja, uma mulher de frente para um homem, desta forma
totalizam-se vinte, as vezes 10 homens de um lado e 10 mulheres do outro. O Pastor fez
questão de frisar que estes estavam em jejum e oração durante o dia todo. Todos os obreiros,
pastor e auxiliares, sem exceção, usam camisa branca (ou blusa, no caso das irmãs) e calça
escura (ou saia, no caso das irmãs). Um uniforme ao caráter do dia.
Em seguida, os crentes são convocados a passarem pelo “corredor dos milagres”
a partir da entrada do corredor que dá para a rua, formando também duas filas. Depois de
todos passarem, os homens e obreiros seguem para um lado, e as irmãs e obreiras
concomitantemente para o outro, de modo que os obreiros façam um semicírculo, com os
membros dentro dele. Com esta formação inicia-se novamente um forte clamor, puxado pelo
Pastor, apresentando a Deus as necessidades dos irmãos ali presentes. Por fim durante a