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MODELAGEM HIDROLÓGICA CHUVA-VAZÃO E HIDRODINÂMICA
APLICADA NA BACIA EXPERIMENTAL DO RIO PIABANHA/RJ
Rodrigo Furtado Lou
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
Civil.
Orientador(es): Otto Corrêa Rotunno Filho
Marcelo Gomes Miguez
Rio de Janeiro
Abril de 2010
COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ
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MODELAGEM HIDROLÓGICA CHUVA-VAZÃO E HIDRODINÂMICA
APLICADA NA BACIA EXPERIMENTAL DO RIO PIABANHA/RJ
Rodrigo Furtado Lou
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.
Examidada por:
_______________________________________________
Prof. Otto Corrêa Rotunno Filho, Ph. D.
_______________________________________________
Prof. Marcelo Gomes Miguez, D. Sc.
_______________________________________________
Prof. André de Souza Avelar, D. Sc.
_______________________________________________
Prof. Jorge Alves Henrique Prodanoff, D. Sc.
_____________________________________________
Prof. José Paulo Soares de Azevedo, Ph. D.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
ABRIL DE 2010
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iii
Lou, Rodrigo Furtado
Modelagem Hidrológica Chuva-vazão e Hidrodinâmica
Aplicada na Bacia Experimental do Rio Piabanha/RJ/Rodrigo
Furtado Lou Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.
XIV, 174p.: il.; 29,7 cm.
000Orientadores: Otto Corrêa Rotunno Filho
Marcelo Gomes Miguez
Dissertação (mestrado) UFRJ/COPPE/Programa de
Engenharia Civil, 2010.
00 Referências Bibliográficas: p. 154-164.
1. Modelagem hidrológica. 2. MODCEL. 3. Balanço
hídrico. 4. Eventos extremos. 5. Bacia do rio Piabanha-RJ I.
Rotunno Filho, Otto Corrêa. et al. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III.
Título.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
MODELAGEM HIDROLÓGICA CHUVA-VAZÃO E HIDRODINÂMICA
APLICADA NA BACIA EXPERIMENTAL DO RIO PIABANHA/RJ
Rodrigo Furtado Lou
Abril/2010
Orientadores: Otto Corrêa RotunnoFilho
Marcelo Gomes Miguez
Programa: Engenharia Civil
O desempenho de diversos modelos hidrológicos determinísticos do tipo chuva-
vazão depende da seleção criteriosa da estrutura do modelo e dos parâmetros adotados
na modelagem, respeitada a finalidade e adequada representação dos processos
componentes do ciclo hidrológico e das características físicas da bacia em estudo. Este
trabalho utiliza o modelo denominado MODCEL-COPPE/UFRJ na simulação do
escoamento na sub-bacia de Pedro do Rio, localizada na bacia hidrográfica do rio
Piabanha, no município de Petrópolis/RJ, onde se desenvolvem estudos em bacias
experimentais com a participação da COPPE/UFRJ e da CPRM, entre outros organismos
estaduais e federais. Avaliaram-se comparativamente seus resultados com dados reais
observados e com os obtidos pelos modelos hidrológicos SMAP e TOPMODEL. Essa
primeira análise auxiliou na calibração do modelo para que assim fosse possível
conduzir um estudo exitoso com objetivo de analisar e diagnosticar zonas de inundações
na bacia hidrográfica da cidade de Petrópolis, sub-bacia do rio Piabanha.
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
RAINFALL-RUNOFF HYDROLOGICAL AND HYDRODINAMICAL
MODELLING APPLIED AT THE PIABANHA-RJ WATERSHED
Rodrigo Furtado Lou
April/2010
Advisors: Otto Corrêa Rotunno Filho
Marcelo Gomes Miguez
Department: Civil Engineering
The performance of various rainfall-runoff models depends on the careful
selection of the model structure and corresponding parameters adopted in the modeling
procedure, respecting the purpose and proper representation of the component processes
of the hydrological cycle and physical characteristics of the basin under study. This
work uses the model named MODCEL-COPPE/UFRJ to simulate the flow in the
Pedro do Rio river watershed, located in the river basin Piabanha in the municipality of
Petrópolis / RJ, in which studies are being developed on experimental basins with the
participation of COPPE / UFRJ and CPRM, among other state and federal
institutions. The results were then compared to actual observed data and to the output
produced by SMAP and TOPMODEL rainfall-runoff models.This first analysis
helped to calibrate the model so that it was possible to perform a successful study to
analyze and to identify flooding areas in the catchment area of the city of Petropolis at
the Piabanha river watershed.
vi
AGRADECIMENTOS
Esta dissertação é fruto do esforço de um grupo diversificado de pessoas com as quais
tive o imenso prazer de conviver, compartilhando experiências pessoais e profissionais
nos últimos três anos. Todos, de alguma forma, colaboraram em diferentes etapas do
trabalho, ensinando-me e introduzindo novos conceitos, processando dados, lendo e
fazendo sugestões, cuidando, também, dos aspectos buracrático-administrativos.
Em especial, gostaria de agradecer algumas pessoas e instituições.
Aos meus orientadores, Marcelo Gomes Miguez e Otto Corrêa Rotunno Filho, por me
propiciarem a oportunidade de conhecer o universo fascinante da modelagem
hidráulico-hidrológica, com orientação no trabalho e conselhos diversos para a vida
profissional.
Ao Professor Paulo Canedo de Magalhães, que gerou condições de minha inserção em
projeto desenvolvido no âmbito do Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente,
que permitiu melhor compreender a importância da temática abordada nesta dissertação.
À COPPE/UFRJ, seus professores, pesquisadores e funcionários, pela oportunidade de
estudos, utilização de suas instalações e pela atenção dispensada.
À CPRM, com seus funcionários, em especial ao técnico em hidrometria Francisco
Eugênio Dias, que me acolheram com total apoio em suas instalações, pelo incentivo e
pelas sugestões muito proveitosas; sou-lhes muito grato.
Não poderia também deixar de registrar minha gratidão ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, com destaque adicional para o
projeto MCT/FINEP/CT-HIDRO - Bacias Representativas 04/2005, relativo à
implantação e a estudos em bacias experimentais com ênfase na região serrana do Rio
de Janeiro (bacia hidrográfica do rio Piabanha), envolvendo várias instituições do estado
do Rio de Janeiro, e para o projeto CTHIDRO 037/2006 CNPq Curso de Extensão em
Hidrometria, pelo suporte financeiro, pela bolsa de estudos concedida e pelo
conhecimento proporcionado para o desenvolvimento desta pesquisa.
Aos colegas e amigos Rodrigo Costa Gonçalves, Mateus de Sousa, Oswaldo Rezende,
Valdemar Sibia, Melissa de Carvalho, Paulo Marcelo Lambert Gomes, Paulo Carneiro,
vii
José Gago, Evaristo Pedras e Fernanda Thomaz, Fernando Mesquita, Jairo Azeredo e
Valéria Almeida por compartilharem generosamente comigo os desafios e os
conhecimentos decorrentes do desenvolvimento de uma dissertação e pelos agradáveis
momentos juntos no Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Programa
de Engenharia Civil da COPPE/UFRJ.
Um agradecimento muito especial aos meus queridos pais, Lúcia Helena Furtado Lou e
Wellington Coimbra Lou, a minha irmã, Ana Paula Furtado Lou e ao meu irmão, Carlos
Eduardo Furtado Lou, pelo apoio, carinho e alegria que me transmitiram e que não me
deixaram desanimar diante dos momentos de dificuldade. A eles, dedico a realização
desta dissertação.
viii
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1.1. Contextualização .................................................................................................. 1
1.2. Objetivos ............................................................................................................... 4
1.2.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 4
1.2.2. Objetivos Específicos ....................................................................................... 4
1.3. Escopo da Dissertação .......................................................................................... 5
2. ENCHENTES URBANAS ....................................................................................... 6
2.1. Introdução ............................................................................................................. 6
2.2. Ciclo Hidrológico, Aspectos Históricos e Hidrologia Urbana. .......................... 10
2.3. Causas, Impactos e Prejuízos das Inundações .................................................... 15
2.4. Medidas de Combate as Enchentes .................................................................... 20
2.4.1. Medidas estruturais ......................................................................................... 21
2.4.2. Medidas não-estruturais .................................................................................. 30
2.5. Importância das Informações Hidrometeorológicas, Modelagem Hidrológica e
Prevenção das Cheias. .................................................................................................... 37
3. MODELAÇÃO MATEMÁTICA NO COMBATE ÀS ENCHENTES ................. 44
3.1. Modelos Hidrológicos ........................................................................................ 44
3.1.1. Estrutura dos modelos Hidrológicos............................................................... 44
3.1.2. Desenvolvimento dos modelos ....................................................................... 49
3.1.3. O uso dos modelos hidrológicos ..................................................................... 55
3.1.4. Modelos Distribuídos por sub-bacias. ............................................................ 56
3.2. Modelos Hidrodinâmicos ................................................................................... 59
3.2.1. Análise de diferentes modelos matemáticos de escoamento unidimensional 59
3.2.2. Aproximação Para Escoamento Bidimensional ............................................. 64
3.2.3. Histórico do Modelo de Células de Escoamento ............................................ 66
3.2.4. Modelo de Células de Escoamento MODCEL ............................................ 68
3.2.5. Fontes de erros e incertezas ............................................................................ 69
4. BACIA DO RIO PIABANHA ............................................................................... 72
4.1. Contextualização ................................................................................................ 72
4.2. Localização e caracterização da bacia ................................................................ 72
4.2.1. Fisiografia ....................................................................................................... 74
4.2.2. Uso do solo e ocupação da bacia .................................................................... 75
4.2.3. Clima e regime pluviométrico ........................................................................ 78
ix
4.2.4. Caracterização do regime hidrológico ............................................................ 79
4.3. Históricos e antecedentes eventos chuvosos na região do rio Piabanha e
adjacências. ..................................................................................................................... 81
4.4. Histórico do projeto da bacia experimental da região serrana do estado do Rio 84
4.5. Monitoramento da Bacia de Estudo.................................................................... 84
4.6. Dados utilizados ................................................................................................. 88
4.6.1. Dados fisiográficos ......................................................................................... 88
4.6.2. Mapeamento da cobertura do solo .................................................................. 97
4.6.3. Dados Pluviométricos ..................................................................................... 98
4.6.4. Preparação dos dados pluviométricos........................................................... 100
4.6.5. Dados de Vazão Período de 1998 a 2004 .................................................. 101
5. ESTUDO DE CASO E METODOLOGIA APLICADA ..................................... 103
5.1. Caracterização topográfica através do modelo digital de terreno (MDT). ....... 103
5.2. Aplicação da Modelagem Hidrodinâmica MODCEL ................................... 104
5.2.1. Primeiro Modelo Modelo Principal do Rio Piabanha (Bacia Pedro do Rio)...
...................................................................................................................... 105
5.2.2. Segundo Modelo Modelo Secundário do Rio Piabanha (Sub- bacia
Petrópolis) ................................................................................................................. 130
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 148
6.1. Conclusões ........................................................................................................ 148
6.2. Recomendações ................................................................................................ 151
6.2.1. Quanto ao modelo ......................................................................................... 151
6.2.2. Quanto à situação na bacia de Petrópolis ..................................................... 152
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 154
ANEXO A .................................................................................................................... 165
x
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 Cenário A, sem urbanização.(TUCCI, 2005). ............................................. 14
Figura 2.2 Cenário B, urbanizado - Alterações nos volumes de balanço hídrico natural
e urbano devido à precipitação (valores apenas indicativos), (modificado de OECD,
1986). .............................................................................................................................. 14
Figura 2.3 - Gráfico de evolução dos desastres naturais (ISDR, 2005). ........................ 16
Figura 2.4 Processo de impactos da urbanização (SUDERSHA, 2002). .................... 19
Figura 2.5 Ilustração esquemática dos conceitos de canalização e reservação
(CANHOLI, 2005). ........................................................................................................ 22
Figura 2.6 Bacia de Retenção. (Fonte: The Journal for Surface Water Quality
Professionals Stormwater.) ............................................................................................. 23
Figura 2.7 Perfil esquemático das bacias de detenção e retenção (CANHOLI, 2005).24
Figura 2.8 - Bacia de detenção com fins esportivos, Porto Alegre/RS (TUCCI, 2005). 24
Figura 2.9 Antes da construção do dique. ................................................................... 27
Figura 2.10 Após a construção do dique. .................................................................... 27
Figura 2.11 Evolução da utilização de obras de detenção em centros urbanos
(Adaptada de WALESH, 1989; e ESEPA, 1999). .......................................................... 30
Figura 2.12 Exemplos de soluções adotadas em construções a prova de enchentes
(LIMA, 2003). ................................................................................................................ 32
Figura 2.13 Etapas do sistema de previsões e alerta de cheias. Fonte: (TUCCI, 2005)
........................................................................................................................................ 33
Figura 2.14 Zoneamento de áreas de inundação.......................................................... 35
Figura 2.15 Seqüência lógica a ser seguida na implementação de medidas para a
redução de perdas. Fonte : Rodrigues ET AL ..(1997). .................................................. 41
Figura 2.16 Fluxograma do papel da Hidrologia na prevenção e mitigação dos
desastres. Fonte: TUCCI (2005) ..................................................................................... 43
Figura 3.1 Fluxograma dos modelos hidrológicos. Fonte: TUCCI (2005) ................. 47
Figura 3.2 Caracterização da sub-bacia e o trecho de rio. ........................................... 48
Figura 3.6 Esquema de conexão entre células. Fonte: ZANOBETTI et al. (1968, 1970)
referido em CUNGE HOLLY e VERWEY (1980). ....................................................... 65
Figura 4.1 Região hidrográfica Atlântico Sudeste (Fonte: site da ANA). ................... 73
Figura 4.2 Localização da bacia do rio Piabanha e seus principais rios (Fonte:
Caderno de Ações Bacia do rio Piabanha). .................................................................... 74
xi
Figura 4.3 Agricultura irrigada, bacia do rio Bonfim caracterizada como agrícola. ... 77
Figura 4.4 Urbanização da cidade de Petrópolis que caracteriza parte da bacia como
urbana. ............................................................................................................................ 77
Figura 4.5 Reserva Biológica Araras localizada na bacia do rio Araras, caracterizando
parte da bacia como Mata. .............................................................................................. 77
Figura 4.6 Gráfico de totais de precipitação mensal da região de Petrópolis/RJ ........ 79
Figura 4.7 Gráfico de totais de precipitação mensal da região de Pedro do Rio/RJ ... 79
Figura 4.8 Gráfico de totais de precipitação mensal da região de Areal/RJ ................ 79
Figura 4.9 Gráfico de vazões médias mensais do rio Piabanha no posto de Pedro do
Rio (1931-1999). ............................................................................................................ 80
Figura 4.10 Petrópolis 1966 ........................................................................................ 83
Figura 4.11 Petrópolis 1967 ......................................................................................... 83
Figura 4.12 Petrópolis 1966 ........................................................................................ 83
Figura 4.13 Petrópolis 1988 ........................................................................................ 83
Figura 4.14 Localização dos postos fluviométricos Moura Brasil e Pedro do Rio. .... 85
Figura 4.15 Réguas da seção de Moura Brasil. ........................................................... 86
Figura 4.16 Réguas da seção de Pedro do Rio. ........................................................... 86
Figura 4.17 Localização de postos pluviométricos na bacia do rio Piabanha. ............ 87
Figura 4.18 MDT Bacia do rio Piabanha resolução 20x20m. ............................... 88
Figura 4.19 MDT Sub-bacia Pedro do Rio (sub-bacia do rio Piabanha) resolução
20 x 20m. ........................................................................................................................ 88
Figura 4.20 Perfil do maior talvegue - Pedro do Rio................................................... 89
Figura 4.21 Perfil do talvegue do Piabanha inserido na bacia da cidade de Petrópolis.
........................................................................................................................................ 89
Figura 4.22 Perfil do talvegue do rio Quitandinha. ..................................................... 90
Figura 4.23 Bacia Pedro do Rio - Localização dos pontos onde foram realizados o
levantamento Topobatimétrico. ...................................................................................... 91
Figura 4.24 - Ponto 1, seção Pedro do Rio. (Data: maio de 2009). ................................ 92
Figura 4.25 - Ponto 2, seção na confluência com o rio Santo Antônio. (Data: maio de
2009). .............................................................................................................................. 92
Figura 4.26 - Ponto 3, seção localizada dentro do Parque Municipal de Itaipava. (Data:
maio de 2009). ................................................................................................................ 93
Figura 4.27 Ponto 4, seção localizada próxima à Praça de Nogueira. (Data: maio de
2009). .............................................................................................................................. 93
xii
Figura 4.28 Ponto 5, seção do rio Itamarati. (Data: maio de 2009) ............................ 94
Figura 4.34 Ponto 1, vista para jusante. ....................................................................... 95
Figura 4.35 Ponto 1, vista para montante. ................................................................... 95
Figura 4.36 Ponto 2, confluência do Piabanha com Santo Antônio. ........................... 95
Figura 4.37 Ponto 2, vista da seção levantada. ............................................................ 95
Figura 4.38 Ponto 3, réguas de medição de nível no Parque Municipal. .................... 95
Figura 4.39 Ponto 3, vista seção levantada no Parque Municipal. .............................. 95
Figura 4.40 Ponto 4, vista de jusante do trecho em Nogueira. .................................... 96
Figura 4.41 Ponto 4, vista de montante do trecho em Nogueira ................................. 96
Figura 4.42 Ponto 5, vista de montante do trecho do rio Itamarati. ............................ 96
Figura 4.43 Ponto 5, vista de jusante do trecho do rio Itamarati. ................................ 96
Figura 4.44 Mapa de curvas-número CN do SCS (U. S. Soil Conservation Service) da
sub-bacia Pedro do Rio (Fonte: MOREIRA et al., 2007). ............................................. 97
Figura 4.45 Gráfico de precipitação mensal da média dos anos de 1998 a 2004. ....... 98
Figura 4.46 Gráfico de distribuição da chuva de projeto para TR(20anos) ................ 99
Figura 4.47 Áreas de influência dos postos pluviométricos método de Thiessen. . 100
Figura 4.48 Precipitação média mensal de 1998 a 2004, calculada pelo método de
Thiessen. ....................................................................................................................... 100
Figura 4.49 Comparação das séries de precipitação promediadas pelo método de
Thiessen bacias Pedro do Rio e Moura Brasil ano de 2002. .................................. 101
Figura 4.50 Fluviograma do posto de Pedro do Rio 1998 a 2005. ......................... 102
Figura 4.51 Fluviograma do posto de Moura Brasil 1998 a 2005. ......................... 102
Figura 5.1 Ilustração da bacia Pedro do Rio e da sua sub-bacia de Petrópolis. ....... 104
Figura 5.2 Ilustração das classificações das células da Bacia de Pedro do Rio
(modelo principal do rio Piabanha). ............................................................................. 107
Figura 5.3 Divisão das células da bacia Pedro do Rio. Em destaque, de vermelho, está
a sub-bacia da cidade de Petrópolis modelada separadamente. .................................... 107
Figura 5.4 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da estação de Rio da
Cidade com as respectivas estações referenciadas por meio do método da curva de dupla
massa. ........................................................................................................................... 111
Figura 5.5 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da estação Itamarati
com as respectivas estações referenciadas por meio do método da curva de dupla massa.
...................................................................................................................................... 112
xiii
Figura 5.6 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da Estação Petrópolis
com as respectivas Estações Referenciadas, através do Método da Curva de Dupla
Massa. ........................................................................................................................... 113
Figura 5.7 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da estação Pedro do
Rio com as respectivas estações referenciadas por meio do método da curva de dupla
massa. ........................................................................................................................... 114
Figura 5.8 Polígono de Thiessen empregado na delimitação das áreas de influências
dos postos pluviométricos. ........................................................................................... 116
Figura 5.9 Esquema topológico associado à divisão em células da bacia Pedro do Rio
para o modelo principal do rio Piabanha. ..................................................................... 117
Figura 5.10 Hidrograma com as vazões calculadas e observadas no período de
calibração do ano de 1998 MODCEL. ...................................................................... 121
Figura 5.11 Dispersão das vazões calculadas e observadas no período de calibração,
ano de 1998 MODCEL .............................................................................................. 122
Figura 5.12 Distribuição temporal dos resíduos do período de calibração, ano de 1998
MODCEL. ................................................................................................................. 122
Figura 5.13 Hidrograma do período de validação, ano (1999) ................................. 123
Figura 5.14 Dispersão das vazões calculadas e observadas no período de calibração,
ano de 1999 MODCEL .............................................................................................. 124
Figura 5.15 Distribuição temporal dos resíduos do período de calibração, ano de 1999
MODCEL. ................................................................................................................. 124
Figura 5.16 Hidrograma do período de validação, ano (2000). ................................ 125
Figura 5.17 Dispersão das vazões calculadas e observadas no período de calibração,
ano de 2000 MODCEL. ............................................................................................. 126
Figura 5.18 Distribuição temporal dos resíduos do período de calibração, ano de 2000
MODCEL. ................................................................................................................. 126
Figura 5.19 Hidrograma de comparação entre a série observada, as séries calculadas
pelo MODCEL e pelo TOPMODEL, ano 2002. .......................................................... 128
Figura 5.20 Hidrograma de comparação entre a série observada, as séries calculadas
pelo MODCEL e pelo TOPMODEL, ano 2002. .......................................................... 129
Figura 5.21 Ilustração da classificação das células da bacia hidrográfica da cidade de
Petrópolis (modelo secundário do rio Piabanha). ...................................................... 131
Figura 5.22 Divisão das células do modelo secundário do rio Piabanha na sub-bacia de
Petrópolis detalhamento do trecho do rio Piabanha e do rio Quitandinha. ............... 131
xiv
Figura 5.23 Distribuição da chuva de projeto para o trecho rio Piabanha (Petrópolis).
...................................................................................................................................... 135
Figura 5.24 Distribuição da chuva de projeto para o rio Quitandinha. ..................... 137
Figura 5.25 Esquema topológico associado a divisão em células do trecho do rio
Piabanha e seu afluente Rio Quitandinha - modelo secundário do rio Piabanha. ........ 138
Figura 5.26 Perfil do trecho médio do rio Piabanha onde ocorrem pontos de
inundações. ................................................................................................................... 139
Figura 5.27 Perfil do trecho jusante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos de
inundações. ................................................................................................................... 140
Figura 5.28 Perfil do trecho montante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos de
inundações. ................................................................................................................... 140
Figura 5.29 Perfil do trecho médio do rio Piabanha onde ocorrem pontos de
inundações .................................................................................................................... 141
Figura 5.30 Perfil do trecho jusante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos de
inundações. ................................................................................................................... 142
Figura 5.31 Perfil do trecho montante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos de
inundações. ................................................................................................................... 142
Figura 5.32 - Mancha de Inundação no trecho médio do rio Piabanha na sua confluência
com o rio Quitandinha. ................................................................................................. 144
Figura 5.33 Mancha de inundação no trecho Montante do rio Quitandinha. ............ 145
Figura 5.34 - Mancha de inundação no trecho médio do rio Piabanha na sua confluência
com o rio Qitandinha. (Fonte: RELATÓRIO DE CONSOLIDAÇÃO - SUB-REGIÃO B
- MPO/SEPURB/PQA-ABC-PNUD - UFRJ/COPPE). ............................................... 146
Figura 5.35 - Mancha de inundação no trecho montante do rio Quitandinha. (Fonte:
RELATÓRIO DE CONSOLIDAÇÃO - SUB-REGIÃO B - MPO/SEPURB/PQA-ABC-
PNUD - UFRJ/COPPE). ............................................................................................... 147
Figura 6.1 Esquema de funcionamento da célula subterrânea no MODCEL ............ 151
xv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 Evolução dos métodos de análise de cheias (Fonte: ROSSI, 1992). ........... 8
Tabela 2.2 Proporção (%) de impactos devido a inundações, ondas e tormentas em
comparação ao total de desastres naturais no período 1994-2003 (ISDR, 2005). .......... 17
Tabela 2.3 Perdas dos Grandes desastres (Hoff et al, 2003). ...................................... 17
Tabela 2.4 Características das faixas de inundação( TUCCI, 2005). .......................... 34
Tabela 3.1 Principais Fontes de Incertezas em Simulações com Modelos Hidrológicos:
........................................................................................................................................ 71
Tabela 4.1 Características das precipitação e vazão médias das sub-bacias do rio
Piabanha. ........................................................................................................................ 80
Tabela 4.2 Características das vazões máximas e mínimas nas sub-bacias do rio
Piabanha. ........................................................................................................................ 81
Tabela 4.3 Tabela de registros de ocorrência de grandes enchentes em Petrópolis. ... 82
Tabela 4.4 Estações Fluviométricas na bacia do rio Piabanha. ................................... 85
Tabela 4.5 Estações pluviométricas que monitoram a bacia do rio Piabanha. ............ 87
Tabela 4.6 Curvas-mero e áreas correspondentes................................................... 97
Tabela 4.7 - Dados e Cálculo da Chuva de Projeto para um TR de 20 anos. ................ 99
Tabela 5.1 Quadro de classificação das células da modelagem da bacia Pedro do Rio
(modelo principal do rio Piabanha). ............................................................................. 106
Tabela 5.2 Relação dos dados pluviométricos da estação de rio da Cidade com as
estações referenciadas................................................................................................... 110
Tabela 5.3 Relação dos dados pluviométricos da estação Itamarati com as estações
Referenciadas................................................................................................................ 111
Tabela 5.4 Relação dos dados pluviométricos da estação Petrópolis com as estações
referenciadas. ................................................................................................................ 112
Tabela 5.5 Relação dos dados pluviométricos da Estação Pedro do Rio com as
Estações Referenciadas................................................................................................. 113
Tabela 5.6 Parâmetros de separação da chuva efetiva na área modelada por célula. 114
Tabela 5.7 Índices de ajuste. ...................................................................................... 118
Tabela 5.8 Resultados dos índices de ajuste para as séries calculadas pelo MODCEL
Ano de 1998. ............................................................................................................. 123
Tabela 5.9 Resultados dos índices de ajuste para as séries calculadas pelo MODCEL
Ano de 1999. ................................................................................................................ 125
xvi
Tabela 5.10 Resultados dos índices de ajuste para as séries calculadas pelo MODCEL
ano de 2000. ............................................................................................................... 127
Tabela 5.11 Análise comparativa entre os modelos segundo os índices de ajuste, ano
de 2002. ........................................................................................................................ 129
Tabela 5.12 Quadro com a classificação das células para os dois rios principais da
bacia hidrográfica da cidade de Petrópolis (modelo secundário do rio Piabanha). ...... 130
Tabela 5.13 Fórmulas dos diferentes cálculos para o tempo de concentração. Fonte:
PITTHAN (1973). ........................................................................................................ 133
Tabela 5.14 Dados para o cálculo o tempo de concentração e de seus respectivos
resultados. ..................................................................................................................... 134
Tabela 5.15 Localização da estação pluviométrica estudada. ................................... 135
Tabela 5.16 Dados e cálculo da chuva de projeto. .................................................... 135
Tabela 5.17 Dados e Cálculos da Chuva de Projeto. ................................................. 136
1
1. Introdução
1.1. Contextualização
O problema de cheias em áreas urbanas vem crescendo em proporções e afeta
significativamente as grandes cidades, especialmente onde o desenvolvimento urbano
não ocorreu de forma planejada ou controlada. Em países em desenvolvimento, nem
sempre os recursos necessários à implantação da infra-estrutura demandada estão
disponíveis. Muitas vezes, torna-se necessário otimizar intervenções e escaloná-las no
tempo, conforme a capacidade de investimento. Em outras vezes, a combinação de
efeitos de um certo conjunto de medidas pode produzir um efeito sinérgico e
potencializar resultados. O contrário, porém, pode também ocorrer: medidas cujos
efeitos se superpõem podem não se justificar, com a perda da eficiência combinada
(MIGUEZ et al., 2009). CANHOLI (2005) afirma que o gerenciamento da drenagem
urbana recai fundamentalmente em um problema de alocação de espaços para a
destinação das águas precipitadas, uma vez que a urbanização reduz o espaço outrora
destinado ao armazenamento natural, que era propiciado pelas áreas permeáveis,
várzeas e mesmo nos próprios talvegues naturais. Quando as enchentes se estabelecem
de forma recorrente em uma bacia, além do problema de alocação de espaço, a
combinação dos efeitos no tempo passa a ser crítica. São necessárias soluções de cunho
sistêmico, adotando a bacia como unidade de planejamento e projeto integrado, o que
requer ferramentas computacionais de apoio à decisão e ao desenho de soluções efetivas
e, sempre que possível, de caráter sustentável.
Nesse contexto, a modelação matemática surge como importante ferramenta de apoio à
decisão, por sua capacidade de fornecer respostas sistêmicas para cenários diversos, em
um exercício de predição e antecipação de efeitos resultantes de possíveis medidas de
projeto.
O espectro de modelos disponíveis é amplo. Existem possibilidades diferentes de
concepção, e os modelos, de uma forma geral, dividem-se em dois grandes grupos, com
abordagens que se complementam na avaliação do comportamento hidráulico-
hidrológico de uma bacia hidrográfica. O primeiro grupo abrange os modelos
hidrológicos, que enfocam a representação das parcelas do ciclo hidrológico na escala
da bacia, permitindo a correspondente simulação ou geração de vazões. Quando a bacia
2
é tomada em termos médios, esses modelos são ditos concentrados. Quando a
diversidade espacial é considerada, estes modelos são chamados distribuídos. No
segundo grupo, têm-se os modelos de escoamento, denominados mais especificamente,
de hidrodinâmicos e respondem, principalmente, pelos escoamentos superficiais e na
rede de canais. Em outras palavras, adotam, como referencial, a calha do rio,
explorando, então, a interação dos processos que ocorrem nessa escala com os
potenciais desdobramentos e impactos na escala da bacia hidrográfica.
No projeto de um sistema de drenagem ou de medidas de controle de cheias, em geral,
os modelos hidrológicos são utilizados para a definição de uma vazão máxima de
projeto, que será utilizada para o cálculo de seções hidráulicas ou de um hidrograma de
projeto, afluente a uma estrutura de reservação. O método racional, por exemplo, é um
dos mais simples e mais utilizados métodos de transformação de chuva em vazão e, em
geral, funciona bem para bacias pequenas.
Quando uma bacia urbanizada e com sistema de drenagem implantado sofre com
enchentes, revela-se necessário um diagnóstico mais apurado, antes de se propor
soluções de projeto complementares. Nesse caso, a modelagem hidrodinâmica torna-se
importante para a combinação dos efeitos no espaço e no tempo.
O uso combinado de modelos hidrológicos e modelos hidrodinâmicos é desejável. Uma
abordagem que ainda necessita ser mais enfatizada, com potencial bastante elevado de
aplicação exitosa, refere-se aos modelos aqui chamados híbridos, que combinam
características de modelagem hidrológica distribuída e hidrodinâmica, prisma
metodológico adotado nesta dissertação.
Bacias urbanas de pequeno porte, muito freqüentemente encontradas mesmo em
grandes cidades, são responsáveis por vários problemas, em função de suas respostas
rápidas às chuvas intensas e à pequena capacidade de condutância de seus canais.
Nessas bacias, em geral, a definição dos escoamentos superficiais, resultantes das
chuvas de projeto consideradas, recai grandemente nos processos de abstração e
infiltração, devido à escala de tempo envolvida. Nesse caso, os processos superficiais
são preponderantes e mesmo modelos hidrológicos simplificados são úteis na separação
da chuva efetiva.
3
Quando grandes rios, de bacias importantes, significativamente maiores que as cidades
nelas contidas, sofrem com cheias, a simulação desses fenômenos podem demandar
modelos hidrológicos mais completos, onde diferentes parcelas do ciclo hidrológico têm
importância. Se esses rios maiores não são os causadores diretos das inundações
urbanas, muitas vezes acabam sendo responsáveis pela definição de condições de
restrição para a descarga de seus afluentes, que podem cortar as áreas urbanas. Nesse
segundo caso, pode ser suficiente, para fins de projeto da rede principal de drenagem, a
definição do nível de água de restrição do rio principal, por meio de um modelo
hidrológico, para o posterior cálculo de um perfil de remanso, no sentido de montante
do afluente, a partir das vazões de projeto calculadas para esse tributário, também pela
aplicação de um modelo hidrológico. Em casos de diagnóstico de cheias, mais uma vez,
torna-se necessário dispor de modelos hidrodinâmicos.
O modelo MODCEl, desenvolvido na COPPE/UFRJ (MIGUEZ, 2001), pode ser
considerado um modelo hidrodinâmico, com forte base hidráulica, mas capaz de realizar
o processo de transformação de chuva em vazão, pela aplicação distribuída de modelos
hidrológicos simples. A bacia é dividida em células de escoamento, que são pequenos
compartimentos homogêneos, que, juntos, integrarão a área da bacia. Em linhas gerais,
é um modelo hidrodinâmico com feições de modelo hidrológico distribuído,
representativo do espaço bidimensional, simulando os escoamentos superficiais de
forma integrada com a rede de drenagem, mesmo aquela subterrânea, utilizando
diversas leis hidráulicas unidimensionais, configurando o que se convenciona chamar de
modelo quase 2D ou pseudo 2D. Em uma interpretação mais livre, a integração dos
escoamentos superficiais, no plano da bacia urbanizada, com os escoamentos das
galerias subterrâneas, permitindo uma ligação vertical entre esses escoamentos, permite
configurar, na verdade, uma rede pseudo 3D (MASCARENHAS et al., 2005). A
representação hidrológica, consistente com a vocação original do modelo, para
representação de cheias urbanas, tem foco nos processos hidrológicos superficiais e é
bastante simples, podendo utilizar o método racional ou a combinação de um
reservatório de abstração com a consideração de uma taxa de infiltração básica.
No contexto da utilização do MODCEL e da avaliação de sua potencialidade em uma
bacia de maior porte, que afeta a condição de cheias e alagamentos em uma cidade, é
que se desenvolve esta dissertação.
4
O caso de estudo tomado como base para as discussões aqui desenvolvidas recai na
bacia do rio Piabanha, bacia esta instrumentada e objeto principal do projeto de pesquisa
científico EIBEX Estudos Integrados de Bacias Experimentais, com desenvolvimento
no âmbito do MCT/FINEP/CT-HIDRO - Bacias Representativas 04/2005, relativo à
implantação e a estudos em bacias especialmente monitoradas com ênfase na região
serrana do Rio de Janeiro, envolvendo diversas instituições, conforme relatado em
COPPETEC (2007). Essa bacia será estudada sob o ponto de vista de seu
funcionamento global, para, posteriormente, se particularizar a observação da bacia
hidrográfica da cidade de Petrópolis, cujo curso principal, o rio Piabanha, e seu maior
afluente, o rio Quitandinha, são responsáveis por alagamentos na cidade.
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral
Avaliar as condições de funcionamento do MODCEL mediante distintas simulações
com diversos cenários sob o ponto de vista da modelagem hidrológica. A partir dos
resultados obtidos para uma bacia de grande porte, pretende-se usar um recorte dessa
bacia para observação do problema de cheia urbana em escala local, fechando esse
modelo menor com condições de contorno oriundas das simulações da bacia completa.
1.2.2. Objetivos Específicos
modelar a bacia do rio Piabanha com o MODCEL, identificando
dificuldades e potencialidades associadas à concepção desse modelo na
simulação de anos hidrológicos completos;
comparar os resultados do MODCEL, para a bacia do rio Piabanha, com
os resultados anteriormente obtidos com o uso do SMAP, modelo
hidrológico concentrado, e do TOPMODEL, modelo hidrológico
distribuído;
delimitar a sub-bacia hidrográfica da cidade de Petrópolis, modelando-a
com o MODCEL;
realizar um diagnóstico de cheias para a cidade de Petrópolis.
5
1.3. Escopo da Dissertação
Esta dissertação, além deste capítulo introdutório, conta com outros cinco capítulos. O
Capítulo dois apresenta um panorama geral dos processos físicos que originam as
enchentes urbanas, incluindo suas causas, impactos e prejuízos. Complementando o
capítulo, estão colocadas as medidas de combate às cheias conjuntamente com a
importância das informações hidrometeorológicas, da modelagem matemática e da
prevenção das inundações.
O Capítulo três é dedicado à modelagem matemática, mostrando-se o funcionamento
dos modelos hidrológicos e hidrodinâmicos, em especial, o SMAP, o TOPMODEL e o
MODCEL, que foram usados na dissertação. Em especial, enfatiza-se a abordagem
metodológica conceitual proposta neste trabalho.
no Capítulo quatro, faz-se um apanhado do histórico da bacia de estudo,
descrevendo-se sua caracterização fisiográfica, climática, os regimes pluviométricos e
fluviométricos e uso e ocupação do solo. No Capítulo cinco, aborda-se o estudo de caso
e desenvolve-se a aplicação da metodologia proposta, iniciada pela caracterização da
região e pela aplicação do modelo de células MODCEL na bacia de Pedro Rio e na
sub-bacia hidrográfica da cidade de Petrópolis, analisando-se comparativamente os
resultados gerados pelo modelo principal do rio Piabanha, com os dados reais
observados do posto fluviométrico de Pedro do Rio e os gerados pelas modelagens
hidrológicas concentrada, via modelo SMAP, e distribuída via modelo TOPMODEL,
conforme apresentadas por GONÇALVES (2008). Em seguida, apresentam-se as
respostas do MODCEL na simulação feita pelo modelo secundário do rio Piabanha,
aplicado, nesse caso, à sub-bacia urbanizada de Petrópolis, permitindo, então, que, com
os resultados gerados pela modelagem, realize-se um diagnóstico de cheias na cidade.
Finalmente, o Capítulo seis traz as conclusões e recomendações desta dissertação,
seguido das referências bibliográficas utilizadas na fundamentação teórica do estudo.
6
2. Enchentes Urbanas
2.1. Introdução
Atualmente, reconhece-se a adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão
territorial. A adoção desse referencial é facilmente explicado pela consideração de que
os processos hidrológicos, onde a geração de escoamentos se insere, ocorrem dentro dos
limites de uma bacia hidrográfica. O meio ambiente físico funciona como fonte de
recursos naturais para as atividades antrópicas, ao mesmo tempo em que sofre com os
seus impactos. Nesse sentido, pode-se observar que a causa da fixação do homem em
determinado local deve-se, em certa proporção, à abundância de recursos naturais
provenientes do meio ambiente físico.
A água caracteriza-se por ser o principal recurso natural condicionante da ocupação
humana de uma determinada região. Essa constatação pode ser feita a partir do estudo
das diferentes civilizações humanas que se implantaram e se desenvolveram na
superfície terrestre.
O conhecimento dos processos que ocorrem na bacia hidrográfica, então, é de grande
importância para a gestão territorial. Esses processos tornam-se fatores condicionantes,
por exemplo, da ocupação urbana ou rural de uma bacia. A freqüência de precipitações,
a erodibilidade dos solos, a ocorrência de enchentes, entre outras características, podem
influenciar, decisivamente, as ações e as intervenções a serem praticadas pelo homem.
A variabilidade espacial e temporal dos fenômenos naturais leva, freqüentemente, ao
uso de modelos matemáticos, comumente empregados na engenharia com o objetivo de
representar, da melhor forma possível, a natureza. A partir dos resultados obtidos em
modelos, é possível ter um melhor entendimento do que acontece na bacia hidrográfica,
e, desta forma, a interpretação desses resultados pode ser útil no estabelecimento de
diretrizes de qualquer plano de intervenção na bacia. Em última análise, os estudos
hidrológicos e ambientais servem como instrumentos para o planejamento urbano e
regional da bacia hidrográfica.
A avaliação dos estudos de cheias, sob o ponto de vista da mensuração e da
quantificação dos correspondentes impactos, tem como ponto de partida as observações
7
regulares de chuva e vazão realizadas, na França, no século XVII. O emprego de
métodos empíricos para estimar vazões foi largamente utilizado nessa época.
Posteriormente, surgiram os modelos matemáticos determinísticos, em substituição aos
empíricos. Em 1850, surgiu o método racional, criado por MULVANEY, que consiste
na determinação da vazão de pico, com base em dados de precipitação e área e usos do
solo da bacia contribuinte. Em 1932, surgiu o método do hidrograma unitário, criado
por SHERMAN.
Somente com o aumento da disponibilidade de dados hidrológicos, começaram a ser
utilizados métodos estatísticos para determinação de vazões de cheia. A análise de
freqüência de cheias usando distribuições probabilísticas foi objeto de estudo de
FÜLLER (1913), FOSTER (1924) e HAZEN (1930) (BRAGA e CONEJO, 1982). A
teoria dos valores extremos, muito utilizada na análise de freqüência de cheias, foi
proposta em 1941 por GUMBEL. A partir da década de 1950, o estudo de cheias é
realizado através de modelos conceituais propostos por NASH (1957) e DOOGE
(1959). No início da década de 1970, a utilização de modelos determinísticos do tipo
chuva-vazão passa a ser preponderante na previsão de cheias em tempo real de acordo
com a atualização constante de dados e calibração dos modelos. A evolução dos
métodos considerados na análise de cheias é sintetizada por ROSSI (1992) apud
VIANNA (2000) e está apresentado na Tabela 2.1.
8
Tabela 2.1 Evolução dos métodos de análise de cheias (Fonte: ROSSI, 1992).
Período
(anos)
Método da análise de cheia
Principais objetivos
Aquisição de dados e processamento técnico
Prático
Conhecimento
científico
Projeto
Previsão
1750-1850
Formulação empírica
X
X
Início das observações regulares de chuva e de nível
1850-1900
Método racional (Mulvaney, 1851)
X
X
Coleta sistemática de dados de chuva e vazão
Curvas envoltórias para determinação de cheias
(Dickens, 1863)
X
Contador elétrico (1860)
Linhas isócronas (Imbeaux,1898)
X
Venturi (1898)
1900-1945
Método de armazenamento em canais (Fantoli, 1904;
Puppini, 1923)
X
Utilização de computadores com leitores de cartões (1900)
Análise de freqüência (Füller, 1913; Foster, 1924;
Hazen, 1930)
X
X
Aplicações de cálculo diferencial
Hidrograma unitário (Sherman, 1932)
X
Aplicações de métodos estatísticos
Precipitação máxima provável (NWS, 1937)
X
X
Primeira geração de computadores digitais
Teoria dos valores extremos (Gumbel, 1941)
X
X
1945-1970
Modelos Conceituais (Nash, 1957; Dooge, 1959)
X
X
Modelos análogos para propagação de cheias (1948)
Modelo de Stanford (Linsley-Crawford, 1960)
X
Segunda geração de computadores digitais (1949)
Análise regional de cheias (Dalrymple, 1960)
X
X
Aplicações de análise de sistemas -1956
Onda cinemática (Wooding, 1960)
X
Transmissão de dados a longa distância telefone e rádio (1958)
Modelo de escoamento comparado com resultados
experimentais (Kibler, Woolhiser, 1970)
X
Aplicações de sensoriamento remoto (início da década de 1960)
Sistemas de alerta contra cheias através de postos plu.. e flu. (1960)
1970
Análise de séries temporais e previsões do tempo
(Box,Jenkins, 1970)
X
Sistemas de transmissão de dados via satélite (1972)
Radar meteorológico e previsão hidrológica em tempo real (1975)
Sistema linear com restrições (Natale, Todini, 1973)
X
Bancos de dados hidrológicos (1979)
X
Métodos ultrasônicos e eletromagnéticos de medição de vazão (início da década de
70)
Relatório dos estudos de cheias (UK, NERC, 1975)
X
Microcomputadores e computadores pessoais para processamento de dados (início
da década de 80)
Hidrograma unitário geomorfológico (Rodriguez -
Iturbe, Valdas, 1979)
X
Sistemas de radares e satélites para previsões de curto prazo (1980)
X
Sistemas de informações geográficas em modelos hidrológicos distribuídos (1980)
9
As enchentes são caracterizadas por fenômenos em que são verificados valores
extremos de vazão ou nível, associados a inundações das planícies ou de áreas
adjacentes ao canal principal dos cursos de água. Também são consideradas cheias
quando o nível de água de lagos, diques, reservatórios ou estuários excede um valor
crítico e inunda áreas vizinhas, ou, ainda, quando as águas do mar ocupam áreas
costeiras muito além do nível médio naquela região (VIANNA, 2000).
Diversos autores apresentam classificações para os tipos de cheias. YEVJEVICH (1992)
classifica as cheias em três grupos, em função da sua ocorrência:
cheias naturais são aquelas verificadas em determinada bacia hidrográfica,
independente da ocupação humana;
cheias naturais modificadas são aquelas em que se verificam alterações
causadas pelas populações, resultando em atenuação ou ampliação dos efeitos
das cheias, comparada às cheias naturais;
cheias causadas por intervenção humana são aquelas causadas por rupturas
em estruturas de contenção, como, por exemplo, barragens ou diques,
subdimensionadas por erro de cálculo ou por vazão com tempo de retorno
superior ao considerado no projeto, ou por erros de operação nos equipamentos
de controle de vazão.
As medidas disponíveis para minimização dos efeitos danosos e mitigação dos impactos
negativos causados pelas cheias podem ser divididas em quatro grupos (BARTH, 1987):
nenhuma medida, estrutural ou administrativa, o que significa induzir as
pessoas apenas a se adaptarem ao fenômeno da cheia, como, por exemplo,
manter as planícies de inundação ocupadas principalmente pela agricultura,
beneficiando-se dos depósitos de nutrientes e da umidade do solo decorrente
das cheias;
apenas medidas não-estruturais para mitigação dos impactos negativos das
cheias, sendo previstas a regulamentação da utilização do solo das planícies de
inundação, a implementação de sistemas de alerta contra cheias e utilização de
seguros contra cheias;
10
apenas medidas estruturais que alteram as condições de geração das cheias,
podendo ser subdivididas em medidas intensivas, tais como construção de
diques, barragens e obras de retificação de cursos de água em locais com
problemas de inundação, ou medidas extensivas, com propostas, para toda a
bacia de contribuição, de restrições à impermeabilização parcial ou total do solo
ou construção de barragem de contenção de cheias em pontos específicos da
bacia para amortecimento dos picos das cheias em áreas a jusante das
barragens;
medidas estruturais e não-estruturais implementadas em conjunto.
No aspecto legal, os procedimentos necessários à determinação das linhas limite das
enchentes foram fixados pela Instrução Normativa 1 de 10.09.84, do Serviço do
Patrimônio da União (D.O.U. de 04.10.84). As definições constantes nesse documento
são apresentadas a seguir:
ENCHENTE MÉDIA ORDINÁRIA como sendo a enchente com tempo de
retorno de 3 (três) anos.
LINHA MÉDIA DAS ENCHENTES ORDINÁRIAS (LMEO) como sendo a
linha determinada pela interseção da margem do rio com seu espelho de água,
quando o mesmo atingir a cota básica da enchente média ordinária.
LINHA LIMITE DOS TERRENOS MARGINAIS (LLTM) como sendo
aquela distante 15 (quinze) metros, medidos horizontalmente para a parte da
terra, a partir da linha média das enchentes ordinárias.
2.2. Ciclo Hidrológico, Aspectos Históricos e Hidrologia
Urbana.
As mudanças de estado da água, em concomitância com sua movimentação por todo o
globo terrestre, configuram o que nós podemos classificar de ciclo hidrológico. O Sol é
o principal agente atuante, sendo proveniente dele, junto com a gravidade e a rotação
terrestre, toda a energia que comanda os eventos de precipitação, evaporação e
escoamento, que, juntos, formam esse fenômeno global fechado, atuante entre a
11
superfície terrestre e a atmosfera. A humanidade sempre soube se beneficiar dos eventos
que envolvem o ciclo hidrológico, mas, ao mesmo tempo, também é vítima freqüente de
suas variações quantitativas e qualitativas, em diferentes locais e ao longo do tempo.
As grandes civilizações surgiram, de certa forma, por causa da fixação de tribos
nômades, que se estabeleceram em um determinado local. O fator decisivo para que
essas tribos pudessem criar raízes num local foi a possibilidade de desenvolver a
agricultura, pois toda civilização precisa de dois recursos básicos para se desenvolver:
água e terra. Portanto, havendo água em abundância, existiria terra fértil, de forma que o
homem poderia plantar, colher, criar animais e, podendo controlar a produção de
comida, não teria necessidade de se mudar continuamente.
As civilizações mais adiantadas da Antiguidade floresceram em torno da água, elemento
imprescindível não para o abastecimento de água doce, mas também para a
agricultura, o comércio, o transporte e os sistemas de defesa. Civilizações como o
Império Romano, a civilização Egípcia, o Império Veneziano e a Dinastia dos Omeyas
basearam sua fundação na facilidade de acesso à água, oferecendo a suas populações um
meio de sobrevivência e de expansão.
Mesmo não conhecendo detalhadamente a origem da água e o funcionamento dos
fenômenos naturais, as civilizações antigas puderam explorar os recursos hídricos
através de projetos de irrigação, como os do Egito e Mesopotâmia, dos aquedutos para
abastecimento de água e irrigação, como construídos pelos romanos, e do controle de
inundações, como concebido pelos chineses.
Somente a partir do século XV, com Leonardo da Vinci e Bernard Palissy, o ciclo
hidrológico passou a ser melhor compreendido. A dificuldade era aceitar que a
precipitação tinha um volume maior que a vazão e que os rios são mantidos perenes
pelo retardamento do escoamento do subsolo. Pierre Perrault, no século XVII (1608-
1680), analisou os componentes da relação precipitação-vazão, ou seja, a precipitação, a
evaporação e a infiltração da bacia do rio Sena, e comparou essas grandezas com
medições de vazão realizadas por Edmé Mariotte, constatando que as vazões eram
apenas cerca de 16% da precipitação.
No século XIX, iniciam-se, de um lado, as medições sistemáticas de precipitações e
vazão e, de outro, o desenvolvimento teórico e experimental da hidráulica. Nos Estados
12
Unidos, a coleta sistemática de precipitação iniciou em 1819, enquanto que a de vazões
iniciou em 1888. No Brasil, os postos mais antigos de precipitação são do final do
século XIX, enquanto que a coleta de dados de níveis e vazão iniciou no começo do
século XX.
Até a década de 1930, a Hidrologia tinha como base elementos descritivos do
funcionamento dos fenômenos naturais e fórmulas empíricas. Essa década marcou o
início da hidrologia quantitativa, com os trabalhos de SHERMAN em 1932, que
apresentou os conceitos do hidrograma unitário utilizado para a obtenção do
escoamento superficial; HORTON, em 1933, apresentou uma equação empírica para o
cálculo da infiltração, permitindo a determinação da precipitação efetiva; e THEIS, em
1935, desenvolveu uma teoria para a hidráulica de poços. Outros métodos quantitativos
surgiram a partir dessa época, permitindo a ampliação considerável dos conhecimentos
nessa ciência.
Apesar da grande quantidade de dados coletados diariamente, os métodos utilizados na
Hidrologia, até a década de 1950, praticamente limitavam-se a indicadores estatísticos
dos processos envolvidos. Com o advento do computador, aprimoramento e
experimentação das técnicas numéricas e estatísticas, houve um desenvolvimento
acelerado de algumas subáreas da Hidrologia. Os modelos semiempíricos de
transformação de precipitação em vazão agregaram o conhecimento de diferentes
processos da bacia hidrográfica para, numa macroanálise, simular matematicamente
essa parte do ciclo hidrológico. Os primeiros modelos foram apresentados por Mero
(citado por CLARKE, 1973) e SSARR (ROCKWOOD, 1958) aplicados no rio
Columbia. A Hidrologia Estatística, que teve impulso no começo do século, com o
estudo da freqüência de cheias, desenvolveu-se depois com a quantificação de séries
temporais (Hidrologia Estocástica) para dimensionamento de reservatórios.
Quanto a Hidrologia Experimental, foram criadas, em diferentes países, bacias
representativas experimentais visando o entendimento e quantificação de processos
físicos, que ocorrem na bacia, tais como reflorestamento e desmatamento, erosão do
solo e escoamento superficial. Os estudos visavam um melhor entendimento desses
processos, para embasar o planejamento do uso da bacia hidrográfica. Por conseguinte,
a modelagem matemática surge como uma ferramenta imprescindível no auxílio para se
melhor compreender o ciclo da água.
13
Com a água ganhando destaque no cenário mundial, com status de recurso fundamental,
mas limitado e com valor agregado, tornou-se de extrema relevância que a Hidrologia
estudasse os regimes hidrológicos das bacias brasileiras, mas não para melhorar a
concepção de projetos de engenharia, mas também para um melhor desenvolvimento e
proteção dos recursos hídricos, com uma perspectiva de sustentabilidade. Perante essa
demanda de melhor se administrar os recursos hídricos, é que continuam sendo criados,
desenvolvidos, testados e aprimorados os diferentes modelos hidrológicos.
O balanço hídrico numa bacia urbana, em particular, que é o caso de interesse principal
desta dissertação, altera-se devido à impermeabilização e canalização. A alteração do
balanço pode ser observada nos volumes dos principais processos hidrológicos do ciclo
da água e no hidrograma que caracteriza a dinâmica temporal das vazões de saída.
Percebe-se o aumento do volume e do pico do escoamento superficial com a
urbanização. O aumento do volume do escoamento superficial ocorre, principalmente,
devido à impermeabilização do solo. Com a redução da infiltração devido à
impermeabilização, o aqüífero tende a diminuir o nível do lençol freático por falta de
recarga, reduzindo o escoamento subterrâneo e as vazões de base na estiagem. Devido à
substituição da cobertura natural por áreas impermeáveis, ocorre uma redução da
evapotranspiração, já que a superfície urbana não retém água na vegetação e não
permite a evapotranspiração.
O balanço hídrico de uma área tipicamente preservada, considerando apenas a entrada
da água da precipitação, pode ser observado na Figura 2.1; uma área típica urbana
pode ser observada na Figura 2.2.
14
Figura 2.1 Cenário A, sem urbanização.(TUCCI, 2005).
Figura 2.2 Cenário B, urbanizado - Alterações nos volumes de balanço hídrico
natural e urbano devido à precipitação (valores apenas indicativos), (modificado
de OECD, 1986).
O balanço hídrico numa área urbana também pode ser alterado devido ao vazamento das
redes de abastecimento de água e de esgotamento sanitário e pluvial, compensando, em
parte, os volumes de infiltração perdidos. Além da recarga remanescente, então, o lençol
subterrâneo recebe parte da água das redes de saneamento urbanas. A rede de
abastecimento sofre perdas de 10 a 50% do volume transportado. Esse volume abastece
15
o aqüífero com volume que pode estar na faixa entre 100 e 300 mm/ano (LEENER,
1990), em função da densidade populacional e da extensão da rede de abastecimento.
Quando não existe rede sanitária, todo o volume abastecido descarrega no aqüífero,
criando condições ambientais indesejáveis.
As perdas por evapotranspiração alteram-se de acordo com o clima e a época do ano.
Em períodos com alta temperatura, a perda por evaporação da superfície impermeável
pode ser alta, devido ao calor armazenado em asfaltos, telhados e outros pavimentos.
IDE (1984) mediu a temperatura da água num conduto pluvial, observando valores de
cerca de 30 graus Centígrados, numa área próxima ao centro de Porto Alegre, no verão.
Por outro lado, como o escoamento é rápido, a tendência é que ocorra redução da
evapotranspiracão, que a água transita rapidamente pela bacia, o que gera redução da
evapotranspiração num período mais longo.
2.3. Causas, Impactos e Prejuízos das Inundações
Os eventos extremos, que têm a água como agente, normalmente, com efeitos sobre a
população e sobre o meio ambiente, ocorrem de forma natural ou devido a processos
antropológicos. Com relação aos impactos sobre a sociedade, podem ser classificados
em:
desenvolvimento urbano- abastecimento de água e saneamento ambiental,
contaminação de sistemas hídricos e saúde da população entre outros;
energia - na demanda, na transmissão e na produção de energia por sistemas
hidrelétricos;
transportes - na navegação, com acidentes e falta de água para transporte;
desenvolvimento rural - suprimento, poluição, erosão, entre outros aspectos;
desastres naturais - eventos como inundações, secas, impacto na saúde da
população, escorregamentos, avalanches e fome;
ambiental - sustentabilidade de sistemas como banhados, biodiversidade,
florestas e qualidade da água.
16
Essa classificação é ampla e combina os aspectos socioeconômicos e sistemas naturais
relacionados com a água. Existem sobreposições de fontes entre os grupos citados. Por
exemplo, durante uma inundação, o abastecimento de água, energia e agricultura podem
ser afetados entre outros.
A International Strategy for Disaster Reduction (2005) organizou os dados de desastres
naturais nos seguintes grupos:
desastres hidrometeorológicos - cheias, secas e desastres relacionados
(temperaturas extremas), escorregamentos e avalanches;
desastres geofísicos - dividido em terremoto, tsunamis e erupção vulcânica;
desastres biológicos - epidemias e infestações de insetos.
A evolução dos desastres naturais é apresentada na Figura 2.3, mostrando que os
números de eventos hidrometeorológicos são os mais significativos e estão aumentando
nos últimos anos. Entre essas ocorrências, as inundações são os eventos que apresentam
maior aumento. No período 1991-2005, as inundações representam 30,7% dos eventos
hidrometeorológicos e 15% de todas as mortes relacionadas com desastres naturais.
Cerca de 66 milhões de pessoas sofreram inundações de 1973 a 1997.
Figura 2.3 - Gráfico de evolução dos desastres naturais (ISDR, 2005).
0
500
1000
1500
2000
2500
1900
1910
1920
1930
1940
1950
1960
1970
1980
1990
Mádia de eventos da
década
Décadas
Hidrometeorológico
Geológico
Biológico
17
ISDR (2005) mostra na Tabela 2.2 que o impacto das inundações é maior de acordo
com a renda dos países, chegando a representar 97% de todas as perdas em países
menos desenvolvidos. Nas estatísticas de inundações, geralmente não estão incluídos os
eventos freqüentes devido à drenagem urbana. Outros eventos, como escorregamentos
em áreas urbanas, possuem forte relação com as inundações, pois é conseqüência da
drenagem de encostas e ocupação de áreas de risco, ocorrendo nos dias chuvosos
quando o solo satura e escorrega. Na Tabela 2.3, são representados eventos resultantes
de grandes desastres devido ao clima de 1950 a 2002, incluindo as perdas econômicas e
as perdas seguradas. Os resultados mostram um acréscimo superior a 3 vezes, entre a
década de sessenta e o final do século XX, no número de eventos e seis vezes nos
prejuízos, enquanto que, nas perdas seguradas, o valor foi dez vezes maior.
Tabela 2.2 Proporção (%) de impactos devido a inundações, ondas e tormentas
em comparação ao total de desastres naturais no período 1994-2003 (ISDR, 2005).
Tipos de países
Mortes
Afetados
Perdas econômicas
OECD
10
50
38
CEE+CIS
17
51
79
Países em desemvolvimento
56
70
73
Países menos desenvolvidos
21
50
97
1 OECD - membros da Organization for Economic Cooperation and Development State: CEE + CIS:
Países da Europa Central e Leste + Commonwealth.
Tabela 2.3 Perdas dos Grandes desastres (Hoff et al, 2003).
Tipo
Décadas
Fator1
50
60
70
80
90
93-02
Número
13
16
29
44
74
58
3,6
Perdas Econômicas US$ Bilhões
41,1
54,0
81,5
128,4
432,2
333,7
6,2
Perdas seguradas US$ Bilhões
-
6,0
11,9
23,6
99,7
60,1
10,0
1 Relação entre a última década com relação à de 60.
A urbanização promovida pelo homem, no intuito de adaptar o meio físico para seu
conforto, pode produzir resultados negativos com efeitos colaterais contra seu próprio
bem estar, pois, à medida que a ação antrópica desenha as cidades, modificam-se os
sistemas de drenagem natural, intensificam-se os cenários de inundações, e
conseqüentemente geram perdas materiais e problemas sociais de diversas magnitudes.
18
A influência da ação antrópica nos eventos de enchentes inicia-se na primeira atividade
do processo de urbanização, quando se retira a cobertura vegetal, o que quase sempre
impermeabiliza o solo, alterando-se de forma significativa o balanço hídrico da bacia.
Uma vez que se reduz o acúmulo de água por parte dos vegetais e o potencial de
permeabilidade do solo, o aumento da velocidade e do volume das águas superficiais
tornam-se inevitáveis, o que antecipa e eleva o pico das cheias na bacia.
Mais um problema gerado com a destruição da cobertura vegetal é a aceleração do
processo erosivo, que contribui para o assoreamento dos cursos de água, reduzindo as
seções das calhas dos rios, que anteriormente suportavam as vazões; depois de sofridas
tais modificações, gera-se extravasamento das águas. Com a retirada da vegetação,
inicia-se o processo de ocupação desses espaços menos nobres do meio urbano
(encostas, manguezais, brejos, entre outros) pelas favelas, o que traz impactos diretos no
ciclo hidrológico da bacia hidrográfica, como a redução do amortecimento das cheias.
Por não contarem com uma infraestrutura básica adequada, essas ocupações lançam
irregularmente lixos nas encostas ou nos rios, que acabam sendo incorporados no
escoamento urbano, atrapalhando o fluxo de água e complicando o quadro das
enchentes.
As precipitações carreiam para os corpos receptores um volume considerável de
sedimentos provenientes da erosão do solo e resíduos sólidos presentes nos logradouros
públicos. Essa água de lavagem encontra, em seu percurso, lixo domiciliar e resíduos de
construção civil depositados irregularmente, que, além de contribuírem para a
degradação ambiental dos recursos hídricos, prejudicam o sistema de drenagem por se
tornarem obstáculos físicos que reduzem a eficiência da rede de drenagem, que, por
conseqüência, promovem a elevação das águas para montante, configurando um
gradativo remanso e extravasamento para áreas marginais. A parcela de água excedente
soma-se à parcela de chuva que atingiu diretamente o solo, em geral, pavimentado, sem
infiltração, e os resultados são drásticos impactos na população da bacia, pelo aumento
significativo das áreas alagadas.
Outro fator agravante das enchentes é a construção de algumas intervenções físicas
junto aos álveos dos cursos de água, como os aterros, pontes e travessias, que formam
obstruções junto a condutos, prejudicam os padrões de escoamento naturalmente
estabelecidos, ocasionam remansos e, conseqüentemente, provocam inundações.
19
Conceitos antigos de drenagem, a falta de manutenção periódica na rede, sistemas de
drenagem ineficientes, insuficientes ou até mesmo inexistentes, combinados a fatores
naturais, histórico-culturais e econômicos intensificam a formação de cheias nas áreas
urbanizadas, que trazem, cada vez mais, prejuízos ao homem, que insiste em adaptar, de
forma não planejada, o espaço geográfico para seu conforto, sem respeitá-lo. A Figura
2.4 apresenta, de forma esquemática, algumas ações antrópicas e seus efeitos nas bacias
hidrográficas.
Figura 2.4 Processo de impactos da urbanização (SUDERSHA, 2002).
URBANIZAÇÃO DESORDENADA
OCUPAÇÃO DAS VÁRZEAS
Confinamento dos rios
Aterro
Desmatamento
Erosão das margens
Redução dos espaços naturais
destinado ao escoamento de
vazões de enchentes
SOLUÇÃO TRADICIONAL: - Canalizações dos córregos
- Ampliação da capacidade de rios e canais
IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO
Redução da infiltração das
águas pluviais
Aumento e aceleração do
escoamento superficial.
AUMENTO DAS VAZÕES DE CHEIA
ACELERAÇÃO DO ESCOAMENTO
20
Todas essas medidas antropológicas citadas anteriormente, tomadas sem um mínimo de
planejamento urbano, trazem, como conseqüência, danos à sociedade em vários
aspectos; abaixo, estão listados alguns dos prejuízos causados pelas enchentes nas
cidades. Exemplos desses danos são:
veículos enguiçados, arrastados e atingidos por árvores;
aumento do número acidentes por colisões de veículos;
riscos de mortes por afogamentos, colisões de veículos, choques elétricos ou
deslizamento de terras;
propagação de doenças de veiculação hídrica e proliferação de vetores;
prejuízos à saúde humana devido ao estresse;
danos à infra-estrutura urbana que comprometem o atendimento de serviços
básicos;
desvalorização de imóveis e danos à propriedade;
população desalojada e desabrigada;
custo operacional com engarrafamentos e perdas de horas de trabalho;
interrupção de atividades comerciais e perdas de produção econômica;
gastos com limpeza das vias sejam por perdas de horas de trabalho ou por custos
operacionais com maquinários para remoção da sujeira.
2.4. Medidas de Combate as Enchentes
Projetos de drenagem não podem garantir uma proteção completa contra as enchentes,
por ser economicamente inviável; portanto, especialistas projetam considerando riscos
de inundações aceitáveis para cada situação. Esse risco é entendido na engenharia de
recursos hídricos como a probabilidade de um determinado evento chuvoso ser igualado
ou superado.
21
Os projetistas têm uma gama de medidas técnicas que permitem diminuir os danos
causados pelas enchentes e devem aliá-las a ações de cunho social, econômico e
administrativo. Para proteger a população, recomenda-se que estudos analisem qual
deve ser a medida ou conjunto de medidas com maior eficiência frente aos benefícios e
custos marginais e ao risco de inundação aceitável.
Como o objetivo da presente dissertação é fornecer embasamento para a análise
financeira de projetos de drenagem, faz-se necessária uma discussão sobre essas
medidas utilizadas pela engenharia para combater as enchentes.
A classificação mais difundida dessas medidas divide-as em estruturais e não-
estruturais. As estruturais são aquelas que modificam o sistema fluvial através de obras
na bacia ou no rio, enquanto que as medidas não-estruturais são aquelas que reduzem os
prejuízos através de medidas preventivas que permitem uma convivência harmônica, na
medida do possível, da população com as enchentes.
2.4.1. Medidas estruturais
As medidas estruturais podem ser agrupadas em reservatórios de amortecimento de
cheia, projetos de modificações nos cursos de água, obras de controle hidráulico e
projetos adaptados para maior infiltração das águas pluviais. A ação no combate de
enchentes de cada uma dessas medidas varia de acordo com suas características, que
serão discutidas a seguir.
WALESH (1989) apud CANHOLI(2005) abordou as medidas estruturais sob a seguinte
ótica de classificação: as que seguem um conceito de canalização e aquelas que adotam
um conceito de reservação. O conceito de canalização trata da prática mais tradicional
de projetos de drenagem, exercida por anos em todo o mundo, que visa a remoção
rápida dos escoamentos. Já o conceito de reservação refere-se a um conceito mais
moderno de drenagem, que busca aproximar as soluções de drenagem às respostas
naturais das bacias, tendo como fundamento incrementar o processo de infiltração e
conter temporariamente o escoamento para amortecer os picos de vazão.
Em MARTINS (2004), avalia-se a implementação de microreservatórios em lotes, de
forma distribuída, no município de São João de Meriti, apresentando resultados
positivos de amortecimento de volume e conseqüente redução dos níveis de água, após
22
avaliação inicial dos locais mais efetivos para essa implementação. Para realizar os
estudos, utilizou-se o modelo de células da COPPE/UFRJ (MODCEL) como uma
ferramenta computacional que pode ser empregada para subsidiar a tomada de decisão
no gerenciamento de recursos hídricos, já que possibilita a análise espacial e combinada
das intervenções, fundamental para a aplicação eficiente dos recursos disponíveis,
principalmente nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
A Figura 2.5 apresenta, de forma esquemática, as diferenças entre esses conceitos no
hidrograma de uma bacia.
Figura 2.5 Ilustração esquemática dos conceitos de canalização e reservação
(CANHOLI, 2005).
Os reservatórios de amortecimento de cheias podem ser estruturas de maior porte,
bacias (ou reservatórios) de detenção e/ou retenção e se destinam a controlar deflúvios
23
provenientes de partes significativas das bacias ou sub-bacias de drenagem ou podem
ser reservatórios in situ, que fazem o controle local do escoamento, através de
armazenamento temporário em lotes urbanos e em telhados.
A bacia de retenção, como mostrada na Figura 2.6, abrange reservatórios que contêm
água em períodos secos e que são projetados para um aumento do nível de água durante
ou imediatamente após as chuvas e podem ter outras finalidades como recreacionais,
paisagísticas, entre outras. As bacias de detenção são áreas normalmente secas durante o
período de estiagem.
Figura 2.6 Bacia de Retenção. (Fonte: The Journal for Surface Water Quality
Professionals Stormwater.)
A Figura 2.7 ilustra o perfil desses reservatórios e permite visualizar seus
funcionamentos; a Figura 2.8 mostra um exemplo de reservatório de detenção com
uso esportivo em épocas de estiagem.
24
Figura 2.7 Perfil esquemático das bacias de detenção e retenção (CANHOLI,
2005).
Figura 2.8 - Bacia de detenção com fins esportivos, Porto Alegre/RS (TUCCI,
2005).
25
As bacias de detenção e retenção podem estar posicionadas na linha principal do
sistema, na configuração de reservatório on-line, ou podem ter o volume armazenado
desviado, formando um reservatório off-line. Os reservatórios on-line permitem que os
escoamentos retornem de forma atenuada e contínua, sendo feito normalmente por
gravidade, enquanto que os off-line restituem o volume retido por bombeamento ou por
sistema de válvulas.
O custo dessas obras pode ser elevado e implicar o uso de grandes espaços livres,
podendo vir a ser inviável em áreas densamente povoadas, que necessitem de
desapropriação para implantação desses sistemas. É ideal para bacias que possuem áreas
livres, como praças ou quadras esportivas, que possam acolher esses reservatórios.
Os reservatórios in situ são de grande valia para o amortecimento das cheias quando
locados de forma distribuída na bacia, nos pontos críticos de geração de escoamento.
Uma desvantagem da reservação em áreas particulares é que, devido aos custos, os
proprietários podem não realizar adequadamente a manutenção, o que prejudicaria o
funcionamento do sistema.
Os reservatórios de lote podem ser residenciais ou podem estar situados em grandes
áreas impermeabilizadas, como praças públicas, condomínios, indústrias,
estacionamentos, quadras esportivas, entre outros locais, e atualmente contam com a
força de instrumentos legais na difusão de seu uso.
Algumas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, aprovaram
legislações que obrigam construções de terem sistema de retenção de água de chuva
visando minimizar o impacto das cheias. Esses reservatórios também ajudam a reduzir a
demanda sobre o sistema convencional de abastecimento, uma vez que se pode
aproveitar essas águas para usos menos rigorosos, como lavagem de veículos e calçadas,
irrigação de jardins, entre outros.
O objetivo desses reservatórios é retardar o escoamento das águas pluviais para a rede
de drenagem, reduzindo, assim, o pico das cheias e permitindo a distribuição da vazão
no tempo. No entanto, é preciso cautela na operação desses dispositivos, pois existe a
possibilidade de ampliação dos picos de cheia a jusante devido a possibilidade de
26
simultaneidade dos diversos hidrogramas afluentes (DEBO, 1989, apud CANHOLI,
2005).
Os projetos de modificação dos cursos de água fazem parte da abordagem tradicional de
combate a cheias, que, embora sejam obras custosas, ignoram as causas das enchentes e,
portanto, não solucionam efetivamente os problemas das cheias, apesar de melhorarem,
por um período, a performance dos rios durante as cheias. Pode-se citar, como exemplo,
a ampliação da seção transversal, a canalização e a retificação dos leitos dos cursos de
água. Essas obras visam a passagem de uma determinada vazão de cheia em uma cota
inferior a que causa inundação (redução da lâmina de água), através de mudanças nas
variáveis morfológicas dos rios, como seção, rugosidade, raio hidráulico e declividade.
A canalização e a retificação dos rios foram práticas bastante comuns durante anos, pois
promovem um aumento de eficiência de escoamento. Como nesse período, não se
enxergava a bacia hidrográfica como uma unidade, não havia uma preocupação de
análise do comportamento desses dispositivos a jusante. Essas medidas aceleram a
velocidade das águas que, retiradas mais rapidamente de um ponto, acumular-se-ão em
outro, mais adiante, com maior intensidade. Em outras palavras, ou causam novos
transtornos ou agravam os alagamentos em uma outra área, sem efetivamente solucionar
os problemas das inundações.
Portanto, hoje é comum, em países desenvolvidos, a revitalização dos rios, ou seja, o
processo de recuperação natural dos rios. A Alemanha, que no passado retificou seus
cursos de água, chegou à conclusão que a canalização e a retificação dos rios
servem para suprimir os meandros, encurtar as distâncias, aumentar a velocidade e o
volume das águas e que, portanto, deveriam trazer os rios de volta ao seu curso
original e restabelecer as planícies de inundação hoje ocupadas (NOVAES, 2002).
Apesar do custo elevado e da demora no aparecimento dos resultados, os benefícios ao
meio ambiente e a redução de prejuízos causados pelas inundações recompensam.
Outras medidas estruturais que fazem parte da abordagem convencional de combate a
enchentes são as obras de controle hidráulico, como a construção de diques, polders e
barragens. Muito utilizadas no passado, são obras complexas, com impactos
significativos para a bacia e que necessitam de muitos recursos.
27
Os diques são estruturas laterais de terra com enrocamento ou de concreto que permitem
uma proteção localizada a regiões ribeirinhas. Seu desempenho é reduzir a seção de
escoamento para uma dada vazão de cheia, confinando o fluxo no leito do rio, o que
pode provocar um aumento de velocidade e na transferência das cheias para jusante;
abaixo estão ilustrados, na Figura 2.9 e na Figura 2.10, os efeitos dos diques em uma
bacia hidrográfica.
Figura 2.9 Antes da construção do dique.
Figura 2.10 Após a construção do dique.
Em áreas baixas, situadas em cotas inferiores ao do nível de água nos períodos de
enchentes, é necessária a implantação de polders. Os polders são sistemas compostos
por diques e redes de drenagem (sistema de micro-drenagem convencional ou valetas a
céu aberto com canal de cintura), que possibilitam esgotar as águas mantidas
28
temporariamente na área de interesse, que serão posteriormente lançadas à drenagem
principal por meio de operação de comportas e/ou bombeamento. Dependendo da área a
ser beneficiada com o polder, deve-se prever um espaço, dentro dos limites
considerados, para funcionar como bacia de acumulação temporária (reservatório
pulmão).
As barragens permitem proteger as áreas a jusante a sua construção, contra cheias
freqüentes. A preservação temporária das águas excedentes permite amortecer os
hidrogramas de enchente a jusante. No contexto da gestão de recursos hídricos, esses
reservatórios podem ter múltiplos usos, ou seja, laminação de enchentes, geração de
energia elétrica, irrigação, abastecimento domiciliar e/ou industrial, entre outros.
Existem dispositivos que, além de reduzir as vazões de pico para o sistema de
drenagem, permitem a recarga dos aqüíferos e até mesmo um possível aproveitamento
das águas reservadas para usos secundários. Esses dispositivos compõem parte da visão
moderna de combate a cheias urbanas e são implantados a fim de promover um aumento
de áreas de infiltração e percolação nas bacias, minimizando os efeitos negativos da
urbanização. Como exemplo, tem-se superfícies de infiltração, valetas ou valos de
infiltração, bacias de percolação e pavimentos permeáveis.
Superfícies de infiltração, também conhecidas como planos de infiltração são áreas
cobertas por vegetação, reservadas dentro de construções, que podem contar com o
apoio de subdreno para eliminar água parada em regiões com subsolo argiloso ou pouco
permeável.
As valetas ou valos de infiltração são dispositivos de drenagem lateral, revestidos com
vegetação, paralelos a ruas e estradas ou junto a estacionamentos. Quando o volume de
águas pluviais é superior a sua capacidade de infiltração, esse dispositivo funciona
como um reservatório de detenção, pois, com uma precipitação intensa, a capacidade de
infiltração fica lenta e a água fica retida até que seja totalmente infiltrada.
Bacias de percolação o construídas através de escavação do solo, no local escolhido
para implantação do dispositivo, com o preenchimento deste com brita ou cascalho. O
material granular promove o armazenamento temporário do escoamento, enquanto que a
percolação se processa lentamente para o subsolo. Uma dificuldade desse dispositivo é
que a poluição difusa presente nas águas pluviais pode causar entupimento entre os
29
espaços do material granular, sendo necessária limpeza após um período (URBONAS e
STAHRE, 1993, apud TUCCI, 2005).
Os pavimentos permeáveis são recomendados para substituir os pavimentos
convencionais em passeios, estacionamentos, quadras esportivas e ruas de pouco
tráfego. Sua aplicação serve de elemento de retenção na fonte e garante redução da
parcela do escoamento superficial, amortizando os efeitos da impermeabilização em
bacias urbanas.
Na abordagem moderna de controle de enchentes, uma importante e recente ferramenta
são os programas de práticas para melhor gerenciamento, BMPs (Best Management
Practices), desenvolvido pela Agência Ambiental Americana (EPA), que envolvem
ações estruturais e não-estruturais e visam controlar a quantidade e a qualidade da água
que escoa na bacia hidrográfica em estudo. Adicionalmente, buscam restaurar as
condições anteriores à urbanização e integrar as obras de forma harmônica ao ambiente
urbano. Entre os tipos mais comuns de BMPs, destacam-se os seguintes mecanismos:
biorretenção, filtros de areia, trincheira de infiltração, valos de infiltração, charcos ou
wetlands e bacias de detenção e/ou de retenção (stormwater ponds).
CANHOLI (2005) apresenta esquematicamente a evolução das obras de detenção ao
longo do tempo na Figura 2.11. Pode-se perceber a tendência das medidas de combate a
enchentes em atingir objetivos de Best Managment Practices. Segundo o autor, obras
desse tipo no Brasil encontram-se na Fase 2.
30
De acordo com ASCE (2001), não uma BMP pré-determinada para cada situação. É
preciso avaliar diversos fatores para decidir qual BMP (em alguns casos, quais BMPs) é
apropriada para cada local. Além disso, cada BMP tem vantagens e desvantagens que
precisam ser consideradas. Os principais fatores que devem ser levados em
consideração para a escolha de uma BMP são a disponibilidade de espaço, os tipos de
poluentes a serem removidos, os níveis do lençol freático, o tipo de solo, os custos da
BMP, os custos de manutenção e a eficiência desejada na remoção de poluentes.
2.4.2. Medidas não-estruturais
As medidas não-estruturais são medidas preventivas que devem ser aplicadas em
conjunto com as medidas estruturais. O reflorestamento, o seguro contra inundações, as
construções a prova de enchente, o sistema de alerta de enchentes, o zoneamento de
áreas inundáveis, a conscientização da população dos riscos de cheias, a desapropriação
de áreas inundáveis e a limpeza e dragagem dos corpos hídricos compõem essas
medidas.
Manancias
urbanos
Controle de
enchentes
Controle de
enchentes
Recreação
Paisagem
Outros usos
Controle de
enchentes
Controle de
qualidade da
água
Controle de
enchentes
Controle de
qualidade da
água
Fase 1
Fase 2
Fase 3
Fase 4
Recreação
Paisagem
Outros
usos
Recreação
Paisagem
Outros
usos
Figura 2.11 Evolução da utilização de obras de detenção em
centros urbanos (Adaptada de WALESH, 1989; e ESEPA, 1999).
31
O restabelecimento da cobertura vegetal através do reflorestamento de matas ciliares e
de encostas permite um aumento da capacidade de armazenar parte do volume de água
precipitado pela interceptação vegetal, reduzir a velocidade do escoamento superficial,
aumentar a evapotranspiração, ajudar a controlar a erosão na bacia e diminuir o
assoreamento nos corpos de água. No entanto, o efeito maior desse tipo de medida é
sobre eventos mais freqüentes de alto risco de ocorrência e em bacias pequenas, com
áreas de drenagem menor que 10 km² (TUCCI, 2005).
Uma maneira de minimizar os danos causados pelas cheias urbanas é através de seguros
contra inundações, que permite a indivíduos ou a empresas uma proteção econômica
para eventuais perdas físicas. RIGHETTO e MENDIONDO (2004) analisaram a
pretensão de pequenos comerciantes do centro de São Carlos, São Paulo, quanto aos
seguros contra enchentes e concluíram que o prêmio que eles estariam dispostos a pagar
é baixo em relação ao total de mercadorias a serem seguradas e, em alguns casos, em
relação às perdas sofridas pela enchente.
No Brasil, essa prática é mais comum quando se trata de seguros sobre veículos, que
quando são contratos compreensivos, ou seja, incluem casos de incêndio, roubo, furto e
colisão, também garantem a cobertura para sinistros ocasionados por alagamentos.
As construções a prova de enchentes (flood-proofing) são soluções adotadas
isoladamente por habitações localizadas nas áreas de risco a fim de reduzir os danos
potenciais às estruturas e aos bens móveis. Para que essa medida seja eficaz em caso de
enchentes, é necessário um conhecimento mais detalhado das características das
inundações locais, como a altura de submersão, a velocidade da água durante os picos
de cheia, a duração e freqüência.
As modificações nas construções para evitar a entrada da água nas partes internas
podem ser divididas em: permanentes (diques, comportas no acesso a residências,
pilotis, bombas para esgotamento de áreas internas, muretas, fechamentos de aberturas
com alvenaria, etc.), de contingência (amparos, vedações dos esgotos com registros nas
tubulações de saída e tampões rosqueáveis nos ralos internos, paredes móveis, etc.) e
emergenciais (sacos de areia, enchimentos de terra, barreiras de lenha). A Figura 2.12
apresenta uma ilustração com alguns exemplos de flood-proofing.
32
Figura 2.12 Exemplos de soluções adotadas em construções a prova de enchentes
(LIMA, 2003).
O sistema de alerta, previsão e contingenciamento de enchentes diminui a
vulnerabilidade da área exposta e, por conta disso, minimiza os prejuízos
socioeconômicos associados às enchentes. Para MESSNER et al. (2007), essa medida
tem dois principais focos de redução de impactos: os danos tangíveis diretos a
propriedades, pois permite que algumas benfeitorias sejam removidas para locais mais
altos (PENNING-ROSWELL e CHATTERTON, 1977) e os prejuízos intangíveis,
como redução de estresse associado às inundações e da perda de itens insubstituíveis,
como fotografias e lembranças (CARSELL et al., 2004).
O mecanismo de funcionamento dessa medida acontece da seguinte maneira: dados são
transmitidos em tempo real, via telemetria, para uma central de análise que processa as
informações recebidas, através de um modelo de previsão que permite apurar e avaliar a
situação. Caso necessário, transmite-se o alerta via meios de comunicação e acionam-se
autoridades competentes como Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, que devem colocar
33
em prática os planos emergenciais, previamente estabelecidos, que contam com ações
individuais e corretivas para minimizar as perdas durantes as enchentes.
Um mapa de alerta deve ser preparado para dar assistência a esse sistema, contendo as
cotas em cada esquina da área de risco, fazendo referência às cotas da gua linimétrica
instalada no curso de água (TUCCI, 2005). Esse mapa deve ser divulgado através de
programas preventivos junto à população para auxiliar na convivência com a inundação
durante sua ocorrência, pois, quando o alerta for dado informando o nível de água, a
população terá ciência de sua situação e poderá tomar as devidas providências.
O sucesso dessa medida depende da confiabilidade do sistema em todas as etapas
envolvidas. A Figura 2.13 sintetiza o procedimento desse dispositivo de combate a
cheias
Outro importante instrumento não-estrutural para controle de cheias urbanas é o
zoneamento de áreas inundáveis, que deve utilizar fundamentos científicos para
fomentar diretrizes e normas legais de planejamento de uso do solo e de direcionamento
de expansões urbanas em áreas sujeitas ao extravasamento de um curso de água.
FASE DE MONITORAMENTO
Envio de dados em tempo real via
telemetria
Centro de análise:
Recepção e processamento de dados
Previsão de níveis de enchentes com
antecedência através de modelagem
hidrológica.
Avaliação da situação.
FASE DE ALERTA
Envio do alerta para os meios de
comunicação e para as autoridades
competentes, como Defesa Civil,
Corpo de Bombeiros, Administrações
municipais, etc.
FASE DE MITIGAÇÃO
Ações de mitigação dos danos das
enchentes, como isolamento de ruas e
áreas de risco e remoção da população
e transferência se bens móveis para
local seguro. Atendimento à
emergências .
Figura 2.13 Etapas do sistema de previsões e alerta de cheias. Fonte: (TUCCI,
2005)
34
O zoneamento de áreas inundáveis ou regulamentação do uso do solo pode ser feito
através de adoção de políticas de desenvolvimento, elaboração e implantação de plano
diretor urbano ou código de construção. O objetivo é evitar maiores prejuízos à
população através do mapeamento de áreas de inundação, associando faixas de uso a
diferentes riscos de ocorrência de cheias. Para áreas de maior risco, não devem ser
permitidas habitações, limitando-se o uso apenas para áreas de recreação, enquanto,
para regiões de médio risco, a permissão para construções deve ser liberada caso se
adotem precauções especiais.
WRC (1971) considerou três faixas de risco de inundação: zona de passagem de
enchentes (Faixa 1), zona com restrições (Faixa 2) e zona de baixo risco (Faixa 3). Suas
características são descritas na Tabela 2.4, e as faixas estão ilustradas na Figura 2.14.
Tabela 2.4 Características das faixas de inundação( TUCCI, 2005).
Faixa de
inundação
Características
Zona de passagem
de cheias (Faixa 1)
Tem alto risco de inundação. Trata-se de uma região que deve ficar liberada
para funcionar hidraulicamente e, portanto, deve ficar desobstruída.
Em áreas já ocupadas não deve ser permitida nenhuma nova construção
nessa faixa e as edificações já existentes devem ser realocadas.
Zona com restrições
(Faixa 2)
Esta faixa sofre inundações com tempo de recorrência, da ordem de 5 a 25
anos.
Os usos do solo para esta faixa devem ser: áreas de lazer, habitações com
mais de um piso, áreas de indústrias e comércio, como estacionamento,
armazenamento de equipamentos e maquinários de fácil remoção e serviços
básicos, como linhas de transmissão, ruas e pontes desde que corretamente
projetadas. (WRIGHT-MCLAUGHEIN ENGINEERS CONSULTANTS,
1969, apud VANNI, 2004)
Zona de baixo risco
(Faixa 3)
São atingidas apenas por cheias excepcionais, com período de retorno de 50
a 100 anos.
Existe uma pequena possibilidade desta faixa sofrer com os danos causados
pelas inundações, portanto não necessita de regulamentação quanto às
cheias. Pode ser ocupada por residências ou estabelecimentos em geral.
35
Figura 2.14 Zoneamento de áreas de inundação.
A conscientização da população dos danos das enchentes permite que a sociedade
participe e colabore na administração dos riscos, podendo resultar, inclusive, na
atenuação das causas antrópicas das enchentes urbanas. Um aliado a esse trabalho é o
mapeamento das áreas inundáveis, para ser usado em campanhas de divulgação junto
aos moradores das áreas de risco, pois permite, à população, a visualização dos
problemas através de uma ferramenta de fácil compreensão.
Esses mapas, definidos por TUCCI (2005) como mapas de planejamento, ilustram áreas
atingidas pelas enchentes de acordo com o tempo de retorno desejado. A elaboração de
manchas de inundação para cenários distintos de medidas de combate a enchentes
auxilia o tomador de decisão na identificação da medida mais adequada para mitigar os
prejuízos do local em questão.
Os níveis de inundação podem ser obtidos a partir de modelos hidráulicos, que, segundo
MESSNER et al. (2007), podem ser agrupados nas seguintes categorias:
modelos de células de armazenamento - ex. FLOODSIM, Lisflood;
modelos 1D - ex. ISIS, Mike 11, HEC-RAS;
modelos 2D - ex. Telemac2, Mike 21, RisoSurf, TrimR2D.
O MODCEL, que será usado na presente dissertação, é um modelo hidráulico de
células, desenvolvido na UFRJ por MIGUEZ (2001). Esse modelo permite representar,
com precisão, de forma distribuída, a superfície de uma bacia e toda a dinâmica do
escoamento, dentro e fora da rede de drenagem, durante um evento chuvoso qualquer. O
36
MODCEL vem sendo utilizado em diversos estudos de cheias urbanas, o que tem
permitido constantes aperfeiçoamentos, tornando-o uma importante ferramenta de
elaboração de manchas de inundação.
Esses modelos diferem basicamente de como as redes de canais e os condutos são
distribuídos, como a topografia é discretizada e incorporada ao modelo e como a
superfície é reproduzida, tópico importante quando se discute sobre áreas urbanas. Além
disso, outra distinção entre os modelos hidrodinâmicos está na utilização do conjunto
das equações de Saint-Venant de forma simplificada ou complexa.
Com as informações dos níveis exportadas dos modelos hidráulicos, elaboram-se os
mapas de inundação com auxílio de ferramentas computacionais de geoprocessamento,
como ArcView e ArcGis, ou de desenho, como AutoCAD. Alguns dos modelos
supracitados possuem extensões que permitem interação dos dados diretamente com
programas de sistemas de informações geográficas (SIG), facilitando a confecção dos
mapas.
A elaboração de mapas de inundação necessita de serviços dispendiosos e que
demandam tempo, como topografia, por exemplo, nem sempre possíveis de serem
realizados. Portanto, as manchas de inundação também podem ser elaboradas através de
marcas de enchentes anteriores levantadas ao longo da área em estudo, que permitam a
definição da linha de água.
Em países desenvolvidos, a aquisição de áreas potencialmente inundáveis vem se
tornando uma prática comum (LIMA, 2003; USACE, 2006). O poder público compra
essas áreas para reaproveitar com usos públicos, como a implantação de sistema viário
ou construção de espaços de lazer e estacionamentos, que funcionem como bacias de
detenção em períodos chuvosos. Entretanto, a implantação dessa medida no Brasil pode
encontrar alguma dificuldade inerente a nossa realidade da ocupação de áreas
inundáveis, normalmente irregulares e habitadas por cidadãos de baixa renda.
A limpeza e dragagem dos rios recuperam a correspondente capacidade de escoamento;
no entanto, são medidas paliativas, além de serem causadoras de impactos ambientais
significativos. A necessidade periódica desses serviços aponta para um desequilíbrio na
bacia e que, caso não se controlem as causas das eutrofizações e assoreamentos, seus
efeitos terão um curto tempo de duração, fazendo com que a eficiência seja questionada
37
e que os altos custos não sejam justificáveis, ou seja, a sua atuação a médio e longo
prazo depende de mitigação das influências negativas do homem na bacia hidrográfica.
2.5. Importância das Informações Hidrometeorológicas,
Modelagem Hidrológica e Prevenção das Cheias.
DOOGE (1992) menciona que a relação do homem com qualquer elemento do meio
ambiente pode ser caracterizada por quatro fases iterativas: observação, conhecimento,
previsão e controle. Preconiza ainda que, a exemplo do sucesso da revolução realizada
por Nicolau Copérnico, na astronomia, e por Isaac Newton, na mecânica, os geofísicos,
assim como os engenheiros, podem beneficiar-se fortemente do estudo das relações
entre observação, previsão e controle. A analogia com a revolução copernicana já estava
presente no artigo instigante de KLEMES (1986), alguns anos antes, em que ele
argumentava fortemente por uma ciência hidrológica, com mais ênfase em medição e
em física.
Não é difícil perceber que as idéias preconizadas por DOOGE (1982) estão presentes
nos grandes programas de pesquisa desenvolvidos em conjunto pela comunidade
científica mundial para desvendar as conexões entre a atmosfera, os oceanos e a
componente terrestre do ciclo hidrológico, tais como o experimento global sobre energia
e o ciclo da água (GEWEX - Global Energy and Water Experiment, 2004)
A atividade científica desenvolve-se tanto sobre a experimentação em campo quanto
sobre a formulação de modelos matemáticos e sua implementação computacional. Uma
forma de organização e sistematização da pesquisa ambiental é uma definição clara, a
priori, das escalas que se deseja modelar/medir explicitamente e aquelas que estão
aquém/além do modelo proposto. Em outras palavras, é preciso compatibilizar desde o
início de um projeto a escala dos dados e dos modelos a serem aplicados.
Informações hidrometeorológicas possuem o potencial de gerar impactos significativos
e abrangentes na sociedade como um todo, com profundas repercussões na eficiência
econômica e competitividade dos negócios, na segurança e qualidade de vida da
população e na sustentabilidade ambiental (USWRP, 1997). As oportunidades para a
expansão, diversificação e desenvolvimento de pesquisas, produtos e serviços
multiplicam-se e podem acelerar o desenvolvimento científico e tecnológico da área.
38
Um sétimo da economia americana, que corresponde à cerca de um trilhão de dólares
por ano, é sensível ao tempo e ao clima, e o uso inovador das informações
hidrometeorológicas pode afetar positivamente múltiplos setores produtivos, do governo
e da sociedade civil. nos Estados Unidos, as despesas públicas e privadas para o
provimento de previsões meteorológicas são estimadas em US$ 5 bilhões anuais, as
receitas anuais da indústria meteorológica privada aproximam-se de US$ 1 bilhão
(PIELKE JR. e CARBONE, 2002) e a indústria de derivativos de tempo, cuja primeira
oferta pública ocorreu em meados de 1998, atingiu valores aproximados de US$ 7
bilhões (KELLY, 2006). Esses valores apresentados, correspondentes à economia
americana, são demonstrativos da importância crescente da meteorologia na vida do
país, sendo possível extrapolar necessidades similares em diversas regiões do mundo e
no Brasil.
Ao lado do significativo e abrangente potencial de impacto das informações
hidrometeorológicas, percebe-se uma carência de registros e casos comprobatórios do
valor dessas informações para a sociedade em geral ou setores específicos da economia.
Os estudos de valor da informação hidrometeorológica constituem-se em meios de
explicitar as relações entre investimentos públicos ou privados e resultados auferidos
pela sociedade ou organização, entre desenvolvimento científico e tecnológico da área e
benefícios sociais, entre ciência e sociedade. Os problemas sociais que podem ser
mitigados por meio de informações hidrometeorológicas são as conexões naturais entre
as ciências atmosféricas e ambientais e a sociedade. A identificação, definição e
incorporação desses problemas como metas de programas científicos e tecnológicos,
bem como a documentação e disseminação dos casos de conexões de sucesso são o
caminho para a sustentabilidade do desenvolvimento da área (PIELKE JR., 1997). A
demonstração dessas conexões entre o provimento de informação hidrometeorológica e
a mitigação de problemas sociais e organizacionais, reproduzidas nos estudos de valor,
influencia a tomada de decisão pública e privada concernente ao tema, no sentido de
favorecer o desenvolvimento da área e a reprodução de novos e subseqüentes benefícios
associados.
Diante desse cenário, LEITE (2008) apresenta uma abordagem metodológica para
gestão do valor da informação hidrometeorológica no contexto organizacional. Diante
da relevância das motivações para a estimativa do valor da informação
hidrometeorológica e de múltiplos condicionantes e desafios que m limitado a
39
consecução e o êxito desses estudos para diferentes setores usuários, seu trabalho
propõe a implantação de um processo sistemático de gestão do valor da informação nas
organizações sensíveis ao tempo, clima ou aos recursos hídricos. Esse processo deve
incorporar as motivações presentes nos estudos específicos de valor e promover a
derivação de estratégias de gestão, tanto para a melhoria contínua do acesso,
assimilação e uso das informações, quanto para a inovação de seu processo de
produção.
A quantidade e a representatividade das informações para ajuste e verificação de um
modelo hidrológico são fundamentais para garantir um resultado de qualidade. É a
diferença entre buscar um resultado confiável e estar somente na magnitude dos valores
esperados. Nenhum modelo cria informações sobre uma bacia o modelo tem a
finalidade de explorar melhor as informações existentes.
A variabilidade das características físicas da bacia é muito grande, de forma que a
medida pontual dos parâmetros em campo nem sempre permite uma boa estimativa dos
seus valores. As bacias ou sub-bacias possuem áreas de vários quilômetros quadrados,
enquanto que a variação de alguns parâmetros ocorre em poucos centímetros. Mesmo
com técnicas de geoprocessamento, o levantamento dos dados teria um custo muito
elevado. O problema reside em extrair da variabilidade espacial dos parâmetros padrões
que possam ser utilizados nos modelos de macro-escala. Esse processo recebe, hoje, o
nome de hidrologia de escala.
KOBIYAMA et al. (2004) citam que as formas de atuação na mitigação de desastres
naturais são as pesquisas de monitoramento (contínuo em tempo real) e modelagem que
servirão de base ao zoneamento de áreas de perigo e/ou risco e ao sistema de alerta. O
monitoramento consiste na observação e medição contínua dos processos ambientais, e
a modelagem consiste no processo de gerar e/ou aplicar modelos. Um modelo é uma
estruturação simplificada da realidade que supostamente apresenta, de forma
generalizada, características ou relações importantes (HAGGETT e CHORLEY, 1975).
Um modelo é uma representação matemática ou física, simplificada de um sistema
físico, que permite previsões. O sistema é uma parte de uma realidade física complexa,
representando fundamentalmente relações de causa e efeito entre o conjunto de
40
elementos e seus atributos, diante de entradas (causa ou estímulo) e saídas (efeito ou
resposta).
Com o objetivo de modelar matematicamente o comportamento do movimento de
cheias em áreas urbanas, tem-se a dissertação de doutorado de MIGUEZ (2001), tendo
por base a concepção de um modelo de células de escoamento, o MODCEL, aplicada ao
estudo de enchentes na bacia do Canal do Mangue, localizada na cidade do Rio de
Janeiro. Nesse estudo, foram avaliados os efeitos de um conjunto de obras de controle
de enchentes distribuídas sobre a bacia para mitigação dos alagamentos na área.
VILLAS BOAS (2008) apresenta o estudo e a aplicação do modelo de células como
ferramenta de apoio à decisão na gestão de recursos hídricos. O modelo foi
desenvolvido e aplicado com a finalidade de permitir simulações de diversos processos
que interferem na quantidade e na qualidade da água na bacia e é composto por quatro
dulos responsáveis pelas simulações hidrodinâmicas, hidrológicas, de gerenciamento
e de qualidade da água.
O MODCEL também foi selecionado em RODRIGUES (2008) para o trabalho que
simula o escoamento existente na bacia do rio Brandão, com o objetivo de avaliar a
influência de seus dois afluentes, o córrego Cachoeirinha e o córrego Cafuá, sobre o rio,
e identificar quais sub-bacias são mais importantes nos processos de alagamento
avaliando como esses ocorrem, a partir do desenvolvimento de novos cenários.
Com a execução de um monitoramento e uma modelagem de qualidade, é possível
identificar as áreas suscetíveis à ocorrência de desastres naturais (KOBIYAMA e
MANFROI, 1999), a partir de simulações que fornecem a magnitude e a dimensão de
um provável fenômeno natural (KOBIYAMA et al., 2006).
Os sistemas de alerta, conforme KOBIYAMA et al. (2006), apresentam como
componentes principais: 1) monitoramento; 2) transmissão dos dados; 3) modelagem e
simulação; e 4) orientação para instituições responsáveis e alerta para a população
localizada nas áreas de risco. Assim, a ciência hidrológica pode fornecer informações
que subsidiem tomadas de decisão na implementação de ações para que venha prevenir
e minimizar desastres naturais ocasionados pela escassez e/ou excesso de água.
41
Com o mesmo objetivo de mitigar previamente os efeitos das enchentes,
ZONENSEIN(2007) desenvolveu uma metodologia de análise de risco de cheia em que
considera não as propriedades da enchente, mas também características
socioeconômicas da população e da região afetada. Além disso, cada um desses fatores
pode apresentar uma importância diferenciada na avaliação, que é conjugada em um
índice quantitativo, variável de 0 a 100, denominado índice de risco de cheia (IRC).
Áreas com baixo risco de inundação apresentam valores reduzidos de IRC, enquanto
regiões mais críticas recebem valores mais altos desse índice.
O IRC constitui, assim, uma metodologia simples de análise multicritério. A
combinação desses fatores leva a uma avaliação mais realista quanto ao potencial de
perdas tangíveis e intangíveis ocasionados pela cheia. Esse índice pode ser usado como
ferramenta de suporte à decisão, ao permitir comparação quantitativa entre zonas
críticas, útil na hierarquização de obras e na justificativa de alocação de investimentos
públicos, por exemplo; e comparação quantitativa de soluções ou cenários para uma
mesma região, podendo viabilizar estimativas do impacto do desenvolvimento da bacia
de inundação ou servir de auxílio na elaboração de plano diretor de drenagem.
Na Figura 2.16, é apresentado um fluxograma em que fica exposto o papel da
Hidrologia na prevenção e mitigação de desastres naturais, em que se destaca a
AÇÕES
DESENVOLVIMENTO
FÍSICO
PREVISÕES
ALERTA
RESPOSTA DE
EMERGÊNCIA
META
PREVINIR O COLAPSO
E DIMINUIR O RISCO
META
EVACUAÇÃO E
INTERVENÇÃO
META
SALVAR VIDAS
E PROTEGER
PROPRIEDADE
S
META
RESTAURAÇÃO
E MELHORIAS
RESPOSTA DE
EMERGÊNCIA
Figura 2.15 Seqüência lógica a ser seguida na implementação de medidas para a
redução de perdas. Fonte : Rodrigues ET AL ..(1997).
42
importância das informações geradas por sistemas de alerta a áreas susceptíveis a
desastres naturais, obras para controle de inundações/enchentes, obras para
gerenciamento dos recursos hídricos, principalmente em períodos de estiagem (secas),
mapeamento das áreas de riscos a movimentos de massa (deslizamentos/
escorregamentos), colapso de solo e subsidências, identificação e quantificação das
perdas de solo por erosão, análise da qualidade da água disponível para o consumo, bem
como avaliação dos impactos ocasionados pelo assoreamento.
43
MODELAGEM
MONITORAMENTO
ÁREAS DE RISCO
SISTEMA DE ALERTA
COMUNIDADE PROTEGIDA
INUNDAÇÕES/ENCHENTES
Obras para controle de
inundações/enchentes
Zoneamento do uso e ocupação do solo
EROSÃO/ASSOREAMENTO
Zoneamento do uso e ocupação do solo
Obras e sistemas de contenção de erosão
e assoreamento
EPIDEMIAS ASSOCIADAS À
QUALIDADE DA ÁGUA
Informar a comunidade e adotar
mediadas de prevenção e tratamento
SECAS
Conscientização e uso racional dos
recursos hídricos
Obras para armazenamento de recursos
hídricos
MOVIMENTO DE MASSA
Obras de infra-estrutura
Zoneamento do uso e ocupação do solo
OUTROS (….)
HIDROLOGIA
Figura 2.16 Fluxograma do papel da Hidrologia na prevenção e mitigação dos
desastres. Fonte: TUCCI (2005)
44
3. Modelação Matemática no combate às enchentes
3.1. Modelos Hidrológicos
3.1.1. Estrutura dos modelos Hidrológicos
Segundo TUCCI (2005), os modelos surgiram com a necessidade de se obter séries
hidrológicas mais longas e representativas de vazões para diferentes projetos de
recursos hídricos. As séries de precipitação, normalmente, são mais longas que as de
vazão. Além disso, com a modificação das bacias pela construção de obras hidráulicas e
alterações no uso do solo, as séries de vazões deixaram de ser homogêneas ou
estacionárias. Partindo da precipitação, é possível determinar ou estimar as vazões
desconhecidas para os novos cenários existentes ou previstos para as bacias.
Os modelos desenvolvidos procuram responder às questões emergentes de cada época,
dando ênfase nos processos hidrológicos mais representativos da realidade próxima de
cada autor desses modelos, gerando diferentes configurações.
A estrutura dos modelos hidrológicos chuva-vazão recai na consideração dos seguintes
elementos:
a) Discretização da bacia hidrográfica.
Os modelos utilizam critérios de subdivisão espacial para representar a bacia. De forma
geral, os modelos adotam uma das seguintes estruturas para discretização:
concentrado - toda a bacia é representada por uma precipitação média, e os
processos hidrológicos são mediados por parâmetros de natureza concentrada
no espaço ou também denominados de efetivos;
distribuídos por sub-bacias - o modelo permite a subdivisão da bacia em sub-
bacias, de acordo com a sua drenagem principal. A subdivisão é realizada com
base no seguinte: disponibilidade de dados, locais de interesse e variabilidade
de parâmetros físicos da bacia. Geralmente, os parâmetros e as precipitações
são considerados uniformes em cada sub-bacia.
45
distribuído por módulos - a discretização é realizada por formas geométricas
como quadrados, retângulos, sem relação direta com a forma da bacia, mas
caracterizando internamente os componentes dos processos; a discretização por
módulos busca um detalhamento maior que o anterior, na medida que os
módulos possuem dimensões menores que as sub-bacias anteriores; neste tipo
de discretização, os parâmetros não são definidos em cada módulo, mas por
combinações (blocos) das características de relevo, tipo, uso e profundidade do
solo; em cada módulo, poderão existir vários bloco;. os parâmetros são
definidos por blocos, mas o balanço é realizado por cada bloco dentro de cada
módulo; o problema desse tipo de discretização é o elevado número de
módulos, o que pode dificultar o melhor entendimento por parte do usuário da
integração dos processos e ajustes dos parâmetros.
b) Variáveis temporais de entrada:
As variáveis temporais de entrada utilizadas pelos modelos são: a precipitação, a
evapotranspiração potencial e a vazão.
precipitação - é a principal variável de entrada; apesar da maior disponibilidade
de dados e da densidade de postos, a falta de dados em intervalo menor do que
1 dia e o tamanho das séries são as maiores limitações; as incertezas existentes
nas precipitações são uma das principais fontes de erros do uso desses modelos.
evapotranspiração - normalmente, existem poucos dados disponíveis desse tipo;
na realidade, os pontos climatológicos fornecem dados de tanque, ou seja,
evaporação e informações climatológicas que permitem a estimativa da
evapotranspiração.
vazão - esta última é utilizada para ajuste dos parâmetros do modelo; são
essenciais em cenários de calibração; em cenários de previsão, a vazão não está
disponível; em bacias onde os dados de vazão não estão disponíveis para
calibração, os parâmetros são estimados com base nas características físicas das
bacias, mas com maiores incertezas; a importância dessa informação está na
melhor definição dos parâmetros para a estimativa dos cenários de prognóstico.
46
c) Estrutura básica da integração dos processos:
Na Figura 3.1, é apresentado um fluxograma usual da estrutura na qual os processos
hidrológicos são integrados para representar essa parte do ciclo hidrológico.
Normalmente, esta estrutura é separada em dois módulos:
bacia - simula o balanço vertical dos fluxos e o escoamento na sub-bacia ou no
módulo;
canal - simula o escoamento em rios e canais definidos, propagando a vazão de
montante e recebendo a contribuição do módulo da bacia.
Esses processos são simulados fisicamente em cada módulo ou sub-bacia discretizada,
conforme Figura 3.2. Os parâmetros e as variáveis são definidos para cada um desses
subsistemas.
47
Infiltração de
superficies permeáveis
Escoamento
superficial
Balanço no meio
não-saturado
Balanço no meio
saturado
Evaporação e
evapotranspiração
Escoamentos em rios,
lagos e reservatórios
Precipitação e
evaporação no
tempo e espaço
Estimativa dos
parâmetros
Superficial
Interceptação
vegetal
Precipitação em
áreas impermeáveis
Precipitação
direta
Interceptação por
diferentes superfícies
Subsolo
Escoamento
sub-superficial
Escoamento
subterrâneo
Figura 3.1 Fluxograma dos modelos hidrológicos. Fonte: TUCCI (2005)
48
Figura 3.2 Caracterização da sub-bacia e o trecho de rio.
A descrição de cada um dos componentes do ciclo pode ser expressa por equações
matemáticas, que caracterizam sua estrutura. Na literatura hidrológica, a classificação
dos modelos, geralmente, tem a seguinte definição:
os modelos podem ser do tipo empírico quando as relações matemáticas não
possuem relação com o comportamento físico dos processos;
os modelos conceituais são aqueles que utilizam a equação da continuidade em
combinação com a equação empírica relacionando variáveis do modelo;
os modelos físicos utilizam, além da equação da continuidade, equações da
dinâmica dos processos.
Aquisição dos dados físicos das bacias tem como fator dificultador a grande
variabilidade das características naturais e do uso do solo, resultando numa grande
quantidade de informações a serem transferidas para os modelos, principalmente para os
modelos distribuídos, onde são estabelecidas relações entre características físicas e
parâmetros dos modelos. Nesse aspecto, o uso de sistema geográfico de informações
(SIG), suprido, em parte, por informações adquiridas via a tecnologia de sensoriamento
remoto, tem feito parte da estrutura de entrada de alguns modelos.
A determinação dos parâmetros pode ser diversa. Existem parâmetros de modelos que
são estimados com base nas características físicas, como previamente mencionado, e
outros que devem ser ajustados com base em dados observados das variáveis de entrada
49
e saída. Alguns modelos possuem módulo para ajuste desses parâmetros através da
otimização. Esse procedimento é utilizado de acordo com a conveniência do usuário na
fase de ajuste do modelo. Para bacias com excessivo número de subdivisões, o uso
dessas técnicas deve ser parcimonioso, utilizando apenas um grupo de parâmetros mais
sensíveis, devido ao grande número de parâmetros resultantes para ajuste (ROTUNNO,
1995; XAVIER, 2002; DI BELLO, 2005; ARAUJO, 2006; LIBOS, 2008;
GONÇALVES, 2008; GETIRANA, 2009, entre outros).
3.1.2. Desenvolvimento dos modelos
3.1.2.1 Histórico dos Modelos
Os primeiros modelos tratavam de descrever os processos de cada componente do ciclo
hidrológico, como infiltração, por Horton na década de 30 (HORTON, 1933), o
escoamento em rios, por MACCARTHY (1939), com o Modelo Muskingun, e Puls
(PULS, 1928) para o escoamento em reservatório.
Os problemas e os sistemas eram delimitados para se obter a solução de um problema
específico. Somente na década de 1950, em função da disponibilidade do computador,
apareceram os primeiros modelos hidrológicos que reuniam os vários processos para
descrever a transformação da precipitação em vazão, como o modelo SSARR
(ROCKWOOD, 1958). As décadas de 1960 e 70 foram marcadas pela introdução de
vários outros modelos que contribuíram com características singulares como o Stanford
IV (CRAWFORD e LINSLEY, 1966) que introduziram a distribuição espacial da
avaliação da infiltração, DAWDY e O‟DONNELL (1965), HEC-1 (HEC, 1968) e
IBBITT (1973) que introduziu a otimização dos parâmetros de um modelo hidrológico,
entre outros. Nesse período, foram apresentados vários outros modelos hidrológicos que
tinham um novo nome, mas eram combinações de outros algoritmos básicos, similares
em conceituação aos modelos citados. Em realidade, o número de combinações
possíveis de diferentes métodos em cada componente da parte terrestre do ciclo
hidrológico é muito grande, e cada pesquisador tendia a buscar a que se sentia mais
familiar ou a que apresentava os melhores resultados nas bacias da sua região.
Nessa época, surgiram alguns trabalhos de comparação entre os diferentes modelos,
organizados por instituições como a WMO (World Meteorological Organization ou
Organização Meteorológica Mundial, em português). Por exemplo, WMO (1975)
50
comparou modelos conceituais para previsão e WMO (1986) tratou da comparação de
modelos para geração de séries de vazões e neve. Já WMO (1992) tratou da comparação
de modelos para previsão em tempo real. Os resultados de comparação entre modelos
geralmente não se mostram definitivos, principalmente porque as incertezas nos
processos, de um modo geral, e as dúvidas na representatividade dos dados, em
particular, são maiores que as diferenças entre as equações utilizadas. Geralmente, a
habilidade do usuário em buscar um conjunto de parâmetros na simulação compensa as
diferenças entre modelos que usam equações empíricas equivalentes. Portanto, dentro
de um mesmo grupo de modelos, o melhor é aquele em que o usuário possui mais
familiaridade e conhece melhor as limitações.
A partir da final da década de 70, verificaram-se duas tendências.
(a) Os modelos tinham muitos parâmetros, o que dificultava seu ajuste. Os
processos mais importantes utilizavam cerca de 3 a 4 parâmetros, que são os
mais sensíveis. Priorizando estes parâmetros (e processos) é possível obter
resultados equivalentes aos dos modelos que representam quase todos os
processos, devido à baixa sensibilidade dos demais parâmetros. Dessa forma,
resultaram modelos com menor número de funções e parâmetros (IPH II -
TUCCI et al., 1981, e SMAP - LOPES et al., 1982) e mais eficientes para
engenharia. Por exemplo, os modelos detalhados representam os três tipos de
escoamento: superficial, subsuperficial e subterrâneo. No entanto, para bacias
maiores o escoamento superficial e subsuperficial confundem-se e podem ser
considerados, algumas vezes, como apenas superficial. Da mesma forma, a
maioria dos modelos considera os processos de forma Hortoniana, típico de
bacias maiores, enquanto que em bacias menores o efeito das áreas de recarga e
das fontes é fundamental, desprezado na representação citada. Uma das
aplicações que mais se beneficiou dessa simplificação foi a previsão em tempo
real, que necessitava de parcimônia para melhorar a utilização dos parâmetros.
(b) Com o aumento da preocupação ambiental e avaliação do impacto da alteração
do uso do solo, iniciou-se o desenvolvimento de modelos com maior base física,
procurando estabelecer relações que pudessem ser estabelecidas entre as
características físicas do sistema e os parâmetros, reduzindo o empirismo das
estimativas desses últimos. No fundo, isto significava ir além da equação da
continuidade. Por exemplo, na simulação em rios em canais significa introduzir
51
a equação de quantidade de movimento que representa o efeito das forças no
escoamento.
Na linha dos modelos que detalham o comportamento na bacia para avaliação do uso do
solo, observou-se a seguinte tendência:
(a) na área de agricultura, com o objetivo de avaliação do escoamento, sedimentos e
componentes de qualidade da água, em pequenas parcelas rurais, de alguns
hectares (CREAMS, USDA,1980; ANSWER, BEASSLEY e HUGGAINS,
1981). Nesse caso, a transformação de precipitação em vazão geralmente
utilizava algoritmos conceituais; portanto, apenas tratavam de discretizar a bacia,
mas não incorporavam fundamentos dinâmicos;
(b) modelos hidrológicos que retratavam apenas a transformação chuva-vazão, com
fundamentos hidrológicos físicos, como o TOPMODEL e o SHE (ABBOTT et
al., 1986). Esses são denominados de físico-distribuído, porque geralmente
utilizam algum atributo especial de discretização e introduzem expressões
dinâmicas nos processos.
Estes modelos não apresentam necessariamente melhor resultado que os modelos
tradicionais no hidrograma de saída devido ao seguinte:
a) a representação espacial e temporal da precipitação é onde reside o maior erro, e
alguns pluviômetros limitam os resultados;
b) a dificuldade de ajustar o modelo para um número muito grande de parâmetros;
c) o usuário tem dificuldade de assimilar o grande número de interações espaciais e
ganhar sensibilidade no seu uso;
d) as formulações introduzidas ainda carregam muito empirismo e os parâmetros
estimados numa parcela não representa necessariamente o processo no espaço
maior;
e) a falta de dados em diferentes escalas dificulta o entendimento e a representação
dos processos de escala hidrológica; o benefício é o de poder retratar processos
distribuídos.
52
Na década de 90 do século passado, com o desenvolvimento dos modelos climáticos
globais (GMC), verificou-se que a atmosfera o era um sistema isolado e necessitava
de informações dos oceanos e da superfície continental. Ao buscar simular o sistema
terrestre, para integrar com os modelos climáticos, identificou-se que as escalas de
resolução eram incompatíveis entre si. Uma quadrícula do modelo GCM era maior que
toda a bacia usualmente simulada em hidrologia. Alguns autores trataram de representar
os processos como o escoamento no solo por equações diferenciais, mas existe pouca
coerência espacial, pois essas equações retratam processos observados em poucos
metros, enquanto que os modelos climáticos possuem quadrículos de ordem de 100 km.
Esse desafio aumentou ainda mais a necessidade da hidrologia de escala e o
estabelecimento de funções físicas que pudessem ser aferidas no campo. Os modelos
hidrológicos de grandes bacias desenvolveram-se buscando o princípio de distribuição
espacial da capacidade de infiltração utilizado no Stanford IV e usado nos diferentes
modelos a seguir (TODINI, 1996; LIANG et al. 1994; BREMICKER, 1998;
KUCHMENT, 1992; DUMENIL e TODINI, 1992; ZHAO et al.,1980). Os modelos
climáticos e os hidrológicos de grandes bacias necessitam tratar o problema de forma
distribuída e estabelecer quadrículas compatíveis entre si. A tendência atual é de
desenvolvimento de modelos acoplados climáticos, hidrológicos e ambientais.
Nesse mesmo período, o avanço dos modelos hidrológicos distribuídos na escala da
bacia hidrográfica (mesoescala) mostrou avanços importantes principalmente através
dos seguintes elementos:do uso do geoprocessamento, que permitiu a identificação
espacial das variáveis de entrada e de atributos físicos das bacias, também utilizadas nos
citados modelos no parágrafo anterior; da consideração do uso de incerteza na
estimativa de parâmetros mais sensíveis.
A simulação dos efeitos de alteração do clima, das condições antrópicas (outras além do
efeito estufa), em diferentes escalas, tem exigido dos modelos o seguinte:
formulação que retrate não somente a transformação de precipitação em
escoamento, mas também a produção e o transporte de sedimentos, a qualidade
da água e ainda o desenvolvimento de novas paisagens ambientais em função
dos condicionantes gerados;
53
modelos que identifiquem de forma adequada as incertezas geradas pelos seus
diferentes condicionantes e propaguem a mesma para a variável de decisão;
modelos que retratem os processos nas escalas espaciais.
3.1.2.2 Desafios
A Hidrologia, como área do conhecimento, tinha, até as primeiras décadas do século
vinte, um caráter muito mais descritivo do que quantitativo. Os macrofluxos do ciclo
hidrológico foram descritos de forma qualitativa, e equações empíricas relacionadas às
variáveis foram apresentadas para estimativa quantitativa, como o cálculo da infiltração
e a vazão dos poços.
Os modelos matemáticos hidrológicos representam uma classe de ferramentas criadas
na hidrologia que se desenvolveram de forma significativa nos últimos 50 anos. A
evolução dos modelos seguiu uma rota estreita com o desenvolvimento dos
computadores, na sua primeira geração em ambiente main frame, quando os modelos
eram de acesso restrito, justamente como essas máquinas e, depois, com o
microcomputador que aumentou e redirecionou certos usos. Ficou marcante o avanço
dos modelos com a entrada da fase do geoprocessamento e do sensoriamento remoto na
evolução dos modelos distribuídos e a representação da diversidade física da bacia
hidrográfica.
O investimento econômico em infra-estrutura no pós-guerra levou a construção de
aproveitamentos de recursos hídricos, drenagem de cidades e rodovias, controle de
enchentes, entre outros. Esses projetos, desenvolvidos por engenheiros civis, exigiam a
quantificação dos processos hidrológicos. Nesse período, predominou a visão
pragmática do engenheiro, desenvolvendo métodos quantitativos para explicar os
processos hidrológicos, necessários aos referidos projetos. As características dos
modelos, nesse período, tinham como objetivo apenas transformar a precipitação em
vazão, sem grande compromisso com a qualidade dos resultados intermediários. Nessa
fase, os modelos eram empíricos ou conceituais.
Depois dos anos 80 do século XX, com a evolução do controle do impacto ambiental,
foi necessário avaliar o impacto sobre ambientes como banhados, desmatamento sobre
bacias hidrográficas, erosão de áreas agrícolas transporte de pesticidas, qualidade do
54
pluvial de áreas urbanas. O modelo deixou de ser quantitativo sobre apenas uma
variável (a vazão), para representar outros processos que envolvem vários componentes
inter-relacionados com o escoamento. Esses modelos têm sido descritos como físico-
distribuídos, pois introduzem, além da equação da continuidade, expressões da dinâmica
dos processos. Esse tipo de modelo é distribuído por módulos ou por unidade
hidrológica e considera com maior detalhe a variabilidade espacial das características da
bacia e da precipitação.
A natureza dentro de sua complexidade interativa mostra que todos os processos que
ocorrem na bacia hidrográfica produzem alterações ou impactos na água que escoa nos
rios e lagos. Compreender os processos na bacia hidrográfica é essencial para dar
respostas aos diferentes usos e a sustentabilidade ambiental.
Os modelos nasceram dentro da necessidade de dar resposta às diferentes questões
científicas. Inicialmente, explicaram componentes da relação precipitação-vazão como a
infiltração, a evaporação, o escoamento em rios, entre outros, para depois buscar
integrar os diferentes componentes causais da natureza e dos fatores antrópicos.
Conceitualmente, o desafio sempre foi muito grande devido a vários fatores como os
seguintes:
como representar um processo que observamos a nível pontual para uma escala
espacial de milhares de quilômetros quadrados?
como representar a irregularidade da natureza na forma de variáveis e
parâmetros que representem de forma adequada os principais processos
quantitativos?
como diminuir a incerteza das estimativas das variáveis hidrológicas e dos
parâmetros de vários sub-modelos, quando existe apenas a variável observada
de entrada (precipitação e evapotranspiração) e de saída (vazão ou nível) de
uma bacia?
como amostrar elementos da bacia que permitam avaliar o comportamento
hidrológico a partir de visita ao campo (como outras ciências fazem)?
55
Muitos desses desafios ficarão por muito tempo para serem decifrados, dentro da busca
utópica do hidrólogo de, a partir de observações das características físicas da bacia,
poder responder seu funcionamento, conhecendo sua entrada.
3.1.3. O uso dos modelos hidrológicos
Como foram discutidos em parte no item anterior, os principais usos desse tipo de
metodologia são:
Melhor entender o comportamento dos fenômenos hidrológicos no exutório
- o detalhamento do modelo permite ao hidrólogo separar os fenômenos e, em
conseqüência, estudar a sensibilidade das variações para bacias com diferentes
características. Além disso, é possível testar e avaliar diferentes formulações
para os processos;
Análise de consistência e preenchimento de falhas - devido à facilidade de
operação e custo, é normal existirem séries mais longas de precipitação do que
de vazão. Portanto, através do modelo, é possível, após o ajuste, estender a série
de vazão com base na precipitação. O modelo também é utilizado para analisar
a consistência da curva-chave, dos níveis e precipitações observados, além de
permitir a verificação de alterações no rio e na bacia;
Previsão de vazão - o controle de cheia, a operação de obras hidráulicas, a
navegação, entre outros, depende do conhecimento antecipado da ocorrência da
vazão. Esse tipo de estimativa da vazão pode ser obtida com base na
precipitação conhecida, na vazão de um posto de montante ou na
correspondente combinação. As características da simulação para esse objetivo
são diferentes das demais, no entanto modelos semelhantes podem ser
utilizados, mas com estruturas computacionais diferentes. O modelo de previsão
em tempo atual deve buscar utilizar ao máximo as informações disponíveis no
momento da previsão, atualizando parâmetros e/ ou variáveis.
Dimensionamento e previsão de cenários de planejamento: conhecida a
precipitação, e o risco de sua ocorrência, é possível estimar a vazão resultante
para cenários de uso e modificação da bacia, visando ao dimensionamento ou
planejamento de alternativas de desenvolvimento do sistema. Nesse caso, os
56
modelos hidrológicos utilizados podem ter algumas limitações, quanto à
simulação de certos cenários de desenvolvimento diferentes daquele do ajuste,
como, por exemplo, a modificação do uso do solo.
Efeitos resultantes da modificação do uso do solo: a análise do escoamento
resultante da modificação do uso do solo é um dos problemas complexos, que
requer uma metodologia mais sofisticada que as utilizadas para resolver os
problemas anteriores. Os modelos existentes, de forma geral, apesar de
conceituais, possuem muitas formulações empíricas para representar os
processos e, em conseqüência, parâmetros que se relacionam mais
qualitativamente do que quantitativamente com a física da bacia. Mesmo nessas
condições, os parâmetros englobam rias características da bacia, o que
dificulta qualquer análise quanto ao resultado da modificação de qualquer
característica da bacia. Isto ocorre, por exemplo, com o desmatamento de
grandes áreas, com a urbanização acentuada da bacia, entre outros. Modelos que
representam o processo físico em maior detalhe e com menor empirismo,
apresentam sérias limitações devido à heterogeneidade da bacia.
3.1.4. Modelos Distribuídos por sub-bacias.
Stanford IV é o modelo apresentado por CRAWFORD e LINSLEY (1966). O modelo
possui duas estruturas básicas: (a) simulação na bacia (Land) e; (b) rio e canal
(channel). A bacia é subdividida em sub-bacias, delimitadas por uma seção no rio (flow
points). A escolha dessas seções de controle deve-se a uma ou mais das seguintes
razões: existe um posto fluviométrico; deseja-se obter a saída das vazões ou ainda
devido a características de trechos e sub-bacias.
Modelos IPH são modelos desenvolvidos no Instituto de Pesquisas Hidráulicas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul para simulação de parte do processo do
ciclo hidrológico. Os modelos receberam uma numeração de acordo com a versão e são
aplicáveis a diferentes situações.
O modelo IPH II foi desenvolvido com o objetivo de permitir seu uso para projetos de
engenharia em bacias rurais e urbanas. O modelo utiliza poucos parâmetros e é baseado
em algoritmos conhecidos. Essa versão é utilizada para bacias que não necessitem
propagação no leito do rio ou que esse efeito não seja importante no processo, que a
57
propagação levada em conta no modelo se refere somente ao escoamento na superfície
da bacia.
O modelo IPH III utiliza a versão anterior, para simular o escoamento na bacia, e
propaga as vazões que chegam ao rio através do método da onda cinemática. Outras
opções foram recentemente adicionadas como: Muskingun-Cunge para rios e o método
de Pulz para reservatórios (IPHS1). A entrada da contribuição da bacia é distribuída por
sub-trechos na simulação. Essa versão do modelo permite a simulação de um sistema
fluvial, onde no canal não existam efeitos devido à maré ou lagos que provoquem
remanso ou inversão de fluxo. A versão IPH IV utiliza a versão II para a simulação do
escoamento na bacia e um modelo que simula o processo precipitação-vazão com
intervalo de tempo mensal. Esse modelo denominado de IPH mensal foi proposto com o
objetivo de obter resultados rápidos com um certo grau de aproximação para problemas
básicos de balanço hídrico ou quando os dados diários não estavam disponíveis. A
principal limitação desse tipo de modelo decorre da simplificação maior na
variabilidade temporal.
De forma a consolidar essa linha de desenvolvimento de modelos hidráulico-
hidrológicos propostos pelo IPH, COLLISCHONN (1995) propõe um modelo
hidrológico distribuído para grandes bacias denominado MGB-IPH. Aplicações diversas
têm sido conduzidas, como, por exemplo, no trabalho de LIBOS (2008), onde é
estudada a bacia do rio Cuiabá, a montante do Pantanal Matogrossense, e no trabalho de
GETIRANA (2009), em que é conduzido um estudo extensivo sobre a bacia do rio
Negro, que abrange uma área de aproximadamente 700.000 km
2
.
O modelo SCS foi apresentado pelo Soil Conservation Service (1975) e tem sido
utilizado para simulação de hidrogramas de cheias de projeto de obras hidráulicas bem
como para o estabelecimento de risco de enchente para um determinado local. O modelo
tem sido muito utilizado em todo mundo devido ao seguinte: (a) reduzido número de
parâmetros; (b) relação entre os parâmetros e características físicas da bacia. Os
fundamentos do modelo baseiam-se numa proporção linear entre duas relações: o
volume infiltrado pela capacidade máxima de infiltração com o total escoado e com a
precipitação total. Essa relação não é linear.
58
O modelo SSARR (Streamflow synthesis and Reservoir Regulation) foi desenvolvido
pelo US Army Corps of Engineer (USARMY, 1972) em três módulos: (a) precipitação-
vazão numa bacia; (b) escoamento em rios e reservatórios; (c) regularização de
reservatórios.
LOPES et al. (1982) apresentaram um modelo de estrutura simples, o modelo SMAP,
que utiliza a separação do escoamento baseado nos parâmetros do US Soil Conservation
Service. A diferença entre esse modelo e o do SCS é que o SMAP é utilizado para
simular séries contínuas e não apenas a cheia de projeto. O modelo está descrito,
detalhado e avaliado em referências como DIB (1986), ROTUNNO (1989), SILVA
(1990), THOMAZ (1992), CASTRO (1993), DI BELLO (2005), LIBOS (2008) e
GONÇALVES (2008). .
O modelo TOPMODEL é um modelo dito semidistribuído, em que utiliza relações
físicas para representar a bacia hidrográfica e os processos hidrológicos. A estrutura do
modelo baseia-se na discretização em sub-bacias, mas utiliza um fator topográfico
obtido em mapas detalhados (discretização com malha de no máximo 50m). O modelo
está descrito e analisado em XAVIER (2002) e GONÇALVES (2008). .
O modelo ANSWERS (Areal Non-point Source Watershed Environment Response
Simulation) foi desenvolvido originalmente por Beasley e Huggins (1981), com o
objetivo de simular os processos hidrológicos da quantidade de água e sedimentos,
visando estudar o comportamento de pequenas bacias rurais sujeitas ao uso agrícola.
Neste texto, é descrita a parte de quantidade de água do modelo.
Mais recentemente, foi concebido o modelo EPHSTC-COPPE, conforme exposto em
ARAUJO (2006). Nessa nova concepção, o modelo distribuído, que parte de modelos
do tipo solo-vegetação-atmosmosfera e propõe uma nova redistribuição lateral de água
no solo, efetua, além do tradicional balanço de massa presente nos modelos
supracitados, o balanço de energia na superfície do solo, o que permite avançar no
melhor conhecimento da variabilidade espaço-temporal dos campos de calor latente e
calor sensível e conseqüentemente na deteminação da evapotranspiração e da umidade
do solo a partir de um conjunto complementar de dados hidromeoterológicos, que
envolve velocidade do vento, umidade relativa do ar, insolação, radiação solar, entre
outros.
59
3.2. Modelos Hidrodinâmicos
3.2.1. Análise de diferentes modelos matemáticos de escoamento
unidimensional
O escoamento de uma onda em um canal produz atenuação e deslocamento da onda
devido: aos efeitos de armazenamento na calha normal e na planície de inundação; à
fricção com as margens e o fundo; e às variações de características do canal. Tais efeitos
são representados pela continuidade de massa na equação da continuidade, e pela
conservação da quantidade de movimento na equação dinâmica.
Os rios e canais podem apresentar diferentes características, predominando em cada
caso, um ou mais efeitos sobre o escoamento.
Considerando a equação dinâmica, sem levar em conta a contribuição de vazão lateral,
tem-se:
1


+


+


+


+
= 0, 


= 
0
(3. 1)
Cada termo desta equação pode ser considerado como a representação de uma
declividade. Os dois primeiros termos, assumindo-se a velocidade v uniformemente
distribuída ao longo da seção transversal, são os termos de inércia ou declividades de
aceleração. O primeiro termo
1


representa a declividade da linha de energia devido
a variações da velocidade no tempo. O segundo termo é a declividade que corresponde à
variação da taquicarga
2
2
no espaço. O terceiro termo é a declividade da linha de
água, sendo


o termo de pressão e o S
0
a declividade do fundo do leito do rio. O
quarto termo representa a declividade devido à resistência das forças de fricção que se
opõem ao escoamento.
Apesar das equações de Saint Venant apresentarem restrições na formulação de suas
hipóteses, simplificações adicionais podem ser adotadas, com a omissão de alguns
termos, basicamente por duas razões que são expostas a seguir:
60
A interpretação dos resultados obtidos com o uso de modelos matemáticos é
importante e tanto mais fácil se baseado em equações simplificadas. As
equações completas descrevem um conjunto complexo de fenômenos que
dificultam a análise intuitiva de seu comportamento global. Portanto, durante o
processo de calibração do modelo, quando a intuição é um fator importante,
equações simplificadas mais freqüentemente direcionam uma linha de
raciocínio.
Apesar de um contínuo desenvolvimento computacional e de modelos, existem
muitas técnicas e programas em uso baseado em equações simplificadas. A
razão para isso varia desde a inércia de modeladores, que continuam a usar
métodos e programas desenvolvidos anos atrás, até a real necessidade de
modelos simplificados em certas situações, por exemplo, na estimativa de
previsão de uma cheia em tempo real, quando a obtenção de dados é mais fácil e
o modelo tem que ser executado enquanto ocorre a cheia. É importante, portanto,
compreender as limitações de equações simplificadas.
Em rios de grande declividade, onde a forca de gravidade é preponderante, todos os
termos, exceto as declividades do fundo (S
0
) e de fricção (S
f
), são relativamente não
significativos. Quando ocorrem efeitos de jusante sobre o escoamento, ou a declividade
da linha de água altera substancialmente a vazão, o termo de pressão deve ser
importante. Quando ocorrem variações fortes de velocidade, os termos de inércia
também se tornam importantes.
Os modelos são classificados segundo os termos utilizados das equações de Saint
Venant. Tais modelos, de forma geral, podem classificar-se da seguinte forma:
modelo hidrodinâmico completo, considerando-se todos os termos das equações;
modelo de analogia à difusão, desprezando-se os termos de inércia da equação
dinâmica;
modelo de onda cinemática, desprezando-se os termos de inércia e o de pressão
da equação dinâmica;
modelos de armazenamento, utilizando a equação da continuidade e uma relação
entre armazenamento e vazões de entrada e saída no trecho em estudo.
A seguir, são apresentadas discussões sobre esses modelos.
61
3.2.1.1 Modelo Hidrodinâmico Completo
Este modelo utiliza as equações de Saint-Venant completas.


+


=
( 3.2)

+


+


= 
0
(3.3)
Estas equações, tal como apresentadas, não têm solução analítica, sendo resolvidas,
portanto, numericamente.
3.2.1.2 Modelo Analogia à Difusão:
Este modelo não leva em consideração os termos de inércia da equação dinâmica.
Quando os termos de inércia são abandonados a equação dinâmica fica:


= 
0
(3. 4)
No caso do uso da equação de Manning,
=
2
2
4
3
=
2
(3. 5)
onde: k condutância.
Tem-se, então, o seguinte sistema de equações:


+


=
(3. 6)


= 
0



0
= 0 (3. 7)
Derivando a equação (3.6) em relação a (x) e a equação (3.4) em relação a (t) e
considerando a largura superficial B constante, chega-se às expressões:
2

+
2
2
= 0 (3. 8)
62
2

+
2
2


2
3


= 0 (3. 9)
Fazendo


=




=



1


(3. 10)
e igualando os valores de
2

obtidos pelas duas equações, tem-se:
1
2
2
+
2
2


+
2
3




= 0 (3. 11)
ou


+





2
2
2
2
= 0
3. 12
A equação (3.12) é uma clássica equação diferencial parcial parabólica de advecção-
difusão com a variável dependente Q(x,t). A variável Q, vazão, sofre convecção com
uma velocidade

2
e difusão com um coeficiente de difusão
2
2
.
A consideração do termo de pressão


permite levar em conta os efeitos de jusante. Se
a velocidade não possui gradientes significativos e os termos de inércia podem ser
desprezados, esse modelo pode ser adequado à propagação de cheias.
3.2.1.3 Modelo de Onda Cinemática:
Este modelo desconsidera os termos de inércia e o de pressão na equação dinâmica,
sendo as equações básicas utilizadas dadas por:


+


=
(3. 13)
0
=
(3. 14)
Ao se considerar a declividade do fundo igual à declividade de fricção na equação
dinâmica, o escoamento assim descrito tem as seguintes características:
63
a declividade do fundo ou força de gravidade são preponderantes sobre o
escoamento em relação aos demais termos da equação dinâmica;
a relação entre a a vazão e o nível de água numa seção é unívoca.
Considerando a equação de Manning, tem-se:
=
2
2
2
4
3
=
0
(3.15)
=

2/9
1/2
,  
2/9
=
(3.16)
A onda cinemática é mais importante do que pequenas perturbações que
se comportam como ondas dinâmicas.
A aplicabilidade e análise dos modelos deve basear-senas características físicas do canal
e da onda a ser propagada.
3.2.1.4 Modelos de armazenamento:
Esses modelos simulam o escoamento em um canal utilizando apenas a equação da
continuidade, sendo este tipo de modelo utilizado em hidrologia, principalmente pela
simplicidade de formulação e pela pequena quantidade de dados requerida.
A equação da continuidade é transformada desprezando-se a contribuição longitudinal
da vazão lateral e aproximando-se diretamente a variação de volume de armazenamento
no trecho pela diferença de vazões de entrada e saída. Neste caso, as variáveis ficam
sendo o armazenamento (S), a vazão de entrada (Q
A
) e a vazão de saída (Q
E
).
Equação da Continuidade:


+


=
(3.17)
Discretizando-se a equação para um trecho Δx:
× 

=  (3.18)
64


=



=
(3.19)
Os modelos de armazenamento são diferenciados pela segunda equação utilizada para
relacionar o armazenamento com as vazões de entrada e saída.
O uso desses modelos é limitado e válido quando o efeito preponderante é o
amortecimento devido ao armazenamento e não ocorrem efeitos de jusante sobre o
escoamento.
Para o ajuste desse tipo de modelo, são necessários apenas hidrogramas de montante e
de jusante.
3.2.2. Aproximação Para Escoamento Bidimensional
Na modelagem de extensas áreas planas em que são inundadas áreas adjacentes à calha
do rio, em que ocorrem zonas de armazenamento, as equações unidimensionais não
simulam adequadamente o movimento das águas.
Para a solução de tal problema, pode-se considerar uma aproximação proposta por
ZANOBETTI et al. (1968, 1970).
É suposto que a área inundada pode ser representada por uma série de células
interconectadas com superfície variável no plano (x,z) (em planta). A área “A”de cada
célula “1”é definida pelo nível de água y
i
nessa célula e pelos contornos naturais, tais
como estradas, elevações, entre outros. Assume-se que a superfície do espelho de água é
horizontal no interior das células e troca de vazões entre células adjacentes k, de
acordo com o esquema mostrado na Figura 3.6.
65
Figura 3.3 Esquema de conexão entre células. Fonte: ZANOBETTI et al. (1968,
1970) referido em CUNGE HOLLY e VERWEY (1980).
A equação da continuidade para a célula i, em um dado intervalo de tempo, pode ser
escrita da seguinte forma:
 =
,

+
(3. 20)
onde:
ΔV
i
variação do volume armazenado em uma célula i;
Q
i,k
descarga entre as células i e k;
Σ
k
somatório sobre todas as células k ligadas à célula i.
Expressando o volume armazenado como uma função da área do espelho de água A
i
(y
i
),
a equação (3.20) fica :
=
,

+
+
(3. 21)
Se limitado aos termos de primeira ordem e caso se assuma que:

(3. 22)
com a consideração adicional de que y
i
(t+Δt) y
i
(t) = Δy
i
0 , pode-se reescrever a
equação (3.62) na forma diferencial:
66

=
,
(3. 23)
Considerando ainda que as inundações das planícies ocorram vagarosamente, pode-se
assumir que a recarga Q
i,k
entre duas células não é influenciada pelos termos de inércia.
Pode-se escrever, então, que a descarga entre duas células é função apenas do nível de
água dentro dessas células:
,
=
,
3. 24
Para cada uma das N células, pode-se escrever a equação (3.23) levando a um sistema
de N equações diferenciais ordinárias não-lineares.

=
,
,
, = 1, 2 . .
(3. 25)
As variáveis dependentes no sistema são os N níveis de água y
i
(t). Tal sistema requer N
condições iniciais, isto é, um conjunto de valores y
i
(0). Para a relação (3.23), pode-se
usar qualquer fórmula hidráulica de descarga apropriada.
Com as equações (3.25), pode-se modelar praticamente qualquer escoamento não
permanente em rios. Vale notar que as leis de descarga definidas entre as células são
unidimensionais. Entretanto, o sistema como um todo pode simular um escoamento
bidimensional.
3.2.3. Histórico do Modelo de Células de Escoamento
As linhas que seguem são extraídas de (Métodos Numéricos em Recursos Hídricos 5 /
Paulo Cesar Colonna Rosman, Flávio César Mascarenhas, Marcelo Gomes Miguez e
Rodrigo Otávio Guedes Campos. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Recursos
Hídricos, 2001).
Na década de 1960, foi proposto e construído o primeiro modelo matemático
bidimensional relevante. Este modelo foi construído para o delta do rio Mekong pela
Societé Grenobloise d'Etudes et Applications Hydrauliques (SOGREAH), a pedido da
UNESCO. Os trabalhos iniciados em 1962 terminaram em 1966 e Zanobetti e Lorgeré
apresentaram este modelo em artigo na revista La Houille Blanche (1968). O modelo
67
desenvolvido tinha por princípio a divisão da bacia do rio em células de
armazenamento, que representavam trechos de rio e de planície. Outras aplicações desse
tipo de modelação, a partir desta data, podem ser encontradas no estudo dos seguintes
casos: pantanal de Mopipi (HUTCHISON e MIDGLEY, 1973); bacia do rio Mono
(CUNGE, 1975); bacia do rio Senegal (CUNGE, 1975; CUNGE, HOLLY e VERWEY,
1980); rio Mfolozi/Estuário Santa Lúcia (WEISS e MIDGLEY, 1978); bacia superior do
rio Rhône (CUNGE, HOLLY e VERWEY, 1980); bacia do rio Paraná em
Yacyreta/Apipe (MAJOR, LARA e CUNGE, 1985).
O conceito de modelação por células foi resgatado, no Brasil, na tese de mestrado
defendida por Miguez (Miguez, 1994), com aplicação ao Pantanal Mato-Grossense,
também uma grande planície rural alagável. Em seguida, Miguez e Mascarenhas (1999)
resgataram este trabalho, adaptando os conceitos envolvidos na modelação por células
para aplicação a uma bacia urbana, modificando o foco inicial do modelo, buscando a
adaptação do modelo de células ao contexto urbano, ou seja, verificando o
comportamento do modelo em termos de pertinência de representação do escoamento
sobre o espaço de uma cidade. Esta nova etapa visava complementar o modelo
inicialmente construído, procurando contemplar o máximo possível da diversidade
apresentada em um movimento de cheia em uma área urbana, dando maior consistência
matemática e física ao modelo proposto, a fim de tornar maior a sua confiabilidade e
capacidade de representação da situação real, partindo da avaliação crítica feita no
estudo inicial.
Seguindo esse contexto, o modelo de células modificado para aplicação urbana foi
utilizado para representar os padrões de escoamento tendo como área de estudo a cidade
de Joinville, em Santa Catarina, no sul do Brasil, em um projeto contratado junto à
Universidade Federal do Rio de Janeiro, que pretendia verificar a funcionalidade de
medidas estruturais propostas pela Prefeitura Municipal, com vistas à obtenção de
financiamento do Banco Mundial. Os resultados atingidos foram considerados
qualitativamente satisfatórios, demonstrando o acerto de se utilizar esta concepção de
modelagem para a verificação do padrão de escoamento de cheias em planícies urbanas.
Posteriormente, uma nova versão do modelo de células foi construída com a finalidade
de realizar novas implementações de conceitos físicos, visando incrementar, uma vez
mais, o seu grau de representatividade para as cheias urbanas, definindo-se novos tipos
68
de células e de ligações. Esta nova versão do modelo de células foi aplicada para a
realização de um estudo de enchentes na bacia do Canal do Mangue, na cidade do Rio
de Janeiro/RJ, onde foi elaborado um projeto de atenuação de enchentes desenvolvido
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com acompanhamento da Fundação Rio-
Águas, órgão da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.
Ainda na bacia do Canal do Mangue, em particular, realizaram-se estudos sobre o
funcionamento hidráulico de galeria de drenagem do projeto Rio-Cidade para a rua
Haddock Lobo, no bairro da Tijuca; o funcionamento de um reservatório temporário de
acumulação no parque Recanto do Trovador; o efeito da implantação de soleiras ao
longo do trecho alto do rio Maracanã; a simulação de reservatórios em lote no bairro do
Grajaú; o efeito da incorporação de lixo e resíduos sólidos ao escoamento, interferindo
na capacidade de vazão dos dispositivos de descarga de modo dinâmico, durante a
passagem da cheia.
Em junho de 2003 encerrou-se um estudo de desenvolvimento de modelos para previsão
de vazões nas bacias dos rios Manso e Cuiabá (MT) após a implantação do
Aproveitamento Hidrelétrico de Manso, em um convênio entre Furnas Centrais
Elétricas S.A. e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEC-2685), mesclando uma
aplicação rural em larga escala com a avaliação de enchentes sobre a cidade de Cuiabá.
Neste ínterim, uma série de trabalhos de pesquisa têm sido desenvolvidos, em âmbito
acadêmico, dentre os tais destacam-se: a análise da influência da urbanização na
geração de cheias e avaliação de tendências futuras; modelação matemática como
ferramenta para planejamento e na concepção de projetos integrados de combates às
enchentes; utilização de reservatórios de lotes como solução complementar para o
sistema de drenagem urbana; avaliação da importância do tempo de concentração para
compatibilização das áreas dos compartimentos de escoamento na modelação
topográfica pertinente ao modelo de células; entre outros.
3.2.4. Modelo de Células de Escoamento MODCEL
O modelo matemático de células de escoamento, MODCEL, foi desenvolvido com a
finalidade de permitir simulações de diversos processos que interferem com a
quantidade de água na bacia. Tem-se uma representação da realidade física modelada
69
bem como um conjunto de procedimentos práticos que produzem uma representação
por células da paisagem urbana (MAGALHÃES, 2005).
O modelo parte do princípio de que uma bacia pode ser subdividida em um conjunto de
compartimentos homogêneos, interligados, chamados de lulas de escoamento, que se
integram no plano da bacia em um arranjo capaz de reproduzir os padrões de
escoamento que ocorrem na bacia. Esse arranjo se a partir das interações entre as
células, modeladas através de suas ligações, que formam uma rede de fluxo
bidimensional com possibilidade de escoamento em várias direções. As ligações entre
as células são feitas por meio dos centros de células que reúnem todas as informações
necessárias para o escoamento (MIGUEZ, 2001).
Em um cenário de alagamento em área urbana, por exemplo, as calçadas podem
funcionar como vertedouros para os rios, as ruas como canais para as águas
extravasadas, acumulando essas águas em áreas indesejadas, alagando casas,
construções e praças e não retornando assim a rede de drenagem. Tem-se o caso em que
alagamentos em áreas urbanas podem ser iniciados mesmo sem extravasamento da rede
de macro-drenagem, gerando um padrão de escoamento particular e distinto daquele dos
canais. Isso se dá devido ao mau funcionamento da micro-drenagem, entupimentos e
falta de manutenção. O modelo de células está descrito detalhadamente no ANEXO A.
3.2.5. Fontes de erros e incertezas
Na análise dos resultados de um modelo, as principais incertezas envolvidas são: (a)
variações aleatórias e erros de aquisição das variáveis de entrada e de saída (este último
quando utilizado para ajuste); (b) limitações da estrutura dos modelos para representar o
sistema; (c) as incertezas na estimativa dos parâmetros. Os resultados devem minimizar
as incertezas para buscar resultados adequados para os objetivos.
Estes elementos podem ser fortemente interdependentes devido às incertezas das
entradas e dos parâmetros. Por exemplo, incertezas na precipitação podem levar ao
usuário a modificar os parâmetros para compensar esta falta de informação. Da mesma,
a deficiência da estrutura do modelo em representar parte do processo, também pode
levar o usuário a alterar parâmetros para buscar resultados comparados com os
observados. A minimização destes problemas depende do seguinte: (i) qualidade e
representatividade dos dados históricos utilizados; (ii) da estrutura adequada do modelo
70
para representar os principais processos envolvidos na simulação; (iii) ao conhecimento
do sistema e do modelo pelo usuário.
As incertezas sobre as variáveis de entrada envolvem a variabilidade natural e os erros
de medição das mesmas. A precipitação tende a apresentar gradientes temporais e
espaciais mais significativos do que a evaporação.
Para a precipitação é necessário um maior número de postos de observação e registros
temporais dentro do dia. A evapotranspiração potencial apresenta incertezas quanto a
sua quantificação devido a limitação nas equações e nas observações. As primeiras
ocorrem devido ao reduzido número de postos com todas as variáveis necessárias, além
da limitação das próprias equações. As observações podem apresentar importantes
incertezas devido ao seguinte: (i) os dados no Brasil com série longa são de
evaporímetros de Piché, que apresentam grandes diferenças com os valores reais; (ii) os
dados de tanque medem a evaporação e não a evapotranspiração.
Os modelos hidrológicos geralmente adotam homogeneidade temporal e espacial. No
primeiro a homogeneidade temporal ocorre dentro de cada intervalo de tempo e, no
segundo, na sub-bacia ou no módulo de discretização. Estes valores também dependem
da distribuição dos postos pluviométricos na bacia, como já mencionado nos itens
anteriores.
As incertezas da estrutura do modelo se devem às características das formulações e sua
capacidade de representar os processos envolvidos. Por exemplo, na simulação do
escoamento de um rio, onde o processo é fortemente não-linear, os parâmetros de tempo
de escoamento variam com a vazão. Quando um modelo linear é utilizado, os resultados
serão bons para faixa de vazões utilizadas no ajuste e as incertezas aumentam para
valores fora deste grupo.
O hidrograma unitário (HU) é um dos principais exemplos. O HU tem uma estrutura
linear onde precipitações efetivas de diferentes magnitudes produzem,
proporcionalmente, hidrogramas de mesmo tempo de base. A realidade é diferente e
quanto maiores forem às variações das respostas à magnitude das precipitações, maiores
serão as incertezas. Além disso, a estimativa da precipitação efetiva pode introduzir
incertezas nos dados utilizados na parametrização do modelo de escoamento.
71
MAGALHÃES E O‟DONNEL (1980) destacam as principais fontes de incertezas
associadas ao uso de modelos hidrológicos. O resultado desse trabalho apresenta-se na
Tabela 3.1.
Tabela 3.1 Principais Fontes de Incertezas em Simulações com Modelos
Hidrológicos:
Registro de dados
Hidrometeorológicos da Bacia
Hidrográfica
Estruturas dos Modelos Hidrológicos
Erros na coleta dos dados
hidrometeorológicos
Conhecimento imperfeito dos processos
físicos
Redução de dados pontuais em
médias espaciais
Aproximações para que representações
desses processos sejam viavelmente
tratadas
Redução de dados contínuos em
médias temporais
Tratamento de variáveis com variação
espacial de forma concentrada
Erros no processo indireto de
estimação de dados de vazão
Tratamento seqüencial de processos
concomitantes
Omissão de processos considerados
menos relevantes
72
4. Bacia do Rio Piabanha
4.1. Contextualização
A bacia do rio Piabanha é o estudo de caso adotado na presente dissertação, mais
especificamente a sub-bacia Pedro do Rio, na qual está inserido um trecho do Piabanha
de aproximadamente 3,6 km de extensão. Dentro desse estudo, pretende-se analisar
mais detalhadamente a bacia hidrográfica da cidade de Petrópolis, uma vez que a região,
hoje, apresenta grandes problemas de enchentes ao longo dos rios Piabanha e
Quitandinha, principais responsáveis pela macrodrenagem da cidade.
Segundo o contexto hidrológico nacional, a bacia do Piabanha está dentro da região
hidrográfica Atlântico Sudeste, de acordo com a divisão hidrográfica nacional
estabelecida pela resolução n
o
32, de 15 de outubro de 2003 do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos.
A região hidrográfica do Sudeste é constituída pelas bacias hidrográficas de rios que
deságuam no Atlântico trecho Sudeste, estando limitada ao norte pela bacia
hidrográfica do rio Doce, inclusive, a oeste pelas regiões hidrográficas do São Francisco
e do Paraná e ao sul pela bacia do rio Ribeira, inclusive.
A divisão hidrográfica nacional é definida por essa resolução como o espaço territorial
brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas
contíguas com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares,
com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos.
4.2. Localização e caracterização da bacia
A região hidrográfica Atlântico Sudeste é conhecida nacionalmente pelo elevado
contingente populacional e pela importância econômica de sua indústria. O grande
desenvolvimento da região, entretanto, é motivo de problemas em relação à
disponibilidade de água. Isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que apresenta uma
das maiores demandas hídricas do país, a bacia também possui uma das menores
disponibilidades relativas.
73
A região hidrográfica Atlântico Sudeste tem 229.972 km² de área, o equivalente a 2,7%
do ps. Os seus principais rios são: Paraíba do Sul e Doce, com respectivamente 1.150
e 853 km de extensão. Além desses, a região hidrográfica é formada por diversos e
pouco extensos rios que formam as seguintes bacias: São Mateus, Santa Maria, Reis
Magos, Benevente, Itabapoana, Itapemirim, Jacu, Ribeira e litorais do Rio de Janeiro e
São Paulo.
Figura 4.1 Região hidrográfica Atlântico Sudeste (Fonte: site da ANA).
A bacia do rio Piabanha é composta por quatro municípios do estado do Rio de Janeiro,
Areal, Petrópolis, Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto, totalizando uma área
total de 2.065km
2
, onde vivem cerca de 400 mil pessoas. O rio Piabanha possui
extensão de 80 km e banha os municípios de Areal, Petrópolis e Três Rios. Seu
principal afluente é o rio Preto com 54 km de curso, que, por sua vez, tem também
como principal afluente o rio Paquequer com extensão de 37 km e que banha
Teresópolis no seu trecho inicial.
A bacia do rio Piabanha é uma entre as grandes sub-bacias formadora do rio Paraíba do
Sul que apresenta a maior cobertura florestal, estimada em mais de 20% de suas terras,
onde estão os mais expressivos remanescentes da Mata Atlântica. Destaca-se também
que a sub-bacia do rio Paquequer apresenta o maior percentual de cobertura florestal
(46%) entre todas as sub-bacias individualizadas do Paraíba do Sul, embora os campos e
pastagens sejam as ocupações e usos predominantes.
74
Figura 4.2 Localização da bacia do rio Piabanha e seus principais rios (Fonte:
Caderno de Ações Bacia do rio Piabanha).
4.2.1. Fisiografia
A bacia apresenta relevo montanhoso, muito acidentado de modo geral, no curso médio
e superior, com afloramentos rochosos e altitudes que ultrapassam os 2.000m. As fortes
restrições à ocupação dadas pelo relevo são a principal razão do nível relativamente alto
de cobertura florestal natural da bacia do Piabanha (mais de 30%), se comparado com a
média das sub-bacias do Paraíba do Sul (11%). Apesar da expressiva cobertura florestal,
as condições de relevo e solos e a elevada pluviosidade resultam em alta vulnerabilidade
à erosão na maior parte da bacia do Piabanha. Os intensos processos erosivos da sub-
bacia do rio Preto refletem-se no assoreamento do reservatório situado entre Areal e
São José do Rio Preto (represa Morro Grande, utilizada para abastecimento de água e
geração de energia Ampla S/A). Estudos realizados 10 anos atrás pelo DRM-RJ
indicavam que o reservatório, na época com cerca de 40 anos de existência, havia
perdido mais de 50% de sua capacidade de armazenamento.
Geomorfologicamente, a região está situada na Unidade Serra dos Órgãos
(RADAMBRASIL, 1983). O reverso deste conjunto topográfico é definido por seu
75
aspecto morfoestrutural, caracterizado por lineações de vales estruturais de cristas
serranas, maciços graníticos, morros com desníveis altimétricos acentuados e alvéolos
intermontanos. Essas feições refletem áreas de dobramentos remobilizados sob forma de
blocos justapostos. A drenagem da Serra dos Órgãos desenvolve-se sob o controle lito-
estrutural, apresentando padrões paralelos e sub-paralelos.
Os reversos da Serra do Mar, pela sua localização, extensão e posição geográfica,
apresenta formas de uso e ocupação inadequados como desmatamentos e
desenvolvimento de atividades agropecuárias e urbanas em núcleos intermontanos,
expandindo-se às vertentes íngremes. A região tem expressiva amplitude topográfica,
vertentes predominantemente retilíneas a côncavas e escarpadas com topos e cristas. A
vegetação predominante é composta de floresta ombrófila densa montana, alto montana,
campos de altitude e floresta estacional semidecidual para NE, adaptada às estações
úmidas e secas.
O ambiente de formação montana estende-se sobre litologia pré-cambriana, em
formação de latossolos, podzólicos, cambissolos e subordinadamente litossolos com
afloramentos rochosos nas vertentes mais íngremes, normalmente ocupando locais de
difícil acesso, quase sempre constituindo áreas de preservação ambiental.
4.2.2. Uso do solo e ocupação da bacia
A sua ocupação remonta ao período colonial do início do século XIX. Os principais
núcleos urbanos, Petrópolis e Teresópolis (que,juntos têm mais de 350.000 habitantes),
instalaram-se em regiões intermontanas, em fundo de vales nos exíguos terraços
fluviais, por vezes atingindo as encostas íngremes, expandindo-se pelos vales dos rios
Piabanha e Preto, respectivamente.
A proximidade com o Rio de Janeiro induz a um crescimento urbano acentuado e
inadequado para as condições ambientais da bacia. Além dos conhecidos problemas
com situações de risco de erosão das encostas e de inundação na calha dos rios, a
qualidade dos recursos hídricos é prejudicada pelo lançamento de esgotos in natura. Não
há tratamento dos esgotos, e as vazões naturais dos rios são muito baixas para a diluição
das cargas lançadas, resultando em altos índices de poluição. Esses problemas puderam
ser verificados nas visitas de campo efetuadas em junho de 2008.
76
A bacia do Piabanha destaca-se também pelo uso industrial (mais de 50 indústrias de
alto potencial poluidor) e pelo uso agrícola, co-responsáveis pela erosão dos solos e
degradação das águas, juntamente com o uso urbano. Predominam as culturas de ciclo
curto (verduras e legumes), e não se verifica o uso de técnicas de conservação de solo,
como terraceamento e plantio em curva de nível, apesar das fortes declividades e do
potencial de erosão hídrica da região. Em geral, as áreas cultivadas localizam-se nas
margens dos rios e córregos, ocupando áreas de preservação permanente (APP). Uso
abusivo de agrotóxicos, lançamento de esgotos de origem doméstica e animal (currais e
pocilgas) e erosão das margens são problemas comuns aos cursos de água nessas áreas,
comprometendo a qualidade das águas utilizadas para a irrigação das culturas e
abastecimento doméstico. Ressalta-se que a captação de água para abastecimento de
Teresópolis situa-se no rio Preto, a jusante de diversas áreas agrícolas.
O nível de ocupação e a intensidade de uso das terras e das águas da bacia do rio
Piabanha situam-na entre as sub-bacias do Paraíba do Sul de alta prioridade para a
realização de ações de proteção e recuperação de florestas, solos e águas, sendo
recomendadas medidas rigorosas de restrição de uso, especialmente no curso superior
do rio Piabanha e de seu afluente Preto, que devem receber prioridade máxima na
proteção das florestas, na recuperação de áreas degradadas, no planejamento e controle
do parcelamento do solo urbano e dos usos da água, em geral, e do uso agrícola em
especial (COPPE/UFRJ, 2002).
Na Figura 4.3, na Figura 4.4 e na Figura 4.5, apresentam-se fotografias ilustrando o tipo
de uso e cobertura vegetal de cada bacia.
77
Figura 4.3 Agricultura irrigada, bacia do rio Bonfim
caracterizada como agrícola.
Figura 4.4 Urbanização da cidade de Petrópolis que caracteriza
parte da bacia como urbana.
Figura 4.5 Reserva Biológica Araras localizada na bacia do rio
Araras, caracterizando parte da bacia como Mata.
78
4.2.3. Clima e regime pluviométrico
A localização da bacia em região tropical e a proximidade da superfície oceânica não
explicam por si a elevada pluviosidade da região. A esses fatores, que criam pré-
condições à alta pluviosidade, estão associados mecanismos dinâmicos de massas de ar
polares, oceânicas, linhas de instabilidade e fatores estáticos orográficos proporcionados
pela orientação SO/NE da Serra do Mar.
Esse posicionamento expõe a região ao fluxo meridional de ar frio, oriundo do pólo sul
sobre as águas quentes oceânicas, assegurando-lhe ainda maior freqüência de invasão de
frentes frias e de linhas de instabilidade tropical. A sua topografia bastante acidentada,
que é proporcionada por rochas cristalinas do Escudo Brasileiro, aumenta a turbulência
do ar pela ascendência orográfica, favorecendo as precipitações.
Os fatores dinâmicos e estáticos determinam para a bacia o clima tropical de altitude
úmido na região serrana, com altos índices pluviométricos e temperaturas médias a
baixas. A região mais baixa, tanto pelo efeito adiabático como pela continentalidade,
está condicionada a amplitudes térmicas distintas de inverno e verão de um clima sub-
úmido.
Nas encostas íngremes, a pluviosidade média anual ultrapassa os 2.500 mm, como nas
cidades de Petrópolis e Teresópolis. Nas vertentes mais íngremes e elevadas, acima dos
2000 m, identificam-se formações rupestres e campos de altitude como nas
proximidades dos campos do Sino e do Açu, onde podem ocorrer temperaturas
negativas, inclusive com geada. Nas proximidades dos municípios de Areal e São José
do Rio Preto, a média pluviométrica decresce abruptamente para 1.300 mm, com
períodos secos e déficits hídricos bastante pronunciados. Observando-se o mapa de
isoietas da bacia hidrográfica (BRANDÃO et al., 2000) sobre o mapa topográfico,
constata-se a influência do relevo na distribuição pluviométrica total. O relevo
acidentado condiciona também a variação das temperaturas.
A distribuição das precipitações ao longo do ano está representada nos gráficos das
Figura 4.6, Figura 4.7 e Figura 4.8, podendo-se identificar o período chuvoso de
novembro a março. Verifica-se que o mês mais seco é julho, e que as chuvas têm início
no mês de agosto.
79
Figura 4.6 Gráfico de totais de precipitação mensal da região de Petrópolis/RJ
Figura 4.7 Gráfico de totais de precipitação mensal da região de Pedro do Rio/RJ
Figura 4.8 Gráfico de totais de precipitação mensal da região de Areal/RJ
4.2.4. Caracterização do regime hidrológico
O ano hidrológico na bacia do Piabanha coincide com o da bacia do Paraíba do Sul,
correspondendo ao período de setembro a agosto. As maiores vazões ocorrem em
dezembro, janeiro, fevereiro e março e as mínimas em julho, agosto e setembro,
0
50
100
150
200
250
300
350
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Precipitaçãototal (mm)
Meses
Estação 02243009 - Petrópolis (1938 - 2005)
0
50
100
150
200
250
300
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Precipitaçãototal (mm)
Meses
Estação 02243012 - Pedro do Rio (1938-2007)
0
50
100
150
200
250
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Precipitaçãototal (mm)
Meses
Estação 02243013 - Areal (1939 - 2007)
80
conforme se pode verificar no histograma de vazões mensais médias de longo período,
em Pedro do Rio (Figura 4.9).
Figura 4.9 Gráfico de vazões médias mensais do rio Piabanha no posto de Pedro
do Rio (1931-1999).
Nos estudos de regionalização de vazões para a bacia do rio Paraíba do Sul (CPRM,
2002), a bacia do rio Piabanha mostrou-se uma região hidrologicamente homogênea e
para ela foram definidas equações de regionalização e curvas regionais de
probabilidades. A Tabela 4.1 e Tabela 4.2 apresentam um resumo das características
regionais.
Tabela 4.1 Características das precipitação e vazão médias das sub-bacias do rio
Piabanha.
Código
Nome da estação
Nome do rio
Área
(km²)
Q
MLT
(m³/s)
Precipitação
anual média
(mm)
C=Q
MLT
/P
Vazão
específica
(l/(s.k))
58400000
PETRÓPOLIS
PIABANHA
41
2,31
1936
0,93
56,93
58405000
PEDRO DO RIO
PIABANHA
411
11,00
1704
0,49
26,75
58409000
AREAL-RN
PIABANHA
511
12,62
1612
0,48
24,68
58420000
F. SOBRADINHO
PRETO
718
17,24
1613
0,47
24,00
58425000
MORELI
PRETO
927
19,43
1549
0,43
20,96
58427000
TRISTÃO CAMARA
PRETO
1030
21,17
1521
0,43
20,55
58424000
FAGUNDES
FAGUNDES
259
3,89
1352
0,35
15,01
58440000
MOURA BRASIL
PIABANHA
2050
36,73
1477
0,38
17,92
0
5
10
15
20
25
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Vazões (m
3
/s)
Meses
58405000 (1931-1999)
81
Tabela 4.2 Características das vazões máximas e mínimas nas sub-bacias do rio
Piabanha.
Código
Nome da estação
Nome do rio
QMC
obs.
(m³/s)
Qmín,7,10
obs.(m³/s)
Qmín,7,10
obs.(m³/s)
Qmín95
obs.(m³/s)
Qmín95/Qmín,7,10
58400000
PETRÓPOLIS
PIABANHA
30,35
0,78
0,50
0,78
1,56
58405000
PEDRO DO RIO
PIABANHA
114,67
3,09
1,98
3,10
1,57
58409000
AREAL-RN
PIABANHA
107,65
3,75
2,41
3,69
1,53
58420000
F. SOBRADINHO
PRETO
138,66
5,93
3,81
5,75
1,51
58425000
MORELI
PRETO
158,15
6,97
4,48
6,60
1,47
58427000
TRISTÃO CAMARA
PRETO
128,41
-
-
-
-
58424000
FAGUNDES
FAGUNDES
38,94
1,47
0,94
1,26
1,34
58440000
MOURA BRASIL
PIABANHA
240,57
10,76
6,91
8,65
1,25
Os dados fluviométricos utilizados correspondem às séries históricas (1931- 1999). A
precipitação média nas sub-bacias foi calculada com as isoietas totais anuais médias
(BRANDÃO et al., 2000), correspondentes aos dados do período de 1968 a 1995, para
as estações da rede ANA/CPRM, e de 1961-1990 para as estações do INMET normais
climatológicas (INMET, 1992).
4.3. Históricos e antecedentes eventos chuvosos na região do
rio Piabanha e adjacências.
A cidade de Petrópolis apresenta, hoje, grandes problemas decorrentes de um
crescimento intenso e desordenado, caracterizado pela ocupação irregular das encostas
ao longo das bacias hidrográficas dos rios Piabanha e Quitandinha, principais
responsáveis pela macrodrenagem da cidade. A cidade desenvolveu-se ao longo das
duas principais vias de entrada/saída e de interligação com a região metropolitana do
Rio de Janeiro.
Nem mesmo seu passado histórico, cultural e político foi suficiente para disciplinar o
crescimento com base em um plano diretor de desenvolvimento urbano e impedir a
deflagração do processo de favelização que ao longo dos anos se estabeleceu de forma
disseminada na cidade sede do município e distritos vizinhos.
A Tabela 4.3 mostra os registros das principais enchentes ocorridas na região.
82
Tabela 4.3 Tabela de registros de ocorrência de grandes enchentes em Petrópolis.
Data da ocorrência
Descrição
Janeiro de 1966
Enchentes e deslizamentos nos estados da Guanabara e Rio de
Janeiro, com 250 mortos e 50.000 desabrigados.
Janeiro de 1967
Enchentes e deslizamentos, nos estados da Guanabara e Rio de
Janeiro, com 300 mortos e 25.000 feridos.
Fevereiro de 1987
Enchente em Petrópolis, Teresópolis e Rio de Janeiro,com 292
mortos e 20.000 desabrigados. Em razão dessas chuvas, que
registraram 171 vítimas fatais em Petrópolis e 94 no município
do Rio de Janeiro, foi decretado nesta o estado de emergência e,
com o agravamento da situação, no dia 22, foi decretado estado
de calamidade pública.
Fevereiro de 1988
Enchente em Petrópolis e Baixada Fluminense, com 277 mortos
e 2.000 desabrigados.
Janeiro de 1999
Enchente no Rio de Janeiro e municípios do Vale do Paraíba e
região Serrana, com 41 mortos, 72 feridos e 180 famílias
desabrigadas
Janeiro de 2000
Enchente nos municípios do Petrópolis, Teresópolis, Casimiro
de Abreu e Barra Mansa, com 22 mortos, 60 feridos e 133
famílias desabrigadas.
Fevereiro de 2003
Enchente nos municípios da região Serrana, Sul e Norte
Fluminense, com 36 mortos, 95 feridos , 870 desalojados e 823
desabrigados.
Fevereiro de 2008
Nove pessoas morrem em Petrópolis, na região serrana do Rio
de Janeiro, em decorrência de fortes chuvas.
Fonte: Departamento do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro
83
Abaixo, algumas fotos ilustram os registros de enchentes históricas ocorridas na região.
Figura 4.10 Petrópolis 1966
Figura 4.11 Petrópolis 1967
Figura 4.12 Petrópolis 1966
Figura 4.13 Petrópolis 1988
84
4.4. Histórico do projeto da bacia experimental da região
serrana do estado do Rio
A COPPE/UFRJ coordena um projeto de bacias experimentais denominado EIBEX
(Estudos Integrados de Bacias Experimentais), havendo a participação da CPRM, órgão
que monitora estações meteorológicas e hidrológicas em todo Brasil, dentre outras
instituições. O projeto de bacia experimental consiste na execução de campanhas
intensivas e regulares de medição em campo de diversos parâmetros naturais
hidrometeorológicos e do solo, para desenvolvimento de novos conhecimentos e novas
metodologias com vistas a posterior processamento e parametrização dos processos
físicos dessa bacia.
O projeto visa à construção de uma base de dados e o desenvolvimento de ferramentas
de análise integráveis a um sistema de apoio à decisão voltado à gestão de recursos
hídricos superficiais e subterrâneos. O enfoque dessa proposta concentra-se na geração e
consolidação de informação temática básica, desenvolvimento e avaliação de
metodologias na escala da bacia hidrográfica com base na implementação de áreas
especialmente monitoradas na bacia do rio Paraíba do Sul. Finalmente, objetiva-se o
aumento da precisão das estimativas de vazões, conferindo maior segurança ao processo
de concessão de outorgas de direitos de uso da água e à previsão de cheias.
Os resultados gerados pela modelagem hidrológica apresentados nesta dissertação
podem servir de suporte técnico para futuras decisões que envolvam o monitoramento
hidrológico da região, orientando os técnicos tanto na escolha dos instrumentos
adequados para determinadas características da bacia quanto na definição das melhores
localizações para os equipamentos.
4.5. Monitoramento da Bacia de Estudo.
A bacia do rio Piabanha possui, no momento, dois postos de monitoramento
fluviométrico, a saber: Moura Brasil e Pedro do Rio. Observa-se que o segundo posto
define a sub-bacia maior utilizada como estudo de caso no trabalho, denominada, no
âmbito do projeto EIBEX, como bacia representativa. Os postos fluviométricos citados
são integrantes do sistema de informações hidrológicas HIDROWEB, disponibilizado
85
pela Agência Nacional de Águas (ANA). A Tabela 4.4 apresenta a localização dos
postos, dando destaque em negrito ao posto utilizado no trabalho.
Tabela 4.4 Estações Fluviométricas na bacia do rio Piabanha.
Código
Nome do Posto
Localização
Latitude
Longitude
58405000
PEDRO DO RIO
22
o
19'56''
-43
o
08'01''
5844200
MOURA BRASIL
22
o
08‟32”
-43
o
08‟57”
O posto de Pedro do Rio situa-se no distrito de Pedro do Rio, localizado no município
de Petrópolis RJ. A série histórica que consta do sistema HIDROWEB contém dados
de vazões desde o ano de 1932 até o ano de 2006. É importante ressaltar a importância
do posto fluviométrico Pedro do Rio, uma vez que o posto define a sub-bacia maior do
estudo desta dissertação, que permitiu efetuar uma avaliação do modelo MODCEL
frente aos modelos SMAP e TOPMODEL, modelos avaliados em GONÇALVES
(2008). Mais especificamente, essa sub-bacia abrange a bacia hidrográfica de natureza
urbana modelada via o modelo MODCEL. Os dados oriundos da modelagem da bacia
de Pedro do Rio são fundamentais no auxílio da calibração do modelo MODCEL no
estudo de trecho urbano do rio Piabanha, enfoque adotado nesta pesquisa. A Figura 4.14
ilustra um mapa da bacia do rio Piabanha com a localização dos postos fluviométricos
da região.
Figura 4.14 Localização dos postos fluviométricos Moura Brasil e Pedro do Rio.
86
A seguir, a Figura 4.15 e Figura 4.16 mostram as imagens dos postos de
monitoramento fluviométrico da região.
Figura 4.15 Réguas da seção de Moura Brasil.
Figura 4.16 Réguas da seção de Pedro do Rio.
87
Para o monitoramento pluviométrico na bacia do rio Piabanha, a região possui uma
cobertura maior, com postos pluviométricos como ilustra a Figura 4.17. Esses postos
também constam da base de dados HIDROWEB. Para o estudo de caso presente, não foi
necessária a utilização de todos esses postos. Somente os que estão localizados dentro
da sub-bacia Pedro do Rio foram usados. A seguir, na Tabela 4.5, estão destacados em
negrito os postos utilizados e suas respectivas localizações.
Tabela 4.5 Estações pluviométricas que monitoram a bacia do rio Piabanha.
Código
Nome do Posto
Localização
Latitude
Longitude
2243009
PETRÓPOLIS
-22
o
30’42”
-43
o
10’15”
2243010
ITAMARATI SE
-22
o
29’7”
-43
o
08’57”
2243011
RIO DA CIDADE
-22
o
26’17”
-43
o
10’13”
2243012
PEDRO DO RIO
-22
o
19’57”
-43
o
08’10”
2243013
AREAL (GRANJA GABI)
-22
o
14‟31”
-43
o
06‟16”
2243027
FAZENDA SOBRADINHO
-22
o
12‟4”
-42
o
54‟
2243026
BOM SUCESSO
-22
o
16‟17”
-42
o
47‟41”
2243015
MOURA BRASIL
-22
o
07‟38”
-43
o
09‟08”
Figura 4.17 Localização de postos pluviométricos na bacia do rio Piabanha.
88
4.6. Dados utilizados
4.6.1. Dados fisiográficos
Tendo sido definida a seção exutória das bacias, sua área foi delimitada segundo modelo
digital do terreno, de resolução 20 x 20 metros, gerado automaticamente por intermédio
do código computacional ARCGIS segundo metodologia “Topo to Raster”, método
especificamente definido para a criação de modelos de elevação hidrologicamente
adequados. Esse procedimento é baseado no programa ANUDEM como explicado por
HUTCHINSON (1993). A base da modelagem do terreno foram cartas do IBGE com
curvas de nível digitalizadas, de escala 1:2000. Nas Figura 4.18 e Figura 4.19, estão
ilustrados os modelos digitais de terreno gerados.
Figura 4.18 MDT Bacia do rio Piabanha resolução 20x20m.
Figura 4.19 MDT Sub-bacia Pedro do Rio (sub-bacia do rio Piabanha)
resolução 20 x 20m.
89
Com o modelo digital do terreno (MDT) gerado, foi possível construir mapas com a
rede de drenagem em curvas de nível de cinco em cinco metros para serem trabalhadas
no código computacional AutoCAD. A partir desse referencial, foi possível delimitar as
principais sub-bacias e os principais talvegues da bacia Pedro do Rio para, assim, dar
início à modelagem.
Figura 4.20 Perfil do maior talvegue - Pedro do Rio.
Figura 4.21 Perfil do talvegue do Piabanha inserido na bacia da cidade de
Petrópolis.
0
500
1000
1500
2000
2500
010000200003000040000
Cota (m)
Distância (m)
Perfil Terreno Bacia Pedro do Rio
Perfil Natural
Perfil Calculado
Curva de declividade média
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
05000100001500020000
Cota (m)
Distância (m)
Perfil Terreno do trecho do Piabanha (Cidade de Petrópolis)
Perfil do Terrenol
Linear (Perfil do Terrenol)
90
Figura 4.22 Perfil do talvegue do rio Quitandinha.
Para o cálculo do tempo de concentração, foi utilizado o método de George Ribeiro,
utilizando-se o conceito de declividade equivalente, declividade calculada levando-se
em conta a média das declividades, ponderada pelo tamanho dos trechos.
O tempo de concentração calculado para o maior talvegue da bacia de Moura Brasil foi
de aproximadamente 20 horas, compatíveis com a escala de tempo diário das medições
elaboradas nos posto fluviométrico de estudo.
No entanto, o tempo de concentração calculado para o maior talvegue da sub-bacia de
Pedro do Rio foi de aproximadamente 11 horas, enquanto, para o trecho do Piabanha
situado dentro da Cidade de Petrópolis, o tempo de concentração foi de 4,76 horas
aproximadamente. Para seu principal afluente, denominado rio Quitandinha, foi
determinado o tempo de concentração de 2,16 horas.
Como os dados disponíveis no posto fluviométrico dessa sub-bacia são diários, conclui-
se que os dados disponíveis podem não ser representativos no estudo de cheias da
região, podendo falhar na captação de algum evento extremo que tenha duração menor
do que 24 horas.
800
805
810
815
820
825
830
835
840
845
02000400060008000
Cota (m)
Distância (m)
Perfil Terreno - Rio Quitandinha
Perfil do Terrenol
Linear (Perfil do Terrenol)
91
Para o cálculo das áreas das seções no trecho modelado do rio Piabanha, foi necessário
um levantamento topobatimétrico das seções. Ao todo, foram realizados cinco
levantamentos de seções. Esse levantamento foi possível graças ao auxílio de
técnicos especializados cedidos pela CPRM que, em parceria com a (COPPE/UFRJ),
estão integrados no projeto dessa bacia experimental. As localizações dos pontos
levantados estão na Figura 4.23.
Figura 4.23 Bacia Pedro do Rio - Localização dos pontos onde foram realizados o
levantamento Topobatimétrico.
A seguir, estão as ilustrações das seções que foram feitas segundo o levantamento
topobatimétrico em maio de 2009 para os pontos correspondentes na Figura 4.23.
92
Figura 4.24 - Ponto 1, seção Pedro do Rio. (Data: maio de 2009).
Figura 4.25 - Ponto 2, seção na confluência com o rio Santo Antônio. (Data: maio
de 2009).
0
2
4
6
8
10
12
14
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Cota (m)
Distância (m)
0
2
4
6
8
10
12
14
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Cota (m)
Distância (m)
NA
NA
93
Figura 4.26 - Ponto 3, seção localizada dentro do Parque Municipal de Itaipava.
(Data: maio de 2009).
Figura 4.27 Ponto 4, seção localizada próxima à Praça de Nogueira. (Data: maio
de 2009).
0
2
4
6
8
10
12
14
0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00 30.00 35.00 40.00
Cota (m)
Distância (m)
NA
0
2
4
6
8
10
12
14
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Cotas (m)
Distância (m)
NA
94
Figura 4.28 Ponto 5, seção do rio Itamarati. (Data: maio de 2009)
A seguir, estão as fotos tidas dos pontos destacados na Figura 4.23 em maio de 2009,
onde foram feitas a Topobatimetria das seções, conforme demonstrado nos desenhos
acima.
0
2
4
6
8
10
12
14
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Cotas (m)
Distância (m)
NA
95
Figura 4.29 Ponto 1, vista para jusante.
Figura 4.30 Ponto 1, vista para
montante.
Figura 4.31 Ponto 2, confluência do
Piabanha com Santo Antônio.
Figura 4.32 Ponto 2, vista da seção
levantada.
Figura 4.33 Ponto 3, réguas de medição
de nível no Parque Municipal.
Figura 4.34 Ponto 3, vista seção
levantada no Parque Municipal.
96
Figura 4.35 Ponto 4, vista de jusante do
trecho em Nogueira.
Figura 4.36 Ponto 4, vista de
montante do trecho em Nogueira
Figura 4.37 Ponto 5, vista de montante
do trecho do rio Itamarati.
Figura 4.38 Ponto 5, vista de jusante
do trecho do rio Itamarati.
97
4.6.2. Mapeamento da cobertura do solo
Os valores de curva mero (CN) foram obtidos através de um mapeamento obtido
junto a CPRM, publicado em MOREIRA et al. (2007). O mapeamento da cobertura do
solo pode ser observado na Figura 4.39, e a descrição das áreas ocupadas na bacia está
na Tabela 4.6.
Figura 4.39 Mapa de curvas-número CN do SCS (U. S. Soil Conservation Service)
da sub-bacia Pedro do Rio (Fonte: MOREIRA et al., 2007).
Tabela 4.6 Curvas-Número e áreas correspondentes
CN
Descrição
Porcentagem
da Área
CN
Descrição
Porcentagem
da Área
98,00
Afloramento de Rocha
14,34%
76
Mata
1,88%
89,10
Solo Exposto
0,07%
74,80
Mata
19,77%
88,65
Solo Exposto
0,14%
74,20
Mata
3,00%
88,00
Pastagem
0,62%
73,30
Mata
2,53%
86,60
Pastagem
2,30%
72,60
Pastagem
9,56%
85,90
Pastagem
0,04%
68,80
Mata
0,10%
82,80
Solo Exposto
0,19%
66,00
Mata
5,99%
78,90
Pastagem
0,01%
64,00
Mata
39,44%
Verificou-se que a maior parte é de floresta tropical de altitude, aparecendo cobertura
urbana pontual e também significante afloramento rochoso no pico dos divisores de
bacias. O valor de curva número ponderado pela área encontrado foi de 73,49.
98
4.6.3. Dados Pluviométricos
O primeiro modelo (modelo principal do rio Piabanha) consiste na modelagem do
trecho de maior talvegue da bacia Pedro do Rio, iniciando-se no posto de Pedro do Rio
e estendendo-se até a nascente do rio Itamarati. Essa modelagem tem como objetivo
calibrar, validar e, por fim, comparar seus resultados com os também obtidos pelos
modelos SMAP e TOPMODEL, conforme apresentado no trabalho de GONÇALVES
(2008). Logo, os dados pluviométricos usados como entrada no modelo foram medições
da chuva real fornecida pelos postos situados na bacia de estudo no período de 1998 a
2004. Os dados pluviométricos estão descritos na Figura 4.40.
Figura 4.40 Gráfico de precipitação mensal da média dos anos de 1998 a 2004.
Para o segundo modelo (modelo secundário do rio Piabanha), relativo ao trecho
urbanizado, a intensidade da chuva na bacia do rio Piabanha foi obtida a partir dos
dados pluviométricos apresentados na publicação “Chuvas Intensas no Brasil”, de 1957,
do Eng, Otto Pfafstetter para o posto de Petrópolis, e a distribuição temporal da chuva
foi calculada a partir do método do Bureau of Reclamation. Na Tabela 4.7 e na Figura
4.46, estão descritas e ilustradas, para cada tempo de duração de chuva, suas respectivas
intensidades associadas a um tempo de recorrência (TR) de 20 anos.
Posto Itamarati
Posto Petrópolis
Posto Rio da Cidade
Posto Pedro do Rio
0
2
4
6
8
10
12
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Precipitação (mm)
Tempo (meses)
Precipitação Média (1998 - 2004)
99
Tabela 4.7 - Dados e Cálculo da Chuva de Projeto para um TR de 20 anos.
Posto Petrópolis
EQUAÇÃO IDF
CÁLCULO PARA TRANSFORMAÇÃO
BLOCOS ALTERNADOS
t
d
(min)
i(mm/min)
P=i.t
d
(mm)
ΔP (mm)
ΔP/t (mm/h)
t (min)
i(mm/h)
P(mm)
30
1.80
54.00
54.00
108
30
28
14
60
1.30
78.00
24.00
48
60
48
24
90
1.02
92.00
14.00
28
90
108
54
120
0.88
106.00
14.00
28
120
28
14
150
0.72
107.75
1.75
3.5
150
3.5
1.75
180
0.61
109.50
1.75
3.5
180
3.5
1.75
Figura 4.41 Gráfico de distribuição da chuva de projeto para TR(20anos)
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
30
60
90
120
150
180
Precipitação (mm)
Tempo (min)
Posto Petrópolis
Equação IDF
Blocos Alternados
100
4.6.4. Preparação dos dados pluviométricos
Após a preparação de dados dos postos, fez-se a média da precipitação pelo método de
Thiessen. Os postos e suas respectivas áreas de influência estão mostrados na Figura
4.42.
Figura 4.42 Áreas de influência dos postos pluviométricos método de Thiessen.
Figura 4.43 Precipitação média mensal de 1998 a 2004, calculada pelo método de
Thiessen.
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
12.00
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Precipitação (mm)
Tempo (meses)
Thiessen (Bacia de Pedro do Rio)
101
O gráfico da Figura 4.44 mostra uma interessante comparação entre as duas séries de
chuva geradas, mostrando que a variabilidade espacial do fenômeno de precipitação
gera diferenças consideráveis de dados de entrada, mesmo para bacias interseccionadas.
No caso do ano de 2002, pode-se constatar que a série de precipitação calculada para a
bacia Pedro do Rio tem valores maiores do que a série calculada para a bacia Moura
Brasil.
Figura 4.44 Comparação das séries de precipitação promediadas pelo todo de
Thiessen bacias Pedro do Rio e Moura Brasil ano de 2002.
4.6.5. Dados de Vazão Período de 1998 a 2004
Os dados de vazão referentes à estação fluviométrica de Pedro do Rio estão
apresentados na Figura 4.45, enquanto a Figura 4.46 mostra o mesmo tipo de gráfico
para o posto fluviométrico de Moura Brasil.
Os gráficos mostram que as vazões por unidade de área (mm/dia) em Pedro do Rio
(bacia com área de 409 km²) são maiores do que as vazões de Moura Brasil (área de
2.049 km²). Esse fato é possivelmente ocasionado pelo aumento das perdas de acordo
com o aumento do tamanho da área, além da possibilidade de ocorrência de
armazenamentos, como acontece nos reservatórios existentes na bacia, e fugas, de
acordo com o aumento de complexidade da bacia estudada.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
01/01/2002
01/02/2002
01/03/2002
01/04/2002
01/05/2002
01/06/2002
01/07/2002
01/08/2002
01/09/2002
01/10/2002
01/11/2002
01/12/2002
PRECIPITAÇÃO (mm)
TEMPO
Hidrograma (2002) - Moura Brasil e Pedro do Rio
MOURA BRASIL
PEDRO DO RIO
102
Figura 4.45 Fluviograma do posto de Pedro do Rio 1998 a 2005.
Figura 4.46 Fluviograma do posto de Moura Brasil 1998 a 2005.
0
50
100
150
200
250
3000
10
20
30
40
50
60
01/01/1998
01/04/1998
01/07/1998
01/10/1998
01/01/1999
01/04/1999
01/07/1999
01/10/1999
01/01/2000
01/04/2000
01/07/2000
01/10/2000
01/01/2001
01/04/2001
01/07/2001
01/10/2001
01/01/2002
01/04/2002
01/07/2002
01/10/2002
01/01/2003
01/04/2003
01/07/2003
01/10/2003
01/01/2004
01/04/2004
01/07/2004
01/10/2004
Precipitação (mm)
Vazão (mm/dia)
Tempo
Fluviograma de Pedro do Rio
Vazão
Precipitação
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
2000
5
10
15
20
25
30
35
40
01/01/1998
01/04/1998
01/07/1998
01/10/1998
01/01/1999
01/04/1999
01/07/1999
01/10/1999
01/01/2000
01/04/2000
01/07/2000
01/10/2000
01/01/2001
01/04/2001
01/07/2001
01/10/2001
01/01/2002
01/04/2002
01/07/2002
01/10/2002
01/01/2003
01/04/2003
01/07/2003
01/10/2003
01/01/2004
01/04/2004
01/07/2004
01/10/2004
Precipitação (mm)
Vazão (mm/dia)
Tempo
Fluviograma de Moura Brasil
Vazão
Precipitação
103
5. Estudo de Caso e Metodologia Aplicada
5.1. Caracterização topográfica através do modelo digital de
terreno (MDT).
O modelo digital de terreno é uma representação matemática da distribuição espacial da
característica de um fenômeno vinculada a uma superfície real, A superfície é, em geral,
contínua, e o fenômeno que representa pode ser variado. Dentre alguns usos do MDT,
pode-se citar (BURROUGH, 1986):
armazenamento de dados de altimetria para mapas topográficos;
análises de corte-aterro para projeto de estradas e barragens;
elaboração de mapas de declividade e exposição para apoio à análise de
geomorfologia e erodibilidade;
análise de variáveis geofísicas e geoquímicas;
apresentação tridimensional (em combinação com outras variáveis).
Para a representação de uma superfície real no computador, é indispensável a criação de
um modelo digital, podendo ser por equações analíticas ou por uma rede de pontos na
forma de uma grade de pontos regulares ou irregulares. A partir dos modelos, podem ser
calculados volumes, áreas, perfis e seções transversais. Podem ainda ser gerados
imagens sombreadas ou em níveis de cinza e mapas de declividade e exposição, além de
segmentação em intervalos desejados e perspectivas tridimensionais.
Com o propósito de estudar melhor a bacia do rio Piabanha, a Companhia de Pesquisa
de Recursos Minerais (CPRM) gerou um modelo digital de terreno (MDT) da bacia em
estudo. Por meio do código computacional ARCGIS, foi possível transformar o MDT
gerado em um arquivo dwg do software AutoCAD. Assim, com o uso do AutoCAD, foi
possível trabalhar com os dados topográficos do terreno, permitindo delimitar os
divisores de água, calcular a área de drenagem das bacias e sub-bacias, medir as
extensões dos talvegues, entre outras ações.
104
Com essa nova ferramenta que permite identificar as principais linhas de escoamento e
os limites de bacias e sub-bacias, foi possível definir a divisão das células, uma das
etapas de construção do modelo de células (MODCEL). Essa etapa de divisão das
células será explicada mais adiante no capítulo.
5.2. Aplicação da Modelagem Hidrodinâmica MODCEL
Para o presente trabalho, foram desenvolvidos duas modelações. A primeira modelação
foi chamada de modelo principal do rio Piabanha, que simula o comportamento de toda
bacia Pedro do Rio num total 409 km
2
de área. a segunda modelação gerou o modelo
secundário do rio Piabanha, aplicado para uma sub-bacia específica da bacia Pedro do
Rio, ou melhor, aplicado à bacia hidrográfica que abrange a cidade de Petrópolis.
A seguir, a Figura 5.1 ilustra a bacia modelada Pedro do Rio, na qual se analisou o
comportamento do rio Piabanha e seu afluente, o rio Itamarati, modelados como
principal linha de escoamento fluvial da bacia. A figura também mostra, em destaque, a
sub-bacia modelada numa segunda etapa, onde se estudou o trecho do rio Piabanha que
passa pela cidade de Petrópolis e seu principal afluente, o rio Quitandinha, ambos
importantes no estudo sobre inundações na cidade.
Figura 5.1 Ilustração da bacia Pedro do Rio e da sua sub-bacia de Petrópolis.
Bacia Pedro do Rio
Sub bacia Petrópolis
105
O processo de modelagem hidrodinâmica do presente trabalho foi desenvolvido da
maneira que segue. Na primeira etapa, modelou-se a bacia Pedro do Rio, visando
identificar as dificuldades e potencialidades associadas à concepção do MODCEL na
simulação de anos hidrológicos completos. Compararam-se os resultados do MODCEL
para a bacia Pedro do Rio com os resultados anteriormente obtidos com o uso dos
modelos SMAP e TOPMODEL, apresentados na dissertação de GONÇALVES (2008).
Terminada a simulação da bacia de grande porte, iniciou-se a segunda etapa, onde se fez
um recorte dessa bacia na região hidrográfica da cidade de Petrópolis e aplicou-se, de
maneira mais detalhada, o MODCEL para observação do problema de cheia urbana em
escala local. Nesse contexto, o modelo maior também é usado para fechar o modelo
menor, quando seus resultados de nível de água são aplicados como condição de
contorno de nível chamado Z à jusante do trecho final do segundo modelo.
A seguir, descreve-se, primeiramente, o processo de modelagem da bacia de Pedro do
Rio, e em seguida, numa segunda etapa, será descrita a modelagem aplicada à sub-bacia
da cidade de Petrópolis.
5.2.1. Primeiro Modelo Modelo Principal do Rio Piabanha (Bacia
Pedro do Rio)
5.2.1.1 Divisão, classificação das células da bacia Pedro do Rio e definição das
ligações hidráulicas.
A partir de uma análise da bacia em mapas, usando o código computacional AutoCAD,
foi possível entender as características da topografia e a urbanização da região. Logo,
iniciou-se o processo de divisão da área de estudo em células de escoamento. No
processo de divisão em células, fez-se também a identificação das leis hidráulicas que
representam as comunicações de cada célula com as suas vizinhas, de forma a
configurar uma rede de escoamento apropriada para a área estudada. Ao término do
processo de divisão, foi construído um esquema topológico que integra a rede de
células, mostrando as suas interações e as condições de contorno que complementam a
modelação.
Foram identificados os principais talvegues e as linhas de cumeadas principais e
secundárias, de modo a definir as mais importantes linhas de escoamento, como também
106
a rede de drenagem com as condições gerais de escoamento na bacia. Toda a área da
bacia foi modelada em células de acordo com sua característica física.
Foram analisados os principais os cursos de água, de modo a caracterizar a declividade
desses cursos. Fez-se, então, a divisão em células pelos cursos de água principais,
fazendo as mudanças de declividade nos centros de célula, usando as mudanças de
seções como fronteiras entre células.
Na modelagem da bacia Pedro do Rio, as células e suas respectivas ligações receberam
as seguintes classificações: o rio Piabanha foi todo classificado e dividido em células de
canal aberto, sua calha secundária em células de planícies, e as ligações entre elas em
ligação tipo vertedouro, o que se caracterizou um vertedouro de soleira espessa por todo
o rio. Para a região adjacente à calha secundária do rio, por se tratar de uma região
muito montanhosa, foi toda classificada como células de encosta e suas ligações com as
calhas secundárias como ligações tipo planície. Já as sub-bacias que formam os
afluentes do Piabanha foram classificadas como células de reservatório e conectadas por
ligações tipo canal.
A Tabela 5.1 descreve e a Figura 5.2 ilustra, de forma simples, a classificação dos tipos
de célula para a bacia Pedro do Rio, de acordo com sua topografia do local. Em seguida,
na Figura 5.3, mostra-se a planta da bacia Pedro do Rio com a devida aplicação da
divisão das células.
Tabela 5.1 Quadro de classificação das células da modelagem da bacia Pedro do
Rio (modelo principal do rio Piabanha).
Nome do rio
Classificação dos Tipos de Células
Calha
Principal
Calha
Secundária
Áreas
Adjacentes
Afluentes
Rio Piabanha
Canal
Planície
Encosta
Reservatório
Rio Itamarati
Canal
Planície
Encosta
Reservatório
107
Figura 5.2 Ilustração das classificações das células da Bacia de Pedro do Rio
(modelo principal do rio Piabanha).
Figura 5.3 Divisão das células da bacia Pedro do Rio. Em destaque, de vermelho,
está a sub-bacia da cidade de Petrópolis modelada separadamente.
108
5.2.1.2 Séries de Precipitação:
Para que seja possível a realização da simulação proposta, os arquivos contendo as
precipitações são de total importância. A entrada dos dados para esse arquivo pode ser
feita, basicamente, de duas maneiras:
através da chuva real medida, usualmente adotada para os processos de
calibração e de validação do modelo;
através de uma chuva de projeto, calculada por quaisquer métodos pertinentes,
adotada para as simulações desejadas.
No modelo da bacia de Pedro do Rio, utilizou-se uma chuva real medida, pois tem-se
como objetivo, além de calibrar e validar o modelo, comparar seus resultados com os
também obtidos pelos modelos SMAP e TOPMODEL na dissertação apresentada por
GONÇALVES (2008).
A chuva utilizada como dado de entrada no primeiro modelo foi uma chuva medida
fornecida pelos postos pluviométricos situados dentro da bacia de estudo. Esses dados
pluviométricos utilizados são do período de 1998 a 2002. Os postos pluviométricos
utilizados e suas respectivas localizações estão descritos no Capítulo 4.
Para o período de calibração do modelo, a série de precipitação utilizada foi a do ano de
1998 e, para a validação do modelo, utilizou-se o ano de 1999. Já os períodos aplicados
na comparação com os outros dois modelos, o SMAP e o TOPMODEL, foram dois, as
séries de 1998 e de 2002, estando somente a última presente na dissertação de
GONÇALVES (2008).
5.2.1.3 Preenchimento de falhas e análise de consistência de séries pluviométricas.
O Brasil, por possuir uma extensão territorial continental, enfrenta dificuldades no
processamento e armazenamento dos grandes volumes de dados, mesmo que sejam
poucas as regiões monitoradas. O país ainda se depara com o problema do elevado custo
relacionado à instalação e manutenção das estações, sejam elas meteorológicas,
pluviométricas ou fluviométricas. Por conta disso, as bacias brasileiras não possuem um
alto nível de qualidade no seu monitoramento e, em muitos casos, nem os realiza.
109
Sabendo-se que a disponibilidade de séries históricas de dados pluviométricos diários
consistidos, com qualidade e confiabilidade, é fundamental para a realização de
trabalhos nas áreas de modelagem hidrológica, é indispensável que se faça uma análise
de consistência das séries pluviométricas para que a modelagem se torne confiável.
Para se ter uma idéia de como é comum a falta de consistência dos dados monitorados,
abaixo estão listados alguns dos possíveis erros cometidos durante as medições:
a) preenchimento incorreto na caderneta de campo;
b) soma errada do número de provetas, quando a precipitação é alta;
c) valor estimado pelo observador, por não se encontrar no local da amostragem;
d) crescimento de vegetação ou outra obstrução próxima ao posto de observação;
e) danificação do aparelho;
f) problemas mecânicos no registrador gráfico.
Visto que é comum a ocorrência de falhas durante a medição dos dados nas estações, e
em conjunto com a necessidade de se trabalhar com séries contínuas muito grandes,
torna-se obrigatório o preenchimento desses erros. Para se fazer o preenchimento das
falhas durante as medições, foi utilizado o método da ponderação regional, método que
consiste em preencher as falhas através de uma ponderação com base nos dados
medidos de pelo menos três postos vizinhos e de que tais dados sejam de uma série
mínima de pelo menos 10 anos. Sendo assim, para determinar a precipitação inexistente
da estação em estudo, deve-se resolver por meio da equação descrita a seguir:
=
1
3
+
(5.1)
onde
Px - variável que guardará os dados corrigidos;
Mx - média aritmética da estação com falha;
Ma, Mb e Mc - média aritmética das estações vizinhas;
Pa, Pb e Pc - dados das estações vizinhas ao posto com falha.
110
Outro ponto que deve ser trabalhado, visando garantir a qualidade dos dados, é de fazer
uma análise da consistência das séries pluviométricas dentro de uma visão regional, ou
seja, deve-se comparar o grau de homogeneidade dos dados de chuva medidos no posto
em estudo com os outros postos referenciados (vizinhos). Isso pode ser feito através do
método da curva de dupla massa, que primeiramente consiste em transformar os dados
diários em totais mensais ou anuais, e depois em totais acumulados para o posto em
estudo e para os postos referenciados, de forma que, posteriormente, possam ser
comparados graficamente.
Para o estudo pluviométrico da bacia modelada, aplicou-se o todo da curva de dupla
massa para todas as estações da bacia de Pedro do Rio, visando testar a validade de
todos os dados utilizados no modelo. Os resultados foram bem sucedidos em todas as
estações, como demonstra, a seguir, a aplicação feita às estações pluviométricas da
região.
Tabela 5.2 Relação dos dados pluviométricos da estação de rio da Cidade com as
estações referenciadas.
Altura de chuva (mm)
Posto Pluviométrico em Estudo
Postos Pluviométricos Referenciados
Postos
Pluviométricos
Rio da
Cidade
Acum, Rio da
Cidade
Itamarati
Petrópolis
Pedro do
Rio
Média das
estações
Referenciadas
Acum, dos
Postos
Referenciadas
Anos
1998
1453,9
1453,9
1562,7
2055,8
1338
1652,17
1652,17
1999
1513,4
2967,3
1205,4
1743,9
999,3
1316,20
2968,37
2000
1556,4
4523,7
1409,3
1974,4
1312,6
1565,43
4533,80
2001
1584,8
6108,5
1562,3
1943,2
1422,4
1642,63
6176,43
2002
1520,4
7628,9
1101,1
1856,6
1277,3
1411,67
7588,10
2003
1238,4
8867,3
1435,4
2166,9
1139,8
1580,70
9168,80
2004
1829,7
10697
1811,5
2639,7
1505,7
1985,63
11154,43
111
Figura 5.4 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da estação de Rio
da Cidade com as respectivas estações referenciadas por meio do todo da curva
de dupla massa.
Tabela 5.3 Relação dos dados pluviométricos da estação Itamarati com as
estações Referenciadas.
Altura de chuva (mm)
Posto Pluviométrico em Estudo
Postos Pluviométricos Referenciados
Postos
Pluviométricos
Rio da
Itamarati
Acum,
Itamarati
Rio da
Cidade
Petrópolis
Pedro
do Rio
Média das
estações
Referenciadas
Acum, das
estações
Referenciadas
Anos
1998
1548
1548
1446,1
2041,6
1224
1570,57
1570,57
1999
990
2538
1130,8
1592,2
1005,7
1242,90
2813,47
2000
1543
4081
1755,7
2108,5
1206,6
1690,27
4503,73
2001
1581
5662
1638,4
1862
1519,2
1673,20
6176,93
2002
1138
6800
1325,9
1879,1
1234,9
1479,97
7656,90
2003
1264
8063
1426
2065,2
1263,2
1584,80
9241,70
2004
1657
9720
1749,5
2533,5
1480,5
1921,17
11162,87
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000
Estação de Rio da Cidade (mm)
Média das Estações: Itamarati, Petrópolis e Pedro do Rio
Curva de Dupla Massa
112
Figura 5.5 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da estação
Itamarati com as respectivas estações referenciadas por meio do método da curva
de dupla massa.
Tabela 5.4 Relação dos dados pluviométricos da estação Petrópolis com as
estações referenciadas.
Altura de chuva (mm)
Posto Pluviométrico em Estudo
Postos Pluviométricos Referenciados
Postos
Pluviométricos
Petrópolis
Acum, Petrópolis
Itamarati
Rio da
Cidade
Pedro do
Rio
Média das
estações
Referenciadas
Acum, das
estações
Referenciadas
Anos
1998
2042
2042
1547,5
1446,1
1224
1405,87
1405,87
1999
1592
3634
990,4
1130,8
1005,7
1042,30
2448,17
2000
2109
5742
1543
1755,7
1206,6
1501,77
3949,93
2001
1862
7604
1581,3
1638,4
1519,2
1579,63
5529,57
2002
1879
9483
1137,6
1325,9
1234,9
1232,80
6762,37
2003
2065
11549
1263,6
1426
1263,2
1317,60
8079,97
2004
2534
14082
1656,9
1749,5
1480,5
1628,97
9708,93
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000
Estação de Itamarati (mm)
Média das Estações : Petrópolis, Rio da Cidade e Pedro do Rio
Curva de Dupla Massa
113
Figura 5.6 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da Estação
Petrópolis com as respectivas Estações Referenciadas, através do Método da Curva
de Dupla Massa.
Tabela 5.5 Relação dos dados pluviométricos da Estação Pedro do Rio com as
Estações Referenciadas.
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000
Estação de Petrópolis (mm)
Média das Estações : Itamarati, Rio da Cidade e Pedro do Rio
Curva de Dupla Massa
Altura de chuva (mm)
Posto Pluviométrico em Estudo
Postos Pluviométricos Referenciados
Postos
Pluviométricos
Pedro do Rio
Acum, Pedro
do Rio
Itamarati
Petrópolis
Rio da
Cidade
Média das
estações
Referenciadas
Acum, das
estações
Referenciadas
Ano
1998
1224
1224
1547,5
2041,6
1446,1
1678,40
1678,40
1999
1006
2230
990,4
1592,2
1130,8
1237,80
2916,20
2000
1207
3436
1543
2108,5
1755,7
1802,40
4718,60
2001
1519
4956
1581,3
1862
1638,4
1693,90
6412,50
2002
1235
6190
1137,6
1879,1
1325,9
1447,53
7860,03
2003
1263
7454
1263,6
2065,2
1426
1584,93
9444,97
2004
1481
8934
1656,9
2533,5
1749,5
1979,97
11424,93
114
Figura 5.7 Gráfico da verificação da homogeneidade dos dados da estação Pedro
do Rio com as respectivas estações referenciadas por meio do método da curva de
dupla massa.
Separação da Chuva Efetiva na Área Dividida em Células.
O cálculo do escoamento superficial produzido na área modelada através das células de
escoamento é feito pelo próprio MODCEL, utilizando-se o método Racional, como
escolha deste estudo, para separação da chuva efetiva. Assim, cada célula recebe um
valor para o seu coeficiente de escoamento superficial (runoff). A Tabela 5.6 resume os
valores adotados para esse coeficiente em função do tipo de ocupação e uso do solo
observado na célula.
Tabela 5.6 Parâmetros de separação da chuva efetiva na área modelada por
célula.
Tipo de Ocupação e Uso do Solo
Coeficiente de
Runoff
Urbanização muito leve / vegetação rasteira
0,35
Urbanização moderada / área militar
0,55
Urbanização densa
0,75
Espelho de água (nas células tipo rio)
1,00
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000
Estação de Pedro do Rio (mm)
Média das Estações : Itamarati, Petrópolis e Rio da Cidade
Curva de Dupla Massa
115
5.2.1.4 Precipitação média na área de estudo.
Nos itens anteriores, foram abordados o preenchimento das falhas e a análise de
consistência de séries pluviométricas, o que agora possibilita que se faça a distribuição
espacial da precipitação na bacia de Pedro do Rio. Essa distribuição espacial assume a
consideração de uma precipitação média por sub-áreas. A precipitação média pode ser
definida como sendo uma lâmina de água de altura uniforme sobre a área considerada,
associada a um período de tempo dado (como uma hora, dia, mês, ano). Isso o deixa
de ser uma abstração (Sanchez, 1986), uma vez que a chuva real obedece a distribuições
espaciais e temporais variáveis.
Para determinar a precipitação média nas diferentes sub-bacias que compõem a bacia de
Pedro do Rio, métodos consagrados poderiam ser usados para o cálculo, como o método
da média aritmética, método das isoietas e o método de Thiessen. Para o presente
estudo, optou-se pelo último, que a seguir será descrito.
Método de Thiessen Este método considera a não-uniformidade da distribuição
espacial dos postos, mas, em princípio, não leva em conta o relevo da bacia. A
metodologia usada consiste no seguinte: a) ligue os postos por trechos retilíneos; b)
trace linhas perpendiculares aos trechos retilíneos passando pelo meio da linha entre os
dois postos; c) prolongue as linhas até encontrar outra. O polígono é formado pela
interseção das linhas correspondentes à área de influência de cada posto; d) a
precipitação média é calculada por:
=
1
×
×
(5.2)
onde:
Ai é a área de influência do posto;
Pi é a precipitação registrada no posto i;e
A
t
é a área total da bacia.
116
Figura 5.8 Polígono de Thiessen empregado na delimitação das áreas de
influências dos postos pluviométricos.
5.2.1.5 Topologia
Com a divisão das células definida, pode-se iniciar a montagem do esquema articulado
de relações entre células. Esse esquema é chamado de modelo topológico e permite a
compreensão pelo modelo de como as células integram o espaço modelado e como as
relações hidráulicas se desenvolvem entre as células. Assim, as células são arrumadas
em uma matriz, cuja lei básica de formação induz à necessidade de cada célula,
individualmente se ligar apenas a outras lulas de sua vizinhança imediata, ou seja, na
mesma linha da matriz, na linha superior ou na inferior. Essa construção permite ao
modelo agrupar as células em submatrizes que são resolvidas em um processo de dupla
varredura, economizando tempo computacional. O esquema topológico resultante do
modelo principal do rio Piabanha, relativo a modelagem da bacia Pedro do Rio, é
mostrado na Figura 5.9.
117
Figura 5.9 Esquema topológico associado à divisão em células da bacia Pedro do
Rio para o modelo principal do rio Piabanha.
118
5.2.1.6 Calibração
5.2.1.6.1 Índices de ajuste - comparação entre vazões observadas e simuladas
Para que seja possível comparar uma série de vazões geradas com uma série de vazões
observadas, é necessária a utilização dos índices de ajuste ou verossimilhança. Esses
índices, quando incluídos nos modelos hidrológicos, são chamados de funções objetivo,
servindo para indicar o conjunto de parâmetros ótimos em um processo de calibração.
Os índices, mostrados na Tabela 5.7 e descritos na seqüência do texto, foram usados
para auxiliar na comparação das saídas do MODCEL com as séries observadas e
geradas pelos modelos SMAP e TOPMODEL, após a calibração, permitindo uma
melhor visualização e avaliação do comportamento do modelo segundo esses diversos
critérios.
Tabela 5.7 Índices de ajuste.
Critério
Equação
Soma dos Erros Absolutos
(STEPHENSON, 1979)
=
()
()

=1
Soma dos quadrados dos resíduos
(DISKIN e SIMON, 1977)
=
()
()
2

=1
Eficiência (Nash e SUTCLIFFE, 1970)
= 1
=
()
()
2

=1
=
()
(é)
2

=1
Erro percentual nos picos
= 100,
()
()
()
Erro da Raiz média quadrática ponderada
pelo pico (USACE, 1998)
=
1


2
+
(é)
2,
(é)

=1

1
2
Notas: Z - função objetivo; NQ - número de ordenadas calculadas; q
o
(t) - vazões observadas;
q
s
(t) - vazões calculadas, com um conjunto de parâmetros do modelo; q
o
(pico) - pico
observado; q
o
(média) - media de vazões; e q
s
(pico) - pico de vazões calculadas.
119
Soma de erros absolutos - Essa função apenas compara cada ordenada do
hidrograma gerado com a observada, sem qualquer ponderação. O índice de
comparação, nesse caso é a diferença entre as ordenadas. Entretanto, como
diferenças podem ser positivas ou negativas, uma simples soma poderia permitir
diferenças positivas cancelarem as negativas. Na modelagem hidrológica, ambas
as diferenças são indesejáveis, pois configuram superestimativas ou
subestimativas. Para evitar esse aspecto, o índice utilizado soma o módulo das
diferenças. Essa função representa implicitamente uma medida de aderência
entre as magnitudes dos picos, volumes e tempos de pico das duas séries de
vazão comparadas. Se o valor da função for igual a zero, a aderência é perfeita:
todas as vazões calculadas igualam-se exatamente aos valores observados.
Soma dos quadrados dos resíduos - Função comumente usada como função
objetivo na calibração dos modelos. Ela também compara todas as ordenadas,
mas usa o quadrado das diferenças como medida de aderência. Elevar ao
quadrado as diferenças também resolve o problema já citado das diferenças
positivas e negativas. Essa função é também uma medida de comparação das
magnitudes dos picos, volumes e tempos de pico entre as duas hidrógrafas.
Erro percentual nos picos - Esse índice mede apenas a aderência entre as
vazões de pico calculadas e as vazões de pico observadas. Ele quantifica o ajuste
como o valor absoluto da diferença, expresso como porcentagem, também
tratando subestimativas e superestimativas como indesejáveis. Não reflete os
erros no volume ou no tempo de pico. Essa função objetivo é uma escolha lógica
se a informação necessária para o projeto ou estudo é limitada à vazão de pico
ou níveis máximos. Este seria o caso de um estudo de áreas de inundação, que
procura o limite de desenvolvimento urbano nas áreas sujeitas à inundação, com
vazões e níveis relacionados.
Erro da raiz média quadrática ponderada pelo pico - Essa função compara
todas as ordenadas, elevando ao quadrado as diferenças e ponderando essas
diferenças. O peso atribuído a cada ordenada é proporcional à magnitude da
ordenada. Ordenadas maiores que a média das vazões observadas recebem um
peso maior do que 1,00 e as vazões menores do que a média têm peso menores
do que 1,00. O valor da máxima vazão observada terá o maior peso. A soma das
120
diferenças quadráticas ponderadas é dividida pelo número das ordenadas das
vazões computadas, permitindo o cálculo do erro quadrático médio. Tirando a
raiz quadrada desse valor, obtém-se a raiz média quadrática do erro (RMS). Essa
função é uma medida implícita da comparação dos valores dos picos, dos
volumes, e dos tempos de pico das hidrógrafas.
Além de efetuar todos esses testes citados acima, é de grande utilidade a elaboração de
gráficos que permitam visualizar o ajuste do modelo. Uma comparação de séries de
vazões computadas pode ser feita simplesmente por sobreposição dos fluviogramas,
assim como também pode ser feita por um gráfico de dispersão, construído a partir das
vazões observadas nas abscissas e das vazões calculadas nas ordenadas. A inspeção
desse gráfico pode ajudar a identificar a tendência das respostas do modelo em
conseqüência dos parâmetros selecionados. Uma reta a 45º no gráfico representaria a
igualdade das vazões calculadas e observadas. Se os pontos caem em cima da reta de
igualdade, significa que o modelo previu exatamente as vazões observadas, No entanto,
se os pontos se situarem acima dessa reta, o significado é que o modelo superestimou a
vazão, e, caso se situarem abaixo, encontra-se diante de uma situação em que o modelo
subestima as vazões observadas. Portanto, a dispersão dos pontos em torno da linha de
igualdade fornece uma indicação do ajuste do modelo. Se a dispersão é grande, o
modelo não se ajusta bem às observações, enquanto se a dispersão for pequena, o
modelo e os parâmetros escolhidos ajustam-se melhor.
Também é de grande utilidade a análise do gráfico da série de resíduos ao longo do
tempo. Os resíduos são as diferenças entre as vazões calculadas e observadas, ajudando
a indicar como os erros de predição são distribuídos ao longo do tempo de simulação.
Esse tipo de gráfico pode ajudar na identificação de parâmetros que requerem mais
atenção na estimação, Por exemplo, se os maiores resíduos estão agrupados no começo
de um evento de cheia, algum parâmetro de perda ou retenção inicial pode estar sendo
mal estimado.
121
5.2.1.7 Simulação de séries anuais na calibração e validação do modelo
Durante a análise das séries históricas de vazão e de precipitação em todas as estações
que monitoram a bacia Pedro do Rio, verificou-se que os postos pluviométricos e o
posto fluviométrico de Pedro do Rio têm períodos comuns disponíveis até o ano de
2005, o que permite calibrar o modelo quando utilizamos dados de chuva medida e
comparar as vazões geradas pelo modelo com as vazões medidas. Devido a essas
condições, optou-se pela modelagem para o período mais recente comum entre os
postos, adotando-se o período entre 1998 até 2002, sendo que o ano de 1998 foi
destinado para calibração, enquanto que os anos de 1999 e de 2000 foram empregados
para validação dos parâmetros calibrados.
A seguir, a Figura 5.10 mostra as séries de vazões geradas e observadas ao longo do
tempo, no ano de 1998, enquanto a Figura 5.11 mostra o gráfico de dispersão das vazões
geradas e observadas. A Figura 5.12, por sua vez, mostra a distribuição temporal dos
resíduos.
Figura 5.10 Hidrograma com as vazões calculadas e observadas no período de
calibração do ano de 1998 MODCEL.
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
01/01/1998
15/01/1998
29/01/1998
12/02/1998
26/02/1998
12/03/1998
26/03/1998
09/04/1998
23/04/1998
07/05/1998
21/05/1998
04/06/1998
18/06/1998
02/07/1998
16/07/1998
30/07/1998
13/08/1998
27/08/1998
10/09/1998
24/09/1998
08/10/1998
22/10/1998
05/11/1998
19/11/1998
03/12/1998
17/12/1998
31/12/1998
Vazões (m³/s)
Datas (Tempo)
Hidrograma - 1998
Série Observada
Série Calculada
122
Figura 5.11 Dispersão das vazões calculadas e observadas no período de
calibração, ano de 1998 MODCEL
Figura 5.12 Distribuição temporal dos resíduos do período de calibração, ano de
1998 MODCEL.
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00 120.00
Vazões calculadas (m³/s)
Vazão observadas (m³/s)
Série Calculada
Série Auxiliar
-40.00
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
01/01/1998
16/01/1998
31/01/1998
15/02/1998
02/03/1998
17/03/1998
01/04/1998
16/04/1998
01/05/1998
16/05/1998
31/05/1998
15/06/1998
30/06/1998
15/07/1998
30/07/1998
14/08/1998
29/08/1998
13/09/1998
28/09/1998
13/10/1998
28/10/1998
12/11/1998
27/11/1998
12/12/1998
27/12/1998
Qcal - Qobs (m³/s)
123
Tabela 5.8 Resultados dos índices de ajuste para as séries calculadas pelo
MODCEL Ano de 1998.
Critério
Resultados
Soma de erros absolutos (Stephenson, 1979)
1313,56
Soma dos quadrados dos resíduos (Diskin e Simon, 1977)
13752,04
Mínimo
-47,38%
Erro percentual nos picos
Média
61,14%
Máximo
184,72%
Erro da raiz média quadrática ponderada pelo pico (USACE, 1998)
4,56
Eficiência
0,40
Após a calibração do modelo para a série anual de 1998, utilizaram-se os períodos
anuais de 1999 e 2000 para validar o modelo. A seguir, estão apresentados, na Figura
5.13 e 5.14, os hidrogramas de vazões calculadas pelo MODCEL em conjunto com as
respectivas vazões observadas no posto fluviométrico de Pedro do Rio para os períodos
de validação.
Figura 5.13 Hidrograma do período de validação, ano (1999)
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
01/12/1998
15/12/1998
29/12/1998
12/01/1999
26/01/1999
09/02/1999
23/02/1999
09/03/1999
23/03/1999
06/04/1999
20/04/1999
04/05/1999
18/05/1999
01/06/1999
15/06/1999
29/06/1999
13/07/1999
27/07/1999
10/08/1999
24/08/1999
07/09/1999
21/09/1999
05/10/1999
19/10/1999
02/11/1999
16/11/1999
30/11/1999
14/12/1999
28/12/1999
Vazões (m³/s)
Datas (Tempo)
Hidrograma - 1999
Série Observada
Série Calculada
124
Figura 5.14 Dispersão das vazões calculadas e observadas no período de
calibração, ano de 1999 MODCEL
Figura 5.15 Distribuição temporal dos resíduos do período de calibração, ano de
1999 MODCEL.
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
0 10 20 30 40 50 60
Vazões calculadas (m³/s)
Vazão observadas (m³/s)
Série Calculada
Série Auxiliar
-20.00
-10.00
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
01/01/1999
16/01/1999
31/01/1999
15/02/1999
02/03/1999
17/03/1999
01/04/1999
16/04/1999
01/05/1999
16/05/1999
31/05/1999
15/06/1999
30/06/1999
15/07/1999
30/07/1999
14/08/1999
29/08/1999
13/09/1999
28/09/1999
13/10/1999
28/10/1999
12/11/1999
27/11/1999
12/12/1999
27/12/1999
Qcal - Qobs (m³/s)
125
Tabela 5.9 Resultados dos índices de ajuste para as séries calculadas pelo
MODCEL Ano de 1999.
Critério
Resultados
Soma de erros absolutos (Stephenson, 1979)
87,51
Soma dos quadrados dos resíduos (Diskin e Simon, 1977)
7667,79
Mínimo
-58,94%
Erro percentual nos picos
Média
29,65%
Máximo
136,88%
Erro da raiz média quadrática ponderada pelo pico (USACE, 1998)
3,40
Eficiência
0,33
Figura 5.16 Hidrograma do período de validação, ano (2000).
0
20
40
60
80
100
120
140
01/01/2000
15/01/2000
29/01/2000
12/02/2000
26/02/2000
11/03/2000
25/03/2000
08/04/2000
22/04/2000
06/05/2000
20/05/2000
03/06/2000
17/06/2000
01/07/2000
15/07/2000
29/07/2000
12/08/2000
26/08/2000
09/09/2000
23/09/2000
07/10/2000
21/10/2000
04/11/2000
18/11/2000
02/12/2000
16/12/2000
30/12/2000
Vazões (m³/s)
Datas (Tempo)
Hidrograma - 2000
Série Observada
Série Calculada (MODCEL)
126
Figura 5.17 Dispersão das vazões calculadas e observadas no período de
calibração, ano de 2000 MODCEL.
Figura 5.18 Distribuição temporal dos resíduos do período de calibração, ano de
2000 MODCEL.
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00 120.00 140.00 160.00
Vazões calculadas (m³/s)
Vazão observadas (m³/s)
Série Calculada
Série Auxiliar
-80.00
-60.00
-40.00
-20.00
0.00
20.00
40.00
60.00
01/01/2000
16/01/2000
31/01/2000
15/02/2000
01/03/2000
16/03/2000
31/03/2000
15/04/2000
30/04/2000
15/05/2000
30/05/2000
14/06/2000
29/06/2000
14/07/2000
29/07/2000
13/08/2000
28/08/2000
12/09/2000
27/09/2000
12/10/2000
27/10/2000
11/11/2000
26/11/2000
11/12/2000
26/12/2000
Qcal - Qobs (m³/s)
127
Tabela 5.10 Resultados dos índices de ajuste para as séries calculadas pelo
MODCEL ano de 2000.
Critério
Resultados
Soma de erros absolutos (Stephenson, 1979)
1537,84
Soma dos quadrados dos resíduos (Diskin e Simon, 1977)
21586,79
Mínimo
-55,46%
Erro percentual nos picos
Média
9,09%
Máximo
138,25%
Erro da Raiz média quadrática ponderada pelo pico (USACE, 1998)
7,31
Eficiência
0,56
Verifica-se, analisando os resultados gerados pelo MODCEL, durante a calibração e
validação do modelo para os anos de 1998, 1999 e 2000 que a modelagem superestimou
mais do que subestimou a série de vazão, de modo geral, como se pode ver nas Tabelas
de Índices de Ajuste. O método utilizado para separação de chuva efetiva foi o Método
Racional, que além de ser mais adequado para bacias de menor porte, do que as sub-
bacias aqui simuladas que possuem a tendência de superestimar vazões de cheia. Como
no modelo existem células que representam sub-bacias muito grandes, é possível que a
superestimativa tenha sido causada pelo método racional. Uma maneira de compensar
esse efeito seria a subdivisão das bacias em células menores, de modo que se
aumentaria o percurso e o amortecimento, atenuando as vazões de pico, aproximando o
método racional da escala do seu melhor funcionamento.
Quanto ao problema da subestimação das vazões, como a vazão de base é prescrita por
fora da modelação e como o valor foi dado como uma constante, ocorre uma
subestimação destas vazões mais baixas no período de cheia, devido ao modelo
descartar a chuva que o se transformou em escoamento superficial, fazendo com que
não haja recarga subterrânea que realimente os córregos, o que acarreta as descidas
abruptas nos hidrogramas quando não há chuva no modelo.
128
5.2.1.8 Análise Comparativa dos Modelos SMAP e TOPMODEL com o Modelo
de Células calibrado para simulação de séries anuais.
Como foi mostrado nos itens anteriores o modelo utilizou a séries de precipitação e de
vazão nos períodos correspondentes aos anos de 1998, 1999 e 2000. Nesse sentido, os
períodos escolhidos estão em concordância com indicações do estudo realizado por
CANEDO (1979), quando procurou avaliar o tamanho ideal da amostra na fase de
calibração. Nesse estudo, o autor concluiu que um período de 3 anos já se revela
aceitável, enquanto que um período de 5 anos poderia ser considerado, em termos
práticos, como ideal. Depois de concluído todo o processo de calibração e validação do
modelo, inicia-se a etapa de comparação dos resultados do MODCEL, para a bacia
Pedro do Rio, com os resultados anteriormente obtidos com o uso dos modelos SMAP,
hidrológico concentrado, e TOPMODEL, hidrológico distribuído.
As vazões geradas pelos três modelos estão ilustradas na Figura 5.19.e Figura 5.20,
enquanto, na Tabela 5.11, estão listados os resultados dessas diferentes modelagens
aplicadas, segundo os índices de ajuste.
Figura 5.19 Hidrograma de comparação entre a série observada, as séries
calculadas pelo MODCEL e pelo TOPMODEL, ano 2002.
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
02/01/2002
16/01/2002
30/01/2002
13/02/2002
27/02/2002
13/03/2002
27/03/2002
10/04/2002
24/04/2002
08/05/2002
22/05/2002
05/06/2002
19/06/2002
03/07/2002
17/07/2002
31/07/2002
14/08/2002
28/08/2002
11/09/2002
25/09/2002
09/10/2002
23/10/2002
06/11/2002
20/11/2002
04/12/2002
18/12/2002
Vazões (m³/s)
Datas (Tempo)
Hidrograma - 2002
Série Observada
Série Calculada (MODCEL)
Série Calculada (Topmodel)
129
Figura 5.20 Hidrograma de comparação entre a série observada, as séries
calculadas pelo MODCEL e pelo TOPMODEL, ano 2002.
Tabela 5.11 Análise comparativa entre os modelos segundo os índices de ajuste,
ano de 2002.
Modelos
Soma de
erros
absolutos
Soma dos
quadrados
dos resíduos
Eficiência
Erro percentual do pico
RMS
ponderada
pelo pico
Diferença
do vol.
Gerado. -
Observado
Média
Máx.
Superest
Máx.
Subest.
MODCEL
1636,11
17166,18
0,47
-0,19%
221,35%
-69,54%
4,82
7,02%
SMAP
1373,04
18196,73
0,20
27,97%
31,28%
-100%
6,3
27,73%
TOPMODEL
1179,57
19420,91
0,15
-7,15%
51.56%
-60%
7,12
-2,72%
Analisando os resultados do MODCEL, e comparado-os com os resultados do SMAP e
TOPMODEL apresentados por GONÇALVES (2008), pode-se verificar, na Tabela
5.11, que o modelo de células apresenta-se equivalente aos outros dois modelos quando
utilizado para séries de longa duração. Os dados na tabela mostram que sua eficiência
foi melhor e parte dos seus erros percentuais tiveram um melhor desempenho que os
outros dois modelos.
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
02/01/2002
16/01/2002
30/01/2002
13/02/2002
27/02/2002
13/03/2002
27/03/2002
10/04/2002
24/04/2002
08/05/2002
22/05/2002
05/06/2002
19/06/2002
03/07/2002
17/07/2002
31/07/2002
14/08/2002
28/08/2002
11/09/2002
25/09/2002
09/10/2002
23/10/2002
06/11/2002
20/11/2002
04/12/2002
18/12/2002
Vazões (m³/s)
Datas (Tempo)
Hidrograma - 2002
Série Observada
Série Calculada (MODCEL)
Série Calculada (SMAP)
130
5.2.2. Segundo Modelo Modelo Secundário do Rio Piabanha (Sub-
bacia Petrópolis)
5.2.2.1 Divisão e classificação das células da bacia hidrográfica da cidade de
Petrópolis e dDefinição das ligações hidráulicas.
No modelo secundário do rio Piabanha, a divisão e classificação das células na bacia
hidrográfica da cidade de Petrópolis ocorreu de maneira diferente em relação ao modelo
principal do rio Piabanha. A calha principal e a secundária sofreram uma fusão, o que
fizeram das duas uma célula só, possibilitando classificá-la como célula tipo
reservatório. as áreas adjacentes e os afluentes do rio Piabanha e do rio Quitandinha
receberam a mesma classificação dada no primeiro modelo.
A Tabela 5.12 descreve e a Figura 5.21 ilustra de forma simples a classificação dos
tipos de célula dada ao rio Piabanha e a seu afluente o rio Quitandinha de acordo com a
topografia local. Em seguida, está a planta da sub-bacia da cidade de Petrópolis com a
devida aplicação da divisão das células.
Tabela 5.12 Quadro com a classificação das células para os dois rios principais
da bacia hidrográfica da cidade de Petrópolis (modelo secundário do rio
Piabanha).
Nome do rio
Classificação das Células
Calha
Principal
Calha
Secundária
Áreas
Adjacentes
Afluentes
Trecho do rio Piabanha
(Petrópolis)
Reservatório
Encosta
Reservatório
Rio Quitandinha
Reservatório
Encosta
Reservatório
131
Figura 5.21 Ilustração da classificação das células da bacia hidrográfica da
cidade de Petrópolis (modelo secundário do rio Piabanha).
Figura 5.22 Divisão das células do modelo secundário do rio Piabanha na sub-
bacia de Petrópolis detalhamento do trecho do rio Piabanha e do rio
Quitandinha.
132
5.2.2.2 Estudos Hidrológicos
Os estudos hidrológicos abordam os seguintes assuntos: cálculo do tempo de
concentração; cálculo da chuva de projeto; e determinação dos parâmetros de separação
de chuva efetiva para as células que compõem a área modelada.
5.2.2.2.1 Cálculo do Tempo de Concentração:
O conhecimento do tempo de concentração é fundamental para a determinação da
máxima vazão que estará contribuindo para um determinado local da bacia após o início
da chuva. Ele é utilizado em projetos de controle de cheias para a determinação da
chuva de projeto e, dependendo da metodologia considerada, para o cálculo de
hidrogramas ou de vazões máximas de projeto. Para uma determinada recorrência, a
chuva crítica é, freqüentemente, definida como aquela que apresenta duração igual ao
tempo de concentração da bacia.
Diversas rmulas empíricas para o cálculo direto do tempo de concentração tc são
encontradas na literatura. São, em geral, fórmulas desenvolvidas para uma determinada
localidade e nem sempre se adaptam a outras regiões.
133
Tabela 5.13 Fórmulas dos diferentes cálculos para o tempo de concentração.
Fonte: PITTHAN (1973).
Rio Piabanha Rio de Janeiro
Fórmulas de tc (horas)
Unidades
Ribeiro (*):
 =
16
60
1.05 0.2
(100)
0.04
L - km
Soil C. Service:
 =
11.9
3
0.385
L mi
H - pés
Hathaway:
 =
2
3
2
L - mi
Ranser Kirpich:
 =
(0.00013
0.77
)
0.39
L - pés
Ventura:
 = 0.0127
1/2
A km
2
Pasini:
 = 0.023
1/2
L km
A km
2
Descrição das variáveis
L Comprimento do curso d‟água principal
p percentagem da bacia com cobertura vegetal
S declividade do curso d‟água principal
H diferença entre o ponto mais alto e o de estudo
n coeficiente de Manning
A áreas de drenagem
Observações
(*) fórmula oficialmente adotada pelas autoridades estaduais - RJ
Para o cálculo do tempo de concentração das sub bacias do rio Piabanha e seus
afluentes, foi utilizado o Método de George Ribeiro, uma vez que é a fórmula usada
pelas autoridades estaduais do Rio de Janeiro. A equação está descrita abaixo:
=
16
1,05 0,2
0
(100
0
)
0,04
(5.3)
onde:
t
c
= tempo de concentração em horas.
p
0
= fração da área da bacia com cobertura vegeta (0 a 1)
L = comprimento do talvegue em quilômetros.
S = declividade do talvegue metro/metro.
134
Para a aplicação da fórmula, foi realizado através do software AutoCAD o levantamento
das cotas e a medição dos comprimentos dos talvegues, para posteriormente se calcular
o tempo de concentração para cada uma das sub-bacias que compõem os modelos. A
Tabela 5.14 descreve as variáveis medidas e os resultados da aplicação da fórmula.
Tabela 5.14 Dados para o cálculo o tempo de concentração e de seus respectivos
resultados.
Trecho
Comp.
(Km)
Declividade
média (m/m)
Vegetação
(%)
Tc
(horas)
Tc
(minutos)
Rio Piabanha + Rio Itamarati
(bacia Pedro do Rio)
36,07
0, 00576
85
11,17
670
Trecho do rio Piabanha (sub-
bacia Petrópolis)
16,36
0, 00653
60
4,76
285
Rio Quitandinha (Sub-bacia
Petrópolis)
7,11
0, 00224
60
2,16
130
5.2.2.2.2 Cálculo da Chuva de Projeto:
Como o modelo secundário do rio Piabanha tem o objetivo de fazer a análise das áreas
sujeitas a inundações da sub-bacia Petróplois, foram concebidos dois cenários distintos
no que diz respeito ao tempo de duração da chuva intensa na bacia. No primeiro
cenário, o tempo de duração da chuva é equivalente ao tempo de concentração da sub-
bacia do trecho do rio Piabanha que corre pela cidade de Petrópolis. Já o segundo
cenário utiliza o tempo de duração da chuva equivalente ao tempo de concentração da
sub-bacia do afluente Quitandinha. A chuva de projeto foi elaborada considerando as
hipóteses descritas na seqüência do texto.
Primeiro Cenário:
Duração da chuva igual a 4,76 horas (equivalente ao tempo de concentração do
trecho do rio Piabanha sub-bacia Petrópolis);
Tempo de recorrência de 20 anos para a chuva aplicada sobre as células;
Intensidade da chuva da bacia do rio Piabanha obtida a partir dos dados
pluviométricos apresentados na publicação “Chuvas Intensas no Brasil”, de
135
1957, do Eng, Otto Pfafstetter para o posto de Petrópolis, como mostra a Tabela
5.15 (Pfafstetter,1957);
Distribuição temporal da chuva calculada a partir do método do Bureau of
Reclamation.
Tabela 5.15 Localização da estação pluviométrica estudada.
Estação
Código
Latitude
Longitude
Petrópolis
2243009
-22
o
30‟ 42”
-43
o
10‟ 15”
Tabela 5.16 Dados e cálculo da chuva de projeto.
Trecho Rio Piabanha - Posto Petrópolis
EQUAÇÃO IDF
CÁLCULO PARA TRANSFORMAÇÃO
BLOCOS ALTERNADOS
t
d
(min)
i (mm/min)
P=i.t
d
(mm)
ΔP (mm)
ΔP/t (mm/h)
t
(min)
i(mm/h)
P(mm)
45,0
1,54
69,3
69,3
92,4
45,0
21,3
16,0
90,0
1,02
92,0
22,7
30,3
90,0
30,3
22,7
135,0
0,80
108,0
16,0
21,3
135,0
92,4
69,3
180,0
0,67
120,6
12,6
16,8
180,0
16,8
12,6
225,0
0,58
130,5
9,9
13,2
225,0
13,2
9,9
270,0
0,50
135,0
4,5
6,0
270,0
6,0
4,5
Figura 5.23 Distribuição da chuva de projeto para o trecho rio Piabanha
(Petrópolis).
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
45.0
90.0
135.0
180.0
225.0
270.0
Precipitação (mm)
Tempo (min)
Rio Piabanha - Posto petrópolis
Equação IDF
Blocos Alternados
136
Segundo Cenário:
Duração da chuva igual a 2,16 horas (equivalente ao tempo de concentração do
afluente Quitandinha Sub bacia Petrópolis);
Tempo de recorrência de 20 anos para a chuva aplicada sobre as células;
Intensidade da chuva da bacia do rio Piabanha obtida a partir dos dados
pluviométricos apresentados na publicação “Chuvas Intensas no Brasil”, de
1957, do Eng, Otto Pfafstetter para o posto de Petrópolis, (Pfafstetter,1957);
Distribuição temporal da chuva calculada a partir do Método do Bureau of
Reclamation.
Seguindo os passos descritos pelas condições acima, foi possível calcular a precipitação
total e distribuição da chuva de acordo com o tempo de concentração de cada sub bacia.
Os resultados são mostrados na Tabela 5.17 e Tabela 5.16 e os gráficos gerados a partir
do cálculo na Figura 5.23 e Figura 5.24.
Tabela 5.17 Dados e Cálculos da Chuva de Projeto.
Rio Quitandinha - Posto Petrópolis
EQUAÇÃO IDF
CÁLCULO PARA TRANSFORMAÇÃO
BLOCOS ALTERNADOS
t
d
(min)
i (mm/min)
P=i.t
d
(mm)
ΔP (mm)
ΔP/t (mm/h)
t (min)
i(mm/h)
P(mm)
20
1,97
39,40
39,40
118,2
20
38,4
12,8
40
1,63
65,20
25,80
77,4
40
77,4
25,8
60
1,30
78,00
12,80
38,4
60
118,2
39,4
80
1,11
89,04
11,04
33,12
80
33,12
11,04
100
0,98
97,50
8,46
25,38
100
25,38
8,46
120
0,87
104,40
6,90
20,7
120
20,7
6,9
137
Figura 5.24 Distribuição da chuva de projeto para o rio Quitandinha.
5.2.2.3 Topologia do Segundo modelo
A seguir, a Figura 5.25 ilustra a topologia do modelo secundário do rio Piabanha, onde é
possível visualizar a estrutura topológica construída para os dois principais rios
responsáveis pela macrodrenagem da cidade de Petrópolis.
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
20
40
60
80
100
120
Precipitação (mm)
Tempo (min)
Rio Quitandinha - Posto petrópolis
Equação IDF
Blocos Alternados
138
Figura 5.25 Esquema topológico associado a divisão em células do trecho do rio Piabanha e seu afluente Rio Quitandinha - modelo
secundário do rio Piabanha.
Rio Quitandinha
Rio Piabanha
139
5.2.2.4 Diagnóstico das Cheias na bacia Urbanizada de Petrópolis.
Neste item, são apresentados os resultados obtidos pela aplicação da modelagem de
cheias, utilizando-se como ferramenta principal o MODCEL, na bacia hidrográfica da
cidade de Petrópolis, que apresenta como principais corpos fluviais o rio Piabanha e
Quitandinha.
Resultados obtidos no primeiro cenário utilizando as seguintes condições:
chuva de Projeto calculada através dos dados pluviométricos da publicação
“Chuvas Intensas no Brasil”, de 1957, do Eng, Otto Pfafstetter para um tempo de
recorrência de 20 anos;
duração da chuva igual a 3,95 horas (equivalente ao tempo de concentração do
trecho do rio Piabanha sub- bacia Petrópolis);
distribuição temporal da chuva calculada a partir do método do Bureau of
Reclamation;
condição de contorno de nível Z de 4,9 m, fornecida pelo modelo primeiro
modelo, executado para um tempo de duração igual a 4,76 horas (equivalente ao
tempo de concentração do trecho do rio Piabanha sub-bacia Petrópolis).
Figura 5.26 Perfil do trecho dio do rio Piabanha onde ocorrem pontos de
inundações.
795
800
805
810
815
820
4,151
6,066
8,234
8,734
Cota (m)
Distância (m)
Rio Piabanha (Petrópolis)- Trecho Médio
Fundo do Rio
Margem do Rio
NA do Rio
Ponto 1 de
inundação
Ponto 2 de
inundação
140
Figura 5.27 Perfil do trecho jusante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos de
inundações.
Figura 5.28 Perfil do trecho montante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos
de inundações.
800
805
810
815
742
1,190
1,867
Cota (m)
Distância (m)
Rio Quitandinha - Trecho Jusante
Fundo do Rio
Margem do Rio
NA do Rio
Ponto 4 de
inundação
Ponto 5 de
inundação
Ponto 3 de
inundação
824
826
828
830
832
834
836
838
840
5,468
6,112
6,526
7,103
Cota (m)
Distância (m)
Rio Quitandinha - Trecho Montate
Fundo do Rio
Margem do Rio
NA do Rio
Ponto 6 de
inundação
Ponto 7 de
inundação
Ponto 8 de
inundação
141
Resultados obtidos no segundo cenário utilizando as seguintes condições:
chuva de Projeto calculada através dos dados pluviométricos da publicação
“Chuvas Intensas no Brasil”, de 1957, do Eng, Otto Pfafstetter para um tempo de
recorrência de 20 anos;
duração da chuva igual a 3,14 horas (equivalente ao tempo de concentração do
rio Quitandinha sub-bacia Petrópolis);
distribuição temporal da chuva calculada a partir do método do Bureau of
Reclamation;
condição de contorno de nível Z de 4,7 m, fornecida pelo modelo primeiro
modelo, rodado para um tempo de duração igual a 2,16 horas (equivalente ao
tempo de concentração do afluente Quitandinha sub-bacia Petrópolis).
Figura 5.29 Perfil do trecho dio do rio Piabanha onde ocorrem pontos de
inundações
785
790
795
800
805
810
815
820
4,151
6,066
8,234
8,734
Cota (m)
Distância (m)
Rio Piabanha (Petrópolis)- Trecho Médio
Fundo do Rio
Margem do Rio
NA do Rio
Ponto 1
de inundação
Ponto 2
de inundação
142
Figura 5.30 Perfil do trecho jusante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos de
inundações.
Figura 5.31 Perfil do trecho montante do rio Quitandinha onde ocorrem pontos
de inundações.
800
805
810
815
742
1,190
1,867
Cota (m)
Distância (m)
Rio Quitandinha - Trecho Jusante
Fundo do Rio
Margem do Rio
NA do Rio
Ponto 4
de inundação
Ponto 5 de
inundação
Ponto 3
de inundação
820
822
824
826
828
830
832
834
836
838
840
5,468
6,112
6,526
7,103
Cota (m)
Distância (km)
Rio Quitandinha (Trecho Montante)
Fundo do Rio
Margem do Rio
NA do Rio
Ponto 7
de inundação
Ponto 6 de
inundação
Ponto 8 de
inundação
143
As manchas de inundação referentes a cidade de Petrópolis foram separadas em duas
plantas. Uma delas apresenta o contorno aproximado das inundações, com 20 anos de
recorrência, correspondentes a região do centro da cidade, com parte do rio Piabanha no
seu ponto de confluência com o rio Quitandinha. A outra diz respeito somente ao rio
Quitandinha, na sua parte alta, montante do rio. Em seguida, estão duas plantas com
manchas de inundações retiradas do Relatório de Consolidação SUB-REGIÃO B do
Programa Estadual de Investimentos da Bacia do Rio Paraíba do Sul/RJ, produzido
pela parceria entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro, SEMA, SERLA,
MPO/SEPURB/PQA-ABC-PNUD-UFRJ/COPPE, que foram usadas para uma análise
comparativa com os resultados aqui encontrados.
Os mapas com as manchas de inundação construídas através das respostas do MODCEL
podem ser comparadas e validadas com os obtidos pelo relatório de consolidação. Na
comparação, encontrou-se uma semelhança bastante significativa entre as manchas,
apesar de o método empregado no relatório ser o tradicional de cálculo de remanso, o
Standard Step Methoddesenvolvido por Ven Te Chow (Open Channel Hydraulics -
Methods of Computation - Chapter 10, 1959). Logo, pode-se dizer que os resultados
gerados pelo modelo de células confirmam resultados encontrados no relatório de
consolidação.
144
Figura 5.32 - Mancha de Inundação no trecho médio do rio Piabanha na sua confluência com o rio Quitandinha.
Ponto 1
de Inundação
Ponto 2
de Inundação
Ponto 5
de Inundação
Ponto 4
de Inundação
Ponto 3
de Inundação
Rio Piabanha
Rio Quitandinha
145
Figura 5.33 Mancha de inundação no trecho Montante do rio Quitandinha.
Ponto 8
de Inundação
Ponto 7
de Inundação
Ponto 6
de Inundação
Rio Quitandinha
146
Figura 5.34 - Mancha de inundação no trecho médio do rio Piabanha na sua confluência com o rio Qitandinha. (Fonte: RELATÓRIO
DE CONSOLIDAÇÃO - SUB-REGIÃO B - MPO/SEPURB/PQA-ABC-PNUD - UFRJ/COPPE).
147
Figura 5.35 - Mancha de inundação no trecho montante do rio Quitandinha. (Fonte: RELATÓRIO DE CONSOLIDAÇÃO - SUB-
REGIÃO B - MPO/SEPURB/PQA-ABC-PNUD - UFRJ/COPPE).
148
6. Conclusões e Recomendações
6.1. Conclusões
O controle de cheias e a gestão da drenagem urbana estão longe de ser uma questão de
simples solução. Os conceitos e resultados aqui apresentados têm o objetivo de
contribuir para o amadurecimento das discussões em torno deste assunto
Em relação à modelação, é importante que as informações obtidas por cadastros, mapas
e levantamentos topográficos sejam condizentes com a realidade física apresentada.
Quanto mais fiel for a representação topográfica e hidráulica da área modelada,
melhores serão os resultados A instrumentação da bacia, com um levantamento
contínuo de dados pluviométricos e fluviométricos detalhados, não nos canais da
rede de drenagem, mas também da planície urbana, é imprescindível para a correta
determinação dos parâmetros que atestam a confiabilidade do modelo matemático.
Para a presente dissertação, foram avaliadas as condições de funcionamento do
MODCEL, em diferentes simulações, com diferentes demandas de modelação
hidrológica. A partir dos resultados obtidos para uma bacia de grande porte, fez-se um
recorte da sub-bacia da cidade de Petrópolis para observação do problema de cheia
urbana em escala local, fechando esse modelo menor com condições de contorno vindas
das simulações da bacia completa. No que concerne ao estudo aqui realizado, a
disponibilidade de dados hidrológicos e topográficos foi um fator restritivo. Apesar
disso, dada a complexidade do sistema de drenagem que tem o rio Piabanha, a opção
pelo uso de um modelo sistêmico, mesmo com incertezas, permitiu realizar avaliação do
comportamento integrado da bacia Pedro do Rio, calibrar o modelo com o auxílio de
dados reais coletados pelos postos pluviométricos e fluviométricos que cobrem a bacia,
comparar os resultados do MODCEL com os resultados anteriormente obtidos com o
uso dos modelos SMAP, hidrológico concentrado, e TOPMODEL, hidrológico
distribuído, e realizar um diagnóstico de cheias da sub-bacia da cidade de Petrópolis,
recortada do modelo maior.
Analisando os resultados obtidos na primeira etapa de modelação, durante a modelação
da bacia Pedro do Rio, bacia de maior porte, pode-se dizer que o modelo comportou-se
de uma maneira satisfatória, com adequados resultados. Através das respostas geradas,
149
percebeu-se que o modelo não responde bem quando não se tem chuva atuando. O nível
de água do rio cai muito rapidamente, pois o modelo não possui recarga subterrânea,
apresentando somente uma vazão de base utilizada como condição de contorno. Por se
tratar de um modelo mais freqüentemente usado para diagnóstico de cheias, deve-se
relevar tal limitação, identificando-se, nesse ponto, possibilidades de aperfeiçoamento
do modelo.
Durante a calibração e validação do MODCEL, verifica-se, através dos resultados
gerados, de modo geral, que o modelo superestimou mais do que subestimou a série de
vazão. O método chamado racional foi utilizado para a separação da chuva efetiva,
embora ele seja mais adequado para bacias de menor porte do que as sub-bacias aqui
simuladas. O método Racional possui a tendência de superestimar vazões de cheia, o
que é agravado pelo aumento do porte da bacia. Uma vez que o modelo é composto por
células que representam sub-bacias muito grandes, provavelmente a superestimativa foi
causada pelo método racional. Uma maneira de compensar esse efeito seria subdividir
as sub-bacias em células menores, de modo que se aumentaria o percurso e o
amortecimento, atenuando as vazões de pico, aproximando o método racional da escala
do seu melhor funcionamento.
Quanto ao problema da subestimação das vazões, como a vazão de base é prescrita
como condição de contorno da modelação e como o valor foi dado como uma constante,
ocorre uma subestimação destas vazões mais baixas no período de cheia, devido ao
modelo descartar a chuva que não se transformou em escoamento superficial, fazendo
com que não haja recarga subterrânea que realimente os córregos, o que acarreta as
descidas abruptas nos hidrogramas quando não há chuva no modelo.
Durante a análise comparativa entre os modelos, verificou-se que os resultados gerados
pelo MODCEL, apesar de sua vocação construtiva para escoamentos superficiais, o
deixaram a desejar frente aos resultados gerados pelo SMAP e TOPMODEL,
mostrando-se um modelo equivalente a eles, o que nos permite dizer que o modelo
também pode ser utilizado para períodos longos de tempo.
Com relação à segundo etapa de modelação, a proposta era modelar, por meio do
MODCEL, a sub-bacia hidrográfica da cidade de Petrópolis e realizar um diagnóstico
de cheias na região para dois cenários distintos no que diz respeito ao tempo de duração
150
da chuva intensa na bacia. No primeiro cenário, o tempo de duração da chuva é
equivalente ao tempo de concentração da sub-bacia do trecho do rio Piabanha, que corre
por dentro da cidade de Petrópolis. o segundo cenário utiliza o tempo de duração da
chuva equivalente ao tempo de concentração da sub-bacia do afluente Quitandinha. Em
ambos os cenários, as respostas foram praticamente as mesmas, ou seja, os níveis de
água atingiram as mesmas alturas.
No rio Piabanha, identificou-se um trecho de inundação de aproximadamente 4,2 km de
extensão, dando início na rua Bingen, com a transversal Capitão Antônio Francisco,
passando por um dos pontos mais críticos de inundação na confluência do rio Piabanha
com rio Quitandinha e estendendo-se até a rua Professor Stroeller, também confluência
do Piabanha, agora com o rio São Rafael.
Para o rio Quitandinha, também foram identificados pontos de inundações. Um desses
casos é o da rua Coronel Veiga, onde as inundações causadas pelo extravasamento da
calha do rio Quitandinha são uma constante mais de 20 anos, e se verificam mais de
uma vez por ano.
O trecho de rio em questão desenvolve-se num percurso de 2700 m, desde a Estrada da
Independência, transversal à rua General Rondon, estendendo-se pela rua Coronel
Veiga, até o local conhecido como “Duas Pontes”, onde o rio Quitandinha recebe o rio
Aureliano, afluente pela margem direita.
De acordo com informações de moradores locais, os níveis de água durante as cheias
extraordinárias chegam, em alguns pontos, a superar em cerca de 2,0 m o greide da rua.
O modelo para uma chuva de recorrência de 20 anos obteve lâminas de alagamento de
aproximadamente 1,40 m, o que é coerente com os relatos da população local.
Nessas ocorrências, são grandes os prejuízos causados às residências e aos
estabelecimentos comerciais localizados no trecho, sem que se mencione a interrupção
do tráfego de uma via urbana importante.
Neste contexto, percebe-se a importância de se contar com uma ferramenta como a que
é proporcionada pelos modelos matemáticos, capaz de representar adequadamente o
comportamento das cheias em áreas urbanas, de forma a se poder chegar a um
151
diagnóstico consistente da situação e se conceber projetos integrados de controle de
cheias com vistas a uma solução sustentável.
6.2. Recomendações
A partir dos estudos desenvolvidos nesta dissertação, duas linhas de recomendação
foram desenvolvidas: uma principal, associada à evolução do modelo matemático;
outra, secundária, associada a uma série de propostas indicativas para a bacia urbana de
Petrópolis, no intuito de aproveitar as observações realizadas no diagnóstico.
6.2.1. Quanto ao modelo
É indicada a criação de um novo tipo de célula, representando uma determinada área de
solo, bem como ligações de infiltração e ligações de escoamento subterrâneo, para,
assim, ter-se uma vazão de base mais fiel à realidade. A Figura 6.1 ilustra a proposição
descrita.
Figura 6.1 Esquema de funcionamento da célula subterrânea no MODCEL
Para compensar a falta da célula subterrânea no modelo, porém, pode-se criar uma
condição de contorno para a vazão de base com um comportamento senoidal, em vez de
constante, como foi usado. Assim, ter-se-ia maior vazão de base na cheia e menor na
estiagem, diminuindo subidas e descidas abruptas mostradas nos hidrogramas.
152
6.2.2. Quanto à situação na bacia de Petrópolis
As seções atuais do rio Piabanha e do rio Quitandinha o atendem as vazões de cheias
ocorridas na bacia, lembrando ainda que os pontos de inundações identificados pelo
modelo localizam-se em áreas bastante urbanizadas, característica que prejudica ainda
mais achar uma solução para o problema. Nesta situação, os grandes aprofundamentos
necessários, em determinados trechos, deverão exigir a utilização de métodos
construtivos cuidadosos e caros.
Deve-se ressaltar ainda que qualquer alteração na canalização do rio Quitandinha torna-
se complexa, se considerarmos que o rio é tombado pelo patrimônio histórico.
Pode-se pensar, porém, em uma transposição para alguma bacia próxima, mas talvez
estejamos transferindo o problema para outra bacia e ainda fazendo uma transferência
substancial de esgoto doméstico e industrial, uma vez que ambos os rios, tanto o
Piabanha quanto o Quitandinha são poluídos nos seus trechos mais urbanizados. Essa
possibilidade deveria ser estudada com cuidado.
Uma idéia a ser estuda da é a da construção de reservatórios de detenção ou retenção.
Um exemplo poderia ser o aumento da capacidade do lago do Hotel Quitandinha para
uso como bacia de retenção, para o amortecimento das enchentes, o que contribuiria em
muito na diminuição do pico das cheias.
Finalmente, observa-se que esta dissertação nos fornece um arcabouço bibliográfico,
metodológico e de resultados, através das análises e estudos aqui dispostos, que poderão
ser usados para o desenvolvimento de novos trabalhos tanto nas bacias aqui estudadas
como em outras, com características e dificuldades de modelagem semelhantes, e também
para trabalhos com novas comparações entre modelagens hidrológicas e hidrodinâmicas. As
seções atuais do rio Piabanha e do rio Quitandinha não atendem as vazões de cheias
ocorridas na bacia, lembrando ainda que os pontos de inundações identificados pelo
modelo localizam-se em áreas bastante urbanizadas, característica que prejudica ainda
mais achar uma solução para o problema. Nesta situação, os grandes aprofundamentos
necessários, em determinados trechos, deverão exigir a utilização de métodos
construtivos cuidadosos e caros.
153
Deve-se ressaltar ainda que qualquer alteração na canalização do rio Quitandinha torna-
se complexa, se considerarmos que o rio é tombado pelo patrimônio histórico.
Pode-se pensar, porém, em uma transposição para alguma bacia próxima, mas talvez
estejase transferindo o problema para outra bacia e ainda fazendo uma transferência
substancial de esgoto doméstico e industrial, uma vez que ambos os rios, tanto o
Piabanha quanto o Quitandinha, são poluídos nos seus trechos mais urbanizados. Essa
possibilidade deveria ser estudada com cuidado.
Uma idéia a ser estudada é a da construção de reservatórios de detenção ou retenção.
Um exemplo poderia ser o aumento da capacidade do lago do hotel Quitandinha para
uso como bacia de retenção, para o amortecimento das enchentes, o que contribuiria em
muito na diminuição do pico das cheias.
Finalmente, observa-se que esta dissertação fornece um arcabouço bibliográfico,
metodológico e de resultados, por meio das análises e estudos aqui dispostos, que
poderão ser usados para o desenvolvimento de novos trabalhos tanto nas bacias aqui
estudadas como em outras, com características e dificuldades de modelagem semelhantes,
e também para trabalhos com novas comparações entre modelagens hidrológicas e
hidrodinâmicas.
154
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165
ANEXO A
166
A.1. Modelo de Células de Escoamento MODCEL
A.1.1. Hipóteses do Modelo de Células
Uma bacia pode ser subdividida em células, formando uma rede de escoamento
bidimensional, com possibilidades de escoamento em várias direções nas zonas de
inundações, a partir de relações unidimensionais de troca. Na célula, o perfil da
superfície livre é considerada horizontal, a área dessa superfície depende da elevação do
nível d‟água no interior da mesma e o volume de água contido em cada célula está
diretamente relacionado com o nível d‟água no centro da mesma, ou seja, V
i
= V (Z
i
).
Cada célula comunica-se com células vizinhas, que são arranjadas em um esquema
topológico, constituído por grupos formais, onde uma célula de um dado grupo pode
se comunicar com células deste mesmo grupo, ou dos grupos imediatamente posterior
ou anterior.
O escoamento entre células pode ser calculado através de leis hidráulicas conhecidas,
como, por exemplo, a equação dinâmica de Saint-Venant, completa ou simplificada, a
equação de escoamentos sobre vertedouros, livres ou afogados, a equação de
escoamento através de orifícios, equação de escoamento através de bueiros, entre outras
várias. A vazão entre duas células adjacentes, em qualquer tempo, é apenas função dos
níveis d‟água no centro dessas células, ou seja, Q
i,k
= Q(Z
i
, Z
k
). As seções transversais
de escoamento são tomadas como seções retangulares equivalentes.
O escoamento pode ocorrer simultaneamente em duas camadas, uma superficial e outra
subterrânea, em galeria, estando as células da superfície e as da galeria associadas por
uma ligação vertical entre elas. Nas galerias, o escoamento é considerado inicialmente à
superfície livre, mas pode vir a sofrer afogamento, passando a ser considerado sob
pressão.
A.1.2. Modelação de uma bacia através das células de
escoamento
As células podem representar a natureza isoladamente ou em conjuntos, formando
estruturas mais complexas. Um conjunto resumido de tipos de células pode
167
eventualmente fornecer grande capacidade de representação, ao se pensar em suas
possíveis associações. Porém, a definição do conjunto de tipos de ligações, que são
representativas de leis hidráulicas que traduzem determinados escoamentos, pode fazer
grande diferença na tentativa de reproduzir a multiplicidade dos padrões de escoamento
de um cenário de modelação. A atividade de modelação topográfica e hidráulica deve
então, contar com um conjunto pré-definido de tipos de células e de tipos possíveis de
ligações entre células. Os tipos de células pré-definidas são:
de rio, ou canal, por onde se desenvolve o escoamento principal da drenagem à
céu aberto;
de galeria, subterrânea, complementando a rede de drenagem para áreas;
de planície ou, mais genericamente, de superfície, para a representação de
escoamentos a superfície livre em planícies urbanas alagáveis, bem como áreas
de armazenamento, ligadas umas as outras por canais, áreas de vertimento de
água de um rio para ruas vizinhas e vice-versa. Representa a maioria das células
do modelo;
de reservatório, simulando o armazenamento d‟água em um reservatório
temporário de armazenamento, dispondo de uma curva cota x área superficial, a
partir da qual, conhecendo-se a variação de profundidades, pode-se também
conhecer a variação de volume armazenado ;
de planície natural, sem urbanização, para representação de áreas planas
vegetadas ou áreas elevadas, que tem a finalidade de conduzir água das chuvas
para dentro do modelo.
A.1.3. Equações Governantes / Modelação Matemática
A equação da continuidade, que representa o princípio básico de conservação de massa,
escrita para uma célula i, em um dado intervalo de tempo, tem a seguinte forma:

=
,
+
+

(A. 1)
onde:
168
ΔV
i
variação do volume d‟água na célula i;
Q
i,k
vazão entra a célula i e uma lula k adjacente à lula i, considerada positiva da
célula k para a i;
P
i
vazão decorrente da precipitação sobre a célula i;
- somatório sobre todas as células k ligadas à célula i;
t tempo;
Δt intervalo de tempo.
A variação do volume em uma célula i, em um intervalo de tempo t, é dada pelo balanço
de entrada e saída d‟água nesta célula, através da precipitação que ocorre sobre sua
superfície e das vazões de troca com todas as células k. Expressando o volume
armazenado como uma função da área superficial A
Si
da célula i, tem-se:

=
(+)
()
(A. 2)
Considerando-se apenas os termos de primeira ordem e assumindo-se que a seguinte
relação é válida:



(A. 3)
Pode-se, usando as expressões (A.1), (A.2) e (A.3), fazendo os limites ΔZi e Δt tenderem
a zero, reescrever a equação da continuidade de massa na forma diferencial:


=
+
,
(A. 4)
onde:
Q
i,k
- vazão entre as células i e k, vizinhas entre si;
Z
i
- cota do nível d‟água no centro da célula i;
A
si
- área superficial do espelho d‟água na célula i;
P
i
- vazão relativa à chuva ocorrida sobre a célula i e disponível para escoamento;
t - variável independente relativa ao tempo
Como todos os termos do modelo dependem do nível d‟água em cada célula, a planície
pode estar inicialmente seca, e que o seu alagamento vai sendo gradualmente calculado,
169
através de transbordamento de rios e lagoas, da água proveniente da chuva ou vinda de
outra célula de planície já alagada.
A.1.4. Propriedades e tipos de ligações
As leis hidráulicas de descarga entre células podem ser de rios tipos: Estas relações
irão expressar os tipos de ligação hidráulica disponíveis para representação da
diversidade dos escoamentos, na rede de drenagem e sobre a planície de inundação,
conforme descrito a seguir, resultando em relações do tipo
,
=
,
; (A. 5)
Onde::
i
célula principal;
k
célula subordinada;
n
passo de tempo considerado.
As ligações típicas de escoamento entre células, que podem ser escritas em função de
leis hidráulicas, todas as ligações são listadas a seguir, sendo que os quatro principais
tipos de ligações aplicadas na presente dissertação (canal, planície, vertedouro e
orifício) são descritas mais detalhadamente.
ligação tipo canal corresponde ao escoamento em rios e canais, podendo também
ser aplicado ao escoamento em ruas. A formulação utilizada para representar
ligações deste tipo é a equação dinâmica de Saint Venant. Considera-se aqui que
a variação da velocidade do escoamento no tempo é maior do que esta variação
no espaço, de forma que a derivada da velocidade em relação à distância
longitudinal pode ser desprezada, ou seja, considerando apenas o termo local
dentre os dois termos de inércia. A equação dinâmica pode ser, então,
considerada da seguinte forma:


+


= (
0
) (A. 6)
Introduzindo-se a cota do NA (Z) e reagrupando o termo de pressão e a
declividade do leito, tem-se:
170


+


= 
(A. 7)
Onde:
Z
-cota da superfície livre (NA);
22
,
43
2
,
,
ik
f
ik
ik
Qn
S
AR
- declividade da linha de energia;
,ik
A
- área molhada da seção transversal de escoamento entre as células i e k;
,ik
R
- raio hidráulico da seção transversal de escoamento entre as células i e k;
n
- coeficiente de rugosidade de Manning.
,xt
- variáveis independentes relativas a espaço e tempo.
Os parâmetros n, Ai,k e Ri,k, representativos da seção transversal de escoamento entre
as células i e k, são calculados com o nível d'água obtido para esta seção, através de
uma ponderação entre os níveis d'água das células i e k.
ligação tipo planície corresponde ao escoamento à superfície livre sem nenhum
dos termos de inércia, sendo usual na ligação entre quadras alagadas, podendo
representar o escoamento através das ruas. Esta ligação é equivalente a modelos
hidrodinâmicos de analogia à difusão e pode ser escrita como:


= 
(A. 8)
ligação tipo vertedouro representa o vertimento por transbordamento do rio ou
canal para a planície e entre células da planície em locais onde barreiras físicas
formam fronteiras, que passam a funcionar como vertedouros, utiliza a fórmula
clássica deste tipo de estrutura, livre ou afogada. A distinção entre estas duas
situações é feita pelo seguinte critério: se
ki
ZZ
, o escoamento é livre se
23
i c k c
Z Z Z Z
onde
c
Z
é a cota da crista do vertedouro; caso
contrário, o escoamento é afogado.
Para escoamento livre, tem-se, também para
ki
ZZ
:
,
=
,
; (A. 9)
171
,
=
(
)
3/2
(A. 10)
Para escoamento afogado, se
ki
ZZ
:
,
=
,
; (A. 11)
,
=
(A. 12)
onde,
L
,
A
- coeficientes de descarga sobre vertedouro, livres e afogados, respectivamente.
ligação tipo orifício: para este tipo de ligação, utiliza-se a relação clássica do
escoamento em orifícios, de forma que a vazão saindo da célula i, para uma
célula k, através de um orifício, será, em módulo:
,
=
,
2(
(A. 13)
onde,
.
- coeficiente de escoamento através do orifício de área Ai,k , entre as células;
Z
- cota de fundo da saída do orifício.
ligação tipo entrada de galeria, com contração do escoamento;
ligação tipo saída de galeria, com expansão do escoamento;
ligação tipo galeria, com escoamento à superfície livre ou sob pressão;
ligação tipo descarga de galeria em rio, funcionando como vertedouro, livre ou
afogado, ou orifício, para galerias que chegam a um rio em cota superior ao
fundo deste, por uma das margens;
ligação tipo bueiro, como interface das células superficiais com as células de
galeria;
ligação tipo bombeamento, com descarga de uma célula para outra a partir de
uma cota de partida;
172
ligação tipo comporta flap, funcionando como este tipo de comporta de sentido
único de escoamento.
ligação tipo equação cota x descarga (para estruturas especiais calibradas em
modelo reduzido): neste caso, a equação reproduz uma relação genérica entre
descarga e cota. Esta opção abre uma interessante possibilidade que é a de
conjugar o modelo matemático com modelos reduzidos, que podem dar
importantes informações quanto à definição de relações para estruturas
específicas.
A.1.5. Condições Iniciais de Contorno
As condições iniciais a serem prescritas, para o sistema de equações resultantes,
correspondem à definição dos níveis d‟água em todas as células, de rio e de planície, no
instante de tempo inicial t = 0. Uma célula, que se encontre seca no instante de tempo
inicial, deve receber, como condição inicial, o próprio nível de fundo da mesma.
Em relação às condições de contorno, é necessário impor níveis d‟água Z(t) nos
contornos da bacia estudada. Como nem sempre é possível ou desejável a imposição
desse níveis Z(t) podem ocorrer três tipos distintos de condição de contorno:
nível d‟água dado em função do tempo – Z(t);
vazão dada em função do tempo Q(t);
uma dada relação entre vazão e nível d‟água – Q(Z).
Esses três tipos de condição de contorno podem ser utilizados para diferentes pontos de
uma mesma bacia em estudo, conforme a sua adequação à área modelada.
A.1.5.1. Estrutura Computacional do Modelo Implícito de Células
A computação, em linhas gerais, para um intervalo de tempo qualquer, acompanha os
passos descritos a seguir:
a) Incremento do tempo.
173
b) Início da primeira varredura, de jusante para montante, com um “loop” pelos
grupos.
b.1) Inicialização das matrizes [M] para cada grupo.
b.2) “Loop” nas células de cada grupo.
b.2.1) Leitura, no arquivo de dados de consulta, das informações
pertinentes a cada célula de um grupo.
b.2.2) “Loop” nas células vizinhas posteriores, centrais e anteriores,
para cada célula. Caso existam condições de contorno, as
informações das células de contorno são lidas no respectivo arquivo
de consulta e faz-se um “loop” também nestas células. Com este
passo repetido para todas as células do grupo, são calculados, e
ficam determinados, todos os elementos não-nulos das matrizes [M].
b.3) Cálculo da matriz [E] e do vetor {F} de um grupo.
c) Fim da primeira varredura, com a determinação dos incrementos de nível {ΔZ}
do grupo de montante.
d) Segunda varredura, de montante para jusante, com a determinação dos
incrementos de nível para todos os grupos, a partir dos valores calculados de
[E] e {F} e do recém calculado valor de {ΔZ} do grupo de montante.
e) Cálculo dos níveis Z, para todas as células, neste intervalo de tempo, a partir
dos níveis conhecidos do intervalo de tempo anterior e dos incrementos de
nível calculados no intervalo de tempo atual.
O programa fornece como saída, seis arquivos no total, sendo dois em formato binário e
quatro em formato texto. Os arquivos em formato binário correspondem a informações
de cotas e vazão em todas as lulas, em todos os instantes de tempo de cálculo, com o
objetivo de servirem como banco de consulta para posterior traçado de gráficos. Os
arquivos em formato texto são relatórios referentes a:
possíveis anomalias de cálculo;
174
cota em todas as células, em todos os intervalos de tempo;
estado de inundação da planície, mapeado com símbolos, em todos os intervalos
de tempo;
arquivos de saída de cotas e vazões para plotagem de gráficos em planilhas
eletrônicas.
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