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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
AVALIAÇÃO DA LEPTOSPIROSE EM CÃES DE ÁREA CRÍTICA DA
REGIÃO URBANA DO ANHANDUIZINHO, MUNICÍPIO DE CAMPO
GRANDE, MATO GROSSO DO SUL, BRASIL.
EVALUATION OF LEPTOSPIROSIS IN DOGS IN CRITICAL AREA OF
THE ANHANDUIZINHO URBAN REGION, CAMPO GRANDE, MATO
GROSSO DO SUL, STATE, BRAZIL.
SILVIA BARBOSA DO CARMO
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL - BRASIL
FEVEREIRO DE 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
AVALIAÇÃO DA LEPTOSPIROSE EM CÃES DE ÁREA CRÍTICA DA
REGIÃO URBANA DO ANHANDUIZINHO, MUNICÍPIO DE CAMPO
GRANDE, MATO GROSSO DO SUL, BRASIL.
EVALUATION OF LEPTOSPIROSIS IN DOGS IN CRITICAL AREA OF
THE ANHANDUIZINHO URBAN REGION, CAMPO GRANDE, MATO
GROSSO DO SUL, STATE, BRAZIL.
SILVIA BARBOSA DO CARMO
Orientador: Prof. Dr. Michael Robin Honer
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, como
requisito à obtenção do título de Mestre
em Ciência Animal. Área Concentração:
Saúde Animal.
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL - BRASIL
FEVEREIRO DE 2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Coordenadoria de Biblioteca Central – UFMS, Campo Grande, MS, Brasil)
Carmo, Silvia Barbosa do.
C287a Avaliação da leptospirose em cães de área crítica da região urbana do
Anhanduizinho, município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul / Silvia
Barbosa do Carmo. -- Campo Grande, MS, 2008.
67 f. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.
Orientador: Michael Robin Honer.
1. Cão – Doenças. 2. Leptospirose em animais. I. Honer, Michael
Robin. II. Título.
CDD (22) 636.70986959
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas...
Que já têm a forma de nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
Mesmos lugares...
É o tempo da travessia...
E se não ousarmos fazê-la...
Teremos ficado.... para sempre.......
À margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa
Comece fazendo o que é necessário,
depois o que é possível, e de repente
você estará fazendo o impossível”.
São Francisco de Assis
Ao meu grande amor...
Que com seu doce encanto....
Acalenta e enternece minha vida
Vida essa com você.... linda de se viver.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Michael Robin Honer, professor dedicado e
compreensivo, pelo apoio constante nas orientações, e pela paciência britânica ao
conduzir-me nas etapas deste trabalho.
Ao Dr. Leonardo Rigo, que muito contribuiu com sua experiência e
perspicácia acadêmica.
À médica veterinária e amiga Maria Aparecida Conche Cunha, pelo
companheirismo e apoio durante a etapa de colheita das amostras em campo.
A Marilete Otaño Ferencz, secretária do Programa Mestrado em Saúde
Animal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, pela atenção, boa vontade
e constante apoio.
Aos “meninos” do Centro de Controle de Zoonoses-CCZ, pelo apoio nas
colheitas das amostras.
Aos amigos do Laboratório de Leptospirose do Centro de Controle de
Zoonoses do município de São Paulo, pelo apoio e orientações quando das análises
laboratoriais.
À Cláudia e ao André, pela força, pela presteza e apoio quando da
impossibilidade de minha presença no ambiente de trabalho.
À médica veterinária Júlia Cristina Maksoud Brazuna, amiga e irmã
incondicional, sempre presente, iluminando o trabalho e reconfortando nos
momentos difíceis.
À grande amiga, companheira, médica veterinária Iara Helena
Domingos, pelo seu esforço, empenho, esmero e respeito profissional irrestrito,
participando ativamente deste projeto de vida.
À Taninha, à Maria Luiza e ao Pissin pelo apoio e carinho quando dos
momentos atribulados.
À minha amada família, irmãos e mãe, pela compreensão da minha
ausência no seio familiar, e do qual sentiram minha falta.
Em especial à mamãe Nair por brotar em mim a sede do saber e o prazer
da busca pelos desafios humanos, espirituais e intelectuais.
Ao meu amado e saudoso pai, Areonísio, pela sua bondade, humildade,
pureza de pessoa....um espírito iluminado.
SUMÁRIO
1 .................................................................................................9 INTRODUÇÃO
1.1 ..........................................................................................................10 Histórico
1.2 ..........................................................................................................11 Etiologia
1.3 .................................................................................................13 Epidemiologia
1.4 ...................................................................................................17 Transmissão
1.5 .................................................................................................18 Reservatórios
1.6 .....................................................................................................20 Diagnóstico
1.7 .....................................................................................22 Leptospirose em cães
1.7.1 ................................................................30 Leptospirose em animais silvestres
2 .............................................30 FATORES DE RISCO PARA LEPTOSPIROSE
2.1 ...................................................................................................35 Urbanização
2.2 .........................................................................................38 Padrão de moradia
3 ....................................................................................................40 CONTROLE
4 ...................................................................................................42 OBJETIVOS
REFERÊNCIAS.........................................................................................................43
ARTIGO ....................................................................................................................56
RESUMO...................................................................................................................57
INTRODUÇÃO..........................................................................................................58
MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................60
RESULTADOS..........................................................................................................62
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES................................................................................68
ABSTRACT...............................................................................................................74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................75
ANEXO......................................................................................................................80
8
RESUMO
Objetivando a análise comparativa da ocorrência da leptospirose canina na Região Urbana do Anhanduizinho,
entre estudos de 2002 e 2006, avaliaram-se os ambientes domésticos como de risco, os efeitos de intervenção
pública e de urbanização. Obteve-se uma redução da positividade de 15,7% para 5,5%, onde a chance de um cão
adquirir a doença em 2002 (OR: 2,4) era maior do que em 2006. A diversidade de sorovares identificados
demonstrou a persistência e o potencial do agente no ambiente, podendo sugerir sorovares autóctones. Dentre os
animais, os jovens foram os mais acometidos. Quanto ao sexo, os machos com maior positividade nos períodos,
tiveram em 2006 um risco maior de contrair a doença (OR=2,7). Considerando o aspecto sanitário dos
domicílios, a queda no padrão de manutenção predial e sanitário observado em 2002, na maioria com condições
satisfatórias de higiene e habitabilidade, inverte a chance de infecção para 2006 (OR:2,8). A análise espacial dos
casos positivos demonstrou em ambos estudos, os bairros Aero Rancho, o maior, e o Guanandi, o mais populoso,
com persistência de casos. Apesar das intervenções urbanísticas e melhorias na paisagem urbana empreendidas
pelo poder público terem favorecido a redução da incidência da doença, ainda persistem condições inadequadas
de habitação, propiciadas por fatores educacionais e sociais intrínsecos ao crescimento urbano e suas
aglomerações. Medidas de controle e de educação em saúde devem ser implementadas como estímulo para
mudança do padrão comportamental local, com a inclusão de práticas de manejo do ambiente doméstico, de
higiene pessoal e dos animais de estimação.
Palavras-chave: Cão - doenças, urbanização, leptospiras
9
ABSTRACT
This work aimed to evaluate the domestic environments and the effects of public intervention and of
urbanization, through of the comparative analysis of the occurrence of the canine leptospirosis in the
Anhanduizinho’s urban area, among studies was held in 2002 and 2006 years. The results indicated the reduction
of the positivity of 15,7% for 5,5%, where the chance of the dog to acquire the disease in 2002 (OR: 2,4) it was
larger than in 2006. The persistence and the agent's potential infection in the environment were showed through
of the diversity of identified serovars and could suggest autochthonous serovars. Among the animals, the youths
were the more attacked and the males with larger positivity in the periods, had in 2006 a larger risk of
contracting the disease (OR=2,7). The household's pattern sanitary performed in 2002, it inverts the infection
chance for 2006 (OR:2,8). The space analysis of the positive cases demonstrated in studies, the Aero Rancho, the
largest uptown, and Guanandi, the most populous, with persistence of cases. Despite the interventions and
improvements in the urban landscape undertaken by the government had supported the reduction of the disease
incidence, still persist in household inappropriate sanitary conditions provide by educational and social factors
intrinsic to the urban growth and your gatherings. Control measures, health's educational must to be taken for
change of the pattern sanitary local, with the inclusion of practices of handling of the domestic atmosphere,
personal hygiene and of the pet animals.
Key-words: Dog - diseases, urbanization, leptospiras
10
1 INTRODUÇÃO
A leptospirose é uma zoonose bacteriana que causa uma diversidade de
síndromes clínicas tanto nos humanos como nos animais, e se encontra amplamente
distribuída nas Regiões das Américas (OPAS, 1998). Afeta a saúde animal, a
economia de produção (GIRIO et al., 2004) e a saúde pública (FAINE, 1982), pois os
animais são os hospedeiros primários essenciais para persistência de focos da
infecção (JOUGLARD & BROD, 2000).
Sendo a leptospirose humana uma doença de notificação compulsória no
Brasil desde 1987, todos os casos suspeitos devem ser notificados e obrigados a
uma investigação epidemiológica. Por outro lado, sabendo-se que os cães, entre os
animais domésticos urbanos, são os que representam a principal fonte de infecção
da leptospirose humana, e que o Ministério da Saúde afirma que a doença nesse
animal é motivo de preocupação para os profissionais envolvidos com a saúde
pública, é de suma importância, portanto, identificar a ocorrência da doença nesse
possível reservatório, a fim de subsidiar o delineamento de ações de vigilância em
saúde de forma a minimizar os riscos de agravos à saúde da população (BRASIL,
1997).
A doença quando ocorre no meio urbano adquire um caráter mais severo,
onde os centros urbanos brasileiros caracterizam-se por grandes aumentos
populacionais e pelo estabelecimento de moradias inadequadas. Tal subprocesso
leva o aparecimento de áreas periféricas de alta densidade com ausência de infra-
estrutura, estabelecendo condições propícias ao desenvolvimento de diversas
enfermidades (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE MINAS GERAIS, 1998).
É imprescindível o conhecimento da situação da leptospirose no
município, caracterizando os sorovares prevalentes, bem como as condições
favoráveis para a manutenção do agente no ambiente, que pode determinar a
extensão do problema bem como servir de subsídio para possíveis ações de
vigilância sanitária e epidemiológica.
11
1.1 Histórico
A primeira observação de uma doença humana caracterizada por febre,
icterícia e hemorragias petequiais, e que provavelmente era leptospirose, foi
realizada no Cairo por Larrey em 1800 a cujos estudos seguiu-se o de Landouzy, na
França em 1883, em que foi observada manifestação clínica semelhante em dois
pacientes, associada ao contato com esgotos. Hofer, em 1850, descreveu em cães
uma enfermidade que mais tarde foi considerada como similar à doença humana
descrita por Weil na Alemanha em 1886, uma doença humana como entidade clínica
específica, mais tarde reconhecida como sendo leptospirose (BRASIL, 1997).
A morfologia do microorganismo foi descrita por Stimson, em 1907,
examinando rins humanos na cidade de Manaus, Estado do Amazonas, sendo que o
agente etiológico da enfermidade foi observado por Ido em 1915 em rato e
camundongo, mas só foi determinado em 1916, por Inada e colaboradores no
Japão, desde então têm sido diagnosticada em diferentes espécies animais.
(CORRÊA & CORRÊA,1992; GUERREIRO, et al., 1984).
No Brasil, os primeiros trabalhos sobre leptospirose foram realizados em
1818, no Rio de Janeiro por Aragão e em São Paulo por Carini. Em 1930, foi
identificado o primeiro caso de leptospirose humana ocorrido na cidade de São
Paulo. Em 1940, no Rio de Janeiro, cães com manifestações clínicas compatíveis
com leptospirose foram submetidos à necropsia para confirmar a presença do
agente causador da leptospirose em cães no Brasil. Em 1942, houve a descrição de
surtos epidêmicos em Porto Alegre por Costa e colaboradores, e no Paraná, em
1946 por Miranda. A partir de 1947, Guida, no Instituto Biológico de São Paulo
investigando as leptospiroses animais, possibilitou o levantamento de diferentes
espécies como possíveis fontes de infecção, reavaliando também, sua importância
na patologia humana. Em 1954, descreveu-se um caso de febre canicola humana,
relacionando o sorovar canicola ao contato com os cães, que seriam freqüentemente
infectados por esse agente (BRASIL, 1997; VERONESI, 1985; BROD et al., 2005).
À medida que se acumulavam os conhecimentos sobre a leptospirose no
Brasil, foram reconhecidos alguns surtos epidêmicos de consideráveis proporções,
como as ocorridas em Recife nos anos de 1970 (CORRÊA et al., 1972) e 1975
(OLIVEIRA et al., 1977); São Paulo em 1991 e 1995, Santa Catarina em 1995 e Rio
de Janeiro em 1996 (BRASIL, 1997). O ambiente urbano onde ocorreram esses
12
surtos epidêmicos caracterizou-se propício à proliferação de roedores e os fatores
hídricos, representados por altas precipitações pluviométricas, estiveram sempre
ligados à origem das epidemias de leptospirose.
1.2 Etiologia
Os microorganismos causadores da leptospirose são membros da família
Spirochaetaceae, da ordem Spirochaetales, do gênero Leptospira, com espécies
patogênicas pertencentes ao grupo denominado Leptospira interrogans, enquanto
outras, saprófitas, encontradas nas águas, em vida livre, são enquadradas no grupo
denominado Leptospira biflexa (GUERREIRO et al.,1984).
Embora a classificação do gênero Leptospira seja objeto de divergência
entre os grupos de pesquisadores, esses dois tipos coexistem, um baseado em
determinantes genéticos e outro baseado em determinantes antigênicos. Ambos
reconhecem espécies patogênicas e saprófitas. A classificação com base em
determinantes antigênicos é subdividida em diferentes sorovares, de patogenicidade
variada tanto para os animais quanto para o homem (LEVETT, 2001).
Esta divisão foi recomendada pelo Subcomitê do Grupo de estudos
científicos da leptospirose da Organização Mundial de Saúde – OMS, que estudaram
o gênero Leptospira em 1962 (BRASIL, 1997).
Em 1992, o Subcomitê em taxonomia da Leptospira propôs a subdivisão
da espécie Leptospira interrogans em seis espécies: L. interrogans, L.
borgpetersenii, L. santarosai, L. noguchii, L. weili e L. kirshneri, com base em
critérios de diferenciação molecular entre os diversos sorovares (QUIN et al., 1994).
O sorovar é a unidade taxonômica básica de Leptospira, representado por
uma “amostra de referência”, o agrupamento dos sorovares é feito segundo as suas
principais afinidades antigênicas, indicando a natureza sorológica desses grupos
visando principalmente a prática das técnicas sorológicas utilizadas para a
identificação, tendo em vista o grande número de sorovares reconhecidos. Os
microorganismos são subdivididos em sorogrupos, que são ainda divididos em
sorovares (THOMSON,1990).
Em 1976, SZYFRES relacionou mais de 50 sorotipos pertencentes a 15
sorogrupos isolados na América Latina e Caribe.
13
A classificação fenotípica de Leptospiras tem sido substituída pela
genotípica, onde um número de genomoespécies inclui todos os sorovares de
ambas L. interrogans e L. biflexa. A heterogeneidade genética foi demonstrada por
estudos de hibridização de DNA e foram definidas as genomoespécies de
leptospiras, onde se concluiu que essas não correspondem às prévias duas
espécies (L. interrogans e L. biflexa), e de fato, sorovares patogênicos e não
patogênicos ocorrem entre as mesmas espécies, desse modo, nenhum sorogrupo
nem sorovar prediz confiavelmente as espécies de leptospiras (LEVETT, 2001).
O Grupo de Genética Molecular de Leptospiras do Instituto Pasteur em
Paris, em 1998, utilizando o método de hidroxiapatita no estudo da relação entre o
DNA dos diversos sorovares dessa bactéria, propôs um modelo de classificação em
espécies genômicas ou genomoespécies, acrescentando às seis espécies citadas
anteriormente, outras 11, formando três gêneros, ou seja, Leptospira, Turneria e
Leptonema, compreendendo 301 sorovares (BARANTON, 1998).
Mais recentemente, o Centers of Disease Control (CDC) depois de um
extensivo estudo de centenas de variedades da bactéria definiu 16 genomoespécies
de Leptospira. Mesmo sabendo que a reclassificação de leptospiras baseada em
genótipos está taxonomicamente correta, há fortes fundamentações para futuras
classificações (LEVETT, 2001).
A utilização da sorotipagem para distinguir isolados em sorovares, tem
sido progressivamente substituída por análise de restrição de enzimas do DNA
cromossomal para identificar genótipos, sendo um processo simples e mais
informativo. Embora muitos sorovares sejam reconhecidos em diversas partes do
mundo, apenas um determinado número é endêmico em uma determinada região, e
em função dos aspectos ecológicos que caracterizam cada uma destas regiões
(MAXIE,1993). Os cães são os hospedeiros do sorovar canicola e, em populações
não vacinadas, a incidência de infecção por este sorovar pode ocorrer de 50 a 75%
(BOLIN, 1996).
O gênero Leptospira é uma bactéria móvel, não encapsulada nem
esporulada, que se multiplica por fissão transversa. Os movimentos são de saca-
rolhas e de flexão e extensão, todos associados, dando-lhe rápida e característica
mobilidade (CORRÊA & CORRRÊA, 1992). Sobrevive em ambientes úmidos, lama,
e água em torno de 20ºC, e não resiste à dessecação. Multiplica-se otimamente em
pH 7,2 a 7,4 e, experimentalmente foi constatado que persiste na água por até 180
14
dias. Embora exista a possibilidade de sobrevivência em pH ácido entre 5,0 e 6,2,
elas têm curta sobrevivência em água salgada e são facilmente cultivadas em meios
artificiais, sendo mais utilizado o de Fletcher (HANSON,1982).
O sorovar icterohaemorrhagiae morre em dez minutos à temperatura de
56ºC e, em 10 segundos, à de 100ºC. As leptospiras patogênicas sobrevivem ao frio
e até ao congelamento (cem dias a 20ºC negativos). É bastante sensível à luz solar
direta, aos desinfetantes comuns e aos antissépticos. Podem ser liofilizadas e são
muito sensíveis aos ácidos, com perda de motilidade em 15 minutos, quando em
solução de ácido clorídrico a 1:2000 (BRASIL, 1997). No leite diluído, a
sobrevivência é curta, mas aumenta quando é diluído em água (VERONESI et al.,
1972).
A sobrevivência de leptospiras patogênicas no ambiente é dependente de
diversos fatores, incluindo pH, temperatura, e a presença de combinações inibidoras
(LEVETT, 2001). Alguns animais, inclusive o homem, têm urina acentuadamente
ácida e as leptospiras não a suportam por muito tempo. Por outro lado, mesmo em
ambientes ácidos onde elas podem sobreviver por curto período, ao serem
excretadas e misturadas ao solo, com água ou lama (alcalinos), sobrevivem por um
tempo maior, aumentando o perigo de contágio (VERONESI, 1985).
A sua persistência na natureza e o elevado potencial de infecção são
assegurados pela diversidade de identidades sorológicas, pela multiplicidade de
espécies hospedeiras e pelo relativo grau de sobrevivência das leptospiras
patogênicas no ambiente, sem parasitismo, ainda que essas não se multipliquem
fora do organismo dos hospedeiros (FAINE, 1999).
1.3 Epidemiologia
A leptospirose é uma doença caracterizada epidemiologicamente como
uma zoonose de grande importância econômica e de saúde pública (BRASIL, 1997).
Considerada uma doença bacteriana infecto contagiosa, é largamente disseminada,
e em face da incidência dos casos humanos que repercute perdas econômicas em
virtude do alto custo hospitalar dos pacientes, acarreta prejuízos tanto pela perda
dos dias trabalhados, como pelas alterações na esfera reprodutiva de animais
infectados (ACHA & SZYFIRES, 1986; FAINE,1999; BRASIL, 1994; LEVETT, 2001).
15
Por estar relacionada entre as doenças ditas ocupacionais, as
investigações epidemiológicas têm constatado a nítida predominância dessa
zoonose em profissões com baixo nível de remuneração (BRASIL,1997),
caracterizando a ocupação como um fator de risco significante para os humanos
(LEVETT, 2001).
Para a Organização Panamericana de Saúde – OPS, a leptospirose
encontra-se amplamente distribuída nas Américas, sendo que na maioria dos países
não existem programas de vigilância epidemiológica das síndromes causadas pela
leptospirose, e poucos contam com laboratórios de diagnóstico (OPAS,1998).
A sua distribuição geográfica é cosmopolita, no entanto, a sua ocorrência
é favorecida pelas condições ambientais vigentes nas regiões de clima tropical e
subtropical (BRASIL,1997). A existência, a dispersão e a incidência da doença é
significantemente alta em países de clima quente do que em regiões temperadas
(LEVETT, 2001).
Apresenta-se sob a forma endêmica em todos os continentes, podendo,
em determinadas circunstâncias, assumir características de surtos epidêmicos
(VERONESI,1985), quando um número significativo de pessoas expõem-se a uma
fonte comum de infecção. Os surtos são conseqüência da exposição à água e lama
contaminada pela urina de roedor (BRASIL, 1997). A elevada temperatura e os
períodos do ano com altos índices pluviométricos favorecem o aparecimento desses
surtos de caráter sazonal (LEVETT,1999; BRASIL,1994), além dos receptáculos
naturais de água, a umidade relativa do ar e a variedade das espécies hospedeiras
que facilitam a cadeia de eventos necessários para a transmissão da leptospirose
(SZYFRES, 1976).
Pela definição de FAINE (1999) os três padrões epidemiológicos da
leptospirose compreendem: 1) a ocorrência da doença em climas temperados
envolvendo poucos sorovares cuja transmissão ao homem ocorre de forma direta ao
contato com animais de produção; 2) a ocorrência em áreas tropicais úmidas com
muitos sorovares infectando o homem e vários reservatórios, onde a exposição
humana não está limitada à sua ocupação, mas sim pela dispersão da contaminação
ambiental, onde medidas de controle de roedores, drenagem de áreas alagadas e
higiene pessoal são primordiais para a prevenção humana; 3) e a infecção de
roedores no ambiente urbano, muito comum em países em desenvolvimento.
16
A sua morbidade é bastante alta em todos os países em que se tem
estudado, e a letalidade é bastante baixa, geralmente menos de um por cento
(CORRÊA & CORRÊA, 1992).
A circulação de leptospiras na população humana e animal tem sido
detectada em praticamente todos os países onde se realizam inquéritos
epidemiológicos adequados. Sua distribuição está condicionada a fatores climáticos,
edáficos, geográficos e bióticos (HERNÁNDES et al.,1999), devendo ser assinalada
também, a importância dos fatores sociais e econômicos que favorecem a
proliferação de reservatórios (BEY & JOHNSON, 1994).
A doença ocorre tanto na área rural como urbana, e adquire um caráter
mais severo nesta última, onde o forte significado sócio-econômico-cultural é
exacerbado por fatores que caracterizam as áreas críticas para a doença como: as
migrações, com o conseqüente crescimento desordenado de grandes centros
urbanos; as aglomerações urbanas de baixa renda morando à beira de córregos em
áreas de enchentes, em contato com lama, água ou esgotos contaminados; as
deficiências nas condições de saneamento básico e o acúmulo de lixo, que
promovem a expansão de roedores (ALMEIDA et al., 1994; FAINE, 1999).
Para se conceituar áreas de risco na situação referida acima, devem ser
levadas em consideração as áreas com aglomeração de casos humanos detectadas
no decorrer do tempo, e que contribuam significativamente na porcentagem total dos
casos, associados a uma causa comum de contágio, por exemplo: um determinado
córrego ou rio com pontos críticos de enchente crônicos e, responsável pela forma
de exposição da maioria dos casos, aliado ainda, à alta prevalência de leptospiras
nos roedores e a outros fatores sociais e ambientais, que predisponham à doença
(BRASIL, 1997).
VINETZ et al., (1997) descreve a leptospirose urbana como um indicador
do baixo padrão sócio-econômico de uma cidade. Uma parcela considerável da
população vulnerável que habita esses locais desprovidos de esgotamento sanitário
ideal, em precárias moradias e em condições inadequadas de higiene e habitação, e
ainda, coabitando com roedores que se perpetuam no ambiente devido às condições
necessárias à sua proliferação, são expostas constantemente decorrente da
contaminação do ambiente.
A leptospirose humana no Brasil é uma doença de notificação
compulsória desde 1987, onde todos os casos suspeitos devem ser notificados e
17
obrigados a uma investigação epidemiológica. Segundo a OPAS (1998), em 1997, o
Brasil foi o país que mais notificou casos, seguido por Cuba, Nicarágua e México.
De acordo com dados da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA (2000),
sobre a epidemiologia da leptospirose no Brasil no ano de 2000, a região Centro-
Oeste foi a que atingiu os menores índices para os casos notificados (1,5%),
confirmados (1,2%) e óbitos (0,8%) em relação às outras regiões do país. Segundo a
situação de risco dos casos confirmados, destaca-se primeiramente enchente,
seguida de coleções de água e presença de animais. Para a zona de residência e
ambiente provável de infecção, a domiciliar despontou dos demais locais.
No Estado de Mato Grosso do Sul, dentre os casos notificados, foram
confirmados 61 casos de leptospirose humana no período de 2000 a 2006. Destes,
no município de Campo Grande foram notificados 49 casos, sendo que 24 foram
confirmados positivos para leptospirose, inclusive com um óbito no ano de 2004,
ocorrido na Região Urbana do Anhanduizinho (Quadro 1).
Quadro 1 - Casos notificados e confirmados de leptospirose humana no município de
Campo Grande, MS, de 2000 a 2006.
Ano de Notificação Casos notificados Confirmados
2000 3 1
2001 9 3
2002 6 4
2003 8 6
2004 8 2*
2005 9 5
2006 6 3
Total 49 24
* 1 óbito
Fonte: SINAN-W/SVE/SESAU/PMCG
A doença neste período, no Estado, se caracterizou como de baixa
endemicidade e o coeficiente de incidência anual média foi de 0,39/100 mil hab.
(média nacional: 1,86/100 mil hab). É de suma Importância incentivar os serviços
para a suspeita, notificação e investigação de todos os casos suspeitos (BRASIL,
2007).
18
1.4 Transmissão
A água tem um papel primordial na transmissão das leptospiroses, já que
na maior parte das regiões onde a doença é endêmica, um elo hídrico se intercala
entre o animal e o homem. Os alimentos também podem constituir-se em agentes de
transmissão, desde que contaminados com a urina de animais infectados
(CHINCHILLA et al.,1996).
A leptospira é eliminada para o meio ambiente através da urina de
animais infectados. O período de incubação é em média de 7 a 14 dias, podendo
variar de 1 a 20 dias. O período de transmissibilidade dura, teoricamente, enquanto
a leptospira estiver presente na urina (leptospirúria), geralmente na 2ª a 5ª semana
da doença. Os animais convalescentes podem eliminar o agente através da urina
durante meses e até anos (BRASIL, 1997).
É transmitida de animal a animal e de animal ao homem, sendo rara a
transmissão homem a homem. A transmissão ocorre diretamente por contato com
urina, sangue, tecidos ou órgãos de reservatórios; ou indiretamente, através do
contato com água, solo úmido ou vegetação contaminada com urina de animais
infectados, sendo essa a forma mais freqüente de transmissão humana
(FAINE,1982).
A infecção pela leptospira resulta da exposição direta ou indireta à urina
de animais infectados, desempenhando os roedores o papel de principais
reservatórios da doença, pois albergam a leptospira nos rins, eliminando-as vivas no
meio ambiente contaminando água, solo e alimentos. Em áreas urbanas, o contato
com águas e lamas contaminadas demonstra a importância do elo hídrico na
transmissão da doença, uma vez que a leptospira depende da água para sobreviver.
A forma direta ocorre, geralmente, pelo contato com sangue ou urina de
animais doentes, por transmissão venérea, placentária ou pela pele (ACHA &
SZYFRES, 1986). O microorganismo penetra através da pele lesada ou de mucosas
íntegras orofaringeana, nasal, ocular, e genital (nos animais). Também pode
penetrar através da pele íntegra que tenha ficado imersa em água por longo tempo
(BRASIL, 1997).
A transmissão indireta pode ocorrer pela exposição prolongada dos
animais susceptíveis à água, ao solo ou pela ingestão de alimentos contaminados. O
risco de transmissão indireta aumenta consideravelmente para o homem quando as
19
condições ambientais são favoráveis à manutenção das leptospiras, em especial
após enchentes ou, em coleções de água com pouca movimentação, em
temperaturas variando entre 0ºC e 25ºC principalmente em populações de baixo
poder aquisitivo (GREENE et al., 1998).
Embora em trabalhos experimentais já se tenha comprovado a
penetração de leptospiras através da pele íntegra, desde que haja suficiente grau de
umidade, em quase todos os casos é na pele lesada que se dá a penetração do
agente, tanto no homem como em outros animais infectados (CAPLAN,1998; BEY &
JOHNSON,1994; GOLLAP et al., 1993).
1.5 Reservatórios
A leptospirose é uma das principais zoonoses com distribuição mundial,
tendo sido descrita em todos os tipos de vertebrados de sangue quente. Os cães
desempenham um papel importante na epidemiologia da leptospirose humana,
sendo considerados a principal fonte de infecção devido à proximidade aos seres
humanos (WEEKES et al., 1977), já que podem eliminar leptospiras vivas através da
urina durante vários meses, mesmo sem apresentar nenhum sinal clínico
característico, disseminando-as para outras espécies (BABUDIERI, 1958).
A ocorrência de diferentes sorovares de leptospira nos animais
domésticos e no cão está na dependência dos hospedeiros naturais (reservatórios)
existentes no ecossistema onde vive o hospedeiro acidental (HAGIWARA, 2003).
Um sorovar tem tendência a ser associado com um hospedeiro primário, o
qual pode ser infectado por outros sorovares que estão associados a outras
espécies animais. Um mesmo animal pode servir como hospedeiro específico para
um sorovar, em certa área, e para outro sorovar, em outra parte do mundo
(MAILLOUX, 1975). Apesar das marcadas diferenças geográficas na distribuição dos
sorovares, a incidência e a prevalência da leptospirose são largamente
indeterminadas em muitos países e regiões (LEMOS et al., 1998).
Deve-se considerar ainda, que os animais domésticos em muitos casos
constituem também, a maior fonte de leptospiras dos sorovares pomona, tarassovi,
hardjo e canicola, com poder de infecção para o homem. No Brasil, já foram
20
relatados casos de infecção humana por icterohaemorrhagiae, canicola,
grippotyphosa, wolffi e alexi (GUERREIRO et al.,1984).
Os reservatórios mais importantes são os roedores silvestres ou
peridomésticos por permanecerem como portadores durante toda a vida, se
comportando como portadores permanentes de vários sorovares de leptospira,
tornando os ambientes por onde circulam e urinam permanentemente contaminados,
ou quando são caçados e comidos, constituindo uma fonte perene de infecção tanto
para outras espécies de animais como para o homem. Cão, gato, cavalo, boi,
carneiro, porco, dentre outros, passam a ter importância, embora menor, na
epidemiologia da infecção (SANTA ROSA et al., 1980; BEY & JOHNSON, 1994;
CHINCHILLA et al., 1996; LEVETT, 1999).
Os ratos são os hospedeiros do sorovar icterohaemorrhagie, mas os cães
são freqüentemente hospedeiros acidentais desse agente (TORTEN, 1979), e pelo
fato do cão viver em contato direto com o homem, os sorovares canicola e
icterohaemorrhagiae são os mais importantes associados à espécie canina (ALVES
et al., 2000; CALDAS et al., 1997).
Em Rattus norvegicus capturados próximos a esgotos ou áreas com
acúmulo e depósitos de lixo foram encontradas altas taxas de isolamento da bactéria
(Mc CRUMB, 1957), sendo esse roedor o hospedeiro de manutenção da L.
copenhageni (ELLISON & HILBINK, 1990).
As migrações humanas do campo para a cidade, a formação de
conglomerados marginais urbanos e os problemas sociais levam ao incremento da
população canina. Esse aumento, associado com as relações afetivas do homem
com o cão tem implicações em saúde pública, pois o cão pode ser responsável pela
transmissão de várias doenças, dentre elas a leptospirose (ROJAS, 2002).
Observações epidemiológicas têm indicado que a leptospira se mantém
em nichos naturais circulando entre seus hospedeiros primários a partir dos quais
alcançam outras populações de animais sinantrópicos e ou domésticos, e mesmo o
próprio homem. Nesse sentido, a concentração de grandes efetivos de animais
domésticos associados a modificações introduzidas no ecossistema, pode ter como
conseqüência a criação de amplas cadeias infecciosas que contribuem para a
dispersão da bactéria no ambiente (CORTÊS, 1993), principalmente em áreas onde
esses animais urinam com freqüência (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE
21
MINAS GERAIS, 1998) e quando se omite uma eficaz profilaxia epidemiológica
(BEER, 1981).
1.6 Diagnóstico
Muitos casos de leptospirose são diagnosticados por sorologia (LEVETT,
2001), e os métodos sorológicos são amplamente utilizados em virtude das
dificuldades de isolamento do agente (BRASIL, 1997).
A reação de soroaglutinação microscópica (SAM) é o teste recomendado
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o diagnóstico da leptospirose
(LEVETT, 2001), e é o de eleição para os estudos soroepidemiológicos em animais
(FAINE, 1982). É de grande valor prático, particularmente quando é possível
perfazer várias aglutinações em dias diferentes, a fim de avaliar a ascensão do título
das aglutininas, onde se consideram positivas as reações que apresentam, ao
exame em campo escuro, as leptospiras aglutinadas em diluições iguais ou
superiores a 1:100 (BRASIL,1997).
Deve-se considerar também, de acordo com Lemos et al., (1998) que os
levantamentos sorológicos tendem a serem falhos uma vez que os antígenos
utilizados podem não representar os sorovares presentes na região, e que a
prevalência demonstrada pela sorologia não indica necessariamente a importância
da enfermidade, pois os exames realizados, na maioria das vezes, são baseados
mais na conveniência do que em modelos epidemiológicos cuidadosamente
estabelecidos. Desta forma, os títulos designados como significativos geralmente
maiores ou iguais a 1:100 no teste de aglutinação microscópica, podem
superestimar a verdadeira soroprevalência de alguns sorovares adaptados ao
hospedeiro, sendo que cada sorovar é adaptado e podem causar a doença em
outras espécies animais.
Complementando a observação, Hagiwara (2003) afirma que os
anticorpos formados no animal são dirigidos contra o sorovar específico. Entretanto,
existem reações cruzadas entre diferentes sorovares e, assim, o cão pode ser
reagente a vários sorovares simultaneamente, dificultando a identificação do sorovar
mais prevalente (responsável pela doença).
22
Outro teste utilizado, o macroscópico, apesar de pouco utilizado pode ser
usado como triagem inicial, é de rápida execução e os antígenos podem ser obtidos
no comércio, embora possa haver reações cruzadas com vários antígenos. O teste
microscópico, utilizando antígenos vivos, é sensível e suficientemente específico, é o
mais indicado para o diagnóstico, apesar de ser de difícil execução e requerer a
manutenção de antígenos vivos por subculturas semanais nos meios líquidos
(GUERREIRO et al.,1984).
As provas de aglutinação macroscópica e microscópica têm ao redor de
100% de sensibilidade e, com antígenos específicos, mais de 90% de
especificidade, sendo úteis não só para o clínico como para estudos epidemiológicos
(CUMBERLAND et al.,1999).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 1997), a prova de Enzyme
Linked Immunosorbent Assay (ELISA) e outros testes imunoenzimáticos têm sido
empregados para a pesquisa de anticorpos contra leptospira. No entanto, é
recomendado que sejam efetuados maiores estudos, visando ao esclarecimento de
divergências significativas, encontradas em relação à prova de microaglutinação.
Para Levett (2001), muitas outras metodologias têm sido aplicadas pra o
diagnóstico sorológico, mas a prova de microaglutinação microscópica ainda
permanece como uma investigação sorológica definitiva.
Muitos aspectos da leptospirose são pouco compreendidos devido à
dificuldade de diagnóstico, às alterações no padrão da doença devido a vacinações
e uso de antibióticos, e à complexidade da relação entre hospedeiro e leptospira
(HANSON, 1982). Para Silva (1998), não se conhece a real dimensão da
leptospirose humana e muito menos da animal no Brasil. O diagnóstico dessa
doença é permeado por grandes dificuldades e continua a ser um desafio, uma vez
que se baseia em aspectos clínicos e epidemiológicos da doença, em associação à
investigação laboratorial.
Brod et al., (2005) afirmaram que o problema do diagnóstico está na
limitada suspeição clínica, na falta de investigação epidemiológica para avaliar
fatores de risco e no uso de uma bateria de diagnóstico com isolados locais, que
apesar de ser uma recomendação internacional, não há distribuição por parte do
laboratório de referência nacional de Cepas Brasileiras, e que todos os laboratórios
que trabalham com soroaglutinação microscópica, usam cepas oriundas de países
23
de clima frio como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Holanda entre
outros, que apresenta uma fauna de reservatórios diferentes da América do Sul.
Embora algumas generalizações sejam utilizadas, para Maxie (1993) a
leptospirose é melhor compreendida quando analisada como uma forma individual
de relação entre sorovares específicos e o hospedeiro em particular, do que quando
vista como uma única doença com epidemiologia, resposta do hospedeiro e formas
de controle comuns.
1.7 Leptospirose em cães
A leptospirose em cães é causada por L. icterohaemorrhagiae e L.
canicola e é conhecida em todo o mundo. A infecção pela primeira é associada a
alterações no fígado, com icterícia e é conhecida como “doença de Stuttgart” ou
“tifus canino” (CORRÊA & CORRÊA,1992). A infecção por L. canicola, também
denominada doença de Weil, manifesta-se principalmente por lesões nos rins com
sinais de insuficiência renal. No entanto, as manifestações clínicas de leptospirose
canina são variáveis, observando-se com maior freqüência depressão, anorexia,
vômito, febre ou hipotermia, conjuntivite, pequenas úlceras na mucosa oral,
amigdalite e nefrite (GUERREIRO et al.,1984).
Os sorovares mais comumente associados e conhecidos da leptospirose
canina clássica são o canicola e icterohaemorrhagie (SCANZIANI et al.,1994), e são
relatados por alguns autores em suas pesquisas (VERONESI et al.,1956; MORALES
et al.,1990; BOLIN, 1996; AVILA et al.,1998; ALVES et al., 2000).
O sorovar canicola, para os cães urbanos, tem seu reservatório nos
próprios cães. O cão infectado sofre a doença, ou não a apresenta clinicamente,
mas o agente vai localizar-se nos rins, fazendo leptospirúria contínua ou intermitente
por um a dois meses, ou períodos ainda maiores. Nesses animais, a leptospirúria
parece ser mais freqüente para o sorovar canicola que para icterohaemorrhagiae
(CORRÊA & CORRÊA, 1992).
A infecção do cão por outros sorovares está na dependência da
existência do portador natural nas proximidades, em quantidade suficiente para
contaminar o meio ambiente. Por exemplo, cães que adquirem a infecção pelo
sorovar grippothyphosa são os cães de caça ou que residem em áreas suburbanas,
24
onde podem ser encontrados os roedores e outros mamíferos silvestres
(HAGIWARA, 2003).
Como os cães têm o hábito de cheirar a genitália de outros, pode haver
contágio direto dos que toquem com o nariz na vulva de infectados; também a urina
de machos e fêmeas contaminará o solo, a água e os alimentos permitindo a
propagação da doença (CORRÊA & CORRÊA,1992). Os cães podem adquirir a
infecção pela conivência com outros cães contaminados, bem como ratos que
urinam em áreas comuns (JOUGLARD & BROD, 2000).
A prevalência da leptospirose em cães é influenciada por vários fatores,
dentre eles os índices pluviométricos e a presença de roedores, e depende de um
animal portador que é o disseminador da contaminação; a sobrevivência do agente
no ambiente e do contato com indivíduos susceptíveis com o agente.Vários animais
podem ser hospedeiros e cada sorovar tem um ou mais hospedeiros com diferentes
níveis de adaptação. A persistência de focos de leptospirose se deve aos animais
infectados, convalescentes e assintomáticos, que servem como fonte contínua de
contaminação ambiental (FAINE, 1999).
Pelo convívio bastante próximo entre o cão e o homem, é importante
determinar se os fatores de risco da leptospirose canina são iguais ou próximos aos
do homem, ou são variáveis exclusivas ao hábito e manejo da espécie (QUERINO et
al., 2003).
Animais que vivem em áreas urbanas, cujas condições sanitárias e de
infra-estrutura são precárias, junto a lixões, esgotos a céu aberto, depósitos de
materiais descartados, restos alimentares e promiscuidade com outras espécies
animais, se constituem particularmente em populações de risco (GENOVEZ, 1996).
Durante muitos anos os estudos sobre leptospirose no Brasil se
desenvolveram mais intensamente nas regiões sul e sudeste, demonstrando a
presença da doença nos seus respectivos Estados.
Na região sudeste, Santa Rosa et al., (1970) no Instituto Biológico de São
Paulo, examinaram durante nove anos 426 cães com predominância do sorovar
icterohaemorrhagiae, mas também com evidências sorológicas para os sorovares
canicola, pomona, tarassovi, sejroe, australis, bataviae e pyrogenes. Em outro
estudo realizado em 1974 na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais (SANTA
ROSA et al., 1974) os autores relataram a não-obtenção de sorologia positiva para o
25
sorovar canicola, mas predominância de icterohaemorrhagiae, com títulos mais
baixos para pomona, pyrogenes e tarassovi.
Objetivando esclarecer alguns aspectos epidemiológicos, em relação às
variações sazonais ocorridas na freqüência da leptospirose em cães no município de
São Paulo, Yasuda et al.,(1980) constataram que as diferenças na prevalência
ocorridas no verão e outono foram estatisticamente significativas das ocorridas na
primavera e inverno. Em outra pesquisa posterior realizada por Yasuda & Santa
Rosa (1981) neste mesmo município, os autores encontraram o sorovar canicola
como o mais prevalente, seguido de pomona.
Morales et al., (1990) constataram que os sorovares canicola,
icterohaemorrhagiae, pomona e grippotyphosa foram os mais freqüentes no Hospital
Veterinário de Jaboticabal, São Paulo.
Mascolli et al., (2002) com o objetivo de avaliar o potencial zoonótico da
população canina do município de Santana de Parnaíba, São Paulo, utilizando a
campanha de vacinação anti-rábica do ano de 1999, constataram que o sorovar
copenhageni, seguido de canicola e hardjo foram os mais prevalentes.
Lopes et al., (2005) em Botucatu, São Paulo, avaliando a relação dos
fatores predisponentes ambientais e de criação, confirmaram a relação estatística de
causa e efeito entre presença de roedores e o acesso dos cães à rua.
Pesquisando animais silvestres capturados em área periurbana do Rio de
Janeiro, Pereira et al., (1990) encontraram entre roedores e marsupiais, a
predominância do sorovar pomona, além da evidência da possibilidade de um novo
sorovar para o sorogrupo sarmin que foi isolado de um marsupial.
O sorovar copenhageni foi isolado da urina de um cão com sinais clínicos
compatíveis com leptospirose, pela primeira vez no Brasil por Cordeiro & Sulzer
(1983) em Minas Gerais.
Magalhães et al., (2006) numa pesquisa de prevalência de aglutininas
anti-Leptospira interrogans em cães de Belo Horizonte, Minas Gerais, amostrou
3.147 cães recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses nas nove regionais
administrativas do município no período de 2001 a 2002. Os sorovares mais
prevalentes foram canicola, ballum, pyrogenes e icterohaemorrhagiae. As áreas de
maior risco encontradas foram às regiões das vilas, favelas e bairros da periferia
onde existia deficiência de saneamento ambiental.
26
Na região sul algumas pesquisas realizadas no Estado do Rio Grande do
Sul, em épocas e locais diferentes objetivaram levantar a prevalência e os fatores de
risco da leptospirose canina. Machado et al., (1999) avaliando a leptospirose canina
em seis municípios da Região Sul do Estado em 1998, encontraram canicola como o
sorovar mais prevalente, seguido de grippotyphosa, pyrogenes, copenhageni e
icterohaemorrhagiae. Altas temperaturas e precipitações pluviométricas obtiveram
resultados de análise de risco significativos para a infecção.
No município de Pelotas desenvolveram-se várias pesquisas sobre
leptospirose canina. Furtado et al., (1997) encontraram na área urbana o sorovar
canicola como o mais prevalente, sendo que o contato com água contaminada dos
esgotos, cães vivendo em pátios sem muros e contato próximo com roedores foram
os fatores de risco diagnosticados; Ávila et al., (1998) também confirmaram canicola
como o mais freqüente na área de influência do Centro de Controle de Zoonoses,
onde temperaturas elevadas e maiores precipitações pluviométricas antecederam os
casos da doença, e Jouglard & Brod (2000) avaliando cães da área rural do
município, observaram australis como o mais freqüente, sendo que o contato dos
cães com banhados e açudes configuraram riscos para a doença.
Em outra pesquisa mais recente também realizada na área de
abrangência do Centro de Controle de Zoonoses de Pelotas, Brod et al., (2005)
desenvolveram uma pesquisa onde isolaram um sorovar patogênico da urina de um
cão, identificado com tande e o utilizaram para testar amostras de soro de casos de
leptospirose humana e canina. Os resultados revelaram que a leptospirose estava
presente em índices superiores aos normalmente registrados.
Numa pesquisa realizada no Biotério do Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul, Grigoletto et
al., (1999) encontraram bratislava como o mais reativo seguido de pyrogenes,
australis, canicola, icterohaemorrhagiae e pomona.
Em pesquisa com cães errantes na cidade de Itapema, Santa Catarina
realizada por Blazius et al., (2005) que amostraram 590 cães de rua, onde 62
(10,5%) foram positivos para leptospirose, constataram que o sorovar mais freqüente
foi pyrogenes seguido de canicola, icterohaemorrhagiae e copenhageni.
Querino et al., (2003) avaliando as variáveis individuais e ambientais
associadas a maior freqüência de cães soropositivos para leptospira, atendidos no
Hospital Veterinário da Universidade Federal de Londrina, Paraná, encontraram o
27
sorovar pyrogenes como o mais freqüente. Analisando as variáveis, foi apontado
como fator de risco para a leptospirose canina, áreas alagadiças próximas às
residências e o acesso à rua.
Na região nordeste, numa pesquisa realizada em cães no município de
Patos, Paraíba, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal da
Paraíba, Alves et al., (2000) encontraram diferentes sorovares: australis,
icterohaemorrhagiae, pyrogenes, autumnalis, butembo, cynopteri, grippotyphosa,
hardjo, panama, pomona e wolffi e concluíram que os maiores índices de animais
reatores foram provenientes de animais da periferia, associados com deficiências
sanitárias e de saneamento básico. Em outra pesquisa neste município com cães
errantes, Batista et al., (2004) encontraram os sorovares autumnalis, pomona,
grippothyphosa e patoc.
Batista et al., (2005) aplicaram semelhante pesquisa na cidade de
Campina Grande, Paraíba, onde foram estudados os fatores de risco para a
infecção. Os resultados obtidos confirmaram os sorovares autumnalis, copenhageni
e canicola. Os fatores de riscos diagnosticados foram idade dos animais superiores
a um ano, raça não definida e ocorrência de enchentes.
Caldas et al., (1979) em Salvador, Bahia, constataram freqüências
maiores para os sorovares icterohaemorrhagiae, canicola, castellonis e pyrogenes,
sendo que os cães sem raça definida foram os mais acometidos, pelo fato de
permanecerem mais tempo na rua e estarem mais expostos a fatores de riscos. A
maior positividade ocorreu nas áreas mais pobres e estavam relacionados à higiene
pessoal. Viegas et al, (2001) pesquisando cães errantes neste município, obtiveram
uma alta prevalência de 85%, sendo o sorovar mais prevalente autumnalis, seguido
de canicola e icterohaemorrhagiae.
Na região norte, Lilenbaum et al., (2000) avaliaram a ocorrência de
evidências sorológicas de leptospirose entre a população canina do Centro Urbano
do município de Oriximiná, Pará, procurando relacioná-los com a fauna silvestre,
observaram os sorovares canicola, icterohaemorrhagiae e copenhageni. Os
resultados demonstraram que a proximidade com o ecossistema amazônico e a
possibilidade de contato com animais da fauna silvestre não foram determinantes na
epidemiologia da leptospirose no município em estudo, uma vez que estes
reproduziram o ciclo epidemiológico urbano tradicionalmente verificado em outras
cidades do Brasil e do mundo.
28
Na região Centro-Oeste, no Estado de Mato Grosso do Sul, Sales & Rego
Junior (1983) pesquisando aglutininas anti-leptospira em cães na cidade de
Corumbá, encontraram uma prevalência de 10% numa amostra de 60 animais,
sendo que javanica foi o único sorovar encontrado.
No município de Campo Grande, MS, Langoni et al., (2000) investigando
anticorpos anti-leptospira em cães oriundos de clínicas veterinárias, encontraram
que o sorovar mais prevalente foi australis seguido de icterohaemorrhagiae e
copenhageni, castellonis, pyrogenes e autumnalis, sendo que a prevalência
encontrada foi considerada alta, 30,9%.
Carmo & Dorval (2002) pesquisando cães da Região Urbana do
Anhanduizinho encontraram uma prevalência de 15,7%, onde shermani foi o sorovar
mais prevalente, seguido de canicola. Dentre os fatores de risco diagnosticados
presença de áreas sujeitas a inundações, altos índices pluviométricos no período,
temperaturas elevadas, presença de roedores e cães vadios, semidomiciliados sem
controle e habitações em condições higiênicas insatisfatórias, foram as condições
favoráveis observadas na região.
Em um estudo retrospectivo em diversos Estados brasileiros com
diferentes espécies animais, inclusive a canina, Favero et al., (2002) encontraram os
sorovares copenhageni e icterohaemorrhagiae, no Estado de São Paulo e
pyrogenes no Piauí. Os autores concluíram que na atualidade o sorovar
copenhageni tem sido o mais freqüentemente isolado em casos de leptospirose
humana, sugerindo a participação de roedores sinantrópicos como fonte de infecção
comum entre humanos e cães.
Costa et al., (1985) descrevendo um caso de leptospirose humana com
diagnóstico já estabelecido por L. australis, atribuíram ao cão a fonte de infecção,
visto o próximo contato afetivo do paciente com o animal.
Diversas pesquisas realizadas em outros países visaram o conhecimento
do potencial desempenhado pelos animais domésticos, os cães, como reservatórios
da leptospirose e fontes de infecção para os humanos, como também a detecção
dos sorovares prevalentes de cada região.
Prescott et al., (1991) em Ontario, Canadá, encontrou os sorovares
canicola, icterohaemorrhagiae, grippotyphosa, hardjo, autumnalis, bratislava e
pomona, estes três últimos com altos títulos, onde os autores sugerem a inclusão
dos mesmos na produção de vacinas.
29
A afirmação de que a infecção pelo sorovar grippotyphosa é um
importante problema em cães e que deveria ser considerada quando na avaliação
de um animal apresentando falha renal, foi defendida por Brown et al., (1996) em
pesquisa realizada no Athens Veterinary Diagnostic Laboratory, Georgia, United
States of America - USA, que analisaram 11 casos de leptospirose canina atribuída à
infecção pelo referido sorovar, cujo achado corrobora com os de outros
pesquisadores a respeito da mudança epizootiológica da leptospirose em cães.
Rubel et al., (1997) em Buenos Aires, Argentina, analisaram 223 amostras
de soro que resultaram em uma positividade de 57% e os sorovares mais freqüentes
foram canicola e pyrogenes. Água estagnada em frente às residências dos
proprietários de cães foi o fator de risco mais importante avaliado.
Na descrição de um surto de leptospirose na cidade de Santa Fé,
Argentina, Vanasco et al., (2000) testaram 32 humanos onde 18 apresentaram-se
soropositivos e reagiram com os sorovares ballum, canicola e pomona.Tanto para os
amostras de soro humano e canino positivas observaram-se a similaridade para os
sorovares ballum e canicola. Entre os fatores de riscos incriminados ao surto da
doença, os autores relataram a inundação da área estudada, o contato das pessoas
com água de enchentes, a presença de roedores e de cães de rua.
Birnbaum et al., (1998) pesquisando a leptospirose adquirida
naturalmente em 36 cães internados no College of Veterinary Medicine no Estado de
Nova York, USA, avaliaram as características sorológicas e clinicopatológicas
desses animais, onde concluíram que os títulos foram predominantes para os
sorovares grippotyphosa e pomona, que representam importantes patógenos
capazes de causar problemas renais severos e danos hepáticos em cães, devido ao
contato com animais selvagens.
Kariv et al., (2001) avaliando as mudanças epidemiológicas da
leptospirose em Israel onde a doença é endêmica, revisaram todos os casos
confirmados de leptospirose de 1985 a 1999, comparando estes com um estudo
anterior realizado no período de 1970-1979. Concluíram que várias características
epidemiológicas da leptospirose no país haviam mudado: taxa de ataque, população
afetada e sorogrupos patogênicos dominantes. Da predominância do sorovar
heddomadis e grippotyphosa, passou-se a observar icterohaemorrhagiae, como
dominante. Provavelmente esta tendência foi devida às melhoras sanitárias e o
aumento da consciência em relação aos fatores de risco bem como nas notificações.
30
A principal mudança no padrão da doença foi o declínio da doença ocupacional
relacionada às atividades agrícolas, e a persistência de focos nas grandes cidades,
possivelmente devido à massiva imigração e que afetam principalmente
trabalhadores dos maiores mercados das cidades, onde a infestação dessas áreas
por R. norvegicus apresenta um alto percentual, indicando a necessidade de um
melhor controle sanitário.
Perret et al., (2005) estudando a prevalência e a presença de fatores de
risco de leptospirose em uma população de uma região metropolitana de Santiago
no Chile, encontraram que os riscos mais importantes foram provavelmente à alta
infestação de roedores associado às más condições ambientais das residências,
sem esgotamento sanitário, seguido de atividades agrícolas e contato com água de
canal, visto a área ser considerada zona agrícola periurbana.
Senthilkumar et al., (2006) realizando o sorodiagnóstico de leptospirose
canina no Madras Veterinary College, Chennai, Tamil Nadu State, Índia,
encontraram uma prevalência de 57,7%, onde o sorovar mais freqüente foi australis
seguido de javanica, ballum, hardjo, autumnalis e pyrogenes. A soropositividade
prevaleceu em animais maiores de 5 anos e do sexo macho, sendo que os autores
concluíram serem os machos mais suscetíveis à infecção leptospírica.
Adesiyun et al., (2006) estudando os cães nas Ilhas de Trinidad e Tobago,
América Central, encontraram a prevalência de 14,6%, sendo a maior positividade
encontrada nos animais de fazenda que praticam usualmente a caça a roedores. O
sorovar mais freqüente foi mankarso, seguido de icterohaemorrhagiae, autumnalis e
copenhageni. Os autores concluíram, baseados na clínica da doença ocorrida com
freqüência similar entre cães vacinados e não vacinados, a não detecção do sorovar
canicola um componente da vacina contra leptospirose em cães e comumente
utilizada no país, e que a vacina não oferece boa proteção para os cães vacinados e
que deva ser considerado o sorovar mankarso como um potencial candidato a ser
incluso na referida vacina.
Com o propósito de caracterizar as infecções por leptospira em cães no
período de 1996 a 2002 em duas instituições de referência, Hospital Animal, no
Estado de Nova York, USA, Goldstein et al., (2006) encontraram que os sorogrupos
comumente suspeitos de causar a doença foi grippothyphosa e pomona, e que cães
infectados por pomona deveriam ser considerados severamente infectados do que
com outros sorovares.
31
1.7.1 Leptospirose em animais silvestres
A leptospirose é uma doença zoonótica comum entre animais domésticos
e silvestres, onde o homem é um hospedeiro acidental que se torna infectado
através de atividades ocupacionais realizadas principalmente em invasões do
ambiente silvestre e através do contato próximo com cães infectados (HANSON,
1982).
SOUZA JÚNIOR et al., (2006) pesquisaram animais silvestres do Estado
de Tocantins avaliando a presença de anticorpos da classe IgM de Leptospira
interrogans, durante resgate de animais ilhados decorrente do enchimento do lago
da Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães. Dentre as várias espécies testadas,
Cebus apella (macaco prego) obteve uma maior positividade para os sorovares
pomona, brasiliensis, mini, swajizak, grippothyphosa, sarmin, fluminense,
autumnalis, hebdomadis, guaratuba, javanica, e icterohaermorrhagiae. Os autores
concluem que as espécies estudadas apresentam distintas sorovariedades para o
microorganismo, e tal fato é de fundamental importância, uma vez que populações
humanas e animais que porventura entrem em contato com esses animais, estão
vulneráveis à infecção.
Todos os mamíferos são capazes de se infectar com um ou mais
sorovares de L. interrogans, além do que um ou mais mamíferos tornam-se
portadores por um longo período, sobrevivendo às condições adversas do ambiente.
Espécies de animais silvestres freqüentemente residem nas cidades em parques,
zoológicos e em áreas residenciais, onde encontram locais com depósitos de lixo,
com cães e gatos (HANSON, 1982).
2 FATORES DE RISCO PARA LEPTOSPIROSE
Os riscos à saúde são provavelmente decorrentes de uma combinação
entre variáveis sociais, ambientais e individuais, diversas delas localizáveis no
espaço. Diversos modelos têm sido propostos sobre a relação causal entre doenças
de veiculação hídrica e o ambiente. Estas doenças são resultado de condições
32
domiciliares como o abastecimento de água, esgotamento sanitário e disposição de
lixo, das características do indivíduo ou família como os hábitos de comportamento,
bem como de condições ecológicas do entorno, como a vegetação e presença de
reservatórios e hospedeiros. Todas estas variáveis são ligadas às condições sócio-
econômicas da população (HELLER, 1997).
Segundo a OPAS (2000) entende-se por fatores de risco o espectro de
causalidades que têm a possibilidade de interferir nos sistemas vivos, psicossociais
e do ser humano em seu funcionamento, com prejuízo às condições individuais ou
coletivas de saúde. Na análise de fatores de risco são considerados os aspectos:
físicos, químicos, psicossociais, biológicos, socioeconômicos e sindrômicos.
A exposição humana aos fatores de risco para leptospirose: contato com
água ou lama de enchente, contato com esgoto, lixo ou outros materiais passíveis
de contaminação com urina de roedores, proximidade com criação de animais,
contato com água de córregos ou rios deve servir como alerta para suspeitar a
doença (BRASIL, 1997).
Dentre os animais domésticos, além dos resultados sorológicos é
importante avaliar os fatores de risco aos quais os cães estão expostos, que
justificam sua importância como reservatório e fonte de infecção para o homem. Os
fatores de risco que favorecem a disseminação da enfermidade são: contato com a
urina de outros cães e de ratos infectados, promiscuidade com outras espécies
animais, condições sanitárias e de infra-estrutura precárias como lixões, esgoto a
céu aberto, depósitos de materiais descartados e restos alimentares, associados ao
clima úmido (VIEGAS et al., 2001).
Como as leptospiroses estão relacionadas entre as doenças ditas
ocupacionais as investigações epidemiológicas e as pesquisas têm constatado a
nítida predominância dessa zoonose em profissões de baixo nível de remuneração
(BRASIL, 1997).
Vários inquéritos epidemiológicos realizados em diversas partes do
mundo estiveram na maioria das vezes, relacionados à exposição ocupacional
principalmente em trabalhadores de esgoto, pescadores, mineiros, trabalhadores
rurais, veterinários, magarefes, trabalhadores de cana-de-açúcar e militares,
deixando bem nítida a íntima relação entre a natureza da atividade laborativa dos
pacientes e a infecção pela leptospira (GOMES et al., 1968). Mas a doença também
33
está associada às atividades recreacionais, como a imersão em águas de rios e
riachos (PERRET et. al., 2005).
Hogan & Tolmasquim (2001) numa análise das perspectivas brasileiras
em relação às dimensões humanas de uma mudança ambiental global, reportaram
os surtos de leptospirose aos casos ocorridos com atividades não-ocupacionais
seguidos de chuvas em áreas urbanas brasileiras. Concluem que os surtos sazonais
de transmissão da doença é um indicador do manejo inadequado do ambiente, que
é demonstrado pela urbanização incontrolada e deficiente melhorias sanitárias,
resultando em uma alta contaminação do ambiente pelo agente infeccioso.
Caldas et al., (1979) estudando o surto de leptospirose ocorrido na cidade
de Salvador, Bahia, em 1978, encontraram que as prováveis fontes de infecção
foram água, esgoto, rato e lama. Abordando aspectos clínicos demográficos e
ambientais da doença na cidade, Costa et al., (2001) constataram que a sua
freqüência sofre variação ocorrendo nítido aumento com a elevação dos índices de
precipitação pluviométrica. Os dados epidemiológicos contato com águas pluviais,
lama, lixo, esgoto e ratos em conjunto com os dados clínicos e laboratoriais, foram
consistentes com os critérios de probabilidade para o diagnóstico da doença. Os
autores concluem que a leptospirose só será efetivamente controlada com a
melhoria das condições de moradia e de saneamento ambiental.
Corroboram com esses achados Dias et al., (2007) avaliando os fatores
de infecção neste município, onde concluíram que o agente tem ampla circulação na
cidade independente das condições sanitárias ou situação socioeconômica, e que a
mesma está associada ao nível de educação da população. Dentre os fatores
predispostos à propagação da doença, citam a falta de sistema de drenagem em
áreas pobres onde as águas se acumulam, o contato com águas de esgoto nos
domicílios, andar descalço e baixo nível de escolaridade.
Outras pesquisas realizadas na região nordeste, especificamente no
Estado de Sergipe por Duarte Filho (1991) com limpadores de canais urbanos,
lavradores de arroz e trabalhadores de cana-de-açúcar, foi demonstrado que dentre
esses grupos, o que apresentou maior índice de infecção foram os lavradores de
arroz (42%), com predominância do sorovar australis. Porém, não descartando o
risco da atividade exercida pelos grupos restantes, que indicaram uma alta taxa de
infecção.
34
Confirmando a atividade como de risco para a infecção, no Estado do
Ceará foi realizada uma pesquisa anti-leptospírica em grupos de colhedores de arroz
estabelecidos nos municípios do interior, onde foi observado que o alto índice
pluviométrico proporcionou uma safra recorde de grãos com oferta de alimento para
o roedor do campo (Holochilus sp), que atingiu uma super população e invadiu os
arrozais inundados contaminando o meio ambiente com a leptospira (MORAIS et al.,
1997).
Reportando ainda ao risco ocupacional, Silva & Miguita (1988)
pesquisando a prevalência da doença entre magarefes em Campo Grande, Mato
Grosso do Sul, encontraram em 140 amostras de soro humano o índice de 6,4% de
positividade, sendo o sorovar mais freqüente wolffi, seguido de hardjo, sejroe,
icterohaemorrhagiae, canicola, pomona e tarassovi. Pelos resultados obtidos pode-
se verificar que foram detectados anticorpos em magarefes para sorovares de
leptospirose que já haviam sido encontradas no Estado estabelecendo, portanto, a
importância dos bovinos abatidos em matadouros como fonte de contato para
magarefes na região.
Em outra pesquisa realizada neste Estado por Souza et al., (2007) onde
foi realizado o primeiro inquérito humano para leptospirose, foram pesquisados
pacientes de Mato Grosso do Sul com suspeita clínica de dengue ou hepatite viral.
Foram amostrados 215 soros de pacientes, sendo que 34 (15,9%) foram positivos
para leptospira com predominância do sorovar hurstbridge. Os autores concluíram
que a ocorrência de casos no Estado não diagnosticados e não notificados, é devido
à confusão com dengue e hepatite viral. Entre os fatores de riscos, a presença de
roedores no domicílio, contato com lixo e entulho, residências com coleta de lixo
inadequada, criação de animais domésticos, imersão em água de rio ou córrego e
presença de terreno baldio nas imediações do domicílio foram relatados.
Realizando o levantamento soroepidemiológico em trabalhadores do
serviço de saneamento ambiental em localidade urbana da região sul do Brasil, em
Pelotas, Rio Grande do Sul, Almeida et al., (1994) utilizando 386 amostras de soro
colhidas desses funcionários, encontraram 10,4% (40) de soropositividade. Os
sorovares mais freqüentes foram castellonis e autralis, estando os trabalhadores
expostos ao risco de infecção por lidarem diuturnamente, com material passível de
contaminação por roedores.
35
Na Tailândia, uma pesquisa foi desenvolvida por Phraisuwan et al., (2002)
com 104 trabalhadores que participaram da limpeza de uma lagoa, onde 43 (41,3%)
foram soropositivos. O achado sugere a importância do uso de roupas protetoras
quando em atividade de exposição a locais inundados, principalmente por pessoas
que apresentem lesões de pele.
Confirmando a possibilidade de penetração do microorganismo através da
pele lesada, Rodriguez et al., (2001) realizando um estudo analítico de 38 casos de
leptospirose do município de Ciego de Ávila, Cuba, para avaliar os fatores de risco
da enfermidade, encontraram que 24% dos casos tinham ocupação temporária não
considerada de risco, e que os riscos predominantes foram a presença de feridas na
pele e mucosa e o uso de água não clorada.
Em relação à exposição com água contaminada, Souza (1985)
pesquisando coabitantes de uma área inundada pelo rio Aricanduva em São Paulo,
encontrou o índice de infecção de 9,8% e os soros humanos reagiram para os
sorovares panama, copenhageni, javanica e patoc. A enchente e a população
murina foram as causas da infecção.
Reportando o ambiente doméstico como propício à infecção, Ashford et
al., (2000) investigando um surto de leptospirose na cidade de El Sauce, Nicarágua,
encontraram que o fator de risco individual para a infecção estava associado aos
trabalhadores domésticos que realizam a limpeza de casa, lavam roupa e cozinham.
Figueiredo et al., (2001) também concluíram que os fatores
predisponentes para a infecção humana em Belo Horizonte, Minas Gerais, foi
carência de infra-estrutura básica, falta de redes de esgoto e de pavimentação das
vias, deficiência no sistema de coleta e destinação do lixo.
Ao observar com mais atenção o local e as situações onde se
desenvolveram as diversas pesquisas sobre leptospirose e suas taxas de incidência,
é possível verificar que as áreas mais comprometidas são em geral onde se espera
grande número de casos.
Todavia, de acordo com Tassinari et al., (2004) o contrário também
ocorre, onde um grande número de casos aparece em áreas em boas condições de
saneamento. Buscando compreender tal fato o autor levanta três hipóteses: primeiro,
os moradores que têm melhores condições de saneamento e nunca estiveram
expostos a leptospira, são mais suscetíveis à infecção; segundo, não é só pelo
contato com água das enchentes que se adquire a doença, o contato com lamaçal
36
após a diminuição dos níveis de água é provavelmente mais importante, pois a
bactéria apresenta uma sobrevida longa em solos úmidos; terceiro, a população de
ratos se contamina nos períodos de chuvas intensas e elimina o agente por um
longo período, por isso o relato de muitas pessoas adoecendo após o período de
chuvas fortes.
Para Rubel et al., (1977) que analisaram as variáveis ambientais e
individuais associadas ao risco para a leptospirose, a presença de água estagnada
próxima à residência aumenta o risco da infecção. Douglin et al., (1997) em
resultado semelhante, observaram que pessoas que caminhavam em áreas com
água estagnada ou poças têm 25,62 vezes mais chances de ser reagente para a
leptospirose. Portanto, esta variável pode oferecer risco tanto para o homem como
para o cão, já que ambos freqüentam e compartilham do mesmo ambiente.
Perret et al., (2005) estudando uma população no Chile, detectaram
fatores de risco para as pessoas residentes em áreas de fundo de vale, pois não
havia sistema de esgoto e elas tinham contato com água de canal. Concluíram que é
necessária a implementação de atividades educacionais em locais críticos,
destinadas a prevenir de forma eficiente a infecção.
2.1 Urbanização
Para a Organização Panamericana de Saúde – OPAS, existem problemas
regionais que têm repercussões locais. É possível identificar que a maioria dos
problemas ambientais é de índole local e que têm repercussão direta na saúde e na
qualidade de vida da comunidade ou municipalidade de onde se originam (OPAS,
1999).
Segundo Guildotti (1995) ecossistemas urbanos insalubres arruínam sua
própria viabilidade. Eles têm seus próprios padrões intrínsecos de exploração e de
interação social, que tende a exagerar o processo de declínio urbano e
desestabilizam os sistemas urbanos na qual comunidades humanas dependem.
Ambiente e Saúde num contexto urbano, representam um ecossistema insalubre e
riscos para a saúde da população urbana, onde as aglomerações são consideradas
uma das piores características da vida urbana.
37
O espaço local, tanto urbano como rural, constitui-se em um âmbito
privilegiado para desenvolver esforços sistemáticos com tendências a resolver os
problemas e elevar a qualidade de vida dos cidadãos. A participação e a presença
da população deve ser mais ativa e direta com os órgãos responsáveis, integrando-
se numa estratégia participativa, buscando alternativas para o desenvolvimento de
ações ambientais a nível local, cuja meta é alcançar melhores e mais saudáveis
condições de vida (OPAS, 1999).
Uma comunidade saudável é uma comunidade em que todas as
organizações, de grupos informais aos governantes, estão trabalhando efetivamente
juntas para melhorar a qualidade de vida das pessoas (GUILDOTTI, 1995).
De acordo com Chaves (2002) ambiente, desenvolvimento e saúde
integram uma tríade que tem que permanecer em um equilíbrio harmônico pelas
inter-relações existentes entre eles. Assim, o desenvolvimento que não considera a
preservação do ambiente resultará um dano à saúde humana, em tanto que um
ambiente ou saúde inadequadas que não considera a preservação do ambiente
resultará inevitavelmente um dano à saúde humana, em tanto que um ambiente ou
saúde inadequados limitará o desenvolvimento.
O intenso e desordenado processo de urbanização criou ambientes
físicos e sociais extremamente insalubres. A falta de saneamento básico nas
grandes cidades, principalmente nas favelas, e a freqüente exposição à
contaminação ambiental durante as fortes chuvas e enchentes são considerados os
fatores fundamentais para a ocorrência das epidemias de leptospirose em área
urbana (TASSINARI et al., 2004).
Como exemplo para esses problemas urbanos, e que são mais
freqüentes, citam-se os que são produzidos pelos maus hábitos da população na
destinação inadequada dos resíduos urbanos; a existência de vetores transmissores
de doenças como os roedores, carrapatos e outros que são sintomas da
deterioração das condições de vida da população e são manifestação de focos de
contaminação, bairros insalubres e hábitos da comunidade que favorecem sua
presença; a emissão de material fragmentado, a sujeira das estruturas das
edificações proporcionada pelas ruas sem pavimentação; o manejo inadequado dos
canais de drenagem; transbordamentos e degradação estética (OPAS,1999).
A presença de ecossistemas degradados em áreas urbanas,
caracterizados pelo empobrecimento da população e pela ausência de saneamento
38
básico, pode proporcionar a instalação e manutenção de focos de leptospirose,
permitindo a livre circulação de leptospira e sua transmissão ao homem (PORTO,
1994).
As alterações ambientais tanto as presentes quanto as futuras, suas
implicações na saúde pública bem como, a busca para soluções são assuntos que
não se esgotam pela sua própria dimensão gênica, cujo estudo vem sendo
beneficiado pelas geotecnologias como uma nova ferramenta, possibilitando a
identificação dos fatores de risco, a nível espacial e temporal, a delimitação das suas
áreas de risco e o suporte para o delineamento de estratégias de campanha de
programas de controle (BAVIA, 2004).
É importante ao iniciar estudos de impactos ambientais e saúde, conhecer
os vários aspectos imprescindíveis para a análise da problemática ambiental e de
saúde, diagnosticando os principais problemas de saúde presentes e grau de
suscetibilidade da população potencialmente exposta; fatores ambientais
relacionados ao problema de saúde; qualidade sanitária do ambiente incluindo
saneamento básico; vias de exposição aos agentes patogênicos; característica da
população existente na zona de impacto; informações sobre o ambiente físico local e
as condições sociais (CHAVES, 2002).
Existe uma urgente necessidade de estudos empíricos para identificar e
validar indicadores para a saúde em ecossistemas urbanos (GUILDOTTI, 1995).
Identificar áreas de maior risco e os possíveis componentes ecológicos da
transmissão, através da agregação de dados epidemiológicos em unidades
espaciais que representem a diversidade sócio-ambiental do espaço geográfico em
que a doença se configura, não tem sido uma tarefa fácil. Mas tem, sem sombra de
dúvidas, levado ao repensar das idéias higienistas tradicionais e a certeza do quanto
a vida e o meio ambiente tem em comum (BAVIA, 2004).
A não aceitabilidade dos riscos associados com o impacto ambiental de
qualquer projeto de desenvolvimento local, de ordinário conduzem à inclusão de
medidas de mitigação, com alternativas de intervenção que permitam a redução dos
impactos negativos sobre o ambiente e o realce dos impactos positivos que este
possam ter (CHAVES, 2002),
Da mesma forma quando não se avalia o risco de um crescimento
desordenado e uma urbanização acelerada sobre a saúde da população, e não se
39
planeja alternativas e nem o envolvimento dos envolvidos, certamente trará impactos
negativos: as doenças (OPAS, 1999).
O crescimento urbano implica a reestruturação do uso das áreas já
ocupadas. Assim sendo, podemos dizer que esse crescimento acontece graças ao
adensamento da área originalmente ocupada, ao aumento, intensificação e
demanda de serviços, como também a ampliação do solo ocupado,
conseqüentemente também há necessidade de aumentar a oferta de serviços
(GOMES et al., 2003).
Atualmente algumas ciências têm se preocupado com isso. A ecologia da
Paisagem, que é mais um dos vastos ramos por onde a Biologia avança para
compreender cada vez mais as relações que o meio ambiente estabelece com ele
mesmo e a sociedade que o modifica, juntamente com o Planejamento Urbano,
possuem interesses similares e podem proporcionar novas abordagens em
diferentes níveis de organização estrutural e espacial (HENQUES & BARCELLOS,
2004).
Outra ciência, a epidemiologia paisagística utiliza todos os aspectos
ecológicos dos focos e dos conhecimentos de algumas condições físicas, pode
prever onde se pode esperar o aparecimento de uma doença, bem como
recomendar um “olhar para a paisagem” (ARAGÃO, 1988) para compreender o
dinamismo de qualquer doença.
Mas para Pignatti (2004) as intervenções na dinâmica de populações
hospedeiras, tais como a domesticação e/ou proximidade de populações animais,
aliadas às condições de precariedade da existência de alguns grupos humanos,
acabam por selecionar espécies cada vez mais resistentes. É na forma da
organização sócioambiental que as doenças encontram espaço para ora emergirem,
ora ganharem novas faces.
2.2 Padrão de moradia
O ato de morar faz parte da própria história do desenvolvimento da vida
humana. Isso significa dizer que não podemos viver sem ocupar lugar no espaço.
Entretanto, características desse ato mudam de acordo com cada contexto
sóciopolítico e econômico. Podemos dizer, então, que o ato de morar tem um
40
conteúdo político, social, econômico e, principalmente, espacial (GOMES et al.,
2003).
O conceito de habitação saudável possui como ponto central a
preocupação com o processo gradual de melhoria da qualidade de vida. O desafio
está na consolidação da intervenção sobre os fatores determinantes da saúde no
espaço construído, entendendo-os como biologia humana, meio ambiente e estilos
de vida. Sendo estes fatores, na habitação, as principais causas de enfermidade e
morte (COHEN et al., 2004).
O entendimento de habitação como um espaço onde a função principal é
ter a qualidade de ser habitável, remete a uma concepção integradora da habitação,
em que se considera o uso que seus habitantes os fazem, incluindo os estilos de
vida e condutas de riscos, é, portanto, uma concepção sociológica, devendo o
conceito habitação saudável incluir o seu entorno, como ambiente, e agenda da
saúde de seus moradores (OPAS, 1999).
Ambiente e entorno saudável incorpora a necessidade de ter
equipamentos urbanos básicos como saneamento, espaços físicos limpos e
estruturalmente adequados e redes de apoio para se conseguir hábitos
psicossociais sãos e seguros, isentos de violência (COHEN et al., 2004).
Para se produzir uma casa para morar, é necessário, antes de tudo, que
se tenha propriedade do solo (GOMES et al., 2003). Parte da população desprovida
de condições econômicas suficientes para adquirir um local para construir sua
habitação, passa a fazer uso do solo ilegalmente. As ocupações ilegais ocorrem de
maneira irregular, impulsionadas por diversos fatores que vão desde a facilidade de
acesso aos aparatos públicos – escolas, postos de saúde, hospitais, bem como
proximidade com o mercado de trabalho. As áreas ocupadas de maneira ilegal, não
são necessariamente, áreas piores que as ocupadas pelas populações de melhores
condições econômicas, mas são geralmente áreas ambientalmente frágeis que
requerem bons projetos e muito dinheiro para que ocorra o menor impacto possível
provocado pela ocupação (CARVALHO & ZEQUIM, 2003).
Em diversas ocasiões, parte dessa população que fora excluída não
apenas do processo de moradia mas de diversos outros processos, produz a cidade
de maneira clandestina, sendo a autoconstrução a alternativa para suprir a demanda
pela moradia (GOMES et al., 2003).
41
Ao produzir casas em lugares sem infra-estrutura alguma e com um
sobre-trabalho individual, a autoconstrução reproduz as condições gerais de
reprodução do espaço urbano, definindo e redefinindo o lugar de cada um na cidade
(RODRIGUES, 1988). Desse modo, emergem com grande intensidade, as
chamadas áreas clandestinas, onde predominam as favelas, os cortiços e as vilas,
que não oferecem condições dignas de moradia a uma boa parcela da população
(GOMES et al., 2003).
A precariedade habitacional, a deterioração da qualidade de vida, o
impacto na saúde de ambientes insalubres e o distanciamento da comunidade
científica da realidade comprovaram a necessidade e aumentar a eficácia e
eficiência das políticas públicas de saúde. Do ponto de vista do paradigma do
ambiente como determinante de saúde, a habitação se constitui em um espaço de
construção da saúde e consolidação do seu desenvolvimento. A família tem seu
assento na habitação e, com isso a habitação é o espaço essencial, o veículo da
construção e desenvolvimento a Saúde da Família (COHEN et al., 2004).
3 CONTROLE
O controle de leptospirose animal deve assentar-se na integração de
medidas profiláticas instituídas simultaneamente nos três níveis da cadeia de
transmissão: fontes de infecção (vertebrados infectados); vias de transmissão (água,
solo e fômites contaminados); e suscetíveis (vertebrados não infectados e não
imunizados) (BRASIL, 1997).
A prevenção da leptospirose canina não se baseia exclusivamente na
imunoprofilaxia. As medidas sanitárias gerais, como o controle de roedores, limpeza
do ambiente, remoção dos resíduos sólidos e líquidos, a restrição de acesso ao
ambiente externo ao domicílio, principalmente nos períodos de maior precipitação
pluviométrica, em que ocorram enchentes e inundações, são medidas importantes
para reduzir a chances de contaminação dos animais (HAGIWARA, 2003).
O controle de roedores através de um conjunto de ações permanentes,
que compreendem não só a eliminação física dos roedores infestantes
(desratização), mas também a modificação do meio ambiente, de forma a torná-lo
impróprio à livre proliferação desses animais (anti-ratização), visa reduzir a
42
população de ratos e conseqüentemente, os agravos à saúde (CARVALHO
NETO,1995).
Nos cães, segundo Lemos et al., (1998) a vacinação é um método
eficiente de controle da doença e deve ser realizada com microorganismos
inativados contendo um ou mais sorotipos, principalmente aqueles presentes na
região em questão, pois a resposta imune conferida pelas vacinas é específica para
o sorotipo utilizado.
Recomenda-se vacinação com bacterinas contendo três a cinco sorotipos
julgados importantes, já que não há boa imunidade cruzada entre os sorotipos,
principalmente se forem de diferentes sorogrupos, ainda que haja reações de
soroaglutinação cruzada. É preciso escolher bem os sorotipos, o que só pode ser
feito conhecendo-se os que mais incidem na região e na espécie a vacinar
(GUERREIRO et al.,1984).
Por outro lado, o aumento de antígenos, aumenta também a
probabilidade de reações colaterais ou reações de hipersensibilidade. Assim, as
vacinas caninas contra a leptospirose devem conter apenas os antígenos que
promovam proteção para os sorovares prevalentes naquela região (HAGIWARA,
2003).
O papel do veterinário na prevenção da transmissão da leptospirose do
cão para o ser humano consiste primariamente na vacinação dos cães contra a
moléstia. As bacterinas utilizadas na imunização contra diversas espécies de
leptospira no cão geralmente impedem a moléstia clínica, mas podem permitir a
infecção subclínica. Estas infecções subclínicas envolvem a eliminação do
microorganismo infectante pela urina, fazendo com que as atuais vacinas não sejam
ideais na tarefa de auxiliar a prevenção da transmissão entre cães e humanos
(ETTINGER,1992).
43
4 OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo principal realizar uma análise
comparativa da ocorrência da leptospirose canina na Região Urbana do
Anhanduizinho do Município de Campo Grande, MS, Brasil, entre estudos realizados
em 2002 e 2006, avaliando os resultados das medidas de intervenção adotadas e os
efeitos da urbanização.
Objetivou-se também, reavaliar o ambiente de infecção, a situação de
risco e as medidas de controle e de urbanização adotadas na área, para constatar
se ocorreram modificações nas condições de saneamento e esgotamento sanitário,
que vieram a proporcionar a redução dos casos de leptospirose humana.
Considerando a interação do cão com o meio ambiente, procurou-se
estimar a soroprevalência da doença nesses animais, determinando a freqüência
dos sorovares prevalentes.
44
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57
ARTIGO
58
ANÁLISE COMPARATIVA DA LEPTOSPIROSE CANINA EM ÁREA CRÍTICA DA REGIÃO
URBANA DO ANHANDUIZINHO, NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, ESTADO DE MATO
GROSSO DO SUL, BRASIL, NO ANO DE 2002 E 2006.
Comparative analyses of canine leptospirosis in critical area of Anhanduizinho’s urban region from
Campo Grande city, state of Mato Grosso do Sul, Brazil, in 2002 and 2006 years.
Silvia Barbosa do CARMO
1
; Michael Robin HONER
2
; Leonardo RIGO
3
.
RESUMO
Objetivando a análise comparativa da ocorrência da leptospirose canina na Região Urbana do Anhanduizinho,
entre estudos de 2002 e 2006, avaliaram-se os ambientes domésticos como de risco, os efeitos de intervenção
pública e de urbanização. Obteve-se uma redução da positividade de 15,7% para 5,5%, onde a chance de um cão
adquirir a doença em 2002 (OR: 2,4) era maior do que em 2006. A diversidade de sorovares identificados
demonstrou a persistência e o potencial do agente no ambiente, podendo sugerir sorovares autóctones. Dentre os
animais, os jovens foram os mais acometidos. Quanto ao sexo, os machos com maior positividade nos períodos,
tiveram em 2006 um risco maior de contrair a doença (OR=2,7). Considerando o aspecto sanitário dos
domicílios, a queda no padrão de manutenção predial e sanitário observado em 2002, na maioria com condições
satisfatórias de higiene e habitabilidade, inverte a chance de infecção para 2006 (OR:2,8). A análise espacial dos
casos positivos demonstrou em ambos estudos, os bairros Aero Rancho, o maior, e o Guanandi, o mais populoso,
com persistência de casos. Apesar das intervenções urbanísticas e melhorias na paisagem urbana empreendidas
pelo poder público terem favorecido a redução da incidência da doença, ainda persistem condições inadequadas
de habitação, propiciadas por fatores educacionais e sociais intrínsecos ao crescimento urbano e suas
aglomerações. Medidas de controle e de educação em saúde devem ser implementadas como estímulo para
mudança do padrão comportamental local, com a inclusão de práticas de manejo do ambiente doméstico, de
higiene pessoal e dos animais de estimação.
Palavras-chave: Cão - doenças, urbanização, leptospiras
1
Centro de Controle de Zoonoses, Secretaria Municipal de Saúde Pública, Campo Grande, MS.
2
Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
3
Secretaria Municipal de Saúde Pública, Prefeitura Municipal de Campo Grande, MS.
59
INTRODUÇÃO
A leptospirose é uma doença bacteriana infecto-contagiosa que acomete o homem e os animais
domésticos e silvestres, amplamente disseminada, assumindo considerável importância como problema
econômico e de saúde pública
18
. Causa uma diversidade de síndromes clínicas tanto no ser humano como nos
animais, e se encontra amplamente distribuída nas Regiões das Américas, sendo que na maioria dos países não
existem programas de vigilância epidemiológica das síndromes causadas por leptospirose e poucos contam com
laboratórios de diagnóstico
39
.
Entre os animais domésticos, em nível urbano, a principal fonte de infecção da leptospirose
humana são os cães
33
, pois vivem em contato direto com humanos e podem apresentar leptospiras vivas na
urina
18
podendo eliminá-las durante vários meses, mesmo sem apresentar nenhum sinal clínico característico
3
,
disseminando-as na natureza
23
, onde os cães são susceptíveis a todos os sorogrupos de leptospiras conhecidos
50
sendo que cada sorovar tem um ou mais hospedeiros com diferentes níveis de adaptação
17
.
Os sistemas urbanos estão entre as mais críticas áreas de estudo das ciências ambientais e entre as
menos compreendidas
66
. A urbanização e mudanças sociais da população humana favoreceram a formação de
conglomerados marginais urbanos e os problemas sociais levam ao incremento da população canina
16
, que
associados com a relação afetiva do homem com o cão, têm implicações em saúde pública, pois o animal pode
ser responsável pela transmissão de várias zoonoses, dentre elas a leptospirose
17
.
Os fatores ambientais e sociais são decisivos para a expansão da doença, com formação de focos
epidêmicos, onde as leptospiras podem circular por muitos anos em dada região. A infecção humana resulta da
exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, desempenhando os roedores o papel de principais
reservatórios da doença, pois albergam a leptospira nos rins, eliminando-as vivas no meio ambiente
contaminando água, solo e alimentos
17
. A persistência de focos de leptospirose se deve aos animais infectados,
convalescentes e assintomáticos, que servem como fonte contínua de contaminação ambiental
18
.
Vários inquéritos sorológicos realizados em cães no Brasil retratam a variabilidade da distribuição
de sorovares de Leptospira spp predominante nas diferentes localidades. No município de Pelotas, Rio Grande
do Sul
2
, foi encontrado 34,8% de reatores em 425 cães, com predomínio dos sorovares canicola,
icterohaemorrhagiae e copenhageni. Em 114 cães da cidade de Patos, na Paraíba
1
,
20% foram reatores, com
destaque para os sorovares autumnalis, butembo, grippothyphosa e autralis. Em Santana do Parnaíba, São
Paulo
37
, em 410 amostras de soro de cães, 15% foram positivos para os sorovares copenhageni, canicola e
hardjo. Em Belo Horizonte, Minas Gerais
36
, com uma positividade de 13,1% onde canicola, ballum e pyrogenes
foram os mais prevalentes. Em Londrina, Paraná
40
, o sorovar pyrogenes foi o mais freqüente, numa positividade
amostral de 30,5%.
Na região Centro-Oeste, especificamente no Estado de Mato Grosso do Sul, a ocorrência de
anticorpos anti-leptospira em cães foi pouco estudada. Na cidade de Corum
42
, na década de 80, encontraram
uma prevalência de 10% numa amostra de 60 animais, sendo que javanica foi o único sorovar encontrado. No
município de Campo Grande duas pesquisas foram realizadas: uma investigação em cães oriundos de clínicas
veterinárias
32
, encontraram que o sorovar mais prevalente foi australis seguido de icterohaemorrhagiae e
copenhageni, castellonis, pyrogenes e autumnalis, sendo que a prevalência encontrada foi considerada alta,
30,9%; em pesquisa nos cães da Região Urbana do Anhanduizinho
13
foi encontrado uma prevalência de 15,7%,
onde shermani foi o sorovar mais prevalente, seguido de canicola.
60
O conhecimento dos sorovares prevalentes bem como seus hospedeiros mantenedores são
essenciais para entender a epidemiologia da doença em cada região
33
, todavia é importante avaliar os fatores de
risco aos quais os cães estão expostos, que justificam sua importância como reservatório e fonte de infecção para
o homem. Os fatores que favorecem a disseminação da enfermidade são: contato com a urina de outros cães e de
ratos infectados, promiscuidade com outras espécies animais, condições sanitárias e de infra-estrutura precárias
como lixões, esgoto a céu aberto, depósitos de material descartados, e restos alimentares, associados ao clima
tropical e tropical úmido
55
.
A doença ocorre tanto na área rural como urbana, e adquire um caráter mais severo nesta última,
onde o forte significado sócio-econômico-cultural é exacerbado por fatores que caracterizam as áreas críticas
para a doença como as migrações e o seu conseqüente crescimento desordenado de grandes centros urbanos; as
aglomerações urbanas de baixa renda morando à beira de córregos em áreas de enchentes, em contato com lama,
água ou esgotos contaminados; as deficiências nas condições de saneamento básico e o acúmulo de lixo, que
promovem a expansão de roedores
18,62
.
Devem ser levadas em consideração as áreas de risco com aglomeração de casos humanos
associados a uma causa comum de contágio, como por exemplo, um determinado córrego ou rio com pontos
críticos de enchente crônicos e responsável pela forma de exposição da maioria dos casos, aliado ainda, à alta
prevalência de leptospiras nos roedores e a outros fatores, sociais e ambientais, que predisponham à doença
9
.
A aglomeração é considerada uma das piores características da vida urbana
66
, onde o intenso e
desordenado processo de urbanização criou ambientes físicos e sociais extremamente insalubres. A falta de
saneamento básico nas grandes cidades, principalmente nas favelas, e a freqüente exposição à contaminação
ambiental durante as fortes chuvas e enchentes são considerados os fatores fundamentais para a ocorrência das
epidemias de leptospirose em área urbana
49
, assim como os hábitos higiênicos da comunidade que favorecem a
presença de roedores
69
.
Neste particular, devem ser levados em consideração os fatores ambientais diagnosticados por
Carmo & Dorval
13
na Região Urbana do Anhanduizinho e que são favoráveis para a manutenção da doença
como a presença de áreas sujeitas a inundações, altos índices pluviométricos no período, temperaturas elevadas,
presença de roedores e cães vadios, semidomiciliados sem controle e habitações irregulares em condições
higiênicas insatisfatórias.
Deve ser levado em conta que as intervenções sobre os condicionantes da doença que sejam
capazes de amenizar seus efeitos nas populações suscetíveis, atuam como forma de controle, mas esbarram na
complexidade da interação entre o homem e o meio ambiente, pois neles são envolvidos fatores desconhecidos
ou que podem ter sido modificados no momento em que se desencadeia a ação. Assim sendo, os métodos de
intervenção tendem a ser aprimorados ou substituídos, na medida em que novos conhecimentos são aportados
44
.
Este trabalho teve como objetivo principal realizar uma análise comparativa da ocorrência da
leptospirose canina em áreas críticas da Região Urbana do Anhanduizinho do Município de Campo Grande, MS,
Brasil, entre estudos realizados em 2002 e 2006, avaliando os resultados das medidas de intervenção adotadas e
os efeitos da urbanização, bem como reavaliar o ambiente de infecção e a situação de risco da doença.
61
MATERIAL E MÉTODO
Área estudada
Campo Grande, o município em estudo neste trabalho, com uma área territorial total de 8.118,4
km
2
, se localiza na porção central de Mato Grosso do Sul, na latitude Sul 20º26’34”e latitude Oeste 54º38’47”,
com uma população estimada de 765.247
64
, e está dividido em seis grandes regiões urbanas: Segredo, Prosa,
Bandeira, Anhanduizinho, Lagoa e Imbirussu. Os principais rios são Anhanduí e Anhanduizinho. O clima é
caracterizado como tropical chuvoso de savana. A precipitação acumulada anual é de 1.443,50 mm, e umidade
relativa média anual de 75%
29
.
A Região Urbana do Anhanduizinho (Figura 1), localizada na porção sul da cidade com uma área
de 5.403,90 ha, é composta por vários bairros populares incluindo o maior conjunto habitacional, o Aero
Rancho, e o de maior densidade demográfica, o Guanandi, sendo considerada a região urbana mais populosa do
município. É bastante permeada por cursos d’água, destacando-se o Córrego Anhanduizinho que lhe dá o nome.
A região está descaracterizada em termos ambientais, com poucas áreas verdes com vegetação natural, onde se
observa a existência de áreas alagadiças devido ao nível d’água muito próximo à superfície, podendo ser
aflorante em algumas áreas durante as épocas de chuvas. Na área estudada a ocupação urbana próxima às
margens pela população de baixa renda com moradias irregulares, não favoreceu os cursos d’água existentes, que
devido à má ocupação do solo, os córregos apresentam problemas de alagamentos, inundações e enchentes. Há o
predomínio de moradias de segmento populacional de baixa e média renda com habitações de baixo padrão em
suas diversas formas: favelas e moradias construídas irregularmente ao longo dos córregos e construções de fins
de semana, onde as áreas públicas destinadas ao uso de lazer ou institucional também foram objetos de invasão
por quem não tem onde morar, onde poucas foram regularizadas, possuindo habitações precárias e bastante
desassistidas em relação à infra-estrutura e serviços
29
.
População estudada
Foram coletadas 342 amostras de soro de cães, no ano de 2006. Foi adotada a mesma metodologia
utilizada por Carmo & Dorval
13
em 2002 na mesma área de estudo, onde as visitas foram realizadas em todos os
domicílios com presença de cão passível de inclusão na pesquisa, casa lado a lado, nas primeiras quadras às
margens direita e esquerda do Córrego Anhanduizinho. Para a inclusão do animal no estudo, foram estabelecidos
critérios: idade superior a 8 meses e ausência de imunização prévia contra leptospirose. Na existência de mais de
um animal com estas características no domicílio, foi escolhido o animal que apresentava-se com alguma
debilidade ou histórico clínico de alguma enfermidade. Na ocorrência da similaridade do estado de saúde nos
animais, a escolha foi efetuada através de sorteio com uso de um dado.
Foram coletados 5 ml de sangue total, por animal amostrado, através de venopunção. As amostras
foram armazenadas em tubos de coleta sem anticoagulante, estéril, numerados e devidamente identificados,
refrigerados, até chegarem ao laboratório do Centro de Controle de Zoonoses; foram dessoradas após retração do
coágulo, centrifugadas e acondicionadas em microtubos de polipropileno do tipo Eppendorf, mantidas em freezer
20ºC negativos, aguardando a realização do exame.
62
Questionário e variáveis
A coleta da amostra de sangue foi acompanhada de um questionário, que abordou dados referentes
à idade, sexo, raça, aspecto clínico do animal, aspecto sanitário dos imóveis bem como presença de roedores.
Para avaliar o aspecto sanitário dos imóveis, baseou-se no conceito e tipologias de habitação
saudável e padrão de habitabilidade: sua microlocalização, sua construção e qualidade dos acabamentos, seu uso
e manutenção, e a educação ambiental de seus moradores e condições de vida saudáveis, que correspondem aos
requisitos mínimos que garantam o morar com desfrute de saúde e bem-estar
22
. Na prática, definiu-se como
ambiente satisfatório aquele em que se averiguou a destinação adequada dos resíduos domésticos; a realização da
manutenção predial cotidiana; a presença de melhorias sanitárias, captação de água servida e esgotamento
sanitário e padrão de construção. Como insatisfatório foram definidos os aspectos dos imóveis sem manejo do
ambiente como destinação inadequada dos resíduos, presença de entulhos, lixo e materiais inservíveis dispostos
sem organização no quintal; ausência de melhorias sanitárias: destinação da água servida diretamente no solo e
precariedade de esgotamento sanitário e de moradia.
Para mensurar a presença de roedores no imóvel, no momento da coleta era realizada a inspeção
do peri e intradomicílio em busca de sinais de atividades dos roedores, como a presença de trilhas, tocas, fezes,
roeduras, manchas de gordura nas superfícies por atrito corporal e visualização dos ratos
60
, este último relatado
pelo proprietário.
Diagnóstico laboratorial
Os soros foram processados através da prova de soroaglutinação microscópica (SAM), o teste
sorológico de eleição para o diagnóstico de leptospirose e como principal técnica para estudos
soroepidemiológicos em animais
17
. A prova sorológica foi realizada no Laboratório de Leptospirose do Centro
de Controle de Zoonoses do município de São Paulo, sendo que cada amostra de soro foi testada frente a 20
antígenos diferentes, representantes dos principais sorogrupos: andamana, australis, autumnalis, butembo,
castellonis, brasiliensis, canicola, cynopteri, djasiman, grippotyphosa, icterohaemorrhagiae, copenhageni,
javanica, panama, pomona, pyrogenes, hardjo, wolffi, shermani e tarassovi.Todas as amostras que apresentaram
títulos iguais ou maiores que 1:100 foram consideradas como positivas
17
. Para identificar o provável sorovar
infectante nas coaglutinações observadas, em que mais de uma variante sorológica apresentou titulação para uma
mesma amostra de sangue, foi considerada a positividade para o sorovar com maior título
8
.
Análise estatística
As informações coletadas foram armazenadas em planilha EXCEL
®
, na qual as distribuições
freqüênciais foram calculadas. Para a análise, inicialmente buscou-se verificar a existência de associações
significativas entre as variáveis estudadas e a presença de anticorpos anti-leptospira. Estas associações foram
avaliadas através do cálculo da razão de Odds Ratio (OR), de seu intervalo de confiança de 95% e do teste do
Qui-Quadrado (Χ²), mediante o programa estatístico Minitab 12
®
for Windows. O mapeamento dos casos
63
positivos foi realizado através de geoprocessamento utilizando o programa Mapinfo
®
com base de dados de
cartografia da Prefeitura Municipal de Campo Grande, MS. Os dados coletados nesta pesquisa serão comparados
com os dados existentes no ano de 2002.
RESULTADOS
Do total de 342 soros testados para os diferentes sorovares na SAM e que foram analisadas no
período de 2006, 19 continham anticorpos aglutinantes para um ou mais sorovares de leptospira, o que equivale
a um índice de infecção da ordem de 5,5%. Na tabela 1 são demonstrados os resultados dos estudos sorológicos
realizados no período de 2006 e os obtidos por Carmo & Dorval
13
, em estudo no ano de 2002 na mesma Região
Urbana do Anhanduizinho, onde foi avaliado e comparado o risco do cão adquirir a leptospirose (p=0,000 e
OR=2,47).
Tabela 1 - Número de cães amostrados na Região Urbana do Anhanduizinho e testados pela prova
de soroaglutinação microscópica, Campo Grande, MS, 2002 e 2006.
Animais amostrados
Período Reagentes Positividade Não reagentes Total
2002 47 15,7% 253 300
2006 19 05,5% 323 342
χ
2
calculado = 17,7 p=0,000 OR= 2,47
Considerando-se os soros positivos que reagiram com predominância de títulos na prova de
soroaglutinação microscópica, verificou-se em 2006 que 19 soros foram reagentes para 13 sorovares, sendo que
a variante que apareceu com maior freqüência foi canicola com 15,7% de positividade, seguida de
icterohaemorrhagiae e copenhageni, ambas com 10,5%. No período de 2002, 47 soros reagiram para 14
sorovares, onde o mais freqüente foi shermani com 29,8% de positividade, seguido de javanica com 19,2% e de
canicola com 8,5%.
Em ambos períodos foram observados casos de coaglutinação em que mais de uma variante
sorológica apresentou titulação para uma mesma amostra de soro, não sendo possível estabelecer o sorovar
infectante mais provável, podendo sugerir reações cruzadas. Em 2002, 12 (25,0%) soros reagiram com um ou
mais sorovares sem predominância de título, já em 2006, 7 (36,8%) soros, com uma porcentagem maior, não
puderam ser incriminados os sorovares infectantes. Para a identificação do mais provável sorovar infectante,
considerou-se a positividade de um soro para o sorovar em que se observou maior titulação.
Analisando a freqüência dos sorovares diagnosticados nas amostras de soro dos animais nos anos
de 2002 e 2006, observou-se uma vasta e distinta sorovariedade, onde alguns sorovares estiveram presentes num
período e ausentes em outro, como é o caso dos sorovares shermani, grippotyphosa e javanica, prevalentes em
2002, e copenhageni, pomona e wolffi freqüentes em 2006. Dentre os sorovares comuns aos dois períodos
destacaram-se canicola e icterohaemorrhagiae.
No presente estudo os títulos de anticorpos específicos quantificados pela SAM se situaram entre
1:100 e 1:3200, sendo que 12 (63,1%) soros reagiram com títulos compreendidos entre 1:100 e 1:200 e 7
(36,8%) reagiram com títulos entre 1:400 e 1:3200. Nos resultados de 2002, os títulos situaram-se entre 1:100 e
1:12800, apresentando algumas reações em diluições mais altas do que em 2006, mas na sua maioria também, 29
64
(61,7%) estavam compreendidos entre 1:100 e 1:200, considerados títulos baixos, sendo que as diluições altas
apresentaram títulos entre 1:400 e 1:12800.
Os parâmetros levantados nos questionários a partir das respostas dos proprietários foram
confrontados de acordo com os resultados sorológicos positivos para leptospirose nos cães, e submetidos a uma
análise estatística. Foram selecionadas as variáveis, idade, sexo dos cães, presença de roedores e aspecto
sanitário das residências, como fatores de risco para a doença, sendo considerada estatisticamente significativa se
p 0,05, sugerindo haver correlação entre causa e efeito. A distribuição do número de cães e a soropositividade
para a leptospirose encontrada nos anos de 2002 e 2006, segundo as variáveis estudadas e os respectivos valores
de odds ratio, intervalo de confiança de 95% (IC 95%) e a probabilidade de ocorrência ao acaso (P) são
apresentados na tabela 2.
Tabela 2. Análise comparativa das variáveis idade, sexo dos cães, presença de roedores e aspecto sanitário dos
domicílios colhidas em inquérito sorológico realizado na Região Urbana do Anhanduizinho, Campo
Grande, MS, em 2002 e 2006.
2002 (n=300) 2006 (n= 342)
Variáveis cães
Soroposi-
tividade
Odds ratio
(IC 95%)
P cães
Soroposi-
tividade
Odds ratio
(IC 95%)
P
(%) (%) (%) (%)
Idade
Até 5 anos 216 72,0 30 13,8 0,64 (0,33 -1,23) 249 72,8 14 5,6 1,05 (0,37 - 3,00)
Superior a 5 anos 84 28,0 17 20,2 1,57 (0,82 -3,04) 0,174 93 27,2 5 5,4 0,95 (0,33 - 2,73) 0,930
Sexo
Macho 178 59,3 32 18,0 1,56 (0,81 - 3.03) 156 45,6 13 8,3 2,73 (1,01 - 7,35)
Fêmea 122 40,7 15 12,3 0,64 (0,33 - 1,24) 0,183 186 54,4 6 3,2 0,37 (0,14 - 0,99) 0,04
Presença de Roedores
Sim 183 61,0 29 15,8 1,04 (0,55 - 1,96) 0,914 200 58,4 15 7,5 2,80 (0,91- 8,61) 0,062
Não 117 39,0 18 15,4 0,97 (0,51 - 1,83) 142 41,6 4 2,8 0,36 (0,12 -1,10)
Aspecto Sanitário
Satisfatório 216 72,0 34 15,7 1,02 (0,51 - 2,05) 0,955 186 54,4 11 5,9 1,16 (0,46 - 2,97) 0,752
Insatisfatório 84 28,0 13 15,4 0,98 (0,49 -1,96) 156 45,6 8 5,1 0,86 (0,34 - 2,19)
Em ambas amostras estudadas, observou-se uma concentração maior de animais na faixa etária de
até 5 anos, sendo que a positividade em 2002 (216/63,8%) e em 2006 (249/68,5%), apesar de não demonstrar
significância estatística em relação ao fator de risco idade, foram semelhantes e freqüentes entre os animais mais
jovens.
As características da população canina estudada em relação ao sexo, revelaram que no ano de 2002
os cães machos representaram 59,3% e as fêmeas 40,7%; em 2006, em ordem inversa de percentuais, os machos
compreenderam 45,6% e as fêmeas 54,4%. Em 2002 houve um maior número de machos amostrados e reagentes
(178/18,0%), e apesar de serem registrados em 2006 um maior número de fêmeas, a positividade foi menor
(186/3,2%), sendo que os machos, em menor número, registraram uma positividade maior (156/8,3%), dados
esses que analisados estatisticamente apresentaram tendência a significância estatística. Na regressão logística,
os machos em 2006 apresentaram maiores chances de infecção que as fêmeas (OR: 2,7; IC 95%: 1,01 - 7,35;
p=0,004), podendo existir uma possível pré-disposição de cães machos para contrair a enfermidade.
65
Os resultados obtidos e analisados como fator de risco, demonstraram que em ambos os períodos
de estudo o percentual de presença de roedores foram semelhantes: em 2002, 183/61% domicílios, com uma
positividade maior de cães reagentes 29/15,8%; em 2006, 200/58,4% domicílios, com menor percentual de cães
reagentes 15/7,5%. Apesar de não ter sido verificada significância dessa associação, o animal em 2006
apresentou maiores chances de adquirir leptospirose através do ambiente infectado (OR: 2,8; IC 95%: 0,91- 8,61;
p=0,0062).
O aspecto sanitário dos domicílios visitados com presença de cão priorizou a avaliação das
características do ambiente domiciliar, observando-se as questões de manejo sanitário e destinação dos resíduos
gerados pelos moradores, com base nos conceitos de habitação saudável
22
. Comparando-se os resultados, foi
observado que em 2002, 216/72% dos imóveis encontravam-se em condições satisfatórias, com um padrão de
higiene e habitabilidade adequados. Em 2006, 187/54,6% dos imóveis, também apresentaram-se da mesma
forma, porém em comparação com o ano de 2002, demonstrou-se que houve uma queda no padrão de
manutenção predial e sanitário dos domicílios da região, o que pode propiciar a instalação de populações de
roedores e concomitantemente a contaminação do ambiente e exposição dos animais domésticos á bactéria.
Analisando os resultados dos cães sororeagentes segundo os bairros de procedência (Figura 2), foi
demonstrado que os dois bairros onde os casos positivos tiveram maior incidência, em ambos períodos de
estudo, foi o Conjunto Habitacional Aero Rancho, o maior bairro da região urbana, e o bairro Guanandi , o mais
antigo e maior em densidade demográfica. Em 2002, o Guanandi deteve a maior porcentagem de casos positivos
(17/36,2%) seguido dos bairros Aero Rancho (15/31,9%), Nova Esperança e Nhanhá idênticos (4/8,5%), Jaci,
Marcos Roberto e Centenário igualmente (2/4,2%) e Coaphama (1/2,1%). Em 2006, o Aero Rancho foi o que
apresentou mais casos positivos (10/52,6%) seguido do Guanandi (4/21,0%), Taquarussu (3/15,7%), Marcos
Roberto e Jaci, (1/5,2%). Comparando as freqüências dos casos nos dois períodos, podemos supor que o bairro
Aero Rancho ainda está proporcionando condições para a perpetuação da bactéria no ambiente, ao contrário dos
outros bairros que reduziram consideravelmente a incidência da doença, com exceção do bairro Taquarussu que
registra os primeiros casos em 2006.
A análise da presença ou não de clínica de alguma enfermidade nos últimos anos nos animais
amostrados, e que foi informado pelo proprietário, demonstrou que em comparação ao período atual, os animais
amostrados no ano de 2002 apresentaram-se significativamente (p<0,05) com problemas em sua saúde.
Entretanto, apesar das evidências, não se pode afirmar que os animais desenvolveram leptospirose, pois se faz
necessário o isolamento da bactéria para a confirmação diagnóstica (Tabela 3).
66
Tabela 3 Presença ou não de clínica de alguma enfermidade no último ano, nos animais amostrados, e resultados
sorológicos, Campo Grande, MS, 2002 e 2006.
2002 (n=300) 2006 (n=342)
Clínica de enfermidade no último ano
n / pos. % n / pos. %
Animal apresentou-se doente 0080/9 11,3 057/06 10,5
Animal não se apresentou doente 220/38 17,3 285/13 4,5
Total 300/47 15,6 342/19 5,5
n= número de amostras analisadas
pos. = número de positivos
p<0,05
67
SEGREDO
CENTRO
IMBIRUSSU
LAGOA
ANHANDUIZINHO
BANDEIRA
PROSA
Figura 1. Localização espacial da área trabalhada, às margens do córrego
Anhanduizinho, no perímetro urbano do município de Campo Grande, MS,
2006.
68
2002 2006
Figura 2. Distribuição espacial dos cães positivos para Leptospira sp, na região trabalhada, 2002 e 2006.
69
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Os resultados obtidos, demonstrados a partir das reações positivas na prova de SAM, apontaram
uma prevalência de 5,5% (19/342) em 2006, e 15,7% (47/300) em 2002. Comparando-se as freqüências dos dois
períodos, observou-se a redução no índice de infecção dos animais da região estudada, que de acordo com a
análise estatística demonstrou ser bastante significativa (Χ
²
=17,7 p= 0,000). Calculando-se o risco do cão
adquirir a leptospirose nos períodos estudados, estimou-se que a chance de um cão adquirir a doença ao entrar
em contato com o agente, em 2002 era maior do que em 2006 (OR=2,47; p=0,000).
Prevalências menores também foram encontradas em Pelotas no Rio Grande do Sul
30
, com 2,66%
de positividade para cães provenientes do meio rural, em Belo Horizonte
43
com 5,9%, e na África do Sul, em
Pretória
65
, 1,5%. O baixo índice de prevalência encontrado em 2006 contrasta com outros inquéritos caninos
realizados no Brasil, onde a prevalência situou-se marcadamente entre 10% a 30%
1, 4, 7, 12, 34, 36,37,40, 42,55,56
.
Os fatores que podem explicar essa grande variabilidade nos índices encontrados nos
levantamentos sorológicos, e que influenciam na ocorrência da doença, são de ordem ambiental e urbanística, e
intrínsecas a determinadas regiões. Dentre eles citam-se: índice pluviométrico, temperatura e a presença de
receptáculos naturais de água
48
, condições sanitárias e de infra-estrutura relacionadas a criação dos animais
67
,
topografia, região, reservatórios selvagens e domésticos
1
; caráter sazonal e fatores climáticos
56
, acúmulo de
água, sujeira e miséria
30
, coleta regular de lixo, crescimento da população de roedores
34
, e a utilização de
sorovares distintos no diagnóstico sorológico
4
.
Carmo & Dorval
13
, estudando a região em 2002, concluíram que a positividade encontrada estava
associada à presença de áreas sujeitas a inundações, temperaturas elevadas durante vários meses do ano,
presença de roedores e cães vadios, semidomiciliados e sem controle, problemas com a coleta de lixo, terrenos
em más condições de manutenção e higiene, e a construção de casas improvisadas em área irregular às margens
do córrego, que influenciaram no crescimento da população de roedores e permitia uma maior exposição dos
cães e do homem à bactéria.
Em 2006, a situação encontrada apresentou visível melhora provavelmente devido ao incremento
de serviços de manutenção e conservação dos bairros como o patrolamento e cascalhamento das vias não
pavimentadas, limpeza de terrenos vagos e retirada de entulhos, empreendidos pelo órgão responsável pela
limpeza pública. Deu-se também, pelas massivas campanhas do setor saúde no controle de epizootias
transmitidas por vetores da dengue e da leishmaniose, que detém altas incidências no município. Ações estas que
incluíam a mobilização comunitária, por meio de mutirões de limpeza, fornecendo toda a logística necessária
para que os moradores realizassem a retirada de todo material inservível, lixo e entulhos de seus quintais, como
forma de reduzir os índices de infecção dessas zoonoses.
Essas intervenções contribuíram para a mudança da paisagem de determinados bairros, e nos
levam a supor que refletiu na redução de casos de leptospirose diagnosticadas pelo inquérito sorológico.
Também é provável que os casos positivos que persistiram nos bairros Jaci, Guanandi, Marcos
Roberto e Aero Rancho, sejam devidos às condições sócio-econômicas dos moradores residentes na área
amostrada, onde há maiores problemas sociais, visto que esses bairros apresentam índices críticos de densidade
demográfica e vulnerabilidade, como a pobreza, e em poucos casos, a pobreza extrema
52
. Problemas esses que se
refletem diretamente no padrão das construções e na qualidade das habitações que se mantém num aspecto de
degradação ambiental, tanto no peri como no intradomicílio. Algumas dessas construções inadequadas foram
70
decorrentes das invasões de áreas às margens do córrego que por não estarem regularizadas pelo poder público,
não foram contempladas com benfeitorias de infra-estrutura básica, como pavimentação de suas vias e drenagem
da água, onde são comuns as ligações de rede elétrica e de água clandestinas.
Áreas ocupadas de maneira ilegal não são necessariamente áreas piores que as ocupadas pelas
populações de melhores condições econômicas, mas são geralmente áreas ambientalmente frágeis que requerem
bons projetos e muito dinheiro para que ocorra o menor impacto possível provocado pela ocupação
35
. Desse
modo, as chamadas áreas clandestinas emergem com grande intensidade, onde predominam as favelas, os
cortiços e as vilas, que não oferecem condições dignas de moradia a uma boa parcela da população
21
. Em geral,
são estas áreas que mais sofrem com doenças de vínculo ambiental.
Comparando a freqüência dos sorovares encontrados nos dois estudos, foi observado que em 2002
shermani e canicola foram os mais prevalentes, sendo que em 2006, canicola, icterohaemorrhagiae e
copenhageni se destacaram igualmente. A inclusão de sorovares não comuns em cães, como copenhageni e
shermani, assim como outros diagnosticados retratam a mudança do perfil sorológico clássico em cães. Em
determinadas regiões diferentes sorovares leptospirais são prevalentes e são associados a um ou mais
hospedeiros mantenedores que servem de reservatórios de infecção
8
. No entanto, na atualidade, no caso de
copenhageni, esse sorovar tem sido o mais freqüente isolado, sugerindo a participação de roedores sinantrópicos
com fonte de infecção entre humanos e cães
68
.
Provavelmente a ocupação urbana na região do Ahanduizinho que é próxima de áreas verdes e da
margem do córrego, está favorecendo o contato com hospedeiros mantenedores, que são as espécies silvestres,
os animais domésticos e de produção, propiciando a transmissão pelo contato com hospedeiros ou com áreas
contaminadas com sua urina, permitindo a infecção entre as espécies
8
. Trabalho no Canadá
5
, mostra isso com os
sorovares pomona e grippothyphosa e em Rondônia
24
, com shermani e pyrogenes.
A diversidade sorológica circulante identificada na região estudada demonstra a persistência do
agente no ambiente bem como o potencial de infecção, assegurados por essa acentuada sorovariedade. Já foi
comprovada a ocorrência de variedades sorológicas múltiplas de leptospira e, em particular, a presença de
sorovares autóctones em determinados ecossistema
14,48
. Portanto, a prevalência de diferentes sorovares, alguns
com incidência similar ao longo desses quatro anos entre a pesquisa de 2002
13
e o presente estudo, supõe uma
autoctonia de alguns sorovares que circulam na região e constitui motivo de preocupação, tanto em relação à
contaminação do ambiente quanto a proteção específica dos cães, tendo em vista a existência de uma vacina
animal composta pelos sorovares canicola, icterohaemorrhagiae, grippotyphosa e pomona, que não confere
imunidade, uma vez que não existe imunidade cruzada para diferentes sorovares.
Outra hipótese a ser considerada, é que a disseminação de um determinado sorovar está na
dependência de fatores ambientais ligadas ao manejo e a movimentação dos animais. A exemplo disso, cita-se a
presença de eqüinos e roedores sinantrópicos e silvestres no ambiente peridomiciliar doméstico. A proximidade
dos domicílios com outros reservatórios silvestres como gambás e cuícas que são importantes carreadores de
alguns sorovares
26
, é facilitada pela localização de dois parques na região, um mais urbanizado e outro
preservado, menos antropizado, alagadiço e com vegetação nativa
29
,
Em geral, os sorovares responsáveis pela infecção humana usualmente refletem os sorovares que
estão presentes na espécie animal
17
. Assim sendo, pode-se observar uma correlação entre alguns sorovares
71
encontrados nos dois estudos na região com os de Souza et al.
45
, onde o padrão sorológico pode estar relacionado
a ocorrência de infecção pela exposição de humanos, de animais domésticos ou peridomiciliares.
É importante observar que o crescimento desordenado dos centros urbanos, com sérios problemas
de saneamento básico e conseqüente proliferação de animais portadores de leptospiras, podem ser os
responsáveis pela maior ocorrência do agente no ambiente
40
. A exemplo disso registra-se em ambas amostras a
ocorrência de sorovares considerados acidentais para cães como: australis, javanica, tarassovi e cynopteri, e
outros infectando cães e causando quadros mórbidos ou infecções benignas como: pomona, castellonis,
pyrogenes e copenhageni
10,15
. Tal comprovação aponta a importância da população de roedores na transmissão
de doenças, e reforça a necessidade de programas de controle.
As evidências sorológicas observadas para os sorovares canicola e icterohaemorrhagiae em 2002
e 2006, os confirmam como os mais associados á espécie canina
1,8
apresentando como reservatórios principais o
próprio cão e o roedor Rattus norvegicus
34
. Além disso, o sorovar canicola confirma o fato do cão se constituir
em importante fonte de infecção para os humanos, fato este comprovado por diversas pesquisas
4,10,15,20,36,41,56
.
As coaglutinações observadas são devidas ao fato da sorologia ter limitações para a identificação
definitiva de sorovares, porque a reação cruzada entre sorovares é comum
46,53
. Assim, o achado concomitante de
aglutininas para diferentes sorovares de leptospiras pode sugerir resposta imunológica cruzada.
Comparando os resultados dos testes sorológicos, e considerando que alguns soros reagentes
estavam incluídos nos títulos altos preconizados pelo Ministério da Saúde
9
, observou-se que em 2002 ocorreram
títulos bem mais altos, com diluições máximas em um maior número de amostras positivas, ao contrário de
2006, em que ocorreram títulos mais baixos, mesmo em diluições consideradas altas, e em pequeno número nas
amostras positivas. Este fato pode ser interpretado como efeito de uma infecção recente.
Títulos considerados baixos, de 100 a 200 devem ser interpretados de forma cautelosa, pois podem
aparecer no início da doença assim como tardiamente, em alguns casos
19
. Eles podem variar com o tempo,
inicialmente em níveis altos, após manter um patamar e iniciando uma descida progressiva, até negativarem,
num período de oito meses a dois anos
51
. Por outro lado, o título 1:100 é suficiente para confirmar o
diagnóstico
43
. Já Blackmore et al.,
6
concluiu que não é possível a partir de resultados de teste de aglutinação
leptospírica, estimar retrospectivamente, o tempo em que essa infecção ocorreu. Esses títulos podem ser
encontrados em indivíduos convalescentes como título residual de infecção prévia ou em casos de infecção
recém-instalada e podem ser significantes em animais não vacinados
20
.
Portanto, ao se avaliar e comparar a presença ou não de clínica de enfermidade nos animais
pesquisados nos dois períodos, supõem-se que os animais em 2002 apresentavam-se com mais sinais de
enfermidades do que em 2006, embora pela impossibilidade da não realização de isolamento da bactéria não
possamos afirmar que era leptospirose. Numa pesquisa em Buenos Aires, Argentina
41
, avaliando essa mesma
variável os autores sugeriram que escassos sintomas apresentados poderiam refletir uma situação de estimulação
antigênica persistente em uma área de alta endemicidade, onde as infecções assintomáticas são freqüentes.
A comparação entre os resultados dos animais reatores para leptospirose em relação a faixa etária
demonstrou uma positividade acentuada entre os animais considerados com idade jovem, de 1 a 5 anos, dados
esses igualmente encontrados em pesquisas em outros países
10,41,54
, e outros estados
4,24,37
. Conforme o sugerido
por Hartman et al.,
27
cães jovens são mais severamente afetados do que os velhos.
72
Na análise da associação entre a freqüência de animais reagentes e sexo, os machos obtiveram uma
maior positividade em ambos os períodos, inclusive em 2006, com um risco duas vezes maior de adoecer quando
exposto ao agente. Outras pesquisas também encontraram maior número de machos reagentes como em
Botucatu
47
e em Buenos Aires
41
. Autores
sugerem maior predisposição de cães machos à infecção
leptospírica
38,53
. Adesiyun et al.,
25
explica a soropositividade entre os machos, relatando que é prática comum
dos proprietários de Trinidad - América Central, preferirem machos às fêmeas, para se evitar a ameaça de outros
cães machos ao redor de residências quando as fêmeas estão no cio. Diferentemente ao encontrado em Patos na
Paraíba
4
, na região nordeste
16
, e em Santana do Parnaíba em São Paulo
37
, que não observaram diferença no
acometimento entre machos e fêmeas. Segundo Silva et al.,
47
a possibilidade de exposição dos animais é
independente do sexo.
Com relação à análise presença de roedores no domicílio, observou-se que o cão em 2006 possuía
2,8 vezes mais chances de contrair a infecção do que em 2002. Este fato pode ser devido à presença do sorovar
copenhageni em 2006, cujo rato é o reservatório, e onde a presença de roedores com doença poderia ser
esperada, da mesma forma que foi encontrada na pesquisa em Santana do Parnaíba, São Paulo
37
. Deve-se levar
em consideração também, que as respostas obtidas dos proprietários, quando da inexistência de sinais
característicos, poderiam não ser totalmente confiáveis, fato este confirmado por Batista et al.,
4
que afirma que
as pessoas podem esquecer ou mesmo ocultar fatos que consideram indesejáveis, tornando as respostas
inconclusivas, o que influenciaria as análises.
A falta de limpeza e manutenção encontrada no ambiente intra e peri domiciliar, principalmente
nos bairros com maior aglomeração de moradores, demonstra um inadequado manejo de resíduos e práticas
higiênicas deficitárias, tornando o ambiente doméstico favorável para a manutenção e proliferação de roedores
potenciais transmissores de leptospirose. Numa pesquisa em Israel
31
, os autores concluíram que a urbanização e
o crescimento da população cria um novo ambiente para transmissão urbana, e tem sido criada principalmente
em áreas pobres que necessitam de medidas sanitárias próprias.
As técnicas de geoprocessamento e a análise espacial ajudaram a compreender melhor a
distribuição dos casos positivos, onde foi constatado que os bairros Aero Rancho, o maior conjunto habitacional
da região e o Guanandi, o de maior densidade demográfica, ainda concentram a maioria dos casos, quando
comparados com o ano de 2002 (Figura 2).
Em ambos os locais são visíveis a baixa qualidade de habitação, principalmente no Aero Rancho
onde é comum encontrar a deterioração do ambiente doméstico com conexões clandestinas de água, acúmulo de
lixo e material inservível, esgotamento sanitário deficiente com a destinação da água servida acumulada e
empoçada nos quintais e jogada em via pública, algumas não pavimentadas e cascalhadas, principalmente
àquelas próximas ao córrego Anhanduizinho. Os terrenos baldios no entorno das moradias, servem por diversas
vezes como destinos de todo o tipo de lixo e material inservível.
Situação semelhante foi encontrada em Betim, Minas Gerais
28
, e comprovado que essas condições
são de importante impacto no status de saúde de populações, decorrente da pobreza das práticas de higiene e
determinantes sociais, com um importante papel na transmissão da leptospirose.
Nas áreas onde foram detectadas positividade persistente, em 2002 e 2006, como no bairro Aero
Rancho, há os piores índices de pobreza e pobreza extrema, com maiores números de famílias necessitadas no
município. O bairro Guanandi além do pior índice de aglomeração demográfica, apresenta também índices altos
73
de pobreza, seguido dos bairros Jaci e Taquarussu. As taxas de analfabetismo são altas e as carências do ponto de
vista social e mesmo de infra-estrutura como no Aero Rancho, se correlacionam e a situação de vulnerabilidade
se faz presente e se reflete na saúde de seus moradores
52
.
Dentre os 24 casos notificados e confirmados de leptospirose humana no município no período de
2000 a 2006, é incriminado a região urbana do Anhanduizinho um óbito humano no ano de 2004 e um caso
confirmado em 2005, este último justamente na área mais crítica da região, o Bairro Aero Rancho. Já
antecipando essa situação, Carmo & Dorval
13
concluíram que as moradias em condições precárias de
saneamento, grande quantidade de lixo e com proliferação de roedores, principalmente no Aero Rancho, se
constituíam em risco iminente para a leptospirose tanto animal quanto humana.
A partir de 1996, o município de Campo Grande iniciou o processo de desocupação de áreas de
interesse ambiental, como as cabeceiras dos rios, córregos e os mananciais, sendo algumas dessas integrantes da
região de estudo. Nessas intervenções foram instalados equipamentos públicos e aplicados projetos paisagísticos
e urbanísticos, e junto com eles a infra-estrutura como asfalto e drenagem de águas pluviais, que melhoraram
consideravelmente o padrão urbano de muitos bairros
63
. O Aero Rancho especialmente próximo às margens do
córrego, continua a apresentar uma alta positividade, e foi o que menos obteve melhorias de infra-estrutura
urbanística.
Em relação ao uso racional do solo, o município ainda permite a ocupação urbana próxima de
córregos através da concessão e uso por regime de comodato. Áreas essas consideradas críticas ambientalmente,
que quando necessitam serem desocupadas, requerem projetos e altos investimentos contemplando uma imediata
remoção
58
, de forma a evitar a sua reocupação.
Apesar da existência de estudos geotécnicos sobre a região e suas recomendações
61
, por um bom
período não se registrava a ocorrência de enchentes na região, mas a partir de 2005, devido aos altos índices
pluviométricos, a má ocupação e impermeabilidade do solo, o córrego passou a apresentar problemas de
alagamentos e transbordamentos.
O intenso e desordenado processo de urbanização, a falta de saneamento básico nas grandes
cidades, e a freqüente exposição à contaminação ambiental durante as fortes chuvas e enchentes são
considerados os fatores fundamentais para a ocorrência das epidemias de leptospirose em área urbana
46
. É na
forma da organização sócioambiental que as doenças encontram espaço para ora emergirem, ora ganharem novas
faces
57
.
É bem provável, que a redução da prevalência da leptospirose no período 2002-2006, tenha como
fatores de contribuição, as melhorias de infra-estrutura e a incorporação de ações de manutenção e conservação
periódica empreendida pelos gestores municipais em vários bairros dessa região, fato constatado pela redução da
incidência da leptospirose nos cães dos bairros Marcos Roberto, Vila Jaci e Nhanhá (Figura 2), exceto no bairro
Aero Rancho que sofreu menos intervenções. A confirmação de casos novos no bairro Taquarussu se deve às
condições de manutenção precária dos domicílios, alguns vizinhos a terrenos baldios sujos, bem como a prática
informal de trabalho com materiais recicláveis como papéis e plásticos que são armazenados nos quintais de
forma desorganizada, sem manutenção e com baixa rotatividade, que favorece a proliferação e permanência de
roedores nos domicílios.
Assim, fica demonstrado que em áreas irregulares onde foram realizadas intervenções pelo poder
público para melhorar o padrão urbanístico e sanitário dos bairros, mas que os moradores não aderiram a mesma
74
iniciativa, onde a higiene pessoal e domiciliar se apresentou deficiente, inadequada e propícia à manutenção do
agente no ambiente, expôs os humanos e animais ao risco de acometimento de leptospirose. Portanto, é
necessário um estímulo nas ações de controle para os diversos tipos de hospedeiros animais, sejam eles
silvestres, domésticos ou sinantrópicos, no ambiente urbano, para reduzir o índice de contaminação ambiental e
do número de casos da doença em humanos, bem como ações que promovam a melhoria dos hábitos higiênicos
para a melhoria da condições de saúde, como medida complementar à implantação das instalações de
saneamento ambiental.
É importante salientar que cada área endêmica tem suas especiais características e fatores, e que
determinadas medidas de controle aplicadas em uma área podem não ser igualmente utilizada em outras. Por
essa razão, a epidemiologia da leptospirose deve ser definida nos termos das condições locais e não para um
cenário em que se baseiam regras gerais. Medida importante seria a inclusão de medidas preventivas e as ações
de educação em saúde, como a higiene pessoal e doméstica, que venham a contribuir com a melhora da
qualidade de vida do cidadão, visto que o ambiente doméstico foi confirmado ser o mantenedor e disseminador
do agente na região.
Em conclusão, os resultados obtidos das comparações da situação da soropositividade nos períodos
avaliados, bem como as características urbanísticas apresentadas pelos bairros, levam a supor que as
intervenções públicas adotadas de forma contínua contribuíram para a redução do índice de infecção. Mas, nos
locais onde não se obteve melhorias de infra-estrutura urbanística, o agente ainda permanece viável no ambiente,
principalmente o doméstico, expondo humanos e animais ao acometimento da doença.
75
ABSTRACT
This work aimed to evaluate the domestic environments and the effects of public intervention and of
urbanization, through of the comparative analysis of the occurrence of the canine leptospirosis in the
Anhanduizinho’s urban area, among studies was held in 2002 and 2006 years. The results indicated the reduction
of the positivity of 15,7% for 5,5%, where the chance of the dog to acquire the disease in 2002 (OR: 2,4) it was
larger than in 2006. The persistence and the agent's potential infection in the environment were showed through
of the diversity of identified serovars and could suggest autochthonous serovars. Among the animals, the youths
were the more attacked and the males with larger positivity in the periods, had in 2006 a larger risk of
contracting the disease (OR=2,7). The household's pattern sanitary performed in 2002, it inverts the infection
chance for 2006 (OR:2,8). The space analysis of the positive cases demonstrated in studies, the Aero Rancho, the
largest uptown, and Guanandi, the most populous, with persistence of cases. Despite the interventions and
improvements in the urban landscape undertaken by the government had supported the reduction of the disease
incidence, still persist in household inappropriate sanitary conditions provide by educational and social factors
intrinsic to the urban growth and your gatherings. Control measures, health's educational must to be taken for
change of the pattern sanitary local, with the inclusion of practices of handling of the domestic atmosphere,
personal hygiene and of the pet animals.
Key-words: Dog - diseases, urbanization, leptospiras
76
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80
ANEXO
81
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PÚBLICA
CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES
FORMULÁRIO N.º: ......
INQUÉRITO SOROLÓGICO CANINO PARA OCORRÊNCIA DE LEPTOSPIROSE
DADOS PROPRIETÁRIO:
Nome do responsável no ato da coleta:...............................................................
End:........................................................……………………........n.º:..............................
Bairro:........................................ Telefone:.....................................................................
DADOS DO ANIMAL:
Nome:................................................ Idade:..................................................................
Raça:.....................................Sexo:............... Pelagem:.................................................
Porte: ( ) pequeno ( ) médio ( ) grande
ESTADO CLÍNICO DO ANIMAL:
Estado Geral: ( ) bom ( ) regular ( ) ruim
Problemas aparentes: ...................................................................................................
.......................................................................................................................................
O animal esteve doente no último ano? ( ) sim ( ) não
Se esteve, relate brevemente o caso: ..........................................................................
.......................................................................................................................................
.......................................................................................................................................
Mucosa bucal: ( ) normal ( ) hiperêmica ( ) pálida ( ) amarelada
Abdomen: ( ) normal ( ) aumentado de volume
CONDIÇÕES DO IMÓVEL:
Aspecto sanitário: ( ) satisfatório ( ) insatisfatório
É percebida presença de roedores no domicílio? ( ) sim ( ) não
Em caso de sim, qual o grau de infestação: ( ) baixa ( ) alta
Declaro estar ciente que esta coleta de sangue tem por finalidade descobrir
se meu cão já teve contato com a bactéria causadora da Leptospirose.
Declaro também permitir tal coleta como forma de contribuição para a
saúde de meus familiares e da comunidade.
Ass: ...........................................................................
Responsável pela coleta: ..............................................................................................
Campo Grande,....... de ............................... de..........
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