Joaquim Lima
, entre outros, começam a “manipular” os principais segmentos e a política da
cidade.
Leonardo Mota, filho de Pedra Branca (...) após deixar o seminário
(...) funda um pequeno mas movimentado colégio na cidade do Ipu, e cujo
nome de batismo foi José de Alencar. Ensinando francês, o jovem Leonardo
Mota de logo conquistou as simpatias de uma geração de ilustres ipuenses,
ávidos de saber e presos às delícias do mundo literário.
Dia vai, dia vem, formou-se definitivamente um grupo de jovens.
Fizeram assinaturas de boas revistas e de bons jornais, impressos no Rio,
que vinham ter no ipu três e quatro meses depois de editados. (...) desse
grupo faziam parte, entre outros, Abílio Martins, e Euzébio de Souza
.
Este grupo a que se refere “seu” Mozinho, onde de certa forma já fizemos alusão
percebe determinados costumes na cidade que os mesmos consideram impróprios para a nova
ordem estabelecida.
Que a cidade estava em transformação era público e notório, mas o que não se pode
deixar de perceber, era que ainda tínhamos uma economia quase que exclusivamente agrária e
a maior parte da população, ou seja, cerca de ¾ dela, se situavam na zona rural da cidade e,
aqueles que trabalhavam atividades comerciais, na sua grande maioria, eram os que se
agrupavam em agremiações, se unindo a juristas ou altos funcionários públicos da época que
acreditavam serem os responsáveis pelo comando político, social e econômico de toda a
cidade.
Esta cidade, com uma zona urbana constituída em torno de cinco mil pessoas,
estas,por sinal,mal distribuídas em quatro bairros segundo os escritores da época, já vai contar
Joaquim de Oliveira Lima, era irmão do pároco da cidade, Monsenhor Gonçalo de Oliveira Lima, sendo
importante comerciante do ramo de ferragens, que assume a presidência das principais agremiações criadas,
como O Grêmio Recreativo Sociedade Dançante, o Gabinete de Leitura Ipuense (1918), a Associação
Commercial de Ipu (1922), mais tarde (1926) O Jardim Iracema, O Banco Rural de Ipu (1929), entre outras e a
partir de 1930, passa a ser o Interventor municipal da cidade, com o golpe de Estado de Getúlio Vargas, indicado
por Menezes Pimentel, deixando o cargo em 1934, acusado de desvios de verbas do Campo de Concentração de
Ipu, criado para aglomerar em um único local, retirantes da seca de 1932, chegando este campo a deter cerca de
20 000 pessoas, segundo alguns escritores, muito embora este número não seja preciso e que não raro, eram
utilizadas nos serviços públicos da cidade, construindo a cadeia pública, calçamentos, barragens, entre outras
coisas. Sobre esta questão, VER: ARAÚJO, Raimundo Alves de. O campo de concentração de Ipu, 1932.
Monografia de graduação pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, UEVA, Sobral, 2003. Mimeo.
SILVA, João Mozart da. Ipu do meu xodó: Memórias. Fortaleza: Nacional, 2005. p. 29. João Mozart, nasceu
em 29/08/1901 e faleceu em 27 de agosto de 1990. Em 1926, seu “Mouzinho” inaugurou a primeira tipografia da
cidade de Ipu, chamada “Tipografia Ipu”, onde eram confeccionados os trabalhos e jornais para a cidade. Fez
parte dos ciclos da “elite”, conhecendo pessoalmente todos os citados aqui. Depois de sua morte, em 1990, seus
filhos, hoje proprietários da Editora Nacional em Fortaleza, remexendo em seus arquivos, encontraram várias
anotações feitas à mão pelo pai, onde no final, pedia que seus filhos publicassem após a sua morte, o que
aconteceu. Segundo Luciano de Paiva, prefaciador do livro, nenhuma alteração fora feita nos escritos, sendo
respeitado a originalidade de Mouzinho, onde o mesmo deixava claro, a necessidade desta observância, pois o
livro era de memórias, e como tal deveria ser respeitado.