O protagonista de Capitães de areia é Pedro Bala, menino abandonado de
Salvador que se torna líder de um grupo de meninos de rua que pratica a mendicância e
pequenos furtos para sobreviver. Embora seja Pedro Bala o protagonista, outros
meninos do grupo também são focalizados pelo narrador onipresente e suas trajetórias
servem como exemplos tanto da riqueza que cada uma daquelas vidas relegadas pela
sociedade pode representar, quanto da tragédia coletiva que encarnam.
Uma das características principais da obra de Jorge Amado, segundo Duarte, é a
“circularidade romanesca”, em que personagens e ações se repetem e se cruzam na
criação de um universo próprio e crível. Depois de abandonados o estilo, a temática e a
abordagem utilizados em O país do carnaval, e começado a se dedicar à construção de
romances proletários, Jorge Amado começa a se servir deste recurso na construção de
um universo próprio. O menino Baldo, que aparecera em Suor de forma breve
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,
ressurge como herói em Jubiabá reaparecendo depois como compositor do ABC de um
líder comunista em Os subterrâneos da liberdade.
Da primeira fase do romance proletário de Jorge Amado, Suor, Jubiabá e
Capitães da areia fariam parte de um mesmo universo, centrado na vida dos
trabalhadores e dos marginalizados da capital do estado da Bahia, estabelecendo uma
rede de relações e cruzamentos, que pode ser verificada a partir da reaparição de
personagens e fatos e que pretende dar conta da denúncia das misérias advindas da
exploração capitalista na formação de uma classe trabalhadora urbana em formação e
1970, com capa de Carybé e retrato do autor por Carlos Scliar, constituindo o tomo quarto, volume VI, da
coleção “Obras Ilustradas de Jorge Amado”, até a 38ª edição, 1975. / Da 39ª edição em diante, passou a
ser publicado pela Editora Record, Rio de Janeiro. A 98ª, 1999, a edição mais recente, 57ª desta editora,
com fixação de texto por Paloma Jorge Amado e Pedro Costa, tem capa de Pedro Costa, sobrecapa com
reprodução de quadro de Aldemir Martins, vinhetas das ilustrações de Poty por Pedro Costa, retrato do
autor por Jordão de Oliveira, foto do autor por Zélia Gattai. / No exterior, além da edição portuguesa,
foram feitas traduções para o alemão, árabe, croata, espanhol, francês, grego, húngaro, inglês, italiano,
japonês, libanês, norueguês, russo, tcheco e ucraniano. / Teatro: espetáculo adaptado pelo padre Valter
Souza, Salvador, 1958; adaptação de Carlos Wilson, encenada por diversos grupos teatrais no Brasil e no
exterior; adaptação de Roberto Bomtempo, pela Companhia Baiana de Patifaria, 2002. / Dança:
espetáculo adaptado pelo Grupo Êxtase, Minas Gerais, 1988; por Raymond Foucalt e Plinio Mosca,
França, 1988; por Friederich Gerlach, Alemanha, 1971; por Nanci Gomes Alonso, Argentina, 1987. /
Cinema: filme Capitães da areia, adaptação do cineasta Hall Bartlet, Los Angeles, Estados Unidos, 1971,
com algumas cenas exteriores tomadas em Salvador. Exibido nos Estados Unidos e em outros países,
continua inédito no Brasil. / Televisão: minissérie, Rede Bandeirantes, direção de Walter Lima Jr., roteiro
e adaptação de José Loureiro e Antônio Carlos Fontoura, 1989. / Quadrinhos: adaptado por Ruy Trindade,
publicado pela Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia, 1995. / A Fundação Casa de Jorge
Amado comemorou os 50 anos do romance, em 1987, com seminários, lançamentos de livros e
exposições em Salvador e Brasília e com uma edição fac-similar da sua 1ª edição com tiragem numerada
de 1.000 exemplares, publicada com a colaboração do Governo de Brasília e da Editora Record.” In:
http://www.fundacaojorgeAmado.com.br/obras_jorge/capitaes2.htm#historico
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Amado, Jorge. O País do Carnaval; Cacau; Suor. São Paulo: Martins, 1957, pp. 263-264.