Hirsch, alguns anos depois, também protagonizaria uma
renovação, ainda mais radical, na editora Civilização Brasi-
leira, como vimos. Quando chegou à José Olympio, a “Casa”
(como a editora era chamada pelos escritores) já tinha con-
quistado sua sede própria, no bairro de Botafogo, na cidade
do Rio de Janeiro, inaugurada em novembro de 1964.
Um dos principais capistas da Casa, a partir de 1967
(quando Hirsch estava na Espanha), foi Gian Calvi, ilustrador
e designer, sócio de Marius Lauritzen Bern no Estúdio Gráfico.
Calvi nasceu na Itália, em Bérgamo, e radicou-se no Brasil em
1949. O trabalho de Gian como capista está entre os mais inte-
ressantes da década de 1960, e em alguns momentos se difere
do trabalho de Hirsch, utilizando-se de uma construção mais
organizada e de uma composição tipográfica mais discreta.
Como exemplos desse tratamento temos o projeto gráfico para
algumas edições do autor escocês A. J. Cronin e para a Coleção
Cadeira de Balanço, composta por romances de crime e suspense
(figuras 96 e 97). Nessas últimas a tipografia varia pouquíssimo,
deixando o destaque para as colagens e fotos em alto contraste
que, aliadas a cores fortes em matizes saturados, garantem
o impacto visual.
Em matéria da revista Realidade, em 1967, o editor Geraldo
Pereira, filho de José Olympio, credita Gian como um dos res-
ponsáveis pelo sucesso de dois lançamentos da José Olympio
naquele ano, e afirma que “uma boa capa não promove, mas
uma capa ruim encalha um livro”. Ainda segundo a revista,
Pereira também achava que Eugênio Hirsch foi um marco na
indústria editorial brasileira. Entretanto, explica que a José
Olympio “não faz questão de marcar a editora, mas sim o livro,
individualmente” (REALIDADE, 1967, p. 12).
Embora não fizesse questão de marcar um estilo único,
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