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As principais características de um biomaterial para reconstruções de cadeia
ossicular são: biocompatibilidade; rigidez para garantir a transmissão sonora;
bioinércia ou bioatividade, na qual não há influência bioquímica sobre o tecido
receptor; estabilidade morfológica que evite a degradação ou reabsorção do
material; ser moldável; ter fácil disponibilidade; não haver fixação com o osso de
sustentação (promontório ou canal do nervo facial); e não interferir com a aeração
normal da cavidade timpânica (Sprekelsen, Algarra, 1992; Pou, 2003; Menéndez-
Colino et al, 2004).
A maioria das técnicas em uso corrente lança mão de materiais autólogos,
retirados do próprio paciente. Os materiais mais utilizados são a fáscia do músculo
temporal, pericôndrio e cartilagem que, como todo material autólogo, têm boa
aceitação pelo hospedeiro, além de ter boa aplicabilidade como “ponte de suporte”,
essencial para a migração tecidual no processo de fechamento da perfuração
(Epstein, Sataloff, 1986; Pfleiderer, Moffat, 1988; Rahman et al, 2005). A taxa de
sucesso desses enxertos é de aproximadamente 90%, desde que aplicados com
técnica cirúrgica apropriada. Entretanto, eles têm como desvantagem a necessidade
de coleta, o que amplia o tempo e morbidade cirúrgicos (Epstein, Sataloff, 1986;
Terry et al,1988; Ajulo et al, 1995; Ayache, 2003; Güneri et al, 2003).
Vários tipos de enxertos para miringoplastia vêm sendo utilizados e avaliados,
entre outros, o papel de arroz (Laurent et al, 1991), a gordura de lóbulo da orelha
(Terry et al, 1988), a gordura periumbilical (Ajulo et al, 1993; Ayache et al, 2003), o
pericôndrio de cartilagem tragal (Boone et al, 2004) e o aloderme (Youssef, 1999;
Saadat et al, 2001; Benecke 2001; Fayad et al, 2003; Fishman et al, 2005, Haynes et
al, 2005; Vos et al, 2005).
Nas cirurgias de timpanoplastias, percebe-se muitas vezes que os ossículos
estão destruídos pela própria doença crônica e não podem ser utilizados para
interposições ou recolocações. Nesses casos, há vários tipos de biomateriais,
biológicos e não biológicos para restaurar o mecanismo de transmissão do som. Os
materiais mais ultilizados são as próteses de hidroxiapatita (Meijer et al, 2002;
Rondini-Gilli et al, 2003; Goebel, Jacob, 2005), de cimento de osso (Hoffmann et al,
2003; Babu, Seidman, 2004; Saunders, 2006), de titânio (Schwager, Geyer, 1998;
Hillman, Shelton, 2003; Menéndez-Colino et al, 2004; Trabant et al, 2004), de
cerâmica (Epstein, Sataloff, 1986) e de plastipore
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(Bayazit et al, 1999; House et al,
2001).