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Campus de Ilha Solteira
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Investigação da Reação Álcali-Agregado (RAA) em Testemunhos de
Concreto e Agregados Constituintes
CAMILO MIZUMOTO
Orientador: Prof. Dr. Antônio Anderson da Silva Segantini
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia - UNESP – Campus de Ilha Solteira,
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.
Área de Conhecimento: Estruturas
Ilha Solteira – SP
Junho/2009
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Este trabalho é dedicado a minha família e
a minha companheira Liane
AGRADECIMENTOS
Agradeço a meus pais Célia Aparecida Sanches Mizumoto e Mamoro Mizumoto e
meus irmãos Igor Mizumoto e Joicy Mizumoto por sempre me incentivarem nos
momentos da minha vida.
Aos meus orientadores, Prof. Dr. Antônio Anderson da Silva Segantini e Eng. Flávio
Moreira Salles pela paciência, auxílio, dedicação, interesse e amizade adquirida ao
longo do desenvolvimento deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Selmo Chapira Kuperman pelas sugestões nos diversos passos desta
pesquisa, bem como a dedicação, interesse e auxílio científico nas pesquisas
desenvolvidas no método da mancha.
Ao Prof. Dr. José Renato J. Delben, Prof. Dr. Fábio S De Vicente e Prof
a
. Drª Ângela
A. S. Tardivo Delben, pelo aprendizado, parceria científica e desenvolvimento
conjunto nas visualizações microestruturais da reação álcali-agregado desenvolvidas
no Laboratório de Física da UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
campus Campo Grande-MS.
Agradeço ao grupo de polímeros do Laboratório de Física e Química da UNESP de
Ilha Solteira-SP, em especial ao Prof. Dr. Marcelo Ornaghi Orlandi pelo aprendizado,
paciência e dedicação nas análises de difração de raios-X e as alunas de mestrado
Juliana Lucindo e Elen Poliani pelo auxilio na preparação e desenvolvimento dos
ensaios.
À ABCP, representada pelo Prof. Dr. Yoshiro Kihara, Eng. Msc. Flávio Munhoz,
Geól. Marcelo Pecchio e Geól. Ana Lívia Zeitune de Paula Silveira, pela parceria
científica, auxílio técnico e desenvolvimento conjuntos em ensaios desenvolvidos
nesta pesquisa.
Aos técnicos do LCEC - Laboratório CESP de Engenharia Civil, em especial atenção
a Joaquim Aparecido de Lima, Euclides Alves Marcelino e Gilmar Dias dos Santos
do setor de agregados; Ademir de Jesus (Branco), Jorge Gomes da Costa e Sergio
Roberto Souza Firmino do setor de ensaios físicos; José Antônio Michelan,
Francisco Eduardo Mendes e Carlos Roberto Santos Feitosa no setor de dosagem;
Anderson Rodrigues e Valdemir Izidoro Pascoalim no setor de ensaios estruturais,
cuja dedicação destes possibilitou a realização dos ensaios desenvolvidos neste
trabalho de mestrado.
Ao Eng. Wanderley Ognebene, Eng. Aloísio Celeri e Eng. Claudomiro Rocha pelos
bons momentos de trabalho no ambiente do LCEC.
A oportunidade de trabalhar com profissionais da CESP que dedicaram parte de seu
tempo para compartilhar a experiência e convivência, auxiliando na minha formação
interpessoal e ciclo de amizade.
Agradeço ao programa P&D da ANEEL e CESP pelo auxílio financeiro e a
oportunidade de participação no desenvolvimento desta pesquisa, beneficiando
diversas produções técnicas e cientificas.
Á Quím. Elisana Sales nos passos iniciais do kit colorimétrico e a Quím. Denise de
Souza Pereira na continuidade da pesquisa, trabalho conjunto e dedicação exclusiva
no desenvolvimento dos reagentes.
Agradeço ao técnico Luiz Delfino Vieira Bertolucci e Sumie Okajima Watanabe do
setor de ensaios químicos do LCEC, cuja participação, dedicação e trabalho foram
essenciais no desenvolvimento dos procedimentos e metodologias do método da
mancha e nas análises químicas realizadas neste trabalho.
A Prof
a
. Dr. Mônica Pinto Barboza, Prof. Dr. Geraldo Freitas Maciel e Prof. Dr.
Haroldo de Mayo Bernardes pela amizade e participação no decorrer da minha
carreira acadêmica.
Agradeço a Sr.ª Neusa dos Santos que possibilitou momentos alegres em ambiente
de pesquisa do LCEC.
Agradeço a todos meus colegas de pós-graduação que beneficiaram momentos
felizes e gratificantes.
Á banca avaliadora de mestrado pela presença e contribuição técnico-científica,
possibilitando um crescimento pessoal frente à avaliação e sugestões a serem
incrementadas neste trabalho.
“(...todas as coisas começam NELE, e NELE encontram seu propósito.)
Deus não joga dados.”
Albert Einstein
R
ESUMO
A reação álcali-agregado (RAA) é um fenômeno expansivo que ocorre em diversas
estruturas de concreto que vivenciam freqüentes condições de umidade. O princípio
desta reação fundamenta-se em interações químicas entre a sílica constituinte do
agregado e os álcalis presentes no concreto, em presença de umidade. O produto
formado é um “gel” expansivo que ocasiona processos de fissuração e
deslocamentos diferenciais em estruturas de concreto. Atualmente, vários centros de
pesquisa têm estudado diversas formas de diagnosticar a presença da reação em
estruturas degradadas e avaliar previamente o potencial reativo dos agregados
empregados nas obras civis. Os métodos comumente empregados na avaliação da
RAA envolvem ensaios laboratoriais normalizados pela NBR 15577 (ABNT, 2008) e
técnicas qualitativas de campo. Dentre estas técnicas destaca-se o teste da mancha,
que identifica a presença da reação de forma imediata pela formação de tonalidades
características em regiões afetadas do concreto. Neste contexto, a presente
pesquisa objetivou investigar a RAA em testemunhos de concreto e em diferentes
litologias de agregado por análises laboratoriais e técnicas qualitativas. No trabalho
desenvolvido foi estudada a composição físico-química de produtos extraídos da
RAA e dos materiais componentes dos testemunhos, além de estudos da reatividade
potencial dos agregados constituintes por análises mineralógicas e ensaios
acelerados de argamassa e concreto, sendo complementados por estudos
microestruturais e testes qualitativos (método da mancha). Os resultados mostraram
a diversidade na composição de xerogéis da RAA e incompatibilidades nos
resultados dos ensaios de reatividade em agregados. Os testes colorimétricos
apresentaram um desempenho satisfatório no indicativo da RAA, além de distinguir
a presença de outras manifestações patológicas nos concretos e compósitos
estudados.
Palavras-chave: Concreto. Agregado. Reatividade potencial. Reação álcali-agregado.
Colorimétrico
.
A
BSTRACT
The alkali-aggregate reaction (AAR) is an expansion phenomenon that occurs in
diverse concrete structures that live in frequently conditions of humidity. The principle
of this reaction is based on chemical interactions between the constituent
yield
of
the aggregate and the alkalis of the concrete, in humidity presence. The created
product is an expansion gel that generates processes of cracking and differential
displacements in concrete structures. Nowadays, many research centers have
studied diverse forms to diagnose the presence of the reaction in degraded
structures and to previously evaluate the potential reactivity of aggregates used in
civil buildings. The common methods used in the evaluation of the RAA involved
laboratory assays normalized by NBR 15577 (ABNT, 2008) and qualitative
techniques of
yield. Among these techniques, the staining method detached which
identifies the presence of the reaction of immediate form for the formation of
characteristic shade in affected regions of the concrete. In context, the present
research objectified to investigate the AAR in concrete core and different lithology of
aggregate, being approached laboratory assays and qualitative techniques. It was
studied the composition physical-chemistry of extracted products of the AAR and the
component materials of concrete core, besides studies of the potential reactivity of
constituent aggregates for mineralogical assays and mortar bar test and concrete
prisms. Also complemented by microstructure studies and qualitative tests (staining
method).The results showed diverseness composition of xerogels of the AAR and
incompatibilities in the results of the reactivity assays in aggregates. The staining
tests showed satisfactory performances in the indicative of the AAR with regard of
the presence of other pathological manifestations in concrete and cement
composites.
Key-words: Concrete. Aggregate. Accelerated tests. Alkali aggregate-reaction. Staining
method.
L
ISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Estrutura comprometida pela RAA (Stanton, 1940)
27
Figura 1.2: Fissuras em rodovias e deslocamento diferencial numa ponte
28
Figura 1.3: Fissuração em blocos de fundação afetados pela RAA
29
Figura 1.4: Concentração de íons na solução porosa do cimento x tempo de
cura
32
Figura 1.5: Estrutura química da sílica. A) Amorfa, b) Cristalina
33
Figura 1.6: Neutralização por NaOH de grupos silanol ácidos
34
Figura 1.7: Quebra das ligações das pontes de siloxano por NaOH
34
Figura 1.8: Agregado reativo envolto pelo cimento
35
Figura 1.9: Superfície do agregado atacada pelos íons OH
-
35
Figura 1.10: Grupo Silanol (Si-OH) dissociados
36
Figura 1.11: Liberação das moléculas de SiO- e formação do gel ao redor do
agregado
36
Figura 1.12: O gel em umidade expande gerando tensões no concreto
36
Figura 1.13: Estado de tensões e conseqüente formação de fissuras
37
Figura 1.14: Detalhe do gel em poro preenchido e bordas de reação nos
agregados
39
Figura 1.15: Processo de carbonatação. Fonte: Cascudo (1991 apud SPERT,
2003). Adaptado
42
Figura 1.16: Medida da profundidade de carbonatação – teste fenolftaleína
43
Figura 1.17: Depósitos de carbonato e formação de estalactites. A) Reservatório
de Santa Efigênia – Curitiba/PR, b) Barragem dos Estados Unidos
45
Figura 1.18: Reação com sulfatos. A) Fissuração na base de concreto
da torre de
rede elétrica,
b) Degradação do concreto da Barragem Fort Peck
(Montana), 1971 pela formação de gipsita – identificada por DRX
47
Figura 1.19: Sintomatologia das reações
51
Figura 2.1: Amostra submetida ao tratamento com acetato de uranila
54
Figura 2.2: Determinação de potássio da rocha de granodiorito. A) rocha natural,
b) Detecção do feldspato de potássio (amarelo) e plagioclásio
(vermelho)
57
Figura 2.3: Teste colorimétrico em concreto afetado pela RAA, seqüência de
impregnação:1) Solução Na-cobaltonitrito, 2) Solução rodamina B
base e 3) Constatação da RAA
58
Figura 2.4: Análise por EDS do gel impregnado com cobaltonitrito de sódio
60
Figura 2.5: Coloração cobaltonitrito de sódio no concreto afetado pela RAA. a)
Argamassa e b) Bordas de reação no agregado
61
Figura 2.6: Coloração rósea da rodamina B base no concreto afetado pela RAA
a) Distinção de regiões com reação, b) Coloração em regiões não
afetadas pela reação
63
Figura 2.7: Análise por EDS do gel impregnado com rodamina B base
64
Figura 3.1: Esquema dos ensaios desenvolvidos na pesquisa
67
Figura 3.2: UHE Jaguari – SP. A) Material branco na superfície do concreto, b)
Local de coleta do material – saída da Tomada D`Água
68
Figura 3.3: Fragmento com poros preenchidos
65
Figura 3.4: Triagem inicial da amostra
65
Figura 3.5: Preparação da amostra em microscópio
65
Figura 3.6: Análises realizadas nos xerogéis da RAA
65
Figura 3.7: Resumo dos ensaios realizados com os materiais
71
Figura 3.8: Preparo inicial da amostra em almofariz de ágata
73
Figura 3.9: Amostras para ensaio
73
Figura 3.10: Porta amostra, lamínula, base de vidro e espátula utilizados
73
Figura 3.11: Ensaio em andamento – detalhe do equipamento de difração
73
Figura 3.12: Análise petrográfica. a) Detalhe do microscópio petrográfico –
objetivas (1) e mesa giratória (2); b) Determinação do ângulo de
extinção ondulante (undulatory extinction – c) na mesa giratória
(MANTUANI apud POOLE, 1992, p.12)
74
Figura 3.13: Equipamento de leitura de expansões
75
Figura 3.14: Banho térmico NaOH 1N controlado à 80
0
C
75
Figura 3.15: Instante de retirada da barra do banho térmico
75
Figura 3.16: Leituras de expansão
75
Figura 3.17: Ensaio de reatividade em barras de argamassa – NBR 15577-4
Adaptado (RILEM, 2008)
76
Figura 3.18: Detalhe da moldagem – fôrma com haste guia de inox
77
Figura 3.19: Separadores utilizados para segmentar as barras
77
Figura 3.20: Recipiente utilizado no ensaio NBR 15577-6
79
Figura 3.21: Equipamento de leitura de expansões
79
Figura 3.22: Instante de colocação da barra no banho térmico a 38
0
C
79
Figura 3.23: Leituras de expansão
79
Figura 3.24: Ensaio de reatividade em prismas de concreto (
38 ± 2
0
C
) – NBR
15577-6
80
Figura 3.25: Ensaio de reatividade em prismas de concreto (58 ± 2
0
C) –
estabelecido
81
Figura 3.26: Seqüência de aplicação do kit colorimétrico
82
Figura 3.27: Aplicação do Kit Colorimétrico – LCEC
84
Figura 3.28: Teste inicial em amostra de concreto
84
Figura 3.29: Fluxograma de ensaios com o kit RAA
85
Figura 3.30: Preparo das amostras por fratura
86
Figura 3.31: Amostras recobertas com ouro no porta-amostra para análise no
MEV e EDS
86
Figura 3.32: Análise dos produtos da RAA em barras de argamassa. (a) Análise
no MEV, (b) EDS da etringita – ponto A e (c) EDS do gel da RAA –
ponto B
87
Figura 3.33: Diferentes formas de gel da reação álcali-
sílica.(a) Forma gretada, (b)
Forma cristalina
87
Figura 4.1: Difratograma da amostra T1.1 antes e após a perda ao fogo (PF)
92
Figura 4.2: Difratograma das amostras T1.2 e T3
93
Figura 4.3: Amostras T1.2 e T3 análise no intervalo 2θ = 23,0 a 37,0
93
Figura 4.4: Inspeções visuais a olho nu na amostra T 1.1. a) Aspecto a olho nu
b) Aspecto no microscópio estereoscópico
96
Figura 4.5: Inspeções visuais a olho nu na amostra T1.2. a) Presença de bordas
de reação no agregado, b) Presença de poros preenchidos na
amostra
97
Figura 4.6: Inspeções visuais com microscópio estereoscópico. A) Detalhe do
poro preenchido com “gel”, b) Observação de micropartículas nos
poros do concreto
97
Figura 4.7: Inspeções visuais a olho nu na amostra T 2. a) e b) Presença de
poros parcialmente preenchidos no concreto
98
Figura 4.8: Inspeções visuais com microscópio estereoscópico na amostra T 1.2.
a) Detalhe do poro parcialmente preenchido com gel da reação, b)
Processo de formação do “gel” notado em muitos poros
98
Figura 4.9: Inspeções visuais a olho nu na amostra T 3. a) Detalhe do macro
poro preenchido com material esbranquiçado, b) Presença de bordas
de reação no agregado
99
Figura 4.10: Inspeções visuais com microscópio estereoscópico na amostra T 3.
a) Detalhe do poro preenchido com gel, b) Processo de formação do
“gel” observado em muitos poros
99
Figura 4.11: Perfil granulométrico estabelecido para a areia M2
103
Figura 4.12: Fotomicrografias dos agregados G2 e G3, com presença de
feldspatos (F), mica (M), quartzo (Q), biotita (B) e mirmequitas (Mi).
Nicóis cruzados. Ampliação de 10x
106
Figura 4.13: Fotomicrografia de B1 e B2 o qual se observa vidro vulcânico (V),
piroxênio (P), plagioclásio (PL), Feldspatos (F) e opacos (O). Nicóis
cruzados. Ampliação de 40x (a) e 10x (b)
106
Figura 4.14: Fotomicrografia de B2 e S1 com o qual se observa vidro devitrificado
(V), quartzo microcristalino (Qm) entre cristais maiores de quartzo,
respectivamente. Nicóis cruzados. Ampliação de 40x (a) e 10x (b)
106
Figura 4.15: Reatividade Potencial dos agregados M2 e API
109
Figura 4.16: Comportamento reativo dos agregados estudados
109
Figura 4.17: Mapeamento de fissuras e curvatura em G3 (445), B1 (448) e B2
(449)
110
Figura 4.18: Análise microscópica da barra S1. a) Esfacelamento do agregado
após 60 dias de ensaio e b) formação de um anel ao redor dos poros
111
Figura 4.19: Expansões e pesos dos granitos G2 e G3 em T=38
0
C e T=60
0
C
112
Figura 4.20: Expansões e pesos do seixo S1 e a areia M2 em T=38
0
C e T=60
0
C
113
Figura 4.21: Expansões e pesos dos basaltos B1 e B2 em T=38
0
C e T=60
0
C
113
Figura 4.22: Comparativo das expansões (NBR 15577-6): 3 e 4 meses de
expansão à 60
0
C vs 1 ano à 38
0
C
114
Figura 4.23: Erosão e eflorescência nos prismas de concreto
.
a) Amostra B1 –
fenômeno pontual e b) Amostra G2 – fenômeno em toda barra com
presença de fissuras
116
Figura 4.24: Ensaio acelerado em prismas de concreto. a) Fissuras contínuas na
região central do concreto G3 e b) Poros com bordas escuras em M2
116
Figura 4.25: Prismas de concreto – amostra S1. a) Erosão e eflorescências na
superfície do concreto, b) Fissuras contínuas nas regiões
degradadas
116
Figura 4.26: Aspecto do concreto no qual se observa poros esféricos na
argamassa preenchidos com cristais de etringita (E). Ampliação 40x.
118
Figura 4.27: Micrografia da amostra T1.1- xerogel de carbonato de cálcio
120
Figura 4.28: Micrografia dos produtos cristalizados nos poros da amostra T1.2
120
Figura 4.29: Micrografia indicando a presença de acículas nos poros de T2
120
Figura 4.30: Microanálise do xerogel T2 (ponto A), possível etringita
120
Figura 4.31: Micrografia do xerogel presente nos poros de T3
120
Figura 4.32: Microanálise do óxido de cálcio (ponto A) presente no xerogel
120
Figura 4.33: Micrografia indicando a presença de acículas nos poros de B1.
121
Figura 4.34: Microanálise por EDS das acículas (ponto A) do concreto de B1
121
Figura 4.35: Micrografia do xerogel gretado nos poros da barra G2
121
Figura 4.36: Microanálise por EDS do xerogel gretado
121
Figura 4.37: Micrografia do preenchido com xerogel maciço
122
Figura 4.38: Diversidade de estruturas observadas na barra S1
122
Figura 4.39: Micrografia do poro da amostra B1 T=38
0
C
123
Figura 4.40: Micrografia dos produtos cristalizados no poro da amostra G2
T=38
0
C
123
Figura 4.41: Micrografia do conglomerado de acículas nos poros de G2 T=60
0
C
123
Figura 4.42: Micrografia indicando a presença de acículas nos poros de T2
123
Figura 4.43: Teste colorimétrico em rochas. a) Teste positivo com Na-
cobaltonitrito para T1.2-A2 , b), c) e d) Teste positivo com rodamina
B base para T1.2-A2, B1 e G3, respectivamente.
124
Figura 4.44: Amostras antes e após o ataque com ácido clorídrico (concentração
15%) (a) Amostra padrão e (b) amostra T1.1
125
Figura 4.45: Avaliação do Ph com o indicador de fenolftaleína
125
Figura 4.46: Análise microscópica dos xerogéis T1.2 e T3 submetidos à
impregnações com os regentes do kit colorimétrico. a) e c) T1.2 e T3
após o tratamento com Na-cobaltonitrito, respectivamente, b) e d)
T1.2 e T3 após o tratamento com Na-cobaltonitrito e rodamina B
base, respectivamente.
126
Figura 4.47: Aplicação do Na-
cobaltonitrito em T1.2 a) Bordas de reação em torno
do agregado graúdo e b) Identificação de poros preenchidos com
xerogel
127
Figura 4.48: Identificação da RAA com o kit colorimétrico nas amostras T2 (a) e
T3 (b)
128
Figura 4.49: Análise microscópica de T1.2 submetido ao teste da mancha. A)
Identificação do poro preenchido com xerogel da RAA (ponto 1) e b)
Comportamento em poro semi preenchido (ponto 2)
128
Figura 4.50: Aplicação do Na-cobaltonitrito em T1.2. a) Cor avermelhada em
poros semi preenchidos com xerogel e b) Detalhe do xerogel
128
Figura 4.51: Aplicação do Na-cobaltonitrito em T2. a) Cor vermelha clara nos
grumos de xerogel e b) Detalhe do xerogel
129
Figura 4.52: Desenvolvimento da RAA em barras de argamassa ao longo do
tempo (dias) e expansão (e)
131
Figura 4.53: Testes com Na-cobaltonitrito em prismas de concreto. Amostras de
60
0
C de G3 (a) e S1 (b) e de 38
0
C de G3 (c) e S1 (d)
133
Figura 4.54: Teste completo com os reagentes colorimétricos nos prismas de
concreto. Amostras de 60
0
C de G3 (a) e S1 (b) e de 38
0
C de G3 (c) e
S1 (d)
133
Figura 4.55: Micrografia do fragmento de extraído da interface agregado/pasta
134
Figura 4.56: Microanálise por EDS (ponto A) da pasta do concreto S1 (T=38
0
C)
134
Figura A.1: Análise mineralógica por DRX dos agregados do testemunho T1.2
151
Figura A.3: Análise mineralógica por DRX do agregado do testemunho T3
152
Figura A.4: Análise mineralógica por DRX do agregado G2 para compósitos de
argamassa e concreto
153
Figura A.5: Análise mineralógica por DRX do agregado G3 para compósitos de
argamassa e concreto
154
Figura A.6: Análise mineralógica por DRX do agregado B1 para compósitos de
argamassa e concreto
155
Figura A.7: Análise mineralógica por DRX do agregado B2 para compósitos de
argamassa e concreto
156
Figura A.8: Análise mineralógica por DRX do agregado S1 para compósitos de
argamassa e concreto
157
Figura A.9: Difratograma do material lixiviado do prisma de concreto S1
158
L
ISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Composição química do gel da RAA (% massa)
39
Tabela 1.2: Indicadores de Ph
42
Tabela 1.3: Agentes químicos atuantes e sintomatologia em análises
laboratoriais
52
Tabela 2.1: Métodos colorimétricos de identificação da RAA
65
Tabela 3.1: Materiais estudados
67
Tabela 3.2: Relação dos agregados utilizados na pesquisa
70
Tabela 3.3: Quantidade de agregado empregado no ensaio NBR 15577-4
74
Tabela 3.4: Quantidade de material utilizado nos ensaios
78
Tabela 4.1: Análise química dos testemunhos de concreto
89
Tabela 4.2: Análise química da argamassa dos testemunhos
90
Tabela 4.3: Composição química dos géis estudados.
91
Tabela 4.4: Análise petrográfica dos agregados graúdos (pedras britadas)
95
Tabela 4.5: Análise macroscópica dos testemunhos de concreto
100
Tabela 4.6: Análise microscópica dos testemunhos de concreto
100
Tabela 4.7: Características físico-químicas do aglomerante
101
Tabela 4.8: Características físicas dos agregados empregados nos ensaios de
reatividade
102
Tabela 4.9: Análise química dos agregados
102
Tabela 4.10: Análise petrográfica dos agregados graúdos – amostras B1 e B2.
104
Tabela 4.11: Análise petrográfica dos agregados graúdos – amostras G2 e G3
105
Tabela 4.12: Análise petrográfica dos agregados S1 e M2
105
Tabela 4.13: Componentes cristalinos presentes nos agregados
108
Tabela 4.14: Dosagens utilizadas nos prismas de concreto
112
Tabela 4.15: Análise química das eflorescências de S1
117
Tabela 4.16: Resultados dos testes com xerogéis
125
Tabela 4.17: Resultados dos testes acelerados e da análise do teste da mancha
135
Tabela 4.18: Resumo da análise colorimétrica e microestrutural
136
Tabela B.1: Expansões em barras de argamassa – amostras B1 e B2
159
Tabela B.2: Expansões em barras de argamassa – amostras G2 e G3
160
Tabela B.3: Expansões em barras de argamassa – amostras S1 e M2
161
Tabela B.4: Análise das expansões em prismas de concreto ensaiados em
duas temperaturas
162
L
ISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AASHTO American Association of State Highway and Transportation
Officials
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ASTM American Society for Testing and Materials
CESP Companhia Energética de São Paulo
CB-18 Comissão Brasileira - Cimento, Concretos e Agregados
LCEC Laboratório CESP de Engenharia Civil
LFQ Laboratório de Física e Química
LFI Laboratório de Física
RAA Reação Álcali-Agregado
RAS Reação Álcali-Sílica
RASS Reação Álcali-Silicato
RAC Reação Álcali-Carbonato
MEV Microscópio Eletrônico de Varredura
EDS Espectroscopia por Dispersão de Energia de raios X
DRX Difração de raios X
UR Umidade Relativa
NaCl Cloreto de Sódio
Na
2
O Óxido de sódio
K
2
O Óxido de potássio
OH
-
Hidroxilas
K+ Íon potássio
Na+ Íon sódio
SiO
2
Dióxido de silício
NaOH Hidróxido de sódio
CaO Óxido de cálcio
Si-OH Grupo silanol
CaMg (CO
3
)
2
Calcáreo dolomítico
Mg(OH)
2
Brucita
CaCO
3
Carbonato de cálcio (calcita)
CO
2
Dióxido de carbono
SO
2
Dióxido de enxofre
H
2
S Sulfeto de hidrogênio
Ca
+
Íon cálcio
H
2
O Água
HF Ácido fluorídrico
Na
2
SO
4
Sulfato de sódio
Al
2
O
3
Óxido de alumínio
CaO Óxido de Cálcio
SiO
2
Óxido de silício
Fe
2
O
3
Óxido de ferro
MgO Óxido de magnésio
Na
2
O Óxido de sódio
K
2
O Óxido de potássio
SO
3
Anidrido sulfúrico
MF Módulo de finura
PF Perda ao fogo
pH Potencial de hidrogênio ou hidrogeniônico
C-S-H Silicato de cálcio hidratado
C-H Hidróxido de cálcio ou Portlandita
“C” CaO
“S” SiO
2
“H” H
2
O
S
SO
3
“A” Al
2
O
3
S
UMÁRIO
INTRODUÇÃO
21
JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA
21
OBJETIVOS
22
METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO E
ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
24
Capítulo 1
ASPECTOS GERAIS DA RAA NO CONCRETO
26
1.1 Manifestações da RAA em estruturas de concreto
30
1.2 Mecanismos da reação álcali-agregado (RAA)
30
1.2.1 Considerações gerais
30
1.2.2 Considerações sobre o gel da RAA
38
1.3
Reações deletérias adversas no concreto: mecanismos
químicos
40
1.3.1 Reação de carbonatação
40
1.3.2 Mecanismo de lixiviação e eflorescências
44
1.3.3 Ataque por sulfatos
45
1.3.4 Ataque interno por sulfatos (etringita secundária)
48
1.3.5 Reações envolvendo sulfatos e carbonatos
49
1.4 Sintomatologias das reações deletérias do concreto
50
Capítulo 2
MÉTODO QUALITATIVO PARA AVALIAÇÃO DA RAA EM
CAMPO
53
2.1 Métodos do acetato de uranila ou método Cornell
53
2.2 Método do sulfato de cupramônio
55
2.3 Método colorimétrico ou método da mancha
56
2.3.1
Método colorimétrico de identificação de certos minerais em
rochas
56
2.3.2 Método colorimétrico de identificação da RAS
58
2.3.2.1 Reagente 1: cobaltonitrito de sódio
59
2.3.2.2 Reagente 2: rodamina B base
62
2.4
Comparativo: método da ma
n
cha e demais métodos
colorimétricos
64
Capítulo 3
PROGRAMA DE ENSAIOS
66
3.1 Ensaios de avaliação da RAA
66
3.2 Análise do gel da RAA em testemunhos extraídos
67
3.3 Ensaios de reatividade potencial em agregados
70
3.3.1 Agregados
70
3.3.2 Aglomerante
70
3.3.3 Ensaios de caracterização físico-química
71
3.3.3.1 Ensaio de Difração de raios-X (DRX)
72
3.3.4 Análise petrográfica de agregados naturais NBR 15577-3
73
3.3.5
Ensaios de expansão em barras de argamassa
(NBR 15577-4)
74
3.3.6
Reatividade potencial em prismas de concreto
(NBR 15577-6)
77
3.4 Ensaios de análise qualitativa e micro estrutural
82
3.4.1 Ensaio de contraste químico – Método da mancha
82
3.4.1.1 Agregados
83
3.4.1.2 Xerogéis extraídos
83
3.4.1.3 Testemunhos e amostras aceleradas
83
3.4.1.4 Análises microestruturais das amostras
85
Capítulo 4
ANÁLISE DOS RESULTADOS
88
4.1 Caracterização dos testemunhos de concreto
88
4.1.1 Caracterização química
88
4.1.2 Análise difratométrica
91
4.1.3 Histórico petrográfico
94
4.1.4 Inspeção visual dos testemunhos
95
4.2 Amostras aceleradas: argamassa e concreto
101
4.2.1 Caracterização dos materiais
101
4.2.2 Análise petrográfica dos agregados (NBR 15577-3)
104
4.2.3 Análise cristalográfica dos minerais por DRX
107
4.2.4 Ensaios acelerados em barras de argamassa (NBR 15577-4)
109
4.2.5 Ensaios acelerados em prismas de concreto (NBR 15577-6)
111
4.2.6 Análise petrográfica dos prismas de concreto (NBR 15577-3)
118
4.2.7 Microanálises em testemunhos e amostras aceleradas
119
4.3 Ensaios com kit colorimétrico
123
4.3.1 Impregnação em agregados graúdos
123
4.3.2 Testes de identificação de patologias em xerogéis
124
4.3.3 Testes em testemunhos e amostras aceleradas
127
4.3.3.1 Testemunhos de concreto
127
4.3.3.2 Barras de argamassa – NBR 15577-4
130
4.3.3.3 Prismas de concreto – NBR 15577-6 e modificado
132
4.4
Análise comparativa de metodologias de avaliação da
RAA
135
Capítulo 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
137
5.1 Análise do contexto
137
5.1.1 Testemunhos de concretos deteriorados e material lixiviado
137
5.1.2
Ensaios acelerados em barras de argamassa e prismas de
concreto
138
5.1.3 Método da mancha – análise qualitativa da RAA
139
5.2 Conclusões
140
5.3 Sugestões para pesquisas futuras
142
REFERÊNCIAS
143
Anexo A
150
A.1 Ensaios de difração de raios-X
150
Anexo B
159
B.1 Ensaios de reatividade potencial
159
I
NTRODUÇÃO
Na execução de estruturas de concreto é imprescindível a realização do controle
tecnológico dos materiais na obra e também no laboratório, de modo que sejam
identificados possíveis problemas que podem no futuro reduzir a vida útil das
estruturas pela possibilidade de ocorrência de colapsos e manifestações patológicas
precoces. As patologias nas construções, em muitos casos, têm sua origem em
decorrência de fatos ou deficiências técnicas que poderiam ser detectadas na fase
de estudos preliminares, devendo ser considerados aspectos relativos aos
componentes do concreto, ao ambiente de exposição da estrutura e em possíveis
falhas decorrentes do processo de execução.
Algumas manifestações patológicas relacionam-se ao concreto constituinte das
estruturas, onde fenômenos de fissuração e corrosão de armaduras reduzem a
durabilidade da mesma. Dentre as manifestações deletérias conhecidas no concreto,
destaca-se a reação álcali-agregado (RAA), caracterizada por gerar um quadro de
fissuração desordenada e deformações diferenciais em estruturas.
Este fenômeno ocorre pela interação química dos constituintes do concreto, onde a
sílica presente no agregado interage com os íons alcalinos pertinentes à pasta, na
presença de umidade. O produto desta reação é um gel sílico-alcalino,
freqüentemente visível na interface pasta/agregado e nos poros do concreto, com
caráter predominantemente expansivo.
O principal agravante da RAA está relacionado à sua manifestação contínua ao
longo do tempo, ampliando gradativamente o quadro de fissuração do concreto.
Dessa maneira, o estudo preliminar dos agregados a serem empregados no
concreto é imprescindível, sendo necessários ensaios laboratoriais de avaliação da
potencialidade reativa destes materiais.
Em estruturas afetadas pela RAA os testes laboratoriais também são utilizados
para constatar a presença da reação. Contudo, também é possível realizar um
diagnóstico em campo por meio de testes qualitativos no concreto afetado,
favorecendo a avaliação inicial e imediata da presença da RAA.
Um dos testes qualitativos empregados é o teste da mancha ou teste colorimétrico
Introdução
22
ou contraste de imagens, caracterizado pelo uso de reagentes químicos que
confirmam a existência da reação através do surgimento de colorações
características nos locais afetados no concreto.
A verificação da ocorrência da RAA numa estrutura permite a tomada de decisões
quanto ao tipo de reparo ou reforço estrutural a ser empregado, de forma a
minimizar os efeitos deletérios da reação.
J
USTIFICATIVA E COLOCAÇÃO DO PROBLEMA
Diversas pesquisas têm sido desenvolvidas em diferentes países para melhor
entender o comportamento da RAA. Isto tem sido evidenciado pela ocorrência de
diversos simpósios e conferências sobre o tema, o que demonstra a grande
preocupação da comunidade técnica e cientifica pelos efeitos da reação e as
condutas e procedimentos a serem adotados.
Considerado como o “câncer” do concreto (COLLINS, 2007) a RAA possui um
comportamento químico ainda obscuro, devido à complexidade dos mecanismos
físico-químicos da reação e à diversidade na composição química do gel resultante
da reação.
Os estudos comumente desenvolvidos em laboratório referem-se a ensaios
preliminares dos agregados a serem empregados no concreto, sendo realizadas
metodologias de aceleração da RAA em barras de argamassas e prismas de
concreto.
Em estruturas afetadas pela RAA, convencionalmente adota-se a extração de
testemunhos cilíndricos de concreto para a avaliação em laboratório por meio da
petrografia e da análise por microscopia convencional. Sims e Poole (2003) citam o
uso da petrografia como uma técnica de observação direta da reação, passando por
estágios de inspeção visual à caracterização em lâminas finas.
A análise petrográfica é caracterizada como um ensaio laboratorial qualitativo,
exigindo um tempo de preparo da amostra e experiência do operador na
identificação da reação no concreto.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
23
Outras metodologias também podem ser aplicadas no diagnóstico da reação, sendo,
contudo empregadas in loco, ou seja, diretamente no concreto deteriorado na
estrutura, facilitando um parecer qualitativo inicial da RAA.
Guthrie e Carey (1998) citam a facilidade de constatação da reação pelo método
colorimétrico desenvolvido pelo laboratório Los Álamos, conhecido como método da
mancha, uma vez que a constatação da reação é notória após a aplicação de
reagentes químicos no concreto. Outro benefício é o uso do kit
1
de reagentes em
análises petrográficas, auxiliando na identificação da reação no concreto.
Contudo, o kit Los Alamos possui custo elevado e variável, em função de sua
importação por empresas especializadas. Além disso, são poucas as pesquisas,
desenvolvidas pelo meio técnico-científico, que atestam o seu desempenho na
identificação da RAA.
Neste contexto, o presente trabalho busca avaliar o uso de um kit colorimétrico,
empregado pela empresa CESP, aplicando-o em testemunhos de concreto afetados
pela RAA e amostras aceleradas em laboratório barras de argamassa e prismas
de concreto. Além disso, deseja-se verificar a validade do método em concretos
compostos por agregados de diferentes tipos litológicos.
O
BJETIVOS
O interesse do meio técnico-científico pela reação álcali-agregado tornou imperativa
a necessidade de estudos aprofundados sobre o tema, visto que diversas estruturas
encontram-se atualmente afetadas pela RAA.
O Laboratório CESP de Engenharia Civil LCEC, conhecido centro de referência
em estudos da RAA, tem em desenvolvimento o projeto de P&D – Pesquisa e
Desenvolvimento relacionado sobre o assunto, intitulado “Investigações Relativas à
Reação Álcali-Agregado em Estruturas de Concreto”, projeto 0061-019/2006 com
financiamento da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.
Este projeto iniciado em junho de 2007 com parceria da ABCP Associação
Introdução
24
Brasileira de Cimento Portland e Desek, tem como um de seus produtos a presente
tese de mestrado, e tem os seguintes objetivos:
Avaliar o comportamento expansivo da reação nos ensaios acelerados,
verificando a reatividade potencial em função da litologia do agregado;
Avaliar a composição do gel da RAA em testemunhos de concreto compostos
por tipos litológicos diferenciados.
Observar em escalas diferenciadas os produtos da reação formados em poros
do concreto e interfaces pasta/agregado;
Avaliar a confiabilidade do método colorimétrico em testemunhos afetados e
em amostras aceleradas desenvolvidas em laboratório;
Verificar o comportamento do kit colorimétrico em produtos formados por
manifestações patológicas distintas (carbonatação e RAA);
M
ETODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO E ORGANIZAÇÃO DA
DISSERTAÇÃO
O presente trabalho está estruturado em seis capítulos. Neste primeiro capítulo
“INTRODUÇÃO” são feitas considerações iniciais a respeito da pesquisa,
identificando o contexto do tema escolhido, as justificativas da escolha e os objetivos
do trabalho.
No capítulo 1 “ASPECTOS GERAIS DA RAA NO CONCRETO” são abordados
os mecanismos químicos da reação álcali-agregado e outras manifestações
patológicas que ocorrem conjuntamente à reação, sendo feito uma abordagem final
sobre sintomas comuns e particulares de cada patologia.
Na parte 2 “MÉTODO QUALITATIVO PARA AVALIAÇÃO DA RAA EM CAMPO”
faz-se uma consideração a respeito dos métodos qualitativos de identificação da
RAA e a fundamentação química de identificação, sendo principalmente enfocado o
método da mancha ou método colorimétrico.
1
Conjunto de objetos agregados para uma finalidade específica
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
25
No capítulo 3 “PROGRAMA DE ENSAIOS” – aborda-se a caracterização dos
materiais necessários à realização da pesquisa, bem como o planejamento dos
experimentos e os métodos utilizados.
O capítulo 4 “ANÁLISE DE RESULTADOS” apresenta os resultados obtidos nos
ensaios, as análises e discussões dos mesmos.
As considerações finais e sugestões para trabalhos futuros são apresentadas no
capítulo 5 – “CONSIDERAÇÕES FINAIS”.
26
Capítulo
1
A
A
S
S
P
P
E
E
C
C
T
T
O
O
S
S
G
G
E
E
R
R
A
A
I
I
S
S
D
D
A
A
R
R
A
A
A
A
N
N
O
O
C
C
O
O
N
N
C
C
R
R
E
E
T
T
O
O
A reação álcali-agregado (RAA) no concreto é uma reação química que ocorre entre
os álcalis do cimento e os minerais dos agregados na presença de umidade. Os
sintomas manifestados no concreto o observados no decorrer dos anos na forma
de fissuras e deformações estruturais. A correlação entre os sintomas observados e
a ocorrência da RAA nem sempre é de fácil interpretação, pois existem outras
manifestações patológicas com sintomas similares. Por esse motivo a RAA
necessita de uma descrição minuciosa de seus efeitos e manifestações frente a
outras patologias. Neste primeiro capítulo procura-se, à priori, abordar a
manifestação da RAA em estruturas e sua interação química nos poros e pasta do
concreto. Posteriormente, é feita uma descrição de outras manifestações deletérias
que apresentam características comuns à RAA e que se diferenciam pelos agentes
químicos envolvidos e pelas características macro-visuais que podem ser
observadas em inspeções do concreto.
1.1 Manifestações da RAA em estruturas de concreto
Stanton, em 1940, foi o primeiro pesquisador a sugerir que a grande quantidade de
fissuras em pontes e rodovias de concreto na costa da Califórnia estava associada a
interação entre os agregados empregados (opala e chert) e a solução de álcalis
gerada no processo de hidratação do cimento (PREZZI et al., 1997).
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
27
Figura 1.1: Estrutura comprometida pela RAA (Stanton, 1940).
Fonte: Thomas, 2008.
A sustentação desta hipótese nos anos 40, foi evidenciada em trabalhos
subseqüentes de Berkey, Hansen, Meissner e Stanton et al.(PREZZI et al., 1997). A
pesquisa pioneira de Stanton (1940) despertou gradativa preocupação sobre o
assunto em função do diagnóstico da RAA em diversas estruturas de concreto no
mundo.
Entre 1940 e 1941, os Estados Unidos iniciaram pesquisas em centros científicos,
universidades e empresas de cimento em função da constatação da RAA em várias
barragens importantes (Parker, Sterwart Mountain e Gene Wash, entre outras), e em
obras de arte e rodovias.
No mesmo período, na Austrália, iniciou-se um programa de pesquisas coordenado
pelo CSIRO – Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization, tendo
como foco principal o entendimento do mecanismo da RAA.
Na África do Sul a reação foi notada em 1974, mas as pesquisas sobre o assunto
tiveram inicio apenas em 1977.
Na década de 90, a China noticiou casos de deterioração de estruturas afetadas,
iniciando-se a partir d uma avaliação de suas jazidas e preocupação quanto à
produção de cimento, apesar dos estudos sobre o tema reportarem os anos 60.
Segundo Andriolo (1997) os principais relatos de ocorrência mostram danos em
edifícios, pontes e viadutos, obras portuárias, centrais termoelétricas, obras
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
28
hidráulicas, barragens, centrais hidroelétricas e túneis. Na Figura 1.2 tem-se uma
ilustração da RAA em pavimentos de concreto e em uma estrutura de ponte.
Figura 1.2: Fissuras em rodovias e deslocamento diferencial numa ponte.
Fonte: AASHTO, 2000.
Atualmente, em razão do grande número de estruturas afetadas em diversos países,
várias pesquisas sobre a RAA vêm sendo realizadas, visando um melhor
entendimento dos mecanismos da reação, as características reativas dos
agregados, o comportamento estrutural de obras afetadas e a ação e efeito da
utilização de produtos inibidores.
No contexto nacional, a ocorrência da RAA foi constatada 56 anos por entidades
e profissionais, sobretudo em obras de usinas hidroelétricas (ANDRIOLO, 1997).
Com o desenvolvimento da tecnologia do concreto na década de 60 época das
construções das grandes hidroelétricas - surgiram os problemas decorrentes da RAA
e a necessidade de estudos laboratoriais sobre o assunto.
A CESP Companhia Energética de São Paulo destacou-se na época pelo estudo
do comportamento da RAA, sendo a primeira empresa a realizar estudos com
inibidor pozolânico e empregá-lo no concreto produzido para às obras da UHE
Engenheiro Souza Dias (Jupiá) (OLIVEIRA, 1997).
Muitas construções que não tiveram preocupações quanto aos estudos preliminares
da potencialidade reativa dos materiais constituintes apresentaram no decorrer dos
anos os efeitos da reação.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
29
No ano de 1996, foram identificadas pela SABESP Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo S.A - inúmeras fissuras na estrutura de concreto da
Tomada d’Água do túnel 6 - Sistema Cantareira. Os estudos realizados pela Themag
identificaram as anomalias como relacionadas à RAA e a ocorrência de
comportamentos expansivos diferenciados em locais específicos de cada elemento
de concreto (KUPERMAN et al., 1997).
Em 2004, em função do interesse observado na inspeção de sapatas e blocos de
fundação após o colapso no Edifício Areia Branca (OLIVEIRA, 2007), constatou-se
um dos primeiros casos da reação em obras prediais nas regiões metropolitanas de
Olinda e Recife/PE. Este incidente despertou a preocupação do meio técnico quanto
à importância dos conceitos de vida útil e durabilidade das construções. Em virtude
do ocorrido, foram realizadas inspeções em fundações de diversos prédios da
Grande Recife, verificando-se erros de execução e degradação por fissurações
ligadas à RAA.
Na Figura 1.3 segue ilustrada a situação encontrada em algumas fundações prediais
afetadas pela RAA, em Recife.
Figura 1.3: Fissuração em blocos de fundação afetados pela RAA.
Fonte: Salles et. al., 2003.
Os fatos ocorridos na região de Recife iniciaram um movimento com profissionais e
especialistas de diversas áreas para implantação de uma comissão de estudos e
discussões para a elaboração da norma brasileira relativa ao tema.
No ano de 2005, a 47
0
reunião anual do IBRACON enfatizou o assunto com a
presença do engenheiro canadense Bernoit Fournier, possibilitando uma abordagem
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
30
internacional sobre a RAA.
Um segundo encontro do engenheiro canadense com os centros de pesquisa da
ABCP, CESP e FURNAS, possibilitou a participação de laboratórios brasileiros na
criação de um programa interlaboratorial, avaliando os ensaios acelerados com
agregados internacionais e nacionais.
O decorrer do processo de reuniões e eventos técnico-científicos da comissão de
estudos formada em 2005 do CB18/ABNT, proporcionou em 2008 a criação da
primeira norma brasileira sobre aspectos da reação álcali-agregado, nomeada como
NBR 15577.
Em 2006, o Laboratório CESP de Engenharia Civil postula e aprova um projeto P&D
- Pesquisa e Desenvolvimento sobre a RAA junto à ANEEL Agência Nacional de
Energia Elétrica. O projeto P&D iniciado em 2007 envolveu ensaios acelerados,
estudo de caso da UHE Jaguari e desenvolvimento de um kit químico de
identificação da RAA em campo, sendo este o tema principal deste trabalho.
1.2 Mecanismo da reação álcali-agregado (RAA)
1.2.1 Considerações gerais
O concreto é constituído por compostos naturais, material cimentício e adições
minerais e industrializadas. Os processos físico-químicos presentes no concreto
desenvolvem-se ao longo de toda sua vida, os quais, dependendo do tipo de
interação, podem afetar a sua qualidade e a sua durabilidade.
Dentre os fatores que comprometem a durabilidade, destaca-se a RAA,
caracterizada pela geração de um gel expansivo na zona de interface pasta-
agregado e vazios do concreto, ocasionando deslocamentos diferenciais e fissuras
nas estruturas.
O processo químico de deterioração pela RAA no concreto pode ser classificado em
função do tipo e da mineralogia do agregado reativo envolvido, de três formas:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
31
reação álcali-sílica (RAS), reação álcali-silicato (RASS) ou reação álcali-carbonato
(RAC) (KUPERMAN et al., 2005). A intensidade e velocidade das reações de
expansão dependem da concentração e fase reativa no agregado (KIHARA, 1986).
A RAS é mais comum, pois seu processo de evolução é mais rápido e melhor
detectado pelos ensaios de reatividade. Esta reação ocorre entre os álcalis e alguns
tipos de silicatos presentes em certas rochas sedimentares (argilitos, siltitos e
grauvacas), metamórficas (ardósias, filitos, xistos, gnaisses, granulitos, entre outras)
e ígneas (granitos) (PORTELA et.al., 2006 apud HASPARYK, 1999).
O processo químico da RAS é decorrente da interação entre a sílica do agregado
reativo e os álcalis oriundos do cimento, dos agregados que contenham feldspatos
alcalinos, ou outras fontes externas, tais como soluções de sulfato de sódio
(Na
2
SO
4
) e cloreto de sódio (NaCl).
Os álcalis presentes no cimento, representados pelo Na
2
O e K
2
O, podem se
apresentar na forma solúvel ou insolúvel, sendo a primeira encontrada nos sulfatos,
cuja fonte de fornecimento é mais pida à reação ao passo que a segunda
apresenta-se nas fases sólidas do clínquer
2
(fases sulfatos e aluminatos), com uma
interação química mais lenta, decorrente do processo de hidratação (DIAMOND,
1989 apud HASPARYK, 2005).
Estes componentes alcalinos em solução acarretam o aumento da alcalinidade nos
poros do concreto (pH) elevando a concentração de hidroxilas (OH
-
), responsáveis
pela reação.
Segundo Kihara (1986) a liberação e a concentração dos álcalis na solução dos
poros dependem da hidraulicidade das diferentes fases do cimento, sendo seu
conteúdo aumentado sob condições de alta umidade (>85%) e temperatura,
relacionadas à cinética da reação.
Os álcalis constituintes do cimento tem sua origem no processo de calcinação do
clínquer. Os íons Na
+
e K
+
presentes no clínquer são inicialmente vaporizados no
processo, devido as altas temperaturas dos fornos, sendo posteriormente
condensados sobre o mesmo ao longo de seu transporte e resultando na formação
uma camada superficial de álcalis. Alguns álcalis permanecem na superfície do
2
Calcário e silicato semifundidos e aglutinados de que se obtém o cimento por moagem
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
32
clinquer, ao passo que outros se encontram internos a sua estrutura (PETERSON et
al., 2000 apud SANTOS, 2008).
No decorrer do processo de hidratação do cimento, os compostos alcalinos
presentes na superfície tornam-se disponíveis mais rapidamente, ao passo que os
presentes internamente na estrutura interagem quimicamente no decorrer do
processo de hidratação (PETERSON; ULM, 2000).
Estudos realizados por Kurtis, Collins e Monteiro (2002) mostram a concentração
dos íons alcalinos na solução intersticial do cimento, ressaltando a permanência dos
álcalis na solução aquosa da matriz cimentícia, conforme se observa na Figura 1.4.
Figura 1.4: Concentração de íons na solução porosa do cimento x tempo de cura.
Fonte: Kurtis, Collins e Monteiro (2002).
O constituinte presente em agregados reativos, conhecido como sílica, é composto
de dióxido de silício (SiO
2
) nas suas várias formas, incluindo-se as sílicas cristalinas,
as vítreas e as amorfas.
A estrutura básica da sílica é um arranjo tetraédrico, o qual possibilita a formação de
uma rede cristalina tridimensional infinita, compartilhando-se os átomos de oxigênio
de um tetraedro com os grupos vizinhos. A sílica amorfa é a mais reativa
quimicamente, sendo encontrada nas rochas do tipo opala, tridimita, calcedônia e
quartzo.
A composição química desordenada do composto amorfo interage de forma mais
significativa com as hidroxilas (OH
-
) do que a sílica cristalina, uma vez que esta se
apresenta estruturalmente ordenada, como pode ser observado na Figura 1.5.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
33
(a) (b)
Figura 1.5
: Estrutura química da sílica. a) Amorfa, b) Cristalina
Fonte: Collins et al. (2007). Adaptado.
Segundo Plum (1958), a equação geral que rege a reação álcali-silica é expressa
quimicamente segundo a equação 1:
SiO
2
+NaOH+Ca(OH)
2
+H
2
O
n
1
Na
2
O . n
2
CaO . n
3
SiO
2
. n
4
H
2
O (1)
Nesta equação o NaOH é determinado pelo equivalente alcalino (Na
2
O + 0,66K
2
O)
e, segundo diversos autores o caráter expansivo do gel é regido pela a quantidade
de CaO constituinte.
Estudos realizados por Prezzi (1997) indicaram a importância do cálcio no
mecanismo de expansão, onde a relação CaO/(Na
2
O) presente no gel rege o
comportamento expansivo.
De acordo com Dent Glasser e Kataoka (1981), Carrillo e Perez (1984), Hasparyk
(2005), a sílica presente nas rochas e minerais suscetíveis à reação interage
quimicamente com as hidroxilas (OH
-
), caracterizando-se inicialmente por uma
reação do tipo ácido-base entre os grupos silanol (Si-OH).
Os cátions presentes no meio são atraídos se associando à estrutura deste grupo,
desbalanceado negativamente pelo SiO
-
, ocorrendo assim uma neutralização por
íons Na
+
. A reação química e a ilustração esquemática são apresentadas a seguir
pelas equações 2 e 3:
Si-OH
+
OH
-
Si-O
-
+
H
2
O
(2)
[silanol] +
[hidroxila]
[ânion]
+ [água]
Si-O
-
+
Na
Si-ONa
(3)
[ânion] +
[álcalis]
[
gel sílico-alcalino]
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
34
Figura 1.6: Neutralização por NaOH de grupos silanol ácidos.
Fonte: Dent Glasser e Kataoka (1981).
Uma segunda reação também ocorre entre as hidroxilas em excesso com as pontes
de siloxano, havendo a quebra das ligações e substituição por pares de SiO
-
,
conforme se observa na equação 4:
Si-O-Si
+
2OH
-
Si-O
-
+
-
O-Si
+
H
2
O
(4)
[siloxano] + [hidroxilas]
[pares dissociados ]
+ [água]
Figura 1.7: Quebra das ligações das pontes de siloxano por NaOH.
Fonte: Dent Glasser e Kataoka (1981).
É importante lembrar que estas reações ocorrem simultaneamente, sendo que os
pares dissociados produzidos na equação 4 são balanceados com compostos
alcalinos, mostrado na equação 3, formando um gel sílico-alcalino de forte caráter
expansivo (CARRILLO; PEREZ, 1984; HASPARYK, 2005; TAYLOR, 1997).
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
35
Além disso, é observado que o principal papel dos hidróxidos alcalinos na reação é a
elevação do pH do concreto, propiciando a quebra das ligações do siloxano pelas
hidroxílas.
O gel sílico-alcalino caracteriza-se por ser hidrófilo e sob condição de umidade
aumenta volumetricamente, gerando tensões suficientes para danificar a estrutura
do concreto (COLLINS, 2007; POOLE, 1992).
Nas Figuras 1.8 a 1.13, seguem ilustrações do desenvolvimento da reação álcali-
sílica no concreto.
Figura 1.8: Agregado reativo envolto pelo cimento.
Fonte: Collins et al. (2007).
Figura 1.9: Superfície do agregado atacada pelos íons OH
-
.
Fonte: Collins et al. (2007).
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
36
Figura 1.10: Grupo Silanol (Si-OH) dissociados.
Fonte: Collins et al. (2007).
Figura 1.11: Liberação das moléculas de SiO
-
e formação do gel ao redor do agregado.
Fonte: Collins et al. (2007).
Figura 1.12: O gel em umidade expande gerando tensões no concreto.
Fonte: Collins et al. (2007).
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
37
Figura 1.13: Estado de tensões e conseqüente formação de fissuras.
Fonte: Collins et al. (2007).
É importante lembrar que a ocorrência da reação é provocada na condição de
umidade, teor de álcalis na mistura e minerais reativos suficientes para ocasionar a
reação.
Outra particularidade da RAA é a reação álcali-silicato (RASS), caracterizada por
apresentar uma natureza mais lenta e complexa, sendo o tipo reação mais
comumente encontrado em barragens brasileiras e em blocos de fundação na
grande Recife (CICINELLI, 2008).
A interação reativa da RASS se entre os álcalis do cimento e alguns tipos de
silicatos encontrados em rochas sedimentares, metamórficas e ígneas.
Os agregados rochosos suscetíveis a este tipo de reação apresentam
fundamentalmente quartzo “tensionado” proveniente de processos tectônicos ou
minerais expansivos da classe dos filossilicatos, tais como vermiculitas, ilitas e
montmorilonitas expansivas (KIHARA, 1986).
O quartzo tensionado é atribuído como principal agente responsável da reação,
sendo caracterizado termodinamicamente por sua elevada entropia e identificado via
microscopia de luz polarizada pelo ângulo de extinção ondulante superior a 25°
(DOLAR-MANTUANI, 1981).
O terceiro tipo de reação característica expansiva, descoberta por Swenson (1957)
com características similares às descritas por Stanton (1940) é conhecida como
reação álcali-carbonato, existente entre agregados de natureza dolimítica e álcalis
do cimento.
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
38
Esta reação está presente em rochas carbonáticas, onde ocorre a desdolomitização
do calcário e o enfraquecimento da ligação pasta-agregado, decorrente da reação
entre dissoluções alcalinas e a dolomita. Hadley apud Kihara (1986) propôs o
seguinte equacionamento:
CaMg (CO
3
)
2
+ 2MOH Mg(OH)
2
+ Ca CO
3
+ M
2
CO
3
(5)
Os produtos formados na equação (5) interagem novamente com o carbonato
alcalino e o hidróxido de cálcio, regenerando o hidróxido alcalino:
M
2
CO
3
+ Ca(OH)
2
CaCO
3
+ 2MOH
(6)
Segundo Kihara (1986), nesta reação não ocorre a formação de um gel, sendo o
mecanismo de expansão decorrente da combinação de dois fenômenos: a
desdolomitização, que desestrutura a textura do calcário e a ocorrência de
argilominerais (ilita) que beneficiam a desagregação do agregado.
1.2.2 Considerações sobre o gel da RAA
O termo gel é definido como uma substância gelatinosa, resultante da coagulação
de um líquido coloidal (MICHAELIS, 2000).
A literatura da ciência dos materiais na engenharia civil utiliza este termo para
identificar o produto esbranquiçado formado pela RAA nos poros do concreto,
fissuras e interfaces pasta/agregado.
Este produto, de natureza sílico-alcalina se desenvolve continuamente no concreto,
sendo assim, pode-se dizer que seu processo de formação desenvolve-se em
diferentes estágios e em um deles o gel deixa de ser gelatinoso e torna-se sólido. A
designação química mais adequada para o gel no estado solidificado é dada pelo
termo xerogel (Figura 1.14).
Calcário
dolomítico
Hidróxido alcalino
(M = Na, K ou Li)
Brucita Calcita
Carbonato
alcalino
Carbonato
alcalino
Hidróxido de
cálcio
Carbonato
de cálcio
Hidróxido alcalino
regenerado
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
39
Figura 1.14: Detalhe do gel em poro preenchido e bordas de reação nos agregados
Em função do emprego do termo xerogel nas áreas da física e química, relacionados
a processos de sol-gel em sílica, optou-se pela adoção desta designação no
desenvolvimento do trabalho em substituição aos termos comumente utilizados: gel
e material esbranquiçado.
Outro ponto a ser abordado, relaciona-se a diversidade da composição química do
xerogel da RAA. Na literatura, os intervalo dos teores químicos de álcalis (Na
+
e K
+
),
cálcio e magnésio são muito variáveis ao passo que o percentual de lica (SiO
2
)
encontra-se num intervalo mais definido, conforme apresentado na Tabela 1.1.
Tabela 1.1: Composição química do gel da RAA (% massa)
Na
2
O K
2
O SiO
2
CaO MgO Referência
12,9 - 53,9 2,9 0,6 Stanton (1942)
14,9 5,2 61,7 0,6 0,0 Idorn (1961)
1,2 0,4 51,4 29,9 10,0 Poole (1975)
1.2 4,1 66,5 6,5 - Baronio (1983)
3,7 12,9 43,3 21,8 0,8
Mullick and
Samuel (1986)
2,53 16,8 60,9 0,7 0,2
2,46 17,0 60,3 1,1 0,2
3,79 19,2 54,6 0,9 0,0
4,77 15,6 61,1 0,3 0,0
Intervalo
1,2-14,9 0,4-19,2 43,3-66,5 0,3-29,9 0,0-10,0
Hasparyk (2006)
Fonte: Taylor (1992). Adaptado.
Este comportamento químico do xerogel, possivelmente relaciona-se com a
composição do agregado reativo e a forma de obtenção da amostra: exsudado
(externo) ou nos poros do concreto (interno).
Argamassa
Agregado
Xerogel
Borda de reação
A
A
A
A
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
40
Os aspectos químicos da RAA no concreto ainda são obscuros na ciência dos
materiais, sendo imprescindível o desenvolvimento de estudos científicos que
possibilitem o esclarecimento do comportamento da reação do concreto.
1.3 Reações deletérias adversas no concreto: mecanismos
químicos
1.3.1 Reação de carbonatação
A reação de carbonatação (carbonização ou neutralização) é uma das patologias do
concreto que se manifesta em condições semelhantes à RAA, uma vez que ambos
os fenômenos desenvolvem-se em condições de umidade, possuem elementos
químicos comuns e interagem nos poros do concreto.
A carbonatação é definida como um processo de neutralização da fase líquida
intersticial do Ca(OH)
2
e outros compostos alcalinos hidratados da pasta de cimento
pelo CO
2
, que para uma faixa de umidade
3
, precipita em carbonato de cálcio (SILVA,
2007).
O mecanismo de transporte do dióxido de carbono no interior do concreto se por
difusão, de maneira lenta, combinando-se inicialmente com os álcalis livres e o
hidróxido de cálcio, seguido do processo de formação do carbonato de cálcio. O
Ca(OH)
2
caracteriza-se por ser um composto menos solúvel que os compostos
alcalinos do cimento, encontrando-se nos poros na forma de cristais, enquanto os
álcalis apresentam-se dissolvidos na forma de íons.
Segundo Gomes (2006) a ocorrência natural da carbonatação ocorre devido a
solubilização do CO
2
, conforme apresentado na equação 7:
2
333222
2
++
+++ COHHCOHCOHOHCO
(7)
3
Segundo SILVA (1958 apud VERBEC, 2007, p. 7) a carbonatação ocorre em faixas de umidade ideais de 50% a
75%, para valores menores que 25% a reação é incipiente e maiores que 75% a umidade restringe a penetração de CO
2.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
41
Secundariamente, os produtos formados interagem quimicamente com os álcalis e o
hidróxido de cálcio, formando carbonatos alcalinos e de cálcio (equações 8 e 9):
2M + OH
-
+ HCO
3
-
M
2
CO
3
+ H
2
O
(M = Na
+
ou K
+
)
(8)
Ca
+
+ OH
-
+ HCO
3
-
CaCO
3
+ H
2
O
(9)
A solubilidade do CaCO
3
está relacionada à concentração de hidroxilas (OH
-
), de
modo que a interação química inicial ocorre com os álcalis (NaOH e KOH) e
posteriormente com o Ca(OH)
2
.
O comportamento comum da carbonatação é o da alteração do pH do concreto de
12,5 para valores inferiores a 9,0, ocasionado pelo consumo de hidroxilas, conforme
mostrado nas equações 8 e 9.
Segundo Ramachandran et al. (2002) o carbonato de cálcio precipita nas paredes
dos poros do concreto e a alteração do pH ocasiona eventuais interações químicas
com os produtos de hidratação do cimento, tais como aluminatos, gel de silicato de
cálcio hidratado (C-S-H) e sulfoaluminatos.
Silva (1992) apud Papadakis et al. (2007, p.11) cita que o processo de carbonatação
não depende somente do hidróxido de cálcio, mas também do C-S-H que possui
CaO. Taylor (1990) afirma que a reação de decomposição do C-S-H ocorre
conjuntamente ao processo de carbonatação, sendo este fenômeno expresso na
equação 10:
x CaO.SiO
(aq)
+ z H
2
O
y Ca
2+
+ 2OH
-
+ (x-y) CaO.SiO
(aq)
(CaO.SiO(aq) = C-S-H)
(10)
Na Figura 1.15 é apresentado um esquema da reação de carbonatação no interior
dos poros do concreto e a formação da frente de carbonatação indicada pelo pH:
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
42
Figura 1.15: Processo de carbonatação.
Fonte: Cascudo (1991 apud SPERT,2003). Adaptado.
É importante lembrar que o comportamento do pH possibilita uma distinção entre a
carbonatação e reação álcali-agregado, que na primeira se tem uma diminuição
deste fator enquanto na segunda este permanece inalterado.
Na prática a determinação do pH no concreto pode ser facilmente realizada pelo uso
dos indicadores químicos de pH: fenolftaleína, timolftaleína e amarelo de alizarina.
O uso destes indicadores no concreto identifica regiões mais alcalinas com
colorações diferenciadas (Tabela 1.2) e nas menos alcalinas a incolor fator
determinante da profundidade de carbonatação (Figura 1.16).
Tabela 1.2: Indicadores de pH.
Indicador de pH
Intervalo de viragem
ácido/base
Indicativo de cor
ácido base
Fenolftaleína pH 8,0 – 9,8 violeta
Incolor
Timolftaleína pH 9,3 – 10,5 azul
Amarelo de alizarina GG pH 10,0 – 12,0
amarelo
escuro
Amarelo
claro-
Amarelo de alizarina R pH 10,1 -12,0
vermelho
alaranjado
Fonte: <http://antoine.frostburg.edu/chem/senese/101/acidbase/indicators.shtml>.
Acesso em: 22 jan. 2009.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
43
Figura 1.16: Medida da profundidade de carbonatação - teste fenolftaleína.
Fonte: Gomes (2006).
Os intervalos de mudança de cor (viragem) sugerem o uso da fenolftaleína como
indicador favorável a determinação de valores de pH mais baixos, sendo usualmente
o mais utilizado na avaliação da carbonatação por ter baixo custo, facilidade de uso
e relativa precisão (SILVA, 2007).
É importante lembrar que o fenômeno de carbonatação não é perceptível a olho nu
no concreto, sendo o teste de pH um indicador da frente de evolução da reação.
Além disso, a reação também provoca efeitos de retração e melhora a capacidade
resistiva no concreto. (AGUIAR, 2006; HELENE, 2003).
Segundo Aguiar (2006), a comprovação das áreas carbonatadas também pode ser
feita por análises de difração de raios-X, análise térmica diferencial, termografia e
observação microscópica.
Contudo o efeito deletério da carbonatação está associado ao efeito secundário da
corrosão na armadura do concreto, gerando o aparecimento de manchas, fissuras,
destacamentos do concreto e redução da seção resistente de maneira a promover o
colapso de estruturas.
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
44
1.3.2 Mecanismo de lixiviação e eflorescências
A lixiviação é um fenômeno decorrente da ação de águas puras
4
, carbônicas
agressivas e ácidas que dissolvem e carreiam as cadeias de compostos hidratados
do concreto.
Segundo Thomas (2008), a portlandita (Ca(OH)
2
)
resultante do processo de
hidratação do cimento é solúvel em água, sendo facilmente lixiviada por águas
puras, cujo poder de dissolução é maior, devido ao baixo teor de sais solubilizados.
As eflorescências (Figura 1.17) são depósitos de sais carreados pelo mecanismo de
lixiviação para fora do concreto, cristalizados pela evaporação da água de transporte
ou pela interação química com o CO
2
,
presente na atmosfera.
Os principais indícios de lixiviação são as formações de eflorescências, usualmente
de carbonatos de cálcio, que podem apresentar retenção de fuligem e risco de
formação de fungos e bactérias (HELENE, 2003b).
O carbonato de cálcio formado pela interação química do Ca(OH) com o CO
2
é
caracterizado como uma eflorescência de cor esbranquiçada, sendo facilmente
identificado com a aplicação de gotas de ácido clorídrico.
O mecanismo químico da identificação do carbonato de cálcio pela solução de HCl é
mostrado na equação 11:
2HCl
(aq)
+ CaCO
3
(s)
CaCl
2
(aq)
+ H
2
O + CO
2
(g)
(11)
A efervescência é ocasionada pela formação do dióxido de carbono, possibilitando a
identificação do material lixiviado do concreto como um sal carbonático.
Uma das conseqüências da lixiviação no concreto é o aumento da sua porosidade e
diminuição da resistência, possibilitando a ocorrência de outras manifestações
patológicas que, como conseqüência, afeta a durabilidade das estruturas.
4
Oriunda da condensação de neblina ou vapor d’ água são mais agressivas por conterem pouco ou nenhum íon
cálcio
que, em contato na pasta de cimento dissolvem os produtos contendo cálcio promovendo a lixiviação.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
45
(a) (b)
Figura 1.17: Depósitos de carbonato e formação de estalactites. a) Reservatório de Santa
Efigênia - Curitiba/PR, b) Barragem dos Estados Unidos.
Fonte: <http//www.altoqi.com.br>.Acesso em: 18 jan.2009.
Outro fator preponderante é a alteração no pH do concreto, decorrente da
diminuição da alcalinidade do extrato aquoso dos poros superficiais no componente
estrutural, ocasionando o risco de despassivação da armadura (HELENE, 2003b).
1.3.3 Ataque por sulfatos
O ataque de sulfatos no concreto é um fenômeno químico provocado entre íons
sulfatos (SO
4
2-
) e compostos hidratados da pasta de cimento - principalmente
hidróxido de cálcio e fases aluminatos - formando compostos de etringita e gipsita,
que geram fissurações e degradações no concreto.
Os sulfatos são comumente encontrados em águas naturais, industriais e nos solos
na forma de sulfatos de magnésio e alcalinos (REIS, 2001).
Segundo Aguiar (2006), os sulfatos podem ter origem nos próprios constituintes do
concreto: água de amassamento, agregados e aglomerantes, ou no contato do
concreto com o solo ou águas ricas com este agente agressivo. O autor ainda cita
que a difusão iônica ou sucção capilar é a forma com que os sulfatos podem
penetrar internamente no concreto.
Taylor (1990) diz que a interação química dos sulfatos (Na
2
SO
4
e MgSO
4
)
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
46
dissolvidos em solução e as fases sólidas da pasta de cimento são obscuras, visto
que as reações entre cátions e ânions são independentes, tendo como exemplo, o
Na
2
SO
4
e MgSO
4
que podem causar ataque de sulfatos e fenômenos conjuntos da
RAS e formação de brucita, respectivamente.
Segundo Taylor (1990), Mehta e Monteiro (2008) o hidróxido de cálcio e as fases no
aglomerante que possuem alumina são os mais vulneráveis ao ataque por íons
sulfatos.
A reação química dos sulfatos no concreto ocorre com o hidróxido de cálcio e os
aluminatos. As fases aluminatos da pasta hidratada se apresentam na forma de
monosulfatos hidratados, C
3
A.CS.H
18
e C
3
A.CH.H
18
(química do cimento
5
) que
interagem de acordo com o teor de C
3
S. Na interação química entre os íons sulfatos,
o Ca(OH)
2
e as fases aluminatos produzem a etringita (C
3
A.3CS.H
32
), conforme
apresentado nas equações 12 e 13:
32
_
3
_
183
.3.32.. HSCACSCHHCHAC ++
(12)
32
_
3
_
18
_
3
.3.1222.. HSCACHSCHHSCAC +++
(13)
A expansão da etringita pode ser ocasionada pelo crescimento de seus cristais ou
pela adsorção de água em meio alcalino por uma etringita pouco cristalina (MEHTA;
MONTEIRO, 2008).
A gipsita é outro produto formado pela reação dos íons sulfatos, sendo o processo
de formação diferenciado da etringita, pois caracteriza-se por reduzir o pH do
concreto, seguido de expansões e fissurações e conversão final do concreto em
uma massa pastosa e não coesiva.
Segundo Mehta e Monteiro (2008), de acordo com o tipo de cátion associado à
solução de sulfato (Na
+
, K
+
ou Mg
2+
) tanto o hidróxido de cálcio quanto o C-S-H
podem formar a gipsita, conforme apresentado nas equações 14, 15 e 16:
NaOH
O
H
CaSO
O
H
OH
Ca
SO
Na
2
2
.
2
)
(
242242
+
+
+
(14)
5
Na química do cimento, os compostos químicos de CaO, SiO
2
, Al
2
O
3
, SO
3
, H
2
O são expressos respectivamente
como: C, S, A,
S
, H.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
47
224224
)
(
2
.
2
)
(
OH
Mg
O
H
CaSO
O
H
OH
Ca
MgSO
+
+
+
(15)
+
+
O
H
O
H
SiO
CaO
MgSO
2224
8
3
.
2
.
3
3
O
H
SiO
OH
Mg
O
H
CaSO
22224
.
3
)
(
3
)
2
.
(
3
+
+
(16)
Os autores destacam que a reação com o sulfato de magnésio é mais severa
ao concreto, pois na formação da gipsita também forma-se o Mg(OH)
2
, que é
insolúvel e altera a alcalinidade do sistema, diminuindo o número de hidroxilas
– pH~10,5 (LEA, 1970) – e afetando a estabilidade do C-S-H que acaba
reagindo com sulfatos (eq. 16).
Na Figura 1.18 apresentam-se fissuras e alterações da rigidez de concretos
atacados por sulfatos:
(a) (b)
Figura 1.18: Reação com sulfatos. a) Fissuração na base de concreto da torre de rede
elétrica, b) Degradação do concreto da Barragem Fort Peck (Montana), 1971 pela formação
de gipsita – identificada por DRX.
Fonte: (a) Colepardi (1990), (b) Mehta e Monteiro (1994) apud Lima (2007).
A identificação laboratorial da ocorrência do ataque de sulfatos pode ser
diagnosticada por técnicas de petrografia, difração de raios X e microanálises em
MEV e EDS.
Na prática pode-se identificar um concreto atacado por sulfatos ou cloretos por
alterações de coloração, fissurações e, em casos extremos, desagregação da
massa do concreto (CÁNOVAS, 1988).
Brucita
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
48
1.3.4 Ataque interno por sulfatos (etringita secundária)
O ataque interno por sulfatos ocorre da mesma forma que a reação deletéria
apresentada no item 1.3.3, havendo a formação de etringita “secundária”,
ocasionada por íons sulfatos originários do próprio concreto (interno) ao invés de
fontes externas.
O termo etringita secundária ou tardia está associado à formação de sulfatos
internos à pasta de concreto endurecido em longas idades, enquanto que a primária
refere-se a sua formação nas primeiras idades do concreto onde se iniciam as
reações de hidratação da pasta.
Odler (1997, apud ARMANGE, 2005) usa o termo etringita externa quando o
processo de formação é ocasionado pela migração externa de íons sulfatos ao
concreto, decorrentes do ataque convencional de sulfatos.
Segundo Ramachandran et al. (2002) o ataque interno por sulfatos é comumente
encontrado em concretos curados à vapor em fábricas de pré-moldados. A
formação da etringita, neste caso, é atribuída à transformação de
monosulfoaluminatos em etringita quando a cura a vapor é seguida por uma cura
normal a longas idades.
Os autores ainda afirmam que os cristais de etringita estão usualmente presentes
em fissuras, poros e regiões de interface pasta/agregado, causando expansões e
fissurações no concreto.
Diversos autores citam a formação de etringita secundária em concretos afetados
pela reação álcali-sílica.
Pettifier e Nixon (1980, apud HELMUTH,1993) identificaram ocorrências
simultâneas das reações de sulfatos e RAS em diversas amostras de concreto,
sugerindo que a formação da etringita provoca o aumento do nível de hidroxilas na
solução dos poros do concreto, de forma a inicializar ou facilitar a ocorrência da
RAS.
Poole (2003) cita a formação da etringita secundária em geles da RAS e em regiões
fissuradas de concretos afetados, indicando um nível da reação mais avançada. O
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
49
autor ainda supõe que o transporte dos íons sulfatos se pela água que hidrata o
gel da RAS, proporcionando o desenvolvimento e crescimento dos cristais de
etringita.
Hasparyk (2005) observou em estudos do gel da RAA em testemunhos de
concretos da UHE Furnas, formações etringita secundária nos poros do concreto
em microanálises.
Owsiak (2003) identificou em estudos acelerados em barras de argamassa (ASTM
C-1260) compostas com cimentos diversificados, a formação de etringita em poros
do concreto e regiões fissuradas sem alterações nos níveis de sulfatos da amostra.
A sobreposição dos fenômenos patológicos mostra que o concreto possui
interações químicas ainda obscuras, tornando imprescindíveis pesquisas científicas
em nível químico e microestrutural para um melhor entendimento destas
manifestações.
1.3.5 Reações envolvendo sulfatos e carbonatos
A composição das reações de ataque de sulfatos e carbonatação podem formar um
composto de sulfocarbonato de cálcio e sílica hidratada, chamado de taumasita
(CaSi(OH)
6
(SO
4
) (CO
3
).12H
2
O).
Segundo Taylor (1992), a estrutura cristalina e a morfologia da taumasita é
semelhante à etringita e sua formação causa enfraquecimento e fissuração no
concreto ou argamassa.
A formação deste composto, ocorre pela decomposição de silicatos hidratados (C-S-
H) em condições de baixa temperatura (4
o
C) e umidade (FERREIRA, 2000;
RAMACHANDRAN, 2002; TAYLOR, 1992), sendo sua ocorrência no concreto
constatada por análise térmica diferencial (DTA) e análise termogravimétrica (TG)
(RAMACHANDRAN, 2002).
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
50
1.4 Sintomatologias das reações deletérias do concreto
A sintomatologia refere-se à avaliação das manifestações patológicas a partir dos
sintomas observados em estruturas degradadas. No concreto, os sinais observados
podem indicar as causas decorrentes de fissurações, expansões, fraturas,
mudanças de coloração, eflorescências e desagregações.
É importante lembrar que as causas das manifestações no concreto podem decorrer
de deficiências de projeto, execução, uso, manutenção e falta de estudos
preliminares dos materiais constituintes do concreto de acordo com o ambiente de
exposição da estrutura.
No tocante a patologias relacionadas à RAA, sabe-se que as fissuras são os
sintomas mais comuns aos fenômenos de carbonatação e ao ataque de sulfatos. A
diferenciação pode ser realizada em função do conjunto de distúrbios internos e
superficiais observados no concreto.
Um auxílio para a constatação das patologias em campo é o emprego de agentes
químicos tonificantes. Usualmente se emprega a fenolftaleína (item 1.3.1),
possibilitando um diagnóstico inicial da carbonatação e o kit colorimétrico
(cobaltonitrito e rodamina) que fornece indícios da RAA.
Na Figura 1.19 são apresentados sintomas individuais e comuns entre as patologias:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
51
Figura 1.19: Sintomatologia das reações
O diagnóstico de manifestações patológicas nas inspeções visuais possibilita a
avaliação inicial do concreto, contudo tornam-se necessários ensaios laboratoriais
específicos no concreto para possibilitar um parecer mais preciso do tipo de agente
agressivo envolvido.
Além disso, podem ocorrer reações deletérias simultâneas ou seqüenciais, pois as
estruturas químicas envolvidas nas reações são semelhantes e como os fenômenos
ocorrem em condições de umidade, uma vez instaurado um processo de fissuração,
outros agentes agressivos podem atuar secundariamente.
Na Tabela 1.3 seguem os elementos químicos envolvidos nas reações deletérias
atuantes no concreto e os ensaios usualmente empregados nos diagnósticos
definitivos:
Capítulo 1 - Aspectos gerais da RAA no concreto
52
Tabela 1.3: Agentes químicos atuantes e sintomatologia em análises laboratoriais.
Patologia RAS Carbonatação
Lixiviação
Ataq. sulfatos
ASPECTOS QUIMICOS RELEVANTES
Agentes
químicos
Na
+
, K
+
, Ca
2+
,
SiO
-
Na
+
, K
+
, Si, Ca
2+
, HCO
3
-
Na
+
, K
+
, Si, Ca
2+
,
Mg
2+
, SO
4
2-
Reação
conjunta
C
3
A.3CS.H
32
(etringita secundária)
C-S-H
(silicatos hidratados)
C-S-H e RAA
Produto
formado*
SiONa
[e]
CaCO
3
[i]
C
3
A.3CS.H
32
/
CaSO
4
.2H
2
O
[e]
pH Inalterado < 9,0
~10,5
(formação de gipsita)
Origem dos
reagentes
Água+Materiais
constituintes
Ar (CO
2
)+Produtos hidratados
do concreto
Água+Solos+Materiais
constituintes
Ambiente
favorável
Úmido
Umidade (50%
a 75%)
Úmido Úmido
Interação
Agregado/
Cimento/Ambiente
Ambiente/
Concreto
Ambiente/
Concreto
Ocorrência
da reação
Poros e interface
pasta/agregado
Poros do concreto
Poros, pasta e
interface
pasta/agregado
ENSAIOS LABORATORIAIS
Visualização
microscópica
Preenchimento dos
poros, bordas de
reação nos agregados
Sem constatação nos poros
do concreto (carbonatação)
Verificação da
presença de etringita
Petrografia
Minerais
reativos/Poros do
concreto/fissurações
em pasta e
argamassa
n/c
Verificação da
presença de etringita
DRX
Verificação de
compostos cristalinos
presentes no gel.
Confirmação da presença de
carbonatos de cálcio
(cristalino)
Verificação de
presença de etringita
e gipsita
MEV/EDS
Confirmação
morfológica e química
do gel e outras
estruturas nos poros e
interface do concreto
Confirmação morfológica e
química de carbonatos nos
poros do concreto
Confirmação
morfológica e química
da etringita ou gipsita.
*Condição: expansivo[e] e indiferente [i]
n/c: não consta registro bibliográfico sobre o assunto
53
Capítulo
2
M
M
É
É
T
T
O
O
D
D
O
O
Q
Q
U
U
A
A
L
L
I
I
T
T
A
A
T
T
I
I
V
V
O
O
P
P
A
A
R
R
A
A
A
A
V
V
A
A
L
L
I
I
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
D
D
A
A
R
R
A
A
A
A
E
E
M
M
C
C
A
A
M
M
P
P
O
O
Os métodos laboratoriais de caracterização da RAA possibilitam verificar a presença
da reação no concreto e a potencialidade reativa do agregado. Na prática, pode-se
verificar a presença da reação numa estrutura afetada, de maneira imediata por
meio de métodos qualitativos, constituídos por reagentes químicos que formam
colorações características nas regiões afetadas do concreto. Neste capítulo são
abordados estes métodos, em especial o método da mancha (geoquímico),
destacando-se os princípios e benefícios que propiciaram a sua escolha no
desenvolvimento deste trabalho.
2.1 Método do acetato de uranila ou método Cornell
O método do acetato de uranila, desenvolvido por Natesaiyer e Hover em 1988 e
normalizado pela ASTM C-856, foi uma importante contribuição prática para a
identificação da RAA in situ, possibilitando um diagnóstico imediato da reação em
estruturas afetadas.
O princípio do método baseia-se na identificação do xerogel da RAA pelo íon uranila,
que em função de sua propriedade de fluorescência na presença de luz ultravioleta,
forma colorações amarelo-esverdeadas nas regiões afetadas do concreto.Segundo
Natesaiyer e Hover (1989) os íons uranila (UO
2
2+
) substituem previamente os íons
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
54
Na
+
, K
+
e Ca
2+
existentes na composição do xerogel, proporcionado fases reluzentes
em grandes áreas superficiais, geradas por numerosas adsorções
6
locais.
Os autores ainda afirmam que os produtos da RAA são exclusivamente identificados
pelos íons uranila adsorvidos, não sendo observadas fluorescências das fases de
hidratação do cimento.
Natesaiyer e Hover (1988) citam 3 fatores preponderantes que favorecem o uso da
uranila: troca na adsorção com produtos da RAA, sorpção
7
rápida do íon (5 min) e
suas propriedades de fluorescência.
Na prática, o método utiliza o acetato de uranila [UO
2
(C
2
H
3
O
2
)
2
] na superfície do
concreto afetado, que adsorve a uranila para troca negativa com o xerogel. A
visualização nas regiões do concreto afetadas pela RAA sob a luz ultravioleta é
apresentada na Figura 2.1.
Figura 2.1: Amostra submetida ao tratamento com acetato de uranila
Fonte: Powers (1999).
Powers (1999) cita as dificuldades de interpretação visual de amostras impregnadas
com acetato de uranila, pois a coloração característica da RAS também pode ser
observada em regiões carbonatadas e em depósitos secundários de etringita.
6
Adsorção é a adesão de moléculas de um fluido a uma superfície sólida. Neste caso, por ação química
(quimissorção) as moléculas unem-se por ligações covalentes, acomodando-se em sítios que propiciem o maior
numero de coordenação possível com o substrato.
7
Sorpção é o fenômeno de absorção e adsorção em líquidos (PHILLIPS, 1993 apud HEN, 2001)
Capítulo 2 - Método qualitativo para avaliação da RAA em campo
55
A autora ainda cita a necessidade de conhecimento e experiência visual do operador
neste método, sendo necessárias análises petrográficas e exames físico-químicos
complementares para identificar a RAA.
Outro fator a ser considerado refere-se aos perigos causados pela radiação do
composto de uranila. Segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo-
CETESB (2009), o acetato de uranila não apresenta perigo por irradiação direta,
sendo sua periculosidade provocada a curto e longo prazo em casos de contato
direto, respiração e ingestão.
Guthrie e Carey (1997) também citam as dificuldades deste método quanto aos
problemas causados pela exposição do operador com soluções contendo urânio
radioativo e a necessidade de destinação do resíduo formado.
2.2 Método do sulfato de cupramônio
O método do sulfato de cupramônio, desenvolvido por Poole, MacLachlan e Ellis
(1987), é uma técnica colorimétrica que avalia a reatividade de agregados e
concretos pela identificação visual de colorações azuladas nas regiões que possuam
formações do gel da RAA.
Estes pesquisadores realizaram estudos laboratoriais em agregados contendo
minerais de chert e opala, produzindo um gel em laboratório, a partir da aplicação de
compostos de sulfato de cupramônio e ácido clorídrico em agregados moídos, e
estimando o volume de gel presente nas amostras em função da intensidade de cor
azul absorvida por um espectrofotômetro.
A reação química do sulfato de cupramônio em amostras de agregado e concreto
ocorre em condições específicas de ensaio, sendo que o composto participa como
um componente alcalino da RAA, incorporando os íons cobre no gel da reação
(POOLE; MACLACHLAN; ELLIS, 1987). A formação da cor azul no gel ocorre pela
aplicação secundária da amônia nas amostras, ocasionando na recomposição do
sulfato de cupramônio (equação 17):
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
56
CuSO
4
+ 4NH
3
+ H
2
O
Cu(NH
3
)
4
SO
4
.H
2
O
(azul)
(17)
Na prática, este método não proporciona uma coloração distinta das regiões
afetadas pela RAA, tornando difícil o diagnóstico da reação no concreto (BENNETT,
2004; POOLE, 1992).
Poucas são as bibliografias que citam a aplicação desta metodologia na avaliação
da RAA, sendo claramente apresentada como uma técnica laboratorial que estima o
grau de reatividade do agregado.
2.3 Método colorimétrico ou método da mancha
2.3.1 Método colorimétrico de identificação de certos minerais em
rochas
O método colorimétrico aplicado na identificação da RAA em amostras de concreto
teve seu embasamento na técnica desenvolvida por Gabriel e Cox (1929), a qual
quantificava os feldspatos potássicos em rochas pela aplicação de uma solução
saturada de cobaltonitrito de sódio [NaCo(NO
2
)
6
] em amostras moídas de agregados
condicionados em lâminas de contagem microscópica.
Nesta metodologia, os feldspatos de potássio eram distinguidos pela formação do
precipitado amarelado, enquanto os demais minerais apresentavam-se incolores
(quartzo), brancos (plagioclásios ou micas - biotitas) ou pretos (micas - muscovitas),
quando observados na luz transmitida via microscopia ótica.
Esta técnica foi mais tarde aprimorada por Bailey e Stevens (1960) com a adição de
reagentes químicos de cloreto de bário e rodizonato de potássio, que formavam o
rodizonato de bário nos plagioclásios, identificando-os pela cor avermelhada e,
distinguindo as regiões com feldspatos de potássio de cor amarela.
Lanis, Stevens e Normam (1964, apud MCMOONIGLE,2007) propuseram como
segundo reagente o composto de Amarante [C
20
H
11
N
2
Na
3
O
10
S
3
], tendo em vista a
melhor distinção dos plagioclásios nas amostras de agregado, sendo atualmente
Capítulo 2 - Método qualitativo para avaliação da RAA em campo
57
uma das técnicas usualmente empregadas no estudo dos feldspatos de potássio. Na
Figura 2.2 é ilustrada a ação dos agentes tonificantes em uma amostra.
(a) (b)
Figura 2.2: Determinação de potássio da rocha de granodiorito.
a) rocha natural, b) Detecção do feldspato de potássio (amarelo) e plagioclásio (vermelho)
Fonte: McMonigle (2007).
Diversos pesquisadores (BAILEY; STEVENS, 1960; GABRIEL; COX, 1929;
MCMONIGLE, 2007) citam a necessidade do uso do ácido fluorídrico no processo
de preparação das amostras de maneira a tornar a superfície susceptível aos
reagentes.
Segundo McMonigle (2007), a molécula de HF ataca o Si-O, quebrando-a em O-H e
Si-F, e liberando os íons de cálcio (plagioclásio) e potássio (k-feldspatos). A camada
de silicato estruturada é quebrada (primeiro plano), havendo outras camadas do
mineral.
É importante lembrar que o processo de coloração pelo cobaltonitrito de sódio,
ocorre pela interação do potássio exposto com o Co(NO
2
)
3-
6
, cujo produto formado é
um precipitado amarelado de cobaltonitrito de potássio. O processo químico de
formação do composto será descrito detalhadamente no item 2.3.2.1.
No caso de outros regentes como o amarante, quimicamente designado como um
álcool, ocorre a perda de hidrogênio do composto, tornando-se uma cetona, cujos
elétrons conjuntos com o átomo de nitrogênio interagem com o cálcio dos minerais
da classe plagioclase. Desde que o íon de cálcio esteja embebido com a cadeia de
silicato, a molécula de amarante forma um precipitado vermelho na face do mineral
plagioclásio.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
58
2.3.2 Método colorimétrico de identificação da RAS
Uma das técnicas de identificação rápida da reação álcali-sílica é conhecida como
método da mancha, colorimétrico ou geoquímico, comumente empregado em
ensaios de campo ou laboratoriais, uma vez que possibilita uma constatação visual
da reação.
Figura 2.3: Teste colorimétrico em concreto afetado pela RAA, seqüência de impregnação:
1) Solução Na-cobaltonitrito, 2) Solução rodamina B base e 3) Constatação da RAA
Fonte: Acervo Companhia Energética de São Paulo- CESP (2005).
Desenvolvido pelos pesquisadores Guthrie e Carey em 1996, este método baseia-se
na identificação de potássio e cálcio associados ao xerogel da RAS, empregando-se
reagentes químicos tonificantes que identificam regiões afetadas do concreto com
colorações amarelada e rósea, respectivamente.
O termo geoquímico também designado ao método enfatiza o conceito de que o
mesmo baseia-se nas características geoquímicas do xerogel, variável em função
das propriedades dos agregados constituintes do concreto: tipos de átomos
presentes (composição química) e arranjo atômico estrutural.
1
2
3
Capítulo 2 - Método qualitativo para avaliação da RAA em campo
59
Estudos de Guthrie e Carey (1997), em amostras de concreto do Novo México
afetadas pela RAA, indicaram o potássio como tion alcalino dominante nas
microanálises por EDS do xerogel. Em contrapartida, o silicato de cálcio hidratado
produzido nas fases de hidratação do cimento não continha quantidade considerável
de potássio. A presença do lcio também foi comumente notada em análises do
xerogel da RAS e C-S-H.
O mecanismo químico de identificação dos reagentes químicos empregados, seu
comportamento em regiões afetadas pela RAA e a forma de identificação visual da
reação no concreto são imprescindíveis para o entendimento deste método, sendo
sucintamente detalhado nos itens a seguir.
2.3.2.1 Reagente 1: cobaltonitrito de sódio
Assim como citado no item 2.3.1, a origem do uso do cobaltonitrito de sódio como
reagente colorimétrico advém da ciência geológica de identificação de potássio em
rochas feldspáticas.
Este composto é comumente conhecido em análises químicas para determinação do
potássio contido em soluções, sendo a identificação decorrente da formação de um
precipitado amarelo no gel da RAA.
Na reação química do reagente no concreto ocorre a interação do mesmo com íons
potássio presentes no gel da RAA, resultando na formação cobaltonitrito de potássio
(precipitado amarelo). O equacionamento químico é mostrado nas equações 18 e
19:
Na
3
[Co(NO
2
)
6
] + 3K
+
K
3
[Co(NO
2
)
6
]
+ 3Na
+
(18)
Na
3
[Co(NO
2
)
6
] + 2K
+
K
2
Na[Co(NO
2
)
6
]
+ 2 Na
+
(19)
A composição do precipitado pode variar entre K
2
Na[Co(NO
2
)
6
] e K
3
[Co(NO
2
)
6
],
dependendo da concentração dos íons sódio na amostra e da temperatura no caso
do estudo de soluções.
Segundo Vogel (1981), em alguns casos podem ocorrer o aparecimento de
diferentes colorações em soluções com reagentes de cobalto. Um destes casos
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
60
ocorre quando a dissociação do cobalto em solução é impedida, tornando-se
gradualmente azul. Um segundo tipo de comportamento é a formação da coloração
rósea, decorrente do excesso de álcalis em solução e a última é a formação da cor
marrom-escura decorrente da interação de Co(OH)
2
com o ar.
As reações químicas envolvidas são mostradas nas equações 20, 21 e 22:
Co
+2
+ OH
-
+ NO
3
-
Co(OH)NO
3
(azul)
(20)
Co(OH) NO
3
+ OH
-
Co(OH)
2
(rosa)
+ NO
3
-
(21)
4 Co(OH)
2
+ O
2
+ H
2
O
4 Co(OH)
3
(marrom escuro)
(22)
No concreto afetado pela RAA este reagente identifica a melhor perspectiva de
visualização do gel da reação rico em potássio, sendo o precipitado amarelado
localizado ao redor dos agregados e nos vazios na massa de concreto.
Estudos realizados por Guthrie e Carey (1997) mostraram em concretos afetados
pela reação, a notória impregnação do reagente resultando colorações amareladas
em regiões com o xerogel da reação. As análises petrográficas identificaram regiões
impregnadas, associadas aos agregados reativos, fraturas e poros contendo
xerogel. Notou-se também a alteração da cor característica do gel nos poros,
passando de branco/translúcido à amarelo.
Estes pesquisadores ainda realizaram microanálises por MEV/EDS no xerogel da
RAA impregnado com o reagente tonificante, confirmando a presença de potássio
suficiente para causar a fixação do cobalto. Apresenta-se na Figura 2.4 a
microanálise por EDS do gel, indicando a predominância de sílica, potássio e cálcio,
e em menor quantidade, cobalto (reagente), alumínio e sódio.
Figura 2.4: Análise por EDS do gel impregnado com cobaltonitrito de sódio
Fonte: Guthrie e Carey (1997).
Capítulo 2 - Método qualitativo para avaliação da RAA em campo
61
Outra observação importante foi a possível correlação entre a extensão da reação
no concreto e a quantidade da coloração amarelada, proporcionando rapidez na
estimativa da extensão da RAA. A severidade da reação se torna evidente na
quantidade de grãos reativos afetados, no desenvolvimento da reação em um grão
isolado (profundidade de penetração da coloração), pelo número de poros
preenchidos e pela penetração da cor na matriz da pasta (GUTHRIE; CAREY,1997).
Em estudos subseqüentes de Guthrie e Carey (1999), foram realizadas algumas
considerações à pasta de cimento, sendo identificado baixas concentrações de
potássio, ocasionando presença irrisória do produto amarelado nestas regiões
(Figura 2.5a). Contudo, a distribuição do precipitado amarelo no concreto foi
evidente nas bordas e internamente aos agregados (Figura 2.5b).
Os autores ainda sugerem, em alguns casos, a associação das frentes de
progressão da reação em regiões distintas do agregado.
(a) (b)
Figura 2.5: Coloração cobaltonitrito de sódio no concreto afetado pela RAA.
a) Argamassa e b) Bordas de reação no agregado
Fonte: Guthrie e Carey (1999).
É importante lembrar que os falsos positivos são incomuns nesta técnica, pois
apenas materiais que podem realizar trocas catiônicas com o potássio é que se
tornam amarelados. A ação do reagente nas rochas comumente formadas por
minerais como feldspatos, micas e ilitas permanece negativa (sem coloração),
contudo em minerais pouco comuns, como a smectita e zeolitas ricas em potássio, o
comportamento pode ser positivo.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
62
Ainda não se tem registro de critérios de avaliação do comportamento de coloração
do cobaltonitrito de sódio com o grau de degradação em estruturas de concreto.
Contudo, Powers (1999) cita a inviabilidade da adoção de critérios de degradação no
método da mancha, visto que supostamente o gel da RAA poderia migrar da área
que foi produzido e concentrar-se em superfícies ou fraturas do concreto e assim a
superfície tonalizada pode ser exagerada, afetando na avaliação da deteriorização
da amostra.
2.3.2.2 Reagente 2: rodamina B base
A superfície do concreto tratada com o reagente 1 possibilita uma identificação inicial
do gel da reação, sendo contudo necessário empregar um segundo reagente para
facilitar a distinção das regiões de interesse a serem observadas.
O segundo reagente empregado no concreto é um corante - rodamina B base, cuja
interação química ocorre com as porções ricas em cálcio presentes no gel e, em
alguns compostos existentes na pasta do concreto, tonificando-as com a coloração
rósea.
O aspecto visual obtido com este reagente gera um alto contraste na amostra
impregnada com o reagente 1, possibilitando uma melhor avaliação visual das
regiões de interesse, anteriormente identificadas (Figura 2.6a). Outras regiões que
possuem Ca
+
também podem ser identificadas com a cor rosa, conforme observado
na Figura 2.6b.
Capítulo 2 - Método qualitativo para avaliação da RAA em campo
63
(a) (b)
Figura 2.6: Coloração rósea da rodamina B base no concreto afetado pela RAA
a) Distinção de regiões com reação, b) Coloração em regiões não afetadas pela reação.
Fonte: Guthrie e Carey (1999).
Estudos realizados por Guthrie e Carey (1999), com componentes rodaminícos em
amostras deterioradas de concreto, resultaram na escolha da rodamina B base
como reagente ideal. Os compostos avaliados foram a rodamina 6G, B e B base,
indicando a rodamina B base como reagente de identificação menos agressivo que a
rodamina 6G e B, impregnando as regiões deterioradas e permitindo uma melhor
distinção da RAA no concreto.
Estes autores ainda afirmaram que todos os compostos rodamínicos impregnam
regiões do concreto não afetados pela reação (Figura 2.6b), sendo que em alguns
casos o concreto pode não conter a reação, porém apresentaria alguns sinais de
deterioração suscetíveis aos compostos rodamínicos. Nestes casos, a coloração
estaria associada com regiões de carbonatação, zonas generalizadas da pasta
degradada e regiões semipermeáveis.
Estudos realizados por Guthrie e Carey (1999) permitiram verificar a presença do
Reagente 2 em amostras de concreto afetadas pela RAA, identificando em regiões
impregnadas teores de cálcio e sílica preponderantes e menores porções de
potássio e sódio (Figura 2.7).
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
64
Figura 2.7: Análise por EDS do gel impregnado com rodamina B base
Fonte: Guthrie e Carey (1997).
Nestes estudos pode-se constatar, com base em observações petrográficas, que o
gel róseo testado com os reagentes colorimétricos foi derivado da impregnação
conjunta dos dois produtos químicos. Além disso, concluiu-se que a coloração rósea
teria sido formada diretamente do gel rico em álcalis, na lixiviação dos álcalis na
pasta, pela reação com a pasta de cimento ou por outros componentes químicos
presentes nas fissuras (possivelmente o CO
2
).
2.4 Comparativo: método da mancha e demais métodos
colorimétricos
O método da mancha apresenta diversas facilidades em relação aos métodos de
acetato de uranila e sulfato de cupramônio, a destacar:
Possui melhor distinção do xerogel em relação às demais metodologias, tanto
a olho nu quanto em análises por microscopia (petrografia);
Apresenta maior potencial de aplicação em campo, em relação ao método de
sulfato de cupramônio;
Permite melhor identificação dos produtos da reação, da litologia do agregado
e a morfologia do concreto, diferentemente do íon uranila, que requer luz UV e
Capítulo 2 - Método qualitativo para avaliação da RAA em campo
65
completa escuridão para visualização das cores identificadas, no método da
mancha
Torna desnecessário o uso de materiais radioativos (urânio); e
Pode ser aplicado diretamente em estruturas afetadas, possibilitando um
diagnóstico local da presença da RAA.
Apresenta-se na Tabela 2.1 um resumo dos métodos colorimétricos abordados e os
diferentes diagnósticos de coloração.
Tabela 2.1: Métodos colorimétricos de identificação da RAA.
Método
colorimétrico
Preparo da
amostra
Resumo do
ensaio
Análise
visual
Acetato de Uranila
(Cornell)
Lâminas finas,
moída,fratura ou
quebra
superficial
15min imerso em 10% acetato
de uranila 1,5% ácido acético,
lavar em água.
Luz UV à 240nm - cor
amarelo-esverdeado
fluorescente (gel da RAA)
Sulfato de
Cupramônio
Lâminas finas,
moída ou
fraturada
72h de absorção em 4M de
sulfato de cupramônio, lavar
em água.
Gel exsudado em poros e
fissuras torna-se azul.
Mancha ou
Geoquímico
Fraturada ou
quebra
superficial
1min solução saturada de
Na-cobaltonitrito, lavagem
água, aplicar rodamina B
base(1min), lavar em água
Cor amarela clara no xerogel
alcalino da RAA; cor rosa da
rodamina no xerogel rico em
cálcio e regiões da pasta.
66
Capítulo
3
P
P
R
R
O
O
G
G
R
R
A
A
M
M
A
A
D
D
E
E
E
E
N
N
S
S
A
A
I
I
O
O
S
S
O programa experimental abordou a caracterização do xerogel presente nos
testemunhos de concreto afetados pela reação álcali-agregado, a caracterização
físico-quimica dos agregados, os ensaios de reatividade potencial, as análises por
microscopia ótica, petrográfica, microanálises por MEV/EDS em argamassas e
concretos e os testes qualitativos pelo método da mancha nos materiais estudados.
3.1 Ensaios de avaliação da RAA
Os ensaios realizados neste trabalho atenderam a seqüência e abrangência
mostradas no fluxograma da Figura 3.1:
Capítulo 3 - Programa de ensaios
67
Figura 3.1: Esquema dos ensaios desenvolvidos na pesquisa.
Nos itens a seguir seguem apresentados os procedimentos específicos empregados
em cada etapa do trabalho.
3.2 Análise do xerogel da RAA em testemunhos extraídos
O estudo em testemunhos de concreto afetados pela RAA teve por objetivo
identificar zonas de interface e poros preenchidos com material esbranquiçado,
conhecido como “gel” da reação. Na Tabela 3.1, seguem apresentados os materiais
analisados:
Tabela 3.1: Materiais estudados
L
L
i
i
t
t
o
o
l
l
o
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ç
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Granito
T1.1 Jacareí-SP Material exsudado
T1.2 Paulo Afonso-BA
Testemunhos
extraídos
Basalto T2 Guadalupe-PI
Seixo T3 Petrolândia-PE
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
68
A amostra T1.1, diferente das demais amostras, se refere a um material
esbranquiçado coletado na superfície do concreto da saída da Tomada D’Água da
UHE Jaguari-SP (Figura 3.2).
(a) (b)
Figura 3.2: UHE Jaguari - SP. a) Material branco na superfície do concreto, b) Local
de coleta do material – saída da Tomada D` Água.
Os testemunhos extraídos de concreto foram inicialmente acondicionados em
câmara úmida, de forma a ativar a estrutura já formada do xerogel da RAA existente
nas misturas.
No processo de separação do suposto xerogel formado, foram realizadas quebras
dos testemunhos em fragmentos menores por meio de equipamento de compressão
(ruptura diametral) e martelete. Na etapa seguinte, o xerogel, presente nos poros do
concreto, foi extraído com uma espátula metálica e separado numa cápsula de vidro.
A amostra do xerogel coletado possuía contaminação com fragmentos de agregados
e pasta do concreto. Sendo assim, realizou-se uma triagem da amostra com pinça
metálica no microscópio estereoscópico na ampliação de 12x - garantindo uma
melhor confiabilidade nas análises a serem realizadas.
Capítulo 3 - Programa de ensaios
69
Figura 3.3: Fragmento com
poros preenchidos
Figura 3.4: Triagem
inicial da amostra.
Figura 3.5: Preparação da
amostra em microscópio.
O xerogel coletado de cada testemunho foi submetido à análise físico-química e a
observação em microscópio estereoscópico, conforme apresentado na Figura 3.6.
Figura 3.6: Análises realizadas nos xerogéis da RAA
As análises químicas dos xerogéis constaram de análises por absorção atômica
(AA), análises gravimétricas e microanálise por EDS. No ensaio de perda ao fogo
destes materiais, foi realizado um pré-aquecimento das amostras na temperatura de
100
0
C por 30 min, de maneira a evitar possíveis discrepâncias no desenvolvimento
deste ensaio.
Nos testemunhos de concreto afetado também foram realizadas análises por AA na
argamassa e no agregado constituinte. No primeiro efetuou-se a determinação do
teor de álcalis solúveis e totais e, no segundo realizou-se a análise química de
alguns constituintes, além da caracterização por DRX. Nestas análises, tomou-se o
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
70
cuidado de separar o agregado da argamassa, de maneira a analisá-los
separadamente e facilitar a interpretação dos resultados.
3.3 Ensaios de reatividade potencial em agregados
3.3.1 Agregados
Foram utilizados 5 agregados graúdos de diferentes procedências e formações
litológicas e o agregado miúdo padrão IPT. Apresenta-se na Tabela 3.2 a descrição
dos materiais estudados.
Tabela 3.2: Relação dos agregados utilizados na pesquisa.
L
L
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i
t
t
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Granito
G2 Pimenta Bueno - RO
Agregado
Graúdo
G3 São Paulo- SP
Basalto
B1 Andradina - SP
B2 Caçu - GO
Seixo S1 Rio Paraná - SP
Areia M2 Rio Tietê – SP
Padrão IPT
Agregado miúdo
3.3.2 Aglomerante
O material cimentício empregado nos ensaios foi o cimento padrão ABCP, o qual
possuía características físico-quimicas condizente com os parâmetros prescritos na
NBR 15577-4 (ABNT, 2008).
Capítulo 3 - Programa de ensaios
71
3.3.3 Ensaios de caracterização físico-química
Os ensaios realizados buscaram avaliar as características físico-químicas dos
materiais e mineralógicas dos agregados, sendo apresentados resumidamente na
Figura 3.7:
AGREGADOS
Basalto/Granito/Seixo
Caracterização física: Granulometria, Absorção, Massa específica, Massa
unitária compactada seca e Materiais pulverulentos
Caracterização química AA: Na
2
O, K
2
O, Fe
2
O
3
e MgO
Gravimetria: SiO
2
, CaO e Al
2
O
3
Caracterização mineralógica por DRX
Análise petrográfica
Areia Padrão IPT
Caracterização física: Absorção e Massa específica
Caracterização mineralógica por DRX
AGLOMERANTE
Cimento Padrão ABCP
Caracterização química: Na
2
O, K
2
O, Álcalis solúveis e total.
Caracterização física: Finura blaine, Auto-clave e Massa específica.
Figura 3.7: Resumo dos ensaios realizados com os materiais.
A caracterização físico-química do agregado permitiu estimar a parcela existente de
cada componente que participa da reação e identificar os minerais que viessem a
ser identificados no teste da mancha, de forma a se evitar falsos positivos.
Os ensaios no material cimentício foram realizados na ABCP – Associação Brasileira
de Cimento Portland, fornecedora do cimento padrão para os ensaios, sendo
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
72
abordados alguns ensaios convencionais de caracterização físico-química:
superfície específica e auto-clave
8
, cujas interferências afetam notadamente a
análise das expansões (SALLES et al., 2007).
Os demais ensaios físico-químicos foram desenvolvidos no LCEC - Laboratório
CESP de Engenharia Civil, de acordo com os padrões normativos vigentes. As
análises com DRX foram realizadas com auxílio do grupo de polímeros do
Departamento de Física e Química (DFQ) da UNESP em Ilha Solteira-SP.
3.3.3.1 Ensaio de Difração de raios X (DRX)
A análise de difratometria por raios X objetivou a identificação das fases cristalinas
dos constituintes dos materiais, tais como componentes minerais dos agregados e a
composição dos xerogéis extraídos do interior dos concretos.
As análises de DRX foram realizadas no DFQ-UNESP Ilha Solteira-SP, utilizando o
difratômetro de raios X SHIMADZU, modelo XRD 6000 com radiação Cu Kα.
As amostras foram preparadas em almofariz cerâmico (agregados) e de ágata
(xerogel), separadas em frascos, identificadas e posteriormente acondicionadas no
amostrador do equipamento pela pressão manual com uma espátula.
No difratômetro de raios-X foi utilizado o intervalo de varredura de 5 a 75 graus, com
passo de 0,02 graus e velocidade de 1
0
/min.
Na análise por difração foi possível determinar os compostos existentes nas
amostras, pela interpretação dos diagramas de difração, também chamados de
difratogramas – construídos a partir dos dados de intensidade x ângulo de difração.
O tratamento dos difratogramas foi realizado pelo software Crystallographica
Search-Match, comparando-se as fichas cristalográficas conhecidas com as das
amostras em estudo, facilitando a identificação dos compostos, visto o grande
número de fases cristalinas presentes nas amostras.
A ilustração dos procedimentos adotados segue apresentada nas Figuras 3.8 a 3.11:
8
O ensaio de auto-clave determina a expansão do cimento causada pela hidratação de CaO ou MgO ou ambos.
Capítulo 3 - Programa de ensaios
73
Figura 3.8: Preparo inicial da amostra em
almofariz de ágata.
Figura 3.9: Amostras para ensaio.
Figura 3.10: Porta amostra, lamínula, base
de vidro e espátula utilizados.
Figura 3.11: Ensaio em andamento
detalhe do equipamento de difração.
3.3.4 Análise petrográfica de agregados naturais NBR 15577-3
A análise petrográfica dos agregados foi realizada na ABCP, seguindo as
prescrições normativas da NBR 15577-3 e efetuando-se a visualização das
amostras por técnicas microscópicas para se determinar as características
mineralógicas dos agregados.
O diagnóstico do agregado quanto a sua reatividade também foi feito em função da
presença de minerais reativos e a avaliação do ângulo de extinção ondulante
identificado no quartzo tensionado via microscopia de luz polarizada, de acordo com
o procedimento descrito por Mantuani (1983 apud WEST 1996, p. 29-32). Na Figura
3.12 segue esquematizada a determinação do ângulo de extinção ondulante em
microscópio petrográfico.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
74
(a) (b)
Figura 3.12: Análise petrográfica. a) Detalhe do microscópio petrográfico – objetivas (1) e
mesa giratória (2); b) Determinação do ângulo de extinção ondulante (undulatory extinction -
UE) na mesa giratória (MANTUANI, 1981 apud POOLE, 1992, p. 12).
3.3.5 Ensaios de expansão em barras de argamassa (NBR 15577-4)
O ensaio acelerado em barras de argamassa foi realizado para a determinação da
propensão dos agregados estudados à reação álcali-agregado.
Os agregados foram inicialmente preparados por meio da britagem em britador de
facas, seguindo da separação nas faixas granulométricas (Tabela 3.3), lavagem e
secagem em estufa por 24 ± 2h.
Tabela 3.3: Quantidade de agregado empregado no ensaio NBR 15577-4.
Abertura das peneiras
NM 248 (ABNT, 2003)
Quantidade de material
# Passante # Retido Perc. (%)
Indiv. (g)
Acum. (g)
4,75 mm 2,36 mm 10 99,0 99,0
2,36 mm 1,18 mm 25 247,5 346,5
1,18 mm
600 µm
25 247,5 594,0
600 µm 300 µm
25 247,5 841,5
300 µm 150 µm
15 148,5 990,0
Na mistura das argamassas foi utilizado o cimento padrão ABCP, fixando-se a
relação água/cimento em 0,47 e proporção de 1:2,25 (cimento:agregado), sendo
moldadas três barras prismáticas de dimensão 25x25x283mm³.
1
2
Capítulo 3 - Programa de ensaios
75
No instante de moldagem foram controladas as condições do ambiente (umidade e
temperatura) por meio de um relógio termo-higrômetro.
Após 24 ± 2h de cura nos moldes, efetuou-se o acondicionamento das barras em
recipiente com água destilada, mantendo-se na temperatura de 80
0
C durante 24±2h.
Seqüencialmente, realizou-se a primeira medição das barras (Figura 3.16), sendo as
mesmas posteriormente transferidas para um banho térmico de NaOH 1N a 80
0
C.
Figura 3.13: Equipamento de
leitura de expansões.
Figura 3.14: Banho térmico NaOH 1N
controlado à 80
0
C.
Figura 3.15: Instante de retirada da
barra do banho térmico
Figura 3.16: Leituras de expansão
A retirada e retorno de cada barra do banho térmico para leitura foi realizado num
período de tempo inferior a 1 min. A freqüência das leituras das barras e o período
total do ensaio seguem esquematizados na Figura 3.17:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
76
Figura 3.17: Ensaio de reatividade em barras de argamassa – NBR 15577-4
Fonte: Rilem (2008). Adaptado.
Capítulo 3 - Programa de ensaios
77
Para os agregados G3, B1 e S1 foi moldada uma barra adicional segmentada em 5
partes e cujas análises objetivaram avaliar o desenvolvimento dos produtos da
reação (xerogel) em zonas de interface pasta/agregado e poros das barras de
argamassa, ao longo do período de leitura.
Figura 3.18: Detalhe da moldagem –
fôrma com haste guia de inox
Figura 3.19: Separadores utilizados
para segmentar as barras
A barra adicional passou pela mesma condição de ensaio das demais barras, sendo
cada segmento retirado do banho em idades estabelecidas pelo comportamento
expansivo do ensaio.
3.3.6 Reatividade potencial em prismas de concreto (NBR 15577-6)
Este método de ensaio prescreve a avaliação da potencialidade reativa de
agregados a partir de leituras de expansão em prismas de concreto, simulando a
condição da RAA na mistura do concreto em ambiente de elevada umidade e
temperatura para aceleração das reações.
Nos ensaios de reatividade do agregado em prismas de concreto foram realizados
estudos em duas temperaturas - 38
±
2
0
C (normalizada) e 58
±
2
0
C (estabelecido),
com todos os materiais em estudo.
Os agregados empregados no concreto constituíam-se da areia média composta M2
(MF
=
2,7±0,2) não reativa (NBR 15577-4) e os agregados graúdos propostos (item
3.2.1). Mostra-se na Tabela 3.4 a granulometria destes agregados, os quais foram
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
78
empregados no estado seco, sendo os agregados graúdos inicialmente britados,
classificados em peneiras, lavados e secos em estufa..
Tabela 3.4: Quantidade de material utilizado nos ensaios.
Agregado
Abertura das peneiras
Quantidade de
material
# Passante
# Retido Perc. (%)
Graúdo
19,0 mm 12,5 mm 33
12,5 mm 9,5 mm 33
9,5 mm 4,75 mm 33
Miúdo
2,36 mm 1,18 mm 35
1,18 mm
600 µm
25
600 µm 300 µm
25
300 µm 150 µm
15
Na confecção do concreto foi adicionado NaOH na água de constituição, dosado a
partir da análise do equivalente em Na
2
O do cimento, de maneira a atingir um teor
na mistura de 1,25% de NaOH.
Seguindo as especificações normativas, foi fixado o consumo de cimento em 420
kg/m³, volume de agregado graúdo seco em 0,7±0,2 /m³ de concreto e relação
água/cimento (a/c) de 0,45.
No estado fresco foram determinados os parâmetros de trabalhabilidade (NBR NM
67/98), incorporação de ar e massa específica da mistura (NBR 9833/08),
prosseguindo-se a moldagem de seis corpos-de-prova de dimensão 75x75x283 mm³
e cura em ambiente laboratorial.
No instante da moldagem também foram controladas as condições de umidade e
temperatura do ambiente por meio de um relógio termo-higrômetro.
Após a cura por 23,5±0,5 h foi efetuada a remoção dos moldes e a leitura inicial do
comprimento das barras, sendo cada jogo de três barras posteriormente inserido em
recipientes hermeticamente selados (Figura 3.20), tendo no mesmo uma lâmina de
água de fundo (20 ± 5 mm).
Estes recipientes foram armazenados em estufas térmicas com temperaturas
controladas de 38
±
2
0
C e 58
±
2
0
C.
Na idade de leitura os recipientes foram retirados das estufas e colocados em
ambiente com temperatura controlada de 23 ±
2
0
C, por um período de 18±2h.
Capítulo 3 - Programa de ensaios
79
Assim, foram realizadas as leituras de expansão e as pesagens dos prismas de
concreto, sendo posteriormente recolocados nas estufas.
Figura 3.20: Recipiente utilizado no
ensaio NBR 15577-6
Figura 3.21: Equipamento de
leitura de expansões.
Figura 3.22: Instante de colocação da
barra no banho térmico a 38
0
C
Figura 3.23: Leituras de
expansão
A freqüência das leituras dos prismas de concreto e o período total do ensaio
seguem esquematizados nas Figuras 3.24 e 3.25:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
80
Figura 3.24: Ensaio de reatividade em prismas de concreto (38
±
2
0
C) – NBR 15577-6
Fonte: Rilem (2008). Adaptado.
Capítulo 3 - Programa de ensaios
81
Figura 3.25: Ensaio de reatividade em prismas de concreto (58
±
2
0
C) – estabelecido
Fonte: Rilem (2008). Adaptado.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
82
3.4 Ensaios de análise qualitativa e micro estrutural
3.4.1 Ensaio de contraste químico – Método da mancha
O teste da mancha foi realizado com o intuito de avaliar qualitativamente a
ocorrência da RAA em testemunhos extraídos e amostras aceleradas (argamassa e
concreto), identificando no concreto as regiões com produtos da reação: frentes de
reação na interface pasta/agregado e poros preenchidos.
O kit de identificação da RAA utilizado nos ensaios foi composto por duas soluções a
base de cobaltonitrito e rodamina B base e conservantes químicos específicos.
Estas soluções foram submetidas a uma série de testes laboratoriais em concretos
com RAA que confirmaram seu desempenho de identificação da reação.
Nos testes colorimétricos, também foi empregado o indicador de fenolftaleína,
utilizado para avaliar a alteração do pH– característico da reação de carbonatação
no concreto.
A seqüência de impregnação que foi adotada para os reagentes de forma a melhor
diagnosticar a reação, sendo apresentada na Figura 3.26:
Figura 3.26: Seqüência de aplicação do kit colorimétrico.
Nos itens a seguir são apresentados os métodos de impregnação adotados nas
amostras estudadas.
Capítulo 3 - Programa de ensaios
83
3.4.1.1 Agregados
Os agregados graúdos constituintes dos testemunhos de concreto foram separados
do mesmo por meio da quebra por martelete. Estes, conjuntamente com os
agregados da pesquisa foram submetidos ao teste colorimétrico com o cobaltonitrito
de sódio, visto a necessidade de verificação da impregnação destes materiais pelo
agente amarelado, permitindo a avaliação da ocorrência de falso-positivos no
método. O reagente róseo também foi aplicado nos agregados para avaliação de
comportamento.
3.4.1.2 Xerogéis extraídos
Trataram-se de amostras únicas extraídas dos poros internos dos testemunhos de
concreto e da superfície de estruturas, tendo fundamental importância quanto à
avaliação do kit RAA, uma vez que possuíam características de alcalinidade e
composição química relacionadas à reações patológicas dos concretos.
Os xerogéis foram impregnados com o Kit RAA e avaliados quanto à intensidade de
coloração e nível de acidez/basicidade (pH), além disso, foram realizados testes
com uma solução de ácido clorídrico (15%), verificando o efeito de efervescência
característico de carbonatos.
3.4.1.3 Testemunhos e amostras aceleradas
Os testemunhos de concreto, barras de argamassa e prismas de concreto foram
impregnados com ambos os reagentes do Kit, sendo posteriormente observadas as
regiões de interesse (bordas de reação e poros preenchidos).
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
84
Figura 3.27: Aplicação do Kit Colorimétrico –
LCEC
Figura 3.28: Teste inicial em
amostra de concreto
Os segmentos das barras de argamassa G3, B1 e S1, retirados em diferentes
idades do ensaio acelerado, também foram impregnados com os reagentes do kit,
sendo avaliados quanto à ocorrência de frentes de evolução do “gel” da RAA na
interface pasta/agregado e o desenvolvimento do “gel” nos poros presentes na
argamassa.
Na Figura 3.29, segue apresentado o fluxograma do ensaio colorimétrico nas
amostras estudadas:
Capítulo 3 - Programa de ensaios
85
Figura 3.29: Fluxograma de ensaios com o kit RAA
3.4.1.4 Análises microestruturais das amostras
A visualização das amostras via microscópio estereoscópico e microanálises por
MEV/EDS, teve o intuito de identificar o xerogel RAA nos poros do concreto,
estruturas cristalinas (etringita, monosulfatos e silicatos hidratados) e o desempenho
do agente colorimétrico nas regiões de interface pasta/agregado e poros
preenchidos.
As análises por MEV e EDS também permitiram a identificação pela análise
topográfica e semi-quantitativa do xerogel da reação, de estruturas secundárias e
avaliar o comportamento dos reagentes do Kit em regiões com produtos da RAA.
COMPÓSITOS DE CIMENTO
(18 amostras)
)
- Fase 1: Impregnação com kit RAA
- Fase 2: Preparação de amostras MEV;
- Fase 3: Registro fotográfico.
E
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S
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T
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A
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N
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C
C
H
H
A
A
AGREGADOS
(8 materiais)
XEROGÉIS
(3 materiais)
- Fase 1: Impregnação com Cobaltonitrito;
- Fase 2: Impregnação com Rodamina;
- Fase 3: Registro fotográfico.
- Fase 1: Impregnação com Fenolftaleína (pH);
- Fase 2: Impregnação com Na-cobaltonitrito;
- Fase 3: Impregnação com rodamina B base;
- Fase 4: Registro fotográfico.
- Fase 5: Teste com HCl (Amostra T1.1)
P
P
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R
I
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S
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A
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D
O
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S
S
Impregnação com kit RAA
(Avaliação das regiões que possuem a
formação do “gel” da RAA)
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
86
As amostras analisadas, compostas por testemunhos de concreto e amostras
aceleradas (barras de argamassa e prismas de concreto), foram preparadas por
meio de fratura com martelo (Figura 3.30) apresentando dimensão máxima
0,9x0,9cm. O uso de amostras do tipo fraturadas possibilitou a análise das reais
características presentes no concreto deteriorado, sendo investigadas regiões
afetadas pela RAA.
Posteriormente, foi utilizado o microscópio estereoscópico como auxílio na
identificação de amostras com regiões de interesse afetadas pela RAA, tais como
poros e bordas de reação, sendo as amostras fotografadas e armazenadas no
sistema de aquisição. O registro das imagens foi fundamental na análise das regiões
de interesse, visto que as imagens observadas no MEV se mostraram em branco e
preto.
Na seqüência, as amostras foram colocadas no porta-amostra (Figura 3.31), sendo
recobertas com uma fina camada de ouro em sua superfície de fratura na
metalizadora Denton Vacuum Desk III, seguindo para as análises microestruturais
no MEV e EDS.
Figura 3.30: Preparo das amostras por
fratura
Figura 3.31: Amostras recobertas com
ouro no porta-amostra para análise no
MEV e EDS
Nas análises com EDS foram realizadas microanálises pontuais nas estruturas
cristalinas, de forma a analisar os componentes químicos presentes nas mesmas e
correlacionar com estrutura observada no MEV. Os pontos de análise por EDS
foram indicados com cursores nas imagens obtidas (Figura 3.32).
A identificação das estruturas cristalinas registradas no MEV foi analisada por meio
de registros indicados na literatura internacional (LARRAÑAGA, 2004; OWSIAK,
Capítulo 3 - Programa de ensaios
87
2003; TAYLOR, 1983) e nacional (HASPARYK, 2005; SILVEIRA, 2006).
(a) (b) (c)
Figura 3.32: Análise dos produtos da RAA em barras de argamassa. (a) Análise no MEV,
(b) EDS da etringita - ponto A e (c) EDS do xerogel da RAA – ponto B
Fonte: Owsiak (2003)
(a) (b)
Figura 3.33: Diferentes formas de xerogel da reação álcali-sílica.
(a) Forma gretada, (b) Forma cristalina.
Fonte: Larrañaga (2004)
88
Capítulo
4
A
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N
Á
Á
L
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A
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S
Neste capítulo aborda-se a análise dos resultados de toda a pesquisa experimental
desenvolvida neste trabalho. Apresentam-se os resultados dos ensaios
desenvolvidos nos laboratórios do LCEC, ABCP, DFQ-UNESP e DFI-UFMS,
referentes aos estudos da reação em testemunhos de concreto, o diagnóstico dos
xerogeís extraídos e as avaliações de reatividade potencial dos agregados
determinada pelos ensaios acelerados em barras de argamassa, prismas de
concreto e análises petrográficas. Na seqüência são apresentados os resultados do
método da mancha nas amostras de concreto e argamassa, complementadas com
as microanálises em MEV/EDS das regiões de interesse.
4.1 Caracterização dos testemunhos de concreto
4.1.1 Caracterização química
As análises químicas descritas no item 3.1 foram realizadas nos xerogéis obtidos
pela extração em poros preenchidos no interior dos testemunhos de concreto T1.2 e
T3, sendo apenas na amostra T1.1 retirada diretamente da superfície externa de um
concreto afetado.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
89
Na amostra T3 determinou-se somente os componentes químicos preponderantes
nos xerogéis da RAA (SiO
2
, K
2
O, Na
2
O e CaO), devido a pouca quantidade de
amostra obtida dos poros do concreto. na amostra T2 não foi possível obter uma
quantidade suficiente de material, pois os poros apresentavam pouco preenchimento
com o xerogel da reação.
A análise química dos agregados componentes dos testemunhos também foi
realizada. Os resultados obtidos são apresentados nas Tabelas 4.1:
Tabela 4.1: Análise química dos testemunhos de concreto
Análise
química
Suposto xerogel Agregado
Especificação
T1.1 T1.2 T3 T1.2 - A1 T1.2 - A2 T2 T3
SiO
2
0,64 58,00 24,65 94,66 86,24 49,89 98,40
NBR NM22
(ABNT, 2004)
R
2
O
3
- - - 2,50 7,74 32,37 0,96
CaO
54,40 13,18 8,02 1,38 1,78 2,14 0,31
Al
2
O
3
0,42 2,44 - 1,86 4,96 7,89 0,86
Na
2
O
0,05 3,24 2,51 0,22 0,14 0,52 0,08
Método
absorção
atômica
K
2
O
0,09 8,14 25,20 0,47 2,12 0.80 0.07
Fe
2
O
3
0,02 0,50 - 0,64 2,78 4,37 0,10
MgO
0,02 0,55 - 0,21 1,55 1,05 0,07
SO
3
- - - 0,16 0,06 0,09 0,19
NM16
(ABNT, 2004)
PF
43,92 14,95 - 1,12 0,98 0,70 0,30
NM18
(ABNT, 2004)
Legenda:
T1.1 – xerogel extraído da UHE Jaguari
T1.2 – Testemunho de concreto extraído - composto com agregado do tipo granito
T2 – Testemunho de concreto extraído - composto com agregado do tipo basalto
T3 – Testemunho de concreto extraído – composto com agregado do tipo seixo
R
2
O
3
– Conjunto de outros óxidos presentes na composição química do material.
Os resultados obtidos mostraram que os xerogéis estudados apresentaram
composições químicas diversificadas.
No xerogel de T1.1 se observou uma predominância de íons cálcio, expresso na
forma de CaO, enquanto que os outros elementos químicos apresentaram valores
pouco expressivos.
Nas amostras de xerogel T1.2 e T3 notaram-se teores de SiO
2
e CaO expressivos
em relação aos outros componentes químicos presentes, sendo contudo, observado
em T3 níveis semelhantes de sílica e óxido de potássio. No comparativo entre esses
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
90
xerogéis, observou-se que teor de K
2
O foi maior em T3 do que em T1.2, indicando a
possibilidade de maior identificação da reação nas análises subseqüentes com os
reagentes do kit colorimétrico.
Os agregados dos testemunhos foram analisados quimicamente e indicaram teores
de SiO
2
elevados ( > 85%), sendo que o agregado T2 apresentou um valor de 50%,
característico de basaltos (45% a 55%), e o agregado de T3 teve predominância
química de sílica, fato característico de cascalhos (seixo rolado).
O testemunho T1.2 apresentou 2 tipos de agregado de coloração rósea e marrom
escuro. Na análise química foi notória a distinção, observando-se diferenças nos
teores de cada componente químico. O agregado T1.2-A2 apresentou uma
quantidade considerável de potássio em sua composição, ao passo que o agregado
T3 apresentou baixo teor de cálcio.
Outras análises químicas foram realizadas na argamassa de constituição dos
testemunhos, avaliando-se o teor de álcalis, lcio e sílica presentes. Os resultados
são apresentados na Tabela 4.2.
Tabela 4.2: Análise química da argamassa dos testemunhos
Amostra CaO SiO
2
R
2
O
3
Álcalis totais Álcalis solúveis
Na
2
O K
2
O Na
2
O K
2
O
T1.2
18,92 65,84 4,24 0,10 0,21 0,04 0,02
T2
21,10 57,16 7,08 0,38 0,51 0,24 0,05
T3
20,00 63,22 3,20 0,29 0,11 0,25 0,01
As análises das argamassas indicaram a presença de óxido de cálcio e sílica,
oriundos de produtos de hidratação e dos componentes do concreto (agregados),
além de teores alcalinos pouco expressivos.
A partir das análises químicas obtidas nas amostras dos xerogéis, foi estimada a
composição química dos mesmos em função dos compostos alcalinos e a sílica. A
estimativa da composição dos xerogéis foi feita por meio da razão molar destes
compostos, sendo no caso dos álcalis, considerado a soma de K
2
O e Na
2
O. Os
resultados obtidos seguem destacados na Tabela 4.3.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
91
Tabela 4.3: Composição química dos xerogéis estudados
Xerogel
Componente
Massa molar
% massa
Razão molar
Composição do xerogel
T1.1
SiO
2
60 0,64 0,011
0,002(Na
2
O+K
2
O).0,01 SiO
2
H
2
O
18 43,92 2,440
Na
2
O
62 0,05 0,001
T1.2
SiO
2
60 58,00 0,967
0,14(Na
2
O+K
2
O).0,97 SiO
2
K
2
O
94 8,14 0,087
Na
2
O
62 3,24 0,052
T3
SiO
2
60 24,65 0,411
0,31(Na
2
O+K
2
O).0,41 SiO
2
K
2
O
94 25,20 0,268
Na
2
O
62 2,51 0,040
A análise dos xerogéis indicou uma relação álcalis/sílica de 0,14 e 0,31 para T1.2 e
T3, respectivamente. Estudos realizados por Hasparyk (2005) indicam valores entre
0,22 a 0,26 para “géis” exsudados do concreto da UHE FURNAS, sendo as faixas
apresentadas na literatura entre 0,27 e 0,53. Os resultados obtidos indicam valores
fora deste intervalo (T1.2), além da incidência diferenciada dos constituintes
químicos para cada xerogel: T1.2 (SiO
2
> CaO > K
2
O > Na
2
O) e T3 (K
2
O > SiO
2
>
CaO > Na
2
O).
Os resultados indicaram uma heterogeneidade da composição destes xerogéis
estando em concordância com observações feitas por outros pesquisadores
(HELMUTH; DIAMONG apud HASPARYK, 2005, p.214, POOLE, 1992).
O material T1.1 apresentou uma composição química particular em relação aos
outros xerogéis, pois indicou predominância de cálcio em sua composição, tratando-
se possivelmente de um carbonato de cálcio proveniente da formação de
eflorescências no concreto.
4.1.2 Análise de difratometria de raios X
A análise por DRX, realizada de acordo com o item 4.3.2, foi feita nas amostras
T1.1, T1.2 e T3 e nos agregados componentes dos testemunhos de concreto.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
92
Na amostra T1.1 foi realizada a análise difratométrica do material antes e após o
ensaio de perda ao fogo, visto a variação de peso significativa notada na análise
química (Tabela 4.1).
Figura 4.1: Difratograma da amostra T1.1 antes e após a perda ao fogo (PF).
A partir do difratograma da amostra T1.1, foi possível notar a presença em grande
quantidade da fase cristalina de CaCO
3
, identificada pelos picos principais, 2θ =
23,0; 29,3; 35,9; 43,1; 47,0 e 48,4. Após a amostra ser submetida à elevação
temperatura de 1000
0
C (PF), notou-se a formação da fase CaO, identificada pelos
picos 2θ = 32,3; 37,4; 53,9; 64,2 e 67,4. Este fato indicou a perda de anidrido
carbônico (CO
2
), confirmando tratar-se de um carbonato de cálcio.
A análise difratométrica dos xerogéis T1.2 e T3 foram analisados conjuntamente,
visto a semelhança apresentada no intervalo de varredura 2θ = 5,0 a 75,0 (Figura
4.2). Contudo, foi considerado o intervalo de análise em 2θ = 23,0 a 37,0 (Figura
4.3), de maneira a melhor distinguir os elementos cristalinos presentes nas duas
amostras.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
93
Figura 4.2: Difratograma das amostras T1.2 e T3.
Figura 4.3: Amostras T1.2 e T3 análise no intervalo 2θ = 23,0 a 37,0.
No xerogel T1.2, notou-se a presença de três arranjos estruturais (polimorfismo) do
SiO
2
apresentados na forma de Quartzo, Tridimita e Stishovita. Também foi
observada a presença da fase cristalina de Trona (Na
3
H(CO
3
)
2
.2H
2
O), estrutura
também identificada por Hasparyk (2005).
A fase cristalográfica do Quartzo também foi encontrada na amostra T3, sendo
notado a presença de outras duas fases cristalinas do SiO
2
: α-Quartzo e Tridimita, e
a ausência da fase cristalina da Trona.
As amostras de xerogel T1.2 e T3, não apresentaram os elementos de potássio e
silício, compostos que participam diretamente da RAA, possivelmente indicando que
os mesmos se apresentam na forma amorfa ou como dopantes nas estruturas
encontradas. Outros elementos também não identificados, e que comumente estão
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
94
presentes na RAA, foram os íons sódio, cálcio e alumínio, possivelmente associados
à fase amorfa do xerogel.
É importante salientar que as análises difratométricas realizadas nos xerogéis T1.2 e
T3, identificaram apenas alguns compostos químicos destacados na literatura, pois a
sobreposição de diversas fases cristalinas presentes nestes materiais dificultou uma
avaliação precisa dos demais compostos constituintes.
As análises dos difratogramas dos agregados, apresentada no ANEXO A, indicaram
a presença de minerais diversificados nas amostras estudadas.
Nos agregados de T1.2, pôde-se identificar a presença de diferentes estruturas
minerais presentes na amostra, sendo identificadas fases de interesse referente aos
feldspatos alcalinos (item 3.5) na forma de albite e microclina.
No agregado de T3 foi identificada a fase cristalina de SiO
2
na forma de quartzo
como preponderante, padrão característico de cascalhos (seixos) e areias naturais.
4.1.3 Histórico petrográfico
Estudos anteriores realizados com os testemunhos de concreto T1.2, T2 e T3
apresentam análises petrográficas destes materiais, avaliando-se o caráter reativo
dos minerais e destacando observações em regiões de interesse (interface
agregado/argamassa e poros do concreto) via microscopia ótica transmitida em
lâminas delgadas de concreto.
Na Tabela 4.4 segue o levantamento dos dados dos testemunhos de concreto T1.2
e T2 e as análises microscópicas realizadas:
Capítulo 4 - Análise dos resultados
95
Tabela 4.4: Análise petrográfica dos agregados graúdos (pedras britadas)
Características
T1.2 – A1 T2
M
M
i
i
n
n
e
e
r
r
a
a
l
l
o
o
g
g
i
i
a
a
Principal
Quartzo, feldspato
(plagioclásio e microclinio)
e mica (biotita)
Plagioclásio, piroxênio e
opacos
Subordinada Apatita, sericita Apatita, clorofeita, quartzo
Reativa/
Deletéria
Quartzo deformado com
extinção ondulante, e quartzo
microcristalino recristalizado
em estrutura mortar
Mesostases
(massa fina - possível
vidro devitrificado
constituído por micrólitos)
Textura Porfirítica Hialofítica
Alteração
De modo geral a rocha é sã
com alguma sericitização dos
feldspatos
Sã a pouco alterada
Deformação do agregado Agregado pouco deformado Não deformado
Tipo de rocha Ígnea
Classificação petrográfica Granito rosa porfirítico Basalto toleítico
Reatividade potencial
Agregado potencialmente
reativo
Agregado potencialmente
reativo
O agregado T1.2-A2 de coloração escura foi caracterizado por constituir-se de
minerais de anfibólios, biotita e plagioclásio.
A amostra T3 foi descrita na mineralogia como uma rocha de origem quartzosa com
ou sem impregnações limoníticas. Na microscopia ótica foi observado que a rocha
constituía-se por grãos de quartzo deformados que apresentam extinção ondulante,
característico de um material potencialmente reativo.
Nas análises por microscopia ótica do concreto T1.2 e T2, foram observados a
presença de cristais aciculares de etringita em poros esféricos da pasta e a
presença freqüente de fissuras formadas pelo xerogel amorfo da RAA. No concreto
de T3 foi notado apenas a presença do xerogel da RAA em fissuras e bordas do
agregado.
4.1.4 Inspeção visual dos testemunhos
Os testemunhos de concreto foram inspecionados visualmente e, em seguida,
fragmentados em partículas menores para observação em microscópio
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
96
estereoscópico, na qual foram verificadas presenças de bordas de reação nos
agregados e poros preenchidos com material formado pela RAA.
Nas Figuras 4.4 a 4.10 seguem apresentadas as considerações quanto às estruturas
observadas nas amostras estudadas.
(a) (b)
Figura 4.4: Inspeções visuais a olho nu na amostra T 1.1. a) Aspecto a olho nu b)
Aspecto no microscópio estereoscópico.
A partir das observações visuais realizadas na amostra T1.1 pode-se caracterizá-la
como um material heterogêneo, com coloração esbranquiçada à acinzentada
escura.
Por se tratar de um material retirado da superfície do concreto e exposto em
ambiente úmido, pode-se supor que a coloração escurecida esteja relacionada a um
processo químico de fixação de CO
2
.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
97
A amostra T1.2 apresentou notável presença de xerogel (material esbranquiçado)
formado em poros totalmente e parcialmente preenchidos, além de bordas escuras
na região do agregado (Figura 4.5a.e b).
Na análise pelo microscópio estereoscópico observaram-se freqüentemente nos
poros preenchidos, regiões densificadas na interface poro/argamassa (Figura 4.6a)
com aspecto vítreo. Além disso, também foi notado vários poros semi preenchidos,
um indicativo de formação do xerogel da RAA, sendo visualmente identificados
como partículas milimétricas ou grumos (Figura 4.6b).
(a) (b)
Figura 4.5: Inspeções visuais a olho nu no testemunho T1.2. a) Presença de bordas
de reação no agregado, b) Presença de poros preenchidos na amostra.
(a) (b)
Figura 4.6: Inspeções visuais com microscópio estereoscópico no testemunho T1.2.
a) Detalhe do poro preenchido com xerogel, b) Observação de micropartículas nos
poros do concreto.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
98
(a) (b)
Figura 4.7: Inspeções visuais a olho nu no testemunho T2. a) e b) Presença de poros
parcialmente preenchidos no concreto.
(a) (b)
Figura 4.8: Inspeções visuais com microscópio estereoscópico no testemunho T2. a)
Detalhe do poro parcialmente preenchido com xerogel da reação, b) Possível
processo de formação do xerogel da RAA notado em muitos poros.
Na amostra T2 foi notada a freqüente presença de xerogel nos poros do concreto,
estando parcialmente preenchidos, com características similares as observadas na
amostra T1.2, apresentando freqüentes grumos de xerogel (Figura 4.8b). Não foram
observadas bordas de reação em interfaces agregado/pasta.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
99
(a) (b)
Figura 4.9: Inspeções visuais a olho nu no testemunho T3. a) Detalhe do macro poro
preenchido com material esbranquiçado, b) Presença de bordas de reação no
agregado.
(a) (b)
Figura 4.10: Inspeções visuais com microscópio estereoscópico no testemunho T3.
a) Detalhe do poro preenchido com xerogel, b) Possível processo de formação do
xerogel observado em muitos poros.
Na inspeção a olho nu no testemunho T3, apresentou freqüentes poros semi
preenchidos e raros poros totalmente preenchidos, além disso, notou-se a presença
de bordas de reação e fissuras longitudinais nos agregados (Figura 4.9 b).
Na análise microscópica foram detectados freqüentes poros sem preenchimento e
alguns poros preenchidos.
Nas Tabelas 4.5 e 4.6 são apresentados resumos das observações macroscópicas e
microscópicas dos testemunhos estudados:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
100
Tabela 4.5: Análise macroscópica dos testemunhos de concreto
Amostra T 1.2 T2 T3
Cor da argamassa Cinza Cinza Cinza clara
Distribuição dos
constituintes
Normal
homogêneo
Normal
homogêneo
Normal
homogêneo
Proporção dos
constituintes
Normal a
argamassado
Normal a
argamassado
Normal a
argamassado
Aderência
argamassa/agregado
Boa Boa Boa
Porosidade
Macroscópica
Pouco Poroso Pouco poroso
Pouco poroso
(poros esféricos)
Compacidade Compacto Compacto Compacto
Adensamento Bem adensado Bem adensado Normal
Fraturamentos Não observado Não observado
Observados em
agregados
Tabela 4.6: Análise microscópica dos testemunhos de concreto
Amostra T 1.2 T2 T3
Bordas de reação
nos agregados
Observadas ao
microscópio
Não observadas
Observadas a olho
nu
Poros preenchidos
Freqüentes com
preenchimento total
ou parcial por material
esbranquiçado
Poucos poros
parcialmente
preenchimentos com
material esbranquiçado
Freqüentes com
preenchimento
parcial de material
esbranquiçado
Fissuras Raramente observadas
Os testemunhos de concreto T1.2, T2 e T3, mostraram características estruturais e
texturais muito similares, indicando processos de dosagem e adensamento normais,
visto que a ausência de vazios de exsudação e a distribuição regular dos agregados
graúdos, indicam o adensamento adequado e boa homogeneização dos concretos.
As argamassas dos testemunhos apresentaram colorações cinza (T1.2 e T2) e cinza
clara (T3), além de porosidades macroscópicas mais freqüentes nas amostras T1.2
e T3, constituídos por poros milimétricos à submilimétricos.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
101
4.2 Amostras aceleradas: argamassa e concreto
4.2.1 Caracterização dos materiais
Os materiais constituintes das barras de argamassa e concreto ensaiados foram
caracterizados por análises físico-químicas, as quais forneceram as informações
necessárias na composição dos traços e análises de comportamento com o kit
colorimétrico. Os resultados são descritos sucintamente nos itens abaixo.
Aglomerante
As análises físico-químicas do material cimentício foram realizadas pela ABCP,
sendo apresentados na Tabela 4.7:
Tabela 4.7: Características físico-químicas do aglomerante
Ensaio
Resultados Especificação
Álcalis (%)
NM 17(ABNT, 2004)
Totais
Na
2
O 0,30
K
2
O 1,10
Na
2
Oeq* 1,02
Solúveis
Na
2
O 0,25
Método ABCP K
2
O 1,00
Na
2
Oeq* 0,91
Massa específica (g/cm³) 3,09 NM 23 (ABNT, 2000)
Finura blaine (cm²/g) 4860 NM 78 (ABNT, 1998)
Expansão auto-clave (%) 0,02 Método ABCP
*Na
2
Oeq – Equivalente alcalino: 0,658 K
2
O+Na
2
O
O cimento empregado nos ensaios acelerados, apresentou resultados físico-
químicos dentro dos aspectos normativos estabelecidos pela NBR 15577-4,
referentes a finura (4900 ± 200)
cm²/g, Na
2
Oeq totais (0,90 ± 0,10)% e autoclave
inferior a 0,2%.
Agregados
A consideração física dos agregados permitiu a determinação dos parâmetros
necessários à elaboração da dosagem dos concretos da NBR 15577-6. Ao passo
que a análise química possibilitou identificar a presença dos componentes presentes
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
102
nas rochas, tendo em destaque íons alcalinos, cálcio e sílica, os quais estão
envolvidos na RAA e no processo de identificação no método da mancha.
Nas Tabelas 4.8 e 4.9 seguem apresentadas as análises físicas e químicas
realizadas nos agregados graúdos e miúdo:
Tabela 4.8: Características físicas dos agregados empregados nos ensaios de reatividade
Amostra
Massa Específica (g/cm
3
)
Absorção
(%)
Massa unitária
compactada
(kg/cm
3
)
s.s.s sêca aparente
Especificação
NM 53 (ABNT, 2003)/NM 30 (ABNT, 2001)
NM 45
(ABNT, 2006)
B1 2,938 2,914 2,987 0,83 1,702
B2 2,913 2,889 2,960 0,83 1,670
G2 2,631 2,613 2,662 0,71 1,590
G3 2,727 2,716 2,745 0,40 1,576
S1 2,607 2,600 2,628 0,50 1,740
M2 2,604 2,610 2,600 0,16 1,616
API 2,092 2,868 2,968 1,17 1,704
Legenda:
B1 e B2 – Agregados do tipo basalto
G2 e G3 – Agregados do tipo granito
S1 – Agregado do tipo seixo rolado
M2 – Areia padrão
API – Agregado potencialmente inócuo
Tabela 4.9: Análise química dos agregados
Análise
química
Agregados
Especificação
B1 B2 G2 G3 S1
SiO
2
49,44
48,33
90,94
89,94
95,20
NBR NM22
(ABNT, 2004)
R
2
O
3
(*)
33,19
32,87
7,22
7,02
2,10
CaO
8,51
8,61
2,25
0,67
0,21
Na
2
O
0,41
0,41
0,27
0,17
0,18
Método absorção
atômica
K
2
O
0,17
0,27
0,16
2,19
0,10
Fe
2
O
3
16,24 16,14
3,79
3,29
1,96
MgO
1,94 1,94
0,40
1,11
0,04
SO
3
0,25
0,25
0,17
0,07
0,34
NM16 (ABNT, 2004)
*
R
2
O
3
– Conjunto de outros óxidos presentes na composição química do material.
A análise dos componentes alcalinos mostrou um teor de potássio considerável na
amostra G3 indicando possível presença de feldspatos alcalinos, ao passo que nos
agregados B1, B2 e G2 tiveram apreciáveis quantidades de lcio, que podem estar
Capítulo 4 - Análise dos resultados
103
relacionados aos minerais do tipo plagioclásio ou piroxênio. No caso destas
amostras, faz-se necessária uma avaliação do comportamento pelo kit colorimétrico,
uma vez que apresentam componentes passíveis de identificação.
Nas rochas G2, G3 e S1 a elevada quantidade de sílica pode estar relacionada a
presença de quartzo cristalino. Nas amostras B1 e B2 os teores de sílica
encontrados foram menores, apresentando valores característico de basaltos (entre
45% à 55%) de caráter sico, ou seja, que apresentam pouca sílica, o valor do
R
2
O
3
nestas amostras foi considerável, indicando a presença de outros óxidos tais
como titânio, manganês e alumínio.
Segundo Thiecher (2008) a sílica presente em basaltos relaciona-se parte a
formação inicial dos minerais principais e parte a formação da mesóstase (resíduo
de baixa cristalinidade), juntamente com os compostos alcalinos.
O agregado S1 apresentou uma predominância de lica, típico de rochas
sedimentares (cascalho, areia, entre outros) e, em menor quantidade, Fe
2
O
3
indicando uma pequena quantidade de ferro na amostra, possivelmente relacionado
a presença de mica.
A análise granulométrica do agregado miúdo M2 foi realizada de acordo com as
proporções citadas no item 3.24, sendo apresentada na Figura 4.11:
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10
% Retida acumulada
Abertura (mm)
Especificação Zona Utilizável
Especificação Zona Ótima
Areia Padrão IPT
Figura 4.11: Perfil granulométrico estabelecido para a areia M2.
Os resultados da areia M2 indicaram sua conformidade com a exigência normativa
da NBR 15577-6, obtendo-se um MF= 2,67 para este material, cujo limite
estabelecido encontra-se entre 2,5 a 2,9.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
104
4.2.2 Análise petrográfica dos agregados (NBR 15577-3)
A análise petrográfica possibilitou a análise da potencialidade reativa dos agregados
estudados. Esta técnica qualitativa permitiu caracterizar os minerais presentes nas
amostras e identificar seu grau de deformação e alteração na rocha.
Os aspectos petrográficos dos agregados foram analisados segundo as prescrições
da NBR 15577-3, sendo realizadas observações via microscopia ótica de luz
transmitida em lâminas delgadas de agregado graúdo e microscopia estereoscópica
para avaliação da mineralogia do agregado miúdo M2.
Na Figura 4.14 a 4.18 e Tabelas 4.10 a 4.12 seguem as análises petrográficas
realizadas no centro de pesquisas da ABCP:
Tabela 4.10: Análise petrográfica dos agregados graúdos – amostras B1 e B2.
Características B1 B2
M
M
i
i
n
n
e
e
r
r
a
a
l
l
o
o
g
g
i
i
a
a
Principal Plagioclásio e piroxênio
Subordinada
Vidro devitrificado;
Argilomineral;
Hidróxido de ferro e opacos.
Vidro vulcânico;
Argilomineral;
Hidróxido de ferro e opacos.
Reativa/ Deletéria Vidro devitrificado: > 5%
Estado de alteração
Medianamente alterada:
Feldspatos alterados para
sericita;
Vidro devitrificado;
Opacos alterados para
hidróxido de ferro;
Piroxênio alterado por
argilomineral.
Medianamente alterada:
Feldspatos alterados para
sericita;
Vidro devitrificado; e
Opacos alterados para
hidróxido de ferro.
Deformação do
agregado
Ausente
Tipo de rocha
Ígnea
Classif. petrográfica
Basalto
Reatividade potencial Potencialmente Reativo
Capítulo 4 - Análise dos resultados
105
Tabela 4.11: Análise petrográfica dos agregados graúdos – amostras G2 e G3.
Características G2 G3
M
M
i
i
n
n
e
e
r
r
a
a
l
l
o
o
g
g
i
i
a
a
Principal Quartzo, feldspato
Feldspato (plagioclásio e
microclínio) e quartzo
Subordinada
Mica;
Titanita;
Anfibólio;
Clorita; e
Calcita.
Biotita;
Clorita;
Argilomineral;
Titanita; e
Opacos.
Reativa/ Deletéria
Quartzo deformado com
ângulo de extinção
ondulante: 19,5
0
Feldspatos alterados: >5%;
Quartzo microcristalino: 1-5%;
Quartzo com extinção ondulante
(maior que 30
0
):
>5%
Estado de alteração
Predominantemente sã
Pouco alterada:
Feldspatos sericitizados; e
Biotita cloritizada.
Deformação do
agregado
Pouco deformado
Quartzo deformado
(ângulo extinção ondulante);
Minerais triturados (formando
massa mais fina) bordejando os
maiores, evidenciando
deformação na rocha; e
Pontos com quartzo
tendendo a poligonização
(recristalização da rocha).
Tipo de rocha
Metamórfica
Classif. petrográfica
Granito Gnaíssico Gnaisse Cataclasado
Reatividade potencial Potencialmente Reativo
Tabela 4.12: Análise petrográfica dos agregados S1 e M2.
Características S1 M2
M
M
i
i
n
n
e
e
r
r
a
a
l
l
o
o
g
g
i
i
a
a
Principal Quartzo
Subordinada Mica e opacos.
Mica;
Fragmentos
de rocha;
Turmalina;
Granada; e
Opacos.
Reativa/ Deletéria
Quartzo deformado, com
extinção ondulante (não foi
possível medir o ângulo); e
Quartzo microcristalino: >5%
Quartzos microcristalinos
(1-3%)
Estado de alteração
Ausente
-
Deformação do
agregado
Quartzo deformado e
contatos suturados
Tipo de rocha
Sedimentar
Classif. petrográfica
Cascalho Areia
Reatividade potencial
Potencialmente Reativo Potencialmente inócuo
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
106
(a) (b)
Figura 4.12: Fotomicrografias dos agregados G2 e G3, com presença de feldspatos (F),
mica (M), quartzo (Q), biotita (B) e mirmequitas (Mi). Nicóis cruzados. Ampliação de 10x
(a) (b)
Figura 4.13: Fotomicrografia de B1 e B2 o qual se observa vidro vulcânico (V), piroxênio
(P), plagioclásio (PL), Feldspatos (F) e opacos (O). Nicóis cruzados.
Ampliação de 40x (a) e 10x (b).
(a) (b)
Figura 4.1
4
:
Fotomicrografia de B2 e S1 com o qual se observa vidro devitrificado (V),
quartzo microcristalino (Qm) entre cristais maiores de quartzo, respectivamente. Nicóis
cruzados. Ampliação de 40x (a) e 10x (b).
P
PI
V
V
P
F
O
Q
F
B
F
Mi
V
M
F
Q
Capítulo 4 - Análise dos resultados
107
Os agregados B1 e B2 foram caracterizados como rochas ígneas do tipo basalto,
sendo identificada a presença da mesóstase silicosa (vidro vulcânico ou
devitrificado) em sua composição. Este componente mineral caracteriza-se por
possuir uma baixa cristalinidade (amorfo), sendo um fator preponderante no
indicativo do potencial reativo deste tipo litológico.
No grupo dos basaltos também foi observada a presença de argilominerais, que
contribuem para a ocorrência da RAA, pois se tratam de silicatos hidratados de
alumínio extremamente solúveis (THIECHER, 2008). Além disso, existem alguns
argilominerais expansivos (esmectita e ilita) que podem também comprometer a
durabilidade do concreto produzido.
As amostras G2 e G3 foram identificadas como rochas metamórficas do tipo granito
gnáissico e gnaisse cataclasado, respectivamente. Em G2 foi identificado a
presença quartzo e feldspatos, apresentando quartzo pouco deformado em função
do ângulo de extinção ondulante. A amostra G3 apresentou quartzo com muita
extinção ondulante, havendo a formação de quartzo microcristalino, indicando que
esse mineral apresenta-se bastante deformado. Nesta amostra, também foi
observado à ocorrência de feldspatos alcalinos e plagioclásios, minerais que podem
favorecer o desencadeamento do RAA por possuírem componentes químicos (Ca, K
e Na) que venham a ser liberados no concreto (VAN AARTDT; VISSER;
CONSTATIER; DIAMOND, 1976 apud THIECHER, 2006). Além disso, também foi
identificada a ocorrência de argilominerais. Ambas as amostras foram caracterizadas
como potencialmente reativas aos álcalis do cimento.
As amostras S1 e M2 foram identificadas como materiais de origem sedimentar. O
seixo S1 apresentou a presença de quartzo microcristalino (>5%) e deformado, fato
que possibilitou caracterizar o material como potencialmente reativo, ao passo que
M2 foi identificado como potencialmente inócuo, em virtude da ocorrência pouco
significativa de minerais reativos.
4.2.3 Análise cristalográfica dos minerais por DRX
O emprego do DRX na análise mineralógica das rochas também foi utilizado para
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
108
complementar as análises petrográficas, uma vez que esta cnica possibilita
identificar a presença de grande parte dos minerais presentes na rocha e de difícil
constatação na microscopia. Os resultados de caracterização cristalográfica dos
agregados estudados estão indicados no ANEXO A, sendo feita as devidas
considerações nos parágrafos a seguir.
Os basaltos B1 e B2 apresentaram características cristalográficas importantes. Em
ambas as amostras foi identificada a presença pouco expressiva de quartzo,
indicando que a mesóstase das amostras apresenta sílica. Adicionalmente foram
observados os seguintes minerais constituintes: augitas (piroxênio), plagioclásio
(albite e andesina), magnetita e k-feldspatos.
Os agregados G2 e G3 apresentaram a presença de quartzo como mineral principal
e feldspatos alcalinos (ortoclase e microclina) além de plagioclásios (albite e
andesina) estando em concordância com os minerais encontrados na análise
petrográfica.
Os padrões cristalográficos dos agregados S1 e M2 foram similares ao encontrado
anteriormente no agregado de T3, identificando o quartzo como fase cristalina
predominante e confirmando a origem sedimentar destes agregados.
Nas análises difratométricas também foram observadas algumas estruturas
cristalinas de interesse, por apresentarem potássio e cálcio em sua composição, os
quais podem ser suscetíveis a identificação no teste colorimétrico com o
cobaltonitrito e a rodamina B base (item 3.5). A Tabela 4.13 apresenta os principais
minerais identificados nos agregados:
Tabela 4.13: Componentes cristalinos presentes nos agregados
Amostra
Componentes Minerais
Amostra Comum Interesse*
G
G
2
2
Quartzo, Albite, Orthoclase
Quartzo/
Albite
Orthoclase
G
G
3
3
Quatzo, Albite, Annita e Microclina Microclina e Annita
B
B
1
1
Quatzo, Albite, Augita,
Magnetita e Andesita
-
B
B
2
2
Quartzo, Albite, Augita,
K-feldspato, Andesita
K-feldspato
S
S
1
1
Quartzo Quartzo -
*Minerais com presença de potássio e cálcio
Capítulo 4 - Análise dos resultados
109
4.2.4 Ensaios acelerados em barras de argamassa (NBR 15577-4)
Os ensaios acelerados em barras de argamassa foram realizados com agregados
de diferentes formações litológicas. O agregado britado API foi inserido nos ensaios
para possibilitar a avaliação do potencial reativo da areia M2 (NBR 15577-4), sendo
confirmada potencialmente inócua até 28 dias de ensaio em solução alcalina.
Os ensaios de reatividade foram realizados até a idade de 60 dias, com intuito de
observar o comportamento reativo dos agregados até o limite especificado. Os
resultados obtidos seguem apresentados nas Figuras 4.15 e 4.16.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60
Expansão (%)
Idade (dias)
M2 API
P
OTENCIALMENTE
I
NÓCUO
P
OTENCIALMENTE
R
EATIVO
Figura 4.15: Reatividade Potencial dos agregados M2 e API.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60
Expansão (%)
Idade (dias)
G3
-
445
G2
-
444
B1-448
B2-449
S1-450
Potencialmente Reativo
Potencialmente Inócuo
Figura 4.16: Comportamento reativo dos agregados estudados.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
110
Os ensaios acelerados indicaram a maior tendência à reação nas amostras B1 e B2,
possuindo expansões elevadas nas primeiras idades, sendo aos 16 dias facilmente
caracterizados como potencialmente reativos.
Na amostra B1 notou-se um crescimento acelerado até 16 dias, seguindo de uma
atenuação das expansões nas idades subseqüentes, ao passo que B2 possuiu
expansões elevadas até aos 60 dias de ensaio.
Nos granitos G2 e G3, observou-se um crescimento linear das expansões, onde a
tendência reativa foi observada somente em G3 aos 30 dias, enquanto que G2
manteve-se inócuo até o final do ensaio. Já no seixo S1 apresentou o mesmo
comportamento de G3, sendo caracterizado como agregado potencialmente reativo.
No agregado API foi notória sua potencialidade inócua até os 30 dias de ensaio,
sendo, contudo, observada pequenos incrementos de expansão nas últimas idades.
O agregado miúdo M2 foi classificado como potencialmente inócuo aos 30 dias,
sendo passível de utilização nos ensaios em prismas de concreto. Contudo, foi
observada uma elevação das expansões até o final dos ensaios, indicando uma
tendência reativa aos 60 dias, com possível contribuição do agregado API.
A análise macroscópica das barras de argamassa indicou aspectos comuns de boa
aderência e coesão. Nas barras de argamassa G3, B1 e B2 foram observadas
inflexões e fissurações contínuas ao longo das barras, provavelmente decorrentes
dos efeitos expansivos da RAA, conforme apresentado na Figura 4.17.
Figura 4.17: Mapeamento de fissuras e curvatura em G3, B1 e B2.
A análise microscópica indicou na maioria das barras de argamassa, a presença de
Capítulo 4 - Análise dos resultados
111
poros incorporados e freqüentemente preenchidos com xerogel.
Destaca-se que as barras de argamassa constituídas pelo agregado S1
apresentaram uma alteração na textura do próprio material e um preenchimento de
grande parte dos poros da argamassa. Em alguns casos, observou-se a formação
de um anel vítreo ao redor dos poros preenchidos (Figura 4.18).
(a) (b)
Figura 4.18: Análise microscópica da barra S1. a) Esfacelamento do agregado após 60 dias
de ensaio e b) formação de um anel ao redor dos poros.
O esfacelamento do agregado na barra de argamassa pode estar relacionado ao
fato de S1 ser constituído tão somente por quartzo (SiO
2
), que quando submetido ao
ambiente agressivo de ensaio reage quimicamente (RAA), alterando sua estrutura
química e propriedades físicas, de maneira a fragilizar o material.
4.2.5 Ensaios acelerados em prismas de concreto (NBR 15577-6)
As dosagens elaboradas nos prismas de concreto (item 3.2.6) e as características
físicas obtidas no estado fresco seguem apresentadas na Tabela 4.14:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
112
Tabela 4.14: Dosagens utilizadas nos prismas de concreto
Agregados G2 G3 B1 B2 S1
C
C
o
o
m
m
p
p
o
o
s
s
i
i
ç
ç
ã
ã
o
o
(
(
k
k
g
g
/
/
m
m
3
3
)
)
A
A
g
g
r
r
e
e
g
g
a
a
d
d
o
o
g
g
r
r
a
a
ú
ú
d
d
o
o
1061 1100 1185 1167 1213
A
A
g
g
r
r
e
e
g
g
a
a
d
d
o
o
m
m
i
i
ú
ú
d
d
o
o
-
-
M
M
2
2
675 679 676 696 516
Á
Á
g
g
u
u
a
a
194,7 192 194,2 191,2 193,7
C
C
i
i
m
m
e
e
n
n
t
t
o
o
p
p
a
a
d
d
r
r
ã
ã
o
o
-
-
A
A
B
B
C
C
P
P
420
R
R
e
e
l
l
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o
a
a
/
/
c
c
0,45
A
A
d
d
i
i
t
t
i
i
v
v
o
o
N
N
a
a
O
O
H
H
(
(
g
g
)
)
15,415
P
P
r
r
o
o
p
p
r
r
i
i
e
e
d
d
a
a
d
d
e
e
s
s
d
d
o
o
c
c
o
o
n
n
c
c
r
r
e
e
t
t
o
o
f
f
r
r
e
e
s
s
c
c
o
o
T
T
e
e
m
m
p
p
e
e
r
r
a
a
t
t
u
u
r
r
a
a
(
(
0
0
C
C
)
)
25,9 26,7 23,2 24,4 23,0
A
A
b
b
a
a
t
t
i
i
m
m
e
e
n
n
t
t
o
o
(
(
c
c
m
m
)
)
4,4 3,0 5,9 3,7 7,0
A
A
r
r
i
i
n
n
c
c
o
o
r
r
p
p
o
o
r
r
a
a
d
d
o
o
(
(
%
%
)
)
2,1 2,5 2,5 1,7 1,7
M
M
a
a
s
s
s
s
a
a
e
e
s
s
p
p
e
e
c
c
í
í
f
f
i
i
c
c
a
a
(
(
k
k
g
g
/
/
m
m
3
3
)
)
2,384 2,420 2,492 2,516 2,403
Os traços produzidos apresentaram um teor de incorporação de ar entre 1,7 a 2,5%
e abatimentos da ordem de 3,0cm a 7,0cm, decorrentes das características físicas e
geométricas de cada material.
Os prismas de concreto foram submetidos aos ensaios para aceleração da RAA nas
temperaturas de 38
0
C e 58
0
C. Os resultados obtidos de expansão e controle de
peso são representados graficamente nas Figuras 4.19 à 4.21.
-0,010
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0,080
0 28 56 84 112 140 168 196 224 252 280 308 336 364
Expansão (%)
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
Peso (%)
Idade (dias)
G1 -38 G1 - 60
G2 -38 G2 - 60
Potencialmente inócuo
Potencialmente Reativo
0
C
0
C
0
C
0
C
Figura 4.19: Expansões e pesos dos prismas de granitos G2 e G3 em T= 38
0
C e T= 58
0
C
Capítulo 4 - Análise dos resultados
113
-0,020
-0,010
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0,080
0 28 56 84 112 140 168 196 224 252 280 308 336 364
Expansão (%)
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
Peso (%)
Idade (dias)
S1 -38 S1 -60
M2 -38 M2 -60
Potencialmente inócuo
Potencialmente Reativo
0
C
0
C
0
C
0
C
Figura 4.20: Expansões e pesos dos prismas do seixo S1 e areia M2 em T= 38
0
C e T= 58
0
C
-0,020
-0,010
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0 28 56 84 112 140 168 196 224 252 280 308 336 364
Expansão (%)
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
Peso (%)
Idade (dias)
B1 -38 B1-60
B2 -38 B2 -60
Potencialmente inócuo
Potencialmente Reativo
0
C
0
C
0
C
0
C
Figura 4.21: Expansões e pesos dos prismas dos basaltos B1 e B2 em T= 38
0
C e T= 58
0
C
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
114
A partir dos resultados de reatividade puderam-se observar comportamentos
expansivos diferenciados para cada tipo de agregado e temperatura de exposição
do ensaio.
Os prismas de concreto compostos por G2 e G3 submetidos a T= 58
0
C
apresentaram expansões superiores ao ensaio de 38
0
C. O parecer potencialmente
reativo foi observado em T= 58
0
C, ao passo que em T= 38
0
C foi notada uma
evolução das expansões, atingindo no fim de um ano valores máximos da ordem de
0,02%, sendo caracterizado como potencialmente inócuo para esta temperatura.
Na amostra S1 foi constatado um parecer potencialmente reativo em ambas as
temperaturas, apresentando um comportamento expansivo mais acentuado aos
58
0
C e gradual aos 38
0
C. A areia M2 mostrou-se potencialmente inócua para ambas
as temperaturas, indicando positivamente um efeito expansivo irrisório do agregado
miúdo, evitando dessa forma, sobreposições de expansões deste material com os
agregados graúdos estudados nos demais prismas de concreto.
O grupo B1 e B2 apresentou característica potencialmente inócua para o ensaio a
58
0
C, em oposição a 38
0
C, na qual o agregado B1 indicou-se um potencial reativo
após 9 meses de ensaio, enquanto que B2 apresentou um crescimento gradual nas
últimas leituras, sendo este caracterizado como potencialmente inócuo.
Em todas as amostras foi observado para os ensaios de 38
0
C um ganho gradual de
peso, efeito favorável a ocorrência da RAA devido à presença de umidade no interior
do concreto. Este fato tornou-se evidente no grupo dos granitos, onde a elevação de
peso nos prismas de G3 após 4 meses de ensaio em relação a G2 possibilitou uma
inversão no quadro de expansões.
Nos ensaios a 58
0
C notou-se um aumento de peso pouco significativo nos primas,
efeito inversamente notado nas amostras B1, B2 e M2 onde foram observadas
reduções gradativas deste parâmetro. No caso destas amostras, este
comportamento pode explicar a redução das expansões no concreto, visto a perda
parcial da água interna do mesmo e a conseqüente diminuição da reação, acelerada
quimicamente pela temperatura do ensaio.
A linha tracejada em alguns gráficos de percentual de peso representa pontos
desconsiderados, visto sua dispersão em relação ao comportamento das amostras.
Em função do estudo na temperatura de 58
0
C fez-se necessária uma análise
Capítulo 4 - Análise dos resultados
115
comparativa em períodos de interesse (3 e 4 meses) em relação ao ensaio
convencional a 38
0
C. Estas comparações são relevantes em organizações como
ASTM, CSA, RILEM e ABNT, pois avaliam a versão de 58
0
C e possibilitam o uso do
ensaio como potencial indicador da RAA no concreto.
No ANEXO B são apresentados os dados de expansão das duas séries de ensaios,
sendo na Figura 4.22 mostrado o gráfico comparativo entre ensaio de 58
0
C nos
períodos de 3 e 4 meses e 38
0
C com 1 ano de ensaio.
-0,01
0,01
0,03
0,05
0,07
0,09
-0,01 0,01 0,03 0,05 0,07 0,09
Ensaio NBR 15577-6 modificado (60
o
C)
Ensaio NBR 15577-6 (38
o
C)
3 meses/1 ano
4 meses/1 ano
Limite e= 0,04%
Limite e= 0,04%
Linha de
equivalência
Figura 4.22: Comparativo das expansões (NBR 15577-6): 3 e 4 meses de expansão à 58
0
C
vs 1 ano à 38
0
C.
Observa-se neste gráfico, que aos 3 meses de ensaio têm-se dois pontos
potencialmente reativos e três potencialmente inócuos, aos 4 meses, três pontos
potencialmente reativos, estando um deles sobre a linha limite. Desse modo tem-se
que a menor idade para uma avaliação consistente do potencial para a RAA pelo
método acelerado dos prismas foi de 4 meses de exposição à 58
0
C.
As barras de concreto também foram inspecionadas visualmente, sendo notadas
somente em alguns prismas submetidos a 58
0
C, formações de eflorescências e
desgastes na superfície do concreto, ao passo que nos prismas expostos à 38
0
C
foram observados pontos escuros e ocorrência de eflorescências. Estas
observações macroscópicas dos concretos são apresentadas nas Figuras 4.23 a
4.25.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
116
(a) (b)
Figura 4.23: Erosão e eflorescência nos prismas de concreto
.
a) Amostra B1 – fenômeno
pontual e b) Amostra G2 – fenômeno em toda barra com presença de fissuras
(a) (b)
Figura 4.24: Ensaio acelerado em prismas de concreto. a) Fissuras contínuas na região
central do concreto G3 e b) Poros com bordas escuras em M2.
(a) (b)
Figura 4.25: Prismas de concreto – amostra S1. a) Desgaste superficial e eflorescências
na superfície do concreto, b) Fissuras contínuas nas regiões degradadas.
A análise macroscópica nas amostras G2 e G3 indicaram freqüentes desgastes
superficiais e eflorescências pontuais e longitudinais e fissurações expressivas em
Capítulo 4 - Análise dos resultados
117
todas as barras.
No concreto M2 e B1 notou-se que o desgaste superficial pouco expressivo, sendo,
no caso de M2, freqüente em todas as barras, poros com bordas de coloração mais
escura que o restante da amostra. Na amostra B2o foi observado nenhum evento
degenerativo.
O concreto S1 foi o que visualmente apresentou uma maior degradação superficial,
sendo notórios desgastes superficiais, eflorescências pontuais e fissuras contínuas
nestas regiões. Em função da formação elevada de eflorescências nos prismas de
concreto de S1, realizou-se a coleta deste material, seguido da triagem em
microscópio estereoscópico e posterior análises químicas por absorção atômica (AA)
e cristalográfica por DRX. O resultado da análise difratométrica segue apresentada
no ANEXO A e a constituição química deste material é indicada na Tabela 4.15:
Tabela 4.15: Análise química das eflorescências de S1
Na
2
O K
2
O MgO Fe
2
O
3
1,85% 4,67% 1,24% 0,00%
A análise difratométrica indicou a presença de material amorfo na amostra (entre 20
0
e 30
0
), além da presença de compostos além de carbonatos na forma de aragonita e
calcita, possivelmente formados com a exposição da amostra com o ambiente
fixação com o CO
2
. Também foi observada a presença de hidróxido de cálcio,
quartzo (SiO
2
) e magnésio (MgO).
O padrão difratométrico do material apresentou uma grande diversidade de
compostos químicos, o que dificultou a análise íntegra do material, devida ocorrência
da sobreposição de picos cristalográficos.
A análise química do material lixiviado mostrou uma concentração de álcalis de
6,57%, indicando uma redução alcalina nos prismas de concreto, possivelmente
ocasionada pela formação de águas puras na temperatura de 58
0
C, formada pela
evaporação da água no fundo do recipiente de armazenamento dos prismas e
posteriormente condensada sobre os mesmos, percorrendo os poros e
transportando os compostos disponíveis na pasta.
Contudo, a diminuição alcalina observada nos concretos não influenciou no
indicativo da potencialidade reativa dos prismas de S1, fato observado nos ensaios
de expansão.
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118
Os comportamentos observados mostraram-se em oposição aos estudos iniciais de
Folliard et al. (2004), indicando que a lixiviação pode não estar relacionada à
redução das expansões no concreto pela diminuição de álcalis e cálcio da massa e
sim, a constatação da ocorrência da deterioração externa nos prismas de concreto
possivelmente decorrente do condicionamento dos prismas em ensaio.
4.2.6 Análise petrográfica dos prismas de concreto (NBR 15577-3)
A análise petrográfica foi realizada na ABCP nos prismas de concreto B1, G2 e S1,
estudados em T=60
0
C e caracterizados por apresentar diferentes formações
litológicas. A análise microscópica em lâminas delgadas objetivou analisar nas
amostras aceleradas algumas regiões de interesse afetadas pela reação (poros do
concreto e interface pasta/agregado).
As observações por microscopia ótica indicaram a presença de fissuras
microscópicas na argamassa e nos agregado dos prismas de concretos, além da
presença de poros preenchidos com xerogel e finas de bordas de reação. Dentre as
amostras analisadas, apenas em B1 foram identificados indícios de poros com
etringita (Figura 4.26).
Figura 4.26: Aspecto do concreto no qual se observa poros esféricos na argamassa
preenchidos com cristais de etringita (E). Ampliação 40x.
E
Capítulo 4 - Análise dos resultados
119
4.2.7 Microanálises em testemunhos e amostras aceleradas
Após as visualizações a olho nu e via microscopia estereoscópica dos testemunhos
de concreto, barras de argamassa e prismas de concreto, foram separados
fragmentos com presença de possíveis bordas de reação e poros totalmente e semi
preenchidos com xerogel.
Nas amostras do xerogel T1.1 e testemunhos de concreto T1.2, T2 e T3 foram
realizadas observações microestruturais por MEV e microanálises com EDS. Na
amostra T1.1, caracterizada como um carbonato de cálcio nas análises físico-
quimicas, observou-se uma estrutura cristalina composta basicamente por cálcio, ao
passo que nos poros dos testemunho T1.2 (Figura 4.28) foi encontrado a presença
de estruturas do tipo rosetas no xerogel silico-cálcico-alcalino da RAA, similares as
observadas por Larrañaga (2004).
Na amostra T2, que apresentava poros pouco preenchidos com grumos de xerogel,
notou-se a predominância de estruturas aciculares, comumente associadas à
etringita secundária (Figura 4.29). A microanálise por EDS nestas estruturas indicou
a presença de alumínio, sulfato e cálcio, além de sílica e potássio, mostrando
também a possível presença de silicatos de cálcio alcalinos em sua composição.
Tais estruturas também foram observadas em poros pouco preenchidos de T1.2 e
T3, apresentando-se também presentes em meio a produtos da RAA.
A análise microestrutural realizada na amostra T3 identificou estruturas com
geometria cúbica, característica de CaO, sendo confirmada pelo EDS (Figura 4.30).
Tais estruturas formam encontradas em meio a estruturas cristalinas constituídas por
cálcio, potássio e sílica, relacionadas ao xerogel sílico-cálcio-potássico da RAA.
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120
Figura 4.27: Micrografia da amostra T1.1-
xerogel de carbonato de cálcio
Figura 4.28: Micrografia dos produtos
cristalizados nos poros da amostra T1.2
Figura 4.29: Micrografia indicando a
presença de acículas nos poros de T2
Figura 4.30: Microanálise do xerogel T2
(ponto A), possível etringita.
Figura 4.31: Micrografia do xerogel
presente nos poros de T3.
Figura 4.32: Microanálise do óxido de cálcio
(ponto A) presente no xerogel.
Nas barras de argamassa foram identificados produtos com composição sílico-
cálcico-alcalinas em poros preenchidos com xerogéis gretados e maciços (Figura
4.35 e 4.37), além de produtos de hidratação de CH e C-S-H (Figura 4.38) e etringita
secundária em poros semi preenchidos (Figura 4.33).
A
A
Capítulo 4 - Análise dos resultados
121
A presença de etringita secundária foi verificada nas barras de argamassa B1, B2 e
S1, fato possivelmente relacionado ao deslocamento de íons sulfatos em regiões
porosas onde ocorre a formação do “gel” hidratado da RAA.
Segundo Owsiak (2003), a co-existência de etringita secundária e “gel” da RAA,
indicam um estágio avançado da reação, fato este possivelmente relacionado à
barras de argamassa com expansões elevadas.
Outra possibilidade da formação da etringita pode estar associada à exposição das
barras de argamassas à temperatura elevada de 80
0
C, visto que sua ocorrência é
comum em processos de cura térmica de concretos para estruturas pré-moldadas.
Figura 4.33: Micrografia indicando a
presença de acículas nos poros de B1.
Figura 4.34: Microanálise por EDS das
acículas (ponto A) do concreto de B1.
Figura 4.35: Micrograf
ia do xerogel gretado
nos poros da barra G2.
Figura 4.36: Microanálise por EDS do xerogel
gretado.
A
A
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
122
Figura 4.37:
Micrografia do preenchido com
xerogel maciço.
Figura 4.38: Diversidade de estruturas
observadas na barra S1.
Nos prismas de concreto submetidos ao estudo de temperatura de 38
0
C e 60
0
C
foram
notadas ocorrências de estruturas diversificadas nos concretos moldados com
o mesmo agregado.
O concreto B1 nas duas temperaturas e B2 em T=60
0
C foi notado poucas estruturas
cristalinas nos poros do concreto, apresentando poros com estruturas compostas
por cálcio e sílica, possivelmente relacionados a C-H, além do xerogel silico-cálcico-
alcalino na forma maciça da RAA, sendo, contudo em T=60
0
C, observadas a
presença de etringita em meio a produtos cristalinos.
Os concretos G2 e G3 ensaiados para as duas temperaturas apresentaram a
ocorrência de estruturas silico-cálcico-alcalino e acículas de etringita (Figura 4.40),
sendo observado na temperatura de 60
0
C formações de conglomerados de etringita
isolados nos poros do concreto (Figura 4.41).
Nos prismas de S1 apresentou estruturas cristalinas com elevado teor de cálcio,
indicando a possível presença de carbonatos, além de estruturas compostas por
silício, potássio, alumínio, cálcio, ferro e magnésio, sendo relacionadas a possível
ocorrência de xerogel sílico-cálcico-alcalino e ferro-aluminatos nos poros do
concreto.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
123
Figura 4.39:
Micrografia do poro da amostra
B1 T=38
0
C
Figura 4.40: Micrografia dos produtos
cristalizados no poro da amostra G2 T=38
0
C
Figura 4.41: Micrografia do conglomerado
de acículas nos poros de G2 T=60
0
C
Figura 4.42: Micrografia indicando a
presença de acículas nos poros de T2
4.3 Ensaios com kit colorimétrico
4.3.1 Impregnação em agregados graúdos
Os agregados extraídos dos testemunhos de concreto afetados pela RAA e os
empregados nos ensaios acelerados foram impregnados com os reagentes químicos
do kit colorimétrico, avaliando-se a ação destes reagentes nas rochas estudadas. As
análises visuais seguem ilustradas na Figura 4.43:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
124
(a) (b) (c) (d)
Figura 4.43: Teste colorimétrico em rochas. a) Teste positivo com Na-
cobaltonitrito
para T1.2-A2 , b), c) e d) Teste positivo com rodamina B base para T1.2-
A2, B1 e
G3, respectivamente
Os resultados mostraram que a solução de Na-cobaltonitrito identificou apenas o
agregado T1.2-A2, ao passo que para a rodamina B base, os agregados T1.2-A2,
B1 e G3 tiveram impregnação por este reagente. Este comportamento aponta que a
identificação nos agregados não é decorrente da RAA e sim da presença de íons de
potássio e cálcio livres na superfície destes materiais que interagiram com os
reagentes do kit.
Alguns agregados mostraram na análise química teores de potássio (G3) e cálcio
(B2, G2 e T2) consideráveis, contudo não foram identificados pelos reagentes
colorimétricos, fato possivelmente relacionado à ausência de íons K
+
e Ca
2+
disponíveis na composição do agregado.
4.3.2 Testes de identificação de patologias em xerogéis
Os xerogéis estudados foram submetidos ao teste de pH, ataque com ácido
clorídrico e aplicação dos agentes tonificantes do kit colorimétrico. Foi utilizado um
padrão de carbonato de cálcio, com pureza de 98%, para comparar visualmente seu
comportamento com o xerogel T1.1 frente à aplicação dos reagentes químicos. Os
resultados seguem apresentados na Tabela 4.16 e nas Figuras 4.44 e 4.45.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
125
Tabela 4.16: Resultados dos testes com xerogéis
Xerogel
Indicativo de cor
(fenolftaleína)
Ataque com HCl (15%)
Cor - agentes colorimétricos
Cobaltonitrito
Rodamina
Padrão Incolor (básico) Efervescência intensa Incolor Incolor
T1.1 Incolor (básico) Efervescência intensa Incolor Incolor
T1.2 Violeta (ácido) Pouca efervescência Amarelo Alaranjado
T3 Violeta (ácido) Pouca efervescência Amarelo Alaranjado
(a) (b)
Figura 4.44:
Amostras de carbonato de cálcio antes e após o ataque com ácido
clorídrico (concentração 15%)
(a) Amostra padrão e (b) Amostra T1.1
Padrão T1.1 T1.2 T3
Figura 4.45: Avaliação do pH com o indicador de fenolftaleína.
A aplicação do agente do indicador de pH e o HCl, apontaram um comportamento
distinto entre xerogéis de origem carbonática e sílico-alcalina, provocando no
primeiro uma elevada efervescência e indicação de acidez (incolor), ao passo que
no segundo grupo ocorreu um comportamento inverso. O efeito de efervescência
observado na amostra padrão e T1.1 (eflorescência) o decorrentes da liberação
de CO
2
pela ação do HCl, característico de carbonatos, além disso, estes materiais
apresentaram um pH básico, fato que possibilitou uma distinção dos xerogéis da
RAA estudados.
O emprego dos reagentes de cobaltonitrito de dio e da rodamina B base,
identificaram apenas os xerogéis oriundos dos testemunhos constituídos por granito
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
126
e seixo (amostras T1.2 e T3, respectivamente), tonificando-os com as colorações
amarela e alaranjada. O reagente rodamínico, caracterizado por indicar a presença
de cálcio, não alterou a coloração da amostra T1.1 - caracterizada quimicamente por
apresentar 54% de cálcio em sua composição. Este fato está associado à baixa
disponibilidade dos íons Ca
2+
em reagir, uma vez que se encontra na forma
carbonatada, impossibilitando a ação direta do composto rodamínico.
Com o intuito de avaliar a distinção de cores pelos reagentes do kit colorimétrico,
realizou-se caracterizações visuais pelo microscópio estereoscópico nas amostras
T1.1, T2 e T3, mantendo-se uma mesma taxa de iluminação e a ampliação no
equipamento. Os resultados são apresentados na Figura 4.46.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.46:
Análise microscópic
a dos xerogéis T1.2 e T3 submetidos à
impregnações com os regentes do kit colorimétrico. a) e c) T1.2 e T3 após o
tratamento com Na-
cobaltonitrito, respectivamente, b) e d) T1.2 e T3 após o
tratamento com Na-cobaltonitrito e rodamina B base, respectivamente.
A partir das análises microscópicas, pode-se notar diferenças nas colorações dos
xerogéis submetidos ao Na-cobaltonitrito, sendo a cor amarela da amostra T1.2 mais
intensa que T3. Este fato pode estar relacionado a maior disponibilidade de íons
potássio do xerogel, visto que as análises químicas por AA e semi-quantitativa por
EDS indicaram teores de potássio superiores no xerogel de T3 em relação à T1.2.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
127
Outro aspecto relevante foi a alteração de cor das amostras após a aplicação
seqüencial da rodamina B base (Figura 4.46b e d), atingindo tons mais escuros e
com aspecto alaranjado, indicando a presença de lcio na composição das
amostras, fato também confirmado nas análises por AA e microanálises.
4.3.3 Testes em testemunhos e amostras aceleradas
4.3.3.1 Testemunhos de concreto
A aplicação do kit colorimétrico foi realizada nos testemunhos de concreto T1.2, T2 e
T3, sendo que para cada testemunho foram extraídos 3 fragmentos de dimensão
máxima de 3,0 x 3,0 cm. O uso das soluções saturadas do kit possibilitou avaliar a
presença da RAA em regiões onde apresentavam a ocorrência de “géis” ou
xerogeís.
Foram feitas observações macroscópica a olho nu e microscópica (estereoscópico)
em fragmentos aplicados inicialmente com o Na-cobaltonitrito e posteriormente com
a rodamina B base. Os resultados são ilustrados nas Figuras 4.47 a 4.51.
(a) (b)
Figura 4.47 Aplicação do Na-cobaltonitrito em T1.2 a) Bordas de reação em torno do
agregado graúdo e b) Identificação de poros preenchidos com xerogel.
Agregado
Argamassa
Xerogel
Borda de reação
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128
(a) (b)
Figura 4.48 Identificação da RAA com o kit colorimétrico nas amostras T2 (a) e T3 (b).
(a) (b)
Figura 4.49: Análise microscópica de T1.2 submetido ao teste da mancha. a)
Identificação do poro preenchido com xerogel da RAA (ponto 1) e b) Comportamento
em poro semi preenchido (ponto 2).
(a) (b)
Figura 4.50: Aplicação do Na-cobaltonitrito em T1.2. a) Cor avermelhada em poros
semi preenchidos com xerogel e b) Detalhe do xerogel.
2
1
1
Xerogel
Xerogel
Capítulo 4 - Análise dos resultados
129
(a) (b)
Figura 4.51: Aplicação do Na-cobaltonitrito em T2. a) Cor vermelha clara nos grumos
de xerogel e b) Detalhe do xerogel.
A aplicação do Na-cobaltonitrito no concreto indicou a presença da reação nos
testemunhos de concreto T1.2 e T3, sendo identificadas a presença a coloração
amarela em poros preenchidos com xerogel e em bordas de reação nos agregados
(Figura 4.47b), demonstrando um ótimo desempenho do reagente empregado. Este
resultado inicial possibilitou diagnosticar a presença da RAA nestes concretos.
Contudo foi notado na amostra T2, caracterizada por possuir somente poros pouco
preenchidos (grumos de xerogel), que o reagente não produziu a coloração amarela
esperada ou em alguns poros gerou tons róseos claros nas partículas de xerogel
(Figura 4.51a). Este fato também ocorreu em alguns poros do concreto T1.2 (Figura
4.51a), sendo observados também grumos de xerogel com regiões amareladas
(Figura 4.50b).
A ocorrência da coloração rósea pode estar associada à presença de hidroxilas
suscetíveis a formação do Co(OH)
2
nos xerogéis presentes no substrato, ou a
presença de potássio em níveis muito baixos nos grumos de xerogel, de maneira a
reduzir a ação do reagente nestas regiões, não alterando sua coloração.
O uso subseqüente da rodamina B base nas amostras T1.2 e T3, provocou uma
alteração na cor original dos poros preenchidos com xerogel tornando-os
alaranjados, além de distinguir frentes de evolução do gel da RAA nos poros
totalmente preenchidos (Figura 4.49a) e em interfaces de agregados. Também
foram observadas algumas fissuras na argamassa, decorrentes do mecanismo de
degradação da reação.
Outro comportamento notório foi a impregnação de poros anteriormente não
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
130
identificados pelo reagente de cobalto nas amostras T1.2 e T2 (Figuras 4.48a e
4.49b), mostrando que os grumos de xerogel nos poros apresentavam íons cálcio
em sua composição e possíveis níveis irrisórios de íons potássio. Este fato foi
confirmado pelas análises microestruturais anteriormente realizadas, as quais
indicaram em tais regiões a ocorrência de etringita secundária.
Assim como citado em estudos de Guthrie e Carey (1992), nas amostras de
testemunhos estudados também foram observados freqüentes espalhamentos da
rodamina B base em regiões da argamassa não afetadas pela reação,
possivelmente associadas à presença de compostos hidratados de cálcio ou regiões
generalizadas da pasta deteriorada, as quais sofreram aumento de permeabilidade.
4.3.3.2 Barras de argamassa – NBR 15577-4
As barras de argamassa foram impregnadas com os reagentes químicos para
análise da presença da RAA nas amostras aceleradas em laboratório, além da
análise da frente de evolução do “gel” da reação em interfaces pasta/agregado e do
comportamento do xerogel formado nas barras após a finalização dos ensaios.
As análises realizadas mostraram que as barras de argamassa apresentaram-se
tonificadas após a aplicação dos reagentes, sendo macroscopicamente observável
apenas a cor rósea da rodamina B base na superfície aplicada.
Em função da dificuldade de visualização a olho nu, optou-se pelas visualizações em
microscópio estereoscópico, as quais possibilitaram uma avaliação mais adequada
da identificação da RAA nas barras de argamassa submetidas ao ensaio da
mancha, sendo fundamental no estudo da reação ao longo do tempo, realizado nos
segmentos das amostras B1, G3 e S1. Na Figura 4.52 segue apresentado o
resultado obtido:
Capítulo 4 - Análise dos resultados
131
B1
7d (e = 0,268%)
14d (e = 0,526%)
30d (
e =
0,639%)
G3
30d (
e =
0,239%)
44d (
e =
0,392%)
58d (
e = 0
,535%)
S1
16 d (
e =
0,171%)
30d (
e = 0,318%)
58d (
e =0,545%)
Figura 4.52: Desenvolvimento da RAA em barras de argamassa ao longo do tempo (dias) e
expansão (e).
O estudo da RAA nos segmentos das barras de argamassa identificou
comportamentos diferenciados com a aplicação dos reagentes colorimétricos nos
poros e na argamassa e para cada litologia estudada.
Na amostra B1 foi observada a presença de xerogel da RAA, identificada com tom
amarelado do reagente, sendo também encontrados xerogéis brancos, róseos e
amarelos em poros da argamassa aos 30 dias de ensaio. Na idade 44 dias foram
identificados apenas poros com xerogel de cor rosa e amarela, fato também
observado aos 58 dias, sendo nesta idade notados poros totalmente preenchidos.
Nos segmentos de G3, a identificação da RAA foi pouco notória em poros da
argamassa nas idades de 30 e 44 dias, sendo somente aos 58 dias, notada a
presença freqüente poros parcialmente preenchidos com xerogel e uma maior
impregnação da rodamina B base na pasta e poros do concreto. Em todos os
estágios de observação não foram notados poros totalmente preenchidos com
xerogel.
Na amostra S1 foi observada aos 16 dias de ensaio, a ocorrência do gel da reação,
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
132
pela identificação dos reagentes colorimétricos. Na idade de 30 e 58dias, foram
notados poros com xerogel de cores rósea e alaranjado, além da identificação de
regiões degradadas na argamassa com cores amarela à alaranjado.
As barras de argamassa B2 e G2 também foram notadas a presença de poros
impregnados com os reagentes colorimétricos em poros com total e parcial
preenchimento de xerogel.
Em todas as amostras não foram notadas frentes de evolução do “gel” em interfaces
agregado/argamassa, fato possivelmente relacionado à dimensão e volume dos
agregados empregados nas barras de argamassa. Contudo, foi notória a ocorrência
de xerogéis de composição diversificada, confirmado pela ocorrência de colorações
róseas (ricos em Ca
2+
) e amarelas (ricos em K
+
) em poros presentes na argamassa.
4.3.3.3 Prismas de concreto – NBR 15577-6 e modificado
Os prismas de concreto submetidos aos ensaios de 38
0
C e 60
0
C também foram
testados com os reagentes do kit colorimétrico e, em função da ocorrência de
eflorescências nos prismas de 60
0
C, também foi realizado testes com fenolftaleína
nesta série para verificar alterações do pH da massa de concreto.
Nos ensaios com o kit, foi realizada uma série de impregnações somente com Na-
cobaltonitrito e outra aplicando em seguida a rodamina B base. Estes ensaios foram
realizados em fragmentos de dimensão máxima de 3,0x3,0cm, sendo os resultados
apresentados nas Figuras 4.53 e 4.54.
Capítulo 4 - Análise dos resultados
133
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.53: Testes com Na-cobaltonitrito em prismas de concreto. Amostras de
60
0
C de G3 (a) e S1 (b) e de 38
0
C de G3 (c) e S1 (d).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.54: Teste completo com os reagentes colorimétricos nos prismas de
concreto. Amostras de 60
0
C de G3 (a) e S1 (b) e de 38
0
C de G3 (c) e S1 (d).
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
134
As análises com os reagentes colorimétricos indicaram a presença da reação na
maioria dos prismas de concreto estudados.
Nos prismas de concreto B2, G2 e G3 em T=38 e 60
0
C, tonificados com o reagente
amarelo, foram identificados poros milimétricos semi e totalmente preenchidos com
xerogel, além de nítidas bordas de reação em torno dos agregados, evidenciando a
ocorrência da reação nestes concretos. Após a aplicação do composto rodamínico
foi observado o espalhamento da cor rósea em toda a pasta e a alteração de cor dos
xerogéis dos poros, favorecendo uma distinção das regiões afetadas pela reação.
Nos prismas de S1, ensaiados em T=60
0
C, a aplicação dos reagentes indicou um
comportamento diferenciado das demais amostras, pois a identificação da reação
pelo Na-cobaltonitrito tornou-se mais evidenciada em regiões onde houve
descolamento do agregado, referentes a interfaces pasta/agregado, além de
produzir em poros preenchidos com xerogel um tom amarelado escuro (Figura
4.53b). A aplicação secundária da rodamina B base, ocasionou um espalhamento na
pasta e reduziu a visualização do reagente amarelo nas regiões de interface dos
agregados, sendo, contudo notado a alteração de tonalidade dos poros com xerogel
para cor alaranjada.
A amostra S1 de T=38
0
C apresentou um comportamento pouco expressivo da
presença da RAA se comparado com de 60
0
C. A aplicação do reagente de rodamina
B base provocou uma coloração sea nas regiões onde houve o descolamento do
agregado, indicando a presença de cálcio. Em função deste comportamento,
realizou-se uma análise microestrutural em um fragmento oriundo destas regiões,
sendo os resultados mostrados nas Figuras 4.55 e 4.56.
Figura 4.55: Micrografia do fragmento de
extraído da interface agregado/pasta.
Figura 4.56: Microanálise por EDS (ponto A)
da pasta do concreto S1 (T=38
0
C).
A
Capítulo 4 - Análise dos resultados
135
As análises nestas regiões indicaram a presença de silicatos de cálcio hidratado (C-
S-H) e acículas de etringita em meio a vazios presentes na pasta, indicando a ação
do reagente em regiões não afetadas pela RAA.
No caso dos prismas de concreto de B1 não foi observada a ação positiva dos
reagentes colorimétricos, sendo realizadas repetições para confirmar este
comportamento.
Os testes com fenolftaleína indicaram um pH básico para todos os concretos
estudados, não sendo notória a presença de frentes de carbonatação na seção
transversal dos prismas.
4.4 Análise comparativa de metodologias de avaliação da RAA
Os resultados dos ensaios para as diferentes metodologias desenvolvidas para os
agregados estudados seguem apresentados resumidamente na Tabela 4.17.
Tabela 4.17: Resultados dos testes acelerados e da análise do teste da mancha.
Amostras Petrografia
Barras de
argamassa
Prismas de concreto
NBR 15577 Parte 3 Parte 4 Parte 6 Modificado
B1
Análise reativa nos
ensaios
R R R I
Análise colorimétrica
-
-
P
P
A
A
A
A
B2
Análise reativa nos
ensaios
R R I I
Análise colorimétrica
-
-
P
P
P
P
P
P
G2
Análise reativa nos
ensaios
R I I R
Análise colorimétrica
-
-
P
P
P
P
P
P
G3
Análise reativa nos
ensaios
R R I R
Análise colorimétrica
-
-
P
P
P
P
P
P
S1
Análise reativa nos
ensaios
R R R R
Análise colorimétrica
-
-
P
P
P
P
P
P
L
L
e
e
g
g
e
e
n
n
d
d
a
a
:
:
R – Potencialmente Reativo, I – Potencialmente Inócuo,
P – Presença da RAA, A Ausência da RAA
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
136
As análises realizadas indicaram a potencialidade dos materiais estudados quanto à
potencialidade reativa, sendo observada a presença de xerogel da reação na
maioria das amostras estudadas.
Os resultados dos testemunhos de concreto e do xerogel T1.1 também seguem
sucintamente compilados na Tabela 4.18:
Tabela 4.18: Resumo da análise colorimétrica e microestrutural.
Amostras
Histórico
Petrográfico
Teste da mancha
Análise microestrutural
Xerogel
amarelo
Xerogel
rosa
T1.1
-
A
A
A
A
C
C
a
a
r
r
b
b
o
o
n
n
a
a
t
t
o
o
d
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c
c
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c
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T1.2
R P P
E
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-
-
c
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-
-
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R
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)
T3
R P P
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-
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-
-
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(
(
e
e
t
t
r
r
i
i
n
n
g
g
i
i
t
t
a
a
)
)
Os resultados obtidos indicaram a presença da RAA nos testemunhos afetados pela
reação álcali-agregado. Na amostra T1.1, caracterizada como um carbonato de
cálcio, possibilitou indicar a eficiência do método da mancha tão somente de
xerogéis da RAA, ao passo que em T1.2 a ocorrência do xerogel de etringita foi
apenas identificado pela rodamina B base, cuja ação atende aos requisitos de
impregnação de outros mecanismos de deterioração.
137
Capítulo
5
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
F
F
I
I
N
N
A
A
I
I
S
S
Neste capítulo são apresentadas as conclusões decorrentes do desenvolvimento do
programa experimental proposto, do trabalho investigativo sobre a reação álcali
agregado e dos aspectos relevantes sobre os reagentes colorimétricos.
5.1 Análise do contexto
5.1.1 Testemunhos de concretos deteriorados e material lixiviado
A análise laboratorial nos testemunhos de concreto permitiu identificar regiões
afetadas por manifestações patológicas diversificadas. Os estudos dos xerogéis
extraídos do interior dos testemunhos de concreto T1.2 e T3, constituídos
respectivamente por agregados pelas litologias de granito e seixo, mostraram uma
diversidade na composição físico-química destes materiais, fato também confirmado
nas análises microestruturais pelo MEV/EDS e DRX.
O xerogel T1.1, retirado da superfície de uma estrutura de concreto com RAA, foi
caracterizado como um carbonato de cálcio, possivelmente formado por um
processo de lixiviação. Ao passo que para o testemunho T2, constituído por
agregados do tipo basalto, foi constatado por microanálises, que os grumos de
xerogel presentes nos poros eram compostos predominantemente por acículas de
etringita, característica de ataque por sulfatos.
As diferentes escalas de observação utilizadas neste trabalho permitiram notar
Capítulo 5 - Considerações finais
138
formas diferenciadas de xerogéis nos poros do concreto, sendo nas observações
em via microscopia ótica dos poros preenchidos e semi-preenchidos nos concretos
associadas, por análises microestruturais, à estruturas cristalinas da RAA e etringita
secundária, respectivamente.
Além disso, as visualizações microestruturais pelo MEV possibilitaram constatar a
freqüentes coexistências de estruturas de etringita e produtos da RAA numa mesma
região (poros), fato que tem sido freqüentemente constatado em pesquisas por
outros países.
5.1.2 Ensaios acelerados em barras de argamassa e prismas de
concreto
Os estudos em agregados submetidos aos ensaios de reatividade mostraram
diversidades entre a potencialidade reativa nos ensaios em barras de argamassa e
prismas de concreto para os litotipos de basalto e granito.
No caso do ensaio em barras de argamassa, apenas o granito G2 apresentou-se
potencialmente inócuo à reação, apesar de diagnosticada através de análise
petrográfica a presença de minerais reativos que o caracterizam como
potencialmente reativo. Como segurança, adota-se um parecer potencialmente
reativo para este material.
Os estudos de reatividade potencial em prismas de concreto para diferentes
temperaturas mostraram uma relação entre o comportamento expansivo e a
variação de peso das barras. Este fato foi comprovado nas amostras B1 e B2 que
apresentaram reduções de peso em T=58
0
C e decorrente diminuição do nível de
expansões, sendo que para os mesmos materiais submetidos a T=38
0
C, observou-
se incrementos de peso nas últimas idades e conseqüente elevação das expansões.
Este fato segue em concordância a teoria da ocorrência da reação em decorrência
da presença dos componentes envolvidos: umidade, teor de álcalis no cimento e
agregado reativo.
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
139
Outro aspecto importante é que a formação de eflorescências nos prismas de
concreto de 58
0
C está relacionada à forma de condicionamento das amostras,
proporcionando fenômenos de lixiviação pela ação de águas puras. As análises
realizadas no material lixiviado dos prismas de S1 indicam uma diminuição do teor
de álcalis no concreto, fato que não afeta significativamente o nível de expansões
dos materiais.
Em relação a idade de avaliação do ensaio em prismas de concreto, observou-se
que a idade de 4 meses mostra-se mais interessante para diagnosticar a
potencialidade reativa do agregado no ensaio acelerado a 58
0
C.
No tocante à reatividade dos materiais, ambas as metodologias mostraram
resultados favoráveis no diagnostico do potencial reativo dos materiais, sendo em
alguns casos, necessária a realização de ensaios complementares para confirmação
da reação.
5.1.3 Método da mancha – análise qualitativa da RAA
Os reagentes químicos empregados na pesquisa, constituídos pelos reagentes de
Na-cobaltonitrito e rodamina B base possibilitaram o diagnóstico da reação álcali-
agregado em regiões afetadas dos testemunhos com RAA e amostras aceleradas
em laboratório.
O uso do reagente de Na-cobaltonitrito em testemunhos identificou bordas de reação
em interfaces pasta/agregado e em poros preenchidos com xerogel tornando-os
amarelados, sendo confirmada nas análises microestruturais a presença de produtos
da RAA nas regiões onde houve a ação dos reagentes.
A aplicação seqüencial da rodamina B base ocasionou o espalhamento da
tonalidade rósea na pasta, além de alterar a coloração em regiões anteriormente
identificadas pelo reagente amarelo, tornando-as alaranjadas.
Contudo, o comportamento do kit em alguns poros semi preenchidos indicou em tais
regiões, a co-existência de reações com sulfatos. Este fato, foi comprovado nas
análises microestruturais nos testemunhos de concreto T1.2 e T2 e no prisma de
Capítulo 5 - Considerações finais
140
concreto S1 (T=38
0
C), as quais evidenciaram a presença de estruturas aciculares
(etringita) em regiões submetidas a impregnação com os reagentes colorimétricos.
Dessa forma foi evidente a identificação com a rodamina B base nestes poros,
tornando-os róseos.
Outro aspecto relevante é o desempenho dos reagentes em xerogéis carbonáticos,
mostrando-se inerte à identificação em reações de carbonatação.
A inserção do teste da mancha como diagnóstico de presença da reação nas
amostras aceleradas, mostrou-se favorável, identificando regiões degradadas pela
reação e evidenciando o desenvolvimento do “gel” da RAA em barras de argamassa.
5.2 Conclusões
Em função das considerações e estudos realizados são feitas as seguintes
conclusões:
A composição de análises petrográfica e difratométrica mostra-se
favorável no diagnóstico e entendimento dos minerais reativos que
participam da reação;
Os xerogéis extraídos de testemunhos de concretos constituídos por
diferentes litologias apresentam composição química diversificada,
comprovando a proposição de Taylor (1990);
O método das barras de argamassa apresenta uma inconsistência no
resultado de reatividade dos granitos, uma vez que em outros ensaios o
mesmo foi caracterizado como potencialmente reativo;
Os ensaios em prismas de concreto apresentam inconsistências no
diagnóstico da reação para litologias granítica e basáltica;
O ensaio em prismas de concreto à 60
0
C mostra-se adequado para
aceleração da reação, apontando na idade de 4 meses como favorável no
indicativo do potencial reativo dos agregados;
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
141
A utilização de ensaios combinados de avaliação mineralógica dos
agregados (petrografia/DRX) e de interação agregado/cimento (ensaios
acelerados) é imprescindível na conduta de verificação da potencialidade
reativa do agregado;
Na maioria dos ensaios realizados é evidenciada a co-existência da RAA e
etringita secundária, sendo também comum nos testemunhos de concreto,
indicando que tais fenômenos podem participar ativamente de efeitos
expansivos em função das condições comuns entre patologias.
O teste colorimétrico mostra-se como uma ferramenta orientativa
satisfatória, apresentando distinções entre manifestações patológicas co-
existentes no concreto tais como a RAA, a carbonatação e a etringita
secundária;
A identificação com o Na-cobaltonitrito apresenta um ótimo desempenho
de identificação nas amostras estudadas, sendo claramente observados
poros preenchidos com xerogel e bordas de reação;
O uso isolado do Na-cobaltonitrito é suficiente para diagnosticar a
presença da RAA em concretos afetados pela reação;
Em termos de padronização do reagente de Na-cobaltonitrito, a
intensidade da cor amarela não deve estar associada ao teor total de
potássio presente no xerogel e sim aos íons disponíveis ou solúveis;
O emprego do reagente de rodamina B base favorece a identificação de
fissuras no concreto e de mecanismos de deterioração em amostras
afetadas pela RAA, complementando a distinção observada com o Na-
cobaltonitrito;
Ambos os reagentes químicos apresentam-se tóxicos em longos períodos
de exposição, sendo de fácil disseminação na aplicação e exigindo o uso
de equipamentos de proteção;
Capítulo 5 - Considerações finais
142
5.3 Sugestões para pesquisas futuras
O desenvolvimento da pesquisa possibilitou a geração de algumas propostas para a
realização de trabalhos futuros, com o intuito de abordar aspectos relevantes que
não vieram a ser tratados na presente dissertação, sendo contudo, de grande
importância para o desenvolvimento do método da mancha, a saber:
Produzir em laboratório amostras submetidas à aceleração de reações de
carbonatação e ataque de sulfatos, realizando séries de impregnações com
reagentes colorimétricos e compatibilizando os resultados observados com
análises microestruturais;
Realizar estudos com os reagentes do kit RAA em testemunhos de concreto
provenientes de diferentes estruturas (fundações, túneis, pavimentos e
barragens) que apresentem um quadro de degradação da reação;
Realizar a aplicação do kit RAA diretamente em estruturas que apresentem
quadros de fissuração da RAA e avaliar procedimentos de aplicação do
reagente em campo frente a aspectos relacionados à aplicação direta na
superfície degradada ou extração do concreto;
Desenvolver estudos relacionados aos métodos qualitativos (acetado de
uranila e mancha) de identificação da RAA em campo em amostras de
concreto, abordando aspectos de avaliação, viabilidade e custo.
143
R
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CANTÃO, M. P.; HENKE, S. L.; JOUKOSKI, A.; KENY, E. D.; SILVA, A. S.; CERON,
C. Estudo de dosagem e desempenho de concreto para a construção de recifes
artificiais marinhos: um ano de envelhecimento natural a 17 m de profundidade na
Costa do Estado do Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 43.,
2001, Foz do Iguaçu. Anais ... Foz do Iguaçu: Arte Interativa, p. 1-11, 2001.
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RAMACHANDRAN, V. S.; PAROLI, R. M.; BEAUDOINJ, J.; DELGADO, A. A.
Handbook of thermal analysis of construction materials. Norwich, N. Y.: Noyes
Publications/William Andrew Pub., 2002. 691 p.
SANTOS, M. B. O panorama nacional sobre as reacções álcalis-sílica em betões.
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SALLES, F. M.; SANTO, T. D. E; MARQUES, M. L A reação álcali-agregado em
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SALLES, F. M.; MIZUMOTO, C. M; MARQUES, M. L. V. Avaliação do potencial
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STANTON, T. E. Expansion of concrete though reaction between cement and
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Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/ UNESP, 2009
149
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TIECHER, F. Reação álcali-agregado: avaliação de agregados do Sul do Brasil
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Faculdade de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
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TIECHER, F.; GOMES, M. E. B.; DAL MOLIN, D. C. C.; HASPARYK, N. P.;
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VOGEL, A. Química analítica qualitativa. 5. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1981. 665
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WEST, G. Alkali aggregate reaction in concrete roads and bridges. London:
Thomas Telford, 1996. 163 p.
ANEXO
A
A.1 Ensaios de difração de raios X
Os ensaios de difração de raios-X foram realizados nos agregados submetidos aos
ensaios de reatividade potencial, nos agregados extraídos dos testemunhos, nos
xerogéis extraídos do interior dos testemunhos e na eflorescência formada no
prisma de concreto S1.
Os agregados foram macerados em almofariz cerâmico, tomando-se o cuidado de
realizar a limpeza do recipiente com ácido nítrico e clorídrico para evitar mistura de
materiais remanescentes de cada série de moagem.
Em função da quantidade de material dos xerogéis e da eflorescência, realizou-se o
preparo destas amostras no almofariz de ágata, sendo o material coletado e inserido
num frasco e identificado.
Os porta-amostras utilizados foram escolhidos em função da quantidade de material
para análise no equipamento de difração. É importante lembrar que como este
ensaio é destrutivo, ou seja não compromete a composição da amostra, foi realizado
o reaproveitamento do material para as análises químicas.
Nas Figuras A.1 a A.8 são apresentados os difratogramas das análises realizadas
no LFQ da UNESP:
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
151
Figura A.1: Análise mineralógica por DRX dos agregados do testemunho T1.2
ANEXO A – Ensaios de Difração de raios X
152
Figura A.3: Análise mineralógica por DRX do agregado do testemunho T3
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
153
Figura A.4: Análise mineralógica por DRX do agregado G2 para compósitos de argamassa e concreto
ANEXO A – Ensaios de Difração de raios X
154
Figura A.5: Análise mineralógica por DRX do agregado G3 para compósitos de argamassa e concreto
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
155
Figura A.6: Análise mineralógica por DRX do agregado B1 para compósitos de argamassa e concreto
ANEXO A – Ensaios de Difração de raios X
156
Figura A.7: Análise mineralógica por DRX do agregado B2 para compósitos de argamassa e concreto
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
157
Figura A.8: Análise mineralógica por DRX do agregado S1 para compósitos de argamassa e concreto
ANEXO A – Ensaios de Difração de raios X
158
Figura A.9: Difratograma do material lixiviado do prisma de concreto S1
ANEXO
B
B.1 Ensaios de reatividade potencial
Neste item segue apresentado as planilhas de acompanhamento dos ensaios de
reatividade potencial em barras de argamassa e prismas de concreto (T=38
0
C e
60
0
C):
Tabela B.1: Expansões em barras de argamassa – amostras B1 e B2
Laboratório CESP de
Engenharia Civil
Sigla DIAS
Leituras entre pinos (mm) Expansão dos moldes (%)
Bar.1 Bar.2 Bar.3 Bar.1 Bar.2 Bar.3 MÉDIA
B1
0 -0,315 -0,427 0,163 0,000 0,000 0,000 0,000
1 -0,293 -0,404 0,186 0,007 0,008 0,008 0,008
5 0,105 -0,032 0,538 0,143 0,134 0,127 0,135
7 0,505 0,366 0,919 0,278 0,269 0,256 0,268
14 1,283 1,109 1,678 0,542 0,521 0,513 0,526
16
1,379 1,198 1,778 0,575 0,552 0,547 0,558
21 1,496 1,314 1,913 0,615 0,591 0,593 0,599
28 1,601 1,418 2,022 0,650 0,626 0,630 0,635
30
1,616 1,427 2,033 0,655 0,629 0,634 0,639
37 1,672 1,484 2,086 0,674 0,649 0,652 0,658
44 1,716 1,524 2,130 0,689 0,662 0,666 0,673
51 1,747 1,558 2,170 0,700 0,674 0,680 0,685
58
1,760 1,570 2,182 0,704 0,678 0,684 0,689
B2
0 0,148 -0,571 0,449 0,000 0,000 0,000 0,000
1 0,166 -0,553 0,463 0,006 0,006 0,005 0,006
5 0,186 -0,528 0,494 0,013 0,015 0,015 0,014
7 0,190 -0,525 0,498 0,014 0,016 0,017 0,015
14 0,580 -0,158 1,037 0,146 0,140 0,199 0,162
16
0,870 0,138 1,360 0,245 0,241 0,308 0,265
21 1,523 0,795 2,027 0,466 0,464 0,534 0,488
28 2,161 1,442 2,660 0,682 0,684 0,748 0,705
30
2,280 1,562 2,781 0,722 0,724 0,789 0,745
37 2,625 1,930 3,130 0,839 0,849 0,907 0,865
44 2,875 2,185 3,379 0,924 0,936 0,992 0,951
51 3,072 2,384 3,559 0,991 1,004 1,053 1,016
58
3,202 2,515 3,694 1,035 1,048 1,098 1,060
Núcleo de Tecnologia do Concreto
ANEXO B – Ensaios de reatividade potencial
160
Tabela B.2: Expansões em barras de argamassa – amostras G2 e G3
Laboratório CESP de
Engenharia Civil
Sigla DIAS
Leituras entre pinos (mm) Expansão dos moldes (%)
Bar.1 Bar.2 Bar.3 Bar.1 Bar.2 Bar.3 MÉDIA
G2
0 -0,400 0,386 0,043 0,000 0,000 0,000 0,000
1 -0,391 0,398 0,057 0,003 0,004 0,005 0,004
5 -0,369 0,420 0,082 0,011 0,012 0,013 0,012
7 -0,369 0,421 0,079 0,011 0,012 0,012 0,012
14 -0,326 0,468 0,122 0,025 0,028 0,027 0,027
16
-0,299 0,492 0,147 0,034 0,036 0,035 0,035
21 -0,254 0,536 0,189 0,050 0,051 0,049 0,050
28 -0,208 0,571 0,237 0,065 0,063 0,066 0,065
30
-0,199 0,599 0,250 0,068 0,072 0,070 0,070
37 -0,150 0,640 0,295 0,085 0,086 0,085 0,085
44 -0,096 0,702 0,357 0,103 0,107 0,106 0,106
51 -0,020 0,768 0,427 0,129 0,129 0,130 0,129
58
0,031 0,818 0,483 0,146 0,146 0,149 0,147
G3
0 0,259 0,310 -0,129 0,000 0,000 0,000 0,000
1 0,280 0,330 -0,101 0,007 0,007 0,009 0,008
5 0,319 0,368 -0,069 0,020 0,020 0,020 0,020
7 0,337 0,388 -0,044 0,026 0,026 0,029 0,027
14 0,470 0,511 0,075 0,071 0,068 0,069 0,070
16
0,533 0,569 0,138 0,093 0,088 0,091 0,090
21 0,680 0,711 0,280 0,143 0,136 0,139 0,139
28 0,913 0,932 0,511 0,222 0,211 0,217 0,216
30
0,979 0,999 0,576 0,244 0,233 0,239 0,239
37 1,204 1,215 0,813 0,320 0,306 0,319 0,315
44 1,429 1,437 1,047 0,396 0,382 0,399 0,392
51 1,657 1,661 1,298 0,473 0,457 0,484 0,472
58
1,844 1,847 1,490 0,537 0,520 0,549 0,535
Núcleo de Tecnologia do Concreto
Camilo Mizumoto. Dissertação de Mestrado. PPGEC/UNESP, 2009
161
Tabela B.3: Expansões em barras de argamassa – amostras S1 e M2
Laboratório CESP de
Engenharia Civil
Sigla DIAS
Leituras entre pinos (mm) Expansão dos moldes (%)
Bar.1 Bar.2 Bar.3 Bar.1 Bar.2 Bar.3 MÉDIA
S1
0 0,861 -1,425 1,023 0,000 0,000 0,000 0,000
1 0,888 -1,399 1,055 0,009 0,009 0,011 0,010
5 0,954 -1,336 1,114 0,031 0,030 0,031 0,031
7 1,010 -1,282 1,168 0,050 0,049 0,049 0,049
14 1,274 -1,012 1,458 0,140 0,141 0,147 0,142
16
1,358 -0,928 1,546 0,168 0,169 0,177 0,171
21 1,525 -0,763 1,724 0,224 0,225 0,237 0,229
28 1,727 -0,558 1,930 0,293 0,295 0,306 0,298
30
1,791 -0,506 1,993 0,314 0,313 0,328 0,318
37 1,960 -0,338 2,176 0,371 0,370 0,389 0,377
44 2,125 -0,173 2,356 0,427 0,426 0,450 0,435
51 2,300 -0,009 2,542 0,486 0,482 0,513 0,494
58
2,439 0,154 2,692 0,533 0,538 0,564 0,545
M2
0 0,121 -0,786 0,378 0,000 0,000 0,000 0,000
1 0,141 -0,769 0,400 0,007 0,006 0,007 0,007
5 0,145 -0,759 0,406 0,008 0,009 0,009 0,009
7 0,148 -0,759 0,407 0,009 0,009 0,010 0,009
14 0,156 -0,746 0,421 0,012 0,014 0,015 0,013
16
0,169 -0,732 0,436 0,016 0,018 0,020 0,018
21 0,204 -0,696 0,479 0,028 0,031 0,034 0,031
28 0,261 -0,642 0,541 0,047 0,049 0,055 0,051
30
0,291 -0,609 0,578 0,058 0,060 0,068 0,062
37 0,360 -0,538 0,664 0,081 0,084 0,097 0,087
44 0,462 -0,431 0,779 0,116 0,121 0,136 0,124
51 0,592 -0,301 0,915 0,160 0,165 0,182 0,169
58
0,693 -0,199 1,024 0,194 0,200 0,219 0,204
Núcleo de Tecnologia do Concreto
ANEXO B – Ensaios de reatividade potencial
162
Tabela B.4: Análise das expansões em prismas de concreto ensaiados em duas temperaturas
Laboratório CESP de Engenharia Civil
Agregado
Expansão - 38
0
C Expansão - 60
0
C
% expansão do ensaio
modificado/normalizado
1
mês
2
meses
3
meses
6
meses
9
meses
12
meses
1
mês
2
meses
3
meses
4
meses
6
meses
12
meses
3
meses
4
meses
6
meses
B1 0,05 0,009 0,011 0,013 0,040 0,065 -0,008 -0,003 0,000 -0,005 -0,012 -
- - -
B2 0,06 0,008 0,008 0,006 0,005 0,013 0,001 0,001 0,001 -0,003 -0,004 -
- - -
G2 0,011 0,015 0,018 0,017 0,018 0,021 0,007 0,013 0,026 0,040 0,062 -
18,7 47,5 65,9
G3 0,006 0,009 0,011 0,013 0,022 0,028 0,004 0,020 0,046 0,072 0,075 -
38,5 61,0 62,6
S1 0,003 0,007 0,010 0,024 0,062 0,077 0,005 0,033 0,053 0,062 0,060 -
31,7 19,8 21,8
M2* -0,002 0,009 0,010 0,011 -0,001 -0,002 0,002 0,003 0,001 0,001 -0,001 -
- - -
Núcleo de Tecnologia do Concreto
* Moldado com agregado inócuo.
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