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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
CLAUDIA LIGIA ESPERANZA CHARRY POVEDA
Avaliação da validade e fidedignidade da Faces Pain Scale – Revised (FPS-R)
em uma amostra de crianças brasileiras
Ribeirão Preto – SP
2008
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CLAUDIA LIGIA ESPERANZA CHARRY POVEDA
Avaliação da validade e fidedignidade da Faces Pain Scale – Revised (FPS-R)
em uma amostra de crianças brasileiras
Dissertação apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto – USP, como parte das exigências
para obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Psicobiologia
Orientador: Prof. Dr. José Aparecido Da
Silva
Ribeirão Preto – SP
2008
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica
Charry, Claudia Ligia Esperanza.
Avaliação da validade e fidedignidade da Faces Pain Scale – Revised (FPS-R)
em uma amostra de crianças brasileiras / Claudia Ligia Esperanza Charry;
orientador Prof. Dr. José Aparecido Da Silva.
--Ribeirão Preto, 2008.
48 f.
Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-graduação em Ciências. Área de
concentração: Psicobiologia)--Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo.
1. Mensuração de dor em crianças. 2. Faces Pain Scale- Revised. 3. Validade.
4. Fidedignidade.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Claudia Ligia Esperanza Charry Poveda
Avaliação da validade e fidedignidade da Faces Pain Scale – Revised (FPS-R)
em uma amostra de crianças brasileiras
Dissertação apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto – USP, como parte das exigências
para obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Psicobiologia
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr. ________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ________________________
Prof. Dr. ________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ________________________
Prof. Dr. ________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ________________________
DEDICATÓRIA
A minha família, com amor e gratidão pela confiança depositada desde sempre,
a presença, o apoio e o carinho ao longo de todo este tempo.
Ao meu filho pela paciência, o entusiasmo e a alegre companhia em todo
momento.
AGRADECIMENTOS
À Prof. Dra. Maria Beatriz Martins Linhares pelas oportunas correções e
sugestões, e pela amável disponibilidade.
Ao Prof. José Aparecido Da Silva pelo apoio e por ter me aceito como sua
aluna.
À CAPES pelo apoio financeiro.
A todo o pessoal do laboratório, que se mostrou sempre disponível e atento. De
maneira especial à Joseane e Paola por fazer possível a aplicação desta
pesquisa nas melhores condições.
Às crianças e seus pais, professores e diretores das escolas, pela participação
entusiasta e amável acolhida.
À minha família aqui no Brasil: Milena, Javier, Lina, Julian, Astrid, Guillermo,
Fredy, Sergio, Marcela, Zaida, Andrés, Maria Angélica, Gabriela, Sabrina, pelo
apoio e carinho incondicional.
RESUMO
CHARRY, C.L.E. Avaliação da validade e fidedignidade da Faces Pain
Scale – Revised (FPS-R) em uma amostra de crianças brasileiras. 2008. 48
f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008.
A escala de faces é um instrumento freqüentemente utilizado na mensuração
de dor em crianças. Este tipo de escalas obtém informação através do auto-
relato do paciente e é unidimensional (mede uma única característica da dor,
geralmente sua intensidade). O presente estudo teve como primeiro objetivo
avaliar a validade e fidedignidade da Faces Pain Scale – Revised (FPS–R) em
uma amostra de crianças brasileiras; um segundo objetivo foi comparar as
pontuações das escalas FSP-R e de Faces adaptada por Claro (EFC) para
determinar se existem diferenças nos relatos de dor das crianças. Participaram
205 crianças de escolas publicas e privadas da cidade de Ribeirão Preto. A
pesquisa foi dividida em três partes, na primeira se desenvolveu o processo de
adaptação das instruções à língua portuguesa (Brasil) e se realizou o estudo
piloto correspondente; na segunda as crianças organizaram as faces segundo
a sua expressão de dor e compararam todas as duplas possíveis; e na terceira
as crianças avaliaram uma experiência de dor rememorada na FPS-R,
Coloured Analogue Scale (CAS) e EFC, e quatro semanas depois se realizou o
re-teste. Os resultados da segunda fase mostraram porcentagens similares a
os obtidos por BIERI et al. (1990), embora as crianças tiveram maior
dificuldade para organizar as faces 2 e 3. A FPS-R mostrou correlações
moderadas tanto no teste re-teste, quanto na comparação com outra escala
que mede o mesmo constructo (CAS). Os resultados indicam que a FPS-R
pode ser um instrumento apropriado na mensuração da intensidade da dor em
crianças brasileiras. A EFC mostrou pontuações maiores do que a FPS-R,
confirmando os resultados de estudos prévios sobre a tendência das escalas
que apresentam sorrisos e lágrimas a produzir escores mais elevados do que
aquelas que apresentam faces mais neutras.
Palavras-chave: Mensuração de dor em crianças. Faces Pain Scale- Revised.
Validade. Fidedignidade.
ABSTRACT
CHARRY, C.L.E. Evaluation of reliability and validity for the Faces Pain Scale-
Revised (FPS-R) in a Brazilian children sample. 2008. 48 f. Monograph
(Magister) – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008.
The faces scales are a very frequent instrument used for pain measurement in
children. This type of scales gets information through patient self-reports and is
unidimensional (include one particular pain characteristic, generally the
intensity). The first aim of this study was to evaluate the validity and reliability of
the Faces Pain Scale-Revised (FPS-R) in a Brazilian Children sample. The
second aim was to compare the scores of FPS-R and Faces Scale adapted by
Claro (FSC) to determine if there are differences in children's self-reports of
pain. Participants were 205 children from private and public schools in Ribeirão
Preto. The study had three phases, in the first, the FPS-R instructions were
adapted to Brazilian Portuguese and the pilot study was carried out. In the
second phase, children rank-ordered the faces for the level of pain and made
comparisons of all possible pairs, and in the third phase, children rated a
recalled painful experience using the FPS-R, Coloured Analogue Scale (CAS)
and FSC. Four weeks later the test-retest was carried out. Results of second
phase showed percentages similar to those obtained by Bieri (1990), although
children had difficulty to organize faces 2 and 3. FPS-R showed moderate
correlations with both retest and other scale assessing the same construct
(CAS). These data suggest that FPS-R can be an appropriate instrument for
measuring pain intensity with Brazilian children. EFC showed greater scores
than FPS-R, this is consistent with previous studies on bias of scales that
include smiles and tears to produce higher scores than those that include more
neutral faces.
Key words: Pain measurement in children. Faces Pain Scale – Revised.
Validity. Reliability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Faces Pain Scale – Revised............................................................ 26
Figura 2 – Escala de Faces Adaptada por Claro.............................................. 26
Figura 3 – Coloured Analogue Scale................................................................ 27
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fases do estudo, idades e sexo dos participantes.................... 25
Tabela 2 - Modificações feitas no texto das instruções da FPS-R.............. 32
Tabela 3 - Porcentagens de acertos das crianças para a tarefa 1 e
2 da segunda fase........................................................................ 33
Tabela 4. Freqüência das diferentes tipos de dor física relatadas pelas
crianças........................................................................................ 35
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 OBJETIVO GERAL 22
2 MATERIAIS E METODOS 24
2.1 PARTICIPANTES 24
2.2 INSTRUMENTOS 25
2.3 LOCAL 27
2.4 PROCEDIMIENTOS 28
2.4.1 Coleta de dados 28
2.4.1.1 Adaptação das instruções da FPS-R (Primeira fase) 28
2.4.1.2 Validade de conteúdo (Segunda fase) 29
2.4.1.3 Confiabilidade teste re-teste e comparação com uma outra escala
que mede o mesmo constructo (Terceira fase) 30
2.4.2 Análise de dados 31
3 RESULTADOS 32
3.1 ADAPTAÇÃO DAS INSTRUÇÕES DA FPS-R (PRIMEIRA FASE) 32
3.2 VALIDADE DE CONTEÚDO (SEGUNDA FASE) 33
3.3 CONFIABILIDADE TESTE RE-TESTE E COMPARAÇÃO COM
UMA OUTRA ESCALA QUE MEDE O MESMO CONSTRUCTO
(TERCEIRA FASE) 34
4. DISCUSSÃO 37
REFERÊNCIAS 41
ANEXOS 44
1 INTRODUÇÃO
A mensuração confiável da dor representa um dos elementos primordiais
para o controle apropriado da mesma, no ambiente clínico especialmente sua
correta avaliação é fundamental na hora de escolher qual é o tratamento
melhor e mais seguro, avaliar o impacto do problema clínico no paciente,
determinar a eficácia de alguns tratamentos, decidir quando eles devem ser
interrompidos e determinar os riscos do tratamento em relação aos danos
causados pela afecção clínica
(FALEIROS SOUSA, 2003). Isso é um grande
desafio, levando em consideração que a dor é considerada como uma
experiência genuinamente subjetiva e pessoal (DA SILVA, 2004). Segundo a
IASP (Associação Internacional para o Estudo da dor) a dor é uma experiência
subjetiva que pode estar associada a dano real ou potencial nos tecidos. A dor
existe porque o paciente fala que existe e é da forma como ele a descreve.
Em alguns países a dor foi declarada como quinto sinal vital, isso
significa que se deve registrá-la com a mesma regularidade e cuidado que a
temperatura, o pulso, a respiração e a pressão sanguínea. Contudo, não existe
um instrumento padrão o medida única, universalmente aceita, que permita
avaliar todos os tipos de dor (STEVENS et al., 2007). A dor é por definição uma
experiência subjetiva, multidimensional e para ter uma avaliação completa dela
deve se considerar não só as características da lesão nos tecidos, mas
também aqueles fatores emocionais e cognitivos que afetam o sujeito.
Existem três tipos de dor claramente definidos. A dor aguda, que esta
relacionada a um estimulo especifico e é claramente limitada no tempo. A dor
recorrente, que permite identificar o estimulo nocivo e tem um tempo esperado
de finalização, porém quanto mais duradoura for a dor, mais prolongado é o
tempo de recuperação. E finalmente a dor crônica, que tem sido definida como
um estado patológico da dor que não tem uma correspondência direta a um
estimulo e nem um tempo definido de finalização.
A recente compreensão multidimensional da dor esta principalmente
fundamentada nas teorias desenvolvidas após meados do século XX, de
maneira especial a teoria do “portão de controle” (Gate Control Theory)
proposta por Melzack e Wall (1965) tem sido um dos modelos com maior
influência. Ele destaca o papel modulador da espinha medular, do sistema
nervoso central e do hipotálamo no processamento dos estímulos dolorosos.
Desta forma, diferentes fatores cognitivos, emocionais e comportamentais
participam desse processo modulador da dor e fazem parte das três dimensões
que o modelo postula: sensório–discriminativa, motivacional–afetiva e
cognitivo–avaliativa.
A primeira delas tem a ver com os componentes físicos da dor
(nocicepção), enquanto a segunda refere-se à interpretação que o sujeito faz
da sua dor e aos sentimentos e emoções que estão envolvidas. A terceira
dimensão contém os fatores relacionados com a forma como a pessoa
compreende e valora a sua experiência dolorosa (aspetos como a experiência
prévia, os sistemas de crenças, dentre outros).
Segundo Bertoul et al. (2006) existem três questões fundamentais a
resolver na hora de avaliar estas três dimensões da dor: a extensão e a
magnitude da doença o sintoma, como ela interfere na vida do paciente, e os
fatores sociais, emocionais ou comportamentais que alteram os sintomas.
Esta natureza multidimensional da dor e a existência de diferentes
enfoques e estratégias para avaliá-la, exigem uma delimitação clara do
objetivo, e dos alcances e limitações da avaliação. Seja no ambiente clinico ou
experimental, a dor deve ser avaliada em todas as suas dimensões e naqueles
casos que isto seja inviável é importante selecionar a dimensão mais
pertinente, sem esquecer que o resultado será um relato parcial da situação do
paciente.
As dificuldades próprias da avaliação da dor tornam-se ainda maiores
em populações especiais como recém nascidos, crianças ou indivíduos com
deficiências cognitivas (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006). No caso da
avaliação da dor nas crianças, devem-se considerar características específicas
do desenvolvimento procurando escolher um instrumento que se adapte ao
nível cognitivo, emocional, social e às condições ambientais (MORTON, 1997;
MELZACK, 1983).
De acordo com Piaget existem quatro grandes etapas no
desenvolvimento cognitivo da criança, a saber: sensório-motora, pré-
operacional, operacional concreta e formal. As crianças que participaram do
estudo se encontram na faixa etária especifica entre 6 e 10 anos que abrange o
final do período pré-operacional (de 2 a 7 anos) e a etapa operacional concreta
(de 7 a 11 anos). Nesse período a criança consolida operações como medição,
classificação e seriação. A partir dos sete anos a criança começa a libertar-se
das formas de realismo primitivo que caracterizam a pré-causalidade e a
entender melhor as relações de causa – efeito, além de possuir ferramentas
verbais mais sofisticadas (FLAVELL, 1965).
Assim, considerando que a habilidade de organizar ascendente ou
descendentemente segue uma seqüência que vai desde o concreto até o mais
abstrato, as crianças conseguem fazer uma seriação de aspectos físicos da dor
antes do que aspectos mais abstratos, como a dimensão afetiva (SCHECHTER
et al., 2003).
Além das variáveis relacionadas com o desenvolvimento cognitivo,
existem também diferenças na absorção e no metabolismo das crianças ao
longo dos diferentes estágios da infância. Assim, “o estágio de
desenvolvimento físico e psicosocial da criança afeta diretamente a percepção
e a expressão da dor, e influencia a intervenção necessária” (KAZANOWSKI,
2005).
Ao longo da história, as intervenções para o controle da dor tem sido
menos efetivas nas crianças do que nos adultos, especialmente devido a uma
valoração deficiente da dor nesta população por parte do professional
encarregado de seu cuidado. De fato, acreditava-se que crianças muito jovens
como os neonatos, não pudessem experimentar dor. As bases desta idéia
estavam na incompleta mielinização e imaturidade do sistema nervoso nesta
etapa, a incapacidade da criança de exibir respostas discerníveis aos
procedimentos dolorosos e o medo à dependência associada ao uso de
medicação para a dor. Estudos recentes provaram que esta noção é totalmente
errada, e mostraram que os neonatos experimentam dor e respondem a
estímulos dolorosos (GALLO, 2003; GRUNAU et al., 2004; GRUNAU, 2002).
Todas estas considerações ao respeito da mensuração da dor em
crianças, levaram ao desenvolvimento de diferentes instrumentos que podem
medir uma ou várias dimensões específicas da dor sendo dessa maneira
classificados como uni ou multidimensionais (FALEIROS SOUSA; DA SILVA,
2004; MELZACK, 1983; WILLIAMSON; HOGGART, 2005). Tais instrumentos
obtêm suas descrições a partir de duas fontes principais: os indicadores
fisiológicos e os registros comportamentais (MERKEL; MALVIYA, 2000).
Os indicadores fisiológicos consideram aspectos como a resposta
galvânica da pele, batimento cardíaco, pressão intracraniana, freqüência
cardíaca, saturação de oxigênio, freqüência respiratória, pressão arterial, tônus
vagal e sudorese palmar. Também se realizam dosagens hormonais ligadas à
resposta endócrino-metabólica do estresse. Tais medidas não são específicas
da dor e a maioria delas foi avaliada exclusivamente como resposta à dor
aguda e de curta duração (PEREIRA et al., 1999).
Os indicadores comportamentais são agrupados em três categorias:
choro, atividade motora e mímica facial da dor. Tais indicadores são úteis na
avaliação de neonatos (às vezes complementados com registros fisiológicos) e
exigem muito tempo de observação além de um treino intensivo. Em crianças
maiores é possível considerar mais um indicador: o comportamento verbal, que
passa a ser uma das principais medidas, na forma de auto-relatos.
Algumas escalas que trabalham com este tipo de indicadores são a
Escala de avaliação de dor no recém-nascido - NIPS, que se compõe por cinco
indicadores comportamentais e um fisiológico; o Perfil de dor do prematuro
PIPP e a Children’s Hospital of Eastern Ontário – CHEOPS, que consideram os
dois tipos de indicadores; a Escala de expressão facial, pernas, atividades,
choro e consolabilidade de dor – FLACC e o Sistema de Codificação Facial
Neonatal – NFCS que utilizam somente indicadores comportamentais (DA
SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006; STEVENS et al., 2007)
Os instrumentos baseados em indicadores fisiológicos e
comportamentais utilizam-se também na avaliação de dor em sujeitos com
dificuldades verbais, problemas cognitivos ou quando é absolutamente inviável
obter o auto-relato. Em alguns casos complementam ou corroboram os auto-
relatos do paciente.
Finalmente, existem instrumentos baseados exclusivamente no
comportamento verbal do paciente, que consideram a habilidade do sujeito
para comunicar a sua própria dor. O caráter subjetivo deste tipo de relatos tem
sido questionado, contudo eles continuam sendo o padrão ouro, sempre que o
sujeito esteja em condições de dar a sua avaliação sobre a dor. Isto se aplica
especialmente em crianças, toda vez que seja possível para a criança
comunicar as características da dor que ela esta sentindo, o auto-relato deve
ser a primeira opção.
Existe uma ampla gama de escalas de auto-relato, algumas delas
incluem descritores verbais, numéricos, ou visuais. Geralmente estas escalas
são unidimensionais, mas existem também escalas multidimensionais de auto-
aplicação como o Inventário breve da dor – BPI, o Questionário McGill de dor –
MPQ, o Perfil da percepção da dor – PPP, o Inventário Multidimensional de dor
– MPI, dentre outros. Embora tais instrumentos multidimensionais permitam
obter uma avaliação completa da experiência dolorosa do paciente, elas não
são utilizadas tão frequentemente quanto poderiam ser. No caso especial da
avaliação da dor em crianças prevalece o uso de escalas unidimensionais,
especialmente porque exigem pouco tempo para a sua aplicação e em geral
são de fácil compreensão, umas mais do que as outras, dependendo do nível
de desenvolvimento da criança.
Dentro das escalas de auto-relato unidimensionais se destacam as
escalas de faces, que têm em geral uma boa aceitação por parte das crianças.
Existe uma ampla variabilidade deste tipo de instrumentos, eles apresentam
desenhos de faces que expressam diferentes graus de dor ou desconforto, em
um continuo que vai desde a ausência de dor até a maior dor possível. A
criança deve escolher qual dessas faces expressa melhor a dor que ela esta
sentindo. Estas escalas variam na quantidade de faces e na presença de
sorrisos ou lágrimas, algumas acompanham os desenhos com descritores
verbais ou numéricos e outras são especificas para a avaliação da dimensão
afetiva.
No presente trabalho utilizou-se a Faces Pain Scale – Revised (FPS-R).
Esta escala foi adaptada da Faces Pain scale (FPS) inicialmente desenvolvida
por Bieri et al. (1990) e que possui sete faces cada uma expressando graus
diferentes de dor desde “sem dor” até “a maior dor possível”.
As faces da FPS foram desenvolvidas a partir de desenhos de crianças
e selecionadas pelo maior índice de acordo de organização de maior a menor
expressão de dor. Anos depois, Hicks et al. (2001) fizeram uma revisão da
escala e testaram uma versão de seis faces com a intenção de ajustar o
instrumento a um sistema de qualificação de 0 a 5 ou de 0 a 10. Deste modo
eles buscavam obter uma maior compreensão das diferentes pontuações e
facilitar a comunicação dos resultados entre as diversas escalas de avaliação
da dor. Desse trabalho surgiu a FPS-R e mostrou que a escala inicial proposta
por Bieri et al. (1990) tem um bom funcionamento quando são retiradas as
faces 3 e 4, e substituídas por uma face com expressão intermediária (o
desenho final obteve-se através de uma apresentação contínua
computadorizada da FPS).
Uma das principais vantagens da FPS-R é a ausência de lágrimas ou
sorrisos que possam confundir o componente afetivo da dor com a sua
intensidade, pois existem estudos que mostram pontuações significativamente
mais altas obtidas com escalas onde a face de “sem dor” tem sorriso quando
comparadas com escalas onde essa primeira face é neutra (CHAMBERS;
CRAIG, 1998; CHAMBERS et al., 1999). A FPS-R já foi testada em crianças a
partir dos 3 anos de idade, contudo Stanford et al. (2006) mostraram que a
habilidade para utilizar a FPS-R é mais precisa a partir dos 5 a 6 anos de
idade. A escala mostrou boa confiabilidade e validade (na maioria dos casos,
convergente) em diferentes tipos de amostras (MIRO; HUGUET, 2004; HICKS
et al., 2001; SPAGRUD et al., 2003) e tem estudos feitos em países como
França (WOOD et al., 2004) e Tailândia (NEWMAN et al. 2005).
Uma outra escala de faces (EFC) foi desenvolvida no Brasil a partir de
desenhos do programa da turma da Mônica. Esta escala contém duas séries
(uma para meninos e outra para meninas) de cinco faces cada uma, que
expressam diferentes graus de dor desde “sem dor” até “dor insuportável”. Os
desenhos das faces incluem alguns “marcadores emotivos” como sorrisos e
lágrimas. A validade de conteúdo do instrumento foi testada em crianças de
três escolas de primeiro grau da cidade de São Carlos, mostrando altas
porcentagens de acertos entre as crianças (CLARO, 1993; TORRITESI; SILVA,
1998).
Além das escalas anteriores (a FPS-R e a EFC), utilizou-se a Coloured
Analogue Scale (CAS), desenvolvida por McGrath et al. (1996), que é uma
escala analógica visual que mede a intensidade da dor. Esta escala consiste
em um mecanismo que desliza ao longo de uma figura triangular de uns 10 cm
de comprimento, desde uma cor quase branca na parte mais estreita até
chegar a uma vermelha escura na parte mais larga (ver figura 2). Na parte
posterior, a escala tem uma régua de 0 a 10 cm com incrementos de 0,25. O
estudo inicial desta escala foi desenvolvido em uma amostra de 104 crianças,
com idades entre 5 e 16 anos. Os dados mostraram que a escala possui
propriedades psicofísicas e psicométricas (validade discriminante) similares à
Visual Analogue Escale (VAS) e é adequada para mensuração de dor em
crianças.
A pesar da quantidade considerável de instrumentos que existem para
avaliar a dor, tanto em crianças quanto em adultos, e embora a pesquisa
avançasse significativamente nessa área durante as últimas décadas,
persistem ainda dificuldades para refletir esses progressos na prática cotidiana.
Os instrumentos utilizados nem sempre são adequados para a idade e as
necessidades do paciente ou não possuem parâmetros psicométricos
específicos para essa população, isto reduz a efetividade da intervenção clinica
(DUHN; MEDVES, 2004).
1.1 OBJETIVO GERAL
O presente estudo teve como primeiro objetivo avaliar a validade (de
conteúdo e comparação com uma outra escala que mede o mesmo constructo)
e a fidedignidade (teste re-teste) da Faces Pain Scale – Revised (FPS-R) em
uma amostra de crianças escolarizadas da cidade de Ribeirão Preto.
O segundo objetivo foi comparar os escores obtidos nas escalas FPS-R e EFC
a fim de verificar se existem diferenças significativas, levando em consideração
a presença de sorrisos e lágrimas no desenho das faces nesta ultima escala.
2 MATERIAIS E MÉTODO
2.1 PARTICIPANTES
A amostra foi composta por 205 crianças com idade entre 6 e 10 anos,
de ambos os sexos, matriculadas em oito escolas (públicas e privadas) de
Ribeirão Preto – SP (Na Tabela 1 encontrassem os dados dos participantes
para cada uma das etapas do estudo).
A lista de escolas foi tomada do site da Secretaria de Estado da
Educação (http://escola.edunet.sp.gov.br/
) e organizada em dois grupos:
“privadas” e “públicas” (nesta categoria foram reunidas as escolas estaduais e
municipais). De cada grupo foram selecionadas quatro escolas de forma
aleatória procurando dar participação a cada uma das zonas de cidade (mapa
disponibilizado pela Secretaria de Educação -2002-).
Foram estabelecidos três critérios de inclusão: ausência de
comprometimento cognitivo aparente, entender e falar fluentemente a língua
portuguesa (Brasil) e compreender o funcionamento das escalas (FPS-R, CAS
e EFC). Para os dois primeiros critérios foi tomada em conta a apreciação da
professora responsável da sala de aula, já o terceiro critério foi garantido
mediante explicações prévias e exemplos dados às crianças sobre o
funcionamento de cada escala.
O tamanho da amostra previsto inicialmente foi de 210 crianças, para
isso foi distribuído o dobro de termos de consentimento nas escolas
selecionadas. 205 pais assinaram o documento autorizando a participação de
seus filhos na pesquisa. Informou-se às crianças que elas podiam desistir da
participação em qualquer momento sem que isso significasse nenhum prejuízo
para elas.
Tabela 1 - Fases do estudo, idades e sexo dos participantes.
Sexo
Etapas Idades
FM
Total
6-7 5 5 10
1. Estudo Piloto
8-10 13 8 21
31
6-7 11 6 17
2. Validade de conteúdo
Tarefa 1
8-10 13 10 23
40
6-7 10 6 16
Tarefa 2
8-10 12 15 27
43
6-7 14 19 33
3. Teste re-teste
8-10 26 32 58
91
Total 205
2.2 INSTRUMENTOS
Faces Pain Scale – Revised (FPS-R, HICKS et al., 2001):
É uma escala
ordinal de auto-relato utilizada principalmente com crianças, que serve para
medir a intensidade da dor percebida. Possui seis faces que expressam
diferentes graus de dor (Figura 1), desde “sem dor” até “a maior dor possível”.
A criança escolhe aquela face que expressa melhor a dor que esta sentindo. As
pontuações da escala podem ir de 0 a 10 ou de 0 a 5. Esta escala foi validada
por HICKS et al., (2001) e mostrou altos índices de correlação com outras
escalas como a Visual Analogue Scale –VAS- (r=0.93, N=76; r=0.92, N=45) e a
CAS (r=0.84, N=45).
Figura 1. Faces Pain Scale – Revised (HICKS et al., 2001)
Escala de faces adaptada por Claro (EFC, CLARO, 1993):
É uma escala
ordinal de auto-relato da intensidade da dor, elaborada especialmente para
crianças. Para a construção desta escala foi feita uma adaptação com
desenhos dos personagens da turma da Mônica desenvolvidos em duas séries,
uma para meninos e outra para meninas, com cinco faces cada uma (Figura 2).
A autora estabeleceu valores para cada face variando de 0 para a primeira
(“sem dor”) até 4 para a última face (“dor insuportável”). No estudo preliminar
feito em São Carlos (SP-Brasil), a escala obteve boa validade de conteúdo
(altas porcentagens de acertos das crianças ao organizar as séries da escala -
79.2% na seqüência para meninos e 80.7% na seqüência para meninas-) e se
mostrou de fácil compreensão para as crianças (CLARO, 1993).
Figura 2. Escala de faces adaptada por Claro (1993)
Coloured Analogue Escale (CAS, MCGRATH et al., 1996): Este é um tipo
de escala analógica visual utilizada para medir a severidade da dor
experimentada (Figura 3). Contem um mecanismo que se desliza ao longo de
uma figura; desde um extremo estreito e branco (ancorado como “sem dor”) até
um outro mais largo e vermelho escuro (ancorado como “pior dor possível”). No
verso tem uma gradação de 0 a 10 cm com incrementos de 0,25. A escala
mostrou propriedades similares à VAS, tanto psicofísicas (expoente de 0.87 na
função de poder para a CAS, e de 0.89 para a VAS) quanto psicométricas
(validade discriminante) em amostras de crianças e adolescentes (MCGRATH
et al., 1996).
Figura 3. Coloured Analogue Scale (CAS) elaborada por McGrath et al. (1996)
2.3 LOCAL
Os dados foram coletados em cada uma das escolas. Previamente foi
definido o lugar onde seria realizada a pesquisa, procurando que fosse
tranqüilo e silencioso. As crianças eram conduzidas até lá e entrevistadas
individualmente durante um tempo aproximado de 5 minutos.
2.4 PROCEDIMENTO
2.4.1 Coleta de dados
O estudo foi dividido em três fases: 1. adaptação das instruções da FPS-
R à língua portuguesa (Brasil), 2. avaliação da validade de conteúdo da escala
e 3. comparação da FPS-R com uma outra escala que mede o mesmo
constructo e avaliação da confiabilidade teste re-teste. Para cada uma das
fases estabeleceram-se grupos diferentes de crianças.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FFCLRP-
USP. Os pais foram informados sobre os propósitos da pesquisa, e aqueles
que concordaram assinaram o termo de consentimento correspondente. O
objetivo da pesquisa foi explicado às crianças de maneira geral e apropriada
para a sua idade, assim como a informação de que elas tinham a liberdade de
se recusar a participar do estudo em qualquer momento, sem que isso
acarretasse qualquer ônus ou penalidade.
Para as explicações e instruções dadas às crianças, foi treinado um
colaborador de nacionalidade brasileira, com a finalidade de controlar o viés do
idioma do autor do estudo.
2.4.1.1 Adaptação das instruções da FPS-R (Primeira fase)
A tradução das instruções da FPS-R para o português foi tomada do site
www.painsourcebook.ca
, onde Von Baeyer et al. (2005) disponibilizaram o
texto em diferentes idiomas.
Logo após, o texto foi submetido à avaliação de diferentes pessoas (uma
professora, uma enfermeira, uma psicóloga e um pediatra) familiarizadas com a
linguagem das crianças (entre 6 e 10 anos), para realizar os ajustes
necessários. Depois, realizou-se o procedimento de retro-tradução ao inglês
por uma pessoa bilíngüe que não conhecia a FPS-R. A nova tradução ao inglês
e as modificações do texto em português (Brasil) foram enviadas ao autor da
escala para avaliar a pertinência dos ajustes realizados.
Posteriormente, realizou-se um estudo piloto com uma amostra de 31
crianças, com idades entre 6 e 10 anos, matriculadas em três escolas (duas
privadas e uma pública) para detectar possíveis dificuldades de compreensão.
As crianças avaliaram uma experiência de dor rememorada na FPS-R, CAS e
EFC.
2.4.1.2 Validade de conteúdo (Segunda fase)
Nesta fase avaliou-se a validade de conteúdo da FPS-R, para isso foram
aplicadas duas tarefas. Na primeira tarefa as crianças deviam organizar as
faces que compõem a FPS-R segundo a sua expressão de dor. Cada face
apresentou-se em um cartão diferente (5 X 5 cm) e foi dada a seguinte
instrução: “Vou mostrar para você diferentes desenhos de faces, cada uma
expressa diferentes graus de dor. Eu quero que você me ajude a organizá-las.
Começa com aquela que você acha que mostra muita dor. Depois coloca
aquela que mostra um pouco menos de dor, até aquela que você acha que não
mostra dor”. A ordem em que deveria ser feita a tarefa foi designada
aleatoriamente, ou seja, algumas crianças organizaram de maior a menor
expressão de dor, e outras de menor a maior. Para determinar esta ordem
utilizou-se um gerador de números aleatórios (no programa Excel) .
Na segunda tarefa desta fase apresentaram-se as faces da escala em
duplas, nas diferentes combinações possíveis, ao acaso, com a seguinte
instrução: “Vou mostrar para você duas caras. Eu quero que você escolha
aquela que mostra mais dor”.
Para cada tarefa estabeleceram-se grupos diferentes de crianças (Ver
Tabela 1).
2.4.1.3 Confiabilidade teste re-teste e comparação com uma outra escala que
mede o mesmo constructo (Terceira fase)
Foram comparadas as pontuações da FPS-R com aquelas obtidas em
uma outra escala que mede o mesmo constructo e que tem sido bastante
citada na literatura, a CAS. Também se compararam os dados da FPS-R e os
da EFC para observar se existem diferenças importantes entre elas. Para isto,
o colaborador pediu às crianças lembrar uma experiência dolorosa recente e
avaliá-la na FPS-R, na CAS e na EFC. A ordem da apresentação das escalas
foi ao acaso, para isto também se utilizou o gerador de números aleatórios do
programa Excel.
Após quatro semanas realizou-se o re-teste da FPS-R, o colaborador
solicitou às crianças lembrar a mesma experiência e avaliá-la na escala (caso a
criança não lembrasse, o colaborador indicava qual tinha sido a experiência
relatada).
2.4.2 Análise de dados
Em todas as correlações foi utilizado o Coeficiente de Correlação de
Spearman devido à natureza ordinal dos dados da FPS-R e da EFC. Para
testar a possível associação entre as pontuações da FPS-R e o sexo das
crianças aplicou-se o Teste Qui – quadrado.
Para observar se a EFC produz pontuações maiores do que a FPS-R, foi
aplicado o teste de Wilcoxon para amostras pareadas. A base deste teste são
as diferenças obtidas entre as pontuações (por sujeito), que depois são
separadas em diferenças positivas ou negativas. Por isto, as categorias das
duas escalas foram “renomeadas”, com o objetivo de utilizar uma mesma
graduação que desse sentido às diferenças realizadas pelo teste.
Em cada escala, os valores atribuídos a cada face foram divididos pela
pontuação máxima e depois multiplicados por 100. Na EFC os valores 0, 1, 2,
3 e 4 foram substituídos por 0, 25, 50, 75 e 100; já na FPS-R os valores 0, 2, 4,
6, 8, 10 foram substituídos por 0, 20, 40, 60, 80 e 100.
3 RESULTADOS
3.1 ADAPTAÇÃO DAS INSTRUÇÕES DA FPS-R (PRIMEIRA FASE)
As modificações feitas no texto das instruções da FPS-R são expostas
na Tabela 2.
As palavras “alguma coisa” foram consideradas mais objetivas e de fácil
compreensão para as crianças do que a palavra “algo”. O verbo “magoar” pode
se referir tanto a uma dor física quanto a uma dor emocional, e no uso
cotidiano é mais freqüente a alusão a esta ultima; por isso foi substituído pelo
verbo “doer”, que é mais específico para dor física. A forma verbal “aponta” foi
substituída por “aponte”, que é a forma verbal usada na língua portuguesa
(Brasil) para a terceira pessoa do singular.
Tabela 2. Modificações feitas no texto das instruções da FPS-R
Texto original (tomado do site
www.painsourcebook.ca)
Texto final (com as modificações
sugeridas pelos avaliadores)
“Estas caras mostram o quanto algo
pode magoar. Esta cara [aponte para a
face mais à esquerda] não mostra dor. As
caras mostram cada vez mais dor
[aponte para cada uma das faces da
esquerda para a direita] até chegar a esta
[aponte para a face mais à direita] – que
mostra muita dor. Aponta
para a cara
que mostra o quanto te dói [neste
momento]”.
“Estas caras mostram o quanto alguma
coisa pode doer. Esta cara [aponte para
a face mais à esquerda] não mostra dor.
As caras mostram cada vez mais dor
[aponte para cada uma das faces da
esquerda para a direita] até chegar a esta
[aponte para a face mais à direita] que
mostra muita dor. Aponte
para a cara
que mostra o quanto te dói [neste
momento]”.
Estas modificações foram enviadas ao autor da escala, junto com a
retro-tradução da mesma, quem disponibilizou a nova versão para a língua
portuguesa (Brasil) no site www.painsourcebook.ca
.
O estudo piloto mostrou que as crianças não tiveram dificuldade para
entender o texto das instruções da FPS-R nem o funcionamento das outras
duas escalas. Todas as crianças relataram experiências de dor física e não
foram necessárias explicações adicionais.
3.2 VALIDADE DE CONTEÚDO (SEGUNDA FASE)
Os resultados desta fase são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Porcentagens de acertos das crianças para a tarefa 1 e 2 da segunda fase
Dados para cada face
Tarefa 1
%
Grupos de
idades
0 1 2 3 4 5
Todas as
faces na
ordem
esperada
(Tarefa 1)
%
Todas as faces
na ordem
esperada
excluindo 2 e 3
(Tarefa 1)
%
Todas as
duplas na
ordem
esperada
(Tarefa 2)
%
6 –7 100 94 59 47 76 94 47 71 62,5
8 –10 96 91 61 52 83 100 52 78 66,6
Na tarefa 1(organizar todas as faces segundo o grau de expressão de
dor), as faces dos extremos apresentam porcentagens maiores de acertos, em
quanto as faces 2 e 3, localizadas no meio da escala, mostram uma maior
variação (a porcentagem de acertos para estas faces é um pouco maior nas
crianças de 8 a 10 anos). As crianças tiveram maior dificuldade ao organizar as
faces 2 e 3, sendo que a face 3 mostrou as menores porcentagens de acertos.
Ao contabilizar o número de crianças que organizaram todas as faces
acertadamente, sem tomar em conta as faces 2 e 3 as porcentagens
aumentam de maneira importante. Na tarefa 2, as duplas que apresentaram
maior quantidade de erros foram as das faces 2 - 3, 2 – 4 e 3 – 4.
Nesta fase da pesquisa, as crianças de 8 a 10 anos mostraram
porcentagens de acertos maiores do que as crianças de 6 a 7 anos (exceto nas
faces 1 e 2) .
Na tarefa 1, 37,5% das meninas e 68,8% dos meninos organizaram
todas as faces na ordem esperada. Na tarefa 2, 63,6% das meninas e 66,7%
dos meninos escolheram a face esperada. Em quanto ao tipo de escola, 55%
das crianças da escola privada e 45% da escola pública realizaram
acertadamente a tarefa 1. A mesma tendência foi observada na tarefa 2, onde
71.4% das crianças da escola privada e 62.1% da escola pública escolheram a
face esperada em todas a duplas apresentadas.
3.3 CONFIABILIDADE TESTE RE-TESTE E COMPARAÇÃO COM UMA
OUTRA ESCALA QUE MEDE O MESMO CONSTRUCTO (TERCEIRA FASE)
Participaram 100 crianças, os dados de nove delas foram excluídos das
análises porque as experiências que relataram estavam relacionadas com dor
emocional.
As diferentes dores relatadas pelas 91 crianças restantes são
apresentadas na tabela 4.
Tabela 4. Freqüência das diferentes tipos de dor física relatadas pelas crianças.
Tipo de dor Freqüência
Quedas/ fraturas 23
Pancadas/cortaduras 21
Dor de cabeça 13
Dor abdominal 8
Viroses 5
Internação 3
Pneumonia 3
Dor de garganta 3
Vomito 3
Injeção/vacina 2
Acidentes
automobilísticos
2
Sinusite 1
Dor de dente 1
Outros 3
Total 91
Na maioria dos casos foram relatadas dores derivadas de quedas e
pequenos acidentes freqüentes na infância, em seguida encontram-se as dores
de cabeça, abdômen e aquelas ocasionadas pelos sintomas típicos das
viroses. Poucas crianças descreveram dores relacionadas a procedimentos
recebidos em hospitais ou internações (apendicite, pneumonia).
Os dados destas crianças foram analisados e encontrou-se uma
correlação moderada de 0,59 (p < 0,01) entre a FPS-R e a CAS. Ao analisar
este valor é importante considerar que tanto a FPS-R quanto a CAS são
escalas constituídas de um único item, este fato tem um importante efeito sobre
o índice de correlação (que tende a diminuir, especialmente quando a
amplitude dos dados é menor).
A fidedignidade teste re-teste da FPS-R foi avaliada com um intervalo de
4 semanas, cinco crianças não estavam na escola durante o re-teste, então
participaram um total de 86 crianças. O índice obtido foi de 0,58 (p < 0,01),
valor que mostra uma estabilidade temporal aceitável levando em
consideração, novamente, o fato da escala ter um único item. As pontuações
da FPS-R não mostraram associação com outras variáveis, como o sexo (
=
0,312; gl = 3; p= 0,958) ou a idade das crianças (índice de Spearman de 0,104;
p = 0,326).
Ao comparar as pontuações da FPS-R e a EFC o teste de Wilcoxon
mostrou diferenças importantes. O valor de Z foi -4,374 (baseado nas
diferenças positivas) com um p<0.001, mostrando assim que as pontuações da
EFC foram diferentes daquelas obtidas com a FPS-R, e tendem a ser maiores.
A alta quantidade de diferenças negativas (no caso, indicando que FPS-R <
EFC) mostra que os valores aproximados das carinhas escolhidas pelas
crianças na EFC foram superiores do que os da FPS-R e provavelmente essa
diferença tem relação com as características dos desenhos nas escalas
(especialmente a presença de sorrisos e lágrimas na EFC, já documentada em
outros estudos).
4 DISCUSSÃO
Uma avaliação e mensuração apropriada da dor do paciente é um
aspecto fundamental no atendimento clínico. Para isso, o professional deve
contar com a informação, as habilidades e os instrumentos apropriados e
pertinentes para tal fim. O presente trabalho pretendeu contribuir na
investigação das propriedades psicométricas de uma das escalas mais
utilizadas para medir dor em crianças, a FPS-R. Esta escala tem sido
amplamente aceita especialmente pelo fato de não apresentar sorrisos nem
lágrimas que possam confundir a dimensão afetiva e a dimensão física da dor.
Apesar de ser um instrumento muito utilizado, esta escala não tem
estudos sobre a sua validade e fidedignidade na população brasileira e, mesmo
com as limitações próprias de qualquer estudo, a presente pesquisa teve o
propósito de contribuir e incentivar novos estudos necessários para contar com
instrumentos apropriados para a população em questão.
Os dados obtidos mostraram uma validade de conteúdo apropriada, as
porcentagens de acertos obtidas são similares a aqueles apresentados na
escala original (BIERI et al., 1990). Nesse estudo, os autores também
apontaram uma maior variação nas porcentagens das faces localizadas no
meio da escala, mas indicaram que as quantidades de erros não eram
específicas para nenhuma face em particular. Na presente pesquisa as faces 2
e 3 apresentaram dificuldade para as crianças, provavelmente devido à
similaridade das feições nessas faces seja difícil discriminar qual delas
expressa mais dor e mais ainda quando apresentadas de forma separada do
resto da escala.
A FPS-R mostrou uma correlação moderada com uma outra escala que
mede o mesmo constructo: a CAS. A fidedignidade teste re-teste também foi
moderada. Na literatura os resultados variam, alguns estudos relatam
correlações bastante altas, outros correlações mais moderadas, mas em todos
os casos os valores são suficientes para recomendar o uso da escala na
mensuração da intensidade da dor. (HICKS et al., 2001; MIRÓ; HUGUET,
2004; NEWMAN et al., 2005; WARE et al., 2006).
Da mesma forma que em outros estudos, as pontuações da FPS-R não
mostraram relação com outras variáveis como sexo ou idade. Nas tarefas da
segunda fase as diferenças entre meninos e meninas não foram consistentes,
mas as crianças de escola privada obtiveram uma leve vantagem sobre as de
escola pública nas duas tarefas.
Uma diferença importante com a maioria dos estudos que tem
investigado a FPS-R é o tipo de tratamento estatístico aplicado aos dados. Um
grande número de autores atribui à FPS-R propriedades de escala de razão,
baseados na metodologia empregada no desenvolvimento da escala (HICKS et
al., 2001). No presente trabalho, considerou-se que ainda é preciso maior
evidencia que demonstre os pressupostos envolvidos em uma escala de razão,
como o fato de ter intervalos iguais entre cada face e a possibilidade de atribuir
um zero absoluto. Consequentemente, a FPS-R foi considerada como uma
escala ordinal.
Na comparação entre as pontuações da FPS-R e a EFC, o resultado
obtido confirmou as diferenças encontradas em outros estudos (CHAMBERS;
CRAIG, 1998; CHAMBERS et al., 1999). A EFC mostrou pontuações maiores
do que a FPS-R provavelmente atribuídas à presença de sorrisos e lágrimas
nos desenhos das faces, que pode contribuir a confundir a dimensão afetiva e
a intensidade da dor.
As verbalizações de algumas crianças apontam nesta mesma direção,
pois algumas delas quando utilizavam a EFC, consideravam se naquela
situação dolorosa que estavam lembrando tinham chorado ou não; se
choraram, escolhiam a ultima face. Existem muitas situações dolorosas nas
quais as crianças podem chorar, mas não necessariamente é essa a
experiência mais dolorosa já vivida por elas. É preciso anotar que dadas as
características deste estudo, nem todas as categorias das escalas foram
consideradas, pois as crianças estavam avaliando experiências que eles
julgavam como dolorosas, então obviamente as categorias iniciais das duas
escalas não obtiveram freqüência alguma. Um desenho metodológico similar
ao utilizado por Chambers e Craig (1998) - onde as crianças devem avaliar não
só situações dolorosas que envolvam emoções “positivas” ou “negativas”, mas
também situações não dolorosas que envolvam os dois “tipos” de emoções -
permitiria obter pontuações nas outras faces das duas escalas e fazer uma
comparação mais completa.
De maneira geral, os dados obtidos trazem uma evidência inicial da
validade e fidedignidade da FPS-R em crianças brasileiras. Mesmo assim, são
varias as limitações do estudo, em conseqüência, também varias as sugestões
para futuros trabalhos. Os resultados mostram que a FPS-R pode ser um
instrumento valido e fidedigno na mensuração de dor em crianças do Brasil, no
presente estudo participaram crianças escolarizadas que avaliaram
experiências de dor rememorada e por tanto ainda é preciso testar essas
propriedades da escala em amostras clínicas, com crianças que se encontram
experimentando dor. Também é importante examinar as propriedades da
escala em condições médicas específicas (dor pós-operatória, dor crônica, dor
aguda) e em populações especiais (crianças com dificuldades cognitivas e de
desenvolvimento ou também crianças mais novas).
Neste estudo foi avaliada a validade de conteúdo da escala e também foi
obtido um índice próximo ao que seria uma validade convergente (realmente é
uma aproximação ao que seria este tipo de validade, pois a CAS apesar de ser
muito utilizada não tem dados psicométricos no Brasil). Futuros estudos devem
avaliar outros tipos mais robustos de validade (como a discriminante ou aquela
relacionada ao critério), pois a validade de conteúdo constitui somente uma
demonstração inicial das propriedades da escala e é conveniente que seja
complementada com novas evidências.
De outra parte, seria interessante desenvolver estudos que permitam
testar as propriedades de escala de razão que vários autores atribuem à FPS-
R. Neste aspecto a metodologia psicofísica, utilizando o emparelhamento
intermodal, seria uma opção apropriada tomando em conta a natureza ordinal
da escala (FALEIROS SOUSA et al., 1999). Se for possível demonstrar que
este instrumento possui propriedades de escala de razão, essa evidência
abriria novas perspectivas para seu uso tanto no emprego de ferramentas
estatísticas mais robustas na análise dos seus dados quanto na sua robustez
como instrumento de mensuração da dor.
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ANEXOS
ANEXO A – Termo de consentimento para os pais no estudo piloto
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (ESTUDO PILOTO)
Ribeirão Preto, de de 2007
Prezados Pais,
Estamos realizando um trabalho de pesquisa na classe do seu (sua) filho (a) com o propósito de
avaliar a validade e a precisão da FPS-R (Faces Pain Scale – Revised). A FPS-R é uma escala
de auto-reporte de dor para crianças que contém seis desenhos de faces e o objetivo principal
deste estudo é saber se o instrumento é compreensível para as crianças e se permite avaliar a dor
de maneira válida e precisa.
Para isso foram estabelecidas diferentes tarefas, como organizar as carinhas da escala, ou
lembrar uma experiência dolorosa recente e avalia-la em duas escalas de faces diferentes. Estas
tarefas serão realizadas por uma amostra de crianças entre seis e dez anos de escolas publicas y
privadas de Ribeirão Preto. Entretanto para poder realizar o estudo, é necessário que, seja
realizada uma primeira aplicação da escala com crianças para avaliar a mesma e apontar o que
necessita ser melhorado. Por tanto, a finalidade da aplicação inicial é contribuir para o
aperfeiçoamento da metodologia de investigação. Os dados obtidos nesta importante etapa serão
analisados e a partir disso serão feitas as alterações necessárias na escala, para assim, ser
iniciada a coleta de dados.
Gostaríamos de obter a sua autorização para que seu (sua) filho (a) possa participar deste
trabalho. Temos a informar que: a) as crianças não serão identificadas, sendo mantida a
privacidade dos participantes; b) as tarefas implicadas na pesquisa não apresentarão nenhum
tipo de risco ou desconforto para as crianças; c) a participação na pesquisa é inteiramente
voluntária e depende exclusivamente de sua vontade de colaborar; d) a qualquer momento pode
retirar sua autorização; e) as informações sobre os resultados da pesquisa poderão, mais tarde,
ser publicados em revistas e periódicos específicos de circulação restrita entre pesquisadores e
profissionais; f) ao término do estudo, as escolas e os alunos receberão um retorno evidenciando
os principais dados obtidos.
Caso concorde com a participação do seu (sua) filho (a) na pesquisa, favor assinar o termo de
consentimento abaixo:
Eu ____________________________________________________________
RG (identidade) ___________________, abaixo assinado, responsável pelo (a) menor
________________________________________________________,
Concordo que este participe do projeto acima mencionado.
Ribeirão Preto, ___ de __________ de 2007
___________________________________________________
Assinatura
Agradecemos antecipadamente
_____________________ __________________________
Claudia Ligia E. Charry P. Prof. Dr.José Aparecido Da Silva
Estudante de mestrado Orientador
Programa de pós-graduação em Psicobiologia Lab. de Psicofísica e Percepção
FFCLRP - USP FFCLRP - USP
ANEXO B – Termo de consentimento para as escolas
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Ribeirão Preto, de de 2007
Nome da escola:
Endereço:
À Ilmo(a) Sr(a)
Director(a) Escolar
Prezado(a) Senhor(a),
Como docente responsável pela orientação do projeto de pesquisa “Avaliação da validade e
precisão da FPS-R (Faces Pain Scale - Revised) em uma amostra de crianças brasileiras”,
venho, mui respeitosamente, por meio desta apresentar a V.Sa. a psicóloga Claudia Ligia
Esperanza Charry Poveda, aluna regularmente matriculada no programa de pós-graduação em
psicobiologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP (FFCLRP).
A FPS-R é uma escala de auto-reporte de dor para crianças que contém seis faces e o objetivo
principal deste estudo é saber se o instrumento é compreensível para as crianças e se permite
avaliar a dor de maneira válida e precisa. Para isso, a aluna deverá contatar os estudantes de
algumas salas de aula para que os mesmos, previamente autorizados pelos pais ou responsáveis,
realizem diferentes tarefas como organizar as carinhas da escala, ou lembrar uma experiência
dolorosa recente e avalia-la em duas escalas de faces.
Para viabilizarmos a realização da pesquisa, solicito de V.Sa. autorização para que a psicóloga
responsável pela pesquisa possa realizar o estudo nesta escola. Os dias para aplicação do
instrumento serão previamente agendados com a escola de forma a interferir o menos possível
nas atividades cotidianas dos alunos. A participação dos alunos é voluntária.
Por se tratar de uma atividade de pesquisa que envolve seres humanos, o projeto foi submetido à
apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo – Campus de Ribeirão Preto.
Ao término do estudo, as escolas e os alunos receberão um retorno evidenciando os principais
dados obtidos.
Caso concorde com a participação da sua escola na pesquisa, favor assinar o termo de
consentimento que se encontra anexo.
Desde já conto com o apoio e a compreensão de V. Sa., ao mesmo tempo em que me coloco à
sua disposição para quaisquer esclarecimentos que por ventura se façam necessários.
Atenciosamente,
PROF. DR. José Aparecido da Silva
Departamento de Psicologia e Educação de FFCLRP-USP
Eu
______________________________________________________________________
RG (identidade) ___________________, abaixo assinado, responsável pela escola
______________________________________________________________________
___,
Concordo que esta participe do projeto “Avaliação da validade e confiabilidade da FPS-
R (Faces Pain Scale - Revised) em uma amostra de crianças brasileiras”.
Ribeirão Preto, ___ de __________ de 2007
___________________________________________________
Assinatura
ANEXO C – Termo de consentimento para os pais na segunda e terceira
fase
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Ribeirão Preto, de de 2007
Prezados Pais,
Estamos realizando um trabalho de pesquisa na classe do seu (sua) filho (a) com o propósito de
avaliar a validade e a precisão da FPS-R (Faces Pain Scale – Revised). A FPS-R é uma escala
de auto-reporte de dor para crianças que contém seis desenhos de faces e o objetivo principal
deste estudo é saber se o instrumento é compreensível para as crianças e se permite avaliar a dor
de maneira válida e precisa.
Para isso foram estabelecidas diferentes tarefas, como organizar as carinhas da escala, ou
lembrar uma experiência dolorosa recente e avalia-la em duas escalas de faces diferentes. Estas
tarefas serão realizadas por uma amostra de crianças entre seis e dez anos de escolas publicas y
privadas de Ribeirão Preto.
Gostaríamos de obter a sua autorização para que seu (sua) filho (a) possa participar deste
trabalho. Temos a informar que: a) as crianças não serão identificadas, sendo mantida a
privacidade dos participantes; b) as tarefas implicadas na pesquisa não apresentarão nenhum
tipo de risco ou desconforto para as crianças; c) a participação na pesquisa é inteiramente
voluntária e depende exclusivamente de sua vontade de colaborar; d) a qualquer momento pode
retirar sua autorização; e) as informações sobre os resultados da pesquisa poderão, mais tarde,
ser publicados em revistas e periódicos específicos de circulação restrita entre pesquisadores e
profissionais; f) ao término do estudo, as escolas e os alunos receberão um retorno evidenciando
os principais dados obtidos.
Caso concorde com a participação do seu(sua) filho(a) na pesquisa, favor assinar o termo de
consentimento abaixo:
Eu ____________________________________________________________
RG (identidade) ___________________, abaixo assinado, responsável pelo(a) menor
________________________________________________________,
Concordo que este participe do projeto acima mencionado.
Ribeirão Preto, ___ de __________ de 2007
___________________________________________________
Assinatura
Agradecemos antecipadamente,
_____________________ __________________________
Claudia Ligia E. Charry P. Prof. Dr.José Aparecido Da Silva
Estudante de mestrado Orientador
Programa de pós-graduação em Psicobiologia Lab. de Psicofísica e Percepção
FFCLRP - USP FFCLRP - USP
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