Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROGRAMA
DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: AREA DE
CONCENTRAÇÃO: ERGONOMIA
DOUTORADO
MEMÓRIA DE TRABALHO E COMPORTAMENTO SEGURO
EM CONDUTORES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES.
Contribuição aos estudos em ergonomia cognitiva
Autora: Sandra Luzia Haerter Armôa
Orientador: Prof. Roberto Moraes Cruz, Dr.
Florianópolis-SC
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
AGRADECIMENTOS
A todos os sujeitos (586) que participaram deste estudo e que tinham expectativas de que sua
colaboração pudesse contribuir para a diminuição dos Acidentes no Trânsito.
Ao meu orientador Prof. Dr. Roberto Moraes Cruz, pelo brilhantismo, aprendizagem,
competência, incentivo e disposição para ensinar.
A Carolina Bunn Bartilotti, pelo companheirismo compartilhando sempre a aprendizagem.
Aos acadêmicos Denise Mattos, Felipe Souza, Joice Lima, Monay Larissa, Ana Carolina
Manterdal, pela disposição, inteligência e o desejo de aprender.
Aos meus filhos Rubens e Rafael pelo amor amizade e cumplicidade que nos une e fazem
acreditar que a vida sempre pode ser melhor. Rubens obrigado pela parte técnica da
informática. Rafael obrigado pelo apoio didático da pesquisa. Amor incondicional!!!
A minha mãe por acreditar em mim e compreender os momentos de desatenção quando estive
envolvida em estudos e trabalho.
A UFSC pela oportunidade de estudo.
A UNIGRAN. Centro Universitário da Grande Dourados, em especial a Reitora Profª Rosa
Maria De déa, pela confiança e oportunidade desse crescimento pessoal.
A banca examinadora que prontamente aceitou o convite.
Aos meus alunos que sempre me incentivaram e me desafiaram a querer saber mais.
Aos amigos e amigas, impossível nomear todos, mas meu carinho em especial Carina, Maura
e Perpetua “Afinal a gente vai á luta e a gente se dá bem”...
A Eve companheira de aula, de subsolo, de guaraná power faça chuva... faça sol” andando
de ônibus em Floripa!
A DEUS que livrou os meus pés de tropeçarem para que eu andasse sempre diante da luz da
vida!!!
ads:
3
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi verificar o desempenho da Memória de Trabalho como fator
preditivo ao comportamento seguro no trânsito entre condutores acidentados e não
acidentados no trânsito. Participaram da pesquisa na primeira etapa 276 participantes (100
jovens universitários, 100 idosos e 76 pacientes neurológicos com AVE), onde se verificou a
sensibilidade do instrumento de medida. A segunda etapa comparou o resultado de 280
condutores acidentados e não acidentados com mais de 5 anos de habilitação, onde avaliou-se
através do instrumento de medida IMMT a atuação da Memória de Trabalho por meio de 4
tarefas. Os resultados mostraram que todas as tarefas alcançaram significância estatística. Os
condutores não acidentados tiveram uma freqüência de acertos maior que condutores
acidentados. Quanto ao tempo para realizar tarefas, observou-se diferenças menores, mas o
grupo de condutores acidentados responde com mais erros. Os resultados estatísticos foram
analisados de acordo com modelos de processamento da informação e a Psicologia Cognitiva,
especialmente o modelo de Memória de Trabalho. No processo de validação, os valores de
Alfa de Cronbach foram próximos de 1, mostrando que o instrumento possui um nível de
consistência interna aceitável. Quanto a validade de critério o IMMT se mostrou preditor nas
tarefas que exigem Memória de Trabalho.
Palavras Chaves: Memória de Trabalho. Trânsito. Condutores.
4
ABSTRACT
The objective was to verify the performance of working memory as a predictor of safe
behavior among drivers injured and not injured in traffic. Participated in the survey in the first
stage 276 participants (100 young university students, 100 seniors and 76 neurological
patients with stroke), which found the sensitivity of the measuring instrument. The second
stage compared the outcome of 280 drivers injured and not injured which have more than 5
years of qualification, where it was evaluated by means of a IMMT measure the performance
of working memory by 4 tasks. The results showed that in all tasks reached statistical
significance. The non-injured drivers had a higher frequency of hits that injured drivers. As
the time for tasks, we observed minor differences, but the group of injured drivers responded
with more errors. The statistical results were interpreted according to models of information
processing and cognitive psychology, especially the model of working memory. In the
validation process, the values of Cronbach's Alpha were near 1, showing that the instrument
has an acceptable level of internal consistency. As the validity of the criterion was IMMT
predictor in tasks requiring working memory.
Key- words: Working Memory. Traffic. Drivers.
5
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Estrutura de armazenamento ............................................................................09
FIGURA 2 - Modelo de Memória de Trabalho .......................................................................14
FIGURA 3 - Memória de trabalho e componentes executivos.................................................17
FIGURA 4 - Áreas de armazenamento ...................................................................................23
FIGURA 5 Atuação da Memória de Trabalho.......................................................................24
FIGURA 6 - Relação tarefa e processos cognitivos .................................................................33
FIGURA 7 Relação trânsito e ergonomia .............................................................................36
FIGURA 8 - Condutor e Memória de Trabalho........................................................................44
FIGURA 9 - Atuação da memória de trabalho e resposta .......................................................45
FIGURA 10 - Variáveis que afetam a Memória de Trabalho..................................................68
FIGURA 11- Análise do teste de Scheffé entre o desempenho dos 3 Grupos ......................70
FIGURA 12- Comparações no desempenho das tarefas através da média do
teste Scheffé, quanto ao Tempo de Resposta no instrumento de medida IMM........................77
FIGURA 13 Análise do teste de Mann-Whitney entre o desempenho dos Grupos de
condutores acidentados e não acidentados ..............................................................................79
FIGURA 14 Critérios de inclusão no grupo.............................................................................83
FIGURA 15 Análise do teste de Scheffé entre o desempenho dos CNA, CA Médio
e CA Grave nas quatro tarefas do IMMT e diagramas construídos com Intervalos de
Confiança de 95%.....................................................................................................................85
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Sistema de armazenamento.........................................................................54
QUADRO 2 Tarefa 1 Localizar figuras ........................................................................ 56
QUADRO 3 Tarefa 2 Pares invertidos ......................................................................... 57
QUADRO 4 Tarefa 4 Organizar palavras. ................................................................... 58
QUADRO 5 Tarefas utilizadas na avaliação da Memória de Trabalho ......................... 59
TABELAS
TABELA 1 Perfil dos participantes composta por jovens, idosos e pacientes neurológicos
(AVE)..................................................................................................................................62
TABELA 2 Resultado do Teste ANOVA com significância de P<0,001.........................62
TABELA3 Múltiplas comparações entre as 4 tarefas para os grupos
jovens universitários,idosos e neurológicos, ......................................................................63
TABELA 4 Resultado do Teste ANOVA com significância de p<0,01 para o Tempo
de resposta nas tarefas do IMMT........................................................................................64
TABELA 5 Distribuição da população com e sem acidente de acordo com as
características sócio-demográficas.....................................................................................68
TABELA 6 Aspectos psicofisiológicos dos motoristas acidentados .................................70
TABELA 7 Médias de significância P <0,001 nos acertos das tarefas entre os grupos
CA e CNA ........................................................................................................................72
TABELA 8 Coeficiente de precisão por Alpha de Cronbach.............................................74
TABELA 9 Correlação entre itens das tarefas do IMMT, sinalizadas pelos
valores de Alpha de Cronbach............................................................................................81
TABELA 10 Grau de significância entre os grupos CNA, CA Médio, CA .....................83
TABELA 11 Análise Kruskal-Wallis, com diferença significativa de p<0,01...................85
ABREVIATURAS
CA Condutores Acidentados
CNA Condutores não Acidentados
CNH Carteira Nacional de Habilitação
CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito
CTB Código de Trânsito Brasileiro
DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito
DETRAN Departamento Estadual de Trânsito
GP Grupo de Palavras
IMMT Instrumento de Medida de Memória de Trabalho
LF Localizar Figuras
MT Memória de Trabalho
OP Organizar Palavras
PI Pares Invertidos
RENACH Registro Nacional de Condutores Habilitados
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SUMÁRIO
CAPITULO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1.1 Objetivos ........................................................................................................................... 4
1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 4
CAPÍTULO 2 - MEMÓRIA DE TRABALHO ...................................................................... 8
2.1- Memória como um processo psicológico ........................................................................ 8
2.2 Memória de Trabalho e componentes executivos .......................................................... 11
2.3 Atuação da Memória de Trabalho e seus componentes ................................................. 15
2.4 Aspectos neuropsicológicos da Memória de Trabalho: operações cognitivas e cérebro 22
2.5 Pesquisas em Neuropsicologia e Memória de Trabalho ................................................. 26
CAPÍTULO 3 - ERGONOMIA COGNITIVA, MEMÓRIA DE TRABALHO E
ACIDENTE DE TRÂNSITO ................................................................................................. 31
3.1 Comportamento seguro...................................................................................................38
3.2 Comportamento seguro e percepção de risco..................................................................39
3.3 Tomada de decisão e erro humano: acidentes
CAPÍTULO 4 MÉTODO .................................................................................................... 45
4.1 Natureza e desenho da pesquisa ..................................................................................... 45
4.2 Contexto da pesquisa ...................................................................................................... 46
4.3 Definições das variáveis do estudo ................................................................................. 47
4.4 Instrumentos de coleta de dados e procedimentos.......................................................... 48
4.5.Procedimentos de coleta de dados .................................................................................. 56
4.6 Cuidados éticos ............................................................................................................... 60
CAPÍTULO 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 61
5.1 Perfil dos participantes da etapa 1. ................................................................................. 61
5.2 Perfil da Etapa 2 :Condutores acidentados e não acidentados........................................ 70
5.3 Análise das médias dos grupos CA e CNA nas quatro tarefas do instrumento IMMT. 73
5.4 Consistência interna do instrumento de medida IMMT ................................................. 79
5.5 Estudos da validade de critério ....................................................................................... 81
6-CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 85
7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 87
CAPITULO 1 INTRODUÇÃO
A ergonomia estuda o entendimento das interações entre seres humanos e outros
elementos de um sistema. Na interação do homem com o artefato deve-se considerar que o
homem utiliza-se de recursos sensoperceptivos, conceituados como a capacidade para
decompor um objeto (sensação) e recompô-lo dando-lhe uma organização e interpretação
(percepção). O sistema sensoperceptivo é composto pela atenção, memória e orientação. A
cada momento, os sentidos da visão, audição, olfato, sensibilidade táctil recebem informações
do mundo exterior que são organizados pelos processos perceptivos.
A cognição abrange os processos mentais que permitem realização de ações e
comportamentos. Ela permite organizar e usar os conhecimentos para realizar tarefas no
ambiente. O aprender, o conhecimento, a memória e a atenção fazem parte do sistema
cognitivo, assim como a capacidade de planejar, acompanhar e adaptar procedimentos
mediante modificação das informações fornecidas pelo ambiente. Esses elementos compõem
o sistema cognitivo e atuam em conjunto.
Recentemente, estudos da Psicologia Cognitiva e da Neuropsicologia têm descrito
como o indivíduo internaliza formas de comportamento, num processo em que as atividades
externas ao organismo, por meio das relações interpessoais, transformam-se em atividades
internas (intrapsicológicas e de representações mentais). A representação, ou seja, a forma
pela qual as pessoas conhecem a realidade, por vezes, é discutida como o resultado de um
processo de memória que pressupõe a codificação da informação, o seu armazenamento e a
sua evocação. Os estudos de Baddeley (2000) sobre memória buscam compreender como o
conhecimento é mantido e recuperado, bem como os fatores que podem auxiliar ou dificultar
esse processo.
O modelo de memória estudado por Anderson (2000), Del Nero (1997) e Sternberg
(2000) propõe uma estruturação em três níveis: memória de curto prazo, em que
manutenção dos estímulos relevantes por um período curto de tempo; memória de longo
prazo, na qual as informações são armazenadas sem uma limitação temporal, e a "Memória de
Trabalho" como uma parte ativada da segunda. A Memória de Trabalho funciona como um
gestor da memória, sendo as informações recuperadas reconstruídas nela a partir do material
existente na memória de longo prazo.
A Memória de Trabalho é um construto teórico, ou seja, um sistema organizado
conceitual utilizado na Psicologia Cognitiva para referir-se a mecanismos subjacentes à
2
2
manutenção de informações relevantes no desenvolvimento de uma tarefa cognitiva. Tem
como característica a manutenção e a troca de informações por um curto espaço de tempo,
sendo importante para a leitura do contexto, pois esse gera pistas mnêmicas que permitem a
"reconstrução" da memória a cada evocação, o que lhe atribui um caráter dinâmico.
Baddeley e Hitch (1974) realizaram pesquisas sobre o conceito de Memória de
Trabalho (working memory). Ela é capaz de manter ativadas diferentes informações pelo
tempo necessário para a execução de uma tarefa complexa. Seu elemento principal, o
“executivo central”, possui recursos atencionais que possibilitam a execução de tarefas
concomitantes, necessárias em diferentes situações-problema, como resolução de problemas
matemáticos e compreensão de leitura textual. Esse executivo central mantém contato com a
memória de longo prazo e é responsável pelo trabalho de processos fonológicos ou visuo-
espaciais.
Nos anos 60 surgiu pela primeira vez a expressão "Memória de Trabalho" e diversos
trabalhos mostraram evidências de uma possível relação entre esse construto e as habilidades
cognitivas (RICHARDSON, 1996). No entanto, foi o trabalho de Carpenter, Just e Shell
(1990) o ponto de partida para um despertar científico sobre a importância da Memória de
Trabalho na cognição humana. O desempenho nas tarefas como dirigir requer a manutenção
de determinado número de regras subjacentes. Um maior número de regras e símbolos produz
necessariamente uma maior complexidade da situação. O êxito para resolver as tarefas, a
leitura e decodificação de símbolos dependem da capacidade do sujeito em manter ativas as
regras que essa situação demanda, esse é o construto Memória de Trabalho.
O conceito de Memória de Trabalho, inicialmente proposto por Atkinson e Schiffrin
(1968), é tido como um componente central na cognição humana que assume
fundamentalmente as funções de armazenamento temporário de informação, com capacidade
limitada. Essa informação é de natureza diversa e recolhida pelos órgãos dos sentidos. Quanto
ao raciocínio, essa memória assume um espaço onde o participante pode explorar diferentes
aspectos da tarefa, ou heurísticas que conduzam à sua resolução (GILHOOLY, LOGIE e
WYNN, 1999).
Nessa pesquisa, a Memória de Trabalho (MT) (working memory) é um construto
responsável pelas tarefas que estão sendo realizadas, durante uma atividade complexa e que
requer primordialmente recursos atencionais. Baddeley (1986) identificou que, quanto mais
próximas forem as características de um estímulo em relação ao ponto focal, mais atenção
elas receberão e, portanto, mais rapidamente serão processadas.
3
3
A Memória de Trabalho é a estrutura cognitiva que pondera o passado e o futuro, e
implica diretamente na tomada de decisão. Para Raskin (2005 p.05) “a tomada de decisão é o
processo de responder a um problema, procurando e selecionando uma solução ou ação”. O
problema pode ter diversas naturezas, a ação deve escolher as conseqüências futuras mais
prováveis e decidir como dar uma resposta mais adequada à situação. Palmini (2004) afirma
que na tomada de decisão a Memória de Trabalho permite que o cérebro reviva brevemente o
que aconteceu e organize um comportamento de resposta voltado para um resultado futuro
favorável.
O sujeito ao dar respostas utiliza associação de idéias com um potencial mnemônico
porque atua possibilitando o resgate das informações armazenadas e aumentando a capacidade
de recordação dos conhecimentos aprendidos, aliando a situação presente para prever uma
resposta futura. O condutor no ambiente do trânsito realiza numerosas atividades em que se
faz uso, simultaneamente, de diversos processos mentais, por exemplo, a velocidade de
identificação de elementos informativos, como imagens visuais com cores, tamanhos, formas.
O que se refere à localização, imagens com rotação, inversão e mobilização são tarefas da
Memória de Trabalho. Tendo a participação ainda de outras funções ligadas a central
executiva.
O condutor tem acesso a uma série de regras que ele deve conhecer e observar, e cuja
não observância pode ter conseqüências desastrosas. Essas regras estão contidas no Código
Brasileiro de Trânsito (2007), e são evocadas pelo condutor através do processo mnemônico
na presença e decodificação dos símbolos (placas, semáforos).
Sobre o comportamento no trânsito, Hoffmann, Carbonell e Montoro (2005 p.348)
apontam que o comportamento seguro implica a norma observada em comum acordo pelos
usuários que maximizam os benefícios do trânsito, minimizando os riscos desse para o
conjunto da população”. Os mesmos autores afirmam que o “comportamento de segurança
relaciona-se com velocidade, tempo, emoções, organizações perceptivas, processamento de
informações”. p.349.
Assim, considerar o comportamento no trânsito, neste trabalho, significa pensar no
desempenho de tarefas, ou seja, em como o condutor responde às representações simbólicas e
às denominações utilizadas, procurando associar elementos do contexto para facilitar o seu
uso. O condutor deve estar atento e vigilante às representações simbólicas, ou seja, alerta para
o aparecimento de estímulos: sinalização horizontal e vertical, placas, lombadas eletrônicas,
semáforos, acompanhados de seus atributos como as cores, formas, tamanhos, letras,
números. Nesse momento, acontece a interação entre os conhecimentos adquiridos
4
4
anteriormente e os conhecimentos novos, tais como significado das placas, modelos novos de
semáforo e de aferição de velocidade.
A ergonomia cognitiva é um campo da aplicação da ergonomia que tem como objetivo
explicitar como se articulam os processos cognitivos em face de situações de resolução de
problemas nos seus diferentes níveis de complexidade. Para Hollnagel (1997) ela é solicitada
a contribuir com um referencial teórico e metodológico que permita analisar como o trabalho
afeta a cognição humana e, ao mesmo tempo, é afetado por ela.
As tarefas exigem atenção que focaliza o nível relevante de processamento ao longo
do tempo. Por exemplo, no caso da Memória de Trabalho, o sistema supervisor atencional
atua de maneira recíproca com dois módulos separados para o processamento a curto prazo
das informações verbais e visuais que chegam do ambiente. Esse tipo de argumentação
relaciona a Memória de Trabalho à velocidade com que se processa a informação na tomada
de decisão. Retrata, assim, sua importância para estudos do comportamento seguro e para o
processamento das atividades cognitivas e das possibilidades de manipulação simbólica dos
elementos no ambiente do trânsito.
Nesse sentido, a direção de pesquisa escolhida é responder a seguinte pergunta: Em
que medida a Memória de Trabalho é uma variável sensível na verificação do comportamento
no trânsito entre condutores acidentados e não acidentados no trânsito?
1.1 Objetivos
Geral: Verificar o desempenho da Memória de Trabalho como fator preditivo ao
comportamento seguro no trânsito entre condutores acidentados e não acidentados.
1.2 Objetivos Específicos
Identificar a atuação dos componentes do sistema de Memória de Trabalho na
habilidade para processar a informações, nos condutores acidentados e não acidentados.
Construir um instrumento de medida de Memória de Trabalho (IMMT).
Verificar comparativamente a sensibilidade do IMMT em três tipos de população:
população jovem (18-30 anos), idosos (acima de 60 anos) e pacientes neurológicos que
sofreram Acidente Vascular Encefálico (AVE).
5
5
Verificar a validade preditiva do IMMT em condutores acidentados e não-acidentados
no trânsito.
1.3 Justificativa
O homem, como outros seres vivos, coleta no meio ambiente as informações
necessárias para sua adaptação e sobrevivência. A memória é altamente contextual, as
lembranças desencadeiam associações com outros lugares. No trânsito, as mensagens em
forma de símbolos permitem uma informação visual mais rápida em comparação com as
mensagens textuais, o que pode torná-las mais eficientes na decodificação da Memória de
Trabalho, quando acionam esquemas já adquiridos.
A Memória de Trabalho tem uma capacidade limitada. Pode-se manter certo número
de unidades discretas de informação na Memória de Trabalho para processamento a qualquer
momento. Se a informação for agrupada de forma que cada unidade individual contenha uma
grande quantidade de itens, pode-se realizar um processamento bem mais complexo. Por
exemplo, pode-se ler uma placa rapidamente se ela corresponder a esquemas previamente
adquiridos. Nesse momento, não se identifica detidamente a forma de cada letra, utiliza-se a
Memória de Trabalho para combinar a imensa variedade de formas em uma frase com
significado. Ao observar algumas formas, usam-se esquemas altamente sofisticados,
adquiridos ao longo de muitos anos.
O retorno de uma informação armazenada consiste em um processo reconstrutivo
complexo e tal processo baseia-se na Memória de Trabalho. Consiste, ainda, em processos de
decisão que determinam qual a informação é ativada na memória de longa duração e qual a
informação é retida na memória de curta duração.
A Ergonomia Cognitiva se preocupa, particularmente, com o processamento da
informação humana, pois o homem, a partir de seu aparato sensório motor, interage com o
meio ambiente no qual se insere. Nesse sentido, o uso dos conhecimentos e técnicas de
Ergonomia Cognitiva conduz ao estudo cognitivo da relação do homem e dos elementos
físicos e sociais do local de trabalho, e mais concretamente, quando esta relação é mediada
pelo uso de máquinas e artefatos.
Nesse sentido, pode-se pressupor que essas representações constituem um conjunto de
traços de informação recuperados na memória de longo prazo e ativados na Memória de
Trabalho. Se as representações estão estreitamente associadas ao processo de Memória de
6
6
Trabalho, como a decodificação dos símbolos (placas, semáforos) se articula para a
construção das competências de um comportamento seguro no trânsito? Dessa forma, as
placas buscam estabelecer uma forte associação entre as leis do trânsito e as ações esperadas.
Assim, o estímulo visual ativa e disponibiliza informações da memória relacionadas ao seu
significado, bem como os procedimentos necessários para executar tal ação. A falta de uma
representação direta do objeto do dia-a-dia pode induzir a erros, por isso a necessidade de
recomendações ergonômicas para estabelecer informações mais precisas dos símbolos.
Em vista do exposto o presente trabalho tem uma significativa relevância para a
população pesquisada, uma vez que se propõe estudar a papel da Memória de Trabalho (MT)
no comportamento de dirigir. O alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que o
Brasil tem o quinto maior número de mortes no trânsito de todo o mundo. A OMS utilizou
dados de 2007, com o objetivo de comparar todos os países. Segundo dados oficiais naquele
ano, houve 35,1 mil mortes causadas por acidentes com automóveis no Brasil. Especialistas
acreditam que esse número pode ser bem maior, pois são contabilizadas as mortes que
ocorrem no local do acidente.
Dirigir um carro é uma tarefa complexa que requer diversos tipos de informações
processadas simultaneamente, tais como as informações sensoriais, cognitivas e motoras. A
seleção perceptual leva á filtragem de informações, deixando entrar no sistema apenas aquelas
relevantes para o indivíduo, ou seja, no ato de dirigir estímulos como luzes vermelhas, placas,
sinais de alerta devem receber prioridade no processamento em relação a outros tipos de
estímulos. A tarefa da Memória de Trabalho (MT) é lidar com a associação entre as
informações mantidas nos sistemas de suporte e promover sua integração com informações da
memória de longa duração.
A memória é uma estrutura cognitiva importante para o estudo do comportamento
seguro, porque ela é base para a aprendizagem. Se não houvesse uma forma de
armazenamento mental de representações do passado, não se teria uma solução para tirar
proveito da experiência. Assim, a memória envolve um complexo mecanismo que abrange o
arquivo e a recuperação de experiências, portanto está intimamente associada à aprendizagem,
que é a habilidade de mudar o comportamento através das experiências que foram
armazenadas na memória. Em outras palavras, a aprendizagem é a aquisição de novos
conhecimentos e a memória é a retenção dos conhecimentos aprendidos.
O interesse pelo estudo de memória é antigo, remonta á antiguidade clássica, mas em
relação ao modelo de Memória de Trabalho poucos estudos apresentam a descrição dos seus
componentes, principalmente estudos sobre a atuação do componente executivo central.
7
7
1.4 Limites e escopo da pesquisa
O escopo desta pesquisa não visa analisar todos os fatores associados a acidentes de
trânsito, pois o número de fatores de risco que prediz a ocorrência de acidentes é vasto, e não
se encontra na literatura especializada uma compilação considerada suficiente para ser
utilizada como modelo.
Uma das principais limitações deste estudo reside no fato de trabalhar com um
universo populacional escolhido intencionalmente, em razão do acesso do pesquisador aos
participantes, o que não nos permite generalizações no âmbito de segurança no trânsito. Este
trabalho pretende caracterizar as variáveis da Memória de Trabalho e sua relação com o
desempenho de condutores envolvidos e não envolvidos em acidentes,
Outra limitação refere-se à escassez de dados sobre métodos de avaliação da memória
do trabalho em contextos de trabalho específicos. No Brasil, até o momento, não foram
encontradas pesquisas referentes ao assunto. No plano internacional, os materiais encontrados
genericamente se referem à avaliação de memória de trabalho no campo da aprendizagem.
8
8
CAPITULO 2 - MEMÓRIA DE TRABALHO
Este capítulo traz informações sobre a Memória de Trabalho (MT) e as pesquisas
realizadas na área. Tal construto psicológico diz respeito ao processamento e estocagem
simultânea da informação. A Memória de Trabalho permite, em outras palavras, que o
indivíduo realize diversas tarefas complexas sempre e quando mantiver ativas na memória,
informações em quantidade suficiente e relevante à solução dos problemas. Os resultados de
diversos estudos internacionais mostram evidências de uma relação entre o construto e a
inteligência, ou seja, a adaptação ao contexto.
2.1- Memória como um processo psicológico
A aprendizagem e memória são bases para todo o conhecimento, habilidades e
planejamento, considera o passado, situa o presente e prevê o futuro. A fim de entender a
influência da memória no comportamento no trânsito, é necessário saber como as informações
o normalmente processadas e que fatores auxiliam o funcionamento do sistema cognitivo.
Essa descrição inclui o conceito de arquitetura cognitiva, representações mentais (a base do
conhecimento), resolução de tarefas, processos de execução e conhecimento cognitivo que,
juntos, fornecem os fundamentos necessários à aprendizagem.
Dentro da arquitetura da cognição uma das características principais é a organização
do sistema de memória (DOCKRELL E MCSHANE, 2000). Existem diferentes categorias de
memórias, entre elas estão: memória declarativa (memória para fatos e eventos), por exemplo,
lembrança de datas, fatos históricos, números de telefone, entre outros; memória processual
(memória para procedimentos e habilidades), por exemplo, a habilidade para dirigir, jogar
bola, dar um no cordão do sapato e da gravata. Para ser usado mais tarde, o conhecimento
deve ser armazenado de alguma forma pelo sistema cognitivo. A memória de longo prazo é a
estrutura onde a informação é armazenada de forma permanente e tem a capacidade ilimitada.
O processo de armazenar novas informações na memória de longa duração é chamado de
consolidação (BERG, 1991). Existe uma memória que é temporária e que é limitada em sua
capacidade, sendo armazenada por um tempo muito curto no cérebro, que vai de
milissegundos a poucos minutos. Essa memória é chamada de memória de curta duração, ou
memória de curto prazo (BADDELEY, 1990). Conforme sua função, basicamente dois
tipos de memória: memória de trabalho (manutenção da informação por alguns instantes) e
9
9
memória declarativa (registro de fatos e conhecimentos). Entre estas, as episódicas e as
semânticas (que marcam conhecimentos gerais). também as memórias procedurais
(referentes a capacidades ou habilidades motoras ou sensoriais). Segundo os tipos, as
memórias dividem-se em explícitas e implícitas (SCHLINDWEIN-ZANINI, 2009). Em
relação ao tempo, classifica-se a memória como sendo de curta duração, longa ou remota
(IZQUIERDO, 2002). As funções de memória e linguagem são, geralmente, relacionadas,
inclusive, ao Lobo Temporal; e as alterações nessas funções devem ser consideradas na
clínica de saúde mental (SCHLINDWEIN - ZANINI, IZQUIERDO, CAMMAROTA,
PORTUGUEZ, 2009).
Para que ela se torne permanente, ela requer atenção, repetições e idéias associativas.
Uma elaboração do conceito da memória de curta duração que tem sido feita nos últimos anos
é a Memória de Trabalho, sendo esse um termo mais genérico para o armazenamento da
informação temporária (DOCKRELL e MCSHANE, 2000). Muitos especialistas consideram
memória de curta duração e Memória de Trabalho a mesma estrutura, mas a Memória de
Trabalho possibilita alternar entre duas tarefas mnêmicas, consideradas atividades complexas,
pois essas atividades exploram diferentes possibilidades antes de fazer uma escolha,
entretanto, outros autores a consideram como parte da memória de longo prazo, mas que
também abrange a memória de curto prazo, conforme figura 1:
Figura 1- Estrutura de armazenamento. Fonte: Dockrell e Mcshane (2000 p.57)
10
10
Sternberg (2000) explica essa diferença ao caracterizar a Memória de Trabalho como
aquela que comporta apenas a porção ativada mais recente da memória de longo prazo e
transfere este elemento para dentro e para fora de um breve e temporário armazenamento da
memória. Estudos neuropsicológicos também mostraram a evidência de uma memória
transitória breve, usada para lembrar temporariamente a informação, a qual é distinta da
memória de longo prazo, utilizada para lembrar a informação durante longos períodos de
tempo. Esse tipo de memória imediata recebeu várias modificações desde sua proposta
inicial, principalmente pelo trabalho de Baddeley e Hitch (1974), mas a idéia central é de que
há um sistema de capacidade limitada que armazena informações temporariamente.
O modelo de Memória de Trabalho ampliou e, em certo sentido, substituiu os
conceitos anteriores formulados no modelo modal de Atkinson e Shiffrin (1968), mostrando
que a memória não é um sistema unitário, mas múltiplo. Da forma como foi proposto
originalmente, o modelo de Memória de Trabalho envolvia um executivo central, que atua
como um sistema atencional; um esboço viso-espacial, que trabalha como um sistema de
armazenamento visual e/ou espacial; e um laço fonológico, que trabalha como um sistema de
recitação. Mais recentemente, o modelo passou a contar com um quarto componente,
denominado buffer episódico, um sistema temporário de capacidade limitada cuja função é
unir a informação dos sistemas escravos à informação da memória de longo prazo, formando
uma representação episódica unitária (BADDELEY, 2000).
Para o autor, o sistema de Memória de Trabalho contém um executivo central, cujo
objetivo principal é regular a atenção e assim controlar a entrada no sistema. A Memória de
Trabalho armazena as informações recebidas no banco visual ou no auditivo, dependendo da
modalidade da entrada do estímulo. A área auditiva engloba dois componentes: uma área
fonológica (a forma pela qual o material verbal é representado na Memória de Trabalho) e o
processo de treino articulatório. O conteúdo verbal permanece na área fonológica durante um
período relativamente curto de tempo, a menos que seja usado para treinamento.
Damásio e Damásio (2004) estudaram o conhecimento que é armazenado na memória
de longo prazo derivado do ambiente externo. O estímulo recebido sofre várias ações e é
transformado diversas vezes pelo sistema cognitivo antes de ser armazenado. Toda vez que
ocorre aprendizagem adquire-se experiência, aumentando a base de conhecimento, as lulas
do cérebro sofrem uma alteração que reflete no comportamento.
11
11
2.2 Memória de Trabalho e componentes executivos
Na Psicologia, dentre os estudos históricos sobre o papel da atividade mnemônica no
processo cognitivo William James (1841-1910 citado por Squire e Kandel 2003 p. 26),
enfatizava a concepção da memória de curta duração em dois componentes principais:
Memória imediata e Memória de Trabalho, considerando esta ultimam como uma extensão da
memória imediata. Segundo James, um objeto uma vez apresentado á memória imediata a sua
representação é mantida pela Memória de Trabalho, ainda que nunca perdida, seu tempo
nunca é separado, na consciência, daquele do momento presente imediato”.
Um dos primeiros estudos publicados na década de 50 sobre a memória foi o de Hebb
(1949, citado por BADDELEY, 1986), o qual propôs que a memória podia ser dividida em
memória de curto prazo e memória de longo prazo. Esses dois sistemas de memória
ocupariam dois lugares de armazenamento diferentes e teriam características
neuropsicológicas distintas (MOTA, 2000). Pesquisas realizadas por Eysenck e Keane (1990),
ao investigar MT em um grupo de pacientes que apresentavam memória de curto prazo,
sugeriram que qualquer descrição do sistema de memória de curto prazo deve incluir mais de
um componente. Um modelo mais atual do sistema de memória de curto prazo é o de
Memória de Trabalho.
A Memória de Trabalho refere-se á habilidade para manter e manipular informações
durante um curto intervalo de tempo (CROTTAZ, ANAGNOSON e MENON, 2004;
WAGAR e DIXON e colaboradores, 2001), sendo dessa forma conceituada como um
depósito temporário de informações que depois poderão ser acessadas. Essas informações
manipuladas para a resolução de uma dada tarefa podem ser de uma experiência passada
armazenada na memória de longo prazo ou que podem estar disponíveis no ambiente atual
(STERNBERG, 2000).
Sternberg (2000) e Anderson (2000) propõem um modelo de memória e uma
estruturação em três níveis: memória de curto prazo, em que manutenção dos estímulos
relevantes por um período curto de tempo; memória de longo prazo, na qual as informações
são armazenadas sem uma limitação temporal, e a "Memória de Trabalho" como uma parte
ativada da segunda. A Memória de Trabalho funciona como uma porção ativa da memória,
sendo as informações recuperadas reconstruídas nela, a partir do material existente na
memória de longo prazo.
12
12
Esse novo componente foi denominado de Memória de Trabalho. Ele permite manter
temporariamente as representações na mente por um período curto de tempo, além de
processar a informação necessária para realizar uma variedade de tarefas cognitivas, como
compreensão da linguagem, operações matemáticas e solução de problemas.
Essa distinção entre a Memória de Trabalho e de longo prazo advém de pesquisas
neuropsicológicas realizadas por Squire e Kandel (2003) e Del Nero (1997) que identificaram
evidências de uma memória transitória breve, usada para lembrar temporariamente a
informação, a qual é distinta de memória de longo prazo utilizada para lembrar a informação
durante longos períodos de tempo.
Miyake e Shah (2001) definem Memória de Trabalho como mecanismo ou processo
que está envolvido no controle, regulação e manutenção ativa das informações relevantes para
uma tarefa complexa” (p.450). Richard (1998) e Shiffrin (1993) referem à Memória de
Trabalho como sendo um tópico do armazenamento de curto prazo, praticamente igualando os
dois termos. Conceitua o armazenamento de curto termo. Para eles, a Memória de Trabalho é
apenas um nome novo para algo que existia e era desempenhado pela Memória de curto
prazo. Kane, Bleckley, Conway e Engle (2001), sintetizam o conceito de Memória de
Trabalho como um sistema de: (a) um armazenador na forma de um traço ativo da memória
de longo termo, (b) processos para alcançar e manter a ativação e (c) atenção controlada.
Richardson (1996) considera que Miller, Galanter e Pribam foram os primeiros a
utilizar, em 1960, o termo "memória operacional" (working memory), considerando o lobo
frontal como responsável pela 'memória operacional', na qual os planos podem ser retidos
temporariamente quando estão sendo formados, transformados ou executados. Nesse sentido,
é um sistema de processamento da informação que atua no controle executivo da cognição e
do comportamento, sendo um tipo de memória de curto prazo. Essa interpretação, apesar de
genérica, é bastante aceita pela neuropsicologia atual.
A Memória de Trabalho permite reter temporariamente a informação nova que é
utilizada em processos como compreensão, aprendizagem e raciocínio, ou seja, sempre que o
sujeito realizar inferências sobre o meio. Assim, esta tem como característica a manutenção e
a troca de informações por um curto espaço de tempo de acordo com o contexto, sendo
importante para a leitura deste, pois gera pistas mnêmicas que permitem a "reconstrução" da
memória a cada evocação, o que lhe atribui um caráter dinâmico.
Para Helene e Xavier (2003) p.2 A Memória de Trabalho é um conceito que se refere
ao arquivamento temporário da informação para o desempenho de uma diversidade de tarefas
cognitivas”. Assim, desenvolveu-se o conceito de Memória de Trabalho como um sistema de
13
13
capacidade limitada e com múltiplos componentes. Congruente com essa concepção,
diferentes tipos de tarefas vêm sendo empregadas para investigar as características da central
executiva. Por exemplo, na tarefa de geração aleatória de letras, o participante deve gerar
seqüências de letras em ordem tão aleatória quanto possível. Os resultados indicam que (1)
quanto mais rápida a demanda menos aleatória a saída (isto é, mais letras ordenadas em algum
tipo de seqüência são geradas) e (2) quanto maior a quantidade de itens envolvidos na
escolha, mais lenta é a taxa máxima de geração aleatória, sugerindo que essa atividade
depende de um sistema de capacidade limitada.
Leiderman (2002) conceitua a Memória de Trabalho como um sistema de memória
que permite a manutenção temporária e o processamento da informação para elaborar o
pensamento e dirigir conduta. Embora ela seja usualmente identificada com (e mesmo tratada
como sinônimo de) memória de curta duração, essa última mostrou-se por demais simples
para lidar com os tipos de retenção de informação por curtos períodos de tempo, evidenciados
experimentalmente.
De acordo com o modelo inicial de Baddeley e Hitch (1974), referidos Galera e Fuhs
(2003), Memória de Trabalho compreende uma central executiva auxiliada por dois sistemas
de suporte responsáveis pelo arquivamento temporário e pela manipulação de informações,
um de natureza viso-espacial e outro de natureza fonológica. É a responsável por manter ativa
toda informação e processá-la de forma simultânea. Para Mendonza e colaboradores. (2006
p.72), a Memória de Trabalho é um construto que se refere a um tipo de memória de curto
prazo que supera a definição tradicional de memória de curto prazo”. Posto que não somente
contempla o armazenamento e a recuperação da informação, mas também seu processamento
(operação, transformação) simultâneo.
A relação entre experiências passadas e previsões do futuro é um dos mais importantes
mecanismos de Memória de Trabalho. Para Ades (1993) a memória é, basicamente, essa
intrusão do passado no presente, seja sob a forma de imagens, seja como instruções implícitas
ou explícitas de como agir” (p. 9) e, para Xavier (1999), uma “capacidade de alterar o
comportamento em função de experiências anteriores” (p.62), ou processo básico para a
sobrevivência, com a finalidade primordial de gerar previsões” (1999 p.51).
O enfoque dado por Baddeley e Hitch (1974) ao estudo da Memória de Trabalho está
centrado no fracionamento desse sistema de memória em subsistemas básicos, especializados
no armazenamento e no processamento de diferentes tipos de informação. Atualmente, o
modelo resultante desse enfoque de Memória de Trabalho envolve quatro subsistemas
funcionais. A informação verbal e auditiva é armazenada por um laço fonológico. A memória
14
14
viso-espacial tem a função de manter e manipular a informação referente aos objetos e às
relações espaciais entre eles. O armazenador episódico tem a função de manter
temporariamente a informação das várias modalidades; as informações provenientes dos
outros subsistemas e da memória a longo prazo são aglutinadas numa representação episódica
unitária. O fluxo de informação vinda do ambiente e da memória a longo prazo está sob a
supervisão de um sistema executivo central. (GALERA e FUHS, 2003).
O modelo de Memória de Trabalho, proposto por Baddeley (2000), compreende dois
sistemas e um executivo central, conforme ilustra a figura 2.
Figura 2- Modelo de Memória de Trabalho. Fonte: Baddeley, (2000 p 164)
Um subsistema é a alça fonológica, que mantém ativa a informação verbal por meio de
ensaio fonoarticulatório encoberto. O outro sistema é a prancha de desenho viso-espacial que
mantém representações imagéticas de objetos e suas posições espaciais, ou seja, rotação
mental de sólidos geométricos. Os subsistemas estão envolvidos em atividades cognitivas
superiores, tais como o processamento da linguagem, a leitura, a solução de problemas e a
produção da própria consciência denominada a experiência vivida no momento. É importante
investigar a natureza dos recursos empregados pelos subsistemas, principalmente, em se
tratando da memória viso-espacial, pois ela faz parte das tarefas que implicam o tratamento de
cenas visuais e as mensagens lingüísticas para descrever essas cenas. É seu papel, ainda,
armazenar temporariamente características e atributos dos símbolos, durante a realização de
uma série de tarefas cognitivas de compreensão, de raciocínios e aprendizagem, gerenciados
pelo sistema executivo central (DENIS, 2002).
Mota (2000) descreve o executivo central como o componente mais importante, pois
tem a capacidade limitada e é utilizado principalmente em tarefas cognitivas complexas. Para
decodificar os símbolos contidos nas sinalizações, é preciso que se armazene uma quantidade
mínima de informações na Memória de Trabalho. A capacidade de uso adequado da memória
é um fator importante diante das informações e estímulos provenientes do ambiente do
trânsito. O fato justifica-se porque a memória é responsável pelas inúmeras associações de
idéias e informações que fazem o ser humano agir de forma inteligível. Em especial a
Esboço
viso-espacial
Alça
fonológica
15
15
Memória de Trabalho consiste em processos de decisão que administram a ativação de
informação nos depósitos de curto e longo prazo.
A Memória de Trabalho consiste em tratar informação armazenada para completar
propósitos presentes ou metas brevemente. Através da central executiva, acontece a análise do
estímulo e a elaboração da resposta (BARKLEY, 2002; LURIA, 1990). Assim, para que a
decisão seja adequada para um comportamento seguro no contexto do trânsito, o cérebro
precisa comparar cada novo estímulo no contexto do trânsito com as situações semelhantes
vividas que lhes foram transmitidas pela cultura e decisões que tomou no passado quando
vivenciou estímulos semelhantes nesse mesmo contexto (DAMÁSIO e DAMASIO, 2004;
PALMINI, 2004).
2.3 O desempenho da Memória de Trabalho
Como se divide uma tarefa que utiliza a Memória de Trabalho? A princípio quando se
apresenta uma informação perceptiva a ser memorizada, o rebro codifica essa informação,
depois mantém uma representação ativa da informação durante o período e finalmente
desencadeia uma resposta motora ligada à utilização dessa informação memorizada. Assim,
pelo menos em parte, todos esses eventos podem ser separados em termos temporais.
Durante a retenção das informações algumas devem ser mantidas na memória tais
como foram aprendidas. Um exemplo é o número de telefone, consultado numa agenda e
discado em seguida. Em outras circunstâncias são necessárias as manipulações das
informações, como para um cálculo em que é preciso lembrar-se dos resultados
intermediários. Espósito e colaboradores (2008) desenvolveram estudos para testar essa
dissociação. A tarefa da Memória de Trabalho consistia em manter na memória, durante 8
segundos, um conjunto de 5 letras apresentadas simultaneamente em ordem aleatória, ou
manipular nesse intervalo de tempo esse conjunto de letras a fim de colocá-las em ordem
alfabética. As duas condições experimentais desencadearam uma atividade contínua durante o
intervalo de tempo, simultaneamente nas regiões ventrais e dorsais do córtex pré-frontal.
Porém, essa atividade contínua era quantitativamente mais importante na região dorsal do
córtex pré-frontal que nas regiões mais ventrais.
O papel da Memória de Trabalho no raciocínio tem sido estudado a partir do modelo e
métodos desenvolvidos por Baddeley e Hitch (1974) e seus colaboradores. O modelo
consistia, num primeiro momento, em encarar a Memória de Trabalho como um conceito
16
16
tripartido, envolvendo três grandes componentes: o executivo central; o elo fonológico e o
registro viso-espacial (BADDELEY e HITCH, 1974; GATHERCOLE e BADDELEY, 1993).
Mais recentemente, Baddeley (2000) p.78-81 refere um quarto componente da
Memória de Trabalho armazém buffer episódico que seria uma interface entre outros
processos e os registros de memória de longo termo. Desde as primeiras formulações
teóricas acerca da Memória de Trabalho essa área de investigação tem acumulado uma grande
diversidade de métodos e técnicas de medida. Danemane e Carpenter (1980) propõem uma
medida da capacidade de Memória de Trabalho que se relaciona com a compreensão da
leitura. Muitos têm sido os trabalhos que sugerem que a capacidade de Memória de Trabalho
desempenha um papel crucial nesse domínio (KINTSCH e VAN DIJK, 1978; citado por
DANEMAN e CARPENTER, 1980), mas as medidas usadas até então, como span de dígitos
não haviam deixado essa relação comprovada.
Daneman e Carpenter (1980), com a sua prova de amplitude de leitura, criaram uma
medida que tomasse em consideração, não o processamento como as funções de
armazenamento da Memória de Trabalho. Ambos os componentes estariam privilegiados no
Teste de leitura (Reading Span Test), prova de amplitude de leitura. Essa, para além de exigir
da parte do sujeito a compreensão da frase (e, implicitamente, o acesso aos seus aspectos
sintáticos, semânticos e pragmáticos) implica diretamente a capacidade de manutenção e
recuperação das palavras finais dessas mesmas frases.
Pesquisadores como García-Madruga e seus colaboradores (1989) desenvolveram
recentemente duas novas medidas de Memória de Trabalho, dando mais importância ao
processamento. O conceito de Memória de Trabalho abrange simultaneamente duas funções:
o armazenamento da informação, que seria operacionalizado ao pedir ao sujeito que recorde a
última palavra das frases, e outra função, ao ler em voz alta, em que ocorre o processamento.
Para Waters e Caplan (1996), a partir dos próprios critérios de pontuação da prova
sobressai uma excessiva importância dada à componente “armazenamento”, pois o resultado
final é dado em função do número de palavras recordadas sem que se tome em consideração
a maior ou menor eficiência do processamento durante a leitura das frases. Acrescentam que
nada garante que os indivíduos não centrem a sua atenção sobre a última palavra da frase,
deixando assim o processamento implícito ao nível da leitura em voz alta que fazem dessa
mesma frase. Nesse sentido, uma elevada pontuação nessa tarefa não reflete um bom
desempenho em termos de processamento. Uma pontuação fraca pelo contrário, pode até
ocorrer em pessoas com bons recursos em nível do processamento da informação, mas que,
em termos de armazenamento, não tenham tantas facilidades.
17
17
De acordo com o modelo proposto por Baddeley (2000), o modelo de Memória de
Trabalho com múltiplos componentes é formado por um sistema geral, denominado executivo
central, e dois sistemas auxiliares, denominados de circuito articulatório e tábua viso-espacial.
O executivo central (central executive), o qual é adotado para ser um sistema de controle de
atenção, é importante nas habilidades tais como jogar xadrez e é particularmente suscetível
para os efeitos da doença de Alzheimer; e mais dois sistemas auxiliares chamados, a tábua de
desenho viso-espacial (visospatial sketchpad), o qual é responsável pela manipulação de
imagens visuais e a alça fonológica (phonological loop), a qual armazena e treina a
informação baseada na fala e é necessária para a aquisição tanto do vocabulário nativo quanto
de uma língua secundária. Essa noção de existirem dois sistemas auxiliares da Memória de
Trabalho, pode levar a uma compreensão errônea sobre a identificação do lugar de
armazenamento separado estruturalmente.
O componente mais importante da Memória de Trabalho é o executivo central. Possui
capacidade limitada de recursos que estão divididas dentro de vários processamentos.
Reportando-se ao executivo central como parte principal do conjunto, Baddeley e Hitch
(1974) destacam que os recursos nele existentes e que possibilitam a execução de tarefas
concomitantes, são utilizados em diferentes situações-problema. A relação que fazem entre
percepto-motoras cognitivas e o executivo central representam uma ligação natural de
processamento para a definição de uma ação. Como resultante do comportamento, a Memória
de Trabalho se firma como um construto a partir de uma realidade processada. Além de gerir
o armazenamento e a manutenção da informação, controla os dois sistemas escravos conforme
figura 3, por onde passam a informação, o circuito articulatório e a tábua viso-espacial
(BADDELEY, GATHERCOLE e PAPGNO, 2001).
Figura 3- Memória de trabalho e componentes executivos. Fonte: Baddeley, Gathercole e Papgno (2001 p.184).
Executivo central
Alça fono articulatória
Esboço visoespacial
18
18
Os chamados sistemas auxiliares circuito fono articulatório e a tábua viso-espacial
armazenam diferentes tipos de informações, entretanto ambos possuem essencialmente a
mesma estrutura. Cada um compreende dois elementos, um armazenador passivo e um
processo ativo de ensaio, ambos estão sob controle do executivo central e não realizam
funções independentes. O circuito fono articulatório é mais organizado de forma temporal,
serial, tem por função armazenar e processar a informação verbal. A retenção de informações
verbais seria por um curto período de tempo, no máximo dois segundos. A informação que se
deteriora e é perdida em poucos segundos no armazenador fonológico é restaurada pelo
mecanismo articulatório de ensaio (REASON, 2007 e BADDELEY, 1986).
A tábua de desenho viso-espacial é o segundo sistema auxiliar; tem como função
especializada na Memória de Trabalho reter e manejar as informações viso espaciais e que
utiliza a metáfora do bloco de papel, que são utilizados quando os sujeitos necessitam resolver
alguma questão. A solução de um problema implica na interação complexa de processos,
envolvendo ainda as representações mentais, a habilidade de compreender as informações
significativas que são obtidas por meio dos órgãos dos sentidos, para uma resposta adequada
como a solução de um problema, depende de uma interação de processos o que inclui a
Memória de Trabalho. O componente viso espacial é responsável pela habilidade de gerar,
reter, recuperar e transformar imagens visuais bem estruturadas. De acordo com Ellis e Young
(1988) as habilidades viso espaciais são subdivididas em habilidades espaciais e visuais. As
habilidades visuais incluem o processamento de cor, movimento, as espaciais incluem
localização espacial, atenção, conhecimento e raciocínio espacial. As habilidades
visuoespaciais estão associadas à capacidade de pensar com representações mentais ou
sistemas de signos de conteúdo visual, ligando-se às relações espaciais. Na vida cotidiana, as
habilidades visuoespaciais são importantes, como, por exemplo, no rastreio visual do
indivíduo ao dirigir um automóvel (Schlindwein-Zanini, 2009).
Segundo Embretson (1996) existem dois componentes principais da habilidade
espacial: visualização espacial e a relação espacial. A visualização espacial envolve
manipulação espacial complexa, como rotação de objetos tridimensionais, dobradura ou
reflexão de objetos complexos. A relação espacial envolve manipulações espaciais mais
simples.
19
19
Galera e Fuhs (2003) conduziram um estudo para investigar a natureza dos recursos
empregados pelo sistema de memória viso espacial determinando o efeito de duas tarefas de
supressão, uma verbal e uma aritmética, sobre o reconhecimento de letras e de padrões visuais
numa tarefa de localização espacial. Foram realizados dois experimentos. O primeiro avaliou
os recursos disponíveis ao sistema de memória visual utilizando uma tarefa de supressão
articulatória e uma tarefa de aritmética de subtração. Nestas condições foram manipuladas a
posição serial, posição espacial, conjunto apresentado e similaridade. A tarefa de localização
espacial utilizada consistiu na apresentação seqüencial de quatro estímulos em quatro
posições, seguido por um estímulo teste, apresentado em posição neutra. A taxa de recordação
correta da posição das letras foi afetada pelas tarefas intervenientes. A taxa de acerto foi
maior nas provas que o participante pode articular livremente o nome das letras. Nas provas
em que a tarefa de supressão articulatória foi utilizada a taxa de acertos foi de 71%. Nas
provas em que foram realizadas as tarefas geométricas a taxa de acertos ficou em 49%. O
desempenho não foi afetado de forma significante pela similaridade entre os estímulos. O
efeito principal da posição serial foi significante.
Comparando a tarefa aritmética com a tarefa de controle, houve redução de 40 pontos
percentuais na taxa de acertos dos 3 primeiros estímulos apresentados, e 12 na taxa de acertos
do último estímulo, sendo a vantagem do último estímulo devido ao efeito de recência. A
análise das respostas incorretas revelou que os erros tenderam a ser mais concentrados nas
posições próximas daquelas em que o alvo foi apresentado, tendendo a se agruparem em
função da proximidade temporal com o alvo.
A ausência do efeito da supressão articulatória sobre a recordação dos padrões visuais
sem nome confirma que o armazenamento desse tipo de estímulo não utiliza o laço
fonológico. Contudo, não se pode afirmar que a supressão articulatória nas provas com letras
restringindo os participantes a utilizarem apenas o rascunho viso-espacial para armazenar a
informação. A suposição inicial de que as letras, sem suas características fonológicas, se
comportariam apenas como figuras visuais não foram verificadas. A taxa de acertos obtidos
nas provas com letras é maior do que a taxa de acertos obtidos com figuras, tanto para tarefa
de supressão verbal como na tarefa aritmética. O efeito da similaridade foi reavaliado em um
novo experimento utilizando letras e padrões visuais com níveis mais acentuados de
similaridade/dissimilaridade.
No segundo experimento realizado por Galera e Fuhs (2003) foram utilizados como
estímulos 16 letras e 16 padrões visuais. As letras e padrões visuais foram combinados assim
como no experimento anterior. Os participantes passaram por duas condições experimentais,
20
20
uma tendo letras e a outra padrões visuais sem nome como estímulos. Observou-se que a
recordação das duas últimas letras em cada série foi melhor do que das duas primeiras,
revelando um efeito de recência. A taxa de recordação de letras com similaridade alta é menor
do que a taxa de recordação de letras com similaridade baixa. Essa diferença se restringiu aos
dois últimos estímulos sendo somente os estímulos recentes afetados pela similaridade. A taxa
de respostas incorretas variou de forma sistemática em função da posição espacial ocupada
pelo estímulo-teste.
A análise dos padrões visuais sem nome confirmou que a taxa de acertos também é
maior para os dois últimos estímulos apresentados, sendo a porcentagem de recordações
corretas maior quando os estímulos são poucos similares entre si do que quando são mais
similares. O efeito de similaridade variou em função da ordem de apresentação de estímulos,
ao contrário do que acontece com as letras, o efeito da similaridade é maior sobre o primeiro
estímulo. A taxa de respostas incorretas mostrou-se associada à posição espacial na qual o
alvo é apresentado. Comparando os resultados obtidos com letras e padrões visuais, pode-se
constatar que a taxa de recordação dos padrões visuais foi 26 pontos percentuais menores que
a recordação de letras. O efeito de similaridade foi menor, embora seja maior nas provas com
padrões visuais do que nas provas com letras. A taxa de reconhecimento dos dois tipos de
estímulos foi afetada pela similaridade visual, sugerindo que algum tipo de memória visual de
curto prazo está envolvido.
O efeito de similaridade visual sobre a taxa de reconhecimento de letras se restringe
aos dois últimos estímulos apresentados, sugerindo que no momento da apresentação do
estímulo esses ainda mantinham traços de suas características visuais. Os resultados
corroboram a idéia de que o armazenamento dos padrões visuais não depende do laço
articulatório, sugerindo que o armazenamento desses estímulos é realizado por um sistema de
memória visual a curto prazo. A realização simultânea da tarefa aritmética afeta de forma
simultânea as taxas de reconhecimento dos padrões visuais das letras. A supressão verbal não
afeta o desempenho dos padrões visuais, e a tarefa aritmética tem o mesmo efeito nos padrões
visuais e nas letras, podendo-se concluir que a tarefa de subtração afeta o componente
espacial do sistema de memória visoespacial a curto prazo. Os resultados corroboram a
independência entre o processamento de estímulos verbais e de estímulos visuais.
O laço fonológico é a parte mais estudada do sistema de Memória de Trabalho. As
evidências experimentais sugerem que o armazenamento e a manipulação do material verbal
são realizados por meio de dois subcomponentes: um breve armazenador, baseado na fala que
mantém a informação na memória por um curto espaço de tempo e um processo de controle
21
21
articulatório que mantém a informação na memória via um mecanismo de recitação interna
(reverberação) que consiste na repetição interna (subvocal) da informação visual ou auditiva.
O material verbal apresentado auditivamente tem acesso obrigatório ao armazenador
fonológico, que é relativamente passivo. O mecanismo de recitação ajuda a manter a
informação armazenada e recodifica em termos verbais o material apresentado visualmente
(BADDELEY, 1986; BRANDIMONTE e GERBINO, 1996).
O laço fonológico é limitado temporalmente, podendo conter tantos itens quantos
puderem ser recitados no intervalo de 1,5 a 2 segundos, portanto, está ligado à taxa de
articulação. O funcionamento desse subsistema explica os fenômenos observados nos estudos
de memória verbal a curto prazo, tais como os efeitos do tamanho de palavra, supressão
articulatória e efeitos da similaridade fonológica (BADDELEY, 1986).
O rascunho viso-espacial é responsável pelo armazenamento e manipulação da
informação visual e/ou espacial. Ele pode ser considerado como uma interface entre a
informação visual e a informação espacial, informações essas que podem ser acessadas via
órgãos de sentido ou via memória de longo prazo (BADDELEY, 2002). Embora os estudos
desse componente tenham aumentado de forma considerável nos últimos anos, ainda
permanecem em aberto muitas questões, principalmente aquelas concernentes ao mecanismo
de recitação desse sistema (BADDELEY,1990).
As diferenças de processamento entre a informação verbal/fonológica e viso-espacial
são bem documentadas na literatura (LOGIE, 1995). Todavia, essas diferenças não são muito
claras, pois existem evidências de que tendemos a utilizar rótulos verbais mesmo para
estímulos visuais para os quais não dispomos de nomes (BAHRICK e BOUCHER, 1998;
BRANDIMONTE e GERBINO, 1996; BROADBENT e BROADBENT, 1981).
Para que se possa entender a interação entre os componentes da Memória de Trabalho,
deve-se observar a realização de cálculos mentais seguindo equações escritas numa folha de
papel (ex. 3 + 6 = 9) e decidir se os números resultantes são pares ou ímpares. Em cada caso,
o uso da Memória de Trabalho incluiria a representação mental da equação escrita através do
esboço viso-espacial e a tradução dos símbolos escritos em números pronunciáveis na alça
fonológica; os conceitos de soma e de par ou ímpar, aprendidos previamente e o resultado
parcial, bem como as informações armazenadas nos subsistemas, ficariam ativados de forma
integrada no buffer episódico”, enquanto o executivo central coordenaria o processamento
dessas informações até que as respostas fossem dadas.
22
22
2.4 Aspectos neuropsicológicos da Memória de Trabalho: operações cognitivas e cérebro
A memória não está localizada em uma estrutura isolada no cérebro; ela é um
fenômeno biológico e psicológico envolvendo uma aliança de sistemas cerebrais que
funcionam juntos. Estudos de neuroimagem, tais como os descritos por (Braver, Choen,
Nystrom, Jonides, Smith e Noll (1997), Leung e Zhang (2000) Pliska, 2004)sugerem que o
córtex pré-frontal encontra-se envolvido no processo da Memória de Trabalho, sendo
relacionado ao depositário primário de informações, o que permite a integração entre a
informação perceptual e o conhecimento armazenado.
De acordo com Pliska (2004) e Baddeley (2000), o cortex pré-frontal dorso lateral é a
estrutura fundamental da Memória de Trabalho seja da informação verbal ou espacial. A
informação verbal tende a ser processada no córtex pré-frontal dorso lateral esquerdo-laço
fonológico, enquanto a informação espacial tende a ser processada no córtex pré-frontal dorso
lateral direito-prancha viso-espacial.
O lobo temporal é uma região no cérebro que apresenta um significativo envolvimento
com a memória. Existem consideráveis evidências apontando essa região como sendo
particularmente importante para armazenar eventos passados. Esse lobo contém o neocórtex
temporal, que pode ser a região potencialmente envolvida com a memória a longo prazo.
Nessa região também existe um grupo de estruturas interconectadas que parece exercer a
função da memória para fatos e eventos (memória declarativa), entre elas está o hipocampo,
este é uma estrutura dobrada situada no lobo temporal, e ventralmente ao hipocampo estão as
estruturas corticais circundando-o e as vias que conectam essas estruturas com outras partes
do cérebro, estão 3 (três) regiões corticais que cercam o sulco rinal; o córtex entorrinal, que
ocupa a margem medial do sulco rinal; o córtex perirrinal na margem lateral, e o córtex
hipocampal, que se situa lateralmente ao sulco rinal.
O hipocampo ajuda a selecionar onde os aspectos importantes para fatos e eventos
serão armazenados e está envolvido também com o reconhecimento de novidades e com as
relações espaciais, tais como o reconhecimento de uma rota rodoviária. Das áreas cerebrais
envolvidas na Memória de Trabalho, aquela que permite o processamento rápido de todo tipo
de informação é o córtex pré-frontal e suas conexões, ressalta-se ainda a cadeia de
mecanismos bioquímicos que interagem nesses processos. Segundo Izquierdo (2003), a MT
em humanos e em animais como primata obedece à atividade neural do córtex pré-frontal a
23
23
estímulos que a colocam em ação (dura segundos ou minutos) e não deixa traços
neuroquímicos ou comportamentais. É um sistema operacional do córtex pré-frontal.
Na figura 4, a demonstração das áreas cuja função é a formação e armazenamento
inicial das memórias de fatos e eventos (memórias declarativas): o hipocampo e suas
conexões. A MT está relacionada a seguintes áreas corticais: córtex pré-frontal; córtex
entorrinal; parietal superior, cingulado anterior e hipocampo.
Figura 4- Áreas de armazenamento. Fonte: Netto (2005 p.281)
Essas áreas se conectam entre si, produzindo a rede complexa de memórias. A MT não
produz muitas alterações bioquímicas, ela utiliza basicamente a atividade elétrica dos
neurônios pré-frontais. Está ligada a algumas estruturas do sistema límbico e por isso sofre
influencia do estado emocional.
A Memória de Trabalho é crucial tanto no momento da aquisição como no momento
da evocação de toda e qualquer lembrança. Através dela armazenam-se temporariamente
informações que serão úteis apenas para o raciocínio imediato e a resolução de problemas, ou
para a elaboração de comportamentos, podendo ser esquecidas logo a seguir. Em outras
palavras, ela mantém a informação viva durante poucos segundos ou minutos, enquanto ela
está sendo percebida ou processada (fig5). Armazena-se na Memória de Trabalho, por
exemplo, o local onde estacionamos o automóvel, uma informação que será necessária até o
24
24
momento de chegarmos até o carro. Essa forma de memória é sustentada pela atividade
elétrica de neurônios do córtex pré-frontal (a área do lobo frontal anterior ao córtex motor).
Esses neurônios interagem com outros, através do córtex entorrinal, inclusive do hipocampo,
durante a percepção, aquisição ou evocação.
Figura 5- Atuação da Memória de Trabalho. Fonte: Netto (2005 p.29)
As alterações celulares decorrentes da aprendizagem e memória são chamadas de
plasticidade. Elas se referem a uma alteração na eficiência das sinapses e podem aumentar a
transmissão de impulsos nervosos, modulando assim o comportamento. A experiência pode se
dar por uma aprendizagem ativa ou pela convivência em lugares enriquecidos com indivíduos,
cores, música, sons.
Em laboratórios também foi possível demonstrar que ratos apresentam um número
muito maior de células cerebrais interconectadas umas com as outras quando eles vivem em
conjunto em uma gaiola cheia de brinquedos como rodinhas, bolas, entre outros, do que os
ratos que vivem em uma gaiola sozinhos e sem nada para fazer ou aprender. Alguns
estudiosos do fenômeno da aprendizagem e memória na década de 40, Donald Hebb, de
Montreal, e Jersy Konorski, da Polônia, foram os primeiros a acreditar que a memória deve
envolver mudanças ou aumentos nos circuitos nervosos. Circuitos nervosos são conjuntos de
neurônios que se comunicam entre si através de junções denominadas de sinapses.
Técnicas de imagem progrediram de tal forma nos últimos anos que o possíveis
obter imagens do cérebro humano vivo que revelam, a um tempo sua estrutura e seu
funcionamento. Estudos e pesquisas realizados por Pliska (2004) acerca da Memória de
Trabalho, imagens captadas por Ressonância Magnética Funcional (RMF) permitiram
estabelecer uma arquitetura funcional dessa memória, identificando o papel da alça viso-
espacial.
O sistema visual humano é primordial para a Memória de Trabalho. As informações
provenientes da retina chegam à parte posterior do córtex cerebral, o córtex visual, para então
25
25
a informação avançar ao longo de vias de processamento especializadas anatomicamente
diferentes. O conjunto do córtex visual compreende pelo menos 30 áreas especializadas na
análise dos movimentos, na percepção de formas, das cores dos rostos.
Nos estudos de Espósito e colaboradores. (2008) é plenamente aceito o fato de que o
córtex pré-frontal apresenta um papel essencial nos mecanismos da Memória de Trabalho
visual, e são explicadas duas concepções do papel do córtex pré-frontal na Memória de
Trabalho, cada um desses modelos postula uma distribuição das regiões pré-frontais de
acordo com um eixo dorso ventral. A captação de imagens por ressonância magnética
funcional é uma técnica dita “hemodinâmica”, baseada na observação de sinais que não
derivam da atividade intrínseca dos neurônios, mas das conseqüências locais dessa atividade
elétrica sobre a circulação sanguínea e sobre o consumo de energia do cérebro. Quando numa
região cerebral o fluxo sanguíneo aumenta, isso modifica a oxigenação do sangue, aferida
pelas imagens. Através dessa captação, a cada 3 segundos, em média, obtém-se imagens do
cérebro em atividade, o que permite acompanhar as variações de oxigenação entre diferentes
estados cognitivos.
Durante tarefas de Memória de Trabalho visual, Courtney e colaboradores (1998)
observaram a ativação, no córtex visual, das áreas ventrais envolvidas na visão de objetos e
das áreas dorsais envolvidas na noção de espaço. Foi observada, também, ativação do córtex
de pré- frontal, especialmente das áreas ventrolateral, utilizadas na Memória de Trabalho para
representações imagéticas de objetos, e áreas dorso laterais, utilizadas principalmente na
Memória de Trabalho para posições espaciais de objetos.
A organização dessa distribuição do sistema neural para a Memória de Trabalho em
macacos parece permanecer em humanos, entretanto existem, algumas diferenças entre as
duas espécies. Em humanos, áreas especializadas para representações imagéticas de objetos
apresentam uma localização mais inferior no córtex temporal, enquanto áreas especializadas
em posições espaciais de objetos apresentam-se em um local mais superior no córtex parietal.
Esse deslocamento das áreas visuais para longe do córtex perissilviano posterior pode estar
relacionado com aparecimento da linguagem no curso da evolução cerebral (COURTNEY
UNGERLEIDER, KEIL e HAXBY, 1998).
Estudo realizado por Postle, Stern, Rosen e Corkin (2000) relatou intensa ativação das
áreas pré-frontais bilaterais (área 46), córtex pré-motor medial e lateral reas 6 e 8) e córtex
parietal (áreas 7 e 40) em tarefas de Memória de Trabalho com informações viso-espaciais.
Pacientes com lesões pré-frontais bilaterais apresentam dificuldades em tarefas de Memória
de Trabalho. Raramente eles exibem problemas de linguagem explícitos e reconhecem objetos
26
26
facilmente, entretanto, quando avaliados, esses pacientes apresentam prejuízos, tendendo a
perseverar nas respostas emitidas, apesar de terem melhor desempenho que pacientes com
lesões temporais e parietais em tarefas de memória de armazenamento, que simplesmente
exigem a recordação da informação imediatamente após sua apresentação (BEAR,
CONNORS e PARADISO, 2008; PLISKA, 2004).
2.5 Pesquisas em neuropsicologia e Memória de Trabalho
Wechsler e colaboradores. (2005) estudaram a Memória de Trabalho e as habilidades
cognitivas por meio de subteste de Números Invertidos, visando avaliar a memória imediata
enquanto realizavam outro tipo de operação mental, que é a inversão, presente no subteste. A
tarefa solicitada nesse subteste é a repetição, em ordem inversa, de cada uma das 30 séries
apresentadas pelo examinador, e o processamento, composto pelo subteste de
Emparelhamento Visual, que teve por objetivo avaliar a rapidez de discriminar símbolos
visuais. A tarefa solicitada é a indicação dos números que se encontram repetidos e encontram
alta significância de rapidez de processamento em pessoas com inteligência acima da média.
Guerreiro, Guelhas e Madruga (2006) pesquisaram o raciocínio indutivo e a atuação
da Memória de Trabalho através de uma série de frases lida em voz alta. As séries começam
com duas frases, e o número de frases vai aumentando até um máximo de seis. Em cada nível
apresentam-se ao participante três ensaios ou ries de frases: três séries de duas frases, três
séries de três frases, três séries de quatro frases. Não houve diferença significativamente
estatística no nível das tarefas de Memória de Trabalho e tarefa de raciocínio silogístico. O
desempenho inferior em crianças com desvio fonológico e Memória de Trabalho foi estudado
por Linassi (2006) por meio de repetição de palavras e dígitos.
Em estudos sobre a relação entre patologias e Memória de Trabalho, Tuon, Portuguez
e Costa (2008) avaliaram os pacientes com a doença de Alzheimer e epilepsia por meio de
testes visando identificar os sujeitos com percepção de elementos visuais inseridos no espaço
e a associação deles com coordenadas e orientação corporal, resultando na composição e
consolidação de um mapa espacial do ambiente, através de movimentos específicos e
memórias de posições de figuras, gerando escores em percentuais de acertos e erros,
observaram sensibilidade do instrumento nos déficit de memória.
Allegri (2001), ao pesquisar Memória e pacientes com demência fronto-temporal e a
do tipo Alzheimer, observou que os resultados das avaliações neuropsicológicas de ambos os
27
27
tipos de demências estão significativamente abaixo dos resultados obtidos pelos sujeitos-
controle. As avaliações continham uma lista de palavras (memória episódica) e o desempenho
no teste de denominação de Boston (memória semântica). A Memória de Trabalho e
psicologia cerebral foi estudada por Capovilla (1998) através da recordação livre, em que após
ouvir cada série de palavras, o sujeito selecionava, via tela sensível no monitor de seu sistema,
as figuras cujos nomes eram falados pelo examinador.
Palmini (2001) estudou o distúrbio de percepção temporal e sua influência na
Memória: Estudo de Caso de Paciente com Lesão Frontal, por meio de provas de span dígitos
e span de palavras, para avaliar a Memória de trabalho com Interferência, foi solicitada a
repetição de três letras após 10 e 20 segundos, concomitante ao movimento de dedilhar sobre
a mesa. Utilizou ainda Tarefas Ecológicas de Memória Prospectiva: Duas tarefas de memória
prospectiva, utilizando atividades simples, foram solicitadas à AB: (1) lembrar o examinador
para telefonar ao seu dentista ao terminar a sessão e (2) no dia seguinte, telefonar-lhe às oito
horas da noite. A prova experimental de memória prospectiva e Memória de Trabalho: foi
realizada uma adaptação da prova de Einstein e Daniel (1990). No início da sessão, AB foi
avisada de que iria fazer várias provas de memória. A última delas, que seria realizada no
final da sessão, visava verificar a capacidade de retenção da memória de curto prazo. Seriam
apresentadas 35 seqüências de algarismos para serem repetidas logo após. Cada seqüência era
composta de três a sete algarismos. Nesta prova se verificava também a memória de lembrar
coisas no futuro, a "memória de agenda". Para verificá-la, foi solicitado: "cada vez que ouvir,
na seqüência de números, o número oito, terá que bater na mesa". Essa ordem deveria ser
lembrada quando a prova de memória de curto prazo começasse. Trinta minutos depois, AB
foi informada de que iria iniciar a prova de memória de curto prazo.
As instruções dessa prova foram repetidas, mas AB não foi lembrada que deveria bater
na mesa ao ouvir o número oito. A Prova de Aprendizagem Verbal de Rey (Uma adaptação
realizada da prova de Rey consistiu em cinco apresentações de 16 palavras de quatro
categorias (partes do corpo, animais, membros da família e objetos da casa). AB foi
informada que ninguém consegue lembrar todas as palavras de uma vez. Por esta razão, as
palavras seriam repetidas cinco vezes. Após, foi apresentada outra lista e solicitada a repetição
da anterior. Por fim, após 30 minutos, AB repetiu a seqüência inicial. Observou-se resultado
falho para tarefas de memória prospectiva.
Walker e colaboradores (1993) manipularam a similaridade visual de letras fazendo
modificações na aparência delas, de modo a exacerbar características divididas por elas ou
introduzindo características que serviram de base para a medida de similaridade. Os
28
28
participantes (adultos) observaram uma lista de 4 letras e, após um curto intervalo,
apresentou-lhes um estímulo-teste numa localização espacial neutra, situada abaixo da lista
memorizada. A tarefa do participante consistiu em indicar em que localização espacial da lista
o estímulo teste tinha sido apresentado. A percentagem de respostas corretas foi afetada pela
similaridade visual, com uma vantagem das provas visualmente dissimilares entre si,
relativamente às provas visualmente similares. Esse efeito da similaridade foi interpretado
como indicativo de que a memória de curta duração para a localização espacial é mediada por
um armazenador visual que não está restrito aos itens apresentados mais recentemente. Num
outro estudo, Walker e colaboradores. (1994, Exp. 1) manipularam a similaridade visual de
letras de duas formas: variando a forma e a cor dos estímulos. Sendo realizado com crianças,
a tarefa consistiu em indicar a posição espacial em que uma das letras tinha sido apresentada.
O desempenho das crianças piorou na condição de similaridade alta, sugerindo a participação
de um armazenador visual. O Experimento 2 comparou a memória de crianças de 5-7 anos
para a cor da forma ou sua localização espacial. Embora tenha havido uma melhora na
memória para localização espacial, ela se restringiu aos itens pré-recência. Não foi verificado
correlação entre idade e identificação da cor.
Estudos com crianças são utilizados para se demonstrar como e quando se
desenvolvem os componentes verbais e viso-espaciais da Memória de Trabalho. Alguns
desses estudos (GATHERCOLE e HITCH, 1993) mostraram que o processo de recitação
articulatória se desenvolve com a idade, embora as idades em que a recitação foi observada
variem com as situações estudadas.
O efeito de tamanho de palavra tem sido encontrado em crianças de 4 anos quando
estímulos verbais são apresentados de maneira auditiva (HULME, THOMSON, MUIR, e
LAWRENCE, 1984; HULME e TORDOFF, 1989). Em contraste, com apresentação visual
(desenhos de objetos), os efeitos de tamanho de palavra não aparecem antes de 7 ou 8 anos de
idade. Crianças mais velhas (pelo menos de 8 anos em diante) usam espontaneamente a
recitação articulatória quando a apresentação dos estímulos é auditiva ou visual.
Hitch e colaboradores (1988) sugeriram que a codificação verbal não substitui
meramente a codificação visual, mas que o desenvolvimento consiste de uma multiplicação
do número possível de sistemas de codificação. Mudanças desenvolvimentais em tarefas que
exigem o rascunho viso-espacial também têm sido investigadas. Schumann-Hengsteler,
Demmel e Seitz (1992) mostraram que pouca mudança qualitativa entre crianças de 5 e 10
anos na habilidade para desempenhar tarefas que exigem o rascunho viso-espacial quando tais
tarefas não variam em termos de complexidade (ver também, Hitch e cols, 1988; Hitch e cols
29
29
1989). Embora pelo menos um estudo (MANDLER, SEEGMILLER, e DAY, 1977) não tenha
mostrado diferenças claras entre crianças e adultos, outros estudos têm mostrado padrões
desenvolvimentais em crianças (PARK e JAMES, 1983) e mudanças entre infância e idade
adulta (VON WRIGHT, GEBHARD, e KARTTUNEN, 1975). Outros ainda mostraram que
os adultos tiveram um desempenho melhor que as pessoas idosas em tarefas de memória para
localização espacial (LIGHT e ZELINSKI, 1983; PARK, PUGLISI, e LUTZ, 1982) ver
também PEZDEK, 1983. Schulmann-Hengsteler (1992), trabalhando com crianças de 4 a 10
anos, em um experimento em que deveriam olhar para um display por 4 segundos e depois
reconstruí-lo, encontrou uma melhora para a memorização dos itens com a idade, bem como
para a associação item-localização.
Lopes, Lopes e Galera (2005) estudaram o processamento da informação viso-
espacial em crianças de seis faixas etárias que cobrem o início do processo de leitura. Para
esse fim, empregaram uma tarefa de recordação da localização espacial utilizando letras como
estímulos. De acordo com a suposição de que as crianças utilizam inicialmente um processo
de armazenamento e recitação baseado em características visuais, devemos supor que o
desempenho de crianças mais jovens será mais prejudicado por fatores visuais que afetem a
tarefa de recordação, tal como a similaridade visual ou a diferença de cor entre os estímulos
(WALKER, HITCH, E DUROE, 1993)
Gathercole (1997) estudou a Memória de Trabalho na avaliação clínica dos transtornos
de desenvolvimento de indivíduos com uma escala que avalia a Síndrome de Williams,
distúrbio da linguagem e TDAH, e identifica meios úteis de para trabalhar as dificuldades de
aprendizagem em sala de aula das crianças com déficits da Memória de Trabalho. Gathercole
e Broadbent (2007) relacionaram por meio de tarefas a memória de trabalho e as habilidades
cognitivas. Os participantes responderam medidas de domínios nas áreas verbais e viso-
espacial. No domínio verbal foram poucas as correlações entre a memória de trabalho,
compreensão da leitura e aritmética. Entretanto, o desempenho nas tarefas da memória em
domínios verbais e viso-espacial predisseram uma variação na compreensão e na aritmética.
Gathercole e Baddeley (1993) realizaram um estudo longitudinal sobre a contribuição
da memória fonológica de trabalho na aquisição de vocabulário e no desenvolvimento da
leitura. Foram testadas 80 crianças quando da entrada na escola e depois testadas em três
ocasiões posteriores nas idades de 5, 6 e 8 anos. Os resultados indicaram que as habilidades
de memória fonológica se desenvolvem a partir do primeiro ano da escola, mas que,
subseqüentemente, o conhecimento vocabular é um regulador (limitador) no desenvolvimento
do relacionamento com a memória. Concluíram que a habilidade de memória fonológica em
30
30
crianças pré-leitoras está significativamente ligada aos resultados dos testes de leitura na
idade de 8 anos, o que encoraja o uso da estratégia de recodificação fonológica. As
implicações teóricas e práticas desse achado e as áreas importantes para pesquisa futura são
discutidas. Foram utilizados instrumentos de teste de repetição de pseudopalavras, habilidade
de memória fonológica, inteligência não-verbal vocabulário receptivo e leitura.
Gathercole (1997) estudou o modelo verbal da memória de curto prazo.
Aqui são desenhados modelos de memória de curto prazo (STM), articulação entre a área
fonológica e áreas de trabalho, a similaridade fonológica e lexicalidade (menor tempo de
resposta de palavras reais do que palavras inventadas). Todos são modelos que não têm um
correspondente neural direto e específico. São níveis de análise diferentes. No entanto, os
modelos propostos são científicos e falsificáveis e extremamente úteis para entender o que
está acontecendo na mente durante as operações verbais.
O capítulo discutiu a Memória de Trabalho, compreendida por meio de uma central
executiva auxiliada por dois sistemas de suporte responsáveis pelo arquivamento temporário e
manipulação de informações, um de natureza viso-espacial e outro de natureza fonológica. A
central executiva, com capacidade limitada, proporcionaria a conexão entre os sistemas de
suporte e a memória de longa duração e seria a responsável pela seleção de estratégias e
planos. Diferentes tipos de tarefas vêm sendo empregadas para investigar as características da
Memória de Trabalho.
31
31
CAPÍTULO 3 ERGONOMIA COGNITIVA, MEMÓRIA DE TRABALHO E
ACIDENTE DE TRÂNSITO
A ergonomia é uma disciplina que procura compreender a interação entre o ser
humano e diferentes sistemas e seus elementos com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho e
garantir o seu bem-estar. Sendo assim, a ergonomia preocupa-se com a demanda de novos
conhecimentos e instrumentos que permitam explicar as ações individuais e os mecanismos
subjetivos a ela. Conforme Silvino e Abrahão (2002 p. 69). A Ergonomia como um todo,
preocupa-se em responder as exigências e evolução do trabalho desenvolvendo novos
referenciais de pesquisa e intervenção. A Ergonomia Cognitiva por sua vez, investiga os
conhecimentos e as competências humanas necessárias à ação e a demonstração das
habilidades em agir. Subentende-se, portanto que a ergonomia cognitiva considera os
processos cognitivos como suporte necessário á compreensão do desempenho nas tarefas,
tendo em vista a natureza da estimulação, da informação e dos objetivos a serem realizados.
Silvino e Abrahão (2002) ampliam o conceito de ergonomia cognitiva ao explicar o
tratamento de informações num dado contexto mediado pelos objetivos e exigências da tarefa
associada às características das pessoas envolvidas. O uso dos conhecimentos e técnicas de
Ergonomia Cognitiva, segundo Cañas e Waern (2001), conduz ao estudo cognitivo da relação
do homem e dos elementos físicos e sociais do local de trabalho e, mais concretamente,
quando essa relação é mediada pelo uso de máquinas e artefatos. É nessa perspectiva que,
segundo Abrahão, Silvino e Sarmet (2005), a Ergonomia Cognitiva (EC) busca contribuir
com um referencial teórico e metodológico que permita analisar como o trabalho afeta a
cognição humana.
Well-Fassina (1990) propõe como objetivo compreender como os indivíduos regulam
e solucionam problemas na realidade encontrada. A Ergonomia Cognitiva investiga esses
processos para entender a natureza e localização do trabalho mental nos sistemas humanos-
máquinas. Assim os processos e formas de conhecimentos, a construção da representação e a
aquisição de conhecimento constituem um importante objeto de estudo.
A Ergonomia Cognitiva é definida por Cruz (2005) como “uma especialidade da
ergonomia, ciência do trabalho que estuda as repercussões da organização e dos processos de
trabalhos (ambientes, artefatos, métodos) sobre o conforto, a segurança e a ·saúde. Sendo
assim, as questões de saúde e segurança no trânsito e os programas de ergonomia podem ser
fundamentados na cultura prevencionista”. Para Vygotsky (1999, p. 58), “artefatos são
32
32
instrumentos interpostos entre o trabalhador e objeto do seu trabalho, ampliando as
possibilidades de transformação da natureza”. O veículo, por exemplo, transporta o homem e
cargas para os mais diversos fins. O instrumento ou artefato é feito especialmente para certo
objetivo. Ele traz consigo, portanto, a função para qual foi criado e o modo de utilização
desenvolvido durante a história e seu uso coletivo. É, pois, um objeto social e mediador da
relação entre o indivíduo e o mundo. O conceito psicológico de instrumento, proposto por
Rabardel, citado por Rosa (1998, p. 66) funda-se na idéia de que: “o instrumento é uma
entidade mista: de um lado, um artefato (material ou simbólico) produzido pelo sujeito ou por
outros e, de outro, um ou vários esquemas mentais”.
A noção de instrumento tem sido usada para designar artefatos externos ao sujeito que
resultam de um processo de elaboração de caráter social, compondo os conhecimentos do
grupo. A função operativa dessa modalidade de instrumento é realizada por meio da atividade
cognitiva do sujeito. A ação de dirigir é indissociável de uma diversidade de artefatos tais
como: signos (placas, semáforos), procedimentos (ação para dirigir), máquinas (o próprio
veículo em si), leis (Código Brasileiro de Trânsito). A Ergonomia tem como objetivo a
compreensão das interações entre o homem e os outros elementos de um sistema de trabalho,
visando de forma integrada a saúde, a segurança e o conforto do indivíduo, bem como a
eficácia dos sistemas.
Quando se utilizam os termos cognição e ergonomia, (fig.5) isso é feito para indicar
que o objetivo é estudar os aspectos cognitivos da interação entre as pessoas, o sistema de
trabalho e os artefatos. A cognição possui uma relação com a aquisição, manutenção e uso do
conhecimento.
FIGURA 6- Relação trânsito e ergonomia. FONTE Armôa
1
2007
1
Sandra Luzia Haerter Armôa acadêmica doutorando do curso de pós graduação em Engenharia da Produção.
Concentração em Ergonomia. UFSC.
33
33
Para entender a importância da ergonomia cognitiva no comportamento do condutor,
faz-se necessário discutir a atividade mental que culmina no comportamento adotado no ato
de dirigir. A ergonomia cognitiva tem como objetivo explicitar como se articulam os
processos cognitivos em face das situações de resolução de problemas nos seus diferentes
níveis de complexidade. Sendo assim, entender como o ser humano atua no ambiente do
trânsito, como dele retira informações e reage aos outros elementos presentes, decidindo que
ações tomar, faz parte do foco de atenção da ergonomia cognitiva e constitui um dos pontos
fundamentais para que o condutor desempenhe suas tarefas com segurança e conforto.
Os três elementos básicos do trânsito para Rozestraten (1998) são: a via ou o ambiente
viário, o veículo e o usuário da via e/ou do veículo. A interação entre esses três elementos
gera o trânsito. Nessa interação, o elemento mais importante é o homem, pois foi por ele e
para ele que a via e o veículo foram criados.
Um motorista, na situação do trânsito, está continuamente em movimento, e esse
movimento deve regular de acordo com as circunstâncias. O condutor não somente está em
movimento, mas também está no meio de outros condutores cujas máquinas se movimentam.
O ambiente de um condutor de veículos está constantemente em mudança, surgindo sempre
novas situações às quais ele deve reagir. Uma vez que o condutor no trânsito está no meio de
vários outros veículos, ele tem que controlar constantemente sua velocidade e a direção dos
movimentos de seu veículo, bem como avaliar quase sem parar as distâncias com os veículos
a sua frente, aos lados e atrás. Existe uma série de regras que ele deve conhecer e observar, e
cuja não-observação pode ter conseqüências desastrosas. O condutor não tem que dirigir sua
máquina por si só, ele constantemente está no meio de outros e deve contar com
comportamentos errados dos outros, aos quais ele deve dar uma resposta rápida e adequada
dentro das normas da direção defensiva. A atenção do condutor de trânsito deve oscilar entre
uma atenção difusa sobre toda a situação de trânsito - um campo bastante amplo - e dentro
desse campo ele deve ter uma atenção concentrada sobre pontos que podem significar riscos
especiais, ou sinais aos quais deve obedecer. O condutor tem em sua volta milhares de
estímulos que facilmente podem desviar sua atenção, tanto que a falta de atenção é
considerada com fator responsável por 40% de acidentes. (HOFFMANN; CARBONELL e
MONTORO, 2005)
Para a Ergonomia Cognitiva é fundamental avaliar a percepção dos sinais, o
processamento da informação com conseqüente tomada de decisão e uma ação como resposta.
O objetivo da ergonomia cognitiva é transpor o conhecimento sobre o comportamento
humano para o projeto de sistemas compatíveis com a capacidade dos seres humanos.
34
34
Os processos cognitivos envolvidos na interação usuário-artefato são analisados pela
EC, principalmente em relação aos processos mnemônicos (relativos à memória), atencionais
(a escolha dos elementos essenciais), perceptivos (a captura e decodificação da informação) e
tomada de decisão (a intervenção na realidade). Colocá-los em evidência fornece elementos
para compreender como os condutores avaliam as situações no trânsito, que objetivos eles
estabelecem, como planificam suas ações e, principalmente, como eles constroem ou
escolhem os meios para agir e controlar os efeitos de sua atividade, ou seja, o que permeia o
processo decisório diante das regras em dados momentos do ato de dirigir.
Segundo Rozestraten (1988) para que ocorra um comportamento no trânsito é
necessário a presença de um estímulo externo, a detecção desse estímulo pelos órgãos dos
sentidos, o processamento da informação, a tomada de decisão, a resposta ou reação e o
feedback. A esse conjunto de ações o autor denomina de paradigma da psicogênese do
comportamento humano. Uma falha em qualquer das fases desse processo pode gerar uma
falha no comportamento final.
A atividade cognitiva humana é a atividade de decodificar o mundo e resulta do
trabalho conjunto e integrado dos dois hemisférios cerebrais com suas principais unidades
cerebrais produzindo as funções mentais (GOMES, 2003). As funções mentais são divididas
em: modelos mentais, atenção, percepção, memória, raciocínio, aprendizado e curso das
ações. Os modelos mentais são relativos a um sistema de interação e variam de indivíduo para
indivíduo, princípio importante na ergonomia.
A função cognitiva da atenção pode ser entendida como uma atitude psicológica por
meio da qual concentramos a nossa atividade psíquica sobre um estímulo específico, seja esse
estímulo, uma sensação, uma percepção, uma representação, um afeto ou desejo, a fim de
elaborar os conceitos e os raciocínios a serem empregados. Gomes (2003, p. 113) afirma que
“a atenção seleciona e dirige o foco da atividade cognitiva”. A percepção através desse foco
traz os sinais dos objetos e das condições do meio circundante, por conseguinte, torna-se a
fase de captação das informações do ambiente. É, portanto, a interpretação da detecção da
sensação, ou seja, é aquilo que se sente e se percebe.
A meria fornece os conhecimentos anteriores por meio de padrões comparativos
para analisar a informação recebida, ela é o conjunto de fenômenos que têm em comum o
fato de restitrem a informação, com maior ou menor transformação, após certo tempo,
quando a fonte dessa informação não está mais presente (completa ou parcialmente).
A capacidade de memorização humana apresenta três modelos de estocagem, quais
sejam: memória sensorial, que consiste em um meio de armazenamento de capacidade
35
35
limitada, que é conservada apenas por alguns décimos de segundos, sem possibilidade de
alongamento; Memória de Trabalho, que se trata de um meio capaz de armazenar de 6 a 7
itens por poucos segundos; e, por último, memória permanente/longo tempo (MLT), que
consiste em um meio de armazenamento de informações (um registro permanente), a partir
da Memória de Trabalho. Tais informações, por esse processo, tornam-se os esquemas, que
representam a base de conhecimentos dos indivíduos (STERNBERG, 2000, DEL NERO,
1997, POZO, 2001).
O estudo da Memória de Trabalho é importante para o entendimento dos processos
cognitivos envolvidos na atividade do trabalho e, como observam Silvino e Abraão (2002)
estudar o funcionamento da Memória de Trabalho significa ampliar o grau de avaliação
sobre a temporariedade do armazenamento e processamento de informação, aspecto
considerado importante para compreender quase todos os aspectos cognitivos (fig.6)
envolvidos em uma atividade humana.
FIGURA-7 Condutor e Memória de Trabalho. FONTE Armôa 2007
A Memória de Trabalho (MT) refere-se ao armazenamento transitório de informações
e reflete habilidades de representar mentalmente conceitos e atributos de um mesmo ou vários
estímulos (BADDELEY, 1986). No trânsito, o condutor se depara simultaneamente com
vários estímulos, com a sinalização horizontal e vertical, tais como as placas, os semáforos e
as lombadas eletrônicas, acompanhados de seus atributos como as cores, formas, tamanhos,
letras, números. Nesse momento, acontece a interação entre os conhecimentos adquiridos
36
36
anteriormente e os conhecimentos novos: significado das placas, modelos novos de semáforo
e de aferição de velocidade.
Christodoulos e colaboradores (2001), por sua vez, enfatiza que a Memória de
Trabalho é a manutenção da informação durante a evocação, com a capacidade de estocagem
temporária e limitada em um curto espaço de tempo, que permite efetuar manobras sobre as
informações.
Nesse sentido, estudos sobre a Memória de Trabalho oferecem, portanto,
possibilidades atrativas do ponto de vista da sua validade de construto, sendo importante o seu
estudo no comportamento de conduzir veículos, pois, para decodificar os símbolos das placas
é necessária a representação temporária desses símbolos, o que exige uma destreza do
complexo cognitivo, sendo que os produtos novos devem ser armazenados tão bem quanto o
problema original (CHRISTODOULOS e colaboradores 2001). Os símbolos representados
nas sinalizações funcionam como signos, eles são auxiliares das funções cognitivas. Vygotsky
(1999, p. 64) os define “como elementos que representam ou expressam objetos”. A função
do signo é mnêmica, ou seja, são técnicas específicas que auxiliam a memorização de objetos
quando lhes são dados significados. Essas estratégias mnemônicas ocorrem na habilidade de
conduzir, na interação através das sinalizações que auxiliam o condutor no cumprimento do
Código Brasileiro de Trânsito.
O modelo operacionalizado por Salthouse e Babcock (1991) concebe a Memória de
Trabalho em termos de algumas características dos processos componentes, principalmente
sua dinâmica temporal. A primeira característica é a eficiência de processamento,
operacionalizada como velocidade de processamento (SALTHOUSE e BABCOCK, 1991).
Para Salthouse e Babcock (1991) a capacidade de seqüenciamento de operações pode ser
explicada em função da velocidade de processamento. Quanto mais rapidamente forem
executadas as operações mentais, maior será a capacidade de armazenamento em um dado
momento psicológico. A segunda característica corresponde a um processo propriamente dito
e consiste na capacidade de armazenamento temporário (CHRISTODOULOS e cols 2001).
Finalmente, a última característica consiste na capacidade de coordenação entre as diversas
operações, principalmente, coordenação entre armazenamento e execução de operações de
solução de problemas, o que corresponde ao aspecto verdadeiro "executivo" do modelo.
Salthouse e Babcock (1991) considera que a capacidade de coordenação depende de
mecanismos simultâneos de integração.
É importante observar que a leitura da realidade desenvolvida pelo condutor é o
resultado do processamento das informações, como exposto acima; por conseguinte, surgem o
37
37
conceito, a idéia, o pensamento e uma representação mental do ambiente que permitem
compreender e ordenar as ações. É nesse momento que aparecem as respostas do condutor
frente aos requisitos solicitados pelo ambiente do trânsito. A ergonomia cognitiva estuda
quais os processos psicológicos envolvidos na relação do homem com as atividades,
utilizando princípios baseados em conhecimentos da Psicologia cognitiva.
3.1 Comportamento seguro
O estudo do comportamento é o âmbito da Psicologia que se ocupa do componente da
segurança da conduta humana. Tem aplicações em todos os contextos da vida humana em que
a segurança da conduta humana é relevante. O adjetivo seguro pode ser utilizado para se
referir àquilo que o condutor faz e que contribui para a não ocorrência de acidentes. Da
mesma forma, os comportamentos considerados como sendo de risco são aqueles que
contribuem para que os acidentes aconteçam e são também chamados de atos inseguros. O
acidente de trânsito é um fenômeno multideterminado, os comportamentos relacionados com
a segurança também são considerados como determinados por múltiplas causas, internas e
externas ao indivíduo.
O comportamento humano inclui reações fisiológicas, emocionais e relacionamentos
interpessoais, também, de modo significativo, o desempenho, a produtividade e a cognição.
Portanto, estudar o comportamento seguro no trânsito depende de muitos fatores, entre os
quais está o contexto ou cenário ambiental. A segurança baseada em comportamento, dentro
do ambiente trânsito, envolve tipicamente criar uma sistemática, um processo contínuo que
define um conjunto de comportamentos que reduz o risco de acidentes. A análise do
comportamento, segundo Meliá (1999), permite descobrir que, em muitas ocasiões, existe um
desequilíbrio de contingências contrário à conduta segura e favorável às condutas inseguras.
Por exemplo, rodovias mal conservadas, mal sinalizadas, chuvas, alagamentos e
congestionamentos, entre outros, fazem parte do ambiente do trânsito.
É no ambiente do trânsito que o condutor expressa por meio dos seus procedimentos a
sua representação interna desse fenômeno. Para Rozestraten (1988, p. 38), “criam-se leis,
normas e regras para o respeito e para a convivência, formas de controle para o
comportamento humano”. O ambiente normativo é uma das formas que busca a segurança no
trânsito. O comportamento no trânsito é controlado por regras legais previstas no Código
38
38
Trânsito Brasileiro (CTB), nas portarias e nas resoluções baixadas pelo Conselho Nacional de
Trânsito (CONTRAN).
Cabe salientar que as regras e normas são úteis para a sociedade. Nesse sentido,
estabelecer e formular regras faz parte da vida humana, ou seja, a sua instalação e manutenção
continuarão e perpetuarão as práticas culturais necessárias para a sobrevivência do grupo
como um todo. Assim, as conseqüências sociais do seguir regras dependem da aquisição de
uma linguagem, pois, conforme Matos (2002, p. 21), “seguir regras é um comportamento
evolutivo culturalmente determinado, cuja aquisição é gradual”. O comportamento é mediado,
então, por processos simbólicos e o universo humano é um mundo de signos, de imagens, de
metáforas, de emblemas e símbolos.
O Comportamento seguro de um trabalhador, de um grupo ou de uma organização, é
definido por Bley (2004) p.39 como sendo “a capacidade de identificar e controlar os riscos
presentes numa atividade no presente de forma a reduzir a probabilidade de ocorrências
indesejadas no futuro, para si e para os outros”. Para a autora, o comportamento seguro é um
resultado de fatores (internos ao indivíduo e do ambiente de trabalho) que permitem às
pessoas agir de maneira preventiva no trabalho.
As respostas que se o aos estímulos recebidos constantemente podem ser mais
impulsivas ou menos impulsivas. Quanto mais impulsivas, mais direcionadas à satisfação de
necessidades ou vontades para as quais queremos um resultado positivo imediato (uma
recompensa imediata). Damásio e Damásio (2004) estudaram representações das sensações
experimentadas, quando o resultado de uma determinada decisão foi este ou aquele, e
assumem um papel regulador do comportamento, visando maximizar decisões com
perspectivas de valências positivas e minimizar aquelas cujo cenário prospectivo é de
resultados negativos.
3.2 Comportamento seguro e percepção de risco
Quanto ao estilo de vida e diferenças individuais, Wilde (2005) afirma que as
habilidades influenciam o comportamento seguro do condutor nas vias. Segundo o autor,
existem três tipos de habilidades que têm efeito sobre o nível de percepção de risco e sobre a
ação executada: habilidades perceptivas, de tomada de decisão e habilidades para conduzir o
veículo. Tais habilidades citadas podem superestimar o condutor nas tomadas de decisões e na
39
39
condução do veículo e ter um maior risco de acidentes do que aqueles que são inferiores nessa
habilidade.
Segundo Wharton (1992),
a palavra risq, em árabe, significa algo que lhe foi dado (por
Deus) e do qual você tirará proveito, possuindo um significado de algo inesperado e favorável
ao indivíduo. Em latim, riscum conota algo também inesperado, mas desfavorável ao
indivíduo. Em grego, uma derivação do árabe risq, a palavra relata a probabilidade de um
resultado sem imposições positivas ou negativas. O francês risque tem significado negativo,
mas ocasionalmente possui conotações positivas, enquanto que, em inglês, risk possui
associações negativas bem definidas.
Conforme Bastias (1997) p.85 "risco é uma ou mais condições de uma variável que
possuem o potencial suficiente para degradar um sistema”. Seja interrompendo ou
ocasionando o desvio das metas, em termos de produto, de maneira total ou parcial, ou
aumentando os esforços programados em termos de pessoal, equipamentos, instalações,
materiais, recursos financeiro, entre outras. Dessa forma, os riscos assinalam a probabilidade
de perdas dentro de um determinado período específico de atividade de um sistema, e podem
ser expressos como a probabilidade de ocorrência de acidentes e/ou danos a pessoas, ao
patrimônio ou acarretando prejuízos financeiros. Bastias (1997) também salienta que todos os
elementos de um sistema apresentam um potencial de riscos que podem resultar na destruição
do próprio sistema.
De Cicco e Fantazzini (1994)
atribuem dois significados à palavra risco. O primeiro,
influenciado pelo trabalho de Bastias (1997) p. 72 associa o risco a uma ou mais condições de
uma variável com o potencial necessário para causar danos, que podem ser entendidos como
lesões a pessoas, danos a equipamento, instalações e ao meio ambiente.
Dessa forma, a um risco sempre estará associada uma possibilidade de ocorrência de
efeitos adversos. No segundo significado atribuído à palavra, risco expressa uma
probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de
ciclos operacionais e pode ser relacionado à probabilidade de ocorrência de um acidente
multiplicado pelo dano decorrente desse acidente em unidades operacionais, monetárias ou
humanas.
A percepção dos indicadores de riscos, bem como o processo decisório deve ser
desencadeado a partir dessa observação, depende tanto do seu conhecimento sobre o sistema
como das características cognitivas do indivíduo. Segundo Huczynski e Buchanan
(1991), a
percepção é um processo psicológico ativo pelo qual os estímulos são selecionados e
organizados dentro de um modelo conceptual da situação. Portanto, um condutor não registra
40
40
simplesmente os aspectos observados no trânsito do qual faz parte, mas atribui significados e
valores aos mesmos. Dessa forma, o processo de percepção do risco pelo homem nem sempre
é objetivo, ou quem sabe racional, mas fortemente influenciado por fatores diversos que
variam de indivíduo para indivíduo, em função de sua estrutura mental.
Essas diferenças individuais na percepção de risco de acidentes, na tomada de decisão
e habilidades executivas frente ao risco, devem ser desenvolvidas e estimuladas nos processos
educativos para que os comportamentos seguros sejam mais freqüentes. Para Bley (2004) ao
trabalhador devem ser dadas condições (capacitação e abertura) para pensar, sentir e agir
considerando os riscos aos quais está exposto e as melhores formas de controlá-los. Coerência
entre pensamento, sentimento, ação e objetivo final é o que se chama popularmente de
consciência. Wilde (2005) entende que educação é o esforço para esclarecer, civilizar e,
portanto, dar visões, crenças e valores mais maduros. Pesquisas para a redução do nível de
risco apontadas por Schmidt (1988 citada por WILDE, 2005) não devem ser orientadas para
incentivos materiais, mas para julgamento moral, consciência de segurança, de
responsabilidade pessoal e consideração pelos outros, bem como pelo ambiente ecológico. O
ato inseguro é um erro humano com potencial para causar acidentes. As conseqüências podem
atingir a própria pessoa ou quem estiver próximo. Para Santos e colaboradores (2003) quando
acontece um incidente grave, é freqüente atribuir ao ser humano o erro ocorrido, na medida
em que alguém deveria fazer diferente algo que foi feito. Porém, essa situação condicional
não permite avançar na análise do incidente.
O processo de tomada de decisão consiste na avaliação de várias opções relacionadas a
um determinado estímulo e na seleção daquela considerada mais adequada (STERNBERG,
2000). Essa escolha visa a uma conseqüência com o máximo de vantagens para o sujeito,
sejam elas imediatas ou compensadas no futuro. Nesse processo são utilizadas funções
executivas, a fim de analisar o estímulo, posicionar-se sobre ele e elaborar as respostas.
A Memória de Trabalho tem uma função executiva, cujo papel é dar utilidade às
memórias do sujeito, e orientar o processo de tomada de decisão, permitindo a recordação
sobre o que aconteceu (situações de decisões semelhantes vivenciadas no passado) e a
organização de um comportamento de resposta voltada para um resultado futuro (PALMINI,
2004). No trânsito, esse processo tem uma importância especial visto que, nesse contexto, o
indivíduo tem que tomar decisões em frações de segundos (MARIN e colaboradores, 2007).
French e cols. (citado por MARIN e cols, 2007) acreditam que por isso mais acidentes
acontecem devido ao modo como as pessoas tomam decisões do que relacionadas às
habilidades para controlar o carro.
41
41
3.3 Tomada de decisão e erro humano: acidentes
De acordo com Guber (1998), na relação do homem com a máquina, o equipamento é
cada vez mais confiável, enquanto o erro humano é uma fonte potencial para acidentes
significativos. A ão humana, em muitas situações, é de caráter errático diante das ocasiões
complexas, o que se deve em grande medida à necessidade de tomar decisões rápidas e pouco
pensada, optando por uma única solução dentre um leque quase infinito de possibilidades,
que em muitas ocasiões, o cérebro é incapaz de avaliar todas as possíveis falhas que poderiam
acontecer. Portanto, é necessário entender os complexos mecanismos do pensamento da
pessoa que provocou o erro.
O erro é definido, genericamente, quando uma seqüência de atividade mental e
psíquica planejada falha na busca do resultado esperado, sendo também, que essa falha não
pode ser atribuída à intervenção de qualquer agente (GUBER, 1998). Existem muitas formas
de organizar e classificar os erros humanos, entre eles, a perspectiva cognitiva distingue
basicamente dois tipos de falhas, que são: os lapsos e os enganos.
Segundo Sternberg (2000), os lapsos são erros na realização de um meio intencional
para alcançar um objetivo. Em geral os lapsos ocorrem quando os processos automáticos,
invadem impropriamente os processos controlados e voluntários. E os enganos são erros na
escolha de um objetivo ou na especificação de um meio para atingi-lo, envolvendo os
processos controlados e voluntários.
O processo decisório delineia-se da seguinte forma: quando o indivíduo precisa tomar
uma decisão, dispõe de um grupo de alternativas entre as quais fará sua escolha. Cada
alternativa possui um conjunto de conseqüências que podem ser de três tipos: certeza, risco e
incerteza. O indivíduo que vai decidir estabelece uma classificação das alternativas de acordo
com as prováveis conseqüências em uma seqüência preferencial. A alternativa escolhida é
aquela que apresenta um conjunto de conseqüências de sua preferência. No caso da certeza,
não ambigüidade na escolha, nos casos de risco, será escolhida a alternativa de maior
utilidade, e nos casos de incerteza, opta-se pela melhor, ou seja, aquela que tem menos
conseqüências negativas.
Muitos acidentes sérios que envolveram erros humanos foram atribuídos à tomada de
decisão dos operadores. A complexidade de uma escolha pode variar muito dependendo de
fatores como o grau de incerteza das conseqüências de uma decisão e seus riscos. A
familiaridade e habilidade nas escolhas feitas por pessoas experientes podem ser feitas mais
42
42
rapidamente e com menos esforço, entretanto, isso não garante que sejam as decisões mais
precisas. A pressão do tempo pode influenciar uma decisão.
Segundo Hoffmann e colaboradores (2003) a complexa atividade de conduzir um
veículo envolve um conjunto de fatores e processos psicológicos que integram o sistema
cognitivo humano entre eles a tomada de decisão. Na tomada de decisão alguns processos
psicológicos estão envolvidos (WICKENS e HOLLANDS, 1999) dentre eles: a detecção da
situação, ou seja, capacidade perceptiva, o condutor responsável pela tomada de decisão
precisa buscar sugestões ou informações sensoriais do ambiente. Uma vez percebida a
situação, o condutor deve fazer uma interpretação dela. As situações por vezes são confusas,
incertas, ambíguas e podem ser interpretadas incorretamente. A percepção da situação é um
dos componentes mais efetivos na tomada de decisão. Os seres humanos são relativamente
eficientes para estimar valores médios, proporção.
Outro processo psicológico envolvido é a atenção seletiva, que possui uma função
muito importante na tomada de decisão e na seleção das situações através de um filtro. Essa
seleção é baseada em experiências passadas (memória de longo prazo) e requer mais esforço.
As sugestões são selecionadas e percebidas através do entendimento e verificação da situação
levando ao diagnóstico. A combinação das operações de percepção, Memória de Trabalho e
cognição faz com que o tomador de decisão possa criar hipóteses sobre o estado atual e futuro
do mundo, esse processo chama-se verificação e conhecimento da situação.
A leitura da situação é baseada em duas fontes de informação: as sugestões externas
filtradas pela atenção seletiva e os conhecimentos anteriores existentes na memória de longo
prazo. A memória de longo prazo pode trazer ao tomador de decisões várias hipóteses do
estado atual do meio; esse processo interativo, entre situação atual e memória de longo prazo,
fica ativado na Memória de Trabalho (Fig 8) que irá gerar um conjunto de ações ou opções
de decisões.
43
43
FIGURA 8 Atuação da memória de trabalho e resposta. FONTE Armôa 2007
Se a leitura é incerta, as conseqüências das diferentes escolhas podem definir os riscos.
A consideração a respeito dos riscos requer uma estimativa de valores. A decisão é verificada
para fins de confirmação ou rejeição, aprendizado, melhoria de decisões futuras. Esse retorno
é armazenado na memória a fim de que o tomador de decisão possa revisar as regras e estimar
melhor o risco. Os condutores utilizam a Memória de Trabalho para ler uma situação,
escolhem uma hipótese, percebem uma evidência com base na experiência, isto é, na memória
de longo prazo. Caso a evidência de uma determinada situação seja ambígua, o diagnóstico
será feito com base na experiência. Quanto maior a disponibilidade e mais recente for a
informação na memória de longo prazo, maior a probabilidade de a informação ser
considerada na tomada de decisão. O excesso de confiança, proveniente da memória de longo
prazo, pode fazer com que a busca da informação correta não seja feita.
Todo o processamento de informações é necessário para sustentar a escolha da ação. A
satisfação na escolha da ação está associada à melhor escolha com base no conjunto de
atributos por ordem de importância. A incerteza na escolha da ação pode ser resultado da falta
de entendimento da situação atual do meio. Outro aspecto importante é o monitoramento
constante da decisão e escolha da ação, ou seja, o conjunto de atividade sensório motriz e
psicomotora que o condutor põe em funcionamento para manter o controle sobre o veículo e
sua trajetória.
Tudo mediado pelo conjunto de variáveis que implicam a condução (estilos
cognitivos, motivação, aprendizagem) conferindo uma relativa estabilidade ao processamento
particular da informação que cada indivíduo realiza. Hoffmann e Montoro (2005), citam que o
fator humano na segurança viária referencia um amplo conjunto de fatores psicofísicos, que
influenciam direta ou indiretamente as habilidades ou o processo decisório do condutor às
vezes com claros efeitos inibidores sobre a prudência e que podem levar a uma manobra de
44
44
risco ou acidente. Hoffmann, Carbonell e Montoro (2005) afirmam que o acidente pode ser
considerado o resultado final do processo em que se encadeiam diversos eventos, condições e
comportamentos. Os autores concordam que os fatores que culminam num acidente surgem
da complexa relação entre veículo, ambiente, normas, sinalização, regulação externa
(fiscalização) e o comportamento do condutor.
Para os ergonomistas, as falhas humanas vão exigir um grau de atenção extra em
relação aos erros provocados por uma confusão, porque irão envolver os processos cognitivos
dos seres humanos, seus modelos de entendimento, suas lógicas e suas interpretações, que
precisarão ser entendidas por ocasião da análise de suas causas.
Entre os erros humanos que explicam os acidentes, Hoffmann, Carbonell e Montoro
(2005) citam as causas diretas e indiretas (fig 9).
Variáveis que influenciam diretamente a Memória
de Trabalho
Algumas variáveis que influenciam indiretamente
na Memória de Trabalho
Erro de reconhecimento e identificação
Causas físicas e fisiológicas
Erros de processamento
Transtornos psicofísicos transitórios
Erros na tomada de decisão
Uso de substâncias tóxicas
Erros na execução da Manobra
Comportamentos interferentes
Busca intencional de riscos
Agentes inibidores de prudência
Inexperiência
FIGURA 9 : Algumas variáveis que afetam direta e indiretamente a Memória de Trabalho. FONTE Armôa
(2007), adaptado de Hoffmann, Carbonell e Montoro (2005).
Para Hoffmann, Carbonell e Montoro (2005) um conjunto de variáveis
relativamente constantes, nos estudos de comportamento no trânsito, que constituem o escopo
de investigação da conduta no trânsito, especialmente as variáveis denominadas causas
indiretas, ou seja, aquelas condições e estados do condutor que afetam adversamente as suas
habilidades para utilizar as funções de processamento de informação, entre elas a Memória de
Trabalho, necessária no desempenho seguro da tarefa de condução.
Nesse capítulo discutiu-se a relação do ser humano com o meio onde este produz uma
representação do mundo que lhe confere significação, sendo importante, então, compreender a
influência da Memória de Trabalho na apropriação das informações contidas nas placas de
sinalização no ambiente do trânsito, na perspectiva de incorporar essas representações
(esquemas), conceitualmente, objetivando um comportamento seguro.
MEMÓRIA DE TRABALHO
45
45
CAPÍTULO 4 MÉTODO
4.1 Natureza e desenho da pesquisa
Este trabalho é um estudo observacional, de natureza descritiva, pois tem como
objetivo descrever as características do fenômeno em estudo, e o estabelecimento de relações
entre variáveis incidentes sobre ele (GIL, 1995) e correlacional, pois procura investigar níveis
potenciais de relação entre as variáveis em estudo, por meio de técnicas estatísticas
(CONTANDRIOPOULOS et al, 1999). Esta orientação metodológica tem por finalidade
descrever e explicar em que medida o uso da Memória de Trabalho está associada à predição
de comportamento seguro no trânsito entre os condutores acidentados e não acidentados.
É um estudo de corte transversal, pois a coleta de dados será realizada em um período
determinado, obtendo um recorte momentâneo da população investigada. Os dados obtidos
foram tratados estatisticamente, a fim de verificar comparativamente as magnitudes das
relações entre as variáveis estudadas, assim testar a consistência da hipótese.
Para garantir o rigor dos dados recolhidos e das conclusões da investigação, é
necessário que a pesquisa demonstre duas características fundamentais: a validade e a
fidelidade. Eles que poderão garantir ao investigador que o resultado das observações
efetuadas seja o mais correto. “A parte referente à avaliação da tarefa concentra-se em duas
características ou qualidades de todas as técnicas de medida, ou seja, a validade e a
fidelidade” (TUCKMAN, 2000, p.561).
O respeito pela validade e pela fidelidade garante ao investigador a qualidade do
resultado do seu trabalho, tendo em vista a necessidade de correlação e precisão. Uma
investigação de caráter científico poderá, assim, ser olhada com respeito, e servir de base para
futuros estudos. Assim “(...) o processo e as metodologias são eles próprios transmissíveis,
dando aos outros investigadores a possibilidade de os contestarem e fazerem a aferição da sua
validade científica” (TUCKMAN, 2000, p.19).
Quanto à validade problemas metodológicos que exigem análise de aspectos que
podem deturpar os resultados da investigação da validade: a fidedignidade da medida do
critério, a escolha de um critério adequado, a possibilidade de fontes de tendenciosidade, a
amostragem de comportamentos a serem observados (CRONBACH E MEEHL, 1996)
A validade preditiva é aquela que mensura o grau de eficácia que a medida tem em
prognosticar um desempenho específico, isto é, uma tendência ou futuro provável do
46
46
desempenho. Nessa pesquisa a validade preditiva será obtida através da comparação dos
resultados entre os grupos de condutores acidentados e não acidentados frente à expectativa
de rendimento na Memória de Trabalho, captada teoricamente pelo instrumento de
mensuração construído para esse fim pois se propõe a elaborar um novo método ou
instrumento de investigação dos conhecimentos fundamentados na literatura
(Contrandriopoulos, Potvin e Denis , 1997; Schonblum, 2004; Frutuoso, 2006)” .
4.2 Contexto da pesquisa
O Departamento Estadual de Trânsito do Mato Grosso do Sul (DETRAN) e o Corpo
de Bombeiros na cidade de Dourados MS foram escolhidos como principal contexto de
pesquisa tendo em vista serem órgãos que estão diretamente envolvidos com o sistema de
trânsito.
O DETRAN-MS é o órgão executivo máximo de trânsito do Estado de Mato Grosso
do Sul. Foi criado em janeiro de 1979, tendo sido elevado à categoria autarquia no ano de
1986. É o DETRAN-MS o responsável pelo registro de veículos (frota, evolução da frota,
tipos de veículos, dentre os principais) e pelo registro dos condutores de veículos (Carteiras
Nacional de Habilitação), bem como do serviço como o registro de infrações, acidentes de
trânsito, entre outros.
Em Mato Grosso do Sul, o Corpo de Bombeiros Militar iniciou suas atividades em 25
de setembro de 1970 e sua estruturação expandiu-se para o interior do Estado de Mato Grosso
do Sul, primeiramente no município de Dourados, unidade criada em 28 de novembro de
1976. De acordo com o Art. 144, § da Constituição Federal - Aos Corpos de Bombeiros
Militares, além das atribuições definidas em lei, incube a execução de atividades de Defesa
Civil. E pela Constituição Estadual no Art. 50 ao Corpo de Bombeiros Militar, instituição
permanente, regular e autônoma, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução
de atividades de defesa civil, de prevenção e de combate a incêndios, de busca, de salvamento
e de socorro público.
O Corpo de Bombeiros Militar executa sua missão através de intervenções
operacionais de salvamento em acidentes ou em situações de risco, combate a incêndios e
orientações à comunidade acerca dos perigos de incêndio, além da prestação de auxílios a
comunidade e do atendimento pré-hospitalar. O atendimento pré-hospitalar é de tipo
emergencial, e destinado às vítimas de trauma (acidentes de trânsito, acidentes industriais,
acidentes aéreos entre outros). Neste tipo de atendimento é feito o cadastro dos condutores
47
47
acidentados, registrando, dados de identificação e a gravidade do acidente. Esses condutores
acidentados e cadastrados farão parte da pesquisa.
4.3 Definições das variáveis do estudo
Variáveis dependentes: as variáveis dependentes decorrentes da decomposição do construto
Memória de Trabalho a serem mensuradas são:
1. Processamento simultâneo: Transformar as informações recebidas até o momento de
sua execução, com base na retenção e a manutenção de diferentes estímulos visuais e
verbais simultaneamente.
2. Velocidade de processamento: Tempo para executar uma informação, isto é, o tempo
decorrido entre a apresentação do estímulo e a emissão de resposta (tarefa).
3. Armazenamento temporário: Capacidade de controle da quantidade de informação
retida durante um curto período de tempo, com a finalidade de realizar uma tarefa.
4. Processamento de padrões simbólicos: Identificar imagens visuais e atribuir
significado a essas informações.
5. Manter o traço e a recordação de atributos verbais: Reter informações em relação à
ordem das letras e palavras em uma leitura.
6. Atenção Concentrada: Focalizar determinado estímulo dentre outros, destacando-o.
7. Discriminação: Distinguir estímulos em suas variações.
8. Rotação mental: Imaginar como um estímulo seria percebido se visto de outra
perspectiva.
9. Habilidade viso-espacial: Processamento de cor e movimento, localização visual e
conhecimento espacial.
Varíaveis independentes: As variáveis independentes, segundo Contradriopoulos et al,
(1999), são as variáveis de controle da pesquisa, a partir dos quais os efeitos são medidos.
Neste caso, serão os grupos de condutores acidentados e não acidentados.
Varíaveis intervenientes: correspondem às variáveis que podem alterar as relações entre as
variáveis dependentes e independentes, dado que pertencem ao contexto da pesquisa. Foram
classificadas em 2 (duas) categorias:
a) Perfil sócio demográfico: Contandriopoulos et al (1999) afirmam que as variáveis
do tipo sócio-demográfico são freqüentemente citadas como fatores potenciais de confusão ou
48
48
de interferência na expressão dos resultados de uma pesquisa. Nesta pesquisa serão
consideradas as mais comumente estudadas pelos pesquisadores sobre comportamento
humano no trânsito: idade, sexo, escolaridade e tempo de obtenção da C.N.H.
b) Condições psicofisiológicas do condutor: a fadiga, sono, alimentação; presença de
disfunção orgânica ou no sistema sensorial (visão, audição), que são considerados fatores de
risco de acidentes de trânsito. Processos psicológicos tais como auto-estima, ansiedade,
angústia e estilos comportamentais, onde foi observado o comportamento do condutor ao
dirigir. Os estilos comportamentais são considerados o conjunto de comportamentos de uma
pessoa para descrever seu funcionamento psicológico em geral, segundo Wilde (2005) as
pessoas dirigem como vivem, esses comportamentos podem interferir nas respostas dos
chamados de atos inseguros e serão objetos de investigação.
4.4 Instrumentos de coleta de dados e procedimentos
O processo de construção de uma medida psicológica exige que o pesquisador
percorra algumas etapas, e a primeira delas é delimitar o construto que se pretende medir
(PASQUALI, 1998). Para as finalidades desta pesquisa, elaborou-se um instrumento de
coleta de dados com base na análise dos atributos relacionados à Memória de Trabalho.
É importante notar que no processo de elaboração do instrumento, os itens serão
coletados e elaborados ou pelo menos selecionados em função das definições operacionais das
variáveis que constituem o construto Memória de Trabalho, que foi exaustivamente analisado
em seus fundamentos teóricos e nas evidências (dados) empíricas disponíveis. Então, não é
qualquer item que pareça medir o construto que é aceito, mas somente aquele que corresponde
às definições teóricas (constitutivas) e às suas definições operacionais. Os itens serão
construídos para representar comportamentalmente o construto de interesse. Após essa fase de
revisão teórica e conceitual, foram sintetizados os componentes que constituem a memória de
trabalho, aperfeiçoados e ajustados a cada etapa do processo de construção.
Alguns critérios fundamentais propostos por Pasquali (1998) na construção dos itens
foram respeitados:
a) O critério comportamental - quando o item expressa um comportamento do
construto, definido em termos de proposições verbais em um instrumento de medida. As
tarefas que são solicitadas ao respondente devem corresponder aos atributos definidos no
processo de decomposição do construto. Nesse sentido, cada item serve de estímulo ao
49
49
comportamento do respondente, que teoricamente é uma manifestação da memória de
trabalho. Nesses itens, o condutor deve ter uma informação clara e precisa acerca do que fazer
diante da tarefa proposta.
b) O critério de objetividade - as tarefas foram construídas de tal forma que não elicie
respostas certas ou erradas, e sim respostas que representam os comportamentos dos
indivíduos.
c) O critério da simplicidade - os itens devem expressar apenas uma única idéia
(comportamento) ou tarefa de forma clara. Elaboraram-se comportamentos (tarefas)
relacionados à atividade do condutor que se relacionariam com o uso da memória de trabalho,
como atividades com imagens e símbolos.
d) O critério da clareza - o item deve ser compreendido por qualquer estrato da
população. O item deve ser inteligível até para o estrato mais baixo da população-meta; daí,
utilizar frases curtas, com expressões simples e inequívocas. Frases longas e negativas
incorrem facilmente na falta de clareza. As instruções para a realização das tarefas foram
objetivas e diretas quanto à ação do condutor, por exemplo: leia as palavras abaixo,
identifique a letra em comum, localize as figuras, tornando a linguagem mais acessível á
população geral.
e) O critério da relevância - os itens devem ser construídos baseados em algum
conhecimento prévio (seja ele teórico ou empírico) e passível de justificação; ou seja, os itens
construídos deverão ser descritos para atender uma necessidade de investigação a expressão
(frase) deve ser consistente com o traço (atributo, fator, propriedade psicológica) definido e
com as outras frases que cobrem o mesmo atributo. Isto é, o item não deve insinuar atributo
diferente do definido. Foram definidos atributos relacionados aos instrumentos de leitura para
aferir a alça fonológica e instrumentos visuais para a tábua de desenho viso espacial
componentes relacionados ao uso da memória.
f) Critério da precisão - cada item deverá medir de forma precisa um comportamento
distinto e deve possuir “uma posição definida no contínuo do atributo e ser distinto dos
demais que cobrem o mesmo contínuo” (PASQUALI, 1999, p.49).
O instrumento de coleta de dados (apêndice A) foi construído com base na análise das
características da Memória de Trabalho. A partir de seus atributos foram elaborados itens que
descrevessem os principais aspectos que envolvem a relação Memória de Trabalho e
atividades cognitivas complexas. Foram definidos atributos relacionados aos instrumentos de
leitura, instrumentos visuais e instrumentos verbais. Dos atributos resultantes dessa matriz,
foram elaboradas tarefas (comportamentos) relacionadas à atividade de dirigir e que se
50
50
relacionariam com o uso da memória de trabalho. Esses comportamentos foram inseridos nas
categorias examinadas neste estudo.
4.4.1 Descrição das medidas e componentes do IMMT (Instrumento para medir a
memória de trabalho)
Dos nove (9) itens a serem mensurados na Memória de Trabalho e seus componentes
elaboraram-se 4 (quatro) tarefas. Quanto à tarefa 1 Localizar figuras (LF) - a mesma foi
composta de 10 cartões individuais cada qual com um símbolo colorido, uma folha de
resposta com vários estímulos sem cores, e uma coluna para registro escrito á direita da folha.
Foi apresentado ao participante um cartão com um símbolo de cada vez de forma individual e
após a observação do mesmo, deverá localizar este estímulo numa página de resposta
composta por outros estímulos sem cor. Simultaneamente a essa tarefa o respondente
registrou a cor do símbolo apresentado e assinalado. Assim, prosseguiu com os outros
símbolos.
A tarefa 1 Localizar Figuras (LF) - afere a habilidade de:
a) Armazenar informações simbólicas- refere-se à manutenção da informação codificada
na memória. Nesta tarefa a manutenção dos estímulos apresentados individualmente
aos respondentes. Reconhecer, focalizar e sustentar a atenção a um estímulo visual
apresentado nos cartões.
b) Tomar decisão rapidamente, nesta tarefa após observar, o respondente tem que
localizar o estímulo na folha de resposta dentre os vários apresentados.
c) Reconhecer um estímulo visual a partir da cor (a cor, por exemplo, indicará a palavra a
ser lembrada e registrada). Após a localização da figura, marcar o nome da cor do
estímulo na coluna indicada.
d) Decidir simultaneamente prestando atenção em outros elementos considerados
importantes para uma dada tarefa. Durante a realização da tarefa o respondente irá
assinalar a figura e registrar a cor da mesma.
e) Manter temporariamente as informações, conservando-a até sua execução. O sistema
de Memória de Trabalho aplica-se tanto ao processamento ativo quanto ao
armazenamento transitório de informações, ou seja, é um sistema capaz de manter
51
51
ativadas diferentes informações pelo tempo necessário para a execução de uma tarefa
complexa.
f) Utilizar os sistemas auxiliares para armazenar a informação, ou seja, formatação e
manutenção da imagem na mente até o momento do cumprimento da tarefa. Ao
visualizar o cartão com o estímulo colorido por alguns segundos, o respondente teve
que manter a imagem até o cumprimento da tarefa, armazenando as informações
espaciais e imagens visuais como a cor e a forma.
g) Ao localizar o objeto será aferido o tempo de processamento da informação, ou seja, o
tempo de resposta na localização do objeto e o registro da cor do mesmo realizam-se,
portanto tarefas simultâneas.

Estimulo apresentado com cor de forma individual, que deverá ser armazenado.
52
52
TAREFA 01










A tarefa 2 Pares invertidos (PI) - consiste de um par de estímulos iguais (uma delas
invertida), e com posições diferentes, os participantes utilizaram os sinais igual (=) ou
diferente(), para cada situação, a partir do modelo apresentado.
Modelo 1
Modelo 2
Resposta
QUADRO 3- Tarefa 2 Pares invertidos
Na Tarefa 2 Pares invertidos (PI) foi aferido através da rotação de figuras:
1) A manutenção da imagem na mente até o momento do cumprimento da tarefa;
2) Processar e armazenar simultaneamente informações espaciais envolve a habilidade
visoespacial para imaginar como um estímulo apareceria se visto de outra perspectiva;
3) A capacidade simultânea de processar e armazenar uma informação espacial mensurando
o armazenamento, eficiência ou velocidade de processamento;
A =
E =
Tempo =
53
53
4) Processar e armazenar simultaneamente informações espaciais.
5) Focalizar e manter a atenção para uma operação determinada;
6) Manter rastro (vestígios) de variáveis recentes;
7) Identificar se um símbolo corresponde ao modelo ou imagem em espelho;
8) Discriminar, reter, recuperar e transformar imagens visuais;
9) Gerar um estímulo em outra perspectiva.
Na tarefa 3 - Grupo de palavras (GP) - O teste de recordação foi o de leitura de
grupo de palavras. Os participantes foram instruídos a ler e identificar a letra em comum a
estas palavras escrevê-las nas linhas, e registrar o nome da última palavra. Caso os sujeitos
não recordem a última palavra, devem escrever a que lhes vem à mente.
GP 1- Capota-salgado-soldado - censura - ginásio.
GP 2- Moça marido-onça-doce-sol.
GP 3 - lajota lei-lustre.
Na tarefa 3 - Grupo de palavras (GP) foi aferido:
a) O processo de leitura do participante ao identificar a letra comum (exigência de
manutenção). Exemplo: Capota-salgado- soldado - censura - ginásio
b) A compreensão e a recordação livre da última palavra. Do grupo de palavras
Capota-salgado-soldado - censura ginásio, o respondente deverá recordar e registrar a
ultima palavra do grupo.
c) Resolução do problema, realização da tarefa até o seu término (exigência de
processamento);
d) Identificar e compreender sinalizações. Reconhecer e discriminar na tarefa um
estímulo verbal escrito;
e) Recordar informações solicitadas em ordem consecutiva, reter o grupo de palavras e
manter temporariamente as informações, discriminar a letra comum conservando-as assim até
a execução da tarefa.
f) Recordar informação armazenada recentemente. Na tarefa as letras do grupo de
palavras recentemente apresentadas precisam ser registradas na folha de resposta.
g) Codificar rapidamente as informações. A codificação na tarefa refere-se ao modo
como um input físico e sensorial (cartões com palavras) passa a ser uma representação
armazenada na memória.
54
54
h) Compreender a tarefa, codificando o estímulo, reter a informação recebida
verbalmente para execução.
i) Reconhecer um estímulo auditivo. Para cada grupo de palavras, o respondente deve
discriminar o som dos fonemas e identificar o fonema comum entre elas.
Na tarefa 4 - Organizar palavras (OP), foi apresentado um conjunto de estímulos
perceptuais (letras) para os participantes, após observarem devem organizar a letras
mentalmente sem a presença dos cartões:
Na tarefa 4 - Organizar palavras (OP) foi aferido:
a) Compreender uma informação;
b) Discriminar estímulos e mantê-los G L O A (exigência de armazenamento);
c) Lembrar imediatamente uma informação necessária num determinado momento, ou seja, a
recordação e manutenção das letras até a organização das palavras (exigência de
processamento). G L O A - L A G O.
d) Armazenar atributos e informações simultaneamente. O armazenamento refere-se à
maneira como se mantém as letras codificadas na memória, ou seja, o movimento dessa
informação para execução da tarefa.
Todos os instrumentos aferiram o tempo de processamento e a distribuição da atenção
na decodificação dos símbolos para uma resposta. A Memória de Trabalho tem a função de
manter temporariamente as informações conservando-as até a sua execução. As tarefas
apresentadas (quadro 5) exigem a manutenção do processamento ativo das informações com o
objetivo de atingir resultados dentro de prazos determinados. As tarefas exigirão que os
participantes realizem simultaneamente tanto o armazenamento quanto o processamento
imposto pela tarefa.
TAREFAS
CENTRAL
EXECUTIVA
PROCESSAMENTO SIMULTANEO
Outros processos senso
perceptivos envolvidos
G L O A
R LE A V
55
55
QUADRO 5- Tarefas utilizadas na avaliação da Memória de Trabalho. FONTE: Armôa 2007
Elaborou-se ainda um Check list (apêndice B). O Check list trata-se de um inventário
construído com a finalidade de mapear o comportamento psicofisiológico do condutor. Ao
instrumento foram integrados os demais itens atinentes as categorias de investigação definidas
pelos objetivos da pesquisa, a saber: a) perfil demográfico (idade, sexo, escolaridade,
profissão/ocupação, estado civil e tempo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação -
CNH); b) aspectos da saúde física e mental que são as disfunções orgânicas do condutor as
condições clínicas podem alterar o estado de consciência como a epilepsia, o diabetes mellitus
a apnéia do sono, são particularmente importantes de serem relacionadas à ação de dirigir; c)
Armazenamento
Processamento
1) Localizar
figuras
LF
Esboço viso-
espacial
Visualizar o cartão e
manter a figura na
memória até a
localização da mesma
entre outros estímulos.
Localizar o objeto e
escrever o nome da
cor do mesmo.
Atenção concentrada
é aquela que é dirigida para um
determinado objeto ou
situação; as pessoas são
instruídas para responderem de
maneira seletiva a
determinadas fontes de
informação sem tomar
conhecimento de outras
2) Pares
invertidos
PI
Esboço viso-
espacial
Visualizar e manter a
imagem (modelo)
Fazer a rotação
mental da figura e
identificar se as
figuras são iguais
ou diferentes.
Rotação mental
Orientação Espacial
Engloba a capacidade de
diferenciar e localizar
objetos/estímulos à frente,
atrás, lado direito e esquerdo,
acima, abaixo, e reflete a
maneira como a pessoa
representa a geometria do
espaço ao seu entorno.
3)Grupo de
palavras
GP
Alça
fonológica
Leitura e
armazenamento das
palavras.
Identificar, letra
comum, escrever a
ultima palavra.
Discriminação diz respeito a
quanto dois estímulos devem
diferir para que sejam
percebidos como distintos
4)Organizar
palavras
OP
Alça
fonológica
Leitura de letras.
Organizar a letras
em palavras
Percepção, o processo pelo
qual os indivíduos organizam
interpretam e dão significado
as suas impressões sensoriais.
56
56
os estilos comportamentais para dirigir com a finalidade de levantar dados sobre fatores
psicofísicos que influenciam o processo de decisão e o comportamento seguro. A psicologia,
por sua vez, utiliza o conjunto de comportamentos de uma pessoa para descrever vários
aspectos de seu funcionamento psicológico em geral, e da personalidade, em particular. A
medida das dimensões psicológicas a partir do comportamento manifesto passa pela
adequação da representação comportamental que é um dos elementos das teorias do traço
latente (Pasquali, 2000).
4.5 Procedimentos de coleta de dados
A coleta de dados cumpriu 2 (duas) etapas: A etapa 1 (um) que consiste no estudo
Piloto teve como objetivo testar a medida, bem como realizar possíveis ajustes. E verificar a
sensibilidade do instrumento. E a etapa 2 (dois) foi comparar os resultados das tarefas da
Memória de Trabalho entre os condutores acidentados e não acidentados.
4.5.1 Etapa 1- participante
A amostra foi constituída de três grupos (não necessariamente condutores de veículos).
Grupo Universitário: grupo composto de 100 pessoas entre 20 e 30 anos de idade sem
comprometimento físico e/ou fisiológico.
Grupo Terceira Idade: 100 pessoas com mais de 60 anos sem comprometimento físico e/ou
fisiológico.
Grupo de pacientes neurológicos: 76 pessoas acometidas pelo acidente vascular Encefálico
(AVE). O número reduzido nesse grupo, ocorreu pela dificuldade de encontrar esses
pacientes.
A escolha por estes grupos foi, principalmente, porque as pessoas em diferentes
estágios do ciclo de vida, ou condições de saúde respondem de forma distinta as tarefas
devido aos estágios de desenvolvimento das habilidades cognitivas e seu declínio com o
avançar da idade. Siqueira (2006) aponta que a Memória de Trabalho é uma função cognitiva
superior e que o processo biológico do envelhecimento contribui para o indivíduo a uma série
de alterações biológicas, fonológicas e psicológicas. Déficit de memória são características
comuns em indivíduos que estão em processo de envelhecimento. Outro condição são os
grupos de pacientes neurológicos acometidos de acidente vascular cerebral (AVE), os estudos
neurocognitivos de Hendriksen e Bruhn (1984) ponderam que os psicólogos cognitivos devem
estudar esse tipo de população que apresentam déficits decorrentes de lesões neurológicas
pois elas afetam as funções cognitivas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o
57
57
Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma doença vascular que pode ocorrer em qualquer
região do encéfalo. Para OMS denominar AVC sugere que ocorre apenas no cérebro, que é
uma parte do encéfalo, sendo, portanto, uma definição incompleta. Deste modo estaríamos
excluindo os casos que comprometem o tronco encefálico e cerebelo que fazem parte do
encéfalo. O mesmo ocorre com o termo derrame, pois o AVE é causado por interrupção do
suprimento sanguíneo no encéfalo não somente por sangramento (hemorragia), como o termo
derrame sugere, mas também e na maioria dos casos (80%) por obstrução (isquemia).
Nesta etapa do estudo não houve a exigência de que os participantes fossem pessoas
habilitadas para dirigir, pois o objetivo principal desta etapa foi verificar as diferenças (de
tempo) na execução dos itens propostos e os acertos nas tarefas propostas
4.5.1.1 Instrumento e procedimentos
Foi utilizado o IMMT e todas as aplicações foram individuais para mensurar o tempo
de execução de cada participante.
4.5.1.2 Local da coleta de dados e captação de participantes da pesquisa
Os participantes foram recrutados no Centro Universitário, e principalmente na Clínica
de Fisioterapia do Centro Universitário da Grande Dourados, onde estavam inscritos em
projetos de pesquisas em reabilitação e grupos de terceira idade nesta instituição. A coleta de
dados também foi realizada em Campo Grande, Cascavel e Florianópolis.
A pesquisadora abordou o possível participante da pesquisa, explicou os objetivos da
mesma e questionou se ele teria ou não interesse em contribuir. Quando a resposta foi
afirmativa, a aplicação do IMMT ocorreu na própria Clínica de reablitação, na sala de
atendimento individual, todas as aplicações foram feitas em local tranqüilo com condições
adequadas de iluminação, temperatura e livre de ruídos; e após assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Solicitou-se que o participante assinasse o TCLE
e iniciou-se a aplicação.
4.5.2 Etapa 2
Esta etapa teve como amostra os condutores acidentados e não acidentados e
verificou-se a sensibilidade da medida em mensurar os fatores da Memória de Trabalho
58
58
desses condutores. Amostra é uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do
universo (população); é um subconjunto do universo. É importante definir o nível de
confiança estabelecido, que é o que indicará os desvios-padrão em relação à sua média. Os
resultados de uma pesquisa obtidos por meio de uma amostra não são rigorosamente exatos
em relação ao universo de onde foram extraídos. Esses resultados apresentam sempre um erro
de medição, que diminui na proporção em que aumenta o tamanho da amostra. É expresso
em percentuais e nas pesquisas sociais usualmente utiliza-se uma estimativa de erro entre 3 e
5%.
Foi utilizada uma amostra probabilística com embasamento teórico em Vieira, et. al
(2001). O tamanho da amostra será calculado por meio de N= z
2
.p.q.e
2
, em que N igual
número de motorista acidentados em 2006 e 2007 na cidade de Dourados registrados pela
ocorrência do Corpo de bombeiro, z
2
= nível de confiança (95%=1,96), P= % da população,
Q= complemento da porcentagem, E
2
= erro amostral. Assim N= (1,96).0.1.0,9. (0,05), N=140
condutores acidentados. Totalizando um total de 280 condutores de ambos os sexos, com mais
de 18 anos, habilitados foram convidados a participar voluntariamente do experimento
divididos em 2 grupos.
Grupo A- Composto por 140 condutores com mais de 5 anos de habilitação sem
registro de acidentes, conforme informações disponibilizadas no RENACH: dados pessoais do
condutor, situação da habilitação (tipo de categoria e se é profissional ou não). Foram
recrutados quando comparecerem para renovação da C.N.H, conforme PORTARIA DETRAN
208, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2002 que dispõe sobre a obrigatoriedade da realização
do exame de avaliação psicológica para o condutor que exerça atividade remunerada ao
veículo. Conforme artigo - “O condutor que exercer qualquer tipo de atividade remunerada
ao veículo, independentemente da categoria constante na carteira nacional de habilitação,
deverá realizar os exames de aptidão física e mental e de avaliação psicológica”. Parágrafo
Único “Os exames especificados no caput deste artigo serão exigidos por ocasião da
renovação da carteira nacional de habilitação, consoante as regras estabelecidas no § 2o do
art. 147 do Código de Trânsito Brasileiro”.
Grupo B - Composto por 140 condutores envolvidos em acidentes, classificados
médios e graves pelo Boletim de Ocorrência do Corpo de Bombeiros, ou registrado no
processo administrativo do DETRAN
2
. A amostra do boletim de ocorrência do corpo de
2
A resolução 300 do Conselho Nacional de Trânsito Contran, que estabelece a suspensão da carteira de
habilitação e a participação obrigatória em cursos e exames de reciclagem para motoristas envolvidos em
59
59
bombeiros foi captada através de dados informatizados coletados e registrados por um Grupo
de Pesquisa do Centro Universitário da Grande Dourados no estado do Mato Grosso do Sul,
formado por um (1) técnico da guarda municipal, dois (2) sargentos do Corpo de Bombeiros,
(2) professores e 12 alunos do curso de Psicologia. Quanto aos condutores com processo
administrativo, instaurado pelo DETRAN, foram captados durante o curso de reciclagem por
esta pesquisadora psicóloga credenciada nesse órgão.
Esse tipo de escolha é denominado por Contadriopoulos (1999, p. 160) de amostra
acidental, ou seja, “um subconjunto da população formado pelos elementos que se pôde obter,
porém sem nenhuma segurança de que constituam uma amostra exaustiva de todos os
possíveis subconjuntos do universo”. Consiste em selecionar os elementos da amostra em
função da sua presença.
.
4.5.2.1 Procedimentos de coleta de dados
Utilizou-se o IMMT e o Check List em todas as aplicações, de forma individual para
que se possa mensurar o tempo de execução de cada participante no item. Os dois
instrumentos foram aplicados pela pesquisadora, seguindo etapas, explicitar o objetivo da
pesquisa, o núcleo de pesquisa em que está sendo desenvolvido o projeto e o nome dos
pesquisadores responsáveis.
Questionou-se as pessoas presentes quais tinham interesse em colaborar com a
pesquisa e dispensou-se àqueles que não se disponibilizaram em participar; aos que
permaneceram, distribuiu-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e recolheu-se
após assinatura; foi entregue então o material; leu-se as instruções contidas no caderno aos
condutores para garantir que todos compreendessem as instruções e, em caso de dúvidas,
essas foram sanadas; então, procedeu-se à aplicação. Recolheram-se os instrumentos (check
list e tarefas) conforme os participantes foram finalizando.
A captação dos participantes do grupo de condutores não acidentados foi durante o
exame psicológico de rotina dos condutores e/ou candidatos à obtenção da C.N.H, na clínica
credenciada ao DETRAN-MS desta pesquisadora. os motoristas com registros de acidentes
o contato para a coleta de dados foi estabelecido por meio de telefone, e-mail e/ou carta, e ou
visitas domiciliares através dos registros do Corpo de Bombeiros na cidade de Dourados-MS,
explicitando os objetivos da pesquisa e verificando a disponibilidade desses condutores. A
acidentes graves de trânsito. A medida está respaldada, desde 1998, pelo artigo 160 do Código Brasileiro de
Trânsito (CBT).
60
60
aplicação e coleta de dados foram realizadas no Núcleo de Psicologia da UNIGRAN e nas
dependências do DETRAN no curso de reciclagem.
Para os dois grupos a pesquisadora abordou o possível participante da pesquisa,
explicou os objetivos da mesma e questionou se ele tinha ou não interesse em contribuir.
Quando a resposta foi afirmativa, a aplicação do IMMT ocorreu na sala de atendimento
individual, todas as aplicações foram feitas em local tranqüilo com condições adequadas de
iluminação, temperatura e livre de ruídos; e após assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE).
4.7 Cuidados éticos
Foi solicitada a cada participante a concordância em participar da pesquisa,
assegurando-lhes sigilo e confidencialidade dos dados. Os participantes foram objetivamente
informados de que sua participação no estudo é voluntária, podendo ser interrompida em
qualquer etapa, sem prejuízo ou punição, podendo inclusive solicitar informações sobre os
procedimentos utilizados (Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia/Resolução
196 do Conselho Nacional de Saúde).O trabalho foi aprovado pela Comissão Nacional de
Ética e Pesquisa (CONEP) processo 306/08 FR 223851.
61
61
CAPÍTULO- 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos dados foi dividida em duas etapas. A etapa 1 aborda o perfil e a
comparação das respostas do grupo de jovens universitários, idosos e neurológicos,
verificando a sensibilidade do instrumento IMMT. A etapa 2 inclui o processo de verificação
comparativa da influência da Memória de Trabalho no desempenho de Condutores
Acidentados e Condutores não Acidentados no trânsito.
A codificação das respostas das tarefas foi inserida em banco de dados usando
programa SPSS 15 para posterior tabulação e análise estatística. Através do banco de dados
fez-se a distribuição da freqüência das variáveis estudadas em cada etapa, através de estudo
estatístico de percentagem simples. A freqüência das variáveis estudadas é apresentada neste
capítulo, através de Tabelas, que incluem as categorias encontradas e as respectivas
porcentagens de aparecimento, na amostra.
Para uma análise mais fiel dos dados encontrados, realizou-se a análise da associação
entre algumas variáveis estudadas. Esta análise de associação é processada pelo Programa
SPSS
3
. Os testes estatísticos permitem quantificar a probabilidade de uma associação
observada ser devido ao acaso, ao invés de ser uma associação significativa na população
estudada.
5.1 Perfil dos participantes da etapa 1.
O perfil da primeira etapa da pesquisa está apresentado na tabela 1, essa amostra teve
como objetivo verificar comparativamente a sensibilidade do IMMT em três tipos de
população: jovens universitários, idosos e pacientes neurológicos.
Tabela 1: Perfil dos participantes composta por jovens, idosos e pacientes neurológicos (AVE)
3
Statistical Package for the social sciences (SPSS) é uma ferramenta para análises estatísticas extensamente
utilizada por organizações comerciais, governamentais e acadêmicas, além de usuários domésticos.
62
62
AMOSTRA
Faixa Etária
N
%
Jovens universitários
20-30
100
36,2
Idosos
< 60
100
36,2
Pacientes neurológicos (AVE)
30-60 anos
76
27,6
TOTAL
276
100%
A Tabela 1 é composta por 100 universitários de 20-30 anos (36,2% da amostra),
considerados população jovem, 100 idosos acima de 60 anos (36,2% da amostra), e 76
pacientes neurológicos (27,6%). A escolha da amostra teve como finalidade verificar
comparativamente a sensibilidade do IMMT nesses três tipos de população, os resultados
podem ser observados na figura 9. Com relação à comparação de médias de acertos na
realização das tarefas foi aplicado o teste ANalysis Of Variance, ANOVA (Ayres et al,
2003) para comparar e verificar se existiam diferenças entre as médias dos grupos.
Tabela 2 Resultado do Teste ANOVA com significância de p0,001.
Escores
N
Média
F
Sig.
TA1AC
803,663
2
401,832
89,268
,000
1228,887
273
4,501
Total
2032,551
275
TA2AC
67,153
2
33,576
19,445
,000
471,398
273
1,727
Total
538,551
275
TA3AC
899,985
2
449,992
52,141
,000
2356,055
273
8,630
Total
3256,040
275
TA4AC
316,737
2
158,369
82,432
,000
524,491
273
1,921
Total
841,228
275
O grupo de jovens universitários obteve médias significativas nas 4 (quatro) tarefas do
instrumento de medida. Os universitários obtiveram diferença significativa de 99% em
relação aos idosos e neurológicos.
Tabela 3 Múltiplas comparações entre as 4 tarefas para os grupos jovens universitários,idosos e neurológicos,
com significância de p0,005 no teste scheffé
ACERTO NAS TAREFAS DO IMMT
Médias
E
Sig. (95%)
T 1 Localizar Figuras
Universitários
Neurológicos
4,11632(*)
,32287
,000
Idosos
2,84000(*)
,30005
,000
Neurológicos
Universitários
-4,11632(*)
,32287
,000
63
63
Idosos
-1,27632(*)
,32287
,001
Idosos
Universitários
-2,84000(*)
,30005
,000
Neurológicos
1,27632(*)
,32287
,001
T2 Pares invertidos
Universitários
Neurológicos
1,19474(*)
,19997
,000
Idosos
,81000(*)
,18583
,000
Neurológicos
Universitários
-1,19474(*)
,19997
,000
Idosos
-,38474
,19997
,159
Idosos
Universitários
-,81000(*)
,18583
,000
Neurológicos
,38474
,19997
,159
T3 Grupo de
palavras
Universitários
Neurológicos
4,56211(*)
,44705
,000
Idosos
2,11000(*)
,41546
,000
Neurológicos
Universitários
-4,56211(*)
,44705
,000
Idosos
-2,45211(*)
,44705
,000
Idosos
Universitários
-2,11000(*)
,41546
,000
Neurológicos
2,45211(*)
,44705
,000
T4 Organizar
palavras
Universitários
Neurológicos
2,69579(*)
,21093
,000
Idosos
,95000(*)
,19602
,000
Neurológicos
Universitários
-2,69579(*)
,21093
,000
Idosos
-1,74579(*)
,21093
,000
Idosos
Universitários
-,95000(*)
,19602
,000
Neurológicos
1,74579(*)
,21093
,000
* Diferenças significativas.
A tabela 3 descreve as múltiplas comparações e diferenças entre os 3 (três) grupos,
sendo que os idosos se diferem significativamente dos neurológicos nos acertos das respostas
das tarefas 1,3,4, não havendo diferença na média de acertos da tarefa 2 (Pares Invertidos) que
avalia orientação espacial. As diferenças significativas, presentes nas tarefas 1 (LF), 3 (GP), 4
(OP) se referem a exigência de armazenamento e manutenção de informações simbólicas,
evidenciando a sensibilidade do instrumento nos déficit de memória.
Utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov
4
para verificar se a característica estudada
na amostra tem uma boa aproximação á média da população, e comprovou-se que a mesma
não apresenta uma distribuição amostral normal. Para Crombach (1996) a curva normal o
descreve exatamente a distribuição dos escores, mas os intérpretes de teste a mantém em
mente, pois na maioria das circunstâncias ela proporciona uma boa aproximação.
Na figura 10 comparativos no desempenho das tarefas através da média do teste
Scheffe, ele serve para comparar qualquer contraste entre médias permitindo diferentes
números de observações por tratamento. É um teste mais rigoroso, merecendo, portanto, os
4
Em estatística, o teste Kolmogorov-Smirnov é usado para determinar se duas distribuições de probabilidade
subjacentes diferem uma da outra ou se uma das distribuições de probabilidade subjacentes difere da distribuição
em hipótese, em qualquer dos casos com base em amostras finitas.
64
64
mesmos comentários em relação ao perigo de aumento do erro tipo II (atribuir uma igualdade
entre as médias dos tratamentos, quando realmente existe uma diferença entre as mesmas).
Na tarefa 1 (LF) as diferenças entre as médias mostram que os universitários mantém a
informação temporariamente, conservando até a execução (9,09), revelando uma maior
capacidade de manter ativadas as diferentes informações pelo tempo necessário para a
execução de tarefas, diferentemente dos idosos (6,25) e pacientes neurológicos (4,97).
Em Pares Invertidos (Tarefa 2), as médias entre os grupos universitários (5,55), idosos
(4,74) e neurológicos (4,35) não se observou diferenças entre idosos e neurológicos, mas
revelam que os jovens universitários tiveram um desempenho melhor em tarefas de
localização espacial, demonstrando uma capacidade para discriminar, reter e transformar
imagens visuais. Pesquisas sobre memória espacial entre jovens e idosos como as de (LIGHT
e ZELINSKI,1983; PARK, PUGLISI E LUTZ,1982) corroboram com o resultado concluindo
que os jovens tiveram um desempenho melhor que as pessoas idosas em tarefas de memória
para localização espacial.
Na tarefa 3 (GP) houve diferença significativa (p≤0,01) entre os 3 (três) grupos, jovens
universitários (8,72), idosos (6,61) e pacientes neurológicos (4,15). Entretanto, a população
universitária apresentou acentuada diferença na capacidade de codificar um estímulo sensorial
e armazená-lo temporariamente, sendo essa variável uma função da Memória de Trabalho,
comprovando a sensibilidade da medida. Na tarefa 4 (OP) as médias significativas (p0,01)
entre os grupos também indicam a sensibilidade da medida, quando os universitários
apresentam média (3,88) de respostas, sinaliza-se então uma melhor capacidade em armazenar
e manter as letras codificadas na memória para execução da tarefa. Os estudos de Siqueira
(2006) demonstraram que pessoas em diferentes estágios e ciclos da vida apresenta
diferentes habilidades cognitivas. A escolha por esses grupos na primeira etapa da pesquisa
foi comprovada estatisticamente, o processo biológico do envelhecimento traz alterações
biológicas e psicológicas e o déficit de memória é característica comum em indivíduos que
estão em processos de envelhecimento bem como os pacientes acometidos de AVE que
apresentam déficits decorrentes de lesões neurológicas que afetam as funções cognitivas. Os
resultados quanto aos acertos nas tarefas do IMMT confirmam a hipótese da amostra da etapa
1, que foi comparar a sensibilidade do IMMT entre os grupos. A figura 11 ainda mostra que
as comparações da resposta dos grupos têm 95% de confiança, pois as médias populacionais
estão entre os intervalos e não se sobrepõe, indicando que existe uma diferença real entre os
grupos de jovens universitários, idosos e neurológicos. Os jovens universitários são melhores
nas tarefas de armazenar e processar informações oriundas do meio ambiente.
65
65
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI Ta1Ac
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI TA3AC
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
Figura 10 Análise do teste de Scheeff entre o desempenho dos 3 Grupos Universitários, idosos e neurológicos (AVE) nas
quatro tarefas do IMMT e diagramas de barras de erro para cada uma das tarefas. Todos os diagramas foram construídos
com Intervalos de Confiança de 95%.
TAREFA 3
ACERTOS
N
Significância = .05
1
2
3
1
Neurológicos
76
4,15
Idosos
100
6,61
Universitários
100
8,72
Sig.
1,000
1,000
1,000
TAREFA 1
ACERTOS
N
Significância = .05
1
2
3
1
Neurológicos
76
4,97
Idosos
100
6,25
Universitários
100
9,09
Sig.
1
1
1
TAREFA 4
ACERTOS
N
Significância = .05
1
2
3
1
Neurológicos
76
1,18
Idosos
100
2,93
Universitários
100
3,88
Sig.
1,00
1,000
1,000
TAREFA 2
ACERTOS
N
Significância=0.5
1
2
1
Neurológicos
76
4,35
Idosos
100
4,74
Universitários
100
5,55
Sig.
0,145824
1
Ta1Ac
Scheffe
a,b
76
4,9737
100
6,2500
100
9,0900
1,000
1,000
1,000
UIN
Neurológicos
Idosos
Universitários
Sig.
N
1
2
3
Subset for alpha = .05
Means for groups in homogeneous subsets are displayed.
Uses Harmonic Mean Sample Size = 90,476.
a.
The group sizes are unequal. The harmonic mean of the
group sizes is used. Type I error levels are not guaranteed.
b.
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI TA2AC
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI TA4AC
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
67
67
Utilizou-se o teste F (ANOVA) para as associações quanto ao Tempo de Resposta nas
tarefas do IMMT, a mesmas foram testadas usando-se da comparação entre médias. Para
ambos, foram consideradas significativas as diferenças com valor de p 0,001 entre os
grupos.
Tabela 4 Resultado do Teste ANOVA com significância de p0,001 para o Tempo de
resposta nas tarefas do IMMT.
Soma dos
quadrados
Liberdade
Média dos
quadrados
F
Sig.
Tarefa 1 Tempo
em Segundos
Entre grupos
2898659,2
10
2
1449329,605
113,352
,000
Dentro dos
grupos
3490592,8
30
273
12786,054
Total
6389252,0
40
275
Tarefa 2 Tempo
em Segundos
Entre grupos
163373,10
0
2
81686,550
34,497
,000
Dentro dos
grupos
646447,51
9
273
2367,940
Total
809820,62
0
275
Tarefa 3 Tempo
em Segundos
Entre grupos
546208,97
2
2
273104,486
55,642
,000
Dentro dos
grupos
1339945,5
90
273
4908,226
Total
1886154,5
62
275
Tarefa 4 Tempo
em Segundos
Entre grupos
217369,16
5
2
108684,583
19,890
,000
Dentro dos
grupos
1491784,3
85
273
5464,412
Total
1709153,5
51
275
Na figura 11 comparações no desempenho das tarefas através da média do teste
Scheffe, quanto ao Tempo de Resposta no instrumento de medida IMMT. O Tempo de
Resposta se refere à velocidade do processamento da informação, ou seja, o tempo para
executar uma informação desde a apresentação do estímulo até a emissão da resposta.
Na Tarefa 1 (LF) o grupo de jovens universitários apresentaram diferença significativa
de p 0.005 em relação a idosos e neurológicos, respondem a tarefa com uma média de
tempo de (122,16). Entre idosos (325,19) e neurológicos (347,00) a média não foi
significativa, comprovando nesses grupos a lentidão do processamento em pessoas
acometidas de AVE e em processo de envelhecimento. Percebe-se que os dois grupos
68
68
precisam de mais tempo para localizar objetos e registrar a cor do mesmo, a velocidade para
processar informações simultâneas é menor em relação aos jovens universitários.
Quanto a Tarefa 2 PI, os grupos neurológicos (AVE) (93,70) e idosos (82,44)
apresentaram média de Tempo de Resposta alta, enquanto o grupo de jovens universitários
média de (37,54) indicando que o teste de memória de orientação espacial proposto é sensível
à identificação de déficits desse tipo de memória, servindo como sugestão de instrumento
para uso científico. A comparação dos resultados com o grupo de jovens universitários gerou
diferença estatisticamente significante, p0,05. Os dados do presente trabalho são
confirmados por outros estudos, como um trabalho recente de Costa, Portuguez e Tuon,
(2006) com grupos de 10 indivíduos, um com doença de Alzheimer (DA) e outro de idosos
saudáveis onde os resultados do teste de memória de orientação espacial proposto e aplicado
confirmaram os achados da literatura quanto ao comprometimento da orientação espacial nos
pacientes neurológicos com Alzheimer em fase inicial.
A média de Tempo de Resposta em GP (Tarefa 3) também foi de significância de
p0,05 entre o desempenho dos participantes, jovens universitários (85,79), neurológicos
(184,00) e idosos (173,00), a tarefa exigiu o processo de leitura do participante ao identificar
a letra comum, a compreensão e a recordação da última palavra. Daneman e Carpenter (1980)
propõem uma medida da capacidade de Memória de Trabalho que se relaciona com a
compreensão da leitura. De acordo com os referidos autores, muitos têm sido os trabalhos que
sugerem que a capacidade de Memória de Trabalho desempenha um papel crucial neste
domínio. Guerreiro, Guelhas e Madruga (2006) verificaram o nível de correlação entre a
velocidade de processamento de informações dos participantes em problemas cognitivamente
mais exigentes, em específico a prova amplitude de leitura, e a média do desempenho dos
participantes foram de significância p0,05 em relação a tarefas de problemas mais simples.
Na tarefa 4 (Organizar Palavras), a variável exigência de processamento se refere a
lembrar imediatamente uma informação necessária num determinado momento, neste caso, a
recordação e manutenção das letras até a organização das palavras. Não houve relação
significativa entre a velocidade com que foram executadas as tarefas cognitivas exigidas para
Organizar Palavras entre idosos (130,90) e neurológicos (152,00). Entretanto os universitários
apresentaram média de (84,36), uma significância de P0,005 entre os grupos, demonstrando
características de velocidade e eficiência na execução dos componentes de uma tarefa de
discriminação visual, resultado que corrobora com a sensibilidade da medida IMMT. Portanto
velocidade de processamento de informação, em termos psicológicos, foi uma variável
relevante no estudo da sensibilidade do instrumento conforme se observa na figura 11.
69
69
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI Tarefa 2 Tempo em Segundos
150
100
50
Figura 11 Análise do teste de Scheffe entre o desempenho dos Universitários, idosos e neurológicos nas quatro
tarefas do IMMT e diagramas construídos com Intervalos de Confiança de 95%.
TAREFA 1
N
Significância 0.5
1
2
1
Universitários
100
122,16
Idosos
100
325,19
Neurológicos
76
347,00
Sig.
1,000
,432
TAREFA 2
N
Significância.05
1
2
1
Universitários
100
37,54
Idosos
100
82,44
Neurológicos
76
93,70
Sig.
1,000
,300
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI Tarefa 3 Tempo em Segundos
350
300
250
200
150
100
50
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI Tarefa 4 Tempo em Segundos
350
300
250
200
150
100
50
UIN
IdososNeurológicosUniversitários
95% CI Tarefa 1 Tempo em Segundos
400
300
200
100
TAREFA 3
N
Significância.05
1
2
1
Universitários
100
85,79
Idosos
100
173,0
Neurológicos
76
184,0
Sig.
1,000
,591
TAREFA 4
N
Significância.05
1
2
1
Universitários
100
84,36
Idosos
100
130,9
Neurológicos
76
152,0
Sig.
1,000
,160
70
70
Os dados do estudo 1 apresentado apontou evidências consistentes de sensibilidade da
medida do instrumento IMMT, pois demonstrou em todas as tarefas a sensibilidade entre as
diferenças significativas entre os grupos. A confiabilidade dos resultados obtidos mediante o
uso deste delineamento pressupõe a sensibilidade, a especificidade do instrumento de
pesquisa e sua adaptação, no que se refere à mensuração das variáveis decorrentes da
decomposição do construto Memória de Trabalho.
5.2 Perfil da Etapa 2 :Condutores acidentados e não acidentados
O perfil sócio demográfico dos participantes da segunda etapa para os grupos
5
de
Condutores Acidentados (CA) e Condutores Não Acidentados (CNA) estão apresentados na
tabela 5, na qual constam os dados a respeito de sexo, idade, escolaridade e tempo de
habilitação.
Tabela 5: Distribuição da população com e sem acidente de acordo com as características sócio-demográficas.
CNH
CA
%
CNA
%
Mais de 15 anos
43
30,71%
33
23,60%
Até 5 anos
28
20,00%
46
32,90%
5- 15 anos
69
49,29%
61
43,60%
Total
140
100,00%
140
100,00%
ESCOLARIDADE
%
%
EF
46
32,90%
35
25,00%
EM
51
36,40%
37
26,40%
G
43
30,70%
68
48,60%
Total
140
100,00%
140
100,00%
SEXO
%
%
F
38
27,10%
58
41,40%
M
102
72,90%
82
58,60%
Total
140
100,00%
140
100,00%
FAIXA ETÁRIA
%
%
20 a 29
34
24,30%
45
32,10%
30 a 39
53
37,90%
56
40,00%
40 a 49
32
22,90%
29
20,70%
50 a 59
15
10,70%
10
7,10%
60 a 69
6
4,30%
-
-
Total
140
100,00%
140
100,00%
5
A amostra é composta por dois grupos Condutores Acidentados que nessa análise será denominado (CA), e
CNA Condutores Não Acidentados.
71
71
Verificou-se que os motoristas acidentados foram predominantemente masculinos
(72,90% da amostra), na faixa etária de 30 a 39 anos, distribuídos entre ensino fundamental
(32,90%), ensino médio (36,40%) e graduação (30,70%), com habilitação entre 5 e 15 anos
(49,29%).
Os motoristas não acidentados tiveram um perfil sócio-demográfico também
predominantemente masculino (72,90%), mantendo a mesma faixa etária 30 a 39 anos
(40,0%) e tempo de habilitação entre 5 e 15 anos, diferenciando-se apenas na escolaridade
(48,60% de graduados).
O perfil predominante masculino nos dois grupos de condutores reflete a proporção de
2,6 homens para uma mulher. Em relação a escolaridade pôde-se observar que quanto maior o
grau de instrução, menor histórico de acidente. Zangirolani et al (2008) refere, em seu estudo
sobre acidentes, que a baixa escolaridade é uma variável preditora de maior ocorrência de
acidentes. Aspectos psicofisiológicos são considerados influenciadores ou moderadores do
comportamento seguro. No trânsito não seria diferente: variáveis como fadiga, sono,
alimentação, disfunções orgânicas e alterações no sistema sensorial interferem na ação de
dirigir. A tabela 6 apresenta os resultados comparativos dos aspectos psicofisiológicos
verificado por meio do check list.
Tabela 6 Aspectos psicofisiológicos dos motoristas acidentados
Aspectos psicofisiológicos CA % CNA %
Diabete
N
134
95,70%
137
97,90%
S
6
4,30%
3
2,10%
Insuficiência Cardíaca
N
137
97,90%
139
99,30%
S
3
2,10%
1
0,70%
Convulsões
N
134
95,70%
138
98,60%
S
6
4,30%
2
1,40%
Artrose
N
135
96,40%
138
98,60%
S
5
3,60%
2
1,40%
Tonturas
N
108
77,10%
103
73,60%
S
32
22,90%
37
26,40%
Náuseas
72
72
N
104
74,30%
108
77,10%
S
36
25,70%
32
22,90%
Hipertensão
N
125
89,30%
132
94,30%
S
15
10,70%
8
5,70%
Depressão
N
115
82,10%
120
85,70%
S
25
17,90%
20
14,30%
Mudança de Humor
N
72
51,40%
72
51,40%
S
68
48,60%
68
48,60%
Total
140
100,00%
140
100,00%
Ansiedade
N
65
46,40%
54
38,60%
S
75
53,60%
86
61,40%
Ansiedade e mudanças de humor foram os aspectos psicológicos predominantes em
ambas as amostras (acidentados e não acidentados): ansiedade nos Condutores Acidentados
(53,60% da amostra) e nos Condutores não Acidentados (61,40%) e mudanças de humor
(51,40% nos dois grupos).
A ansiedade se caracteriza por uma preocupação excessiva com diversos eventos e
situações ou atividades rotineiras. É uma antecipação da situação (específica ou não) que gera
preocupação e sofrimento, indicando ser uma dimensão importante para investigar esses
aspectos psicológicos entre condutores, a pessoa ansiosa tem dificuldade de controlar sua
preocupação e essa falta de controle gera prejuízos nas atividades diárias, sociais. A ansiedade
possui aspectos psicológicos e fisiológicos. Com relação aos efeitos da ansiedade no contexto
psicológico, observam-se confusões e distorções perceptivas que podem interferir na
aprendizagem, na concentração, na memória e dessa forma prejudicar a capacidade de
associação (BAHLS, 2005).
O comportamento de mudanças de humor está presente nas duas amostras (CA e
CNA) deve-se observar que o humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau
de disposição e de bem-estar psicológico e emocional de um indivíduo. Mudança ou
transformação pressupõe uma alteração de um estado, modelo ou situação anterior, para um
estado, modelo ou situação futura, por razões inesperadas e incontroláveis, ou por razões
planejadas e premeditadas. Quanto ao comportamento no trânsito Hoffmann (2005) aponta
73
73
que o comportamento seguro relaciona-se também com as emoções. Dentre os estilos
comportamentais dos participantes, também investigados por meio do check list, destacaram-
se o comportamento de irritar-se com outro motorista no trânsito, ouvir músicas, fazer trocas
de CD e de estação de rádio, eles tem freqüência nos dois grupos (CA e CNA). Os estilos
comportamentais indicam modos peculiares de realizar as tarefas de direção veicular.
Conforme Duarte (1995) os acidentes do trânsito tem sido analisados pela área da Psicologia
porque determinados fatores psicológicos tais como irritabilidade são responsáveis pelos
acidentes.
Em relação a fazer trocas de CD e de estação de rádio, Gonzales e Hofmann (2003)
denominaram como comportamentos interferentes e agentes internos que originam distração
entre as causas implicadas nos acidentes
5.3 Análise das médias dos grupos CA e CNA nas quatro tarefas do instrumento
IMMT.
Este estudo teve como intuito verificar se diferenças estatisticamente significativas
entre o desempenho de pessoas que compõem o grupo de Condutores Acidentados (CA) e
Condutores Não Acidentados (CNA)
Para examinar e analisar a variância das médias entre os grupos foi aplicado teste
estatístico de Mann-Whitney, que é uma alternativa não-paramétrica para o teste t que avalia
diferenças entre as médias de dois grupos compostos por diferentes participantes (Dancey e
Reidy, 2006). No resultado todos os fatores alcançaram significância estatística P 0, 001,
em termos gerais o grupo CNA tem acerto maior que o grupo CA, conforme tabela 7.
Tabela 7 Médias de significância P 0,001 nos acertos das tarefas entre os grupos CA e CNA
sinalizados pelo teste Mann-Whitney.
TAREFAS Soma dos quadrados N Média dos quadrados F Sig.
LF
Entre grupos
276,014
1
276,014
43,110
,000
Todos os grupos
1779,929
278
6,403
Total
2055,943
279
PI
Entre grupos
24,014
1
24,014
14,756
,000
Todos os grupos
452,429
278
1,627
Total
476,443
279
74
74
GP
Entre grupos
412,857
1
412,857
53,013
,000
Todos os grupos
2165,014
278
7,788
Total
2577,871
279
OP
Entre grupos
67,032
1
67,032
38,349
,000
Todos os grupos
485,936
278
1,748
Total
552,968
279
Observou-se que todos os fatores visuais simbólicos manipulados nas tarefas do
IMMT mostraram efeitos significativos entre o grupo dos CNA e as médias dos CA. Essa
susceptibilidade dos CNA às manipulações das características visuais dos estímulos indica
que, de algum modo, esses participantes realizaram as tarefas de localização espacial e de
letras levando em conta o componente viso-espacial da Memória de Trabalho. As
observações, empiricamente testadas são preditoras que o instrumento aferiu variáveis da
atuação da Memória de Trabalho.
A Tabela 7 apresenta as médias de acertos CA e CNA, apontando superioridade dos
CNA, gerando diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, p<0,001.
Rozestraten (1988) afirma que na direção veicular o condutor ao detectar um estímulo
externo, processa essa informação, para tomar uma decisão e dar respostas. Uma falha nesse
processo pode gerar um erro no comportamento final, uma série de erros contribui para
acidentes.
A partir dos dados apresentados na Figura 12 é possível concluir que na Tarefa 1 (LF)
foi constatada diferença estatisticamente significativa entre o desempenho dos CA e CNA. A
média de acertos dos CNA (M= 8,51; DP= 1,90) foi maior que a quantidade de acertos dos
CA (M= 6,52; DP= 3,03) e, segundo o teste de Mann-Whitney, as diferenças entre as médias é
estatisticamente significativa. Na tarefa 1 (LF) o grupo CNA com médias superiores mostrou
mais desempenho ao identificar imagens visuais e atribuiu significado a essas informações,
processando padrões simbólicos, segundo Sternberg (2000) o processo de tomada de decisão
consiste na avaliação de várias opções relacionadas a um determinado estímulo e na escolha
da opção mais adequada, nesse processo são utilizadas funções da Memória de Trabalho,
para analisar o estímulo e posicionar-se sobre ele. A Memória de Trabalho orienta o processo
de tomada decisão, para o trânsito é um aspecto importante visto que neste contexto o
indivíduo tem que tomar decisões em frações de segundos (MARIN, 2000).
A tarefa 2 (PI) a média de acertos dos CNA (M= 5,53; DP= 0,96) foi maior que a
média de acertos CA (M= 4,94; DP 1,53). O teste de Mann-Whitney aponta que esta
75
75
diferença é significativa com um valor de probabilidade associada de 3,4% de erro amostral.
Confirma a superioridade do grupo CNA na localização espacial do estímulo. No geral, o
desempenho melhor do grupo CNA pode, com efeito, refletir uma facilidade maior de lidar
com a informação viso-espacial (facilitada pela combinação de características necessárias
para indicar o que está onde), na perspectiva, (Walker e colaboradores 1994) argumenta pela
existência de dois aspectos distintos que devem ser levados em conta na Memória de
Trabalho para localização de objetos. Primeiro, realocar o objeto à sua posição espacial inicial
requer a recordação das diversas posições que um objeto poderia ocupar. Segundo, o
participante deve relembrar quais objetos fora de determinado conjunto de itens ocuparam
qual posição. O componente viso espacial é responsável pela habilidade de gerar, reter e
transformar imagens visuais. Apontam-se aqui evidências consistentes de predição do IMMT,
pois demonstrou que nos acertos das tarefas a sensibilidade em diferenciar o grupo de
condutores com histórico em envolvimento em acidentes do grupo de condutores sem esse
histórico.
Nas tarefas 3 (GP) e 4 (OP) trabalhou-se com um conjunto de estímulos perceptuais
(letras) foi observado diferença estatisticamente significante ao comparar os acertos dos
grupos CNA, (T3 = M 9,74; DP 2,30); (T4 = M 3,73; DP 1,05); e CA (T3=M 7,31; DP 3,20);
(T4= M 2,75; DP 1,55).
Os resultados do grupo dos CNA foram significativamente superiores nas respostas
que exigiam capacidade de controle da quantidade de informação retida durante curto período
de tempo, com a finalidade de realizar a tarefa, ou seja, a recordação e manutenção de letras.
Evidências experimentais estudadas por Baddeley (1986) sugerem que o armazenamento e a
manipulação do material são realizados por meio de um subcomponente da Memória de
Trabalho, a alça fonológica, é ela que mantém por curto espaço de tempo em um processo de
controle articulatório o armazenamento da informação via um mecanismo de recitação interna
(reverberação) que consiste na repetição (subvocal) da informação visual.
76
76
N
Média
Desvio
Padrão
U de Mann-
Whitney
Z
Sig.
Assintótica
Bilateral
Tarefa 1
Não acidentado
140
8,51
1,90
5747,5
-6,061
0,000
Acidentado
140
6,52
3,03
Tarefa 2
Não acidentado
140
5,53
0,96
7798
-3,490
0,000
Acidentado
140
4,94
1,53
Tarefa 3
Não acidentado
140
9,74
2,30
5348
-6,628
0,000
Acidentado
140
7,31
3,20
Tarefa 4
Não acidentado
140
3,73
1,05
6199,5
-5,479
0,000
Acidentado
140
2,75
1,55
Figura 12 Análise do teste de Mann-Whitney entre o desempenho dos Grupos de condutores acidentados e não acidentados e
diagramas para cada uma das tarefas. Todos os diagramas foram construídos com Intervalos de Confiança de 95%.
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 1 Acertos
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 2 Acertos
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 3 Acertos
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 4 Acertos
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
77
77
Observa-se na figura 12 no diagrama de barras de erros a taxa de recordação correta
das letras na Tarefa 4 de Organizar palavras apresentou um intervalo de 95% de confiança,
não se sobrepondo, isso sugere que existe uma diferença real entre as médias do grupo CA e
CNA. Os condutores sem história de acidentes saem melhor do que os condutores com
história de acidente em tarefas que exigem percepção e codificação de materiais verbais
apresentados visualmente. Nos estudos de (WICKENS E HOLLAND, 1999) sobre os
aspectos psicológicos envolvidos na tomada de decisão, destaca a importância da capacidade
perceptiva das informações sensoriais do ambiente e a codificação, considerando esses
componentes como efetivos na tomada de decisão.
Segundo Hoffman, Carbonell e Montoro (2005) a complexa atividade de conduzir um
veiculo envolve um conjunto de fatores e processos psicológicos que integram o sistema
cognitivo humano entre elas a tomada de decisão. Portanto os resultados do IMMT
evidenciaram que este instrumento é uma medida de verificação de fatores da Memória de
Trabalho.
No que se refere à velocidade de processamento ou ao tempo para executar uma
informação, as diferenças significativas segundo Análise do teste de Mann-Whitney estão nas
Tarefas 1(LF) e 4 (OP) , nessas tarefas observa-se na figura 13 que houve uma diferença
significativa de p0,001 no Tempo de Resposta entre os grupos CNA e CA. Nas Tarefas 2
(PI) e 3 (GP) observa-se na figura 13 que existe uma considerável sobreposição entre os dois
intervalos de confiança não caracterizando uma diferença real, não podemos obter conclusões
precisas com base nesses dados. Sobre o Grupo CNA (T1= 101,42; T4= 69,97) foi mais
rápido ao responder as questões das Tarefas 1 e 4 do que o GRUPO CA (T1= 127,66; T4
80,44). nas Tarefas 2 (CNA= 38,62; CA 43,59) e 3 (CNA= 83,97; CA= 93,32) não se
observou diferenças significativas entre as médias ilustradas no diagrama de barras de erro da
figura 13, porém sabe-se que os CNA tiveram médias superiores (mais acertos), então pode-se
levantar a seguinte evidência que o Grupo CA utiliza um tempo médio para responder as
questões próximo ou igual aos CNA, mas quanto ao desempenho nas tarefas, fazem com
menos acertos, ou seja quando precisam processar e armazenar simultaneamente padrões
simbólicos utilizam tempos iguais ou próximos dos CNA, porém fazem com erros. (Figura
12)
78
78
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 4
140
120
100
80
60
40
20
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 2
140
120
100
80
60
40
20
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 1
140
120
100
80
60
40
20
AcidentadoNão acidentado
Tarefa 3
140
120
100
80
60
40
20
Tempo de
Resposta
Média
N
Desvio
Padrão
U de
Mann-
Whitney
Z
Sig.
Assintótica
Bilateral
Tarefa 1
Não acidentado
101,42
140
38,13
6663
-4,632
0,000
Acidentado
127,66
140
50,44
Tarefa 2
Não acidentado
38,62
140
17,11
8431,5
-2,023
0,043
Acidentado
43,59
140
22,73
Tarefa 3
Não acidentado
83,97
140
19,46
8076,5
-2,546
0,011
Acidentado
93,32
140
30,09
Tarefa 4
Não acidentado
69,97
140
19,38
7275,5
-3,729
0,000
Acidentado
80,44
140
26,01
Figura 13 Análise do teste de Mann-Whitney entre o tempo de resposta dos Grupos de condutores acidentados e
não acidentados e diagramas para cada uma das tarefas.
79
79
O erro é definido por Guber (1998) como uma seqüência da atividade mental e
psíquica planejada, que falha na busca do resultado esperado. Na perspectiva cognitiva de
Sternberg (2000). Os erros são enganos na especificação de um meio para atingir um objetivo.
Wickens e Hollands (1999) em estudos apontam que muitos acidentes sérios que envolveram
erros humanos foram atribuídos a tomada de decisão. Uma das funções da Memória de
Trabalho é orientar as tomadas decisões, que segundo Palmini (2004) o cérebro revive as
memórias que se relacionam com os estímulos específicos que se recebe a cada momento e
sobre os quais se deve agir.
Para Hoffmann (2005), ainda não foi produzido um modelo realmente aceitável de
explicação do comportamento do condutor, o que se utiliza hoje para analisar e compreender
os preditores de acidentes é analisar o erro dos condutores e os processos que o motivaram
(ou subjacentes) à infração ao código de trânsito.
Essa associação entre erro, tomada de decisão e Memória de Trabalho, pode
evidenciar essa habilidade cognitiva dos CNA nos acertos superiores nas tarefas ver figura 12
relacionando-a com o desempenho na condução veicular. Esse estudo também demonstra que
pessoas com bom desempenho em tarefas de MT respondem melhor e mais rapidamente nas
tomadas de decisões. Quanto ao comportamento no trânsito, nesta etapa de estudo observou-
se que condutores sem histórico de acidentes evidenciam habilidades nas tarefas que exigem
processamento de padrões simbólicos, armazenamento temporário, habilidade viso espacial,
habilidades necessárias no ambiente do trânsito conforme Hoffmann (2005) corrobora em
seus estudos sobre processos psicológicos implicados na condução no que se refere a causas
diretas que são condutas que precedem imediatamente o acidente e são responsáveis por ele.
No que se refere a essas causas entende-se que a falha humana é caracterizada pelo erro de
reconhecimento e identificação de sinais, nas tomadas de decisão e execução da tarefa de
conduzir.
5.4 Consistência interna do instrumento de medida IMMT
Ao que se refere à precisão, Anastasi e Urbina (2000, p. 84) enfatizam que “a
fidedignidade do teste indica a extensão em que as diferenças individuais nos escores de teste
são atribuíveis a diferenças verdadeiras nas características sob consideração e a extensão em
que elas são atribuíveis a erros casuais”. Anastasi e Urbina (2000) definem cinco
delineamentos diferentes para obtenção da precisão ou da estimativa dos erros. São eles teste-
80
80
reteste, formas alternativas, precisão entre avaliadores, método das metades (split-half) e
coeficientes de Kuder-Richardson e Alfa. Nesta pesquisa, a consitência interna dos itens do
IMMT para cada tarefa foi verificada pelo coeficiente alfa de cronbach que examina o grau
de consistência que existiu entre as correlações dos itens das tarefas. Um coeficiente de
correlação é uma estatística que descreve a relação entre duas variáveis ou conjunto de
medidas. Uma relação positiva perfeita é representada numericamente por + 1,00. Uma
relação negativa perfeita (quando uma variável aumenta o valor, a outra diminui) é igual a -
1,00. Nenhuma relação entre duas variáveis é igual a uma correlação de 0,00. Os valores de
alfa variam entre 0 e 1, e quanto mais próximo de 1 estiver o alfa maior é a correlação do
conjunto de itens evidenciando a consistência.
Tabela 8: Coeficiente de precisão por Alfa de Cronbach.
Como pode ser verificado na tabela 8, o coeficiente de precisão foi de 0,919. A
fidedignidade ou a precisão de um teste diz respeito à característica que ele deve possuir, a
saber, a de medir sem erros. Medir sem erros significa que o mesmo teste, medindo os
mesmos sujeitos na mesma ocasião, produz resultados idênticos, isto é, a correlação entre
estas duas medidas deve ser 1. Entretanto, como o erro está sempre presente em qualquer
medida, esta correlação se afasta tanto do 1 quanto maior for o erro cometido na medida. A
análise da precisão de um instrumento psicológico quer mostrar precisamente o quanto ele se
afasta do ideal da correlação 1, determinando um coeficiente que, quanto mais próximo de 1,
menos erro o teste comete ao ser utilizado (Pasquali,2003).
Foram analisados também os coeficientes de precisão levando-se em consideração as a
duas etapas do estudo (Tabela 9)
Tabela 9 Correlação entre itens das tarefas do IMMT, sinalizadas pelos valores de alfas de
Cronbach
Correlação
N
%
Amostra Total
Validade
556
0,91
Etapa 1
276
0,93
Etapa 2
280
0,88
Todos os coeficientes também foram superiores a 0,80 o que confirma a precisão do
instrumento de medida IMMT. Mostrando que o instrumento possui um nível de consistência
Alfas de
Cronbach
N of Items
,919
35
81
81
interna aceitável (Costa, 2005), a medida então apresenta um índice de consistência interna
bom.
No processo de validação, os valores de alfa de cronbach ficaram próximos de 1,
indicando alta correlação e consistência interna para as quatro Tarefas do IMMT (Localizar
Figuras, Pares Invertidos, Grupo de Palavras, Organizar Palavras) em ambas as etapas do
estudo ( Etapa 1: grupo de jovens universitários, idosos e neurológicos e Etapa 2 grupo de
condutores acidentados e não acidentados) ver Tabela. Esses dados sugerem que os itens
dessas tarefas do instrumento IMMT medem os aspectos psicológicos da Memória de
Trabalho. Por fim, concluiu-se IMMT, apresenta bons índices de precisão, o que possibilita a
sugestão de seu uso na avaliação de Memória de Trabalho em condutores veiculares
5.5 Estudos da validade de critério
A validade de critério foi realizada por meio do método de grupos a fim de comparar o
desempenho de três grupos distintos em uma mesma medida. Essa comparação avalia com
que grau o instrumento discrimina grupos que diferem em determinadas características de
acordo com um critério padrão, com o intuito de verificar se diferenças estatisticamente
significativas entre o desempenho de pessoas que compõem Grupo de Condutores não
Acidentados, Grupo de Condutores envolvidos em Acidentes Graves e Grupo de Condutores
envolvidos em Acidentes Médios.
Como critérios de inclusão nesses grupos levaram-se em consideração informações
referentes ao histórico de envolvimento em acidentes de trânsito.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
OBS
Tempo de Habilitação
≥ 5 anos
Acidente
Nenhuma ocorrência
Acidente Médio
6
Acidente Grave
7
= 1 ou mais ocorrência
= 1 ou mais ocorrência
Figura 14: Critérios de inclusão no grupo
6
Acidentes médios: ausência de vítima ou danos de média monta, quando o veículo sinistrado for afetado nos seus
componentes mecânicos e estruturais, envolvendo a substituição de equipamentos de segurança especificados pelo fabricante,
e que reconstituídos, possa voltar a circular. RESOLUÇÃO Nº 25, DE 21 DE MAIO DE 1998 (CBT)
7
Acidentes graves: presença de vítima ou danos de grande monta ou perda total, quando o veículo for enquadrado no inciso
III, artigo da Resolução 11/98 do CONTRAN, isto é, sinistrado com laudo de perda total. RESOLUÇÃO 25, DE 21 DE
MAIO DE 1998
82
82
A fim de verificar a presença de diferenças estatisticamente significativas entre os
resultados dos grupos nos acertos das tarefas, utilizou-se teste estatístico Kruskal-Wallis de
modelo livre de distribuição de probabilidades para análise de médias de amostras
independentes, do mesmo tamanho ou desigual.
Tabela 10 Grau de significância entre os grupos CNA, CA Médio, CA Grave.
Ta1Ac
TA2AC
TA3AC
TA4AC
Estatística
90,674
26,600
71,436
49,677
Grau de liberdade
2
2
2
2
Significância
,000
,000
,000
,000
Grau de
Confiança
,000(a)
,000(a)
,000(a)
,000(a)
99%
,000
,000
,000
,000
,000
,000
,000
,000
Kruskal Wallis Test
A Tabela 10 apresenta o grau de confiança de 99% entre os grupos estudados na etapa
2. O que comprova estatisticamente a diferença significativa de p 0,001.
Tabela 11 Análise Kruskal-Wallis, indicando diferença significativa de p<0,01
ACERTOS E GRUPOS N Postos médios
Ta1
CNA
140
174,10
CA MÉDIO
84
142,01
CA GRAVE
56
54,23
TA2
CNA
140
160,35
CA MÉDIO
84
129,03
CA GRAVE
56
108,08
TA3
CNA
140
179,34
CA MÉDIO
84
115,27
CA GRAVE
56
81,23
TA4
CNA
140
171,55
CA MÉDIO
84
122,43
CA GRAVE
56
89,99
A tabela 11 apresenta os postos médios no acerto das 4 tarefas do IMMT, na análise
do teste não paramétrico
8
de Kruskal-Wallis, indicando que diferença significativa de p0,01
entre os grupos. Os dados estatísticos evidenciam que CNA apresentam diferenças dos CA
Médios e CA Graves, e ainda que existam diferenças significativas entre CA Médios e CA
Graves.
8
As principais vantagens da utilização dos testes não paramétricos são simples, não dependem da distribuição da população
da qual a amostra foi selecionada; não exigem que as populações originais sejam normalmente distribuídas; os dados não
precisam ser quantitativos e o uso de postos faz as técnicas não-paramétricas menos sensíveis aos erros de medidas do que os
testes tradicionais (testes paramétricos). Dancey e Reidy (2006)
83
83
A figura15 apresenta comparações do desempenho de acertos dos 3 grupos nas Tarefas
do IMMT por meio do Teste de Scheffé
9
, e é possível concluir que em todas as Tarefas foi
constatada diferença estatisticamente significativa entre o desempenho dos grupos. Observa-
se que o desempenho do CNA foi superior ao desempenho Grupos CA Médios e Graves.
Analisou-se também o desempenho entre Grupos de CA médios e Grupos de CA graves, e
estes demonstraram diferenças estatisticamente significativas.
O estudo apresentado apontou evidências consistentes de validade de critério do
IMMT, demonstrou ainda que as tarefas apresentaram sensibilidade em diferenciar o grupo de
condutores com histórico em acidentes médios e graves e o grupo de condutores sem esse
histórico.
Na psicometria a validade de critério possui relevância para a validade do construto,
Pasquali (2004) concebe como validade de critério de um teste o grau de eficácia que ele tem
em predizer um desempenho específico de um sujeito Conclui-se então que o IMMT tem
sensibilidade para diferenciar grupo de condutores podendo servir como uma medida de
verificação de Memória de Trabalho. Portanto a medida do IMMT se mostrou preditora nas
Tarefas de MT, uma medida preditora para Pasquali (2004) se refere ao uso de técnicas que
podem prever um futuro comportamento. A validade de critério indicou a efetividade do
IMMT para verificar o desempenho da Memória de Trabalho em Condutores envolvidos ou
não em acidentes.
9
De acordo com Dancey e Reydy (2006) o teste de Scheffé serve para comparar qualquer contraste entre médias, ou seja,
permite examinar simultaneamente pares de médias amostrais para identificar quais os pares se registram diferenças
estatisticamente significativas. Diferentemente do teste de Tukey, o teste de Scheffé não necessita ter o mesmo número de
indivíduos em todos os grupos.
84
84
TIPO
CA GRAVECA MÉDIOCNA
Mean of Ta1Ac
10,00
8,00
6,00
4,00
TIPO
CA GRAVECA MÉDIOCA
Mean of TA3AC
10,00
8,00
6,00
4,00
Figura 15 Análise do teste de Scheffe entre o desempenho dos CNA, CA Médio e CA Grave nas quatro tarefas
do IMMT e diagramas construídos com Intervalos de Confiança de 95%.
TIPO
CA GRAVECA MÉDIOCNA
Mean of TA2AC
10,00
8,00
6,00
4,00
TIPO
CA GRAVECA MÉDIOCNA
Mean of TA4AC
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
Ta1 AC Grupos N médias
CA GRAVE
56
4,53
CA MÉDIO
84
7,77
CNA
140
8,74
Sig.
P<0,05
scheffe
Ta2 AC Grupos N médias
CA GRAVE
56
4,35
CA MÉDIO
84
5,10
CNA
140
5,65
Sig.
P<0,05
scheffe
Ta3 AC Grupos N médias
CA GRAVE
56
6,03
CA MÉDIO
84
7,41
CNA
140
9,73
Sig.
P<0,05
scheffe
Ta2 AC Grupos N médias
CA GRAVE
56
2,32
CA MÉDIO
84
2,88
CNA
140
3,72
Sig.
P<0,05
scheffe
85
85
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados preliminares revelam que o instrumento desenvolvido representa passos
iniciais na tentativa de se atenuar a lacuna relativa à escassez de instrumentos nacionais para
avaliação psicológica, adotando como referencial teórico a Psicologia Cognitiva. Destaca-se
aqui a lacuna existente pela falta de instrumentos de avaliação psicológica baseados nas
necessidades e nos conceitos desenvolvidos pelos pesquisadores nacionais, indicando uma
possibilidade de pesquisas futuras. Atualmente, evidencia-se na área da avaliação psicológica
no Brasil a escassez de instrumentos adequados quanto às propriedades psicométricas para
avaliação das funções cognitivas, principalmente a Memória de Trabalho.
Essa discussão pretende instigar e instrumentalizar os pesquisadores a construírem e
adaptarem instrumentos psicológicos válidos e confiáveis para a realidade brasileira,
considerando a especificidade da análise psicométrica para cada bateria. Demonstra também a
preocupação com a área da avaliação psicológica no trânsito, a qual vem crescendo
amplamente, mas ainda carece de instrumental de avaliação adequado.
Esta pesquisa objetivou verificar o desempenho da Memória de Trabalho como fator
preditivo ao comportamento seguro entre condutores habilitados acidentados e não
acidentados no trânsito. Em linhas gerais, o instrumento apresentado (IMMT) possui boa
capacidade de medir o construto da Memória de Trabalho que se propõem. Na primeira e
segunda etapa da pesquisa apresentou sensibilidade entre os grupos. Os resultados dos estudos
da etapa 2 mostraram que todas as tarefas alcançaram significância estatística. Na análise
comparativa os condutores não acidentados tiveram uma freqüência de acertos maior que
condutores acidentados confirmando as propriedades deste instrumento de medida como
preditor de comportamento em tarefas que envolvem Memória de Trabalho.
Convém ainda lembrar que a validade na indicação de um instrumento está nos
estudos aprimorados e controlados tendo como foco as condições comportamentais na
condução do veículo. Pesquisas futuras então deverão investir esforços em associar as
medidas psicológicas às medidas do comportamento do condutor, a fim de identificar com
maior clareza a possível contribuição da avaliação psicológica no processo de habilitação com
segurança no trânsito.
Acredita-se que o instrumento de medida desenvolvido represente iniciativas úteis
para avaliação, diagnóstico, prevenção e intervenção em Psicologia do Trânsito, numa
perspectiva cognitiva. Todavia, ressalta-se a necessidade de aplicação e estudo aprofundado
86
86
desse instrumento em amostras maiores e mais representativas, bem como um exame mais
detalhado de seus alcances e limites
Este estudo sugere novas hipóteses e pesquisas que privilegiem temas tais como
desenvolver medidas em Psicologia para os condutores profissionais, que sofrem forte tensão
no dia a dia do trânsito; condutores de veículos de transporte pesado. Pesquisar as populações
específicas com a finalidade de conhecer o perfil do condutor e mobilizar sobre os riscos e a
prevenção de acidentes.
Programas de orientação e reciclagem são importantes para dar oportunidade aos
condutores, que passam por esta experiência, de refletir sobre o comportamento no trânsito.
Finalmente, espera-se que o estudo possa ser objeto de reflexão sobre a problemática dos
acidentes de trânsito, para classe de profissionais psicólogos incentivando a discussões e
construções de medidas.
87
87
7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAHAO, J.; SILVINO, A.; SARMET, M. Ergonomia, cognição e trabalho informatizado.
Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, n.2,vol.21, pp.163-171, Mai- Ago 2005.
ADES, C. Múltiplas memórias. Psicologia USP, 4, 9-24.1993.
ALLEGRI, F. Perfis diferenciais de perda de memória entre a demência frontotemporal e a do
tipo alzheimer. Psicol. Reflex. Crit. [online]. vol.14, no.2,2001.
ANASTASI, A.; URBINA, S. Testagem Psicológica. Porto Alegre: Artmed. 2000
ANDERSON, J. R. Cognitive psychology and its implications. (5ª ed.). New York: Worth
Publishers.2000.
ATKINSON, R.; SCHIFFRIN, R. Human memory: A proposed system and its control
processes. In K. W. Spence, J. J. Spence, Advances in the psychology of learning and
motivation (Vol. 2). New York: Academic Press. 1968.
BADDELEY A. Working memory. Oxford: Oxford University Press, 1986.
BADDELEY, A. The episodic buffer: A new component of working memory? Trends in
Cognitive Sciences, 4, 419-423.2000.
BADDELEY, A. D. Human memory: theory and practice. Hove, Reino Unido: Lawrence
Erlbaum. 1990
BADDELEY, A.; HITCH, G. Working memory. In G. Bower (Ed.), The Psychology of
Learning and Motivation (pp. 47-89). New York: Academic Press. 1974.
BADDELEY A.;GATHERCOLE E. ;PAPAGNO C . The phonological loop as a language
learning device. Psychological Review, 105: 158-173. 2001.
BAHLS, S. Manual de farmacologia psiquiátrica de Kaplan e Sadock. Rev. Bras. Psiquiatr.
[online]. 2005, vol.24, n.2, pp. 103-104. ISSN 1516-4446. 10.1590/S1516-
44462002000200015.
BAHRICK, A. D.; BOUCHER, B. Retention of visual and verbal code of the same stimuli.
Journal of Experimental Psychology, 78, 417-422. 1968.
88
88
BARKLEY R. Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2002.
BASTIAS, H. H. Introducción a la ingeniería de prevención de rdidas. São Paulo:
Conselho Regional do Estado de São Paulo da Associação Brasileira para a Prevenção de
Acidentes, 290. p.1997.
BERG, I. J. Long Term effects of memory reahbilitation: a controlled study.
Neuropsychological Rehabilitation, 1,97-111.1991
BEAR, M.F.; COONNRS, B.; PARADISO, M. Neuroscience: Exploring the Brain. Em:
Memory Systems, p. 514 a 545. Editora Williams e Wilkins, 2008.
BLEY, J. Z. Competências para prevenir: ensino-aprendizagem de comportamento
seguro no trabalho. Anais do Congresso Mundial de Manutenção Industrial. Curitiba:
ABRAMAN, 2004.
BLEY, J. Z. Variáveis que caracterizam o processo de ensinar comportamento seguro no
trabalho. Dissertação de Mestrado em Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis SC, 2004.
BRANDIMONTE, M.; GERBINO,W. When imagery fails: effects of verbal recoding on
accessibility of visual memories. In C. Cornoldi et al. (Orgs.), Stretching the imagination:
representation and transformation in mental imagery. Nova York: Oxford University
Press. 1996.
BRAVER T.S.;COHEN J.D.; NYSTROM L.E.; JONIDES J.; SMITH E.; NOLL D.C. A
parametric study of prefrontal córtex involvement in human working memory. NeuroImage
5:49-62. 1997.
BROADBENT, D. E.; BROADBENT, M. H. P. Recency effects in visual memory.
Quarterly Journal of Experimental Psychology, 33A, 1-15. 1981
CAÑAS, J., WAERNS, I. Ergonomía Cognitiva: Aspectos psicológicos de la interacción de
las personas con la tecnología de la información. Madrid, Editorial Médica Panamericana,
2001.
CAPOVILLA, H. F. P., CAPOVILLA, F. C. Funções executivas em crianças e correlação
com desatenção e hiperatividade. Temas sobre desenvolvimento, 82(14), p. 4-14.1998.
89
89
CARPENTER, P. A.; JUST, M. A.; SHELL, P. What one intelligence test measures: a
theorical account of the processing in the Raven Progressive Matrices Test. Psychological
Review, 97(3), 404-431. 1990
CHRISTODOULOU, C.; DELUCA, J.; RICKER, J.H.; MADIGAN, N.; Bly, B.M.; LANGE,
G.; KALNIN, A.J.; LIU, W.C.; STEFFENER, J.; DIAMOND, B.J.; Ni, A.C. Functional
magnetic resonance Imaging of working memory impairment following traumatic brain
injury. Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry, 71, 161-168, 2001.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - CTB. Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997.
Disponível: http://www.senado.gov.br/web/codigos/transito/cnt 00001.htm. Acessado em:
10 de abril de 2006.1997 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA CFP (2000). Manual
para avaliação psicológica de candidatos à carteira nacional de habilitação (CNH) Anexo da
Resolução CFP nº.012/2000. Disponível: http://www.pol.org.br/legislacao/doc/ resolucao
2000_12.doc. Acessado em 06 de agosto de 2008.
CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN. (2008). Resolução nº. 267/2008.
Disponível:http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLU
ÇAO_CONTRAN_267.pdf. Acessado em: 20 de maio de 2008.
COSTA J.; PORTUGUEZ M. Memória de orientação espacial Avaliação em pacientes com
doença de Alzheimer e com epilepsia mesial temporal refratária. Arq Neuropsiquiatra; 4 (2-
B):490-495, 2006.
COZZA, H. F. P. Avaliação das funções executivas em crianças e correlação com atenção
e hiperatividade. Dissertação de Mestrado não-publicada. Programa de Pós-Graduação
Strico-Sensu em Psicologia, Universidade São Francisco. Itatiba, SP. 2005.
COURTNEY, S. M.; UNGERLEIDER, L. G.; KEIL, K.; HAXBY, J. V. Transient and
sustained activity in a disturbed neural system for human working memory. Nature, 386,
608-611. 1997.
CROTTAZ-HERBETTE S.; ANAGNOSON R.T; MENON V. Modality effects in verbal
working memory: differential prefrontal and parietal responses to auditory and visual stimuli.
Neuroimage. 21: 1: 340-51.2004.
CRUZ, R. e organizadores. Comportamento humano no trânsito. São Paulo. Casa do
Psicólogo. 2003.
90
90
DAMÁSIO, A.; DAMÁSIO H. Revista: Viver Mente & Cérebro Scientific American. Ano
XIII Nº143 Dezembro, 2004.
DANCEY, C.; REIDY, J. Estatística sem matemática para psicologia: Usando SPSS para
Windows. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
DANEMAN, M.; CARPENTER,P. A. Individual differences in working memory and
reading. Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior, 19, 450-466. 1980.
DE CICCO, F.; FANTAZZINI, M. L. Os riscos empresariais e a gerência de riscos. Proteção
suplemento especial n. 1, São Paulo, n. 27, fevereiro- março, 1994.
DEL NERO, H.S. O Sítio da Mente: pensamento, emoção e vontade no cérebro humano. São
Paulo: Collegium Cognito, 1997.
DENIS, I.Working memory and reasoning: An individual differences perspective. Thinking
and Reasoning, 9 (3), 203-244.2002.
DOCKRELL, J.; MCSHANE,J. Crianças com dificuldades de aprendizagem: uma
abordagem cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000.
DUARTE, T. Avaliação Psicológica dos Motoristas. In: HOFFMANN, M. H.; CRUZ R.
Moraes, ALCHIERI, J.C. Comportamento humano no trânsito. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2003.
EINSTEIN, G. O.DANIEL,M. A. Normal aging and prospective memory. Journal of
Experimental Psychology: Learning, Memory and Cognitition, 16, 717-726. 1990
ELLIS, A.W.; YOUNG, A. W. Human cognitive neuropsychology. London: Lawrence
Erlbaum. 1998
EMBRETSON, S. E.;REISE, S. P. Item response theory for psychologists. New Jersey:
Lawrence Erlbaum.1996
ESPÓSITO; POSTILE; RYMPA System. In:Neuroscience. Exploring the Brain - F.M.
Bear.; B.W Connors, and M.A. Paradiso (eds.) - pp.152-185, 1996 3. Turkington, C. -
Improve your memory through your lifestyle. Em: C. Turkington (ed.). 12 Steps to a Better
Memory.Editora Macmillan. 12:129-140, 2008.
91
91
EYSENCK ; KEANE. Psicologia cognitiva: Um manual introdutório. Porto Alegre. Artes
Médicas 1990.
FLAVELL, J. H.; WELLMAN. H. M. Metamemory. In R. V. Kail & J. W. Hagen (Orgs.),
Perspectives on the development of memory and cognition. p. 3-34. Hillsdale: Lawrence
Erbaum 1977.
GALERA, C. FUHS, C. C. L. Memória visuo-espacial a curto prazo: os efeitos da supressão
articulatória e de uma tarefa aritmética. Psicol. Reflex. Crit. 2003, vol.16, no.2, p.337-348.
ISSN 0102-7972.
GARCIA E MADRUGA J. A. Comprensión e inferencia en el razonamiento silogístico.
Cognitiva, 2 (3), 323-350. 1989.
GATHERCOLE, S. Sense and sensitivity in phonological memory and vocabulary
development: A reply to Bowey. Journal of Experimental Child Psychology, 67, 290-
294.1997
GATHERCOLE, S.; BADDELEY, A. Working memory and language. Hove: Lawrence
Earlbaum Associates. 1993.
GATHERCOLE, S. E.; BROADBENT, D. E. Combining attributes in specified and
categorised target search: Further evidence for strategic differences. Memory e Cognition,
12, 329-33 2007
GATHERCOLE, S. E.; HITCH, G. J. Developmental changes in short-term memory: a
revised working memory perspective. In A. F. Collins, S. E. Gathercole, M. A. Conway, e P.
E. Morris (Orgs.), Theories of memory (p. 189-209). Hove, Reino Unido: Lawrence
Erlbaum. 1993.
GILHOOLY, K. J.; LOGIE, R. H.; WYNN, V. Syllogistic reasoning tasks, working memory
and skill. European. Journal of Cognitive Psychology, 11 (4), 473-498.1999
GIL, A. C . Pesquisa social. São Paulo: Atlas.1995.
GOMES, A. A Criança em desenvolvimento: cérebro, cognição e comportamento. Rio de
Janeiro: Ed. Revinter, 2005.
GREGG, V. Memória humana. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1976
92
92
GUBER, N. Responsabilidade no projeto do produto: uma contribuição para a melhoria
da segurança do produto industrial. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Florianópolis: EPS/CTC/UFSC, 1998.
GUERREIRO, J.;QUELHAS, A.;GARCIA-MADRUGA, J. A. Memória de trabalho e
inferência silogística: Estudo exploratório de novas medidas. Aná. Psicológica, Apr. 2006,
vol.24, no.2, p.131-146. ISSN 0870-8231.
HELENE, A. XAVIER, G. A construção da atenção a partir da memória Rev. Bras.
Psiquiatria. Dec. 2003, vol.25 suppl.2, p.12-20. ISSN 1516-4446.
HOLLNAGEL, E. Cognitive ergonomics: It's all in the Mind. Ergonomics, 40(10), 1170-
1182. 1997.
HOFFMANN, M. H.; CRUZ, R. M.;ALCHIERI, J. C. Comportamento humano no
trânsito. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2003.
HOFFMANN, M. CARBONELL E.;MONTORO L. Alcool e segurança no trânsito a infração
e sua prevenção (II). Psicologia Ciência e Profissão, 2,25-30.2005
HULME, C.; THOMSON, N.; MUIR, C.; LAWRENCE, A. Speech rate and development of
short-term memory span. Journal of Experimental Child Psychology, 38, 241-253. 1984
HULME, C.; TORDOFF, V. working memory development: the effects of speech rate, word
length, and acoustic similarity on serial recall. Journal of Experimental Child Psychology,
47, 72-87. 1989
HUCZYNSKI, A.; BUCHANAN, A. Organizational behaviour. Hemel Hempstead:
Prentice-Hall, 1991.
KANE, M. J.;BLECKLEY, M. K.; CONWAY, A. R. A.; ENGLE, R. W. (2001).A controlled-
attention view of working-memory capacity. Journal of Experimental Psychology: General
[Ovid], 130 (2), 169183. Acessado em: 08 de outubro de 2006.
LAZZARI C.; WITTER I. Nova Coletânea de legislação de trânsito. 23 ed. Porto Alegre:
Editora Sagra, 2005.
LEIDERMAN, S.M.: The Word Problem of Environmental Emigration from Polluted
Regions. The Nato Advanced Research. 2002.
93
93
LEUNG, H. C.;SKUDLARSKI, P.; GATENBY, J. C.; PETERSON, B. S.; GORE, J. C. An
event-related functional MRI study of the Stroop color word Interference task. Cerebral
Córtex, 10 (6), 552-560. 2000.
LEZAK, M. D. Neuropsychologial assessment. Oxford: University Press Inc. 1995.
LIGHT, L. L.;ZELINSKI, E. M. Memory for spatial information in young and old adults.
Developmental Psychology, 19, 901-906. 1983.
LINASSI, L. Z. Memória de trabalho em crianças com desvio fonológico. 2006. 87 f.
Dissertação (Mestrado em Distúrbio da Comunicação Humana) - Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria.2006.
LURIA, A. Desenvolvimento cognitivo. São Paulo. Ícone, 1990
LUNARDI, A.L. Avaliação da memória de trabalho em trabalhadores do comércio
varejista . Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, 2003.
LOGIE, R.H. Visuo-spatial working memory. Hove, UK: Erlbaum, 1995. www.apa.org
Acessado em maio de 2006.
LOPES, E. J. ; LOPES, R.; GALERA, C. Memória de trabalho viso-espacial em crianças de 7
a 12 anos. Estud. psicol. (Natal), Natal, v. 10, n. 2, 2005. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.-4X2005000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 Jul
2007. Pré-publicação.
MACHADO, A. Neuroanatomia funcional. São Paulo. Atheneu. 1985.
MANDLER, M.; SEEGMILLER, D.; DAY, J. On the coding of spatial information. Memory
e cognition, 5, 10-16. 1977.
MATOS, M. A. TOMANARI, G. Y. A análise do comportamento no laboratório didático.
São Paulo: Manole. 2002
MELIÁ, L. Un modelo causal psicosocial de los acidentes laborales. Anuario de Psicología,
29 (3), 25-43, 1999.
94
94
MIYAKE, A.; FRIEDMAN, N. P.; RETTINGER, D. A.; SHAH, P.; HEGARTY, M. How are
visuospatial working memories, executive functioning, and spatial abilities related? A latent-
variable analysis. Journal of Experimental Psychology: General, 130(4) 2001.
MENDONZA C. COLOM R. Armazenamento de Curto Prazo e Velocidade de
Processamento explicam a relação entre memória de trabalho e o fator g de Inteligência.
Psicologia: Teoria e Pesquisa Jan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 113-122
MOTA, M. Uma introdução ao estudo cognitivo da memória a curto prazo: da teoria dos
múltiplos armazenadores a memória de trabalho. Revista estudos de Psicologia, PUC
Campinas, v.17, n 3, p 15-21.2000
NIOCHE, J. P. et alii. Strategor. Strategie, Structure, Décision, Identité: Politique Générale
D’enterpisa. Inter Editions, 1988.
PARENTE, M.; SPARTA, M.; PALMINI, A. Temporal Perception Disorder and its Influence
on Memory: A Case Study of a Patient with Frontal Lobe Lesion. Psicol. Reflex. Crit. Porto
Alegre, v. 14, n. 2,2001.Disponível em:http://www.scielo.br/. Acesso em: 18 July 2007. Pré-
publicação.
PARK, C. D.; JAMES C. Q. (1983). Effect of encoding instrutions on children's spatial and
color memory: automaticity. Child Development, 54, 61-68.
PARK, C. D; PUGLISI, J. T.; LUTZ, R. Spatial memory in the elderly: effects of
intencionality. Journal of Gerontology, 37, 330-335.1982.
PASQUALI, L. (org.) Elaboração de instrumentos psicológicos. São Paulo: Casa do
Psicólogo, no prelo.
PASQUALI, L. Princípios de elaboração de escalas psicológicas. Revista de Psiquiatria
Clínica, 25, 206-213. 1998.
PASQUALI, L. Psicometria: teoria dos testes psicológicos.Brasília: LabPAM. 2000
PALMINI, O rebro e as tomadas de decisões. In: KNAPP, P. Terapia Cognitiva
Comportamental na Prática Clínica. Artmed. Porto Alegre, 2004.
PEZDEK, K. Memory for items and their spatial locations by young and elderly adults.
Developmental Psychology, 19, 895-900. 1983.
95
95
PLISZKA, S. R. Neurociência para o clínico de saúde mental. Porto Alegre: Artmed.2004.
POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed,
2001.
RASKIN, S. Tomada de decisão e aprendizagem organizacional.
http://www.pr.gov.br/batebyte/edicoes/2003/bb135l acessado em: 22/11/2005.
REASON, J. Generic error-modelling system (GEMS): a cognitive framework for locating
common human error forms. Em: Rasmussen, J.; Duncan, K.; Leplat, J. (Orgs.). New
technology and human error. (pp. 63-83). New York: John Wiley e Sons. 2007
RICHARD, J. Les ativités mentales: comprendre, raisonner, trouver des solutions. Paris:
Armand Colin, 1998. 381p.
RICHARDSON, J. T. Evolving concepts of working memory. Em J. Richardson, R., Engel,
L. Hasher, R. Logue, E. Staltzfus e R. Zacks (Orgs.), Working memory and human
cognition (pp. 2-30). New York: Oxford Press. 1996
ROSA, S. B. A integração do instrumento ao campo da engenharia didática: o caso do
perspectógrafo. Florianópolis, 1998. 366 p. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção)
Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa
Catarina. 1998
ROZESTRATEN, R.J.A. A psicologia do trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo:
EDU/EDUSP, 1988.
SANTOS F.H., BUENO O.F.A. Validation of the Brazilian Children's Test of Pseudoword
Repetition in Portuguese speakers aged 4 to 10 years. Braz J Med Biol Res. [serial on the
Internet]. 2003 Nov [cited 2007 July 17];36(11): 1533-1547.Available from:
http://www.scielo.br/scielo. 879X2003001100012&lng=en&nrm=iso.
SALTHOUSE, T. A.;BABCOCK, R. L. Decomposing adult age differences in working
memory. Developmental Psychology, 27, 763-776. 1991.
SCHLINDWEIN-ZANINI, R.; Izquierdo, I.; Cammarota, M. ; Portuguez, M. W. Aspectos
neuropsicológicos da Epilepsia do Lobo Temporal na infância. Rev Neurocienc, São Paulo,
v. 17, n. 1, mar. p. 46-50, 2009.
96
96
SCHLINDWEIN-ZANINI, R. Aspectos psicológicos e neuropsicológicos do idoso. In: ROSA
NETO, Francisco (Org.). Manual de atividade motora para terceira idade. Porto Alegre:
ArtMed, 2009. v. 1. p. 62-73.
SCHLINDWEIN-ZANINI, R. Neuropsicologia e Saúde Mental. Cad. Bras. Saúde Mental,
Florianópolis, v. 1, n. 1, jan-abr. 2009. CD-ROM.
SILVINO, A. M. D; ABRAHÃO, J. I. O papel das representações implícitas e explícitas na
cognição compartilhada. [Resumo]. Em Associação Brasileira de Ergonomia (Org.), Resumos
do VII Congresso Latino Americano de Ergonomia, XII Congresso Brasileiro de
Ergonomia, I Seminário Brasileiro de Acessibilidade Integral CD-ROM. Recife: Abergo.
2002
SQUIRE, L.;KANDEL, E. Memória: da mente as moléculas. ARTMED. Porto Alegre. 2003.
SHIFFRIN, R. M. Short-term memory: A brief commentary. Memory e Cognition, 21, 193-
197.1993
STERNBERG, R. J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SCHULMANN-HENGSTELER; R.; Demmel, U.; Seitz, K. Visuospatial working memory in
children and adults. Memory e Cognition, 16, 437-445.1992
TUON, L; PORTUGUEZ;M; COSTA, J. Spatial orientation memory: evaluation in patents
with Alzheimer disease and temporal lobe epilepsy. Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, v. 64,
n. 2b, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php. Acesso em: 08 Jan 2008.
10.1590/S0004-282X2006000300026
VON WRIGHT, J.;GEBBARD, P. KARTTUNEM, M. A developmental study of recall of
spatial location. Journal of Experimental Child Psychology, 20, 181-190. 1975.
XAVIER, G. F. A modularidade da memória e o sistema nervoso. Psicologia USP, 4, 61-115.
1999.
XAVIER, G. F. Memória: correlatos anatomo-funcionais. Em R. Nitrini, P. Caramelli e L. L.
Mansur (Orgs.), Neuropsicologia, das bases anatômicas à reabilitação (pp. 107-126). São
Paulo: Clínica Neurológica Hospital de Clínicas FMUSP. 1996
97
97
VYGOTSKY, L.S. Teoria e método em psicologia. Trad.C.Berliner. 2 ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
ZANGIROLANI, Lia Thieme Oikawa et al . Topologia do risco de acidentes do trabalho em
Piracicaba, SP. Rev. Saúde Pública, São Paulo,v. 42, n. 2,Apr. 2008 Available from
<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- access on15 July 2009.
WAGAR, B.; DIXON, M. Colored photisms prevent object-substitution masking in
digitcolor synesthesia. Brain and Cognition, 48, 606-611.2001
WALKER, P.; HITCH, G. J.; DUROE, S. The effect of visual similarity on short-term
memory for spatial location: implications for the capacity of visual short-term memory. Acta
Psychologica, 83, 203-224. 1993.
WHARTON, F. Risk management: basic concepts and general principles. In: ANSELL, Jake,
WHARTON, F. Risk: analysis assessment and management. England: John Wiley & Sons,
Ltd., 1992. 220 p. ISBN 0-471-93464-X.
WATERS, G. S.; CAPLAN, D. The measurement of verbal working memory and its relation
to reading comprehension. Quarterly Journal of Experimental Psychology, 49A (1), 51-
79.1996
WECHSLER, M.; VENDRAM, N.;TREVISAN A.; FURTADO, E.; FRANCO,M.;
CABRAL, L.e cols. Análise da estrutura cognitiva pela bateria Woodcock-Johnson III.
Pôster apresentado no I Congresso de Avaliação Psicológica Gramado, RS. 2005.
WEILL-FASSINA, A. L'Analyse des aspects cognitifs du travail. Em M. Dadoy, C. Heenry,
B. Hillau, G. de Terssac, J.-F. Troussier & A. Weill-Fassina (Orgs.), Les analyses du travail.
Enjeux et formes (pp.193-198). Paris: Cereq. (1990).
VERNON, P. A. Recent finding in the nature of g. Journal of Special Education, 17(3),
388-400.1983
WICKENS, C. D.;HOLLANDS, J. G. Engineering Psychology and Human Performance.
(3a. ed) Prentice-Hall, 1999.
WILDE, G. O Limite aceitável de risco: uma nova Psicologia de segurança e da saúde. Casa
do psicólogo. São Paulo. 2005.
98
98
APÊNDICE A TAREFAS DE AVALIAÇÃO DE MEMÓRIA DE TRABALHO
TAREFA 01












A =
E =
Tempo =
TAREFA 02 - PARES INVERTIDOS
.
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
Modelo 1
Modelo 2
Resposta
TAREFA 03
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
A =
E =
Tempo =
COLUNA A LETRA
COLUNA B - PALAVRAS
1-
2-
3-
4-
5-
6-
102
102
TAREFA 04
A =
E =
Tempo =
103
103
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
104
104
CAPOTA
SALGADO
SOLDADO
CENSURA
GOLA
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
105
105
MOÇA
MARIDO
ONÇA
DOCE
SOL
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
106
106
SEGUINTE
FOTOGRAFIA
LIGEIRO
GELO
LAGO
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
107
107
JUVENIL
LAJOTA
LEI
LUSTRE
FUTEBOL
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
108
108
GIRAFA
GELÉIA
GIRASSOL
JUIZ
JABOTI
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
109
109
MOÇA
MARIDO
ONÇA
DOCE
ENSOLARADO
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
110
110
S U G E O R
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
R L E A V
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
111
111
L A C P A
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
O R T E M
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
112
112
R T O A
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
E A R P
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008
114
114
115
115
116
116
117
117
118
118
Manual de instrução IMMT
TAREFA 01 Localizar figuras (LF)
Será apresentado ao participante um cartão com um símbolo de cada vez de forma individual
por 3 segundos. Após a observação do mesmo, este deverá localizar o estímulo numa página
de resposta composta por outros estímulos sem cor. Simultaneamente a essa tarefa o
respondente registrará a cor do símbolo apresentado e assinalado. Assim, prosseguirá com os
outros símbolos. As figuras não serão apontadas na ordem da folha de resposta.
Cronometrar o tempo individual da tarefa.
“Eu vou apresentar um cartão com uma figura colorida. Observe com atenção a figura.
Vocês receberam uma folha de resposta com várias figuras, procurem a figura apresentada,
quando encontrarem assinale com um X. Assinale também a cor da figura, na mesma coluna”.
Podemos começar? Você compreendeu? (Observar se o candidato compreendeu onde deve
assinalar na folha de resposta).
Mostrar a figura marcar no cronômetro 3 segundos. E dizer: agora localizem na folha de
resposta.
TAREFA 02 Pares invertidos (PI)
Consiste de um par de estímulos iguais (uma delas invertida), e com posições diferentes, os
participantes utilizarão os sinais igual (=) ou diferente(), para cada situação, a partir do
modelo apresentado.
Demonstrar o sinal de = e =
Entregar a folha, mostrar na folha o modelo e a diferença na figura. Na folha de resposta
deve assinalar figuras que estão na mesma posição.
“Observe as figuras dos Guardas. Vejam que elas são diferentes. Os guardas estão com as
mãos em posições diferentes”.
Apontar e dizer: Este guarda está com a mão direita levantada.
Este outro com a mão esquerda.
Agora olhe as figuras abaixo e assinale = quando os guardas estiverem com a mesma mão
levantada ou seja na mesma posição. E = (diferente) quando eles tiverem com a mão em
posição diferente.
Anotar o tempo individual da tarefa.
?
TAREFA 3 - Grupo de palavras (GP) - O teste de recordação será o de leitura de grupo de
palavras. Os participantes serão instruídos a ler e identificar a letra em comum a estas
119
119
palavras escrevê-las nas linhas, e registrar o nome da última palavra. Caso os sujeitos não
recordem a última palavra, devem escrever a que lhes vem à mente.
Apresentar a folha de resposta.
Dar as instruções dizendo: Agora vou mostrar um grupo de palavras durante um período de
tempo, você deve observar qual a letra comum em todas, ou seja, qual a letra que se repete em
todas as palavras.
Anote na folha de resposta, agora escreva a letra, escreva também a última palavra que você
leu.
Mostrar o grupo de palavras durante 8 segundos.
Marcar o tempo da tarefa.
TAREFA 4 - Organizar palavras (OP), será apresentado um conjunto de estímulos
perceptuais (letras) para os participantes, após observarem devem organizar a letras
mentalmente sem a presença dos cartões
Apresentar a folha de resposta.
Dizer: Vou apresentar um cartão com letras por um tempo, observe as letras, forme uma
palavra e escreva na folha de resposta.
Apresentar por 8 segundos. Marcar o tempo da tarefa.
120
120
APENDICE B- CHECK LIST
121
121
CHECK LIST
1) Dados de Identificação
Data de Nascimento: ____/____/______ Sexo: Masculino ( ) Feminino( )
Profissão: _________________________
Escolaridade (completa): Ensino fundamental ( ) Ensino Médio( ) Graduação( )
Categoria da CNH: A B C D E
Dirige Profissionalmente: ( ) Sim ( ) Não HÁ QUANTO TEMPO?
Tempo de Habilitação: POR QUE CATEGORIZADA E NÃO RESPOSTAS BRUTAS
( ) até 1 ano
( ) 1-5 anos
( ) 5-15 anos
( ) acima de 15 anos
Check List dos aspectos psicofisiológicos e estilos comportamentais :
Tem ou já teve:
SIM
NÃO
Diabete
Insuficiência Cardíaca
Convulsões
Artrose
Tonturas
Naúseas
Hipertensão
Depressão
Mudanças de humor, nervoso
Ansiedade
Faz uso de:
Lentes corretivas
Aparelho de acuidade auditiva
Estilos Comportamentais. Quando dirige:
Por várias horas, tende a ficar desatento
Tende a ficar sonolento
Usa a velocidade para sentir adrenalina
Ao encontrar dificuldade no caminho, culpa outros motoristas
Fala no celular
Fuma.
Faz uso de bebida alcoólica
Irrita-se com outros motoristas
Ouve música, faz troca de Cd e busca outras estações de rádio
Data: ____/____/______ ___________________________________
Instrumento de medida de Memória de Trabalho - IMMT
(Armôa& Cruz,2008)
122
122
Apendice C (TCLE)
123
123
APÊNDICE C TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE -
PARTICIPANTE)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Departamento de engenharia de produção e sistemas programa de pós-
graduação em engenharia de produção-doutorado
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Sandra Luzia Haerter Armôa, psicóloga e doutoranda do Programa de Pós
Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lhe
convido a participar do processo de coleta de dados do projeto de pesquisa intitulado:
MEMORIA DE TRABALHO E DIREÇÃO VEICULAR NO TRÂNSITO. Contribuição aos
estudos em ergonomia cognitiva.
A sua participação na pesquisa consiste em responder a quatro tarefas e um check list
O seu nome, ou qualquer dado que possa lhe identificar, não serão usados. A sua
participação é absolutamente voluntária, sem qualquer tipo de ônus ou prejuízo à sua saúde
física e mental. A pesquisadora está à disposição para qualquer esclarecimento. Mantém-se
também o seu direito de desistir da participação a qualquer momento.
Os dados obtidos na pesquisa serão utilizados para posterior publicação de artigos ou
trabalhos em eventos científicos.
Após ler este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e aceitar participar do
estudo solicito a assinatura do mesmo em duas vias, sendo que uma delas permanecerá com
você.Qualquer informação adicional poderá ser obtida junto à pesquisadora, pelo telefone:
067 81168357 ou via e-mail [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi de forma clara e
objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a meu respeito serão
sigilosos.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Nome por extenso _______________________________________________________________ .
Assinatura ___________________________________________________ Data, ____/____/____ .
124
124
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE - INSTITUIÇÃO)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Departamento de engenharia de produção e sistemas programa de pós-
graduação em Engenharia da Produção-doutorado
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O.................. cito à Rua ..................................................................................................
n
o
. ................ na cidade de ........do Estado............................. , está ciente de que será
realizada neste órgão a pesquisa intitulada MEMORIA DE TRABALHO E DIREÇÃO
VEICULAR NO TRÂNSITO. Contribuição aos estudos em ergonomia cognitiva.
O processo de pesquisa inclui a aplicação de tarefas para avaliar a memória de
trabalho nos condutores em processo de reabilitação. Os dados coletados serão utilizados para
a pesquisa bem como para publicações de artigos ou trabalhos em eventos científicos afins.
Os dados referentes às pessoas e as instituições envolvidas na pesquisa serão mantidos em
sigilo.
Sendo assim, autorizo a pesquisadora aqui denominada Sandra Luzia Haerter Armôa
doutoranda em Engenharia da Produção pelo Programa de Pós-graduação da Universidade
Federal de Santa Catarina, a desenvolver a pesquisa no DETRAN-MS.
Qualquer informação adicional ou esclarecimento acerca deste estudo poderá ser
obtido junto à pesquisadora principal, pelo telefone 067 81168357 ou via e-mail
Eu ...................................................................................., responsável legal por esta
instituição, declaro através deste documento, o meu consentimento para a realização da
pesquisa MEMORIA DE TRABALHO E COMPORTAMENTO SEGURO NO TRÂNSITO
Contribuição aos estudos em ergonomia cognitiva, a ser realizada neste órgão.
Declaro ainda que estou ciente de seus objetivos e métodos.
......................, .............. de ..................................... de 2008
...........................................................................RG...............................
Assinatura do Responsável
Sandra Luzia Haerter Armôa
Prof. Dr. Roberto Moraes Cruz
Pesquisador principal - Doutoranda
Pesquisador Responsável - Orientador
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo