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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial
DISSERTAÇÃO
apresentada à UTFPR
para obtenção do grau de
MESTRE EM CIÊNCIAS
por
VICTOR HUGO WERNER BAGGIO
AVALIAÇÃO DA ADESÃO CERÔMERO DENTINA POR
ENSAIOS DE CISALHAMENTO
Banca Examinadora:
Presidente e Orientador:
PROF. DR. Paulo César Borges UTFPR
Examinadores:
PROF. DR. Paulo César Borges UTFPR
PROF. DR. Ulisses Coelho UEPG
PROF. DR. Marco Antônio Luersen UTFPR
Curitiba, 18 de agosto de 2006.
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VICTOR HUGO WERNER BAGGIO
AVALIAÇÃO DA ADESÃO CERÔMERO DENTINA POR ENSAIOS DE
CISALHAMENTO
Dissertação apresentado ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e
Informática Industrial da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, como
requisito parcial para a obtenção do grau de
“Mestre em Ciências” – Área de
concentração: Engenharia Biomédica.
Orientador: Prof. Dr. Paulo César Borges
2006
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba
B144a Baggio, Victor Hugo Werner
Avaliação de adesão cerômero dentina por ensaios de cisalhamento / Victor
Hugo Werner Baggio. Curitiba. UTFPR, 2006
XIII, 74 f. : il. ; 30 cm
Orientador: Prof. Dr. Paulo César Borges
Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Cur-
so de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial. Curitiba,
2006
Bibliografia: f. 67-63
1. Odontologia. 2. Sistemas Adesivos. 3. Cimentos resinosos. 3. Odontologia
– cisalhamento. I. Borges, Paulo César, orient. II. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Infor-
mática Industrial. III. Título.
CDD:617.6
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu amigo, professor, e orientador Prof. Dr. Paulo César Borges
pela orientação, dedicação e confiança em mim depositado.
Ao Prof. Dr. Ulisses Coelho, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG.
À minha valorosa, estimada e companheira de vida, querida esposa Cynthia.
Aos meus amigos de curso Marcelo Pulter, Lílian Possetti Pulter, Gilmar Trevisan
e Muriel que muito me ajudaram neste trabalho.
Ao Frigorífico ARGUS ltda., quem forneceu as peças dentais bovinas.
À coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo
apoio financeiro, quando foi necessário.
A UTFPR e ao CPGEI, pelas condições oferecidas.
E também, pela empresa 3M que nos forneceu material necessário para a
realização deste estudo.
vi
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS............................................................................................... v
SUMÁRIO................................................................................................................. vi
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................vii
LISTA DE TABELAS .............................................................................................. ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................... xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................... xi
LISTA DE SÍMBOLOS ...........................................................................................xii
RESUMO.................................................................................................................xiii
ABSTRACT ............................................................................................................xiv
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS...................................................................................................... 2
1.2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 2
REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 3
2.1 DENTES............................................................................................................ 3
2.1.1 Esmalte...................................................................................................................3
2.1.2 Dentina...................................................................................................................4
2.1.3 Dentes Humanos x Dentes Bovinos....................................................................... 7
2.2 SISTEMAS ADESIVOS................................................................................. 10
2.2.1 Camada Residual / Lama Dentinária / Smear Layer............................................ 11
2.2.2 Camada Híbrida ................................................................................................... 14
2.3 ADESÃO E HIBRIDIZAÇÃO DA DENTINA.............................................. 15
2.4 CIMENTOS RESINOSOS.............................................................................. 18
2.5 CISALHAMENTO ......................................................................................... 20
MATERIAIS E MéTODO ....................................................................................... 35
3.1 MATERIAIS ................................................................................................... 35
3.2 CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA .................................................. 39
3.2.1 CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS DE CERÔMERO SINFONY...................... 39
3.2.2 CONFECÇÃO DAS ESTRUTURAS DENTINÁRIAS...................................... 41
3.2.3 UNIÃO CERÔMERO DENTINA....................................................................... 42
3.2.3.1 Dispositivo de Centragem e Aplicação de Força Constante...................................... 43
3.2.3.2 Preparação das Superfícies........................................................................................ 44
3.2.3.3 Aplicação do Adesivo Dentinário ............................................................................. 45
3.2.3.4 Aplicação do Cimento Resinoso ............................................................................... 45
3.2.3.5 União do Cerômero à Dentina................................................................................... 45
3.3 ENSAIO DE CISALHAMENTO ................................................................... 45
3.3 CLASSIFICAÇÃO DE TIPO DE FRATURA ............................................... 48
RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................ 51
4.1 TENSÃO DE CISALHAMENTO .................................................................. 51
4.2 CLASSICAÇÃO DO TIPO DE FRATURA .................................................. 55
4.3 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)....................... 58
5 CONCLUSÃO....................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 67
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Imagem de microscopia eletrônica da estrutura do esmalte.
22
................. 4
Figura 2: Imagem de microscopia eletrônica da estrutura dentinária.
63
................... 5
Figura 3: Imagem de microscopia eletrônica de transmissão de dentina fraturada.
39
.................................................................................................................................... 6
Figura 4: Micrografia eletrônica de varredura de superfície da lama dentinária
(controle) que não foi tratada com cimentos, Nakabayashi & Pashley
39
(2000). .... 12
Figura 5: Sistema adesivo dual de 4º geração Single Bond (3M ESPE) (Lote
04054)....................................................................................................................... 35
Figura 6: Sistema adesivo dual de 4º geração Prime & Bond (Dentsply) (Lote
l04054)...................................................................................................................... 36
Figura 7: Sistema adesivo dual de 4º geração Prime & Bond NT (Dentsply) (Lote
262708)..................................................................................................................... 36
Figura 8: Cimento Resinoso Adesivo EnForce (Dentsply) (Lote176675): pasta base
+ pasta catalizadora. ................................................................................................. 36
Figura 9: Cimento Resinoso Adesivo 3M Rely X (3M ESPE) (Lote 3415A3) :
pasta base + pasta catalizadora................................................................................. 37
Figura 10: Ácido Fosfórico a 37% (Dentsply) (Lote 176675)................................ 37
Figura 11: Cerômero Sinfony (3M ESPE) (Lote 160415)...................................... 37
Figura 12: Sistema de compressão das duas placas para a produção dos cilindros de
cerômeros Sinfony (3M). .......................................................................................... 39
Figura 13: Montagem das placas para a formação da matriz para produção dos
cilindros de cerômeros Sinfony (3M). ...................................................................... 40
Figura 14: Cilindro de Cerômero Sinfony. ............................................................. 40
Figura 15: Coroa de dente bovino, aderida à base auto polimeralizada. ................ 42
Figura 16: Dispositivo para montagem do CPs. ..................................................... 43
Figura 17: Posicionador metálico da peça de cerômero, com o corpo de prova
adaptado, sendo condicionado com Ácido Fosfórico............................................... 44
Figura 18: – Colagem da dentina no Cerômero ...................................................... 44
Figura: 19: Esquema do dispositivo esquemático do ensaio de cisalhamento. ...... 46
Figura 20: Dispositivo para ensaio de cisalhamento dos corpos de prova. ............ 46
Figura 21: Máquina universal de ensaios mecânicos.............................................. 47
Figura 22: Classificação do tipo de fraturas por cisalhamento. .............................. 48
Figura 23: Limite de Resistência ao Cisalhamento Médio segundo resinas........... 53
Figura 24: Box-plot da variável Limite de Resistência ao Cisalhamento segundo
resinas. ...................................................................................................................... 54
Figura 25: Ruptura adesiva Tipo Ia CP grupo G2. ................................................. 56
Figura 26: Ruptura coesiva Tipo IIb CP do grupo G1............................................ 56
Figura 27: Ruptura mista Tipo IIIa, do CP grupo do G1. ....................................... 57
Figura 28: Micrografia eletrônica de varredura do Cerômero Sinfony (3M). Aspecto
morfológico da superfície da amostra (Aumento de 2000x).................................... 58
viii
Figura 29: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo grupo G1 (3M)
unida à dentina bovina e ao Cerômero Sinfony (3M). D = dentina bovina; S =
Cimento resinoso RX (3M); C = cerômero Sinfony (3M): Aumento de 600 vezes.60
Figura 30: Micrografia a eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
(Dentsply) unida à dentina bovina e ao Cerômero Sinfony (3M). D = dentina
bovina; C = Cimento resinoso EnForce (Dentsply); S = cerômero Sinfony (3M):
Aumento de 600 vezes.............................................................................................. 60
Figura 31: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond NT
(Dentsply) unida à dentina bovina e ao Cerômero Sinfony (3M). D = dentina
bovina; C = Cimento resinoso EnForce (Dentsply); S = cerômero Sinfony (3M):
Aumento de 600 vezes.............................................................................................. 61
Figura 32: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo grupo G2
(Dentsply) aplicado à dentina previamente condicionada com Ácido Fosfórico 37%.
(Aumento 2500x)...................................................................................................... 61
Figura 33: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
(Dentsply) aplicado à dentina previamente condicionada com Ácido Fosfórico 37%.
(Aumento 2500x)...................................................................................................... 62
Figura 34: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond NT
(Dentsply) aplicado à dentina previamente condicionada com Ácido Fosfórico 37%.
(Aumento 2500x)...................................................................................................... 62
Figura 35: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Single Bond
(3M) + cimento resinoso Rely X (3M), aderido à dentina bovina e
consecutivamente aderida ao Cerômero Sinfony (3M) (Aumento de 5000x). ........ 63
Figura 36: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
(Dentsply) + cimento resinoso EnForce (Dentsply), aderido à dentina bovina e
consecutivamente aderido ao Cerômero Sinfony (3M) (Aumento de 600x)............ 64
Figura 37: Ampliação do Detalhe mostrado na Figura 37. Sistema adesivo Prime
Bond (Dentsply) + cimento resinoso EnForce (Dentsply), aderido à dentina bovina e
consecutivamente aderido ao Cerômero Sinfony (3M) (Aumento de 2500x).......... 64
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Sistemas Adesivos, Composição, Lote e Fabricantes. ............................. 38
Tabela 2: Cimentos Resinosos, Composição, Lote e Fabricantes............................ 38
Tabela 3: Cerômero, Composição, Lote e Fabricante.............................................. 38
Tabela 4: Materiais Utilizados para Confecção dos CPs. ........................................ 43
Tabela 5: Classificação dos tipos de fraturas ........................................................... 49
Tabela 6: Força, Limite de Resistência ao Cisalhamento e Tipo de Fratura para os
Três Grupos. ............................................................................................................. 52
Tabela 7 - Limite de Resistência ao Cisalhamento: mínimo, máximo, média
mediana, Desv. Pad., intervalo de confiança e C.V. ................................................ 53
Tabela 8: Teste Não-Paramétrico de Kruskal-Wallis............................................... 55
Tabela 09: Teste de Homogeneidade de Variâncias de Levene............................... 55
Tabela 10: Tipos e Freqüência das Fraturas............................................................. 57
Tabela 11: Porcentagem das Fraturas por Tipo........................................................ 57
x
LISTA DE EQUAÇÕES
)./().( tIQV=
τ
.................................................................................................................47
APtIQV /)./().( =
τ
.....................................................................................................47
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
HEMA - Hidroxietildimetacrilato
Bis-GMA - Bisfenol A Glicidilmetacrilato
BPDM - Bisfenoldimetacrilato
TEGDMA - Trietileneglicoldimetacrilato
MEV - Microscópio Eletrônico de Varredura
MET
CPs
Cp
Mpa
nm
- Microscópio Eletrônico de Transição
- Corpos de prova
- Corpo de prova
- Mega Pascal
- Nanômetro
xii
LISTA DE SÍMBOLOS
Mpa - Mega Pascal
Kgf - Quilograma-força
Kg - Quilograma
N - Newton
Nm - Nanômetro
xiii
RESUMO
Com o aperfeiçoamento de materiais e técnicas adesivas que promovem uma
efetiva união à estrutura dental, principalmente a dentina tem sido alvo constante de
pesquisas no campo da adesividade. O objetivo deste trabalho foi avaliar a resistência de
adesão de cerômero (Sinfony) em dentina por meio de ensaios de cisalhamento. Levaram-
se em consideração os fatores, de três tipos de adesivos dentinários e dois tipos de
cimentos resinosos. Foram selecionados 60 dentes bovinos, divididos em três grupos G1,
G2 e G3, com 20 dentes cada, limpos, hígidos, inseridos em um dispositivo confeccionado
por resina acrílica e um cilindro de PVC recortado com espessura de 1 e 2,54 centímetro de
diâmetro. O esmalte foi removido por uma seqüência de lixas previamente selecionadas e
então os dentes foram conservados sob refrigeração até o momento do seu uso. Por
conseguinte, estes dentes preparados foram condicionados com Ácido Fosfórico a 37% e
aplicados os adesivos dentinários Rely X (3M), Prime Bond (Dentsply) e Prime Bond NT
(Dentsply). Em seguida cimentados com os cimentos resinosos próprios de suas marcas de
fabricação. Os corpos de prova foram cisalhados e calculados sua tensão em MPa. Foi
também avaliado o tipo de fratura ocorrido nas peças, as quais se classificam em adesivas,
coesivas e mistas. Para avaliação estatística foram empregados métodos de Kruskal-Wallis
não paramétricos, Box-plot, Anova. A metodologia empregada permitiu ver que os valores
de tensão foram de modo decrescente em G1 > G2 > G3. Paralelamente os tipos de fratura
também foram observados, sendo que no grupo G1 prevaleceram as fraturas coesivas, G2
igual ao G3 prevaleceram as adesivas.
Palavras-chave: Sistemas adesivos, cimentos resinosos; cisalhamento.
xiv
ABSTRACT
With the improvement of materials and bonding techniques that promote an
effective union to the dental structure the dentine has specially been a constant target in the
field of bonding research. This project’s objective was to evaluate the resistance of the
ceromer adhesion (Sinfony) to the dentine through shearing experiments. For this research
three types of dental adhesives and two types of resin cements were considered. There
were selected sixty bovine teeth that were divided into three groups: G1, G2 and G3,
containing twenty teeth each. The teeth were entire, cleaned and inserted into a device
made of acrylic resin in a PVC cylinder that has a thickness of one centimeter and one
inch, where the enamel was removed through a sequence of sandpaper which were
previously selected and afterwards the teeth were kept refrigerated until the moment they
had to be used. Consecutively, these prepared teeth were conditioned with 37% of
phosphoric acid and applied the dentinary adhesive Rely X (3M), Prime Bond (Dentsply)
and Prime Bond NT (Dentsply). In the sequence they were cemented with resin cement of
its own manufacturer brand. The experiments were sheared and had their stress in values of
MPa. The types of fractures that occurred in the pieces were also evaluated and were
classified as adhesive, cohesive and mixed. To a statistic evaluation there were used the
Kruskal – Wallis method not parameter the Box – plot and the Anova methods. The
methodology used allowed us to see that the stress values decreased as G1 > G2 > G3. In
parallel the types of fractures were also observed. In the group G1 the fractures prevailed
as cohesive and in the groups G2 and G3 the fractures prevailed as adhesives.
Key words: adhesive system, resin cement, shearing.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A estética em odontologia é uma das áreas que mais se desenvolve em função das
novas técnicas disponíveis, principalmente na área de união de materiais a estruturas
dentais. Neste sentido, cada vez mais crescem as aplicações clínicas das resinas compostas,
cimentos resinosos, próteses adesivas sem metal (metal free), tornando-as parte do
cotidiano do trabalho em consultório.
O aumento na demanda de materiais e sistemas restauradores poliméricos tornou
necessário o desenvolvimento de meios que possibilitem aderir tais materiais à dentina.
O surgimento e desenvolvimento dos sistemas adesivos, segundo Gomes, et al
24
(1996), modificaram completamente a prática odontológica, mudando os conceitos dos
preparos cavitários, possibilitando assim uma maior conservação de estruturas dentárias
remanescentes sadias.
A Odontologia contemporânea, por Busato
15
(1997), procura incessantemente
desenvolver materiais restauradores e adesivos, melhorando assim a sua bio-
compatibilidade e estética. O grande aumento de pacientes que preferem as restaurações
estéticas fez com que os materiais restauradores evoluíssem na busca da melhor harmonia
dental.
Gomes & Calixto
25
(2004) escrevem que atualmente a adesividade no esmalte é
considerada efetiva. Em contra partida a dentina ainda apresenta alguns obstáculos
estruturais, com conseqüente falha na adesão. Estes novos materiais resinosos, cimentos e
resinas, de últimas gerações, tentam romper esta barreira, aumentando a interação na
interface dentes materiais restauradores. Sistemas adesivos que unem o primer ao adesivo
em um único frasco, com nanopropriedades, reduzem a infiltração. Juntamente com os
sistemas adesivos autocondicionantes onde não se realiza o condicionamento do esmalte e
dentina, trazendo, como vantagem, a redução do tempo clínico na sua aplicação.
Outrossim, os cimentos resinosos tomaram frente às novas gerações de agentes
cimentantes, unindo as características do cimento de fosfato de zinco, que possui excelente
adesividade e facilidade de manipulação, a uma das principais qualidades destes tipos de
compósitos, à estética.
2
Com a incessante busca de um fator efetivo de ligação à estrutura da dentina e
também dos diferentes tipos de sistemas adesivos e cimentos resinosos, nota-se grande
motivação para a realização deste estudo, avaliando a resistência de união ao cisalhamento
de dois cimentos resinosos com seus devidos sistemas adesivos, a uma resina laboratorial,
que serve para confecção de estruturas protéticas.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo desta pesquisa é avaliar a resistência ao cisalhamento dos cimentos
resinosos Enforce (Dentsply) e Rely X (3M ESPE), e de seus respectivos sistemas adesivos
Prime Bond (Dentsply), Prime & Bond NT (Dentsply) e Single Bond (3M), na cimentação
do Cerômero Sinfony (3M).
1.2 JUSTIFICATIVA
A continua evolução dos sistemas adesivos tem levado à modificação dos
materiais, técnicas e atitudes como o condicionamento da dentina que vem sendo realizado
para procedimentos adesivos. Um dos métodos mais comuns para testar as forças adesivas
é o teste de resistência de união ao cisalhamento. O esforço para se desenvolver um
material restaurador ideal e eficiente é muitas vezes dificultado pelo desempenho clínico
exigido. Concomitante com este esforço, o desenvolvimento destes novos materiais
adesivos tem se apresentado com valoroso progresso. Portanto, o objetivo do presente
estudo é avaliar “in vitro” a adesividade, a uma força de cisalhamento, de três tipos de
sistemas adesivos e seus respectivos cimentos resinosos, para tanto utilizou-se estruturas
dentais bovinas.
3
CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DENTES
De acordo com Madeira
34
(1996), dentes são estruturas de um conjunto que
desempenham as funções de cortar e triturar os alimentos, prover proteção e sustentação
dos tecidos moles da boca, e são um importante fator na estética da face. Fixam-se aos
ossos por meio de fibras colágenas, que constituem o ligamento alvéolo-dental ou
ligamento periodontal. O dente é formado por coroa e raiz(es), unidas numa porção
intermediária estrangulada chamada colo. É composto na maior parte, por dentina, que
circunscreve a cavidade pulpar. A dentina é recoberta na coroa por esmalte e na raiz pelo
cemento. No colo, a junção cemento-esmalte desenha uma linha sinuosa bem nítida,
chamada linha cervical, onde divide a coroa e a raiz. A coroa pode ser descrita em coroa
anatômica: parte do dente revestida de esmalte, e coroa clínica, que é parte do dente
exposta na cavidade da boca.
2.1.1 Esmalte
Orban
44
(1955) afirma que o esmalte forma uma cobertura protetora, de espessura
variável, sobre toda a superfície da coroa. Sua função específica é formar uma cobertura
resistente ao desgaste, para a mastigação. Composto de prismas (Figura 1), que se dirigem
de dentro para fora, da junção amelo-dentinária para a superfície do dente. Comumente, o
diâmetro dos prismas é aproximadamente de 4 micra, mas essa medida varia, uma vez que
a superfície externa do esmalte é maior que a superfície dentinária onde o prisma se
origina. A calcificação de cada prisma inicia-se perto da superfície e prossegue em direção
centrípeta. Na espécie humana a calcificação dos prismas de esmalte não ocorre ao mesmo
tempo. Em sua superfície externa caracteriza-se microscopicamente por inúmeros prismas
e poros. Os prismas geralmente hexagonais são envoltos por uma matriz amorfa e, em
relação à superfície externa do esmalte, podem apresentar diferentes orientações: imergir
diretamente na superfície e curvar-se suavemente próximo à superfície. Constitui-se de
96% de material inorgânico, e 4% de água e traços de outras substâncias orgânicas. O
material orgânico da estrutura é similar à apatita.
4
Figura 1: Imagem de microscopia eletrônica da estrutura do esmalte.
22
Serra & Ferreira
57
(1981), avaliaram que os dentes são formados por tecidos
diferenciados, de estruturas embriológicas diversas. Esmalte, ou substância Adamantina, é
a mais dura e mais densamente mineralizada das estruturas do corpo humano, em cuja
composição os sais inorgânicos entram na proporção de 98 a 96%, sendo os restantes 2 a
4% representados por matéria orgânica e água.
Gomes, et al.
24
(1996) descreveram que o dente é composto principalmente por
apatita em suas formas de hidroxi, flúor e carbono. O cálcio e o fosfato são os dois
principais elementos inorgânicos, tendo pequenas variações de alumínio, bário, magnésio,
estrôncio, rádio e vanádio. O componente morfológico básico do esmalte é o prisma
mineralizado, o qual é formado pela união de cristais de hidroxiapatita.
Adachi et al.
1
(2001), investigaram o desgaste do esmalte humano por materiais
restauradores e afirmam que o esmalte dental é o mais duro (forte) material encontrado no
corpo humano, suportando também uns dos mais altos níveis de forças, as da mastigação.
2.1.2 Dentina
Serra & Ferreira
57
(1981), afirmaram que a estrutura dental está diretamente
ligada com a cavidade pulpar. Quimicamente, é formada por 65 a 75% de substâncias
minerais, 25 a 35% de substâncias orgânicas e 10% de água.
Ciucchi
17
(1995) relatou que existe um fluído intertubular que está sob pequena
pressão, porém constante, proveniente do tecido pulpar o qual se movimenta
Prismas de
Esmalte
5
dinamicamente no sentido da polpa para a junção amelo-dentinária, o que confere à dentina
sua carecterística úmida e determina que os sistemas adesivos devam ser compatíveis com
a presença desta umidade.
Figura 2: Imagem de microscopia eletrônica da estrutura dentinária.
63
Busato et al.
14
(1996), relataram que a polpa é formada em sua maioria por
material inorgânico. Basicamente 70% de hidroxiapatita. Os restantes 30% são colágeno e
água.
Busato et al.
15
(1997), relataram que a dentina apresenta 70% do total em matéria
inorgânica. Observa-se a presença de inúmeros túbulos dentinários por onde passam os
prolongamentos citoplasmáticos das células odontoblásticas situadas junto à polpa. Tais
canalículos têm o diâmetro inicial de 2,5 a 4 micrômetros, tornando-se mais finos e
ramificados à medida que se aproxima da junção dentina-esmalte.
Mondelli
37
(1998) citou que o principal componente inorgânico da dentina é a
hidroxiapatita, enquanto o colágeno constitui cerca de 90% de sua porção orgânica. A
superfície dentinária é bastante permeável às substancias químicas, especialmente aos
ácidos. Graças a sua natureza tubular, estímulos químicos aplicados à dentina podem
alcançar rapidamente a polpa. O número desses canalículos varia dependendo da região.
Estima-se em números médios de 50.000 canalículos por mm
2
nas proximidades da polpa,
30.000 por mm
2
na porção média da dentina e 10.000 por mm
2
na altura da junção
amelodentinária. Os túbulos dentinários abrigam os prolongamentos odontoblásticos, que
podem se estender desde a superfície pulpar até a junção amelodentinária e respondem pela
nutrição e sensibilidade dentinária. A dentina apresenta características estruturais na
periferia dos seus canalículos dentinários, devido ao maior grau de mineralização. Essa
dentina é denominada de peritubular e intertubular (Figura 2). A primeira apresenta adição
Dentina
Intratubular
Dentina
Peritubular
6
de inúmeros cristais de hidroxiapatita, com uma matriz orgânica constituída de material
fibrilar frouxo, a segunda compõe a massa dentinária propriamente dita a dentina
intertubular. Apesar do seu alto grau de mineralização, cerca de metade de seu volume, é
composta de uma matriz orgânica representada por fibras colágenas envolvidas por
substância amorfa.
Figura 3: Imagem de microscopia eletrônica de transmissão de dentina
fraturada.
39
Na Figura 3, Nakabayashi & Pashley
39
(2000), nota-se a densa matriz dentinária
em volta do túbulo dentinário. A matriz dentinária intertubular mineralizada entre os
túbulos é fibrosa (Figura 3) devido à presença das fibrilas colágenas com cerca de 50 a 100
nm de diâmetro, as quais são cobertas por cristais de apatita.
Perdigão Jr. et al.
46
(2000), discutiram que à dentina é um tecido orgânico
intrinsecamente úmido penetrado por um labirinto de túbulos, cada um contendo
prolongamentos celular e fluído plasmático em seu interior, ambos provenientes do tecido
pulpar.
Reis et al.
51
(2001), afirmam que na dentina se estendem e se ramificam da
câmara pulpar até a junção amelodentinária uma série de túbulos. Os túbulos dentinários
são circundados por um anel de dentina peritubular, mais mineralizada, que a dentina
intertubular, a qual apresenta maior conteúdo orgânico (colágeno) e está situada entre os
túbulos dentinários. Os prolongamentos das células odontoblásticas, juntamente com fibras
nervosas e o fluído dentinário, preenchem parcialmente os túbulos dentinários, o que
reflete na maior umidade deste substrato comparado ao esmalte.
Paralelamente, Pereira
48
(2004) relatou que cada túbulo dentinário é pavimentado
internamente por uma dentina hipermineralizada, denominada dentina peritubular. A
7
espessura dessa camada hipermineralizada é maior nas regiões próximas a junção
amelodentinária. Isso decorre da progressiva deposição de íons via prolongamento
citoplasmático. A dentina peritubular é facilmente desmineralizada pelos agentes
condicionadores dentinários nos procedimentos adesivos, os quais ampliam a embocadura
dos túbulos. Estes mesmos túbulos dentinários estão separados por uma matriz dentinária
que constitui o principal componente estrutural da dentina, a dentina intertubular. Dado ao
arranjo centrípeto dos túbulos dentinários, o volume de dentina intertubular é inversamente
proporcional à proximidade da polpa, isto é, menor nas regiões mais profundas da dentina,
onde se concentram túbulos em maior número e mais volumosos. A permeabilidade da
dentina é determinada pelo número e pela amplitude de seus túbulos e esses aspectos, em
condições de normalidade, se alteram na dependência da profundidade da cavidade em
dentina.
2.1.3 Dentes Humanos x Dentes Bovinos
Devido ao auge da odontologia preventiva e conservadora, cada vez menos
encontramos dentes humanos extraídos, hígidos, para estudos. Surge então a necessidade
de se buscar dentes que sejam próximos e parecidos aos dentes humanos.
Segundo investigações feitas por Nakamishi et al.
40
(1983), os dentes bovinos são
a alternativa de primeira escolha, por ser de fácil obtenção e por apresentar grande
semelhança, tanto no nível macro quanto microscópico, quando os comparamos a dentes
humanos. Estudaram os dentes bovinos como possíveis substitutos dos dentes humanos.
Similaridade de dentes bovinos, com os dentes humanos quanto à resistência adesiva do
esmalte e dentina são muito próximas, não existindo diferença estatisticamente
significativa. Observa-se um ligeiro aumento na adesão do esmalte bovino quando
comparado ao humano. As superfícies vestibulares dos dentes foram localizadas em
esmalte, dentina superficial e dentina profunda. Os autores consideraram como dentina
profunda o remanescente detinário, de 0.2 a 0.9 mm de espessura e a superficial quando
resta de 1.4 a 2.1 mm de dentina. Para os testes de adesão foram utilizados três tipos de
cimentos (policarboxiláto, fosfato de zinco e cimento de ionômero de vidro) e duas resinas
(Clearfil e Adaptic). Os resultados mostraram que a adesão foi maior na dentina superficial
do que na profunda, tanto em dentes humanos como em dentes bovinos. Na comparação
das medias de resistência, não houve diferença significativa entre dentes humanos e
bovinos na camada superficial de dentina e no esmalte.
8
Saunders
54
(1988) propôs a determinação das forças de cisalhamento na adesão
em dentina bovina e humana, com quatro tipos de sistemas adesivos [Scotchbond (3M),
Topaz (Davis, Scottlander and Davis Ltda.), Experimental (3M)]. Foi utilizado como meio
de união entre resinas compostas fotopolimerizáveis, (Scotchbond VLC), entre os dentes
humanos e bovinos. A tensão do cisalhamento e a força de adesão foram determinadas
utilizando-se um aparelho hidráulico de testes numa freqüência próxima a velocidade de
mastigação. As diferenças estatisticamente significativamente na força de adesão foram
encontradas entre os agentes adesivos. Não houve diferença estatística significante nas
forças de adesão entre os tipos de dentina nas amostras para cada tipo de sistema adesivo.
Os resultados deste estudo mostraram que o produto Gluma (Bayer Dental) promove uma
maior força de adesão à dentina humana ou bovina quando comparado aos outros agentes
adesivos testados.
Meurman & Frank
36
(1991) relatam trabalhos feitos em dentes bovinos para
estudos de erosão dental e afirmaram que estes dentes foram escolhidos não só pela
facilidade de sua obtenção, mas também pelo fator de ter comportamento similar aos
dentes humanos.
Sano et al.
53
(1994), avaliaram a possível contribuição da matriz de dentina
desmineralizada (colágeno) sobre a resistência coesiva da dentina sadia (mineralizada).
Dentes humanos e bovinos foram armazenados em solução de ácida sódica a 0,2% e
temperatura de 4ºC. Terceiros molares humanos foram seccionados transversalmente em
seu terço médio coronário, formando discos de dentina de aproximadamente 0,5mm de
espessura. Da porção central de cada disco de dentina, foi obtido um espécime recortado na
forma de ampulheta (hour-glass shape). Os dentes bovinos do grupo dos incisivos foram
seccionados longitudinalmente, obtendo-se secções de 0,5 mm de espessura. Estas secções
também foram desgastadas à semelhança dos dentes humanos. Para a obtenção das
amostras de dentina desmineralizadas, os espécimes foram colocados em solução de EDTA
a 0,5M pH 7,4 por 4 a 5 dias. Ensaios mecânicos de tração foram realizados em máquina
Instron. Para a dentina sadia (mineralizada) os resultados encontrados foram em média
93,8MPa para dentina humana de 9,6 MPa para dentina bovina, enquanto que quando a
dentina foi desmineralizada e EDTA, a média de resistência coesiva foi de 32 MPa e 26
MPa para a dentina humana e a bovina, respectivamente. Os autores concluíram que a
dentina humana mineralizada ou não, radicular ou coronária, é mais resistente à tensão que
9
a bovina, e também que o colágeno contribui com aproximadamente 30% da resistência
coesiva da dentina sadia.
Reevers et al.
50
(1995), avaliaram a infiltração marginal de três sistemas adesivos
em substratos dentinários bovino e humano, num estudo in vitro. Utilizaram os adesivos
“All Bond 2” (Bisco), “Prisma Universal Bond 3” (L.D. Caulk Co.), “Scotchbond
MultiPurpose” (3M) e a resina composta APH. Foram preparadas cavidades classe V no
limite esmalte e cemento, sendo que o esmalte foi biselado. As restaurações executadas
foram submetidas a termociclagem por 100 ciclos de 4ºC a 58ºC, com intervalos de 1 min
e armazenadas por quatro dias. Os dentes foram isolados e submetidos à solução de Ca
(45) por duas horas, cortados e autoradiografados. Os autores concluíram que o adesivo
“All Bond 2” permitiu que houvesse mais infiltração marginal que o “Scotchbond
MultiPurpose” no esmalte e que o “Prisma Universal Bond 3”, em ambas as margens. Não
houve diferença significante de infiltração marginal entre os substratos, o que permite o
uso de dentes bovinos nas pesquisas.
Silva
58
(1996) compararam a resistência adesiva de um sistema adesivo em
esmalte e dentina humana, bem como bovinas e suínas após 24 horas e sete dias de
armazenagem em água a 37ºC e 100% de umidade relativa. Foram utilizados sessenta pré-
molares humanos, sessenta incisivos bovinos e trinta molares suínos. Os dentes foram
divididos em doze grupos de quinze espécimes de acordo com o tipo de dente, com o tipo
de superfície e com o período de armazenamento. As superfícies para serem testadas foram
desgastadas com lixa molhada de 400 a 600 de granulação. Então receberam
condicionamento ácido e sistemas adesivos, Prisma Universal Bond. Um cilindro de
polietileno foi fixado sobre estas superfícies para limitar a área e a matriz na qual foi
restaurada com Prisma APH. Usando uma máquina de testes Kratus, a resistência adesiva
no esmalte foi significativamente alta quando comparada à dentina. A resistência adesiva
em esmalte humano não apresentou diferença estatisticamente significante quando
comparada ao esmalte bovino, entretanto, ambos apresentam diferenças significantes
quando comparadas ao esmalte suíno. A resistência adesiva obtida em dentina humana,
bovina, e suína, não apresentaram qualquer diferença estatisticamente significativas.
Também a resistência adesiva obtida após um armazenamento por período de 24 horas a
sete dias, não apresentou diferença estatisticamente significantes.
10
Schilke et al.
56
(1999) estudaram a adesão da dentina coronal bovina. Este
trabalho mostrou que este substrato pode ser usado como um substituto para a dentina
permanente humana em estudos que utilizam sistemas adesivos.
Fushida & Cury
21
(1999), compararam a resistência a adesão de esmalte e dentina
entre dentes bovinos e humanos e constataram que os mesmos apresentam comportamento
similar quando comparados a adesividade em sistemas adesivos.
Shilke et al.
56
(2000), compararam o número e o diâmetro dos túbulos dentinários
em dentes bovinos e humanos, por microscopia eletrônica e demonstraram que em dentina
coronal decídua e em molares permanentes humanos, não há diferença significativa nos
números dos túbulos dentinários por mm
2
e em seus diâmetros. Entretanto a densidade em
túbulos de bovinos foi significativamente mais alta.
Em um estudo comparativo do tipo de substrato dental, Lopes et al.
33
(2003), por
meio de testes de resistência de união ao cisalhamento, constataram que a dentina em
incisivos bovinos apresenta túbulos dentinários pouco maiores e mais porosos na dentina
intertubular que em humanos. O esmalte bovino também apresentou ser um pouco mais
poroso. Neste também, o esmalte bovino mostrou uma quantidade um pouco maior de
carbonato que o esmalte humano.
2.2 SISTEMAS ADESIVOS
O surgimento do condicionamento ácido em esmalte por Buonocore
13
(1955), o
qual relatou o aumento do tempo de condicionamento com ácido fosfórico em estrutura
dental, para conseguir a adesão de materiais restauradores acrílicos na superfície dental,
onde soluções ácidas promoveram uma alteração química na superfície de esmalte,
facilitando assim a ação do agente de união.
Também com a criação das resinas compostas por Bowen
10
(1964), foi dado um
passo decisivo no aperfeiçoamento das técnicas de fixação dos materiais adesivos
restauradores nas estruturas de esmalte.
De acordo com Borges et al.
8
(2004), o surgimento e desenvolvimento dos
sistemas adesivos modificaram por completo a prática e os conceitos em odontologia.
Possibilitou maior conservação da estrutura dentária remanescente sadia e também
influenciou diretamente na estética do sorriso. São amplamente utilizados na Odontologia
Restauradora e constantemente são introduzidas novas versões, buscando uma maior
simplificação da técnica e melhor desempenho clínico.
11
2.2.1 Camada Residual / Lama Dentinária / Smear Layer
Pashley et al.
45
(1981), descreveram que a formação da lama dentinária (smear
layer) sobre a superfície da dentina durante os procedimentos restauradores assegura uma
barreira protetora contra a difusão de bactérias e saída do fluido pulpar, sendo que sua
remoção aumenta a permeabilidade da dentina.
Watanabe et al.
65
(1994), observaram e compararam através de microscopia
eletrônica de transmissão (MET), os aspectos de superfície de dentina: fraturada (sem
smear layer); desgastadas com lixa de granulação 180 (smear layer menos compacta) e
desgastadas com lixa de granulação 600 (smear layer compacta). Quando os espécimes
fraturados foram tratados com a solução contendo 20% Phenyl-P em solução aquosa de
30% de HEMA por um minuto, seguida da aplicação da resina adesiva, foi observado que
esta penetrou na dentina em uma profundidade de 4-5 µm, sem a presença de smear layer.
Quando avaliado em maior aumento, pôde ser observada a presença de fibrilas colágenas
de aproximadamente 0,1 µm de diâmetro. Quando superfícies de dentina foram
desgastadas com lixa de granulação 180 antes da aplicação da mesma solução, foi
observada a presença de um smear layer frouxo, de aproximadamente 0,1 µm de
espessura. A resina adesiva foi capaz de penetrar através desta camada e na dentina
subjacente em uma profundidade de 2 µm. Por outro lado, quando superfícies foram
desgastadas com lixa de granulação 600, uma camada mais compacta de lama dentinária
foi observada, de 0,3-0,5 µm de espessura. A solução de Phenyl-P a 20%/HEMA a 30 %
foi capaz de desmineralizar completamente 0,2 µm da superfície da lama dentinária (smear
layer) compacta e penetrar por 0,5 µm atingindo a dentina subjacente e desmineralizando a
matriz em 1,0 µm de profundidade. O condicionador dentinário avaliado neste estudo
apresenta uma concentração de agente adesivo (20 %) muito maior do que os produtos até
estão comercializados. Além do o Phenyl-P ser um agente desmineralizante, o mesmo
promoveu a difusão de monômeros, e foi capaz de desmineralizar a matriz de dentina
subjacente, através da lama dentinária (smear layer) presente.
Gomes et al.
24
(1996), observaram que a lama dentinária é produzida a partir do
esmalte e da dentina pelo processo de corte com instrumentos rotatórios durante o processo
do preparo cavitário. Contém cristais de hidroxiapatita, colágeno parcialmente
desnaturado, oriundos, na sua maior parte da dentina básica. Esta camada possui
geralmente 0,5 a 1,5 µm de espessura, sendo parcialmente porosa. Desta maneira, age
como um protetor biológico, reduzindo a sensibilidade pós-operatória da estrutura dental.
12
A mesma propicia uma superfície mais seca para a adesão. A maioria dos adesivos foram
projetados para este tipo de superfície. Infelizmente esta camada fica tenuemente aderida à
dentina, sendo assim facilmente deslocada por forças muito pequenas, tornando necessária
sua remoção.
Mondelli
37
(1998) constatou que durante o preparo cavitário acumulam-se
resíduos nos sua superfície, que prejudicam o íntimo contato entre os materiais
restauradores e o esmalte e/ou dentina. Esses resíduos são identificados como raspas de
dentina, cemento e esmalte, bactérias, restos celulares, saliva, sangue, fragmentos e
partículas abrasivas dos instrumentos rotatórios, e óleos provenientes dos aparelhos de
baixa e alta rotação. Estes microfragmentos podem possuir diâmetros variáveis de 0,2 a 0,5
µm. Constatou que o smear layer se forma durante o preparo cavitário. É um substrato
dinâmico, e consiste em duas camadas: a externa superficial amorfa, “smear on”, agregada
sobre a superfície dentinária, e a interna, “smear in” ou “smear plug”, formada por
micropartículas que forçadamente penetram por alguns micrômetros no interior do
complexo tubular da dentina.
Para, Conceição
18
(2000), esta camada de resíduos depositados na superfície
dentinária durante o preparo cavitário que tem aproximadamente 0,5 µm de espessura. A
Camada Residual (smear layer) contém principalmente partículas de esmalte e dentina,
componentes salivares e bactérias. Diminui a permeabilidade da dentina devido à
obliteração dos túbulos dentinários e é fracamente aderida ao substrato dentinário.
Figura 4: Micrografia eletrônica de varredura de superfície da lama dentinária
(controle) que não foi tratada com cimentos, Nakabayashi & Pashley
39
(2000).
Nakabayashi & Pashlei
39
(2000), relataram que a lama dentinária é criada durante
o preparo do esmalte ou dentina (Figura 4), e sua presença complica a adesão da dentina.
13
Estudos sobre a força de adesão ao esmalte ou à dentina antes e depois da remoção da lama
dentinária têm indicado que é necessário removê-la para se obter uma alta força de adesão.
A lama dentinária serve como uma barreira que protege a polpa de estímulos nocivos, mas
sua função é temporária, pois ela pode se dissolver em fluídos orais. A lama dentinária é
usualmente contaminada por microorganismos e deve ser removida antes da adesão
resinosa. Afirmam ainda que, embora, seja composta pelos mesmos componentes da
dentina, a fibra colágenas foram cortadas da dentina subjacente. Não há uma continuidade
estrutural entre a lama dentinária e a dentina.
Tay et al.
62
(2000), avaliaram o efeito da presença ou ausência da lama dentinária
(smear layer) sobre a resistência adesiva de um sistema adesivo-autocondicionante.
Diferentes formas de lama dentinária (smear layers) foram criadas sobre superfícies planas
de dentina humana, utilizando diferentes granulações de lixa abrasiva, 60, 180, 600.
Superfícies sem a lama dentinária (smear layer) foram obtidas após a criofratura de um
grupo de dentes. Todas as superfícies após a criação da smear layer foram tratadas com o
sistema adesivo “Clearfil SE Bond” (Kuraray Co. Ltdl, Osaka, Japan), aplicado segundo as
recomendações do fabricante. Coroas de resina composta foram confeccionadas e os dentes
foram mantidos na água por 24h. Foram feitos testes de microtração, e foram realizados
múltiplos cortes para a obtenção de palitos de 1mm² de área, os quais foram acoplados a
máquinas de ensaios mecânicos e submetidos à força de tração à velocidade de 1,0
mm/min. Um estudo fractográfico das superfícies fraturadas, apenas o lado da dentina, foi
realizado em MEV e MET. Os resultados mostraram que o sistema “Clearfil SE Bond”
produziu altos valores de resistência adesiva tanto na presença quanto na ausência da lama
dentinária. Quando o sistema adesivo “Clearfil SE Bond” (Kuraray Co. Ltdl, Osaka,
Japan), foi alicado a superfícies com lama dentinária criadas com lixa de granulação 60, a
resistência adesiva foi estatisticamente inferior (50, 30 ±12,60 MPa) quando comparada a
resistência observada para os demais grupos, com exceção do controle (54, 83 ±11, 64
MPa). A análise das superfícies fraturadas em MEV demonstrou que as fraturas ocorreram
predominantemente na superfície da lama dentinária hibridizada. Independente da
espessura da lama dentinária produzida, o sistema adesivo foi capaz de reagir com a
superfície de dentina e formar uma verdadeira camada híbrida, além da camada híbrida
com incorporação da lama dentinária.
A “smear layer”, segundo Gomes & Calixto
25
(2004), também pode ser descrita
como uma camada formada durante a preparação da superfície dentária composta por
14
raspas da estrutura cortada ou desgastada, normalmente contaminada por bactérias e
toxinas bacterianas, influenciando negativamente na adesão.
A deposição de restos de tecido dentinário provenientes do preparo biomecânico,
segundo Borges et al.
7
(2004), contribui para a formação de uma estrutura amorfa aderida
às paredes dos preparos denominadas de smear layer. Quando esses materiais são
depositados no interior dos canalículos dentinários, recebem a denominação de smear plug.
2.2.2 Camada Híbrida
A camada híbrida, de acordo com Nakabayashi & Pashley
38
(1998) é o resultado
da infiltração e polimerização de monômeros hidrofóbicos e hidrofílicos no interior e
camada superficial das estruturas dentárias previamente desmineralizadas pela ação de
soluções ácidas. O tag de resina é a extensão de adesivo no interior do túbulo dentinário
aberto, sendo, normalmente, composto 100% por adesivo, porém pode encontrar-se
preenchendo as microrretenções produzidas pelo condicionamento ácido do esmalte. Na
dentina, o tag pode apresentar-se hibridizado, ou seja, a dentina peritubular foi
desmineralizada e pela existência de uma afinidade muito acentuada com o tecido
dentinário, ocorre difusão do monômero no interior do túbulo e da dentina.
Em um estudo, Souza Júnior et al.
59
(2000), relatam que o condicionamento ácido
em dentina remove os minerais (detritos da área peri e intertubular) e expõe as fibras
colágenas que quando corretamente tratadas, permitem que o monômero resinoso penetre
por entre elas e, ao converter-se em polímero, ocorra à formação da camada híbrida.
Nakabayashi & Pashley
39
(2000), discorreram que ao redor de toda fibra de
colágeno na matriz de dentina desmineralizada há uma zona ou faixa contínua de
subestruturas que se estendem desde a superfície fibrilar até o espaço ao redor de cada
fibra. Como um sanduíche entre a dentina desmineralizada e a resina polimerizada, a
formação da dentina hibridizada é o principal mecanismo de união dos sistemas adesivos
atuais. A dentina hibridizada é preparada pela difusão de monômeros desde a interface
adesiva até a dentina desmineralizada. Por isso a concentração de polímeros muda
gradualmente desde a interface até o ponto mais profundo que os monômeros atingem.
Assim a exata interface entre resina e dentina desaparece, e deve ser considerada como
uma continuidade.
15
2.3 ADESÃO E HIBRIDIZAÇÃO DA DENTINA
Burque & McCaughey
12
(1995), relataram que as alterações estruturais, para a
hibridização, limitam-se aos primeiros 4 µm a 7 µm da superfície. Porém, possibilitam a
penetração de monômeros hidrofílicos presentes no primer, entre as fibras de colágeno
expostas, assim como o interior dos túbulos ampliados, formando uma camada de fibras
colágenas impregnadas por resina, denominada de zona reforçada por resina, camada
infiltrada por resina ou camada híbrida. A formação da camada híbrida representa o
principal mecanismo de adesão da maioria dos sistemas adesivos atuais.
A capacidade de remoção da lama dentinária (smear layer) e exposição de fibras
colágenas após o acondicionamento da dentina com EDTA foram avaliadas por Blomlof
et
al.
5
(1997). Foi criada uma superfície plana em dentina na face vestibular da cada raiz de
doze dentes humanos extraídos por problemas periodontais e as raízes divididas em quatro
grupos experimentais, todos utilizando solução EDTA aplicada sobre a dentina por dois
minutos, porém em diferentes concentrações, 1,5%, 5%, 15% e 24%. Todas as superfícies
foram examinadas ao MEV com aumento 200x. Em cada raiz, uma área de 2,889 µm
2
foi
delimitada e avaliada quanto ao número de túbulos dentinários livres de smear layer em
relação ao número de túbulos visíveis. Os resultados encontrados quando a solução a 1,5%
foi utilizada mostraram toda a superfície coberta com smear layer. Quando foi utilizada a
solução a 5%, a maioria dos túbulos visíveis estava coberta com smear plugs e debris. Para
a solução a 15% a metade dos túbulos estava coberta, mas o total de túbulos visíveis
abertos era maior que nos grupos anteriores, e finalmente, quando a solução a 24% foi
utilizada, poucos túbulos estavam cobertos (apenas 34,4%), e as fibras colágenas foram
visualizadas com freqüência nas regiões peritubular e intertubular. Os autores concluíram
que nenhuma das concentrações de EDTA avaliadas foi capaz de remover completamente
a smear layer, entretanto, a solução supersaturada a 24% foi significativamente a mais
efetiva.
Chain & Baratieri
16
(1998), descreveram que o condicionamento ácido da dentina
com ácido fosfórico ou maleico, deve ser feito a intervalos que variam de 15 a 30
segundos. O ácido remove a lama dentinária e dissolve a maioria da hidroxiapatita da
superfície dentinária, deixando uma camada de fibras colágenas orgânicas desprotegidas
com uma espessura de 5 a 10 µm, variando em decorrência da concentração do ácido e do
tempo de exposição, sendo que as camadas de colágeno mais espessas foram encontradas
16
após a desmineralização com ácidos mais concentrados ou tempos mais prolongados. Após
o desnudamento do colágeno pela ação química do ácido, o mesmo deve ser reforçado para
prover uma adesão suficiente. O reforço ocorre através da penetração de um primer ou
uma resina que circunda as fibras formando um compósito colagenoso. Os sistemas de
última geração diferenciam-se dos anteriores porque possui um primer hidrofílico de baixa
viscosidade dissolvidos num solvente altamente polar (afinidade por água), tais qual, a
acetona ou o álcool. Quando o primer e a resina polimerizam-se entre a camada de
colágeno, obtém-se a formação de uma camada híbrida, ou seja, uma camada constituída
por resina e colágeno a qual se constitui numa ligação extremamente forte na interface
dentina/resina composta ou dentina/cimento resinoso.
A morfologia e a espessura da camada híbrida formada com sistemas adesivos de
frasco único, de múltiplos passos e auto-acondicionamento foram avaliadas por Prati
et
al.
49
(1998). Os sistemas adesivos e os respectivos materiais restauradores avaliados foram:
“Clearfil Linear Bond 2/Lustre” (Kuraray Co.,Ltd., Osaka, Japan), “Clearfil Experimental
/Lustre” (Kuraray Co.,Ltd., Osaka, Japan), “Prime & Bond 2.0/TPH” (De Trey/Dentsply,
Konstanz, Germany), “Prime & Bond 2.1/TPH” (De Trey/Dentsply, Konstanz, Germany),
“Scotchbond Multi-Purpose Plus/Z100” (3M Dental Products, St. Paul, MN, USA),
“Single Bond/Z100” (3M Dental Products, St. Paul, MN, USA), “Optibond Fl/Prodigy”
(Kerr, Romulus, MI, USA) e “Syntac Single Component/Tetric” (Ivoclar/Vivadent,
Schaan, Liechtensein). Trinta e cinco cavidades de classe I e quinze cavidades de classe V,
preparadas em molares humanos, foram preenchidas com as resinas restauradoras aderidas
com seus respectivos sistemas adesivos. Outros 24 dentes foram utilizados para a obtenção
de discos de dentina de porção coronária. Após uma hora em água à temperatura ambiente,
cada dente e cada disco de dentina restaurado foram seccionados ao meio com disco de
diamante. Uma das metades foi utilizada para análise em MEV do número de tags e suas
ramificações laterais após a desproteinização da dentina, enquanto a outra metade foi
utilizada para avaliação da espessura e qualidade da camada híbrida. Os resultados
mostraram que os sistemas adesivos “Optibond”, “Prime & Bond 2.1 e 2.0” e “Scotchbond
Multi-Purpose Plus” formaram uma camada híbrida variando de 1,0 a 4,5 µm de espessura
na dentina profunda, mas muito fina na dentina superficial. O sistema adesivo de frasco
único Single Bond formou uma camada híbrida homogênea muito fina na dentina
superficial, e mais espessa na dentina mais profunda, enquanto que o sistema “Syntac
Single Component” produziu uma camada mais variável e granulosa, sendo de difícil
17
detecção em alguns locais da dentina superficial. Os sistemas autocondicionantes “Clearfil
Linear Bond 2V” e “Clearfil Experimental” produziram uma camada híbrida menos
espessa, variando de 0,5 – 1,5 µm na dentina superficial a 2,0 µm na dentina profunda. A
lama dentinária (smear layer) infiltrada pelos sistemas autocondicionantes variava de 6 a
11 µm de espessura e foi chamada de smear layer infiltrada em resina. A análise em
microscopia eletrônica permitiu concluir que na dentina profunda todos os sistemas
adesivos avaliados produziram camadas híbridas mais espessas do que em dentina
superficial. Entre os sistemas monocomponentes, o sistema “Single Bond” apresentou
camadas híbridas mais homogêneas, enquanto o sistema “Syntac Single Component”
apresentou camadas de alturas variáveis. Os sistemas autocondicionantes produziram
camadas híbridas mais finas do que os demais sistemas avaliados, de 0,5 a 1,5 µm para
dentina superficial e 2,0 µm para a dentina profunda. A morfologia dos tags formados
pelos sistemas autocondicionantes foi diferente da morfologia dos tags formados pelos
demais sistemas adesivos. A base dos tags ficou mais larga e cônica, com um estreitamento
abrupto em sua extremidade.
Segundo Nakabayashi & Pashley
39
(2000), a camada híbrida é a região onde
ocorre infiltração da resina no esmalte, na dentina ou no cemento. As propriedades
químicas e físicas dessas zonas são muito diferentes daquelas da estrutura original dos
dentes, por serem parcialmente desmineralizadas e então infiltrada com resina. A estrutura
resultante não é resina tampouco dente, mas um híbrido dos dois, também conhecido como
compósito. Localizada na superfície e também dentro da estrutura dentinária, nas fibras
colágenas e túbulos dentinários. A hibridação muda completamente às propriedades físico-
químicas das superfícies e sub-superfícies dentais, e pode ser considerada uma forma de
engenharia tecidual. A fase mineral de um tecido duro é propositadamente dissolvida para
expor a matriz colágena da dentina, e essa matriz é então infiltrada com monômero de
resina para mudar intencionalmente as propriedades físicas e químicas dos tecidos dentais
duros. A formação de interfaces biológicas entre os tecidos e os biomateriais é
extremamente importante, pois é muito difícil de conectar tecidos naturais com materiais
artificiais. Adesão de resinas a tecidos mineralizados promove um bom exemplo desse tipo
de interface. Os três principais tecidos duros são o esmalte, dentina e osso. Os últimos dois,
os tecidos duros do dente, não se regeneram, ao contrário do osso. Quando um material
biocompatível, como um implante dental, é colocado em contato íntimo com osso, novos
tecidos duros preenchem o espaço e eles tornam-se unidos. Por outro lado, quando um
18
material é colocado intimamente em contato com a estrutura dental, não se desenvolve
conexão, porque não há atividade biológica de tecidos moles entre as duas estruturas para
promover regeneração. Para resolver este problema do dente, um líquido deve ser
inicialmente usado para formar um íntimo contato entre o biomaterial (monômero) e o
tecido duro e sólido; então, o líquido penetra e é convertido, via polimerização, em sólido.
2.4 CIMENTOS RESINOSOS
Segundo Vieira
64
(1995), monômeros foto-iniciadores (canforoquinona e aminas)
estão presentes na composição química do cimento, como uma forma adicional ao sistema
de inicio da reação da presa. Com a mistura da pasta base e da pasta catalizadora, inicia-se
a reação de polimerização. O grau de conversão dos monômeros em polímeros é
complementado pela luz Ultra Violeta do aparelho fotopolimerizador, aumentando a
polimerização, melhorando as propriedades físicas do cimento, além de acelerar a reação
de presa. No entanto, a polimerização química pode ocorrer independentemente da
aplicação da luz, em um tempo médio de 6 minutos para a maioria dos produtos.
Dietish & Sperafico
20
(1997), confirmaram que as partículas inorgânicas
apresentam diferentes tamanhos e formas, angulares, esféricas e arredondadas, bem como,
diferenciam-se pelo menor ou maior percentual de carga orgânica, que é incorporado na
resina, com o objetivo de aglutinar, adequar a viscosidade do material às condições
específicas desejáveis para a manipulação do cimento resinoso.
Leinfelder
32
(1997) escreveu em seu trabalho que basicamente, a resina acrílica
consiste em grãos de polímeros que podem ser envolvidos por um monômero da mesma
composição. O aumento do potencial de utilização das resinas acrílicas veio com a
descoberta do bisphenol glicidil metacrilato (Bis-GMA), por Bowen, no início dos anos 60.
Por ter um peso molecular mais alto e menor contração de polimerização, além de
melhores propriedades mecânicas, esse polímero ofereceu um novo potencial para grandes
aplicações, incluindo as restaurações com resinas compostas em dentes anteriores e
posteriores, inlays/onlays, selantes de fóssulas e fissuras e cimentos resinosos.
Góes
23
(1998), explicou que a espessura da linha de cimento também está
relacionada com o tamanho médio das partículas usadas. A grande espessura de película
dos cimentos é considerada um fator crítico, principalmente em cerâmicas puras, que além
da não adaptação da restauração à estrutura dentária, também provoca uma má distribuição
de tensões sobre a restauração, tornando-as mais susceptíveis à fratura.
19
Segundo Beloti et al.
4
(2000), em um estudo para a melhor espessura de película
de cimentos resinosos, onde, uma das propriedades de relevante importância para a eleição
de um cimento é a espessura da película que, caso seja alta, pode resultar em uma recidiva
de cárie, e/ou, deslocamento ou fratura da cimentada. Baseados na especificação número 8
da Americam Dental Association, 1978, que é aplicado ao cimento de Fosfato de Zinco,
propuseram medir a espessura de película de 4 cimentos resinosos. Sendo eles: EnForce
(Dentsply), Rely X (3M), Nexus (Kerr), Panavia 21 (Kuraray).Foram utilizadas laminas de
vidro para microscopia (Perfecta), recortadas em forma quadrangular, medindo 200 mm².
Inicialmente duas lâminas foram justapostas com uma marcação feita por caneta de
retroprojetor, a fim de orientar o correto posicionamento das mesmas. Em seguida as
laminas foram levadas em um aparelho eletrônico de mensuração (TESA – G.N.D.-
sensibilidade 0,001 mm) e posicionadas orientando-se através de uma guia de resina
acrílica em forma de “L”, adaptada a mesa do aparelho. O ponteiro do mostrador do
aparelho foi ajustado na posição zero, a fim de se eliminar a leitura do espaço existente
entre as lâminas justapostas, para que se pudesse medir, posteriormente, a espessura do
cimento interposto entre elas, a partir da posição zero. Após a padronização de peso de
pasta base e pasta catalisadora para todos os cimentos, (0,005 g), e espatulados de acordo
com especificações do fabricante, foram colocados no centro da lâmina inferior de vidro, e
sobre esta, seguindo-se as marcas de orientação, foi assentada a lâmina superior de vidro.
Decorridos três minutos do início da espatulação, foi aplicada uma carga de compressão de
15 Kgf, sobre as lâminas. Após 10 minutos do início da espatulação, a carga foi removida,
os excessos de cimento limpos, e a lâmina de vidro, com o cimento interposto, foram
levados novamente à mesa do aparelho de mensuração para a medida da espessura da
película. Foram realizadas 10 repetições para cada espessura de cimento, obtendo-se uma
média final correspondente à espessura da película de cada cimento individualmente. A
Especificação número 8 da ADA, 1978, preconiza uma espessura de até 25 micrômetros
para o cimento de fosfato de zinco. Os dados foram submetidos à análise estatística,
empregando-se o Teste de Kruskal-Wallis, em nível de significância de 99%. Os valores
médios de espessura das películas, encontrado, em micrômetros, foram de: Em Force –
27,7, Rely X – 25,5, Nexus – 34,9, Panavia 21 - 21,9.
Em uma revisão de literatura, Maia & Vieira
35
(2003), descreveram uma nova
classe de cimentos resinosos adesivos. Eles apresentam melhora em suas propriedades
físico-mecânicas quando comparados aos cimentos convencionais. Estes cimentos são
20
responsáveis pela união entre o material restaurador indireto e a estrutura dental
devidamente preparada para recebê-lo. Os cimentos resinosos possuem vantagens, como
alta resistência e dureza, baixa solubilidade em fluido oral e a união micromecânica entre o
esmalte e a dentina. Entre as desvantagens estão a sensibilidade técnica, o curto tempo de
trabalho e a dificuldade na remoção dos excessos da margem da restauração.
Gomes & Calixto
25
(2004), relatam que para restaurações “metal free” foram
desenvolvidos cimentos resinosos especiais. Basicamente a composição dos cimentos
resinosos, é semelhante ao da resina composta, ou seja, apresenta uma matriz orgânica, e
partículas inorgânicas à base de sílica e vidro, unidas pelo silano. A fase orgânica é
constituída por Bis-GMA (Bisfenol A-metacrilato de Glicidila) ou UEDMA (Uretano
Dimetacrilato). Neste mesmo estudo, classificaram os tipos de cimentos resinosos, de
acordo com o tipo de partículas inorgânicas que eles possuem: Cimentos Resinosos
Microparticulados, nos quais as partículas de carga apresentam-se com o tamanho médio
de 0,04 µm e o percentual de carga inorgânica é de aproximadamente 50 % em volume;
Cimentos Resinosos, microhíbridos apresentam tamanhos médios de partículas de carga
em torno de 0,04 a 15 µm, com percentual de carga inorgânica de aproximadamente 60 a
80 % do peso. Estes cimentos constituem a maioria das marcas comerciais disponíveis.
Também podem ser classificados de acordo com o seu sistema de polimerização, ou seja,
de ativação exclusivamente química, exclusivamente física (foto-ativados) e de
polimerização dual, os quais são polimerizados por combinação de ativação química e
física.
2.5 CISALHAMENTO
Latta & Barkmeier
31
(1994), avaliaram a resistência de união de um cimento
resinoso unido a um material para confecção de restaurações indiretas de resina composta
em diferentes tratamentos de superfícies do compósito. Com auxílio de um molde metálico
foram confeccionadas 60 amostras de compósito Triad (Dentsply International, Trubyte
Division, York, Pa.) medindo, aproximadamente, 3 mm de altura por 11 mm de
comprimento e 11 mm de largura. Após a polimerização inicial, com o auxílio de uma luz
visível por 60 segundos, as amostras foram removidas do molde e polimerizadas, por 7
minutos, em uma unidade de polimerização Triad 2000 (Dentsply International, Trubyte
Division). As superfícies de adesão dos blocos de resina composta foram preparadas com
lixas de carbeto de silício com granulação 600 (Mesh). As amostras foram divididas em
21
grupos, cada grupo recebendo os seguintes tratamentos de superfície: Grupo 1) grupo
controle (nenhum tratamento); Grupo 2) condicionamento com ácido hidrofluorídrico a
20% (Strip National Keystone, Cherry Hill, N.j.) por 60 segundos, seguidos de lavagem e
secagem; Grupo 3) aplicação do bifluoreto de amônio (Dicor Ecthing Gel, Dentsply
International, Trubyte Division) durante 60 segundos, seguido de lavagem e secagem;
Grupo 4) aplicação da resina fluída (Prisma Universal Bond 3, Dentsply International,
Trubyte Division) fotolimerizado por 10 segundos; Grupo 5) A superfície foi abrasionada
com jato de óxido de alumínio (Microether) (Model Erc, Danvile, Cailf.) com óxido de
alumínio 50µm à pressão de 60psi e, em seguida, aplicação da resina fluída (Prisma
Universal Bond 3); Grupo 7) 10 molares recentemente extraídos tiveram suas superfícies
de esmalte preparadas com lixas de granulação 600, seguido-se o condicionamento com
ácido fosfórico a 37% durante 60 segundos, lavagem e secagem. Cilindros de cimento
resinoso (Dicor light-activated cement with fluoride, dentsply International, Trubyte
Division) foram cimentados às superfícies preparadas nos compósitos e dentes. Os corpos
de prova foram armazenados em água destilada por 24 horas a 37ºC. Em seguida, foram
adaptados a uma máquina de ensaio universal Instron (Model 1123, Instron Corporation,
Canton, Mass) e submetidos ao carregamento à velocidade de 5 mm/min, até a ocorrência
da fratura. Após análise estatística dos resultados, não foi constatada diferença
estatisticamente significante entre os grupos 1, 2 e 3, entretanto os grupos 4 e 6
apresentaram diferença significante e relação aos grupos 1, 2 e 3. Não houve diferença
significante entre os grupos 5 e 6 e os grupos 4 e 5. Os valores de união do compósito
unido ao esmalte (Grupo 7) foram significativamente diferentes dos grupos 1, 2 e 3, mas
não dos grupos 4 e 5. O exame das áreas de fraturadas, demonstrou diferenças no padrão
das mesmas. Do grupo 1 ao grupo 6 houve 100% de falhas adesivas entre o cimento
resinoso e o compósito. O grupo 5 exibiu 50% de falhas adesivas entre o cimento resinoso
e o compósito. No grupo 6, as falhas foram 100% coesivas no compósito. A análise da
superfície das amostras de compósitos por Microscopia Eletrônica de Varredura revelou,
no grupo 1, uma superfície típica, resultante do abrasionamento com lixas e granulação
600. Os exames das amostras dos grupos 2 e 3 revelaram que o condicionamento ácido
removeu partículas de vidro, deixado cavitações na superfície, com traços abrasivos ainda
evidentes. O tratamento com óxido de alumínio não apresentou os traços evidentes
decorrentes do abrasionamento com lixa 60, revelando grande irregularidade superficial,
superior aos demais grupos. Os autores concluíram que o condicionamento ácido ao foi
22
efetivo na produção de altos valores de resistência e união ao cimento resinoso. O
microjateamento com óxido de alumínio produziu uma superfície mecanicamente mais
retentiva e resultaram nos maiores valores, próximos dos valores de união de compósito
unido ao esmalte tratado com ácido fosfórico. Os autores concluíram, ainda, que o uso do
adesivo associado ao microjateamento resultou nos maiores valores de resistência da união
do que microjateamento aplicado isoladamente.
Watanabe et al.
65
(1994), avaliaram a capacidade de penetração de diferentes
formulações de um sistema adesivo experimental através da smear layer e dentina
subjacente. Cada formulação continha uma diferente concentração de Phenyl-P (0, 5, 10,
20, 30 e 40%) em solução aquosa contendo HEMA a 30%. Seis dentes bovinos foram
utilizados em cada um dos seis grupos experimentais. Superfícies planas de dentina foram
obtidas após o desgaste do esmalte vestibular com lixas de papel de granulação 400 e 600.
Uma área de 5,4mm de diâmetro foi delimitada sobre cada superfície e recebeu a aplicação
de 10 µl de uma das soluções acima por 1 minuto, sendo que nenhuma lavagem foi
realizada. O excesso da solução foi eliminado por secagem com ar. Em seguida, uma
camada da resina adesiva experimental foi pincelada sobre superfície e fotopolimerizada
por 60 segundos antes da adesão de um cilindro PMMA (polimetil metacrilato) sobre a
superfície com resina Photo Clearfil Bright (Kuraray Co., Ltda., Osaka, Japan). O cilindro
de PMMA foi utilizado pra acoplar o espécime à máquina universal de testes, operada a
velocidade de 1 mm/min. Valores de resistência adesiva foram significativamente
diferentes no grupo controle. Apenas na solução aquosa de HEMA, quando a quantidade
de Phenyl-P que atingiu a concentração de 20% , apresentou valores de 4,7 ±1,9 MPa e
10,4 ±1,8 MPa, respectivamente, não afetando os valores de resistência adesiva. Com o
aumento da concentração de Phenyl-P de 20 para 30 e 40% , também os valores de
resistência adesiva não foram afetados.
Iamamura et al.
29
(1996), avaliaram “in vitro” a efetividade de vários tratamentos
de superfície a resistência adesiva por cisalhamento de cimentos resinosos a resinas
compostas processadas em laboratório. Foram confeccionados 70 corpos de prova de uma
resina de micropartículas (Concept-Ivoclar) e 70 de uma resina microhíbrida (Herculite
XRV-Kerr). Esses corpos de prova foram submetidos ao calor (121ºC) e pressão (85
lb/pol
2
) por 10 minutos. Outros 70 corpos de prova adicionais, em forma de disco, foram
confeccionados de cada material e submetidos ao mesmo tratamento. Todos os corpos de
prova foram submetidos a um dos sete tratamentos de superfície pré-estabelecidos e
23
divididos em grupos. Os tratamentos de superfície para Concept foram: 1)
condicionamento com ácido fosfórico a 35% (controle); 2) microjateamento e ácido
fosfórico; 3) microjateamento, ácido fosfórico e Special Bond II; 4) microjateamento,
Silano e All Bond; II 5) microjateamento, ácido fosfórico e Silano; 6) microjateamento e
condicionamento com ácido fluorídric a 9,6% durante 30 segundos; e 7) microjateamento
com deposição de uma camada cerâmica com partículas de 30 µm (Roatec-Espe). Os
tratamentos superficiais para o Herculite XRV foram: 1) condicionamento com ácido
fosfórico a 35% (controle); 2) microjateamento e ácido fosfórico; 3) microjateamento,
Silano e All Bond II; 4) condicionamento com ácido fluorírico a 9,6% durante 30
segundos; 5) microjateamento, ácido fluorídrico; 6) microjateamento ácido fluorídrico e
Silano e 7) microjateamento com deposição de uma camada cerâmica com partículas de 30
µm (Roatec-Espe). Após os tratamentos superficiais, os corpos de prova foram unidos com
cimentos resinosos recomendados por ambos os fabricantes para o uso com seu respectivo
sistema, Dual Cement (Ivoclair/Vivadent) com o Concept, e o Porcelite Dual Cement
(Kerr) com o Herculite XRV. Após a cimentação entre os dois corpos de prova da mesma
resina composta, eles foram imersos em água destilada à temperatura ambiente. Após sete
dias, todos os corpos de prova foram termociclados e submetidos ao teste de resistência
adesiva por cisalhamento. O tratamento de superfície com microjateamento ou deposição
da camada de cerâmica (Rocatec-Espe) aumentou significativamente a força de união ao
cisalhamento, em comparação com o grupo controle das duas resinas compostas. O
tratamento do Concept com ácido fluorídrico não afetou negativamente a força de união ao
cisalhamento, produzindo resultados semelhantes aos do grupo tratado com o sistema
Rocatec. No entanto, o tratamento da superfície com ácido fluorídrico do Herculite XRV
diminui significativamente a resistência adesiva, quando usado sozinho ou em conjunto
com microjateamento. O microscópio Eletrônico de Varredura revelou uma dissolução da
fase partículas de vidro pelo ácido fluorídrico, deixando de existir a área retentiva ideal,
mais uniforme, o que resultou na mais fraca resistência adesiva. A aplicação de um agente
silano aumentou a força de união ao cisalhamento, embora não de forma significativa,
estatisticamente.
Kelsey et al.
30
(1996), investigaram “in vitro” as diferenças da resistência adesiva
por cisalhamento entre restaurações diretas e indiretas de resina composta em esmalte e
dentina. Foram preparados molares humanos extraídos para se obter uma superfície plana
de esmalte e dentina. Em seguida quatro grupos de estudo foram estabelecidos: grupo 1)
24
restauração inlay indireta de resina composta (Triad-Dentsply) aderidas em esmalte com o
agente de união ProBond (Dentsply) e cimento resinoso dual (Enforce-Dentsply); grupo 2)
restauração direta de resina composta (TPH-Dentsply) aderidas e esmalte com ProBond;
grupo 3) restauração Inlay indireta de resina composta (Triad-Dentsply) aderidas em
dentina com ProBond e Enforce; e grupo 4) restauração direta de resina composta (TPH-
Dentsply) aderidas em dentina com ProBond. As restaurações indiretas de resina composta
foram padronizadas com lixas 600, depois microjateadas com óxido de alumínio e limpas
em ultra-som, antes da cimentação. Tanto o esmalte quanto a dentina foram condicionados
com ácido fosfórico a 37% por 30 segundos, antes da restauração. Os resultados mostraram
que as restaurações diretas e indiretas de resina composta têm uma resistência adesiva por
cisalhamento similar no esmalte e na dentina, entretanto a adesão desses materiais ao
esmalte é aproximadamente 27 MPa sendo maior do que a adesão à dentina 21 MPa. As
falhas das restaurações cimentadas ao esmalte foram predominantemente coesivas e as
cimentadas à dentina, predominantemente adesivas.
Bouschlicher et al.
9
(1997), avaliaram “in vitro” a resistência adesiva por
cisalhamento de resina composta não polimerizada sobre a resina composta pré-
polimerizada. Vários tratamentos de superfície foram investigados. Oitenta espécimes de
resina composta híbrida Pertac Bibrid (Espe) e oitenta de uma resina composta
microparticulada Silux plus (3M) foram confeccionados e estocados por uma semana antes
dos tratamentos superficiais. Os espécimes foram polidos e tratados como se segue: 1)
pontas diamantadas; 2) microjateamento com óxido de alumínio 50 µm e pressão de 80
lb/pol²; 3) microjateamento com óxido de alumínio 27 µm e alta pressão (160 lb/pol²); e 4)
microjateamento com baixa pressão e deposição de uma camada de cerâmica, usando
partículas de 30 µm e pressão de 34 lb/pol² (Cojet-Sand-Espe). Metade dos corpos de
prova foram tratados com Silano. A mesma resina composta não polimerizada foi aderida à
superfície de resina composta tratada e os corpos foram, então, armazenados em água
destilada por 24 horas e termociclados, antes do teste de resistência adesiva por
cisalhamento. Os corpos de prova de resina composta híbrida ou de micropartícula tratados
com Cojet-Sand apresentaram as mais altas resistências adesivas por cisalhamento com ou
sem o silano, em comparação com os outros tratamentos. Todos os grupos de resina
composta híbrida que receberam a aplicação do Silano tiveram um aumento da resistência
de união ao cisalhamento, porém, para resinas compostas de micropartículas os grupos não
apresentaram um resultado estatisticamente significante, com exceção do grupo tratado
25
com pontas diamantadas, onde o tratamento com silano apontou resultado superior ao do
grupo que não recebeu esse tratamento. Os grupos tratados com pontas diamantadas e
microjateamento com óxido de alumínio e Silano foram equivalentes estatisticamente e
apresentou resistência de união adesiva maior do que o grupo tratado com
microjateamento, deposição de cerâmica (KCP 2000) e Silano.
Brosh et al.
11
(1997), avaliaram o efeito da combinação de vários tratamentos de
superfície e agentes adesivos na resistência adesiva por cisalhamento de resina composta
não polimerizada com uma resina pré-polimerizada. Espécimes em forma de cilindros
foram confeccionados com uma resina composta híbrida (Petac Hibrid-Espe), armazenados
em água a 37ºC durante 14 dias e, então divididos em seis grupos. As superfícies de adesão
dos corpos de prova foram submetidas aos seguintes tratamentos: 1) ponta diamantada; 2)
jateamento com óxido de alumínio; 3) jato de bicarbonato de sódio; 4) pedra verde de
carborudum; e 5) ácido hidrofluorídrico a 9,5%, além do controle sem tratamento algum.
Após os tratamentos, cada grupo foi subdividido em três, e em seguida, submetidos à
aplicação de um agente de união à base de BisGMA ou do mesmo agente associado a um
silano, além de um grupo controle sem nenhum sistema adesivo. Em seguida, os espécimes
foram reparados com uma resina de micropartícula (Silux Plus-3M) armazenados durante
14 dias e termociclados. O resultado desse estudo indicou que o uso de um agente de
união, isoladamente ou combinado com silano, mostrou-se o procedimento mais efetivo
para aumentar a resistência adesiva ao cisalhamento de espécimes reparados,
independentemente do tratamento de superfície realizado. A silanização associada ao
agente de união aumentou de modo não significante a resistência de união, quando
comparada ao agente de união empregado isoladamente. Os maiores valores de resistência
foram produzidos pelo abrasionamento da superfície com pedra de carborundum e
jateamento com óxido de alumínio, enquanto os menores foram produzidos pelo
condicionamento com ácido hidrofluorídrico. Os autores puderam concluíram que
diferentes combinações de tratamento de superfície e sistemas adesivos afetam diretamente
e resistência dos reparos em resina composta.
Hummel et al.
28
(1997), com o propósito de aumentar a força de união entre o
cimento resinoso dual e compósito indiretos, avaliaram técnicas combinando o jateamento
e diferentes soluções ácidas para o tratamento da superfície de compósitos antes da
cimentação. Noventa amostras e três tipos de compósitos foram utilizados, dois compósitos
híbridos (Charisma/Kulzer) e APH (LD/Caulk) e um microparticulado (Dentaclor/Kulzer)
26
que foi incluído no estudo com objetivo de comparação. Os compósitos foram
fotopolimerizado na unidade de luz Dentacolor XS (Kulzer) durante 120 segundos. As
superfícies dos compósitos antes da cimentação receberam um dos seguintes tratamentos:
1- ácido fosfórico a 37% durante 15 segundos; 2- ácido fluorídrico de 54% durante 5
segundos; 3- jateamento com óxido de alumínio a 50 µm durante 10 segundos de ácido
fosfórico; 4- jateamento com óxido de alumínio superfícies previamente preparadas com
auxílio de um sistema adesivo Bond II (Kulzer) e do cimento resinoso dual Twinlook
(kulzer). O teste de tração foi aplicado com uma máquina de ensaio universal (Instron
Corp., Canton, Mass), à velocidade de 0,025 cm/min, até ocorrência da fratura. As maiores
médias de força de união foram alcançadas associando o jateamento e ácido fosfórico para
os três tipos de compósitos. No entanto, após análise estatística dos resultados, não foi
constatada diferença estatisticamente significante entre os grupos. As falhas de união entre
os materiais empregados foram predominantemente coesivas; as falhas adesivas estavam
associadas às baixas forças de união e às técnicas onde as soluções ácidas foram utilizadas
isoladamente. O exame de Microscopia Eletrônica de Varredura das superfícies dos
compósitos revelou extensa degradação da superfície do compósito revelou extensa
degradação da superfície do compósito condicionado com ácido fluorídrico. Com relação
aos compósitos microparticulares, o jateamento produziu as maiores forças de união; nem
o tratamento com soluções ácidas e nem o jateamento extra, resultaram em um aumento da
força de união. Os autores ressaltaram a importância de se asperizar a superfície
mecanicamente e concluíram que o condicionamento com ácido fluorídrico foi prejudicial,
pois causou defeitos na superfície de compósito. Concluíram também que o
condicionamento das partículas de vidro não melhorou a resistência de união, ou o efeito
do condicionamento foi obscurecido pela degradação dos componentes da resina.
Gordan et al.
26
(1997), avaliaram a resistência ao cisalhamento de dois sistemas
adesivos contendo primers ácidos, Clearfil Liner Bond 2 (Kuraray Co. Ltda., Osaka,
Japan) e Denthesive II (Kulzer Co. Bereigh Dental, Wehrheim, Germany), os quais foram
testados com e sem condicionamento com ácido fosfórico a 35%. Para o grupo controle,
foi utilizado o sistema Scothbond Multi Purpose (3M Dental Products, St. Paul, MN,
USA). Sessenta molares humanos livres de cáries foram divididos em cinco grupos
experimentais para a dentina e cinco grupos experimentais para o esmalte. A superfície em
esmalte foi preparada na superfície proximal de cada dente usando discos abrasivos. Após
a aplicação dos sistemas adesivos, os espécimes foram restaurados com resina composta
27
Silux Plus, termociclados por 500 ciclos na faixa de 5ºC a 55ºC e então submetidos à
resistência de cisalhamento, na velocidade de 5 mm/min e expressa em MPa. Para o teste
em dentina, a superfície oclusal de cada dente foi cortada, polida e também dividida em 5
grupos, os quais também sofreram os mesmos tipos de tratamento e termociclagem que o
esmalte. Os autores observaram que o sistema Clearfil Liner Bond 2 aplicado ao esmalte
sem condicionamento ácido gerou maiores valores de resistência adesiva quando
comparado ao sistema Scotchbond Multi Purpose, 20,4 MPa e 14,1 MPa respectivamente.
Quando o condicionamento ácido foi realizado, previamente a sua aplicação, os valores de
resistência adesiva foram em média comparáveis ao sistema Scotchbond Multi Purpose,
16,9 MPa e 14,1 MPa. O sistema Denthesive II produziu os maiores valores de resistência
adesiva quando aplicados ao esmalte condicionado, 22,0 MPa, enquanto que quando
aplicado ao esmalte não condicionado, o valor médio de resistência adesiva foi de 5,4
MPa. Para a dentina, o sistema Clearfil Liner Bond 2 produziu valores similares à
resistência adesiva com e sem condicionamento ácido prévio, 20,4 e 15,7 MPa, enquanto
que o sistema Denthesive II produziu valores maiores quando a dentina foi condicionada
com ácido fosfórico por 15 segundos, 10,6 MPa, valores estes comparáveis ao sistema
Scotchbond Multi Purpose, 10,6 MPa.
Swift Jr. & Bayne
60
(1997), testaram a resistência ao cisalhamento de um novo
sistema adesivo, o Single Bond (3M Dental Products, St. Paul, MN USA), às superfícies
dentinárias com diferentes graus de umidade. Como comparação, foram usados dois
sistemas adesivos de frasco único, Prime& Bond (Cailk/Dentsply, Milford, DE, USA) e
One Step (Bisco Inc., Itasca, IL, USA), em um sistema de três passos, Scotchbond Multi-
Purpose (3M Dental Products, St. Paul, MN, USA). Foram usados 120 incisivos bovinos,
incluídos em resina acrílica e com face vestibular desgastada até exposição de uma
superfície plana em dentina. Os dentes fora divididos aleatoriamente em 12 grupos
experimentais. Além dos quatro sistemas adesivos, o grau de umidade da dentina, pouco
úmida, úmida e superúmida foram avaliados como variável. A dentina considerada pouco
úmida foi conseguida retirando-se o excesso de água com lenço de papel e um jato de ar
por 1 segundo, a uma distância de 4 a 5 cm, com angulação de 45 graus. A dentina não
aparentava estar desidratada, mas não havia água em sua superfície. O aspecto superúmido
foi obtido com a retirada da água apenas da resina acrílica onde o dente estava incluído.
Para o grupo One Step, a dentina foi condicionada com ácido fosfórico a 32% por 15s,
enxaguada e depois de obtido o grau de umidade desejado, o adesivo foi aplicado. Os
28
mesmos procedimentos foram realizados para os demais adesivos de frasco único, com
exceção da concentração do ácido fosfórico, que foi de 34% para o Prime & Bond e 35%
para o Single Bond. Para o grupo controle, Scotchbond Multi Purpose Plus, primer e
adesivo foram aplicados separadamente. Após a aplicação dos sistemas adesivos Z100 (3M
Dental Products, St. Paul, MN, USA). Para o teste de resistência ao cisalhamento, foi
utilizada uma máquina de ensaio universal a uma velocidade de 0,5mm/min. Os valores de
resistência adesiva obtidos foram, de acordo com a condição pouco úmida, e superúmida,
respectivamente: Single Bond, foram 19,2 ±4,3 MPa; 23,2 ±2,7 MPa e 20,3 ±5,8 MPa; One
Step, 20,5 ±3,3 MPa e 13,3 ±3,0 MPa; Prime & Bond: 20,3 ±4,5 MPa; 20,6 ±5,2 MPa e
22,4 ±4,6 MPa; e Scotchbond 23,1 ±4,3 MPa; 25,5 ±2,3 MPa e 23,3 ±3,5 MPa. Os autores
concluíram que o sistema Single Bond apresentou bom comportamento nos diferentes
graus de umidade avaliados, porém, se melhor desempenho ocorre em condição úmida,
definida como uma camada de água brilhante e contínua sobre a superfície de dentina, mas
sem área de encharcamento.
A morfologia e a espessura da camada híbrida formada com sistemas adesivos de
frasco único, de múltiplos passos e auto-acondicionamento foram avaliadas por, Prati et
al.
49
(1998). Os sistemas adesivos e os respectivos materiais restauradores avaliados foram:
Clearfil Linear Bond 2/Lustre (Kuraray Co.,Ltd., Osaka, Japan), Clearfil Experimental
/Lustre (Kuraray Co.,Ltd., Osaka, Japan), Prime & Bond 2.0/TPH (De Trey/Dentsply,
Konstanz, Germany), Prime & Bond 2.1/TPH (De Trey/Dentsply, Konstanz, Germany),
Scotchbond Multi-Purpose Plus/Z100 (3M Dental Products, St. Paul, MN, USA), Single
Bond/Z100 (3M Dental Products, St. Paul, MN, USA), Optibond Fl/Prodigy (Kerr,
Romulus, MI, USA) e Syntac Single Component/Tetric (Ivoclar/Vivadent, Schaan,
Liechtensein). Trinta e cinco cavidades de classe I e 15 cavidades de classe V, preparadas
em molares humanos foram preenchidas com as resinas restauradoras aderidas com seus
respectivos sistemas adesivos. Outros 24 dentes foram utilizados para a obtenção de discos
de dentina de porção coronária. Após uma hora em água à temperatura ambiente, cada
dente e cada disco de dentina restaurado foi seccionado ao meio com disco de diamante.
Uma das metades foi utilizada para análise e MEV do número de tags e suas ramificações
laterais após a desproteinização da dentina, enquanto a outra metade foi utilizada para
avaliação da espessura e qualidade da camada híbrida. Os resultados mostraram que os
sistemas adesivos Optibond, Prime & Bond 2.1 e 2.0 e Scotchbond Multi-Purpose Plus
formaram uma camada híbrida variando de 1,0 µm a 4,5 µm de espessura na dentina
29
profunda, mas muito fina na dentina superficial. O sistema adesivo de frasco único Single
Bond formou uma camada híbrida homogênea muito fina na dentina superficial, e mais
espessa na dentina mais profunda, enquanto que o sistema Syntac Single Component
produziu uma camada mais variável e granulosa, sendo de difícil detecção em alguns locais
da dentina superficial. Os sistemas autocondicionantes Clearfil Linear Bond 2V e Clearfil
Experimental produziram uma camada híbrida menos espessa, variando de 0,5 a 1,5 µm na
dentina superficial a 2,0 µm na dentina profunda. A smear layer infiltrada pelos sistemas
autocondicionantes variava de 6 µm a 11 µm de espessura e foi chamada de smear layer
infiltrada em resina. A análise em microscopia eletrônica permitiu concluir que a dentina
profunda todos os sistemas adesivos avaliados produziram camadas híbridas mais espessas
do que em dentina superficial. Entre os sistemas de frasco único, o sistema Single Bond
apresentou camadas híbridas mais homogêneas, enquanto o sistema Syntac Single
Component apresentou camadas híbridas menos homogêneas. Os sistemas
autocondicionantes produziram camadas híbridas mais finas do que os demais sistemas
avaliados, de 0,5 a 1,5 µm para dentina superficial e 2,0 µm para a dentina profunda. A
morfologia dos tags formados pelos sistemas autocondicionantes foi diferente da
morfologia dos tags formados pelos demais sistemas adesivos. A base dos tags foi mais
larga cônica, com um estreitamento abrupto em sua extremidade.
Ainda no estudo de Prati et al.
49
(1998), 45 terceiros molares foram preparados
para o ensaio mecânico de cisalhamento utilizando-se os sistemas adesivos e suas
respectivas resinas restauradoras, formando cilindros sobre superfícies planas de dentina de
3 mm de diâmetro. O maior valor médio de resistência adesiva foi obtido com o sistema
Clearfil Experimental, 19,0 ±2,1 MPa, enquanto Prime & Bond 2.0 e o Syntac Single
Component mostraram os valores mais baixos, 12,3 ±0,5 MPa e 11,7 ±1,6 MPa
respectivamente. Aproximadamente 80% das fraturas foram coesivas na resina, no adesivo
ou dentina, enquanto 20% das falhas ocorrem nas interfaces adesivas.
Perdigão Jr. et al.
47
(2000), avaliaram o efeito de diferentes agentes
condicionadores ácidos sobre a resistência adesiva de três sistemas, Optibond SOLO (Kerr
Corp., Orange, CA, USA), Permaquick (Ultradent Products, South Jordan, UT) e Single
Bond (3M Dental Products, St. Paul, MN, USA). As superfícies vestibulares de 90
incisivos bovinos foram lixadas até a obtenção de superfície plana de dentina. Cada
sistema adesivo foi aplicado associado a um dos três diferentes produtos contendo ácido
fosfórico (Kerr Etchant, 37,5%; Scotchbond Ecting Gel, 35% e Ultraetch, 35%) todos
30
utilizados sobre a dentina por 15 segundos. Os dentes foram preparados para teste de
resistência ao cisalhamento, sendo previamente armazenados em água a 37 ºC por 24 h e
levados à ciclagem térmica de 500 ciclos em banhos alternados entre 5 ºC e 55 ºC. O
ensaio mecânico de cisalhamento foi realizado em uma máquina INSTROM, à velocidade
de 5 mm/min. A média da resistência adesiva não foi diferente estatisticamente para os
grupos e não foi observada correlação entre a espessura da camada híbrida e a força de
adesão. A avaliação ultramorfológica em MET mostrou que todos os sistemas adesivos
penetraram na dentina e possibilitaram a formação da camada híbrida, independente da
concentração e da marca comercial do ácido fosfórico utilizada.
Blomlof et al.
6
(2001), compararam o efeito do condicionamento da dentina com
EDTA ou ácido fosfórico na resistência de adesão de dois sistemas adesivos, All Bond 2
(Bisco, Inc., chsumburg, IL, USA) e Prime& Bond NT (Dentsply Trey, Konstanz,
Germany). Vinte e nove pares de superfícies planas de dentina (mesial/distal ou
vestibular/lingual) foram obtidos de 21 terceiros molares humanos, de tal forma que e um
mesmo dente, uma das superfícies foi condicionada com ácido fosfórico a 32% por 15
segundos e a outra com EDTA gel a 24% por 3 minutos. Os sistemas adesivos foram
aplicados a seguir de acordo comas instruções das fabricantes. A superfície de adesão foi
limitada em 5,24 ±0,05mm com a utilização de um anel de cobre. A seguir, o anel foi
preenchido com resina composta Tetric Flow (Ivoclair/Vivadent, Schaan, Liechtenstein),
foto-polimerizada por 60 s. Os dentes fora mantidos na água a 37ºC por 24h antes de serem
submetidos ao teste de resistência ao cisalhamento, à velocidade de 1 mm/min. Os valores
médios de resistência adesiva para o sistema All Bond 2 foram 13,1 ±4,5 e 8,2 ±3,5 MPa
para os tratamentos com EDTA e ácido fosfórico respectivamente. Para o sistema Prime &
Bond com EDTA o valor médio de resistência adesiva de 6,1 ±2,1 MPa e com ácido
fosfórico foi de 5,9 ±2,6 MPa. Os autores concluíram que o condicionamento da dentina
com EDTA gel a 24% previamente à utilização do sistema All Bond 2, produziu um
aumento de 61% na sua resistência adesiva ao cisalhamento.
Num estudo de Tay et al.
62
(2006), avaliaram a adesividade de resinas a base de
Metacrilato no selamento de canais radiculares, por meio de testes de cisalhamento. Nesse
estudo de três superfícies foram criados três grupos: Superfície lisa, Superfície áspera com
granulação de 320 e Superfície áspera de granulação de 180. Para se obter uma força corte
que permita uma eficácia de adesividade foram usados discos de resina composta. Estes
foram colocados entre placas de vidro. O composto foi comprimido em moldes de Teflon
31
com 0,5 mm de espessura com perfurações de 7 mm de diâmetro, e fotopolimerizadas por
40 segundos em cima e por baixo, para criarem-se discos circulares de superfícies lisas. No
procedimento de adesão, foram empregados em tubos de Poliuretano de 5,0 mm de
comprimento com um diâmetro interno de 3,25 mm. Foram confeccionados compostos
cilíndricos de resina que foram inseridos em tubos e então polimerizados para produzir
compostos cilíndricos com bases planas lisas. Cada cilindro foi colocado sobre a Resilion
com sua base plana em contato com a superfície do disco. Uma camada de esmalte foi
aplicada sobre o restante da superfície do disco, para criar umas áreas padronizadas,
circulares de substrato adesivo e para evitar subseqüente mancha devido ao excesso do
restante de substrato na superfície. Ao secar o verniz, o segmento vazio de poliuretano foi
colocado sobre a superfície adesiva exposta. O RealSeal foi dispensado dentro do tubo de
poliuretano. O lado adesivo coberto do composto cilíndrico foi reenserido com leve
pressão dentro do tubo para deslocar o selamento da raiz do canal, para cima da superfície
de Resilion. Uma fina camada de 0,5 mm de selador foi criada para a medição do
comprimento do composto cilíndrico que forçou o tubo de poliuretano. Devido à
translucidez do tubo, o cimento de presa dual, foi foto-irradiado através do tubo pelos
quatro lados durante sessenta segundos cada lado. O experimento foi deixado nestas
condições durante 24 horas. Depois de remover o tubo de poliuretano, cada amostra
adesiva foi inspecionada por um esteriomicroscópio (Nikon SMZ10, Tókio, Japão) a uma
magnificação de 20 X. Foram excluídos adesivos com defeitos e 25 de 30 experimentos
foram selecionados para o teste de adesividade. Cada disco foi preso com cola de
cianocrilato (Zapit, DVA, Corona, CA) a um dispositivo fixo que foi parafusado na base e
alinhado com o eixo de carga de um Bencor Multi-T teste (Danville Engineering, San
Ramon, CA). Um laço de fio preparado ortodonticamente (0,41 mm de diâmetro) foi
circundado ao redor da montagem adesiva para que então esta estivesse o mais próximo
possível da base da resina seladora. Uma tensão de carga foi aplicada via uma máquina de
teste universal (Modelo 4440; Instron Inc., Canton, MA) a uma velocidade de 1
mm/minuto, para produzir uma força de corte que resultou em rompimento do composto
cilíndrico ao longo da interface adesiva. Peças rompidas foram inicialmente examinadas
com o esteriomicroscópio a um aumento de 20X. As falhas foram classificadas como
Adesivas, Mistas e Coesivas, dentro dos discos de Resilion. A força de corte da interface
foi calculada e expressa em MPa. Espécies que falharam prematuramente durante o
manuseio foram assinadas por valores de força nula e incluídas na análise estatística.
32
Porque os dados não foram normalmente distribuídos (Kolmogorov-Smirnof). Os
resultados foram avaliados estatisticamente por meio de Kruskal-Wallis e ANOVA com
significância estatística de α = 0,05. Os resultados mostram que a força adesiva de corte
revelou grande diferença entre os compostos de controle e os grupos de Resilion. A média
do grupo de força de corte adesivo foi de 26,9 X a do grupo de Resilion Liso, 13,6 X o do
grupo Resilion de granulação 320 e 7,3 X o do grupo de granulação Resilion 180
respectivamente. Aumentando a aspereza da superfície da superfície adesiva Resilion para
aspereza 180, resultou em significante aumento da força de corte adesiva quando
comparada à superfície lisa. A inclusão de falhas prematuras não afetou os resultados da
análise estatística. De fato, conforme a aspereza da superfície dos discos de Resilion
aumentou a contribuição por retenção micromecânica eventualmente tornou-se
estatisticamente significante, excedendo a contribuição original por adesividade química.
Quanto ao tipo de fratura e força para o rompimento das peças de resina, o grupo controle
teve 93% de fraturas mistas com força de rompimento de 4,08 ± 0,88 MPa, grupo Resilion
com superfície lisa teve 100% de fraturas adesivas com 0,20 ± 0,13 MPa, grupo Resilion
com superfície de aspereza 320 teve 100% de fraturas adesivas com 0,36 ± 0,14 MPa,
grupo Resilion com superfície de aspereza 180 teve 100% de fraturas adesivas com 0.59 ±
0.28 MPa.
Della Bona et al.
19
(2006), realizaram uma análise da falha em compósitos
resinosos aderidos à cerâmica usando princípios de fractrografia para classificar os tipos de
falhas depois do teste de microtensão. Uma cerâmica a base de Leucita (IPS Empress® -
E1) e outra cerâmica a base de Lithio Dicilicato (IPS Empress2® - E2) foram selecionadas
para este estudo. Cinqüenta blocos de E1 e E2 foram polidos com alumina 1µm. O
seguinte tratamento de superfície das cerâmicas foi aplicado em três blocos de cerâmica:
(1) 9,5% ácido fluorídrico (HF) por dois minutos; (2) 4% fosfato fluorídrico acidulado
(APF) por dois minutos; (3) cobertura com silano (S); (4) HF + S; (5) APF + S. Um
adesivo resinoso e um compósito foram aplicados em todo tratamento de superfície e
fotopolimerizado. Vinte espécimes de barras por cada grupo foram preparados para os
blocos compósitos/cerâmica e colocados em água destilada a 37˚C por 30 dias antes de
serem levados a uma falha de baixa tensão em uma maquina de testes Instron. Fraturas
superficiais foram examinadas usando microscopia eletrônica e Raio X. Análises
estatísticas foram interpretadas usando os testes de ANOVA e analises de Weibull.
Tratamentos superficiais similares foram associados com significantes diferenças de forças
33
adesivas e modelos de falhas para E1 e E2. Todas as fraturas ocorreram dentro da zona de
adesão. A diferença microestrutural entre marcas das cerâmicas E1 e E2 foi o principal
fator de controle na adesão. A média de área adesiva de todos os experimentos foi de 0,85
± 0,02 mm². Os testes foram divididos em nove grupos experimentais, E1HF, E1S, E1HFS,
E1APFS, E2HF, E2APF, E2S, E2HFS, E2APFS. Em uma representação esquemática as
falhas foram classificadas de acordo com a força de adesão da cerâmica aderida ao
composto resinoso. Modo 1: separação adesiva entre resina e interface cerâmica. Modo 2:
a falha começa na interface cerâmica-adesivo, avança entre o adesivo resinoso e retorna a
interface. Modo 3: a falha origina-se de um defeito interno (rachadura interna do adesivo).
Modo 4: a falha começa na interface cerâmica adesiva e se propaga através da resina. Modo
5: a falha começa na interface cerâmica adesiva e se propaga através do adesivo resinoso e se
estende para o compósito resinoso. Cada grupo de experimentos foi dado sua força média em
MPa, e classificado de acordo com o tipo de fratura. E1HF: 10,6 MPa, modo de falha tipo 4,
85% e tipo 5, 15%. E1S 28,8 MPa, modo de falha tipo 5, 70% , tipo 4, 20% e tipo 3, 10%.
E1HFS 21,9 MPa, modo de falha tipo 4, 60% e tipo 2, 20%.E1APFS 15,3 MPa, modo de
falha tipo 1, 100%. E2HF 43,7 MPa, modo de falha tipo 5, 60% e tipo 4, 40%. E2APF 20,1
MPa, modo de falha tipo 1, 100% . E2S 32,4 MPa, modo de falha tipo 2, 50% e tipo 5, 50%.
E2HFS 57,5 MPa, modo de falha tipo 4, 60% e tipo 5, 40%. E2APFS 38,8 MPa, modo de
falha tipo 4, 50% e tipo 5, 50%.
34
35
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODO
3.1 MATERIAIS
Neste trabalho foram utilizados três sistemas adesivos diferentes. Sistema adesivo
dual de 4º geração Single Bond (3M). Sistema adesivo monocomponente, do tipo
“Condicionamento total”, a base de etanol e água (Figura 5); Sistema adesivo dual de 4º
geração Prime & Bond (Dentsply). Sistema adesivo monocomponente, do tipo
“Condicionamento total” a base de acetona (Figura 6) e Sistema adesivo dual de 4º geração
Prime & Bond NT (Dentsply). Sistema adesivo monocomponente, do tipo
“Condicionamento total” a base de acetona (Figura 7). Usou também dois tipos de
Cimentos Resinosos Adesivos EnForce (Dentsply) (Figura 8) e Cimento Resinoso Adesivo
Rely X (3M) (Figura 9).
Figura 5: Sistema adesivo dual de 4º geração Single Bond (3M ESPE) (Lote
04054).
36
Figura 6: Sistema adesivo dual de 4º geração Prime & Bond (Dentsply) (Lote
l04054)
Figura 7: Sistema adesivo dual de 4º geração Prime & Bond NT (Dentsply) (Lote
262708).
Figura 8: Cimento Resinoso Adesivo EnForce (Dentsply) (Lote176675): pasta
base + pasta catalizadora.
37
Figura 9: Cimento Resinoso Adesivo 3M Rely X (3M ESPE) (Lote 3415A3) :
pasta base + pasta catalizadora.
Para a remoção da lama dentinária foi utilizado uma solução de Ácido Fosfórico a
37% - Dentsply (Figura 10).
Figura 10: Ácido Fosfórico a 37% (Dentsply) (Lote 176675).
O material protético utilizado foi o Cerômero Sinfony -3M (Figura 11)
Figura 11: Cerômero Sinfony (3M ESPE) (Lote 160415).
38
Dados como composição química lote e fabricante dos materiais utilizados podem
ser visualizados nas Tabelas 1 a 3 a seguir:
Tabela 1: Sistemas Adesivos, Composição, Lote e Fabricantes.
ADESIVOS COMPOSIÇÃO FABRICANTE E LOTE
Single Bond Bis-GMA, HEMA, Dimetacrilatos,
Polyalkenoic Ácido copolímero,
água, ethanol.
3M ESPE – 176675
Prime& Bond UDMA, PENTA, R5-62, T-resina,
D-resina, 4-ethyl dimethyl
aminobenzeno, Cetylamina, sílica,
Canforoquinona.
Dentsply – 04054
Prime & Bond NT UDMA, PENTA, R5-62, T-resin, D-
resin, 4-ethyl dimethyl
aminobenzoato, Cetylamina,
sílica, Nanofiller, Canforoquinona,
acetona.
Dentsply – 262708
Tabela 2: Cimentos Resinosos, Composição, Lote e Fabricantes.
CIMENTO RESINOSO COMPOSIÇÃO FABRICANTE E LOTE
EnForce
Pasta Base Matizada: TEGDMA,
BDMA, Vidro de Boro, Silicato de
Alumínio e Bário Silanizado,
Canforoquinona, EDAB, BHT,
Pigmentos Minerais, DHEPT.
Pasta Catalizadora: Dióxido de
Titânio, Sílica Pirolítica Silanizada,
Pigmento Mineral, Resina Bis-GMA,
BHT, EDAB, TEGDMA, Peróxido de
Benzoíla.
Dentsply – 176675
Rely X
Pasta A: Bis-GMA, TEGDMA, Zircônia
Sílica, Pigmento, Amina, Sistema
Fotoiniciador.
Pasta B: Bis-GMA, TEGDMA, Zircônia
Sílica, Peróxido de Benzoíla.
3M ESPE - 3415ª3
Tabela 3: Cerômero, Composição, Lote e Fabricante
MATERIAL COMPOSIÇÃO LOTE E FABRICANTE
Sinfony Monômeros 48%,
Sistema Iniciador 1%,
Vidro (Sílica) 40%,
SiO
2
5%, GIC 5%,
Silano 1%.
3M ESPE - 160415
39
3.2 CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA
As etapas necessárias para a obtenção dos CPs para ensaio de cisalhamento são
descritas abaixo.
3.2.1 CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS DE CERÔMERO SINFONY
Para garantir precisão no diâmetro, altura, planicidade da face de colagem e
perpendicularismo entre face e lateral dos cilindros de cerômero sinfony, foram elaboradas
duas placas de acrílico (Figura 12). A primeira placa, de acrílico transparente, face lisa de
formato quadrado eqüilátero, com oito centímetros de lado e quatro milímetros de altura
(base ou fundo da matriz) e a segunda placa com formato quadrado eqüilátero, com oito
centímetros de lado e 4,0 mm de altura, possuindo nove orifícios, cada um com 4,0 mm de
diâmetro (matriz para confecção dos cilindros). Ambas foram perfuradas em suas quatro
pontas, em posições equivalentes, e unidas por quatro parafusos de metal, com roscas e
porcas para formação da matriz conforme Figura 13. Este sistema permite a confecção de
nove cilindros de cerômero por bateladas e está de acordo com a metodologia proposta por,
Oyafuso et al.
43
(2003).
Figura 12: Sistema de compressão das duas placas para a produção dos cilindros
de cerômeros Sinfony (3M).
Após montagem das placas o cilindro de cerômero foi confeccionado conforme
segue: aplicação do cerômero com a espátula (Thompson N 6, Dental MFG. CO. USA),
em camadas de 1 mm; polimerizado durante 60 segundos, em uma unidade de luz
(fotopolimerizador – Optilght 600 – Gnatus, acoplado a um radiômetro, com intensidade
de luz, superior a 500mW/cm²); repetição destas etapas até preenchimento total da matriz
(altura de 4 mm). Após a polimerização inicial, as amostras foram removidas da matriz, e
40
novamente fotopolimerizadas por mais 180 segundos em um sistema de fotopolimerização
complementar, composto de luz Xenon Estroboscópica (Power Lux – EDG, Lote:
7898139080771), com potencia total de 4.5 W, e comprimento de onda na faixa de 320-
500 nm.
Figura 13: Montagem das placas para a formação da matriz para produção dos
cilindros de cerômeros Sinfony (3M).
Confeccionaram-se um total de 60 amostras do cerômero Sinfony, com a forma
cilíndrica, medindo 4 mm de altura e diâmetro de 4 mm, sendo estas já regularizadas em
sua superfície de adesão conforme acabamento da placa de acrílico (Figura 12). Um
exemplo dos cilindros obtidos é visualizado na Figura 14.
Figura 14: Cilindro de Cerômero Sinfony.
41
3.2.2 CONFECÇÃO DAS ESTRUTURAS DENTINÁRIAS
O substrato dentinário de dentes bovinos foi eleito para este estudo como
alternativa viável à utilização de dentes humanos.
36, 40, 53
Para a realização desta pesquisa, foram selecionados 60 incisivos centrais
inferiores bovinos, hígidos, livres de cárie, obtidos mediante doação de frigorífico ARGUS
Ltda. A seleção dos dentes foi realizada utilizando-se de um método aleatório de escolha.
Inicialmente foi realizado um processo de desinfecção dos dentes, com solução de
timol 1 % durante 24 horas, por se tratar de manipulação de material biológico.
Decorrido este período, iniciou-se o enxágüe dos dentes com água destilada e
procedeu-se a secção das raízes do dente. Para a secção, os dentes foram presos pela raiz e
cortados em sua junção amelodentinária, sob refrigeração (água) com um disco diamantado
acoplado a uma máquina de cortes Minitom (Stuers), cortadeira de precisão, com
velocidade de 250 rpm, pertencente ao laboratório de materiais da UTFPR. Todas as raízes
foram descartadas e remetidas ao lixo biológico e aproveitadas apenas as coroas dentais.
As 60 coroas obtidas dos incisivos inferiores bovinos foram limpas
minuciosamente, utilizando-se pedra pomes e água corrente, por meio de escovas dentais
(Condor - cerda dura), e curetas periodontais do tipo McCall. Em seguida os dentes foram
armazenados em solução fisiológica durante 24 horas, a fim de prevenir sua desidratação
até o momento do seu uso.
As coroas foram inseridas em uma peça feita de tubo de PVC, previamente
cortadas, com uma polegada de diâmetro e um centímetro de altura (Figura 15). Para a
fixação da coroa do dente no tubo de PVC, preenchemos a peça com resina epóxi
autopolimerizável transparente (JET, Artigos Odontológicos Clássico, Lapa, SP, Brasil).
Em seguida, com o auxílio de uma lixadeira horizontal, foi removida toda a estrutura de
esmalte da face vestibular da coroa dos dentes. A remoção foi realizada por lixamento
mecânico e seqüencial com lixas de papel abrasivo de granulação 220, 320, 400 e 600, sob
refrigeração a água, com politriz Knuth-Rotor 3 – Stuers.
Em seguida essas amostras foram polidas em um disco de feltro, com alumina
1µm, com a politriz giratória DAP-V (Stuers). Obtendo assim uma superfície padronizada.
Todos os equipamentos utilizados pertencem ao laboratório de materiais da UTFPR.
Após a remoção do esmalte verificaram-se eventuais defeitos nas estruturas
dentinárias como: exposição da câmara pulpar; camada de dentina muito fina e/ou presença
de defeitos como vazios trincas. Esta análise foi realizada a olho nu e no estereoscópio com
42
aumento de até 40X. A identificação de qualquer destes defeitos levou ao descarte da
estrutura dentinária.
Com as superfícies dentinárias planas e padronizadas, procedeu-se a limpeza das
peças em água corrente durante aproximadamente 10 segundos, e secos com jatos de ar
comprimido. Então, os dentes foram armazenados em água destilada à temperatura
ambiente. Na figura 15 visualiza-se uma das estruturas dentinárias preparadas para a
adesão do cerômero.
Figura 15: Coroa de dente bovino, aderida à base auto polimeralizada.
3.2.3 UNIÃO CERÔMERO DENTINA
Para a união entre as partes cerômero e dentina utilizou-se de três sistemas
adesivos diferentes conforme segue (ver Tabela 4).
Na Tabela 4 visualiza-se o método de preparação das superfícies, adesivo e
cimento utilizado para a confecção dos CPs para ensaio de cisalhamento conforme
metodologia descrita abaixo para cada um dos grupos G1 a G3. É importante salientar que
neste estudo, o sistema adesivo em particular, é o grupo do adesivo dentinário + o cimento
resinoso adesivo, aderidos ao cerômero.
O sistema adesivo é composto de um adesivo dentinário formador da camada
hibrida e do cimento resinoso propriamente dito que é utilizado para a cimentação dos
grupos estudados no cilindro de cerômero. Sendo assim os grupos são formados por:
dentina, adesivo dentinário, cimento resinoso e cerômero.
43
Tabela 4: Materiais Utilizados para Confecção dos CPs.
SISTEMA ADESIVO
PREPARAÇÃO DAS
SUPERFÍCIES
GRUPOS
Dentina Cerômero
ADESIVO
CIMENTO
G1 Ácido
fosfórico a
37%
Jato c/ óxido de
alumínio
Single Bond (3M) Cimento Resinoso
Adesivo 3M Rely X
G2 Ácido
fosfórico a
37%
Jato c/ óxido de
alumínio
Prime & bond
(Dentsply)
Cimento Resinoso
Adesivo EnForce -
Dentsply
G3 Ácido
fosfórico a
37%
Jato c/ óxido de
alumínio
Prime & bond NT
(Dentsply)
Cimento Resinoso
Adesivo EnForce -
Dentsply
3.2.3.1 Dispositivo de Centragem e Aplicação de Força Constante
Para garantir o alinhamento do cerômero com o dispositivo de cisalhamento
construiu-se o dispositivo mostrado na Figura 16 abaixo. Este dispositivo também tem
como objetivo uniformizar a pressão de colagem. O dispositivo é composto de três partes.
A parte 1 (ver Figura 16) tem como objetivo posicionar a coroa de dente bovino, aderida à
base auto polimeralizada. A parte 3 tem como objetivo garantir a centragem do cerômero
em relação à dentina e finalmente a parte 2 tem como objetivo controlar o nível de pressão
aplicado durante a cura do adesivo.
Figura 16: Dispositivo para montagem do CPs.
Para a confecção dos CPs, inicialmente monta-se a coroa de dente bovino, aderida
à base auto polimeralizada na parte 1 do diapositivo mostrado na Figura 16. Então,
123
44
aplicam-se os procedimentos descritos no item abaixo e com o auxilio da parte 3
posiciona-se o cerômero.
Figura 17: Posicionador metálico da peça de cerômero, com o corpo de prova
adaptado, sendo condicionado com Ácido Fosfórico.
Na Figura 18 visualiza-se a etapa final da montagem do dispositivo para
centragem e uniformidade da pressão de colagem.
Figura 18: – Colagem da dentina no Cerômero
3.2.3.2 Preparação das Superfícies
Tanto as superfícies do cerômero como da dentina passaram por tratamento prévio
antes da aplicação dos sistemas adesivos. O cerômero passou por jateamento com Óxido de
Alumínio e a dentina por condicionamento ácido, conforme descritos abaixo:
45
Jateamento com Óxido de Alumínio:
De forma a melhorar a adesão no cerômero os cilindros foram submetidos ao
jateamento com óxido de alumínio com granulação de 50 µ, durante 5 segundos,
utilizando-se um aparelho de Micro-jato de Óxido de Alumínio, da Bio Art, regulado a
pressão de 50 libras, com ângulo de ataque de aproximadamente 45°. Posteriormente os
cilindros foram lavados em ultra-som com água destilada durante 10 minutos.
Condicionamento Ácido:
Aplicação do Ácido Fosfórico 37% sob a superfície dentinária durante
aproximadamente 15 segundos.
3.2.3.3 Aplicação do Adesivo Dentinário
Aplicação dos adesivos dentinários sob a dentina com auxílio de um pincel
(Microbrush), e fotopolimerização por 20 segundos.
3.2.3.4 Aplicação do Cimento Resinoso
Colocação do cimento resinoso com o auxílio de uma espátula (Thompson), sob a
estrutura dentinária.
3.2.3.5 União do Cerômero à Dentina
Assentamento do cilindro de cerômero, com o dispositivo guia sob o cimento
resinoso, seguido da remoção de possíveis excessos de cimento com auxílio da espátula
(Thompson). Posterior fotopolimerização por 20 segundos, 4 vezes, em 4 pontos laterais
do cilindro. Com isso forma-se cada um dos sistemas adesivo designados como grupo G1,
G2 e G3.
3.3 ENSAIO DE CISALHAMENTO
Após a confecção dos CPs os mesmos foram submetidos aos ensaios de
cisalhamento. De forma a evitar-se a aplicação de momentos indesejáveis o ponto de
46
aplicação da força foi o mais próximo possível da interface de união dentina cerômero.
Conforme pode ser visto na Figura 19.
Na Figura 20 visualiza-se o dispositivo utilizado para aplicação do carregamento.
O Item 1 corresponde ao dispositivo responsável pelo alinhamento do CP em relação ao
eixo axial da máquina, garantindo assim o perpendicularismo entre o punção (dispositivo 2
indicado pela seta vermelha) e superfície do cerômero. O Punção azul da Figura 19
corresponde ao Item 2 na Figura 20.
Figura: 19: Esquema do dispositivo esquemático do ensaio de cisalhamento.
Figura 20: Dispositivo para ensaio de cisalhamento dos corpos de prova.
1
2
47
Os ensaios foram realizados na Máquina de Ensaios Universal MTS-810 com
célula de carga com fundo de escala de 200 kgf e velocidade 0,5 mm/min (Figura 21).
A distribuição de tensões cisalhante é complexa. Segundo Beer & Johnston
3
,
1989, o cálculo para determinação da tensão (Z) cisalhante média pode ser realizado pela
Equação 01:
Figura 21: Máquina universal de ensaios mecânicos.
Eq - 01
Onde V é a força cortante vertical, I é o momento de inércia da área da secção em
relação ao eixo neutro, Q é o momento estático e t é a largura da secção horizontal.
Como o ponto de aplicação de força tangencia a superfície da dentina, despreza-se
o momento e, assim a tensão de cisalhamento média determinada no momento da falha
será chamada de limite de resistência ao cisalhamento e pode ser calculada, pela Equação
2, abaixo:
Eq - 02
Onde A é a área de secção cisalhada e P é a carga máxima suportada pela barra.
Neste trabalho a área da secção cisalhada é de 12,56 mm
2
.
)./().( tIQV
=
τ
APtIQV /)./().(
=
τ
48
3.3 CLASSIFICAÇÃO DE TIPO DE FRATURA
Após ensaios de cisalhamento os CPs foram avaliados a olho nu, e ao microscópio
óptico para caracterização do tipo de fratura.
Neste trabalho a classificação adotada para os tipos de fratura nas interfaces
dentina/adesivo dentinário e cimento/cerômero são visualizados na Figura 22. As falhas
foram classificadas em adesivas, coesivas e mistas. São classificadas como adesivas as
falhas no cimento sem comprometer a integridade do Cerômero, classificada como Ia ou
no adesivo dentinário sem comprometer a integridade da dentina classificada como Ib (Ver
Tabela 5). São classificadas como coesivas as falhas que ocorrem no material de base, no
caso dentina ou cerômero. Estas são classificadas como Tipo II quando a falha ocorre de
forma equilibrada nos dois materiais de base, no caso dentina e cerômero. Coesivas com
fratura no cerômero e coesivas com fratura na dentina classificadas respectivamente como
tipo Iia e IIb. Quando a falha ocorre de forma adesiva e coesiva para o mesmo Cp estas são
classificadas como mistas, podendo ser adesiva e coesiva na dentina ou adesiva e coesiva
no cerômero classificadas respectivamente como Tipo IIIa e IIIb. A classificação proposta
se apresenta mais abrangente que a sugerida por Tay, F.R., et al.
61
, 2006.
Figura 22: Classificação do tipo de fraturas por cisalhamento.
49
Tabela 5: Classificação dos tipos de fraturas
Tipo de falha Classificação das
Fraturas
Descrição
Adesiva
Tipo I
Tipo Ia
Tipo Ib
Distribuição equilibrada de falhas adesivas entre ambas as
interfaces, cerômero/cimento e cimento/dentina.
Predomínio de falha adesiva na interface entre cerômero e
cimento.
Predomínio de falha adesiva na interface entre adesivo e
dentina.
Coesiva
Tipo II
Tipo IIa
Tipo IIb
Distribuição equilibrada de falhas coesivas entre o cerômero e
a dentina.
Predomínio de falha coesiva no cerômero.
Predomínio de falha coesiva na dentina.
Mista Tipo IIIa
Tipo IIIb
Falhas adesiva e coesiva na dentina
Falhas adesiva e coesiva no cerômero.
50
51
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 TENSÃO DE CISALHAMENTO
Neste trabalho, foram utilizados dentes bovinos, devido à dificuldade de obtenção
de uma significativa quantidade de dentes humanos extraídos, hígidos, próprios para a
utilização. Usou-se como substrato a dentina bovina, com base nos trabalhos dos autores
36,
38, 39, 52, 53, 54, 55, 57
onde se ressalta a facilidade de aquisição destes dentes, e o controle das
propriedades dos mesmos visto que variáveis como: alimentação, idade, tempo de
extração, raça e saúde são as mesmas não devendo interferir na dispersão dos resultados.
Sendo assim, optou-se por este substrato dental bovino durante a execução dos
testes de resistência de união por meio do ensaio de cisalhamento.
Um total de 60 amostras foi submetido a ensaio de cisalhamento. Os resultados
força necessária para a fratura, limite de resistência ao cisalhamento e o tipo de fratura dos
três grupos estudados G1, G2, G3 (20 ensaios cada grupo), estão expressos na Tabela 6.
A Tabela 7 apresenta a média, mediana, desvio padrão, valores mínimo, máximo e
coeficiente de variação relativos à resistência adesiva em MPa para cada grupo
experimental.
A análise dos resultados de cisalhamento permite concluir que o grupo G1
(sistema Rely X + Single Bond) apresentou os maiores valores de Limite de resistência ao
cisalhamento tanto para os valores médios como para mínimos, máximos e mediana.
Verifica-se também que o coeficiente de variação é relativamente grande. Entretanto deve
se considerar a variabilidade destes grupos, em especial da resistência dos dentes conforme
mostrado no trabalho de Reis
52
. Por outro lado verifica-se que o coeficiente de variação é
aproximadamente igual para todos os grupos. Indicando assim um comportamento similar
em todos os grupos ensaiados. Ainda pode se dizer que a relação de resistência ao
cisalhamento média entre os grupos com base em G3 é de aproximadamente: G2 = 2,1 G3
e G1 = 3,9 G3, ou seja, a resistência ao cisalhamento do sistema G2 é 2,1 vezes maior do
que a apresentada pelo sistema G3 e a resistência do sistema G1 é 3,9 vezes maior do que a
apresentada pelo sistema G3. As diferenças encontradas entre as médias obtidas para os
três grupos são significativas. Se a análise for realizada com base nos valores mínimos
52
obtidos durante o ensaio de cisalhamento estas diferenças ficam maiores ainda (G2 = 2,5
G3 e G1 = 5,3 G3) indicando assim que a resistência à adesão do cerômero à dentina para
o grupo G1 (Rely X + Single Bond) pode ser de até 5,3 vezes superior à encontrada para o
sistema adesivo G3 (Prime Bond NT + Enforce). Clinicamente pode-se dizer que soltar
antes de quebrar o material remanescente possa ser mais interessante. Entretanto o que é
melhor: substituir a prótese, ou que a mesma não se solte?
Tabela 6: Força, Limite de Resistência ao Cisalhamento e Tipo de Fratura para os Três
Grupos.
G1 G2 G3
Rely X + Single Bond Prime Bond + EnForce Prime Bond NT+ EnForce
F (kgf)
τ (MPa)
T. Frat
.
F (kgf)
τ (MPa)
T. Frat
F (kgf)
τ (MPa)
T. Frat
1
22,7 70,9
IIb
8,9 27,8
Ib
4,7 14,7
Ia
2
61,1 190,9
IIIa
15 46,9
Ib
12,4 38,7
Ia
3
39,5 123,4
IIa
29,4 91,9
IIIb
10,7 33,4
Ia
4
43,4 135,6
IIa
17,6 55,0
Ib
8,6 26,9
Ia
5
34,6 108,1
IIb
11,2 35,0
Ib
7,3 22,8
Ia
6
18,9 59,0
IIb
17,7 55,3
Ib
5,1 15,9
Ia
7
21,2 66,2
IIb
27,3 85,3
IIb
14,7 45,9
Ia
8
28 87,5
Ia
15,3 47,8
Ib
6,5 20,3
Ia
9
47,6 148,7
IIIb
14,3 44,7
Ib
6,3 19,7
Ia
10
24,4 76,2
IIb
17,9 55,9
Ib
13,1 40,9
Ia
11
26,5 82,8
IIb
19,3 60,3
IIIa
6,3 19,7
Ia
12
27,1 84,7
Ia
16,8 52,5
Ib
9,3 29,1
IIb
13
50,3 157,1
IIIa
17 53,1
Ib
9,8 30,6
Ia
14
37,3 116,5
IIIb
17,1 53,4
Ib
3,6 11,2
Ia
15
20,4 63,7
IIb
27 84,4
IIIa
7,4 23,1
Ia
16
36,3 113,4
IIb
12 37,5
Ib
8,3 25,9
Ia
17
20,3 63,4
Ia
15,9 49,7
Ib
5,4 16,9
Ia
18
23,2 72,5
IIb
12,9 40,3
Ib
10,4 32,5
Ia
19
26,5 82,8
IIb
19,4 60,6
IIb
8,1 25,3
Ia
20
26 81,2
Ia
15 46,9
Ib
9,6 30,0
Ia
53
Tabela 7 - Limite de Resistência ao Cisalhamento: mínimo, máximo, média mediana,
Desv. Pad., intervalo de confiança e C.V.
Intervalo de
Confiança (95%)
Grupos N Mínimo Máximo Média Mediana
Desvio
Padrão
L.I. L.S.
C.V.(%)
G1 - Single Bond 20 59,0 190,9 99,2 83,8 36,4 82,2 116,3 36,7
G2 - Prime Bond 20 27,8 91,9 54,2 52,8 16,5 46,5 61,9 30,5
G3 - Prime Bond
NT 20 11,2 45,9 26,2 25,6 9,1 21,9 30,5 34,9
Intervalo de confiança (95%)
Figura 23: Limite de Resistência ao Cisalhamento Médio segundo resinas.
O comportamento das restaurações quanto ao limite de resistência ao
cisalhamento das estruturas cerômero dentina, é visualizado no diagrama esquemático, tipo
Box-Plot (Figura 24). Os valores medianos (medida de tendência central), e a faixa inter-
quartis (medida de dispersão) são apresentados.
Pela Figura 24, verifica-se que os dados dos grupos G1, G2 e G3, não apresentam
uma distribuição simétrica, pois a mediana () não ocupa uma posição eqüidistante em
relação aos quartis. O grupo G1, apresenta-se como melhor grupo, pois todas as outras
observações são inferiores. O grupo G2, apresenta-se como o grupo mediano, e o grupo
G3, apresentam-se como o pior grupo. Ou seja, apresentam os menores resultados de limite
de resistência ao cisalhamento conseqüentemente de aderência.
54
Verifica-se ainda a não sobreposição das faixas inter-quartis entre os grupos,
indicando assim uma diferença de comportamento entre a resistência ao cisalhamento.
Outro ponto importante é a maior falta de simetria apresentada pelo grupo G1 indicando
uma mudança no mecanismo de falha. Segundo a Figura 24.
Figura 24: Box-plot da variável Limite de Resistência ao Cisalhamento segundo
resinas.
TESTE NÃO-PARAMÉTRICO DE KRUSKAL-WALLIS
VARIÁVEL TENSÃO DE CISALHAMENTO
O teste não paramétrico de Kruskall-Wallis foi aplicado aos valores das áreas
adesivas obtidas para cada grupo experimental. Esta análise (Tabela 8) mostra que as
médias obtidas para cada um dos grupos estudados são estatisticamente diferentes com
confiabilidade de 99%. Ou seja, o tipo de adesivo dentinário, juntamente com o cimento
resinoso utilizados, altera o limite de resistência ao cisalhamento, ou melhor, a adesividade
do sistema adesivo.
55
Tabela 8: Teste Não-Paramétrico de Kruskal-Wallis
Resinas n
Diferença
observada
Diferença mínima
significativa p < 0,01
Single Bond 20 17,350 16,089
Prime Bond 20 34,400 16,089
Prime Bond NT 20 20,050 16,089
Segundo a Tabela 8, existe diferença estatisticamente significante entre os valores
médios dos três tipos de cimentos resinosos, a um nível de probabilidade p < 0,01, sendo
que Rely X é superior ao Prime Bond e Prime Bond é superior ao Prime Bond NT.
Tabela 09: Teste de Homogeneidade de Variâncias de Levene
Estatística G.L.1 G.L.2 Valor p
16,18973139 2 57 0,000003
Na tabela 09, estão os resultados da aplicação dos testes de Levène, que, servem
para testar a homogeneidade de variância e a normalidade dos erros aleatórios associados
aos dados experimentais de resistência adesiva.
4.2 CLASSICAÇÃO DO TIPO DE FRATURA
Com a intenção de obter subsídios para compreender o que acontece na interface
dentina/sistema adesivo/cerômero após a realização dos testes de cisalhamento, as
superfícies de fratura correspondentes foram observadas a olho nu e no estereoscópio com
aumento de até 40 vezes. As superfícies de fraturas foram classificadas conforme sugerido
na Tabela 5, e os resultados estão expressos na Tabela 06. Na Figura 25 visualiza-se a
superfície de fratura de um CP do grupo G2. A fratura ocorreu de forma adesiva, no caso a
fratura predominou na interface cimento resinoso/cerômero. Este tipo de fratura é
classificado como do Tipo Ia, ou seja, falha adesiva entre o cimento resinoso e cerômero,
conforme proposto na Tabela 05.
56
Figura 25: Ruptura adesiva Tipo Ia CP grupo G2.
Na Figura 26 visualiza-se a superfície de fratura do CP do grupo G1. Verifica-se
que a fratura ocorreu de forma Coesiva, no caso a fratura ocorreu na dentina. Este tipo de
falha é classificado como do Tipo IIb.
Figura 26: Ruptura coesiva Tipo IIb CP do grupo G1.
Na Figura 27 visualiza-se a superfície de fratura do CP do grupo G1. Verifica se
que a fratura neste caso ocorreu de forma mista, ou seja, parte da superfície de fratura se
concentrou na interface adesivo dentinário + cimento resinoso/cerômero classificada como
Tipo Ia e parte coesiva com fratura na dentina, classificada como Tipo IIb. Conforme
Tabela 5 este tipo de fratura é classificada como Tipo IIIa.
57
Figura 27: Ruptura mista Tipo IIIa, do CP grupo do G1.
Na Tabela 10 visualiza-se a freqüência de fraturas conforme a classificação
apresentada na Tabela 06.
Tabela 10: Tipos e Freqüência das Fraturas.
ADESIVAS COESIVAS MISTAS
G1 – Single Bond
4 Ia 2 IIa/10IIb 2IIIa/2IIIb
G2 – Prime Bond
15 Ib 2 IIb 2IIIa/1IIIb
G3 – Prime Bond NT
19 Ib 1 IIb 0
Na Tabela 11 visualiza-se a porcentagem de falhas por tipos.
Tabela 11: Porcentagem das Fraturas por Tipo.
ADESIVAS COESIVAS MISTAS
Single Bond 20% 60% 20%
Prime Bond 75% 10% 15%
Prime Bond NT 95% 5% 0%
A análise da Tabela 10 e 11 permitem concluir que no grupo G1 predominou a
falha coesiva, sendo que neste caso 60 % da fraturas ocorreram na dentina. De certa forma
pode se dizer que o sistema adesivo neste caso apresentou resistência ao cisalhamento
superior à resistência da dentina. Se analisarmos a porcentagem de falhas totalmente
coesivas e parcialmente coesivas (mistas) verifica-se que este número chega a 80 %. A
resistência à adesão para este sistema se mostrou excelente. Clinicamente isto pode não ser
58
tão bem visto o que é difícil de quantificar o que é melhor soltar a prótese e ter que passar
por novo tratamento (custo, tempo, eventualmente perda de material) ou se é melhor que a
falha não ocorra. Entretanto se ela ocorrer no material dentário remanescente é pior? Ainda
pode se dizer que é difícil avaliar se esta fratura não ocorreria também em um dente sadio,
ou seja, qual é a probabilidade de uma fratura ocorrer se a prótese for fixa com o sistema
empregado no Grupo 1. O Grupo G2 apresentou 25% das falhas de forma coesiva ou
mista. Neste caso a freqüência de falhas coesiva ou mista é intermediária ao encontrado
para o grupo G1 e G3. O que está de acordo com os ensaios de cisalhamento. Quanto
maior a tendência de a falha ser coesiva maior deve ser a tensão necessária para gerar a
fratura ou separação das partes dentina/cerômero.
Outro resultado importante que pode ser retirado da Tabela 11 é que para o grupo
G1 a falha adesiva é do Tipo Ia, ou seja, a falha ocorreu na interface cerômero cimento e
não na interface dentina/adesivo. Indicando assim que a adesão na dentina é muito boa ou
que ocorreu um erro de preparação da superfície do cerômero.
4.3 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)
Na Figura 28 visualiza se a microestrutura do Cerômero Sinfony. As partículas
claras são os materiais cerâmicos, no caso, composto por óxidos de Silício (Ver Tabela 3).
As partículas inorgânicas apresentam-se em diferentes tamanhos e formas com tamanho
inferior 8 μm. Visualiza-se também a presença de alguns pontos escuros, no caso poros.
Figura 28: Micrografia eletrônica de varredura do Cerômero Sinfony (3M).
Aspecto morfológico da superfície da amostra (Aumento de 2000x).
59
Os CPs foram avaliados em Microscópio Eletrônico de Varredura quanto ao
aspecto da interface antes e após ensaios de cisalhamento. Nas Figuras 29 a 30 se visualiza
o aspecto da interface antes do ensaio de cisalhamento. Em todas as micrografias temos
dentina acima, sistema adesivo ao meio e cerômero abaixo.
Por esta análise pode se concluir que as espessuras dos sistemas adesivos
mudaram conforme sistema empregado. Na Tabela 12 abaixo se visualiza os valores
médios da espessura encontrada. A maior espessura foi encontrada para o sistema Rely X
(grupo G1) e a menor espessura para o sistema Prime Bond (grupo 2). Verifica-se também
uma boa adaptação ou ainda uniformidade de espessura na amostra. A maior dispersão
encontrada para o sistema Rely X se deve a uma maior variação entre amostras do mesmo
Grupo. Acredita-se que este fator esteja associado a maior viscosidade deste sistema.
Ainda analisando as micrografias apresentadas nas Figuras 31 a 32, verifica-se
que em todos os casos o sistema adesivo penetrou pelos tubos dentinários formando uma
camada híbrida ou também conhecida interpenetração do adesivo nos túbulos dentinários
formando assim um material compósito, no caso dentina adesivo. Não se constatou
diferença significativa neste comportamento entre os Grupos estudados para a metodologia
adotada (Ver setas vermelhas). Isto é mais bem visualizado nas Figuras 33 a 35.
Tabela 12 – Espessura média do sistema adesivo
Sistema Espessura Desv. Pad.
G1 SB 27 11
G2 PB 5 1
G3 PB - NT 16 8
60
Figura 29: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo grupo G1
(3M) unida à dentina bovina e ao Cerômero Sinfony (3M). D =
dentina bovina; S = Cimento resinoso RX (3M); C = cerômero
Sinfony (3M): Aumento de 600 vezes.
Figura 30: Micrografia a eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
(Dentsply) unida à dentina bovina e ao Cerômero Sinfony (3M). D =
dentina bovina; C = Cimento resinoso EnForce (Dentsply); S =
cerômero Sinfony (3M): Aumento de 600 vezes.
D
S
C
D
C
S
61
Figura 31: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
NT (Dentsply) unida à dentina bovina e ao Cerômero Sinfony (3M). D
= dentina bovina; C = Cimento resinoso EnForce (Dentsply); S =
cerômero Sinfony (3M): Aumento de 600 vezes.
Figura 32: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo grupo G2
(Dentsply) aplicado à dentina previamente condicionada com Ácido
Fosfórico 37%. (Aumento 2500x).
D
C
S
62
Figura 33: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
(Dentsply) aplicado à dentina previamente condicionada com Ácido
Fosfórico 37%. (Aumento 2500x).
Figura 34: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
NT (Dentsply) aplicado à dentina previamente condicionada com
Ácido Fosfórico 37%. (Aumento 2500x).
Nas Figuras 35 e 36 visualiza-se as interfaces para o sistema Rely X (G1) e Prime
Bonde (G2) após ensaio de cisalhamento respectivamente. Em 36 pode-se verificar que o
63
sistema adesivo está transferindo o carregamento para a dentina, ou seja, a resistência à
adesão e visivelmente superior a resistência da dentina, conduzindo-se assim a fratura do
tipo coesiva conforme já constatado nas Tabelas 10 e 11. Neste caso a fratura foi
classificada como Coesiva Tipo IIb, e pode se visualizar propagação da linha de fratura
pelos canalículos dentinários (ver setas vermelha).
Figura 35: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Single Bond
(3M) + cimento resinoso Rely X (3M), aderido à dentina bovina e
consecutivamente aderida ao Cerômero Sinfony (3M) (Aumento de
5000x).
Na figura 36 visualiza-se a interface dentina adesivo após ensaio de cisalhamento
de um dos CPs que falharam coesivamente (Grupo 2). Neste caso verifica-se a presença de
trincas na dentina (seta vermelha), indicando assim que seu limite de resistência também
foi ultrapassado. Identifica-se também deformação plástica do adesivo dentinário. Na
figura 37 tem-se a ampliação do detalhe (quadro vermelho) indicado na figura 36. É
possível verificar extricção (formação de pescoço) e a presença de trincas transversais,
indicando-se assim que o adesivo está em processo de deformação permanente e ruptura.
Esta deformação do adesivo indica que a falha ocorreu em função do carregamento
ultrapassar o limite de resistência do sistema adesivo. A análise do tipo de fratura para este
Grupo G1 confirma está hipótese visto que predominou a fratura coesiva IIb.
64
Figura 36: Micrografia eletrônica de varredura do sistema adesivo Prime Bond
(Dentsply) + cimento resinoso EnForce (Dentsply), aderido à dentina
bovina e consecutivamente aderido ao Cerômero Sinfony (3M)
(Aumento de 600x).
Figura 37: Ampliação do Detalhe mostrado na Figura 37. Sistema adesivo Prime
Bond (Dentsply) + cimento resinoso EnForce (Dentsply), aderido à
dentina bovina e consecutivamente aderido ao Cerômero Sinfony (3M)
(Aumento de 2500x).
65
5 CONCLUSÃO
A partir da metodologia aplicada e dos resultados encontrados, podemos concluir
que:
Os adesivos dentinários associados aos seus respectivos cimentos resinosos Single
Bond + Rely X (3M) (G1), Prime Bond + EnForce (Dentsply) (G2), Prime Bond NT +
EnForce (Dentsply) (G3), comportaram-se estatisticamente diferentes entre si, sendo que o
limite de resistência ao cisalhamento dos grupos segue a seqüência G1 > G2 > G3.
No grupo G1 predominou a falha coesiva, devido à alta resistência de adesão;
A resistência ao cisalhamento para o sistema utilizado no grupo G1 foi limitada
pela resistência da dentina, isto que dizer que a dentina foi mais fraca que o grupo adesivo;
Quando à falha foi adesiva no grupo G1 esta ocorreu na interface Cimento
Cerômero, pois a adesão em dentina foi bastante efetiva.
No grupo G3 predominou a falha adesiva na interface dentina cimento,
mostrando-se um grupo de adesão muito fraco.
Todos os sistemas adesivos apresentam formação de Camada Híbrida.
O grupo G1 apresentou espessura maior em sua interface adesiva, seguidos do G3
e G2.
A viscosidade do grupo G1 apresenta-se bastante densa quando comparado aos
grupos G2 e G3.
Por meio deste estudo, pode-se dizer que o sistema adesivo em conjunto com o
cimento resinoso de maior resistência foi o Single Bond + Rely X (G1), seguido do Prime
Bond + EnForce (G2) e por fim o Prime Bond NT + EnForce (G3).
Devido a grande diferença de resultados encontrados, acreditamos que quando
usamos os mesmos materiais confeccionados por uma mesma empresa, esta força fica
maior. Por isso usamos o cerômero Sinfony da 3M, em conjunto com todo o sistema de
adesão da mesma marca.
66
67
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RESUMO:
Com o aperfeiçoamento de materiais e técnicas adesivas que promovem uma
efetiva união à estrutura dental, principalmente a dentina tem sido alvo constante de
pesquisas no campo da adesividade. O objetivo deste trabalho foi avaliar a resistência de
adesão de cerômero (Sinfony) em dentina por meio de ensaios de cisalhamento.
Levaram-se em consideração os fatores, de três tipos de adesivos dentinários e dois
tipos de cimentos resinosos. Foram selecionados 60 dentes bovinos, divididos em três
grupos G1, G2 e G3, com 20 dentes cada, limpos, hígidos, inseridos em um dispositivo
confeccionado por resina acrílica e um cilindro de PVC recortado com espessura de 1 e
2,54 centímetro de diâmetro. O esmalte foi removido por uma seqüência de lixas
previamente selecionadas e então os dentes foram conservados sob refrigeração até o
momento do seu uso. Por conseguinte, estes dentes preparados foram condicionados
com Ácido Fosfórico a 37% e aplicados os adesivos dentinários Rely X (3M), Prime
Bond (Dentsply) e Prime Bond NT (Dentsply). Em seguida cimentados com os
cimentos resinosos próprios de suas marcas de fabricação. Os corpos de prova foram
cisalhados e calculados sua tensão em MPa. Foi também avaliado o tipo de fratura
ocorrido nas peças, as quais se classificam em adesivas, coesivas e mistas. Para
avaliação estatística foram empregados métodos de Kruskal-Wallis não paramétricos,
Box-plot, Anova. A metodologia empregada permitiu ver que os valores de tensão
foram de modo decrescente em G1 > G2 > G3. Paralelamente os tipos de fratura
também foram observados, sendo que no grupo G1 prevaleceram as fraturas coesivas,
G2 igual ao G3 prevaleceram as adesivas.
PALAVRAS-CHAVE
Sistemas adesivos, cimentos resinosos; cisalhamento.
ÁREA/SUB-ÁREA DE CONHECIMENTO
Engenharia Biomédica / Biomateriais
2006
N
º
: 412
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