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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
ALINE RODRIGUES SORCINELLI
AVALIAÇÃO DA HABILIDADE MOTORA MANUAL EM
CRIAAS DE CINCO E SEIS ANOS DE DUAS ESCOLAS
PAULISTANAS
São Paulo
2008
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ALINE RODRIGUES SORCINELLI
AVALIAÇÃO DA HABILIDADE MOTORA MANUAL EM
CRIANÇAS DE CINCO E SEIS ANOS DE DUAS ESCOLAS
PAULISTANAS
Dissertação apresentada à Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Distúrbios do
Desenvolvimento.
Orientadora: Profª. Drª. Cristiane Silvestre de
Paula
São Paulo
2008
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Catalogação na Fonte
.
Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Nilson Carlos Vieira Junior – CRB 8/7453
S713a Sorcinelli, Aline Rodrigues
Avaliação da
Habilidade Motora Manual em Crianças de Cinco e Seis Anos
de Duas Escolas Paulistanas / Aline Rodrigues Sorcinelli. – São Paulo, 2008.
66f. ; 34 cm
Orientadora: Doutora Cristiane Silvestre de Paula.
Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento) – Universidade Presbiteriana Mackenzie.
1. Habilidade Motora Manual 2. Instrumentos de Avaliação 3. Purdue
Pegboard 4. Finger Tapping 5. Tempo de Reação 6. Dissertação. I. Sorcinelli, Aline
Rodrigues. II. Universidade Presbiteriana Mackenzie.
CDD - 152.334
ALINE RODRIGUES SORCINELLI
AVALIAÇÃO DA HABILIDADE MOTORA MANUAL EM CRIANÇAS DE CINCO E
SEIS ANOS DE DUAS ESCOLAS PAULISTANAS
Dissertação apresentada à Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Distúrbios do
Desenvolvimento.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Profº Drª Celina Camargo Bartalotti
Centro Universitário São Camilo
___________________________________
Profº Drº Paulo Boggio
Universidade Presbiteriana Mackenzie
___________________________________
Profª Drª Cristiane Silvestre de Paula
Universidade Presbiteriana Mackenzie
LISTA DE ILUSTRAÇÕES:
Figura 1 - Cadeira e mesa escolar infantil.
Figura 2 - Teste Purdue Pegboard.
Figura 3 - Desenho do teste Tempo de Reação Simples.
Figura 4 - Em destaque circulado, a tecla espaço.
Figura 5 - Um dos itens do teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven.
LISTA DE TABELAS:
Tabela 1 - Descrição do desenvolvimento intelectual segundo o teste Matrizes
Progressivas de Raven, por sexo (N=134).
Tabela 2 - Descrição do desenvolvimento intelectual segundo o teste Matrizes
Progressivas de Raven por tipo de escola (N=134).
Tabela 3 - Descrição do desempenho nos testes Purdue Pegboard, Finger Tapping e
Tempo de Reação Simples, segundo mão direita e esquerda (N=134).
Tabela 4 - Descrição da correlação da idade com os testes Purdue Pegboard, Finger
Tapping e Tempo de Reação Simples (N=134).
Tabela 5 - Descrição da habilidade motora manual, segundo os quatro sub-testes do
Purdue Pegboard, por sexo (N=134).
Tabela 6 - Descrição da habilidade motora manual segundo o teste Finger Tapping,
por sexo (N=134).
Tabela 7 - Descrição da habilidade motora manual segundo o teste Tempo de
Reação Simples, por sexo (N=134).
Tabela 8 - Descrição do teste Purdue Pegboard por tipo de escola (N=134).
Tabela 9 - Descrição do teste Finger Tapping por tipo de escola (N=134).
Tabela 10 - Descrição do teste Tempo de Reação Simples por tipo de escola
(N=134).
Tabela 11 - Descrição da correlação entre os testes: Purdue Pegboard, Finger
Tapping e Tempo de Reação Simples (N=134).
Aos meus pais, irmãos e ao meu “coração”.
À minha classe profissional: Terapeuta Ocupacional.
AGRADECIMENTOS
À DEUS,
Obrigada pela eterna força que me concedeu, para que eu não desistisse desta
etapa profissional e pessoal; obrigada pelos anjos do céu e pelos anjos da terra que
enviastes para me regerem e iluminarem.
Aos meus pais, Cláudio e Sonia, que me apoiaram - torceram - incentivaram e me
orientaram nas inúmeras horas de desespero e cansaço.
Aos meus irmãos, Amanda e Marcus Vinicius.
Ao meu “coração” que tem nome e sobrenome, Fernando de Carvalho Lopes.
Aos meus familiares que de uma forma ou de outra sempre buscaram me acolher e
me animar.
Agradeço Natália, Bernardo e Ivens pela ajuda imprescindível na pesquisa.
À Júnia Cordeiro pelo enorme incentivo e pelo exemplo de dedicação e persistência.
À Vanessinha Madaschi, pela amizade, otimismo e horas de leitura da minha
dissertação.
Profº Drº Paulo Boggio e Profº Drª Pola Araújo pelos testes cedidos.
Por fim agradeço ao Hospital Israelita Albert Einstein pelo apoio financeiro e ao
Mackenzie Pesquisa pela disponibilidade da reserva técnica.
SORCINELLI, Aline Rodrigues. Avaliação da Habilidade Motora Manual em
Crianças de Cinco e Seis Anos de Duas Escolas Paulistanas. o Paulo, 2008.
Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação (Distúrbios do
Desenvolvimento) – Universidade Presbiteriana Mackenzie.
RESUMO
A escassez de dados normativos em instrumentos e testes específicos para a
população brasileira é um desafio aos profissionais que propõem mensurar a
efetividade de seu trabalho. Na prática clínica, muitos diagnósticos, assim como
prevenções e tratamentos podem ser estabelecidos com o uso de testes ou
instrumentos de mensuração. Instrumentos e testes que abrangem aspectos do
desenvolvimento motor como habilidade motora manual são ainda mais difíceis de
estarem disponíveis nas normas para crianças brasileiras. Estes o importantes
para a detecção de problemas de coordenação motora, que podem influenciar nas
atividades de auto-cuidado, nas atividades sociais e no desempenho escolar. Este
estudo propôs buscar evidências de validação de três testes de habilidade motora
manual, Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples em 134
crianças de cinco e seis anos de idade. Todas destras, de duas escolas paulistanas,
sendo uma escola particular e outra pública, com níveis sócio-econômicos distintos.
Como objetivos específicos, a pesquisa propôs comparar o desempenho dos testes
de habilidade motora manual entre os sexos, e entre as idades de cinco e seis anos.
Além de verificar se existe diferenças no desempenho dos testes entre os sujeitos
da escola pública e particular. Os resultados apontaram correlações significantes
entre os três testes, o que auxiliou no processo de validade da construção. Em
relação aos objetivos específicos observamos que entre todos os testes de
habilidade motora manual, apenas nos sub-testes 3 e 4 do Purdue Pegboard, as
meninas tiveram melhor desempenho que os meninos, os sujeitos com maior idade
obtiveram melhor desempenho nos testes e o desempenho dos testes de habilidade
motora manual independe do tipo de escola que o sujeito freqüenta.
PALAVRAS-CHAVE: habilidade motora manual, instrumentos de avaliação, Purdue
Pegboard, Finger Tapping, Tempo de Reação.
SORCINELLI, Aline Rodrigues. The manual motor ability evaluation of children
between five and six years from two São Paulo schools. São Paulo, 2008. The
Master of the Postgraduate Program (Disorders of Development) - Mackenzie
Presbyterian University.
ABSTRACT
The shortage of normative data in instruments and specific tests for the Brazilian
population is a challenge to the professionals that intend to measure the
effectiveness of its work. At the practical clinic, many diagnoses, preventions and
treatments are established with the use of tests or measuring instruments.
Instruments and tests that cover the motor developing aspects of manual
coordination ability are even harder to find on the Brazilian children’s norms and are
important to notice the motor coordination issues that may affect their ability to take
care of themselves, social activities and school performance. This study intended to
find validation evidences of three manual motor ability tests, Purdue Pegboard,
Finger Tapping and Simple Reaction Time in 134 right-handed children of 5 and 6
years old from two schools based in São Paulo, one of which is a private school and
the other one is a public school with different socioeconomic levels. The specific
objectives were intended to compare the performance of the manual motor ability
tests between sexes and ages of 5 and 6 years olds, and to verify whether there was
a performance difference in the tests between the children from the public and
private school. The results showed a significant correlation between the three tests
helping to validate the theory. Regarding the specified objectives, it was observed
that between all the manual motor ability, only on the Purdue Pegboard 3 and 4 sub-
tests did the girls perform better than the boys; the older children achieved a better
performance on the tests; and the manual motor ability tests performance doesn’t
depend on which type of school the children attend.
Keywords: manual motor ability, evaluation instruments, purdue pegboard, finger
tapping and reaction time.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11
2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................21
3. OBJETIVOS ..............................................................................................................22
3.1 Objetivo Geral .........................................................................................................22
3.2 Objetivo Específico..................................................................................................22
4. MÉTODO...................................................................................................................23
4.1 Descrição do Local da Coleta de Dados .................................................................23
4.2 Descrição das Escolas ............................................................................................24
4.3 Sujeitos....................................................................................................................24
4.4 Considerações Éticas..............................................................................................27
4.5 Procedimentos ........................................................................................................28
4.6 Instrumentos............................................................................................................29
5. ANÁLISE ESTATÍSTICA ...........................................................................................44
6. RESULTADOS ..........................................................................................................46
7. DISCUSSÃO .............................................................................................................53
8. CONCLUSÃO............................................................................................................62
REFERÊNCIAS.............................................................................................................63
ANEXOS........................................................................................................................70
11
INTRODUÇÃO
Existe uma crescente preocupação sobre a utilização de dados de
mensuração entre os profissionais da saúde. Estes buscam avaliar, assim
como mensurar e trabalhar com dados efetivos resgatados dos instrumentos de
avaliação. A ausência de dados normativos em instrumentos e testes para a
população brasileira é um desafio a mais para os profissionais que propõem
mensurar a efetividade de seu trabalho para melhor atender na prática a sua
clientela.
São poucos os testes padronizados, o que prejudica a mensuração
durante o processo de avaliação. Além disso, na maioria dos casos, a falta de
informação crítica sobre a amostra e os procedimentos estatísticos tornam as
normas inadequadas. (BRITO, 1998; BRITO E SANTOS-MORALES, 2002).
Toni (2005) e Coelho e Rezende (2007) apontam que no Brasil existe
certa dificuldade em desenvolver instrumentos e testes devido à especificidade
de uma metodologia, da necessidade de grande empenho do pesquisador e de
investimento financeiro alto. Além disto, a escassez de material disponível faz
com que os instrumentos de avaliação sejam pouco utilizados na prática
clínica. Estes em sua grande maioria quando utilizados, não são padronizados,
mas traduzidos em tabelas normativas não adequadas para a população
brasileira.
Em seu estudo Hallal (2000) fez um levantamento dos dados sobre
pesquisas e observou que, em sua maioria, as pesquisas avaliadas foram
feitas por meio de questionários. O que trás uma conotação subjetiva ao
12
observado na pesquisa. Além de não serem validados e tampouco publicados
em forma de artigos científicos.
A dificuldade de encontrar instrumentos de avaliação que sejam
validados para a população brasileira não se restringe apenas à áreas
específicas, mas também à maioria das áreas aplicadas da saúde. São
diversos os testes que necessitam de validação, por meio da normatização e
da padronização de procedimentos bem estabelecidos para que estes possam
ser utilizados com maior fidedignidade aos resultados.
A normatização de um instrumento refere-se ao estabelecimento de
conceitos e normas que orientam um processo, ou seja, a normatização
uniformiza os resultados. Estabelecendo assim os critérios para a interpretação
dos 'escores' obtidos. Os profissionais podem situar e analisar o indivíduo
submetido ao teste por meio da normatização. Com as normas ou 'escores' da
maioria da população, obtidas pela normatização, é possível estabelecer
intervenções, assim como a prevenção e até mesmo o diagnóstico. (JOLLY,
2007; PASQUALI, 2001).
A padronização de um teste é a uniformidade de procedimentos
utilizados em sua aplicação, sendo de suma importância que os profissionais
estejam atentos e habilitados à aplicação. Uma padronização adequada
durante a aplicação do teste é a garantia da fidedignidade dos dados, visto que
todos os sujeitos submetidos ao procedimento devem receber as mesmas
instruções. (JOLLY, 2007; PASQUALI, 2001).
Outro aspecto que abrange o presente estudo é a validade de um
instrumento. Segundo Tavares (2003), este termo faz referência ao processo
que tem a finalidade de compreender a função, isto é, as vantagens e as
13
limitações de um instrumento, sendo o mesmo apenas um dos indicadores.
Sendo assim, a validade de um instrumento tem a específica função de
mensurar o quanto o teste é capaz de medir o que ele se propõe (ANASTASI,
2000; PASQUALI, 2003).
Segundo Arias (1996), o que é validado são as interpretações do teste e
não o teste em si. O que existe são evidências de validade, em pontuais
indicadores do teste para determinada população.
Por definição existem diferentes tipos de validação, entre elas: a
validação de conteúdo que se destina a avaliar a relevância de cada item do
teste, de forma individual ou em conjunto; a validade de critério que verifica a
probabilidade de se obter determinado resultado de um teste comparado-o com
resultado de outro teste e; a validade de construção que avalia a relação de um
instrumento com outros instrumentos que propõem medir os mesmos
componentes, esta é utilizada quando não possui nenhum instrumento padrão
ouro estabelecido e reconhecido (MENEZES; NASCIMENTO, 2000).
Associados à padronização para normas brasileiras, alguns autores
ainda descrevem critérios necessários na escolha de um protocolo ou de um
instrumento de avaliação. Estes devem ser aceitáveis clinicamente e
cientificamente, serem acessíveis no custo, terem simplicidade na aplicação,
além de confiabilidade, fidedignidade e validade (RIDZ; 2005; STANGLER,
1980).
Na prática clínica, muitos diagnósticos, as prevenções e os tratamentos
podem ser estabelecidos com o uso de testes ou instrumentos de mensuração
desde que se tenha rigor no processo de aplicação e no processo de
interpretação dos dados. Para Pasquali, (2001) a avaliação está diretamente
14
ligada a técnicas de mensuração, onde se incluem os instrumentos e testes
utilizados. Estes conseqüentemente servirão no processo de intervenção.
Noronha, (2003) em seu estudo, relata a importância de realizar a avaliação
dentro da clínica com a utilização de instrumentos confiáveis e precisos que
comprovem o contexto do profissional, além de melhor estabelecer as
conclusões de diagnósticos entre avaliador e avaliados.
Magalhães (2004) discute em um de seus artigos a insatisfação em
relação aos instrumentos de avaliações existentes no Brasil. A autora afirma a
não existência de testes padronizados de desenvolvimento motor global para a
população brasileira na idade escolar. No mesmo artigo também é relatado e
questionado a necessidade da mensuração, tanto para o processo de
avaliação antes da intervenção terapêutica, como para o processo de
mensuração dos resultados desta intervenção.
Segundo Magalhães (2004), a existência de instrumentos padronizados
que abrangem áreas do desenvolvimento de forma global são escassos e os
instrumentos para mensuração de detecção de distúrbios mais específicos são
ainda mais escassos e mais difíceis de estarem disponíveis nas normas para
as crianças brasileiras. Estes instrumentos apontados pela autora como mais
específicos são os que mensuram déficits sutis da coordenação motora e da
destreza manual.
Pesquisando sobre a coordenação motora e a destreza manual,
verificamos que estas se desenvolvem a partir das atividades motoras que se
iniciam na vida intra-uterina do embrião onde a partir da quinta semana de
gestação podem ser observados movimentos embrionários (SCHWARTZMAN,
1991).
15
Quando a criança nasce, apresenta movimentos motores inatos que
chamamos de reflexos primitivos que vão desaparecendo no decorrer do tempo
com a maturidade do sistema nervoso. Nos primeiros meses de vida a
atividade reflexa está presente e ativa e espera-se que alguns reflexos
permaneçam até no máximo o sexto mês. E é por meio da atividade reflexa
que o lactente inicia a experimentação dos movimentos até o momento em que
estes são aprendidos e deixam de ser reflexos tornando-se voluntários
(GESELL,1977; 1979; SCHWARTZMAN, 1991, 1992).
Entre os doze e quinze meses de idade, o bebê possui padrão
funcional e maturidade para realizar a apreensão manual. Assim por meio da
experimentação irá desenvolver o refinamento dos movimentos, uma maior
destreza manual e também é quando se inicia a preferência pelo uso de uma
das mãos (BOBBIO, 2006; BRANDÃO, 1984; CORIAT, 1991).
A função motora dos membros superiores acompanha o
desenvolvimento global seguindo as fases de aquisições do desenvolvimento.
Estas são influenciadas pelos estímulos exteroceptivos (tato, visão e audição) e
pelos movimentos espontâneos do bebê (BRANDÃO, 1984; ERHARDT, 1998;
MEYERHOF, 1994; SCHWARTZMAN, 2000).
Partindo do princípio que o indivíduo não possui nenhuma alteração do
desenvolvimento pode-se dizer que o controle da motricidade fina inicia-se por
fixação visual, alcance, apreensão cúbito palmar, palmar, rádio-palmar,
inclinada ou radial, soltar dos objetos e pinça, seguido pelo refinamento da
destreza manual.
Associado ao desenvolvimento do controle da motricidade fina alguns
componentes do controle motor fino como: movimentos oculares; movimentos
16
de mãos e dedos; coordenação olho-mão; consciência sensorial; e
planejamento motor são importantes para que não haja nenhuma alteração ou
déficits no decorrer do processo de aquisição.
A destreza e os movimentos finos são adquiridos após o
desenvolvimento e o controle da motricidade grossa, que é quando se
consegue de forma precisa e suave a apreensão e o soltar voluntários em torno
dos seis e sete anos de idade (SIMON; DAUB, 1998). Para a realização de
tarefas que exigem coordenação motora fina algumas habilidades subsidiárias
que se desenvolvem ao longo da infância devem estar estabelecidas
(BRANDÃO, 1984; MEYERHOF, 1994).
Os movimentos de coordenação motora fina são estabelecidos pelo
adequado desenvolvimento das funções motoras manuais e são considerados
complexos e aprimorados, que é necessária a aquisição da função motora
interligada com os processos e funções sensitivas e sensoriais (BRETÂS,
2005).
As aquisições do desenvolvimento se dão de forma crescente no qual
por volta dos dois ou três anos a criança é capaz de segurar um giz de cera ou
um lápis grande, porém a grande maioria das crianças conseguem agarrar
objetos menores ou mais finos aos cinco e seis anos de idade, pois esta
habilidade depende da aquisição da coordenação motora fina (BEE, 1996).
Os movimentos aprendidos até os seis anos de idade servem de base
para o aprendizado posterior, onde as habilidades motoras adquiridas serão
aperfeiçoadas na idade adulta (BESSA; PEREIRA 2002). A habilidade manual
se desenvolve gradualmente e serve para alcançar diferentes objetivos. A o
pode ser considerada fonte de fornecimento de informações do meio devido às
17
suas características sensório-motoras, além de ter papel funcional na execução
de variadas tarefas, visto a combinação de força e destreza manual
(ESTEVES, 2005).
Podemos então verificar que é por meio do desenvolvimento da função
manual e de seus componentes que a criança adquire a coordenação motora
fina e a destreza necessária para o do movimento de pinça fina com os dedos,
além do desenvolvimento de outras tarefas da rotina, assim como para o
desenvolvimento da escrita (BRANDÃO, 1984).
A motricidade fina de mãos e dedos é utilizada pela criança de forma
mais livre durante a fase pré-escolar com o uso de pis, tesoura e régua que
são materiais habituais da escola. Atividades complementares de auto-cuidado
como amarrar sapato e abotoar também fazem parte do repertório de
aprendizagem e requerem um aperfeiçoamento das habilidades manuais. Este
é a aquisição da coordenação motora fina somada com a integração sensório-
motora da criança, que são bem evidenciadas na fase pré-escolar (CASE-
SMITH, 1998; MAGALHÃES, 2004; NASCIMENTO, 2003).
Déficits ou falhas na aquisição das habilidades motoras manuais, assim
como na coordenação motora fina podem resultar em dificuldades no manejo
de objetos que exijam uma maior destreza manual comprometendo tanto a
escrita e o desempenho acadêmico, quanto à execução das atividades de vida
diária (BRANDÃO, 1984; SCHWARTZMAN, 2000).
Segundo Cairney, (2006) problemas de coordenação motora podem
influenciar as atividades de auto-cuidado, atividades sociais e o desempenho
escolar, podendo a mesmo constituir-se um quadro complexo com
18
diagnóstico clínico específico como, por exemplo, os Transtornos do
Desenvolvimento da Coordenação.
Lopes (2003) e Kimura (1999) ao estudarem as diferenças em relação
ao desempenho de diversas tarefas de habilidade motora manual concluíram
que existem diferenças mesmo em indivíduos com desenvolvimento adequado.
Entre essas diferenças estão frequentemente às de gêneros que variam desde
diferenças facilmente visíveis como as estruturas sexuais, e também as
diferenças não visíveis a olho nu que envolvem estruturas morfológicas do
Sistema Nervoso Central (SNC), assim como diferenças no desempenho de
acordo com os aspectos comportamentais, cognitivos, ambientais e de faixa
etária.
Outros autores também estudaram sobre a aquisição das habilidades
manuais e, especificamente para mensurar as habilidades motoras manuais
observamos a utilização de diferentes instrumentos. Foi realizado um
levantamento bibliográfico dos instrumentos mais citados em estudos
científicos envolvendo os descritores: habilidade motora manual; destreza
manual; coordenação motora fina. Encontrados em periódicos indexados no
Portal Periódico Capes, The Medical Letter, Scielo, PubMed Central e Highwire
Press.
Como resultado deste levantamento, encontramos os testes mais
utilizados em pesquisas científicas: Purdue Pegboard (SCHMIDT, 2000; BRITO
2002; TUIJL, 2002), Finger Tapping (SHIMOYAMA, 1990; MCBRIDE, 1995;
LEWIA, 2004; SZAFLARSKI, 2006) e o de Tempo de Reação (TEIXEIRA,
2000; BARRAL, 2002; CORBALLIS, 2002; CRAIGHERO, 2002; MIALL,2006).
19
Mesmo tendo diversos tipos de instrumentos que avaliam a habilidade
motora manual, poucos o padronizados para a população brasileira, o que
torna a prática clínica sem dados cientificamente comprovados. Dos testes
citados acima, nenhum possui evidências de validação, porém são comumente
utilizados de forma não adequada, sem padronização e tampouco
normatização, fazendo com que o indivíduo avaliado seja comparado e
analisado com 'escores' americanos, originais dos instrumentos de análise.
Não incomum entre as pesquisas de temas específicos, como habilidade
motora manual, nos quais os autores optam por integrar ao estudo além do
teste específico do objetivo principal da sua pesquisa, como também testes que
possam melhor classificar e diminuir o número de variáveis do estudo.
Concomitante à utilização de testes de habilidade motora verificamos que os
autores também utilizaram testes para mensurar a preferência manual e o nível
de inteligência dos indivíduos.
Devemos considerar que são diversos os testes que avaliam a
habilidade motora manual, mas a grande maioria deles avalia a habilidade
motora manual junto com outros componentes que o se enquadra no
propósito do presente estudo.
A necessidade de validação de instrumentos para a população brasileira
associada à necessidade de mensuração das habilidades motoras manuais
principalmente para crianças em fase pré-escolar faz com que o interesse por
buscar evidências de validação, assim como as possíveis diferenças no
desempenho entre sexo, idade e gênero dos instrumentos mais utilizados no
meio científico se torne tema desta pesquisa.
20
Apesar de muito se saber sobre o processo de aquisição do
desenvolvimento motor manual, pouco sabemos sobre instrumentos
padronizados que mensuraram o desenvolvimento destas habilidades
funcionais que são de extrema importância no decorrer da vida do indivíduo.
É na fase pré-escolar que as habilidades mais finas e que requerem
maior destreza manual se fazem necessárias para subsidiar outros inúmeros
aprendizados. Dados confiáveis sobre a utilização de instrumentos de
avaliação no Brasil, em especial de habilidades motora e manual podem
contribuir para esclarecimentos neste campo, e também auxiliando outras
pesquisas e outros processos de validação, assim como auxiliando
profissionais e crianças que buscam respostas consistentes e com evidências
científicas.
21
2 JUSTIFICATIVA
Na fase escolar, em especial no período pré-escolar, as crianças se
beneficiam de experiências que estimulam o desenvolvimento de habilidades
motoras, principalmente atividades relacionadas à funções manuais e
coordenação motora. Esta estimulação é muito importante porque a precisão
dos movimentos e a atenção adquirida nesta fase são habilidades que irão
influenciar o desempenho da escrita e de outras funções (BENBOW, 2002).
Distúrbios de coordenação motora são comuns e podem gerar distúrbios
nas atividades de vida diária, e também no desempenho escolar, como por
exemplo, na escrita e utilização de tesoura. Porém a precisão da avaliação de
funções relacionadas à destreza manual pode estar comprometida devido a
escassez de testes validados para a população brasileira. Sendo necessárias
pesquisas que contribuam para a sistematização de testes que visem o
conhecimento do desempenho desta população (MAGALHÃES, 2004).
Certamente a caracterização motora das habilidades manuais pode vir a
favorecer o diagnóstico e a prevenção de alterações ou déficits em tarefas que
exijam da criança a função motora manual.
Considerando a falta de dados nacionais, o propósito do estudo é buscar
evidências que auxiliem o processo de validação de testes de habilidade
motora manual.
22
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral:
Buscar evidências de validade para os testes Purdue Pegboard, Tempo
de Reação Simples e Finger Tapping em crianças com cinco e seis anos de
idade.
3.2 Objetivos Específicos:
Comparar o desempenho dos testes de habilidade motora manual entre
os sexos;
Comparar o desempenho nos testes entre as idades de cinco e seis
anos;
Verificar se existem diferenças no desempenho dos testes entre os
sujeitos da escola pública e particular.
23
4 MÉTODO
4.1 Descrição do local da coleta dos dados
Este estudo foi realizado no bairro Vila Prudente, localizado no município
de São Paulo. Caracterizado como bairro residencial mesclado com fábricas de
diversas categorias. Iniciou-se com a fundação do bairro de Vila Prudente, em
4 de outubro de 1890, após a implantação da fábrica de chocolate Falchi, que
proporcionou a vinda de estrangeiros italianos, espanhóis e portugueses. Este
fato contribuiu para o crescimento da região, colaborando também para a
instalação de outras bricas no local, como fábricas de cerâmica, papelão,
louças e tecelagem.
O desenvolvimento foi contínuo e trouxe como conseqüência a evolução
dos transportes com os bondes e os ônibus, e também a instalação de
recursos de lazer foram surgindo na região. No ano de 1923, o bairro ganhou
autonomia, pois até o momento era subordinado ao bairro do Ipiranga.
Com o crescimento e desenvolvimento do bairro surgiram os problemas
típicos da metrópole, como o surgimento em 1940 da favela de Vila Prudente
formada por migrantes e trabalhadores da construção civil. (PREFEITURA DE
SÃO PAULO, 2007). Atualmente o distrito de Vila Prudente possui uma área
total de 33,3 Km² e densidade demográfica de 15.599,5 Hab /Km² (SEADE,
2004). Este bairro é classificado como uma região de nível sócio-econômico
médio, com renda familiar média de 9,1 salários mínimos. (PREFEITURA DE
SÃO PAULO, 2007).
24
4.2 Descrição das escolas
No distrito de Vila Prudente existem trinta e quatro escolas de ensino
infantil da rede particular e seis escolas de ensino infantil da rede municipal de
educação (SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, 2007).
Os dados deste estudo foram coletados em duas das quarenta escolas
de educação infantil deste distrito municipal, sendo uma escola da rede
particular de ensino e outra da rede pública.
A maioria dos alunos da escola pública são provenientes dos arredores
da escola, moradores de favela e de nível sócio-econômico baixo, porém
alguns alunos da escola que são de classe média. Já a escola particular atende
alunos do ensino infantil ao dio predominantemente de nível sócio-
econômico médio ou alto.
4.3 Sujeitos
Esta pesquisa contou com uma amostra de cento e trinta e quatro
crianças com idades entre cinco e seis anos matriculados e freqüentando o
ensino regular no período vespertino das escolas pública e particular. Durante
a coleta dos dados as crianças cursavam o Jardim II da educação infantil - rede
pública e particular - ou o Jardim III da rede pública ou o ano do ensino
fundamental da rede particular.
Vale ressaltar que atualmente as crianças com seis anos de idade
podem estar em séries com nomenclaturas diferentes. Isso ocorre devido a Lei
11.274 de 6 de fevereiro de 2006, publicada no Diário Oficial da União de 07 de
25
fevereiro de 2006. A lei altera a duração do ensino fundamental de oito para
nove anos e diz que as crianças até seis anos ainda poderão ser atendidas na
educação infantil desde que os sistemas de ensino não tenham ampliado o
ensino fundamental para nove anos. A data limite para o cumprimento da lei é
até o ano de 2010 (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2006).
Alguns critérios foram utilizados para a participação dos sujeitos na
pesquisa (critérios de inclusão), e outros para a não participação dos mesmos
(critérios de exclusão), que serão descritos a seguir:
Critérios de inclusão:
a criança estar entre cinco e seis anos e onze meses de idade;
sujeitos matriculados e freqüentando a escola no período vespertino, nas
séries do Jardim II de ambas as escolas e do Jardim III ou ano da escola
pública e da escola particular, respectivamente;
autorização dos responsáveis por meio do termo de consentimento livre e
esclarecido.
Critérios de exclusão:
sujeitos que apresentavam alterações ou atraso do desenvolvimento motor
diagnosticado pelo médico e com atestado na escola;
sujeitos com deficiência visual (baixa visão até cegueira total)
diagnosticado por um médico e com conhecimento da escola;
sujeitos com deficiência mental, independente do nível de intensidade de
apoio, diagnosticado pelo médico e com atestado na escola.
26
O número total de sujeitos das ries citadas acima, conforme os
critérios de inclusão e de exclusão somaram um universo de duzentos e
sessenta crianças aos quais foram entregues os termos de consentimento livre
e esclarecido e as autorizações. Considerando este universo, vinte e nove
sujeitos foram excluídos da pesquisa. Destes seis eram deficientes físicos (dois
da escola particular e quatro da escola pública), vinte e três tinham idade
inferior a cinco anos (dez da escola particular e treze da escola pública),
resultando em um total de duzentos e trinta e um sujeitos elegíveis.
Dos duzentos e trinta e um sujeitos elegíveis para a pesquisa, setenta
não autorizaram a realização da coleta de dados (vinte nove da escola
particular e quarenta e um da escola pública), tendo assim um total de cento e
sessenta e uma autorizações para a realização da pesquisa.
Considerando os cento e sessenta e um sujeitos que assinaram as
autorizações (setenta da escola particular e noventa e um da escola pública),
vinte sujeitos não quiseram realizar os testes (dois da escola particular e
dezoito da escola pública). Assim, as coletas dos dados para a pesquisa foi
feita com cento e quarenta e um sujeitos, sendo sessenta e oito da rede
particular de ensino e setenta e três da rede pública.
Todos os cento e quarenta e um sujeitos realizaram os testes propostos
pela pesquisa, porém os resultados do teste específico para determinar a
dominância manual (Inventário de Lateralidade de Edimburgo), nos mostrou
que apenas sete deles tinham dominância manual à esquerda: dois sujeitos
com cinco anos e do sexo masculino da escola da rede pública e cinco sujeitos
da escola da rede particular, sendo dois do sexo feminino com seis anos e três
do sexo masculino, dois deles com cinco anos e um com seis anos. Com esta
27
baixa freqüência seria impossível realizar análises estatísticas de comparação
entre sujeitos com diferentes dominâncias manuais. Por este motivo decidiu-se
excluir os sujeitos canhotos, privilegiando uma maior homogeneidade amostral
com base neste grupo de cento e trinta e quatro crianças.
4.4 Considerações éticas:
O estudo foi realizado mediante a aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa do Instituto Presbiteriano Mackenzie sob o processo CEP/UPM
979/05/07 e CAAE – 0029.0.272.000-07.
A coleta de dados, o material e o contato interpessoal não ofereceram
riscos de qualquer ordem aos alunos e as instituições. O sigilo das informações
coletadas e o anonimato dos sujeitos foram preservados.
A pesquisa foi realizada apenas com os sujeitos os quais, os pais ou
responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, assim
como a carta de esclarecimento aos pais ou responsáveis (Anexo A).
As instituições envolvidas na pesquisa estavam cientes dos
procedimentos e métodos do trabalho e consentiram o trabalho de pesquisa
por meio da assinatura do termo de autorização à instituição e carta de
informação à instituição (Anexo B).
Os responsáveis dos sujeitos e as instituições envolvidas poderiam
desistir da participação na pesquisa por qualquer razão mesmo após a
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido assim como a
interrupção na coleta de dados também poderia ocorrer caso a criança não
quisesse realizar o teste.
28
No decorrer do estudo a pesquisadora principal se disponibilizou para
oferecer maiores esclarecimentos solicitados pelos pais, responsáveis ou
professores.
4.5 Procedimentos
Inicialmente foi realizado contato pessoal da pesquisadora com os
diretores das escolas, no qual foi exposta a proposta do projeto de pesquisa, e
também foram esclarecidas as dúvidas em relação aos termos de
esclarecimento e autorizações, anonimato dos sujeitos, espaço físico para
coleta de dados e procedimento da coleta dos dados, o que inclui a
apresentação dos instrumentos (testes) que foram utilizados.
Posteriormente foi realizado um levantamento junto às escolas para a
identificação das crianças. Por meio das listas de matrículas das referidas
séries foram identificadas as crianças que preenchiam os critérios de inclusão.
Coube aos professores entregarem os termos de consentimento para os
pais. Somente participaram da mostra as crianças cujos pais assinaram a
autorização e o termo de consentimento.
Os testes foram realizados dentro do espaço da escola, em um ambiente
reservado para aplicação dos mesmos conforme a disponibilidade da cada
escola. Os dados foram colhidos nas duas escolas no período vespertino,
conforme a disponibilidade das mesmas em relação ao meio físico e datas que
lhes foram favoráveis.
Além disso, a aplicação dos testes foi feita pela pesquisadora principal,
mestranda, e por uma estudante universitária com constante supervisão da
29
pesquisadora principal. o teste específico de inteligência, Matrizes
Progressivas Coloridas de Raven foi coletado e interpretado por dois
estudantes de psicologia do Instituto Presbiteriano Mackenzie com a
supervisão da psicóloga e orientadora desta dissertação, Cristiane Silvestre de
Paula.
O período da coleta de dados nas escolas foi de agosto de 2007 a
novembro de 2007.
4.6 Instrumentos
Para a pesquisa foram aplicados cinco testes, sendo um de lateralidade,
três de habilidade motora manual e um de inteligência, na seguinte ordem:
Inventário de Edimburgo;
Purdue Pegboard;
Finger Tapping;
Tempo de Reação Simples;
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven.
O objetivo do estudo foi buscar evidências de validade dos testes
Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples foram
necessários a aplicação dos testes Inventário de Lateralidade de Edimburgo
para controle da dominância manual e do teste Matrizes Progressivas
Coloridas de Raven para controlar os níveis de inteligência. Estes dois
instrumentos possibilitaram maior controle de possíveis vieses em relação à
30
preferência manual e de nível intelectual que poderiam interferir nos resultados
da pesquisa.
A relação entre a posição do sujeito e a posição do pesquisador durante
a aplicação dos testes foi padronizada. Os pesquisadores permaneceram de
frente para os sujeitos na aplicação dos testes: Inventário de Edimburgo,
Purdue Pegboard e Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. Nos testes
Tempo de Reação Simples e Finger Tapping os pesquisadores mantiveram-se
ao lado dos sujeitos, visto que para aplicação destes instrumentos foi utilizado
um computador portátil.
Todos os testes foram aplicados com os sujeitos acomodados em um
conjunto composto por cadeira e mesa escolar infantil, padrão em ambas as
escolas, como demonstrado na figura 1.
Figura 1. Cadeira e mesa escolar infantil.
31
Inventário de Lateralidade de Edimburgo
O Inventário de Lateralidade de Edimburgo foi elaborado em 1971 por
“Oldfield. Este consiste de um questionário com 10 itens para serem aplicados
em sujeitos a partir de 5 anos de idade, com o objetivo de mensurar a
preferência lateral manual. Os itens do inventário incluem as tarefas: escrever,
desenhar, arremessar, uso da tesoura, escovar os dentes, abrir uma caixa
(mão da tampa), uso da faca, uso da colher, uso da vassoura (mão superior do
cabo) e acender um fósforo (mão do fósforo) (TEIXEIRA, 2000).
Dois itens do inventário (uso de vassoura e acender fósforo) foram
adaptados neste estudo devido altura dos sujeitos e por segurança dos
mesmos. Nos itens uso de vassoura e acender fósforo, foi utilizado uma
vassoura de tamanho menor e fósforos queimados.
A aplicação do instrumento devido a pouca idade dos sujeitos foi feita
por meio de simulação das tarefas e não na forma de questionário visando
maior fidedignidade das respostas.
Cada item foi realizado da seguinte forma:
Escrever: foi colocado na mesa, de frente para ao sujeito, um lápis preto
2 e uma folha de papel tipo sulfite em tamanho 10x10cm e pedia-se ao
sujeito pegar o lápis e escrever seu nome;
Desenhar: o lápis e o verso da folha utilizada no item anterior eram
colocados no centro da mesa e então solicitava-se ao sujeito pegar o lápis e
fazer um desenho;
32
Arremessar: no centro da mesa era colocada uma pequena bola de 5,0cm
de diâmetro. A pesquisadora distanciava-se da mesa e solicitava ao sujeito
pegar e jogar a bola para ele;
Uso da tesoura: a pesquisadora depositava uma tesoura escolar (sem
ponta) em cima da folha desenhada pelo sujeito no centro da mesa e
pedia para que recortasse o desenho;
Escovar os dentes: uma escova de dente descartável era colocada no
centro da mesa e então pedia-se para o sujeito pegar a escova e mostrar
como ele (sujeito) escova os dentes;
Abrir uma caixa: no centro da mesa era colocada uma caixa de plástico
duro de tamanho 7x7cm com tampa e pedia-se para o sujeito tirar a tampa
da caixa;
Uso da faca: no centro da mesa estava cerca de 50 gramas de massa de
silicone de densidade média
1
e uma faca. Ao sujeito era solicitado que
pegasse a faca e cortasse um pedaço da massa;
Uso da colher: o pedaço da massa de silicone cortado pelo próprio sujeito
e uma colher estavam no centro da mesa, então era pedido ao sujeito para
pegar com a colher o pedaço da massa;
Uso da vassoura: era solicitado ao sujeito pegar a vassoura encostada na
mesa e mostrar como se varre o chão;
Acender um fósforo: uma caixa de sforos era colocado no centro da
mesa e ao sujeito solicitava-se que demonstrassem como se acende um
fósforo.
1
Massa de silicone de densidade média: massa feita de silicone, vendida para fins de exercícios de
reabilitação, que é encontrada no mercado em diferentes densidades, desde a mais suave até a mais dura.
33
Ao iniciar a aplicação do teste eram colocados na mesa os objetos do
primeiro item. Após a realização do primeiro item, a pesquisadora anotava em
uma tabela a mão utilizada pelo sujeito para a execução (direita, esquerda, ou
ambas). Depois disto, os objetos utilizados eram guardados. A pesquisadora
iniciava a coleta dos dados do item subseqüente, anotando os dados
colhidos. E assim consecutivamente até completar os 10 itens.
As anotações dos dados foram marcadas em uma tabela. Na qual para
cada item foi colocado um sinal de “positivo” (+) na coluna da direita (D) e/ou
na coluna da esquerda (E) representando a o utilizada para realizar a tarefa
(Anexo C).
Caso o sujeito realizasse alguns dos itens alternando o uso das mãos ou
não fosse capaz de realizar as tarefas foram colocados sinais “positivo” em
ambas as colunas, da direita e da esquerda, conforme o Inventário de
Lateralidade de Edimburgo que considera indiferente para o sujeito o uso de
qualquer umas das mãos (OLDFIELD, 1971; RAZZA, 2007).
Para calcular o índice de lateralidade cada item assinalado valia um
ponto. Este era somado separadamente para a coluna da mão direita e para
coluna da mão esquerda. Posteriormente à soma de pontos era calculado o
índice de lateralidade pela equação: (D−E) / (D+E) × 100. Ou seja, o número
de pontos da coluna da mão direita menos o número de pontos da coluna da
esquerda dividido pelo mero de pontos da coluna da direita somado com os
pontos da coluna da esquerda e o resultado desta equação multiplicado por
cem.
Os resultados obtidos pela equação, isto é o índice de lateralidade
podem variar entre +100 e -100. Os sujeitos com resultado > + 40 são
34
considerados destros, os sujeitos com índice de lateralidade < - 40 são
canhotos e os sujeitos com índice de - 40 até + 40 são considerados
ambidestros (KNECHT. 2003; OLDFIELD 1971; SPRINGER. 1999; HENKEL.
2001; SZAFLARSKI, 2006; BRITO, 1989; SOUZA, 2005)
Purdue Pegboard
O Purdue Pegboard é um instrumento utilizado com o objetivo de
mensurar a destreza manual e a coordenação motora fina, tendo sido
desenvolvido por Tiffin (1948). O teste foi desenvolvido originalmente para
avaliar a destreza manual em seleções de empregos nas indústrias. Porém
também podendo ser usado na aplicação clínica, como aponta Tiffin (1968).
O Purdue Pegboard é um teste de performance motora utilizado em
diversas pesquisas com sujeitos portadores de diferentes patologias. É
considerado um instrumento preciso para utilizar em crianças com disfunções
do desenvolvimento de base neurológica (GARDNER, 1979; KURTZ, 1996).
Seus resultados envolvem o alcance, a preensão manipulativa de
precisão, memória de controle de movimentos e seqüência de ambos os
membros superiores em tarefas simultâneas (NUNES, 2007).
Originalmente foi destinado para adultos, mas posteriormente foi
normatizado para crianças e adolescentes, é considerado adequado para
avaliação de pessoas entre cinco a oitenta e nove anos.
As normas de validação do teste para indivíduos entre cinco e quinze
anos foram colhidas com 1.334 crianças normais em escolas de classe regular
na cidade de Bergen, em Nova Jersey, Estados Unidos. A normatização para
35
adolescentes entre catorze e dezenove anos de idade foi realizada com cento e
setenta e seis voluntários que cursavam escolas regulares e universidades da
cidade de Milwaukee, estado de Wisconsin localizado no interior dos Estados
Unidos, (GARDER, 1979; LAFAYETTE INSTRUMENT COMPANY, 1999;
MATHIOWETZ, 1986)
O instrumento análogo a uma tábua, com duas fileiras paralelas de 25
buracos cada. No topo da tábua têm-se quatro lugares semelhantes a
pequenas bacias. Nas bacias das pontas ficam os “pinos” e no meio da tábua
estão outras duas bacias uma delas com as “porcas” e outra com os “anéis”
(Figura 2).
Figura 2. Teste Purdue Pegboard.
Este instrumento é constituído de quatro sub-testes. Em todos os sub-testes o
sujeito deve encaixar os pinos nos buracos da bua na direção de cima para
36
baixo, ou seja, do topo da tábua (mais próximo das bacias), para a base inferior
da tábua (mais distante das bacias).
O primeiro sub-teste é feito com a mão dominante e o segundo com a
mão não-dominante e o terceiro e quarto com ambas as mãos. Para esta
pesquisa, o primeiro sub-teste foi realizado com a mão direita, o segundo com
a mão esquerda e o terceiro e quarto com ambas as mãos.
A mensuração foi feita em cada um dos três primeiros sub-testes pela
quantidade de “pinos” que foram encaixados no tempo de 30 segundos.
No quarto e último sub-teste o sujeito deveria em 60 segundos usar as
mãos alternadamente para construir “assemblies”. Esta consiste em montar no
mesmo buraco a seqüência de um “pino”, um “anel”, uma “porca” e outro “anel”.
Para então contar o número de peças colocadas nesta seqüência.
Para marcar o tempo em cada sub-teste foi utilizado um cronômetro que
era acionado desde o momento em que o sujeito encaixava o primeiro pino até
o término do tempo pré-determinado de acordo com cada sub-teste.
Inicialmente foi colocado o instrumento na frente do sujeito e nomeado
cada peça. Ainda do inicio de cada sub-teste, a pesquisadora procedeu da
seguinte forma: senta-se ao lado do sujeito e diz que irá fazer uma vez o teste
e ele terá que fazer igual quando for solicitado. Após a demonstração a
pesquisadora senta-se novamente de frente ao sujeito e diz que ao ouvir o “já”,
ele deve iniciar o teste e ao ouvir “parou” ele deve parar. Após assistirem a
demonstração da pesquisadora, os sujeitos tiveram a oportunidade de treinar
três vezes cada sub-teste antes da aplicação validada para pesquisa (fase de
familiarização com o teste).
37
No primeiro sub-teste feito com a mão direita, o sujeito deveria ao ouvir o
“já” pegar um pino e encaixar no buraco da fileira da direita, quando encaixar,
na seqüência, ele deveria pegar outro pino com a o direita e encaixar no
próximo buraco e assim consecutivamente até ouvir “parou”. Foram contados e
anotados os números de encaixes realizados. Depois do teste aplicado era
retirado os pinos encaixados preparando assim o instrumento para a
demonstração e início do segundo sub-teste.
O segundo sub-teste foi demonstrado e orientado aos sujeitos da
mesma forma que o primeiro sub-teste, porém usando a mão esquerda e a
fileira da esquerda do teste.
O terceiro sub-teste foi feito com ambas as mãos, no qual o sujeito ao
ouvir a ordem de iniciar o teste deveria pegar ao mesmo tempo um pino da
fileira da direita com a mão direita e um pino da fileira da esquerda com a mão
esquerda e encaixa-los nas respectivas fileiras. Depois de encaixados
simultaneamente deveria manter a mesma ação até ouvir o comando verbal de
parar. Ao término a pesquisadora conta o número de pinos encaixados e
prepara o instrumento para o último sub-teste.
O quarto e último sub-teste, assim como o terceiro foi feito com ambas
as mãos, porém exigiu maior atenção e compreensão do indivíduo. O sujeito ao
ouvir o “já” deveria pegar com a mão direita um pino da fileira da direita e
encaixar na respectiva fileira, na seqüência deveria com a mão esquerda pegar
um anel e encaixar no pino já colocado, em seguida teria que pegar com a mão
direita uma porca e encaixar ainda no mesmo pino e finalizar com uma
“assemblie” pegando um outro anel com a mão esquerda e encaixando
também no mesmo pino. Após a construção desta “assemblie”, continua a
38
construção de outro na outra fileira, usando as mãos de forma alternada até o
comando verbal de parar. Neste último sub-teste é contado o número de peças
encaixadas (LAFAYETTE INSTRUMENT COMPANY, 1999).
Finger Tapping
O instrumento Finger Tapping é um teste que mensura a velocidade
motora do sujeito. A avaliação consiste em o sujeito apertar um “sensor”, com o
dedo indicador, o maior número de vezes possível dentro de um tempo pré-
determinado, sendo mensurado com cada mão separadamente (SPREEN e
STRAUSS, 1998; STRAUSS, 2006). Na presente pesquisa utilizou-se um
computador portátil, conectado ao microsoft word e um cronômetro.
O teste foi aplicado com a criança sentada em frente à mesa com o
computador portátil, os antebraços apoiados na mesa e em uma distância
adequada para que o sujeito alcance com o dedo indicador a letra B, que é
central no teclado do computador, previamente programado para que não
dispare a tecla ao ser pressionada.
Os sujeitos eram instruídos verbalmente e por meio de gestos. A
pesquisadora mostrava o dedo indicador direito do sujeito apontando para a
letra B e dizendo ao sujeito que ao ouvir o “já” deveria apertar a tecla o mais
rápido e o maior número de vezes que conseguisse até ouvir a palavra “parou”.
O tempo total cronometrado foi de 15 segundos registrado a partir da primeira
tecla apertada.
Depois desta primeira explicação o sujeito realizava uma vez o teste
para familiarização e em seguida mais três vezes para mensuração, com
39
intervalos de 10 segundos entre uma repetição e outra. Após a realização do
teste com a mão direita, as mesmas explicações eram dadas, porém com o
dedo indicador da mão esquerda.
A mensuração do teste foi feita considerando a média do número de
vezes que a criança apertou a tecla no tempo de 15 segundos, com a mão
direita e com a média do teste feito com a mão esquerda. Ressaltamos que
com ambas as mãos foi excluído o teste de familiarização para a análise dos
dados.
Tempo de Reação Simples
O teste Tempo de Reação Simples propõe mensurar a velocidade do
tempo de reação de um indivíduo, entre o estímulo visual e a resposta motora
do mesmo utilizando os dedos. Ou seja, este teste equivale ao intervalo de
tempo que decorre entre a presença de um estímulo até o início da resposta do
indivíduo (SPREEN; STRAUSS, 1998). É um dos principais indicadores de
alterações neuromotoras em relação ao processamento de informações do
meio externo (SCHMIDT, 2001; MIYAMOTO, 2004).
Para a testagem na pesquisa do Tempo de Reação Simples foi usado o
programa Superlab-Pró for Windows da Cedrus Corporations (versão 2.0)
instalado em um computador portátil.
O teste Tempo de Reação Simples utilizado com o programa citado a
cima mostra na tela do computador um determinado desenho (círculo verde)
que aparece sempre no mesmo local da tela. Este desenho é chamado na
pesquisa de estímulo visual e aparece onze vezes e em intervalos variados que
40
são determinados pelo programa que tem duração total de aproximadamente
um minuto (Figura 3).
Figura 3. Desenho do Teste Tempo de Reação Simples.
Na realização do teste, os sujeitos foram posicionados de frente para o
computador com as mãos próximas à tecla espaço. Neste teste não foi
realizado nenhuma familiarização antes da aplicação. Antes de iniciar a coleta
dos dados a pesquisadora fez para cada indivíduo demonstrações de como
realizar o teste e também lhes foi dado informações verbais como: Ao
aparecer a bola verde na tela você deve rapidamente apertar esta tecla
(espaço). Olha como vou fazer...”
Então era demonstrado primeiro com a mão direita e perguntava-se ao
sujeito se ele entendeu. Sendo afirmativa a resposta o teste era iniciado pelo
sujeito com a mão direita. Após terminar o teste com a mão direita, era
realizado as mesmas orientações dadas anteriormente, mas usando a mão
esquerda.
Os sujeitos deveriam, ao aparecer o estímulo visual na tela do
computador apertar com os dedos, o mais rápido possível, a tecla espaço e
aguardar até que um novo estímulo aparecesse na tela. Ao surgir outro
41
estímulo visual o sujeito deveria responder da mesma forma apertando a tecla
espaço e assim repetindo o ato até o término dos estímulos (Figura 4).
Figura 4. Em destaque circulado a tecla espaço.
Para análise de dados desta pesquisa foi utilizado a média do tempo dos
onze estímulos oferecidos no teste. A mensuração foi feita pela contagem do
intervalo de tempo (em milesegundos) entre o estímulo visual e a resposta
motora. Os dados de tempo, dos onze estímulos foram medidos e gravados no
Microsoft Office Excel 2003, do próprio computador portátil, conforme padrão
utilizado pelo programa instalado.
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven
O teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven tem por objetivo
avaliar o desenvolvimento intelectual de crianças de cinco à onze anos de
idade.
42
Foi padronizado para a população brasileira. As normas de
padronização foram realizadas na cidade de São Paulo e publicadas no manual
no ano de 1988 (BANDEIRA, 2004; PASQUALI,, 2002; RAVEN , 1988).
John C. Raven foi o responsável pelo desenvolvimento do teste na
Universidade de Dunfries, Escócia, onde o teste foi padronizado e publicado no
ano de 1938. Em 1947 o mesmo autor desenvolveu duas outras escalas
derivadas do teste Matrizes Progressivas de Raven. Entre elas o teste Matrizes
Progressivas Coloridas de Raven - escala especial, que foi aplicada nesta
pesquisa por ser normatizada para a população brasileira (PASQUALI, 2002).
O teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven é composto de três
séries: A; Ab e B. Cada uma com 12 itens que são gradativamente mais difíceis
de acordo com as séries na respectiva ordem. Cada item possui uma matriz
colorida com um pedaço faltando e abaixo da matriz estão dispostas algumas
alternativas e entre elas a alternativa correta que a completa (Figura 5).
Figura 5
: um dos itens do teste
Matrizes Progressivas Coloridas de
Raven.
43
O sujeito deve apontar a alternativa que se encaixa na matriz em cada
um dos 12 itens de cada série, que totalizam 36 matrizes, sem tempo pré-
determinado para cada uma das matrizes ou para a completa aplicação do
teste (RAVEN, 1988; RAVEN, 1992).
Por meio do percentil padronizado pelo teste tem-se a interpretação
quantitativa dos resultados que permite classificar os sujeitos conforme os
'escores' obtidos, que são:
I – “intelectualmente superior”;
II – “definitivamente acima da média na capacidade intelectual”;
III- “intelectualmente médio”;
IV- “definitivamente abaixo da média na capacidade intelectual”;
V – “intelectualmente deficiente”.
No presente estudo, as crianças foram agrupadas de acordo com o
desenvolvimento intelectual em adequado ou inadequado. Os sujeitos com
classificações do teste “intelectualmente superior”, “definitivamente acima da
média na capacidade intelectual” e “intelectualmente médio” estão no grupo
denominado adequado e os sujeitos com classificação “definitivamente abaixo
da dia na capacidade intelectual” e “intelectualmente deficiente” foram
agrupados como inadequados.
Pode-se considerar dentro do padrão da normalidade o indivíduo que
possui uma das classificações do grupo denominado, nesta pesquisa, como
adequado. (RAVEN, 1992; SALLES, 2006).
Este teste foi aplicado e interpretado por profissionais autorizados. O
que permitiu a obtenção de um perfil do desenvolvimento intelectual dos
sujeitos da pesquisa.
44
5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Inicialmente foi criado uma identificação numérica para cada sujeito da
pesquisa contendo a identificação dos sujeitos, o tipo de escola, a idade e o
sexo. Os resultados dos testes foram organizados em um banco de dados no
programa Microsoft Office Excel 2003. Posteriormente para análise estatística
foram utilizados os softwares: SPSS V11.5, Minitab 14 e Excel XP.
No teste Finger Tapping aglomerou-se o tempo das três aplicações
produzindo uma média total para análise dos dados. Da mesma forma, no teste
Tempo de Reação Simples foram somados os onze estímulos para o cálculo
da média, do tempo total de realização do teste. Ressaltamos que foram
excluídas as aplicações de familiarização no cálculo das médias.
A análise estatística foi feita com base em testes não-paramétricos
porque nos dados não foram observados homogeneidade de variações e nem
normalidade no conjunto de dados (CONOVER, 1971).
Para analisar o teste Matrizes Progressivas de Raven por sexo e com tipo de
escola, utilizou-se o teste estatístico de Igualdade de Proporções. Assim, para
as comparações de sexo e tipo de escola nos testes Purdue Pegboard, Finger
Tapping e Tempo de Reação Simples foram utilizados o teste estatístico de
Mann-Whitney.O teste estatístico de Wilcoxon foi utilizado para comparar os
resultados baseado em variáveis duas a duas, neste caso, entre o uso da mão
direita e da mão esquerda para os teste Purdue Pegboard (sub-testes 1 e 2),
Finger Tapping e Tempo de Reação Simples. Ao mesmo tempo, o teste de
correlação de Spearman foi utilizado para correlacionar cada um dos testes
citados acima com a idade dos sujeitos (como variável contínua em meses).
45
Novamente ao final foi utilizado o teste estatístico de correlação de
Spearman para verificar correlações entre os testes Purdue Pegboard, Finger
Tapping e Tempo de Reação Simples.
O nível de significância admitido para a pesquisa foi de p < 0,05 em
todos os testes utilizados na pesquisa, com Intervalo de Confiança de 95% (IC
95%).
46
6 RESULTADOS
Esta pesquisa, com o objetivo de buscar evidências de validação de três
testes de habilidade motora manual contou com uma amostra de 134 sujeitos
(N=134), sendo 65 (48,5%) do sexo feminino e 69 (51,5%) do sexo masculino.
Do total de 134 sujeitos, 71 (53,0%) eram da escola pública e 63 (47,0%) eram
da escola particular. Do total da amostra, 59 sujeitos (44,0%) têm idade entre
cinco anos e cinco anos e onze meses, e 75 (56,0%) tem entre seis anos a seis
anos e onze meses.
Vale a pena lembrar que 7 sujeitos com dominância manual à esquerda
identificado pelo Inventário de Lateralidade de Edimburgo foram excluídos da
pesquisa, não constando assim no número total da amostra.
Abaixo serão apresentados os resultados detalhados da análise
estatística.
Nas tabelas 1 e 2 serão apresentados os resultados relacionados ao
teste Matrizes Progressivas de Raven, a fim descrever o desenvolvimento
intelectual dos 134 sujeitos da amostra.
Tabela 1: Descrição do desenvolvimento intelectual segundo o Teste Matrizes
Progressivas Coloridas de Raven, por sexo (N=134).
Raven
Feminino
Masculino
Nº de sujeitos
%
Nº de sujeitos
%
p
-
valor
Inadequado 7 10,8% 5 7,2%
Adequado 58 89,2% 64 92,8%
0,475
Observa-se que não foram encontradas associações estatisticamente
significantes em relação ao teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven e
sexo.
47
Tabela 2: Descrição do desenvolvimento intelectual segundo o Teste Matrizes
Progressivas Coloridas de Raven por tipo de escola (N=134).
Raven
Escola Particular
Escola Pública
Nº de sujeitos
%
Nº de sujeitos
%
p
-
valor
Inadequado 1 1,6% 11 15,5%
Adequado 62 98,4% 60 84,5%
0,475
Podemos verificar na tabela 2, que existe diferença estatística
significante em relação ao tipo de escola (valor de p=0,005): 1,6% das crianças
da escola particular apresentaram desenvolvimento inadequado versus 15,5%
das crianças da escola pública.
Após a mostra dos resultados específicos das análises feitas com o teste
Matrizes Progressivas de Raven, serão apresentados os resultados das
análises realizadas com os testes Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo
de Reação Simples.
Tabela 3: Descrição do desempenho nos testes Purdue Pegboard, Finger
Tapping e Tempo de Reação Simples, segundo mão direita e esquerda (N=134).
Pegboard Sub-teste 1 (Direita) Sub-teste 2 (Esquerda)
Média 9,64 8,75
IC 95% 1,05 1,06
p-valor <0,001
Finger Tapping Direita Esquerda
Média 53,29 8,75
IC 95% 2,37 1,85
p-valor <0,001
Tempo de Reação Simples Direita Esquerda
Média 955 911
IC 95%
87
80
p-valor 0,380
O desempenho manual médio das crianças foi muito superior com a mão
direita em relação à esquerda, nos testes Purdue Pegboard e Finger Tapping,
48
já no Teste Tempo de Reação Simples esta diferença não foi encontrada
(tabela 3).
Tabela 4: Descrição da correlação da idade com os testes Purdue Pegboard,
Finger Tapping e Tempo de Reação Simples (N=134).
Testes Correlações p-valor
Sub-teste 1 52,6% <0,001
Sub-teste 2 49,1% <0,001
Sub-teste 3 42,2% <0,001
Pegboard
Sub-teste4 63,7% <0,001
Direita 48,5% <0,001
Finger Tapping
Esquerda 43,4% <0,001
Direita 35,8% <0,001
Tempo de Reação Simples
Esquerda 27,0% 0,002
Todas as correlações da idade com os testes são estatisticamente
significantes, com p< 0,05 como pode ser observado na tabela 4.
Ainda na tabela 4, verificamos que os resultados da análise da
correlação da idade com os testes Purdue Pegboard e Finger Tapping foram
positivos, e a correlação observada entre a idade e o teste Tempo de Reação
Simples foi negativa.
Tabela 5: Descrição da habilidade motora manual, segundo os quatro sub-
testes do Purdue Pegboard, por sexo (N=134).
Pegboard Sub-teste 1 Sub-teste 2 Sub-teste 3 Sub-teste 4
Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc.
Média 10,35 8,97 9,49 8,06 8,09 6,04 14,15 11,45
IC 95% 2,09 0,48 2,12 0,44 2,14 0,32 2,10 0,73
p-valor 0,230 0,197 <0,001 0,003
49
Os sujeitos do sexo feminino obtiveram melhor desempenho que os do
sexo masculino apenas nos sub-testes 3 e 4 do teste Purdue Pegboard
(p<0,001 e p=0,003, respectivamente) (tabela 5).
Tabela 6: Descrição da habilidade motora manual segundo o teste Finger
Tapping, por sexo (N=134).
Finger Tapping
Mão Direita
Mão Esquerda
Feminino Masculino Feminino Masculino
Média 51,97 54,54 42,54 45,07
IC 95% 2,94 3,66 2,29 2,85
p-valor 0,065 0,18
Na tabela 6 verificou-se que não existem diferenças estatisticamente
significantes entre os sexos, tanto com a mão direita quanto com a mão
esquerda.
Tabela 7: Descrição da habilidade motora manual segundo o teste Tempo de
Reação Simples, por sexo (N=134).
Tempo de Reação
Simples
Mão Direita
Mão Esquerda
Feminino Masculino Feminino Masculino
Média em ms* 1.012 902 970 856
IC 95% 133 114 138 84
p-valor 0,189 0,639
* milesegundos
Não foram identificadas diferenças estatisticamente significantes por
sexo no teste Tempo de Reação Simples (tabela 7).
50
Tabela 8 : Descrição do Purdue Pegboard, por tipo de escola (N=134).
Pegboard
Sub
-
teste 1
Sub
-
teste 2
Sub
-
teste 3
Sub
-
teste 4
Pública
Particular
Pública
Particular
Pública
Particular
Pública
Particular
Média 9,20 10,14 8,34 9,22 6,69 7,43 12,30 13,29
IC 95% 0,49 2,16 0,45 2,19 0,38 2,23 0,70 2,22
p-valor 0,768 0,461 0,265 0,602
Em relação ao Teste Purdue Pegboard verificou-se que não existem
diferenças estatisticamente significantes no desempenho dos sujeitos da
escola pública e da particular em nenhum dos quatro sub-testes (tabela 8).
Tabela 9: Descrição do teste Finger Tapping, por tipo de escola (N=134).
Finger Tapping
Mão Direita
Mão Esquerda
Pública Particular Pública Particular
Média 53,75 52,77 43,83 43,86
IC 95% 2,99 3,76 2,52 2,73
p-valor 0,843 0,927
O desempenho dos sujeitos também foi semelhante no teste Finger
Tapping, nas duas escolas (tabela 9).
Tabela 10: Descrição do teste Tempo de Reação Simples, por tipo de escola
(N=134).
Tempo de Reação Simples
Mão Direita
Mão Esquerda
Particular Pública Particular Pública
Média em ms* 960 952 944 882
IC 95% 135 114 137 90
p-valor 0,952 0,774
* milesegundos
Assim como verificado acima, a tabela 10 revela que não houve
diferença estatisticamente significante no teste Tempo de Reação Simples
51
entre os sujeitos da escola pública e da escola particular, tanto com a mão
direita quanto com a esquerda.
Finalmente, nesta última parte dos resultados, serão apresentadas as
análises de correlação entre os três testes de habilidade motora manual (tabela
11).
Tabela 11: Descrição da correlação entre os testes: Purdue Pegboard, Finger
Tapping e Tempo de Reação Simples (N=134).
Correlação entre os
Testes
Sub-
teste 1
Sub-
teste 2
Sub-
teste 3
Sub-
teste 4
Finger
Tapping
Mão
Direita
Finger
Tapping
Mão
Esquerda
Tempo
de
Reação
Mão
Direita
Correlação
60,6%
Sub-teste 2
p-valor <0,001
Correlação
56,2% 61,9%
Sub-teste 3
p-valor <0,001
<0,001
Correlação
61,6% 63,9% 50,3%
Sub-teste 4
p-valor <0,001
<0,001 <0,001
Correlação
49,2% 42,7% 32,6% 44,8%
Finger
Tapping
Mão Direita
p-valor <0,001
<0,001 <0,001 <0,001
Correlação
49,7% 53,6% 28,6% 46,0% 81,4%
Finger
Tapping
Mão
Esquerda
p-valor <0,001
<0,001 0,001 <0,001 <0,001
Correlação
-29,3%
-32,0% -21,5% -26,3% -33,9% -33,6%
Tempo de
Reação
Direita
p-valor 0,001 <0,001 0,013 0,002 <0,001 <0,001
Correlação
-20,0%
-31,2% -12,0% -23,2% -25,8% -26,5% 61,2%
Tempo de
Reação
Esquerda
p-valor 0,021 <0,001 0,167 0,007 0,003 0,002 <0,001
52
Podemos observar que existe evidente correlação entre todos os testes,
exceto entre o sub-teste 3 do Purdue Pegboard e o Tempo de Reação Simples
com a mão esquerda.
53
7 DISCUSSÂO
Os testes Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação
Simples utilizados nesta pesquisa são comumente empregados em trabalhos
científicos com os mais diversos objetivos. Contudo ainda não estão validados
em amostras brasileiras (BRITO, 1998; 2002; SZAFLARSKI, 2006; MIALL,
2006).
A porcentagem de sujeitos canhotos identificada nesta pesquisa foi de
5,3% (7 sujeitos), semelhante a de amostras de outras pesquisa que utilizaram
o Inventário de Lateralidade de Edimburgo.
O estudo de Brito e Onis (2004) realizado na cidade do Rio de Janeiro
em crianças com média de idade de 9,4 anos apontou uma freqüência de 8,7%
canhotos entre os 344 sujeitos analisados; assim como uma pesquisa realizada
na cidade de Curitiba, na qual foi verificado que 4,5% dos 102 participantes
eram canhotos (TONI, 2005). Considerando que a maioria dos indivíduos com
desenvolvimento normal possui uma preferência pelo uso de uma das mãos,
em que uma delas é mais hábil e é usada como dominante em todas as tarefas
podemos dizer que, o número de indivíduos com preferência manual à
esquerda encontrado neste estudo foi proporcional aos achados nos diversos
trabalhos da comunidade científica nacional e internacional (LEASK, 2001;
AGTMAEL, 2001; SHTYROV, 2005).
No presente estudo, verificou-se que o desenvolvimento intelectual é
praticamente igual entre meninos e meninas da amostra, segundo o teste
Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. Resultados semelhantes foram
identificados em estudo nacional realizado por Bandeira (2004), no qual não
54
foram encontradas diferenças no desempenho de crianças do sexo feminino e
masculino, utilizando o mesmo teste de inteligência.
No presente estudo foi encontrado uma diferença estatisticamente
significante entre desenvolvimento intelectual e o tipo de escola que a criança
freqüenta, pública ou privada. Na pesquisa citada acima, realizada por
Bandeira (2004) também foi observada uma diferença significante nesta
relação. O autor, em sua pesquisa comparou os resultados obtidos em escolas
da rede municipal, estadual e particular da cidade de Porto Alegre com os
resultados de estudantes das mesmas redes de ensino da cidade de São
Paulo. Observou-se que em ambas as cidades, os estudantes das escolas
particulares tiveram melhores resultados que os da rede pública de ensino.
Sabe-se que os testes de inteligência são muito influenciados por fatores
externos e que estes fatores podem variar conforme os aspectos ambientais e
sociais do indivíduo, como falta de orientação pedagógica e familiar, baixa
condição sócio-econômica, brinquedos inadequados para a faixa etária,
ausência do pai, assim como o local de permanência durante os primeiros anos
de vida (BARROS, 2003; FLORES-MENDONZA, 2007; SALLES, 2006).
Em relação à avaliação de preferência manual das crianças desta
amostra verificarmos que houve diferença no uso da mão dominante direita e
da mão não-dominante esquerda na funcionalidade ligada aos testes de
habilidade motora. Considerando que todos os sujeitos da amostra são destros,
era esperado um resultado de melhor desempenho com a mão direita nos
três testes, Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples.
Entretanto, isto foi verdadeiro apenas para os testes Purdue Pegboard e o
55
Finger Tapping, enquanto que no teste Tempo de Reação Simples a correlação
entre o uso da mão direita ou da esquerda não foi estatisticamente significante.
À mão dominante tem a função de iniciar todas as tarefas e executar a
ação principal, enquanto à mão não-dominante tem a função de auxiliar. Porém
em muitas tarefas verifica-se que as ações são quase iguais nas duas mãos
(BRANDÃO, 1984). Os resultados obtidos na pesquisa realizada por Teixeira e
Paroli (2000) indicaram um desempenho simétrico na comparação entre o uso
das duas mãos especificamente em conjunto, com o uso da função visual para
o controle das funções motoras em testes de Tempo de Reação Simples.
Tendo como base a afirmação de Brandão (1984) e os achados de Teixeira
(2000) podemos concluir que, o teste Tempo de Reação Simples se encaixa no
contexto de que as ações das mãos direita e esquerda funcionaram iguais para
execução do teste. Assim os resultados desta pesquisa relacionados ao teste
Tempo de Reação Simples não são totalmente contrastantes com a literatura.
Uma clara correlação entre maior idade e melhor desempenho nos
testes Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples foi
observada entre os participantes desta pesquisa. Para os testes Purdue
Pegboard e Finger Tapping a correlação foi positiva, o que significa que quanto
maior a idade do sujeito, maior o número de pinos que ele foi capaz de
encaixar no Purdue Pegboard e maior número de vezes foi acionado a tecla
nos tempos determinados pelo Finger Tapping.
no teste de Tempo de Reação Simples observou-se uma correlação
negativa com a idade das crianças. Este teste é mensurado pelo tempo de
resposta do indivíduo, o que significa que quanto menor o tempo de resposta
melhor o desempenho no teste. Estes resultados revelam assim como em
56
outros estudos, que os sujeitos mais velhos apresentaram crescimento
progressivo e melhor desempenho nos testes que os mais novos, mesmo
sendo pouca a diferença de idade entre os sujeitos da pesquisa (BRITO, 2002;
ESTEVES, 2005).
A idade dos sujeitos, ou seja, o crescimento do indivíduo segue uma
seqüência crescente e concomitante ao amadurecimento das funções corticais.
Estas são necessárias para que a função motora fina se aperfeiçoe. Elementos
como coordenação visual, alcance dos objetos, apreensão manual, destreza,
manipulação, soltar e, assim como a interação da coordenação olho-mão
fazem parte de componentes da coordenação motora fina e todos estes
elementos são necessários para a realização dos testes de habilidade motora
manual aplicada no estudo (SIMON, 1998). Provavelmente por essa razão, em
média, as crianças mais velhas apresentaram melhor desempenho. Nos três
testes: Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de reação Simples
podemos apontar que existe um indício positivo para a validação dos testes,
haja visto que eles captam as diferenças entre as idades acompanhando a
evolução do sujeito.
Comparando a habilidade motora dos meninos e meninas desta amostra
constatou-se de forma geral um desempenho semelhante nos testes Finger
Tapping e Tempo de Reação Simples. Contudo, no teste Purdue Pegboard, as
meninas obtiveram melhores 'escores', nos sub-testes 3 e 4.
Se por um lado, parece que as pessoas do sexo feminino tendem a ter
melhor desempenho em certas habilidades motoras, por outro é surpreendente
que esta diferença se apenas em dois dos quatro sub-testes de apenas um
dos três testes utilizados nesta pesquisa.
57
Brito e Santos-Morales (2002) realizaram estudo abrangente com 344
crianças de escola pública do Rio de Janeiro. Destas, 173 eram do sexo
masculino e 171 do sexo feminino e tinham idade média de 9 anos e 4 meses.
Em sua pesquisa utilizaram o teste Purdue Pegboard Modificado
2
e
observaram que as meninas obtiveram melhor desempenho no teste Purdue
Pegboard modificado quando comparado com os meninos em todos os sub-
testes. no manual do Purdue Pegboard que contém os resultados da
normatização do teste para crianças americanas, a diferença entre a pontuação
dos quatro sub-testes varia entre meninos e meninas, mas não existe uma
determinação de melhor desempenho em um dos sexos. Além disso,
pesquisas que descrevem o desempenho no teste Purdue Pegboard segundo
gêneros geralmente não revelam especificamente diferença, apenas nos sub-
testes 3 e 4, como os resultados do presente estudo.
Chipman (2002), buscando evidências científicas da diferença dos
indivíduos do sexo masculino com os sexo feminino em relação às praxias,
analisaram uma amostra de 60 adultos destros, 30 homens e 30 mulheres, com
idades entre 18 e 22 anos. Entre os testes do estudo aplicaram o Purdue
Pegboard que foram realizados com a oclusão da visão e sem a oclusão da
visão. O teste Purdue Pegboard foi escolhido pelos autores, mesmo não sendo
um teste específico para praxia, por ser um teste de habilidade motora que
envolve durante sua execução a função dos dois hemisférios cerebrais.
Especificamente em relação ao desempenho entre os gêneros no Purdue
Pegboard, as mulheres foram melhores que os homens, com e sem a oclusão
da visão, com valor de p<0,001 em todos os sub-testes.
2
Purdue Pegboard modificado: diferente do teste original, foram utilizados 10 pinos em cada um dos
quatro sub-teste.
58
Também com a população adulta, Schmidt, (2000) pesquisaram as
diferenças de gêneros em teste de habilidade motora manual utilizando o
Purdue Pegboard. O teste foi aplicado em homens e mulheres comparando o
desempenho de ambos os sexos por meio de três repetições do teste para
cada uma das mãos, em dois protocolos diferentes. Como resultado do
experimento observou-se que as mulheres obtiveram melhor rendimento
relacionado à velocidade do teste, ou seja, foram capazes de encaixar um
maior número de pinos no tempo determinado.
Podemos perceber que os estudos sobre as diferenças de gênero
mostram que certas habilidades são melhores desempenhadas por
determinado sexo, como por exemplo as mulheres serem melhores nas tarefas
que requerem memória para localização de objetos e apresentaram melhor
desempenho na execução de atividades de testes de coordenação motora
grossa e fina, enquanto os homens tendem a ser mais habilidosos para tarefas
de habilidade espacial e raciocínio matemático, assim como melhor
desempenho nas atividades de equilíbrio (BESSA, 2002; KIMURA,1999).
Como dito anteriormente, nesta pesquisa foram encontradas diferenças
entre os gêneros apenas nos sub-testes 3 e 4. Este fato pode estar relacionado
com a necessidade de maior destreza manual para realização destes sub-
testes, que há evidências científicas que as mulheres possuem melhor
desempenho que o sexo masculino em atividades que exijam maior destreza
manual (BESSA, 2002; KIMURA,1999; BOBBIO, 2006). Ou mesmo poderia ser
um resultado considerado estatisticamente ao acaso.
Ao correlacionarmos os resultados dos três testes de habilidade motora
manual com tipo de escola verificamos que em nenhum deles houve correlação
59
estatisticamente significativa. Este dado contrasta com a maioria das pesquisas
na área que costumam identificar associação entre melhor desempenho de
crianças que freqüentam a rede privada de ensino que geralmente apresentam
maior nível sócio-econômico quando comparadas com crianças da rede
pública.
Para Bessa (2002), em um estudo realizado com crianças entre quatro e
seis anos de idade na cidade do Rio de Janeiro, ambas de escolas públicas,
porém em níveis sócio-econômicos distintos verificou-se por meio de testes de
habilidade motora (Protocolo de Lefèvre
3
), que existem diferenças entre os
sujeitos de acordo com o nível sócio-econômico. Na escola de melhor nível
sócio-econômico foram constatados que 68,8% das crianças avaliadas
acertaram os testes de equilíbrio estático, 45% de equilíbrio dinâmico e 52,7%
de coordenação motora. Na escola de menor nível sócio-econômico apenas
38,8% acertaram os testes de equilíbrio estático, 12,7% de equilíbrio dinâmico
e 6,6%, de coordenação motora.
Em uma pesquisa com crianças de cinco anos de idade de duas creches
da rede pública e com crianças, de igual idade, de uma escola particular,
ambas na cidade de Recife. Foram avaliados 100 sujeitos na pesquisa com
aplicação do teste de QI (quociente de inteligência), provas de habilidades
motoras e questionário respondido por pais ou responsáveis dos sujeitos.
Como resultado da pesquisa foi observado que as crianças da creche pública
de ensino tiveram índice significativo de atraso em habilidades motoras finas.
Krombholz (1989), assim como Barros (2003), afirmam que as condições
sócio-econômicas e familiares influenciam nos aspectos do desenvolvimento
3
Exame Neurológico Evolutivo (ENE) desenvolvido pelo médico neurologista infantil Antonio F.
Branco Lefèvre em 1972.
60
da criança em processo de escolarização. Buscando estudar estes aspectos,
assim como estes dois autores, Bobbio (2006) que realizaram uma pesquisa
com crianças entre seis e sete anos de idade, estudantes da antiga primeira
série do ensino fundamental, de uma escola pública e de uma escola particular
com níveis sócio-econômico distintos. Ao todo, 126 crianças do sexo masculino
e 122 do sexo feminino foram avaliadas, nos aspectos de habilidade motora
com o Protocolo de Lefrèvre. Em sua pesquisa concluiu que não houve
diferença estatisticamente significante em relação aos distintos níveis sócio-
econômicos das escolas, assim como no presente estudo.
Uma das possíveis explicações para a igualdade de desempenho de
crianças de escolas públicas e privadas de nossa amostra pode ser devido a
semelhança cultural entre os indivíduos da amostra, que todos pertencem ao
mesmo bairro. Além disso podemos relacionar que o ritmo de desenvolvimento
pode variar conforme a qualidade de estímulos recebidos do meio social
(BOBBIO, 2006; LORDELO, 2000; ROCHA, 2002) o que nos leva a concluir
que poderia haver uma semelhança das atividades motoras exploradas em
ambas as escolas.
Ao verificarmos a análise de correlação entre os testes Purdue
Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples observamos
importante significância estatística em praticamente todas as testagens. Tendo
em vista que o principal objetivo deste estudo é buscar evidências de
validação, mais precisamente de validade de construção, podemos afirmar que
os testes investigados cumprem satisfatoriamente esta função. Assim, os
testes Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples
realmente mensuram o que se propõe a medir, ou seja, tem fortes evidencias
61
de avaliar a habilidade motora manual de crianças de cinco e seis anos de
idade.
A única correlação estatística não identificada foi entre o sub-teste 3 do
Purdue Pegboard e o teste Tempo de Reação Simples feito com a mão
esquerda. Entre tantas correlações positivas dos testes e a análise dos dados
podemos supor que esta correlação se deu ao acaso.
Os resultados deste estudo colaboram para a padronização e
normatização para a população brasileira de testes de habilidade motora
(MENEZES, 2000). Nossos dados, principalmente quando confirmados por
outras pesquisas com amostras representativas da população brasileira
poderão beneficiar indivíduos. Sejam os que necessitam de um diagnóstico
para possíveis tratamentos ou mesmo para prevenções de atrasos da função
motora manual, que podem acarretar déficits no desempenho ocupacional.
Além disso, estes resultados podem auxiliar profissionais que confirmariam os
resultados clínicos deixando de ser empíricos para ser cientificamente
comprovados e sem dúvida beneficiaria também as pesquisas em torno da
funcionalidade motora manual como a destreza e coordenação motora fina.
No decorrer desta pesquisa algumas limitações devem ser apontadas,
como o fato dos sujeitos canhotos terem sido excluídos desta amostra. Serão
necessários outros estudos focados numa população com dominância manual
à esquerda para verificar se estes resultados são aplicáveis
independentemente da dominância manual. Há também o fato da amostra
desta pesquisa não ser representativa da população da zona leste de São
Paulo e incluir perdas de alguns sujeitos elegíveis, o que limita o poder de
generalização dos resultados.
62
8 CONCLUSÕES
1. A correlação entre os testes Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo
de Reação Simples foi significante o que auxilia o processo de validade de
construção.
2. Quanto maior a idade dos sujeitos, melhor o desempenho nos testes
Purdue Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples, o que
também é um sinal de que os testes avaliam corretamente os sujeitos.
3. Por um lado, o desempenho dos testes de habilidade motora manual
independe do tipo de escola que o sujeito freqüenta. Por outro lado, os
sujeitos da escola particular tiveram melhor resultado no teste de
inteligência ao serem comparados com os sujeitos da escola pública.
4. Entre todos os testes de habilidade motora manual, apenas nos sub-
testes 3 e 4 do Purdue Pegboard foi observado melhor desempenho na
comparação entre os sexos, onde as meninas foram melhores que os
meninos. Além disso, o houve diferença estatisticamente significante
entre sexo e o desempenho no teste Matrizes Progressivas de Raven.
63
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tetraplegics. Spinal Cord, v.40, p.51- 64, 200
ANEXOS
ANEXO A
CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DE PESQUISA
O presente trabalho se propõe a estudar sobre a habilidade manual em
crianças de escolas pública e particular com idade de cinco e seis anos.
Os dados para o estudo serão coletados através da aplicação de testes
de destreza manual, coordenação motora fina e teste de desenvolvimento
intelectual.
Os instrumentos de avaliação serão aplicados e/ou supervisionados pela
pesquisadora responsável na escola e durante o período de aula.
Este material será posteriormente analisado e se garantido sigilo
absoluto, sendo resguardado o nome dos participantes e a identificação de
seus dados pessoais.
A divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica esperando contribuir
para um maior conhecimento do tema estudado.
Aos participantes cabe o direito de retirar-se do estudo em qualquer
momento, sem prejuízo algum.
Os dados coletados serão utilizados na dissertação de Mestrado da
Terapeuta Ocupacional: Aline Rodrigues Sorcinelli, aluna do Programa de
Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
________________________ ___________________________
Aline Rodrigues Sorcinelli Cristiane Silvestre de Paula
Pesquisadora Orientadora
Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Telefone para contato: (11) 2114-8765
e-mail: disturbios.pos@mackenzie.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a)
senhor(a)________________________________________________________
_________________, pais ou responsáveis do (a)
menor__________________________________________________________
_____, sujeito de pesquisa, após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO
SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos serviços e procedimentos aos quais se
submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado,
firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância em
participar da pesquisa proposta. Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu
representante legal podem, a qualquer momento, retirar seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo
alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação
confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
_______________________________________
Assinatura do sujeito ou seu representante legal
ANEXO B
Escola Municipal de ensino infantil
CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Esta pesquisa tem como intuito avaliar crianças de cinco e seis anos de
idade para fins de dissertação de mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento.
Estaremos buscando evidencias de normatização de testes de
habilidade motora manual e comparando o desempenho em crianças com
cinco e seis anos de idade, de escola pública e de escola particular assim
como a comparação do desempenho entre meninos e meninas.
Para tal solicitamos a autorização desta instituição para a participação
de alunos, e para a aplicação de instrumentos de coleta de dados. O material e
o contato interpessoal não oferecerão riscos de qualquer ordem aos alunos e à
instituição. Os indivíduos não serão obrigados a participar da pesquisa,
podendo desistir a qualquer momento. Tudo o que for falado será confidencial
e usado sem a identificação do colaborador. Quaisquer dúvidas que existirem
agora ou depois poderão ser livremente esclarecidas, bastando entrar em
contato conosco no telefone abaixo mencionado.
De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia ficará
com a instituição e outra com a pesquisadora. Obrigado.
________________________ ___________________________
Aline Rodrigues Sorcinelli Cristiane Silvestre de Paula
Pesquisador Orientadora
Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Telefone para contato: (11) 2114-8765
e-mail: disturbios.pos@mackenzie.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, representante da instituição,
após a leitura da Carta de Informação à Instituição, ciente dos procedimentos
propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado,
firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância
quanto à realização da pesquisa. Fica claro que a instituição, através de seu
representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e
fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial,
guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
________________________________________
Assinatura do representante da instituição
Escola Particular de ensino infantil
CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Esta pesquisa tem como intuito avaliar crianças de cinco e seis anos de
idade para fins de dissertação de mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento.
Estaremos buscando evidencias de normatização de testes de
habilidade motora manual e comparando o desempenho em crianças com
cinco e seis anos de idade, de escola pública e de escola particular assim
como a comparação do desempenho entre meninos e meninas.
Para tal solicitamos a autorização desta instituição para a participação
de alunos, e para a aplicação de instrumentos de coleta de dados. O material e
o contato interpessoal não oferecerão riscos de qualquer ordem aos alunos e à
instituição. Os indivíduos não serão obrigados a participar da pesquisa,
podendo desistir a qualquer momento. Tudo o que for falado será confidencial
e usado sem a identificação do colaborador. Quaisquer dúvidas que existirem
agora ou depois poderão ser livremente esclarecidas, bastando entrar em
contato conosco no telefone abaixo mencionado.
De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia ficará
com a instituição e outra com a pesquisadora. Obrigado.
___________________________ ____________________________
Aline Rodrigues Sorcinelli Cristiane Silvestre de Paula
Pesquisador Orientadora
Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Telefone para contato: (11) 2114-8765
e-mail: disturbios.pos@mackenzie.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, representante da instituição,
após a leitura da Carta de Informação à Instituição, ciente dos procedimentos
propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado,
firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância
quanto à realização da pesquisa. Fica claro que a instituição, através de seu
representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e
fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial,
guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
________________________________________
Assinatura do representante da instituição
ANEXO C
INVENTÁRIO DE LATERALIDADE DE EDIMBURGO
Data atual:
Sujeito:
Data de nascimento:
Sexo:
Escola:
Inventário de Edimburgo:
Tarefas: Esquerda Direita
1 Escrever
2 Desenhar
3 Arremessar
4 Uso de tesouras
5 Escovar os dentes
6 Uso de faca (sem garfo)
7 Uso de colher
8 Uso de vassoura (mão superior)
9.Acender um fósforo (mão do fósforo)
10 Abrir uma caixa (mão da tampa)
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
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Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
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Baixar livros de Educação - Trânsito
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Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
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Baixar livros de Medicina Veterinária
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Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
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