alcançado em Cristo, começando desde agora, seria impossível de ser realizado caso
continuassem insistindo em se tornarem judeus, através da circuncisão e obediência
aos preceitos mosaicos, e que deveriam se entregar à gratuita graça de Cristo. Há
que se concordar que o benefício da salvação, libertação, vida no Espírito, ou demais
proveitos que a graça de Cristo oferece para aquele que crê nele, não se concretiza
na lei, pelo contrário, a sua observância como forma de alcançar alguma vantagem só
afasta o crente ou o separa de Cristo e de sua graça salvífica.
A frase toda, como aparece na Bíblia Tradução Ecumênica (1994, p. 2260), em
Gl 5, 2, é: “se vos fizerdes circundar, Cristo de nada vos servirá”. O que significa,
segundo Barbaglio (1991, p. 97), que atribuir função salvífica à lei e à circuncisão é o
mesmo que rejeitar a exclusividade de Jesus como salvador, excluindo o sistema da
gratuidade e do dom, e substituindo-os pelo do esforço e devida recompensa. Pois,
se alguém pudesse obter o perdão dos pecados e a vida eterna mediante os
seus próprios esforços, com que finalidade Cristo teria nascido? Qual teria
sido o propósito de seus sofrimentos e de sua morte e ressurreição, e sua
vitória sobre o pecado, sobre a morte e sobre o diabo, se os homens podem
vencer esses males pelos seus próprios esforços? A língua não pode
expressar, e nem o coração conceber que terrível coisa é fazer de Cristo uma
coisa inútil (LUTERO apud CHAMPLIN, 1999, p. 498).
Champlin (1999, p. 499) afirma que com a palavra “testifico” (Gl 5, 3), no grego
ático, o verbo comumente utilizado subtendia a chamada de testemunhas para
testificarem sobre algo, e Paulo, dessa forma, estava levando seu testemunho ao
tribunal, onde a graça divina estava para ser negada. Sendo assim, entende-se que o
tempo presente dos verbos neste versículo indicava que a advertência feita contra a
introdução sistemática e a prática legalista contínua já era característica, desde algum
tempo, das comunidades cristãs da Galácia. Assim, esse verso define como Jesus
Cristo pode beneficiar somente aquele que não se põe sob o jugo da lei. Quem assim
fizer, tornar-se-á devedor à lei inteira, ficando sujeito à sua maldição, não podendo
obter a benção da vida eterna, que é prometida; e, ao mesmo tempo, visto ter se
afastado da graça de Deus, não consegue obter a vida prometida pela graça divina,
mediante a atuação do Espírito Santo sobre a alma da pessoa.
A palavra: “obrigado”, como aparece em Gl 5, 3, significa que se circuncidar
obrigava o circunciso a observar a Lei judaica na sua totalidade, o que Paulo sabia
ser impossível pela própria experiência (DRANE, 1982, p. 53). Assim, optando pela lei
e se tornando legalistas os gálatas ficavam em dívida com a lei tendo que atender
todos os seus preceitos e novamente voltariam à escravidão. Se já tinham se