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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola de Enfermagem Anna Nery
Ana Carla Dantas Cavalcanti
MANEIRAS DE CUIDAR EM CIRURGIA CARDÍACA: as reações ao cuidado de
enfermagem
Rio de Janeiro
2007
Ana Carla Dantas Cavalcanti
MANEIRAS DE CUIDAR EM CIRURGIA CARDÍACA: as reações ao cuidado de
enfermagem
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem Anna
Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Doutora em Enfermagem.
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Maria José Coelho
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2
Rio de Janeiro
2007
Cavalcanti, Ana Carla Dantas.
Maneiras de Cuidar em Cirurgia Cardíaca: as reações ao
cuidado de enfermagem/Ana Carla Dantas Cavalcanti. Rio de
Janeiro: UFRJ/EEAN, 2007.
X, 168 f.:Il; 31 cm.
Orientadora: Maria José Coelho
Tese (Doutorado) UFRJ/EEAN/Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem , 2007.
Referências Bibliográficas: f. 144-153
1.Enfermagem. 2. Cuidados de Enfermagem. 3. Comunicação.4.
Cirurgia Cardíaca. I. Coelho, Maria José. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery. III. Título.
CDD 610.73
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3
Ana Carla Dantas Cavalcanti
MANEIRAS DE CUIDAR EM CIRURGIA CARDÍACA: as reações ao cuidado de
enfermagem
Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 2007.
Tese de doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola
de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Enfermagem.
(Prof
a
Dr
a
Maria José Coelho, EEAN/UFRJ)
(Prof
a
Dr
a
Mara Lúcia Amantéa, Faculdade de Enfermagem/UERJ)
(Prof
a
Dr
a
Marilda Andrade, EEAAC/UFF)
(Prof
a
Dr
a
Silvia Tereza Carvalho de Araújo, EEAN/UFRJ)
(Prof
a
Dr
a
Deyse Conceição Santoro, EEAN/UFRJ)
(Prof
a
Dr
a
Jaqueline da Silva, EEAN/UFRJ)
(Prof
a
Dr
a
Márcia Valéria Rosa Lima, EEAAC/UFF)
DEDICATÓRIA
Eu te desejo não parar tão cedo
pois toda idade tem prazer e medo
e com os que erram feio e bastante
que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado
ainda exista amor pra recomeçar,
pra recomeçar
Eu te desejo muitos amigos
mas que em um você possa confiar
e que tenha até inimigos
pra você não deixar de duvidar
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
4
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar...
Desejo que você ganhe dinheiro
pois é preciso viver também
e que você diga a ele pelo menos uma vez
quem é mesmo o dono de quem
Desejo que você tenha a quem amar...
(Barão Vermelho)
Aos amores da minha vida...
Bruno e Beatriz
AGRADECIMENTOS
Aos meus filhos que compreenderam a minha ausência...
A minha mãe Gloria pelo apoio em todas as horas, incessante preocupação com o meu
sucesso profissional e pelas preciosas revisões bibliográficas...
Ao meu pai Edson que me instigou a trilhar minha vida com coragem e determinação...
Ao meu irmão André pela presença e por partilhar das dificuldades e dos momentos
felizes...
A minha Tia Luci pela participação e compreensão diante da minha ausência...
A Prof
a
Maria José pelas palavras sábias que me ensinaram muito mais do que fazer
pesquisa...
As amigas Dayse, Alessandra, Mara, Tereza e Evelyne pela cumplicidade e zelo não só
no estudo e trabalho, mas na vida...
As mais novas amigas Euzeli, Gisella e Dayse pelo apoio e companheirismo...
As Professoras Deyse e Silvia por me ensinarem a ser enfermeira, mestre e pesquisadora....
As Professoras Rosane, Marcia Valéria, Jaqueline, Deyse, Silvia, Mara e Marilda pelas
relevantes contribuições e sugestões...
Aos docentes e discentes da EEAN/UFRJ, que contribuíram para a construção dessa tese...
A todos os funcionários da secretaria, segurança e biblioteca da EEAN, em especial a
Sonia, Lúcia e Cristina pela compreensão e pelas palavras carinhosas...
5
A Equipe de Enfermagem da Unidade Cardiointensiva Cirúrgica pelo apoio, estímulo e
disponibilidade em participar do estudo...
Aos clientes e seus familiares, que consentiram em participar e ampliar o saber de
enfermagem em cirurgia cardíaca....
Aos docentes e discentes da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da
Universidade Federal Fluminense pelas palavras de apoio...
Ao profissionais da Clínica de Insuficiência Cardíaca, em especial aos membros do
GESAEIC pelo estímulo e compreensão...
Obrigada!!!
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Fernando Pessoa, 1934
6
RESUMO
CAVALCANTI, Ana Carla Dantas. Maneiras de Cuidar em Cirurgia Cardíaca: as reações
ao cuidado de enfermagem. Rio de Janeiro, 2007. Tese (Doutorado em Enfermagem) Escola
de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
Este estudo comprovou que a comunicação interpessoal é o núcleo do cuidar de
enfermagem em cirurgia cardíaca e se apresenta com maneiras de fazer diferentes e
particulares. Para tal, teve como objetivos: identificar os tipos de comunicação interpessoal
utilizados no cotidiano por clientes e equipe de enfermagem na Unidade de Terapia
Cardiointensiva Cirúrgica; descrever as reações do cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca ao cuidado no processo de comunicação interpessoal, e; analisar a especificidade do
cuidar de enfermagem em cirurgia cardíaca sob a ótica da comunicação interpessoal. Trata-se
de uma pesquisa qualitativa, com abordagem etnometodológica, que utilizou como técnicas de
coleta de dados a observação sistemática, a entrevista não-estruturada, a captação de imagens
através da fotografia e filmagem e o registro em diário de campo, respeitando-se os aspectos
éticos. Após a coleta, os dados foram organizados e codificados para análise de conteúdo.
Como resultados os tipos de comunicação interpessoal identificados na UTCIC foram: as
características físicas do cliente, os fatores do meio ambiente da cirurgia cardíaca, a proxemia,
a cinésica, a comunicação verbal, a tacêsica, os ruídos e a paralinguagem. As reações do
cliente ao cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca foram decodificadas e evidenciadas.
Houve predominância das reações expressas na cabeça e pescoço. Quanto maior o tempo de
pós-operatório, maior a freqüência das reações. A análise das reações decifrou emoções de
surpresa/desconfiança, medo/ansiedade, dor, tristeza e felicidade. A cinésica corporal e facial
representou a linguagem do cliente que expressou suas emoções ao cuidado realizado. A
especificidade da cirurgia cardíaca culminou nas seguintes maneiras de cuidar em
enfermagem que m como núcleo a comunicação interpessoal: cuidar admissional, cuidar
inter-pessoal, cuidar proxêmico, cuidar tacêsico, cuidar do ambiente de cirurgia cardíaca,
cuidar cinésico, cuidar de alerta, cuidar de guerra, cuidar para as quedas, cuidar das formigas,
cuidar dos liquidos corporais, cuidar confortável, cuidar das intercorrências, cuidar
fotografado e filmado, cuidar dos procedimentos invasivos, cuidar mural, cuidar do corpo
(semi)morto, cuidar dinâmico e cuidar de saída. A consolidação das reações ao cuidado de
enfermagem divulgou um DVD com imagens visuais móveis, um calendário com imagens
fixas e um adesivo. Estes tendem a fornecer visibilidade à comunicação interpessoal como
núcleo desse cuidar e divulgar as maneiras de saber e fazer em cirurgia cardíaca.
7
ABSTRACT
CAVALCANTI, Ana Carla Dantas. Ways of care in cardiac surgery: the responses to
nursing care. Rio de Janeiro, 2007. Thesis (PhD in Nursing). Anna Nery School of Nursing.
Federal University of Rio de Janeiro. RJ, 2007
This study showed that the interpersonal communication is the nucleus of nursing care
in cardiac surgery and presents individual and different ways of “doing”. So the objectives
were: to identify the ways of daily interpersonal communication between patients and nursing
team in a Cardiac Surgery Critical Care Unit (CSCCU); to describe the patient responses to
nursing care in a cardiac surgery post operative respecting to interpersonal communication
process; and to make an analysis of the particularity of nursing care in cardiac surgery
considering the interpersonal communication. It is a qualitative research with an ethno-
methodological approach which used for data collection: systematic observation, a no-
organized interview, images captured in photos and films, and notes from records, taking into
account the ethical aspects. The results showed that the types of interpersonal communication
in a CSCCU were: the patient physical characteristics; factors of the environment involving
the cardiac surgery; proxemic, kinesis, oral communication, tacesic, noises and paralanguage.
Patient responses to nursing care in cardiac surgery were noted and made evident. There was
a predominance of responses expressed by head and neck. The more was the post operative
period, the more was the response frequency. The analysis of the responses showed feelings
of surprise/suspicion, fear/anxiety, hurt, sadness and happiness. The facial and body kinesis
represented the patient language who expressed his feelings to the care done. The specificity
of cardiac surgery pointed out the following ways of care in Nursing having the interpersonal
communication as nucleus: admission care, interpersonal care, proxemic care, tacesic care,
cardiac surgery environment care, kinesis care, alarm care, war care, fall care, ant care, body
fluid care, comfortable care, photographed and filmed care, invasive procedure care, semi
died body care, dynamic care and exit care. Consolidated responses to nursing care resulted in
a DVD with visual mobile images, a calendar with fixed images and an adhesive. The purpose
is to become clear the interpersonal communication as the nucleus of this care, as well as the
ways of knowing and doing in cardiac surgery.
8
RÉSUMÉ
CAVALCANTI, Ana Carla Dantas. Maneiras de Cuidar em Cirurgia Cardíaca: as reações
ao cuidado de enfermagem. /Façons de soigner en chirurgie cardiaque: les réactions aux soins
infirmiers/ Rio de Janeiro, 2007. Thèse (Doctorar en Soins Infirmiers) Escola de
Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
Cette étude a démontré que la communication interpersonnelle est le point central des
soins infirmiers en chirurgie cardiaque. Le but de cette étude a été d’identifier les types de
communication interpersonnelle utilisés dans les rapports quotidiens entre les patients et
l’équipe infirmière dans l’Unité Coronarienne Intensive Chirurgicale, de décrire les réactions
des patients aux soins infirmiers, quand ils se trouvaient dans la phase post-chirurgicale, et
d’analyser la spécificité des soins infirmiers en chirurgie cardiaque quant au processus de
communication interpersonnelle. Il s’agit d’une recherche qualitative, à portée
ethnométodologique. Techniques de collecte des données: l’observation systématique,
l’interview non-structurée, la captation d’images à travers la photographie et la vidéo et
l’élaboration d’un journal de terrain, tout en respectant les aspects éthiques y impliqués. Une
fois finie la collecte, les données ont été organisées, codifiées, et leur contenu a été analysé.
Facteurs identifiés comme pertinents pour la communication interpersonnelle dans l’UCIC:
les caractéristiques physiques du patient, l’ambiance de l’intervention chirurgicale cardiaque,
la proxémique, la kinésique, la communication verbale, le toucher, les bruits et les langages
accessoires. Les réactions du patient aux soins infirmiers en chirurgie cardiaque ont été
décodifiées et décrites. Il y a eu une prédominance des réactions exprimées par la tête et par le
cou. La longueur de la période postchirugicale s’est avérée un facteur déterminant de la
fréquence des réactions. L’analyse des réactions a identifié les émotions de surprise/méfiance,
peur/anxiété, douleur, tristesse et bonheur. La kinésique corporelle et faciale a fonctionné
comme un langage pour le patient qui a exprimé ses émotions en action aux soins réalisés.
La spécificité de la chirurgie cardiaque a déterminé les différents types de soins infirmiers
centrés sur la communication interpersonnelle : admissionnels, interpersonnels, proxémiques,
tactiles, ambiantiels, kinésiques ; soins d’alerte, de guerre, des chutes, des fourmis, des
liquides corporels, du confort, des interférences ; soins photographiés et filmés, soins des
procédures envahissantes, soins des murs, du corps (demi)mort, soins dynamiques, soins de la
sortie. La consolidation de l’étude des réactions aux soins infirmiers a eu comme résultat
l’élaboration d’un DVD avec des images en mouvement, d’un calendrier avec des images
fixes et d’un adhésif. Ce DVD diffuse l’idée que la communication interpersonnelle est au
centre des soins infirmiers, et, en plus, rend accessibles les savoirs à propos des soins en
chirurgie cardiaque.
9
RESUMEN
Cavalcanti, Ana Carla Dantas. Modos de Cuidar en Cirugía Cardíaca: reaciones al cuidado
de enfermería. Rio de Janeiro, 2007. Tese ( PhD en Enfermería). Escuela de Enfermería Anna
Nery, Universidad Federal de Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
Este estudio objetivó comprobar que la comunicación interpersonal constituye el
núcleo del cuidar de enfermería en cirugía cardíaca y presenta modos de hacer diferentes y
particulares. Por lo tanto, tuve por objetivos: identificar los tipos de comunicación
interpersonal utilizados en el cotidiano por los clientes y el equipo de enfermería en la Unidad
de Cuidado Intensive de Cirugía Cardíaca (UTCIC); describir las reaciones del cliente en el
post operatório de cirugía cardíaca al cuidado en el proceso de comunicación interpersonal; y
analizar la particularidad del cuidado de enfermería en cirugía cardíaca teniendo en cuenta la
comunicación interpersonal. Se trata de una investigación cualitativa, con abordaje
etnometodologico , que utilizó como técnicas de recopilación de datos la observación de
imagen a través de fotografia y producción de películas, y registro en el prontuário, teniendo
em cuenta los aspectos éticos. Después de la recopilación, los datos fueron organizados y
codificados para análisis. Los resultados revelaron los tipos de comunicación interpersonal
identificados en la UTCIC: las características físicas del cliente, los factores del médio
ambiente de la cirugía cardíaca, la proxemia, la cinésica, la comunicacíon oral, la tacesica, los
ruídos y la paralenguage. Las reaciones del cliente al cuidado de enfermería en cirugía
cardíaca fueron analizadas y evidenciadas. Hubo una predominância de reaciones en la cabeza
y en el cuello. Tanto mayor el tiempo del post operative, mayor la frecuencia de las reaciones.
El análisis de las reaciones mostró emociones de sorpresa/sospecha, miedo/ansiedad, dolor,
tristeza y felicidad. La cinésica corporal y facial represento la lenguage del cliente que ha
expresado sus emociones al cuidado realizado. La especificidad de la cirugía cardíaca culmino
en los siguientes modos de cuidar em enfermería cuyo núcleo es la comunicación
interpersonal: cuidar de admisión, cuidar interpersonal, cuidar proxémico, cuidar tacesico,
cuidar del ambiente de cirugía cardíaca, cuidar cinésico, cuidar de alerta, cuidar de guerra,
cuidar para caída, cuidar de las hormigas, cuidar de los líquidos corporales, cuidar
confortable, cuidar de las alternativas, cuidar fotografado y con películas, cuidar de los
procedimientos invasives, cuidar mural, cuidar del cuerpo semi muerto, cuidar dinâmico y
cuidar de salida. La consolidación de las reaciones al cuidado de enfermería resultó en un
DVD, un calendario y un adhesivo. Estos ofrecen una visión clara de la comunicación
interpersonal como núcleo de ese cuidar y divulgan los modos de saber y hacer en cirugía
cardíaca.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 01
O cuidado de Enfermagem gera reações em clientes em pós-
operatório de cirurgia cardíaca
Figura 02
A comunicação interpessoal como núcleo do cuidado de
enfermagem em cirurgia cardíaca
Figura 03
Alicerce teórico para a construção da tese
Figura 04
A construção da tese desse estudo
Figura 05
Produtos da tese
Figura 06
Técnicas de coleta de dados
Figura 07
Ilustração do projeto arquitetônico da UTCIC
Figura 08
Maneiras de Cuidar em Cirurgia Cardíaca
FOTOS
Foto 01
Características físicas do cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca
46
Foto 02
Posto de Enfermagem da UTCIC
60
Foto 03
Unidade do Cliente
62
Foto 04
Fotografias coladas na divisória da unidade do cliente
65
Foto 05
Vigilance
66
Foto 06
Balão Intraórtico
66
Foto 07
Respirador
66
Foto 08
Aproximação do cliente em distância inferior a 45 cm distância
íntima
75
Foto 09
O cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca distante de 45 a
125 cm da profissional da equipe de enfermagem
77
Foto 10
Distância pública: superior 360 cm
78
Foto 11
O toque no cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca
84
Foto 12
Reação diante da aproximação dos auxiliares de enfermagem
93
Foto 13
Reação diante da aproximação e do toque para cuidados com a
traqueostomia
95
Foto 14
Reação do Sr. Edson diante da aproximação para aspiração
orotraqueal
97
Foto 15
Reação diante da aproximação para retirada do cateter de
monitorização de pressão arterial média
98
Foto 16
Distância íntima: toque instrumental durante o banho no leito
104
Foto 17
Supervisão de enfermagem distância social
105
Foto 18
Registro de enfermagem distância pública
106
Foto 19
Reação cinésica do cliente em pós-operatório tardio de cirurgia
cardíaca
109
Foto 20
Toque instrumental durante da mudança de decúbito
112
Foto 21
Comunicação não-verbal proxêmica (distância íntima) associada à
comunicação verbal
115
11
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 01
Características dos sujeitos participantes do estudo
das reações do cuidado de enfermagem em cirurgia
cardíaca (n=20)
49
Gráfico 01
Distribuição da frequência dos tipos de comunicação
interpessoal identificados nos cuidados de
Enfermagem aos clientes do estudo
68
Gráfico 02
Distribuição das distâncias das ações proxêmicas de
enfermagem
74
Gráfico 03
Distribuição de freqüência das reações de clientes em
pós-operatório de cirurgia cardíaca durante os
cuidados prestados pela equipe de Enfermagem
90
Tabela 02
Distribuição da freqüência das reações dos clientes
durante os cuidados de Enfermagem prestados
segundo tempo de pós-operatório de cirurgia cardíaca
91
Tabela 03
Distribuição da freqüência das reações de
comunicação não-verbal proxêmica dos clientes em
pós-operatório de cirurgia cardíaca durante os
cuidados de enfermagem, segundo distância entre o
profissional e o toque
101
Tabela 04
Distribuição das reações dos clientes em pós-
operatório de cirurgia cardíaca durante cuidados de
enfermagem em relação à comunicação não-verbal
tacêsica
111
Tabela 05
Distribuição das reações dos clientes em pós-
operatório de cirurgia cardíaca durante os cuidados
de Enfermagem em relação à comunicação verbal
114
SUMÁRIO
Resumo
Abstract
Résumé
Resumen
Lista de Ilustrações
Lista de Tabelas e Gráficos
Capítulos
12
1
Considerações Iniciais
01
2
Considerações Teóricas
18
3
Metodologia
31
4
Os Tipos de Comunicação Interpessoal
43
5
As Reações ao Cuidado de Enfermagem
88
6
Maneiras de Cuidar em Cirurgia Cardíaca
117
7
Considerações Finais
138
Referências Bibliográficas 144
Apêndices 154
Anexos 167
13
Capítulo 1____________________________________________________
Zelo
Cuidar da vida,
desse infinito
novelo
de tantas tramas
e cores.
Cuidar de cada
vida
com desvelo,
para que a Terra possa
continuar sua dança,
para que possamos todos
continuar nossa trança.
(Roseana Murray, 2001)
Considerações Iniciais
14
A trajetória deste estudo iniciou-se quando percebi que o cuidado de enfermagem na
área hospitalar a clientes com distúrbios cardiovasculares envolvia a utilização de
equipamentos tecnológicos de última geração que distanciavam muitas vezes o cliente da
equipe de enfermagem, sendo um empecilho para a interação entre estes atores sociais no
cotidiano. No entanto, evidenciei que, apesar de todo o maquinário e das grandes inovações
tecnológicas, existia uma preocupação em fazer uso da comunicação não-verbal através do
toque, da aproximação e dos gestos. A comunicação verbal também era utilizada como
cuidado de forma diferenciada e específica.
Quando realizei o curso de mestrado em Enfermagem, o interesse para o estudo estava
relacionado a uma incessante inquietação sobre os detalhes do cuidar de Enfermagem no pós-
operatório de cirurgia cardíaca. Em minha prática, havia percebido que, no dia a dia, o
cuidado era implementado de formas diferenciadas, incorporando a interação como preciosa
ferramenta. Desejei, então, conhecer o cotidiano dessa interação.
Através da etnometodologia, descrevi a interação com clientes no pós-operatório
imediato de cirurgia cardíaca e caracterizei os aspectos interacionais analisando-os como
ferramentas do cuidar/cuidado. Através da fotografia, foi possível captar os detalhes dos
etnométodos desse cuidado.
Este estudo apontou quatro categorias: “o ambiente do cuidar em cirurgia cardíaca”;
“cuidado interativo: o encontro entre enfermeiros e clientes no pós-operatório de cirurgia
cardíaca”; os cuidados de enfermagem de complexidade tecnológica”; e “linguagem: uma
maneira especial de cuidar”. (CAVALCANTI; COELHO, 2006)
O ambiente do cuidar de cirurgia cardíaca apresentou peculiaridades próprias que
fizeram do dia-a-dia uma mistura de cuidar com objetividade e com subjetividade
simultaneamente, pois junto aos equipamentos de alta tecnologia, como bombas infusoras e
monitores cardíacos, existiam quadros de avisos com recados e dizeres dos profissionais e
15
familiares para os clientes. Esses recados apresentavam valores e crenças religiosas ou
palavras de ajuda no enfrentamento da situação ali vivida. As cores das telas de pintura
iluminavam e traziam alegria para o ambiente. A objetividade foi caracterizada pelos objetos,
as cores, os equipamentos e os sujeitos. A subjetividade estava presente nos sentimentos e no
significado atribuído por todos esses artefatos e sujeitos. Daí a complexidade do cenário, que,
na verdade minimiza o sofrimento, o medo e a angústia que uma unidade de terapia intensiva
provoca em um cliente em pós-operatório. (CAVALCANTI, 2002)
O cuidar interativo aconteceu através do encontro de clientes com enfermeiros no
cotidiano. Este foi descrito com detalhes que caracterizaram a complexidade de atitudes de
cuidado, como a aproximão corporal associada à utilização de palavras, gestos, toques,
sorrisos, entre outras atitudes não-verbais. Como membros do grupo, enfermeiros e clientes
dominavam este saber do senso comum que sugeriram a essência da enfermagem vivenciada
na vida de todos os dias. (ibid)
A interação com os clientes aconteceu como uma forma especial que os enfermeiros
utilizavam a todo o tempo como uma ferramenta para este cuidar. O encontro foi composto
por ações e reações interdependentes, que indicaram uma cumplicidade entre estes atores
sociais, que se colocaram um no lugar do outro, com o intuito de entender o que expressavam,
pensavam ou desejavam. (ibid)
A aproximação dos clientes foi incluída como núcleo do cuidado. O enfermeiro
interagiu com o cliente ao se aproximar, ao olhar em seus olhos, ao tocar, ao acariciar, ao falar
com o cliente, ao sorrir, ao acenar com as mãos, ao escutar o que este tem a dizer atentamente,
ao permanecer ao seu lado quando ele lhe pediu, ao se afastar e ao observá-lo.
A interação aconteceu como parte de um cuidado específico, como o de cobri-lo com o
cobertor. Estes cuidados envolveram a necessidade de manutenção da temperatura corporal.
No entanto, a interação foi o próprio cuidado, quando o enfermeiro tocou o cliente, se
16
aproximou dele de forma que este o visse e o informou do término da cirurgia. Esta foi à
linguagem que os enfermeiros utilizaram, ora verbal, ora corporal, para realizar o cuidar
interativo com o cliente.
Os cuidados de enfermagem tecnológicos prestados no cotidiano a clientes em pós-
operatório de cirurgia cardíaca foram complexos e envolveram desde a admissão até a
observação atenta aos movimentos corporais e fatores hemodinâmicos, respiratórios,
sanguíneos e renais, durante o pós-operatório. Assim, compreenderam a avaliação do cliente
através do exame físico e evolução de enfermagem, o manuseio dos equipamentos
tecnológicos, preparo dos boxes para a cirurgia, checagem horária, a administração e o
controle das medicações, coleta de sangue arterial para a realização de gasometria arterial,
avaliação dos exames laboratoriais e sinais vitais.
A linguagem aconteceu através de movimentos corporais, de abertura e fechamento
dos olhos, palavras, gestos, siglas e expressões faciais. Assim, o cliente expressou e reagiu
aos cuidados. (CAVALCANTI; COELHO, 2007)
O cotidiano do cuidar envolveu controle de monitores, de bomba infusora, correria,
adrenalina, manuseio de equipamentos tecnológicos; mas, por outro lado, foi encontrado o
cuidado interativo humano através do toque, sorriso e expressão de tristeza, preocupação,
envolvimento afetivo cliente-enfermagem, enfermagem-cliente, expressão com palavras doces
que pretendiam consolar, aliviar a solidão, o medo, a ansiedade e fizeram desse cotidiano,
apesar de inquieto e agitado, mais humano.
Frente a esses resultados e o prosseguimento de investigação com orientações e
realizações de pesquisas com alunos em níveis de graduação e pós-graduação Latu Sensu, ao
iniciar a minha prática docente, como professora da disciplina Semiologia em Enfermagem,
em uma universidade particular do município do Rio de Janeiro, busquei enfatizar a
importância de incorporar a comunicação no cuidado. Desde então, tento incentivar e
17
estimular um cuidar/cuidado de enfermagem pautado em fundamentos científicos como base
para todas as aulas de exame físico e procedimentos de enfermagem. Em salas de aulas,
demonstro, através da técnica de relaxamento e imaginação orientada, que podemos diminuir
a dor com a técnica de distração e relaxamento.
Apoio - me em Silva (2003b) quando explica que, ao realizar a técnica de
relaxamento, imaginação orientada, musicoterapia ou hipnose, acontece uma diminuição da
resposta do sistema nervoso simpático ao estresse. Assim, os efeitos calmantes do sistema
parassimpático aparecem. O relaxamento aumenta o efeito dos analgésicos, diminui a fadiga,
a tensão muscular, a pressão arterial e a freqüência cardíaca, aumenta a amplitude respiratória.
Freqüentemente, em meu dia-a-dia, enfatizo a importância da utilização da interação
com os clientes como uma maneira de cuidar em enfermagem. O toque e as palavras são
imprescindíveis nos momentos de cuidados. Silva (2003b, p. 7) ressalta a importância do
toque como forma de transmitir segurança, entendimento, sinceridade, respeito, concordância,
interesse, empatia, conforto e encorajamento. A mesma autora explica que para um cliente
internado em unidade de terapia intensiva “receber um toque carinhoso, afetivo, pode
ser...divino!”.
Berlo (1999) explica que a interação denomina o processo de adoção recíproca de
papéis, o desempenho mútuo de comportamentos empáticos. Assim, o objetivo da interação é
a fusão da pessoa e do outro, a total capacidade de antecipar, de predizer e comportar-se de
acordo com as necessidades conjuntas da pessoa e do outro. E define a interação como “[...] o
ideal da comunicação, a meta da comunicação humana [...]”. (ibid, p. 115)
A comunicação é um instrumento básico do núcleo do cuidar em cirurgia cardíaca,
mas acontece de maneira diversificada no cotidiano, incorporando significados próprios de
acordo com o momento vivido. A linguagem que emerge do cotidiano profissional de
enfermeiros envolve símbolos e significados oriundos da prática, que fazem parte das
18
situações vividas e conhecidas por membros desse grupo. Estes são apreendidos como
verdades e constituídos através da interação com atores sociais que participam dessa prática.
(CAVALCANTI; COELHO, 2007)
Por sua vez, o cliente apresenta uma linguagem própria, que envolve as reações ao
cuidado de enfermagem realizado e que tem se apresentado de forma invisível a nossa prática
cotidiana, pois não foram descritas através de estudos científicos, ficando uma lacuna para o
processo de cuidar em enfermagem sob à ótica da comunicação.
Hanke (2007) explica que a comunicação, para ser bem sucedida, exige um código
comum, pelo menos parcialmente compartilhado, pelos atores. São necessárias, para tal,
maneiras comuns de processamento e interpretação de informações.
No entanto, um estudo realizado por Cavalcanti e Coelho (2007) sobre a linguagem
utilizada no cotidiano de cirurgia cardíaca demonstrou que são utilizadas palavras científicas,
siglas e abreviações, silêncio, gestos e palavras com significado distinto. Essa linguagem é
totalmente entendida pelos membros do grupo e se apresenta de forma natural pelos atores
sociais, no entanto, não é de domínio do cliente, podendo ocasionar falsas interpretações.
Para alcançar a meta da comunicação interpessoal é necessário que as mensagens
emitidas e recebidas sejam compreendidas pelo cliente e pela equipe de enfermagem em um
processo contínuo, no qual os símbolos e significados são decodificados e analisados. As
reações dos clientes são o centro de informações valiosas para a equipe de enfermagem, pois
oferecem uma nova dimensão para olhar o outro, diferente da que estamos acostumados no
cotidiano, atribuindo significado às expressões do cliente, e desta forma, dando visibilidade e
priorizando a percepção do mesmo diante do cuidado de enfermagem.
No dia a dia de unidades de terapia intensiva que recebem clientes submetidos à
cirurgia cardíaca, verificamos que o cuidado se apresenta de maneiras diferenciadas e
específicas que acontecem através de alguma forma de comunicação. Por exemplo, ao
19
administrar um medicamento o profissional da equipe de enfermagem se aproxima do leito
para colocar a medicação no suporte, manuseia a bomba infusora e toca no cliente, mais
especificamente no cateter endovenoso para conectar o equipo. Para a realização de um
cuidado foram necessárias várias ações de comunicação interpessoal. Essas ações ocasionam
reações nos clientes. No processo de comunicação, novas ações e reações se completam de
forma dinâmica. No entanto, não estamos atentos às reações dos clientes ao cuidado e por isso
deixamos de identificar expressões significativas para uma avaliação detalhada de
enfermagem.
Figura 01: O cuidado de Enfermagem gera reações em clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Na figura 01, demonstra-se ilustrativamente a relação entre o cuidado de enfermagem
a clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca e as reações diante do mesmo. As reações ao
cuidado de enfermagem dependem do cuidado de enfermagem realizado, que, de forma
cíclica, gera outros cuidados, que gera outras reações e assim por diante.
20
Cuidar de clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca envolve uma complexidade
de cuidados que têm como objetivo principal manejá-los para identificar precocemente as
alterações anatômicas, fisiopatologicas e socioespirituais que podem representar
complicações. Por isso, entender as expressões dos clientes à comunicação interpessoal e ao
cuidado é essencial para a compreensão de seus sentimentos, valores, pensamentos, crenças e
esperanças.
Os clientes em pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca apresentam-se intubados
durante aproximadamente 4 a 6 horas de pós-operatório. Nesse período, não devem ser
sedados, pois uma sedação com fentanil e/ou dormonid ocasiona o retardamento ou
adiamento da retirada do tubo orotraqueal
1
. No entanto, com a diminuição do efeito
anestésico, observa-se que esse cliente inicia um quadro de agitação psicomotora, que tem
sido atribuído na literatura, associado à dor gerada pelos drenos e cateteres. A dor ocasiona
alteração dos sinais vitais, como aumento da pressão arterial e freqüência cardíaca. Para este
cliente esta alteração pode ocasionar complicações mais graves, como hemorragia e rupturas
de correções cirúrgicas.
Esse cliente permanece sem se comunicar verbalmente durante essas quatro a seis
horas, tempo da intubação orotraqueal, e, por isso, se comunica apenas de forma não-verbal.
Entender sua forma de expressão facial e corporal tem sido considerado um desafio para a
enfermagem.
Bertoncello (1999) investigou a comunicação não-verbal de quinze pacientes em
Centro de Terapia Intensiva Coronariana, submetidos à intubação orotraqueal em pós-
operatório imediato de cirurgia cardíaca eletiva de grande porte, e constatou que a
comunicação utilizada pelo paciente é realizada através da emissão de sinais não-verbais.
1
TOT
21
Sugeriu em seu estudo a conciliação dos recursos tecnológicos com a humanizão do
cuidado para maior atenção às reações desses.
Em estudo realizado sobre a percepção do cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca, Cavalcanti (2006) verificou que os clientes atribuem significados distintos e até
contraditórios sobre o tubo orotraqueal, sendo percebido como ferramenta para a cura e
recuperação da cirurgia e também como causa de dor e desconforto. A autora sugeriu, a partir
do estudo a inclusão do cliente nos cuidados de enfermagem com envolvimento e co-
responsabilidade através de atitudes educativas direcionadas para o cuidado realizado e
incorporando a comunicação como ferramenta indispensável do mesmo.
Experiências desagradáveis, tais como perda e dor, estão associadas à percepção que o
cliente tem de si próprio, da situação vivida e da percepção do outro. Assim, estas geram
respostas a uma dada situação. Em observações através da minha prática como enfermeira,
docente e pesquisadora, percebi que em tais momentos a interação com o cliente torna-se
essencial para prevenir complicações respiratórias, circulatórias, digestivas, neurológicas e
comportamentais. O enfermeiro utiliza as palavras, o toque, a aproximação corporal como
ferramentas para a recuperação dos padrões alterados. Então, realiza cuidados que neutralizem
ou eliminem os comportamentos negativos.
Para intervir diante dessa situação é necessário estar atento a todas as formas de
comunicação não-verbal expressas pelo cliente, que o mesmo está impossibilitado de falar,
pois o tubo orotraqueal impede a saída da voz e causa desconforto diante de qualquer
movimento corporal. Além disso, o cliente encontra-se ainda sob efeito anestésico, portanto
ainda sonolento. Ao tentar se comunicar através de gestos apresenta dificuldades não só
motoras diante da sedação, mas também porque tem em sua mão direita um cateter inserido
em veia periférica e, na mão esquerda, um cateter na artéria radial, com finalidade de manter
um acesso venoso periférico e uma via para verificação contínua de pressão arterial.
22
Qualquer alteração de postura corporal fica difícil, pois dois ou três drenos torácicos são causa
de muita dor ao mínimo estímulo. Portanto, até respirar fica complicado. Restam como
alternativa para comunicação as expressões faciais e movimentos leves no rosto. Captar os
detalhes dessas expressões indica as respostas aos cuidados.
O cuidar de enfermagem oferecido ao cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca é
específico e se inventa a cada momento com mil maneiras de fazer. Esse cuidar/cuidado é rico
de ações e reações inter-relacionadas. No cotidiano, essa troca acontece de maneira
interpessoal e representa o cuidado a cada gesto ou sorriso, a cada aproximação ou
distanciamento, a cada palavra ou silêncio.
Ao administrarmos medicamentos através do cateter de punção venosa profunda,
estamos atentos à assepsia do cateter com álcool a 70%. Essa é uma forma de prevenirmos
infecção hospitalar através do mesmo. Ou seja, estamos atentos às reações biológicas
causadas pela administração de medicamentos. No entanto, pouco se sabe das reações dos
clientes quando nos aproximamos do leito. Nos debruçamos sobre a cabeceira para
administrarmos medicamentos através de um acesso venoso que está em sua veia. Essa ação
gera uma reação da realização de um cuidado.
Existem maneiras de receber e fazer o cuidado de enfermagem no cotidiano da
Unidade Cardiointensiva Cirúrgica, mas todas elas incluem interação entre um ou mais
clientes e a equipe de enfermagem. Assim, cada cuidado reinventa maneiras de se
comunicar. No entanto, a comunicação também apresenta maneiras de fazer no cotidiano.
Essas maneiras se inter-relacionam e, dessa forma, criam e recriam o cuidado, através de
sorrisos, de entonação de voz, de palavras ou de toques.
Coelho (2006, 2007) reafirmou, teceu, denominou e mapeou os tipos de cuidar que
perpassam o cotidiano no contexto hospitalar. A comunicação interpessoal se apresenta de
forma direta no Cuidar por Gestos e Palavras e no Cuidar Expressivo, mas de forma indireta a
23
comunicação interpessoal se apresenta nos 106 tipos de cuidar descritos pela autora. O
cuidado de enfermagem é composto de sucessivos momentos de comunicação interpessoal.
Diante do exposto, a presente investigação teve como objeto as reações do cliente em
pós-operatório de cirurgia cardíaca aos cuidados prestados, sob a ótica da comunicação
interpessoal. A tese desse estudo foi que a comunicação interpessoal é o núcleo do
cuidado de enfermagem e ocasiona reações em clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca. Esse cuidar se apresenta com maneiras de fazer específicas e diferenciadas, que se
completam e se inter-relacionam, reinventando os cuidados de enfermagem sob a ótica da
comunicação interpessoal.
Uma forma de organizar a tese pode ser vista na figura 02. Nota-se que o cuidado de
enfermagem ao cliente submetido à cirurgia cardíaca tem como núcleo a comunicação
interpessoal. Isto é, para realizar o cuidado de enfermagem é necessária a utilizão de
comunicação interpessoal.
Figura 02: A comunicação interpessoal como núcleo do cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca
24
Para facilitar a compreensão sobre comunicação interpessoal, cuidar e cuidado de
enfermagem a esse cliente, foi necessário descrever esses termos, uma vez que tanto a
comunicação, como o cuidar, como o cuidado tem sido amplamente discutido em
linguagem coloquial e científica. Na leitura e análise desse estudo cabe esclarecer que:
Comunicação interpessoal é um processo de ações e reações inter-relacionadas que
inclui afeto, dedicação e sensibilidade para perceber o outro e se colocar em seu lugar para
total compreensão de suas reações. É o núcleo do cuidado...sua vida. Esforços devem ser
realizados para que as reações do cliente sejam totalmente compreendidas para um cuidado
interpessoal que valorize tanto os aspectos subjetivoso quanto os objetivos.
Cuidar é aplicar conhecimentos científicos no dia a dia associados à emoção e
sensibilidade para executar cuidados de Enfermagem.
Cuidado é composto por uma série de ações que se apresentam com maneiras de fazer
diferentes e particulares e ocasionam reações nos clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca.
No cotidiano, o cuidado de enfermagem tem sido pautado em abordagens técnicas, que
visem à manutenção da terapêutica implementada. Apesar da comunicação com clientes
acontecer a todo o tempo, a equipe de enfermagem nem sempre está atenta às reações desse
processo. Cada movimento, toque, olhar e gesto faz parte do cuidado. Para Silva (2003b, p.6),
“o encontro com o paciente nunca é neutro. O enfermeiro deve reconhecer que sua presença
é tão importante quanto o procedimento técnico. Se não mais.”
A partir do momento que nos preocuparmos em entender as reações do cliente à
comunicação interpessoal,m entenderemos o cliente como um ser humano, olharemos para
ele, e, assim, poderemos inovar e renovar os cuidados prestados.
Este estudo reafirma que a comunicação interpessoal deve ser utilizada como início,
meio e fim do cuidado de enfermagem para acalmar, apaziguar, diminuir o medo, a
25
ansiedade, a dor e as alterações orgânicas. Dessa forma, se diminui o tônus simpático, o
catabolismo protéico e os níveis plasmáticos de catecolaminas, prostaglandinas, hormônio do
crescimento, prolactina, hormônio antidiurético, cortisol. glucagon e ácidos graxos livres,
diminuindo o risco de isquemia e desequilíbrio hidroeletrolítico e facilitando o processo de
cicatrização em clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Como questões norteadoras, tive:
- Quais os tipos de comunicação interpessoal utilizadas no cotidiano por
clientes e equipe de enfermagem na Unidade de Terapia Cardiointensica
Cirúrgica?
- Quais as reações do cliente em período pós-operatório de cirurgia cardíaca
aos cuidados de enfermagem?
- Qual a especificidade do cuidar de enfermagem em cirurgia cardíaca sob a
ótica da comunicação interpessoal?
Para desvendar o fenômeno, incluí os seguintes objetivos:
- Identificar os tipos de comunicação interpessoal utilizados no cotidiano por
clientes e equipe de enfermagem na Unidade de Terapia Cardiointensiva
Cirúrgica.
- Descrever as reações do cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca ao
cuidado no processo de comunicação interpessoal.
- Analisar a especificidade do cuidar de enfermagem em cirurgia cardíaca sob
a ótica da comunicação interpessoal.
No Brasil, muitos estudos têm mostrado a importância de se estabelecer a interação
com clientes como uma forma de cuidar em enfermagem hospitalar. Henze (1995) descreveu
as representações dos clientes internados em UTI em sua dissertação de mestrado. Coelho
26
(1999) expôs o cuidar/cuidados de enfermagem em emergência como distinto e específico, o
que o torna diferente de outras modalidades do cuidar em enfermagem. Apesar de não
explicitar o cuidado interativo, a autora relata 14 tipos e conceitos de cuidados que
caracterizam o encontro com o cliente. O cuidar expressivo representa a utilização dos
sentidos, corpo sensitivo, através da relação interpessoal, que contém as linguagens verbal e
não-verbal. Este cuidar apresenta interface com o cuidar interpessoal proposto neste estudo.
Waldow (1995, 1999, 2001, 2004) apresentou uma evolução do conceito de cuidado na
saúde, o qual deixa de ser uma atividade técnica e rotineira e passa a ser um processo
interativo, existencial, estético e transformador. Nesse processo, o ser humano passa a ser
valorizado em sua totalidade. “O ser que cuidado, além de receber as atenções de nível
terapêutico, recebe um cuidado além das práticas e procedimentos. É um cuidado feito com
compaixão, com interesse e como carinho...”(ibid, 2004, p. 38)
Santoro (2000) afirmou que existe uma dimensão subjetiva no cuidar/cuidados
prestado pela enfermeira e a equipe de enfermagem no cotidiano da unidade coronariana. A
autora caracterizou o cuidado subjetivo e as interações necessárias ao seu desenvolvimento
para discutir as implicações da subjetividade no cuidar/cuidados e as formas de interagir dos
profissionais com os clientes. Assim, diferenciou o cuidar de enfermagem dos demais
profissionais da saúde, a partir de ações criativas e centradas na sensibilidade dos sentidos.
Andrade (2002) discutiu o cuidado de enfermagem ao cliente em transoperatório de
cirurgia cardíaca, evidenciando que é possível desenvolver um cuidado humanizado, técnico e
tecnológico mesmo diante de momentos em que o cliente encontra-se sob efeito anestésico. O
cuidado de enfermagem foi caracterizado como tecnológico, mas aliado à preocupação com o
cliente e sua família, com o envolvimento das enfermeiras, com as palavras que consolam e
com os gestos que aliviam o medo e a ansiedade.
27
Cavalcanti (2002, 2006) descreveu a interação como ferramenta do cuidar/cuidado de
enfermagem em pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca. Através de seu estudo, verificou
que o cuidar se inventa com muitos detalhes e diferentes formas de fazer, que caracterizam
uma atmosfera específica e única a cada situação vivida. Atitudes de preocupação e zelo são
comuns nesse cotidiano, que se apresenta com gestos, toques, aproximação cinésica, carinho e
sorrisos.
Silva (2003a, 2003b, 2004) acentuou a necessidade do cuidado de enfermagem
realizado através do afeto, com maneiras diferentes e criativas que incluem como ingrediente
básico o amor. A autora assegura que a missão social do profissional de saúde concilia
disciplina e afetividade, seja no contato com pacientes, entre as equipes de trabalho. Propõe
também uma reflexão sobre o tempo, enfatizando a necessidade da humanização dos cuidados
de enfermagem.
Apesar do avanço na Enfermagem de estudos que abordem a questão do holismo, este
estudo é relevante por apresentar de forma original e particular as reações ao cuidado de
enfermagem, além de delinear as maneiras de cuidar em cirurgia cardíaca sob a ótica da
comunicação interpessoal. Para melhor identificação do caminho percorrido para a construção
dessa tese, inicialmente apresento o alicerce teórico.
A figura 03 mostra a opção teórica para a construção da tese. Optei pelos pressupostos
sobre a ciência do cuidado descritos por Watson (1979), pelos conceitos de cuidar/cuidados
descritos por Coelho (1999) e a sua tipologia de cuidar/cuidados (2006,2007), e os conceitos
de comunicação interpessoal descritos por Silva (2003). A etnometodologia foi o caminho
escolhido, apoiado pela utilização das técnicas de observação sistemática, entrevista livre,
fotografia e filmagem.
28
Figura 03: Alicerce teórico para a construção da tese
A figura 04 apresenta a organização desse estudo e o seu caminhar. Para afirmar que a
comunicação interpessoal é o núcleo do cuidado de enfermagem e ocasiona reações em
clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca, identifiquei os tipos de comunicação
interpessoal utilizados no cotidiano por clientes e equipe de enfermagem na Unidade de
Terapia Cardiointensiva Cirúrgica. Foram descritas as características dos clientes, do
ambiente e a tipologia da comunicação interpessoal.
A partir de então foi possível descrever as reações do cliente em pós-operatório de
cirurgia cardíaca aos cuidados implementados pela equipe de enfermagem. Finalmente,
analisei a especificidade do cuidar de enfermagem em cirurgia cardíaca sob a ótica da
comunicação interpessoal, para então descrever as maneiras de cuidar em cirurgia cardíaca.
29
Figura 04: A construção da tese desse estudo.
Este estudo trouxe contribuições ao meio acadêmico, demonstrando que o cuidado
envolve a comunicação interpessoal em diferentes ações e respostas compostas de atitudes
subjetivas e objetivas, sendo responsável por reações nos clientes em período pós-operatório
de cirurgia cardíaca. Estas reações fundamentaram e justificaram a utilização desta importante
ferramenta na realização do cuidado de enfermagem. Essencialmente, em unidades de terapia
intensiva, cujos cuidados são integrais e específicos.
Dessa forma, esta pesquisa contribuiu para o cuidar em Enfermagem, pois delineou a
semiologia da expressão verbalizada e não-verbalizada do cliente. É base para novos estudos
que utilizem o cuidado de enfermagem como objeto, ampliando as linhas de pesquisa do
Grupo de Estudo e Pesquisa Cuidar/Cuidado de Enfermagem.
Para o ensino, trouxe subsídios para o estímulo de estudantes de enfermagem para o
cuidado centrado no ser humano. Pauta uma discussão ampla sobre a utilização das maneiras
30
diferenciadas e particulares de cuidar em cirurgia cardíaca sob à ótica da comunicação
interpessoal.
Figura 05: Produtos da tese.
Pretendo tornar visível à prática, ao ensino e à pesquisa, os resultados que a
comunicação interpessoal fornece como ferramenta do cuidar de Enfermagem. Para tal, esse
estudo trouxe três produtos como observamos na figura 05: um DVD contendo as imagens
visuais móveis do cuidado interpessoal, que divulga as diferentes reações dos clientes, além
de expor os detalhes desse cuidado no cotidiano; um calendário para o ano de 2008
(APÊNDICE D), contendo as imagens visuais fixas das maneiras de cuidar em cirurgia
cardíaca e um adesivo para ser fixado em murais da Enfermagem (APÊNDICE E), como
forma de subsidiar a reflexão sobre a importância de estarmos atentos às reações dos clientes.
31
Capítulo 2____________________________________________________
Universo
A ciência, com muita poesia,
descobriu que somos feitos
com a mesma matéria
das estrelas,
e até nossos pensamentos
brilham, estelarmente.
Por isso convém andar
com delicadeza e cuidado:
nossos gestos e palavras
- já que também
somos estrelas
podem mudar o universo.
(Roseana Murray, 2001)
Considerações Teóricas
32
Como referencial teórico, utilizei primeiramente os pressupostos sobre a ciência do
cuidado descritos por Jean Watson, em 1981; posteriormente, introduzi os conceitos de
cuidar/cuidado descritos por Coelho (1999) e comunicação interpessoal, comunicação verbal
e não-verbal descritos por Silva (2003).
Jean Watson (1981, 1985, 1988) descreve a enfermagem como a ciência e a filosofia
do cuidar/cuidado que se preocupa com o espiritual, a consciência, a interação, a auto-estima,
o auto-respeito e a autocura. Sua teoria sugere o desenvolvimento mental-espiritual do EU e
do OUTRO através da interação inter-transpessoal, visando uma transação que gera força
interior e autocontrole através do cuidado.
Através desta visão, sugeriu sete pressupostos sobre a ciência do cuidado:
1. O cuidado pode ser efetivamente demonstrado e praticado apenas interpessoalmente.
2. O cuidado consiste de fatores que resultam da satisfação de determinadas necessidades
humanas.
3. O cuidado efetivo promove a saúde e o crescimento individual e familiar.
4. As respostas do cuidado aceitam a pessoa não apenas como ela é agora, mas como ela
poderá tornar-se.
5. O ambiente de cuidado é aquele que oferece o desenvolvimento do potencial enquanto
permite que a pessoa escolha a melhor ação para si mesma em um determinado
momento.
6. O cuidado é mais healthogenic
2
que a cura. A prática do cuidado integra o
conhecimento biofísico com o conhecimento do comportamento humano para gerar ou
promover a saúde e proporcionar atendimento aos que estão doentes. A ciência do
cuidado é, portanto, complementar à ciência da cura.
2
Apesar de não existir tradução exata do termo, pode-se considerar “saudável”.
33
7. A prática de cuidados é essencial para a enfermagem.
(WATSON, 1981, p. 8-9)
O cuidar/cuidado de enfermagem a clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca
hospitalizados em Unidade Cardiointensiva Cirúrgica deve contemplar os sete pressupostos
da ciência do cuidado. Assim, ao se aproximar do cliente se utiliza a interação como essência
para concluir a prática e alcançar os objetivos propostos. Torna-se impossível cuidar do
cliente sem interagir com o mesmo. Desta forma, a interação face a face torna-se ferramenta
utilizada com objetivo terapêutico, mas não de cura da doença, sendo expressivamente de
cuidado.
Como fundamento filosófico, Watson (1988) sugere que o cuidado seja baseado em
valores humanísticos e em comportamento altruísta. Fatores estes que podem ser
desenvolvidos através de uma auto-avaliação e identificação de suas crenças, valores,
interações com culturas variadas e experiências de crescimento pessoal.
As mentes e as emoções da pessoa são as janelas de sua alma. O
atendimento da enfermagem pode ser e é físico, de procedimentos, objetivo
e factual, mas no nível mais elevado da enfermagem, as respostas do
cuidado humano, as transações do cuidado humano e a presença das
enfermeiras no relacionamento transcendem o mundo material físico
limitado pelo tempo e pelo espaço e fazem contato com o mundo emocional
e subjetivo da pessoa como rota para o ser interior e o sentido mais alto do
ser. (ibid, p. 176)
Watson (1985, 1988) justifica a necessidade de transcender aos tratamentos
tradicionais propostos pela medicina para a cura. Defende o fato de que deve se utilizar a fé e
a esperança para proporcionar bem-estar através das crenças significativas para o indivíduo.
A mesma autora explora a necessidade de se utilizar a sensibilidade como ferramenta
para a interação, acreditando que para cuidar seja necessário desenvolver os próprios
34
sentimentos. Assim, afirma que é preciso autenticidade para alcançar o auto-crescimento e
auto-realização necessários para o cuidar em sua essência. (WATSON, 1985/1988)
Ao desenvolver o cuidar / cuidado ao cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca se
utiliza como ferramenta a interação com o mesmo, caracterizada por toques, palavras e
gestos, entre outros. Na verdade, se utiliza todos os órgãos dos sentidos e uma quantidade de
mensagens emitidas ou captadas com olhares, sorrisos, movimentos corporais, alarmes,
sensações de frio ou de calor, sons de vozes e gemidos de dor. O enfermeiro utiliza o seu
comportamento, baseado em suas crenças e valores, para expressar e transmitir mensagens
que possam de alguma forma contribuir para a recuperação do cliente.
Uma forma de entender a Enfermagem é através da identificação, descrição e
investigação dos fatores científico-humanísticos principais e essenciais para efetuar uma
mudança positiva na saúde. Os fatores ressaltados são, em princípio, mecanismos de cuidar
de outro ser humano. Estes mecanismos implicam uma abordagem humanística e
comportamental. (ibid)
Os conhecimentos básicos para cuidar incluem tanto as ciências biofísicas como as
ciências humanas, necessitando, portanto, do reconhecimento e utilização de uma abordagem
humanística. A ciência para o cuidar / cuidado requer uma análise e compreensão do
significado das ações humanas e dos valores que determinam as escolhas humanas.
(WATSON, 1988).
A equipe de enfermagem é co-participante num processo no qual o ideal de cuidado é
a intersubjetividade. A Enfermagem é a ciência humana de pessoas e de experiências de
saúde-doença, medidas por transações humanas de cuidados profissionais, pessoais,
científicas, éticas e estéticas. (ib)
35
Coelho (1999, 2006, 2007) tem discutido o cuidar/cuidados de enfermagem no
cotidiano e construiu a partir dos seus conceitos uma tipologia de cuidar direcionada à cultura
brasileira. Define o cuidar como o:
...processo de expressão, de reflexão, de elaboração do pensamento, de
imaginação, de meditação e de aplicação intelectual, desenvolvido pela
enfermeira, em relação às ações mais simples até as mais complexas, e que
requer um mínimo de condições estruturais, ambientais e de recursos
humanos que seja razoável para assegurar a confiabilidade, a credibilidade
dos atos/ações direcionados ao atendimento dos clientes nos níveis imediato,
mediato e tardio...
O cuidado é para a autora citada anteriormente:
A ação imediata prestada pela enfermeira ou algum elemento de sua equipe,
técnico e/ou auxiliar de enfermagem, em curto espaço de tempo,
desenvolvido em vários momentos, envolvendo segurança e competência,
aliadas à tecnologia específica que a situação exige...
Descreveu em seu livro sobre o cuidar/cuidados de enfermagem em emergência 14
tipos específicos de cuidados que caracterizam o encontro com o cliente: cuidar de alerta,
cuidar de guerra, cuidar contingencial, cuidar contínuo, cuidar dinâmico, cuidar expressivo,
cuidar anônimo, cuidar multifaces, cuidar do que se encontra a margem social, cuidar de
população de rua, cuidar mural, cuidar perto/distante, cuidar do corpo (semi) morto, cuidar
dos profissionais do cuidado.
Em um estudo publicado em 2006, a autora reafirmou, teceu, denominou e mapeou os
tipos de cuidar que perpassaram o cotidiano hospitalar, resultando em 46 maneiras de fazer
Enfermagem, desde a admissão, até a alta hospitalar/óbito, finalizando com as definições que
permitiram emergir a tipologia de cuidar em enfermagem.
Em 2007, a autora publica outro estudo que trata das formas e estilos de cuidado, tendo
como objeto a reflexão cotidiana do cuidar em Enfermagem e seus diversos desdobramentos.
Nesse estudo, destacou a tessitura dos cuidados realizados nos bastidores do cotidiano. Foram
identificadas 106 maneiras de cuidar que constituíram a estrutura dos cuidados elaborados no
36
dia-a-dia para dar visibilidade à proposta de criação da maneira típica e própria da
Enfermagem.
A interação com clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca foi utilizada como
ferramenta do cuidar/cuidado em todas as maneiras propostas pela autora. Portanto, a
tipologia de cuidar sugerida pela autora contribui para a comprovação de que a comunicação é
o núcleo do cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca e embasou a especificidade desse
cuidar sob à ótica da comunicação interpessoal.
Ao discutir a comunicação, Silva (2003a) explica que a escrita, a fala, as expressões
faciais, a audição e o tato são formas de comunicação amplamente utilizadas,
conscientemente ou não, por profissionais da área de saúde, que tem como base do seu
trabalho as relações humanas.
A tarefa do profissional de saúde é decodificar, decifrar e perceber o
significado da mensagem que o paciente envia, para então estabelecer um
plano de cuidados adequado e coerente com as suas necessidades. Para tanto,
é preciso estar atento aos sinais de comunicação verbal e não-verbal emitidos
por ele e por você durante a internação. (ibid, p.14)
Apesar de ressaltar a importância da comunicação para todos os profissionais de
saúde, a autora salienta que a equipe de enfermagem, por interagir diretamente com o cliente
precisa estar atenta ao uso adequado das técnicas de comunicação interpessoal. E define a
comunicação adequada como “aquela que tenta diminuir conflitos, mal-entendidos e atingir
objetivos definidos para a solução de problemas detectados na interação com os pacientes”.
(ibid)
É necessária a união entre os dados fisiológico e o emocional, expressos pelo cliente
quando se trata do ser humano. Assim, afirma que a recuperação do cliente não depende
somente de fatores bioquímicos e biofísicos, mas também da adaptação ao meio hospitalar,
alcançada através da obtenção de confiança e segurança na equipe de saúde. Ela enfatiza que
o cliente precisa se sentir aceito e à vontade. Todas as reações físicas obedecem ao
37
comando mental, e o que leva uma pessoa a agir, em primeira instância, é sempre a emoção.
(ibid)
O cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca apresenta-se extremamente assustado
diante de um ambiente desconhecido, com ruídos de bombas infusoras, monitores e
ventiladores mecânicos, vozes oriundas de conversas entre profissionais de saúde, entre
outros. A temperatura baixa do ambiente, em torno de 20 graus, associada à hipotermia
conseqüente do procedimento cirúrgico são detalhes desse momento. Além disso, percebe o
tubo orotraqueal, os drenos e outros equipamentos ao seu redor. Diante de tal quadro, o
cliente apresenta-se agitado. (CAVALCANTI, 2002)
Como forma de cuidar dos clientes assustados, Silva (2003a, p.16) sugere a
necessidade de se estabelecer um vínculo de confiança, com base em um comportamento
empático: olhar direto, inclinação do tórax para a frente, meneios positivos de cabeça...além
das palavras corretas!”
O cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca não consegue se comunicar de
imediato, de forma verbal. Por esse motivo, é necessário ao cuidar estar atento à linguagem
facial e corporal do mesmo e aprender a distinguir as emoções expressas pelo mesmo através
da comunicação não-verbal.
A comunicação efetiva é bidirecional. Para que ela ocorra, é necessário que
haja resposta e validação das mensagens ocorridas. Pode-se, também,
questionar o quanto um profissional interfere inadequadamente no que
acontece “dentro” do outro (sentimentos, atitudes, intenções), por não validar
as mensagens verbais e não-verbais recebidas.
(SILVA, 2003a, p.19)
Enviar e receber mensagens do cuidado depende não da própria atitude de quem o
presta, mas também de crenças, valores, experiências prévias, expectativas quanto à
mensagem, relacionamento existente entre as pessoas que o recebe; devemos estar atentos não
ao que falamos para cuidar, mas também ao nosso comportamento de cuidado. Por isso,
para aumentar a efetividade no cuidado interpessoal deve-se estar atento ao se expressar
38
através da linguagem corporal, principalmente no tocante à proximidade, postura e contato
visual. (ibid)
A comunicação adequada é difícil porque a maioria dos estímulos é
transmitida por sinais e não por símbolos. As pessoas têm um conjunto
próprio de idéias, valores, experiências, atribuindo a cada sinal um
significado não só denotativo, mas, principalmente conotativo.
(ibid, p. 19)
Para a autora, o significado denotativo orienta o indivíduo na realidade. Já o
conotativo, o faz transcender o contexto mais imediatista e construir novas interpretações.
Conclui que “toda comunicação tem duas partes: o conteúdo (fato ou informação) e o
sentimento (o que você quer comunicar e como se sente a respeito desse fato ou informação).
Entender a linguagem do cuidado prestado ao cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca faz parte de um cuidar que, antes de qualquer outro, valoriza este cliente. A
interação, incluindo atitudes comportamentais facilita a adaptação do mesmo ao ambiente de
terapia intensiva. Este cliente se sente seguro, tranqüilo e confiante.
Assim, seja por meio de palavras faladas e escritas, seja por meio de gestos,
expressões faciais e corporais, o trabalho na área de saúde exige do
profissional o conhecimento desse processo chamado comunicação
interpessoal e de seus fundamentos básicos. (SILVA, 2003 a, p. 20)
O ser humano encontra-se a todo tempo em interação com o meio ambiente. Esta
comunicação envolve elementos psicológicos e sociais, que ocorrem entre as pessoas e dentro
de cada uma delas, em contextos interpessoais, grupais, organizacionais e de massa. Daí a
subjetividade da mesma, ela se faz entre as pessoas, e cada pessoa é um mundo à parte, com
suas experiências, vivências, valores, interesses e expectativas. (ibid)
Entender a subjetividade da comunicação interpessoal no cuidado é fundamental para
utilizarmos a mesma como ferramenta de cuidar. Na Enfermagem, em especial no cuidado ao
cliente em pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca, torna-se essencial entendermos os
valores, interesses e expectativas desse cliente. Verificarmos também, que temos as próprias
expectativas e interesses. Para concluirmos uma relação empática, é necessário que ambos
39
tenham no momento o mesmo interesse. A interação acontece quando existe uma relação de
interdependência entre o cliente e o enfermeiro, ambos querendo alcançar o cuidado.
A comunicação interpessoal acontece diante de situações em que ocorra interação face a
face, ou seja, o encontro entre dois seres humanos. Entre os aspectos envolvidos neste
processo, destacam-se as tentativas de compreender o outro e de se fazer compreendido. Neste
método, inclui-se ainda a percepção da pessoa, a possibilidade de conflitos e de persuasão.
Assim, a “comunicação é o processo de transmitir e receber mensagens por meio de signos,
sejam eles símbolos ou sinais.”. (SILVA, 2003a, p. 23)
A autora explica que signos são estímulos que transmitem uma mensagem; qualquer
coisa que faça referência a outra coisa ou idéia; símbolos são signos que têm uma única
decodificação possível; e sinais são signos que têm mais de um significado.
Como finalidades para a comunicação, a autora enfatiza a necessidade de se entender o
mundo, de se relacionar com os outros e transformar a si mesmo e a realidade.
A comunicação é antes de mais nada, um ato criativo. Não existe apenas um
agente emissor e um receptor, mas uma troca entre as pessoas, formando um
sistema de interação e reação, ou seja, um processo recíproco, que provoca, a
curto ou longo prazo, mudanças na forma de sentir, pensar e atuar dos
envolvidos. (ibid, p.24)
Para a melhor compreensão dos elementos do cuidado de comunicação interpessoal,
Silva (ibid, p.24 -28) atenta para cinco ítens:
1- A realidade ou situação: é o contexto no qual ocorre a interação. Neste estudo,
destacamos a Unidade de Terapia Cardiointensiva Cirúrgica. Evidencia-se que, no
cotidiano, a linguagem apresenta características próprias de acordo com o cenário.
Assim, em um ambiente intensivo cardíaco ao falarmos: “PARADA”, os profissionais
responsáveis se aproximam já com o equipamento necessário para a reanimação
cardiopulmonar. Assim, a situação pode ser considerada como o primeiro passo para a
interpretação da mensagem.
40
2- Os interlocutores: os homens encontram-se a todo tempo em comunicação. Assim,
“emissor é receptor e receptor é emissor, partindo do princípio que sempre ocorre
interação ou troca de mensagens”. De acordo com o objeto deste estudo, clientes e
equipe de enfermagem são interlocutores. Ambos participam da emissão e recepção de
mensagens, ou seja, interação.
3- A mensagem: são informações ou emoções que queremos passar, as quais nem
sempre são decodificadas como planejamos. Neste estudo, as mensagens
caracterizaram a essência do cuidar/cuidado, que incluem atitudes que visam
alcançar sentimentos de confiança e segurança no cliente, para que este se mantenha
tranqüilo o suficiente para facilitar o período pós-operatório antecipando a extubação
orotraqueal e diminuindo a possibilidade de complicações.
4- Os signos: são os sinais ou símbolos utilizados na emissão de mensagem. Neste
estudo, foram identificados muitos sinais e símbolos para o cliente. O leito hospitalar,
o ventilador mecânico e outros equipamentos simbolizam, muitas vezes, a
complexidade do quadro clínico do mesmo, sendo necessária uma orientação pré-
operatória eficiente para que se possa alterar a representação de mbolos que
poderiam gerar sentimentos negativos no período pré-operatório.
5- Os meios: são os veículos que utilizamos para passar a informação: gestos, palavras,
expressões faciais, distâncias mantidas, objetos e adornos utilizados, entre outros. Os
meios de comunicação interpessoal utilizados pela equipe de enfermagem e cliente no
cotidiano em unidade de terapia intensiva cardíaca incluem gestos, olhares, toque,
aproximação corporal, palavras sussurradas no ouvido, entre outras. (CAVALCANTI,
2002)
41
Silva (2003a, p. 27) ressalta que estes cinco elementos são fundamentais na análise de
qualquer interação e enfatiza que: “a nossa habilidade em decodificar corretamente uma
interação é diretamente proporcional à atenção dispensada a esses cinco elementos”.
A comunicação pode ser verbal, quando se refere a palavras expressas por meio de
linguagem escrita ou falada, ou não-verbal, quando não está associada às palavras e ocorre
por meio de gestos, silêncio, expressões faciais, postura corporal. (ibid)
Podemos entender que o cuidar de interação face a face, entre clientes e equipe de
enfermagem, envolve as palavras que ouvimos, mas também o que é visível e até mesmo
sensível. A comunicação inclui muito mais do que possamos falar ou escrever, inclui o que o
corpo expressa intencionalmente, ou não.
Ao cuidar de um cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca, a preocupação em
interagir, através do cuidado do toque, olhares, sorrisos, aproximação cinésica, palavras e
gestos, transforma esse cuidado em ferramenta indispensável para a recuperação do cliente,
pois possibilitam a comunicação audível, visível e sensível.
Entendo que, muitas vezes, a intenção ao realizar o cuidar/cuidado de enfermagem
seja de alcançar uma resposta fisiológica imediata. Clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca podem apresentar, ao término do efeito anestésico, reações indesejáveis como
ansiedade, agitação psicomotora e dor. Tais fatores podem alterar a pressão arterial e a
freqüência cardíaca. Ao interagir com o cliente nesse momento, o cuidado visa transmitir
segurança e confiança a fim de diminuir a ansiedade e agitação. Se a comunicação entre estes
for efetiva e adequada, o cliente provavelmente diminuirá o quadro de agitação e ansiedade.
Nesse caso, a comunicação é fisiológica, mas utilizou também forma verbal e não verbal na
composição do cuidado
É considerada comunicação adequada aquela apropriada a uma determinada
situação, pessoa e tempo que atinge um objetivo definido. Envolve uma
preparação especial, levando em conta a mensagem a ser transmitida, o
emissor, o receptor e a técnica de comunicação necessária. (SILVA, 2003a,
p.28)
42
Considerando a comunicação e o cuidado como técnica e a necessidade de
aprimorarmos a mesma para utilizá-la como ferramenta para o cuidar interativo, destaco, a
seguir a visão de Silva (ib) sobre a utilização desta de forma efetiva.
Comunicação Verbal: é aquela associada às palavras expressas, por meio da linguagem
escrita ou falada. Compreende a tentativa de expressar (transmitir), clarificar um fato
(entender um raciocínio, uma idéia, uma postura, um gesto, um comportamento que esteja
acontecendo no momento), ou validar a compreensão de algo (verificar se a compreensão está
correta e se nos fixamos em entender).
Comunicação Não-Verbal: é aquela que ocorre na interação pessoa-pessoa, exceto as
palavras por elas mesmas, podendo ser obtida por meio de gestos, posturas, expressões
faciais, orientações do corpo, singularidades somáticas, naturais ou artificiais, organização
dos objetos no espaço e até pela relação de distância mantida entre os indivíduos. A autora
classifica os sinais não-verbais pautada em Knapp (apud SILVA, 2003, p. 48) em:
Paralinguagem: são os sons emitidos pelo aparelho fonador que não façam parte da
linguagem utilizada, geralmente demonstram sentimentos, características de
personalidade, atitudes, relacionamento interpessoal e autoconceito. São os suspiros, a
velocidade da fala, os sorrisos, entre outros.
Cinésica: são comportamentos corporais que funcionam como sons significativos,
sendo paralela à estrutura de linguagem. Incluem gestos manuais, movimento dos
membros, meneios de cabeça, até as expressões mais sutis, como as faciais.
Proxêmica: é o conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz
do espaço como produto cultural específico, ou seja, como os indivíduos usam e
interpretam o espaço dentro do processo de comunicação, como a distância entre os
43
participantes de uma interação. O espaço entre estes pode indicar a relação social entre
os mesmos. Poderíamos assim classificar membros de um mesmo grupo, ou não.
Características físicas: são o físico, o morfológico, o biótipo, e transmitem
informações sobre faixa etária, sexo, origem étnica e social, o tipo de carro, jóias,
roupas, objetos de marca, entre outras questões direcionadas à imagem.
Fatores do meio ambiente: compreende os objetos no espaço e suas características.
Tamanho, cor, forma, temperatura, forma.
Tacêsica: envolve a comunicação tátil: pressão exercida, local onde se toca, idade e
sexo dos comunicadores. O toque não é considerado como um acontecimento
emocional, mas seus elementos sensoriais provocam alterações neurais, glandulares,
musculares e mentais, denominados emoções.
Os detalhes da comunicação interpessoal foram destacados com base nos conceitos
descritos, sendo imprescindível à compreensão destes para verificar as implicações da
comunicação interpessoal como maneira de cuidar em cirurgia cardíaca.
44
Capítulo 3_______________________________________________________
Tempo
Somos como barcas
deslizando pelo tempo,
e nesse tempo
há que tecer a trama
da vida
com fios de amor e sonho,
para que a viagem seja leve,
para que a viagem seja bela.
(Roseana Murray, 2001)
Metodologia
45
Para investigar o cuidado interpessoal, optei por uma abordagem qualitativa,
naturalística, etnometodológica sobre as reações dos clientes em pós-operatório imediato de
cirurgia cardíaca internados em Unidade Cardiointensiva Cirúrgica.
A etnometodologia é o estudo do cotidiano que sugere que membros do mesmo grupo
dispõem de um saber do senso comum de sua sociedade como saber “[...] do que quer que
seja [...]”. (COULON, 1995, p.52)
Entendo que clientes e a equipe de enfermagem são membros de um mesmo grupo, no
cenário de um setor de terapia intensiva cirúrgico. Assim, estes atores sociais dispõem de um
saber sobre o cuidado interpessoal.
Para Bogdan e Biklen (1994), este tipo de estudo não se refere aos métodos que os
investigadores utilizam para coletar dados, mas à matéria substantiva a ser investigada, que
tendem aos detalhes relativos à ação e compreensão com conteúdos específicos de
comunicação ou interação. Os etnometodólogos tentam compreender o modo como às pessoas
percebem, explicam e descrevem a ordem do mundo em que habitam.
Neste estudo, compreendi as reações de clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca
no cotidiano ao cuidado interpessoal. Parti do princípio de que esta é uma realização prática
compreendida como base rotineira, ou seja, do senso comum, que incorpora o cuidar de
enfermagem.
As metodologias designadas como “[...] raciocínio sociológico prático [...]”,
empregado pelos membros da sociedade e observado na gestão corrente dos seus negócios,
vêm a ser o corpus da pesquisa etnometodológica. (op cit) A etnometodologia compreende o
estudo da prática que os atores utilizam no dia-a-dia, que lhes permitem viver juntos,
inclusive de maneira conflitiva, e que regem as relações sociais que mantêm entre si.
Considero que este método se adequou perfeitamente ao objeto de estudo, porque,
através dele, pude compreender as atividades cotidianas envolvidas no Cuidar de Enfermagem
46
ao cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Analiso que, dentro do cenário escolhido,
os clientes e a equipe de enfermagem, composta por enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem, foram atores sociais que interagiram no cotidiano de forma particular, rica em
detalhes que expressaram um saber que dominavam totalmente. O método permitiu a
descrição das reações dos clientes.
Berardinelli (2003) atribui o valor epistemológico dessa abordagem ao fato de
repensar os fatos sociais como uma experiência do sujeito, que em seu aspecto dinâmico
assume uma nova postura intelectual. Sendo ator de sua prática, constrói na vida cotidiana
saber.
O termo etnometodologia refere-se à investigação das expressões utilizadas no
cotidiano ou outras ações práticas. Assim, permite conhecer e compreender as atividades
sociológico-práticas do dia-a-dia. Para Garfinkel (1967, p. 1) os estudos etnometodológicos
...tratam as atividades práticas, as circunstâncias práticas e o raciocínio
sociológico prático como tópicos de estudo empírico e atribui as atividades
banais do cotidiano dos indivíduos a mesma atenção e importância que se
atribui aos acontecimentos extraordinários, tentando apreendê-las como
fenômeno social.
Coulon (1995) descreve os conceitos-chave da etnometodologia como:
Prática: enfoca as atividades e as circunstâncias práticas e o raciocínio sociológico
prático, abordando as situações corriqueiras do cotidiano. Neste caso, o cuidar de
enfermagem em cirurgia cardíaca, enfatizando a comunicação interpessoal com clientes no
cotidiano.
Indicialidade: constitui o significado de determinados símbolos. Neste estudo,
relacionou-se ao significado da comunicação interpessoal como núcleo do cuidar nesse
cenário.
47
Descritibilidade: significa que o mundo social é algo disponível, parte integrante das
circunstâncias práticas. Assim, a comunicação interpessoal com clientes foi parte integrante
do cotidiano do cuidar em cirurgia cardíaca, o que a tornou descritível.
Noção de Membro: refere-se às pessoas particulares e/ou indivíduos dotados de um
conjunto de modos de agir, métodos, atividades, de um saber fazer. Neste estudo, os
enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e os clientes são membros de um mesmo
grupo e vivenciam, no cotidiano, modos de agir, métodos e atividades de comunicação
interpessoal no cuidado.
Reflexividade: designa a equivalência entre descrever e produzir interação, entre
compreensão e a expressão da compreensão.
Cenário
Foi uma instituição hospitalar pública federal especializada em cardiologia e referência
para a realização de cirurgias cardíacas no município do Rio de Janeiro. A escolha justificou-
se pelo grande número de cirurgias realizadas nesta instituição, em torno de duas a três
cirurgias de adulto por dia, que totalizaram 1.228 cirurgias de adultos no ano de 2005, além
de dispor uma equipe de enfermagem composta por grande número de profissionais de
enfermagem. Sendo 04 enfermeiros e 10 auxiliares por plantão. Esses profissionais
trabalharam em escala de 12 horas de trabalho por 60 horas de repouso remunerado. Além de
04 enfermeiros (2 manhistas e 2 tardistas) e 01 auxiliar de enfermagem diarista.
Trata-se de instituição equipada com aparelhagens de última geração, tais como
monitores cardíacos, ventiladores mecânicos, oxímetros de pulso, bombas infusoras, balão
intraórtico, entre outros. Cada unidade de paciente apresenta 01 monitor cardíaco, 01
ventilador e 01 gaveteiro com o suprimento de materiais descartáveis.
48
A unidade tem 20 leitos e um único posto de enfermagem centralizado ao longo de um
corredor, de forma a ter 10 leitos de cada lado do posto. Um dos leitos foi separado e isolado,
especificamente destinado a transplante cardíaco.
Na Unidade de Terapia Cardiointensiva Cirúrgica (UTCIC) somente ficam internados
pacientes que foram submetidos à cirurgia cardíaca e angioplastia. Assim, outros clientes com
problemas cardíacos que precisassem de internação em unidade de terapia intensiva são
encaminhados à Unidade Coronariana ou à Unidade Cardiointensiva Clínica.
Sujeitos
Os atores sociais foram clientes adultos e idosos submetidos à cirurgia cardíaca e
internados na Unidade de Terapia Cardiointensiva Cirúrgica (UTCIC) em período pós-
operatório de cirurgia cardíaca. Foram excluídos do estudo clientes com menos de 18 anos,
pois estes prevaleceram internados na Unidade de Terapia Cardiointensiva Pediátrica.
Clientes com complicações hemodinâmicas também foram excluídos, pois o posicionamento
dos instrumentos utilizados para a coleta poderiam representar uma barreira à locomoção
durante a realização de cuidados complexos.
Coleta de Dados
Os dados foram coletados de 03/08/2006 a 03/04/07, através de observação
sistemática com registro em diário de campo, captação de imagens através de fotografia,
filmagem e entrevista não-estruturada. Verificamos, na figura 06, a utilização das várias
técnicas de coleta de dados, que tenderam a captação de detalhes do cuidado interpessoal e
fidedignidade dos resultados.
49
Figura 06: Técnicas de Coleta de Dados
Observação Sistemática
Identificar os detalhes do cuidado com clientes e apreender as reações obtidas no
processo de comunicação interpessoal foi possível através da etnometodologia. Para tal,
utilizei a observação sistemática, que, para Kidder (1987, p. 99), envolvea seleção, registro
e codificação de um conjunto de comportamentos naturais, freqüentemente, mas não
necessariamente, em seu ambiente natural, com o propósito de descobrir relações
significativas.”
Com base nos fundamentos descritos por Silva (2003a), identifiquei as reações dos
clientes ao cuidado interpessoal prestado pela equipe de enfermagem através da comunicação
50
verbal e não-verbal. Nesta contemplados a paralinguagem, a cinésica, a proxêmica, as
características físicas, os fatores do meio ambiente e a tacêsica.
As observações foram realizadas durante períodos noturnos e diurnos. Com um total
de 144 horas de observação sistemática, no período de 03/08/2006 a 03/04/2007, sendo 72
horas de observação diurna e 72 horas de observação noturna. A opção de alternar a
observação em períodos noturnos e diurnos possibilitou a captação dos dados em variados
momentos e com profissionais da equipe de enfermagem diferenciados.
A captação da imagem de observação foi possível através da filmagem. Os momentos
de cuidado considerados mais significativos foram registrados detalhadamente em um diário
de campo, conforme aconteceram, de forma a o perder nenhuma informação que pudesse
complementar os dados posteriormente.
Fotografia: imagem visual fixa
Para captar os detalhes da interação com clientes, contei com o auxílio de uma câmara
fotográfica. Assim, fixei as imagens visuais móveis ao infinito, o que possibilitou caracterizar
e analisar cada maneira de cuidar sob à ótica da comunicação interpessoal.
As imagens fotográficas reproduzem o infinito que ocorre uma vez, ou seja, “ela
repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente”. (BARTHES,
1984, p.13)
Através da fotografia, ilustrei os detalhes do cotidiano e acrescentei estes detalhes nos
registros da observação (APÊNDICE A). Além de compreender valioso material artístico,
estas expressaram o que os olhos não viram e o papel e a caneta não escreveram.
Utilizei uma mara fotográfica digital de marca Sony Cyber-Shot 7.2 megapixel. As
imagens foram impressas em preto e branco para uniformização e diminuição da necessidade
de iluminação. As fotografias foram produzidas quando percebi a necessidade de captar
51
detalhes do cuidar e as reações dos clientes ao mesmo. Ou seja, elas captaram a imagem sob o
meu olhar e retrataram o olhar do fenômeno no momento do cuidado interpessoal. Por isso,
tem precioso valor.
Bogdan e Biklen (1994, p. 183) explicam que as fotografias oferecem fortes dados
descritivos, sendo freqüentemente utilizadas para compreender o subjetivo, além de poderem
ser analisadas indutivamente. Assim, permitem aos pesquisadores compreender e estudar
aspectos da vida de todos os dias, simplificando a coleta de dados.
A utilização mais comum da câmara fotográfica é associada à observação, servindo
como forma de lembrar e estudar detalhes que poderiam ser descurados se uma imagem
fotográfica não estivesse disponível para os refletir (ibid).
A confecção de fotografias tornou fixa a imagem da comunicação interpessoal através
de olhares, toque, gestos e aproximação corporal, facilitando a análise dos dados pela riqueza
de detalhes captados. As palavras não conseguiriam expressar com tamanha fidedignidade o
fenômeno de pesquisa. Foram captadas 58 imagens visuais fixas do cuidado interpessoal.
Filmagem: imagem visual móvel
Para captar todos os detalhes da comunicação utilizei associada à observação e
fotografia, a filmagem. As filmagens foram realizadas durante 30 minutos, em DVD em
cores, sobre um tripé, a uma distância de um metro e meio do leito. As imagens de vídeo
foram apreendidas através de câmera de vídeo digital, formato 8 mm. Esta possui fácil
manuseio e tem pequeno tamanho, portanto não dificulta o trânsito na unidade do cliente.
A escolha de um registro de DVD, em vez de um ao vivo, foi feita com base na
intenção de se obter um registro contínuo que pudesse ser examinado com cautela e
fidedignidade posteriormente à observação. Kidder (1987, p. 99) ressalta que, através do
vídeo se obtém um registro permanente, que possa ser examinado repetidas vezes. Isto
52
aumenta a exatidão das observações. Além disso, através da gravação das imagens é possível
captar detalhes, além de impedir a intervenção do pesquisador.
De posse dos 20 DVDs, realizei de maneira sistemática o registro do cuidado e suas
respectivas reações. Para tal, obtive registros comuns que pudessem ser comparados com
outros clientes. Foi possível apreender 950 momentos de cuidado interpessoal e 950 reações a
esses cuidados.
Permaneci no local filmando, fotografando e registrando os dados no formulário de
observação sistemática (APÊNDICE A). Algumas informações foram retiradas do prontuário,
como idade e tipo de cirurgia.
Em alguns momentos de coleta de dados foi necessário o registro escrito de situações
que não estavam sendo filmadas, pois uma câmera foi utilizada. Esses momentos foram
registrados em um diário de campo. `
Foram captadas 10 horas de filmagem. Algumas restrições foram apresentadas para a
filmagem. Os profissionais da equipe de saúde resistem à captação da imagem do cliente,
questionando a presença da filmadora e o objeto de estudo. Os profissionais da equipe de
enfermagem apresentam-se ansiosos e temerosos diante da câmera. Foi necessária uma
adaptação dos mesmos com a câmera para iniciar a filmagem.
Entrevista não-estruturada
De acordo com a necessidade de elucidação sobre situações que não tinham ficado claras
através da fotografia, filmagem, ou registro em diário de campo foram realizadas entrevistas
não-estruturadas buscando maneiras de pensar a comunicação interpessoal, ou atribuir
significados específicos a determinadas reações.
Essas entrevistas foram gravadas por um mini-gravador da Aiwa. As fitas foram
transcritas com as respectivas correções gramaticais .
53
Foram realizadas 10 entrevistas com os clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca.
Organização dos dados coletados
Para registro, utilizei a mensuração contínua, que, segundo Kidder (1987), se
quando cada ocorrência de cuidado interpessoal, isto é, freqüência de um cuidado é registrada
durante a sessão de observação. Nesse estudo, o cuidado de comunicação interpessoal foi
mensurado conforme aconteceu, de forma contínua. Dessa forma, observei cada ocorrência
de comunicação interpessoal, como, tacêsica, linguagem, cinésica, proxêmica, paralinguagem,
fatores do meio ambiente e características físicas. Então, verifiquei as reações a este tipo de
interação.
Através do uso do filme, a focalização de um momento do cuidado de comunicação
interpessoal foi captada através da pausa na imagem. Assim, registrei os signos, os meios e as
reações do cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Depois do registro, realizei a codificação das observações. Para Marconi e Lakatos
(2002, p.34), “a codificação é a técnica operacional utilizada para categorizar os dados que
se relacionam. Mediante a codificação, os dados são transformados em símbolos, podendo
ser tabelados e contados”.
A codificação é dividida em duas partes:
1. Classificação dos dados, agrupando-os sob determinadas categorias;
2. Atribuição de um código, número ou letra, tendo cada um deles um
significado.
Os dados foram representados através de tabelas, gráficos, fotografias, registro do
diário de campo, transcrições de entrevistas e DVD de forma ilustrativa, tornando-os de fácil
54
compreensão, o que permitiu uma descrição imediata do fenômeno observado. Assim, as
anotações no diário de campo apresentaram como código (DC), as entrevistas (ENT), as
fotografias (foto) e as imagens da filmagem foram decodificadas e representadas através de
tabelas e gráficos.
A classificação dos dados deu origem as seguintes categorias: “Os Tipos de
Comunicação Interpessoal do Cuidado de Enfermagem em Cirurgia Cardíaca”; “As Reações
ao Cuidado de Enfermagem em Cirurgia Cardíaca”, e “Maneiras de Cuidar em Cirurgia
Cardíaca”.
Análise e Interpretação dos Resultados
Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, foi feita a análise e
interpretação dos mesmos. Utilizei a análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), que visa
obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo de mensagens,
indicadores, sejam estes quantitativos, ou não, que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Entendo
que esta análise se encaixa no estudo sobre a interação com clientes.
Leopardi (2002) explica que o tratamento dos dados da pesquisa qualitativa pode ter
elementos quantitativos para se ter uma expressão do grau ou intensidade em que um
significado é expresso. Estes favorecem a busca de conteúdos subjacentes aos dados, como
ideologias e tendências. Nesse estudo, utilizei dados quantitativos para descrever as reações
de clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca. A análise e a interpretação dos dados
foram realizadas de acordo com o referencial teórico.
55
Aspectos Éticos
Vale ressaltar que este estudo respeitou todos os termos éticos de realização de pesquisa
científica previstos na Resolução 196/96 ( Incisos III -1; III-2; III-3; IV ), do Conselho
Nacional de Saúde MS, sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Foram obedecidos os
princípios referentes ao consentimento livre e esclarecido e garantido sigilo sobre a
privacidade dos sujeitos, quanto aos dados envolvidos na pesquisa, e para tal utilizei nomes
fictícios nos registros. O consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE B) foi assinado no
período pré-operatório ou pós-operatório e guardado em arquivo pessoal. Os pacientes
inconscientes e os idosos necessitaram de consentimento dos familiares. Foi solicitada
autorização para utilizar fotografias e filmagens. Para maior respaldo legal, duas testemunhas
assinaram o consentimento livre e esclarecido. Os nomes utilizados na descrição dos dados
foram fictícios.
O presente estudo foi encaminhado ao Comide Ética e Pesquisa em 27/04/2006,
sendo aprovado, sob o n. 0109/08.06.06 (ANEXO A), do Comitê de Ética em Pesquisa do
Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, Ministério da Saúde, em 08 de agosto de 2006.
56
Capítulo 4 _______________________________________________________
Silêncio
Para caminhar
sobre a delicada ponte
que leva aos olhos do outro,
todo silêncio é pouco.
Para ouvir a música
que se desprende
de todas as coisas belas,
todo silêncio é pouco.
Para sentir na pele
o veludo de um jardim,
quando a noite envolve
O mundo
em sua rede de estrelas,
todo silêncio é ouro.
Para entender,
palavra por palavra
a voz que vem do coração,
todo o silêncio.
(Roseana Murray, 2001)
Os Tipos de Comunicação Interpessoal do
Cuidado de Enfermagem em Cirurgia Cardíaca
57
Este capítulo apresenta através dos resultados os tipos de comunicação interpessoal do
cuidado utilizado no cotidiano por clientes e equipe de enfermagem na Unidade de Terapia
Cardiointentiva Cirúrgica (UTCIC) e reafirma que a comunicação interpessoal é o núcleo do
cuidado de enfermagem e ocasiona reações em clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca. Silva (2003a, p 28) classifica a comunicão interpessoal como comunicação verbal
e não-verbal. A comunicação verbal é definida pela autora como aquela que refere-se às
palavras expressas por meio da fala ou escrita”, e a comunicação o-verbal, como a que
não está associada às palavras e ocorre por meio de gestos, silêncio, expressões faciais,
postura corporal etc.”.
Diante da definição podemos afirmar que, ao se comunicar com o cliente, a equipe de
enfermagem desenvolve-se de maneira mental-espiritual do EU e do OUTRO através de
interação inter-transpessoal, gerando força interior e auto-controle através do cuidado
(WATSON, 1988, p. 8-9). Em sua teoria, Watson aborda a comunicação interpessoal nos sete
pressupostos, em que, no primeiro pressuposto, afirma que o cuidado pode ser
efetivamente demonstrado e praticado interpessoalmente”.
Praticar o cuidado integra e pressupõe a comunicação interpessoal. Portanto, entender
os tipos de comunicação interpessoal utilizados no cotidiano de clientes torna-se essencial
para compreendermos a essência do cuidado.
A comunicação não-verbal é valiosa ferramenta para compreender as reações do
cliente ao cuidado. Diante de um ambiente desconhecido, com pessoas estranhas e em
situação de medo e ansiedade, o cliente apresenta dificuldade de expressar suas angústias e
inquietações de forma verbal. Para os profissionais que estão se comunicando com o mesmo
cabe a necessidade de compreender o outro para alcançar a meta da comunicação.
(CAVALCANTI; COELHO, 2006).
58
A comunicação não-verbal pode ser utilizada através 5a paralinguagem, da cinésica,
da proxêmica, das características físicas, dos fatores ambientais e da tacêsica. (SILVA,
2003a). Tanto os clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca, como os profissionais da
equipe de enfermagem utilizam a todo o tempo todos esses tipos de comunicação, ou seja,
tudo que esses sujeitos fazem no cotidiano, que não inclua a comunicação verbal pode ser
considerado como comunicação não-verbal.
Para facilitar o entendimento dessa categoria considero importante descrever
primeiramente, as características físicas do cliente, para, posteriormente descrever os outros
tipos de comunicação interpessoal.
As Características Físicas do Cliente em Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca
Para Silva (ibid, p. 48), as características físicas podem ser consideradas como uma
forma não-verbal de comunicação que representam a “forma e aparência de um corpo”.
Considero que as características físicas apontam um tipo de comunicação que pertence ao
cuidado de enfermagem realizado no dia a dia dessa unidade.
Watson (1981, p. 8-9) discute em seu quarto pressuposto sobre a ciência do cuidado
que “as respostas do cuidado aceitam a pessoa não apenas como ela é agora, mas como ela
poderá tornar-se”. Ou seja, para cuidarmos precisamos estar atentos às características físicas
dos clientes, como forma de aceitar suas respostas, agora e sempre.
As características físicas apresentam-se como uma forma de comunicação que faz
parte do cuidado de enfermagem, pois incorporam a forma como “olhamos o outro”. O papel
exato destas na comunicação interpessoal não-verbal ainda é desconhecido, no entanto, a
aparência é parte dos estímulos não verbais que influem nas reações interpessoais, e, sob
algumas condições, são os principais determinantes dessas reações (KNAPP; HALL, 1999)
59
Os clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca passam informações sobre a faixa
etária, sexo, nível de sedação, tempo de pós-operatório, entre outros aspectos através de suas
características físicas. Perceber suas características dentro de uma concepção cultural, social,
econômica, física e espiritual e aceitá-las como são no momento e como poderão tornar-se é
cuidar em cirurgia cardíaca.
Foto 01: Características físicas do cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca
Portanto, para compreensão desse cuidado, sob a ótica da comunicação interpessoal,
torna-se necessário uma descrição detalhada dessas características, para esmiuçar os
etnométodos. A foto 01 emite detalhes das características físicas de um cliente em pós-
operatório imediato de cirurgia cardíaca. Para complementar a análise da foto 1, apresento os
dados de registro no diário de campo, coletados no prontuário.
60
Cliente do sexo masculino, tem 58 anos, encontra-se sob efeito anestésico,
Ramsay 3, com suporte ventilatório através de tubo orotraqueal. Com cateter
venoso profundo através de veia jugular direita, fluindo tridil a 10 ml/h e
ringer a 50 ml/h através de bombas infusoras. Em monitorização cardíaca
contínua, sem arritmias. Curativo cirúrgico externamente limpo e seco. PAM
através de artéria radial direita, estável até o momento. Com 02 drenos
torácicos, 01 de mediastino e 01 pleural com débito moderado.Diurese através
de cateter vesical com débito satisfatório. (DC -05)
O cliente acima apresenta como características físicas questões de gênero, faixa etária, entre
outros fatores que são considerados relevantes para o cuidar em enfermagem de cirurgia cardíaca. Esse
paciente encontra-se sedado, mas respondendo a comandos, com ventilação espontânea prejudicada,
com cateteres venosos, arterial e vesical,que invadem seu corpo com o intuito de monitorizar e
infundir medicamentos. Fios e eletrodos que visam observar continuamente o ritmo cardíaco.
Percebemos que esse cliente apresenta como característica física marcante à utilização
de vários equipamentos tecnológicos, tais como, ventiladores microprocessados, monitores
cardíacos e bombas infusoras. A tecnologia faz parte das unidades de terapia intensiva e parte
dos cuidados a clientes em pós-operatório.
De acordo com Leopardi In Santos (2001, p. 5), “o mundo não pode mais ser pensado
sem tecnologia...”. Esse avanço tecnológico facilita o cuidado, visto que a administração de
medicamentos fica precisa, o controle do ritmo cardíaco detalhado, a verificação de pressão
arterial fidedigna. No entanto, “se a objetividade pode ser imprescindível numa dada esfera
da vida, se tomada com a mesma substância e qualidade para esferas no nível do indivíduo,
ela se torna impositiva e parcial” (op cit).
Essa imposição e parcialidade é percebida no cotidiano quando o cuidado em cirurgia
cardíaca é recebido, demonstrado e praticado interpessoalmente, tendo como núcleo a
comunicação e detalhando-se através da subjetividade. Assim, conviver com o uso desses
equipamentos traz um grande desafio moral, já que os avanços tecnológicos devem atender ao
ser humano, mas não ocupar o núcleo do cuidado.
61
Segundo Leopardi e Nietzche (2000), o cuidado é produzido por uma complexa rede
de interações, na qual são aportados saberes e tecnologias das mais diversas origens, que
precisam ser sintetizados numa ação prioritária de ligação com a vida.
O cuidado ajusta-se à tecnologia para aumentar o conforto, o bem estar, a segurança e
a confiança do cliente, favorecendo a adaptação ao meio hospitalar. Através da otimização do
tempo oriundo do avanço tecnológico é possível a aproximação para a realização de
massagem corporal, cuidados de higiene, mudança de decúbito, exame físico, entre outros
cuidados fundamentais. A conexão entre a objetividade e a subjetividade favorece o cuidado,
dentro de um contexto ético, estético, responsável e holístico, que considera os valores do
cliente submetido à cirurgia cardíaca. Assim, a tecnologia inclui o cuidado em cirurgia
cardíaca, pois absorve os equipamentos e a comunicação interpessoal em um fluxo contínuo.
Nessa perspectiva, as reações do cliente são objeto dos cuidados de enfermagem em cirurgia
cardíaca e associam a subjetividade e a objetividade, no contexto do cuidar tecnológico, que
une a comunicação interpessoal a técnicas e tecnologias.
A tabela 01 descreve as características dos 20 sujeitos participantes do estudo em
relação ao sexo, a faixa etária, nível de sedação, tempo de pós-operatório e tipo de cirurgia
realizada.
62
Tabela 01: Características dos sujeitos participantes do estudo das reações do cuidado
de enfermagem em cirurgia cardíaca (n=20).
CARACTERÍSTICAS
N
%
Sexo
Masculino
Feminino
16
04
80,0
20,0
Faixa etária (anos)
18 a 35
36 a 50
51 a 65
66 a 80
03
07
08
02
15,0
35,0
40,0
10,0
Nível de Sedação (Ramsay)
1
2
3
6
05
12
02
01
25,0
60,0
10,0
5,0
Tempo de pós-operatório
Até 24h
De 24 a 48h
De 48 a 72h
Mais de 72h
05
04
03
08
25,0
20,0
15,0
40,0
Cirurgia
RVM*
TVA**
CIA***
17
02
01
85,0
10,0
05,0
*Cirurgia de Revascularização do Miocárdio; **Troca de Válvula Aórtica;
*** Correção de Comunicação Interatrial.
Como perfil geral dos participantes mostrado na tabela 1, observa-se que 80% eram do
sexo masculino, 50% tinham mais de 50 anos, 85% tinham nível se sedação (Ramsay até 2);
25% estavam nas primeiras 24h de pós-operatório e 85% tinham realizado cirurgia de
revascularização do miocárdio.
Os estudos realizados em cirurgia cardíaca (Silva et al, 2004; Borges et al, 2006) têm
demonstrado que os homens são submetidos a procedimentos cirúrgicos cardiovasculares em
maior freqüência do que as mulheres. No entanto, a explicação para tal diferença ainda não
63
está completamente elucidada. Almeida, Starling, Barreto e Couto (2003), em uma
investigação que abrangeu 453 clientes, 67,5% eram homens. A quantidade de homens que
realizam a cirurgia é maior, embora a morbidade seja maior entre mulheres e a terapêutica
indicada não apresente diferenças com relação ao sexo.
De acordo com as Diretrizes de Cirurgia de Revascularização do Miocárdio,
Valvupatias e Doenças da Aorta (2004), o sexo feminino apresenta uma maior mortalidade,
tanto no infarto agudo do miocárdio, como na cirurgia. No entanto, o benefício cirúrgico da
revascularização é igual em ambos os sexos. Fatores como os genéticos e hormonais são
considerados fatores predisponentes para os maiores índices de mortalidade entre elas. A
insuficiência renal é a maior complicação descrita no pós-operatório de mulheres, mas outras
comorbidades como diabetes, insuficiência cardíaca congestiva, angina são fatores que
aumentam o risco de aparecimento dessa complicação.
Além destes fatores, a história anterior de depressão foi relacionada como fator de
risco para depressão no pós-operatório de cirurgia cardíaca em mulheres jovens e que tiveram
complicações (DOERING; MAGSARILI; HOWITT, 2006).
Embora conhecidas diferenças em número de cirurgias e complicações cirúrgicas
relacionadas ao gênero, até o momento não foram estudados cuidados de enfermagem que
levem em conta as especificidades e que proponham maneiras de cuidar favorecendo a
diminuição de complicações.
Dos 20 clientes, 40% (8) tinham mais de 72 horas de internação na Unidade
Cardiointensiva Cirúrgica, 25% (5) tinham menos de 24 horas, 20% (4) tinham entre 24 e 48
horas e 15%(3) de 48 a 72 horas. De acordo com o nível de sedação, 60% (12) estavam com
Ramsay 2, 25% (5) com Ramsay 1, 10% (2) com Ramsay 3 e 5% (1) com Ramsay 6.
A escala de Ramsay é utilizada como uma forma de determinar o nível de sedação do
cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca, pois durante o período peri-operatório são
64
utilizados medicamentos anestésicos e sedativos, tais como, hipnóticos, analgésicos,
relaxantes musculares e bloqueadores dos reflexos autônomos, que associados alcançam um
plano anestésico adequado.
De acordo com o nível de sedação, os tipos de comunicação estabelecidos para cuidar
do cliente se modificam. Conforme o cliente elimina os sedativos e anestésicos do seu
organismo, fica mais atento ao ambiente e as reações se intensificam, assim como a
instabilidade emocional em virtude de diversos fatores.
O próprio confinamento a que o cliente se vê submetido, a distância de casa, a
ausência de familiares são causas de ansiedade e preocupação. O desconhecimento do
ambiente em que está, a presença de pessoas estranhas, o equipamento complexo que o cerca
causam-lhe grande desconforto. Outro fator de agressão ao cliente são as conversas ao seu
redor, o uso de linguagens técnicas desconhecidas, a presença de outros clientes em estado
grave, os ruídos contínuos e monótonos dos respiradores artificiais, alarmes e outros sons.
Em alguns clientes, os referidos fatores levam a uma situação de estresse que exerce um efeito
indesejado pelo corpo: fadiga, nervosismo, sudorese, alterações do ritmo cardíaco,
aparecimento de dor, entre outros.
De acordo com as Diretrizes de Cirurgia Revascularização Miocárdica, elaborada pela
Sociedade Brasileira de Cardiologia, a técnica anestésica mais utilizada é a anestesia geral
balanceada, com o uso de agentes inalantes e venosos, que permite despertar e extubação
traqueal precoce na sala de cirurgia ou nas primeiras seis horas de pós-operatório.
No entanto, tenho verificado na prática que durante o período pós-operatório o cliente
permanece sedado por 2 a 4 horas até que as medicações sejam eliminadas pelos rins,
pulmões e pele. O tempo de eliminação das drogas varia de acordo com o medicamento
utilizado. Além disso, em alguns casos é necessário reforçar a administração de sedativos e
analgésicos no período pós-operatório diante de um quadro álgico ou agitação psicomotora.
65
Para Knobel (1994), clientes em pós-operatório apresentam estímulos desconfortáveis
intermitentes, precisando de administração de sedativos e analgésicos para reduzir a
ansiedade, aliviar a dor e promover o sono.
A ansiedade e a dor tem sido apontadas como as principais queixas de pacientes
submetidos a cirurgias cardíacas. Em estudo sobre os sentimentos e as percepções do cliente
em pós-operatório de cirurgia cardíaca, verificaram que 67% dos mesmos referiram que o que
mais causava incômodo era a dor na região torácica posterior e no sítio de inserção dos
drenos. Enquanto, 46,9% referiram que o tubo orotraqueal era causador de grande incômodo
porque impedia a comunicação. Outros fatores citados foram às luzes acesas, pessoas
conversando e medo (HADDAD; ALCÂNTARA, 2005).
A sedação de clientes críticos com agitação psicomotora deve ser iniciada somente
após analgesia adequada e identificação de possíveis causas. Um dos princípios da sedação
adequada é monitorizar o nível de sedação para permitir o ajuste das doses. Isto torna-se
possível através de inspeção contínua dos sinais clínicos neurológicos para avaliação do nível
de consciência. Assim, a escala de Ramsay e cols, é uma proposta de objetivar sinais clínicos
subjetivos para oferecer parâmetros de monitorização da sedação. Essa escala incorpora a
comunicação com o cliente, pois utiliza como critérios a avaliação da ansiedade, agitação e
sono, ou seja, para identificar o nível é necessário avaliar as reações do cliente aos cuidados
de enfermagem e ao ambiente.
De acordo com a escala proposta por Ramsay e cols, existe uma classificação em seis
níveis. Nível 1 significa sedação inadequada; níveis 5 e 6 representam que o paciente está
muito sedado; enquanto os níveis 2,3 e 4 são níveis aceitáveis de sedação (KNOBEL, 1994, p.
786), como podemos ver a seguir:
66
Ramsay 1
Ansioso, agitado e inquieto
Ramsay 2
Tranqüilo, cooperativo e orientado
Ramsay 3
Sedado, porém responsivo a comandos
Ramsay 4
Sedado, com resposta rápida a leve toque da
glabela ou estímulo auditivo alto
Ramsay 5
Sedado, responde lentamente a estímulo
auditivo alto ou toque da glabela
Ramsay 6
Sedado, não responsivo
Os dados mostram que 60% dos sujeitos desse estudo estavam em Ramsay 2, ou seja,
tranqüilos, cooperativos e orientados, necessitando de controle hemodinâmico e respiratório,
cuidados de higiene, administração de medicamentos, manutenção da integridade da pele,
entre outros cuidados. Portanto, reagiram a estes, através de respostas corporais, tais como,
ausência de agitação psicomotora, orientação no tempo e no espaço e respostas às
solicitações verbais.
Após 72 horas de internação na Unidade de Terapia Cardiointensiva Cirúrgica, 40%
dos clientes apresentavam-se tranqüilos, cooperativos e orientados, o que facilitou a captação
de imagens fixas e móveis e o registro no diário de campo das suas reações. Após um período
maior de internação, os clientes se adaptam ao ambiente da terapia intensiva e iniciam uma
relação de vínculo e confiança com os profissionais ali presentes.
Nesse momento, discutirei as características clínicas de uma cliente que apresentava
nível de sedação seis. Essa cliente estava em pós-operatório tardio e, por apresentar como
complicação neurológica lesão de tronco cerebral, estava sedada com fentanil e dormonid,
como podemos constatar no registro do diário de campo a seguir:
Sexo feminino, 62 anos, internada 18 dias na UTCIC. Em precaução de
contato. Não apresentando abertura ocular. Estável hemodinamicamente,
hipertérmica. Sonda nasoenteral em narina direita fluindo dieta através de
bomba infusora. TOT acoplado a respirador Newport. Acesso venoso
67
profundo em veia subclávia direita fluindo aminas, fentanil e hidratação
venosa. PAM em artéria radial esquerda (90mmHg). Ausência de reflexos e
força motora. Membros inferiores edemaciados (2+/4+). (DC-04)
A cliente em questão aparentemente não apresentava reações a estímulos externos e
por isso não estava se comunicando com o meio ambiente, pois não apresentava nenhuma
resposta durante o exame físico. No entanto, Silva (2003a) explica que a comunicação
adequada é aquela apropriada à situação, pessoa, tempo e que atinge um objetivo definido.
Envolve uma preparação, levando em conta a mensagem a ser transmitida, o emissor, o
receptor e a técnica de comunicação necessária.
As características físicas dos clientes que se submetem à cirurgia cardíaca são
importantes ferramentas que transmitem informações sobre os mesmos sob à ótica
comunicação interpessoal. No caso da cliente descrita acima, as características físicas
apresentam a forma e aparência de um corpo que não responde aos estímulos realizados pela
equipe de enfermagem durante a avaliação física e a realização de cuidados de higiene,
mudança de decúbito, administração de medicamentos, entre outros.
Lunardi et al (2005) explicam que conhecer o cliente é fundamental para que se alcance
a independência e a autonomia no seu cuidado. Por ser essa a meta da enfermagem, quando
diante de situações associadas à morte e ao morrer, esses profissionais sentem-se
despreparados para atingir a meta do cuidado.
Quando analisamos os elementos da comunicação interpessoal, entendemos o quanto se
torna difícil para a equipe de enfermagem manter uma comunicação interpessoal com um
cliente que não apresenta reações, pois qualquer mensagem emitida, verbal ou não-verbal não
gera uma resposta. Essa aparente ausência de resposta não permite a equipe compreender os
sentimentos e percepções do cliente. Assim, não se sabe se a posição é confortável, se a
temperatura da água está adequada, se os ruídos estão intensos, se apresenta dor, medo, frio
ou insegurança.
68
Em um estudo sobre a comunicação com o paciente sedado, Silva, Zinn e Telles (2004),
destacaram que a comunicação com o paciente sedado é um fenômeno difícil, seja pelo grau
de sedação, de reflexão e de estrutura da unidade, seja pela dúvida acerca da percepção do
cliente diante da mensagem recebida. O comunicar-se com o cliente sedado foi visto como um
fenômeno que aproxima a equipe de enfermagem do cliente, proporciona troca entre ambos, é
necessário por ser um passo anterior à invasão da privacidade do mesmo, é um instrumento de
mensuração da profundidade da sedação, é necessário, acalma o cliente, sendo função do
enfermeiro e a sua especificidade.
No período do estudo, 17 clientes foram submetidos à cirurgia revascularização do
miocárdio, sendo que apenas 1 apresentou outro procedimento cirúrgico concomitante,
endarterectomia de carótida, 02 clientes foram submetidos à Troca de Válvula Aórtica e 01 à
Correção de Comunicação Interatrial.
De acordo com os dados de assistência à saúde do DATASUS/MS, foram realizadas
no ano de 2006, 24.558 cirurgias cardíacas em adultos no Brasil. Verifica-se um aumento de
mais de 100% quando comparado ao ano de 2004, com um total de 10.833 cirurgias e
aproximadamente 10% quando comparado ao ano de 2005, com um total de 22.905. Percebe-
se um crescimento quantitativo e qualitativo da cirurgia cardíaca nas últimas décadas. Várias
clínicas estão se especializando nessa área, o perfil dos clientes está se modificando, o que
tem se caracterizado por reoperações em maior número e idade mais avançada.
Associado a esse crescimento está ocorrendo uma diminuição progressiva da
mortalidade, devido a melhores técnicas cirúrgicas e anestésicas empregadas, acesso a novos
conhecimentos sobre as complicações orgânicas ocorridas mais comumente no período pós-
operatório, exigindo cuidados com maior especificidade.
A cirurgia de revascularização do miocárdio tem sido descrita como positiva e
benéfica para portadores de aterosclerose coronariana, pois é comprovada por vários
69
autores a sua durabilidade em relação aos outros tratamentos. Por isso, ainda observamos um
aumento do número de cirurgias cardíacas a cada ano, sendo responsável por um aumento de
sobrevida dessa clientela de aproximadamente dez anos sem uma nova intervenção. É uma
das mais freqüentes cirurgias realizadas no mundo inteiro, sendo que após três décadas da
primeira cirurgia, muitos avanços aconteceram, relacionados à revisão de vários dos aspectos
fisiopatológicos da aterosclerose, tecnologia e técnica cirúrgica. No entanto, outros progressos
já esperados incluem medidas profiláticas, o tratamento clínico e a intervenção por cateteres.
Futuramente serão utilizadas no cotidiano drogas com ação no metabolismo dos
lipídios, na estabilização da placa de aterosclerose e no tratamento das síndromes
coronarianas agudas. Assim, a cirurgia de revascularização miocárdica será complementada
pela angiogênese, como também será aplicada para o tratamento da insuficiência cardíaca.
“O uso de enxertos arteriais e a cirurgia minimamente invasiva, associados a altas
tecnologias, futuramente, tornar-se-ão uma rotina”. (SBC, 2004, p. 3)
Dois clientes foram submetidos à cirurgia de Troca de Válvula rtica. Esse
procedimento cirúrgico continua sendo considerado como de risco e apresenta um alto índice
de mortalidade e morbidade. Esses clientes permaneceram na UTCIC por mais de 72 horas
porque apresentaram complicações no pós-operatório. Isso se deve principalmente a
sobrecarga de trabalho sofrida pelo coração durante longo período que antecede a cirurgia, o
que provoca não só alterações estruturais, como fisiopatológicas importantes. A doença valvar
crônica pode gerar coração hipertrofiado ou dilatado e, possivelmente, hipertensão pulmonar.
Ao ser realizada a troca valvar, essas alterações crônicas, usualmente, não revertem
rapidamente no pós-operatório. Nesses clientes, a disfunção ventricular é comum, o que
aumenta a morbimortalidade e conseqüentemente o tempo de internação (Guaragna, 2005)
Um cliente foi submetido à Correção de Comunicação Interatrial. Essa cirurgia visa
corrigir um defeito do septo interatrial. Quando realizada na infância ou no começo da vida
70
adulta, o prognóstico é muito bom, não havendo contra-indicações à atividade física. O pós-
operatório geralmente não apresenta complicações e a cicatrização cirúrgica acontece sem
intercorrências. Não é comum o aparecimento de complicações para os clientes submetidos a
essa cirurgia, desde que não tenham ocorrido alterações estruturais ou fisiopatológicas no
coração (BRAUNWALD; GOLDMAN, 2007)
Portanto, a característica física do cliente em pós-operatório de cirurgia transmite
informações sobre o seu quadro clínico, que, nesse caso, foi estado mental inconsciente, sem
resposta verbal, sem resposta motora, sem resposta ocular. O cuidado de enfermagem que tem
como base a comunicação interpessoal fica difícil, complexo, mas não deixa de existir, pois a
equipe de enfermagem continua emitindo mensagens e tentando apreender as respostas.
Os fatores do meio ambiente também caracterizam uma forma de comunicação não-
verbal, pois apresentam a disposição dos objetos no espaço e as características do próprio
espaço, como cor, forma e tamanho de determinados objetos, ou até mesmo da planta física,
com o posto de enfermagem centralizado, presença de monitores cardíacos em todos os leitos,
ventiladores, entre outros equipamentos presentes. Estarão descritos, a seguir, esses fatores
como forma de trazer subsídios para o entendimento da comunicação interpessoal no
cotidiano da UTCIC.
Fatores do Meio Ambiente da Unidade de Terapia Cardiointensiva Cirúrgica
No ambiente da UTCIC estão incluídos os espaços, como as unidades dos clientes, sala
de reuniões, posto de enfermagem, banheiro, expurgo, os equipamentos, como monitores
cardíacos, bombas infusoras, ventiladores; a equipe de enfermagem, com enfermeiros e
auxiliares de enfermagem; os outros profissionais envolvidos no tratamento do cliente em
pós-operatório, como médicos, fisioterapeutas, psicólogos, pessoal da limpeza; o ar; a
iluminação; os ruídos; a temperatura entre outros aspectos desse cotidiano.
71
Silva (2003a) discute esses fatores do meio ambiente como componentes da
comunicação não-verbal. Para a autora, a disposição dos objetos no espaço e as características
do próprio espaço, como cor, forma e tamanho emitem mensagens por si só.
Baseada em sua afirmação e considerando o quinto pressuposto de Jean Watson (1981),
que discute o ambiente do cuidado como aquele que oferece o desenvolvimento do potencial
enquanto permite que a pessoa escolha a ão para si mesma em um determinado momento,
descrevo o dia a dia dessa unidade, com os detalhes do cuidar vivenciados na prática. Nesse
contexto, o ambiente da UTCIC, propicia o cuidado de enfermagem ao permitir que o cliente
em pós-operatório de cirurgia cardíaca seja capaz de reagir no cotidiano às maneiras de
cuidar.
Ao ser internado em uma unidade hospitalar, o cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca recebe tratamento, cuidado, recuperação, promoção e prevenção de doenças por meio
de ações multidisciplinares, conduzidas por profissionais de saúde e outros profissionais
vinculados à estrutura administrativa institucional. Todos os profissionais juntos fazem parte
do ambiente e devem ter como objetivo torná-lo terapêutico.
Nesse contexto, Florence Nightingale, em 1859 focalizou a importância da higiene
ambiental, pessoal e dos alimentos como base para exercer a Enfermagem como arte. Em sua
obra “Notas sobre enfermagem”, esta autora explica que detalhes como a iluminação, a
ventilação, os ruídos e a temperatura do ambiente influenciam na melhora do cliente. Dentro
do modelo de Nightingale para o ambiente, quando um ou mais aspectos do ambiente
estivessem desequilibrados, o cliente teria maior gasto de energia para contrabalançar o
desequilíbrio ambiental. Esse desgaste retira do cliente a energia necessária para a cura.
Desde então, o ambiente tem sido entendido e estudado como base fundamental do
cuidado de enfermagem ao cliente hospitalizado. O ambiente hospitalar é tudo o que cerca o
72
cliente que está internado e para que seja utilizado de forma terapêutica, é necessário que gere
conforto e segurança.
Stefanelli In Stefanelli e Carvalho (2005), considera que o ambiente em que as pessoas
interagem influencia na comunicação entre elas e no resultado, pois afeta as condições
emocionais, físicas e psicofisiológicas, interferindo na expressão e percepção das idéias. Ela
confirma que o ambiente da comunicação com o cliente deva “manter a segurança, o
conforto e a privacidade”.
Nunes e Arruda (1995, p. 143) afirmam que confortar é um objetivo implícito e explícito
da enfermagem inerente ao processo de cuidar”, que visa não atingir bem estar físico,
mas também psicológico. O ambiente, quando compreendido como parte do processo de
comunicação, expressa parte de um todo que está sendo vivenciado pelo cliente, e parte do
processo de cuidar para atingir conforto.
O clima, os ruídos, a presença de pessoas estranhas, a restrição ao espaço físico, a
proximidade entre os leitos, a presença, entre outros fatores, são apontados por Stefanelli In
Stefanelli e Carvalho (2005) como desafios para estimular o cliente a expressar o que sente,
pensa e vivencia em relação ao problema de saúde.
Relacionamentos espaciais, arquitetura e objetos que circundam os clientes e a equipe de
enfermagem influenciam o tipo de interação que ocorre. Nesse contexto, as reações
emocionais ao meio acontecem considerando, a formalidade, o acolhimento, a privacidade, a
familiaridade, o constrangimento e a distância. O tempo também é parte do ambiente
comunicativo e compreende a localização, a duração e os intervalos entre os eventos. Assim
como a presença de outras pessoas no mesmo ambiente ocasiona reações diferentes. (KNAPP;
HALL, 1999)
O desenho arquitetônico e os objetos, como móveis , considerados como espaço com
características fixas e semifixas, respectivamente refletem um tipo de comunicação
73
interpessoal utilizada no cotidiano por clientes e equipe de enfermagem em pós-operatório de
cirurgia cardíaca. A cor dos objetos e paredes, o som, a iluminação, os objetos móveis, a
estrutura física e o projeto arquitetônico influenciam nas reações do cliente à comunicação
interpessoal, e dessa forma geram implicações no cuidado de enfermagem em cirurgia
cardíaca. Observemos as características do ambiente do cuidado da Unidade de Terapia
Cardiointensiva Cirúrgica (UTCIC).
Foto 02: Posto de Enfermagem da UTCIC
Verifica-se na foto 02 o posto de enfermagem da UTCIC, ele é longo, centralizado a
planta física, permitindo a visualização dos leitos pelos profissionais quando dentro do posto,
com armários em ambos os lados que distribuem o material de consumo, com iluminação
artificial, com duas pias para lavagem das mãos, bancadas amplas, espaço para a circulação
dos profissionais. No final do posto, próximo à bancada, percebemos dois profissionais
preparando medicação. Entre o posto de enfermagem e os clientes existe uma bancada por
toda a extensão do mesmo. Na região central, existe uma abertura para entrada e saída de
profissionais do lado direito e esquerdo, assim como nas extremidades, no entanto, em uma
74
das extremidades, a abertura fica ao lado direito e, na outra, ao lado esquerdo. Em todas as
aberturas não existem portas.
A Resolução RDC 50/2002 é uma norma que foi concebida pelo setor de tecnologias
em saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (ANVISA) e
aprovada pela diretoria colegiada daquela agência. A resolução descreve o “regulamento
técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde”.
Esta prevê que exista um posto de enfermagem para cada 30 leitos. Portanto, o posto
encontra-se dentro das determinações dessa resolução, pois é composto por 20 leitos. As
outras determinações sobre a planta física também foram cumpridas, como sala de exames,
sala de reuniões, unidade de isolamento, expurgo, quarto para descanso, entre outras.
A estrutura ambiental pode inibir ou facilitar a comunicação, através da proximidade ou
distância de paredes, presença de portas, balcões, vidros, posicionamento de cadeiras, móveis
e equipamentos (KNAPP; HALL, 1999).
Abaixo, segue figura 07, que foi desenhada para ilustrar o projeto arquitetônico da
UTCIC.
Figura 07:Ilustração do projeto arquitetônico da UTCIC
O comprimento extenso do posto de enfermagem da UTCIC, a distância entre o mesmo e
a unidade do cliente, o balcão que separa essas unidades do posto de enfermagem, a presença
75
de cadeiras apenas dentro do posto de enfermagem e a presença de poucas passagens do
mesmo para o corredor são fatores que coíbem a interação, atrapalhando os profissionais e
bloqueando a observação das reações do cliente.
Notemos na foto 03 a unidade do cliente.
Foto 03: Unidade do Cliente
Na foto 03, que apresenta a unidade do cliente, observamos duas janelas ao fundo, que
permitem a entrada de iluminação natural. Apesar de não visível, cada unidade apresenta
também iluminação artificial. Duas prateleiras estão próximas às janelas, a superior com o
monitor cardíaco e um quadro branco para o registro de dados do cliente, e a inferior com
bombas infusoras de medicamentos. Ao lado direito do leito, encontra-se um respirador Bird
8400. Ao lado esquerdo, um suporte de soro, uma mesa de alimentação e um armário para
guarda de materiais descartáveis. O leito está centralizado, permitindo a presença de
profissionais de ambos os lados. O preparo do leito indica a espera por um cliente cirúrgico,
pois o mesmo está sem travesseiro e com cobertores e lençóis dobrados.
A luz foi valorizada por Nightingale (1989), que modificava a posição das camas de
forma a permitir a observação da diferença do dia para a noite. A autora realizou alterações
76
nas rotinas hospitalares diante de tal observação, e orientava a abertura das janelas para a
entrada da luz como forma de transmitir energia aos clientes internados.
A iluminação pode oferecer subsídios para o alcance de objetivos do cuidado de
enfermagem. Durante a noite, é importante diminuir a iluminação para não interferir no ciclo
circadiano, mas, durante o dia, é importante não a iluminação artificial, como a natural,
para facilitar a observação e monitorização de parâmetros hemodinâmicos. A luz solar
também pode ser utilizada de forma terapêutica para aquecer o corpo de clientes, prevenindo
ou tratando hipotermia.
A luminosidade também contribui para estruturar as percepções do ambiente, e essas
percepções podem influenciar no tipo de mensagem emitida e recebida. (KNAPP; HALL,
1999)
Do mesmo modo, quando o ambiente da UTCIC está pouco iluminado, fala-se mais
baixo e aproxima-se mais para comunicação. Por outro lado, quando a intensidade da luz está
aumentada, o ambiente é menos convidativo à interação íntima.
Assim sendo, é possível manipular a iluminação através de cortinas, abajur e portas
como parte do cuidado. Portanto, na UTCIC, as janelas permitem a entrada da luz solar,
porém a proteção da janela com “ïnsufilm” diminui a entrada dessa luz de forma a não
prejudicar a meia-vida de medicamentos que são fotosensíveis, como o Nitroprussiato de
Sódio.
Os materiais de consumo utilizados no cuidado do cliente em pós-operatório de
cirurgia cardíaca ficam guardados no gaveteiro ao lado direito do leito do cliente. A cada 24
horas estes são repostos. A disposição de certos objetos contribuem para estruturar a
comunicação. Por isso, o manuseio dos mesmos é usado para aproximar ou afastar, organizar
ou desorganizar, tornar confortável ou desconfortável. (KNAPP; HALL, 1999) Com os
materiais de consumo no gaveteiro, não é necessário se afastar do leito toda vez que for
77
preciso realizar um procedimento, como punsão venosa ou assepsia de cateteres. Desse
modo, o gaveteiro ao lado do leito é parte integrante do cuidado de enfermagem, pois além de
fornecer o material necessário para a realização do mesmo, favorece a comunicação
interpessoal.
A presença de objetos com significado afetivo representam um tipo de comunicação
que acarreta reações no cliente e nos familiares envolvidos. Na foto 4 observamos fotografias
do cliente Mauro com seus familiares fixadas na divisória. O ambiente dessa unidade apropria
familiaridade ao cuidado e aproxima o cliente de seus familiares. De tal modo, a fortalecer os
laços familiares e acarretar sentimentos positivos, como confiança, segurança e vontade de
viver.
Por outro lado, a equipe de enfermagem mergulha na intimidade desse cliente, ao
reconhecer no mesmo um ser humano, amado pela sua família e amigos. Portanto, as
fotografias aproximam o cliente dos profissionais de enfermagem, neutralizando a distância
do posto até a unidade e a presença de equipamentos tecnológicos, barreiras ambientais para o
cuidado.
78
Foto 04: Fotografias coladas na divisória da unidade do cliente
Na organização da unidade, as cores devem ser consideradas, como forma de propiciar
conforto e tranquilidade aos clientes. Estudos mostram que a cor vermelha ocasiona reações
excitante-estimulantes, protetoras ou defensoras, ou ainda desafiadoras e discordantes. O azul,
provoca segurança, conforto, efeito protetor-defensor e calma. (KNAPP; HALL, 1999)
A estética ambiental é fator importante para estabelecer uma reação desejada e dessa
forma gerar conforto. A cor da UTCIC é bege, em tom pastel, acarretando interesse. O bege é
uma cor neutra e dificilmente alguém a considera feia e desconfortável. Dessa forma,
considerando as precedências individuais, dificilmente alguém se sentiria desconfortável com
relação à cor.
Os objetos ou complementos servem de atrativos e estímulo ao cliente. A forma como
estão dispostos, a ordem, a cor, devem priorizar a harmonia e oferecer um visual alegre ao
paciente, colaborando na sua recuperação. A preferência pela cor varia individualmente, mas
79
algumas cores podem ser utilizadas para trazer conforto visual, como o azul, que é calmante,
o cinza-azulado, sedativo e cores em tom pastel, que despertam o interesse (VEIGA;
CROSSETI, 2000).
A UTCIC contém monitores, ventiladores, bombas infusoras, entre outros equipamentos
que auxiliam no cuidado de enfermagem no pós-operatório. Nas fotos 5, 6 e 7 observamos
esses artefatos, que apesar de muito úteis apresentam sons contínuos, que têm como objetivo
manter a equipe atenta ao seu funcionamento. Esses também alarmam diante de situações de
mal desempenho, causando sons estridentes . Por outro lado, os ruídos são barreiras ao
cuidado interpessoal, pois dificultam a interação com clientes e são causa de gasto energético
por parte do mesmo, que deveria poupar energia para se recuperar da cirurgia cardíaca.
Foto 05: Vigilance Foto 06: Balão Intraórtico Foto 07: Respirador
Biley (2000) explica que o ruído em instalações de saúde provoca cefaléia, falta de
atenção, raiva, irritabilidade, confusão, falta de sono, reduz as secreções gástricas, atrasa a
atividade gastrintestinal, prolonga a cura, aumenta a sensibilidade a dor e atrasa a
recuperação de cirurgias.
No entanto, a necessidade de diminuir os ruídos e sons indesejáveis vem sendo
discutida amplamente desde os primórdios da Enfermagem Moderna. Nightingale (1989, p.
12), via os ruídos como uma preocupação para a enfermagem e os condenava, principalmente
à noite, quando os pacientes estavam dormindo. A autora afirmava que o “barulho
80
desnecessário é, deste modo, a mais cruel falta de cuidado que pode ser infligida, tanto a
doentes como a pessoas saudáveis”.
Os tipos de sons e sua intensidade também afetam o cuidado interpessoal. As reações
do cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca são diferentes, quando acontecem conversas
a beira de leito, assim como os alarmes de bombas infusoras e ventiladores.
Sons de alarmes costumam ser descritos como desagradáveis , despertantes e fortes,
ocasionando irritabilidade. Ao contrário, quando ouve-se uma música agradável a tendência é
a adoção de comportamento de “aproximação” do que de “afastamento”. “Música lenta,
suave, simples e familiar certamente reduz os níveis de excitação enquanto mantém, o prazer,
ao gerar uma sensação de tranquilidade e satisfação.”(KNAPP; HALL, 1999, p. 81)
Os ruídos, a iluminação, a planta física, os objetos móveis e fixos, a quantidade de
equipamentos que existem ma UTCIC indicam os fatores do meio ambiente que compõe a
comunicação interpessoal não-verbal. Esses, associados à sincronia de ações e reações
abrangem a prática específica e complexa desse ambiente de terapia intensiva, indicando um
tipo de comunicação diferenciado e particular, rico em detalhes.
O ambiente da UTCIC, compreende o cenário da comunicação entre clientes e equipe
de enfermagem e contribui para as reações a essa interação. Tanto a freqüência, quanto o
conteúdo das mensagens emitidas e recebidas, são influenciados pelos vários aspectos desse
ambiente. Dessa forma, a manipulação do mesmo pode ser considerada preciosa ferramenta
para alcançar as reações desejadas. À medida que o conhecimento sobre esse aumenta, pode-
se usá-lo para o alcance das às metas do cuidado.
Compreender o ambiente da UTCIC é entendê-lo como ambiente formal do cuidado,
que envolve sentimentos como medo e insegurança, não sendo ambiente prazeroso, nem tão
pouco alegre, que envolve ações e reações de aproximação e distância. No entanto, em alguns
81
momentos esse ambiente se transforma em caloroso, familiar e informal diante da
especificidade do cuidado realizado.
Esse cuidado exige comunicação interpessoal, como, por exemplo, na administração
de medicamentos, na qual o cliente é o receptor de palavras emitidas sobre o que será
realizado. Essa aproximação ocorre sem palavras, mas continua existindo através da
movimentação corporal, de olhares, ou de um sorriso. O cliente percebe essa comunicação e
reage através de movimentação de rosto, fala ou toque. Independente da maneira de se
comunicar conclui-se dois aspectos: teve comunicação interpessoal e cuidado de enfermagem.
Os tipos de cuidado de enfermagem que emergem desse cotidiano relacionam-se aos
tipos de comunicação interpessoal identificados. No gráfico 01 está apresentada a distribuição
da freqüência dos tipos de comunicação interpessoal utilizados no cotidiano por clientes e
equipe de enfermagem na Unidade de Terapia Cardiointensiva Cirúrgica.
Gráfico 01: Distribuição da frequência dos tipos de comunicação interpessoal
identificados nos cuidados de Enfermagem aos clientes do estudo
336; 35%
1; 0%
109; 11%
361; 39%
139;15%
4; 0%
Proxêmica
Cinésica
Comunicação Verbal
Ruídos
Tacêsica
Paralinguagem
82
Ressalta-se no gráfico 1 que, de um total 950 ações emitidas para os clientes
observados durante as filmagens, a comunicação não-verbal proxêmica foi identificada 336
vezes (35,4%), a tacêsica 109 vezes (11,5%), a cinésica 4 vezes (0,42%) e a paralinguagem
apenas 1 vez (0,10%). Portanto, identificou-se 450 ações (47%) de comunicação não-verbal.
A comunicação verbal foi identificada 139 vezes (15%) das ações da comunicação
interpessoal. A relevância das ações proxêmicas identificadas dentre as ações de comunicação
interpessoal demonstram que o cuidado de enfermagem pressupõe aproximação corporal.
Neste sentido, de acordo com o primeiro pressuposto de Watson (1981), o cuidado pode ser
efetivamente demonstrado e praticado apenas interpessoalmente. No período pós-operatório
de cirurgia cardíaca, sob a ótica da comunicação, revelamos que o cuidado em cirurgia
cardíaca é efetivamente proxêmico, mas também tacêsico, cinésico e utiliza a paralinguagem
como valiosa ferramenta.
Outro aspecto que evidenciado no gráfico diz respeito ao fato de que a maioria das
ações identificadas, ou seja, 361 (39%) foram ruídos emitidos por equipamentos e conversas
entre os profissionais, sendo parte dos fatores do meio ambiente, que apesar de não
representar diretamente um estímulo de comunicação interpessoal, ocasiona reações na
clientela. Os ruídos são fatores negativos que compõe o cotidiano dessa prática e dessa forma
não caracteriza o ambiente do cuidado discutido por Watson em seu quinto pressuposto, pois
não oferece o desenvolvimento do potencial do cliente por não permitir que a necessidade de
sono e repouso seja contemplada. Abaixo será apresentada a comunicação não-verbal
proxêmica, como prática e demonstração de cuidados interpessoais realizados no cotidiano da
UTCIC.
Comunicação Não-Verbal Proxêmica
Para Silva (2003, p. 77) a proxêmica é:
83
...o conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz
do espaço enquanto produto cultural específico, ou seja, como os indivíduos
usam e interpretam o espaço dentro do processo de comunicação. Os
homens utilizam seus sentidos para determinar seus espaços e as distâncias
entre o eu e o outro; portanto, existe uma relação entre o uso dos sentidos e
as interações interpessoais.
Para o cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca, o cuidado de enfermagem
acontece através de observação constante à beira do leito. No entanto, periodicamente torna-
se necessário à variação da distância do cliente, para a ordenha dos drenos, a troca de
medicamentos em bombas infusoras, manipulação do monitor cardíaco, ou até mesmo uma
observação mais detalhada de uma arritmia. Em outros a aproximação se faz presente, tais
como, a coleta de sangue arterial para exames laboratoriais ou glicemia capilar. Muitas vezes
o cuidado é a própria aproximação corporal, quando pretende-se reforçar a presença, como
tentativa de diminuir o medo e a ansiedade. (CAVALCANTI, 2002)
Vejamos a visão do Cliente Pedro sobre a comunicação proxêmica:
“...quando entra alguém para cuidar de mim eu gosto...gosto da
comunicação das pessoas...gosto .que tenha sempre gente perto...gosto
que...tenha gente cuidando de mim. É uma coisa importante, porque sem o
cuidado de alguém aqui...das enfermeiras...o carinho....eu não vou
melhorar...não vou sair daqui. Então eu preciso desse carinho...preciso
dessa atenção. E fora eu continuo a mesma pessoa. Eu sempre fui uma
pessoa comunicativa. Sempre observei os outros. Sempre gostei de ter
alguém por perto...”
(ENT.01- 20/10/06)
Pedro reafirma a necessidade de ser cuidado como algo inerente ao ser humano,
quando alega gostar da aproximação, da atenção e do carinho. Deste modo, está sendo
cuidado, pois mesmo antes de sua internação gostava de ter as pessoas por perto, se
comunicando e se aproximando dele.
Constatamos que Pedro ao se referir à comunicação atribuiu o significado da essência
do cuidado descrito por Boff (2000), quando o autor discute o cuidado como atitudes de
desvelo, preocupação e zelo. Para o cliente, o cuidado acontece na aproximação corporal,
84
pois incorpora preocupação, carinho e zelo. A aproximação corporal significou cuidado,
condição essencial para retornar àssuas atividades cotidianas.
Watson (1981, p.8-9) descreve no sétimo pressuposto do cuidado que a “prática de
cuidados é essencial para a enfermagem”. Para Pedro, a prática de cuidados é a
representação da equipe de enfermagem quando esta se aproxima e se preocupa com ele. É no
dia a dia que a cada aproximação, toque, olhar, mudança de decúbito, entre outros cuidados
interpessoais, percebe-se a presença da enfermagem Essa presença gera confiança e esperança
de melhora.
O cuidado de enfermagem acontece através da comunicação interpessoal, ou seja,
acontece face a face. Portanto, para Pedro, o cuidado de enfermagem é interpessoal. Ao
discutir a comunicação interpessoal Silva (2003a) defende que esta ocorra no contexto da
interação face a face, ou seja, exige a comunicação proxêmica. A autora acrescenta que entre
os aspectos envolvidos nesse processo, estão às tentativas de compreender o outro e de se
fazer compreendido.
Ao realizar os cuidados de enfermagem a clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca, a aproximão é absolutamente essencial, pois a observação detalhada dos aspectos
hemodinâmicos associada à capacidade de avaliação física i identificar possíveis
complicações. Além disso, a maior parte dos equipamentos e materiais, tais como, monitores
e bombas infusoras, envolve a manipulação direta para a manutenção do funcionamento, o
que exige a presença de profissionais 24 horas perto do cliente. No entanto, a aproximação ou
afastamento do cliente varia de acordo com o cuidado prestado, indicando a relação
estabelecida para a efetivação do mesmo.
Silva (ibid) explica que a distância mantida entre as pessoas depende de normas
culturais, situações, dificuldades espaciais e tipo de relação estabelecida. No caso do cliente
85
em pós-operatório de cirurgia cardíaca uma questão específica marca essa distância - a
dependência de cuidados de enfermagem.
Então, a ocorrência de comunicação proxêmica é diretamente proporcional à
necessidade de cuidados de enfermagem. Assim, um cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca que se apresenta instável hemodinamicamente, no qual estão sendo administradas
muitas drogas, como aminas por via endovenosa, exigirá com maior assiduidade a
aproximação dos profissionais da equipe de enfermagem para trocar frascos de hidratação,
controlar o fluxo nas bombas infusoras e desobstruir as vias endovenosas, do que um cliente
hemodinamicamente estável. Portanto, terá maior oportunidade de receber cuidados
interpessoais de enfermagem que envolvam a proxêmica. Perceber a presença do outro pode
representar o cuidado, como ilustra o depoimento a seguir:
...acho que quando percebo que alguém chega perto de mim me sinto viva.
Sinto que alguém quer me ajudar, quer que eu fique boa e que o meu coração
melhore. Mesmo quando as meninas, (risos), são todas tão novinhas, entram
e saem rápido me sinto bem..sinto que se preocupam comigo, sinto que
cuidam de mim...Vejo o quanto andam para lá...e para cá...não é fácil para
elas...não quero dar trabalho...Mexem no tubo da barriga, mexem na
medicação, mexem na tubo do nariz e anotam, anotam...
(ENT.15- 20/01/07)
A cliente ao ser entrevistada menciona a aproximação como fator positivo do cuidado,
pois transmite vontade de se manter viva, segurança, preocupação, cumplicidade e vontade
de ajudar. Apesar de não compreender cada cuidado realizado, ela entende que quando
alguém se aproxima e mexe em um dos “tubos” ou anotando está cuidando dela.
A comunicação proxêmica representa para essa cliente o interesse e a preocupação da
equipe de enfermagem em cuidar dela e em mantê-la viva. Mesmo quando o tempo é curto e
não tempo para muitas palavras, perceber a presença do outro representa o cuidado, pois
demonstra a preocupação, envolvimento, sensibilidade, afeto, carinho e atenção. De tal
maneira, a comunicação proxêmica é um tipo de comunicação interpessoal utilizado no
86
cotidiano do cuidar em enfermagem como preciosa ferramenta para o alcance dos resultados
almejados. Vejamos o registro do diário de campo a seguir:
A enfermeira Michele se aproximou da cliente Joana e arrumou a colcha que
a cobria. Joana olhou para ela e sorriu. Falou então: - Meus pés estavam
gelados. A enfermeira respondeu: - Não gosto de ficar com os pés
descobertos, por isso me preocupo em cobrir o de vocês. Te incomoda? A
cliente respondeu: - Não, obrigada.
(DC 015 20/01/07)
Ao cobrir os pés da cliente Joana, a enfermeira Michele realiza um cuidado de
enfermagem denominado “aplicação de calor seco através de cobertores”. Este visa
principalmente aumentar a temperatura corporal sistêmica ou localizada, dependendo da área
coberta, mas também aumentar a circulação periférica através da vasodilatação.
Ao realizar esse cuidado, a enfermeira utilizou de conhecimentos científicos
adquiridos, associados à experiência profissional e habilidade técnica. De forma crítica ela
verificou a temperatura do ambiente e assegurou a proteção da temperatura corporal da cliente
através da realizão do cuidado. Esse, envolveu a preocupação com o outro e demonstrou
atenção e afeto. Watson (1988, p.8-9) considera que o atendimento de enfermagem pode ser
físico, objetivo e factual, mas as respostas do cuidado e a presença das enfermeiras
transcendem o mundo material e fazem contato com o mundo emocional e subjetivo da
pessoa. Ao aplicar calor a enfermeira Michele envolveu a cliente Joana em sua subjetividade,
atingindo o emocional e gerando conforto e sensação de segurança, além de manter a
temperatura corporal dentro dos índices desejados para a manutenção do funcionamento
corporal.
Os cuidados realizados no cotidiano da UTCIC incluem aproximação e afastamento do
cliente, que dependem da especificidade do cuidado realizado e representam um tipo de
comunicação interpessoal. Vejamos, abaixo, um gráfico que distribui a freqüência das ações
proxêmicas de acordo com a distância entre o cliente e o profissional da equipe de
enfermagem.
87
Verifica-se no gráfico 02, que das 336 ações proxêmicas identificadas, 120 (36%)
apresentam distância pública, 103 (31%) distância íntima, 62 (18%) distância pessoal e 51
(15%) distância social. A proxêmica em cada uma das situações varia de acordo com a
distância necessária para cada cuidado realizado.
Hall ( 2005) discute o dinamismo do espaço partindo do princípio que “o sentido de
espaço e de distância do ser humano não é estático”. Para ele, o ser humano é cercado de uma
série de campos que se expandem e se contraem, fornecendo informações de muitos tipos.
Baseado em estudos realizados através de observações e entrevistas, este autor descreveu
quatro zonas de distância: distância íntima, pessoal, social e pública. A distância íntima varia
do toque a 45 cm, a pessoal de 45 a 120 cm, a social de 120 a 360 cm, e a pública mais de 360
cm.
A distância íntima é aquela em que:
...a presença da outra pessoa é inconfundível e pode às vezes ser arrebatadora
em razão do enorme acúmulo dos estímulos sensoriais. A visão
(frequentemente deformada), o olfato, o calor do corpo da outra pessoa, o
som, o cheiro e a sensação do hálito, todos se unem para indicar um
inequívoco envolvimento com outro corpo. (HALL, 2005, p. 145)
Gráfico 2: Distribuição das Distâncias das Ações Proxêmicas de
Enfermagem
120; 36%
51; 15%
62; 18%
103; 31%
Distância Íntima
Distância Pessoal
Distância Social
Distância blica
88
Verifica-se, abaixo, uma imagem de um cuidado de enfermagem com distância íntima:
Foto 08: Aproximação do cliente em distância inferior a 45 cm distância íntima.
Na foto 08, observamos que uma das auxiliares de enfermagem está manejando a
bomba infusora, enquanto a outra está arrumando os lençóis do leito do cliente. Ambos os
cuidados acontecem de forma interpessoal, de maneira proxêmica e de distância íntima.
Em um estudo realizado por Silva, em 1991, sobre o toque e a distância interpessoal
entre clientes e enfermeiros durante a consulta de enfermagem, evidenciou-se que a distância
mantida entre os sujeitos foi de 130 cm. No entanto, esta distância era diminuída todas as
vezes que foi realizado um cuidado de enfermagem. Tal dado confirma que o cuidado de
enfermagem está associado a uma distância íntima do cliente.
Em um outro estudo sobre a distância mantida entre clientes e profissionais de saúde
no período pós-operatório, Noda, Poltronieri e Silva (1995) detectaram que a aproximação
corporal aconteceu na maior parte das vezes durante a prestação de cuidados e a postura
89
mantida pelos profissionais foi em (100%) e frente a frente com os clientes (88%), sendo
que das 84 interações observadas 62 (73, 8%) ocorreram à distância íntima.
O cuidar de enfermagem ao cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca se expressa
através de ações proxêmicas, sendo a distância íntima responsável por 30,6% dessas ações,
que estavam associadas a cuidados de enfermagem realizados a cabeceira do leito, como
administração de medicamentos, aspiração de vias aéreas superiores e inferiores, manuseio de
cateteres, cuidados de higiene, tais como, banho no leito, higiene íntima e oral, manutenção
de eletrodos para a monitorizão cardíaca, cuidados para a manutenção da integridade da
pele, entre outros. Portanto, esse dado mostra que o cuidado de enfermagem acontece
interpessoalmente e com proximidades variadas, que exigem a percepção do outro.
As ações proxêmicas de distância pessoal (18,9%) sugeriram no cotidiano do cuidar de
enfermagem a aproximação e afastamento para a realização dos cuidados de ordenha de
drenos, checagem do débito urinário, débito de drenagem, observação detalhada do monitor
cardíaco e manipulação de materiais na mesa auxiliar durante cuidados invasivos, como
intubação orotraqueal, cateterismo vesical, punsão venosa, entre outros.
Verificamos na foto 09 a aproximação da auxiliar de enfermagem a uma distância de
45 a 125 cm em relação ao leito do cliente. A mesma terminou de realizar um teste de
glicemia capilar e está selecionando o material para desprezar na lixeira. A unidade do cliente
contém um armário que facilita a aproximação do cliente diante dos cuidados de enfermagem
realizados. Tal fato torna-se essencial diante da instabilidade hemodinâmica do cliente
internado, que precisa ser observado detalhadamente para que complicações sejam detectadas
precocemente e, então, cuidadas. Associada a essa avaliação contínua, essa estrutura física
torna-se confortante, pois possibilita a presença do profissional próximo ao cliente, trazendo
segurança e bem estar.
90
Coelho (2007) identificou 106 maneiras de cuidar dos clientes hospitalizados que
busca atender ao estilo de vida dos clientes e que inclui uma tessitura de cuidados realizados
no dia a dia de clientes e equipe de enfermagem brasileiros, incorporando a interação, a
comunicação e aproximação e afastamento em muitos cuidados.
Foto 09: O cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca distante de 45 a 125 cm da profissional da equipe de
enfermagem
À distância social não se percebem os detalhes expressos na face e não existe a
relação com o toque, portanto, ninguém espera ser tocado. Apenas 15,1% das ações
proxêmicas do cuidado de enfermagem apresentam característica da distância social. Tal fato
pode estar relacionado a planta física, que preserva este espaço para fluxo de pessoas dentro
da UTCIC.
91
Foto 10: Distância Pública: superior 360 cm.
Verificamos na foto 10 a auxiliar de enfermagem que está em pé, a uma distância maior
que 360 cm da cliente, se posicionando de forma a observá-la em seu leito. Outros dois
profissionais da equipe de enfermagem estão sentados, também, em distância pública,
registrando no prontuário a evolução dos clientes que estão sob os seus cuidados.
A distância pública é caracterizada por estilo formal e contato visual opcional. De um
total de 336 ações proxêmicas, 121 ( 35,9%) estavam relacionadas à distância pública. Os
cuidados de enfermagem realizados através da distância pública são aqueles que não incluem
o toque e observação das expressões faciais. O planejamento dos cuidados de enfermagem, o
preparo de medicamentos, a monitorização hemodinâmica, o preparo do leito para receber
clientes em pós-operatório, a limpeza e organização das unidades dos clientes, entre outros
cuidados relacionados ao planejamento, organizão, avaliação e registro, utilizam essa
distância.
92
A compreensão e uso adequados do espaço contribuem para obter os resultados do
cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca. A maneira como a equipe de enfermagem se
comporta territorialmente é útil na interação com clientes, quando diminui a insegurança e o
medo.
Comunicação Não-Verbal Cinésica
A comunicação não-verbal cinésica apresenta-se com menor incidência como ação
emitida para clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Observa-se no gráfico 2 que do
total de 951 ações, existiram 4 (0,4%) momentos de comunicação cinésica.
Para Silva (2003a) a cinésica é a linguagem do corpo. A autora defende que nenhum
movimento corporal é destituído de significado no contexto em que se apresenta. Entender o
significado da linguagem corporal é preciosa ferramenta em ambiente de terapia intensiva,
pois não é sempre que o cliente consegue expressar verbalmente, precisando expressar as
suas necessidades básicas de cuidados de outras formas.
Cavalcanti e Coelho (2006) explicam que o cotidiano de enfermagem em cirurgia
cardíaca se constitui através de uma forma peculiar de comunicação. A linguagem que emerge
desse cotidiano é totalmente entendida dentro da situação vivida pelos profissionais ali
presentes. No entanto, essa linguagem não é compreendida pelos clientes ali internados, pois é
composta por termos técnicos e abreviações. A autora complementa que o cliente também tem
uma linguagem natural, que acontece através de movimentos corporais de abertura e
fechamento dos olhos e expressões faciais .
No registro do diário de campo abaixo foi possível evidenciar uma situação gestual
característica da linguagem do corpo, quando o cliente não conseguiu se expressar
verbalmente.
93
Eram 2:34 e o setor estava silencioso. A equipe de enfermagem realizava a
mudança de decúbito dos clientes que apresentavam mobilidade no leito
prejudicada. Ruídos de batimentos de palmas ficavam cada vez mais altos.
O auxiliar de enfermagem Paulo saiu correndo em direção aos ruídos de
palmas. Ao chegar lá percebeu que o cliente Mauro estava sentado no leito,
com as pernas para fora por entre as grades batendo palmas rápido e forte.
(DC 01)
Analisamos que Mauro se comunica através da comunicação não-verbal através de
gestos e alteração de postura corporal. Diante desse comportamento ele chama a atenção do
auxiliar de enfermagem Paulo, que se aproxima do leito para verificar o acontecido.
Silva (2003a), explica que bater palmas rápido e forte em nossa cultura é sinal de aprovação.
No entanto, para Mauro a utilização desse gesto foi à forma utilizada para chamar a atenção e
se comunicar com a equipe de enfermagem. O cliente Mauro queria se comunicar, mas não
tinha como chamá-los, pois estava intubado e sob ventilação mecânica. Então percebeu que
poderia utilizar a linguagem de seu corpo através de suas mãos para expressar o que
necessitava. Daí a necessidade de aplicarmos as reações cinésicas uma interpretação para cada
momento vivido. O cliente Mauro, não conseguiu utilizar as palavras como complemento para
se comunicar. Portanto, gesticulou para demonstrar sua necessidade.
Os gestos são comumente reconhecidos como partes integrantes da interação humana.
Entendidos como “movimentos do corpo, ou de parte dele”, são usados para comunicar uma
idéia, intenção ou sentimento. Muitas dessas ações são feitas com braços e mãos, mas a área
da face e da cabeça também é usada na gesticulação (KNAPP; HALL, 1999, p. 191)
Silva (2003a), classifica as categorias gestuais básicas em: gestos emblemáticos,
ilustradores, reguladores, manifestações afetivas e adaptadores. Os emblemáticos são gestos
culturais, aprendidos, e que admitem adaptação oral direta. Os ilustradores, são gestos
aprendidos por imitação, que acompanham a fala ou a frase como se desenhassem a ação
descrita. Os reguladores são gestos que regulam e mantém a comunicação entre duas ou mais
pessoas, sugerem ao emissor que continue, repita, elabore. As manifestações afetivas são
94
configurações faciais que assinalam estados afetivos, podendo ser conscientes ou não. E os
adaptadores são usados para compensar sentimentos como insegurança, ansiedade e tensão.
A avaliação clínica de enfermagem tem como objetivo identificar as respostas dos
clientes aos problemas de saúde. No cuidar em enfermagem de cirurgia cardíaca, reconhecer a
linguagem corporal do cliente é essencial para estabelecer uma investigação completa, que
ofereça subsídios para o alcance dos resultados almejados. Portanto, é necessário que se
incorpore nos instrumentos e formulários de entrevista de enfermagem critérios de avaliação
de comunicação gestual e postural, como forma de identificar as necessidades humanas
básicas afetadas.
Apesar da dificuldade de definir e perceber os movimentos que os clientes em pós-
operatório de cirurgia cardíaca usam para se comunicar, os gestos contribuem na comunicação
dos mesmos quando substituem a fala, para manter ou estabelecer a atenção, ou para
manifestar estados afetivos. A utilização do corpo, no entanto, também fica limitada ao uso de
aparelhos, fios e cateteres, que impedem a alteração postural. Portanto, esses clientes
gesticulam com o rosto, face, olhos, mas pouco com as mãos. Conforme o tempo de pós-
operatório aumenta, estes sentem-se mais livres para usar a comunicação cinésica.
Comunicação Não-Verbal: paralinguagem
A maneira como clientes, auxiliares de enfermagem e enfermeiros falam, sem
incorporar as palavras, ou língua portuguesa, demonstram sentimentos, características da
personalidade, atitudes, relacionamento interpessoal e autoconceito.
“A paralinguagem é qualquer som produzido pelo aparelho fonador, usado no
processo comunicativo, que não faça parte do sistema sonoro da língua usada.” (ibid).
Entendemos a paralinguagem de uma forma mais simples com a explicação de que é o jeito
como falamos.
95
Portanto, está associada à comunicação verbal. Junto com as palavras utilizamos
movimentos corporais que acrescentam informações à mensagem emitida. Nesse estudo não
foi possível diferenciar a comunicação verbal da paralinguagem, visto que na filmagem
muitos sons foram captados ao mesmo tempo. No entanto, em um momento foi descrito uma
ação de paralinguagem, que se diferenciava da comunicação verbal, essa estava associada aos
roncos emitidos durante o sono do cliente. Durante o dia, sentado no leito o cliente adormeceu
e apresentou roncos. Esse tipo de sinal paraverbal emitiu a mensagem de sono porfundo e
repouso do cliente.
Comunicação Não-Verbal Tacêsica
A tacêsica representa o toque e as características que o envolvem. É através da
utilização do tato que esse cuidado de enfermagem ganha forma, sendo a origem dos nossos
olhos, ouvidos, nariz e boca” (Montagu, 1988, p.21).
O órgão responsável é a pele, que como “uma roupagem contínua e flexível,
envolve-nos por completo. É o mais antigo e sensível dos órgãos, nosso
primeiro meio de comunicação, nosso mais eficiente protetor. (Ibib)
A comunicação tacêsica acontece nesse estudo em 11, 5% das ações. Essa
comunicação está associada à comunicação proxêmica de distância íntima, pois para
estabelecer o toque é necessário estar próximo do cliente.
O toque, como cuidado de enfermagem pode ser do tipo instrumental, quando
associado a cuidados de higiene, punção venosa, cateterismo vesical, entre outros que exigem
contato físico. Pode ser afetivo, quando para demonstrar preocupação, zelo e carinho
utilizamos as mãos em contato com a pele do cliente. Pode ser terapêutico, quando pautado
em fundamentos científicos com objetivo de cura, como em massagens, DO-IN, entre outros.
O toque terapêutico é uma técnica registrada nos hieróglifos, escritas cuneiformes e
pictografias, persistindo até hoje. Essa técnica consiste tocar por dez a quinze minutos o corpo
96
de uma pessoa doente. Quando a pessoa que toca tem a intenção de curar, a energia do seu
corpo é transmitida ao cliente, aumentando os níveis de energia no organismo doente e
propiciando um estado de relaxamento e bem estar (Krieger, 1976).
Ao discutir a efetividade do toque como núcleo do cuidado de enfermagem, devemos
considerar os aspectos ambientais, culturais, físicos e sociais. Pois, em nossa cultura, o toque
é sinal de companheirismo, oferece cumplicidade, aliança; no entanto, em outros países, pode-
se vincular o toque à invasão do espaço do outro.
Vejamos nos dados a seguir:
A enfermeira Ana se aproximou do leito e falou: - Que bom te ver assim
Paulo, acordado... Fico feliz em saber que está melhorando. Você sabe o
quanto é importante você permanecer acordado para que a gente possa
retirar o respirador. Ele mexeu com a cabeça para cima e para baixo. Ana
tocou-lhe a mão direita e ele apertou a sua mão. Então saiu de perto do leito.
(DC-09)
A enfermeira Ana, ao se aproximar do leito do cliente Paulo reforçou com o mesmo a
necessidade de permanecer acordado para que o desmame do ventilador não fosse
prejudicado. Para tal, ela unificou a comunicação verbal a não-verbal para a emissão e
recepção de mensagens. Então, para validar a sua orientação, a mesma questiona o cliente
sobre o entendimento da mensagem. Assim, ela consegue assegurar se alcançou o resultado
do cuidado. O cliente reage ao cuidado com movimentos de rosto e toque.
O toque da enfermeira Ana na mão esquerda de Paulo trouxe conforto ao mesmo e
demonstrou uma atitude de cuidado interpessoal. O segundo pressuposto da enfermagem
como a ciência do cuidado, segundo Watson (1981), considera que o cuidado consiste de
fatores que resultam da satisfação de determinadas necessidades humanas. Nos dados acima,
o toque e a presença da enfermeira ao lado de Paulo trouxeram para o mesmo o atendimento a
necessidade humana naquele momento. Considerando as dificuldades de comunicação verbal,
a enfermeira Ana se aproxima e utiliza a comunicação não-verbal proxêmica e tacêsica para
obter as respostas do cuidado.
97
O processo de comunicação apresentado acima incorporou a proxemia, a comunicação
verbal, tacêsica e a cinésica em um ciclo de ações e reações, que alcançaram o objetivo da
comunicação interpessoal, sendo descrita nesse estudo como o núcleo do cuidado.
Foto 11: O toque no cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca
Na foto 11, verificamos o toque realizado pela auxiliar de enfermagem Camila na mão
do cliente em pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca. O cliente permanece
aparentemente sem reação ao cuidado realizado.
Em estudo realizado por Silva (1991) sobre o toque e a distância interpessoal entre
clientes e enfermeiros na consulta de enfermagem, verificou-se que o toque entre os mesmos
ocorreu apenas nas mãos, ao cumprimentarem-se no início e ao término das consultas, e nos
locais que exigiam procedimento técnico durante as consultas.
98
Um outro estudo realizado por Tabet e Castro (2001) comparou o toque realizado pela
equipe de enfermagem em uma UTI pediátrica e uma UTI adulta e apontou a maior incidência
de toque instrumental nas duas unidades, além de maior freqüência de toque afetivo em
adultos que em crianças.
Araújo et al (2004), em seu estudo sobre as manifestações não-verbais de clientes com
distúrbios cardiovasculares percebidas por alunos de enfermagem, aponta como resultados
mais freqüentes a segurança, a energia e o calor. Para esses autores, o toque representa a
forma mais direta de expressar a disponibilidade para com o outro, visto que o cliente com
problemas cardiovasculares, tendo que se submeter a uma cirurgia complexa, vê no toque
profissional a certeza de que não está sozinho e que tudo dará certo.
Em outro estudo realizado por Machado e Figueiredo (2001) sobre o toque no cuidado
de enfermagem, foi discutida a dimensão subjetiva do tocar para cuidar e o significado de ser
tocado. Os resultados apontaram os cuidados de toque 8,8 por hora para o caso apresentado,
como uma complexidade de saberes, fazeres, crenças, esperança e fé, que incluíram os
seguintes tipos de toques: cuidados de higiene, massagem de conforto, mudança de decúbito,
aplicação de compressas frias, movimentação passiva, alimentação, arrumação do leito, troca
de curativos, administração de medicamentos, verificação de sinais vitais, monitorização de
débito urinário, carícias, beijos, orações, musicoterapia, posição de conforto, manutenção de
ambiente terapêutico
Para esses autores, o toque deve estimular o cliente, proporcionando-lhe oportunidade
para reagir e recuperar as funções da vida e transcender a tênue distância entre o equilíbrio e o
desequilíbrio dos corpos (físico, emocional, mental pensante e espiritual), servindo de veículo
para que a força restauradora da natureza se manifeste.
O toque no paciente em pós-operatório de cirurgia cardíaca apresenta-se de forma
instrumental, pois em 109 cuidados de toque, 102 (94%), foram durante a realização dos
99
cuidados de enfermagem. Portanto, salientar a importância de realizar o toque como parte do
cuidado transmitindo confiança, respeito, afeto e vínculo é essencial para a nossa prática, pois
a especificidade do cuidado de enfermagem no cotidiano reflete a necessidade de tocar o
outro.
Comunicação Verbal
A comunicação verbal refere-se às palavras expressas por meio da linguagem escrita
ou falada. Nesse estudo, apenas analisaremos a freqüência das reações à comunicação verbal
falada, até porque nem sempre o cliente tem acesso à comunicação verbal escrita.
Ao observar o gráfico 1, percebemos que a comunicação verbal apresenta 14,6% (139)
das ações. Ou seja, no dia a dia a verbalização como uma forma de cuidar é expressa pelo
cliente. Através da fala tentamos orientar os cuidados de enfermagem e justificar a presença
ao lado do cliente. .Como podemos verificar abaixo:
Ah...eu me sinto muito bem quando vocês chegam perto de mim...Aqui a gente
não tem com quem conversar e então o tempo demora a passar...Além disso,
eu tenho medo de acontecer alguma coisa nos aparelhos e ninguém fazer
nada...quando vocês se aproximam eu fico tranqüila.
(ENT. 07 04/04/07)
Na entrevista 07, a cliente expressa o medo da situação vivida e o conforto que
alcança diante da aproximação da auxiliar de enfermagem para conversar com ela. Aponta a
aproximação como cuidado, por promover distração, que alcança a não percepção do tempo
na UTCIC.
Um princípio básico de todos os cuidados de enfermagem é orientar o paciente sobre o
procedimento a ser realizado. Esse princípio justifica-se na necessidade de diminuir
sentimentos como ansiedade e medo diante do desconhecido, que naturalmente todos os seres
humanos apresentam e, dessa forma, trazer sentimentos como segurança, tranqüilidade e
confiança.
100
Em uma unidade de terapia intensiva, após ter sido submetido a cirurgia cardíaca, sob
ruídos de equipamentos e vozes, com linguagem com termos técnicos, o cliente sente-se
perdido. A “conversa” é vista pelo mesmo como apoio, preocupação e atenção. Vejamos
outro depoimento:
Eu sou muito bem tratada... desde as meninas que catam o lixo até os
médicos. Para mim vocês todos são ótimos, conversam, e isso faz bem para
gente, pois me deram atenção. Tiraram minhas dúvidas. Eu gostei muito
daqui...
(ENT. 04 02/04/07)
Na entrevista 04 notamos a satisfação da cliente que refere receber a atenção de todos os
profissionais da equipe multidisciplinar. Essa atenção descrita pela cliente é caracterizada
pela conversa, que proporciona conhecimento sobre a situação vivida.
Na UTCIC, a comunicação sobre os cuidados realizados torna-se tão essencial quanto o
próprio cuidado. Para tal, a comunicação verbal é utilizada. No entanto, os dados apontam
uma subutilização dessa forma de comunicação pela equipe de enfermagem, diante de todas
as outras formas de comunicação existentes na UTCIC.
A comunicação verbal é o recurso adotado pelos clientes para expor suas idéias,
partilhar experiências e validar o significado simbólico da percepção de um assunto. No
entanto, para que este possa participar ativamente do processo é necessário que este seja
auxiliado a descrever a experiência que vivencia, o que ele pensa e sente. (STEFANELLI;
CARVALHO, 2005)
Silva (2003a), pautada em estudos de psicologia social, explica que a expressão do
pensamento se faz 7% com palavras, 38% com sinais paralinguísticos e 55% por sinais do
corpo.
A comunicação verbal é responsável pela informação e orientão dos pacientes quanto
aos cuidados realizados. Mais que a freqüência de utilização das palavras, a clareza com que
essas palavras são transmitidas é fator fundamental para a validação das mensagens emitidas.
101
Capítulo 5_______________________________________________________
Jardim
Infinito é o jardim
das delicadezas,
semeado desde
o primeiro dia do mundo.
Há de alimentá-lo,
hora por hora,
com palavras e gestos
e pedaços de alma.
Há que ser incansável
jardineiro:
para este jardim
cada sorriso é um sol.
(Roseana Murray, 2001)
As Reações ao Cuidado de Enfermagem em Cirurgia Cardíaca
102
O presente capítulo trata das reações do cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca
ao cuidado de enfermagem no processo de comunicação interpessoal. O cuidado em seu dia a
dia é inventado com “mil maneiras de fazer” que implicam em atitudes que envolvam
preocupação com as respostas dos clientes aos problemas de saúde. Watson (1981) defende
que a Enfermagem incorpora a preocupação com a interação inter-transpessoal, visando
atingir força interior e autocontrole via cuidado. Para tal, pressupõe que o cuidado somente
pode ser efetivamente demonstrado e praticado interpessoalmente.
Esse capítulo visa decodificar, decifrar e evidenciar as reações do cliente no cotidiano
da Unidade Cardiointensiva Cirúrgica diante do cuidado de enfermagem praticado
interpessoalmente. Parto do princípio que cada cuidado interpessoal de enfermagem envolve
ações interativas e ocasiona reações que precisam ser decodificadas.
O gráfico a seguir, apresenta a freqüência das reações do cliente em pós-operatório de
cirurgia cardíaca. Ao aproximar-se ou afastar-se, ao separar o material, ao planejar o cuidado,
ao falar ou ouvir, ao tocar ou ser tocado, o cliente reage às ações de cuidado. As reações
apresentadas foram coletadas durante esses momentos de cuidado, ora direto, ora indireto,
representados pela mudança de decúbito, administração de medicamentos através de bombas
infusoras, manipulação de bombas infusoras, higiene, ordenha de drenos e registro horário dos
dados hemodinâmicos, renais e respiratórios, sinais vitais, entre outros. No entanto, para cada
momento foram usadas formas de comunicação diferentes, que foram decodificadas de acordo
com o referencial de Silva (2003a).
103
20%
18%
12%
8%
12%
1%
10%
17%
1%
0%
1%
Movimentou cabeça e
pescoço
Abriu os olhos
Fechou os Olhos
Piscou os olhos
Falou
Fez Gestos Culturais
o reagiu
Movimentou o corpo
Paralinguagem
Alterou Fc
Tocou o profissional
Gráfico 03: Distribuição de freqüência das reões de clientes em pós-operatório de cirurgia
caraca durante os cuidados prestados pela equipe de Enfermagem
Pode ser observado no gráfico 03, que, do total de 950 momentos de comunicação
com clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca registrados durante as filmagens,
identificou-se as seguintes reações: 196 (20%) corresponderam ao movimento de cabeça e
pescoço em direção ao profissional, 172 (18%) a abertura ocular, 160 (17%) a alteração
postural, 111 (12%) a fala, 110 (12%) fechamento dos olhos, 72 (8%) as piscar de olhos, em
14 (1%) houve gestos culturais, tais com mexer o pescoço de um lado para outro em sinal de
desaprovação e 12 (1%) foi identificado comunicação através de paralinguagem, 7 (1%)
tocaram os profissionais de saúde e 1 (0,1%) apresentaram alteração de freqüência cardíaca.
Em 95 (10%) destes momentos de comunicação da equipe de enfermagem não se identificou
nenhum tipo das reações avaliadas.
Esses resultados mostram uma predominância das reações expressas nas regiões da
cabeça e do pescoço, referentes principalmente ao movimento em direção a um membro da
equipe de enfermagem que realizava o cuidado. A abertura e fechamento ocular também
104
apresentaram alta freqüência. Tais reações aos cuidados são explicados pelas características
físicas do cliente em pós-operatório de cirúrgica cardíaca que se apresenta cercado de
equipamentos tecnológicos, dentre eles, cabos de monitores cardíacos, cateter de punção
arterial media, drenos torácicos, tubo orotraqueal ou outros suportes respiratórios, cateteres
de infusão venosa periféricos e profundos. Estes impedem a movimentação corporal dos
mesmos, restando como alternativa a movimentação da cabeça, pescoço e olhos.
Salienta-se que, em período pós-operatório, 10% dos momentos de comunicação
foram seguidos de ausência de reações dos clientes. Tal fato está relacionado ao grande índice
de clientes em sedação anestésica após a cirurgia. Para rematar esse entendimento apresento
na tabela 02 a relação das reações dos clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca e
tempo de pós-operatório.
Tabela 02 Distribuição da freqüência das reações dos clientes durante os cuidados de
Enfermagem prestados segundo tempo de pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Reações
Tempo de pós-operatório (em horas)
Até 24
24 a 48
48 a 72
Mais de 72
Total
Movimentou cabeça e pescoço
11
11,0
33
24,0
53
24,0
99
20,0
196
Abriu os olhos
26
25,0
26
19,0
42
19,0
78
16,0
172
Fechou os olhos
28
27,0
15
11,0
15
7,0
52
11,0
110
Piscou os olhos
8
8,0
18
13,0
25
11,0
21
4,0
72
Falou
4
4,0
21
15,0
31
14,0
55
11,0
111
Fez gestos culturais
1
1,0
0
0,0
3
1,0
10
2,0
14
Movimentou-se
4
4,0
12
9,0
47
21,0
97
20,0
160
Demonstrou paralinguagem
7
7,0
1
1,0
2
1,0
2
0,4
12
Alterou FC
0
0,0
1
1,0
0
0,0
0
0,0
1
Tocou o profissional
0
0,0
0
0,0
2
1,0
5
1,0
7
Não reagiu
13
13,0
2
9,0
1
0,4
69
14,0
95
Total
102
11,0
139
15,0
221
23,0
488
51,0
950
Na tabela 2, verificamos que das 950 reações captadas em clientes em pós-operatório,
51% (488) aconteceram quando os mesmos estavam internados na UTCIC mais de 72
horas, 23% (221) no período de 48 a 72 horas, 15% (139) no período de 24 a 48 horas e 11%
(102) menos de 24 horas.
Percebe-se que as reações dos clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca
apresentam maior freqüência quanto maior o tempo de pós-operatório em horas. Nas
105
primeiras 24 horas, as reões apresentam menor freqüência quando comparadas as 24 a 48
horas, 48 a 72 horas e mais de 72 horas. Portanto, quanto menor o efeito anestésico, maior a
comunicação do cliente e reação aos cuidados.
Outro fator que contribui para o aumento das reações é que, com o passar do tempo de
internação, a interação do cliente aumenta, levando ao aumento de segurança, confiança e
diminuição da ansiedade. O cliente sente-se mais à vontade para expressar seus sentimentos
através da comunicação verbal e não verbal.
Notemos a reação do cliente Luiz, cliente com 48 horas de pós-operatório:
O cliente Luiz está em com os olhos fechados. Sua freqüência cardíaca é 98
bpm e a pressão arterial 122 x 72 mmHg. A enfermeira Jeane se aproxima
do leito com um frasco de hidratação venosa na o direita. Ela caminha
na direção da prateleira inferior, ao lado direito do leito. O cliente abre os
olhos e vira o rosto para o lado direito, onde Jeane está. A enfermeira
conecta o frasco no equipo e aperta algumas teclas da bomba infusora. O
cliente permanece de olhos abertos com a face virada na direção dela. A
enfermeira se afasta do leito. O cliente acompanha a mesma com os olhos.
Trinta segundos depois ele fecha os olhos. Durante todo o tempo a pressão
arterial e a freqüência cardíaca não se alteraram
(DC 03)
Verificamos na descrição do diário as reações do cliente Luiz ao cuidado. A
aproximação do leito gera uma reação no cliente, que estava de olhos fechados. Ele percebe a
presença da enfermeira e acompanha a mesma com o olhar. Permanece observando o que ela
faz.
Tompakow e Weil (2000) explicam que a linguagem do corpo pode nos trazer
informações valiosas sobre as pessoas que nos cercam. O corpo fala por si só, às vezes
complementando a emissão de palavras, outras as contradizendo.
Para prestar cuidados de enfermagem precisamos estar atentos à linguagem corporal
do cliente, pois assim é possível obter informações que não foram expressas por comunicação
verbal, mas que possuem valiosas contribuições semiológicas. Deste modo, amplia-se a
capacidade de observação e planejamento dos cuidados as necessidades de cada cliente. Luiz
106
conseguiu expressar sua reação ao cuidado que foi realizado através de movimento de cabeça
e pescoço, abertura e fechamento dos olhos.
Foto 12: Reação diante da aproximação dos auxiliares de enfermagem
A foto 12 apresenta a expressão do Sr. José diante da aproximação dos auxiliares de
enfermagem. Observa-se a abertura ocular e a movimentação do pescoço do mesmo em
direção a auxiliar Rosane. As sobrancelhas estão erguidas, de modo a ficarem curvadas e
altas. A pele abaixo da sobrancelha está esticada. As pálpebras estão abertas; a pálpebra
superior está levemente erguida e a inferior abaixada. Não tensão ou alongamento da
comissura labial, nem retração da musculatura facial.
A abertura dos olhos está associada ao estado de alerta diante do cuidado prestado. A
presença do profissional ao seu lado ocasiona atenção ao que está acontecendo com o seu
corpo. Olhar na direção da pessoa é sinal de interesse, de prestar atenção com o que ocorre
com ele e para ele. (SILVA, 2003a)
107
Diante de um estado de surpresa, Knapp e Hall (1999) descrevem as seguintes
características: sobrancelhas erguidas, pele esticada abaixo da sobrancelha, vincos horizontais
na testa, pálpebras abertas, lábios e dentes afastados, sem tensão na boca. E para o medo: as
sobrancelhas erguidas e puxadas ao mesmo tempo, as rugas na testa se situam no centro, a
pálpebra superior aparece erguida, expondo a esclerótica, e a pálpebra inferior está retesada e
puxada para cima. A boca aberta e os lábios levemente retesados e puxados para trás ou
esticados e puxados para trás. Assim, a aproximação dos auxiliares de enfermagem acarretou
surpresa no Sr. José, que expressou sua reação através de gestos faciais.
O estado de surpresa e alerta do cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca está
associado ao medo oriundo da situação vivida O ambiente da terapia intensiva gera
desconforto e desconfiança, pois ocasiona dependência total dos cuidados para todas as
necessidades humanas básicas. Todos esses fatores geram essa reação nos clientes submetidos
à cirurgia cardíaca.
A foto 13 apresenta a face do Sr. Edson diante da troca do curativo da fixação da
traqueostomia. O cliente está sentado fora do leito e a auxiliar de enfermagem com distância
inferior a 45 cm (distância íntima). Os cantos das sobrancelhas estão elevados, a pele abaixo
das mesmas tem um formato triangular. O canto interno da pálpebra superior está alçado. As
comissuras labiais parecem declinadas.
Em todas as áreas do corpo, a face é a que reflete influências externas e internas, o que
torna fácil identificar uma série de emoções/reações com base na aparência. Silva (2003, p.
67) explica que dentro das expressões faciais, “o olhar possui um sinal pelo qual não temos
controle voluntário, que muitas vezes não é consciente, sendo, portanto, bastante fidedigno”.
A autora complementa que além de retratar as emoções, outra função do olhar é regular o
fluxo da conversação e classifica como configurações de tristeza comissura labial voltada para
baixo, sobrancelha oblíqua, olhar cabisbaixo e choro.
108
Foto 13: Reação diante da aproximação e do toque para cuidados com a traqueostomia.
Para Ackerman ( 1992, p. 274) “nossos olhos são os grandes monopolizadores de
nossos sentidos”. Para o ser humano, a percepção do mundo apresenta-se de forma mais clara
e informativa através dos olhos, estando nesse órgão 70% dos receptores dos sentidos do
corpo humano, sendo maior responsável pelo julgamento e entendimento do mundo.
Diante da complexidade do quadro clínico de clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca eles empregam a face, e mais especificamente o olhar como instrumento para marcar
a sua presença e evidenciar a sua participação no cuidado de enfermagem prestado para a sua
recuperação. Tanto o fechamento, como a abertura e o piscar de olhos, sinalizam juntos uma
forma de comunicação que expressam suas emoções e reações aos cuidados. Ao olhar para o
profissional que executa o cuidado, o cliente expressa o nível de atenção e de movimento
corporal.
109
O fechamento dos olhos expressa emoções como dor, incômodo e vergonha. Após
uma cirurgia cardíaca e o término do efeito anestésico um dos sintomas mais comuns é a dor
ou incômodo, no local da incisão, na orofaringe e no sítio de inserção de drenos.
Em pesquisa realizada por Cavalcanti, Costa e Santos (2006), sobre o significado do uso
e permanência do tubo orotraqueal para clientes submetidos à cirurgia cardíaca, as autoras
encontraram evidências de que o TOT é percebido pelos clientes de duas formas, uma delas,
como ferramenta para o cuidar, e outra, como causa de dor/desconforto. Ou seja, seu
significado apresenta relação direta com o cuidado de enfermagem, que pode ser considerado
confortável, quando terapêutico, e desconfortável por causar dor na orofaringe.
Borges et al (2006) avaliaram a intensidade da dor e o nível de funcionalidade em
pacientes submetidos à cirurgia cardíaca em três momentos: no período pré-operatório, 7
o
dia
de pós-operatório e alta hospitalar. A intensidade da dor foi mais elevada no 7
o
dia de pós-
operatório, quando comparada com o período pré-operatório e alta. No entanto, a intensidade
da dor permaneceu moderada do sétimo dia de pós-operatório até a alta. Os clientes
relataram que a dor era tolerável, porém piorava com tosse ou esforço ao movimentar-se.
A face do cliente Edson, na figura 14, expressa a dor que está apresentando diante do
cuidado de aspiração orotraqueal. O lábio superior está erguido e o inferior abaixado. O nariz
está franzido. Os maxilares elevados. Os cantos internos das sobrancelhas encontram-se
elevados. A pele abaixo da sobrancelha tem um formato triangular. Silva (2003) descreve a
expressão não-verbal da dor com rugas na testa, lábios comprimidos, rigidez facial, comissura
labial voltada para baixo, suor frio e choro.
110
Foto 14: Reação do Sr. Edson diante da aproximação para aspiração orotraqueal.
A dor no período pós-operatório de cirurgia cardíaca prejudica a mobilidade, ocasiona
padrão respiratório ineficaz, sono perturbado, fadiga e intolerância à atividade. Para noticiar
esses distúrbios, o cliente expressa o fechamento dos olhos, abertura da boca, sobrancelhas
elevadas e rugas em toda a região frontal.
O fechamento, o piscar dos olhos podem indicar submissão, preocupação, dor e fadiga.
(TOMPAKOW, 2000) Durante o período pós-operatório o cliente encontra-se limitado no seu
autocuidado, o que determina por si uma diminuição de movimentos corporais. Além
disso, esse cliente teve um gasto energético grande por conta do procedimento cirúrgico, o
que ocasiona intolerância à atividade. O ambiente é desconhecido, suscitando em sentimentos
negativos, como insegurança, desconforto e tristeza. Daí a importância de aproveitar todas as
oportunidades para trazer o cliente para o cuidado de enfermagem realizado, orientando-o,
conversando, se aproximando e tocando.
111
Atentar, olhar, evidenciar e descrever as reações deste cliente torna-se essencial para
compreendermos os cuidados de enfermagem prestados e as reações aos mesmos. A
aproximação que pretende ser terapêutica, quando está relacionada a um cuidado de
enfermagem, como administração de medicamentos ou ordenha de drenos, causa surpresa ou
susto ao cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Silva (2003ª, p. 68) acrescenta que:
...normalmente na cultura ocidental, as pessoas olham umas para as outras
durante 50 % do tempo da conversação, aproximadamente. Se o olhar
ultrapassar esse tempo, podemos identificar raiva ou amor. Se a pessoa
deixar de olhar, denota o desinteresse pela continuidade da conversa.
Foto 15: Reação diante da aproximação para retirada do cateter de monitorização de pressão arterial média.
A reação de Junior ao cuidado se apresenta com comissura labial estendida para trás e
levemente para cima. Boca fechada. O vinco nasolabial se estende do nariz até o canto dos
lábios. Maxilares elevados.
112
A felicidade pode ser demonstrada por cantos dos lábios puxados para trás e para
cima, boca aberta ou fechada, dentes expostos ou não. Ruga do nariz aos lábios. Maxilares
elevados.Pálpebras inferiores com rugas e elevadas (KNAPP; HALL, 1999).
Silva (2003a) descreve a alegria com pálpebras levantadas, sorriso, olhar brilhante,
levantamento da bochecha com fechamento do olho e da boca. A retirada do cateter de
monitorização de pressão arterial média indica que Junior está hemodinamicamente estável e
se preparando para a alta. A expressão facial do mesmo representa a reação aos cuidados de
preparo para a alta e caracterizam sentimentos de felicidade e tranqüilidade por ter
ultrapassado uma etapa difícil da sua vida.
A face é o primeiro canal comunicativo do cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca, sendo um sistema de multimensagem, pois comunica informações sobre interesse e
receptividade aos cuidados prestados, além de expressar estados emocionais. É também usada
como um regulador da conversa que abre e fecha canais, demonstrada através da abertura e
fechamento dos olhos. Assim, a interpretação das expressões faciais complementa e qualifica
o cuidado de enfermagem.
Os olhos e a movimentação dos músculos da face indicam emoções que fornecem
informações do cliente que servem como base para o julgamento clínico e a tomada de
decisão da equipe de enfermagem. Abrir os olhos e movimentar a cabeça e pescoço em
direção ao profissional é uma reação comum do cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca. Essa reação expressa atenção, que pode estar associada ao medo e ansiedade, mas
também pode demonstrar susto ou surpresa, interesse ou coragem.
As atitudes de cuidado para este cliente devem ser diretas. Estar atento a cada
movimento realizado pelo cliente, entendendo que esse pode expressar emoções que sirvam
como base para o planejamento de enfermagem. Compreender que cada cuidado apresenta
maneiras de fazer e essa maneira é diferenciada e rica em detalhes.
113
Logo, compreender as reações traz subsídios para identificar com clareza as
características definidoras do quadro clínico do cliente. Dessa forma, irá estabelecer
julgamento clínico sobre as respostas aos problemas de saúde reais ou potenciais, para então
planejar os cuidados e alcançar os resultados almejados. Segue abaixo um quadro com as
principais reões cinésicas apresentadas pelos clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca.
Emoções
Reações
Surpresa/Desconfiança
Abertura ocular e movimentação da cabeça e
pescoço em direção ao profissional. As sobrancelhas
estão erguidas, de modo a ficarem curvadas e altas.
A pele abaixo da sobrancelha está esticada. As
pálpebras estão abertas; a pálpebra superior está
levemente erguida e a de baixo abaixada. Não
tensão ou alongamento da comissura labial.
Medo/Ansiedade
Abertura ocular e movimentação da cabeça e
pescoço em direção ao profissional. Testa levantada.
Sobrancelhas erguidas. Piscar de olhos. Rigidez
muscular. Lábios tensos. Boca aberta ou fechada.
Dor
Fechamento ocular. O lábio superior está erguido e o
inferior abaixado. O nariz está franzido. Os
maxilares elevados. Os cantos internos das
sobrancelhas encontram-se elevados. A pele abaixo
da sobrancelha tem um formato triangular.
Tristeza
Os cantos das sobrancelhas estão elevados, a pele
abaixo das mesmas tem um formato triangular. O
canto interno da pálpebra superior está alçado. As
comissuras labiais parecem declinadas.
Felicidade
Olhos abertos. Comissura labial estendida para trás e
levemente para cima. Boca fechada. O vinco
nasolabial se estende do nariz até o canto dos lábios.
Maxilares elevados.
A tabela 03 mostra a distribuição da freqüência de reações da clientela diante da
comunicação não-verbal proxêmica.
114
Tabela 03: Distribuição da freqüência das reações de comunicação não-verbal proxêmica dos
clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca durante os cuidados de enfermagem, segundo
distância entre o profissional e o toque.
Reações
Distância entre o profissional e o toque (em cm)
Até 45
45 a 125
126 a 360
Acima de 360
Total
Movimentou cabeça e pescoço
33
32,0
22
36,0
28
55,0
26
22,0
109
Abriu os olhos
16
16,0
15
24,0
6
12,0
12
10,0
49
Fechou os olhos
10
10,0
7
11,0
2
4,0
28
23,0
47
Piscou os olhos
1
1,0
4
6,0
3
6,0
8
8,0
16
Falou
16
16,0
5
8,0
6
12,0
2
2,0
29
Fez gestos culturais
0
0,0
0
0,0
1
1,9
1
0,8
2
Movimentou o corpo
10
10,0
6
10,0
2
4,0
21
17,0
39
Tocou o profissional
4
4,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
4
Não reagiu
13
13,0
3
2,0
3
6,0
22
18,0
41
Total
103
31,0
62
18,0
51
15,0
120
36,0
336
Analisando a tabela 3, verificamos que, em um total de 336 momentos de
comunicação não-verbal proxêmica, 109 (32%) ocasionaram reações de movimento de cabeça
e pescoço, 49 (15%) abertura ocular, 47 (14%) fechamento dos olhos, 41 (12%) foram
movimentos do corpo, como flexão e extensão de membros superiores e inferiores, 29 (9%)
reagiram com a fala, 16 (5%) piscaram os olhos e 4 (1%) tocaram o profissional da equipe de
enfermagem. Em 41 (12%) não identificou-se nenhuma reação por parte dos clientes.
Aparentemente, a ocorrência de reações não diferem do gráfico 2, anteriormente
mostrado, e as reações mais comuns concentram-se no movimento da cabeça e pescoço,
fechamento e abertura dos olhos. A distância do leito do cliente ao profissional da equipe de
enfermagem traz variações apresentadas a seguir. Em ações proxêmicas com distância de até
45 cm, verificamos que 32 % das reações foram de movimento da cabeça, quando a distância
foi de 45 a 125 cm esse percentual aumenta para 36%. Ao se distanciar de 125 a 360 cm do
cliente, aumenta-se para 55%. No entanto, quando em distância superior a 360 cm
percebemos que a freqüência dessa reação diminui para 22%.
Silva (2003a), inspirada em Hall (1996), discute a proxêmica de acordo com a distância
entre o profissional e o toque. A distância íntima caracteriza-se como aquela do toque a 45 cm
115
e determina a presença próxima do outro, podendo gerar sensação de desconforto,
insegurança e até mesmo medo. Percebemos que 31 % das ações proxêmicas foram de
distância íntima o que mostra que o cuidado de enfermagem acontece em curtas distâncias e
reafirma a interpessoalidade.
Watson (1988) trata em seu primeiro pressuposto que o cuidado pode ser efetivamente
demonstrado e praticado apenas interpessoalmente. Essa teórica encontra respaldo para sua
afirmação na comunicação não-verbal proxêmica de distância íntima com clientes em pós-
operatório de cirurgia cardíaca. No entanto, 36% das ações proxêmicas foram com distâncias
superiores a 360 cm. Percebe-se, portanto, um equilíbrio entre os cuidados de enfermagem
que acontecem com distância inferior a 45 cm e acima de 360 cm.
O cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca recebe cuidados complexos que
exigem da equipe de enfermagem, (re)organização, planejamento, documentação e
criatividade. Para tal, antes de executar o cuidado os profissionais precisam planejá-lo,
verificando todas as possibilidades de intervenções, quanto aos riscos e benefícios. Ainda
como parte do planejamento, é necessário separar o material, seja permanente ou de consumo,
disponível para a realização do cuidado. Posteriormente, esse profissional realiza o cuidado.
Como parte desse mesmo cuidado, é necessária a avaliação, a organização da unidade e o
registro de enfermagem.
Essa seqüencia de ações é contínua e sistemática e envolve o processo de cuidar em
enfermagem em cirurgia cardíaca, que se apresenta com distâncias variadas na inter-relação
cuidado/cliente/profissional. No entanto, a essência do cuidado permanece no momento de
encontro com o cliente, ou seja, durante a implementação do cuidado de enfermagem.
Ao aproximar-se do cliente a uma distância menor que 45 cm, o profissional impõe a
sua presença e provoca consciente ou inconscientemente emoções positivas como proteção e
conforto, ou negativas como medo e invasão. As reações podem envolver diferentes
116
significados para o cliente porque os seres humanos são únicos e vivenciaram experiências de
vidas distintas de acordo com a sua classe social, cultura, espiritualidade, história de vida,
fatores físicos como idade e sexo. Considerar esses aspectos é essencial ao analisarmos a
comunicação e as reações aos cuidados prestados, assim, estes são ferramentas do cuidado
interpessoal.
Cianciarullo (2000) pondera que se considerarmos todos os aspectos contidos na
comunicação esta pode se tornar precioso instrumento do processo de cuidar, pois as reações
não diferem dos dados apresentados anteriormente sendo a movimentação da cabeça e
pescoço responsável por 32 % (33), seguida de 16 % (16) de abertura dos olhos à distância
íntima.
Na foto 16, observamos a aproximação necessária para a realização do cuidado de
banho no leito. O cuidado é íntimo. Os corpos se tocam. De tal forma que exige uma interação
dos mesmos em uma relação empática. O cliente permanece com membros superiores e
inferiores estendidos.
Para Figueiredo e Carvalho (1999, p. 154): “O corpo da enfermeira é Instrumento de
cuidado. É presença, que está inteira na ação de cuidar e que tem um estado de espírito em
permanente disponibilidade para interagir com outros e de tocar os outros”.
Durante o banho no leito o cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca aceita o
cuidado de enfermagem e permanece sem reações cinésicas. O banho é um cuidado que
realizamos sozinhos quando em condições de fazê-lo. Diante do déficit de autocuidado de
higiene ocasionado pela cirurgia, esse cliente precisou que um profissional o fizesse. Para tal,
a enfermagem usou a técnica do banho no leito. No entanto, a intimidade desse cuidado
proporciona, em muitos, certo desconforto, principalmente quando realizado por profissionais
do sexo oposto.
117
Foto 16: Distância íntima: toque instrumental durante o banho no leito.
A distância pessoal do cliente é a que permanece entre 45 a 125 cm do cliente e
oferece limites aos dois sujeitos. Com esta distância, o tom de voz permanece moderado, o
calor corporal passa desapercebido e a detecção da expressão facial do outro é bastante nítida,
pois não se verifica distorção visual nos traços fisionômicos. As reações a essa distância
predominam na movimentação da cabeça e pescoço (36%), abertura (24%) e fechamento
(11%) ocular. Essa distância não oferece contato, mas também direciona a atenção do cliente.
Na distância social, que é de 125 a 360 cm do cliente, a predominância das reações é
de movimentação da cabeça e pescoço (55%). Já não se podem perceber os detalhes expressos
na face e não existe a relação com o toque, portanto, ninguém espera ser tocado. Na foto 17
observamos a enfermeira Larissa, supervisora de enfermagem realizando anotações do estado
clínico do cliente. A distância dela para o cliente é de mais de um metro e caracteriza o
118
cuidado indireto, mas que provocou reações e chamou a atenção do cliente diante da
aproximação.
De 336 reações aos cuidados de enfermagem que incluíam a proxemia, 120 delas
apresentaram distância superior a 360 cm, reforçando que os cuidados de enfermagem são
implementados de forma interpessoal, mas incluem pressupostos que sugerem distância
superior a 360 cm, como o preparo do material, o registro, a monitorização, a passagem de
plantão, o transporte e a organização da unidade.
Nessa perspectiva, torna-se evidente o núcleo subjetivo e objetivo do cuidar em
enfermagem de cirurgia cardíaca, a distâncias curtas e longas, quando se utiliza imaginação e
pensamento crítico para racionalizar e gerar cientificidade ao cuidado prestado.
Foto 17: Supervisão de enfermagem distância social
Os clientes apresentaram como reação o fechamento dos olhos em 23% e moveram a
cabeça e o pescoço em 22% das comunicações proxêmicas a uma distância pública,
119
reforçando que quanto mais perto o cliente está do profissional de enfermagem maiores são
as expressões de interesse e atenção no período pós-operatório. Pois, apesar de movimentar a
cabeça e o pescoço, os olhos permaneceram fechados. À distância pública, 18% dos clientes
não apresentaram reações e 17% movimentaram o corpo, flexionando os membros superiores
e inferiores.
Foto 18: Registro de Enfermagem distância pública.
Na foto 18, verificamos cuidados de enfermagem realizados a distância superior a 360
cm do leito cliente. A auxiliar de enfermagem Joana que está à esquerda prepara a medicação,
enquanto a auxiliar de enfermagem Beth que está à direita registra dados no formulário de
controle hídrico.
Coelho (2005) apresentou o Cuidar Perto/Distante como aquele que se constrói com
conhecimento intelectual, domínio tecnológico e conhecimento sensível. Para a autora os
120
órgãos dos sentidos acionados pela situação de alerta são capazes de atentar para alarmes,
ruídos de monitores e bombas infusoras, como forma de monitorar a distância o estado
hemodinâmico do cliente.
Figueiredo (2001, p. 180) assegura que “a enfermagem assistencial pode,
epistemologicamente, dizer que assistir é cogitar, imaginar, pensar, dando a sua prática de
cuidar sentidos emocional e racional que estão contidos na ação do cuidado.”
A anotação a seguir valida tal informação:
A enfermeira Ana se aproximou do cliente João, com luva, gaze e
lâmina de bisturi nas mãos. Ele, que estava com olhos fechados, abriu
e virou o pescoço na direção da mesma. Ela falou: - Seu João, vamos
tirar a PAM para ir para a enfermaria? Ele abriu um sorriso. Ela
sorriu também e continuou separando outros materiais.
(DC - 08)
Ana separa o material para a retirada do cateter de pressão arterial média do cliente.
Ao se aproximar do leito, a enfermeira chamou a atenção do João, que ao perceber a sua
presença, abriu os olhos e movimentou o pescoço na direção da mesma. Como reação, o
cliente sorriu para ela, que continuou separando o material.
As reações dos clientes à distância pública não parecem se relacionar diretamente ao
cuidado prestado, pois nem sempre o cliente conseguia visualizar o profissional. Assim,
reações como o fechamento dos olhos podem estar relacionadas à tranqüilidade e conforto. A
proximidade do profissional para a realização de um cuidado pode despertar o cliente do sono
terapêutico. Quando o mesmo se afasta, o cliente tende a voltar a adormecer.
Movimentos de cabeça, pescoço, membros superiores e inferiores expressam
impaciência, busca de posição confortável ou até ansiedade diante da internação em ambiente
hospitalar especifico e diferente. Como podemos ver na entrevista a seguir com a cliente
Rosa, quando questionada sobre a movimentação dos membros inferiores:
121
Porque tenho tentado dormir e não consigo. Ali na frente o senhor
passou mal...Todo mundo foi para lá. Então ficava ouvindo os
médicos falando...fiquei com pena. Depois disso custei a
relaxar...Então tenho mania de balançar as pernas quando estou
assim... nervosa...é acho que estou nervosa...Ele ficou bem?
(ENT. 09 05/04/07)
As reações dos clientes em período pós-operatório de cirurgia cardíaca variam de
acordo com o momento vivido. Para Dona Rosa, balançar os membros inferiores foi uma
reação à situação clínica de outro cliente e à dificuldade que estava encontrando em se adaptar
ao ambiente hospitalar num momento em que havia risco de vida para o mesmo. A internação
hospitalar na UTCIC inclui situações e clientes em momentos diferentes, com quadros
clínicos díspares, mas com convivência comum à unidade.
A expressão dos sinais e sintomas são anunciadas com as reações do seu corpo, que
são divulgadas através de movimentos corporais e expressões faciais. Estas, por sua vez, são
decodificadas como reações aos cuidados prestados.
O cuidado de enfermagem a clientes em s-operatório de cirurgia cardíaca é
implementado de forma sempre interpessoal, mas apresenta variações de distância de acordo
com o momento do cuidado, prevalecendo à distância pública e íntima entre o cliente e o
profissional. As reações a esse cuidado se expressam na face, representadas por abertura e
fechamento dos olhos e movimentação da cabeça e pescoço.
Das 950 reações apresentadas por clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca, 724
(76%) foram expressas através de linguagem corporal. O que evidencia a opção pela
comunicação não-verbal na UTCIC. Neste sentido, os profissionais da equipe de enfermagem
precisam codificar a linguagem corporal desses clientes.
122
Foto 19: Reação cinésica do cliente em pós-operatório tardio de cirurgia cardíaca.
A foto 19 exibe o cliente em pós-operatório tardio de cirurgia cardíaca, em decúbito
dorsal, com olhos fechados. Membros superiores estendidos ao lado do corpo. Flexão de
membro inferior esquerdo. Extensão de membro inferior direito. Os lençóis estão soltos, pois
o cliente mudava de posição com freqüência, o que expressa agitação, irritabilidade e
desconforto no leito. Os movimentos corporais funcionam como sons significativos aos
cuidados prestados e recebidos, que se combinam em unidades simples ou relativamente
complexas. Assim acontece com as palavras, que se combinam para formar frases e
parágrafos. (SILVA, 2003a)
123
Ao movimentar o rosto, abrir, fechar ou piscar os olhos, utilizar gestos culturais ou
alterar a postura, os clientes estão expressando sentimentos como atenção, dor, medo,
ansiedade, raiva, agitação, irritabilidade, desconforto, estresse e interesse. Estes devem ser
avaliados para obtenção de respostas terapêuticas.
O gráfico 02 apresenta um total de 12 (1%) reações através de paralinguagem com
mudança de entonação de voz e sorriso expressos, que tiveram como reação a aprovação do
cliente ao responder com a seguinte expressão: Hum, hum”. Esses sons foram associadas à
movimentação da cabeça para cima e para baixo. Vejamos abaixo um registro do diário de
campo:
O cliente Paulo ao se movimentar no leito, virava de um lado para o outro.
Ana se aproximou do leito e perguntou. O que foi? Ele parou de se mexer.
E tentou responder mexendo os lábios. O som não era emitido. Ela não
conseguiu compreender e pediu para que falasse de novo: Não estou
entendendo...tente de novo. Aproximava o seu corpo do dele e tentava ficar a
sua frente, mas apesar de toda concentração não conseguia entender...Pediu
novamente. Ainda não entendi...desculpe. Tente novamente...No seu jaleco
havia uma caneta e ele aproveitou a sua aproximação para pegá-la. Ana
sorriu e falou: -Ah...você quer escrever. Muito bem, gostei de ver a sua
iniciativa. Se afastou do leito e foi pegar um papel. Voltou com o papel e a
prancheta. Ele tentou escrever, mas não tinha força muscular suficiente na
mão. Ana falou: - ...é algo que começa com B..., mas não entendo. Ana
escreveu todas as letras em um papel e pediu que apenas apontasse. Ele
tentou, mas não conseguiu sustentar braço. Ele apontou com a mão direita
em direção ao chão. Ana perguntou : - Quer evacuar? Ele mexeu a cabeça
para os dois lados. Ana falou: - Vamos virar e tentar dormir. Ele começou a
virar. Ana ajudou ele com as mãos. Se afastou do leito.
(DC 09)
O cliente Paulo se movimenta no leito para chamar a atenção da equipe de
enfermagem. Ao perceber tal ação Ana se aproximou e tentou entender do que ele precisava.
No entanto, Paulo não conseguia se expressar verbalmente por conta do seu quadro clínico.
Apesar da aproximação de Ana e das tentativas de se comunicar de Paulo, eles não
conseguem efetivar a comunicação. Paulo tenta a comunicação verbal escrita, mas sua força
muscular está diminuída e por isso não consegue.
124
Entender as reações do cliente é fator importante no cuidado interpessoal. A
enfermeira Ana diante da agitação psicomotora do cliente se aproxima do leito e tenta
decodificar o motivo de sua agitação. Primeiro, ela esteve atenta à existência de um problema
expresso pelo meio de comunicação não-verbal, posteriormente ela tenta descobrir o que
Paulo tentava expressar. Paulo é auxiliar de enfermagem e estava em pós-operatório tardio de
revascularização do miocárdio. Apresentou no pós-operatório desmame ventilatório ineficaz
que evoluiu para pneumonia. Traqueostomizado, em ventilação artificial através de respirador
Bird 8400, apresentava crise hipertensiva diante da agitação psicomotora ao tentarem a
retirada do suporte ventilatório.
A movimentação no leito indicou que Paulo necessitava de cuidados de enfermagem e
utilizava a comunicação como ferramenta. A aproximação da enfermeira Ana foi terapêutica
e trouxe tranqüilidade. O toque também representou para Paulo apoio e segurança. A presença
em determinadas situações pode ser considerada pelo cliente como a essência do cuidado.
Ressaltemos, abaixo, a distribuição das reações dos clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca em relação à comunicação não-verbal tacêsica.
Tabela 04: Distribuição das reações dos clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca
durante cuidados de enfermagem em relação à comunicação não-verbal tacêsica.
Reações
Comunicação não-verbal tacêsica
Toque instrumental
Toque afetivo
Total
n
%
n
%
Movimentou cabeça e pescoço
18
18,0
0
0,0
18
16,0
Abriu os olhos
25
25,0
0
0,0
25
23,0
Fechou os olhos
7
7,0
0
0,0
7
6,0
Piscou os olhos
7
7,0
0
0,0
7
6,0
Falou
17
17,0
0
0,0
17
16,0
Fez gestos culturais
4
4,0
0
0,0
4
4,0
Movimentou o corpo
18
18,0
0
0,0
18
16,0
Demonstrou paralinguagem
1
1,0
1
14,0
2
2,0
Tocou o profissional
1
1,0
0
0,0
1
1,0
Não reagiu
4
4,0
6
86,0
10
9,0
Total
102
94,0
7
6,0
109
100,0
125
Ao observar a tabela 04, verificamos que, das 109 reações de comunicação não verbal
tacêsica identificadas, 102 (94%) corresponderam ao toque instrumental e apenas 7 (6%) ao
toque afetivo. Não houve ocorrências de toque terapêutico. As reações mais freqüentes ao
toque instrumental foram abrir os olhos (25%), seguido de mover a cabeça e pescoço e o
corpo (18%) e falar (17%). O toque afetivo, por sua vez, não gerou reações em 86% das ações
e gerou 14% de reações de paralinguagem.
Foto 20: Toque instrumental durante a mudança de decúbito
A foto 20 apresenta um cuidado de enfermagem que utiliza o toque para ser realizado.
Ao realizar a mudança de decúbito é utilizado o toque instrumental. Silva (op cit) explica que
o toque instrumental constitui o contato físico deliberado necessário para o desempenho de
uma tarefa específica. Ao realizar um cuidado de enfermagem, como o banho, a mudança de
decúbito ou administração de medicamentos, é necessário o toque do cliente como forma de
realizar o cuidado. Esse toque é instrumental.
126
O toque afetivo é aquele que acontece de forma espontânea e afetiva, não
necessariamente ao realizar uma tarefa específica. Ao acariciarmos, ou apenas apoiarmos as
mãos como forma de oferecer apoio emocional e demonstrar presença estamos realizando o
toque afetivo.
O toque terapêutico é a imposição das mãos, como uma técnica que emprega as
correntes de força vital, que fluem naturalmente das mãos de todas as pessoas, que pode
aliviar a dor, ansiedade e equilibrar a energia de outras pessoas. É considerado um ato de cura,
que tem sido praticado séculos na Índia, onde yogues escreveram sobre a energia curativa,
que é chamado por eles de prana. Na Enfermagem, o toque terapêutico tem sido empregado
por Dolores Krieger, professora de enfermagem da Universidade de Nova York. Em seu
estudo, ela postula que:
...as funções do corpo humano ocorrem por meio de condução elétrica e que
cada pessoa tem um campo individual, dentro e em torno de seu corpo,
dotado de carga. No toque terapêutico, o curador redireciona o campo do
paciente, deslocando suas mãos em cima ou próximas ao corpo com gestos
que se assemelham ao de varrer, dotando-os de energética intenção de curá-
lo. O curador se concentra na cura do enfermo. Isto se chama centralização,
ou seja, é a concentração de energia para ajudar o enfermo. A centralização é
descrita como um estado de consciência alterada, uma espécie de profundo
relaxamento e de intensa concentração, na qual pensamentos alheios são
excluídos. Simplesmente querer curar não basta.
(MONTAGU, 1988, p. 381)
Constata-se que, apesar dos estudos discutindo o toque como preciosa ferramenta a ser
utilizada de forma terapêutica, estamos utilizando essa ferramenta de forma técnica, prática e
objetiva. Tocamos sem perceber o que, como, e para quê. Tocamos para administrar
medicamentos, para realizar a ordenha dos drenos, para mudar o corpo de decúbito. O cliente
é tocado de forma espontânea, levamos em conta conscientemente a necessidade de sentir a
pele para transmitir segurança e conforto...O toque também é forma de demonstrar presença,
nos momentos de compor os cuidados para aliviar medo e desespero.
127
Diante do toque afetivo o cliente apresentou indiferença em 6 momentos (86%),
seguidos de suspiros (paralinguagem) em dois, um de toque afetivo e um de toque
instrumental (14%). O cliente não percebe a diferença do toque instrumental para o afetivo e
age com indiferença.
Em um estudo realizado por Acqua, Araújo e Silva (1998, p. 19) sobre o uso do toque
realizado pelos enfermeiros, foi apontado que os enfermeiros têm consciência da importância
do toque afetivo nos cuidados em enfermagem. Este estudo é conflitante ao estudo
apresentado por Silva (1991), que mostrou que a comunicação através do toque em consultas
de enfermagem aconteceu durante o cumprimento no início e no término da mesma e para
a realização de cuidados.
Nesse último estudo, foi comprovada mais uma vez que o toque afetivo não faz parte
da prática diária de cuidados realizados pela equipe de enfermagem, não leva em
consideração a necessidade da incorporação do toque como forma de demonstrar cuidados.
Tabela 05: Distribuição das reações dos clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca durante
os cuidados de Enfermagem em relação à comunicação verbal.
Reações
Comunicação verbal
N
%
Falou
64
46,0
Abriu os olhos
22
16,0
Moveu o rosto
14
10,0
Mudou a postura
13
9,0
Demonstrou paralinguagem
7
5,0
Fez gestos culturais
6
4,0
Fechou os olhos
4
3,0
Piscou os olhos
4
3,0
Tocou o profissional
2
1,0
Não reagiu
3
2,0
Total
139
100,0
Verifica-se que diante de 139 momentos de comunicação verbal, 64 (46%) reações
foram de falar, 22 (16%) abrir os olhos, 14 (10%) movimentar cabeça e pescoço, 13 (9%)
128
alteração postural, 07 (5%) paralinguagem, 06 (4%) gestos culturais (cinesia), 04 (3%) fechar
os olhos, 04 (3%) piscar os olhos, 3 (2%) não apresentaram reações e 02(1%) reagiram com
toque afetivo.
Foto 21: Comunicação não-verbal proxêmica (distância íntima) associada à comunicação verbal.
Na foto 21, observamos o cliente conversando com o auxiliar de enfermagem João.
Para explicar que estava com dor no membro superior esquerdo ele usa as palavras, eleva o
mesmo e olha em sua direção. O auxiliar de enfermagem se aproxima do leito e observa
atentamente a explanação do cliente.
A comunicação verbal quando utilizada como cuidado estimula a linguagem, ou seja,
quando a equipe de enfermagem se aproximava do leito dos clientes e conversava com eles,
as reações eram a expressão verbal das queixas, sentimentos e percepções. Portanto, diferente
de outros tipos de comunicação, a reação mais predominante nesse caso foi à fala.
129
Silva (2003a) explica que quando interagimos verbalmente com alguém estamos
basicamente tentando nos expressar, clarificar um fato, uma idéia. Constatamos que diante do
interesse em esclarecer um fato os clientes respondiam aos questionamentos, falavam,
olhavam, abriam os olhos e movimentavam o rosto. Essas expressões juntas demonstram
interesse e atenção diante do que acontece ao seu redor.
Os clientes querem participar ativamente do que acontece com eles, querem mostrar
que estão ali, presentes, prontos para contribuir, para saber mais, para ouvir e para falar. Na
realidade, valorizam a presença ao lado deles e querem apreender mais para então superar as
dificuldades do momento que estão vivendo.
130
Capítulo 6_______________________________________________________
Esperança
Muitos são os que carregam
água na peneira,
como disse o poeta
Manoel de Barros,
e esperança como estrela
na lapela.
Muitos são os que acreditam
em coisas simples e limpas,
em coisas essenciais,
amor, amizade, delicadeza,
paz,
e tantas outras palavras,
antigas e urgentes.
(Roseana Murray, 2001)
Maneiras de Cuidar em Cirurgia Cardíaca
131
Saber sobre as reações do cliente aos cuidados prestados sob a ótica da comunicação
interpessoal é atentar para os aspectos filosóficos do cuidado de Enfermagem. Neste sentido,
o cuidar/cuidado de enfermagem tem sido descrito na literatura desde a década de 80,
primeiramente nos Estados Unidos da América, para difundir-se posteriormente para
Austrália, Escandinávia, Europa, Canadá e mais recentemente no Brasil (WALDOW, 2005).
Filósofos, como Heidegger (1969), Mayeroff (1971), Noddings (1984), Roach (1993) e
Boff (2000) apontam o cuidar como uma alternativa para combater a crise de fragmentação,
desintegração cultural, ética, ecológica e moral que o mundo globalizado enfrenta.
O ser humano inicia o século XXI em busca de uma solução para a crise de
desintegração que tem vivenciado. Esta crise é caracterizada por emoções negativas
conseqüentes do individualismo, que tem atingido o ser humano, suas relações e a natureza.
Em meio a esta crise, surge um novo paradigma, o holismo, que abrange a idéia de conjunto,
de todo, ou seja, da totalidade. Nesse novo paradigma, o homem não é visto de forma
fragmentada, mas dentro de um complexo de fatores que se integram, se completam. O ser
humano, a sociedade e a natureza formam um todo em harmonia.
As últimas décadas de nosso século vêm registrando um estado de profunda
crise mundial. É uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam
todos os aspectos de nossa vida a saúde e o modo de vida, a qualidade do
meio ambiente e das relações sociais, da economia, tecnologia e política.
(CAPRA, 1982, p. 19)
Esta crise descrita a quase ¼ de século tem sido responsável pela desvalorização do
humano, do ambiente e das relações entre estes. O homem contemporâneo não cuida do
ambiente, não cuida de si mesmo, não cuida do outro. As interões encontram-se maceradas,
diluídas e fragmentadas. O ser humano é levado a buscar cada vez mais o lucro, ou seja, o
material a ser consumido.
132
Assim, afasta-se cada vez mais de valores que sustenta sua base humana, a família, a
simplicidade, a naturalidade, a amizade, o amor, a subjetividade. Associados a esses fatores,
vivemos os grandes desastres ecológicos, engarrafamentos, violência, fome, mortalidade
materna e infantil elevadas, entre outros problemas conseqüentes da busca incessante da
matéria, que ocasiona uma exacerbação de sentimentos como individualismo, egoísmo e
isolamento.
A concepção mecanicista do organismo humano e a resultante abordagem
técnica da saúde levaram a uma excessiva ênfase na tecnologia médica, que é
considerada o único caminho para melhorar a saúde. (CAPRA, 1982, p. 140)
Na ciência, os grandes investimentos em geral são fornecidos para biologia celular,
farmacologia, engenharia genética e biomédica, pois estes fornecerão grandes resultados,
descobertas que renderão muitos lucros. No entanto, pouco valor é dado às descobertas
relacionadas às relações interpessoais, aos sentimentos, aos significados, as coisas que são
inerentes à espécie humana. Assim, a ciência não tem privilegiado os resultados de pesquisas
que ofereçam resolução para os problemas mais simples e expressos cotidianamente pelos
clientes.
Obedecendo a abordagem cartesiana, a ciência médica limitou-se à tentativa
de compreender os mecanismos biológicos envolvidos numa lesão em
alguma das várias partes do corpo. Esses mecanismos são estudados do
ponto de vista da biologia celular e molecular, deixando de fora todas as
influências de circunstâncias não-biológicas sobre os processos biológicos.
Em meio à enorme rede de fenômenos que influenciam a saúde, a abordagem
biomédica estuda apenas alguns aspectos fisiológicos.
(CAPRA, 1982, p. 132)
Esta falta de atenção para o humano e suas relações faz surgir uma nova forma de
pensar o mundo. O holismo surge no meio dessa crise compreendendo uma visão do todo, e
não apenas da matéria, do visível e do objetivo. Assim, o holismo não engloba apenas o
133
físico, mas também o espírito, o social, o cultural, o econômico. Através dessa forma de
pensamento, o homem deixa de olhar apenas para a matéria, observando também o espírito, as
interações. Para Capra (1982, p.155), a pesquisa biomédica terá que:
ser integrada num sistema mais amplo de assistência à saúde, em que as
manifestações de todas as enfermidades humanas sejam vistas como
resultantes da interação de corpo, mente e meio ambiente, e sejam estudadas
e tratadas nessa perspectiva abrangente.
O conceito de cuidado emerge deste paradigma, pois compreende uma visão do ser
humano como um todo que inclui mais que espírito somado ao corpo. Na verdade, o ser
humano é integrado, único, indivisível e embutido de valores, crenças, sentimentos e
biofísica.
Então, cuidar do ser humano em Enfermagem e em especial na Unidade
Cardiointensiva Cirúrgica envolve atitudes contrárias à fragmentação, divisão, ou até mesmo
à soma das partes. É necessário compreender as relações, as interações paradoxais. Cada parte
é totalmente dependente de outra parte e não seria a mesma fora desta relação, ou seja, são
integradas, são únicas e interdependentes.
Martin Heidegger, filósofo alemão, é considerado o filósofo do cuidado, por tentar
esclarecer o sentido do ser, ou seja, a compreensão do ser humano através da existência e da
essência, da atualidade e da possibilidade, respectivamente. O cuidado constitui a essência
humana, o modo básico do ser-aí. Assim, o ser humano existe no mundo através do cuidado e
desta forma, deve cuidar de si e dos outros (SILVA ET AL, 2001, 29).
No pensamento de Heidegger (1969), cuidado subentende-se como preocupação
autêntica com-o-outro ou como ocupação inautêntica com-as-coisas. No entanto, percebemos
que, muitas vezes, o outro seja cuidado de forma inautêntica como coisa.
O cuidado, segundo Mayeroff (1971), possibilita a auto-realização e é através dele que
os seres humanos vivem o significado da sua própria vida. Vários estudos têm enfocado o que
pode ser chamado de “relação de cuidado”, ou seja, o relacionamento entre pessoas num
134
comportamento de cuidar/cuidado. Encontros do cuidar/cuidado, que sejam caracterizados por
um relacionamento de proximidade, confiança e aceitação, envolvem crescimento, esperança
e amor.
Segundo o mesmo autor, são ingredientes para o cuidar, o conhecimento, a alternância de
ritmos, a paciência, a honestidade, a confiança, a humildade, a esperança e a coragem.
Noddings (1984) entende o cuidado através de relacionamentos. Inclui para a relação
de cuidado uma dimensão ética, focalizando comportamentos de cuidar através das interações
humanas. Como componentes importantes da relação de cuidar inclue: receptividade,
reciprocidade e conectividade. Distingue o cuidado ético do cuidado natural, entendendo o
primeiro como aquele que traz uma obrigatoriedade de escolha em componentes éticos e
morais. Já o segundo, caracteriza-se pelo impulso natural do cuidado.
Boff (2000, p.12), professor de teologia, filosofia, espiritualidade e ecologia, defende a
“Teologia da Libertação”, que descreve o cuidar com mais que um ato, “uma atitude”, que
representa a preocupação, o envolvimento afetivo e a responsabilização com o outro. Cuidar
compreende mais do que cuidar de si, como cuidar do outro e do cosmos. Apoiado em Martin
Heidegger em seu famoso livro “Ser e Tempo”, o autor afirma que “...colocar cuidado em
tudo o que projeta e faz, eis a característica singular do ser humano.”
Significa reconhecer o cuidado como a essência do ser humano, assim o ser humano é
um ser de cuidado. O cuidado está no ser e na natureza. “Sem o cuidado ele deixa de ser
humano. Se não receber cuidado desde o nascimento até a morte, o ser humano desestrutura-
se, definha, perde sentido e morre” (ibid).
Apesar de o cuidado ser próprio de todos os seres humanos, é na enfermagem que
encontra sua grande morada, pois esta prática profissional vive em seu cotidiano o cuidado do
ser humano. Mesmo que constitua um atributo para todos os seres humanos, na área de
135
saúde e em especial na enfermagem, o cuidar/cuidado é genuíno e peculiar...é a razão
existencial da enfermagem” (WALDOW, 1995, p.8)
Foi na da década de 80 e início da década de 90 que a abordagem sobre cuidar/cuidado
ganhou ênfase na enfermagem. Os conceitos foram discutidos por teóricas de enfermagem
como Jean Watson (1981,1985,1988) e Madeleine M. Leininger (1985,1988,1991) e
posteriormente difundiram-se pelo mundo. No Brasil, esta abordagem foi introduzida por
Waldow (1995,1999,2001, 2004), Silva (1997, 1998, 2000), Coelho (1985, 1997), Figueiredo
(1994, 2001, 2004, 2005), entre outros pesquisadores.
Madelaine Leininger (1991), teórica de Enfermagem, tem estudado a diversidade e
universalidade do cuidado de enfermagem desde 1985. Na realidade, através da sua teoria,
fundamentada em um modelo transcultural de enfermagem, criou um novo método de
investigação, a etnoenfermagem. Assim, tem contribuído para documentar informações,
sistematicamente, e obter compreensão e significado das experiências do cotidiano das
pessoas com relação ao cuidado humano, saúde e bem-estar, em qualquer contexto ambiental.
Os seres humanos vivenciam maneiras de cuidar diversas e universais. A Teoria
Cultural do Cuidado pretende identificar esses padrões como forma de permitir um
cuidar/cuidado direcionado para as diferentes culturas.
Jean Watson (1988) descreve a Enfermagem como a ciência e a filosofia do
cuidar/cuidado que se preocupa com o espiritual, a consciência, a interação, a auto-estima, o
auto-respeito e a autocura. Sua teoria sugere o desenvolvimento mental-espiritual do EU e do
OUTRO através da interão inter-transpessoal, visando uma transação que gera força interior
e autocontrole através do cuidado.
Watson considera que o ser humano possui três esferas do ser: corpo, mente e alma.
Alterações nestas esferas geram desequilíbrio, desarmonia, resultando em patologia e doença,
que, por sua vez, geram desarmonia. (ZAGONEL, 1996)
136
Roach (1993) também defende a Enfermagem como a profissão do cuidar. Para tal,
descreveu os cinco “cês” que representam as atitudes de cuidado: compaixão, confiança,
comprometimento, consciência, competência . A compaixão compreende uma relação vivida
em solidariedade com a condição humana, compartilhando alegrias, tristezas, dores e
realizações. A confiança refere-se à qualidade que promove relações onde as pessoas sentem-
se seguras. Este estado envolve um outro ingrediente, o respeito. O comprometimento foi
definido como uma resposta afetiva complexa, caracterizada pela convergência entre desejos
e obrigações e por uma escolha deliberada de agir em concordância com ambos. A confiança
refere-se à qualidade que promove relações onde as pessoas sentem-se seguras. E a
consciência é o estado de conhecimento moral. A competência inclui a capacidade de atribuir
julgamento com motivação, conhecimento e habilidade para responder às responsabilidades
da profissão.
Na visão de Roach (1993), cuidar/cuidado é o nosso modo de ser. Ao deixarmos de
sentir, agir e pensar em termos de cuidar/cuidado deixa-se de ser humano. As atitudes devem
ser vividas pelos profissionais da enfermagem, que deverão adquirir habilidades para atingir a
meta do cuidar. Assim , o cuidado não tem um fim em si mesmo, pois é um processo
dinâmico que se desenvolve de acordo com a capacidade do enfermeiro em adquirir atitudes
de cuidado.
Para Waldow (2004), estamos na era da humanizão da assistência, e o cuidar inclui
uma visão do ser humano como um todo; assim, o cliente que é cuidado, além de receber as
atenções de nível terapêutico, recebe um cuidado feito com compaixão, interesse e carinho. O
ser humano, ou seja, o ser cuidado é olhado, ouvido, sentido.
Ainda dentro de uma concepção de cuidado que inclui a sensibilidade associada a uma
visão do todo, incluindo as esferas corpo, mente e ambiente, encontramos as reflexões de
Figueiredo (1994), Coelho (1999) e Silva (2000).
137
Figueiredo (1994, p. 38) refere que cuidado é ação entre duas pessoas envolvendo
movimentos corporais, impulsos e emoções, energia, disponibilidade para sentir e tocar o
outro. Ela afirma que “sem cuidado, não se obtém a cura; o cuidado é a essência da
enfermagem e conota sensibilidades entre a enfermeira e a pessoa; a enfermeira co-participa
com a pessoa”.
Coelho (1999, 2006, 2007) descreveu em seu livro sobre o cuidar/cuidados de
enfermagem em emergência 14 tipos específicos de cuidados que caracterizam o encontro
com o cliente: cuidar de alerta, cuidar de guerra, cuidar contingencial, cuidar contínuo, cuidar
dinâmico, cuidar expressivo, cuidar anônimo, cuidar multifaces, cuidar do que se encontra a
margem social, cuidar de população de rua, cuidar mural, cuidar perto/distante, cuidar do
corpo (semi) morto, cuidar dos profissionais do cuidado. Em outro estudo, a autora
caracterizou 106 maneiras de cuidar em enfermagem.
Para Silva (2000), o cuidado acontece no contexto das experiências humanas, onde a
subjetividade, a consciência, a vida e a espiritualidade estão presentes. A autora enfatiza a
necessidade de integração entre tais fatores para entendermos o ser humano dentro de uma
visão holística, como uma proposta para enfrentarmos a “crise da fragmentação” em que nos
encontramos.
Entre os autores descritos, percebo a preocupação em encontrar respostas para
revertermos a situação de crise em que nos encontramos nos tempos atuais. O saber da
enfermagem busca um novo paradigma que consiga obter resultados direcionados ao seu
objeto de estudo, o cuidado de enfermagem.
A especificidade do cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca foi apontada neste
estudo a partir da ótica da comunicação interpessoal descrita por Silva (2003). Pautada nos
pressupostos do cuidado de enfermagem descrito por Watson (1988), e nos conceitos de
Cuidar e Cuidado de Enfermagem descritos por Coelho (1999) foi possível provar que o
138
núcleo do cuidar de enfermagem em cirurgia cardíaca é a comunicação interpessoal, que
se apresenta com maneiras de fazer diferentes e particulares que são: o cuidar inter-
pessoas, o cuidar proxêmico, cuidar do ambiente de cirurgia cardíaca, o cuidar tacêsico
e o cuidar cinésico, em uma inter-relação que fazem no cotidiano mil atitudes de agir e
reagir.
No entanto, este estudo reafirma os seguintes tipos de cuidar que foram descritos por
Coelho (2006, 2007), que se apresentam de forma especial em cirurgia cardíaca e serão
analisados neste capítulo sob a ótica da comunicação interpessoal: cuidar admissional, cuidar
expressivo, cuidar de alerta, cuidar por gestos e palavras, cuidar perto e distante, cuidar do
ambiente, cuidar de guerra, cuidar para as quedas, cuidar das formigas, cuidar dos líquidos
corporais, cuidar confortável, cuidar das intercorrências, cuidar de saída, cuidar fotografado e
filmado, cuidar dos procedimentos invasivos, cuidar mural, cuidar do corpo (semi)morto,
cuidar dinâmico.
A figura 08 mostra a especificidade das maneiras de cuidar em enfermagem de cirurgia
cardíaca sob a ótica da comunicação interpessoal que abraçam as reações aos cuidados
prestados.
Numa trajetória imaginária, podemos afirmar que as reões aos cuidados têm seu fio
inicial com o cuidar admissional. Nesse sentido, descrevo abaixo as maneiras de cuidar em
cirurgia cardíaca.
139
Figura 08: Maneiras de Cuidar em Cirurgia Cardíaca
Cuidar Admissional
O cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca é admitido na Unidade de Terapia
Intensiva Cardiointensiva ainda sob sedação anestésica. No entanto, o cuidar admissional
iniciou muito antes, quando foi necessário preparar a unidade do mesmo. Para tal, foi
necessário desde a liberação do leito pelo cliente que estava de alta até a arrumação das roupas
de cama e verificação do funcionamento do respirador.
Durante a admissão, é necessário agilidade e destreza para o transporte dos cabos de
monitorização cardíaca, de pressão venosa central e de pressão arterial média. É realizado
também o transporte das medicações que estão sendo administradas para as bombas infusoras
do setor. Os frascos de drenagem urinária e sanguínea são colocados em funcionamento. As
140
informações sobre o cliente antes e durante a cirurgia são comunicadas pelos profissionais
nesse momento. Os registros também iniciam-se.
Todas essas ações fazem parte do cuidar admissional, que, segundo Coelho (2006), inclui
as normas, rotinas, direitos e deveres. Quando o cliente acorda na unidade de terapia intensiva
o cuidar admissional adquire uma outra perspectiva, que é a de amenizar a ansiedade, medo e
dor diante de uma ambiente desconhecido, após um processo cirúrgico. A comunicação
interpessoal é o núcleo do cuidado admissional desde os primeiros preparativos até a
adaptação do cliente à unidade de terapia intensiva.
Cuidar Inter-pessoas
O cuidar inter-pessoas é composto de ações e reações de clientes e profissionais da
equipe, técnico e/ou auxiliar de enfermagem, com uma meta em comum para o alcance de
resultados. Para a realização desse cuidado é necessário à presença de no mínimo duas
pessoas, seres humanos em comunicação interpessoal. Esse cuidar reafirma e o cuidar
expressivo descrito por Coelho (2006), quando assume diversas formas de
encorajamento,expressos para que o cliente lute, para que reaja, utilize seus sentidos, através
de comunicação verbal e não-verbal.
A especificidade do cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca apontou a necessidade
de aproximação entre o cliente e a equipe de enfermagem em todo momento de cuidado. Essa
interação aconteceu através de comunicação verbal e não-verbal. De uma forma ou de outra
ao realizar o cuidado existe uma mistura de ações e reações que se inter-relacionam. Diante
dessa troca, nasce a comunicação, como parte interna do cuidado.
O cuidar inter-pessoas envolve vários tipos de comunicação simultaneamente, através
de uma troca entre clientes e equipe de enfermagem, no qual se utiliza a comunicação verbal,
141
proxêmica, tacêsica, paralinguagem e cinésica. Para alcançar a essência do cuidado, esses
tipos de comunicação foram articulados de forma sintonizada.
Desde o preparo da unidade para receber o cliente em pós-operatório de cirurgia
cardíaca existe a preocupação da equipe com o cliente que será admitido no setor. Durante a
admissão, o cliente é o foco do cuidado. Para a sua recuperação e prevenção de complicações,
a equipe se mobiliza, se aproxima, conecta cabos e monitores, acopla a ventilação artificial, e
abre circuitos de drenagem sanguínea e urinária. Para a realização de cada um desses cuidados
de Enfermagem é necessário à utilização de uma seqüência de técnicas de comunicação
interpessoal.
Conforme o cliente acorda do efeito anestésico, o cuidado de enfermagem torna-se mais
interativo, pois exige do cliente a necessidade de comunicação verbal e não-verbal. Assim, a
cada minuto esse cliente reage aos estímulos ambientais, aos cuidados de Enfermagem e de
outros profissionais. Essas reações ficam mais comuns quanto maior a capacidade do cliente
permanecer acordado.
O cuidado de enfermagem torna-se mais freqüente e interativo diante da diminuição da
sedação do cliente. No entanto, mesmo quando por alguma complicação o cliente permanece
sedado, o cuidado realizado pela equipe inclui ações interativas, inclui comunicação
interpessoal, entre seres humanos. A complexidade do cuidar de enfermagem em cirurgia
cardíaca esbarra em barreiras de vida e morte que não explicam e nem invalidam a
possibilidade de existir sensibilidade ao cuidado, ao toque, as palavras, ao afeto. É certo que o
cuidado é interativo mesmo diante de situações que não sabemos se o fim chegou ou se está
por vir...Ou mesmo se aquele cliente pode acordar mais tarde.
Sob a ótica da comunicação interpessoal a especificidade do cuidado em cirurgia
cardíaca se apresenta a partir da descrição e do significado do cuidado. Sem interação não
existe cuidado de enfermagem.
142
Cuidar Proxêmico
Discutir o cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca sob a ótica da comunicação
interpessoal é considerá-lo como proxêmico, pois as ações e reações de cuidado de
enfermagem utilizaram a aproximação e afastamento corporal. O espaço entre o cliente e a
equipe de enfermagem é o foco do cuidado proxêmico, que acontece através da variação das
distâncias entre esses dois sujeitos, afetando as reações dos clientes. Este cuidar reafirma o
Cuidar Perto/Distante descrito por Coelho (2006), mas apresenta outras especificidades de
acordo com a distância utilizada.
“O ser humano é cercado por uma série de campos que se expandem e se contraem,
fornecendo informações de muitos tipos” (HALL, 2006, p. 143). Essas informações são
influenciadas e influenciam a todo o momento. No cotidiano do cuidar de cirurgia cardíaca
verificamos que o cuidado de enfermagem é interativo e dinâmico, como em um processo
contínuo entre a equipe de enfermagem e os clientes. As distâncias, no entanto, variam de
acordo com o cuidado realizado.
Cuidar Tacêsico
O cuidar tacêsico na cirurgia cardíaca se apresenta através do toque instrumental,
sendo utilizado nos seguintes cuidados: troca de curativos, cuidados de higiene, mudança de
decúbito, posicionamento de conforto, cuidados de alimentação, oxigenoterapia,
administração de medicamentos, entre outros.
Esse toque é técnico, objetivo, particular, rico em detalhes, que caracterizam no
cotidiano a utilizão de habilidade motora e destreza manual para que seja realizado na
medida certa, pois, o ato de tocar ou ser tocado produz impacto na reação do cliente em pós-
operatório de cirurgia cardíaca. Em alguns casos o toque é a maneira mais eficaz de se
143
comunicar, em outros pode causar dor, medo, desconfiança. O significado desse toque está
relacionado ao cuidado realizado.
O toque representa a arte de cuidar em enfermagem, pois caracteriza a intimidade, o
contato entre os corpos, a interação íntima. Incorporar o toque afetivo na prática cotidiana dos
cuidados de enfermagem em cirurgia cardíaca é necessário para atingir a essência da
enfermagem, enquanto saber e fazer profissional.
Cuidar do Ambiente de Cirurgia Cardíaca
O cuidar do ambiente de cirurgia cardíaca inclui toda a organização e planejamento
deste para torná-lo terapêutico e reafirma o Cuidar do Ambiente descrito por Coelho (2006).
Assim, incorpora a necessidade de alcançar segurança e conforto, tanto físico, quanto
emocional para o cliente. Para tal, deve contribuir para o encontro com o mesmo, a fim de
provocar respostas desejadas.
Esse cuidar se apresenta na construção de plantas físicas que conduzam para a
comunicação interpessoal, com distâncias pequenas entre o posto de enfermagem e o leito dos
clientes. Quantidade de leitos por Centro de Terapia Intensiva que permita o diálogo, a
observação das expressões faciais e dos movimentos de cabeça e pescoço, assim como posto
de enfermagem centralizado a planta física.
A iluminação natural e artificial deve ser valorizada durante o dia, mas diminuída
durante a noite. Assim como, os sons de alarmes e conversas devam ser abaixados durante a
nos períodos de sono e repouso. A temperatura deve ser dosada para evitar o frio constante,
sem afetar a manutenção dos equipamentos.
A previsão e provisão de material de consumo e permanente também fazem parte
desse tipo de cuidar em enfermagem, assim como o preparo do leito para admissão e alta
hospitalar.
144
Cuidar Cinésico
Coelho (2006) constrói esse cuidar valorizando as palavras emitidas pelos clientes como
recursos terapêuticos da enfermagem e o denominou Cuidar por Gestos e Palavras. Assim,
reafirmo esse cuidar, como forma de alcançar resultados direcionados aos sentimentos e
expressões dos clientes.
A cinésica facilita a comunicação e o entendimento das expressões, pois podem
substituir a fala, permitir regular o fluxo da conversa, estabelecer e manter a atenção e apoiar
a fala. A ausência de gestos dificulta o entendimento da fala pelo ouvinte (KNAPP e HALL,
1999).
O Cuidar Cinésico inclui o uso apropriado dos mesmos para alcançar a meta da
comunicação. Assim, o profissional da equipe de enfermagem deve atentar para a maneira que
se comunica com o cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca, evitando a utilização de
abreviações e termos técnicos e incorporando gestos e palavras que facilitem o entendimento
da mensagem emitida, a fim de alcançar os resultados dos cuidados.
Por outro lado, a compreensão da cinésica facial e corporal do cliente em pós-
operatório de cirurgia cardíaca é fundamental para identificar sentimentos e expressões, como
medo, dor, tristeza e felicidade. A identificação correta dessas emoções irá trazer respaldo
para um julgamento clínico fidedigno, que traz subsídios para o planejamento adequado ao
alcance dos resultados do cuidado. Dessa forma, os gestos e palavras concretizam a tese de
que o cuidado de enfermagem tem como núcleo a comunicação interpessoal.
Cuidar de Alerta
Esse cuidar de enfermagem é descrito por Coelho (2006) como aquele que
disponibiliza atenção para os aspectos imprevisíveis. Inicia-se na coleta de dados e alcança a
145
(re)organização de todo o ambiente. É uma espera permanente pelo que pode acontecer,
caracterizado por um aspecto “INTERconjugado” com outros profissionais da área da saúde.
Sob a ótica da comunicação interpessoal em cirurgia cardíaca, esse cuidar se apresenta
a todo o momento, pois inclui o “estado de alerta” que a equipe de enfermagem permanece
para captar o máximo de informações dos clientes e prevenir complicações no período pós-
operatório.
Os cuidados envolvidos são: atenção aos alarmes e sons contínuos de monitorização
cardíaca, respiratória e de bombas infusoras, checagem horária dos parâmetros
hemodinâmicos, manutenção do carro de reanimação devidamente equipado, entre outros, que
mantém a equipe em prontidão para resolver problemas a todo instante. Esses problemas são
detectados e resolvidos com cuidados de enfermagem, através da comunicação interpessoal.
Cuidar de Guerra
Esse cuidar emerge do confronto entre a vida e a morte e utiliza todos os recursos
disponíveis para cuidar em enfermagem. Durante o período pós-operatório de cirurgia
cardíaca, eventualmente clientes passam por situações que exigem a utilização desse cuidar
como forma de salvar vidas.
Nesse cuidar todos os esforços são disponibilizados para resolver a situação de crise
instalada. Profissionais de outras áreas do saber em saúde também atuam, como médicos e
fisioterapeutas. As técnicas de reanimação são utilizadas com cautela e objetividade e
incorporam a comunicação interpessoal.
146
Cuidar para as Quedas
As quedas são ocorrências freqüentes na área hospitalar. O cuidar para as quedas envolve
a prevenção e avaliação referente à freqüência das mesmas, a partir do planejamento de
cuidados, até a evolução de enfermagem.
Clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca podem se apresentar sedados,
anestesiados, agitados, intolerantes a atividades e fadigados. Diante desses fatores, estes
apresentam risco para quedas. O cuidar para as quedas em cirurgia cardíaca inclui,
basicamente, a manutenção das grades do leito elevadas, supervisão constante dos clientes
quanto a movimentos bruscos, principalmente quando sob desorientação no tempo e no
espaço e confusão mental.
Cuidar das Formigas
O cuidar das formigas em cirurgia cardíaca caracteriza a organização e o trabalho em
equipe do cuidado no cotidiano, que incorpora a comunicação interpessoal como núcleo. Um
cliente está sendo admitido em pós-operatório imediato por uma equipe, enquanto outra
equipe está realizando um procedimento de punção venosa profunda junto à equipe médica.
Outro cliente está recebendo cuidados de higiene. Enquanto a chefia de enfermagem conversa
com auxiliares de enfermagem sobre a organização do setor. Em outro leito, a enfermeira se
aproxima do cliente para retirar uma dúvida sobre a alta.
O elo de união entre esses cuidados evidenciam o cuidar das formigas, que organiza,
estrutura e equilibra o objetivo com o subjetivo. A comunicação interpessoal é o núcleo de
todos esses cuidados e acontece nessa maneira de cuidar ao afastar-se, aproximar-se, tocar,
conversar, movimentar o corpo, movimentar a face e ouvir.
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Cuidar dos Líquidos Corporais
Ao aproximar-se e afastar-se do leito do cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca, a
equipe de enfermagem controla de hora em hora o débito urinário. A perda excessiva de
líquidos, assim como, a retenção do mesmo, podem evidenciar complicações renais e/ou
metabólicas importantes. O balanço hídrico é realizado para mensurar o ganho e a perda dos
líquidos corporais e demonstra um cuidado que tem como núcleo a proxemia.
Através desse cuidar é possível medir, controlar, observar, anotar, comparar e acompanhar
com precisão os líquidos que entram e saem e assim (des)equilibram o organismo. A
administração dos líquidos via oral e/ou parenteral e a eliminação através de vômitos, urina,
suor, entre outras, deve ser controlada para o alcance do equilíbrio hídrico e da avaliação da
diferença entre ganho e perda (COELHO, 2006)
Cuidar Confortável
Ao preparar o ambiente, mudar o decúbito, posicionar e prestar cuidados de higiene, se
reflete nos corpos dos clientes o conforto, que é alcançado e avaliado através de aproximação
e afastamento, movimentos de face e de corpo, gestos, palavras, disponibilidade para ouvir.
Coelho (2006) afirma que o conforto é a meta a ser planejada e alcançada no cuidar de
enfermagem, tendo um significado multidimensional, que afeta o físico, psicológico, social,
espiritual ou a integração dessas dimensões.
As ações e reações do cuidar em cirurgia cardíaca se apresentam com maneiras de se
comunicar diferenciadas e específicas que compõem o cotidiano como meio para o alcance do
conforto. A comunicação é o núcleo do cuidado, e dessa forma, é a “chave” para a obtenção
do conforto.
148
Cuidar das Intercorrências
No cotidiano do cuidar de clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca, a todo o
momento, tenta-se prevenir as intercorrências que podem ocasionar complicações,
incorporando a preocupação com a identificação de parâmetros anormais, ao se aproximar e
afastar para observar freqüência cardíaca, ritmo cardíaco, pressão arterial média, débito
urinário, sangramento através dos drenos, resultados de gasometria arterial, padrão
respiratório e agitação psicomotora, ou através do toque ao verificar a temperatura corporal,
palpar abdômen e tórax e pulsos pediosos. A proxêmica, a cinésica e a tacêsica são o núcleo
desses cuidados.
Cuidar fotografado e filmado
Inclui as imagens fixas e móveis do cuidado que divulgam as maneiras de cuidar em
enfermagem de cirurgia cardíaca. Nesse estudo, as imagens apresentadas foram divulgadas
através de um DVD com as imagens móveis do cuidar e um calendário para o ano de 2008
com as imagens fixas. Esses produtos captaram o cotidiano do cuidar em enfermagem e
comprovaram que a comunicação interpessoal é o núcleo do mesmo. (APÊNDICES D e E)
As imagens fixas e móveis do cuidar em enfermagem de cirurgia cardíaca reproduzem
o infinito, permitindo ilustrar detalhes da comunicação interpessoal no cotidiano, por isso
compreendem valioso material artístico e expressam o que os olhos não conseguem ver e o
papel e a caneta não conseguem escrever.
Cuidar dos Procedimentos Invasivos
Coelho (2006), ao definir esse cuidar, consolida como procedimentos invasivos não
somente aqueles que se relacionam a presença de cateteres, mas também aqueles que invadem
a privacidade do cliente. O cuidar dos procedimentos invasivos em cirurgia cardíaca reafirma
149
o conceito descrito pela autora, considerando sob à ótica da comunicação interpessoal, que a
aproximação corporal invade o espaço do cliente.
Dessa forma, todos os cuidados de enfermagem que exigem aproximação do leito são
cuidados de procedimentos invasivos, como, banho no leito, administração de medicamentos,
ordenha de drenos, mudança de decúbito, troca de curativos, entre outros.
Cuidar Mural
Esse cuidar pode simular um lembrete chamando a atenção para um determinado fator,
seu objetivo é de advertência e de direção” (Coelho, 2005, p. 750). No dia a dia é construído
através de avisos, prevenindo e atentando para detalhes importantes do cuidar em
enfermagem.
Esse estudo traz como produto um adesivo a ser utilizado como parte do cuidar mural em
cirurgia cardíaca que lembre, atente, advirta e direcione a comunicação interpessoal como
núcleo do cuidar em enfermagem (APÊNDICE F).
Cuidar do Corpo (Semi)Morto
Este estudo reafirma esse cuidar descrito por Coelho (2006), que apresenta multiplicidade
de aspectos que envolvem a ética, a espiritualidade, o biológico, o social, o econômico e o
cultural. Trata dos cuidados de enfermagem do cliente que, diante da terapêutica médica, não
apresenta perspectivas de cura.
No entanto, esse cliente oferece uma infinidade de cuidados de enfermagem, que, por sua
vez, permanece ao seu lado, tocando, movimentando o seu corpo, o seu rosto, se afastando e
se aproximando a todo o momento. Diante dos cuidados de enfermagem realizados, esses
clientes não apresentaram reações. No entanto, foi diante desse cuidar que o toque afetivo
esteve presente, assim como gestos de carinho.
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Cuidar Dinâmico
O cuidado de enfermagem ao cliente em pós-operatório de cirurgia cardíaca apresenta-
se de forma dinâmica, rico de idas e vindas, de aproximação e afastamento, de movimentos
rápidos e lentos, de olhares, de gestos, tudo em movimento. O cuidar dinâmico é rico em
detalhes que fornecem significados diferenciados a cada situação. Esse cuidado apresenta seu
maior significado no cotidiano, por não aparecer em situações que não emergem da prática.
O cuidado não é isolado, não é único e não pode ser separado da situação cotidiana na
qual se originou, por isso é dinâmico. Cada ação e reação ao cuidado acontece com
movimentos sincronizados. O significado do cuidado apresenta coerência dentro do
contexto vivido.
O cuidado dinâmico se apresenta com a combinação de vários cuidados simultâneos,
de maior ou menor complexidade, que exigem da equipe o domínio teórico, mas
principalmente prático de saber e fazer. A cada situação surgem novas maneiras de conhecer e
praticar esse cuidado. Quanto maior a experiência do profissional que ali atua, maior a sua
capacidade de raciocínio crítico para avaliar as situações de complexidades variadas e
alcançar os resultados almejados.
Cuidar de Saída
É o cuidar da alta, que integra desde a confirmão do leito para o retorno do cliente,
contato com a família, exame físico, retirada de cateteres e eletrodos e orientações pós-alta.
Apresenta-se com maneiras de se comunicar ricas de palavras e gestos, que expressam alegria
e saudade. É o alcance da meta do cuidado na UTCIC e por isso tem sabor de “dever
cumprido”, tanto para o cliente quanto para a equipe.
151
Capítulo 7_______________________________________________________
O GUARDADOR DE REBANHOS (IX)
Sou um guardador de rebanhos
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro
Considerações Finais
152
Cuidar em Enfermagem de Cirurgia Cardíaca é aplicar conhecimentos científicos no
dia-a-dia, associados à emoção e sensibilidade para executar cuidados de enfermagem. Estes
se apresentam com maneiras particulares e específicas, que se inter-relacionam a todo o
momento, misturando subjetividade com objetividade e inventando, a cada ocasião, uma nova
fórmula de saberes e fazeres, rica em ingredientes e que tem como matéria prima o ser
humano.
A partir dessa matéria prima, este estudo evidenciou que a comunicação interpessoal é
o núcleo do cuidado de enfermagem e ocasiona reações em clientes em pós-operatório de
cirurgia cardíaca.
Iluminado pelos conceitos de Watson (1981, 1988), Coelho (1999, 2006, 2007) e Silva
(2003) e partindo da etnometodologia, comprovou que a Enfermagem se apresenta no
cotidiano de forma interpessoal, detalhista, particular e específica. Para tal, utilizou a
observação sistemática, com registros em diário de campo, entrevistas livres e captação de
imagens móveis e fixas do cuidar em enfermagem em cirurgia cardíaca, que o divulgou sob
variados ângulos, ampliando a visibilidade e oferecendo cientificidade aos cuidados.
Os tipos de comunicação interpessoal foram apresentados de forma holística, visando
apreender todos os fatores que se comunicam verbalmente e de forma não-verbal. As
características físicas representam a expressão mais pura da comunicação do cliente. Assim,
estas falam em silêncio, se o cliente está sedado, se é idoso ou jovem, mulher ou homem,
quanto tempo têm de pós-operatório, que tipo de cirurgia foi realizada, se está grave ou se está
de alta. É a primeira expressão do cliente, é a primeira expressão do cuidado.
Os fatores do meio ambiente da cirurgia cardíaca influenciam o cotidiano,
incorporando clientes, enfermeiros, auxiliares e cnicos de enfermagem, médicos,
fisioterapeutas, familiares, espaços vazios, paredes, divisórias, temperatura, ruídos,
iluminação, bombas infusoras, ventiladores, monitores, armários, fotografias de clientes e
153
familiares, amuletos de sorte, televisões, rádios, entre outros materiais que afastam e
aproximam o cliente continua e dinamicamente. Esse ambiente é fator determinante da
comunicação interpessoal e, dessa forma, também determina o cuidado de enfermagem.
Assim sendo, quando a comunicação interpessoal acontece a partir de afastamento do leito, o
cuidado de enfermagem também acontece à distância do cliente.
Os tipos de comunicação apresentados foram a proxemia, a cinésica, a comunicação
verbal, a tacêsica, os ruídos e a paralinguagem. O cuidado de enfermagem tem como núcleo a
comunicação interpessoal, mais precisamente através da proxemia. Foi através da
aproximação e da distância que os cuidados de enfermagem em cirurgia cardíaca se
pronunciaram ou ficaram em silêncio. A proxemia foi classificada a distâncias íntimas,
pessoais, sociais e públicas. Os ruídos se apresentaram com vários tons, representando as
conversas à beira do leito, os alarmes, o soar dos telefones, as risadas, o rádio e a televisão. O
tocar teve relevância para os cuidados e comprovou que, em cirurgia cardíaca, o toque
instrumental é prioritário e habilidoso. A cinésica foi apresentada através da postura e da face
e representou a linguagem corporal do cliente. A paralinguagem foi representada pela
maneira como clientes, auxiliares de enfermagem e enfermeiros falaram, agrupando as
palavras a sentimentos que caracterizaram personalidade e atitude. A comunicação verbal
também faz parte do cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca e reúne as palavras
expressas por meio da linguagem falada e escrita.
As reações do cliente ao cuidado de enfermagem em cirurgia cardíaca foram
decodificadas e evidenciadas. Houve predominância das reações expressas na cabeça e
pescoço, referentes principalmente ao movimento em direção a um membro da equipe de
enfermagem que realizava o cuidado. Quanto maior o tempo de pós-operatório, maior a
freqüência das reações, ou seja, quanto menor o efeito do anestésico, maior a comunicação do
154
cliente. Assim, a análise das reações decifrou emoções de surpresa/desconfiança,
medo/ansiedade, dor, tristeza e felicidade.
Os cuidados de enfermagem são essencialmente realizados através da aproximação do
cliente, mas são supervisionados, planejados, organizados, sistematizados e registrados
através do afastamento do cliente. Portanto, a comunicação interpessoal é núcleo do cuidado
de enfermagem em cirurgia cardíaca, pois une afastamento e aproximão em um processo
que solidifica dinamismo e continuidade a Enfermagem, tornando evidente a união entre a
subjetividade e objetividade que suscita pensamento crítico, intuição, sensibilidade,
criatividade, habilidade e documentação.
A cinésica corporal e facial representaram a linguagem do cliente que expressou suas
emoções ao cuidado realizado. Assim, mesmo sem perceber, estes emitiam mensagens a todo
o momento. Estas inventavam e reinventavam dados subjetivos do histórico de enfermagem e
ajeitam a semiologia silenciosa do corpo, sendo preciosa ferramenta para a elaboração do
processo de enfermagem.
Foi comprovado que o núcleo do cuidar em cirurgia cardíaca é a comunicação
interpessoal. Este foi abraçado por maneiras diferentes e particulares de fazer Enfermagem no
dia a dia, que expressam reações, que, por sua vez, geram cuidados, que ocasionam outras
reações... E, assim, é o processo de cuidar em enfermagem de cirurgia cardíaca.
Da consolidação das reações ao cuidado de enfermagem emergiram três produtos que
materializam as reações dos cuidados de enfermagem recebidos na UTCIC pelos clientes
hospitalizados: um filme em DVD (APÊNDICE D), um calendário para o ano de 2008
(APÊNDICE E) e um adesivo (APÊNDICE F). Os resultados evidenciados, decifrados e
codificados foram a base para a construção desses produtos que oferecem visibilidade à tese,
sendo a conexão da teoria com a prática de enfermagem, com o intuito de levar o saber para o
fazer em Enfermagem.
155
A construção do calendário partiu da coleta de dados, quando foram captadas as
imagens visuais fixas do cuidar de enfermagem em cirurgia cardíaca sob a ótica da
comunicação interpessoal. Para essa fase, a escolha da máquina fotográfica foi fator
fundamental, pois as imagens necessitavam de alta resolução para que pudessem ser
impressas com maior nitidez. Contei com o auxílio de fotógrafos para a indicação de uma
máquina fotográfica que fosse recomendada para tal estudo.
Outro fator imprescindível para essa fase foi à autorização dos participantes do estudo
para a captação de imagens. Isso foi possível após a explicação sobre o objeto de estudo, sua
relevância e a importância da participação dos clientes e da equipe de enfermagem para a
evolução do saber em enfermagem. Então, através da assinatura do consentimento livre e
esclarecido foi possível a participação dos sujeitos do estudo. Para os clientes idosos
necessitei da autorização também dos familiares. Todos os sujeitos assinaram e também duas
testemunhas que acompanharam as explicações sobre a informação e a autorização dos
mesmos.
Após a captação das imagens do cuidar foi possível selecionar as que identificavam os
tipos de comunicação interpessoal, descreviam as reões ao cuidado e analisavam a
especificidade do cuidar em cirurgia cardíaca. Então, foram selecionadas 18 fotos para
exposição no calendário que expressavam as emoções e reações dos clientes em pós-
operatório de cirurgia cardíaca. Com o apoio de um designer, foi possível projetar
graficamente e editorar um calendário para o ano de 2008, que será encaminhado para
unidades de ensino, assistência e pesquisa em Enfermagem para divulgação.
A constituição do DVD, assim como a do calendário, se iniciou a partir da filmagem
dos clientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Para tal, foi necessária a escolha de uma
câmera digital e o consentimento livre e esclarecido dos clientes.
156
A edição das imagens foi realizada a partir da seleção das imagens que atendessem ao
objeto de estudo e caracterizasse a comunicação interpessoal como núcleo do cuidar de
enfermagem em cirurgia cardíaca. Contei com o auxílio de um profissional da área
comunicação, especialista em imagens para a edição das mesmas.
Após a seleção e edição das imagens o DVD ficou pronto com vinte e nove minutos e
21 segundos. Este, está disponível para visualização junto com a tese nas bibliotecas da
Escola de Enfermagem Anna Nery, Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Instituto
Nacional de Cardiologia Laranjeiras, Biblioteca do Centro de Ciências da saúde, CEPEN
Nacional, e CEPEG.
O adesivo é a materialização de um tipo de cuidar denominado por Coelho (1999),
como Cuidar Mural. Ele foi construído a partir dos tipos de comunicação interpessoal, das
reações ao cuidado e da análise do cuidar específico e particular realizado em cirurgia
cardíaca.
Para chamar a atenção da equipe de enfermagem para a comunicação interpessoal,
partindo do princípio que esta é o núcleo do cuidado de enfermagem, o adesivo comunica,
informa, atenta e torna visível essa tese, com os seguintes dizeres: ouça atentamente, olhe nos
olhos, permaneça de frente para o cliente ao falar, verifique diminuição da acuidade auditiva e
visual, dedique especial atenção a idosos, vigie as expressões faciais, observe as reações
corporais ao cuidado e não permita que os ruídos sejam rotineiros.
O adesivo, assim como o DVD e o calendário foram registrados no Escritório de
Direitos Autorais do Rio de Janeiro.
Esse estudo limita-se à identificação dos tipos de comunicação interpessoal, descrição
das reações ao cuidado e a análise da especificidade do cuidar em cirurgia cardíaca. Sugere-se
a identificação das reações ao cuidado e a análise da tipologia do cuidar em outras áreas do
Saber da Enfermagem.
157
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168
Apêndices
169
APÊNDICE A: Roteiro de Observação Sistemática
IDENTIFICAÇÃO
CLIENTE: .................................................................................SEXO: ......................................
CIRURGIA: .................................................................................................................................
IDADE: ........................................................................................................................................
A- CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
B - FATORES AMBIENTAIS:
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
C - REGISTRO
APÊNDICE B: Codificação da Comunicação Interpessoal
170
COMUNICAÇÃO VERBAL (CV) : palavras expressas, por meio da linguagem escrita ou
falada.
1. CLARIFICAÇÃO (CV1)
Estimula comparações;
Devolve as perguntas feitas
Solicita esclarecimento
2. EXPRESSÃO (CV2)
Permanece em silêncio
Verbaliza aceitação
Repete as últimas palavras ditas pela pessoa
Verbaliza interesse
3. VALIDAÇÃO (CV3)
Repete a mensagem dita
Pede a pessoa para repetir o que foi dito
FORMAS AMBÍGUAS DE COMUNICAÇÃO VERBAL:
4. ORDEM (CV4)
5. AMEAÇA (CV5)
6. LIÇÃO DE MORAL (CV6)
7. SUGESTÃO (CV7)
8. NEGAÇÃO DA PERCEPÇÃO (CV8)
9. FALSO APOIO (CV9)
10. FUGA DO PROBLEMA (CV10)
11. CRÍTICA (CV 11)
12. ELOGIO X MANIPULAÇÃO (CV 12)
13. PERGUNTAS (CV 13)
14. MENSAGENS CONTRADITÓRIAS (CV 14)
NÃO SABER OUVIR (CV14A)
USO DE LINGUAGEM INACESSÍVEL (CV14B)
COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL (CNV): informações obtidas por meio de gestos,
posturas, expressões faciais, orientações do corpo, singularidades somáticas naturais ou
artificiais, organização dos objetos no espaço e até por relação de distância mantida entre os
indivíduos.
171
1. PARALINGUAGEM (CNV-1): O JEITO COMO FALAMOS
a. Lexical: possuem significado próprio. (CNV- 1A)
b. Descritivo: ilustram a fala. (CNV 1B)
c. Reforçadores: tom de voz. (CNV -1C)
d. Embelezadores: amacia a voz. (CNV -1D)
e. Acidentais: acontece por acaso durante a fala. (CNV -1E)
f. Outras formas de comunicação não descritas. (CNV -1F)
2. CINÉSICA (CNV -2): A LINGUAGEM DO CORPO
a. Emblemáticos: são gestos culturais. (CNV- 2 A)
b. Reguladores: são gestos aprendidos por imitação .(CNV -2B)
c. Manifestações afetivas: configurações faciais que assinalam estados afetivos.
(CNV- 2C)
d. Adaptadores: partes do corpo que usamos para expressar sentimentos. (CNV -
2D)
e. O rosto: sinais rápidos (CNV -2E)
- movimento do rosto/tônus muscular CNV -2E ( / / / )
- coloração CNV-2E ( CIANOSE HIPEREMIA PALIDEZ)
- suor CNV -2E ( )
f. O olhar
- Abre os olhos CNV-2F
- .Fecha os olhos CNV-2F *
- Pisca os olhos CNV -2F**
g. Postura corporal
- ombros CNV -2G ([] fechado / ∩ aberto)
- corpo - CNV -2G (║ frente a frente/ ╩ inclusiva/ ╬ congruência )
3. PROXÊMICA: A DISTÂNCIA ENTRE AS PESSOAS (CNV -3)
a. distância do toque a 45 cm (CNV-3A / ♥)
b. distância de 45 a 125 cm (CNV-3B /♫ )
c. distância de 125 a 360 cm (CNV-3C / ♣)
d. distância acima de 360 cm (CNV-3D/ ♪)
4. TACÊSICA: O TOCAR (CNV-4)
a. duração do toque em minutos CNV-4A/ ΔT = TEMPO EM MINUTOS
172
b. localização descrição anatômica CNV-4B/DESCRIÇÃO ANATÔMICA
c. ação AÇÃO (CNV-4 ≥ RÁPIDO); (CNV-4 ≤ LENTO)
d. Intensidade (CNV -4D/ESCALA DE 1 A 4)
- 0 = ausente
- 1 = leve pressão
- 2 = pressão moderada
- 3 = pressão forte
- 4 = pressão muito forte
e. Freqüência CNV-4E Δ f = quantidade de vezes que o paciente foi tocado
f. Tipo (CNV -4F)
- Instrumental: (CNV-4F √ )
- Expressivo/afetivo: (CNV-4F ♥ )
- Terapêutico: (CNV -4F ☼ )
REAÇÕES HEMODINÂMICAS:
1. Pressão Arterial: PA (↑↓↔)
↑ elevação (para cada 10 mm Hg)
↓ diminuição (para cada 10 mmHg)
↔ sem alteração (- de 10 mm Hg)
2. Frequência Cardíaca: FC (↑↓↔)
↑ elevação (para cada 05 bpm)
↓ diminuição (para cada 05 bpm)
↔ sem alteração (- de 05 bpm)
APÊNDICE C: Termos de Consentimento Livre e Esclarecido
173
TERMO DE CONSENTIMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Após ter sido devidamente informado e esclarecido de todos os aspectos que
envolvem a presente pesquisa, tendo sido garantido o anonimato, dou meu consentimento de
participação, tendo a clareza dos benefícios, assim como do direito que tenho de me retirar
e/ou de me recusar a participar ou de ser fotografado ou filmado caso seja a minha decisão.
Assim, autorizo a utilização das minhas imagens, como fotografias e filmagens referentes à
pesquisa.
Data:
Assinatura:
Assinatura das Testemunhas:
1-
2-
TERMO DE CONSENTIMENTO DOS CLIENTES
Após ter sido devidamente informado e esclarecido de todos os aspectos que
envolvem a presente pesquisa, tendo sido garantido o anonimato, dou meu consentimento de
174
participação, tendo a clareza dos benefícios, assim como do direito que tenho de me retirar
e/ou de me recusar a participar ou de ser fotografado ou filmado, caso seja a minha decisão.
Assim, autorizo a utilização das minhas imagens, como fotografias e filmagens referentes à
pesquisa.
Data:
Assinatura:
Assinatura das Testemunhas:
1-
2-
CARTA DE INFORMAÇÃO A EQUIPE DE ENFERMAGEM
1ª VIA DO ENFERMEIRO
2ª VIA DA PESQUISADORA
Prezado enfermeiro do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras,
175
Estou realizando um estudo que faz parte do Curso de Doutorado na Escola de
Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre a comunicação
interpessoal com clientes no período pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Pretendo com este estudo descrever a interação com clientes e perceber de que forma
esta pode influenciar no quadro clínico dos mesmos.
Para este fim será realizada observação sistemática das atividades cotidianas
vivenciadas na prática e entrevistas. Utilizarei a fotografia e a filmagem para registrar fatos
relevantes, sem que sejam identificados os sujeitos.
Todas as informações e benefícios que forem levantados com o estudo serão
divulgados, esclarecidos e analisados.
Esclareço que a qualquer momento poderá recusar-se a participar do estudo. Ressalto
que em nenhum momento identificarei os sujeitos da pesquisa. Os custos deste estudo são de
responsabilidade da pesquisadora.
Declaro que todas as informações descritas acima são verdadeiras.
Rio de Janeiro, __de____________de_______.
Enf. Ana Carla Dantas Cavalcanti; Email: [email protected]
Telefone: 32717073
Professora Orientadora: Profª Drª Maria José Coelho
Ciente e de acordo,__________________________
Recebi 1ª via deste documento em___________
CARTA DE INFORMAÇÃO AO CLIENTE
1ª VIA DO ENFERMEIRO
2ª VIA DA PESQUISADORA
Prezado cliente do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras,
176
Estou realizando um estudo que faz parte do Curso de Doutorado na Escola de
Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre a comunicação
interpessoal com clientes no período pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Pretendo com este estudo descrever a interação com clientes e perceber de que forma
esta pode influenciar no quadro clínico dos mesmos.
Para este fim será realizada observação das atividades cotidianas vivenciadas na
prática e entrevistas. Utilizarei a fotografia e a filmagem para registrar fatos relevantes, sem
que sejam identificados os sujeitos.
Todas as informações e benefícios que forem levantados com o estudo serão
divulgados, esclarecidos e analisados.
Esclareço que a qualquer momento poderá recusar-se a participar do estudo. Ressalto
que em nenhum momento identificarei os sujeitos da pesquisa. Os custos deste estudo são de
responsabilidade da pesquisadora.
Declaro que todas as informações descritas acima são verdadeiras.
Rio de Janeiro, __de____________de_______.
Enf. Ana Carla Dantas Cavalcanti; Email: [email protected]
Telefone: 32717073
Professora Orientadora: Profª Drª Maria José Coelho
Ciente e de acordo,__________________________
Recebi 1ª via deste documento em______________
CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Estou realizando um estudo em nível de pós-graduação Strictu Sensu-Doutorado em
enfermagem, na Escola de Enfermagem Anna Nery/Universidade Federal do Rio de Janeiro,
sobre a interação entre enfermeiros e clientes no período pós-operatório de cirurgia cardíaca.
177
Para este fim utilizarei para a coleta de dados a observação sistemática e entrevista e
contarei com o auxílio de câmara fotográfica e de vídeo para captar os detalhes do fenômeno
investigado.
Todas as informações e benefícios que forem levantados com o estudo serão
divulgados, esclarecidos e analisados.
Esclareço que a qualquer momento os sujeitos (clientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca) terão o direito de se recusar a participar do estudo. Ressalto que em nenhum
momento estes serão identificados, bem como será garantido o sigilo de todas as informações
prestadas, assim como as exigências preconizadas na Resolução n. 196/96, publicada pelo
Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, sobre pesquisas envolvendo seres
humanos.
Os custos da pesquisa ficarão sob inteira responsabilidade da pesquisadora, sem
prejuízo para os sujeitos desta.
Declaro que todas as informações descritas acima são verdadeiras.
Rio de Janeiro, 02 de maio de 2006
Enfermeira Ana Carla Dantas Cavalcanti
[email protected]/ tel:32717073
Professora Orientadora: Drª Maria José Coelho
Ciente e de acordo:
APÊNDICE D: CALENDÁRIO ANO 2008 frente/verso
178
APÊNDICE E: Adesivo
179
180
Anexos
181
Anexo 01: Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
182
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