A realidade da substância não pôde entrar
na cogitação de nenhum filósofo, nem antigo nem
moderno, porque todos supuseram ser este nosso
mundo, o primário que Deus criou. Como este
nosso mundo se mostra ainda em grande parte
invertido, perverso e mau; ainda em grande parte
maléfico, referto de sofrimentos, de tragédias, de
angústias, de caducidades, de mortes, tal mundo
não podia ter nenhuma relação com o SER,
exceto a de negação do que É. Contudo, este nosso
mundo é real, e não, de sombras ilusórias; apenas
que está invertido no negativo qual ocorre entre a
fôrma e o formado, entre o negativo fotográfico e o
retrato em positivo. Então, é só copiar o negativo
do mundo, e ter-se-á o positivo dele em felicidade e
bem. Meta-se massa nessa fôrma, que o que era
reentrância se fará saliência, e vice-versa.
Dando-se SUBSTÂNCIA a Deus, partir-se-ia,
não das substâncias físicas: ar, água, terra, fogo,
movimento, como o fizeram os filósofos miletanos e
o efésio Heráclito; não das substâncias supra
físicas: vida, desejos, Eu absoluto, vontade, como
os filósofos pós kantianos: Bergson, Schelling,
Fichte, Schopenhauer e Nietzsche propuseram; mas
do AMOR como o fizeram Platão, Plotino,
Agostinho, se bem que imaturamente, visto como
todos eram desprezadores do corpo, do mundo, da
matéria, sem atinarem que, sem um corpo
substancial, a alma-essência-pura torna-se pura idéia
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