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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
ALETHÉIA PETERS PAVAN
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E TOMADA DE DECISÃO EM IDOSOS
PARTICIPANTES DE GRUPOS SOCIOTERÁPICOS DA CIDADE DE ARROIO DO
MEIO, RS/BRASIL
PORTO ALEGRE
2008
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ALETHÉIA PETERS PAVAN
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E TOMADA DE DECISÃO EM IDOSOS
PARTICIPANTES DE GRUPOS SOCIOTERÁPICOS DA CIDADE DE ARROIO DO
MEIO, RS/BRASIL
Dissertação (Mestrado) apresentada ao
Instituto de Geriatria e Gerontologia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Gerontologia
Biodica.
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Goldim
PORTO ALEGRE
2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P337a Pavan, Alethéia Peters
Avaliação da qualidade de vida e tomada de decisão em
idosos participantes de grupos socioterápicos da cidade de
Arroio do Meio, RS/Brasil / Alethéia Peters Pavan. - Porto
Alegre, 2008.
56 f. : il.
Dissertação (Mestrado) – Instituto de Geriatria e
Gerontologia, PUCRS, 2008.
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Goldim.
1. Geriatria. 2. Envelhecimento – Aspectos Sociais. 3.
Idoso – Qualidade de Vida. 4. Envelhecimento – Aspectos
Psicológicos. I. Título. II. Goldim, José Roberto.
CDD 618.97
Bibliotecária Responsável: Deisi Hauenstein CRB 10/1479
ALETHÉIA PETERS PAVAN
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E TOMADA DE DECISÃO EM IDOSOS
PARTICIPANTES DE GRUPOS SOCIOTERÁPICOS DA CIDADE DE ARROIO DO
MEIO, RS/BRASIL
Dissertação (Mestrado) apresentada ao
Instituto de Geriatria e Gerontologia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Gerontologia
Biodica.
APROVADA PELA BANCA EXAMINADORA
Porto alegre, de de 2008.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Goldim
________________________________________________
Profa. Dra. Marion Creutzberg
________________________________________________
Prof. Dr. Rodolfo Herberto Schneider
AGRADECIMENTOS
"A gratidão é o único tesouro dos humildes".
Shakespeare
Agradeço, antes de tudo, a Deus. Ele me faz ter fé no ser humano e, por isso, me
motiva a buscar subsídios que convençam o Homem de que o conhecimento tecnológico deve
servir de forma Ética e Humanitária aos seres humanos.
Obrigada,
Ao Prof. Dr. Jo Roberto Goldim, pelo mérito de ter me apresentado ao universo
fascinante da Bioética, com suas aulas dinâmicas e imprevisíveis e, posteriormente, ao
incentivo durante a orientação deste trabalho.
Definitivamente, nada sou sem a base lida e consistente que encontro em minha
família, especialmente, minha mãe e meu noivo, plenos de incentivo e carinho comigo.
Aos funcionários do IGG, Paulo, Mônica e Cleitiane, que, desempenhando seu
trabalho com uma dose extra de paciência, simplificam as burocracias e facilitam a vida dos
alunos.
Aquelas pessoas que não citei mas que sabem da importância, pontual ou definitiva,
que exercem em minha caminhada.
Dedico o apenas essa dissertação, mas todo meu
esforço, determinação e orgulho, a minha mãe, Roseli. Não
palavras suficientes pra agradecer, mas uma vida para
retribuir tudo que sempre fostes para mim.
RESUMO
Introdução: O processo de envelhecimento ocorre de forma diferenciada em cada
pessoa. Mundialmente, percebemos um aumento no número e na expectativa de vida dos
idosos. O Brasil, até o ano de 2025, será o sexto país com maior número de idosos no mundo.
Essa revolão demográfica representa um dos maiores desafios sociais da história, e realça a
necessidade de poticas blicas para gerenciamento e abordagem dessa nova realidade.
Objetivos: Avaliar os domínios da qualidade de vida (WHOQOL-OLD) e a capacidade de
tomada de decisão (Questionário de Avaliação do Desenvolvimento Psicológico Moral) de
idosos que participam de Grupos Socioterápicos (Grupos de idosos) da cidade de Arroio do
Meio, RS. Métodos: Estudo caracterizado como transversal, observacional, descritivo,
realizado em indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos, moradores
da cidade de Arroio do Meio. Os participantes freqüentavam os Grupos Socioterápicos,
consentiram sua participação assinando o termo de consentimento e, por meio de entrevistas
auto-aplicadas assistidas, responderam aos questionários. Resultados: A amostra deste estudo
foi composta por 133 idosos, com idades que variaram de 60 a 89 anos, com média de
69,02+6,5 anos de idade; desta amostra, 81(60,9%) idosos eram do sexo feminino e 52
(39,1%) do sexo masculino. A escolaridade dos participantes foi: 95(71,42) idosos não
completaram o grau, 31(23,30%) possuem o 1º grau completo, um idoso completou o
grau, três idosos não completaram o 2º grau e três são analfabetos. Na avaliação dos donios
do WHOQOL-OLD, Funcionamento dos sentidos obteve dia de 42,14+11,85; Autonomia
de 38,68+16,76; Atividades passadas, presentes e futuras 49+16,77; Participação social
alcançou a média de 68,93+18,06; Morte e morrer atingiu 27,88+17,24; o domínio Intimidade
alcançou 69,12+23,52. O escore geral foi de 49,29+6,88. O desenvolvimento Psicológico-
Moral dos participantes predominou nas fases Conscienciosa e Autônoma. A média foi de 4,4
, situando-os na fase Conscienciosa. Conclusão: Os idosos de Arroio do Meio apresentam-se
satisfeitos com a capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos e pessoais e com a
participação social na comunidade. Apresentaram um escore global de qualidade de vida
baixo, mas são completamente capazes de tomar decisões em seu melhor interesse.
Palavras-chave: Idosos. Qualidade de Vida. Tomada de Decisão.
ABSTRACT
Introduction: The aging process occurs in different ways in each person. The
increases in the life expectancy levels are evident worldwide. Until the year 2025 Brazil will
be the sixth country with the largest number of elderly in the world. The demographic
revolution represents one of the greatest social challenges of History and enhances the need
for public policies for management and approach of such new reality. Goals: To evaluate the
domains of quality of life (WHOQOL-OLD) and the ability of decision making
(Questionnaire for Evaluation of the Moral and Psychological Development) of the elderly
that take part of the socio-therapeutic groups of the town of Arroio do Meio/RS, Brazil.
Method: The study is described as transversal, observative, descriptive, developed among
individuals aged of 60 years or more, from both male and female genders, living in the town
of Arroio do Meio. The participants had to be members of the socio-therapeutic groups and
formally agree to participate through the signature of the Informed Consent and guided
interviews and the response of questionnaires that evaluate the domains of quality of life and
decision making. Results: The sample os this study was formed by 133 elderly, aged between
60 and 89 years (average 69.02 + 6,5 years old). 81 (60.9%) female and 52 (39.1%) male. The
educational level of the participants was: 95 (71.42%) of them did not have complete the
basic education program and three of them haven't even learned how to read and write. In the
evaluation of the WHOQOL-OLD criteria, the average well function of the senses was of
42.14 + 11.85; autonomy 38.68 + 16.76; past, present and future activities 49 + 16.77; social
participation 68.93 + 18.06; death and dying 27.88 + 17.24; intimacy 69.12 + 23.52. The
general score was of 49.29 + 6.88. The psycho-moral development of the participants was
stronger among the phases of awareness and autonomy. The average was of 4.4, being placed
in the phase of awareness. Conclusion: The elderly from Arroio do Meio are satisfied with
the ability of establishing intimate and personal relationships and with social participation in
the community. They have low global score on quality of life, but are totally capable of taking
their own decisions.
Key-words: Elderly. Quality of Life. Decision Make.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CFP Conselho Federal de Psicologia
ILPIs Instituições de Longa Permanência para Idosos
OAB Ordem dos Advogados do Brasil
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
WHO World Health Organization
WHOQOL
World Health Organization Quality of Life
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Pessoas com idade acima de 60 anos em países com mais de 100 milhões de
habitantes no ano de 2002 .................................................................................................... 15
Quadro 2 Classificação das fases de desenvolvimento psicológico-moral de acordo com a
dia dos valores obtidos utilizando o instrumento de Souza............................................... 30
Quadro 3 Escores médios e variabilidade dos seis donios do WHOQOL-OLD em uma
amostra de 132 idosos de Arroio do Meio/Brasil. ................................................................. 32
Quadro 4 – Distribuição dos 123 participantes da amostra quanto as fases de desenvolvimento
psicológico-moral ................................................................................................................ 34
Quadro 5 Comparação entre os Domínios do WHOQOL-OLD, respectivamente, da amostra
dos Idosos de Erechim (n=670) e dos Idosos de Arroio do Meio (n=132), RS ...................... 38
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 10
2 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................... 14
2.1 ENVELHECIMENTO.................................................................................................... 14
2.2 QUALIDADE DE VIDA................................................................................................ 18
2.3 TOMADA DE DECISÃO E VULNERABILIDADE ...................................................... 21
2.4 OBJETIVOS .................................................................................................................. 26
2.4.1 Objetivo geral.......................................................................................................... 266
2.4.2 Objetivos específicos................................................................................................ 266
3 MÉTODOS...................................................................................................................... 27
3.1 DELINEMENTO E PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE PESQUISA ............................. 27
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA......................................................................................... 27
3.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS.................................................................................. 28
3.3.1 WHOQUOL – OLD .................................................................................................. 28
3.3.2 Instrumento de Desenvolvimento Psicológico-Moral............................................... 29
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 32
4.1 AVALIAÇÃO DOS DOMÍNIOS DO WHOQOL-OLD .................................................. 32
4.2 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO-MORAL DA AMOSTRA 34
5 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 36
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 42
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 45
ANEXO A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................... 51
ANEXO B - QUESTIONÁRIO WHOQOL-OLD ............................................................ 52
ANEXO C - INSTRUMENTO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO-MORAL..... 56
10
1 INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento, seja em sua dimensão física e funcional (geriatria),
seja em seus aspectos multidisciplinares (gerontologia), ocorre de forma diferenciada em cada
pessoa. Na busca por uma leitura a partir de suas múltiplas dimensões, tais como física,
mental e social, potica, econômica, histórica e cultural
1-2
, não encontramos na literatura
especializada uma definição consensual acerca da velhice. Nossa pergunta motivadora, então,
é: afinal, o que significa envelhecer?
Até o ano de 2025, o Brasil seo sexto país com o maior número de pessoas idosas
no mundo. Dados estatísticos apontam para o aumento considerável do número de idosos
também em muitas outras partes do mundo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000, no Brasil, esta faixa etária é representada por
14,5 milhões de pessoas, representando 8,6% da população total do país. Este contundente
padrão estatístico de crescimento se torna mais visível quando constatamos que, numa
década, o número de idosos no Brasil cresceu 17% (em 1991, correspondia a 7,3% da
população).
Além do aumento no número de idosos, também há aumento da expectativa de vida.
Atualmente, ela é de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se
que em 2020 a população com mais de 60 anos no país deva chegar a 30 milhões de pessoas
(13% do total), e a expectativa de vida a 70,3 anos. O que difere o Brasil, um país em
desenvolvimento, de países já desenvolvidos é que estes últimos adaptaram-se durante
décadas ao crescente número de idosos.
Os dados acima encorajam uma reflexão motivada pela preocupação com a garantia
aos idosos o apenas de maior longevidade, mas de bem-estar, felicidade, qualidade de vida
e satisfação pessoal.
3
O foco da presente pesquisa junto aos grupos de idosos, elemento
essencial da presente pesquisa, se justifica como sendo uma ferramenta em busca das
situações cotidianas que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas que chegam à
terceira idade. O convívio entre os idosos em ambientes onde estes possam desenvolver
atividades pertinentes ao desenvolvimento sico e intelectual, deve ser incentivado como uma
forma de mantê-lo ativo, participante da sociedade e, em última análise, feliz.
11
Pesquisar acerca dos donios que contribuem para que o idoso tenha maior qualidade
de vida pode desmistificar algumas falsas dicotomias, como aquelas que colocam a saúde
como determinante para a qualidade de vida nesta faixa etária ou a idéia de que o idoso é
vulnevel e, por conseqüência, incapaz de auto governar-se. Precisamos desvincular as
perdas físicas das cognitivas. É necessário valorizar os ganhos positivos da idade, como a
sabedoria e experiência.
Uma mudança demográfica contundente, como esta, formula aos especialistas, às
pessoas públicas e às coletividades um dos maiores desafios sociais da história e uma intensa
demanda por estudos e análises para uma melhor definição de políticas públicas de saúde no
envelhecimento, visto que os avaos científicos e técnicos acenam ao ser humano com a
possibilidade factível do alcance dos 110 ou mesmo 120 anos de vida uma expectativa que
corresponderia aos limites biológicos – ainda nesse século.
2
O ano de 2025 deve marcar o início da época em que as pessoas nascidas no s-
guerra estarão na faixa de 65 a 80 anos. Esse fenômeno terá, indubitavelmente, conseqüências
sociais relevantes.
4
Diante de tal previsão, entendemos a necessidade do surgimento de
profissionais no campo da bioética, comprometidos com o estudo e administração responsável
da vida humana, realçando a necessidade de ampliação das reflexões éticas acerca da terceira
idade.
5
Desta forma, justifica-se a importância de estabelecer pontes hermenêuticas entre a
bioética e o estudo da qualidade de vida dos idosos, através de reflexões acerca da relação
deste grupo com a comunidade em que está inserido, considerando também os pré-conceitos
inerentes às capacidades dos idosos que, erroneamente, são reduzidos a categoria de
incapazes.
As principais questões envolvidas com o envelhecimento abrangem:
6
a) autonomia;
b) tomada de decisão e envelhecimento;
c) relação profissional/paciente idoso;
d) relações familiares e envelhecimento;
e) violência contra os idosos;
f) alocação de recursos;
g) idade; envelhecimento e morte;
12
h) pesquisas envolvendo idosos.
No Brasil, o crescimento das publicações sobre bioética exige que especialistas nesta
área do saber se disponham a oferecer aos profissionais da saúde e à sociedade em geral
comndios que não apenas abordem grande variedade de temas, mas que traduzam aquilo
que se convencionaria chamar de uma linha de pensamento ético. Embora o Brasil,
historicamente, seja um terreno pouco firme no que tange a fidelidade ao compromisso ético
na potica, seu respaldo, em nível mundial, atesta que a nossa época se caracteriza pela apatia
e fragmentação moral, em grande parte devido ao caráter pluralista de nossa sociedade.
5
Quanto maior o grau de comprometimento, qualidade, recursos, gerência e
monitoramento de programas nacionais, regionais e locais de prevenção e de cuidado ao
idoso, maiores serão as chances de arrecadar recursos sociais existentes, otimizando sua
aplicação.
7
Uma das esferas da vida privada que mais sofreram com esta nova configuração é a
família. Se admitirmos que as tradicionais passagens de uma fase para outra da vida afetam de
forma ímpar a vida de cada pessoa, somos levados a concluir que também estas transições têm
um perfil diferente nos dias de hoje. As mães que se tornam avós, por exemplo, têm que
enfrentar desafios diferentes daqueles da geração anterior. Enquadram-se outros tantos
exemplos de transição, como a passagem de esposa para viúva ou de trabalhador para
aposentado. Em todas as épocas estes foram momentos de grande significado na caminhada
de vida de cada pessoa. Em nossa época, no entanto, eles necessitam de uma interpretação
adaptada à realidade em que estamos inseridos. A sensação de dever cumprido em relação à
dedicação da vida toda (filhos, família e trabalho) apresenta-se distante, pelas mudanças nos
papéis sociais. Essa realidade contribui para o progressivo afastamento do coletivo, como
num processo de auto-exclusão, mais evidente ao homem com a aposentadoria e com a
emancipação dos filhos para a mulher.
8
Tendo como base as reflexões de alguns dos autores apresentados aqui, assim como os
demais listados na bibliografia, a justificativa para a realização deste projeto de pesquisa
perpassa a motivação de avaliar a qualidade de vida e capacidade de tomada de decisão dos
idosos que participam de grupos socioterápicos. Tais grupos estão amplamente difundidos
dentro das comunidades do interior do Estado do Rio Grande do Sul, oferecendo organização
13
e disciplina, categorias essenciais na dinâmica que acaba por demonstrar capacidade destes
integrantes de autonomia e tomada de decisão.
A seguir, promovo uma revisão bibliográfica acerca das três variáveis a serem
avaliadas neste estudo: envelhecimento; qualidade de vida; tomada de decisão e
vulnerabilidade.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo tem como objetivo apresentar um respaldo teórico acerca do
Envelhecimento, da Qualidade de Vida, Tomada de decisão e Vulnerabilidade que possa
contextualizar e definir esses termos. Para tanto, esta revisão bibliográfica busca a visão de
outros autores, pertinentes à compreensão do assunto.
2.1 ENVELHECIMENTO
“Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto na vida,”
(Meu querido, meu velho, meu amigo – Roberto Carlos)
Na velhice podemos distinguir dois processos bastante diferentes, porém
profundamente relacionados, que são o envelhecimento individual (biológico) e o
demográfico. Na presente pesquisa, ambas as dimensões do envelhecimento se tornam
importantes para entender a profundidade do assunto que é discutido, as soluções que
procuramos buscar e as suas correlações. O envelhecimento tem múltiplas dimensões (física,
mental e social, política, econômica, histórica e cultural) (OMS) o que leva a uma necessidade
de desenvolvimento de uma definição da terceira idade que seja mais flexível, que respeite a
singularidade dos aspectos inerentes ao envelhecimento.
9
O termo “aging não encontra, na língua portuguesa, uma definição fiel de seu
significado. Acaba por assumir uma posição pejorativa, com uma conotação de
envelhecimento, de final da vida, onde as perdas que a pessoa experimenta se sobressaem aos
ganhos da idade. A rigor, cada um de nós já está “aging” desde que nasceu, o que é diferente
de envelhecer. Este termo (aging) nos ajuda a ter uma compreensão mais integral do
envelhecimento, tirando deste último o caráter segregacionalista em relação à toda caminhada
de vida da pessoa. A vida é um todo. Logo, também a terceira idade está ligada à ´segunda´ e
à ´primeira´.
15
Para entender como se forjou o quadro atual do envelhecimento no Brasil e no mundo,
precisamos observar a História. A partir da Revolução Industrial (séc. XIX), os números de
natalidade e mortalidade passaram a diminuir, a nível mundial. Houve progresso visível no
combate a doenças infecciosas, com maior atenção à saúde em geral e, em particular, às
doenças degenerativas e crônicas. Em 1940, a expectativa de vida no Brasil não passava dos
42 anos. Em 1970, já havia saltado para 60 anos. Seguindo esta tendência, o ano de 2025 deve
marcar o início da época em que as pessoas nascidas no pós-guerra estarão na faixa de 65 a
80.
4
Em todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais
rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. Entre 1970 e 2025, espera-se um
crescimento de 223 %, ou em torno de 694 miles, no número de pessoas mais velhas. Em
2025, existium total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos. Até
2050 haverá dois bilhões, sendo que 80% viverá em países em desenvolvimento.
1
No quadro
abaixo (Quadro 1), encontramos o comparativo entre o número de idosos no mundo, nos anos
de 2002 e uma prospecção para 2025.
Pais População acima de 60 anos
2002
População acima de 60 anos
2005
China 134,2 287,5
Índia 81,0 168,5
EUA 46,9 86,1
Federação Russa 26,2 32,7
Indonésia 17,1 35,0
Brasil 14,1 33,4
Paquistão 8,6 18,3
México 7,3 17,6
Bangladesh 7,2 17,7
Nigéria 5,7 11,4
Quadro 1 - Pessoas com idade acima de 60 anos em países com mais de 100 milhões de habitantes no ano de
2002
Fonte: Fonte, 2002.
10
A estrutura social de cada comunidade condiciona os processos individuais do
envelhecimento. Ao mesmo tempo, o envelhecimento da população como um todo também
16
exerce uma forte pressão para a transformação do status destas pessoas e das oportunidades
de participação a elas oferecidas.
10
Diante do fenômeno da transição demográfica, a velhice assume uma nova dimensão
na qual a velhice subjetiva”, caracterizada pela velhice de algumas pessoas, é obscurecida
pela velhice objetiva”, que é um fenômeno estrutural que concerne a toda a sociedade.
11
Um traço interessante do envelhecimento é o fato de que as mulheres vivem mais do
que os homens em quase todos os lugares. Este fato reflete-se na maior taxa de mulheres por
homens em grupos etários mais velhos. Na Europa, em 2002, havia 678 homens para cada
1000 mulheres com 60 anos ou mais. Em regiões menos desenvolvidas, havia 879 homens
para cada 1000 mulheres. As mulheres correspondem aproximadamente a dois terços da
população acima de 75 anos em países como Brasil e África do Sul. As mulheres têm a
vantagem da longevidade, porém são timas mais freqüentes da violência doméstica e de
discriminação no acesso à educação, salário, alimentação, trabalho significativo, assistência à
saúde, heraas, medidas de seguro social e poder potico. Tais desvantagens cumulativas
fazem com que as mulheres, mais que os homens, tendam a ser mais pobres e a apresentar
mais limitações em idades mais avançadas.
1
As demandas que emergem deste setor da população, podem gerar uma crise no
sistema de distribuição dos recursos e das prioridades anteriormente estabelecidas. Com o
crescimento numérico deste grupo social, ocorre o aumento das demandas sociosanitárias e o
questionamento do atual modelo de equilíbrio da Previncia Social.
10
O Ministério da Saúde do Brasil criou um programa intitulado “Brasil Saudável”,
envolvendo uma ação nacional para criar poticas públicas que promovam modos de viver
mais eficazes e integrais abrangendo em todas as etapas da vida, favorecendo a prática de
atividades sicas no cotidiano e no lazer, o acesso a alimentos saudáveis e a redução do
consumo de tabaco. Estas queses também são pertinentes para o envelhecimento saudável,
com qualidade de vida e saúde.
1
A terceira idade foi tradicionalmente associada à aposentadoria, doença e dependência.
Este paradigma ultrapassado não reflete a realidade, pois, as pessoas podem permanecer
independentes na idade mais avaada. Nos países em desenvolvimento, trabalhadores com
17
60 anos ou mais continuam a participar da força de trabalho, sendo bastante ativos no setor de
trabalho informal embora isto não seja reconhecido nas estatísticas do mercado de trabalho. A
contribuição não remunerada das pessoas idosas em casa (cuidar dos netos ou de pessoas
doentes) permite que os jovens da família tenham atividades remuneradas. Em todos os
países, as atividades voluntárias dos idosos são uma importante contribuição social e
econômica para a sociedade.
1
A estratégia internacional para enfrentar os desafios do aumento quantitativo das
pessoas com mais de 60 anos de idade, se centraliza no esforço de viabilizar a inclusão social
deste grupo de população. Desta forma, o Plano de Ação Internacional prevê a capacitação
destas pessoas para que atuem plena e eficazmente na vida econômica, política e social,
inclusive, mediante o trabalho remunerado ou voluntário.
12
Este Plano de Ação Internacional
traz em seu bojo um novo conceito, representando uma mudança radical na imagem
anteriormente dominante sobre a velhice, deixando de ser sinônimo de exclusão e
incapacidade para assumir um conceito de total inserção social.
Uma grande demonstração internacional de interesse à questão envelhecimento foi na
I Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, realizada em Viena, em 1982. em 1991, as
Nações Unidas aprovam os princípios em favor das pessoas idosas formulados em torno de
cinco eixos: independência, participação, cuidados, auto-realização e dignidade; o ano de
1999 é dedicado pela ONU (Organização das Nações Unidas) às pessoas idosas com o tema
Uma sociedade para todas as idades. Em 2002, se realiza a II Assembléia Internacional sobre
o Envelhecimento, com o objetivo de examinar os resultados da I Assembléia e aprovar as
revisões do Plano de Ação.
10
Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento ativo é
uma meta fundamental para cidadãos e governantes. Além disto, o envelhecimento ocorre
dentro de um contexto que envolve outras pessoas amigos, colegas de trabalho, vizinhos e
membros da família. Esta é a razão pela qual interdependência e solidariedade entre gerações
(indivíduos jovens e velhos) são princípios relevantes para o envelhecimento ativo.
1
Quando analisamos os idosos como um coletivo social, este panorama se torna muito
mais ameaçador do que a velhice quando pensada como um fenômeno, uma vez que o
18
simbolismo do envelhecimento como o fim da vida foi derrubado. Em nossos tempos, o
envelhecimento que não é planejado, que não é ativo, simboliza a falência de algumas
instituições públicas. Neste sentido, a alternativa encontrada para a solução desta
problemática é estimular a participação produtiva deste grupo social na sociedade.
2.2 QUALIDADE DE VIDA
“Meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma,”
(Meu querido, meu velho, meu amigo – Roberto Carlos)
Qualidade de vida é a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do
contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. É um conceito amplo que incorpora de uma maneira
complexa a saúde física de uma pessoa, psicológica, dependência, relações sociais, crenças e
sua relação com características proeminentes no ambiente.
13
Satisfação é uma categoria subjetiva, complexa e, por isso, de difícil mensuração. A
satisfação com a vida é um julgamento cognitivo de alguns donios específicos na vida
como saúde, trabalho, condições de moradia, relações sociais, autonomia entre outros, ou seja,
um processo de juízo e avaliação geral da própria vida de acordo com um critério próprio. O
julgamento da satisfação depende de uma comparação entre as circunstâncias de vida do
indivíduo e um padrão por ele estabelecido.
3
Em 1964, o então presidente dos Estados Unidos da América, Lyndon Johnson,
afirmou que objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem
ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas.” Esta expressão
qualidade de vida”, forjada naquele contexto, passou a ser referência para designar o
processo cumulativo resultante de uma série de conexões e desconexões que os idosos
experimentam durante suas vidas.
1
Apesar de sua origem social, filofica e política, o
crescente desenvolvimento tecnológico da medicina e das ciências afins teve como
conseqüência uma progressiva desumanização da referida expressão.
13
19
À medida que entra na terceira idade, a pessoa necessita cada vez mais de cuidados
relacionados com o conforto e manutenção da qualidade de vida e menos com tratamentos
específicos relacionadas com a cura de uma determinada doença.
5
A qualidade de vida e a
satisfação na velhice m sido freqüentemente associadas às queses de dependência-
autonomia, mas é importante também distinguir os chamados ‘efeitos da idade’. Algumas
pessoas apresentam decnio no estado de saúde e nas competências cognitivas precocemente,
enquanto outras vivem saudáveis até idades muito avançadas.
15
O tipo, a velocidade e o grau de modificações físicas, emocionais, psicológicas e
sociais apresentadas durante a vida são variam de pessoa para pessoa. Essas modificações são
influenciadas por diversos fatores tais como os genéticos, os ambientais, os dietéticos, aqueles
ligados à saúde ou ao estresse, por exemplo.
16
Farquhar
17
observou que os contatos sociais são
um componente tão valioso para a boa qualidade de vida quanto a saúde.
O termo “Grupo socioterápico” define o grupo cuja finalidade é a de incentivar um
resgate prazeroso de atividades sociais, em ambientes exteriores às quatro paredes em que os
idosos geralmente têm seu cotidiano limitado. Pela formação de um vínculo com os elementos
do grupo que lhes segurança, apoio, compreensão e liberdade, resultados positivos podem
ser alcançados, como dar condições aos componentes do grupo para que se desenvolvam livre
e sadiamente.
4
Joia e cols.
15
realizaram um estudo transversal com 213 idosos da cidade de Botucatu,
São Paulo. Os dados foram coletados com o uso de três questionários: a Escala de Qualidade
de Vida de Flanagan, o Perfil do Estilo de Vida Individual e WHOQOL-100 (World Health
Organization Quality of Life), elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O
estudo ainda foi acrescido de questões sobre atividade física, por meio da aplicação do
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), proposto pela OMS, perguntas sobre
morbidade referida e estado emocional, situaçãocio demográfica, e uma pergunta aberta: "o
que é qualidade de vida para o senhor(a)?".
Os resultados das análises para a determinação do grau de satisfação com a vida em
geral entre idosos sugerem que os fatores associados à satisfação com a vida na terceira idade,
20
de alguma maneira, estão relacionados à sensação de conforto e bem-estar,
independentemente de terem sua origem num determinado estrato social ou econômico.
Com o intuito de traçar o perfil dos anseios relativos à qualidade de vida dos idosos do
nosso país, Vecchia e cols.
18
apontam, após a avaliação das respostas de 365 idosos do interior
do Estado de São Paulo, três grupos de respostas. O primeiro grupo mencionou situações
referentes a relacionamentos interpessoais, equilíbrio emocional e boa saúde. O segundo
grupo referiu-se a hábitos saudáveis, lazer e bens materiais. O terceiro grupo, por sua vez,
mencionou espiritualidade, trabalho, retidão e caridade, conhecimento e ambientes favoráveis.
A saúde, um bom indicador de qualidade de vida negativa, quando tomada
isoladamente, é insuficiente para balizar a mesma avaliação junto a pessoas da terceira idade
quando perguntadas acerca de seu bem-estar. Xavier e cols.
19
realizaram um estudo no
município de Veranopólis, Rio Grande do Sul, pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da
PUCRS, junto a 67 octagenários. As pessoas entrevistadas apontaram como qualidade de vida
negativa a perda de saúde e qualidade de vida positiva determinada por diversas causas:
atividade, renda, vida social e relação com a família.
A Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso da OAB-SP lança no dia 27 de setembro
de 2008 uma campanha em defesa dos direitos destes cidadãos com o tema: ‘Todos
envelhecemos. O respeito o’.
20
A própria Instituição admite que o tratamento dispensado aos idosos está muito
distante do que seria considerado humano, correto, amoroso e, acima de tudo, digno.
Com base nesta premissa, O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP) apresentaram no dia 26 de agosto de 2008,
no Plenário da mara dos Deputados, o Relatório de Inspeção a Instituições de Longa
Permanência para Idosos (ILPI's). Foram fiscalizadas ILPIs públicas e particulares de 11
estados da federação e do Distrito Federal com o objetivo de avaliar as condições a que estão
submetidos os idosos brasileiros, a efetividade dos direitos humanos aplicados a estes e a
adequação das instituições de longa permanência às novas exigências do Estatuto do Idoso.
A conclusão do estudo foi que o Estado o dispõe de dados básicos sobre quantos são
os idosos que habitam as ILP`s, quem são essas pessoas e como elas vivem. Não infra-
21
estrutura nima para abrigar ou internar a população idosa brasileira, e a falta de inspeção
sistemática dos órgãos fiscalizadores dificulta a tarefa de traçar políticas eficazes na área.
21
2.3 TOMADA DE DECISÃO E VULNERABILIDADE
Meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo.”
(Meu querido, meu velho, meu amigo – Roberto Carlos)
A longa experiência de vida de uma pessoa determina, em boa medida, se sua velhice
será uma oportunidade para liberdade, crescimento e satisfação, ou uma prisão do potencial
humano. Durante a infância e a adolescência, somos direcionados a um papel de adulto
independente, responsável e com graduação acadêmica. Somos preparados para nossos papéis
profissionais, mas onde e quando somos preparados para o papel de aposentado?
16
Em vez de
demonstrar apreciação pela vasta contribuição ao idoso e sua rica competência, a sociedade
infringe-o preconceitos e menospreza sua dignidade.
O principio da autonomia, denominação mais comum pelo qual é conhecido o
princípio do respeito às pessoas, exige aceitação que elas se autogovernem e sejam
autônomas, tanto em suas escolhas quanto em seus atos.
5
O conceito de autonomia que nos guia nesta reflexão vem de Immanuel Kant
22
,
filósofo germânico do século XVIII, que diz que o princípio da autonomia é escolher sempre,
de modo que as máximas de nossa escolha estejam compreendidas, ao mesmo tempo, como
leis universais, no ato de querer. Que a vontade de todo ser racional lhe esteja,
necessariamente, ligada como a uma condição, é coisa que não pode ser demonstrada pela
pura análise dos conceitos implicados na vontade, porque isso é uma proposição sintética.
A afirmação acima se encaixa no objetivo fundamental de Kant de estabelecer os
princípios a priori, ou seja, universais e imutáveis da moral. Seu foco era o agente moral, suas
intenções e motivos. O dever, segundo o Iluminista, consistia na obediência a uma lei que se
22
impõe universalmente a todos os seres racionais. Eis o sentido daquilo que ele chamou de
imperativo categórico: age de tal forma que sua ação possa ser considerada como norma
universal”. A presente reflexão acerca da qualidade de vida dos idosos lida também com uma
desta normas invisíveis da formulação ética da sociedade, a saber, a de que as pessoas devem
ter um envelhecimento digno. A busca da felicidade seria, por si só, insuficiente como
fundamento moral, porque o conceito de felicidade é variável, mas a lei moral é invariável. É
nosso dever proporcionar aos idosos dignidade, ainda que a subjetividade de sua felicidade
nos coloque a questão um pouco fora do alcance.
A autonomia pessoal, ou seja, a habilidade de fazer escolhas livres que um ser humano
exerce em sua vida, é considerada crucial para a qualidade de vida de uma pessoa de idade
avançada. Em Nova Iorque, Estados Unidos, um estudo realizado em seis centros da terceira
idade, junto a 120 idosos, examinou a relação da percepção pessoal da autonomia aos recursos
de auto-cuidado. Os participantes demonstraram uma percepção positiva de autonomia. Os
mesmos utilizavam uma variedade de serviços prestados à comunidade e sua satisfação com
os serviços foi significativamente ligada ao senso de autonomia.
23
uma tenncia massiva de considerar idosos como seres incapazes de tomar
decisões e decidir sobre os assuntos que dizem respeito a si mesmo. O critério legal para tal
premissa baseia-se na idade do indivíduo.
24
O digo Civil brasileiro aponta o indivíduo
como capaz quando atinge a maioridade civil, com 21 anos no Brasil. Antes desta idade pode
ser considerada como incapaz ou relativamente capaz, de acordo com a faixa etária em que se
encontra. A capacidade ou o impedimento do indivíduo para tomar decisões de forma
voluntária têm sido, direta ou indiretamente, ligado ao grau de desenvolvimento psicológico e
moral do indivíduo.
25
o é preciso um grande esforço analítico para perceber que muitas
pessoas no mundo incapazes de exercitar o princípio da autonomia nem tirar proveito nenhum
do princípio da beneficência (no sentido filofico moral, fazer o bem).
5
Dentre os pesquisadores que buscaram estabelecer os limites de capacidade do
indivíduo em cada uma das fases da vida, Goldim
25
destaca quatro principais: Jean Piaget,
Lawrence Kohlberg, Jane Loevigner e Elliot Turiel. Estes três formularam propostas de
teorias sobre o desenvolvimento do julgamento moral, ou seja, da capacidade do indivíduo
decidir com base em argumentos morais.
23
A bioética surgiu para resgatar os aspectos humanos da arte da medicina, que são, por
vezes, esquecidos em detrimento ao desenvolvimento tecnológico. Pela reflexão bioética, o
homem e a mulher do século XXI poderão caminhar para o desenvolvimento da ciência
biomédica no sentido de exaltar a pessoa e não o contrário, tornando-a um objeto.
26
A nova configuração das unidades familiares nucleares nos dias de hoje mudou os
papéis e as funções dos indivíduos na família. Espera-se que o idoso contribua de forma
limitada na vida dos filhos adultos. Não é exigido dos filhos e filhas que satisfaçam as
necessidades de seus pais envelhecidos com apoio financeiro, serviços de saúde e moradia.
Cada vez mais, os pais não dependem dos seus filhos para as suas necessidades e a antiga
máxima de que os filhos são o melhor seguro para o envelhecimento está praticamente
obsoleta.
16
Direcionar os recursos do idoso ao seu próprio cuidado promove a normalidade, a
indepenncia e a individualidade, reduzindo os riscos de problemas secundários relacionados
com as reações dos adultos idosos à imposição desnecessária de um papel dependente e
homenageia a sua sabedoria, a sua experiência e as suas capacidades. Recomenda-se que não
sejam realizadas intervenções provenientes de fontes externas para suprir necessidades dos
idosos, proporcionando-lhes autonomia para que usem seus recursos internos. Do contrário,
os idosos tornam-se receptores passivos do atendimento, e não participantes ativos,
desenvolvendo desnecessariamente, sentimentos de dependência, de inutilidade e de
impotência.
16
A cultura ocidental tem reduzido idosos à ‘crianças que cresceram’, acentuando a
característica frágil e dependente da terceira idade. Atualmente, fala-se, inclusive, da quarta
idade, ou a idade da dependência”. Mesmo que as perdas não sigam o mesmo ritmo para
todos os idosos, a sociedade (que ainda não aprendeu a reconhecer as características
multidiferenciais do envelhecimento) constrói em seu imaginário, representações que
contribuem ao isolamento dos velhos da vida social.
27
É de fundamental importância reconhecer que o fato de ser velha não impede a pessoa
de tomar suas decisões e exercer sua vontade pessoal tendo como base os seus valores.
28
24
Em nossa reflexão, é consenso ético que é inadequado que uma pessoa tome decisões
sem utilizar seus valores como critérios. Precisamos nos render à realidade de uma lição que
vem sido trazida de geração em geração: sabedoria na terceira idade. Um exemplo trazido
na análise de Goldim
28
aponta para a intervenção dos idosos em suas nações em momentos
críticos. A autonomia desses líderes sequer foi questionada. Sua experiência acumulada
durante a vida não foi contestada no momento em que tiveram que tomar grandes decisões
que mudaram o curso da história não apenas no âmbito pessoal, mas de todo um povo,
corroborando com o conceito de “inteligência cristalizada, que surge do hemisfério dominante
do cérebro, sendo mantida na idade adulta. Essa forma de intelincia permite que o indivíduo
use o aprendizado e as experiências anteriores para a solução dos problemas”.
16
Ser ou estar vulnerável é um estado que denota fragilidade. Em tudo aquilo que cada
pessoa pensa, faz e quer, existe uma exposição. É isto que a torna vulnerável. Afinal, somos
seres sociais. Mas vulnerabilidade também denota aquilo que expõe ou não a pessoa à
aquisição de um agravante a sua saúde, tendo relação com a hereditariedade e com as
informações que a pessoa possui e a maneira como as utiliza.
7
A importância de desenvolver
idéias acerca da vulnerabilidade existe em virtude da idéia herdada que populações
vulneveis são freqüentemente taxadas como incapazes no processo de tomada de decisão.
25
A vulnerabilidade social é resultante da maneira como se obtém as informações. Neste
sentido, fatores como acesso aos meios de comunicação, escolaridade, disponibilidade de
recursos materiais, influência potica, a condição de estar livre de coerções diretas ou livrar-
se delas. Ainda influenciam os fatores familiares, como sua organização, dinâmica e/ou
estrutura.
29
Segundo Paz
7
, ainda o contamos com instrumentos capazes de medir o grau de
vulnerabilidade do idoso, e em seu estudo, a oportunizou teorizar sobre esse novo enfoque a
ser desvelado. Conhecer a vulnerabilidade de grupos populacionais, para o este autor,
possibilita mobilizar profissionais e população civil, por meio de um processo educativo
construtivista, com o objetivo de alcançar transformações sociais.
Um número considerável de autores converge na opinião que há necessidade de
programas de saúde pública e de previdência social voltados para a promoção de saúde e bem-
25
estar desse segmento da populão brasileira, que já representa cerca de 8% da
população.
2,8,30-31
A pessoa idosa, em nosso meio, vive, muito freqüentemente, à margem da sociedade e,
em decorrência disso e das circunstâncias do envelhecer na pobreza e na doença, sofre
privação sensorial, nutricional e afetiva. Vive sob o risco real e potencial de violência
doméstica, e sob o estresse permanente da busca por adaptação a um mundo que já não é mais
seu.
8
Ás vésperas do início do século XXI Chaimowicz
30
indicava que investimentos nas
áreas da saúde, educação e treinamento dos jovens – cuja pressão demográfica não está
crescendo resultaria na formação de lida base de suporte da economia. Além de
reconhecer a necessidade de construção de políticas sociais adequadas, esta análise ressaltou a
importância do conhecimento de informações sobre a população idosa em cada região, para
que as poticas subsidiadas pudessem mapear as necessidades e corrigir as distorções. Esta
questão serve como matriz de análise capaz de permear vários determinantes (demográficos,
culturais e econômicos), o que a eleva a uma questão relevante à sociedade em geral, uma vez
que a imparcialidade sobre o quadro atual caminha para o estrangulamento das fontes de
financiamento e explosão dos gastos no atendimento médico.
2,31
26
2.4 OBJETIVOS
2.4.1 Objetivo geral
Avaliar a qualidade de vida e a capacidade de tomada de decisão em pessoas acima de
60 anos de idade, moradoras da cidade de Arroio do Meio, RS, participantes de grupos
socioterápicos (grupo de idosos).
2.4.2 Objetivos específicos
a) mensurar, através dos donios do WHOQOL-OLD, a qualidade de vida dos
participantes da amostra de idosos estudada;
b) avaliar o desenvolvimento psicológico-moral dos participantes da amostra de
idosos como forma de verificar a capacidade de tomada de decisão.
27
3 MÉTODOS
3.1 DELINEMENTO E PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE PESQUISA
Este estudo é do tipo transversal, observacional descritivo, realizado em indivíduos de
ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos. O trabalho de pesquisa teve início
após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS). A avaliação dos pacientes foi realizada na cidade de Arroio do
Meio, RS, com o conhecimento da Secretaria Municipal da Saúde e apoio do Conselho
Municipal do Idoso.
Inicialmente, os participantes receberam explicações acerca do assunto pela própria
pesquisadora. Num segundo momento, assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, após a leitura atenta do mesmo. Como sugerido, houve preocupação com a
elaboração do consentimento, priorizando a escolha de termos de fácil compreensão, o que se
torna essencial para a plena adequação moral do processo de consentimento informado.
32
A aplicação dos instrumentos de avaliação foi realizada durante o encontro dos
Grupos de Idosos”, de forma auto-aplicada assistida, realizada nos ginásios esportivos de
bairros da cidade. A coleta de dados aconteceu entre outubro e novembro de 2007 e de
fevereiro a maio de 2008, tendo em vista que as reuniões dos grupos de idosos não acontecem
nos meses de dezembro e janeiro.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população observada é proveniente do município de Arroio do Meio, região central
do Estado do Rio Grande do Sul, sendo composta por homens e mulheres, com idade igual ou
superior a 60 anos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
população estimada para o ano de 2006 naquele município era de 18.587. O número de
indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos no município é de 1.961 pessoas, segundo
28
dados do Censo 2000 com Divisão Territorial 2001. A amostra foi estimada em cerca de
1.000 participantes. As análise interina este número foi estabelecido em 122 participantes
(α=0,05).
A confirmação da idade dos participantes foi mediante apresentação de um documento
de identificação legalmente reconhecido.
Os fatores de inclusão foram: idade superior ou igual a 60 anos, morar na cidade de
Arroio do Meio, ser participante ativo do Grupo de Idosos, aceitar fazer parte da pesquisa
assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e apresentar-se lúcido, orientado e
consciente durante a entrevista.
3.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS
3.3.1 WHOQUOL – OLD
O World Health Organization Quality of Life Group (Grupo WHOQOL)
desenvolveu uma escala dentro de uma perspectiva transcultural para medir qualidade de vida
em adultos. Considerou como características fundamentais o caráter subjetivo da qualidade de
vida (englobando aspectos positivos e negativos), e sua natureza multidimensional.
33
O módulo WHOQOL-OLD consiste em 24 itens da escala de Likert atribuídos a seis
facetas: funcionamento do sensório (FS), autonomia (AUT), atividades passadas, presentes e
futuras (PPF), participação social (PSO), morte e morrer (MEM) e intimidade (INT). Os
escores das seis facetas podem ser combinados para produzir um escore geral para a qualidade
de vida em adultos idosos, denotado como o escore total” do módulo WHOQOL-OLD.
Power e Scmidt
34
, no Manual WHOQOL-OLD, colocam que os valores obtidos nos
escores das facetas individuais do módulo WHOQOL-OLD e no escore total do mesmo
representam uma avaliação empírica da qualidade de vida dos adultos idosos a partir do ponto
de vista do respondente. Uma ampla variedade de estudos pode ser usada, incluindo
29
investigações transculturais, epidemiologia populacional, monitoramento da saúde,
desenvolvimento tanto de serviços quanto estudos em que questões sobre a qualidade de vida
sejam cruciais. Os exigentes padrões de desenvolvimento de instrumentos utilizados para o
WHOQUOL-OLD significam que tais comparações correm menos risco de viés cultural.
Esta combinação de fatores faz com que este instrumento seja ideal para a realização
da pesquisa, uma vez que o almejado é a avaliação dos donios do questionário e não apenas
o escore total correspondente à qualidade de vida, optou-se por utilizar apenas o módulo
WHOQOL-OLD sem o acompanhamento do WHOQOL-BREEF.
3.3.2 Instrumento de Desenvolvimento Psicológico-Moral
Jane Loevigner, professora e pesquisadora na área da psicologia na Universidade de
Washington, Estados Unidos, propôs, em 1996, outra classificação para o desenvolvimento
moral. Conforme sua proposta, o ego do indivíduo desenvolve-se pela integração das
estruturas existentes, e o por uma sucessão simples de estágios. Para tanto, utilizou uma
versão modificada do instrumento proposto por Souza
35
(ANEXO A), instrumento, este, que
pode ser associado ao componente de autonomia para a tomada de decisão e é composto por
um conjunto de frases de cil compreensão que enquadram os sujeitos numa das sete fases do
desenvolvimento psicológico-moral.
25
Outros estudos já vêm demonstrando a aplicabilidade
do questionário.
36-38
O sujeito da pesquisa deve assinalar, dentre trinta afirmações, nove frases que mais
correspondam à sua preferência pessoal. Com base na média dos resultados obtidos
individualmente, cada um dos participantes é classificado em uma das sete fases do
desenvolvimento psicológico-moral. Uma vez preenchido o instrumento, soma-se o valor
atribuído às nove alternativas selecionadas pelo respondente e calcula-se a média dos pontos.
O valor obtido nesta média corresponde à fase do desenvolvimento moral a qual a pessoa
pertence, conforme a tabela abaixo.
30
Fases do
desenvolvimento
Psicológico-moral
Pontuação
Características
1) Pré-social
(0,1 – 1,0) Início do desenvolvimento, ainda pré-verbal.
2) Impulsiva
(1,1 – 2,0) Decisões tomadas por impulso, baseado apenas em seu
desejo, não considerando as informações.
3) Oportunista
(2,1 – 3,0) Supervalorização dos desejos e valorização das
informações para atingí-los.
4) Conformista
(3,1 – 4,0) Crenças do indivíduo se sobrepõem aos seus próprios
desejos e justificam as continncias impostas pelo
meio.
5) Conscienciosa
(4,1 – 5,0)
Capacidade de tomar decisões de forma mais autônoma,
cotejando os desejos e as crenças, mas, ainda é passível
de constrangimento, pois o tem a noção de regra
introjetada.
6) Autônoma
(5,1 – 6,0) Possui as regras introjetadas e é capaz de tomar decisões
livres de constrangimento de forma independente.
7) Integrada
(6,1 – 7,0)
Possui a noção da regra individual introjetada, mas se vê
como parte de um todo, com a compreensão da
interdependência existente.
Quadro 2- Classificação das fases de desenvolvimento psicológico-moral de acordo com a média dos valores
obtidos utilizando o instrumento de Souza
Fonte: Souza, 1968.
35
A primeira fase do desenvolvimento é a fase Pré-social, correspondendo ao início do
desenvolvimento. Os indivíduos classificados nessa fase não apresentam as condições
mínimas exigidas para a compreensão e resposta.
Na fase Impulsiva, não consideração das informações, portanto, o indivíduo toma
suas decisões por impulso, baseadas no desejo.
A terceira fase chama-se Oportunista. Nela o sujeito supervaloriza os desejos e
valoriza as informações para atingi-los.
Na fase Conformista as crenças do indivíduo se sobrepõem aos seus desejos e
justifica as contingências impostas pelo meio.
A fase Conscienciosa permite ao indivíduo tomar decies de forma
autônoma,cotejando os desejos e as crenças, porem passível de constrangimento.
31
A sexta fase é denominada Autônoma, onde o individuo já é capaz de tomar decisões
livre de constrangimento e de forma independente, pois possui as regras introjetadas.
A fase Integrada é a última fase do desenvolvimento. Quando classificada nessa fase,
a pessoa já possui a noção da regra individual introjetada, se como parte de um todo e
compreende a interdependência existente.
39
32
4 RESULTADOS
“Meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
(Meu querido, meu velho, meu amigo – Roberto Carlos)
Participaram da pesquisa 133 idosos, com média de 69,02 +6,50 anos e idades entre 60
e 89 anos. Destes participantes, 81 (60,9%) eram do sexo feminino e 52 (39,1%) do sexo
masculino. Em relação à escolaridade, 95 idosos possuem o grau incompleto (71,42%), 31
idosos completaram o grau (23,30%). Apenas um participante possui o grau completo
(0,07%), três idosos têm o 2º grau incompleto ( 2,25%) e três são analfabetos (2,25%).
As profissões encontradas entre a amostra foram: 66 aposentados (49,62%), 47
agricultores (35,38%), 13 idosas classificam-se como “do lar” (9,77%), seis são domésticas
(4,51%) e um idoso motorista (0,07%).
4.1 AVALIAÇÃO DOS DOMÍNIOS DO WHOQOL-OLD
Foram obtidos os escores médios e desvios padrão dos seis domínios do WHOQOL-
OLD, os quais o apresentados abaixo no quadro abaixo (Quadro 3). Dos 133 participantes
da amostra, foi possível utilizar os dados de 132 participantes.
Faceta ou Domínio do
WHOQOL-OLD
Média Desvio-padrão N
Funcionamento dos Sentidos
(SAB)
42,14 11,85 132
Autonomia (AUT) 38,68 16,76 132
Atividades passadas,
presentes e futuras (PPF)
49,00 16,77 132
Participação Social (SOP) 68,93 18,06 132
Morte e morrer (DAD) 27,88 17,24 132
Intimidade (INT) 69,12 23,52 132
Total 49,29 6,88 132
Quadro 3 Escores médios e variabilidade dos seis domínios do WHOQOL-OLD em uma amostra de 132
idosos de Arroio do Meio/Brasil.
Fonte: Autora.
33
O valor da avaliação global obtida desta amostra (49,29 + 6,88) alcançou um valor
próximo aovel médio e inferior ao obtido na amostra de idosos do RS (68,55+9,80).
A interpretação do quadro de resultados deve ser feita da seguinte maneira: os valores
obtidos indicam proporcionalmente a qualidade de vida: valores mais altos indicam alta
qualidade de vida associada ao donio e valores mais baixos o oposto. No domínio Morte e
Morrer”, no entanto, ocorre o inverso.
O primeiro donio do questionário trata-se do Funcionamento dos Sentidos. Este
domínio avalia o impacto da perda do funcionamento dos sentidos (perdas na audição, visão,
paladar, olfato, tato) na Qualidade de Vida. O valor encontrado foi 42,14 + 11,85, ficando
abaixo do valor central da distribuição e inferior ao obtido em uma amostra de 670 idosos da
Cidade de Erechim, Rio Grande do Sul (67,60+20,08).
O domínio Autonomia avalia a independência do idoso para tomar suas próprias
decisões, sentir que controla seu futuro, fazer as coisas que gostaria de fazer ou acreditar que
as pessoas ao seu redor respeitam sua liberdade. O valor da amostra foi de 38,68 + 16,76, um
score abaixo do nível dio e inferior ao obtido na amostra de idosos de Erechim
(66,39+13,36).
Nas atividades passadas, presentes e futuras, é avaliada a satisfação com as
realizações na vida, as oportunidades de novas realizações, reconhecimento merecido na vida,
a felicidade com o que ainda se espera do futuro e com objetivos a serem alcançados. O valor
obtido na amostra dos idosos de Arroio do Meio foi de 49 +16,77; esse valor é próximo do
valor central da distribuição e inferior ao da amostra de idosos da pesquisa de Celich
37
com
idosos de Erechim (69,25+11,25).
O domínio participação Social demonstra a satisfação pessoal com as atividades
diárias, com o uso do tempo, com o vel pessoal de atividade e com as oportunidades de
participar nas atividades da comunidade. O valor obtido com a amostra foi de 68,93 + 18,06 e
ficou acima do nível médio e semelhante ao obtido na amostra de idosos do RS
(72,07+10,67).
O domínio morte e morrer avalia as preocupações e os medos acerca da morte e do
34
morrer. O escore foi de 27,88 +17,24 - valor abaixo do nível médio e inferior ao obtido na
amostra de idosos do RS (32,07+24,37).
O domínio intimidade avalia a capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos e
pessoais e apresentou um valor de 69,12 + 23,52. Esse valor encontra-se acima do nível
dio e semelhante ao obtido na amostra de idosos do RS (69,00+15,81).
4.2 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO-MORAL DA AMOSTRA
Na amostra de 133 idosos, 122 questionários encontravam-se completos e foram
analisados. A fase Pré-Social, como era esperado, não teve qualquer idoso alí classificado,
pois não ocorre em indivíduos adultos e idosos.
Fases do desenvolvimento
Psicológico- Moral
Fase N
Pré-Social 1 -
Impulsiva 2 3,2% (4)
Oportunista 3 5,7% (7)
Conformista 4 17,9% (22)
Conscienciosa 5 38,3% (47)
Autônoma 6 32,5% (40)
Integrada 7 2,4% (3)
Total - 100,0% (123)
Quadro 4 – Distribuição dos 123 participantes da amostra quanto as fases de
desenvolvimento psicológico-moral
Fonte: Autora.
Nesta amostra, quatro (4) participantes encontraram-se no nível 2; sete (7) idosos
encaixaram-se no nível 3; o quarto nível do desenvolvimento abrigou 22 idosos (terceiro
lugar); o quinto nível (a fase Conscienciosa) teve o maior número de idosos, 47; o sexto nível
contou com 40 idosos (segundo lugar) e três (3) participantes atingiram o nível integrado.
Os dados obtidos permitem afirmar que apenas 8,9% das amostra, ou seja, 11
indivíduos, não apresentavam desenvolvimento psicológico-moral que permita tomar decisões
no seu melhor interesse. Os demais 112 idosos, isto é, 91,2% da amostra, tinham plenas
35
condições de decidir de forma adequada. Vale dstacar que três idosos atingiram o nível
integrado, considerado máximo no desenvolvimento psicológico-moral de uma pessoa.
36
5 DISCUSSÃO
“Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...”
(Meu querido, meu velho, meu amigo – Roberto Carlos)
Durante o início da coleta de dados, um fato tornou necessária a adaptação do estudo a
uma nova realidade que a comunidade de Arroio do Meio estava vivenciando naquele
momento. Paralelamente, criou uma nova linha de discussão a respeito desta pesquisa,
trazendo à luz da discussão a pergunta acerca das circunstâncias nas quais o ato de consentir
torna-se um problema.
Ao final do mês de setembro de 2007, um grupo de estelionatários aplicou um golpe
aos idosos de toda a região do Vale do Taquari simultaneamente, incluindo a cidade de Arroio
do Meio. As timas eram os idosos residentes no interior dos municípios. Os estelionatários
conseguiam o endereço do aposentado junto ao INSS e apresentava-se à tima como
fisioterapeutas ou agentes do INSS oferecendo uma almofada milagrosa”. (Fonte:
Coordenadoria de Comunicação Social) O órgão Fiscalizador do Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Rio Grande do Sul (Crefito-5) se manifestou em
relação ao golpe, entregando um parecer do Conselho Regional de Fisioterapia do Rio Grande
do Sul ao Procon. Em função do número elevado de pessoas lesadas, o Ministério Público
gaúcho ingressou na Justa com ações coletivas de consumo pedindo indenização aos
consumidores e indenização por danos morais coletivos.
A coleta de dados da pesquisa teve início exatamente no mesmo mês em que o golpe
era aplicado no município. Como orientação geral à população da cidade de Arroio do Meio,
foi emitido um alerta, tanto por parte dos óros como Secretaria de Saúde e Conselho
Municipal do Idoso, quanto pelas famílias que tiveram idosos envolvidos neste golpe.
Na época das visitas aos Grupos de Idosos, houve resistência por parte dos
participantes, que, veementemente, negavam-se a assinar qualquer papel
inclusive o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido. Essa resistência foi sentida, com mais ênfase, na zona
37
rural, pom, mesmo na zona urbana, as pessoas haviam recebido instruções de familiares
para não assinar quaisquer papéis sem a presença de um parente. Neste momento, o Termo de
Consentimento, que representa um direito moral do paciente, garantindo a sua privacidade e a
idoneidade do estudo, passou a se tornar uma barreira à própria pesquisa.
Esta situação inesperada e externa à pesquisa dificultou, inicialmente, a coleta junto à
amostra. As um período de contatos e melhor compreensão sobre o real objetivo da
pesquisa, foi possível obter os dados da pesquisa que geraram a informações que serão
discutidas no presente item.
As a análise dos resultados, o primeiro ponto a ser realçado é a prevalência do sexo
feminino neste estudo (60,9%), o que vem a corroborar com a literatura existente
1,37,40-41
,
onde a amostra das pesquisas conta sempre com maior número de mulheres. Além da
prevalência, devemos considerar o fato de que as mulheres vivem mais do que os homens,
principalmente em países em desenvolvimento. Em Teresina, Piauí, entrevistas semi-
estruturadas aplicadas a 20 idosos, participantes do Programa idade em ação”,
possibilitaram aos autores do estudo avaliar a diferea existente entre os sexos no
envelhecimento. O resultado mostra que existe influência do sexo do individuo na saúde e
qualidade de vida no envelhecimento. Os homens vivenciam baixa auto-estima, enquanto as
idosas conquistaram maior grau de autonomia, liberdade e aprendizado.
42
A baixa escolaridade dos participantes da pesquisa (71,4% possuem grau
incompleto) também aparece em outras pesquisas.
37
Timm
43
conclui que quanto mais
avançada a idade, maior será a proporção de pessoas com baixa escolaridade. Podemos
observar este fato na amostra dos idosos de Arroio do Meio.
Quase metade da amostra foi composta de aposentados (49,62%), o que parece ser em
decorrência das pessoas iniciarem o trabalho no campo muito cedo em suas vidas, já que a
maioria desta população, com predonio na de idosos, vive da agropecuária.
38
Faceta ou Domínio do
WHOQOL-OLD
Média Desvio-padrão
Funcionamento dos
Sentidos (SAB)
67,6 42,14 20,80 11,85
Autonomia (AUT) 66,4 38,68 13,4 16,76
Atividades passadas,
presentes e futuras
(PPF)
69,3 49,00 11,3 16,77
Participação Social
(SOP)
72,10 68,93 10,70 18,06
Morte e morrer (DAD) 33,00 27,88 24,40 17,24
Intimidade (INT) 69,00 69,12 16,80 23,52
Total 68,55 49,29 9,80 6,88
Quadro 5 – Comparação entre os Domínios do WHOQOL-OLD, respectivamente, da amostra
dos Idosos de Erechim (n=670) e dos Idosos de Arroio do Meio (n=132), RS
Fonte: Celich, 2008
37
e dados da autora.
O escore obtido no domínio autonomia (38,68 + 16,76) na amostra de Arroio do Meio
foi inferior aos resultados da amostra de Erechim. Este dado aparentemente paradoxal,
quando comparado ao verificado no desenvolvimento psicológico-moral, demonstra que,
apesar de terem condições para tomarem decisão, de fato não exercem esta capacidade. O
episódio anterior à coleta parece ter levado os familiares a destitrem os idosos da sua
capacidade de auto-determinação, que permite entender a disparidade entre a capacidade e a
percepção de autonomia.
Outros estudos vêm demonstrando a importância da Capacidade de Tomada de
Decisão na busca dos fatores que contribuem para a qualidade de vida no idoso. A pesquisa
realizada em Erechim demonstrou que, ao se avaliar a correlação entre os domínios do
WHOQOL-OLD e a capacidade psicológica-moral de 670 idosos, observou-se que a
autonomia é um dos determinantes para uma boa qualidade de vida e um dos pressupostos
básicos para a tomada de decisão.
37
Ao avaliar o estado nutricional, seis domínios da qualidade de vida e a capacidade de
tomar decisão de 248 idosos institucionalizados e não-institucionalizados no município de
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, verificou-se que os idosos não institucionalizados
apresentaram melhor qualidade de vida. Ambos os grupos permaneceram na fase
conscienciosa do desenvolvimento psicológico-moral, o que lhes garante capacidade para
tomada de decisão.
38
39
O tema da autonomia ainda desafia a prática diária dos profissionais da área da saúde.
Emerge como uma necessidade primária a partir da qual os profissionais possam tornar-se
sensíveis ao desejo individual do idoso de agir de forma autônoma e fazer escolhas de vida. O
papel das equipes multidisciplinares que se tornam responsáveis pelo paciente idoso deve ser
o de suporte para manter a capacidade de tomada de decisão, provendo as informações
necessárias para permitir que as pessoas de idade avançada exerçam sua autonomia baseadas
no que lhes parece certo.
23,44-45
O valor do funcionamento dos sentidos desta pesquisa indica que os idosos de Arroio
do Meio têm uma percepção de perda na audição, visão, paladar, olfato, tato, pois os índices
obtidos (42,14 +11,85) foram inferiores à média e inferiores aos obtidos por Celich
37
em sua
amostra de 670 idosos na cidade de Erechim (67,60+20,08).
As atividades passadas, presentes e futuras (49+16,77) obtiveram um escore menor
que da amostra dos idosos de Erechim (69,25+11,25), o que denota a insatisfação em relação
às conquistas da vida em comparação com aquilo que se anseia. A participação social dessa
amostra obteve o segundo maior escore, juntamente com o segundo maior desvio padrão
(68,93 + 18,06), atrás apenas de intimidade.
Dentre inúmeros fatores, as pesquisas têm demonstrado como uma grande necessidade
das pessoas desta faixa etária a atenção e interesse das pessoas que as cercam.
46
A
participação social dos idosos em seus grupos parece ser um fator que traz atenção e a
sensação de pertencimento a um grupo. Através de um estudo de análise fenomenológica,
constatou-se que os momentos de felicidade dos idosos estão relacionados ao contato familiar
e social, à autonomia e à capacidade para trabalhar, o que constitui um conjunto de fatores
que traz valor pessoal, auto-estima e bem-estar.
47
Em estudo semelhante, utilizando-se
105.806 entrevistas gravadas da análise populacional geral de 41 países membros da OMS, a
maioria dos sujeitos da pesquisa selecionou atenção como principal prioridade para o
incremento da qualidade de vida, seguido de dignidade e comunicação.
48
Aqui, mais uma vez,
o domínio saúde não aparece como determinante na qualidade de vida com sucesso. O
Grupo socioterápico parece cumprir com o papel de incentivar um resgate prazeroso de
atividades sociais, formando um vínculo com os elementos do grupo e lhes proporcionando
segurança, apoio, compreensão e liberdade. A morte e o morrer apresentaram, juntos, o
40
menor escore da pesquisa, o que demonstra a pouca preocupação e a coragem dos idosos
quando o assunto é a morte.
O município de Arroio do Meio, durante três anos seguidos, foi ganhador da melhor
saúde pública do Rio Grande do Sul, segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE),
com base em dados apurados pelo Índice de Desenvolvimento Econômico (Idese).
49
Na
cidade, os moradores gozam de atendimento médico gratuito e de boa qualidade, o que pode
explicar tal postura diante da realidade da morte.
Outro aspecto a considerar quando o assunto é morte e morrer, é a espiritualidade. Na
cidade de Arroio do Meio, percebe-se grande adesão à religião por parte da população.
Também nos grupos de Idosos, a espiritualidade se faz presente. No início de cada encontro, a
abertura é feita com uma oração, o que demonstra o grande apego à espiritualidade. A
literatura científica já demonstra interesse pela questão da religião, da fé, da espiritualidade,
uma vez que estas apresentam relação com a cura de doenças e qualidade de vida da
pessoa.
17,50-51
A própria descendência alemã traz, em seus indivíduos mais longevos, uma
história de muitas perdas, algumas guerras e isto pode contribuir para que estes idosos com
idade mais avançada não temam a morte.
O donio intimidade, que traz perguntas acerca de companheirismo e amor,
apresentou o maior escore da pesquisa, o que nos leva à conclusão de que os idosos de Arroio
do Meiom um envelhecimento pleno de satisfação com seus companheiros e aqueles que os
rodeiam. As famílias estruturam-se de forma única em cidades do interior do Rio Grande do
Sul. As estruturas familiares permitem que, de três a quatro gerações da mesma família
continuem vivendo sob o mesmo teto, o que afasta a possibilidade de solidão, que
freqüentemente os idosos experimentam longe da família. As atividades de trabalho pesado
são assumidas pelos filhos quando estes atingem idade para tanto. Assim, na terceira idade, o
idoso já pode contar com mão de obra de filhos e netos na roça, restando ao idoso, quando
necessária sua ajuda, as lidas da casa e contato com os netos e bisnetos.
Os índices de Institucionalização dos idosos da cidade são baixos, uma vez que as
famílias encontram condições de dar a atenção necessária ao idoso em seu lar. O bom
convívio familiar e social possibilita a essa população qualidade de vida e dignidade.
52
41
Corroborando com o resultado deste estudo, uma pesquisa realizada num condado
montanhoso da china revelou que idosos que experienciam o status de “ninho-vazio (é o
processo pelo qual os pais passam quando os filhos vão embora de casa), tiveram maior
probabilidade de ser acometidos por uma doença mental e de sentirem-se insatisfeitos com
suas vidas.
53
Em Melbourne, Austrália, 149 avós (100 avós e 49 avôs), com idade superior ou
igual a 80 anos, foram avaliados segundo escalas de satisfação e níveis indicados de contato
semanal com os netos. O papel de avós do sexo feminino traz satisfação, uma vez que provém
um sentido de propósito e valorização durante a meia idade e velhice.
54
Um estudo
desenvolvido pela UFRGS-RS, envolvendo 297 estudantes universitários, ratifica a noção
empírica que cuidados dos pais na infância, pode ser associados com melhor qualidade de
vida na vida adulta, portanto na velhice também.
55
Informações que promovam a tomada de decisão e encorajem a independência, bem
como o trabalho em colaboração com membros da rede social do idoso, podem realçar a
autonomia dos idosos. Esse fato não deixa de corroborar com o donio atenção
mencionado acima, uma vez que prover informação ao idoso requer, necessariamente, atenção
e dedicação.
23
As pesquisas mais recentes não vinculam uma interdependência entre qualidade de
vida satisfatória com boa saúde do idoso, mas podemos encontrar ainda autores que colocam
como uma premissa para o envelhecimento com sucesso, a melhoria dos cuidados de saúde do
idoso.
Na Turquia, por exemplo, um estudo envolvendo 1301 (81,3%) idosos de uma área
rural, demonstrou que, na idade avaada, a qualidade de vida piora nas mulheres, viúvas,
analfabetos, acamados e com doenças diagnosticadas que requerem uso de medicamentos.
Mulheres eram mais dependentes em atividades como trabalhos de casa, compras, viagens,
transporte e banho. Homens eram dependentes quando a tarefa envolvia a preparação das
refeições. Ao final, os autores colocam a atenção à saúde como um determinante para o
alcance de uma melhor qualidade de vida aos idosos.
56-57
É possível que o componente
cultural tenha sido determinante em tal resultado, bastante contrário a maior parte dos estudos
encontrados hoje nos mais diversos bancos de dados de vários países.
42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo.
(Meu querido, meu velho, meu amigo - Roberto Carlos)”
Mesmo que o termo “aging” não encontre em nossa cultura uma definição similar a
dos orientais, precisamos buscar resgatar um envelhecimento que seja visto como natural e
com vistas ao sucesso. O velho paradigma que o idoso carrega deve ser desmontado,
possibilitando que idosos tomem suas decisões baseados no que acham adequado para suas
vidas.
O baixo valor do escore geral do WHOQOL-OLD (49,29) encontrado na pesquisa
parece não ser determinante para o impedimento da tomada de decisão, expresso por uma
dia de 4,44. Os valores desta pesquisa apresentaram-se bastante diferentes à Pesquisa dos
Idosos em Erechim.
37
Na amostra de 670 idosos, a média da qualidade de vida foi de
68,55+9,80, muito acima do valor obtido com os idosos de Arroio do Meio. Por outro lado,
estes idosos que apresentam bom nível de qualidade de vida não correspondem quando o
assunto é capacidade de tomada de decisões, uma vez que a maioria permaneceu na fase
Conformista, enquanto a amostra de Arroio do Meio atingiu a fase Conscienciosa, com a
ressalva de 3 idosos de uma amostra de 123 chegarem a atingir a fase Autônoma.
Quando desconsideramos o escore global e consideramos os domínios do WHOQOL-
OLD, conseguimos partir para uma análise mais criteriosa relevando os domínios mais
significativos para analisar profundamente o resultado desta pesquisa. Percebemos que os
indivíduos demonstram satisfação pessoal com as atividades drias, com o uso do tempo,
com o vel pessoal de atividade e com as oportunidades de participar nas atividades da
comunidade; com a capacidade de estabelecer relacionamentos íntimos e pessoais.
Nesse ínterim, precisamos tocar no ponto que tange a peculiaridade de cada região de
nosso país, que m tantas cores e costumes diferentes. Os laços de vizinhança e parentesco
entre os imigrantes alemães são muito fortes. São criadas parcerias para empréstimos de
dinheiro para a compra de terras, no trabalho conjunto para construção da igreja ou da escola,
43
nas colheitas, nas freqüentes visitas noturnas e no exercício da religiosidade. As famílias
cultivam o costume de rezar à mesa. Nos cultos dominicais na igreja luterana, que é a
confissão cristã dos antepassados da maioria, as famílias são representadas ao menos pela
metade de seus membros, sob pena de não serem bem vistas pela comunidade.
58
Dentre outros
costumes que o comuns aos moradores do interior, estes tros mencionados acima
explicam a importância que a sociedade, os relacionamentos entre amigos e parentes, têm para
os idosos de Arroio do Meio.
Os idosos de Arroio do Meio apresentam uma preocupação pequena com a maneira de
como vão morrer ou com o quanto a poderão sofrer até a morte, o que parece denotar um
mecanismo poderoso de enfrentamento em relação ao futuro. Num município que, por três
anos consecutivos, obteve os melhores índices de saúde pública do Estado, é de se esperar que
as pessoas não se preocupem tanto com a saúde, visto que os cuidados médicos são de fácil
acesso. A saúde, portanto, não parece ser um fator determinante para uma boa qualidade de
vida, o que corrobora com os achados dos autores mais recentes, que colocam atenção da
família, participação na sociedade como realidades mais decisivas na busca de qualidade de
vida.
5,15,17-18
Nesta pesquisa, o escore mais alto de todos os domínios do WHOQOL-OLD foi da
intimidade, seguido pelas atividades sociais. Isso parece ser em decorrência do suporte
familiar que os idosos do município possuem, juntamente com uma rede social de
participação representada como um forte elo pelos Grupos de Idosos.
Os idosos de Arroio do Meio não atingiram um bom nível global de Qualidade de
Vida, porém, encontram-se satisfeitos com as relações pessoais e a participação social,
domínios estes, que apresentam maior impacto na busca pela qualidade de vida do que apenas
boa saúde. A maneira habitual de considerar idosos como sendo vulneráveis e incapazes de
tomar decisões não pode ser aplicada a essa amostra.
A Qualidade de Vida parece não se mostrar determinante para a Capacidade de
Tomada de decisão nesta amostra de idosos da Cidade de Arroio do Meio, uma vez que não
apresentam escore global de Qualidade de Vida satisfatório, mas apresentam capacidade para
gerir suas decisões, quando a maior parte da amostra encontra-se na fase Conscienciosa do
desenvolvimento Psicológico-Moral.
44
Para entender as necessidades específicas dos nossos idosos, não podemos
desconsiderar a questão cultural. Na busca em proporcionar um envelhecimento ativo aos
nossos indivíduos de cabelos brancos, o caminho é incentivar sua participação na sociedade
valorizando, por exemplo, os Grupos Socioterápicos.
Investimentos maciços em atividades que promovam o resgate prazeroso do idoso na
sociedade podem fazer a diferença, em conjunto com outros fatores, para que a terceira idade
o seja vista como o final da trajetória, mas sim, um recomeço. Proporcionar o convívio do
idoso no seio da família, respeitar o direito de gerir suas decisões também são pontos chave
para transformar essa revolução demográfica não em caos, mas numa conquista para a
humanidade.
45
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52 Leite MT, Battisti IDE, Berlezi EM, Scheuer AI. Idosos residentes do meio urbano e sua
rede de suporte familiar e social. Texto Contexto Enf. 2008;17(2):250-7.
53 Liu LJ, Guo Q. Life satisfaction in a sample of empty-nest elderly: a survey in the rural
area of a mountainous county in China. Qual Life Res. 2008;17(6):823-30. Epub 2008 Jul 2.
54 Ceresuela López A, Rubio Rubio S, Rodríguez Rodríguez B, David Domingo JM, Cuerda
Segurola C, Lorente Aznar T. Social inequality and changes in quality of life among the
elderly in rural areas of the province of Cuenca (Spain) between 1994 and 2002. Rev Esp
Geriatr Gerontol. 2008;43(4):221-8.
55 Zimmermann JJ, Eisemann MR, Fleck MP. Is parental rearing an associated factor of
quality of life in adulthood? Qual Life Res. 2008;17(2):249-55. Epub 2007 Dec 13.
56 Landefeld CS . Improving health care for older persons. Ann Intern Med. 2003 2;139(5 Pt
2):421-4.
57 Arslantas D, Unsal A, Metintas S, Koc F, Arslantas A. Life quality and daily life activities
of elderly people in rural areas, Eskişehir (Turkey). Arch Gerontol Geriatr. 2008 Jan 22.
[Epub ahead of print].
58 Menasche R, Schmitz L C. Agricultores de origem alemã, trabalho e vida: saberes e
práticas em mudança em uma comunidade rural gaúcha. Anais da Reunião Brasileira de
Antropologia. Goiânia, GO: ALASRU; 2006.
http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_idese.php?ano=2004
51
ANEXO A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Avaliação da qualidade de vida e tomada de decisão de idosos participantes de grupos
socioterápicos (grupos de idosos) do município de Arroio do Meio/RS
A terceira idade vem sendo muito estudada nos últimos tempos por causa do aumento
expressivo da população de idosos no mundo e inclusive aqui no Brasil. É importante avaliar
as condições dos idosos em relação à qualidade de vida e capacidade de tomada de decisão
para conhecer a sua realidade aqui na cidade.
Este estudo tem por objetivo avaliar a sua qualidade de vida e sua capacidade de tomada
de decisão, para posteriormente relacionar com outros estudos.
Serão utilizados 2 questionários que serão aplicados por um voluntário, qualquer vida, o
voluntário poderá ajudá-lo. Depois, os dados serão estudados pelo responsável pela pesquisa e
pela pesquisadora e os resultados não demonstrarão nomes de quem respondeu.
Não desconfortos ou riscos que podem ocorrer durante o processo de coleta dos dados. O
benefício é a participação de uma pesquisa científica, podendo colaborar com a ciência.
Sua participação não causará nenhum risco adicional e sua privacidade será garantia bem
como poderás desistir a qualquer momento sem nenhum constrangimento.
Ressaltamos também que a concordância em participar deste estudo não implica
necessariamente em qualquer modificação no tratamento que você esteja realizando. Para a
realização da pesquisa, necessitamos seu consentimento através da sua assinatura a seguir.
Eu, ......................................................................... (paciente ou responsável) fui informado dos
objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada. Recebi informação a respeito do
estudo e esclareci minhas vidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas
informações e modificar minha decisão se assim eu o desejar. A pesquisadora responsável
Alethéia Peters Pavan (51 81260211) certificou-me de que todos os dados desta pesquisa
referentes a minha pessoa serão confidenciais e terei liberdade de retirar meu consentimento
de participação na pesquisa, face a estas informações. Estou ciente de que posso contar
também com o orientador da pesquisa Dr Jo Roberto Goldim (51 21017615), ou ainda
contatar o comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do RS pelo
telefone (3320 3345).
______________________ ______________________ ____________
Assinatura do Idoso Nome Data
______________________ Alethéia Peters Pavan ____________
Assinatura do Pesquisador Nome Data
______________________ ______________________ ____________
Assinatura da testemunha Nome Data
52
ANEXO B - QUESTIONÁRIO WHOQOL-OLD
Instruções
Este questionário pergunta a respeito dos seus pensamentos, sentimentos e sobre certos aspectos
de sua qualidade de vida, e aborda questões que podem ser importantes para você como membro
mais velho da sociedade. Por favor, responda todas as perguntas. Se você não está seguro a
respeito de que resposta dar a uma pergunta, por favor escolha a que lhe parece mais apropriada.
Esta pode ser muitas vezes a sua primeira resposta. Por favor tenha em mente os seus valores,
esperanças, prazeres e preocupações. Pedimos que pense na sua vida nas duas últimas semanas.
Por exemplo, pensando nas duas últimas semanas, uma pergunta poderia ser:
O quanto você se preocupa com o que o futuro poderá trazer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
Você deve circular o mero que melhor reflete o quanto você se preocupou com o seu futuro
durante as duas últimas semanas. Então você circularia o número 4 se você se preocupou com o
futuro “Bastante”, ou circularia o número 1 se o tivesse se preocupado “Nada” com o futuro. Por
favor leia cada questão, pense no que sente e circule o número na escala que seja a melhor resposta
para você para cada questão.
Muito obrigado(a) pela sua colaboração!
As seguintes questões perguntam sobre o quanto você tem tido certos sentimentos nas últimas duas
semanas.
F25.1 Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar, olfato,
tato), afetam a sua vida diária?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F25.3 Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato, afeta a sua
capacidade de participar em atividades?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F26.1 Quanta liberdade você tem de tomar as suas próprias decisões?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
53
F26.2 Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F26.4 O quanto você sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua liberdade?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F29.2 Quão preocupado você está com a maneira pela qual irá morrer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F29.3 O quanto você tem medo de não poder controlar a sua morte?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F29.4 O quanto você tem medo de morrer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F29.5 O quanto você teme sofrer dor antes de morrer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
As seguintes questões perguntam sobre quão completamente você fez ou se sentiu apto a fazer
algumas coisas nas duas últimas semanas.
F25.4 Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar, olfato,
tato) afeta a sua capacidade de interagir com outras pessoas?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Completamente
5
F26.3 Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria de fazer?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Completamente
5
F27.3 Até que ponto você es satisfeito com as suas oportunidades para continuar alcançando
outras realizações na sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Completamente
5
54
F27.4 O quanto você sente que recebeu o reconhecimento que merece na sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Completamente
5
F28.4 Até que ponto você sente que tem o suficiente para fazer em cada dia?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Completamente
5
As seguintes questões pedem a você que diga o quanto você se sentiu satisfeito, feliz ou bem sobre
vários aspectos de sua vida nas duas últimas semanas.
F27.5 Quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito
nem Insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
F28.1 Quão satisfeito você está com a maneira com a qual você usa o seu tempo?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito
nem Insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
F28.2 Quão satisfeito você está com o seu nível de atividade?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito
nem Insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
F28.7 Quão satisfeito você está com as oportunidades que você tem para participar de atividades da
comunidade?
Muito insatisfeito
1
Insatisfeito
2
Nem satisfeito
nem Insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
5
F27.1 Quão feliz você está com as coisas que você pode esperar daqui para frente?
Muito infeliz
1
Infeliz
2
Nem feliz nem
Infeliz
3
Feliz
4
Muito feliz
5
F25.2 Como você avaliaria o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar,
olfato, tato)?
Muito ruim
1
Ruim
2
Nem ruim nem boa
3
Boa
4
Muito Boa
5
55
As seguintes questões se referem a qualquer relacionamento íntimo que você possa ter. Por favor,
considere estas questões em relação a um companheiro ou uma pessoa próxima com a qual você
pode compartilhar (dividir) sua intimidade mais do que com qualquer outra pessoa em sua vida.
F30.2 Até que ponto você tem um sentimento de companheirismo em sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F30.3 Até que ponto você sente amor em sua vida?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Extremamente
5
F30.4 Até que ponto você tem oportunidades para amar?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Completamente
5
F30.7 Até que ponto você tem oportunidades para ser amado?
Nada
1
Muito pouco
2
Mais ou menos
3
Bastante
4
Completamente
5
56
ANEXO C - INSTRUMENTO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO-MORAL
Nome:____________________________________________________________
Idade:_________ anos Profissão:____________________________
Data de Preenchimento:____/____/____
Escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) 3º grau incompleto
( ) 1º grau incompleto ( ) 3º grau completo
( ) 1º grau completo ( ) Especialização
( ) 2º grau incompleto ( ) Mestrado
( ) 2º grau completo ( ) Doutorado
Assinale 3 afirmações que correspondam ao seu gosto pessoal:
( ) Poder contar com amigos que me ajudam.
( ) Realizar um trabalho bem feito.
( ) Estar numa posição de dar ordens.
( ) Fazer o que é moralmente certo.
( ) Não alimentar preconceitos.
( ) Ser coerente com o que digo e faço.
( ) Ter amigos protetores.
( ) Retribuir os favores que me fazem.
( ) Estar em harmonia comigo mesmo.
( ) Ter relações influentes.
( ) Não se deixar influenciar por convenções sociais.
( ) Ser generoso para com os outros.
Assinale 2 conteúdos que o preocupam mais freqüentemente com relação a si
mesmo: ( ) Compromissos assumidos.
( ) Não ser dominado pelos outros.
( ) Aprimoramento pessoal.
( ) Desejos sexuais.
( ) Estar bem trajado.
( ) Harmonia interior.
Assinale 2 conteúdos que o preocupam mais freqüentemente com relação a si
mesmo:
( ) Prestígio.
( ) Coerência.
( ) Autonomia.
( ) Autocrítica exagerada.
( ) Competição.
( ) Impulsividade.
Assinale 2 conteúdos que o preocupam mais freqüentemente com relação a si
mesmo:
( ) Medo à vingança.
( ) Boa reputação.
( ) Conflito de necessidades.
( ) Independência.
( ) Ter um rendimento ótimo.
( ) Obter vantagens.
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